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OAB XIII EXAME – 1º EXAME

Direito do Trabalho
Rafael Tonassi

SALÁRIO E REMUNERAÇÃO do salário, sendo vedado o empregado receber


só gorjetas.
Introdução Como a gorjeta não é obrigação do
empregador, sendo mera concessão de
Salário é contraprestação direita devida ao terceiro, não estará amparada pelos Princípios
empregado em virtude do serviço prestado em da Irredutibilidade, Intangibilidade e
face do contrato de trabalho. Pode ser fixo, Impenhorabilidade Salarial.
quando a prestação for invariável, sendo pago A Intangibilidade Salarial é o princípio que
unicamente em dinheiro ou dinheiro e utilidade protege o salário do empregado por ter
– salário in natura (art. 458 da CLT). Mas pode natureza alimentar, tornando-o intangível e
ser variável no caso de ser submetido a uma impenhorável pelos seus credores. Possui
condição. O salário fixo será acrescido de inúmeras exceções, como por exemplo,
prestações adicionais como comissões; pagamento de pensão alimentícia, dedução de
percentagens; gratificações ajustadas; diárias imposto de renda, contribuições previdenciárias
para viagens e abonos pagos pelo e sindicais, etc...
empregador. Assim, o empregado receberá A Irredutibilidade Salarial visa a estabilidade
salário diferente mês a mês (457, §1º da CLT). econômica do trabalhador, para que este não
Remuneração é mais amplo, compreendendo sofra oscilações no seu salário, que não pode
todo provento legal e habitualmente auferido ser reduzido salvo por convenção ou acordo
pelo empregado pago pelo empregador, ou por coletivo (art. 7º, VI da CF/88). Exemplo: uma
terceiro. Pode-se dizer que a remuneração é grande empresa efetuará demissão em massa,
composta pelo salário direto (pago pelo para evitar a demissão o sindicato negocia com
empregador), e o salário indireto (gorjetas a empresa a redução da jornada de trabalho,
pagas por terceiros). O empregado que não importando redução salarial (há concessões
receber gorjetas terá igualdade entre a recíprocas).
remuneração e o salário. 1. Salário-utilidade / in natura
A gorjeta é um tipo de gratificação paga por Uma utilidade fornecida pelo empregador
terceiros, englobando as importâncias passa a ter natureza salarial integrando o
voluntariamente oferecidas pelos clientes, além salário com projeção em outras parcelas
daquelas cobradas pelos estabelecimentos quando é oferecida de forma habitual, gratuita,
como adicional nas contas, que deverá ter os benéfica ao trabalhador e pelos serviços
valores arrecadados transferidos integralmente prestados (não para realização dos serviços).
aos empregados (art. 457, § 3º, da CLT). Para identificar a natureza salarial, é
As gorjetas irão integrar o salário para efeito de necessário observar se a utilidade é
cálculo de férias, 13º salário, INSS e FGTS, fornecida para o trabalho ou pelo empregador.
não servindo no entanto de base de cálculo Se uma parcela é fornecida de forma gratuita
para: AVISO PRÉVIO, ADICIONAL como um luxo PELO empregador, possui
NOTURNO, HORAS EXTRAS E REPOUSO natureza salarial, e pode ser chamada de
SEMANAL REMUNERADO. salário in natura.
Se a parcela é fornecida como uma
Súmula 354, TST. As gorjetas, cobradas pelo ferramenta PARA o exercício de suas funções,
empregador na nota de serviço ou oferecidas trata-se de uma utilidade sem natureza salarial
espontaneamente pelos clientes, integram a (art. 458, §2º da CLT).
remuneração do empregado, não servindo de Art. 458, CLT. (...)
base de cálculo para as parcelas de aviso § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não
prévio, adicional noturno, horas extras e serão consideradas como salário as seguintes
repouso semanal remunerado. utilidades concedidas pelo empregador:
I – vestuários, equipamentos e outros
acessórios fornecidos aos empregados e
Atenção! utilizados no local de trabalho, para a
Não há limitação às gorjetas percebidas pelo prestação do serviço;
empregado, podendo inclusive superar o valor II – educação, em estabelecimento de ensino
próprio ou de terceiros, compreendendo os

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valores relativos a matrícula, mensalidade, Art. 3º Não se inclui como salário de


anuidade, livros e material didático; contribuição a parcela paga in natura, pela
III – transporte destinado ao empresa, nos programas de alimentação
deslocamento para o trabalho e retorno, em aprovados pelo Ministério do Trabalho.
percurso servido ou não por transporte público; Art. 6.° Nos Programas de Alimentação do
IV – assistência médica, hospitalar e Trabalhador (PAT), previamente aprovados
odontológica, prestada diretamente ou pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
mediante seguro-saúde; Social, a parcela paga in natura pela empresa
V – seguros de vida e de acidentes pessoais; não tem natureza salarial, não se incorpora à
VI – previdência privada; remuneração para quaisquer efeitos, não
O salário in natura, como alimentação, constitui base de incidência de contribuição
habitação, vestuário, (art. 458 da CLT) não previdenciária ou do Fundo de Garantia do
pode ultrapassar 70% do valor total do salário, Tempo de Serviço e nem se configura como
devendo ser pago no mínimo 30% em espécie, rendimento tributável do trabalhador.
ou seja, dinheiro (art. 82, parágrafo único, da
CLT). Nunca será permitido pagamento em OJ-SDI1-133. A ajuda
bebidas alcoólicas ou drogas nocivas (Súmula alimentação fornecida por
367, II do TST). empresa participante do
Súm. 367, TST. I – A habitação, a energia 'programa de alimentação ao
elétrica e veículo fornecidos pelo empregador trabalhador, instituído pela Lei
ao empregado, quando indispensáveis para a 6.321/1976, não tem caráter
realização do trabalho, não têm natureza salarial. Portanto, não integra o
salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele
salário para nenhum efeito
utilizado pelo empregado também em
legal.
atividades particulares.
II – O cigarro não se considera salário-utilidade OJ 413 SDI-1 - A pactuação em
em face de sua nocividade à saúde. norma coletiva conferindo
O veículo da empresa indispensável ao caráter indenizatório à verba
trabalho, fornecido PARA o trabalho, ainda que “auxílio-alimentação” ou a
seja utilizado pelo empregado em finais de adesão posterior do
semana não terá natureza salarial, não sendo empregador ao PAT –
incorporado ao salário para todos os efeitos Programa de Alimentação do
(Súmula 367, I do TST). Trabalhador não altera a
O vestuário fornecido para execução dos natureza salarial da parcela,
serviços, como uniforme por exemplo não instituída anteriormente, para
integrará o salário, diversamente daquele aqueles empregados que,
fornecido pelo empregador meramente como habitualmente, já percebiam o
um luxo, que irá integrar o salário. benefício, a teor
Em relação à alimentação, fornecida dassúmulas n.os 51, I, e 241 do
gratuitamente e com habitualidade ao TST.
empregado integra o seu salário. Se fornecida
l.
com caráter eventual ou onerosidade, não se
O vale para alimentação irá integrar a
considera salário in natura.
remuneração do empregado para todos os
Atenção! efeitos legais (Súmula 241 do TST).
A empresa inscrita no Programa de Súm. 241, TST. O vale para refeição, fornecido
Alimentação do Trabalhador (PAT) ou aquela por força do contrato de trabalho, tem caráter
onde houver expressa previsão em Acordo ou salarial, integrando a remuneração do
Convenção Coletiva, terá o caráter salarial empregado, para todos os efeitos legais.
afastado da alimentação fornecida (art. 3º da A alimentação (café da manhã, almoço, lanche
Lei 6.321/1976, art. 6º do Dec. 5/1991, OJ 133 e janta) cobrada dos empregados não possui
e 413 SDI-I, do TST). natureza salarial, mas no caso de valores
irrisórios poderá ser considerada fraude a

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legislação e determinar sua integração ao O valor das utilidades deve ser computado na
salário. base de cálculo das demais (Exemplo: um
Por faltar-lhe expressão econômica o cafezinho empregado recebe salário de R$ 1.000,00,
não é considerado salário in natura. mais uma cesta básica de R$ 400,00, e o
Em que pese a etapa (alimentação fornecida empregador paga seu condomínio, de R$
ao marítimo) não possui natureza salarial, a lei 600,00. Então, seu contracheque deve vir no
determina que seja paga inclusive no período valor de R$ 2.000,00). As verbas como férias,
de férias. décimo terceiro salário etc., serão calculadas
A habitação fornecida pela empresa, por sobre esse valor total da R$ 2.000,00.
comodidade, luxo, ou agrado, implica 2. Composição do salário
contraprestação e se preenchidas as condições O salário é composto de salário básico (ou
mínimas de habitação for concedida de salário-base), que é aquele valor fixo pago
maneira habitual e graciosa terá natureza mensalmente (art. 457, §1º da CLT); e salário
salarial (Exemplo: o empregador paga ao variável, que são: comissões; percentagens;
empregado professor aluguel de um gratificações ajustadas; diárias para viagens e
apartamento de luxo em um bairro nobre, não abonos pagos pelo empregador.
se trata de uma utilidade indispensável para a
realização do trabalho de professor. Se o Súmula 431 - Aplica-se o divisor
empregador mesmo assim fornece a utilidade, 200 (duzentos) para o cálculo
ela será salário in natura). do valor do salário-hora do
Por outro lado a habitação fornecida para o empregado sujeito a 40
trabalho, ou seja, como necessidade para que (quarenta) horas semanais de
um trabalho seja desenvolvido, jamais trabalho.
caracterizará salário-utilidade. (Exemplo: Súmula 124 - Para o cálculo do
porteiro ou zelador de condomínio que reside
salário-hora do bancário
no prédio, ou o caseiro).
mensalista, o divisor a ser
Para o empregado urbano, a habitação
fornecida como salário utilidade não excederá adotado é o de 180 (cento e
25% e a alimentação 20%, do salário- oitenta).
contratual, atendendo aos fins a que se Súmula 343 - O bancário
destinam (art. 458, § 3º, da CLT). sujeito à jornada de oito horas
Art. 458. (...) (Art. 224, § 2º, da CLT), após a
§ 3º – A habitação e a alimentação fornecidas Constituição da República de
como salário-utilidade deverão atender aos fins 1988, tem salário-hora
a que se destinam e não poderão exceder, calculado com base no divisor
respectivamente, a 25% (vinte e cinco por 220 (duzentos e vinte), não
cento) e 20% (vinte por cento) do salário- mais 240 (duzentos e
contratual. quarenta).
Já os rurais, salvo autorização legal ou judicial,
só poderão ter descontados 20% em relação a 2.1 Gratificações
habitação e 25% pelo fornecimento de É parcela paga pelo empregador, visando
alimentação, ambos os percentuais calculados remunerar ou estimular o exercício de alguma
sobre o salário mínimo (art. 9º da Lei 5889/73 e situação, função, época especial ou para
Súmula 258 do TST). incentivar, podendo ser tácita ou explicita,
Súm. 258, TST. Os percentuais fixados em lei sendo certo que ainda que tacitamente, se for
relativos ao salário “in natura” apenas se paga com periodicidade, habitualidade
referem às hipóteses em que o empregado integrará o salário.
percebe salário-mínimo, apurando-se, nas A Gratificação de Função devido a sua
demais, o real valor da utilidade. natureza salarial irá integrar o salário para
Se o vale transporte for substituído pelo valor todos os fins, salvo para efeito de Repouso
relativo em pecúnia, salvo para o doméstico, Semanal Remunerado (Súmula 225 do TST). É
terá natureza salarial e irá integrar o condicionada ao exercício da função, mas se
salário. percebida por dez ou mais anos irá incorporar

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o salário não podendo ser suprimida (Súmula causa, o empregado deve receber 13º salário
372, I do TST). proporcional aos meses trabalhados, calculado
Súm. 225 do TST – As gratificações de sobre a remuneração do mês da rescisão do
produtividade e por tempo de serviço, pagas contrato (art. 3º da Lei 4.090/1962).
mensalmente, não repercutem no cálculo do Atenção!
repouso semanal remunerado.
Súm. 372, I do TST – Percebida a gratificação
Em caso de dispensa do empregado por justa
de função por dez ou mais anos pelo
causa, não haverá direito ao décimo terceiro
empregado, se o empregador, sem justo
salário.
motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não
2.2 Comissões
poderá retirar-lhe a gratificação tendo em vista
São variáveis, pois são pagas de acordo com a
o princípio da estabilidade financeira.
produção do empregado, podendo haver
Já a Gratificação de Quebra de Caixa é
comissionamente puro (remuneração exclusiva
obtida em função do trabalho exercido, sendo
por comissão, respeitados os limites do salário
devida tão somente àqueles funcionários que
mínimo), ou misto (salário fixo acrescido de
trabalham no caixa (Súmula 247 do TST).
comissão) (art. 78 da CLT).
Súm. 247 do TST – A parcela paga aos
Art. 78, CLT, Quando o salário for ajustado por
bancários sob a denominação quebra-de-caixa
empreitada, ou convencionado por tarefa ou
possui natureza salarial, integrando o salário
peça, será garantida ao trabalhador uma
do prestador dos serviços, para todos os
remuneração diária nunca inferior à do salário-
efeitos legais.
mínimo por dia normal.
A Gratificação Natalina ou 13º salário está
Parágrafo único. Quando o salário-mínimo
prevista em lei e por isso é compulsória e de
mensal do empregado à comissão ou que
inquestionável natureza salarial, sendo um
tenha direito à percentagem for integrado por
direito garantido a todo empregado, inclusive o
parte fixa e parte variável, ser-lhe-á sempre
doméstico, (art. 7º, VIII e parágrafo único, da
garantido o salário-mínimo, vedado qualquer
CF/1988).
desconto em mês subsequente a título de
Lei, 4.090/1962, Art. 1º No mês de dezembro
compensação.
de cada ano, a todo empregado será paga,
As comissões integram o salário do
pelo empregador, uma gratificação salarial,
empregado, pois possuem natureza salarial,
independentemente da remuneração a que
devendo ser computadas na base de cálculo
fizer jus.
do descanso semanal remunerado e das horas
§ 1º A gratificação corresponderá a 1/12 avos
extras, e gerar reflexos no décimo terceiro
da remuneração devida em dezembro, por mês
salário, aviso prévio, FGTS, férias mais 1/3 etc.
de serviço, do ano correspondente.
(Súmulas 27 e 340 do TST e OJ 181, SDI-I, do
§ 2º A fração igual ou superior a 15 (quinze)
TST).
dias de trabalho será havida como mês integral
Súm. 27. É devida a remuneração do repouso
para os efeitos do parágrafo anterior.
semanal e dos dias feriados ao empregado
§ 3º A gratificação será proporcional:
comissionista, ainda que pracista.
I – na extinção dos contratos a prazo, entre
Súm. 340. O empregado, sujeito a controle de
estes incluídos os de safra, ainda que a relação
horário, remunerado à base de comissões, tem
de emprego haja findado antes de dezembro; e
direito ao adicional de, no mínimo, 50%
II – na cessação da relação de emprego
(cinquenta por cento) pelo trabalho em horas
resultante da aposentadoria do trabalhador,
extras, calculado sobre o valor-hora das
ainda que verificada antes de dezembro.
comissões recebidas no mês, considerando-se
A cada mês ou fração superior a 14 dias o
como divisor o número de horas efetivamente
empregado fará jus a 1/12 do 13º salário, que
trabalhadas.
será pago até 20 de dezembro de cada ano, e
OJ 181 SDI-1. O valor das comissões deve ser
entre os meses de fevereiros e novembro o
corrigido monetariamente para em seguida
patrão está obrigado a adiantar metade do
obter-se a média para efeito de cálculo de
valor correspondente.
férias, 13º salário e verbas rescisórias.
Se o contrato de trabalho se extinguir antes do
mês de dezembro, por motivo diverso da justa

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O empregador não pode pagar comissão sobre diárias de viagem que excedam a 50%
valores que não recebeu (art. 466, § 1º, da (cinquenta por cento) do salário do empregado,
CLT), sendo certo que o risco do negócio não enquanto perdurarem as viagens.
pode ser transferido ao empregado. 3. Adicionais
A lei permite que os salários dos Tem como principal finalidade indenizar o
comissionados excepcionem a regra de que o empregado pela nocividade ao qual fica
pagamento não deve ser estipulado em submetido por trabalhar em local, perigoso,
período superior a um mês, sendo certo que o insalubre, no período noturno, de forma
tempo de pagamento das comissões nunca extraordinária ou ainda no caso de
poderá ser superior a um trimestre (art. 4º, transferência do empregado, pois em ambos os
parágrafo único, da Lei 3.207/1957). casos é gerado dano à saúde, seja social,
Art 4º O pagamento de comissões e biológica ou mental do empregado.
percentagem deverá ser feito mensalmente, Em que pese ter natureza salarial, sendo
expedindo a empresa, no fim de cada mês, a incorporado ao salário se pago com
conta respectiva com as cópias das faturas habitualidade, cessada a causa da nocividade,
correspondentes aos negócios concluídos. cessa a obrigação de pagar o adicional, pois
Parágrafo único. Ressalva-se às partes este só é devido enquanto perdurar a situação.
interessadas fixar outra época para o
pagamento de comissões e percentagens, o Os adicionais previstos em lei são:
que, no entanto, não poderá exceder a um
trimestre, contado da aceitação do negócio, • adicional de horas extraordinárias
sendo sempre obrigatória a expedição, pela • adicional noturno
emprêsa, da conta referida neste artigo. • adicional de periculosidade
No caso do contrato ser rompido o empregado • adicional de insalubridade
não terá direito a adiantamento, continuará • adicional de transferência
recebendo conforme o adquirente for • adicional de penosidade (art. 7º, XXIII, da
liquidando as parcelas. CF/1988 – ainda não tipificado no âmbito
trabalhista).
Atenção!
3.4 Adicional de horas extraordinárias
Se o empregador receber à vista um
financiamento o empregado também deverá ter
É devido quando o empregado labora além da
sua comissão paga à vista (art. 466, § 2º, da
jornada legal ou contratual permitida, ou
CLT).
quando não é concedido o intervalo
2.3 Abonos
interjornada e intrajornada (Súmula 110 do
Sempre terão natureza salarial, tendo em vista
TST) à razão de ao menos 50% sobre a hora
se tratarem de um adiantamento em pecúnia
normal (art. 7º, XVI, da CF/1988). salvo se
feito ao empregado.
prevista condição mais favorável ao
2.2 Diárias de viagem e Ajuda de Custo
empregado em ACT, CCT, em cláusula
São verbas com caráter indenizatório, pois se
contratual ou no regulamento da empresa.
prestam a ressarcir despesas necessárias ao
Consultar: Jornada Extraordinária
cumprimento do contrato, não possuindo
A remuneração de serviço suplementar será
natureza salarial.
composta do valor da hora normal, integrado
Entretanto, irão integrar o salário do
por parcelas de natureza salarial, acrescido do
empregado aquelas verbas que embora
adicional previsto em lei, contrato, acordo,
camufladas como diárias de viagem ou ajuda
convenção coletiva ou sentença
de custo se tratavam em realidade de um
normativa[1] (Súmula 264 do TST).
suplemento ao salário, sendo assim
Havendo a supressão do pagamento das
consideradas àquelas que excederem 50% do
horas extra habituais (feitas por mais de um
salário percebido pelo empregado (art. 457, §§
ano) o empregado receberá a título de
1º e 2º, da CLT e Súmula 101 do TST).
indenização um mês para cada ano ou fração
Súm. 101, TST. Integram o salário, pelo seu
igual ou superior a seis meses de jornada
valor total e para efeitos indenizatórios, as
extraordinária trabalhada.

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Súmula nº 291, TST. A supressão, pelo O trabalhador noturno terá direito a


empregador, do serviço suplementar prestado remuneração superior ao diurno em pelo
com habitualidade, durante pelo menos um menos 20% para o urbano e 25% para o rural,
ano, assegura ao empregado o direito à independentemente da atividade do
indenização correspondente ao valor de um empregador ou do empregado (Súmulas 213 e
mês das horas suprimidas para cada ano ou 313 do STF).
fração igual ou superior a 6 (seis) meses de Súmula nº 213 – STF: É devido o adicional de
prestação de serviço acima da jornada normal. serviço noturno, ainda que sujeito o
O cálculo observará a média das horas empregado ao regime de revezamento.
suplementares efetivamente trabalhadas nos Súmula nº 313 – STF: Provada a identidade
últimos 12 (doze) meses, multiplicada pelo entre o trabalho diurno e o noturno, é devido o
valor da hora extra do dia da supressão. adicional, quanto a este, sem a limitação do
As horas extraordinárias prestadas Art. 73, parágrafo 3º, da CLT,
habitualmente irão integrar o salário inclusive independentemente da natureza da atividade
para efeito de cálculo do repouso semanal do empregador.
remunerado devido, sendo certo que esse
valor já integrado não irá repercutir nas Consultar: Jornada Noturna
demais verbas para evitar a ocorrência de bis
in idem (OJ 394 da SDI 1 do TST), é O adicional noturno pago com habitualidade
imporante ver também a OJ 415 da SDI- 1. integra o salário do empregado para todos os
OJ 394, SDI-I – REPOUSO SEMANAL efeitos (Súmula 60, I, do TST), mas se este
REMUNERADO – RSR. INTEGRAÇÃO DAS deixar de exercer trabalho noturno perderá o
HORAS EXTRAS. NÃO REPERCUSSÃO NO adicional (Súmula 265 do TST).
CÁLCULO DAS FÉRIAS, DO DÉCIMO O adicional noturno integra a base de cálculo
TERCEIRO SALÁRIO, DO AVISO PRÉVIO E das horas extras prestadas no período diurno
DOS DEPÓSITOS DO FGTS. A majoração do (OJ 97, SDI-I, do TST). Cumprida a jornada
valor do repouso semanal remunerado, em noturna integralmente e havendo prorrogação
razão da integração das horas extras em horário diurno, as horas extraordinárias,
habitualmente prestadas, não repercute no apesar de prestadas em horário diurno serão
cálculo das férias, da gratificação natalina, do calculadas acrescidas de adicional noturno
aviso prévio e do FGTS, sob pena de (art. 73, §5º c/c Súmula 60, II do TST).
caracterização de “bis in idem”. Empregados submetidos à jornada de 12
horas de trabalho por 36 de descanso que
OJ 415 SDI1 TST trabalharem na totalidade em período
A dedução das horas extras comprovadamente noturno, mesmo após as 5 horas da manhã
pagas daquelas reconhecidas em juízo não pode ser terão direito a percepção do adicional
limitada ao mês de apuração, devendo ser integral noturno.
e aferida pelo total das horas extraordinárias OJ-SDI1-388. O empregado submetido à
quitadas durante o período imprescrito do contrato jornada de 12 horas de trabalho por 36 de
de trabalho descanso, que compreenda a totalidade do
período noturno, tem direito ao adicional
3.5 Adicional noturno noturno, relativo às horas trabalhadas após as
O empregado urbano, em regra, que trabalhar 5 horas da manhã.
no período entre 22 horas e 5 horas do dia Além dos adicionais acima descritos, existem
seguinte (art. 73, §2º da CLT), bem como o adicionais específicos a determinadas
rural que trabalhar na lavoura no período categorias de empregados, como o adicional
compreendido entre 21 horas e 5 horas do dia por acúmulo de função previsto para os
seguinte e na pecuária entre 20 horas de um vendedores e radialistas.
dia e 4 horas do dia seguinte (art. 7º da Lei 3.2 Adicional de periculosidade
5889/73), terão direito a percepção do É devido a empregados que trabalham
adicional noturno. diretamente com explosivos, inflamáveis ou
eletricidade (art. 193 da CLT), e a exposição
intermitente não afasta o direito a percepção do

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adicional sendo certo que cessado o perigo arcarão com seus honorários mesmo não
perde-se o direito ao adicional (Súmulas 364 e sucumbentes no objeto da perícia (Súmula 341
361 do TST). do TST).
Súm. 364 do TST – Faz jus ao adicional de
periculosidade o empregado exposto
Terá direito Não terá direito
permanentemente ou que, de forma
ao Adicional de ao Adicional de
intermitente, sujeita-se a condições de risco.
Periculosidade: Periculosidade:
Indevido, apenas, quando o contato dá-se de
forma eventual, assim considerado o fortuito, Aquele empregado Aquele empregado
ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo que mantiver contato que mantiver contato
extremamente reduzido. PERMANENTE com EVENTUAL (fortuito,
Súm. 361, TST. O trabalho exercido em o agente nocivo. raro) com o agente
condições perigosas, embora de forma nocivo.
intermitente, dá direito ao empregado a receber
o adicional de periculosidade de forma integral, A exposição em Quando a exposição
tendo em vista que a Lei 7.369/1985 não caráter intermitente for habitual, mas por
estabeleceu qualquer proporcionalidade em também dá direito ao tempo extremamente
relação ao seu pagamento. Adicional. reduzido, não gera
O adicional de periculosidade integra o salário direito ao adicional.
e, será computado para o cálculo de todas as
demais verbas (horas extras, férias, décimo O bombeiro e o operador de bomba de
terceiro etc.), inclusive adicional noturno, tendo
combustível tem direito ao Adicional de
como única exceção o descanso semanal
Periculosidade independente de perícia
remunerado.
(Súmula 39 do TST e art. 6º da Lei
OJ 259, SDI-I. O adicional de periculosidade
11.901/2009).
deve compor a base de cálculo do adicional Os eletricitários, excepcionam a regra, pois
noturno, já que também neste horário o terão seu adicional calculado em 30%, sobre o
trabalhador permanece sob as condições de
conjunto de parcelas que integram o salário
risco. (salário-base, comissões, gratificações, abonos
Súm. 132, TST. I – O adicional de etc.) (Lei 7.369/1985).
periculosidade, pago em caráter permanente,
integra o cálculo de indenização e de horas 3.1 Adicional de insalubridade
extras
II – Durante as horas de sobreaviso, o É devido adicional de insalubridade ao
empregado não se encontra em condições de trabalhador que estiver exposto, enquanto
risco, razão pela qual é incabível a integração presta seus serviços, a situações nocivas a sua
do adicional de periculosidade sobre as saúde causadas por agentes físicos, químicos
mencionadas horas. ou biológicos (art. 189 da CLT e art. 192 da
A lei fixa o adicional de periculosidade em um CLT).
percentual de 30% sobre o salário-base, sem Art. 192, CLT. O exercício de trabalho em
os acréscimos resultantes de gratificações, condições insalubres, acima dos limites de
prêmios ou participações nos lucros da tolerância estabelecidos pelo Ministério do
empresa (art. 193, § 1º, da CLT). Trabalho, assegura a percepção de adicional
Conforme dito anteriormente é obrigatória a respectivamente de 40% (quarenta por cento),
realização da perícia para constatação do 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do
agente nocivo, que não sendo possível poderá salário-mínimo da região, segundo se
ser substituída por outros meios de prova. classifiquem nos graus máximo, médio e
Além disso, os adicionais de periculosidade e mínimo.
insalubridade não poderão ser cumulados, mas Quando cessar o efeito nocivo o adicional não
o empregado poderá optar pelo que lhe for será mais devido, sendo certo que enquanto o
mais favorável (art. 193, § 2º, da CLT). empregado recebê-lo ele integrará seu salário
As partes podem nomear assistente técnico para todos os efeitos, salvo em relação ao
para acompanhar a perícia, mas se o fizerem

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repouso semanal remunerado (Súmula 139 do utilização por parte do empregado o mesmo
TST). poderá ser demitido por justa causa (art. 158,
Súmula 139, TST. Enquanto percebido, o parágrafo único, b, da CLT).
adicional de insalubridade integra a Se o empregado alega que trabalhava em
remuneração para todos os efeitos legais. ambiente perigoso ou insalubre, é
IMPORTANTE!
OBRIGATÓRIA a realização de perícia no local
de prestação dos serviços (art. 195, § 2º, da
Segundo o entendimento da Súmula Vinculante
CLT), sendo possível formular pedidos
4, o Adicional de Insalubridade não poderia ser
sucessivos de adicional de insalubridade e
calculado com base no salário-mínimo e uma
periculosidade sendo certo que somente um
nova base de cálculo não poderia ser definida
deles, escolhido o mais vantajoso, poderá ser
por decisão judicial, sendo modificável somente
considerado procedente.
por lei, Acordo ou Convenção Coletiva de
Trabalho.
Súmula Vinculante 4 do STF – Salvo nos casos Atenção!
previstos na Constituição, o salário mínimo não
Se for requerido Adicional de Insalubridade,
pode ser usado como indexador de base de
mas na perícia contatar-se presença de
cálculo de vantagem de servidor público ou de
agentes perigosos e não insalubres, o juiz não
empregado, nem ser substituído por decisão
poderá conceder Adicional de Periculosidade,
judicial.
pois não foi requerido (julgamento extra petita).
A despeito disso, o TST alterou a redação da
Entretanto, poderá deferir Adicional de
Súmula 228, estabelecendo nova base de
Insalubridade por agente nocivo diverso do
cálculo: o salário-base do empregado ou outra
apontado pelo empregado (Súmula 293 do
base de cálculo definida em ACT ou CCT.
TST).
Súmula 228 do TST – "ADICIONAL DE
Não basta que o laudo pericial aponte a efetiva
INSALUBRIDADE. BASE DE CALCULO. A
ocorrência do trabalho em ambiente insalubre,
partir de 9 de maio de 2008, data da publicação
sendo necessário que a atividade esteja na
da Súmula Vinculante nº 4 do Supremo
relação oficial do Ministério do Trabalho (art.
Tribunal Federal, o adicional de insalubridade
190 da CLT, OJ 4, I, SDI-I, do TST, e Súmula
será calculado sobre o salário básico, salvo
460 do STF). Assim, a limpeza de residências
critério mais vantajoso fixado em instrumento
e escritórios, bem como a coleta do lixo que
coletivo".
produzem como não se encontra na relação
A referida súmula foi suspensa liminarmente e
como lixo urbano, não pode gerar adicional de
como ainda não foi editada lei, a base de
insalubridade (OJ 4, II, SDI-I, do TST).
cálculo do Adicional de Insalubridade continua
Quando não for possível a realização da
sendo o salário-mínimo.
perícia, como no caso de encerramento da
atividade empresarial, poderá o julgador utilizar
A intermitência na prestação do serviço em
outros meios de prova (OJ 278, SDI-I, do TST).
local insalubre não afasta integralmente a
3.3 Adicional de transferência
percepção do adicional (Súmula 47 do TST), e
É devido enquanto perdurar a transferência do
a simples concessão de EPI (equipamento de
empregado para localidade diversa da qual foi
proteção individual), por si só não afasta o
contratado, com a anuência deste e desde que
direito à percepção do adicional, devendo o
seja necessária a mudança de domicílio e
empregador certificar-se que o empregado
localidade (art. 469 da CLT).
efetivamente utilize o equipamento (Sumula
Também deve ser comprovada a necessidade
289 do TST).
da mão de obra do empregado (Súmula 43 do
Atenção! TST), para evitar a utilização da transferência
Não é o FORNECIMENTO do EPI que faz para forçar o empregado a demitir-se.
cessar o direito à percepção do Adicional de Tratando-se de empregados que exerçam
Insalubridade, mas a EFETIVA ELIMINAÇÃO cargo de confiança (chefia) ou daqueles cujos
do risco (Súmula 80 do TST). contratos tenham como condição, implícita ou
Ao empregador é cabível a fiscalização da explícita a transferência, esta será possível
utilização do EPI e no caso de recusa na

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sem a necessidade de anuência do empregado Normalmente é condicionado ao implemento


(art. 469, § 1º, da CLT). de uma condição, que uma vez satisfeita pelo
É licita a transferência quando ocorrer empregado dará a este o benefício de
extinção do estabelecimento em que trabalhar percepção do bônus.
o empregado (art. 469, § 2º, da CLT).
Enquanto o empregado permanecer transferido 5. Parcelas não salariais
em caráter provisório, qualquer que seja o tipo
de contrato (OJ 113, SDI-I, do TST), fará jus a Algumas parcelas pagas pelo empregador ao
percepção de indenização pelas despesas que empregado não possuem natureza salarial,
tiver com a transferência e um adicional fixo de portanto, não geram reflexos em outras verbas.
25% do salário-base do empregado (arts. 469, As parcelas não salariais podem ter caráter
§ 3º, e 470 da CLT). Quando a transferência indenizatório (visando ressarcir despesas que o
provisória cessar, ou se tornar definitiva, o empregado teve), caráter meramente
empregador pode suprimir o pagamento do instrumental, podem ser pagas a título de
adicional, sendo certo que neste último caso o direito intelectual, parcela de participação nos
empregador deve custear as despesas de lucros empresariais, parcelas previdenciárias e
transferência do empregado e sua família parcelas pagas ao empregado por terceiros.[2]
dispensando-se apenas o pagamento do 5.1 Participação nos lucros e resultados (PLR)
adicional. O custeio das despesas não tem A PLR não é verba prevista na CLT, não
natureza salarial e sim de ajuda de custo. sendo, obrigatória (nem todo empregado terá o
A transferência provisória é aquela que não é direito de recebê-la). A forma de pagamento
definitiva, não considerando o tempo de será estabelecida em negociação coletiva.
permanência do empregado em cada Lei 10.101/2000, Art. 2º A participação nos
localidade e sim o caráter provisório, a intenção lucros ou resultados será objeto de negociação
de ser provisória. entre a empresa e seus empregados, mediante
O empregado removido para filial da empresa um dos procedimentos a seguir descritos,
mais distante de sua residência, sem mudança escolhidos pelas partes de comum acordo:
de localidade, não receberá adicional de I – comissão escolhida pelas partes, integrada,
transferência mas um suplemento salarial também, por um representante indicado pelo
correspondente ao acréscimo das despesas sindicato da respectiva categoria;
com transporte (Súmula 29 do TST). II – convenção ou acordo coletivo.
Havendo transferência sem que haja § 1º Dos instrumentos decorrentes da
comprovada necessidade do serviço, o negociação deverão constar regras claras e
empregado pode acionar a justiça para tornar objetivas quanto à fixação dos direitos
sem efeito a transferência, mediante pedido substantivos da participação e das regras
liminar (arts. 469 e 659, IX da CLT). adjetivas, inclusive mecanismos de aferição
4. Prêmios (ou bônus) das informações pertinentes ao cumprimento
Teremos como gratificação qualquer parcela do acordado, periodicidade da distribuição,
habitual ou periódica paga como forma de período de vigência e prazos para revisão do
compensar atributos pessoais ou coletivos; e acordo, podendo ser considerados, entre
prêmio parcelas eventuais, esporádicas, sem outros, os seguintes critérios e condições:
repetição. Se o prêmio for pago mensalmente I – índices de produtividade, qualidade ou
de forma periódica e ajustado em contrato terá lucratividade da empresa;
natureza salarial repercutindo em todas as II – programas de metas, resultados e prazos,
demais verbas, posto que estaremos diante de pactuados previamente.
verdadeira gratificação (Súmula 209 do STF). Em relação à PLR, o tema mais recorrente em
Súm. 209 do STF – O salário-produção, como prova se refere à sua natureza jurídica. A
outras modalidades de salário-prêmio, é participação nos lucros e resultados não é
devido, desde que verificada a condição a que salário, não trazendo repercussão no contrato
estiver subordinado, e não pode ser suprimido de trabalho.
unilateralmente pelo empregador, quando pago O art. 7º, XI, da Constituição Federal traz a
com habitualidade. participação nos lucros e resultados como um

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direito do trabalhador, mas a desvincula da A gestante terá 120 dias de repouso sem
remuneração. prejuízo de seu emprego e salário (art. 7º, XVIII
O art. 3º da Lei 10.101/2000, da mesma forma, da CF/88 e art. 392 da CLT), sendo 28 dias
afirma que a participação nos lucros e antes e 92 dias depois do parto.
resultados não substitui ou complementa a A empregada que possuir mais de um emprego
remuneração devida a qualquer empregado, fará jus a licença maternidade em ambos.
nem constitui base de incidência de qualquer A empresa que der causa a não percepção do
encargo trabalhista, não se lhe aplicando o benefício previdenciário pela empregada,
princípio da habitualidade. deverá indenizá-la com o valor equivalente,
A periodicidade da participação nos lucros e como no caso de trabalho sem registro na
resultados não pode ser inferior a um semestre CTPS ou despedida sem justa causa no
(art. 3º, § 2º, da Lei 10.101/2000). período da gestação.
5.2 Ajuda de custo Empresas privadas (pessoas jurídicas
Se paga da maneira correta, despida de tributadas com base em lucro real) que
fraudes, a ajuda de custo não terá natureza aderirem a prorrogação da licença de 120 para
salarial, pois se trata apenas de uma 180 dias receberão incentivos fiscais (dedução
indenização por despesas obtidas pelo de imposto devido em cada período de
empregado para realizar suas atribuições apuração o total da remuneração paga à
oriundas do contrato de trabalho. empregada), sendo certo que essa prorrogação
São exemplos as despesas com alimentação, será pela pelo empregador e vedada a
hospedagem, combustível, transferência etc. dedução como despesa operacional (Lei
5.3 Salário-família 11770/2008).
O salário-família não é salário, pois o No período de prorrogação da licença é vedado
empregador paga ao empregado, mas busca o exercício de qualquer atividade remunerada
ressarcimento junto ao INSS, sendo uma pela empregada ou a manutenção da criança
prestação previdenciária devida ao segurado em creche ou organização similar.
de baixa renda que tem filho menor de 14 anos 9. Equiparação salarial
ou inválido (art. 7º, XII da CF/88 e art. 2º da Lei Carrega a idéia de isonomia, não
4.266/1963). O empregado doméstico e o discriminação. Sendo idêntica a função, a todo
trabalhador avulso nos termos da lei não terão trabalho de igual valor, prestado ao mesmo
direito ao salário-família (arts. 83 do Decreto empregador, na mesma localidade,
3084/99) corresponderá igual salário, sem distinção de
Art.81 – O salário-família será devido, sexo, nacionalidade ou idade, entre pessoas
mensalmente, ao segurado empregado, exceto cuja diferença de tempo de serviço não for
o doméstico, e ao trabalhador avulso que superior a 2 anos (art. 461 da CLT).
tenham salário-de-contribuição inferior ou igual Um trabalhador que exerce funções de um
a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), na determinado cargo, mas não recebe salário
proporção do respectivo número de filhos ou correspondente às funções exercidas, pode
equiparados, nos termos do art. 16, observado utilizar como paradigma funcionário que labore
o disposto no art. 83. naquele determinado cargo, posto que se
No entanto, se pai e mãe são segurados iguais as atribuições, a remuneração deve ser
empregados, ainda que trabalhadores avulsos equivalente.
ambos têm direito ao salário-família (art. 82, 9.1 Requisitos
§ 3º, do Decreto 3.048/1999). A equiparação será devida quando presentes
Art. 82 § 3º Quando o pai e a mãe são concomitantemente pressupostos específicos,
segurados empregados ou trabalhadores como:
avulsos, ambos têm direito ao salário-família.
5.4 Salário-maternidade A) Trabalhar para o mesmo empregador.
É uma prestação previdenciária, não sendo o B) Contemporaneidade: empregado e
empregador quem tem o dever de pagá-la, paradigma devem ter trabalhado, ou trabalhar
sendo devida a qualquer segurada que irá dar na mesma empresa, na mesma época, mesmo
a luz (art. 71 da Lei 8.213/1991). que pretérita (Súmula 6, IV do TST).

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C) Trabalhar na mesma localidade: refere-se Quando a empresa for organizada em quadro


ao mesmo município ou a municípios limítrofes do carreiras as promoções deverão ocorrer por
que, comprovadamente, pertençam à mesma antiguidade e merecimento (art. 461, § 2º, da
região metropolitana (art. 461 da CLT e Súmula CLT), inviabilizando o pedido de equiparação
6, X, do TST). salarial, tendo em vista que o tempo da
Exemplo: um empregado que trabalha em uma contratação é marco de grande relevância para
rede de lojas na cidade de Mato Grosso do Sul a fixação do patamar salarial.
não pode buscar equiparação salarial com um No caso de empregado que se sinta lesado
empregado que trabalha na mesma rede, na pela empresa, em que pese a impossibilidade
cidade de São Paulo. Pois a diferença no custo de pedido de equiparação poderá ser proposta
de vida das cidades justifica a diferença ação alegando desvio de função e pleiteando o
salarial. reenquadramento.
D) Possuir identidade exata de função: O plano de carreira só possui validade jurídica
empregado e paradigma devem exercer se for homologado pelo Ministério do Trabalho,
exatamente as mesmas funções, salvo no caso da administração pública direta
desempenhando as mesmas tarefas, com a autárquica e fundacional onde é criado por lei
mesma responsabilidade e poderes, não (Súmula 6, I, do TST).
importando a denominação de cada cargo.
Pelo princípio da Primazia da Realidade o TST. OJ. 418. SDI-1
nome do cargo não faz a menor diferença . Não constitui óbice à equiparação salarial a
(Súmula 6, III, TST). existência de plano de cargos e salários que,
E) Possuir diferença de tempo na função na referendado por norma coletiva, prevê critério
mesma empresa não superior a dois anos: de promoção apenas por merecimento ou
conta-se o tempo na função e não no cargo ou antiguidade, não atendendo, portanto, o
no emprego. requisito de alternância dos critérios, previsto
Exemplo: um dos empregados foi admitido em no art. 461, § 2º, da CLT.
2003, como motoboy, e em 2009 virou gerente
administrativo, e o outro foi contratado em 2010 • Trabalhador Readaptado
diretamente para o cargo de gerente
administrativo. É possível a equiparação Não cabe equiparação salarial se o paradigma
salarial porque não há mais de dois anos de for empregado readaptado por motivo de
diferença na função, independente da diferença deficiência física ou mental atestada pelo órgão
na data de admissão entre o requerente e o competente da Previdência Social (art. 461, §
paradigma (Súmula 6, II, do TST). 4º, da CLT).
F) Trabalhar com a mesma produtividade e A equiparação salarial de trabalho intelectual
perfeição técnica: produtividade seria a pode ocorrer desde que se estabeleçam
quantidade de trabalho produzido por dia, hora critérios técnicos e objetivos para a
ou mês; e a perfeição técnica a forma com que aferição (Súmula 6, VII, do TST).
foi realizado o trabalho. Por serem tais No caso de readaptação o rebaixamento é
requisitos apurados por meio de critérios permitido, mas esse trabalhador tem a garantia
objetivos o empregador que negar a de seu salário-base. Por isso, um empregado
equiparação atrai para si o onus probandi, não pode utilizar como modelo esse
devendo comprovar que o equiparando e o trabalhador para garantir uma equiparação
paradigma não preenchem os requisitos, salarial. [3]
(Súmula 6, VIII, do TST). Exemplo: o caixa de um banco acometido de
9.2 Cláusulas excludentes da possibilidade de doença ocupacional (LER), pode receber alta
equiparação salarial com readaptação de função para auxiliar de
Torna-se impossível a equiparação salarial nos atendimento no balcão, sem, contudo sofrer
casos de quadro de carreiras e trabalhadores redução do seu salário anterior. Outro auxiliar
readaptados, vejamos: de atendimento no balcão não poderá pleitear
equiparação salarial com esse empregado
• Quadro de Carreira readaptado.

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9.3 Disposições Gerais trabalhar em seu lugar não precisa receber o


salário do anterior. Não é possível equiparação
Se preenchidos os requisitos do art. 461 da entre ambos posto que nunca trabalharam
CLT, o desnível salarial originado de decisão juntos).
judicial que beneficiou o paradigma é Havendo terceirização ilegal pela
irrelevante, exceto se decorrente de vantagem Administração Pública, em que pese não haver
pessoal, de tese jurídica superada pela reconhecimento do vínculo de emprego com
jurisprudência de Corte Superior ou, na esta, os empregados terceirizados tem direito a
hipótese de equiparação salarial em cadeia percepção das mesmas verbas trabalhistas
(Súmula 6, VI, do TST). daqueles contratados pelo tomador de serviços
A equiparação salarial em cadeia ocorre que exercem as mesma funções, pelo princípio
quando um trabalhador postula a equiparação da isonomia (OJ 383 SDI– 1 do TST).
com um colega, que por sua vez teve seu OJ-SDI1-383. A contratação irregular de
salário majorado anteriormente em virtude de trabalhador, mediante empresa interposta, não
decisão judicial que reconheceu o direito à gera vínculo de emprego com ente da
isonomia em relação à remuneração de um Administração Pública, não afastando, contudo,
terceiro. pelo princípio da isonomia, o direito dos
Na ação de equiparação salarial, a prescrição empregados terceirizados às mesmas verbas
só alcança as diferenças salariais vencidas no trabalhistas legais e normativas asseguradas
período de 5 (cinco) anos que precedeu o àqueles contratados pelo tomador dos
ajuizamento (Súmula 6, IX, do TST). serviços, desde que presente a igualdade de
É requisito primordial para o deferimento da funções. Aplicação analógica do art. 12, “a”, da
equiparação salarial a identidade das funções Lei 6.019, de 03.01.1974.
exercidas pelo paradigma e pelo reclamante.
Assim, não poderia ser diferente no caso de 8. Descontos salariais
empregado cedido, razão por que, mesmo No Brasil vigor o princípio da intangibilidade
nesse caso deve haver identidade de funções, salarial, segundo o qual é vedado qualquer
conquanto tenha havido a cessão (Súmula 6, desconto no salário do empregado não previsto
V, do TST). em lei ainda que autorizado (art. 462 da CLT).
Súmula 6, V do TST – A cessão de São excepcionados, no entanto, os
empregados não exclui a equiparação salarial, adiantamentos, os dispositivos de lei (INSS,
embora exercida a função em órgão IRPF, pensão alimentícia) e os previstos em
governamental estranho à cedente, se esta contrato coletivo.
responde pelos salários do paradigma e do Se o empregado causar algum dano poderá
reclamante. sofrer o desconto, desde que haja dolo na
A substituição meramente eventual e conduta que gerou o dano ou acordo nesse
aquela não eventual (ex: cobrir férias de outro sentido (art. 462, § 1º, da CLT).
empregado) não dão direito à equiparação Art. 462. Ao empregador é vedado efetuar
salarial (Súmula 159 do TST), sendo certo que qualquer desconto nos salários do empregado,
esta última gera ao substituto o direito de salvo quando este resultar de adiantamentos,
perceber o mesmo salário do substituído de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
enquanto perdurar a substituição. § 1º Em caso de dano causado pelo
Súm. 159. I – Enquanto perdurar a substituição empregado, o desconto será lícito, desde de
que não tenha caráter meramente eventual, que esta possibilidade tenha sido acordada ou
inclusive nas férias, o empregado substituto na ocorrência de dolo do empregado.
fará jus ao salário contratual do substituído. Alguns descontos não previstos em lei, mas
II – Vago o cargo em definitivo, o empregado autorizados pelo empregado, por serem
que passa a ocupá-lo não tem direito a salário proporcionalmente vantajosos a ele e seus
igual ao do antecessor. dependentes, são aceitos, como aqueles para
Se a substituição ocorrer em caráter definitivo, integrá-lo em plano de assistência
o substituto não tem direito a salário igual ao odontológica, médico-hospitalar, seguro,
do antecessor (Exemplo: se um empregado é previdência privada ou de entidade
demitido, aquele que é contratado para

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cooperativa, cultural ou recreativo-associativa Súm. 91, TST. Nula é a cláusula contratual que
de seus trabalhadores (Súmula 342 do TST). fixa determinada importância ou percentagem
Súm. 342. Descontos salariais efetuados pelo para atender englobadamente vários direitos
empregador, com a autorização prévia e por legais ou contratuais do trabalhador.
escrito do empregado, para ser integrado em Presumem-se não pagas as verbas que não
planos de assistência odontológica, médico- forem devidamente discriminadas.
hospitalar, de seguro, de previdência privada, 7. Formas de pagamento do salário
ou de entidade cooperativa, cultural ou O salário deve ser pago pessoalmente ao
recreativo-associativa de seus trabalhadores, empregado mediante recibo, em dinheiro,
em seu benefício e de seus dependentes, não cheque, ou depósito em conta corrente (arts.
afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo 463 e 465 da CLT), até o quinto dia útil do mês
se ficar demonstrada a existência de coação ou subseqüente ao trabalho, sendo certo que deve
de outro defeito que vicie o ato jurídico. ser pago uma vez por mês, exceto comissão,
Entretanto, o empregado que comprovar que percentagens e gratificações que podem ser
foi coagido a autorizar tal desconto, pagas em até três meses (art. 459 da CLT).
demonstrando que nunca se utilizou dos Deve ser pago no próprio local de trabalho,
benefícios, terá direito à devolução dos valores dentro do horário de serviço ou imediatamente
por todo pacto laboral. após seu encerramento.
Quando o contrato de trabalho for rescindido, o O cheque não pode ser cruzado, e o
empregado receberá o pagamento a que faz empregador deve permitir que o trabalhador
jus no ato de homologação da rescisão, saia no horário do expediente bancário para
podendo sofrer descontos a título de descontá-lo, sendo necessário que a agência
compensação no valor máximo de uma bancária seja próxima ao local do trabalho.
remuneração, sendo necessária a propositura Sendo pago dentro do prazo não sujeitará o
de ação própria pelo empregador para empregador à incidência de correção
cobrança dos demais valores (art. 477, §§4º e monetária, já se extrapolado o prazo deverá
5º da CLT). incidir o índice da correção monetária do mês
Art. 477 (...) § 4º – O pagamento a que fizer jus seguinte, a partir do dia primeiro (Súmula 381
o empregado será efetuado no ato da do TST).
homologação da rescisão do contrato de Será considerado não realizado o pagamento
trabalho, em dinheiro ou em cheque visado, de salário em espécie que não seja feito em
conforme acordem as partes, salvo se o moeda corrente nacional (Regra, art. 463 da
empregado for analfabeto, quando o CLT).
pagamento somente poderá ser feito em Art. 463. A prestação, em espécie, do salário
dinheiro. será paga em moeda corrente do País.
§ 5º – Qualquer compensação no pagamento Parágrafo único. O pagamento do salário
de que trata o parágrafo anterior não poderá realizado com inobservância deste artigo
exceder o equivalente a um mês de considera-se como não feito.
remuneração do empregado. O pagamento em vale bônus de aceitação
6. Salário complessivo restrita no mercado é vedado (truck system),
Salário complessivo é o pagamento efetuado pois limita a autonomia do empregado em
sobre uma única rubrica no contracheque, não escolher como melhor gastar seu salário (art.
havendo discriminação em relação às verbas, 462, §§2º, 3º e 4º da CLT). Não pode o
impedindo que o empregado verifique com empregador induzir ou obrigar o empregado a
exatidão o que lhe está sendo pago utilizar mercadorias vendidas por ele ou por
(quantidade e valores de cada parcela). É uma terceiros, salvo se não houver acesso a outro
forma de ajustar um só salário englobando local e desde que os preços sejam acessíveis,
outras variáveis como, por exemplo, salário e sem fins lucrativos, sob pena de reduzir o
mais adicional noturno, horas extras, adicional empregado a condição análoga a de escravo.
de insalubridade, etc. Art. 462. Ao empregador é vedado efetuar
O salário complessivo é vedado pelo nosso qualquer desconto nos salários do empregado,
ordenamento jurídico (art. 477, §2º da CLT e salvo quando este resultar de adiantamentos,
Súmula 91 do TST). de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.

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(...)
§ 2º É vedado à empresa que mantiver
armazém para venda de mercadorias aos
empregados ou serviços estimados a
proporcionar-lhes prestações “in natura”
exercer qualquer coação ou induzimento no
sentido de que os empregados se utilizem do
armazém ou dos serviços
§ 3º Sempre que não for possível o acesso dos
empregados a armazéns ou serviços não
mantidos pela empresa, é lícito à autoridade
competente determinar a adoção de medidas
adequadas, visando a que as mercadorias
sejam vendidas e os serviços prestados a
preços razoáveis, sem intuito de lucro e
sempre em benefício dos empregados.
§ 4º Observado o disposto neste Capítulo, é
vedado às empresas limitar, por qualquer
forma, a liberdade dos empregados de dispor
do seu salário.
A obrigatoriedade de utilização de moeda
nacional é mitigada nos casos de empregado
brasileiro transferido para trabalhar no exterior,
e técnico estrangeiro contratado para trabalhar
no país, podendo ser pagos em moeda
nacional, convertido o salário em moeda
estrangeira pela taxa de câmbio do dia do
vencimento (Decreto-lei 691/1969 e Lei
7.064/1985).

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