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Rua Rubino de Oliveira, 85
A IDÉIA É COMO A GOTA D'ÁGUA. PODE REFLETIR A IMENSIDADE Correspondência: Caixa Postal 5739
São Paulo
ANO II NÚMERO 9 SÃO PAULO, NOVEMBRO DE 1967 Registro N.° 2.097 PREÇO NCr$ 0,20
LINIIS PAULING - A
Nasceu em. Aregon, Esta-
dos Unidos, em 1901, Linus
e condenado pelos políticos
no país de ideologia oposta,
VERDADEIRA CIêNCIA REPUDIA A GUERRA
é mera ficção, mas terrífica
reaUdade, não só seu empre-
substâncias, como o carbono
14 (isótopo radiativo do car-
continuidade das provas nu-
cleares poderá ser tão perigo-
bombas de napalmi e fósforo,
mas também pelos gases.
Pauling e é professor de Quí- o sábio Pauling mereceu o go bélico, mas mesmo nas ex- bono) que se produzem du- sa quanto a utilização dessa Dois professores norte-ame-
mica desde 1931. Como pes- Prêmio Nobel da Paz de 1962. periências e provas que são rante a fisão e a fusão das arma.» «TODO O MUNDO, ricanos especialistas em bio-
quisador, levou a termo uma No seu apostolado idealis- feitas para o seu aperfeiçoa- bombas chamadas UMPAS. DIGAM O QUE QUIZEREM, logia molecular, J. Eddsel e
das tarefas mais delicadas e ta, consciente do papel que mento. «Nossos eserategístas Há dez vezes mais carbono TEM MEDO, VIVE SOB O M. RÍísselson, demonstr.a-
difíceis da ciência moderna, representa a ciência no mun- fazem distinção entre bom- 14 nas bomb£is termo-nudea- TERROR DA POSSIBILIDA- ram-no em petição assinada
em volta das misteriosas for- do atual, chama a atenção bas nucleeires LIMPAS e as res que nas bombas do tipo DE DE UMA GUERRA pelos cientistas mais impor-
ças que mantém os átomos dos cientistas para problemas MUNDIAL». tantes dos Estados Unidos».
coesos na formação estrutu- que, sendo um desafio à hu- Como se não bastasse o Preocupado, ainda e sem-
ral das moléculas para a manidade toda, não fogem ao enorme desperdício já feito pre, com o miserável destino
constituição da matéria. Deu domínio da técnica e não po- no desenvolvimento das ar- de mais da metade da espé^
a público sua «teoria da res- dem ser descurados pelos ho- mas atômicas pelas grandes cie humana diante do subde-
sonância» num livro já con- mens de laboratório. «Os sá- potências, alguns países sub- senvolvimento, não é menos
siderado clássico em seu bios — diz Pauling — sabe- desenvolvidos desejam parti- digna a atitude de Pauling
campo, com o nome de «A mos que nossa responsabili- cipar, também, da fabricação quando chama a atenção dos
Natureza do Vinculo Quími- dade ante os problemas do e pesquisas dessas armas. resiponsáveis pela chamada
co». Por seu trabalho recebeu mundo é muito grande. Já «Entristeço-me, diz Pauling, «conquista do espaço side-
o Prêmio Nobel de Química passou a época em que po- ao ver a China, com tantos ral». «Creio que o futuro do
em 1954. Com tase na teoria díamos permanecer em nos- milhões de bocas para alimen- homem está na Terra e mui-
de Pauling elucidou-se o pro- sos laboratórios indiferen- tar, consumir tão elevadas to tempo transcorrerá antes
cesso da Natureza nsis suas tes às agitações da rua, ape- porções de seus orçamentos que existam possibilidades de
combinações químicas. A téc- nas concentrados em nossas em atividades militares». Por viajar a outros planetas...
nica especial e formidável investigações. Os homens do isso condena a atitude dos Considero excessivas e abusi-
para a produção de matérias ódio e da guerra sempre se Estados Unidos e dos países vas as enormes somas inver-
plásticas bem como de subs- apoderaram do resultado de com essa nação solidários na tidas na pesquisa espacial...
tâncias sintéticEis e de remé- nosso trabalho para utilizá-lo política internacional que A competição entre os Esta-
dios apoia-se na «teoria da com fins destruidores». Dian- impede à China participar dos Unidos e a Rússia, fruto
ressonância». te do uso da energia atômica das Nações Unidas. Com o de um nacionalismo que é o
Mas Pauling não é apenas para armas bélicas, prossegue isolamento de um país de se- mal do século, encerra os
um homem de laboratório. o cientista: «Nós nunca tivé- tecentos milhões de habitan- mais funestos efeitos. Gas-
Sobra temipo ao sábio para ramos antes oportunidade de tes «provocam em seu inte- tam-se somas fabulosas com
lutar pela paz e a liberdade, pôr em suas mãos os meios rior um nacionalismo exage- a mesma finalidade, sendo
pela convivência harmonio.5a para conduzir a humanidade rado». certo que a metade ou mais
dos seres humanos, pela de- ao apocalipse, para ameaçar Usando o elevado signo de deveria ser empregada em
fesa da própria vida. A posi- a própria existência da espé- «GERRA À GUERRA», o sá- proveito dos homens que vi-
ção >*ndcpendc;"!to de .:rodos cie humana, para reduzir à bio ataca não apenas o em- vem ma] nesta Terra, dema-
políticos e de homem livie. indigêncía dois terços dos ha- prego de armas atômicas, siadamente mal para se preo-
causaram alguns contralom- bitantes do globo». mas toda e qualquer forma cuparem com o que se passa
ros ao cientista. Quando vice- Denunciando a corrida ar- de armamento e de extermí- em outros planetas».
presidente da Federação Mun- mamentista de todos os paí- nio. I-iun;anista autêntici, o sá-
dial dos Trabaihadcies da ses, Pauling diz que se deve- Referindo-se à guerra no bio acredita num futuro mais
Ciência, foi considerado sus- ria lembrar com mais assidui- Vietnã, diz que a opinião pú- risonho para a humanidade
peito por zelosos cidadãos dade o que se gasta anual- blica mundial deve ser escla- quando a ciência, pelos seus
norte-americanos, pelo sim- mente com armamentos: Linus Pauling e sua companheira — conscientes de recida sobre o emprego de cultores, seja aplicada no
plPá fato de aquela entidade cento e cincoenta mil mi- gases, o que é deturpeido pe- sentido de aumentar o bem
c brigar considerável número lhões de dólares ou, em cru- sua contribuição para o bem da humanidade.
los armamentistas norte- de todos: «Não creio que se
de ciumentos comunistas. No zeiros velhos, quatrocentos e qualificadas de SUJAS... americanos quando dizem que possam utilizar as descober
entanto, por sua pregação A e esse carbono 14 não so-
sete trilhões e duzentos e cin- Não existem bombas limpas. mente é tão pernicioso como «não são gases mortíferos, tas biológicas para fabricar
pela liberdade, o Crêrnlin re- coenta bilhões, o que repre- mas que provocam simples especialistas sem alma, se-
solveu desclassificar sua «teo Em cada explosão formam- as outras substâncias radiati-
senta dez vezes o orçamento se substâncias (estrôncio 90, vas, mas conserva sua noci- náuseas ou paralisia tempo- res «robôs», homens-cérebros
ria das ressonâncias», ponto da Prefeitura de São Paulo césio 137, iodo 131) chama- rária». «Na verdade, diz Li- que seriam meras máquinas
culminante do pensador e vidade total durante muito
no atual exercício. das chuvas radiativas NOR- mais tempo. É preciso que fi- nus Pauling, «esses gases de calcular... Sou otimista
teórico da química moderna. Com referência às bombas MAIS. Essas substâncias pro- têm efeito biológico desastro- quanto ao futuro do homem.
Assim, colocado na catego- que bem claro: há muito mais
nucleares, o cientista faz uma vocam câncer nos ossos, leu- so sobre os enfermos, os ve- Mas de um otimismo lú.-:ido,
ria de homem politicamente análise mostrando que o pe- carbono 14 nas chamadas lhos e as crianças. Neste mo-
cemia e mutações genéticas bombas LIMPAS do que nas alerta, vigilante: um otimis
suspeito em sua terra natal rigo para a humanidade não graves. Mas existem outras mento os civis vietnamitas mo de combate».
SUJAS... e a longo prazo, a morrem não apenas pelas Liberto
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UNE - ALTOS E BAIXOS DE UMA TRAJETÓRIA
ARI SERPA elaboração dos Estatutos e do nha sede; desde sua fundação U.N.E. o estudante de enge- passeata foi realizada no dia 4 to das passagens de bondes, ha-
Regimento Interno. No mês de se reunia ora numa sala do nharia Hélio de Almeida. Co- de julho de 1942, quando os vendo vários feridos e presos.
A realização tumultuada e Agosto foi eleita a primeira Di- Ministério da Educação, ora na meçou aí uma das fases mais estudantes comemoraram a in- Em 1959, sendo Presidente Rai-
retoria do Conselho Nacional de casa de Ana Amélia e, algu- importantes da entidade, quan- dependência dos Estados Uni- mundo Eirado, a U.N.E. de-
algo romanesca do 29.0 Con- cretou uma extraordinária bre-
gresso da União Nacional dos Estudantes, nome pelo qual era mas vezes no Diretório Central do ela própria inaugurou um dos, na época considerado ex-
coniiecida a U.N.E.. ve geral, em apoio aos estudan-
Estudantes em Vinhedos, São tes da Faculdade de Ciências
Paulo, e do qual participaram CONQUISTA DA AUTONO-
••involuntariamente" os padres MIA. No ao de 1938, durante Médicas da Universidade do Rio
o 2.0 Congresso Nacional de Es- de Janeiro, na época coagidos
Beneditinos do Convento São e sofrendo inúmeras arbitrarie-
Bento, veio colocar em pauta tudantes — o primeiro ocorreu
em 1909, em São Paulo — reali- dades por parte de seu Diretor,
a trajetóriii irregular do ponto
de vista político, dessa institui- zado entre 9 e 21 de Dezembro, o professor Rolando Monteiro.
ção estudantil, oscilando sem- no teatro Municipal, o estu- Foram realizadas passeatas e
pre entre atitudes extremamen- dante Antônio Franca apresen- inúmeras sessões, acabando os
te imaturas e posições lúcidas; tou uma tese intitulada União estudantes por saírem vitoriosos
entre o caminho totalitário o Nacional sle Estudantes, pela do movimento e acarretando o
esquerdizante e a defesa dos qual a entidade se separava da afastamento do Dr. Rolando
mais nobres sentimentos liber- Casa do Estudante e passava a Monteiro, da direção da Facul-
tários e populares. ter vida própria. Após esse dade. Em 1960, João Manoel
ORIGEM DA UNE. Jfim Congresso que elegeu Valdir Conrado, tentou, sem êxito, a
1929 concretizando uma antiga Borges presidente da entidade, reíiliação da UNE à União In-
idéia da Sra. Ana Amélia de a U.N.E. começou a agir cri- ternacional dos Estudantes, ao
Mendonça, surgiu a Casa dos ando vários departamentos, en- mesmo tempo que liderou uma
Estudafites do BrasU, visando tre os quais o de Cultura, diri- campanha em defesa da Escola
promover assistência social en- gido por Pascoal Carlos Magno. Pública.
tre a classe estudantil Três Em 1939 no concurso de peças
anos mais tarde foi sugerida teatrais, dois jovens saíram vi- AGITAÇÃO E DECADÊNCIA
sua filiação à Confederation des toriosos: Alfredo Dias Gomes, ÉTICA. O período de Conrado
Etudiants, sediada em Bruxelas, com A Comédia dos Moralistas marca profundamente a vida
porem os trabalhos de aproxi- e Mário Brasini com Estudan- estudantil A cúpula totalmente
mação com esta entidade só tes. Ainda em 1939, a U.N.E. desligada "das decisões de base,
foram iniciados em 1936, quan- após uma série de desentendi- adota as mais radicais posições
do a universitária Clotilde Ca- mentos com a Casa do Estu- em todos os pontos contrárias
valcanti viajou para Sofia, re- dante, que a acusava de se des- ao pensamento da maioria es-
presentando o Brasil no Con- viar de seu caminho, decidiu tudantil. Assim deu o seu apoio
gresío da C.I.E.. Em 1937, o separar-se definitivamente da ao ditador Pidel Castro, e lança
Conselho da Confederação reu- entidade, dela se desligando no as consignas anti-americanas.
nido em Viena, sugeriu a reu- ano seguinte, a 22 de abril de Seu substituto, Oliveira Guanais
nião de uma assembléia das 1940. de Aguiar, foi duramente criti-
associações estudantis brasilei- LUTAS E TEMPOS DIFÍ- cado por promover uma passea-
ras, para fundar uma entidade CEIS. Faltando a colaboração ta de apoio a Fidel Castro e
máxima. Estava criada a União da Casa dos Estudantes a trabalhar para atrelar o mo-
Nacional dos Estudantes. A U.N.E. resolveu criar um Con- vimento estudantil brasileiro aos
Houve, sim, o Congresso da U.N.E., singularmente realizado i sombra de vinhedos, sob i vista paternal daquiles
Casa dos Estudantes do Brasil, selho Consultivo, formado por movimentos dos países totalitá-
que, como senhores, sempre deformaram as reais aspirações da mocidade, e agora... os protegem...
cumprindo o art. 25 de seu Es- ex-presidentes da entidade e rios de esquerda. Os estatutos
tatuto, convocou ps estudantes em julho daquele ano elegia dos Estudantes, rua Álvaro Al- processo de apoiar ou condenar tiemamente subversivo pois a autenticamente totalitários da
pava se reunirem em um Con- sua quarta Diretoria, tendo co- vim, 41, num conjunto alugado qualquer movimento que surgis- ditadura de Vargas tinha extre- UNE, permitiam à cúpula diri-
selho Nacional de Estudantes, mo presidente Luiz Paes Leme. por três mil réis. se no Brasil ou no exterior; a madas simpatias por Hitler e gente decretação de greves po-
cuja sessão inicial tratou da Nessa época a U.N.E. não ti- Em 1942 era presidente da passeata pelas ruas. A primeira Mussolini. No dia 22 de Agos- líticas sem a prévia consulta a
to de 1942, os barcos brasileiros todos os estudantes sobre a rea-
Arapá, Itagiba e Araraquara fo- lização da mesma. Assim de-
OS VIETN AN
à economia patriarcal e esora-
vocrátlca, então em toda sua
glória. Viu-se uma cidade de
mocambos erguer-se sázinha,
do meio do mato, contra as Ca-
fiste trabalho é um mani- porque reunifioou seu país guerra do Vietnam é uma mundial e depois contra os legal e moral do que faz. Es- sas-Grandes e os sobrados de
festo elaborado e distribuído quando este suportava uma GUERRA SUJA. Quando os colonialistas franceses. A te princípio veio a formar pedra e cal do norte do Brasil.
pelo Comitê do Dia do Viet- péssima situação». vietnamitas o vêem com um maioria da população vietna- parte da lei deptois da segun- Em nenhum lugar do Sertão
nam, Universidade de Berke- O general Ky não significa uniforme estrangeiro, pensa- mita pensa no FLN como no da guerra mundial, quando havia campos tão bem lavrados.
ley, que teve ampla difusão muito para nós; não sabemos rão em você como num ini- representante da melhor tra- as nações aliadas decidiram Esta comunhão de homens li-
no seio das unidades do exér- nem pronunciar seu nome, migo. dição patriótica. que os criminosos de guer-
cito norte-americano e nos porém os vietnamitas vive- Vocês são os que bombar- ra alemães deviam ser casti- vres apavorou os engenhos.
As Guerrilhas Sobre Palmares, corriam len-
irteios estudantis. A oposição ram muitos anos governados deiam suas cidades. Os viet- gados, inclusive quando come-
a guerra 'dentro ido povo por homens iguais a êle. namitas não sabem distin- Os jornais e a televisão nos tessem crimes sob ordens. das entre negros e brancos que
yanqui atinge atualmente, .se- Para os vietnamitas, nós lu- guir um voluntário, um beli- explicam de quando em vez o Este princípio foi a base dos serviram para encorajar uns %
gundo últimas pesquizas, a ci- tamos ao lado do hitlerismo, cista de um pacifista; portan- duro que é lutar contra a julgamentos de Nuremberg. fugir, e outros a Justificar suas
fra de 51%. Dentro das uni- e eles esperam que sejamos , to não haverá oportunidade guerrilha do Vietcong. Caren- Lutemos Contra a Guerra. derrotas, mas o certo é que ali,
versidades os focos de resis- derrotados. V para vocês se salvarem. tes de munição e sem cober- no meio do mato, nasceu um
tência crescem, se aprofun- tura aérea os guerrilheiros Esperamos que você se si- Novo Mundo, com costumes, to-
Eleições Livres podem abater forças que os tue como ser humano incapaz dos eles benfazejos por idéias
dam e adquirem, como ve- Quem é o Inimigo ?
mos neste apêlo, uma autên- Os vietnamitas quiseram superam na proporção de 10 de tolerar esta luta bárbara reformistas. O Quilombo dos
tica tonalidade libertária. ... Os porta-vozes militares votar para que os estrangei- para 1. Por que téhi tão alta e esperamos que você se opo- Palmares n&o seguia as tradi-
norte americanos repetem ros se retirassem de seu país, moral de luta? Eles são cons- nha a ela. Não sabemos que ções religiosas para o batismo
Você pode ser enviado a amiudadamente que seu gran- porém lhes foi negado essa critos. Nenhum oonscrito po- classe de risco corremos ao dos que ali nasciam e os seus
qualquer momento para o de problema é encontrar o contingência. De acordo com de lutar assim. A maioria são entregar este panfleto; você casamentos eram livres e regi-
Vletnam. Você ouviu falar so- inimigo. O inimigo, afirmam, a resolução de Genebra de camponeses que trabalham não sabe que riscos correra dos por leis da natureza.
bre a guerra nos jornais; esta em todas as partes. A 1954, teria que ter sido reali- a terra; não têm sequer mu- opondo-se a guerra. Um
seus oficiais vão fazer peiles- velhinha que alimenta suas zado eleições no Vietnam em nição para treinar. O segredo grande número de soldados Já nos anos de 1644 e 1645,
1956. Poi«m o Departamento está em que eles sabem por- norte-americanos se resusa- os quilomolas foram atacados
do Estado tinha a certeza de que lutam. Nunca ouviram ram combater no Vietnam e pelas expedições holandesas, a
que Diem, nosso homem do falar do Vietnam pelos jor- foram julgados pelas cortes primeira comandada por Rodol-
Vietnam, iria perder. Logo, nais; viveram toda sua vida marciais Eles demonstraram fo Baro e a segunda pelo ca-
decidimos não permitir elei- ali. Enquanto freqüentávamos grande coragem. Acredita- pitão João Blaer, que não con-
ções até que estivéssemos se- o ginásio, eles viviam sob o mos que eles, junto com ou- seguiram vencer os palmarlnos
guros de ganhar. regime do tirano Diem e o tros bravos que seguirão o nem tomar-lhes as terras con-
Diem formou a polícia polí- odiavemi. exemplo, terão influência fora quistadas Mas, o pior estaria
tica e encarcerou toda a opo- para vir com as expedições su-
sição. Em 1959 estava claro Esmagamento da Resistên- do comum. cessivas de lusos-brasileiros. Ao
que nunca haveria eleições e cia. Há outras coisas que você todo, 18 expedições comandadas
os guerrilheiros conhecidos poderá fazer; desde o momen- por capitáes-mores, por alta» •
A guerra do Vietnam não
por Vietcongs começaram a se faz de acordo com as re- to em que esteje d;í serviço, patentes militares e milhares de
conhecerás melhor fiue os ci-
lutar. gras Os prisioneiros são tor- vis que tipo de o^^Kisição é soldados, muitos dos quais, ali
Por volta de 1963 nosso go- turados. Nossos aviões jogem possível. Porém aconteça o perderam a vida, e gastaram 92
vêirno não suportava mais V)ombas incendiárias sobre que acontecer, mantenha-se anos para vencer o Qui'ombo
Diem, porém também não população civil indefesa. Nos- de Palmares, tomar suas terras,
queria correr o risco de uma sos soldados disparam sobre atento. conclusões
Tire suas próprias
do que \S, ouve e destruir as plantações, matar e
eleição. Nosso serviço de in- mulheres e crianças. Nossos lê. Nas sessões de o ientação, vender os negros que consegui-
teligência ajudou um grupo oficiais, afinnarão que tudo não tenha medo de pergun- ram aprisionar.
de generais vietnamitas a dar isso é necessário, que a guer- tar e se não estiver satisfei- Palmares foi vencida e no lu-
um golpe em Diem, que aca- ra não pode ser ganha de gar daquele reduto de trabalho
bou sendo assassinado. Des- outra maneira... e têm ra- to com a resposta; continue livre, da livre iniciativa e de
de então tem havido uma sé- zão. perguntando. Aproveite cada
rie de ditaduras militares, e ocasião para falar com seus luna vida em moldes libertários,
Os americanos não são
o general Ky — o homem mais cruéis que os outros; os companheiros solda(';os sobre nasceu um grande latifúndio,
a guerra. Se você seguir pa- com
que admira Hitler — é o últi- soldados smiericanos não dis- ra o Vietnam sob onlens, pos- trabalhadores escravos,
— Jovem, sobre nós pesa imperativo de livrar os povos do MONSTRO ino ditador. mas, em outros pontos do
DEVORADOR, — Q Comunismo frutam este tipo de guerra. sivelmente será forçado a lu- Brasil, movimentos para con-
Os vietnamitas necessitam de nós. da nossa ajuda, do nosso sangue I Lutando pela Democracia Mas se vocês desenvolvem tar, porém não faça «mais» quistar a liberdade e destruir
Os jovens : — N Ü N C A I Vossa tarefa como soldados uma guerra contra um povo do que deva... E toa sorte. o poderio dos senhores feudais
Iras sobre ela. Porém você se galinhas pode esconder gra- se supõem que é cativar ao inteiro, vocês se tornam germinavam, ora com o nome
Vietnam Day Committee
sentirá tão confuso e deso- nadas em sua choça. A crian- povo Vietnamita. Cativá-lo cruéis necessàriamiente. Nem 2407 Fulton Street de Balaio, ora de Contestado
rientado como a maioria dos ça que segue as operações para que? Para a democra- o soldado alemão que ocupou ou de Guerra dos Canudos.
cia? Não, posto que mante- a Europa era especialmente Berkeley — Califórnia.
americanos. diurnas das tropas america-
Muitos dirão que você so- nas, desaparecem pela noite, mos um ditador no poder. cruel. Porém, quando o movi-
mente deve obedecer ordens para entregar informações Para que então? Para o mento de resistência cresceu
e deixar que os outros pen- aos guerrilheiros. A lavadei- «american way of llfe»? Po- se tornou cruel. Matou mu-
sem. Porém você tem o direi- ra da base aérea, um dia faz rém, porque aos vienamitas lheres e crianças porque es-
to de saber tanto como os explodir uma bomba para lhes vai importar mais nosso tas atiravam contra eles; e
sabidos, sobre a guerra. Pois complementar seu dia de tra- modo de vida, do que nos im- nunca perguntaram porque
Contribuições receiiidas
afinal, não são os homens do balho. É impossível, nos di- porta a nós o modo de vida acontecia isso. Quando algu-
Congresso que vão ser mor- zem os porta-vozes militares, deles? Não sabemos falar sua ma pequena povoação se tor- , (conttnua^Lo)
tos, mas sim você. saber quem são os do Viet- linguagem, nem sequer pro- nava centro da resistência a
cong e quem são os civis. nunciar seus nomes. Não sa- arrasavam seguindo ordens. O Magro, NCr$ 1,00; Trubillano, NCr$ 37,00; J. Valverde,
Por que Estamos Lutando Então, como todo o povo ■ bemos nada sobre sua reli- Sabiam que os SS torturavam
NCr$ 5,00; Valesella, NCr$ 5,00; Kairús, NCr$ 2,00; Gene-
no Vietnam ? vietnamita parece ser o ini- gião, nem sequer se existe. prisioneiros, porém êle não
podia interferir em assuntos rino, NCr$ 1,00; D. Pacheco, NCr$ 1,00; M. Franco, NCr$
migo, os milit£ires tomam Nunca ouvimos falar de Viet-
suas precauções. Usam gases nam, até que W^ashington de- que não eram seus. 3,00; P. Teixeira, NCr$ 1,00; R. Fernandes, NCr$ 4,00; Dou-
Supõem-se que lutamos pa- tor, NCr$ 30,00; Cecílio, NCr$ 5,00; Gumercindo, NCr$ 5,00;
ra proteger a democracia, mortíferas (uma arma espe- cidiu governá-lo. Supõem-se Obedecendo Ordens.
não obstante nosso governo cialmente desenhada para uso que vocês lut£un para salvar Como soldado você aprolT-
0 Arica, NCr$ 1,00; Florêncio, NCr$ 0,50; Melantonio, NCr$
reconheceu que no Vietnam contra os civis). Ordenam fa- o povo vietnamita do comu- deu a oltedecer ordens; po- 1 00; Raya, NCr$ 3,00; Paço, NCr$ 2,00; Severo, NCr$ 2,00;
do Sul há uma ditadura. O zer fogo contra as mulheres nismo. Certamente a influên- rém como ser humano você F. Asencio, NCr$ 5,00; Jaime, NCr$ 5,00; Hibrain, NCr$
general Cao Ky, o último di- e crianças... porque, acima cia comunista é forte na deve tomiar responsabilidade 5,00; A. Cuberos, NCr$ 5,00; Folhetos, NCr$ 5,00; Maria
tador militar, é tão mau co- de tudo mulheres e crianças Frente de Libertação Nacio- por seus próprios atos. A lei 'Valverde, NCr$ 4,00; Mara Valverde, NCr$ 1,00; A. F.
mo os que o procederam. Em estão luteindo contra as tro- nal. Também que a maioria
Os da população apoia o FUST. internacional e a lei norte- Trindade, NCr$ 1,00; Atílio, NCr$ 3,00; Ciíento, NCr$
recente entrevista um diário pas norté-americcinas.
americana reconhecem que 10,00; J. Moreira, NCr$ 1,00; Castor, NCr$ 3,00; Agosti-
de Londres, êle afirmou: aviões dos Estados Unidos Por quê ? Muitos dos aderen-
«Perg:untam-me quem são destroem populações civis tes do FLN lutaram na resis- um soldado ainda quando nho, NCr$ 12,00.
atuem sob ordens deve so-
meus heróis... Eu só tenho com napalm; os B-52 arrasam tência vietnamita contra os brelevar a responsabilidade
um: Hitler. Admiro Hltler regiões inteiras. Por isso a japoneses na segunda guerra
DEALBAR — Novambro de 1967 — Página 3
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«MECÂNICA DO SONO» dades e bom humor às dia- de que muito breve o tere- representação Brasileira à
bruras do pensamento huma- mos novamente entre nós pa- IX Bienal de São Paulo. Sua
CONFERÊNCIA no, o Dr. Vivaldo desenvolveu ra usufruirmos da sua irra- obra : Auto-retrato é um tra-
com tranqüilidade e persua- diante simpatia. balho de vanguarda, feito de
Como era esperado o Dr. são a sua longa e proveitosa —///— colagens de diversos mate- ^ A ID£lA t COMO A GOTA D'AGUa. PODE REOETIR A IMENSIDADE. Rva Rubino dr Olnein, aS
Cerru^ndíoEíi-. CJUI« pMiai ãT39
Vivaldo Simões pronunciou, palestra, despertando risos e A seguir, os moços compo- riais, inclusive alguns poemas SioPniI*
com beleza e maestria a sua ansiedades no público qUe o nentes do Laboratório de En- do autor. Uma gravata tam-
conferência subordinada ao acompanhou atentamente por saio, prestaram uma delicada bém. É trabalho na linha Ano 2 - Número 9 — NOVEMBRO DE 1967 — Preço NCP$ 0.20
titulo: «A Mec&nica do Cé- quase duas horas. homenagem expressada em «POP».
rebro». Finda a conferência o Dr. abraços, felicitações, doces e Ao jovem e talentoso artis-
Autor de vários livros, um Vivaldo respondeu com de- refrigerantes, ao jovem artis- ta Oswaldo Olney Krüse, as
de recente lançEunento: TUIX) senvoltura e rapidez as per- ta Oswaldo Olney Krüse, que felicitações do Centro de
É POSSÍVEL NA ETERNI-
DADE?» psiquiatria, psicana-
lista e atento perscrutador da
alma humana, não lhe foi di-
fifcil conduzir a assist&icia pe-
guntas que lhe foram dirigi-
das, revelando uma ginástica
mental a toda prova e um
profundo domínio da sua es-
pecialidade. O Centro de Cul-
participa, com distinção, na Cultura Social.
AUTORITARISMO
los intrincados meandros da tura Social, deixa aqui os sin-
mecânica do sono e dos so- ceros agradecimentos ao Dr. (continuação do número anterior)
nhos. Pontilhado de curiosi- Vivaldo Simões, na certeza
ERICH FBOMM
OS GUERREIROS Freqüentemente, e não apenas na linguagem popular, o
sadomasoquismo é confundido com amor. Os fenômenos
iPeca de Waldir Kapezky As suas peças são sempre masoquistas, sobretudo, são encarados como expressões de
portadoras de um toque de amor. Uma atitude de completa renúncia em proveito de
Ao redigirmos esta noite originalidade que desperta
ainda não havia sido encena- outra pessoa e a rendição de próprios direitos e reivindica-
ansiedade e interesse no pú- ções sobre outrem têm sido louvadas como exemplos de
da esta obra que está sendo
aguardada com vivo interes- blico e entusiasmo no seu «grande amor». Parece não haver melhor prova de «amor»
se pelos que acompanham de circulo de amizade que não é do que o sacrifício e a boa-vontade para capitular em bene-
perto as atividades do Labora- pequeno. Com certeza «Os ficio da pessoa amada. Na verdade, nestes casos, o «amor»
tório de Ensaio. A espectati- juerreiros» será um novo é essencialmente um anseio masoquista e arraigado na
va é grande por motivo de necessidade simbiótica da pessoa em questão, Se pensamos
que o jovem autor é conheci- triunfo de nosso jovem com- no amor como afirmação apaixonada e o relacionamento
do pelo seu espirito renova- panheiro Waldir Kopezky, ativo com a essência de uma determida pessoa, se pensamos
Flagrante quando o Dr Vivaldo calorosamente defendia sua tese e procurava
dor na arte teatral. pelo que o felicitamos. escíerecer a Mecânica do Sono.
nele como a união com outra pessoa baseada na indepen-
dência e integridade das duas pessoas em jogo, então maso-
quismo e amor são antagônicos. O amor funda-se na igual-
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