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Tecnocracia versus Democracia – Qual é o melhor regime político?

Em um primeiro momento, quando se depara com a questão – Qual é o melhor regime político,
Tecnocracia ou Democracia? – Na minha opinião, a resposta para essa questão seria nenhuma
delas e as duas, ao mesmo tempo.

De uma forma literal, democracia quer dizer “governo do povo”, onde o poder se concentra nas
mãos da população, que será a protagonista nas escolhas das decisões políticas.

Há dois tipos de democracia atualmente, a democracia direta – onde o povo possui o poder de
criar, alterar e revogar leis, e a democracia representativa – onde o povo escolhe os seus
representantes, que têm o poder de criar leis e políticas na qual deverão refletir na vontade da
maioria da população.

A tecnocracia, por outro lado, é o que chamamos de “governo dos técnicos”, onde o poder se
concentra nas mãos dos especialistas – técnicos que desempenham tarefas próprias no governo
de acordo com suas formações. Por exemplo, um médico ocupando o cargo de ministro da
saúde.

De um lado, um governo que possui um caráter coletivo, do outro, um governo de caráter


individual. Pode-se dizer então que a democracia é a melhor forma de governo, não é mesmo?
Não, porque nem sempre o que é coletivo é o melhor.

Aristóteles, em sua obra “Política” afirmou que a Democracia era imperfeita, mas era o melhor
regime dentre todos os outros. E decerto, ela é boa. Na democracia direta, existe total
transparência do governo, mais responsabilidade por parte do governo e a cooperação da
população. Na democracia representativa, ela se mostra eficiente para países com muitas
pessoas e capacita o povo na escolha dos melhores representantes.

Mas tudo que aparenta ser bom, possui seu lado ruim.

Analisa-se o Brasil, por exemplo. Aqui temos a democracia representativa como regime
político. E com ela, vemos vários problemas envolvidos no nosso cotidiano.

Quantas vezes escutamos sobre a corrupção em nosso país? Praticamente, todo dia, toda hora e
a todo momento. E quantas vezes escutamos que tal político roubou dinheiro público? Que
aceitava propina? Que não fez o que prometeu? Todos os dias.

Mas quem seria o culpado disso tudo? A democracia?

Sim e não. Em teoria, a democracia possui uma representação muito bonita de se ver, o poder
está na mão do povo, eles decidem o que é o melhor para todos, todos possuem os mesmos
direitos e a mesma capacidade de governar etc., porém, na prática, isso nem sempre acontece.
Pegamos o Brasil de exemplo novamente. Por ser uma democracia representativa, há a
necessidade de se escolher os representantes por meio das eleições – o que em si, é muito bom,
pois temos o poder da escolha- no entanto, o aparente problema está nos candidatos e na
população em si.

Vem então a questão: todos possuem a capacidade de governar? A resposta: não.

Não são todos que possuem a capacidade adequada de governar, vários fatos corroboram isso,
como a existência da famosa corrupção. Quem sabe governar de verdade, não entraria em um
esquema de corrupção, não é? Pois bem, em vários momentos, as pessoas acabam escolhendo os
representantes errados, por motivos diversos, seja porque aquele candidato possui um “rosto
bonito” ou possui uma reputação.

Ou pior, de certa forma, as pessoas foram vítimas das mentiras que tal candidato falou, que em
momentos de propaganda eleitoral, prometeu diversas coisas – que diga-se de passagem, às
vezes parece muito fantasioso – e quando foi elegido, nada fez durante seus quatro anos de
mandato ou apenas fez para o benefício próprio e de seu círculo social

Claramente, esse representante não seria mais elegido na eleição seguinte, no entanto, o estrago
já estaria feito.

Por parte da população, foi em questão de conformismo ou a falta de vontade mesmo. Não
podemos generalizar, contudo. Há várias pessoas que sabem o melhor para o país e há vários
candidatos que querem fazer o melhor pelo país, todavia, não é isso que predomina.

O fato é, o ato de votar se tornou banal, pelo menos aqui no Brasil, onde a população vota
apenas por votar, por sua obrigatoriedade. Sem a menor ideia de quem são os candidatos, ou
porque se emocionou com o que tal candidato contou, ou até mesmo, porque sente que seu voto
vale nada, que tudo está perdido, além de diversos outros motivos.

Entramos agora em outro ponto. E a tecnocracia? Ela seria o melhor então?

Novamente, sim e não.

Sim, porque as decisões políticas estariam nas mãos de quem entende do assunto, sabem como
proceder e qual seria o desfecho disso. Em tese, seria um governo justo e com mais lógica, que
evitaria os desvios democráticos, como o populismo e a demagogia, evitando interesses de um
único grupo, ou a corrupção.

No entanto, estaríamos sendo ingênuos achando que a tecnocracia resolveria os problemas da


democracia. Resolveria sim, mas traria outros problemas, como o afastamento da coletividade
sobre os debates políticos, sobre o que é certo e o que é justo, se tornando apenas cálculos e
previsões. E também, estaria envolvido em ideologias, afinal, nada é totalmente neutro.
Portanto, o ideal seria a junção desses dois regimes políticos. O nivelamento entre os políticos e
os técnicos. Um governo onde há uma cooperação mútua entre eles. Afinal, um governo não
evolui apenas com ações políticas –são necessárias informações precisas, técnicas e pessoas que
entendam do assunto – assim como, um governo não evolui apenas com cálculos e previsões
acerca de alguma coisa – são necessárias pessoas que representam a vontade do povo e sabem
do que é necessário. E o principal, precisamos de pessoas com moral, senso de justiça e que
sabem o que fazer, se não tiver isso, nada irá evoluir.

Para finalizar, na minha opinião, nenhum regime é melhor, tampouco o pior. O fato é: depende
exclusivamente do país e de suas circunstâncias.
Referências bibliográficas:

https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,perigos-da-democracia,70002330214

https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/os-regimes-politicos-as-formas-governo-segundo-
aristoteles.htm

https://escolaeducacao.com.br/democracia-representativa-definicao-caracteristicas-pros-e-
contras/

https://filosofianaescola.com/politica/democracia-direta-seus-pontos-positivos-e-negativos/

https://conceitos.com/tecnocracia/

DURANT, Will. Os pensadores: A História da Filosofia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Nova Cultural,
1996. (pg. 44 – 48; pg. 100 – 102)

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