Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Redação e Administração
K
y
ANO II
A IDÉÍA É COMO A GOTA D'AGUA. PODE REFLETIR A IMENSIDADE.
ATA ^^^^
unesp"^ Cedap
Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa
aculdade de Ciências e Letras de Assis
10 11 2 23 24 25 26 27 2í 29 30 31 32 33
Solidarismo na vida social iirasileira
Em conseqüência do automatismo despersonalizador pais, figurando, entre outras, os Instituto Histórico e Geo- Essa é uma expressiva demonstração de quanto pode
gráfico, além de outras especialmente dedicadas aos estu- a iniciativa particular animada pelo imperativo do propó-
que caracteriza a sociedade em nossos dias, submetendo o sito, livre e espontâneo estabelecido, de ser levado a cabo
homem a um nivelador mimetismo social, a vida de todos dos da astronomia e, mais recentemente, também dos estu-
dos da astronáutica. determinado empreendimento.
nós se desenvolve num ritmo de rotina, cada qual executan- Infelizmente, nesse setor das atividades esportivas o
do as suas earefas em meio da azáfama do meio amibiente, — É cada vez maior a atividade que se desenvolve no
Brasil, por obra da iniciativa particular, em todos os se- profissionalismo prejudicou sua característica de esponta-
com a atenção quase que apenas voltada para o ângulo neidade, além de sujeitá-lo a influências desvirtuadoras, a
de suas incumbências especificas, com limitações de visão do tores da arte. compra e venda de jogadores de um clube para outro, a
conjunto. Os militantes das artes plásticas, além das mostras pe- exemplo do que se faz com cavalos de corrida ou de gado
Tudo se vai fazendo, todos os misteres vão sendo exe- riódicas, individuais ou conjuntas, organizam exposições para o corte, como, ainda, envolvê-los em manobras da po-
cutados sob a pressão do imperativo da necessidade, da permanentes. Como iniciativas de vulto, são promovidas as liticagem, o que é muito comum.
obrigação, de compromissos imediatos de ordem econômica, bienais, existindo os museus de arte em grandes centros. Entretanto, na maioria dos esportes e, principalmente,
técnicas, profissionais, sociais, familiares etc, sem que estas — No setor teatral a iniciativa particular desenvolve- no atletismo, as atividades se desenvolvem na base do ama-
atividades automatizadas exijam que a atenção se detenha -se não somente no amadorismo, mas também no meio pro- dorismo espontâneo e liberto de intuitos lucrativos, promo-
no exame do objetivo exato do que se faz, do alcance dos fissional. Entre os profissionais formam-se núcleos de vendo torneios e participando de disputas internacionais,
resultados das labutas, e, principalmente, do aspecto social artistas associados para a organização de espetáculos sem a sempre na base da livre iniciativa.
do entrosamento de todas as atividades. interferêincía de empresários. Para a atividade do amado- — No setor recreativo é característica a intervenção da
Se não fosse essa a norma de vida de nossos dias, se rismo formam-se grupos que chegam a preparar vários ele- iniciativa particular, com a promoção de atividades de vá-
as labutas do dia a dia não absorvessem as atenções, limi- mentos artísticos, depois atraídos pelo setor profissional. rias modalidades, que, muitas vezes, se concretizam de clu-
tando-Uíes o campo de observação, todos teriam a possibi->'tí" bes de existência permanente.
lidade de verificar que todas as atividades, formando nú- As agrupações de amadores promovem congressos re-
gionais, na oportunidade dos quais são realizadas competi- Os mais numerosos desses clubes são os que se desti-
cleos organizados, se entrelaçam numa natural e espontâ- nam à realização de festivais dançantes, incluindo diversos
nea entrosagem, para a movimentação de todos os seto- ções entre grupos procedentes de vários pontos do país.
Nesse setor são promovidos também cursos de arte deles em seus programas atos literários; outros para jogos
res de vida da sociedade em suas múltiplas modalidades — de salão, principalmente bilhar e xadrez, que se encarregam
à margem do Estado, embora envolvidas pelos entraves de teatral.
— Para o desenvolvimento das artes da música e do da promoção de torneios, e ainda outros para promoção
sua burocracia. canto, multipUcam-se as iniciativas por meio de grupos de festivais campestres, excursões e para caça e pesca etc.
vocais e orfeões, de orquestras, conjuntos musicais e ban- Típicos, por seu feitio femiiliar e da espontaneidade de
NAS LABUTAS PROFISSIONAIS das, que se movimentam na organização de concursos, sua organização, são os chamados «clubínhos por jovens e
Pode-se dizer constituírem excepção as atividades da recitais e concertos. que se destinam à realização de reuniões dançantes em ca-
sociedade brasileira cujos elemeneos não estejam agrupa- — O amadorismo na arte fotográfica também oferece sas das famílias dos participantes, revezadamente. Cada
dos em organizações das mais diversas modalidades, reu- oportunidade para demonstrações do valor da atividade par- moça encaiTCga-se de fornecer um «quitute», um; prato di-
■ nindo, com caracter civil ou sindical, as pessoas que labu- ticular, na organização de recursos estimulizadores do esfor- ferente (bolos, bolinhos, salgadinhos, pastéis, etc), ficando
tam em misteres profissionais e técnicos, culturais e cien- ço para um constante aperfeiçoamento e para a formação a cargo dos moços o fornecimento das bebidais (guaraná,
tíficos, literários e artísticos, recreativos e esportivos ; de de novos valores, bem, como na organização de exposições gasosas e outros refrigerEmtes), improvisando-se a parte
assistência e de educação íisica e mored, de relações huma- que patenteiam o alto grau de desenvolvimento adquirido musicEil.
nas além das de orientação filosófica, política, espiritualis- nesse ramo de atividades artísticas, o que igualmente se A manifestação recreativa de iniciativa particular que
comprova em suas publicações. mais se destaca pelo seu feitio popular e rumoroso é o Car-
ta etc. naval, no qual a dedicação e o esforço empregado na orga-
Esse movimento desenvolve-se no Brasil, como em toda — No meio folclorista ativam-se elementos esforçados
no desenvolvimento de iniciativas para a divulgação e cul- nização das modalidades de seu conjunto disputa a pri-
parte, em obediência à natural tendência de sociedade que masia ao entusiasmo pela perspectiva do gôso de um rápido
anima a criatura humana em busca de conseguir sempre tura do folclore em suas várias modalidades, promovendo-
-se por intermédio de suas organizações, festivais, exposi- período de fuga alegria.
maior grau de possibilidades no convívio da sociedade.
Animada por esse principio geral e impulsionada por ções e dembnstrações públicas. A vida intima dos clubes, dos ranchos, dos cordões e,
imperativos sociais é que existem as agremiações que, como principaknente das escolas de samba, desenvolve-se em
entidades cooperativas e sindicais, agrupam todos os seto- NAS ATIVIDADES ESPORTIVAS E RECREATIVAS ambientes às vezes de perturbante grotesco, mas que não
res da classe trabalhadora do Brasil, cujas unidades asso- chega a ofuscar a soma de esforços, de dedicações e até
ciativas se entrelaçam em federações e confederações, que Talvez seja no campo das atividades esportivas e re- de sacrifícios pessoais dispendidos para que seja dado o
se reúnem em assembléias, conferências e congressos mu- creativas onde a atuação particular se desenvolve com mais maior brilho possível às exibições a serem apresentadas às
nicipais, estaduais e nacionais. espontaneidade na promoção direta de iniciativas que, não multidões populares reunidas nas ruas durante o tríduo car-
Tem essa organização a finalidade de patrocinar os inte- raro, se positivam em organizações de caracter permanente navalesco em busca de breves e raros momentos de alegria
resses econômicos, profissionEiis, morais e sociais dos ele- Entre os esportes, o futebol é, certamente, a atividade coletiva que lhe permite a trituradora engrenagem da socie-
mentos que reúnem. Quando devidamente orientada, cons- mais popular em todo o peiís. Desde as grandes cidades, dade.
titui igualmente sua finalidade precipua dedicar-se à obra nas quais os seus clubes se contam por dezenas, estende-se Bem diz a canção carnavalesca tão divulgada pelas
educacional dos agremiados, bem como entrosar a reivindi- por toda parte, pelo interior afora, encontrando-se campos ondas hertsianas e pelo vídeo : «A gente trabalha o ano
cação de seus interesses específicos com os da população futebolísticos nas pequenas lixíaUdades, na zona rural, em inteiro para fazer a fantasia, para tudo se acabar na quar-
de que fazem parte integrante. sítios e fazendas. ta-feira ...»
Muitas agremiações do meio futebolístico surgem de Nessa estrofe de uma canção melancólica e brejeira
De seu lado, o patronato também mantém organiza- está expressada toda a soma de desfôrços, de sacrifícios
ções de cada um de seus setores na agricultura, na indús- improvisações curiosas. Numa rua de bairro pobre, alguns
rapazolas improvisam uma bola com um pé de meia cheia que devem dispender os carnavalescos (homens e mulheres)
tria e em outras atividades, reunidas igualmente em entida- para poderem figurar nos vistosos desfiles dos três dias de
des federativas, que promovem conferências e congressos de trapos e passam a pôr em perigo as vidraças das casas
circunvizinhas. Depois, juntam; os cruzeiros necessários Carnaval. Devem economizar durante todo o ano a soma
para tratar de seus problemas. de cruzeiros necessária pEira adquirir a indumentária com
— Esses movimentos de organização das atividades da para comprar uma bola de verdade e passam a jogar num
terreno vago das vizinhanças, já de calções e camisas lis- que terão de se apresentar, bem como sujeitar-se a prolon-
classe trabalhadora, por iniciativa de seus próprios comipo- gados ensaios — para que, na quarta-feira, tudo passe a
nentes (embora presentemente sujeita ao controle do Mi- tradas. Inicia-se, assim, a vida de um novo clube, que co-
meça a participar de jogos var7.eanos e a fornecer jogadores representar uma magoada recordação de um passado que
nistério do Trabalho), desenvolve-se igualmente entre os é de ontem...
elementos da profissões liberais, e dos técnicos, cientistas aos clubes de categoria, enti^'<*s quais um dia poderá pas-
sar a figurar. Edg^ard Levenroth
e artistas, como a seguir fica demonstrado.
Assim, aqueles que se dedicam ao ensino e à educação
estão agremiados em organizações destinadas não apenas
para a defesa de seus interesses econômicos, como também
para tratar dos problemas especificamente profissionais,
promovendo iniciativas de estudos, realizando conferências
MENOR ABANDONADO
e congressos, lançando publicações e outros trabalhos com Por Costa sério. Eles vêem; alguns com eles tenham o amparo de que moderna pedagogia a serviço
essa finalidade, sendo tudo isso de sua própria obra, sem amor e eles não. Alguns com precisam. É necessário que da humanidade.
a intervenção do Estado. Entre todos os problemas país e eles não. Alguns com eles adquiram a noção de li- E, sobretudo; é preciso ter
— É o que exateunente também sucede com os elemen- sociais que nos aifetam^ um alimentos e brinquedos e eles berdade e responsabilidade. sempre em mente que «ape-
tos que, profissionalmente, desenvolvem atividades técni- dos mais sérios é o problema não. Por que ? e vem então Solução que nos dá Neill em nas o amor constrói para a
cas, artísticas e científicas, promovendo, nesse sentido, ini- do menor abandonado. É uma a revolta ! Tornam-se agres- seu livro «Sumrríerhill». É a Eternidade.»
ciativas animadas por princípios solidaristas, como, por chaga social que todos preci- sivos. Procuram compensar o
exemplo, no trabalho em conjunto em laboratórios, atelie- SEun combater. Não só por que lhes é negado através da
res e oficinas comuns, engenheiros, arquitetos, médicos, ser a origem da delinqüência, destruição do que outros pos-
farmacêuticos, dentistas, na organização de exposições, mos-
tras de arte, etc. ^
mas pela necessidade de vi-
sar um futuro melhor a seres
suem.
É aí que entra em cena a
A PALAVRA
humanos, que, como tal têtai pseudo-justiça.
NO CAMPO DAS LETKAS, DA AKTE, DA CIÊNCIA. o direito de desfrutar seu qui- Ao invés de tratar os meno- Por Elsa Dubikin
nhão de felicidade. res com carinho, com amor,
Paralelamente a essa entrosagem das atividades de
elementos que se agrupam principalmente por contingências A má organização social é como seres que precisEim de Não entendo o diálogo
profissionais, opera-se em outros setores igual movimento fator preponderante para que proteção, ou até mesmo como
agremiativo sem nenhum intuito lucrativo, agindo, ao con- esta chaga não só subsista, injustiçados a caminho de um da palavra ôca,
trário, para o desenvolvimento de iniciativas de caracter so- como prolifere e seja dia a futuro melhor, não ! Fazem o da frase "social"
lidarista em suas múltiplas modalidades. dia, mais atuante. , contrário Tratam-nos como
Entre essas atividades avultam as que se dedicam à O menor é um ser indefeso, criminosos. Pegam-nos e os e sem nenhum sentido,
difusão da' instrução, da educação e da cultura em geral. e que sofre as influências di- colocam em Casas de Corrup- que cai e se desgarra
Por iniciativa de instituições especialmente organizadas retas do meio em que vive. Se ção, isto é. Casas de Correção,
para esse fim, de agremiações trabalhistas ou de outro ca- êle provém de um borii lar, ,os SAMS, abrigos de delin- como amarela folha »
racter, ou ainda, como obra de atividades individuais, fun- bom no sentido humanitário, qüentes. arrancada no outono,
dam-se escolas por todo o Pais, diurnas e noturnas, algu- , que lhe dê constantemente Esta instituição é algo que
mas para o ensino profissional, existindo tradicionais esta- amor e carinho ; que este precisa de urgente reforma. da qual ninguém se lembra ;
belecimentos desse caracter em vários Estados. A cam- lar o faça sentir-se querido; Os menores que para lá são fica solitária e perdida.
panha em prol da alfabetização desenvolve-se ativamente, esta criança crescerá sob sig- levados sofrem uma série de
sustentada pela iniciativa particular, fundando-se institui- no de responsabilidade, hones- massacres : físicos, mentais, Não concebo, mas me rebelo
ções para esse fim, algumas já com longos anos de servi- to para consigo mesmo e apto morais, etc. Fazem-lhes uma
ços, que mantêm ou estimulam a criação de cursos notur- a cumprir suas obrigações pa- série de imposições, uma série contra o vadio falar
nos, promovendo-se a coleta de livros escolares, cadernos e ra com os demais. de obrigações que pelo seu estéril como semente
lápis (até usados), para serem distribuídos pelos necessi- Mas, se pelo contrário, este condicionamento anterior não
tados. menor foi criado por país de- estão aptos a assumir. E o que sem germe, nem futuro
Nos estabelecimentos de ensino, os estudantes mantém sajustados ; se êle não tem é pior : aplicam grandes cas-
seus grêmios, cuja finalidade é a ajuda mútua em múlti- amor ; se êle vive ao relento, tigos, que longe de ajudar, O que não ata, não une
plas modalidades, cabendo aos centros acadêlmicos também ou por outra, se êle é um ser apenas brutalizam, o corpo,
o patrocínio dos interesses estudantis. Há também as agre- abandonado, naturalmente vai embrutecem o espírito e os estreitarriente
m.iações de antigos alunos que servem para mantê-los em se ressentir ; vai sofrer as tornam ainda mais revoltados. as almas e os homens.
contacto com suas passadas atividades escolares. influências do que vê, sendo Ora, estas crianças quando
Em alguns dos grandes centros escolares do País exis- moldado pelos exemplos que conseguem sair do reformató- Almejo o intercâmbio
tem as Casas dos Estudantes, que têm a sua finalidade indi- observa. E como emérito imi- rio, ou antes disso, quando
cada por sua denominação. Como todas as demais inicia- tador, copia o caráter dos que conseguem fugir, a única coi-
de mensagens vivas
tivas, esta também é obra direta dos interessados, isto é, o cercEun. sa que obtiveram foi um po- como os galhos
dos próprios estudantes. E aqui cabe a pergunta : o tencial tremendo de agressi-
— Como elemento coordenador de suas atividades no que é dado observar à estas de braços estendidos
vidade reprimida que precisa
mundo das letras, os escritores têm; associações de âmbito crianças ? ser liberto. em continuada espera,
nacional, estadual e locais, havendo também agremiações É simples. A criança tem
da mesma natureza em estabelecimentos de ensino e em uma lógica que ainda não foi Então se transformam em buscando sem desmaios
condicionada à falsidade em ladrões consoientes de estar
outros ambientes. fazendo o mal, se transfor- a universal fusão,
São numerosos os grêmios literários existentes não so- que vive o adulto. O que ela
vê é uma sociedade que des- mam em assassinos, em revol-
mente nos grandes centros, como também em pequenas lo- tados. Todo o «trabalho ár- Almejo o intercâmbio
.calidades. valoriza os sentimentos. Uma
sociedade que adora o Deus duo» dos «reformadores» se de mensagens vivas
Mantidos por organizações populares e por entidades perde.
especialmente constituídas para esse fim, há muitos ateneus Dinheiro; que vai às igrejas e que são como as contas
e centros de cultura, que promovem, conferências, debates defende a guerra ; que dá es- Mas a solução é bem dife-
e outras iniciativas de caracter educacional. mola a um pobre, mas não a rente. Seria necessário acabar das pérolas brancas ;
Existem também bibliotecas fundadas por organizações oportunidade dele se recupe- com as casas correcionais e como o doce canto
trabalhistas e de outras atividades, ou por iniciativa de po- rar. A tudo isso ela vê e não construir creches nas quais es-
pulações de cidades, de subúrbios e de bairros. ooimpreende. tes menores tenham oportuni- de insignes letanias.
— Ainda no campo da cultura, em mais amplo desen- No caso particular dos aban- dade de desfrutar de trabalho
volvimento, existem instituições tradicionais na vida do donados o problema é mais e emnor que lhes é negado. Que
ATA ^^^^
Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa
ATA ^^^^
unesp"^ CZedap
Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa
aculdade de Ciências e Letras de Assis
10 11 2 23 24 25 26 27 2í 29 30 31 32 33
A ESCOLA MODERNA
Nos dias de inquietação es- ção de inferioridade em que tar-se fora das paredes de pem estar, com a contribui-
tudantil que estamos atraves- estava submersa a mulher. sua casa; deveria esse raio i>ão do forte e impulsivo sen- Rcdaçlo e Admia
Hua Bubino <lc OÜtelf. BS
sando em que legiões de mo- Este critério de inferioridcide concluir onde chega e termi- timento da mulher no conhe- Cornspondínci*: Cilii PotUl Sftt
a«B Paula
ços batem-se corajosamente da mulher, era perfilhado até na a Sociedade. Mas para que cimento da ciência». Assim OUTUBRO DE 1967 — Preço N Cr$ 0,20
pela própria igreja católica a mulher possa exercer a sua "justificava Ferrer a inclusão Ano 2 - Número 8
para conquistar o direita de
estudar, vale a pena recordar que somente depois do ano ação benéfica, não se lhe há ^das classes mistas em sua es-
1200, num consílio de Bispos, de converter em pouco me- Yola, consideradas então co-
Autoritarismo ^
uma página imortal da histó-
r
ria universal do ensino. Te- conoedeu e reconheceu a al- nos do que em ZERO os co- jjio heréticas e imorais. Êle
mos absoluta certeza que as ma na mulher. O mesmo erro nhecimentos que lhe permiti- ,'ia na coeducação uma forma
gerações modernas de estu- a igreja o repetiu com os es- dos. Deverão ser em quanti- ae valorizar a personalidade
dantes, ignoram por comple- cravos aqui no Brasil, aos dade e qualidade iguais aos Ia mulher que estava relega-
to que certos processos esco- quais não permitia assistir que se proporcionam aos ho- da a planos secundários. EBICH FBOMM
lares atuais assim como cer- missas e 'nem confessar, por mens. A ciência penetrando E assim, no dia 8 de setem-
tas regalias de respeito à in- se lhe atribuir ausência d'al- no cérebro da mulher a ilu- •^H-o de 1901, com um efetivo (continuação do n. anterior)
tegridade pessoal do aluno, ti- ma. minaria, dirigindo certeira- 3Scolar de 30 alunos, 12 me- I
veram, como Patrono Mártir, Fode, destarte, avaliar-se a mente o rico filão dos seus linas e 18 meninos, inaugu- Parece que esta tendêtncia para a gente se tomar o
o fundador da Escola Moder- ousadia de Feriar em querer sentimentos, inesplorados até -ava-se na Espanha a primei- senhor absoluto de outra pessoa é o oposto da tendência
na Racionalista, Francisco ra «Escola Moderna Científi- masoquista, e fica-se perplexo ao como essas duas tendên-
Ferrer y Guardiã, sacrificado ?a Racionalista», fundada pe- cias são tão intimamente associadas. Não há dúvidas quan-
por um conluio militar-cleri- \o professor humanista Fran- to as suas conseqüências práticas, que o desejo de ser de-
cal na sempre despótica e ti- cisco Ferrer y Guardiã. Em pendente ou se sofrer é o contrário do desejo de dominar e
rânica Espanha. Coníiamos virtude do princípio de que de fEizer outros sofrerem. Psocològicamente, todavia,
em que as revisões históricas a escola deve estar inteira- ambeis as tendências são resultantes de uma necessidade bá-
empreendidas pelos papas mo- mente a serviço dos alunos, sica, oriunda da incapacidade de suportar o isolamento e a
dernos em seus Concílios Ecu- J)nde estes devem receber to- fraqueza do próprio eu. Proponho que se denomine o obje-
mênicos, reconheçam em do o amparo e todo o estímu- tivo comum à origem tanto do sadismo quanto do maso-
Francisco Ferrer y Guardiã, lo ao livre desenvolvimento quismo de simbiose, A simbiose, nesta acepção psicológi-
a mesma inocência e inculpa- 'üa sua formação moral e fí- ca, significa a união de um eu individual com outro eu (ou
bilidade que recentemente re- «".íica, a nova pedagogia Racio- com qualquear outra força extrínseca ao próprio eu),
conheceram no sábio astrôno- nalista de Ferrer não distri- de maneira tal a fazer cada um perder a integridade do
mo Galileu Galilei. buía prêmios e nem infligia próprio eu e a torná-lo completamente dependente um do
castigos. Constava do progra- outro. A pessoa sádica precisa de seu objetivo tanto quan-
Nos lúgubres porões do fa- ma também, a não realização
tídico Castelo de Montiuich, to a masoquista precisa do dela, só que ao invés de procu-
desses costumeiros exames rar segurança pelo fato de ser absorvida ela a conquista
em Barcelona, no dia 13 de de fins de anos que coloca os
Outubro de 1909, ao grito de alunos numa acirrada compe- absorvendo outrem. Em ambos os casos, a integridade
«VIVA LA ESCUELA MO- tição, cujos resultados trazem, do eu individual se perde. Num caso eu me dissolvo em
DERNA», caia fulminado pe- quase sempre, funestas con- uma força exterior ; no outro, eu me amplio fazendo de
las balas assassinas do pelo- seqüê^ncias de ordem psíquica outro uma parte de mim e, por conseguinte, adquiro o vi-
tão de fusilamento mais um para um grande número de gor de que careço como um égo independente. É sempre
mártir da ciência a serviço alunos. a imcapacidade para suportar a solidão do eu individuíd que
da liberdade e da justiça so- conduz ao impulso para entrar em uma relação simbiótica
O curto espaço deste artigo
cial. não comporta o exame dos com outrem. Isso deixa patente porque as tendências sá-
Francisco Ferrer y Guar- fundamentos humanos que le- dicas e masoquistas estão sempre combinadas entre si. Con-
diã, fundador da Escola Mo- varam Ferrer a elaborar uma quanto na superfície pareçam contraditórias, estão essen-
derna Racionalista, pagava nova pedagogia isenta des- cialmente implantadas na mesma necessidade básica. As
com sua vida o amor e o ca- sas modalidades ainda em uso pessoas não são sádicas ou masoquistas, porém ficEun osci-
rinho que dedicava às crian- no ensino oficÍEdizado. Mas lando constantemente entre o lado ativo e o passivo do com-
ças, formulando novos e revo- basta lembrar que um gran- plexo simbiótico, de modo que muitas vezes é difícil deci-
lucionários processos de edu- de número de pessoas inter- dir qual o lado que está agindo num dado momento. Bm
cação e ensino pedagógico. A nacionalmente ilustres, fo- ambos os casos a individualidade e a liberdade são perdidas.
sensibilidade humana que se ram considerados péssimos
abrigava na alma de Ferrer alunos nas escolas de ensino Quando pensamos em sadismo, comumente pensamos
não se ajustava à rigorosa comum, chegando mesmo a no caráter destrutivo e na hostilidade que tão flagrantemen-
discipUna e aos castigos infli- espulsão de alguns deles. O te ligados a êle. Por certo, uma dose mais ou menos gran-
gidos aos escolares da época. ensino Racionalista criado e de de destrutívidade é sempre encontrada nas tendências
Êle entendia que a criança preconizado por Ferrer, mes- sádicas ; isso, porém, também se apUca ao masoquismo.
traz dentro de si qualidades mo depois de seu fusilamen- Toda análise de traços masoquistas revela essa hostihdade.
positivas e negativas que lhe to, difundiu-se largamente em A diferença capital parece ser a de que no sadismo a hos-
devem ser respeitadas e con- todo o mundo e adotado em tilidade é geralmente mais consciente e mais diret£unente
duzidas e não simplesmente muitas escolas particulares. manifestada em ações, ao passo que no masoquismo ela é
combatidas e reprimidas por Aqui mesmo em São Paulo, sobretudo inconsciente e expressa-se indiretamente. Pro-
professores que seguiam ce- FRANCISCO /FE3BREB Y GUABDIA
houve várias. Um grande Gi- curarei naostrar, mais tarde, que a destrutívidade é o re-
gamente os rígidos cânones Fundador da £scoIa Moderna Racionalista násio, magestoso e imponente sultado da deformação da expansão sensorial, emocional e
da disciplina clássica escolar que se ergue no bairro do intelectual do indivíduo ; deve-se, portanto, contar com ela
que se baseava no rigor e na ministrar os mesmos ensina- hoje». Para avaliar em sua Belém, na Avenida Celso Gar- como uma decorrência das mesmas condições que propiciam
íôrça. mentos a meninos e meninas devida proporção este pensa- rei.;!, leve seu início em 191?, a necessidade simbiótica. O ponto que quero enfatizar aqui
Outro ponto importante do quando isto contrariava fron- mento de Ferrer, é preciso como Escola Moderna N' 2. O é que o sadismo não é idêntico à destrutívidade, apesar de
pensamento de Ferrer era a talmente os usos e costumes levar em conta que fora es- seu fundador foi o nosso estar em grande parte combinado com esta. A pessoa des-
coeducação de ambos os sexos da época. Quando Ferrer crito há mais de 60 anos, grande amigo e companheiro truidora quer destruir o objeto, isto é, aniquilá-lo e livrar-
em classes mistas, onde a me- inaugurava, quase clandesti- quando preconizar a igual- . professor João Penteado, re- se dele ; o sádico quer dominar seu objeto e, por isso, so-
nina estivesse em igualdade namente, as aulas mistas na dade da mulher eqüivalia a centemente falecido. fre uma perda caso este desapareça.
de condições como primeiro Espanha, inaugurava também uma subversão da moral es- Ao se completar 58 anos do
passo para a emancipação da no setor do magistério, a luta tabelecida. É da mesma pá- fusilamento de Frani-nsco Fer- O sadismo, conforme empregamos o nome, também po-
mulher, que, como é sabido, pela emancipação feminina. gina que extraímos também rer y Guardiã, DEALBAR de ser relativamente isento de destrutívidade e imtmído de
só recentemente vem ganhan- Num de seus livros que te- o seguinte trecho: «A huma- presta a sua modesta home- uma atitude amistosa para com seu objeto. Esta espécie
do foros de cidadania. As mos sobre a mesa pode ler-se nidade melhoraria com mais nagem a esse grande educa- de sadismo «afetuoso» encontrou sua expressão clássica em
classes mistas na Espanha e quanto segue : aceleração, marcharia com dor fundador da Escola Mo- Ilusões Perdidas, de Balzac, uma descrição que também dá
outros países latinos, consti- «A mulher não deve estar passos mais firmes e cons- derna Científica Racionalista. idéia da qualidade especial daquilo que temos em mente
tuíam verdadeiras temerída- reclusa no lar. O raio de tantes na ascensão do pro- quando falamos da necessidade de simbiose. Nessa passa-
des em conseqüê'ncia da situa- de suas atividades deve dila- gresso, e centiplicaria seu Pedro Catallo gem, Balzac descreve a relação entre o jovem Lucien e o
prisioneiro de Bagno, que se f£iz passar por abade.
EMULAÇÃO E RESISTÊNCIA Pouco após ter travado conhecimento com o rapaz, que
acabara de tentar o suicídio, diz o abade : «.. .Este jovem
nada tem em comum com o poeta que acaba de morrer. Eu
O P E R A R I A EM CUBA recolhi você, dei-lhe a vida, e você me pertence como a cria-
tura pertence ao criador, como — nos contos de fadas
orientais — o Iflit pertence ao espírito, como o corpo per-
A ditadura cubana deu à publicidade os prêmios que que tudo não passava de papelada para envolver a pobre tence à ahna.
se distribuirão aos operários que, praticando o desumano demagogia da exploração totalitária.
sistema da «tarefa stajnovista», consigam vencer na «emu- Diante dessa evidente e incontestável repulsa proletá- Com mãos poderosas hei de mantê-lo no rumo certo
lação socialista». Esta emulação não consiste somente em ria, decidirEun suprimir os prêmios. para o poder ; prometo-Uie, não obstante, uma vida de jxra-
forçar os trabalhadores a produzár mais' em cada jornada zer, de honrarias e festas intermináveis. Nunca lhe faltará
de oito horas de serviço, mas obrigá-los a que trabalhem Agora, segundo o anunciado pelo ministro Basilio Ro- dinheiro você brilhará e fará sucesso, enquanto eu, vergado
gratuitamente de dez a doze horas diárias, renunciando, drigues, os prêtaios serão classificados em três níveis. No sob o peso dos esforços, agüentarei o brilhante edifício de
ainda, ao descanso dominical, aos feriados e às férias legais. nível de unidade serão entregues rádios, panelas de pressão, seu sucesso. Eu amo o poder por amor ao poder ! Sempre
Apenas assim se faz juz ao diploma de «trabalhador» de fogões a gás, lâmpadas, ferros elétricos, câmaras fotográ- gozarei os seus prazeres, embora tenha de renunciar a eles.
de vanguarda» e se pode aspirar a um dos prêmios da emu- ficas, férias pagas e artigos de uso pessoal ou familiar. Em suma : serei uma só e única pessoa consigo... Ama-
lação marxista-leninista. No nível de região serão distribuídas máquinas de cos- rei minha criatura, amoldá-la-ei, afeiçoá-la-ei a meus servi-
tura, rádios de ondas curtas, relógios, bicicletas, colchões ços, de modo a amá-la como um pai ama o filho. Andarei
Ao anunciar tais prêmios o ministro Basilio Rodriguez de molas, ternos, móveis e artigos simUares, além das fé- a seu lado em seu fiacre, meu rapaz, deliciar-me-ei com seus
cuídou-se de silenciar o verdadeiro motivo que os inspira- rias pagas. A nivel de província os prêmios serão refrige- êxitos com as mulheres. Direi ; eu sou este belo rapaz. EU
ram. Esse motivo não foi outro senão a comprovação do radores, televisores, móveis, câmaras fotográficas, motoci- criei este Marquês de Rubempré e coloquei-o em meio à
baixo rendimento da mão-de-obra proletária. A produtivida- cletas e artigos similares, além das férias pagas. aristocracia; seu sucesso é meu produto. Êle é mudo e
de «hora-homem» e «jornada-produção» foi caindo progres- A ditadura comunista, ao anunciar tais prêmios, obvia- fala com minha voz, segue meus conselhos em tudo».
sivamente até chegar ao extremo de se necessitarem três mente está anunciado qua esses artigos não estão ao alcan-
homens para realizar o mesmo trabalho que antes realiza- ce do trabalhador cubano, pois até as férias pagas — grande (continua no próximo número)
va um só. Trata-se, pois, de generalizado movimento de conquista de outros tempos — foram suprimidas por deci-
resistência operária, de sabotagem silenciosa, mas decidida, são forçada dos aterrorizados dirigentes sindicais.
das massas trabalhadoras de Cuba, que se negam a produ-
zir com a mesma eficiência anterior, como forma passiva
de externar seu protesto contra os moldes opressores do
comunismo. OS ANTICOMUNISTAS... E O ANTICOMUNISTA
Toda a filosofia do marxismo, toda a habilidade empre- (Conclusão do número anterior) em todo problema humano procurando aproveitar as difi-
gada pelo regime e todo o aparato de terror implantado em culdades j>ara a conquista do poder político.
Cuba, copiados da experiência soviética, quebraram-se de Estes setores, dada sua ignorância política, ingressam
encontro à inquebrantável decisão do proletariado cubano. geralmente em partidos que controlam o governo ou que O anticomunismo deve diminuir as frustrações huma-
influem na sua comiposição ; são elementos muito úteis à
Em três oportunidades sucessivas (abril de 1962, feve- estratégia comunista, pois sua ação possibilita a infiltração nas através de necesssárias realizações econômico-socíais de
reiro de 1963 e agosto de 1964) tiveram que modificar as destes, conseguindo uma política governamental que lhes um lado, permanecendo alerta para deter a violência expan-
í-egras da emulação. Agora, diante do balanço do quarto é favorável. Estes setores, essencialmente indefinidos, tam- siva vermelha. Fedando de outra forma: a tarefa do anti-
Regulamento da Ehiulação, comprova-se que os estímulos, pouco poderão — por seu modo de ser — definidos como comunismo é tirar fora da realidade ao oomunismo, antes
quer em dinheiro, quer em viagens aos países socialistas anticomunistas. Não pode haver definição do indefinido.
d os títulos honoríficos, não despertavam nenhum interes- Aproveitando sua vaidade, os comunistas coibem-nos pelo que o peso da lei lhes dê pretêlxto de aparecerem como más-
se entre os trabalhadores cubanos. Em Cuba nada adianta elogio fácil. tires ou heróis.
possuir algumas centenas de pesos, pois nada se pode com^
prar de uso pessoal ou familiar, estando as principais mer- Como corolário desta análise, vejeunos outro aspecto Assim, o aticomunismo autêntico e sincero, que por
cadorias severamente racionadas pelo regime das «duas ca- importante do comunismo marxista : considerando o ho- certo não é uma doutrina, mas uma aglutinação de credos
dernetas». Por outro lado, ninguém pretende ganhar uma mem em estado de alienação, frustrado, que não encontra em uma Frente Comum Libertária que concebe o homem
viagem à suposta «pátria do proletariado», pois, conforme livre e moral. Portanto, o anticomunismo é definido e
os operários que já gozaram essa distinção, mais do que um o que busca, o que toma suscetível de acomodar-se ao do-
prêmio, essa viagem é verdadeiro castigo. Apesar do con- mínio dos prosélitos, que o convencem com a miragem da composto de doutrinas definidas. Os partidos amorfos, elei-
trole policial de seus passeios e visitEis, por toda parte se panacéia de sua propaganda. Esta alienação facilita a dia- toreiros e indefinidos não i)odem definir-se em definições
desiludiam ante os quadros de miséria e exploração que lética do comunismo, quando o homem premido por suas que implicam o risco da popularidade, quando a justiça e a
contemplavam. Elnquanto a títulos, diplomas, medalhas, lil)erdade assim o querem ; ao contrário, o anticomunismo,
elogios verbais e aplausos jornalísticos — com cujas honra- necessidades é dòcilmente manejado na «guerra subversiva».
rias seria demonstrada a elevada moral e o rendimento do Ao considerar frustrados os homens, o comunismo — para baseia-se em concepções políticas categoricamente definidas
QÔvo homeni socialista — o operário cubano compreendeu quem a finalidade do horaiem é trabalhar — incrusta-se em Agustin Candia
ATA ^^^^
Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa