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.ar-CLACSO2018 Resumoexpandido PDF
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clacso.org.ar/conferencia2018/presentacion_ponencia.php
A atual crise política brasileira e a disputa pela implementação de uma nova versão de “Estado
mínimo” reacende o debate acerca do papel do Estado como propulsor do desenvolvimento
econômico e social, e da relação entre Estado e sociedade. Ou, em outras palavras, retoma o
debate sobre “a serviço de quem” está o Estado.
A dramática conjuntura na qual se encontra o país, com reformas que reduzem direitos, somado
à ofensiva da oposição política ao Partido dos Trabalhadores (PT), parece induzir à análises que
privilegiam disputas entre direita e esquerda, mas que perdem de vista a necessária
problematização acerca do papel do Estado nas sociedades capitalistas, suas particularidades em
cada realidade concreta e em cada momento histórico e como estas se interconectam com o
processo de mundialização do capital. Acreditamos que somente a partir desta discussão e desde
uma perspectiva histórica, podemos traçar hipóteses acerca da conjuntura atual, entendida por
alguns como uma sorte de nova “captura” do Estado.
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A partir desta perspectiva e com a preocupação referida, o propósito deste trabalho será
problematizar a relação entre Estado e desenvolvimento capitalista no Brasil, do “populismo” ao
“progressismo”. Através das políticas macroeconômicas implementadas, apresentar quais foram
os projetos que predominaram e como estes se relacionam com as diferentes fases do
capitalismo global, considerando a posição de dependência do país. Identificar quais foram os
pactos estabelecidos em cada processo político, os incorporados e os excluídos, e que estratégias
se desenvolvem para a manutenção de uma determinada “ordem social”. Assim, compreender
como a relação entre Estado e desenvolvimento impacta na relação entre Estado e sociedade.
A importância do resgate histórico de nossa pesquisa está em delimitar o papel do Estado sob os
governos “progressistas”, que tipo de desenvolvimento promove, qual a relação entre Estado e
sociedade se estabelece, e quais são as aproximações possíveis com os processos políticos
anteriores.
Este modelo de desenvolvimento gerou um novo tipo de relação entre Estado e sociedade, onde
afirma-se uma inclusão social de setores das classes populares a partir do consumo e busca-se
estabelecer um novo “Estado de massas” apoiado nos pobres e na classe média “emergente”,
como estratégia para construir legitimidade em torno de suas políticas. A tentativa de construção
de uma identidade progressista centrada nas categorias “povo”, “pobre” e classe média
“emergente”, oculta o verdadeiro caráter de classe do Estado sob os governos progressistas, que
beneficiou imensamente o grande capital financeiro e extrativista, contra os interesses de
comunidades, de pequenos produtores e dos povos indígenas.
Esta desmistificação é o que nos permite pensar que, na atual conjuntura, não existe uma nova
“captura” do Estado, mas sim, um aprofundamento da hegemonia do capital financeiro
internacional sobre o poder estatal, que exige um realinhamento das frações “internas” do
grande capital, mas a continuidade do modelo. O esgotamento dos excedentes provenientes da
exportação de commodities implica numa destruição do caráter social desse “Estado de massas”
construído durante a última década, nesse sentido, o que se encontra realmente em disputa é a
inserção, ainda que limitada, de setores das classes populares.
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Este trabalho faz parte de nossa pesquisa de doutorado - ainda em andamento - sobre os
governos progressistas no Brasil, e pauta-se na sistematização de uma ampla revisão
bibliográfica sobre o tema.
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