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The history of Philosophy and the philosophizing: a view from Kant standpoint
Abstract: The relationship between the philosophy history and philosophizing is one of the
basis on which the teaching of philosophy rests. But, is the philosophical tradition sufficient or
necessary condition for someone to become a philosopher? Official documents of the Ministry
of Education seem to carry some influence of the conception of philosophy advocated by the
structuralist method of reading and interpreting texts. However, they ponder, presumably
alluding to Kant, that "you do not teach philosophy, you teach to philosophize." Thus, we
support ourselves in Kantian proposal to investigate what the philosopher meant by philosophy
and what makes someone a philosopher. Kant makes a distinction between knowledge by data –
ex datis - and principles – ex principiis - while mulling a distinction between filodoxo and
philosopher. Also distinguishes philosophy in two senses: scholastic and cosmopolitan. In the
latter sense, one can not learn philosophy, because it does not exist yet, and therefore, no one
can call himself a philosopher. The philosophy history needs to stop being a ex datis
knowledge; needs to be examined by the principles of the understanding, attitude of the
elucidated subject, distinguished by thinking for yourself.
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Licenciado e bacharelando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista, UNESP. Campus de
Marília. Bolsita PIBID/Capes. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Pelloso Gelamo. E-mail:
eliton_dias@marilia.unesp.br
A história da filosofia e o filosofar: um olhar a partir de Kant
[...] não é possível fazer Filosofia sem recorrer a sua própria história.
Dizer que se pode ensinar filosofia apenas pedindo que os alunos
pensem e reflitam sobre os problemas que os afligem ou que mais
preocupam o homem moderno seria como pedir que descubram a
teoria da gravidade sem consultar as contribuições de Newton. (OCN,
2006, p. 27).
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A asserção “não se ensina filosofia, se ensina a filosofar”, atribuída a Kant, foi extremamente difundida
– aparece já no artigo “O ensino da filosofia: suas diretrizes”, de Jean Maugué, publicado em 1955 – e
não seria errado dizer que serviu de norte para a reflexão sobre o ensino de filosofia no Brasil, a ponto de
nomear o Grupo de Trabalho “Filosofar e Ensinar a Filosofar” da Associação Nacional de Pós-Graduação
em Filosofia (Anpof).
Vol. 6, nº 2, 2013.
www.marilia.unesp.br/filogenese 165
A história da filosofia e o filosofar: um olhar a partir de Kant
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Esta distinção aparece também no capítulo denominado “Arquitetônica da Razão Pura”, da Crítica da
Razão Pura.
Vol. 6, nº 2, 2013.
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A história da filosofia e o filosofar: um olhar a partir de Kant
Carrilho aponta que somente o fim último da razão humana pode conferir um
valor absoluto, porque intrínseco, à filosofia. (CARRILHO, 1982, p. 25)
Desse modo, a filosofia pode ser tratada de duas formas, não deixando, por isso,
de ser um conhecimento racional e a priori. À primeira concepção – segundo a
escolástica – o filósofo aparece mais próximo do filodoxo, pois filosofa como um artista
da razão e busca a “um saber especulativo, sem considerar o quanto o saber contribui
para o fim último da razão humana; ele dá regras para o uso da razão em vista de toda e
qualquer espécie de fins”. (KANT, 1992, p. 41) Já no conceito mundano de filosofia, a
filosofia aparece como a ideia de uma sabedoria perfeita, e consequentemente o filósofo
é o mestre da sabedoria, o legislador da razão humana. Portanto, o filósofo deve
investigar “as fontes do saber humano, a extensão do uso possível e útil de todo o saber
e os limites da razão”. (KANT, 1992, p.42) Na Crítica da Razão Pura, o filósofo aponta
que “Nesse sentido, seria muito presunçoso alguém denominar-se filósofo e pretender
ter-se igualado ao modelo que reside somente na ideia”. (KANT, 2012, b 867).
Vol. 6, nº 2, 2013.
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Vol. 6, nº 2, 2013.
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A história da filosofia e o filosofar: um olhar a partir de Kant
Se a filosofia não pode ser ensinada, isto não significa que ela não deva ser
tomada objetivamente, enquanto conhecimento racional, como o “modelo para o
julgamento de todas as tentativas de filosofar, devendo servir para julgar todas as
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Encontramos aqui ressonância do pensamento rousseauniano, que dizia: Colocai questões ao seu alcance
– ao estudante – e deixai que ele as resolva. Que nada ele saiba porque lhe dissestes, mas porque ele
próprio compreendeu; não aprenda ele a ciência, mas a invente. Se alguma vez substituirdes em seu
espírito a razão pela autoridade, ele já não raciocinará e não será mais do que joguete da opinião dos
outros. (ROUSSEAU, 2004, p. 216)
Vol. 6, nº 2, 2013.
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A história da filosofia e o filosofar: um olhar a partir de Kant
filosofias subjetivas, cujos edifícios são, com frequência, tão diversos e cambiantes”.
(KANT, 2012a, p. 603).
A explanação acima não encerra a questão, ao contrário, mantêm-se vivos os
problemas mais abrangentes a respeito daquilo que pretendemos para os nossos
estudantes, que estabeleçam uma relação profícua com a filosofia e, se possível
filosofem.
Referências