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Anais

14° Congresso Paulista


de Saúde Pública
Saúde e Poder: reconectando
cidadãos e trabalhadores ao SUS

novembro 2015 24/Supl.1


Saúde e Sociedade é uma revista que tem por finalidade divulgar a Faculdade de Saúde Pública da USP
produção das diferentes áreas do saber, sobre práticas de saúde, vi- Diretora/Dean
sando ao desenvolvimento interdisciplinar do campo da saúde pública. Victor Wünsch Filho
Destina-se à comunidade de profissionais do campo da saúde, docentes,
Vice-Diretor/Vice-Dean
pesquisadores, especialistas da área de Saúde Pú­bli­­ca/Coletiva e de áreas
Patricia Helen de Carvalho Rondó
afins. Uma iniciativa interinstitucional da Fa­culdade de Saúde Pública
da USP e da Associação Paulista de Saúde Pública.
Associação Paulista de Saúde Pública
The purpose of the journal Saúde e Sociedade is to disseminate the
Presidente/President
production of different areas of knowledge about health practices, Marília Cristina P. Louvison
aiming at the interdisciplinary development of the field of public health.
It is designed for the community of health­­care professionals, lecturers, Vice-Presidente/Vice-President
Wilma Madeira
researchers, experts of the Public/Collective Health Area and related
areas. It is an in­ter­ins­titutional effort of Faculdade de Saúde Pública/ Diretora de Extensão/Extension Officer
USP and Associação Paulista de Saúde Pública. Alexandre Nemes Filho
Diretor de Comunicação/Communication Officer
Luciana Soares de Barros
Diretora de Finanças/Financing Officer
Lígia Duarte
Coordenador do 14o Congresso Paulista de Saúde Pública
Marco Akerman

Conselho de Editores/Publish Committee Conselho de Consultores/Advisory Editors


Irineu Barreto Jr - Fundação Seade e FMU; Alcindo Antonio Ferla - ESP/SESRS
Marcia Couto - FMUSP; Ana Maria Costa - Escola Superior de Ciências da Saúde
Miguel Montagner - UnB; Augusta Thereza de Alvarenga - FSP/USP
Myriam Raquel Mitjavila - UFSC Maria Bernadete de Cerqueira Antunes - UFPE
Nivaldo Carneiro Jr - FCMSCSP, FMABC Carme Borrell - Agència de Salut Pública - Barcelona
Raul Borges Guimarães - UFSCar Christovam Barcellos - ICICT/Fiocruz
Vanessa Elias de Oliveira - UnifespABC Didier Lapeyronnie - Université Victor Segalen Bordeaux II
Editora Executiva/Executive Editor Eduardo Suárez - Universidad del Salvador - Buenos Aires
Cleide Lavieri Martins - FSP/USP e APSP Eleonora Menicucci de Oliveira - UNIFESP
Evelyne Marie Therese Mainbourg - C. P. Leônidas e Maria Deane/FIOCRUZ-AM
Editoras Científicas/Scientific Editor
Francisco Eduardo Campos - UFMG
Aurea Maria Zöllner Ianni - FSP/USP e Eunice Nakamura - Unifesp e APSP Gustavo Caponi - UFSC
Editores Convidados Helena Ribeiro - FSP/USP
Aquilas Mendes - FSP/USP e Marilia Louvison - FSP/USP Jairnilson Silva Paim - ISC/UFBA
Secretaria/Secretary Caroline Borges Jean-Pierre Goubert - École des Hautes Études en Sciences Sociales - Paris
Estagiária USP Luiza Lotufo de Barros José da Rocha Carvalheiro - FMRPUSP
José de Carvalho Noronha - CICT/FIOCRUZ
Lynn Dee Silver - Columbia University New York City
Credenciamento/Accreditation Luciano Medeiros Toledo - C. P. Leônidas e Maria Deane/FIOCRUZ-AM
Programa de Apoio às Publicações Maria Cecília de Souza Minayo - ENSP/FIOCRUZ
Científicas e Periódicas da USP Mary Jane Paris Spink - PUCSP
Osvaldo Fernandez - UNEB
Patrick Paul - Université François Rabelais -Tours

Saúde e Sociedade / Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública Indexação/Indexation


e Associação Paulista de Saúde Pública. v. 1, n. 1 (jan./jun. - 1992)- . - SciELO - Scientific Electronic Library OnLine
São Paulo : Faculdade de Saúde Pública da Universidade­de São Paulo Thomsom Reuters: Social Sciences Citation Index, Social
: Associação Paulista de Saúde Pública, 1992 - . Scisearch, Journal Citation Reports/Social Sciences Edition
Trimestral. CSA Social Services Abstracts
Resumos em inglês e português. CSA Sociological Abstracts
Descrição baseada em: V. 17, n.1 (jan/mar, 2008) LILACS - Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde
ISSN 0104-1290 Ulrich’s International Periodical Directory
1. Saúde Pública. 2. Ciências Sociais. 3. Ciências Humanas.
EBSCO Publishing
I. Faculdade de Saúde Pública­da Universidade de São Paulo Latindex
II. Associação Paulista de Saúde Públi­ca Library of Congress Cataloging
CDD 614 Scopus
300 Portal de Revistas da USP
Diretoria da Associação Paulista de Saúde Pública
Presidente
Marília C. P. Louvison - Faculdade de Saúde Pública /USP

Vice-presidente
Wilma Madeira da Silva - APSP

Diretor de Extensão
Alexandre Nemes Filho –APSP e SMS SP

Diretora de Comunicação
Luciana Soares de Barros

Diretora de Captação de Recursos e Finanças


Lígia Duarte

Diretora-Secretária
Maria Fernanda Terra

Conselho Deliberativo
Ana Lucia Pereira
Áquilas Mendes
Áurea Ianni
Carlos Botazzo
Daniele Guerra
Elaine Giannotti
Lara Paixão
Laura Camargo Macruz Feuerwerker
Lucia Yasuko Izumi
Marco Akerman
Nivaldo Carneiro
Paulo Capel Narvai
Sílvia Bastos
Tiago Noel Ribeiro
Yara Maria de Carvalho

Articuladores de Núcleos Regionais


Baixada Santista: Rosilda Mendes - UNIFESP SantosBotucatu: Elen Rose Lodeiro Castanheira (UNESP)
Ribeirão Preto: Silvana Martins Mishima (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/SP)
São José dos Campos: Paula Carnevale (UNIVAP)
São Carlos: Giovanni Gurgel Aciole Campinas (UFSCAR)
Campinas: Felipe Augusto Reque (UNICAMP)
Colegiado Gestor do Evento
Marília C. P. Louvison
Giovanni Gurgel Aciole - APSP e UFSCar
Lúcia Yasuko Izumi Nichiata - APSP e EEUSP
Márcia Niituma Ogata - APSP e UFSCar
Marco Akerman - APSP e FSP/USP
Wilson José Alves Pedro - APSP e UFSCar

Comissão Organizadora
Adriana Barbieri Feliciano - UFSCar
Alana Fornereto - UFSCar
Alexandre Nemes Filho - APSP e SMS SP
Ana Lúcia Pereira - APSP e UNIFESP SP
Ana Paula Serrata Malfitano - UFSCar
Áquilas Nogueira Mendes - APSP e FSP/USP
Aurea Maria Zöllner Ianni - APSP e FSP/USP
Camila Tiome Baba - UFSCar
Carlos Botazzo - APSP e FSP/USP
Claudia Ribeiro - APSP
Elizabeth Franco Cruz - EACH-USP
Jaqueline Marcelino Alcantara - UFSCar
Lara Paixão - APSP
Laura Camargo Macruz Feuerwerker - APSP e FSP/USP
Luciana Nogueira Fioroni - UFSCar
Luciana Soares de Barros - APSP
Maria Lúcia Teixeira Machado - UFSCar
Maria Teresa Luz Eid da Silva - SES/SP
Nivaldo Carneiro Júnior - APSP - FCMSCSP
Paulo Capucci - APSP e SMS SP
Sabrina Ferigato - UFSCar
Sandra Costa - FSP/USP
Vivian Mininel - UFSCar
Wilma Madeira - APSP

Pareceristas ad hoc
Adriana Feliciano
Alana de Paiva Nogueira Fornereto Gozzi
Amália Suzana Kalckmann
Ana Lucia Pereira
Ana Maria Malik
Ana Paula Serrata Malfitano
Aurea Ianni
Cinira Magali Fortuna
Daniele Sacardo Nigro
Doralice Severo da Cruz
Elizabete Franco Cruz
Fernando Aith
Geovani Gurgel Acioli
Jaqueline Alcantara Marcelino da Silva
José Ricardo Ayres
Lucia Y. Izumi Nichiata
Luciana Nogueira Fioroni
Luís Eduardo Batista
Marcia Ogata
Marco Akerman
Maria Fernanda Terra
Maria Ines Battistella Nemes
Maria Lucia Machado
Maria Mercedes Loureiro Escuder
Maria Teresa Luz Eid
Maria Thereza Reis
Marília C. P. Louvison
Nancy Yasuda
Nicanor Rodrigues da Silva Pinto
Nivaldo Carneiro Júnior
Paula Carnevale
Paulo Castro
Renato Barboza
Rosangela Filipini
Rosilda Mendes
Sabrina Helena Ferigato
Sandra Costa de Oliveira
Silvia Bastos
Silvia Matumoto
Tarcisio Braz
Tereza Toma
Thiago Marques
Tiago Noel Ribeiro
Vânia Barbosa do Nascimento
Virginia Junqueira
Vivian Aline Mininel
Wilson José Alves Pedro

Moderadores/Debatedores discussão temática


Jaqueline Alcantara
Adriana Barbieri
Alana Fornereto
Alex Nemes
Alexandre Ramiro
Aline Aquilante
Allan Gomes
Ana Lúcia Pereira
Ana Paula Malfitano
Aurea Ianni
Carlos Botazzo
Cassia Arantes
Cleide Lavieri Martins
Édison Malvezzi
Elen Castanheira
Elizabeth Franco
Giovanni Aciole
Helena Watanabe
Jaqueline Alcantara
Karina Graminisay
Lara Paixão
Ligia Botelho
Lucia Y. Izumi Nichiata
Luciana Fioroni
Luciane Do Val
Márcia Ogata
Maria do Carmo Bava
Maria Fernanda Terra
Maria Filomena de Gouveia Vilela
Maria Lucia Pereira
Maria Lucia Teixeira Machado
Maria Salum
Maria Tereza Eid
Marilia Louvison
Paula Carnevale
Paulo Frazão
Ricardo Rodrigues Teixeira
Rosilda Mendes
Tiago Noel Ribeiro
Vivian Mininel
Wilma Madeira
Sumário
Saúde e Sociedade 8 Editorial
Volume 24 9 Editorial Especial
Suplemento 1
Novembro 2015 11 Manifesto de São Carlos
13 Álcool e Outras Drogas
28 Alimentação e Nutrição
35 Assistência Farmacêutica
38 Atenção Domiciliar
46 Comunicação e Saúde
56 Controle Social e Participação Cidadã
65 Cuidado em Saúde
108 Direitos Humanos e Saúde
116 Envelhecimento e Saúde
139 Financiamento da Saúde
142 Gênero, Raça e Etnia
152 Gestão em Saúde
184 Informação e Avaliação em Saúde
206 Poder, Políticas e Movimentos Sociais
217 Promoção da Saúde e Intersetorialidade
246 Regionalização e Redes de Atenção à Saúde
267 Saúde Bucal
277 Saúde da Criança e do Adolescente
301 Saúde da Mulher
330 Saúde do Trabalhador
348 Saúde e Ambiente
357 Saúde Mental
388 Trabalho, Formação e Educação em Saúde
476 Vigilância à Saúde
Editorial
Este Suplemento da Saúde e Sociedade apresenta os
Anais do 14º Congresso Paulista de Saúde Pública,
realizado em São Carlos, entre 26 e 30 de setembro
de 2015, pela Associação Paulista de Saúde Pública
(APSP) e a Universidade Federal de São Carlos (UFS-
Car). Esta publicação, como em anos anteriores,
reitera o compromisso da Saúde e Sociedade, por
meio da parceria da Faculdade de Saúde Pública
com a APSP, de fomentar a divulgação da produção
científica e de experiências exitosas na área da
saúde. As contribuições dos participantes do con-
gresso – pesquisadores, professores, estudantes,
gestores de políticas sociais e sistema de saúde,
trabalhadores da saúde e usuários dos serviços de
saúde – encontram-se aqui registradas por meio
dos trabalhos, apresentados na forma de resumos,
de relatos de pesquisa e experiências no campo da
saúde pública/coletiva.
O programa, bastante amplo e diverso, retrata a
riqueza de abordagens nos trabalhos apresentados
em torno do tema “Saúde e Poder: Reconectando
Cidadãos e Trabalhadores ao SUS”, subdividido
nos três eixos de debate propostos no congresso:
“Desmercantilizar o SUS”, “Produzir Coletivos e
Co-Gestão” e “Reinventar o Trabalho em Saúde”.
Destaca-se nos trabalhos a reflexão crítica sobre
os conflitos colocados ao SUS, desde a sua criação,
no que tange às questões políticas e econômico-
-financeiras, mas também a proposição de novas
possibilidades em termos de gestão do sistema,
mais participativa, e de novas práticas no processo
de trabalho em saúde.
É evidente nos trabalhos o intercâmbio de conhe-
cimentos entre instituições de ensino, de pesquisa
e de prestação de serviços de saúde, ressaltando a
diversidade de olhares quanto aos modos de pensar
e fazer saúde.
Os resumos dos trabalhos, organizados em vários
eixos, são um convite ao leitor para se aproximar da
riqueza de temas, que foram objeto de reflexões e
debates durante todo o congresso.

Aurea Ianni e Eunice Nakamura


Editoras Científicas

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 8
Editorial Especial
14O Congresso Paulista de Saúde Pública: Saúde e especialmente a partir dos anos 1990. A compreen-
Poder: Reconectando Cidadãos e Trabalhadores são desse quadro passa pelo entendimento de como
ao SUS essas pressões se manifestam objetivamente no
A Associação Paulista de Saúde Pública e a UFSCAR, SUS (insuficiência dos montantes de recursos para
parceiras na organização do “14º Congresso Paulista o gasto público, intensificação da participação do
de Saúde Pública”, têm o prazer de apresentar os serviço privado no interior no sistema, precarização
Anais do 14º Congresso Paulista de Saúde Pública, do trabalho na saúde pública, etc.) e de quais são
realizado em São Carlos, entre 26 e 30 de setembro de suas origens (interesses do capital no fundo público
2015, publicado na forma de suplemento da revista e dos grandes seguros e planos privados no espaço
Saúde & Sociedade. brasileiro etc.). Ademais, é preciso identificar e dis-
O lema do evento “Saúde e Poder: Reconectando cutir quais delas foram mais importantes (aumento
Cidadãos e Trabalhadores ao SUS” foi organizado da participação privada no financiamento e oferta
em três eixos de debate ao longo dos três dias do dos serviços de saúde, incorporação de mecanismos
Congresso: “Desmercantilizar o SUS”, “Produzir de mercado no interior do SUS). As políticas macro-
Coletivos e Co-Gestão” e “Reinventar o Trabalho econômicas adotadas levaram – e ainda levam – à
em Saúde”. diminuição dos gastos públicos com direitos sociais,
O SUS tem passado por diversos conflitos desde em destaque na saúde, aumentando os riscos da
a sua criação, atrelados às pressões advindas do con- “mercantilização” das políticas sociais.
texto do capitalismo contemporâneo sob a dominân- Produzir Coletivos e Co-Gestão é um imperativo
cia do capital financeiro e sua crise, especialmente a de resistência. Precisamos repensar os modos de
partir dos anos 1990. A compreensão desse quadro gestão do sistema de saúde considerando que o
passa pelo entendimento de como essas pressões se cotidiano institucional indica limitações e forte
manifestam objetivamente no SUS (insuficiência cultura gerencial que nos afasta da produção de
dos montantes de recursos para o gasto público, políticas públicas emancipatórias É fundamental
intensificação da participação do serviço privado criar espaços de participação e democratização ins-
no interior no sistema, precarização do trabalho titucional e produzir modos de gestão que promovam
na saúde pública, etc.) e de quais são suas origens a socialização dos saberes. O compartilhamento das
(interesses do capital no fundo público e dos grandes decisões e a articulação em redes nos aproximam
seguros e planos privados no espaço brasileiro etc.). da concretização do direito à saúde e potencializam
Ademais, é preciso identificar e discutir quais delas o cuidado em saúde, avançando no compromisso
foram mais importantes (aumento da participação ético político dos princípios da universalidade, in-
privada no financiamento e oferta dos serviços de tegralidade e equidade. Atuar no SUS em cogestão
saúde, incorporação de mecanismos de mercado pressupõe avançar nos pactos interfederativos, nos
no interior do SUS). As políticas macroeconômicas pactos locais e na singularidade de cada território e
adotadas levaram – e ainda levam – à diminuição dos de cada cidadão, aproximando-se cada vez mais das
gastos públicos com direitos sociais, em destaque na necessidades de todos e enfrentando os interesses
saúde, aumentando os riscos da “mercantilização” corporativos e do mercado. É necessário ocupar o
das políticas sociais. nosso cotidiano, produzindo coletivos e conexões
Desmercantilizar o SUS é nossa palavra de ordem que sejam capazes de criar potências na disputa do
para o Congresso. O SUS tem passado por diversos projeto político do SUS.
conflitos desde a sua criação, atrelados às pressões Considerando-se a centralidade do trabalho na
advindas do contexto do capitalismo contemporâneo contemporaneidade, torna-se cada vez mais emer-
sob a dominância do capital financeiro e sua crise, gente a necessidade de fortalecimento de espaços

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 9
dialógicos e reflexivos sobre as dimensões objetivas e educação em saúde; vigilância à saúde; atenção
e subjetivas do trabalho. Profundas e aceleradas domiciliar; controle social e participação cidadã.
transformações e provocam impactos na vida Registramos nos Anais o “Manifesto de São Car-
cotidiana. E é preciso Reinventar o Trabalho em los”, uma contribuição à 15º Conferência Nacional
Saúde. Pela sua natureza, emprego de tecnologias de Saúde, resultado das discussões produzidas no
e o envolvimento de atores sociais o trabalho em evento. Neste documento político, os congressistas
saúde precisa continuamente ser (re) significado e do 14º Congresso Paulista de Saúde Pública apelam
(re) inventado. Sendo este, um processo coletivo - na a si mesmos e à sociedade brasileira a busca de
assistência, na gestão e nos processos educativos o uma pauta comum e pontes de solidariedade que
trabalho em saúde é mediado por coletivos de traba- unifiquem forças que defendam a priorização da
lhadores de saúde deve voltar-se para atendimento democracia radical e dos direitos sociais, chamando
das necessidades de saúde de modo efetivo. Este eixo pela defesa radical e intransigente da democracia e
objetiva refletir, compartilhar e apontar problemas, dos direitos sociais no Brasil do século XXI.
demandas, lacunas e alternativas na reinvenção do Façam bom uso destes resumos, que além de da-
processo de trabalho em saúde. rem visibilidade aos trabalhos submetidos durante
Foram reunidos nos Anais os trabalhos apresen- o Congresso, possam ser úteis, como material pós
tados na forma de resumos, identificados por seus Congresso na sua vida como profissional de saúde,
autores conforme os eixos: alimentação e nutrição; militante ou acadêmico, no processo permanente
assistência farmacêutica, álcool e outras drogas; de discussão e posicionamento em defesa do SUS.
comunicação e saúde, cuidado em saúde; direitos Esperamos que possa usufruir desta produção
humanos e saúde; financiamento da saúde e ges- que é de todos!
tão em saúde; gênero, raça e etnia; informação e
avaliação em saúde; poder, políticas e movimentos
sociais; promoção da saúde e intersetorialidade; re- Marília Louvison - APSP e FSP USP
gionalização e redes de atenção à saúde; saúde bucal; Marco Akerman - APSP e FSP USP
Lúcia Yasuko Izumi Nichiata - APSP e EEUSP
saúde da criança e do adolescente; saúde da mulher; Geovanni Gurgel Aciole - APSP e UFSCar
envelhecimento e saúde; saúde do trabalhador; saú- Márcia Niituma Ogata - APSP e UFSCar
de e ambiente; saúde mental; trabalho, formação Wilson José Alves Pedro - APSP e UFSCar

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Álcool e outras Drogas
A LEITURA COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO E compartilhamento e apoio para, e entre, os usuários.
REFLEXÃO SOBRE A SAÚDE – UMA EXPERIÊNCIA A partir dos temas foi possível trabalhar o exercício
EM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – ÁL- do diálogo, questões de convívio, desenvolvimento de
COOL E DROGAS (CAPS-AD) habilidades sociais e de compreensão de seu meio e
de seus pares. A experiência nos revela que a adoção
Gabriela Alvarez Camacho / Camacho, G.A. / Uni-
dessa atividade contribuiu para um cuidado mais
versidade Federal de São Carlos; Marina Manzzini
democrático, refletido e atento às singularidades,
Cunha / Cunha, M.M. / Prefeitura Municipal de
em alternativa aos tecnicismos e formalidades do
São Carlos; Ana Carolina Acorinte / Acorinte, A.C.
campo da saúde, favorecendo a corresponsabilização
/ Prefeitura Municipal de São Carlos;
em saúde mental. Recomendações É importante que
Caracterização do problema A leitura, como prática
mais estudos que correlacionem atenção em saúde
social, é importante no fortalecimento da reflexão
mental, inclusão e fortalecimento de cidadania se-
e raciocínio do leitor, inclusive contribuindo para
jam realizados e divulgados.
uma expressão e tradução de novos significados
de vida, cuidado, autoestima e valoração. Ao pon-
derarmos os seus alcances como ferramenta de
A OFICINA DO CHOCOLATE: LUGAR DE DESCO­
comunicação e expressão, profícua para o convívio BER­TAS DE OUTRAS FORMAS DE SER E ESTAR NO
em sociedade e nas relações humanas e enquanto MUNDO
ação emancipadora, evidencia-se a relevância que a Daniela Aparecida MIranda Pogogelski / Pogogel-
prática da leitura pode desenvolver junto a usuários ski, D;A;M; / Centro de Atenção Psicossocial em
da atenção psicossocial. Entendemos que a leitura, Alcool e outras Drogas Infantojuvenil III Assun-
para além dos aspectos cognitivos, também pode ção; Mariana Matteucci / Matteucci, M. / Capsadi
influir positivamente na perspectiva do cuidado III Assunção; Felipe Miura / Miura, F. / Nutrarte;
em saúde, autocuidado, autonomia e resgate de Louise Assumpção / Assumpção, L. / Nutrarte;
cidadania. Assim, foi constituída uma oficina de Este relato de experiência aborda as motivações
leitura em um CAPS-AD de município localizado que fizeram nascer Oficina do Chocolate. Buscá-
no interior paulista. Descrição A oficina de leitura vamos responder aos anseios por atividades de
se organizou em dois grupos paralelos, um para lazer dos adolescentes atendidos no CAPS ADI
homens e outro para mulheres. Os encontros eram III ASSUNÇÃO. Discorremos sobre as vivencias
semanais, contavam com a participação dos usuá- do grupo, e seu amadurecimento na parceria com
rios do CAPS-AD e eram acompanhados por um psi- Nutrarte, responsável por apoiar os processos de
cólogo e/ou um enfermeiro. Os encontros duravam geração de renda no município de São Bernardo do
em torno de duas horas, nas quais os usuários liam Campo, e sua fusão com outra oficina da unidade.
um texto selecionado e debatiam sobre a história, Ao avaliarmos o grupo enquanto nos debruçamos
refletiam e analisavam os temas suscitados pela para escrever sobre ele, percebemos o quanto ainda
leitura. As discussões normalmente levavam os par- estamos descobrindo nosso processo ao caminhar. O
ticipantes a ponderar sobre a adicção, tratamento e mais significativo nesta experiência foi a escuta dos
estratégias de enfrentamento da doença. Os textos nossos adolescentes, perceber seus desejos, anseios,
utilizados eram de folclore, crônicas ou contos. necessidades, e construir juntos possibilidades de
Lições aprendidas A oficina de leitura se legitimou realização, dando-lhes espaço para a co-construção,
como espaço seguro para comunicação espontânea a co-gestão, e a participação através dos papeis que
e abordagem de temas delicados para os usuários, a se identificavam, que por sua vez oportunizaram a
presença de profissionais da equipe favoreceu esse ressignificação de outros papéis e o protagonismo
processo. Também se consolidou como atividade de destes sujeitos em projetos de vida. Através de suas

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 13
ações conseguiram produzir um produto que era população brasileira consome tabaco regularmente.
desejado, elogiado, que lhes conferia pertencimen- Com relação ao consumo de drogas ilícitas como:
to e filiação. Não tínhamos apenas sujeitos que cocaína/crack/oxi, no último ano, estima-se que 2%
buscavam a droga, tínhamos sujeitos dispostos a (244 mil pessoas) de adolescentes e 2% (2,6 milhões
trilhar caminhos diferentes, que se pretendem mais de pessoas) dos adultos brasileiros usaram algum
saudáveis e mais significativos. Caminhos que não tipo dessas drogas. O uso de tabaco representa um
os expõe a riscos sociais, que os ajudam a conhecer importante gatilho para o uso de crack, em virtude
outras possibilidades de realização que não o furto, da semelhança neuroquímica, a similaridade dos
o trafico ou a prostituição. Caminhos que podem efeitos estimulantes dessas substâncias e também
encontrar potencia e se desdobrar em inúmeros pela forma de uso de crack mesclado com cinzas
outros caminhos, por terem mobilizado o principal: de cigarro. OBJETIVO Descrever a prevalência do
sensibilizaram e conscientizaram estes caminhan- nível de dependência nicotínica entre indivíduos
tes sobre os próprios potenciais para caminhar. Este que abusam de crack. METODOLOGIA Estudo trans-
processo exigiu dos adolescentes e dos profissionais versal aplicado a população usuária de crack sendo
envolvidos fatores como responsabilidade, envolvi- tabagistas, assistidos em clínicas de internação
mento, autonomia, e reflexão, mas também não foi e centro de atenção psicossocial (CAPS). Amostra
imposto, partindo de uma visão unilateral, oriunda por conveniência. Aplicou-se o instrumento o Teste
apenas da equipe. Existiram também conflitos que de Dependência à Nicotina de Fagerström (FTND).
permearam o processo grupal. A diferença é que Os dados foram coletados de agosto de 2013 a feve-
estávamos abertos a mediar e nos relacionar em reiro de 2014. Os dados obtidos foram digitados no
práticas horizontais de cuidado, reconhecendo os programa Software Estatistic SPPS 22. Realizou-se
adolescentes como indivíduos potentes de produ- a análise descritiva das variáveis usa crack e fuma,
ção de vida, potentes para construírem seu projeto com intervalo de confiança de 95% (IC 95%) Projeto
terapêutico, potentes para encontrar respostas em aprovado pelo protocolo 162/12 do Comitê de Ética
outras vivências, potentes para descobrir outras em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás.
formas de ser e estar no mundo. RESULTADOS A amostra do presente estudo foi
composta por 112 usuários de crack e tabagistas,
ANÁLISE DA DEPENDÊNCIA TABÁGICA EM USUÁ­ sendo 91 (81,3%) do sexo masculino e 21 (18,8%) do
RIOS DE CRACK sexo feminino. Quanto o grau de dependência a ni-
Luiz Henrique Batista Monteiro / Monteiro, L.H.B. cotina identificou-se que 26,8% (IC 95%: 17,9- 34,8%)
/ Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão; apresentam baixa dependência a nicotina, 15,2% (IC
Inaina Lara Fernandes / Fernandes, I.L. / Univer- 95%: 8,9- 22,3%) evidenciaram mede dependência a
sidade Federal de Goiás-Regional Catalão; Rafael nicotina e 58% (IC 95%: 49,1- 67,9%) explicitaram
Alves Guimarães / Guimaraes, R.A. / Universidade alta dependência a nicotina. CONCLUSÃO Houve
Federal de Goiás; Roselma Lucchese / Lucchese, maior prevalência de alta dependência a nicotina
R. / Universidade Federal de Goiás-Regional Cata- entre os usuários de crack entrevistados. Tal achado
lão; Ivania Vera / Vera, I. / Universidade Federal de é relevante pois evidencia a ingerência entre o ato de
Goiás-Regional Catalão; Rodrigo Lopes de Felipe / fumar e o uso abusivo de crack. Reconhece-se como
Felipe, R.L. / Universidade Federal de Goiás-Regional limitador o tipo de estudo descritivo que não permite
Catalão; Lorena Silva Vargas / Vargas, L.S. / Univer- inferências, nesse sentido sugere-se mais pesquisas
sidade Federal de Goiás- Regional Catalão; Andrécia que abordem a dependência nicotínica entre usuá-
Cósmem da Silva / Silva, A.C. / Universidade Estadu- rios de crack no sentido de ampliar o conhecimento e
al de Goiás; Paulo Alexandre de Castro / Castro, P.A. a correlação entre estes dois fenômenos. Quanto aos
/ Universidade Federal de Goiás-Regional Catalão; profissionais de saúde faz-se necessário a adoção de
INTRODUÇÃO Estima-se que 5% (243 milhões) da práticas assistencialistas e intervencionistas no que
população mundial de 15 a 64 anos usaram drogas tange a cessação do uso abusivo do crack e do tabaco,
ilícitas no último ano. No Brasil (20 milhões) da visando diminuir o grau de dependência de ambos.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 14
ANÁLISE DO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPI- que já dirigiram depois de ingerirem bebida al-
CAS, NA POPULAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CURSOS cóolica, enquanto que nas mulheres, esse número
DA ÁREA DA SAÚDE, EM UM CENTRO UNIVERSI- foi de 14%. Conclusão: foi possível observar que o
TÁRIO DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO uso de substâncias psicotrópicas pelos estudantes
de graduação da área da saúde é um elemento de
Andra Shirlei Santos / Santos, A. S. / UNICEP;
discussão preocupante, uma vez que os mesmos
Cristina Ferro Corrêa Toniolo / Toniolo, C.F.C. /
possuem conhecimento de como estas substâncias
UNICEP; Cristiane Leite de Almeida / Almeida,
agem no organismo e também maior facilidade à
C.L. / EERP - USP; Dirlei Martins Franco / Franco,
esta. Dessa forma, é importante salientar a neces-
D.M. / ETEC PAULINO BOTELHO;
sidade de discussões acerca do tema durante a vida
Introdução: Drogas Psicotrópicas são aquelas que
acadêmica, trabalhadas de forma interdisciplinar
agem no Sistema Nervoso Central produzindo
como uma abordagem preventiva, a fim de mobilizar
alterações de comportamento, humor e cognição,
e conscientizar a população estudantil.
possuindo grande propriedade reforçada e sendo,
portanto, passíveis de auto-administração. Objetivo:
investigar o consumo de substâncias psicotrópicas
AS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS COMO UM
por estudantes de graduação dos cursos da área da PONTO A INTERROGAR NA REDE DE ATENÇÃO
saúde do de um Centro Universitário no interior de PSICOSSOCIAL DO SUS
São Paulo. Metodologia: pesquisa teórico-prática Tereza Etsuko da Costa Rosa / Rosa, T. E. R. /
de abordagem quantitativa e qualitativa, no qual Instituto de Saúde/ Secretaria de Estado da Saúde
o participante respondia um questionário semi- de São Paulo; Maria de Lima Salum e Morais / Mo-
-estruturado e todos participantes tiveram acesso rais, M. L. S. / Instituto de Saúde da Secretaria de
ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Estado da Saúde de São Paulo; Carlos Tato Cortizo
Resultados: a coleta de dados foi realizada no ano / Cortizo, C. T. / Instituto de Saúde da Secretaria
de 2012 e participaram da pesquisa um total de 191 de Estado da Saúde de São Paulo; Marisa Feffer-
alunos. O gênero feminino correspondeu à maior mann / Feffermann, M. / Instituto de Saúde da
parte do número de entrevistados, 132, com quase Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo;
50% destes entre as idades de 18 e 22 anos. O gênero De acordo com a Portaria Ministerial nº 131, de 26
masculino foi composto por 59 entrevistados, sendo de janeiro de 2012, dada a gravidade epidemiológica
31% entre 18 e 22 anos. Quanto ao número de faltas e social dos agravos à saúde relacionados ao uso do
em sala de aula, observou-se que foram similares álcool, crack e outras drogas”, as Comunidades Tera-
entre os gêneros, variando de 4 a 8 faltas nos últimos pêuticas (CT), como Serviços de Atenção em Regime
30 dias que antecederam a pesquisa. Com relação ao Residencial, foram incluídas na Rede de Atenção
uso de substâncias psicotrópicas entre os homens Psicossocial do SUS (RAPS), oferecendo cuidados
demonstrou que 86,4% já fizeram uso na vida de para adultos convivendo com esses agravos. Objeti-
álcool, 45,8% já usaram tabaco, 39% maconha, 22% vo: Analisar as CT do ponto de vista do tratamento
cocaína e 1,7% crack. Entre as mulheres, observou- prestado a pessoas com uso problemático de álcool
-se que 77,3% já fizeram uso na vida do álcool, 38,6% e outras drogas, do perfil dessas pessoas e dos con-
do tabaco, 17,4% da maconha e, diferentemente dos textos de internações. Métodos: Foram entrevistados
homens, nenhuma mulher fez uso do crack. Em quatro gestores de quatro CT, duas delas localizadas
relação à quantidade de bebida alcóolica ingerida na Região Metropolitana de São Paulo (Embu e Co-
entre as mulheres, verificou-se que cerca de 50% tia) e duas no interior do estado (Marília e Itapira),
costumam ingerir entre 1 a 4 doses e 5% mais de 9 sendo que as informações gerais sobre elas foram
doses por vez. A porcentagem de homens que cos- coletadas por meio de entrevistas, com roteiro, com
tumam ingerir de 1 a 4 doses de bebida alcóolica é os gestores/administradores responsáveis pelas ins-
praticamente igual a das mulheres, 45%; contudo, tituições. Duas eram filantrópicas da igreja católica
13% dos homens costumam ingerir mais de 9 doses e as outras duas, eram da iniciativa privada. Resul-
por vez. Em torno de 23% dos homens afirmaram tados: A maior parte das internações, sejam elas

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voluntárias, com o uso da força ou compulsórias, é amigos. Através da interatividade virtual, o TratBem
feita por intervenção dos familiares dos internos, estimula a mudança de comportamento e, consequen-
parte delas por meio da judicialização. O princípio temente, obtenção de uma melhor qualidade de vida
básico de tratamento é o da abstinência, baseado no ao paciente. Esse trabalho apresenta uma pesquisa
movimento Alcoólicos e/ou Narcóticos Anônimos. que analisou a efetividade do programa citado, no
Alguns gestores relataram presença de psicólogo qual a interação entre o sistema e o fumante funciona
realizando atividades de psicoterapia e psiquiatra através de mensagens SMS, aplicações para Smar-
para a medicação psicotrópica; no entanto notou- tphones, web, email e blog. O TratBem foi ofertado a
-se que a base do tratamento é o interno sujeitar-se pacientes do programa de cessação tabágica de um
a executar diversas atividades domésticas para a Hospital Geral e à população brasileira em geral, por
convivência grupal, o que é denominado pelos ges- adesão espontânea e gratuita, via Internet, com divul-
tores de laborterapia”. As internações duram de 4 gação entre grupos online de fumantes. Realizaram-
a 9 meses, de acordo com o programa específico de -se entrevistas telefônicas a fumantes usuários do
cada CT. Segundo os gestores das CT privadas, os que TratBem sobre a usabilidade do programa e o período
conseguem retornar à vida normal é uma minoria de cessação tabágica., de fevereiro a maio de 2014. A
de cerca de 5% a 10%, sendo alto os casos de reinter- amostra foi composta por 133 pacientes que estavam
nação. Conclusões: As internações nas CT, em geral, há pelo menos um mês sem fumar, de acordo com
têm o intuito de afastar os usuários de seu meio, são o sistema. 19,05% dos fumantes com alto grau de
determinadas pela família, não há critérios claros dependência conseguiram parar de fumar. 46,15%;
para a internação, nem para tratamento e a reinci- 66,67%; 44,44%; 77,14% dos pacientes com graus de
dência é frequente. Este estudo foi realizado pouco dependência alto, médio, baixo e muito baixo, respec-
antes da inclusão das CT na RAPS; no entanto, com tivamente, ficaram abstêmicos. Dos pacientes que
base nos resultados pode-se afirmar que a proposta fizeram uso de outros métodos de tratamento, além
para esse tipo de instituição dificilmente poderá do TratBem, 63,16% pararam de fumar. Aqueles que
ser orientada pela adesão aos princípios da reforma utilizaram apenas o TratBem como método de cessa-
antimanicomial, em especial no que se refere ao não- ção tabágica e interagiram com o TratBem, a taxa de
-isolamento de indivíduos e grupos populacionais”, abstinência foi de 57,14%. Dentre os que utilizaram o
como recomenda a Portaria supra citada. TratBem de forma passiva (sem interagir), a taxa de
abstinência caiu para 25%, mostrando uma diferença
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE UMA TECNOLOGIA estatisticamente significante (Chi-Square). No grupo
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO COMBATE de pacientes que consideraram que o sistema os aju-
AO TABAGISMO dou em algum momento a evitar que fumassem e que
NAYARA NOGUEIRA SILVA / Silva, N. N. / UECE; utilizaram apenas o TratBem, foi 43,48% a taxa de
Isabele Assunção Mendonça Cavalcante / CAVAL- abstinência. Aqueles que não consideraram tal ajuda
CANTE, I. A. M. / UFC; Francisco Carlos de Mattos do sistema e também utilizaram apenas o TratBem,
Brito Oliveira / Oliveira, F. C. M. B. / UECE; Joyce a taxa de abstinência caiu para 8,33%. Verificou-se
Horn Fonteles / Fonteles, J. H. / UNIFOR; Lígia de então que a utilização de outros métodos, aliada ao
Moraes Oliveira / Oliveira, L. M. / UNIFOR; uso do TratBem, é mais eficaz do que apenas o uso
O tabagismo é uma doença crônica de dependência do programa isoladamente. Assim, o TratBem tem
à nicotina, com períodos de exacerbação e remissão sido considerado funcionalmente importante no
(SILVA, 2010). O vício causado pelo cigarro vai além tratamento de cessação tabágica.
do biológico, alcançando as extensões psíquicas,
gerando uma dependência psicológica. O programa AVALIAÇÃO DA OFERTA DE AÇÕES PARA PESSOAS
TratBem propõe estender o tratamento do tabagis- COM PROBLEMAS ASSOCIADOS AO USO, USO
mo, 24 horas por dia, ao cotidiano dos pacientes, ABUSIVO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL, CRACK
oferecendo acompanhamento profissional multidis- E OUTRAS DROGAS EM SERVIÇOS DE ATENÇÃO
ciplinar e rede de apoio envolvendo familiares e/ou PRIMÁRIA À SAÚDE

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Josiane Fernandes Lozigia Carrapato / CARRA- trolam o uso desses medicamentos, a maioria deixa
PATO, J.F.L. / UNESP de Botucatu e Secretaria o controle exclusivamente a critério médico (73%) e
Municipal de Saúde de Bauru; Elen Rose Lodeiro apenas 9% realizam revisões periódicas em equipe
Castanheira / CASTANHEIRA, E.R.L. / UNESP Fa- com a finalidade de redução e/ou substituição do
culdade de Medicina de Botucatu; Nádia Placideli medicamento. Considera-se que ações desenvolvidas
/ PLACIDELI, N. / UNESP/Faculdade de Medicina na área do uso, uso abusivo e dependência de álcool,
de Botucatu; crack e outras drogas não apresentam visibilidade
Com o aumento de dificuldades emocionais cresce na APS, assim a maioria apenas encaminha para
o número de pessoas com problemas associados ao outros serviços.
uso, uso abusivo de álcool e outras drogas, assim
amplia-se a responsabilização dos serviços de Aten- COMPARAÇÃO ENTRE AS APREENSÕES DE DRO-
ção Primária à Saúde (APS) sobre essa população, a GAS LICITAS E ILÍCITAS NOS ANOS DE 2010 E 2014
avaliação da APS torna-se importante ferramenta EM UM MUNICÍPIO DO SUDESTE GOIANO
para o desenvolvimento de ações qualificadas nessa Ligia Maria Maia de Souza / Souza, L. M. M. /
área. O objetivo desse estudo foi identificar a orga- Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão;
nização de ações para essa população em serviços Marcelo Rodrigues Mendonça / Mendonça, M. R. /
de APS na Rede Regional de Atenção à Saúde- RRAS Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão;
09 do estado de São Paulo, na perspectiva do geren- Roselma Lucchese / Lucchese, R. / Universidade
te e equipe profissional, por meio do instrumento Federal de Goiás - Regional Catalão;
QualiAB 2014. O universo foi de 163 unidades de INTRODUÇÃO No ano de 2012, 5,2% da população
APS correspondentes á 41 municípios, responden- mundial entre 15-64 anos já utilizara alguma droga
tes ao instrumento de Avaliação da Qualidade de ilícita. A prevalência mundial de usuários nocivos de
Serviços da Atenção Básica- QualiAB. No período de álcool é de aproximadamente 11,5%. Umas das conse-
setembro a dezembro de 2014. Este é composto pôr quências do uso abusivo de álcool e drogas ilícitas é
126 questões de múltipla escolha, das quais 20 são o envolvimento em práticas ilícitas. Levantamentos
descritivas, questões que caracterizam o serviço e internacionais sobre o uso de drogas apontaram que
106 pontuadas correspondentes aos indicadores de entre 2003-2012, mesmo a prevalência de usuários
qualidade em três níveis: 0 insuficiente, 1 aceitável e de drogas ter se mantido estável, os registros de
2 esperado. Foi disponibilizado em versão online. Os apreensão de drogas para consumo próprio aumen-
resultados referentes às questões focadas na saúde taram 18%, do mesmo modo os crimes relacionados
de pessoas na área de álcool e drogas demonstraram, ao tráfico de drogas. O uso de drogas combinado à
quanto ao indicador ações realizadas em caso de exposição a violência, representam um sério pro-
alcoolismo”: 4% relatam não ter usuários ou não blema de saúde pública. OBJETIVO Identificar a
acompanham por falta de capacitação da equipe, associação de uso de drogas e práticas ilícitas em
a maioria encaminham para serviço especializado um município do sudoeste goiano. MÉTODO Estudo
(78%), orientações e acompanhamento na UBS de cunho documental e abordagem quantitativa, no
(42%), avaliação do padrão de consumo (37%), dis- qual realizou-se análise exploratória dos boletins de
cussão do caso com equipe de apoio (35%). Sobre o ocorrência (BO) registrados nos bancos de dados do
indicador ações realizadas em caso de uso abusivo Grupo Especial de Repressão a Narcóticos – GENARC
de outras drogas”: 7% referem não ter usuários com e 18º Batalhão da Policia Militar do Estado de Goiás,
essa demanda, não acompanha por falta de capa- no período de janeiro a dezembro de 2010 e 2014.
citação (6%), a maioria encaminham para serviço Foram estimadas as frequências das variáveis ava-
especializado (72%), orientações e acompanhamento liadas, foi utilizado intervalo de confiança de 95%
na UBS (37%), investigação do uso do álcool (40%), (IC95%). O referido estudo contou com aprovação e
avaliação do padrão de consumo (37%), discussão do supervisão do comitê de ética da Universidade Fede-
caso com equipe de apoio (35%). Quanto ao indicador ral de Goiás. RESULTADOS No ano de 2010, 41,2% das
controle do uso de benzodiazepínicos”: 14% não con- drogas ilícitas apreendidas, eram derivadas da coca

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em suas formas inaladas e fumadas, crack e cocaína. o n total pode variar, pois nem todos os prontuários
E 17,1 % das apreensões eram de maconha. Apreen- continham todas as informações buscadas, também
sões de múltiplas drogas alcançaram o quantitativo dependendo da variável o mesmo prontuário poderia
de 20,8%. Indivíduos abordados após uso abusivo de pontuar em mais de uma alternativa. A maioria dos
bebidas alcoólicas, representaram 20,9%. Já no ano prontuários estudados foi de homens (n=90; 78,2%),
de 2014, observa-se um declínio nas apreensões de com idade média de 14,7 anos (dp=1,98). Dentre os
crack e cocaína 25,8%, e nas apreensões de múltiplas adolescentes com registro nos prontuários refe-
drogas, 13,4%. Concomitante ocorre o aumento nas rente à freqüência escolar (n=107) mais da metade
apreensões de maconha 30,3% e na abordagem de não frequentava a escola (n=58; 54,2%) e entre os
indivíduos que haviam realizado o uso abusivo de adolescentes com informações sobre residência
álcool. CONCLUSÃO A literatura alerta para um no prontuário (n=77) residiam apenas com a mãe
aumento no consumo de drogas derivadas da coca (n=26; 33,7%). Metade dos adolescentes com regis-
nos países da América Latina e Caribe. O presente tro nos prontuários referente ao cumprimento de
estudo mostrou que, no município em questão ocorre medidas sócio-educativas (n=72), não cumpriam ou
um movimento inverso. É importante ressaltar que a cumpriram estas medidas (n=36; 50%) e entre os
utilização de indicadores epidemiológicos indiretos, adolescentes com registro nos prontuários sobre o
não nos permite visualizar todas as realidades do uso de drogas na família (n=83) a maioria possuía
consumo de drogas no espaço analisado, contudo algum familiar nesta situação (n=68; 81,9%), sendo
nos permite uma demonstração da situação atual que o pai aparece como usuário na maior parte das
do consumo de drogas no município. vezes (n=36; 31,3%). A maconha foi a droga que apre-
sentou maior prevalência de consumo (n=84; 73%).
DEMANDA DE ATENDIMENTOS PARA CRIANÇAS O uso de drogas (n=85; 73,9%) foi o principal motivo
E ADOLESCENTES EM UM CENTRO DE ATENÇÃO de procura ao CAPSi e a procura foi feita, na maioria
PSICOSSOCIAL INFANTOJUVENIL (CAPSI) DO das vezes, pela mãe dos adolescentes(n=71; 69,6%).
INTERIOR DE SÃO PAULO Pôde-se perceber a importância da família relaciona-
da á demanda apresentada para o serviço estudado.
Mariane Capellato Melo / Melo, M. C. / Universi-
Considera-se que as vulnerabilidades do contexto
dade de São Paulo (USP-RP); Julia Corrêa Gomes /
Gomes, J. C. / Universidade de São Paulo (USP-RP); social parecem desempenhar papel importante na
Clarissa Mendonça Corradi-Webster / Corradi-We- vida dos adolescentes em atendimento neste serviço.
bster, C. M. / Universidade de São Paulo (USP-RP);
Com o processo de Reforma Psiquiátrica, foram
EFETIVIDADE DO PROGRAMA DE TRATAMENTO
propostos serviços comunitários em saúde mental DO TABAGISMO OFERECIDO PELO SUS NO ESTADO
e criados Centros de Atenção Psicossocial, incluindo DE SÃO PAULO
os infanto-juvenis (CAPSi). No município de Ribei- Valeria Longanezi / Longanezi, V. / Instituto de
rão Preto – SP, devido às demandas relacionadas ao Saúde;
consumo de drogas nesta população, optou-se pela O tabagismo é um grave problema de saúde pública.
proposição de um serviço que tivesse foco nesta É importante fator de risco para cerca de cinquenta
problemática. Este estudo tem como objetivo des- doenças que causam altos índices de mortalidade,
crever a demanda de atendimentos para crianças diminuição da qualidade de vida dos fumantes e
e adolescentes no CAPSi de Ribeirão Preto - SP, por sobrecarga nos sistemas de saúde com aumento dos
meio de estudo quantitativo, descritivo-exploratório, gastos públicos para o tratamento e reabilitação das
de corte transversal.Foi realizado um levantamen- pessoas afetadas. Várias pesquisas apontam redu-
to de informações dos prontuários de crianças e ção na prevalência do tabagismo no Brasil desde
adolescentes atendidos no ano de 2013 no CAPSi a 1989, ano em que foi criado o Programa Nacional de
partir da elaboração de uma ficha para o registro de Controle de Tabagismo. Entretanto, até o momento
informações dos prontuários e realizada análise des- não existem pesquisas que tenham estudado a co-
critiva dos dados de 115 prontuários. Nos resultados, bertura e os resultados alcançados pelo tratamento

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oferecido pelos municípios do estado de São Paulo. existem diferentes formas de tratamento para a
O INCA – Instituto Nacional de Câncer é a Divisão dependência, contudo, contudo as políticas públicas
de Controle de Tabagismo do Ministério da Saúde atuais tem aumentado o financiamento para inter-
responsável pela coleta e análise dos indicadores nações em comunidades terapêuticas em detrimento
de resultados trimestrais de todos os estados brasi- de outras formas de oferecer cuidado e de compreen-
leiros. Considera como parâmetro a quarta sessão são sobre as drogas. O objetivo do estudo é compre-
estruturada para avaliação da efetividade do trata- ender os sentidos construídos sobre as experiências
mento, o que representa a situação do tabagista em de internação em comunidades terapêuticas por
relação ao hábito de fumar no final da quarta semana indivíduos que passaram por estas instituições e
de terapia após seu preparo motivacional. Este tra- atualmente são usuários de um Centro de Atenção
balho tem como objetivo geral avaliar a efetividade Psicossocial – álcool e drogas. Para isto, foram reali-
e eficácia do programa de tratamento do tabagismo zadas 15 entrevistas semi-estruturadas com pessoas
oferecido pelo Sistema Único de Saúde no estado de em tratamento em um Caps- ad do município de
São Paulo. O primeiro objetivo específico está vol- Ribeirão Preto – SP, que passaram por internação
tado para a análise dos indicadores de abandono da em comunidade terapêutica. Foi realizada análise
terapia, uso de medicamentos e cessação do hábito parcial de 8 entrevistas com o referencial teórico
de fumar obtidos na quarta sessão estruturada de construcionista social. Os pacientes entrevistados,
tratamento oferecido pelo SUS nos municípios do homens relataram sobre suas experiências nas CTs,
Estado de São Paulo, segundo os dados nacionais sendo que as internações eram realizadas em locais
das planilhas trimestrais do INCA/MS. Também afastados e/ou sem possibilidade de contato social
constitui objetivo específico, analisar os indicadores e de caráter religioso, nos quais os ex-usuários são
de cessação do tabagismo e de sucesso do tratamento os principais cuidadores. As principais atividades
em pacientes de um Centro de Referência da atenção descritas pelos entrevistados foram as tarefas
especializada em um período de tempo superior a domésticas” do local e as atividades religiosas (ora-
um mês de tratamento, considerando que recaídas ções), descreveram experiências de maus tratos e/
são frequentes durante os seis meses iniciais. Esta é ou negligência por parte dos entrevistados, e desses
uma pesquisa quantitativa composta por um estudo nenhum havia procurado garantia dos direitos hu-
ecológico e um estudo de coorte. O estudo ecológico manos. Os entrevistados passaram por diferentes
compreende uma amostra aproximada de 150 muni- dispositivos de internação e tratamento devido ao
cípios que realizaram o atendimento do tabagista uso de substâncias, e descrevem a internação como
entre os anos de 2012 e 2014. O estudo de coorte é algo natural” de quem faz uso de substâncias. A
direcionado aos pacientes atendidos pelos grupos de inserção das CTs como parte da RAPS e as portarias
tabagismo do Centro de Referência de Álcool, Tabaco de financiamento das mesmas, se distanciam de
e Outras Drogas da SES-SP nesse mesmo período, como ocorre o processo de tratamento em diferentes
cuja amostra compreende 200 pacientes.. locais classificados como CTs, como observado nas
diferentes experiências narradas ao longo das en-
EXPERIÊNCIAS DE INTERNAÇÃO EM COMUNIDA- trevistas. O descuidado constante a essa população
DES TERAPÊUTICAS a expõem também a maus tratos e negligencias em
Mariane Capellato Melo / Melo, C. M. / Universi- determinadas instituições. Ações proibicionistas de
dade de São Paulo (USP-RP); Clarissa Mendonça combate às drogas vem ocorrendo de forma indiscri-
Corradi-Webster / Corradi-Webster, C. M. / Univer- minada, essas acabam por esconder a complexidade
sidade de São Paulo (USP-RP); em torno do uso de drogas e os fatores econômicos,
A assistência em saúde mental e, mais especifi- políticos, sócio históricos e culturais pertencentes a
camente, os cuidados a pessoas que fazem uso esse fenômeno e constroem sentidos e práticas sobre
problemático de álcool e outras drogas, foram his- o uso de tratamento de drogas que potencialmente
toricamente descuidadas pelo Estado. Atualmente, podem legitimar práticas de exclusão.

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IDENTIFICAÇÃO DO CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS homens (19,6%), com idade média de 46 anos (dp =
PSICOATIVAS ENTRE PACIENTES COM DIAG- 14). Metade da amostra é casada ou amasiada, com
NÓSTICO DE DEPRESSÃO OU TRANSTORNO DE 24 pessoas (52,2%) estava empregada e 39 indivíduos
ANSIEDADE (84,8%) faziam tratamento no ambulatório de saúde
mental. A maior parte da amostra fazia ou já fez uso
Mariane Capellato Melo / Melo, M. C. / Univer-
de tabaco (n = 29; 63%) e álcool (n = 31; 67,4%). Foi
sidade de São Paulo- (USP-RP); Isabela Mariano
encontrada associação entre o uso problemático de
Cardoso / Cardoso, I. M. / Universidade de São
substâncias e experiências em que o indivíduo se
Paulo- (USP-RP); João Diogo Filippini / Filippini, J.
sentiu discriminado (X2 = 4,506; p = 0,034), e 58,7%
D. / Universidade de São Paulo- (USP-RP); Eduardo
Augusto Leão / Leão, E. A. / Universidade de São (n = 27) também relata ter sofrido experiências de
Paulo- (USP-RP); Clarissa Mendonça Corradi- violência de algum tipo. A literatura aponta que o uso
-Webster / Corradi-Webster, C. M. / Universidade de substâncias psicoativas por pessoas com quadros
de São Paulo (USP-RP); clínicos psiquiátricos pode estar relacionado à au-
tomedicação. Assim, profissionais da saúde mental
Os quadros depressivos, assim como os Transtornos
devem estar abertos ao diálogo com seus pacientes,
de Ansiedade apresentam altas taxas de comor-
conhecendo as experiências dos usuários.
bidades com o uso problemático de substâncias
psicoativas. O tratamento nesses casos geralmente
é administrado de forma separada. O objetivo deste IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE
estudo foi identificar o consumo de substâncias CONTROLE DO TABAGISMO (PNCT) NA SUPER-
psicoativas entre indivíduos em tratamento psiqui- VISÃO TÉCNICA DE SAÚDE (STS) ARICANDUVA/
átrico para depressão ou transtorno de ansiedade. MOOCA, NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo- Roberta Braga Amoras Leão Ruffeil / Ruffeil,
-exploratório, de corte transversal, com uma amostra R.B.A.L. / Prefeitura Municipal de São Paulo; Isa-
clínica não probabilística. Para a coleta de dados bel Cristina Lopes Alves / Alves, I.C.L. / Prefeitura
foram aplicados questionários com informações Municipal de São Paulo; Sanny Fabretti Bueno
sociodemográficas e clínicas e o instrumento AS- Grosso / Grosso, S.F.B / Prefeitura Municipal de
SIST para identificação do consumo problemático São Paulo; Sueli Ilkiu / Ilkiu, S. / Prefeitura Muni-
de drogas. Os participantes foram 76 pacientes com cipal de São Paulo;
diagnósticos de depressão e 46 pacientes diagnos- Trata-se de um relato de experiência, cujo objetivo
ticados com transtorno de ansiedade, recrutados é descrever a organização de grupos técnicos nas
em um ambulatório de saúde mental e CAPS II, na unidades de saúde cadastradas para iniciarem o
cidade de Ribeirão Preto. Foi realizada análise esta- PNCT na STS Aricanduva/Mooca. Inicialmente,
tística descritiva dos dados. Entre os pacientes com apenas o Centro de Apoio Psicossocial Álcool e
depressão, a maioria era mulher (83%, n=63), casada Drogas desenvolvia ações de cessação ao tabagis-
(47%, n=36), possuía ensino fundamental incompleto mo na região. Após estruturação do programa na
(35,5%, n=27); trabalhava (38,1%, n= 29); e se declarou STS, foram cadastradas mais nove unidades para o
preocupada com a situação financeira (60,5%, n=46). atendimento no território. Com apoio e participação
Mais da metade (56,6%) afirmaram ter familiares da Supervisão, foi organizado grupo representativo
com problemas com drogas; 81,6% nunca passaram das unidades, para a estruturação do programa nos
por internação psiquiátrica. Sobre o consumo de serviços de saúde. Os encontros acontecem com
substâncias, as substâncias mais usadas pelo menos periodicidade mensal, com discussão dos desafios
uma vez na vida foram álcool (75%), tabaco (64,5%) e e conquistas vivenciadas. Foi proposta como mode-
maconha (15,8%). Foi identificado risco de consumo lo de atendimento, a realização de grupo aberto de
nocivo de substâncias em 50% dos participantes, motivação, semanal e contínuo, no acolhimento dos
e consumo que indica provável dependência em usuários com interesse em cessar o uso do tabaco.
6,5%. Já no caso dos transtornos de ansiedade, de Tão logo se sintam preparados ao cessar definitivo,
46 participantes, tem-se 37 mulheres (80,4%) e 9 são encaminhados para grupo semanal, fechado,

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estruturado em uma consulta médica de avaliação e dos técnicos de saúde acerca das drogas, enfatizando
quatro encontros com a equipe técnica. Nesta etapa, as estratégias de intersetorialidade e redes presen-
se necessário, são realizadas avaliações psicológica, tes no cuidado aos jovens. Métodos: A pesquisa foi
nutricional e odontológica, além do apoio medica- realizada em um município do interior do estado
mentoso com terapia de reposição de nicotina e de São Paulo, em cinco instituições de serviços
não nicotínica. Após este período, os usuários são de saúde mental e com os gestores locais. Foram
encaminhados a um grupo de manutenção, para que entrevistados a coordenadora municipal de saúde
os mesmos sejam acompanhados por até um ano e mental e os coordenadores de cada serviço. Aplicou-
tenham suporte da equipe técnica, evitando recaí- -se também um questionário com os profissionais
das. No primeiro semestre de 2015, 209 fumantes de nível superior dos cinco serviços, totalizando
procuraram tratamento nas unidades de saúde, dos 28. Resultados: Os questionários e as entrevistas
quais 133 (63,6%) participaram de todas as sessões destacaram as diretrizes gerais da rede de atendi-
de terapia cognitivo-comportamental e 46 (22%) mento, conforme o estabelecido pelo Ministério da
pararam de fumar. Apesar do uso de medicamen- Saúde, enfatizando sua importância e citando outros
to não ser a primeira escolha no tratamento, foi setores, pessoas e instituições que constituem a
observado que 127 usuários (60,7%) necessitaram vida de cada sujeito. Noventa e dois por cento dos
do apoio medicamentoso. Quando o número de pro- profissionais, disseram que há estratégias em rede
fissionais envolvidos no grupo é mais restrito, bem para a população em tela. Sobre a Rede de Atenção
como quando eles não se mantêm constantes nos Psicossocial (RAPS), os coordenadores destacaram
encontros, há uma diminuição na adesão ao trata- a sua presença, porém 71% dos servidores conhecem
mento. Além disso, o programa não está disponível a RAPS e 29% não. Além disso, 50% responderam
em todas as unidades básicas de saúde do território, ter participado de alguma reunião, 43% não e 7%
o que diminui o acesso dos usuários. Para a eficiente optaram por não responder. Sobre o setor que deve se
condução dos grupos é recomendável que a equipe se responsabilizar pela atenção à questão das drogas,
mantenha constante, caracterizando o vínculo com o admitindo-se múltiplas respostas, 79% enfatizaram
usuário; que se realize a divulgação do programa em a saúde, 75% a educação, 64% a assistência social,
todo o território, identificando as unidades de saúde 57% o desenvolvimento econômico e a justiça, 50% a
que ofereçam o serviço, bem como a manutenção do segurança pública e 18% apontaram outros fatores.
grupo de apoio entre STS e unidades de saúde, com Nenhum setor foi 100% citado, demonstrando a di-
o objetivo de fortalecer o programa na região, iden- vergência de opiniões e a necessidade de questionar
tificando as fragilidades e reforçando as conquistas. a atual política de combate às drogas. Conclusões:
Deve-se ampliar a discussão acerca das redes de
JUVENTUDE E DROGAS: O QUE PENSAM OS TÉC- cuidado, não se restringindo ao setor saúde, bus-
NICOS EM SAÚDE SOBRE O TRABALHO EM REDE cando estratégias intersetoriais e interdisciplinares
Letícia Andriolli Bortolai / Bortolai, L. A. / UFS- para lidar com a questão. Necessita-se criar espaços
Car; Brena Talita Cuel / Cuel, B. T. / UFSCar; Ana propícios para a discussão, tornando mais clara as
Paula Serrata Malfitano / Malfitano, A. P. S. / ações em curso e formas de ampliação. As políticas
UFSCar; sociais devem voltar-se para a atenção a quem faz
Introdução: A problemática” das drogas tem sido uso de drogas como uma questão social e comparti-
tema de ações políticas e sociais, sendo compreendi- lhada coletivamente.
da na sua complexidade, além da ordem individual.
Entretanto, a associação entre juventude e drogas O APOIADOR COMO UM DISPOSITIVO NO CUIDA-
parte de uma dimensão voltada a questões indivi- DO DE REDE AOS INDIVÍDUOS EM USO ABUSIVO
duais do uso, valores sociais e estigmas, tendo a DE ÁLCOOL/DROGAS
maioria das ações voltadas para o tratamento em Vanessa Caravage de Andrade / Andrade, V.C / Se-
saúde, desconsiderando muitas vezes toda sua di- cretária de Saúde de São Bernardo do Campo; Ri-
mensão social. Objetivo: Identificar a compreensão vane Montenegro Maia Santana / Santana, R.M.M.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 21
/ Secretária de Saúde de São Bernardo do Campo; profissionais na rede gerou encontros que resulta-
Deise de Sá Bergamos Kuroiwa / Kuroiwa, D.S.B / ram em visitas domiciliares conjuntas das equipes,
Secretária de Saúde de São Bernardo do Campo; discussão de casos e elaboração do Projeto Tera-
Introdução: No município de São Bernardo do pêutico Singular. Assim, consideramos a interface
Campo, especificamente no Território de Saúde 8 do apoiador na rede de saúde, como um disparador
(Demarchi, Batistini e Represa), vivenciávamos um na construção do cuidado compartilhado e integral.
aumento crescente de indivíduos com uso abusivo
de álcool/drogas. Essa realidade levantou questiona- O CAPS AD COMO PRIMEIRA ESCOLHA PARA
mentos diante do cuidado ofertado ao usuário e seus TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL
familiares na rede. Objetivos: Proporcionar cuidado E OUTRAS DROGAS ENTRE USUÁRIOS SUS DE
integral a saúde desses indivíduos, considerando BRASÍLIA – DF
que alguns estão à margem do seu ambiente familiar Gabriela Arantes Wagner / Wagner, G.A. / Uni-
e social. Exigindo ações articuladas e comparti- versidade Federal de São Paulo; Eduardo Yoshio
lhadas da rede: Estratégia Saúde da Família (ESF), Nakano / Nakano, E.Y / Universidade de Brasília;
Centro de Atenção Psicossocial (Álcool/Drogas) e Maria de Nazareth Rodrigues Malcher de Oli-
Rede de Urgência/Emergência. Método: Durante veira Silva / Silva, M.N.R.M.O / Universidade de
as reuniões da ESF surgiram diversas demandas Brasília; Benedikt Fischer / Fisher, B / Faculty of
advindas do indivíduo em uso abusivo de álcool/ Health Sciences, Simon Fraser University; Andrea
drogas, pois ingressavam em vários serviços da rede, Donatti Gallassi / Gallassi, A.D. / Universidade de
sendo acompanhados permanentemente pela ESF. Brasília;
Isso propiciou discussão em relação às ofertas de Introdução: O acesso ao tratamento dos problemas
cuidado em saúde, que devem abranger as necessi- relacionados ao abuso e a dependência de drogas
dades biopsicossociais. Desta maneira, o apoiador é um desafio constante para os sistemas de saúde
em saúde que transita na rede identificou junto no mundo, e no Brasil, não é diferente. Porém, o
aos gestores, trabalhadores e usuários os fatores conhecimento sobre as necessidades e barreiras
potencializadores e dificultadores nesse cuidado. enfrentadas pelos usuários do Sistema Único de
Nas situações de urgências clínicas os indivíduos Saúde (SUS) para o tratamento da dependência
ingressam na Rede de Urgência/Emergência estando ainda é escassa. Objetivos: Este estudo descreve
suscetíveis ao cuidado e tendo maior compreensão epidemiologicamente o papel do Centro de Atenção
do adoecimento com possibilidade de adesão ao tra- Psicossocial álcool e drogas (CAPS-ad) na comunida-
tamento. Desta maneira, distante do seu contexto so- de de Ceilândia, a maior Região Administrativa de
cial somado a fragilidade decorrente de sua condição Brasília, Distrito Federal, no tratamento da depen-
de internação, desenvolvem resistência ao cuidado dência de drogas. Métodos: Foi realizado um estudo
dificultando a criação do vínculo, necessitando de transversal de 143 usuários do CAPS-ad Ceilândia,
um manejo específico da equipe em saúde mental. participantes do projeto Caracterização quanto ao
Este contexto demandava um novo arranjo da rede, acesso das pessoas em tratamento por problemas
sendo o apoiador um dispositivo de conexões entre relacionados ao uso de álcool e outras drogas: adesão
os equipamentos, por meio das discussões de casos e evasão” desenvolvido pelo Centro de Referência
entre os serviços, visitas dos profissionais do CAPS- sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da Uni-
-AD na Rede de Urgência/Emergência e ESF para versidade de Brasília e financiado pela Secretaria
a construção da atenção integral compartilhada e Nacional de Políticas sobre Drogas - MJ. Os dados
responsável. Resultados e Conclusão: O uso abusivo foram obtidos a partir de um questionário misto
de álcool/drogas exige um cuidado integrado, e os (quantitativo/qualitativo) sobre aspectos sociodemo-
apoiadores por referenciarem um território de saúde gráficos, principais drogas utilizadas, tratamentos
e transitarem na rede possibilitaram o vínculo en- anteriores, necessidades e barreiras para acesso
tre as equipes, aproximando os serviços com seus ao serviço, e tratamento ‘ideal‘ para dependência.
diferentes olhares e abordagens. O percurso dos Resultados: A maior proporção dos indivíduos era

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 22
do sexo masculino (81%), com 30-49 anos de idade programas específicos para essa população. Não foi
(63%), desempregados (56%), casados (62%), com diferente no município de Campinas. Em janeiro de
escolaridade inferior ao ensino médio (60%), em 2011, os funcionários do Centro de Saúde do Jardim
tratamento voluntário (88%). O álcool foi a principal Ipaussurama, Unidade da Atenção Primária, foram
droga consumida (50%), seguida do crack (45%). O convidados à participar da capacitação teórica e
CAPS-ad foi o primeiro episódio de tratamento da prática sobre tabagismo, oferecida pela UNICAMP.
maioria dos pacientes (46%), seguido de indivíduos Quatro profissionais da unidade integraram a ati-
que já haviam estado em Comunidades Terapêuticas vidade e logo iniciaram o grupo de tabagismo no
(20%). Apenas 17% vieram de outros serviços SUS e CS. Objetiva-se a cessação e prevenção de recaídas,
10% de Hospitais Psiquiátricos, sendo que 50% dos sendo que pode ser recomendado tratamento me-
indivíduos declararam desconhecimento sobre as dicamentoso. O processo é dividido em duas fases:
ofertas do SUS para o tratamento da dependência. motivacional e terapêutico. A procura pelo suporte
Conclusão: Os dados referem que quase a metade oferecido no grupo cresceu largamente, e ao final
dos usuários acessou pela primeira vez o tratamento do mesmo ano de início passou a ser oferecido um
voluntário para dependência de álcool e outras dro- novo horário. No ano de 2014, novos profissionais
gas no CAPS-ad, com uma demanda importante de foram capacitados pelo CRATOD e o serviço foi
dependência de álcool e crack. Poucos indivíduos contemplado com o recebimento gratuito das me-
foram provenientes de outros serviços SUS, e os dicações utilizadas, que até então precisavam ser
que já haviam feito algum tratamento, relataram adquiridas com recurso dos próprios usuários. Hoje
ter realizado em serviço privado, o que demonstra o grupo recebe, em média, 50 usuários por semana,
a necessidade de fortalecimento da rede de atenção distribuídos entre os dois horários. A equipe mul-
psicossocial e um direcionamento do cuidado base- tiprofissional que compõe a coordenação do grupo
ado em evidências científicas e nas necessidades figura-se enquanto aspecto central para o sucesso
das pessoas. do mesmo: agente de saúde, médico e profissional da
saúde mental (terapeuta ocupacional ou psicólogo,
PARE DE FUMAR FUMANDO: RELATO DE UMA integrantes da equipe, são um diferencial da Atenção
EXPERIÊNCIA EM GRUPO NA ATENÇÃO BÁSICA- Primária em Campinas) participam de todos os en-
-PRIMÁRIA EM CAMPINAS/SP contros, enquanto outros técnicos permanecem na
Mariana Rossi Avelar / Avelar, M. R. / Prefeitu- retaguarda, como o farmacêutico. Além disso, existe
ra Municipal de Campinas - Centro de Saúde Jd. parceria entre Secretaria de Saúde e Universidade,
Ipaussurama; Rafaela de Oliveira Lisboa / Lisboa, o que garante a participação de acadêmicos em for-
R. O. / Prefeitura Municipal de Campinas - Centro mação em nosso grupo. Atuar com pessoas as quais
de Saúde Jd. Ipaussurama; Vanderléia Pereira sofrem com o uso e dependência de substâncias
Silva dos Santos / Santos, V.P.S. / Prefeitura Mu- pode ser terreno arenoso, visto que isto configura-se
nicipal de Campinas - Centro de Saúde Jd. Ipaus- enquanto intenso sofrimento, inclusive pelo fato de
surama; Ana Aparecida Brigatti de Paula / Paula, muitos dos usuários procurar ajuda por problemas
A.A.B. / Prefeitura Municipal de Campinas - Cen- de saúde, decorrentes dos vários anos desta práti-
tro de Saúde Jd. Ipaussurama; ca. Com o tempo e esforço da equipe, foi possível
Na contemporaneidade, o uso de tabaco se mantém especializar-se no cuidado e afirmar o acolhimento
enquanto importante problema de saúde pública, dos participantes, oferecendo escuta qualificada e
destacando-se a elevação de seu uso nos países em empoderamento da pessoa enquanto figura ativa no
desenvolvimento. No Brasil, uma história diferente seu tratamento.
se desenha a partir do momento no qual o Ministério
da Saúde aposta em medidas de prevenção e trata- PERCEPÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE
mento para com os usuários desta substância. Ao SAÚDE SOBRE OS USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OU-
articular parcerias com as Secretarias estaduais e TRAS DROGAS
municipais, passam a vigorar, em diversos serviços, Fátima Ayres de Araujo Scattolin / Scattolin,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 23
F.A.A. / PUC-SP; Larissa Sandy Carvalho Teles / Transtornos relacionados ao uso de substâncias,
Teles, L.S.C. / PUC-SP; Emilene Hessel / Hessel, E. Unidades Saúde da Família.
/ PUC-SP;
Introdução: Os Agentes Comunitários de Saúde POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO AO USUÁRIO
(ACS) estão em contato direto e diário com os proble- DE DROGAS E ATENÇÃO BÁSICA: UMA REVISÃO
mas relacionados ao uso e abuso de drogas lícitas e DA LITERATURA
ilícitas. Eles representam o elo entre a comunidade Karen Batista / Batista, K. / Fundação Municipal
e os serviços de saúde. Na condição de moradores de Saúde de Rio Claro e UFSCar; Bernardino Geral-
do bairro onde atuam mantém uma convivência do Alves Souto / Souto, B. G. A. / UFSCar;
dinâmica com a realidade a sua volta. Objetivos: Introdução: O uso abusivo de drogas permeia
conhecer o perfil dos ACS das USF do município de questões de natureza sociocultural, ética, jurídica,
Sorocaba; identificar a percepção e as formas de econômica e de saúde pública, o que demanda polí-
intervenção desses profissionais com relação ao ticas assistenciais específicas. Objetivo: Discutir
uso e abuso de drogas no território. Metodologia: as políticas brasileiras de saúde para usuários de
Trata-se de um estudo exploratório de natureza drogas e o envolvimento da atenção básica. Método:
qualitativa. Foram utilizados como instrumentos Revisão narrativa da literatura contemplando leis,
de coleta de dados: questionário de identificação portarias e artigos científicos da área. Resultados:
e perguntas abertas. A pesquisa foi aprovada pelo Até a década de 1990, o que havia eram práticas
Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas repressoras, excludentes e institucionalizantes de
e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de usuários de drogas. A Lei 10.216/2001 estabeleceu
São Paulo (PUC-SP). Os dados foram analisados pela que o objetivo terapêutico em saúde mental deve ser
técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados: a reinserção social do sujeito e a lei 11.346/06 descri-
Participaram do estudo 64 ACSs, 98,4% mulheres, minalizou o uso de drogas. Isso possibilitou a cria-
com média de idade de 36 anos, 85,9% casados. A ção dos CAPS-AD e a adoção de práticas de cuidado
média de escolaridade foi de 11,2 anos de estudo, e voltadas à reabilitação, à autonomia e à reinserção
estavam na profissão em média há 4,7 anos. Os da- social de usuários de drogas apoiadas pela Política
dos foram agrupados em 5 categorias: a droga é um do Ministério da Saúde para Atenção Integral aos
dos maiores problemas do bairro, a identificação do Usuários de Álcool e outras Drogas instituída em
usuário, as intervenções, o preparo/capacitação para 2004. Essa estratégia contempla a redução de da-
as intervenções. Conclusão: Os ACSs consideram o nos e valoriza a articulação com a atenção básica.
tráfico de drogas como um dos maiores problemas Em 2011, a portaria ministerial 3088/1 instituiu a
que atinge a sociedade. No entanto, sentem a falta Rede de Atenção Psicossocial e preconizou práticas
de capacitação para intervenções efetivas com os de cuidado territorializadas e controle social sobre
usuários. As situações vivenciadas no cotidiano a assistência por parte dos usuários e familiares.
de suas relações sociais e profissionais os levam a Tais propostas foram reforçadas pela Política Na-
representar o problema como um fenômeno ligado cional de Atenção Básica de 2012 que atribuiu ao
à violência e ao medo, mas, entendem que as ações nível primário a responsabilidade de também cuidar
devem ser desenvolvidas com a permissão e partici- de usuários de drogas em parceria com os CAPS-
pação do usuário e que a postura do profissional deve -AD. A literatura discute que o uso de drogas não
ser, primordialmente, compreensiva e inclusiva. A deve ser compreendido fragmentado da realidade
percepção dos ACSs vem ao encontro do movimento onde vivem essas pessoas. Porém os estudos têm
proposto pela Redução de Danos, ou seja, o sucesso mostrado que os profissionais da atenção básica se
de uma intervenção não deve seguir a lei do tudo ou sentem despreparados e suas atuações e concepções
nada”. Quando a abstinência não for uma alternativa se limitam a encaminhamentos e aconselhamen-
possível, é preciso buscar formas de reduzir os danos tos superficiais, associação do uso de drogas com
e melhorar a saúde e a qualidade de vida dos usuá- práticas anti-sociais, crença no combate ao tráfico
rios. Palavras-chave: Agente Comunitário de Saúde, via ação policial, responsabilização do usuário por

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 24
sua recuperação, expectativa de abstinência como recaídas após internações anteriores. Verificaram-se
possibilidade terapêutica, estigma e exclusão do relatos de sentimentos de vergonha e incapacidade
usuário. Em contraposição, em 2013, o projeto minis- pelo fato de não conseguirem lidar com a adição
terial Caminhos do Cuidado ofereceu qualificação nem superá-la sem ajuda. As principais diferenças
em saúde mental para todos agentes comunitários observadas entre as internações em HGs, HEs e CTs
de saúde, técnicos e auxiliares de enfermagem da foram o período de permanência, mais curtos em
atenção básica. Conclusão: A sociedade vem quali- HG e em HE, a falta de tratamento psiquiátrico e a
ficando sua visão sobre uso de drogas nos últimos proibição de visitas nas CTs. Nestas, o procedimento
15 anos e instituiu estratégias para o acolhimento habitual é um programa de base espiritual, sendo a
humanizado de usuários de drogas, onde a atenção manutenção da limpeza e preparo da alimentação
básica de saúde ganhou destaque para a reabilitação dever dos internos, sob a denominação de labor-
psicossocial desses sujeitos. terapia. Os internos em HE (todos filantrópicos e
espíritas) também referiram atividades religiosas
RELATOS DE INTERNOS POR ABUSO DE DROGAS na rotina. A maioria dos internos valorizava muito
DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO a terapia ocupacional como meio de expressão e de
Maria de Lima Salum e Morais / Morais, M.L.S. / ocupação. Nem todas as instituições tinham como
Instituto de Saude; Tereza Etsuko da Costa Rosa rotina encaminhar os egressos para tratamento
/ Rosa, T.E.C; / Instituto de Saude; Marisa Fe- ambulatorial especializado em seu território de
ffermann / Feffermann, M. / Instituto de Saude; moradia e fazer qualquer tipo de acompanhamento
Carlos Tato Cortizo / Cortizo, C.T. / Instituto de dos egressos. Conclusões. Embora necessárias em
Saude; Siomara Roberta de Siqueira / Siqueira, momentos de crise mais duradoura, as internações
S.R. / Instituto de Saude; não se revelaram eficazes como tratamento para a
Objetivo. O trabalho visou a verificar a percepção recuperação da drogadição nem paras a (re)inserção
de pessoas internadas em hospitais e comunidades social dos internos, tendo sido principalmente um
terapêuticas por uso problemático de drogas acerca meio de afastá-los do contato com as drogas.
de sua relação com as substâncias, assim como sua
avaliação da internação atual e de efeitos de interna- REPRESENTAÇÃO SOCIAL E PREVALÊNCIA DO TA-
ções passadas. Método. A abordagem do estudo foi BAGISMO EM MULHERES PROFISSIONAIS DO SEXO
qualitativa, mediante entrevistas semiestruturadas Ligia Lopes Devóglio / Devóglio, L.L. / Faculdade
com 18 pessoas internadas (12 homens e seis mu- de Medicina de Botucatu - UNESP; Maria Helena
lheres) em Hospitais Gerais (HG) e Especializados Borgato / Borgato, M.H. / Faculdade de Medicina
(HE) e em Comunidades Terapêuticas (CT) situados de Botucatu - UNESP; Ilda de Godoy / Godoy, I. /
em diferentes regiões do estado de São Paulo. A Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP;
idade dos entrevistados variou de 18 a 52 anos, e a Introdução: Atualmente, o tabagismo deixou de ser
faixa etária predominante foi de 30 a 36 anos. Ter considerado um hábito e passou a ser visto como
ao menos uma internação anterior foi requisito para uma doença, uma epidemia, que pode ser comple-
que a pessoa fosse incluída no estudo. Resultados. tamente evitável. Conhecer o perfil dos usuários
Constataram-se tanto internações voluntárias quan- é fundamental para planejar ações de prevenção
to aquelas por iniciativa das famílias – compulsórias mais eficazes em determinadas populações, como
(mediadas pelo Judiciário) ou não. Em geral, os en- é o caso das profissionais do sexo (PS). Objetivo:
trevistados referiram o uso de múltiplas drogas, de Analisar a Representação Social do tabagismo para
acordo com a disponibilidade e facilidade de acesso as mulheres profissionais do sexo e sua prevalência.
às substâncias. Passados os primeiros dias de inter- Métodos: Estudo descritivo desenvolvido em duas
nação, independentemente do local em que estavam etapas (etapa I – estudo quantitativo; etapa II – estu-
internados, relataram sentir-se protegidos pelo fato do qualitativo). Participaram do estudo as mulheres
de estarem afastados do contato com a droga. Referi- PS que atuam no município de Botucatu (SP). Foram
ram alternâncias entre períodos de abstinência e de aplicados os formulários referentes à etapa I em 83

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 25
mulheres PS e referente à etapa II, foram realizadas Caracterização do Problema: A Cidade da Praia,
entrevistas semi-estruturadas apenas com as mulhe- capital de Cabo Verde/África, tem como um dos
res tabagistas, correspondendo a 59 mulheres. Os desafios na atenção à saúde o uso abusivo de alcool
dados foram sistematizados pelo Discurso do Sujeito e outras drogas. Os serviços de atenção primária, a
Coletivo e o referencial teórico utilizado foi a Teoria principal rede de atenção à saúde já instalada, pre-
das Representações Sociais. Resultados: A idade cisa desenvolver estratégias e novas tecnologias de
média foi de 26,8 anos, 94% vivem sozinhas, entre as como abordar esse problema, uma vez que a organi-
participantes 71,1% são fumantes e 6% ex-fumantes, zação dos serviços de Saúde Mental é incipiente. A
89,2% fazem uso de bebida alcoólica e 51,8% fazem expeiência relatada a seguir fez parte do Programa
uso de algum tipo de droga. Das entrevistas, emergi- de mobilidade internacional entre universidades de
ram quatro categorias: 1) Representação Química e países de língua portuguesa (CAPES AULP) com a
Psicológica do Tabagismo: Foram incluídas as falas participação de estudantes e docentes da Universi-
que se referiram sobre as relações entre a depen- dade Estadual Paulista/UNESP e da Universidade de
dência gerada pelo cigarro, a sensação de prazer e Cabo Verde/UNI-CV. Descrição: A missão de estudo
de abstinência e os aspectos psicológicos, o cigarro composta por docentes e graduandos do curso de
visto como forma de alívio em diversos sentimentos Enfermagem da UNICV ocorreu entre abril e maio
e a sensação de controle sobre a dependência. 2) de 2015, em Botucatu/SP/ Brasil, com apoio e su-
Representação Social do Tabagismo: A convivência pervisão de equipe da Saúde Coletiva da UNESP. As
com fumantes, o uso de bebida alcoólica e drogas atividades foram: visitas, entrevistas e participações
ilícitas, como fatores que influenciam o consumo, supervisionadas em serviços de Saúde Mental dir-
o cigarro como um companheiro e aliado na perda gidos ao tratamento e desintoxicação de síndromes
de peso. 3) Contradições entre o tabagismo e a pro- de abstinência, adesão ao tratamento e reinserção
fissão: Falas contraditórias sobre a influência da social e familiar de pessoas com dependência ao
profissão no consumo do tabaco. 4) Contradições uso de alcool e outras drogas. Lições Aprendidas: as
do consumo do tabaco: Engloba fatores positivos entrevistas e participações em serviços como: CAPS-
e negativos sobre o cigarro, que podem auxiliar a -AD, SARAD, ambulatório de álcool da FMB|UNESP,
cessação, a representação de sucesso seguida da e associações e oficinas terapêuticas municipais,
dependência e o dinheiro gasto com o consumo. estaduais e de ONG, permitiram conhecer a orga-
Conclusão: As representações sociais do tabaco em nização de uma rede assistencial em saúde mental,
profissionais do sexo se mostram relacionadas, em e vivenciar o valor da comunicação entre os vários
primeiro momento à construção de uma prática de serviços e níveis de atenção, ultrapassando os limi-
sucesso, historicamente construída, assim como tes do atendimento hospitalocêntrico. A experiência
favorecidas por aspectos inerentes ao estilo de vida com diferentes modalidades de atenção em grupo,
das PS, como ansiedade, tristeza, uso abusivo de oferecendo aos participantes a oportunidade de criar
drogas ilícitas e álcool. espaços de convivência, favoreceu o aprendizado
de técnicas que abordam desde reflexões com par-
USO ABUSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS: tilha de experiencia, até de incentivo a inclusão no
ESTRATÉGIAS DA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA QUE mercado de trabalho, formal ou informal. Além dos
PODEM SER ADAPTADAS PARA A REALIDADE DE benefícios das atividades em grupo, essa abordagem
CABO VERDE diferencia-se pela capacidade de comunicação entre
profissional/utente, e por exigir poucos recursos
Dulce de Jesus Pires Correia / Correia, D.J.P. / UNI-
materiais, requerendo recursos humanos capacita-
CV - Universidade de Cabo Verde; Odete Andrade
Mota / Mota, O.A. / UNICV - Universidade de Cabo dos como principal investimento. Recomendações:
Verde; Patricia Rodrigues Sanine / Sanine, P.R. / Apesar da necessidade de adaptações e capacitação
UNESP; Elen Rose Lodeiro Castanheira / Casta- de profissionais, a vivência adquirida favoreceu
nheira, E.R.L. / UNESP; aprendizados e a percepção de que há estratégias

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passíveis de serem aplicadas nos serviços de aten- 29 são usuárias de drogas lícitas e ilícitas. Referir
ção primária de Cabo Verde, além da implantação cor branca prevaleceu 45%, a idade média foi de 31
de serviços especializados no cuidado integral e anos, ensino médio completo e incompleto tiveram
continuado do uso abusivo de álcool e outras drogas. 22,5%. Quanto a violência infantil, 61% relataram,
destas, 84% sofreram violência física, 63% violência
VIOLÊNCIA E VULNERABILIDADE DE MULHERES psicológica e 42% violência sexual. Todas sofreram
QUE ABUSAM DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS violência na fase adulta, sendo que 93% violência
Flávia de Castro Caixeta; Yonara Vieira Silva; Ro- física, 90% violência psicológica e 42% violência se-
selma Lucchese / Caixeta, F.C.; Silva, Y.V.; Luchese, xual. Quanto a exposição aos riscos, 80% relataram
R. / Universidade Federal de Goiás; a prática de venda ou troca de sexo por drogas, 26%
INTRODUÇÃO Mulheres com um histórico de violên- ideação/tentativa de suicídio, 58% envolvimento
cia podem abusar de drogas, no intuito de minimizar com furto/roubo/assalto, 6% praticaram homicídio,
conflitos e sofrimentos decorrentes de maus-tratos. 32% tráfico de drogas e, 55% agressão a terceiros.
O uso de drogas é um hábito que sobrepõe as chances CONCLUSÃO A mulher que abusa de álcool e outras
de tornar-se vítima, como também agressor. A vulne- drogas está exposta a violência de natureza física,
rabilidade pode ser encontrada nos riscos de danos sexual e psicológica. Relatando um histórico de
à saúde causados pela dependência química, que violência desde a infância que se perpetua e agrava
são exacerbados por fatores ambientais e sociais. na fase adulta, em decorrência da dependência
OBJETIVO Descrever os tipos de violência vivida pela química e da submissão ao agressor. As vivências
mulher dependente química e seu envolvimento em destas mulheres, aumentam a sua vulnerabilidade,
atividades que maximizam a vulnerabilidade. MÉ- visto que não há um equilíbrio entre os fatores de
TODO Estudo descritivo, realizado em uma clínica risco e os fatores de proteção. As habilidades que
feminina de reabilitação em dependência química as elas desenvolveram em busca de se adaptarem
situada no Centro-Oeste do Brasil. Foram realizadas ou enfrentarem as situações vivenciada no âmbito
31 entrevistas com mulheres que estavam sob regime do abuso de drogas são frágeis e, não exercem uma
de internação, as quais foram gravadas e transcritas real proteção. A manutenção da droga de preferência
na íntegra, passaram por análise de conteúdo, moda- conduz aos caminhos da violência, passando por
lidade temática. Este estudo foi aprovado pelo Comi- maus-tratos sexuais, psicológicos, físicos, tráfico,
tê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de exploração de serviços, que resultam em efeitos
Goiás. RESULTADOS Das 31 mulheres entrevistadas, negativos sociais e de saúde.

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Alimentação e Nutrição
A PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E ação, o que vai ao encontro da Promoção da Saúde.
SAUDÁVEL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE POR Já a terceira e quarta IC atribuem o grupo como um
MEIO DE GRUPOS EDUCATIVOS: A IMPORTÂNCIA espaço de troca, da presença do participante por
ATRIBUÍDA PELOS USUÁRIOS informação de saúde, insumo ou consulta individu-
al. E a última IC traz a desvalorização dos espaços
Fernanda Werbicky de Carvalho / CARVALHO, F.W.
coletivos, pelos usuários, segundo os entrevistados,
/ USP; Kellem Regina Rosendo Vincha / VINCHA,
que pode estar relacionada com a abordagem utili-
K.R.R. / USP; Ana Maria Cervato-Mancuso /
zada e a organização do serviço para este cuidado.
CERVATO-MANCUSO, A.M. / USP;
Conclusão: Averígua-se, por meio das IC destacadas,
Introdução: Dentre os temas prioritários da Promo-
que quando os grupos educativos são conduzidos
ção da Saúde (PS) encontra-se o incentivo de ações
por abordagens que vão ao encontro da Promoção
que promovam a alimentação adequada e saudável.
da Saúde alcança-se resultados, como as mudanças
Essa promoção é enfatizada na Atenção Primária à
na saúde dos participantes, favorecendo o empode-
Saúde (APS) dado seus princípios de integralidade,
ramento comunitário e a autonomia dos usuários.
territorialização e participação social, os quais tam-
bém estão na PS. As ações promotoras de saúde são
ALGUMAS PERSPECTIVAS PARA ATUAÇÃO DO EN-
reconhecidas pelos profissionais da saúde nos gru-
pos educativos. Assim, tem-se verificado o aumento FERMEIRO NA OBESIDADE PEDIÁTRICA: REVISÃO
da prática de grupos que abordam a alimentação e INTEGRATIVA DE LITERATURA
nutrição dentro da APS. Objetivo: Analisar a impor- Willian Ferraz Fiorentino / Fiorentino, W. F /
tância que os participantes dos grupos educativos, Universidade Paulista; Maria Fernanda Pereira
que abordam alimentação e nutrição, atribuem para Gomes / Gomes, M. F. P. / Escola de Enfermagem
a ação, segundo a percepção dos profissionais da da Universidade de São Paulo; Lislaine Aparecida
saúde. Métodos: Trata-se de uma pesquisa descri- Fracolli / Fracolli, L. A. / Escola de Enfermagem da
tiva à luz da abordagem qualitativa, conduzida na Universidade de São Paulo; Andréia Minervino dos
cidade de São Paulo. A coleta de dados deu-se por Santos / Santos, A. M. / Universidade Paulista;
meio de entrevistas semiestruturadas realizadas A obesidade é definida como um distúrbio nutri-
com profissionais da saúde da APS, coordenadores cional e metabólico caracterizado pelo aumento
de grupos educativos, sendo essas gravadas e trans- de massa adiposa no organismo, refletindo em um
critas. Foram entrevistados 22 profissionais, durante aumento de peso corpóreo, foi considerado pela
o período de março de 2013 a julho de 2014. Para a Organização Mundial da Saúde como a epidemia
análise foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito do século XXI. Todos os esforços desenvolvidos têm
Coletivo. Resultados: Neste estudo, destacam-se 5 sido ineficazes na reversão desta tendência. Tanto
Ideias Centrais (IC) da percepção dos profissionais a prevalência como a gravidade do sobrepeso tem
em relação à importância que os participantes dos aumentado de forma exponencial em todo o mun-
grupos atribuem a ação: (1) espaço de participação do. Crianças obesas permanecem adultos obesos
e pertencimento a um grupo; (2) mudança na saúde e mães obesas programam seus filhos para serem
resultante do vínculo e troca de experiências entre obesos. A obesidade representa uma das maiores
os participantes; (3) acesso à informação que pode ameaças para a longevidade humana. Considerando
resultar em mudança e/ou controle de doença; (4) que a obesidade pediátrica é um problema de saúde
acesso a medicamentos, exames e consultas médi- pública importante e que a enfermagem precisa
cas; (5) não dão importância aos grupos. Verifica-se conhecer melhor este fenômeno, esta pesquisa tem
que as duas primeiras IC remetem o grupo como uma como objetivo identificar os principais fatores que
prática social, na qual os participantes são atores da o enfermeiro deve saber para cuidar da obesidade

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 28
pediátrica. O método de pesquisa utilizado foi à re- Bahia; Isaac Suzart Gomes Filho / Gomes-Filho,
visão integrativa de literatura. A busca bibliográfica I.S. / Universidade Estadual de Feira de Santana;
foi realizada na base de dados da Biblioteca Virtual Simone Seixas da Cruz / Cruz, S.S. / Universidade
em Saúde (BVS) utilizando o Descritor em Ciências Federal do Recôncavo da Bahia;
da Saúde: Obesidade Pediátrica” no dia 05/09/2014. Introdução: A antropometria é utilizada pela Orga-
As Bases de Dados encontradas e indexadas na nização Mundial da Saúde (OMS) para a caracteri-
BVS que possuem publicações nesta temática no zação do estado nutricional de uma pessoa, sendo
Desenvolvimento desta pesquisa foram: Literatura o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) um
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde dos métodos mais empregados. O método de Atalah
(LILACS); Base de Dados de Enfermagem (BDENF) verifica o IMC através da idade gestacional, pos-
e Index Psi Periódicos Técnico-Científicos. Foram sibilitando análises relacionadas tanto à nutrição
encontrados 887 resultados, publicados no período materna, quanto neonatal. Objetivos: O objetivo
entre 1966 e 2014, dos artigos encontrados 13 foram desse estudo transversal foi estimar a prevalência
selecionados para compor a síntese. Neste estudo da inadequada condição nutricional materna e
destacam-se duas categorias de informações: 1) identificar seus fatores associados entre gestantes
Percepção e importância dos familiares no controle atendidas em unidades de saúde da Atenção Básica
e prevenção da obesidade; 2) Maus hábitos de vida, de Santo Antônio de Jesus-Bahia. Método: Participa-
obesidade infantil e doenças crônico-degenerativas. ram da pesquisa 175 gestantes, de 12 a 45 anos, com
As principais causas da obesidade infantil são os período gestacional entre 8 a 32 semanas. A coleta
hábitos alimentares inadequados conduzidos pe- foi realizada através da aplicação de questionário,
los familiares, falta de atividade física e a prática seguida da verificação de medidas antropométricas
alimentar do Brasil contemporâneo. Diante desta e cálculo do IMC, realizado de acordo com os cri-
problemática, notou-se que o profissional de En- térios de Atalah, posteriormente, essa medida foi
fermagem é uma pessoa dotada de possibilidades classificada como adequada ou inadequada. Foram
no sentido de evitar que a obesidade prevaleça na utilizados os prontuários e/ou o cartão da gestante
fase adulta. Para isso deve-se atuar com atividades para coleta de outras informações não respondidas
preventivas, juntamente com a família, no propó- pela gestante. Resultados: Dentre as participantes
sito de implementar parcerias com os membros da do estudo, 57,14% apresentaram IMC inadequado.
mesma, voltados à aquisição de saudáveis hábitos Foi observado que a proporção de gestantes com esse
alimentares. desfecho foi maior em mulheres com as seguintes
características: idade inferior a 18 anos ou maior de
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE GESTANTES 35 anos (55,56%); raça/cor preta ou parda (57,52%);
USUÁRIAS DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE nível de escolaridade inferior a 8 anos de estudo
EM SANTO ANTÔNIO DE JESUS – BA (60,87%); renda familiar menor ou igual a um sa-
Géssica Santana Orrico / Orrico, G.S / Universi- lário mínimo (60,53%). O tabagismo apresentou-se
dade Federal do Recôncavo da Bahia; Josicélia como fator associado ao IMC inadequado (Razão de
Estrela Tuy Batista / Batista, J.E.T / Universida- Prevalência = 1,42 , para um intervalo de confiança de
de Federal do Recôncavo da Bahia; Ana Claudia 95% [1,11 – 1,83]; p valor= 0,006). Outras co-variáveis
Morais Godoy Figueiredo / Figueiredo, A.C.M.G. estudadas não apresentaram associação estatística
/ Universidade de Brasília; Edla Carvalho Lima com o desfecho em questão. Conclusão: Os resul-
Porto / Porto, E.C.L. / Universidade Estadual de tados dessa investigação indicam alta frequência
Feira de Santana; Rodolfo Macedo Cruz Pimenta / de IMC inadequado entre as gestantes, além de
Pimenta, R.M.C. / Universidade Estadual de Feira evidenciar a associação entre o hábito de fumar e o
de Santana; Thainara Toletino Oliveira / Oliveira, desfecho estudado.
T.T / Universidade Federal do Recôncavo da Bahia;
Saulo Wesley Silva Lessa Vilasboas / Vilasboas, CRIANÇA NÃO GOSTA DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS
S.W.S.L, / Universidade Federal do Recôncavo da VERDADE?

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 29
Livia Casagrande Salvador / Salvador, L. C. / Uni- de Belo Horizonte, Minas Gerais. Pediatria (São
camp; Maria Carolina S. Mendes / Mendes, M. C. S. Paulo),32(1), 20-7; 2010. Who. Preventing Chronic
/ Unicamp; Diseases. A Vital Investment: WHO Global Report.
Introdução: A dieta brasileira vem se modificando Geneva: World Health Organization, 2005. pp 200.
nas ultimas décadas, afetando inclusive as crianças, CHF 30.00. ISBN 92 4 1563001
que estão consumindo cada vez mais doces, refrige-
rantes e alimentos fritos, e menos frutas, verduras e EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UM DESAFIO NA ATENÇÃO
legumes. Estão entre os cinco principais fatores de BÁSICA
risco para a carga global de doença o baixo consumo Inara Julian Gato de Morais / Morais, I.J. G. /
de frutas e hortaliças, as quais constituem parcela UNOESTE; Gabriela Furquim Caseiro / Caseiro, G.
importante da composição de uma dieta saudável. F. / UNOESTE; Giovanna Marin Lesse / Marin, G.
Sabe-se que hábitos saudáveis desde a infância L. / UNOESTE; João Victor Fuzeta Peres / Peres, J.
podem melhorar a expectativa e qualidade de vida. V. F. / UNOESTE; Lucas José Bressani de Oliveira
Levando-se em consideração o aumento da prevalên- / Oliveira, L. J. B. / UNOESTE; Nathália Nishiyama
cia da obesidade em idades cada vez mais precoces Tondelli / Tondelli, N. N. / UNOESTE; Renan Sera-
e a qualidade da dieta brasileira atual, percebe-se a fim / Serafim, R. / UNOESTE;
necessidade de estudos sobre o consumo de alimen- Obesidade é uma doença crônica caracterizada por
tos considerados saudáveis por crianças. Objetivos: acúmulo de gordura corporal, gerada por desequilí-
Avaliar a aceitação de frutas e hortaliças por crian- brio energético e influenciada por fatores genéticos
ças em idade escolar e relacionar á frequência de seu e ambientais, sendo diagnosticada e classificada se-
consumo. Métodos: Realização de atividade gusta- gundo o Índice de Massa Corporal (IMC). Os fatores
tiva em sala de aula com crianças de 6 a 12 anos de de promoção e prevenção á obesidade incluem estilo
uma escola pública de Campinas-SP. Utilizando um de vida, alimentação saudável e atividade física, que
questionário com escala hedônica mista elaborada atenuam o risco de doenças cardiovasculares. Por
pela pesquisadora foram oferecidos dois legumes conta do grande aumento dessa doença na sociedade,
(tomate e beterraba) e duas frutas (mamão e caqui) a foi detectado sobrepeso e obesidade em usuários
cada aluno. Além da classificação de cada alimento, atendidos em uma ESF e proporcionado prevenção
as crianças deveriam marcar quais desses alimentos dos fatores de risco através de reeducação alimentar
consumiam frequentemente. Resultados: Houve por meio do planejamento estratégico situacional
uma boa aceitação destes alimentos pelas crianças (PES). Este relato demonstra ações educativas com
embora seu consumo em casa fosse escasso. Os a população atendida na ESF, enfocando presença
alimentos mais bem aceitos foram os que estão de sobrepeso e obesidade. Os participantes foram
mais presentes na dieta das crianças. Conclusões: escolhidos por meio da territorialização e visitas
Através deste trabalho observamos que ao contrário dos agentes comunitários de saúde (ACS). As ativi-
do que muitos pensam, as crianças gostam de comer dades ocorreram em 04 encontros que abordaram:
alimentos saudáveis, só precisam de incentivo e alimentação saudável, diferenças entre diet e light,
acesso a estes. Modificações positivas nos hábitos rotulagem, confecção de sal de ervas e atividade
de vida do individuo em idade escolar, como corrigir física. As ações foram realizadas por acadêmicos
hábitos alimentares errados e incentivar a pratica previamente treinados e por nutricionista, com afe-
de atividade física podem gerar mudanças que vão rição de pressão arterial, cálculo de IMC e medida de
repercutir ao longo de toda vida. Referências: De circunferência abdominal. De acordo com as neces-
Fragas Hinnigi, P., & Bergamaschi, D. P. Itens ali- sidades de cada usuário foi oferecido um plano ali-
mentares no consumo alimentar de crianças de 7 mentar personalizado, sendo acompanhado a cada
a 10 anos. Rev Bras Epidemiol, 15(2), 324-34. 2012. encontro. No primeiro encontro, compareceram 25
Carvalho, A. P. D., Oliveira, V. B. D., & Santos, L. C. D. integrantes dos quais 12 eram obesos (48%), 02 com
Hábitos alimentares e práticas de educação nutri- sobrepeso (8%) e 10 pessoas com IMC normal (40%).
cional: atenção a crianças de uma escola municipal Na segunda reunião compareceram 17 pessoas das

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 30
quais 09 eram obesas (53%), 01 com sobrepeso (6%) Malnutrition, Child Nutrition Disorders, Nutrition
e 07 com peso ideal (41%). Já na terceira, comparece- Disorders, Deficiency Diseases e Anemia combina-
ram 11 participantes, 07 são obesos (64%) e 04 (36%) dos com descritores referentes a povos indígenas:
apresentam peso normal. Ocorreu ainda um quarto Indigenous Population, Indians, Native People e
encontro com a presença de 15 integrantes. Devido South American Indians com a utilização do boo-
a heterogeneidade e frequência dos participantes leano OR ou AND. Os critérios de inclusão foram:
comparou-se impacto das atividades em relação ao disponibilidade de consulta de artigos através da
primeiro encontro, onde 13 pessoas apresentaram web na íntegra, publicados na última década (2001-
redução do peso corporal (52%) e 02 ganharam peso 2011), no idioma português ou inglês e que fossem
(8%), ou seja, as ações foram efetivas. O presente estudos com desenhos do tipo coorte, longitudinal e
trabalho proporcionou educação da população e transversal. Os sujeitos analisados foram crianças
melhora da qualidade de vida, evidenciados pela de zero a cinco anos avaliadas por meio de medidas
redução de peso e pelas avaliações dos profissionais antropométricas. Foram excluídos as teses, disser-
da unidade. E além disso, troca de experiências entre tações e revisões de literatura bem como os artigos
a unidade e usuários, evidenciando o vínculo dos que se repetiram nas diferentes bases de dados ou
usuários. Sendo assim, este grupo terá continuida- mesmo aqueles repetidos quando as palavras cha-
de proporcionada por outros acadêmicos que irão ves foram variadas. Observou-se que ao longo dos
integrar a ESF no próximo semestre. últimos anos houve um aumento nas publicações
de artigos científicos com a população indígena no
ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS INDÍGENAS Brasil, evidenciando a importância e o interesse de
NO BRASIL estudiosos da área da saúde sobre a temática. Este
Tainara Angélica Matsui Arakaki Dias / Dias, fato pode ser devido os dados alarmantes de déficits
T.A.M.A. / UFGD; Thalise Yuri Hattori / Hattori, nutricionais em relação ao índice estatura/idade e
T.Y. / UNEMAT; Josué Souza Gleriano / Gleriano, peso/idade bem como uma alta prevalência de ane-
J.S. / UNEMAT; Ana Cláudia Pereira Terças / Ter- mia que trouxeram como consequência, grandes
ças, A.C.P. / UNEMAT; Vagner Ferreira do Nasci- índices de morbimortalidade, principalmente entre
mento / Nascimento, V.F.N / UNEMAT; Angélica as crianças menores de cinco anos. Os estudos apre-
Pereira Borges / Borges, A.P. / UNEMAT; Juliana sentados foram pontuais e específicos (etnia, tempo)
Benevenuto Reis / Reis, J.B. / UNEMAT; Maria sendo necessário a realização de mais estudos que
Cristina Corrêa de Souza / Souza, M.C.C. / UFGD; busquem mais informações para poder subsidiar
A situação alimentar e nutricional dos povos indí- discussões sobre o estado de saúde dessa população
genas brasileiros têm sido apontada como um dos e orientar o planejamento de ações específicas para
temas prioritários das investigações que buscam a melhoria da saúde e prevenção dos riscos nutricio-
reduzir a mortalidade infantil. Os estudos relacio- nais e infecciosos.
nados à avaliação nutricional são fundamentais
na compreensão do papel exercido pelos fatores GRUPO EMAGRECENDO COM SAÚDE: RELATO DA
sócio-ambientais sobre as condições de vida, saúde EXPERIÊNCIA DA INTERVENÇÃO NUTRICIONAL NA
e nutrição destes povos. Objetivou-se-se analisar ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM ITAIPU-
os artigos com a temática estado nutricional das LÂNDIA- PARANÁ
crianças indígenas menores de cinco anos no Brasil Silvane Groth lange / Lange, S.G. / Prefeitura Mu-
na última década. Tratou-se de uma pesquisa des- nicipal de Itaipulândia; Patricia Trevisan / Trevi-
critiva, de revisão sistemática da literatura. Foram san, P. / Prefeitura Municipal de Itaipulândia;
utilizados como bases de dados bibliográficos da Em decorrência das recentes mudanças no padrão
BVS sendo elas: SCIELO, LILACS, MEDLINE além de consumo alimentar, caracterizado por uma dieta
do banco de dados da PUBMED. Foram utilizados rica em alimentos de alta densidade energética,
para as buscas os seguintes descritores: Nutritio- com alto consumo de gorduras e açucares e baixo
nal Status, Nutrition Assessment, Anthropometry, consumo de frutas, verduras e legumes, tem sido

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 31
observado um aumento na prevalência da obesidade T. / UFRB; Ludineia Lirio Barreto / Barreto, L. L. /
e de outras doenças crônicas não transmissíveis UFRB; Edla Carvalho Lima Porto / Porto, E. C. L. /
(Philippi et al, 2009). Nesse sentido o setor de nu- UEFS; Rodolfo Macedo Cruz Pimenta / Pimenta, R.
trição verificou a necessidade de oferecer a opor- M. C. / UEFS; Ana Claudia Morais Godoy Figuei-
tunidade de mudança de hábitos alimentares e de redo / Figueiredo, A. C. M. G. / UNB; Isaac Suzart
vida, redução de peso e controle de doenças crônicas Gomes Filho / Gomes-Filho, I. S. / UEFS; Simone
não transmissíveis através do Grupo Emagrecendo Seixas da Cruz / Cruz, S. S. / UFRB;
com Saúde. Foram realizados encontros semanais Introdução: A deficiência de vitamina A (DVA) é defi-
e quinzenais durante três meses, com um grupo de nida quando as concentrações desse nutriente, nos
20 pessoas, contando com o apoio de uma equipe tecidos, são suficientemente baixas para produzir
multiprofissional (nutricionistas, fonoaudióloga, consequências adversas à saúde. Tais carências die-
psicóloga, estagiaria de psicologia, dentista, fisio- téticas podem ter consequências ainda, mais graves
terapeuta, educador físico, técnica de enfermagem no período gestacional e de lactação. Objetivos: O
e médico). Em cada encontro foi realizada avaliação presente estudo tem como objetivo estimar a preva-
nutricional, aferição de pressão arterial, teste rápido lência e os fatores associados de hipovitaminose A,
de glicemia e alongamentos. Foram abordados temas em gestantes usuárias de serviços públicos de saúde,
relacionados à reeducação alimentar e mudança no em Santo Antônio de Jesus – BA. Método: Estudo
estilo de vida. Este projeto vem sendo desenvolvido transversal desenvolvido com 76 gestantes acompa-
desde o inicio de 2014 no Município de Itaipulândia/ nhadas em Unidades de Saúde da Família que fazem
PR na atenção básica. Os resultados encontrados assistência pré-natal no município supracitado. As
demonstraram redução de peso nos quatro grupos: gestantes foram classificadas quanto a presença de
no primeiro grupo obteve-se uma redução de 5,4 kg/ DVA pela dosagem do retinol sérico, de acordo com
pessoa, representando 6,1% do peso médio inicial, o critério da Organização Mundial de Saúde (OMS)
no segundo grupo a redução foi de 2,7 kg/ pessoa, que considera o valor do retinol sérico menor que
representando 3,4 % do peso médio inicial, no ter- 0,20 mg/L. A coleta de dados incluiu a aplicação de
ceiro grupo a redução foi de 4,1 kg/pessoa sendo um formulário e posterior coleta de sangue para
5,1% do peso médio inicial e no quarto grupo houve dosagem de retinol sérico. A pesquisa foi aprovado
uma redução de 5,5 kg/pessoa representando 6,1 pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
% do peso médio inicial. Considerando o conjunto Estadual de Feira de Santana, conforme determi-
de dados obtidos sugere que houve uma melhora nação da Resolução 466/12 do Conselho Nacional
significativa no que tange ao controle da pressão de Saúde. Resultados: Os achados principais deste
arterial, glicemia, além da redução objetiva do peso e estudo mostram uma prevalência de 13% de DVA
mudança no consumo alimentar. Todos os pacientes materna. Entretanto, não sinalizam para nenhuma
declararam-se muito satisfeitos com a metodologia associação estatisticamente significante entre as va-
de trabalho, indicando um resultado positivo da in- riáveis estudadas e a DVA. Ainda assim, foi possível
tervenção nutricional, independente do fator tempo. observar que houve uma maior ocorrência de DVA
Conclui-se que o Projeto Emagrecendo com Saúde no grupo de mulheres com as seguintes caracterís-
têm alcançado resultados satisfatórios e deve ser ticas: renda familiar menor que 2 salários mínimos,
contínuo, conforme sugestão da literatura, até que número de pessoas no domicílio igual ou superior
estejam consolidados todos os aspectos que envol- 4, número de filhos >2 , início do pré-natal no 2º ou
vem o tratamento e a manutenção do peso. 3º trimestre, falta de planejamento da gravidez,
hipertensão arterial, infecção urinária, ausência de
HIPOVITAMINOSE A MATERNA EM GESTANTES vacinação antitetânica e hábito de fumar durante a
EM GESTANTES DE SANTO ANTONIO DE JESUS-BA gestação. Conclusão: Tendo em vista a redução da
Isa Matos Costa Vilas Boas / Vilas Boas, I.M.C prevalência estimada, sugerem-se ações periódicas
/ UFRB; Géssica Santana Orrico / Orrico, G. S. / para diagnóstico e, posterior, suplementação de
UFRB; Josicélia Estrela Tuy Batista / Batista, J. E. vitamina A no grupo estudado.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 32
O (AUTO)CUIDADO NUTRICIONAL DE DIABÉTICOS dos indivíduos. Os usuários referem a importância
E/OU HIPERTENSOS MORADORES DE UMA REGIÃO da participação nos grupos educativos oferecidos
DE ELEVADA VULNERABILIDADE pelos serviços. Conclusão A alimentação se insere
Raira Pagano / P, R. / Unifesp; Maria Fernanda como uma importante estratégia de autocuidado,
Petroli Frutuoso / Frutuoso, M.F.P. / Unifesp; mas também como um desafio diante das condutas
restritivas dos profissionais de saúde.
Introdução A hipertensão arterial sistêmica e a
diabetes mellitus são doenças crônicas não trans-
missíveis de elevada prevalência e a não adesão
PERFIL DE HÁBITOS ALIMENTARES DE ESCOLARES
ao tratamento pode levar à complicações com DO ENSIMO MÉDIO DO MUNICÍPIO DE CERES/GO
elevados custos diretos e indiretos para a saúde Priscilla Rayanne e Silva Noll / Noll, P. R. S. /
pública evidenciando a importância do autocuidado Instituto Federal Goiano; João Luís Ribeiro Neto
e envolvimento do individuo e família no processo / Ribeiro Neto, J. L. / Instituto Federal Goiano;
terapêutico. Objetivos Discutir as percepção sobre Amanda Carine Oliveira Silva / Silva, A. C. O.
alimentação e o (auto)cuidado alimentar de dia- / Instituto Federal Goiano; Edivan dos Santos
béticos e/ou hipertensos. Métodos Esse trabalho Moreira / Moreira, E. S. / Instituto Federal Goiano;
é recorte do Programa de Educação pelo Trabalho Angelo Rodrigues da Silva Neto / Silva Neto, A. R.
Rede de Atenção às Urgências e Emergências rea- / Instituto Federal Goiano; Matias Noll / Noll, M. /
lizado em uma região de elevada vulnerabilidade Instituto Federal Goiano;
de Santos, SP. Foram levantados os usuários com Introdução: os hábitos alimentares estão relaciona-
glicemia descompensada e/ou pressão arterial (PA) dos à saúde dos escolares, visto que são fatores de
elevada que deram entrada no Pronto Socorro (PS) risco para o desenvolvimento de Doenças Crônicas
da região na primeira semana de Novembro de 2014, Não Transmissíveis. Portanto, inicialmente, é es-
bem como os usuários que descompensavam com sencial avaliar os hábitos alimentares, para que tais
frequência, segundo relato dos agentes comuni- informações subsidiem o planejamento de ações de
tários de saúde em três equipamentos de atenção saúde, já que hábitos formados na infância e adoles-
básica do projeto. Foram aplicados questionários e cência tendem a permanecer na vida adulta. Objeti-
entrevista semiestruturada com esses usuários vi- vo: descrever os hábitos alimentares de escolares do
sando abordar aspectos do autocuidado envolvendo Ensino Médio do município de Ceres, a partir de um
a alimentação. Resultados Dos dados do PS, 5,4% fo- estudo epidemiológico. Método: trata-se de um es-
ram atendimentos por diabetes descompensada e/ou tudo epidemiológico transversal, realizado com 827
PA elevada. Foram aplicados 66 questionários, sendo escolares adolescentes, de 14 a 19 anos, que frequen-
a maioria do sexo feminino e baixa escolaridade. A tam o Ensino Médio do Município de Ceres. O proje-
alimentação inadequada foi apontada como uma das to foi aprovado pelo Comitê de Ética do IF Goiano.
razões as quais os indivíduos acreditam influenciar Utilizou-se o questionário da Pesquisa Nacional de
descompensação da glicemia e PA junto a aspectos Saúde do Escolar (PENSE), desenvolvido pelo IBGE,
emocionais, uso incorreto de medicamento e se- contendo perguntas acerca de hábitos alimentares,
dentarismo. A principal estratégia de autocuidado com alimentos marcadores de alimentação saudável
registrada pelos usuários foi o uso de medicação, e não saudável. Os dados foram analisados no SPSS
embora os indivíduos façam referência ao controle 20.0, a partir de estatística descritiva. Resultados:
alimentar, enfatizando as dificuldades em realizar demonstrou-se que 44,1% dos escolares consumi-
uma dieta restritiva, comumente prescrita por ram café da manhã diariamente, caracterizando
profissionais da saúde. Restrição de carboidratos um hábito inadequado da maioria dos escolares. O
simples, sal e gordura foram citadas com frequência consumo diário do almoço e do jantar foi apontado
como orientações comuns para diabéticos e hiper- por 89,2% e 54,8% dos escolares respectivamente.
tensos. Muitos relatos demonstram dificuldades em Já os lanches, intermediários as refeições supracita-
seguir as orientações por restringirem o consumo das foram relatados por 17,4% dos escolares, sendo
de alimentos de acordo com a preferência e cultura o lanche mais consumido o vespertino. Em relação

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 33
aos marcadores de alimentação saudável, apontou- 8,9% dos escolares. Conclusão: observou-se que o
-se baixo consumo diário de feijão (59,4%), arroz e consumo de alimentos considerados marcadores
massas (65,1%), verduras (36,8%), frutas e sucos de alimentação saudável (feijão, arroz e massas,
(16,5%), leites e iogurtes (26,3%), tendo em vista que verduras, frutas e sucos, leites e iogurtes) está
os mesmos deveriam ser ingeridos diariamente. Já aquém do recomendado e o consumo de alimentos
para os marcadores de alimentação não saudável marcadores de uma alimentação não saudável
verificou-se consumo 5 dias ou mais por semana de (guloseimas e refrigerantes, além de bebidas alco-
guloseimas (45,3%) e refrigerantes (42,6%), carac- ólicas) foi frequente. Tais achados possibilitam o
terizando um preocupante consumo de alimentos planejamento de ações, com vistas à modificação
açucarados. Além disso, o consumo 3 dias ou mais de hábitos alimentares, a fim de promover saúde e
por semana de bebidas alcoólicas, foi relatado por evitar doenças.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 34
Assistência Farmacêutica
ANÁLISE DA PRESCRIÇÃO DE FÁRMACOS NÃO As razões do não acolhimento do pedido do médico
CONSTANTES DA RELAÇÃO MUNICIPAL DE ME- estão apresentadas em exemplos, das principais ca-
DICAMENTOS ESSENCIAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO tegorias farmacêuticas, considerando-se a variedade
PAULO, 2008-2013 das solicitações, todos documentados pela literatura
e extraídos dos processos de solicitações. Conclusão.
José Ruben de Alcântara Bonfim / Bonfim, J. R. A.
Faz-se recomendações para a melhoria da regulação
/ Instituto de Saúde; Aurea Maria Zöllner Ianni
da prescrição farmacológica e possíveis ajustes na
/ Ianni, A. M. Z. / Faculdade de Saúde Pública da
relação entre os formuladores e executores de polí-
USP;
ticas do município e os conjuntos dos prescritores,
Introdução. Desde 2006 a Assistência Farmacêutica
tendo como centro das preocupações a segurança do
da Coordenação de Atenção Básica da Secretaria
usuário do SUS e a melhoria do acesso a fármacos
Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP) recebeu,
com a melhor relação benefício-risco.
por ano, em média, cerca de 125 solicitações de me-
dicamentos não constantes da Relação Municipal
ATUAÇÃO FARMACÊUTICA EM CENTRO DE ATEN-
de Medicamentos Essenciais - Remume-SP, antes de
2011, e a partir deste ano 250 solicitações, demanda ÇÃO PSICOSSOCIAL
que ainda não foi objeto de estudo para se conhecer André Luiz Bigal / Bigal, A.L. / Unifesp;
de forma sistemática sua natureza e as implicações O papel do farmacêutico no Sistema Único de Saúde
quanto à regulação sob o marco do acesso racional (SUS) tem sido alvo de discussões ampliadas dentro
a fármacos. Objeto do estudo. Avaliou-se as solici- e fora dos espaços da categoria profissional. A que-
tações de produtos farmacêuticos não constantes bra do paradigma tecnicista e isolado, visando uma
da Remume-SP, de 2008 a 2013. Método. Análise de atuação que compõe a equipe multiprofissional é
documentos, segundo a prática médica com base em um constante desafio para profissionais com uma
provas científicas, de solicitação de medicamentos formação acadêmica que em sua grade curricular é
não disponíveis na Remume-SP decorrente de pres- deficiente na abordagem do sujeito e carregada de
crição médica por meio de Formulário de Justifica- conceitos técnicos e padronizados para as diversas
ção para aquisição de medicamentos não constantes áreas onde historicamente encontrou seu campo de
da Remume-SP, e oriunda de serviços da SMS-SP atuação. O presente trabalho tem por objetivo relatar
no período do estudo. Resultado. Analisou-se os a experiência vivida por um profissional farmacêu-
processos advindos de 1.174 solicitações, de 2008 tico inserido na dinâmica do serviço de um CAPS II
a 2013, que levou à não autorização de aquisição de Adulto no Município de São Paulo-SP pelo período
58,9% (N=692), pelos seguintes motivos: 1- não há de 2 anos e meio. O método utilizado será o de relato
prova suficiente na literatura, 15 (17%); 2- consta da de experiência. Enquanto Referência Técnica, os
Remume-SP, 11 (1%); 3- disponível na SES-SP, 56 (8%); atendimentos compartilhados com outras catego-
4- informação clínica insuficiente, 151 (22%); 5- forne- rias profissionais resultaram em benefícios mútuos.
cimento CACON, 10 (1%); 6- fármaco desnecessário, Os usuários foram assistidos sob a ótica interdisci-
18 (3%); 7- indicação de outro fármaco, ou outra con- plinar e os profissionais envolvidos desenvolveram
centração do fármaco solicitado, ou outro acessório, um olhar ampliado sobre a terapêutica, ensinando
ou ainda outro tratamento (cirúrgico, por exemplo), e aprendendo a aplicar seus campos de saberes
169 (24%); 8- solicitação de parecer de área técnica teóricos e práticos entre si. Através do presente re-
relacionada, 62 (9%); 9- paciente não acompanhado lato, visualiza-se um exemplo de como a integração
em serviço municipal de saúde, 12 (2%); 10- erro de da Assistência Farmacêutica em serviço de saúde
prescrição, 39 (6%); 11- não há prova suficiente na mental pode gerar benefícios diretos ao serviço e
literatura e informação clínica insuficiente, 49 (7%). ao usuário do SUS, e de forma indireta construir um

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 35
novo papel do profissional farmacêutico no serviço Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas.
público de saúde. PALAVRAS CHAVES: Serviços de UNIFESP - Campus Diadema.; Débora Cristina
Saúde Mental, Assistência Farmacêutica, Saúde Fonseca / Fonseca, D.C. / Universidade Estadual
Pública, Atenção Farmacêutica. Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Bio-
ciências de Rio Claro, Departamento de Educação;
ESTOQUE DOMICILIAR DE MEDICAMENTOS DE Introdução: Há municípios que têm avançado na
PESSOAS COM DIABETES MELLITUS (DM) qualificação dos serviços de assistência farmacêu-
Ana Paula Loch / Loch, A.P / USP; Ernani Tiaraju tica prestados à população, aumentando o efetivo de
de Santa Helena / Santa Helena, E.T. / FURB; Luís profissionais e modificando sua atuação. Objetivo:
Guilherme Gomes Geraldini / Geraldini, L.G.G. / Num momento em que se planejava a mudança de
FURB; Jalini Pavão / Pavão, J. / FURB; atuação do farmacêutico na rede pública de um mu-
O estoque domiciliar de medicamentos é composto nicípio da região metropolitana de São Paulo, esse
por todos os medicamentos que estiverem sendo projeto de pesquisa se apresentou a fim de avaliar
mantidos no domicílio, independente do uso ser as possibilidades, expectativas e dificuldades frente
contínuo ou esporádico. Este estudo procurou des- a esse novo papel, de acordo com a percepção dos
crever a composição do estoque domiciliar de medi- sujeitos envolvidos, os sete farmacêuticos da aten-
camentos de pessoas com DM insulino-dependentes. ção primária à saúde. Método: O referencial teórico
Trata-se de um estudo transversal, com amostra metodológico dialético foi a opção metodológica.
de 237 domicílios, aprovado no comitê de ética da Nesta concepção, homem, mundo e fenômeno psi-
Universidade Regional de Blumenau (nº345/2012) e cológico são entendidos como construção social e
financiado pelo Fundo de Apoio à Manutenção e ao histórica. Sendo assim, compreender as expectati-
Desenvolvimento da Educação Superior – FUMDES. vas e dificuldades dos profissionais farmacêuticos
Foram encontradas 2862 especialidades farmacêuti- e seus significados e sentidos construídos, significa
cas (média de 12,07 por domicilio). Os medicamentos analisar as condições concretas de existência desses
de uso no Sistema Cardiovascular foram os mais sujeitos, as mediações sociais e institucionais que
frequentes, 808 (28,23%), dentro deste grupo a in- vão impactando a vivência e formação, considerando
sulina NPH foi à substância encontrada com mais que também a ação do sujeito é constitutiva deste
frequência, 211 (89,02%). Quanto ao local de arma- processo. A coleta de dados foi realizada entre os
zenamento, 78 (32,91%) armazenavam a insulina anos de 2011 e 2012, em dois momentos, o primeiro
na parte interna superior da geladeira – prática não com entrevistas individuais semi-estruturadas e o
recomendada devido à proximidade do freezer – 38 segundo com a estratégia de grupo focal. Resultados:
(16,03%) na porta – prática não recomendada devido Na análise do material coletado foram eleitas seis
à exposição ao calor na sua abertura - 70 (29,54%) categorias de análises: Concepção da Atenção Far-
dentro de uma caixa de isopor fechada, impedindo macêutica, Conflitos e dificuldades, O Farmacêutico
à refrigeração adequada do medicamento e em 01 e a gestão de serviços, A Prática/fazer cotidiano,
(0,42%) domicílio a insulina estava armazenada no Possibilidade do trabalho, Necessidade de forma-
freezer. Nota-se que são necessárias ações educati- ção. De forma geral, os seis núcleos de significação,
vas em relação ao armazenamento dos medicamen- didaticamente destacados, mas significativamente
tos, principalmente quando se trata da insulina, entrelaçados, evidenciam que os profissionais far-
visto que quase 50% dos entrevistados armazenam macêuticos ainda não compreendem teoricamente
em local inapropriado e este tipo de armazenamento em que consiste a proposta de Atenção Farmacêutica
pode reduzir a eficácia do medicamento, e em longo e, consequentemente ainda não a constituíram como
prazo gerar complicações de saúde. necessidade em sua prática. Não significando essa
prática, não as convertem em um sentido particular
POSSIBILIDADES, EXPECTATIVAS E DIFICULDADES que possa mediar seu fazer cotidiano. Conclusões: A
PARA PRÁTICA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA possibilidade de implantação da Atenção Farmacêu-
Claudia Fegadolli / Fegadolli, C. / Instituto de tica na realidade estudada segue como um desafio

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para a formação e gestão do SUS, principalmente de abordagens individuais e coletivas entre a família
pelo fato dos profissionais ainda conceberem seu e a paciente C”. Buscou potencializar a família como
trabalho na perspectiva individual e clínica. Para protagonista e resgatar os vínculos perdidos devido
uma atuação consonante com a proposta em aná- a inúmeras recaídas, estando a paciente desacredi-
lise, torna-se necessário um processo de formação tada e excluída do convívio familiar. As abordagens
que re-signifique a prática de cada sujeito, mediado ora eram agendadas ora livres, estando à equipe a
pela mudança de significações enquanto categoria disposição para realizar as intervenções possíveis.
profissional. Resultados Nas primeiras abordagens com familia-
res era notório a falta de confiança no tratamento
RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE ATENDIMENTO da paciente C”. Após dois meses a paciente estava
AS FAMILIAS QUE CONVIVEM COM O CRACK melhor fisicamente e clinicamente, os familiares
Betania Furtado Serra / Serra, B.F. / Hospital Fede- em especial a mãe e um filho já estavam confiantes e
ral da Lagoa; participando do processo de reabilitação. Ao mesmo
Introdução Esse trabalho visa contribuir no atendi- tempo em que criavam-se sentimentos de esperança
mento à famílias que vivenciam com o problema da e otimismo, o medo e a insegurança com relação
dependência química em especial o crack. Relato a futuro da paciente eram frequentes . Também fo-
experiência do atendimento com paciente C” e seus ram realizadas inclusões em programas sociais e o
familiares no Hospital Federal da Lagoa, a partir resgate da cidadania através da regularização dos
do entendimento de que o uso do álcool e outras documentos. Conclusão O acolhimento compreen-
drogas não é apenas um problema do indivíduo e deu entender a paciente e sua família dentro de seu
de sua personalidade, mais sim de um conjunto de contexto social, sem julgamentos aproximando a
fatores sociais, econômicos, políticos, ambientais, equipe. Não se buscou a cura e sim a conscientização
culturais que exigem uma abordagem ampliada da paciente sobre o controle de sua vida, fazendo com
sobre a questão. Objetivo Ampliar o olhar no cuida- que a mesma conseguisse construir um projeto de
do integral, buscando maior adesão ao tratamento vida, onde a família teve papel fundamental, também
junto aos usuários que fazem o uso abusivo do crack, sendo cuidada. Palavra Chave: Intersetorialidade,
incluindo seus familiares. Metodologia Realização Família e Crack.

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Atenção Domiciliar
A IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO DE ATENÇÃO DO- em seu desempenho. Apenas 46,26% responderam a
MICLIAR (SAD) NO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA: questão aberta, sendo que, as respostas predomina-
PERCEPÇÃO DAS FAMÍLIAS ATENDIDAS ram no que tange ampliação da equipe, quantidade
Anne Karoline Cândido e Silva Bernardes / Bernar- de atendimentos, e a manutenção do cuidado. CON-
des, A. K. C. S. / UFSCar; Andrea Botossi Ciomini / CLUSÃO Os dados mostram o quanto à população vê
CIOMINI, A.B. / UFSCar; Wenderson Lelis da Silva a importância e necessidade do serviço, ressaltando
/ SILVA, W.L. / UFSCar; as solicitações de ampliação do quadro integral da
mesma. Foi possível, inclusive, identificar aspectos
INTRODUÇÃO O desenvolvimento dos municípios
que podem ser aprimorados frente à qualificação
caracterizado por menores taxas de natalidade, bai-
realizada pelos usuários, como adequação do trans-
xa mortalidade infantil e maior expectativa de vida
porte, ampliação da equipe, melhora na articulação
demonstra a necessidade de repensar e sistematizar
com as unidades básicas de referência para que
a atenção domiciliar. Em 2012, Araraquara fez a im-
assim se aprimore o trabalho em rede.
plantação do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD),
que se constitui-se por um conjunto de ações de
promoção à saúde, prevenção e tratamento de doen- ACOMPANHAMENTO DA ALTA AMBULATORIAL
ças e reabilitação, com garantia de continuidade de DE UMA UNIDADE DE SAÚDE ESCOLA (USE) DO
cuidados integrada às redes de saúde . Atualmente, o INTERIOR PAULISTA
SAD de Araraquara conta com 2 Equipes Multiprofis- Tamires Oliveira Trindade / Trindade, T. O. / Univer-
sionais compostas por médico; enfermeira; fisiotera- sidade Federal de São Carlos; Emmanuele Cristina
peuta e técnicos de enfermagem que se dividem em 2 Legori Antonieto / Antonieto, E. C. L. / Universidade
territórios, e uma Equipe de Apoio com assistente so- Federal de São Carlos; Tatiane Vieira Martins de
cial, sendo 100% do município coberto pelo serviço. Oliveira / Oliveira, T. V. M. / Universidade Federal de
Com sua recente implantação e a complexidade do São Carlos; Aline Cristina Martins Gratão / Gratão,
atendimento prestado, fez-se necessário a avaliação A. C. M. / Universidade Federal de São Carlos;
com os usuários, de forma a fazer refletir questões Caracterização do problema: A atenção básica é
relevantes quanto ao atendimento prestado e ações orientada pelos princípios de humanização, conti-
que podem ser melhoradas. OBJETIVO E METODO- nuidade, integralidade, acessibilidade, universalida-
LOGIA O objetivo é apresentar avaliação realizada de, equidade e participação social. Nesse sentido, a
pelos usuários sobre o atendimento prestado no atenção domiciliar, em especial, o acompanhamento
período de 19/06/2012 a 16/09/2014. O questionário ambulatorial pós-alta é uma atividade intrínseca ao
foi semi-aberto. As questões selecionadas avaliavam processo de trabalho das equipes de atenção básica,
o atendimento às expectativas da família, buscas de necessitando, assim, que estejam preparadas para
soluções e o desempenho da equipe, além de pedir cuidar e identificar os usuários que se beneficia-
sugestões. A entrevista foi realizada com o familiar rão dessa modalidade de atenção. Descrição: Foi
ao término do atendimento domiciliar, seja por óbito realizado um projeto de acompanhamento de alta
ou alta. RESULTADOS Das 455 famílias que foram ambulatorial na Unidade de Saúde Escola (USE) da
atendidas, 29,45% responderam o questionário. A Universidade Federal de São Carlos vinculado a dis-
escolha por respondê-lo foi voluntária e nem todos ciplina Prática Profissional do curso de graduação
se dispuseram. Os aspectos relevantes indicam que em Gerontologia com o objetivo de implementar um
96,26% dos entrevistados consideram o atendimento programa de planejamento para alta ambulatorial
do serviço satisfatório. 94,77% analisaram que as para idosos frágeis e cuidadores familiares usuá-
soluções apresentadas pela equipe são efetivas e rios da Unidade. Foi realizado o mapeamento dos
88,05% avaliaram que a equipe apresenta nota 10 idosos que necessitavam do atendimento domiciliar

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pós-alta durante o período 2014 e 2015 da Linha de conforto para o paciente e familiar. No suporte nutri-
Geriatria e Gerontologia da USE e sucedida uma cional, dado ao significado que a alimentação tem na
consulta direta aos prontuários totalizando um vida das pessoas, não apenas no aspecto físico, mas
número de 20 pacientes que necessitavam da visita. psicológico e social, pois o alimento é utilizado como
No primeiro semestre de 2015 foram realizadas três instrumento de conforto e integrante das relações
visitas, onde foram feitas 5 avaliações domiciliares, sociais, a atenção do profissional nutricionista é
sendo 3 cuidadores e 2 idosos que necessitavam do essencial. Porém numa situação de terminalidade, a
cuidado. Lições aprendidas: Apesar da precariedade nutrição nem sempre consegue exercer o seu papel
que ainda encontramos no Sistema Único de Saúde básico que é o de manter e∕ou recuperar o estado
em relação ao número de profissionais, pudemos nutricional do paciente, mas nesse contexto é ne-
perceber que a USE se apresenta como um serviço cessário considerar outros aspectos. Diante disso o
de qualidade e excelência entre a opinião dos seus objetivo foi expor a intervenção realizada pela equipe
usuários. O acompanhamento da alta ambulatorial de nutrição do Assistência Domiciliar Terapêutica
é de extrema relevância para a integralidade do Paliativa do CRT-DST∕Aids num caso clínico de pa-
indivíduo, principalmente quando o mesmo tem a ciente acometida de câncer associada a Aids. A aná-
alta e é encaminhado para outros serviços, o acom- lise do caso tomou como parâmetro a sistematização
panhamento permite um feedback a equipe e um do raciocínio clínico identificando-se os problemas/
possível retorno do paciente para atendimentos na dificuldades e potencias/facilidades para a interven-
unidade ou articulação do mesmo para a rede con- ção no processo saúde-doença. Descrição: V.C.O., 42
forme a Política Nacional de Saúde. Recomendações: anos tinha diagnóstico de desnutrição grave, com
Espera-se que este projeto possa ser inspiração para perda de peso maior que 10% em 3 meses, todas me-
outras unidades que desejam realizar este tipo de didas de dobras cutâneas abaixo do percentil 5, com
trabalho com os seus pacientes, já que o mesmo grande redução de massa gorda e massa magra. Sua
pode contribuir para o atendimento de excelência ingestão alimentar era muito baixa, limitando-se a
do indivíduo, monitoramento de resultados dos uso de suplemento via oral, vitamina de frutas, atin-
atendimentos, esclarecimentos acerca do cuidado e gindo cerca de 500 calorias diárias. Foi introduzido
das condições de saúde e atendimento continuado. uma suplementação hiper hiper, aumentado a oferta
O profissional Gerontólogo nesse caso é de extrema calórica em 500 calorias a mais ao dia e ingestão
relevância, já que esse profissional pode articular fracionada em pequenos volumes a cada hora. Porém
e conhecer os aspectos desse indivíduo de forma a aceitação foi baixíssima, tendo rejeição ao sabor
integral, humana e com equidade já que a população do suplemento, referindo náuseas e vômitos. Houve
idosa é amplamente diversa. a troca de suplementação, a paciente passou a ser
hidratada com soro glicosado a 5% (200 cal/dia), A
ASSISTÊNCIA DOMICILIAR NUTRICIONAL PALIA- ingestão alimentar baseou-se em iogurtes líquidos,
TIVA: UM CUIDADO ALÉM DA PRÁTICA CLÍNICA suplemento padrão e hidratação via oral. Conclusão
Rosa Almeida dos Santos / Santos, R.A. / CRT-DST/ e Lições aprendidas: A despeito do alto sofrimento
Aids- SP; Amélia Bezerra dosSantos / Santos, A.B. vivenciado pela paciente e seus familiares e diante do
/ CRT-DST/Aids; Rosangela Martins Conceição / quadro e do processo de terminalidade, as interven-
Conceição, R.M. / CRT-DST/Aids; ções buscaram promover conforto e priorizando suas
Caracterização do problema: O HIV∕Aids é conside- preferencias, além de melhora da qualidade de morte,
rada atualmente uma doença crônica, levando os conceito caro aos princípios de cuidados paliativos.
portadores a serem acometidos de inúmeras comor-
bidades. No que se refere aos cuidados paliativos da ATENÇÃO DOMICILIAR COMO ESTRATÉGIA DE
associação de câncer e Aids há poucos estudos. Uma FORTALECIMENTO DA REDE DE ATENÇÃO E ATEN-
vez que os cuidados paliativos se propõe a fornecer DIMENTO INTEGRAL
um suporte global, visando melhora da qualidade de Anne Karoline Cândido e Silva Bernardes / Ber-
vida, diminuindo sintomas desagradáveis, trazendo nardes, A. K. C. S. / UFSCar;

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Estudos acerca da atenção domiciliar vem ganhando dos modelos em vigor que demandam novas moda-
espaço devido a transição demográfica e epidemio- lidades de atendimento.
lógica no país. Esta modalidade de atenção possi-
bilita a humanização do atendimento; articulação ATENÇÃO DOMICILIAR DO ENFERMEIRO NA ES-
de vários pontos da rede; otimiza-se o uso de leitos; TRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
amplia a convivência familiar e representa uma Lislaine Aparecida Fracolli / Fracolli, L. A. / Escola
solução para a sobrecarga das portas de urgência. de Enfermagem da Universidade de São Paulo;
O objetivo deste estudo foi analisar a produção Maria Fernanda Pereira Gomes / Gomes, M. F. P.
cientifica acerca desta nova modalidade de atenção. / Escola de Enfermagem da Universidade de São
Fora realizada uma revisão bibliográfica. O acesso Paulo; Bruno César Machado / Machado, B. C. /
aos artigos foi através da Biblioteca Virtual de Saú- Universidade Paulista;
de, utilizando como base de dados o Scielo. Como A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorgani-
descritor foi definida as seguintes palavras chaves: zação da Atenção Básica à Saúde no País e pressupõe
serviços; atenção domiciliar e assistência domici- a visita domiciliar como tecnologia de interação no
liar. O estudo fez uso de uma abordagem qualitativa, cuidado à saúde. É uma tecnologia leve de interven-
utilizando a análise de conteúdo na modalidade de ção que possibilita a aproximação dos profissionais
análise temática tendo como referência modalidade com os determinantes do processo saúde doença no
de atenção domiciliar. Esta revisão encontra-se em âmbito das famílias.. Desta forma o objetivo desta
período de finalização, porém alguns resultados já pesquisa é avaliar a satisfação dos usuários da Es-
podem ser discutidos. Dos 22 artigos já analisados tratégia Saúde da Família do município de Assis – SP
pode-se perceber que a atenção primária têm sido na perspectiva da atenção domiciliar realizada pelos
essencial para o aprofundamento de reflexões e o enfermeiros. Trata-se de uma pesquisa quantitativa
desenvolvimento acerca da atenção domiciliar, por que busca quantificar a frequência, qualidade e sa-
ser a porta de entrada do usuário á rede de atenção e tisfação do usuário em relação à visita domiciliária
pelo modelo de estratégia de saúde da família (ESF) realizada pelos enfermeiros. O município de Assis
se desenvolver na perspectiva da descentralização, possui uma população de 100.204 habitantes e 11
regionalização e integralidade. No entanto, são pou- equipes de ESF que cobrem 37,87% da população.
cos os artigos que operacionalizam esta modalidade Do total de equipes de ESF, 10 foram selecionadas.
de atenção que não seja através da ESF. Quanto á Houve a participação de 10 usuários de cada equipe,
questão de atuação no domicilio os autores trazem totalizando 100 participantes. Uma ESF foi excluída
como fator relevantemente positivo á atuação, pois da pesquisa por se localizar na área rural. A coleta de
adentrando o domicilio pode-se obter conhecimen- dados foi realizada por meio de visitas domiciliárias
to de aspectos sociais e psicológicos essenciais com o auxílio do agente comunitário de saúde onde
para um atendimento integral. A análise até aqui foi disponibilizado questionário do tipo Likert com
realizada aponta a necessidade de estratégias e/ as opções de resposta: ótimo”, bom”, regular”, ruim”
ou serviços que atendam ás novas necessidades de e sem resposta”. A presente pesquisa foi aprovada
saúde dos brasileiros caracterizada pela tripla carga pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o número de
de doenças, e que demandam de um atendimento parecer: 788.658. Os resultados demostram que de
multiprofissional mais constante. Até o momento, uma forma geral os usuários estão satisfeitos com
pode-se concluir que, a atenção domiciliar constitui- atenção domiciliar dos profissionais da ESF e com
-se como uma rede complementar ou substitutiva ás a atenção domiciliar do enfermeiro, no entanto 22%
já existentes, por produzir cuidados que articulam dos respondentes dizem que o enfermeiro não reali-
os projetos de toda rede de atenção, da família e do za visita e 38% refere que o enfermeiro só faz visita
usuário, perpassando diversos níveis de atendimen- quando solicitado, isto demonstra que a visita domi-
to em busca do atendimento integral. É importante ciliar não faz parte da agenda de muitos enfermeiros
não perder de vista que, estamos em processo de por sobrecarga de trabalho e pela grande demanda de
construção e que são as ineficiências/incapacidades atendimentos na unidade de saúde, neste contexto

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só vão às casas da família quando sua presença é estão em unidades básicas de saúde e não passa-
solicitada deixando de trabalhar na perspectiva da ram por treinamento introdutório. Médicos em
promoção da saúde. A visita domiciliar é uma fer- maior frequência são brasileiros, sexo masculino,
ramenta importante para o trabalho do enfermeiro denominam-se brancos, solteiro, não possuem
e dos demais profissionais que atuam na ESF, pois filhos, com regime de vínculo CLT, na estratégia
permite a identificação de necessidades e problemas saúde da família, porém possuem maior vinculo
reais da população assistida considerando seu con- de tempo de serviço no município quando estão
texto de vida e saúde. Sugere-se planejar sistematica- em unidades básicas de saúde. Quanto às quatro
mente a razão/circunstância para que as demandas categorias analisadas, planejamento, priorização,
dos serviços existentes em cada unidade possa se consulta domiciliar e desenvolvimento de programa
tornar compatível com o número de profissionais. multidisciplinar de acompanhamento domiciliar em
maior prevalência enfermeiros e médicos sentem-se
AUTOAVALIAÇÃO DE ENFERMEIROS E MÉDICOS capacitados sempre para essa função. Ao estrati-
PARA A ATENÇÃO DOMICILIAR NA ATENÇÃO ficarmos por Unidades Básicas de Saúde (UBS) e
PRIMÁRIA À SAÚDE Unidades com Estratégia Saúde da Família (ESF),
Josué Souza Gleriano / Gleriano, J. S / UNEMAT; nota-se que apenas um médico e um enfermeiro
Thalise Yuri Hattori / Hattori, T. Y / UNEMAT; vinculados a UBS responderam. As justificativas
Vagner Ferreira do Nascimento / Nascimento, V. F. colocadas no questionário são de que as UBS não
/ UNEMAT; Ana Claudia Pereira Terças / Terças, A. realizam visitas domiciliarias. Encontra-se nas
C. P. / UNEMAT; Juliana Benevenuto Reis / Reis, J. diretrizes da Atenção Domiciliar que esse tipo de
B. / UNEMAT; Angélica Pereira Borges / Borges, A. atenção deve ser realizada pela equipe da Atenção
P. / UNEMAT; Ysabely de Aguiar Pontes Pamplona Primária e com apoio eventual de outros pontos de
/ Pamplona, Y. de A. P. / UNISANTOS; Lourdes atenção. Destaca-se a questão do vínculo de trabalho
Conceição Martins / Martins, L. C. / UNISANTOS; e de capacitação inicial para o desenvolvimento das
O domicílio como ambiente familiar e espaço metodologias de abordagem domiciliar como frágeis
construtor de poderosas forças que influenciam para o alcance dos objetivos da Atenção domiciliar,
a materialização dos objetivos da Atenção Primá- que propõe gerar respostas para as soluções dos
ria à Saúde, torna-se espaço potencializador das problemas financeiros do sistema de saúde.
práticas de assistência do profissional de saúde. O
objetivo desse estudo foi de apresentar o perfil e a CARTOGRAFIA DO PROCESSO DE CUIDADO NO
autoavaliação de enfermeiros e médicos ao sentir-se SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR EM SÃO
capacitados em metodologias da abordagem domici- CARLOS – SP
liar, planejamento, priorização, consulta domiciliar Sandra Maria Luciano Pozzoli / Pozzoli, S. M. L. /
e desenvolvimento de programa multidisciplinar UNIFESP; Tânia Maria Marcondes / Marcondes, T.
de acompanhamento domiciliar, no município de M. / SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR DO MU-
Guarujá, SP. Tratou-se de um estudo transversal, NICÍPIO DE SÃO CARLOS; Geovani Gurgel Aciole
aprovado (nº452.727/2013), através de questionário da Silva / Silva , G. G. A / UNIFESP/UFSCAR;
estruturado e auto-aplicado a enfermeiros e médi- Introdução: A Atenção Domiciliar tem sido objeto de
cos de Unidades de Saúde que possuíam vínculo no estudos em países como Canadá, Inglaterra, Itália,
nível primário de atenção. Foi realizada a análise Suécia, Austrália e, também no Brasil. Estudos que
descritiva, teste de Qui-quadrado, e teste U Mann- mostram que a organização destes serviços tem
-Whitney, o nível de significância de 5%. Enfermeiros enfoques diferentes e diversos; que estes fornecem
em maior frequência são brasileiros, sexo feminino, cuidados predominantemente de longa duração; e
denominam-se amarelo, são casados/união estável, em sua maioria atuam visando a desospitalização.
possuem filhos, estão no regime de vínculo CLT, na No Brasil, em 2011, o Ministério da Saúde apre-
estratégia saúde da família, porém possui maior sentou o Programa Melhor em Casa” como uma
vínculo de tempo de serviço no município quando proposta de atenção domiciliar a ser incorporada

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 41
pelos municípios. Este programa inovador já possui Silvia Helena Zem-Mascarenhas / Zem-Mascare-
expressões importantes em alguns municípios e, nhas, SH / UFSCar;
está em processo de implantação em outros, sendo Introdução: A expectativa de vida está aumentando
que a maioria dos usuários desta modalidade de e consequentemente o envelhecimento da população
atenção tem sido absorvida pelos serviços da Aten- resulta em um maior acometimento de problemas
ção Primária à Saúde (APS). Objetivos: Justamente crônicos. Nesse contexto, a assistência domiciliar é
por ser uma proposta recente de serviço na Rede uma estratégia para o cuidado da pessoa em condi-
de Atenção à Saúde (RAS) esta pesquisa, fruto de ções crônicas, principalmente quando há dificulda-
projeto de doutorado pela Universidade Federal de des para sua locomoção até o serviço de saúde, por
São Paulo (UNIFESP – SP), pretende acompanhar o estarem frequentemente acamadas. Um dos maiores
processo de cuidado no Serviço de Atenção Domi- problemas encontradas no domicilio com pessoas
ciliar (SAD) do município de São Carlos – SP e sua acamadas é a úlcera por pressão (UP) ou o risco para
inter-relação com a RAS. Metodologia: Trata-se de desenvolvê-la. Chayamiti e Caliri (2010) relatam em
uma pesquisa qualitativa com abordagem cartográ- seu estudo que a maioria dos pacientes acamados no
fica, na qual o pesquisador acompanha processos e, domicilio não usam medidas básicas para a preven-
como a cartografia é um mergulho do pesquisador ção de UP. Nesse sentido, percebe-se a necessidade
na experiência, este movimento gera a produção de desenvolver uma estratégia educacional para os
do conhecimento para o pesquisador e para os su- cuidadores de pessoas acamadas em domicilio. Ob-
jeitos implicados na pesquisa, que são convidados jetivo: Desenvolver um material educativo de fácil
a traçar um plano comum. Trata-se, portanto, de compreensão sobre prevenção de úlcera por pressão
uma pesquisa-intervenção. O projeto foi aprovado no cuidado domiciliar. Método: Trata-se de uma
pelo Comitê de Ética em Pesquisa, pelo Parecer nº pesquisa aplicada que visa o desenvolvimento de um
907.048 de 16/12/2014, atendendo às exigências da folder com conteúdo educativo sobre prevenção de
Resolução nº. 466/12 do Conselho Nacional de Saú- UP. O levantamento do conteúdo do folder foi reali-
de. A entrada no campo teve início em 22/01/2015, zado por meio de análise documental no guideline
por um período de 8 horas semanais e tem duração Prevention and treatment of Pressure ulcer: quick
estimada de 06 meses. Considerações: Apesar de sua reference guide”, que fornece de maneira resumida
fase inicial, já é possível identificar alguns aspectos as diretrizes baseadas em evidências para prevenção
que serão analisadores da experiência, tais como: as e tratamento das UP. Resultados: Para a seleção do
relações entre os mecanismos formais de gestão e a conteúdo base do material educativo realizou-se
produção da responsabilização; as relações entre a uma análise detalhada do material presente no gui-
gestão e a produção do cuidado, segundo as práticas deline. Essa análise teve como objetivo identificar
de educação permanente; a discussão do acesso e os cuidados para prevenção de UP adequados para o
suas barreiras, segundo os critérios de inclusão e contexto do cuidado domiciliar. Posterior à análise e
exclusão no SAD; a busca da integralidade do cuida- seleção do conteúdo, o material elaborado foi trans-
do via os fluxos de referência e contra-referência na crito para uma linguagem de fácil compreensão
RAS; a regulação do serviço pela Rede de Urgência e para profissionais da área da saúde, cuidadores e
Emergência (RUE); a intersetorialidade; o diálogo do familiares, independente de possuírem formação
serviço com a APS e o apoio aos cuidadores. na área da saúde. Antes da distribuição do material
desenvolvido para a comunidade, esse folder passará
DESENVOLVIMENTO DE UM MATERIAL EDUCATI- por uma avaliação de conteúdo realizada por um
VO SOBRE PREVENÇÃO DE ÚLCERA POR PRESSÃO comitê de especialistas composto por enfermeiras
NO CUIDADO DOMICILIAR especialistas em saúde pública, educação em saúde
Chris Mayara S. Tibes / Tibes, CMS / EERP/USP; e/ou úlcera por pressão. Conclusão: Acredita-se que
Lilian Regina Carvalho / Carvalho, LR / UFSCar; a disponibilização de um material educativo de fácil
Ursula Marcondes Westin / Westin, UM / EERP/ compreensão possa ser uma importante ferramenta
USP; Jéssica David Dias / Dias, JD / EERP/USP; para que cuidados preventivos para UP sejam ado-

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tados por cuidadores de pacientes acamados no do- O processo de territorialização realizado na região
micilio, mesmo que esses cuidadores não possuam onde Pedro morava, permitiu identificar dois gru-
formação na área da saúde. Como trabalho futuro pos: Atividade Física do HiperDia e Gerontoativação.
propõe-se a confecção e distribuição dos folders Os participantes dos dois grupos conheciam um
nas Unidades de Saúde da Família no município de pouco da história de Pedro por conviverem naquele
São Carlos. contexto comunitário há algum tempo e esse fator
fortaleceu o vínculo de Pedro com os grupos e com
ENCONTRO, ACESSO E VISITA DOMICILIAR NA seu contexto comunitário, ampliando sua rede de
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DE EX- suporte social e de cuidado. Lições Aprendidas e
PERIÊNCIA Recomendações: O processo de cuidado por meio
RODRIGO ALVES DOS SANTOS SILVA / SILVA, da VD, possibilitou reconhecer o percurso de Pedro,
R.A.S / Universidade Federal de São Carlos; FÁTI- facilitar sua participação em espaços comunitários,
MA CORRÊA OLIVER / OLIVER, F.C. / Universidade na prática de atividade física, na realização de ativi-
Federal de São Carlos e Universidade de São Paulo; dades significativas e contribuiu para a ampliação
de suas redes sociais, aspectos que não seriam pos-
Caracterização do Problema: a realização de Visitas
síveis, caso a ACS Margarida, o TO Carlos e Pedro
Domiciliares (VD) estava entre as atividades da Re-
não embarcassem nesses encontros de produção de
sidência Multiprofissional de Atenção à Saúde, no
acesso à vida.
território de uma Unidade Básica de Saúde (UBS)
com Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Descri-
ção: O objetivo da VD com os ACS, era aproximar
O ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR EM DO-
a comunidade dos cuidados na UBS. Para atender MICILIO: O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO
aos princípios éticos utilizamos nomes fictícios. SERVIÇO DE ATENÇÃO DOMICILIAR (SAD) DE
A ACS Margarida, fez a solicitação de VD com o ARARAQUARA/SP
Terapeuta Ocupacional (TO) Carlos da equipe de Anne Karoline Cândido e Silva Bernardes / Ber-
residência. Descreveu o caso: Pedro não sai de casa nardes, A. K. C. S. / UFSCar;
após falecimentos: pai, mãe, irmã e empregador e Em maio de 2013, o Serviço de Atenção Domiciliar
mora com uma prima, cuidadora, numa residência (SAD) foi regulamentado e o mesmo tem o objetivo de
de fundos. Ao realizarmos a VD, percebemos Pedro realizar um conjunto de ações de promoção à saúde,
(47 anos) introspectivo e com pouca interação so- prevenção e tratamento de doenças e reabilitação
cial, apresentava humor depressivo, dificuldades prestadas em domicílio, com garantia de continuida-
para a realização de atividades de autocuidado e de de cuidados e integrada às redes de saúde. O ser-
sobrepeso. Sua única fonte de renda era a partilha viço social é uma profissão regulamentada pela Lei
dos valores de aluguel de uma casa. Ao compreender 8662 de 7 de junho de 1993 e o exercício profissional
seu cotidiano e história de vida, identificamos que regido por um Código de Ética Profissional. O assis-
ele havia realizado um trabalho de ajudante numa tente social tem como objeto principal de atuação
imobiliária antes das perdas de familiares e tinha a questão social, que deve ser compreendida como
como atividade significativa, escrever poesias. Co- expressão das desigualdades geradas pelo neolibe-
meçamos o processo de cuidado, com a atividade de ralismo. Em abril de 2013, o serviço passou a contar
escrever poesias, disponibilizamos materiais (lápis com este profissional para construir respostas para
coloridos, papel ofício, cartolinas de diferentes estas expressões, porém sua atuação ainda defi-
cores) e Pedro sugeriu que compraria um caderno, nida no serviço por regulamentações específicas,
escreveu várias poesias durante as VD, esse espaço expressa desafios cotidianos na prática. É de suma
de cuidado permitia a discussão da sua história de importância refletir sobre a importância e necessi-
vida e das possibilidades de participação social. De- dade do assistente social para garantia dos direitos
mos seguimento por meio de marcação de consulta de pessoas impossibilitadas de se deslocarem às
com o clínico da UBS, há mais de cinco anos Pedro unidades de saúde e assistenciais. Como metodolo-
não tinha contato contínuo com nenhum serviço. gia foram realizados levantamentos bibliográficos e

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 43
discussões pertinentes à atuação e reconhecimento cuidado e assumir tarefas que incluem inclusive pro-
do profissional na saúde, relacionando tais aspectos cedimentos técnicos, nem sempre tem o seu papel
à prática profissional. O trabalho multidisciplinar reconhecido. Objetivos: Dar visibilidade ao papel do
apresenta seus desafios, mas é muito importante que cuidador na atenção domiciliar, coletando efeitos de
cada profissional tenha claramente a importância de sua rede viva e a do usuário e sua relação com a rede
sua função para que fiquem estabelecidas as parti- de saúde. Método: Pesquisa qualitativa de aborda-
cularidades de intervenção de cada profissional. No gem cartográfica, sendo parte do projeto de pesquisa
SAD, a experiência de atuação da assistente social Rede de Avaliação Compartilhada – Avalia quem
se centra na realização de intervenções ligadas ao pede, quem faz e quem usa”. Considerando os ruídos
usuário e familiares à reorganização material e sen- e afecções que emergem no cotidiano do processo de
timental e a orientações e encaminhamentos á rede trabalho da equipe de AD na produção de cuidado,
de atendimento, pautado na perspectiva do projeto foram escolhidos cinco casos pela equipe a fim de
ético, político e profissional e na integralidade do trazer reflexões e visibilidade sobre a rede viva dos
usuário, evitando assim uma atuação fragmentada. usuários e principalmente cuidadores, utilizando
Pode-se concluir que o assistente social é um profis- como ferramenta o cuidador-guia. Resultados par-
sional importante para a composição das equipes ciais: O cuidador é tema constante no cotidiano das
de atendimento domiciliar, pois é norteado por equipes, principalmente pelos ruídos provocados
competências e atribuições que o permitem fazer pelas disputas de plano terapêutico. Reconhecido
uma análise crítica da realidade elaborando uma como fundamental para o cuidado, é considerado
intervenção pautada na defesa e reafirmação de di- mais como executor do que como protagonista. Além
reitos e políticas sociais, trabalhando pela garantia disso, pesa fortemente sobre ele o julgamento moral
da equidade e da cidadania. Desta forma é essencial das equipes. A política vigente e as equipes fazem
respeitar a intervenção social que se manifesta no exigências em relação ao cuidador, sem contemplar
respeito à cultura, anseios e conquistas do outro e distintas possibilidades de arranjo e os impactos
que apenas é compreendida com o conhecimento em suas vidas. No entanto, alguns trabalhadores, a
real (através das visitas domiciliares) da realidade partir de sua própria experiência pessoal, reconhe-
deste usuário. cem a complexidade e os sofrimentos envolvidos
na construção como cuidador. O papel do gestor e
O CUIDADOR NA ATENÇÃO DOMICILIAR: TENSÕES espaços de educação permanente vem se mostrando
E DILEMAS essenciais para a reflexão sobre essa relação.
Paula Bertoluci Alves Pereira / Pereira, P.B.A. /
FSP/USP; Erica Ferrazzoli Devienne Leite / Leite, PROGRAMA DE ATENÇÃO DOMICILIAR NO MUNI-
E.F.D. / FSP/USP; Natalia Oliveira Rodrigues / CÍPIO DE PITANGUEIRAS – SP
Rodrigues, N.O. / FSP/USP; Sergio Leal / Leal,S. / Roseli Seraphin Barbosa Pereira / Pereira, R.S.B. /
FSP/USP; Laura Camargo Macruz Feuerwerker / Prefeitura Municipal de Pitangueiras;
Feuerwerker, L.C.M. / FSP/USP; Introdução: Tendo em vista que as mudanças das
Introdução: A figura do cuidador, apesar de muito sociedades estão sendo caracterizadas por transição
antiga, vem ganhando destaque nos últimos anos, epidemiológica (envelhecimento da população e di-
sendo considerado como parte do tripé do processo minuição da natalidade) e transições demográficas
de cuidar na atenção domiciliar (AD), junto da equipe (saneamento, educação e moradia) observa-se uma
e o usuário. Na maioria dos casos, o cuidador é infor- necessidade de reformular o modelo de atenção à
mal, sendo um familiar designado para tal tarefa e saúde. Nesse contexto o Ministério da Saúde institui
está centralizado no gênero feminino. O ser cuidador a Atenção Domiciliar no âmbito do SUS que segundo
implica muitas vezes em relegar a sua vida em prol a Portaria n° 963 de 27 de Maio de 2013 do Ministé-
do cuidado ao outro, o que impacta radicalmente em rio da Saúde é definida como nova modalidade de
suas relações familiares, sociais, bem como em sua atenção à saúde, substitutiva ou complementar às já
produção de vida. Apesar de ser o responsável pelo existentes, caracterizada por um conjunto de ações

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 44
de promoção à saúde, prevenção e tratamento de nária, que possibilita a aplicação do conhecimento
doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com teórico na prática junto à coletividade, objetivando
garantia de continuidade de cuidados e integradas às aprimorar o aprendizado pela vivência e observação
redes de atenção à saúde”. (Brasil, 2013). A Atenção da realidade dos fatos, permitindo a intervenção
Domiciliar deve estimular o autocuidado e buscar positiva sobre o desenvolvimento da comunidade
a autonomia do indivíduo e da família, abordando assistida. A observação, análise, intervenção e im­
a família dentro do seu contexto socioeconômico e plantação do controle e prevenção desta extensa
cultural, facilitando acesso aos serviços públicos de gama de fatores de risco à saúde, nas residências(e
saúde e dar apoio emocional. Objetivo: O presente entorno), condomínios, ruas, bairros, regiões em
trabalho objetivou apresentar as principais causas de caráter continuado, pragmático e supervisionado,
demandas para inserção dos pacientes no programa integrado às demais atividades da Estratégia de
de atendimento domiciliar. Método: O levantamento Saúde da Família, sem dúvida, representa a medida
dos dados foi realizado com pacientes cadastrados estratégica mais simples, ampla, imediata e efi-
no Programa Melhor em Casa no município de Pitan- ciente com melhor relação Custo/Benefício. Como
gueiras -SP. O Município conta com uma população resultados preliminares, foram visitados até agora
estimada pelo IBGE (2014) de 37.860 habitantes, pelo PMVSF-FMU, quatro Municípios próximos de
possui 5 Unidades Básicas de Saúde, 1 Estratégia SP. A população coberta alcança cerca de 35.000
de Saúde da Família, 1 Centro de Especialidades, 1 habitantes. Mairiporã; Águas de São Pedro; Bertio-
Centro Odontológico e 1 Centro de Reabilitação Mo- ga e Pirapora do Bom Jesus foram visitados pelas
tora. O Programa iniciou suas atividades em Agosto equipes de alunos orientados e supervisionados,
de 2014, possui uma EMAD tipo 2 e uma EMAP. Para procederam à visitas às residências dos bairros
coleta dos dados foi realizado levantamento através centrais e periféricos, executando um diagnóstico
da ficha de registro da atenção domiciliar. Resul- situacional, em amostragem do perfil epidemioló-
tados: de acordo com as fichas, 46% dos pacientes gico das condições de saneamento ambiental(água,
cadastrados são sequelados de Acidente Vascular resíduos sólidos e líquidos)das relações com animais
Cerebral Isquêmico ou Hemorrágico associados a domésticos (criações) e de companhia (pets) e da ex-
patologias como Hipertensão Arterial e/ou Diabetes posição a animais sinantrópicos Simultaneamente
Mellitus, 8% são pacientes com paralisia cerebral, foram verificadas os estabelecimentos comerciais
5% são paraplégicos e a porcentagem restante fica de alimentos em suas instalações, procedimentos
entre pacientes em cuidados paliativos de câncer, e condições ambientais de higiene e saneamento.O
doenças genéticas, Alzheimer, Hipertensão Arterial, PMVSF contempla um projeto de Educação em
Diabetes, Insuficiência arterial e venosa e Doença Saúde com professores da rede pública local, A
Pulmonar Obstrutiva Crônica. Conclusão: Observa- Avaliação parcial do estado de risco sanitário das
-se que os motivos que levaram 46% dos usuários a comunidades observadas por amostragem:Elevado
necessitarem de cuidados domiciliares e os tornaram para doenças de veiculação hídrica;Moderado para
com dificuldade de locomoção foram os Acidentes doenças transmitidas por vetores;Moderado para
Vasculares Cerebrais que poderiam ter sido evitados doenças transmitidas por roedores;Moderado para
com ações de prevenção e promoção da saúde. doenças de transmissão direta;Moderado para doen-
ças veiculadas por alimentos.Os resultados positivos
PROGRAMA DO MÉDICO VETERINÁRIO DA SAÚDE observados na motivação, valorização e auto estima
DA FAMÍLIA-PMVSF sobre o alunado justifica e confirma a propriedade e
Carlos Augusto Donini / Donini, C.A. / Complexo a importância da capacitação profissional dos pro-
Educacional FMU; gramas de Extensão universitária em seu fundamen-
O Programa Médico Veterinário da Saúde da Família- to e meta.O Programa foi agraciado com a Honrosa
-representa uma atividade acadêmica na modalidade Menção pela Egrégia Câmara Municipal de Bertioga
Extensão Universitária que consiste no conjunto por duas vezes, com a Medalha do Mérito Legislativo
de atividades acadêmicas em Saúde Pública Veteri- com o Prêmio de Melhores Práticas Sociais/2011.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 45
Comunicação e Saúde
A COMUNICAÇÃO PÚBLICA E A HUMANIZAÇÃO hospitais no que tange a comunicação interpessoal
NO ATENDIMENTO AO CIDADÃO com seu público de interesse, através do trabalho
Simone Alves de Carvalho / Carvalho, S. A. / ECA- realizado pelas CH. Objetivos teóricos: relacionar os
-USP; conceitos de HH e CS e retomar as discussões sobre
Esta é a pesquisa de doutorado em andamento sobre a CS de maneira interdisciplinar entre as áreas da
comunicação pública (CP) e o processo de humaniza- CP e da saúde. Objetivos práticos: apresentar uma
ção no atendimento ao cidadão, através de pesquisa proposta de melhoria do serviço público de saúde,
qualitativa com comissões de humanização (CH). A no quesito relacionamento interpessoal, junto às
metodologia é a pesquisa bibliográfica e entrevistas CH; e demonstrar empiricamente a imbricação dos
analisadas através do discurso do sujeito coletivo em conceitos estudados em um ambiente hospitalar.
hospitais que atendam o SUS na região sudeste. O ob-
jeto de pesquisa é a relação entre a conceituação de A ESCUTA COMO INSTRUMENTO DE ENFERMA-
capital social (CS) com o atendimento ao cidadão na GEM: QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
saúde pública, tendo como fundamentação teórica Keite Helen dos Santos / Santos, K.H. / Universi-
as análises de CP. Pela natureza interdisciplinar do dade Estadual de Campinas; Dalvani Marques /
projeto, a pesquisa bibliográfica busca referências Marques, D. / Universidade Estadual de Campinas;
em diversas áreas. A pesquisa apresenta um olhar Caracterização do problema: O trabalho em saúde
comunicacional sobre as relações entre as CH o e o deve ser espaço de convergência da multiplicidade
paciente ou familiar, assunto pouco discutido, salvo de reflexões acerca das relações entre o trabalha-
em manuais de conduta de atendimento, e o objetivo dor e o usuário, onde a relação terapêutica sofre os
é relacionar o CS, a CP e o atendimento prestado ao impactos do estresse, do cansaço, da dor, do sofri-
cidadão, que podem levar à aplicação do conceito mento, das diversas percepções de vida individuais,
de humanização hospitalar (HH) em um ambiente das crenças e da cultura. Os saberes e práticas de
caracterizado pela técnica e tecnologia, afastando saúde necessitam, portanto, de ferramentas que
a pessoa da condição humana para a condição de considerem os elementos assistenciais, subjetivos e
número. Temos como pressuposto que se uma or- sociais ¹ como aspectos do cuidado, humanizando e
ganização tem um CS positivo, oriundo de uma CP qualificando a assistência. Descrição: Trata-se de um
bem estruturada, pode oferecer a seus públicos de relato de experiência baseado na análise da atuação
interesse, no caso, o usuário do serviço público de da enfermagem durante a assistência a crianças e
saúde, um atendimento mais humano e percebido suas famílias através da qual há a compreensão da
como de maior qualidade. Objetivo geral: verificar situação e do objeto de estudo pelo qual se considera
se os emissores do serviço de saúde pública das CH a interpretação do sujeito atuante, visto que este
dos hospitais da região sudeste entendem seu papel oferta informações com a finalidade de entender, in-
na CP com o cidadão usuário do serviço e também terpretar e intervir sobre o problema. Tal abordagem
como multiplicadores do CS que deve ser inerente a é caracterizada por métodos dialógicos como a des-
esse tipo de serviço. Aliados a esse objetivo, apresen- crição da realidade e a crítica sobre ela, baseando-se
tamos uma revisão bibliográfica sobre o conceito de na análise da realidade advinda das vivências de um
CS; analisamos as conceituações sobre CP e CS em profissional enfermeiro inserido em serviços de saú-
suas diferentes vertentes; e aprofundamos nossos de durante sua atuação no Programa de Residência
conhecimentos sobre a saúde pública. Objetivos es- Multiprofissional, que compreende a assistência
pecíficos: analisar como a CP é entendida e aplicada destinada a usuários do Sistema Único de Saúde.
pelas CH do SUS; estudar o conceito de CS sob a ótica Lições aprendidas: As reflexões sobre as práticas de
da saúde pública; e analisar o trabalho realizado nos enfermagem nesse cenário de atuação, a partir do

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 46
qual se propôs a discussão da organização e desen- Referência e Treinamento AIDS/SP. Foram sujeitos
volvimento do trabalho, pautado pela humanização do estudo, gerentes das UBS, convidados a respon-
e integralidade da assistência em saúde permitem derem um formulário online (FormSUS), dados até
a visualização da fragilidade das relações entre en- 08/06/2015. Resultados: Responderam 51 UBS - tra-
fermeiros e usuários, o que impacta negativamente dicionais (37) e Saúde da Família (12); dos municípios
no acesso aos princípios do Sistema Único de Saúde. de Barueri (14), Ferraz de Vasconcelos (11), Barretos
Recomendações: Durante as práticas de campo foi (11), Franco da Rocha (6), São Joaquim da Barra (4),
possível identificar que a enfermagem, ao prestar Pindorama (2), Cubatão, Garça e Ituverava com 1
cuidado direto aos indivíduos, lança mão de técnicas UBS. Indicaram que a facilidade de comunicação
assistenciais e do diálogo para alcançar os objetivos com a equipe de saúde foi considerada uma das
elencados durante o planejamento do processo de competências gerenciais de maior importância (20);
trabalho, entretanto possui uma tímida produção o meio de comunicação mais utilizado entre os pro-
acadêmica que disponibilize os benefícios da apli- fissionais da saúde das UBS foi conversa informal
cação da escuta terapêutica em sua rotina. As ações (41), mural de recados (37), reuniões semanais (30),
de saúde orientadas pelo modelo de humanização comunicados por e-mail (17) e memorandos internos
propiciam qualidade nos serviços de atendimento, (16); a UBS avalia o atendimento que oferece em
visto que tratam-se de diretrizes convergentes com conversa direta com o usuário (13), nas reuniões
os princípios do Sistema Único de Saúde-SUS, asse- com os profissionais da saúde (7) e com questioná-
gurando atenção integral aos usuários, no entanto rio respondido pelo usuário (4), destaca-se que 30
sua completa implementação depende de grandes UBS não avaliam o atendimento e a satisfação do
mudanças conjunturais e sistêmicas que transpas- usuário. A comunicação entre os usuários e UBS
sam os serviços de saúde. se dá por meio de ouvidoria (40), caixa de sugestão
(27), telefone (20) e conselho gestor (6). Conclusão:
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO ENTRE PRO- a comunicação entre profissionais e destes com os
FISSIONAIS DA SAÚDE E USUÁRIOS DA ATENÇÃO usuários ainda é uma prática informal presente nas
BÁSICA UBS, o que traduz vulnerabilidade programática na
Luciane Ferreira do Val / Val, L.F. / EEUSP/FA- APS. Estratégias de aprimoramento na comunica-
PESP; Adriana G. Pinto / Pinto, A.G. / HC UNI- ção é uma competência a ser desenvolvida desde a
CAMP; Afonso Henrique V. da Silva / Silva, A.H.V. / formação profissional até a Educação Permanente.
EEUSP/FAPESP; Paula O. Sousa / Sousa, P.O. / CRT Aperfeiçoar práticas de comunicação na AB demo-
DST/AIDS-SP; Ivone de Paula / Paula, I. / CRT DST/ cratiza saberes e fortalecem o SUS. Agradeço a Fun-
AIDS-SP; Lucia Yasuko Izumi Nichiata / Nichiata, dação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
L.Y.I. / EEUSP; (FAPESP) pelo apoio ao Projeto Regular (2013/14598-
Introdução: O Sistema Único de Saúde (SUS) trouxe 5), Projeto de Pós-Doutorado (2013/08048-2) e Bolsa
para os serviços de saúde necessidades de práticas TT1 (2014/16652-0).
mais democráticas de comunicação. Serviços de saú-
de que não desenvolvem uma comunicação efetiva DOCUMENTÁRIO HANSENÍASE: O OUTRO LADO
entre seus trabalhadores e usuários condicionam DA HISTÓRIA
maior ou menor vulnerabilidade aos agravos em Mark Fernando da Silva Raboni / Raboni, M.F.S
geral. Objetivo: analisar vulnerabilidade ao HIV/aids / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP;
na dimensão programática relacionada à comunica- Karen da Silva Santos / Santos, K.S / Escola de
ção entre os profissionais de saúde e destes com os Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Cinira Magali
usuários de serviços da Atenção Básica (AB). Méto- Fortuna / Fortuna, C.M / Escola de Enfermagem de
dos: estudo exploratório, descritivo, quantitativo Ribeirão Preto-USP; Joab J. S. Xavier / Xavier, J.J.S
com base no conceito de Vulnerabilidade. Envolveu / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP;
22 municípios selecionados por participarem mais Marcela Gonçalves / Gonçalves, M / Escola de
de uma vez no Monitoramento online do Centro de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Talita Moraes

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 47
/ Moraes, T / Escola de Enfermagem de Ribeirão rio: momentos de superação de pessoas acometidas
Preto-USP; Jociele Cristina da Silva / Silva, J.C / por uma doença estigmatizada, o ponto de partida de
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; uma reviravolta e como conviver com o tratamento
Patrícia Evangelista / Evangelista, P / Escola de hanseníase. Percebemos que ao analisar as histó-
de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Beatriz rias de vida trazidas pelo próprio sujeito, podemos
Paroli de Miranda / Miranda, B.P / Escola de En- identificar momentos chaves” que possibilitaram
fermagem de Ribeirão Preto-USP; Vanda Cristina o enfrentamento de sua realidade social e cultural.
Silveira / Silveira, V.C / Escola de Enfermagem de Acreditamos que propiciar visibilidade e dizibili-
Ribeirão Preto-USP; Amanda Heloisa Santana / dade” seja uma forma de colocar em debate o tema
Santana, A.H / Escola de Enfermagem de Ribeirão e contribuir para com a diminuição do preconceito.
Preto-USP; Estefânia A. Marques / Marques, E.A Acentuar as formas de superação encontradas por
/ Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; essas pessoas é uma aposta ético-política na vida em
Fabiana Ribeiro Santana / Santana, F.R / Escola de suas múltiplas diferenças expressões. Necessidade
Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; de equipamento Será necessário equipamentos de
Descrição da produção do documentário Este traba- áudio visual para a visualização do documentário.
lho é realizado no contexto do projeto de extensão
universitária da Liga de Hanseníase Profª Drª Maria EDUCANDO COM ARTE NA SAÚDE: UMA EXPE-
Helena Perssini de Oliveira da Escola de Enferma- RIÊNCIA NO CONTEXTO DA ESTRATÉGIA SAÚDE
gem de Ribeirão Preto-USP. A pretensão é mostrar DA FAMÍLIA
a trajetórias de vida de pacientes e ex-pacientes de Aline Natalia Domingues / Domingues, A.N. /
hanseníase. A hanseníase é uma doença crônica Universidade Federal de São Carlos; Tháis Cristina
marcada por estigmas sociais. Hoje a hanseníase Laurenti / Laurenti, T.C. / Universidade Federal de
é curável, mas ainda tem a capacidade de produzir São Carlos; Jéssica David Dias / Dias, J.D. / Uni-
“marcas” e evocar temores da exclusão social e pre- versidade de São Paulo; Valéria Cristina Gabassa
conceitos que vem desde seu surgimento datado da / Gabassa, V.C. / Universidade de São Paulo; Sílvia
época antes de Cristo. A doença ainda é considerada Helena Zem-Mascarenhas / Zem-Mascarenhas,
um grande problema de saúde pública brasileiro. S.H. / Universidade Federal de São Carlos;
O documentário é um registro de ações temporais Caracterização do Problema: Este artigo teve como
e acontecimento concretos e reais que possibilita objetivo relatar a experiência das participantes
mostrar os significados expressos que não são de um projeto de extensão universitária entre os
mensurados nem quantificados. Os elementos vi- anos de 2012-2013, envolvidas com a arte e saúde
suais desempenham um importante papel social, no contexto da Estratégia Saúde da Família (ESF).
político e econômico. As filmagens foram realizadas O SAUDARTE-Educação em saúde com arte” foi um
na cidade de Ribeirão Preto, na residência dos en- projeto de Extensão Universitária, vinculado a Uni-
trevistados, e no Campus da USP- RP. Está em fase versidade Federal de São Carlos pela Pró-Reitora de
de edição e pós-produção e pretendemos lançá-lo no Extensão que teve como objetivo desenvolver ações
mês de agosto de 2015. Ao todo cinco pessoas deram educativas para a promoção da saúde, de acordo
seus depoimentos após a assinatura do termo de com as necessidades de uma ESF. Descrição: Par-
divulgação de som e imagem. O documentário terá ticiparam do projeto de extensão membros de um
duração máxima de 25 minutos. No documentário, grupo de artesanato de uma ESF no município de
há depoimentos que mostram o período da época São Carlos-SP e alunas do curso de graduação em
do isolamento compulsório e também como é ser enfermagem. As atividades semanais desempenha-
paciente de hanseníase no período atual, o estigma das neste grupo eram coordenadas pela Enfermeira e
e preconceito ainda existentes e as diferenças no por Agentes Comunitários de Saúde. As ações foram
enfrentamento. Como toda história de vida, há mo- desenvolvidas em espaços cedidos pela comunidade
mentos engraçados, momentos de romance e de su- religiosa local e estavam situados no próprio bairro.
peração. E é isto que focalizamos neste documentá- O número de participantes do grupo oscilou entre

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 48
14 e 16, com faixa etária dos 13 anos aos 67 anos de composta por alunos do 7º semestre de Publicidade e
idade, exclusivamente do sexo feminino. As alunas Propaganda, foi responsável por sua produção. O au-
do projetos de extensão participavam destes en- mento de casos de sífilis levou a solicitação da cam-
contros semanalmente, com o intuito de interação panha. No período de 2007 a 2013, foram notificados
com a população e levantamento do grupo das suas 73.366 casos, 60% em homens e 40%, em mulheres.
principais necessidades de educação em saúde para Entre 2010 (ano em que a sífilis se tornou notificação
as ações educativas. As práticas educativas que nor- compulsória) e 2013, triplicou o número de casos em
tearam o projeto de extensão têm como fundamentos indivíduos com 19 anos ou menos e de 65 anos ou
pressupostos da educação popular em saúde. Lições mais. Em pessoas de 20 a 34 anos, o aumento foi de
Aprendidas: Considerando então a arte como fator 2,6 vezes. Descrição Em março de 2015, técnicos das
intrínseco da área da saúde, sua relevância se torna áreas de Vigilância Epidemiológica, Prevenção, Dire-
inquestionável na atenção básica e na educação toria Técnica e Assessoria de Imprensa do CRT- DST/
popular, visto que cada comunidade tem seus meios Aids-SP elaboraram um “ briefing” sobre o produto
de demonstrar a sua própria arte. Neste contexto a desejado: promover a prevenção da sífilis em um con-
existência de um grupo que faz arte é essencial para texto de valores éticos e de direitos humanos. Foram
a criação de vínculo entre profissionais de saúde realizados um seminário sobre aspectos gerais da
e comunidade, fazendo um momento de diálogo e sífilis no estado de SP, uma reunião para discussão
troca de experiências, além do aprendizado poder do” briefing” e 02 encontros para apresentação e
tornar uma fonte de renda das famílias. Recomenda- aprovação do conceito idealizado pelos alunos. Li-
ções: Os grupos sociais criados no contexto da aten- ções aprendidas A campanha, concluída em junho,
ção básica são fundamentais para a consolidação do foi aprovada integralmente pelos técnicos envolvi-
Sistema Único de Saúde e abrangem a participação dos e pela Assessoria de Comunicação e Marketing
social da população em espaços democráticos, além da Secretaria de Estado da Saúde, e também pelos
da importância da capacitação dos profissionais docentes do 7º semestre de PP. A parceria com Facul-
da atenção básica para que oportunizem esses mo- dades de Publicidade e Propaganda traz benefícios a
mentos, atuem e consolidem a educação popular. todos. Os futuros formadores de opinião aprenderam
Conclui-se que o projeto de extensão propiciou a conteúdos da área da saúde e a instituição obteve um
construção de um processo formativo abrangendo produto de qualidade, sem investimento financeiro.
diferentes dimensões de saberes, processos, capaci- Conclusão/Recomendações A campanha será veicu-
dade relacional e perspectiva ético política diante da lada em mídias do estado de SP. Este resultado valida
promoção a saúde. e indica a parceria entre estado e universidade, como
forma de somar esforços no enfrentamento da sífilis
ESTADO E UNIVERSIDADE UNEM-SE NO ENFREN- e outros problemas de saúde pública.
TAMENTO DA SIFILIS
Emi Shimma / Shimma, E / CRT DST/Aids-SP; Paulo ESTUDO COMPARATIVO DA SATISFAÇÃO DOS
Roberto Teixeira / Teixeira, PR / CRT DST/Aids-SP; CONSUMIDORES DE SERVIÇOS DE SAÚDE PRI-
Carmen Silvia Bruniera Domingues / Domingues, VADO E PÚBLICO
CSB / CRT DST/Aids-SP; Valdir Monteiro Pinto / Jeferson Rogerio Fonseca / Fonseca, J.R. / Univer-
Pinto, VM / CRT DST/Aids-SP; Roberto José Carva- sidade Paulista;
lho da Silva / Silva, RJC / CRT DST/Aids-SP; Ivone Hospitais são instituições prestadoras de serviços
de Paula / De Paula, I / CRT DST/Aids-SP; Samantha de ampla seriedade social, possuindo alta com-
Lamastro / Lamastro, S / CRT DST/Aids-SP; plexidade e peculiaridade, portanto a prática da
Introdução A Coordenação Estadual DST/Aids-SP Qualidade” adquire enfoque e diferencial especial.
firmou, no final de 2014, uma parceria com a Univer- A qualidade em saúde não se relaciona, exclusiva-
sidade Metodista de São Paulo, para a criação de uma mente, com um ou outro dos aspectos mencionados,
campanha de prevenção da transmissão da sífilis mas é o resultado de uma profícua integração e
adquirida em homens e mulheres. A agência INK, conexão entre eles. Assim, torna-se evidente que a

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 49
prestação de serviços à saúde oferece também o risco Portanto, o método mais adequado para a redução
de falhas, o que torna necessários o conhecimento e da incidência de casos da doença ainda é o controle
a organização dos processos e sistemas na tentativa do vetor, o que exige a cooperação da comunidade.
de redução e mesmo do impedimento da ocorrência Objetivos: Descrever as fontes de informação sobre
de eventos adversos. O objetivo geral do presente a dengue entre usuários dos serviços de atenção
estudo foi investigar através de publicação científica primária à saúde de Ribeirão Preto, SP. Métodos:
a percepção de clientes em relação à qualidade dos Estudo transversal, com amostra probabilística
serviços públicos e privados. Foi realizado um estudo de 605 usuários. Os dados foram coletados em dez
de caráter descritivo e tipicamente bibliográfica, na unidades de saúde do município. Resultados: Foram
qual utilizamos artigos e teses nacionais publicados entrevistadas 414 mulheres e 191 homens. As fontes
no período de 2005 a 2015. Durante as nossas pesqui- de informação citadas pelos respondentes foram a
sas, encontramos um total de 43 artigos relacionado televisão (87,8%), cartazes e folders (41,8%), inter-
a presente temática, dos quais 48,8% (21) eram revi- net (17,5%), hospitais e unidades de saúde (17,4%),
são bibliográfica, 39,5%(17) relacionavam-se a saúde rádio (12,2%), jornais (9,7%), escola dos filhos (5,6%),
pública, 9,3% (4) descreviam a qualidade na saúde amigos (4,6%), familiares (4,3%), escola, colégio ou
privada e somente 1 (2,3%) comparava a qualidade faculdade (4,0%) e igreja ou grupo religioso (2,2%).
da saúde em diversas instituições de saúde. Deste A internet não foi citada por usuários analfabetos,
total de artigos 90,7% (39) relatavam a insatisfação mas foi citada por 2,5% dos usuários com ensino
dos clientes. Com relação a instituições de saúde pú- fundamental incompleto, 6,7% dos usuários com
blica a principal queixa apresentada, com 76,5%, foi ensino fundamental completo, 26,2% dos usuários
referido o tempo de agendamento e espera na apre- com ensino médio completo e 52,6% dos usuários
sentação do serviço. Quando verificado a principal com ensino superior completo. A televisão foi a fonte
queixa de usuário de saúde instituição privada, foi mais citada entre os usuários de todos os níveis de
constatado com 75%, o custo abusivo e dificuldade escolaridade, com frequências de citações varian-
nas autorizações de procedimentos. É de todo o in- do de 71,4% entre os analfabetos a 91,7% entre os
teresse conhecer a satisfação dos usuários da saúde, usuários com ensino médio completo. Observou-se
principalmente os fatores ou as características do uma tendência dos jornais serem citados mais fre-
nosso cuidar que levam à sua satisfação ou insatis- quentemente pelos usuários mais idosos, enquanto
fação. Só assim, baseados na experiência, podemos a internet e cartazes foram citados com mais frequ-
melhorar os cuidados, direcionando as nossas ência entre os usuários mais jovens. Conclusão: A
intervenções e atitudes para as suas necessidades, televisão foi a fonte de informação mais citada por
contribuindo desta forma para a sua satisfação e usuários de todas as classes de escolaridade e faixas
qualidade de vida. Palavras-chave: Saúde pública; etárias, evidenciando a importância deste meio de
saúde privada; satisfação comunicação para as campanhas de prevenção e
para a conscientização da população.
FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE A DENGUE ENTRE
USUÁRIOS DOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA IMPACTO NA LEITURA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS:
À SAÚDE DE RIBEIRÃO PRETO, SP UMA TENTATIVA DE DIÁLOGO COM MEU LEITOR
Adorama Candido Alves / Alves, A. C. / USP; Edson Marco Akerman / Akerman, M / FSP DA USP;
Zangiacomi Martinez / Martinez, E. Z. / USP; O trabalho problematiza o termo impacto” e se
Introdução: A dengue é uma doença febril aguda, referencia na produção cientifica do seu autor que
causada por um dos quatro sorotipos de um vírus é utilizada para análise de impactos, sob a perspec-
do gênero Flavivirus. Ocorre principalmente em tiva qualitativa. Esta análise é realizada não como
regiões tropicais e subtropicais, e seus principais um fim em si mesmo, mas sob a égide da relação
sintomas são febre alta, dor de cabeça, náuseas e dor autor/texto/leitor. Buscando estabelecer esta rela-
abdominal. Apesar dos atuais desenvolvimentos, não ção, explora-se como o autor é citado em um artigo
há ainda uma vacina disponível para o seu controle. selecionado, adentrando cada uma das citações e

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 50
identificando que aspectos foram relevados pelos Os dados foram colhidos a partir de oficinas educa-
leitores que fizeram as citações. Esta observação tivas com estudantes de ensino fundamental, médio
qualitativa de cada uma das citações propiciou cap- e técnico da cidade de Uberlândia. Dessa forma, foi-
tar como cada autor/leitor utilizou o texto original. -se percebido que as maiores fontes de informação
Esta experiência pessoal e finita deste diálogo mais sobre Dengue são os ambientes escolares e a mídia.
fino com o meu leitor” é lançado aqui como uma Logo, a comunicação em saúde necessita ser feita de
recomendação, a quem possa interessar, de um dis- forma dinâmica e apropriada, com caráter educati-
positivo viável e repetível para que autores possam vo, instrucional, impactante e reflexo, pois assim a
re-visitar o que escrevem a partir do reconhecimento informação é capaz de fortalecer a promoção e a pre-
do impacto que provocam no outro. venção da saúde, especialmente perante a dengue.

INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM INTERNET: PERDA DE PESO OU PERDA DE TEMPO?


SAÚDE: A EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE A PAR- Magda Leite Medeiros / Medeiros, M. L. / Faculda-
TIR DE OFICINAS EDUCATIVAS SOBRE PREVENÇÃO de de Medicina do ABC; Erik Montagna / Mon-
E CONTROLE DA DENGUE tagna, E. / Faculdade de Medicina do ABC; Marco
Amanda Amaral Abrahão / Abrahão, A. A. / Univer- Akerman / Akerman, M. / Faculdade de Medicina
sidade Federal de Uberlândia; Klauss Kleydmann do ABC; Adriana Medeiros Sales de Azevedo / Aze-
Sabino Garcia / Garcia, K.K.S. / Universidade de vedo, A. M. S. / Faculdade de Medicina do ABC;
Brasília - UnB; João Carlos De Oliveira / Oliveira, Mais da metade da população brasileira apresenta
J.C. / ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE (ESTES), da sobrepeso, desses indivíduos uma parcela consi-
Universidade Federal de Uberlândia (UFU); derável é considerada obesa. Essas condições são
A comunicação em saúde é uma ferramenta extrema- resultantes de um desequilíbrio entre consumo de
mente necessária para garantir o acesso à informa- alimentos e atividade física, sendo que o tratamento
ção por parte da população, principalmente perante desse quadro está baseado em programas de redução
medidas de prevenção da saúde. A educação popular da massa corporal que incluem a escolha por uma
em saúde é um mecanismo viável e eficaz que deve alimentação mais saudável e mudanças no estilo
ser expandido e explorado dentre a população, assim de vida. Mas onde procurar, de forma rápida essas
como o ambiente é uma peça fundamental para o orientações? A mídia mais promissora, desde a te-
desenvolvimento do quadro de saúde da população levisão, é sem dúvidas a internet. Através de sites
brasileira. A saúde ambiental vem trabalhar a inte- de busca, encontra-se com facilidade diferentes
gração do meio ambiente com os cuidados em saúde respostas e opiniões para qualquer tema, mas essa
em prol da construção de uma sociedade saudável. facilidade pode gerar em um resultado indesejado,
Atualmente a Dengue é um recorrente problema de dada a característica da própria internet: qualquer
saúde pública, e isso mostra a urgência por ações um pode publicar o que quiser. Assim, o objetivo do
preventivas e de combate aos vetores da doença, trabalho foi procurar concepções alternativas e até
e dessa forma é essencial o bom funcionamento mesmo conceitos errôneos para perda de peso na
das ferramentas de comunicação e informação em internet. Como método de pesquisa foi selecionado
saúde. Em Uberlândia a Dengue tem elevado índice o site google.com.br”, o termo de busca foi dicas para
de incidência devido às características climáticas e emagrecer”, os dez primeiros sites indicados foram
sociais da cidade que são favoráveis ao desenvolvi- visitados. Na maioria dos sites visitados foi possível
mento do vetor Aedes aegypti. A pesquisa analisou verificar alguma concepção alternativa de perda de
quais são as principais fontes de informação que peso. Conclui-se que na ânsia de combater o sobrepe-
apresentam características da doença e informações so, os indivíduos que procuram por orientação podem
quanto à sua prevenção e seu combate, assim foi-se ser conduzidos a erros conceituais que resultam em
analisado como se dá a ação da comunicação em fracasso no plano de emagrecimento e/ou adoção de
saúde perante as recorrentes epidemias de Dengue. comportamentos nutricionais inadequados.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 51
NOS CAMINHOS DO SUS: DESAFIOS SOBRE A e cidadania no Brasil. Conclusões/Considerações:
COMUNICAÇÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE EM UMA A comunicação em saúde para o cidadão comum se
EXPOSIÇÃO mostrou desafiadora ao passo que encontramo-nos,
Vanessa Nolasco Ferreira / FERREIRA, V.N. / Casa por nossas tarefas diárias e obrigações acadêmicas,
de Oswaldo Cruz - FIOCRUZ; Carlos Henrique ensimesmados em um discurso cheio de siglas e
Assunção Paiva / PAIVA, C.H.A / Casa de Oswaldo jargões técnicos, que denunciam nosso afastamen-
Cruz - FIOCRUZ; Luiz Antônio Teixeira / TEI- to do lugar onde a saúde acontece: o SUS. Quanto
XEIRA, L.A. / Casa de Oswaldo Cruz - FIOCRUZ; a recomendações, se é que podemos fazer alguma,
Fernando Antônio Pires-Alves / PIRES-ALVES, atemo-nos a dizer que a proximidade entre produção
F. A. / Casa de Oswaldo Cruz - FIOCRUZ; Carlos técnico-científica e prática é mandatória.
Fidélis Ponte / PONTE, C. F. / Casa de Oswaldo
Cruz - FIOCRUZ; O OLHAR COMUNICACIONAL SOBRE O VER-SUS
Caracterização do Problema: Discutir a construção Simone Alves de Carvalho / Carvalho, S. A. / ECA-
da exposição “Nos Caminhos do SUS”, fruto de um -USP;
acordo de Cooperação entre a Fundação Oswaldo Apresentação de minhas observações sobre a vivên-
Cruz e o Conselho Nacional de Saúde para celebrar cia no estágio interdisciplinar VER-SUS, pensado
a 15a. Conferência Nacional de Saúde. Nesse âmbito, sob o olhar da comunicação pública sobre estas ativi-
constituiu-se um grupo de trabalho que se lançou ao dades, como parte da experiência empírica de minha
desafio de produzir marcos contextuais que dessem pesquisa de doutorado. Esta vivência aconteceu nos
conta da potência e contradições de nosso sistema bairros de Brasilândia e Vila Nova Cachoeirinha (SP)
de saúde. Consolidada nossa visão sobre a exposição entre 18 de 25 de janeiro de 2015. Nesse período, um
iniciou-se o ciclo de materialização da mesma tendo grupo formado por universitários do campo da saúde
como parceiro o Museu da Vida que se juntou ao conheceu diversas facilidades que compõem o SUS
grupo de trabalho na formulação de estratégias para nesse território e discutiu sobre suas atividades e
colocar em diálogo tanto os marcos estabelecidos, propostas. O método utilizado é o relato de experi-
como as conquistas e desafios relativas ao atual ências, através do diário de bordo analítico. Como
sistema de saúde. Descrição: Como marcos foram resultado, pude verificar empiricamente a ausência
estabelecidos quatro eixos nortearam a discussão dos pressupostos teóricos da comunicação pública
do SUS: organização, financiamento, participação e a carência dos mesmos no SUS.
popular e educação e trabalho em saúde. Esses se
tornaram módulos que põem em pauta conquistas O TABAGISMO E O USO DE TECNOLOGIAS DE IN-
como o direito universal à saúde e a instituciona- FORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM SAÚDE: ESTUDO
lização da participação social, bem como desafios DE CASO EM PORTUGAL E BRASIL
como adequação do financiamento e formação e Rosane Aparecida de Sousa Martins / Martins,
distribuição de profissionais pelo país. Foram prio- R.A.S / UFTM; Luis Saboga-Nunes / Saboga-Nunes,
rizadas formas de comunicação possíveis de serem L. / ENSP - Universidade Nova de Lisboa;
entendidas por qualquer cidadão: módulos interati- Introdução: Este trabalho é resultado da pesquisa
vos, textos e vídeos. Análise Crítica: O que poderia de posdoutoramento realizado em 2014 na Escola
ser sintetizado acerca do processo de comunicação Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova
sobre o SUS? Ao final da exposição, o que deveria ser de Lisboa, com financiamento da CAPES. Esta
retido como mais relevante pelo nosso expectador? investigação teve como objeto de estudo O uso de
Queríamos e ainda queremos contribuir com a cons- tecnologias de informação e comunicação em saúde
trução de um ponto de vista de que o SUS não seja no contexto da prevenção ao tabagismo e cessação
encarado apenas como uma política de governo, mas tabágica: um estudo comparativo entre Brasil e
como um empreendimento que remete às relações Portugal. Nesta investigação o termo Tecnologias
entre pessoas, estado e mercado. Sendo assim, nosso de Informação e Comunicação – TIC é compreendido
desafio foi situá-lo em um debate sobre direito social como um conjunto de tecnologias que possibilitam

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 52
a ampliação da comunicação entre os homens na Caracterização do problema: Nos últimos anos, avan-
sociedade, promovendo a interatividade, encurtando ços na tecnologia relacionados ao uso da internet
as distâncias geográficas, alargando o alcance de têm possibilitado a conexão de pessoas para o acesso
informações entre as pessoas, as instituições e o go- e transmissão de informações, de forma eletrônica,
verno. Objetivo: compreender como ocorre o uso das sem limitação de tempo e espaço. Tecnologias que
tecnologias de informação e comunicação em saúde respondem à valorizada busca de maneiras eficien-
(TICs) no contexto da prevenção ao tabagismo e ces- tes de organização do trabalho e otimização do
sação tabágica por brasileiros e portugueses. Méto- tempo profissional. A popularização dos smartpho-
do: esta investigação caracteriza-se como estudo de nes, (celulares inteligentes) que funcionam como
caso, a partir da realização de uma análise detalhada computadores de bolso, tem sido considerada como
da questão do tabagismo no âmbito do sistema de uma revolução tecnológica. Nas pesquisas na área de
saúde pública no Brasil e em Portugal. Trata-se de saúde, o uso destas tecnologias está em expansão, o
pesquisa qualitativa com caráter descritivo e explo- que também exige ética, frente à intencionalidade e
ratório realizada por meio de pesquisa bibliográfica postura do profissional que a utiliza. Fato vivenciado
e documental. Resultado: sobre a prevenção ao taba- no desenvolvimento da etapa de coleta dos dados pri-
gismo e cessação tabágica constatou-se que tanto mários do projeto de pesquisa para o SUS (PPSUS)-
Portugal como o Brasil utilizam de forma pontual -FAPESP nº 2014/50037-0, realizado por meio de
e restrita os recursos do campo dos Média e Comu- parceria entre Escola de Enfermagem de Ribeirão
nicação como o rádio, a televisão, os jornais, dentre Preto (EERP), Universidade Federal de São Carlos e
outros. As ações de prevenção ao tabagismo com a Departamento Regional de Saúde (DRS) III – Arara-
utilização destes recursos não é contínua e atende quara/SP, que tem como um dos objetivos analisar
especialmente à campanhas ou à comemoração de os Planos Estratégicos de Intervenção elaborados
datas relativas ao tema. O uso das TIC no campo por equipes de Atenção Básica e o Mapa de Saúde da
do E-saúde para a cessação tabágica em Portugal e Região. Descrição: Na etapa de análise documental
Brasil caracterizam-se por informações nos portais foi entrado em contato telefônico com profissionais
de serviços públicos de saúde acerca dos locais e de 46 equipes de saúde dos municípios pertencentes
critérios de atendimento dos fumantes, orientações à Região Coração da DRS III Araraquara para soli-
sobre os riscos do uso do tabaco e formas de aborda- citação de documentos. A principal forma de enca-
gem. Conclusão: O acesso ao circuito das tecnologias minhamento dos mesmos foi por meio de aplicativo
da informação e comunicação ainda é restrito nos de smartphones (98%), e-mail (1%) e fotografia in
países pesquisados. Necessita-se fortalecer o uso locu (1%). Após o contato, as respostas por meio de
das TIC na saúde tanto para a socialização do co- smartphones e e-mail foram feitas, em média, até 5
nhecimento produzido como no fortalecimento de dias. Para fotografar in locu, foi percorrido média de
novas práticas sociais que resultem na ampliação 300km. Seis unidades não encaminharam documen-
da participação social de forma crítica e propositiva. tos. Do início da coleta até o momento passaram-se
dois meses. Lições aprendidas: A internet tem se
O USO DA TECNOLOGIA EM PESQUISA NO SISTE- constituído como aliada no processo de pesquisa
MA UNICO DE SAÚDE no Sistema único de Saúde, diminuindo o tempo de
Karemme Ferreira de Oliveira / OLIVEIRA, K.F / coleta de dados, custos financeiros e ambientais. O
EERP USP; Flávio Adriano Borges Melo / BORGES, contato telefônico prévio com identificação de pes-
F. A. / EERP USP; Monica Vilchez da Silva / SILVA, soa chave mostrou-se fundamental. Recomendações:
M. V. / UFSCar; Gabriela Alvarez Camacho / CA- Recomenda-se a consideração das novas tecnologias
MACHO, G. A. / UFSCar; Priscila Norié de Araujo / como facilitadoras do processo de pesquisa. E ainda,
ARAÚJO, P. N. / EERP USP; Adriana Barbieri Feli- a necessidade de estudos aprofundados que possam
ciano / FELICIANO, A. B / UFSCar; Márcia Niituma analisar as potencialidades e limitações no uso
Ogata / OGATA, M. N. / UFSCAR; Cinira Magali destas ferramentas.
Fortuna / FORTUNA, C. M / EERP USP;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 53
PAPEL DA FONOAUDIOLOGIA NO APERFEIÇOA- volvidos no cuidado e principalmente aos pacientes
MENTO DA COMUNICAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE com transtorno mental visto que o diálogo entre os
ATENÇÃO PRIMÁRIA E ATENÇÃO SECUNDÁRIA envolvidos no cuidado tornou-se mais efetivo e que-
Aline Eclair Saad / Saad, A.E. / Instituto de Respon- brou alguns paradigmas. Recomendações: Há espaço
sabilidade Social Sírio Libanês; Francies Regyanne para o crescimento da participação da fonoaudiolo-
Oliveira / Oliveira, F.R. / Instituto de Responsabili- gia no sistema público de saúde, no nível da atenção
dade Social Sírio Libanês; Melissa Lorenzo Prieto básica com mudança de sua inserção nas relações
de Souza / Souza, M.L.P / Instituto de Responsabi- de trabalho ampliando seu espectro de atuação
lidade Social Sírio Libanês; Leonardo Ferreira de antes centrado nos níveis secundários e terciários.
Freitas Scaranello / Scaranello, L.F.F / Instituto de Devem ser ofertados processos de qualificação que
Responsabilidade Social Sírio Libanês; desenvolvam a competência profissional do matri-
Caracterização do Problema: Os usuários com ciador visto que proporcionar a comunicação entre
transtorno mental percorrem vários serviços em níveis de atenção é um caminho trabalhoso, mas
busca de tratamento. Havendo necessidade de se- promissor para cultura que garanta a integralidade
rem referenciados da Atenção Básica aos Centros dos pacientes.
de Atenção Psicossociais (CAPS) percebe-se que o
diálogo de referência e contra-referência é ineficaz RÁDIO WEB SAÚDE DA UFRGS
comprometendo o cuidado destes pacientes. Para Fernanda Cardoso da Silva Feijó / Feijó.Fernanda
superar o problema, em uma Unidade Básica de Cardos da Silva / Rede Governo Colaborativo em
Saúde (UBS) na região central da cidade de São Paulo Saúde UFRGS; Mariana da Rosa Martins / Mar-
constituiu-se processo de organização dos serviços tins. Mariana da Rosa / Rede Governo Colaborati-
com o compromisso de reposicionar as equipes nos vo em saúde - UFRGS; Rossana Santos Rocha Mati-
processos de trabalho, aproximar e inserir nova vi / Mativi.Rossana Santos Rocha / Rede Governo
especialidade a fim de garantir atenção integral aos Colaborativo em saúde - UFRGS;
usuários com transtorno mental. Assim, na UBS Hu- Introdução: Por meio da criação de uma rádio WEB,
maitá, a fonoaudióloga do Núcleo de Apoio à Saúde estudantes do Bacharelado em Saúde Coletiva da
da Família, baseada nos preceitos de apoio matricial Universidade Federal do Rio Grande do Sul produ-
contribuiu para a interlocução entre os serviços. zem mídias alternativas. O Projeto da Rádio Web
Descrição: A fim de potencializar a comunicação Saúde é uma extensão universitária que contempla
e a atuação das equipes de saúde destes serviços, o ensino e a pesquisa pela facilidade e interatividade
organizou-se e articularam-se encontros semanais que as mídias utilizadas, tais como Blog, redes so-
na UBS nos quais uma equipe de referência de saúde ciais e canal de transmissão ao vivo que permite ao
mental que foi formada, composta por profissionais espectador ter acesso imediato ou por meio de arqui-
dos CAPS Infantil, Adulto, Álcool e Drogas e da UBS vos disponibilizados nos espaços virtuais. Objetivo:
Tradicional, discutem casos de usuários com trans- Além de produzir mídias alternativas visando socia-
torno mental e constituem o Grupo de Acolhimento. lizar o conhecimento em saúde coletiva os alunos do
Este grupo acolhe estes usuários que chegam à UBS projeto de extensão colocam em prática a comunica-
buscando uma melhor qualidade de vida. Lições ção em saúde. Metodologia: Dispondo de tecnologias
aprendidas: O fonoaudiólogo na Atenção Básica de comunicação estudantes criaram a Rádio WEB
como matriciador de equipes responsáveis pela co- Saúde e têm realizado tanto cobertura de eventos
ordenação do cuidado pode atuar como articulador como entrevistas, debates são transmitidos ao vivo
de uma ação estratégica como fomentar o grupo de ou gravados. A equipe realiza filmagens, registros
saúde mental e desta forma, cumprir importante fotográficos, campanhas educativas e jornalismo;
papel na rede de cuidados à saúde. A constituição mantendo uma boa interação com a comunidade
da rede complementar entre a Atenção Primária e a acadêmica e com a sociedade através das mídias
Atenção Secundária, sediada no espaço da Unidade sociais (Blog, Facebook, e-mail, Livestream, Twitter,
de Saúde, trouxe muitos benefícios aos serviços en- Flicker). Resultados: Estudantes realizam entre-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 54
vistas com profissionais da saúde, pesquisadores e gestão. Percebemos a resistência de alguns gerentes
professores da área da saúde coletiva, colocando em com o canal e a falta de percepção de possibilidades
prática conhecimentos obtidos no curso. O material de melhoria. A sensibilização foi a melhor forma
produzido é registrado e tem subsidiado práticas encontrada para iniciar o processo de disseminação
educativas, também, é arquivo histórico. No ano de e consolidação do canal. Descrição: A sensibilização
2013, o Projeto da Rádio Web Saúde cobriu diversos ocorreu nos dias 01 e 02 de julho de 2015 atendendo
eventos entre eles da UFRGS, da Rede Unida, da Rede as duas regiões de gestão da ASF Sul (Capela do
Governo Colaborativo em Saúde, da COORSAÚDE, do Socorro e Parelheiros) organizadas em duas turmas
EDUCASAÚDE e dos movimentos estudantis. Além diárias, atingindo todos os gerentes. A apresen-
dos assuntos acadêmicos o projeto está imbricado tação foi realizada pelos assessores de ouvidoria,
com questões do cenário político atual que tem im- demostrando inicialmente o conceito de ouvidoria,
pactado na vida civil, como, por exemplo, o Programa a possibilidade de utilização como ferramenta de
Mais Médicos. Conclusão: Assim, pode-se dizer que gestão, o fluxo das manifestações, bem como a forma
a experiência tem propiciado a aproximação entre o de tratar e responder as manifestações. O cuidado
conhecimento acadêmico do campo da saúde coleti- maior em todo o processo foi o de não minimizar a
va e os cenários de prática, apoiado pelos movimen- responsabilidade e autonomia do gerente na unidade
tos sociais, por meio do planejamento, da preparação e sim fazer com que entendessem a ouvidoria como
e da disponibilização de materiais instrucionais no um canal de apoio gerencial e institucional. Abri-
formato texto, voz e imagem; favorecendo a vivência mos um momento para dúvidas e questionamentos,
acadêmica, aproximando estudantes e docentes dos momento que percebemos um bom conhecimento
acontecimentos contemporâneos, seus desdobra- do significado do canal, além de ser bem utilizado
mentos garantidos a comunicação interativa dos pelos participantes com questionamentos condi-
acontecimentos multidisciplinares de interesse do zentes com o apresentado. A todo o momento da
meio acadêmico da Saúde Coletiva. apresentação foi apresentado conteúdo que sobre
ética, humanização e bom atendimento aos usuários
SENSIBILIZAÇÃO DE OUVIDORIA NA SAÚDE: UM do SUS. Ao final do encontro foi disponibilizado um
RELATO DE EXPERIÊNCIA manual de ouvidoria, com as principais orientações
Camila Gomes / Camila Gomes / Associação Saúde passada. Lições Aprendidas A sensibilização foi uma
da Família (ASF); Vinicius Couto / Couto, V. / ação indispensável para a introdução e conceituação
Associação Saúde da Família (ASF); Bruna Pedro- do canal de ouvidoria. Mesmo identificando a resis-
so Canever / Canever, B.P. / Associação Saúde da tência de poucos gerentes, percebemos que a maioria
Família (ASF); Paulo Fernando Capucci / Capucci, visualiza o canal como uma ferramenta de gestão
P.F. / Associação Saúde da Família (ASF); que pode ser utilizada para agregar melhorias em
Caracterização do Problema A sensibilização de seus processos de trabalho. Recomendações Realizar
Ouvidoria, surgiu com a necessidade de demostrar reuniões periódicas que permitam a consolidação do
aos gerentes de unidades de saúde a importância canal, além de disponibilizar relatórios estatísticos
de relacionamento que o canal dispõe, bem como as e principais ações realizadas através das manifes-
possibilidades de sua utilização como ferramenta de tações de ouvidoria.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 55
Controle Social e Participação Cidadã
A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO EXERCÍCIO DO da tecnologia para gerar informação, reflexão e
CONTROLE SOCIAL conhecimento a cerca do Controle Social. As ações
Rômulo Cézar Ribeiro da Silva / Silva, R. C. R. / que poderiam ser realizadas pelos pesquisados para
UNEMAT; Akeisa Dieli Ribeiro Dalla Vecchia / efetivação e desenvolvimento do Controle Social
Vecchia, A. D. R. D. / UNEMAT; Raimundo Nonato ressaltam-se: orientação à população sobre o tema
Cunha de França / França, R. N. C. / UNEMAT; e da importância de seu papel frente a este, partici-
Josué Souza Gleriano / Gleriano, J. S. / UNEMAT; pação enquanto profissional no CMS; divulgação e
Thalise Yuri Hattori / Hattori, T. Y. / UNEMAT; convite à população para participar das reuniões.
Larissa Marchi Zaniolo / Zaniolo, L. M. / UNEMAT; Contudo a maior parte dos entrevistados não parti-
A Participação Social no SUS se refere à participação cipa das reuniões e tem dificuldades em promover o
da comunidade no processo decisório sobre políticas empoderamento, consciência política e maior mobi-
públicas e ao controle sobre as ações do Estado. O lização popular. A partir deste estudo, salientamos a
enfermeiro constitui um sujeito fundamental para relevância do aumento do quantitativo de pessoal de
a construção e viabilização das mudanças nas prá- saúde atuante no âmbito do SUS, para que o tempo
ticas de saúde. Objetivou-se compreender o nível de da participação política dos Enfermeiros nos Fóruns
conhecimento e de participação dos Enfermeiros de deliberação não seja consumido integralmente na
no Controle Social. O presente estudo trata-se de luta pela existência material.
dados parciais de um estudo que tem como horizonte
metodológico a pesquisa qualitativo-quantitativo. A IMPORTANCIA DOS CONSELHOS DE SAUDE EM
Na coleta de dados obtiveram-se respostas em qua- FORTALEZA
tro categorias temáticas: nível de conhecimento, Francisco Idenio Pontes Correia / Correia, F.I.P. /
nível de participação, dificuldades encontradas UVA;
na implementação do Controle Social e sugestões. O presente estudo é sobre a importância da organi-
O recorte da amostra foi composto por Enfermei- zação dos conselhos locais de saúde em Fortaleza,
ros atuantes na Atenção Básica do município de como elementos catalisadores da participação popu-
Tangará da Serra – MT. A amostra tratada foi de 12 lar na efetivação do controle social no sistema único
Enfermeiros (51%). O instrumento de pesquisa foi de saúde. Os Conselhos de Saúde se constituem num
aplicado nos meses de Dezembro/2014 e Junho/2015, espaço onde é possível garantir a participação dos
após aprovação pelo Comitê de Ética, sob o número grupos sociais tradicionalmente excluídos do poder
CAAE 35707214.6.0000.5166. A pesquisa evidenciou de decisão no Brasil. Uma nova proposta capaz de
que todos os Enfermeiros entendem o conceito de superar as antigas fórmulas, onde o usuário era pre-
Controle Social como a participação da sociedade sença morta e instituir o real poder de interferência
nas políticas públicas e também conhecem a fun- nas definições das políticas públicas de saúde. No
ção de um Conselho Municipal de Saúde - CMS. entanto, o exercício da cidadania é uma construção
Comprovou-se na análise qualitativa que 70% dos difícil e delicada. Se mudar as rotinas é difícil, ima-
entrevistados tem conhecimento de como são dis- gine iniciar a prática de relações cidadãs em uma
tribuídos os recursos financeiros aplicados na área estrutura de poder habituada ao assistencialismo,
da saúde. Quanto ao nível de participação, apenas ao favoritismo e ao nepotismo. Para tal, precisa-se
40% já participaram do CMS. Todos os entrevistados ter como desafio acabar entre nós mesmos com re-
consideram importante a participação dos usuários presentação sem legitimidade, pouco democráticas.
e responderam que há falta de conhecimento dos Antes de tudo, precisamos combater a acomodação
usuários sobre a função do Conselho. Houve reco- e a indiferença diante dos desafios que se põem em
nhecimento pelos entrevistados da importância nossa frente. Mudar nossa cultura política. Esse

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 56
estudo teve como objeto de observação o Conselho território, potencializando espaços de participação,
Municipal de Saúde de Fortaleza, órgão de instân- de construção compartilhada com todos os setores
cia deliberativa e fiscalizadora na organização dos da comunidade e de integração entre as políticas so-
conselhos regionais e locais de saúde da região me- ciais e de saúde. Na Itália, no que tange à integração
tropolitana de Fortaleza. O principal objetivo deste dos serviços sociossanitários, percebe-se que esse
estudo consiste em demonstrar que a participação processo esta atingindo uma maior maturidade, en-
dos conselhos de saúde ao qual passarão por um quanto no Brasil o trabalho ocorre de forma setorial,
processo de revitalização e/ou eleição para o biênio embora os problemas de saúde demandem ações de
2014/2016 é um instrumento de consolidação das cuidado com foco na integralidade. Em particular,
ações de saúde como parte da democracia no Bra- a análise de experiências concretas nos dois países,
sil. Nesse estudo serão apresentadas informações tomadas como marcadoras da implementação das
sobre as formas de participação popular (Usuários; políticas sociossanitárias, permite a visualização de
Profissionais de Saúde e Gestores) como instrumen- práticas e tecnologias potencialmente úteis para o
to para a efetivação do controle social no sistema desenvolvimento dos sistemas locais em ambos con-
único de saúde. textos. Objetivo: Identificar e analisar experiências
e práticas locais de participação relacionadas aos
ANÁLISE DAS EXPERIÊNCIAS DE PARTICIPAÇÃO serviços sociossanitários territoriais e de atenção
SOCIAL EM SAÚDE NO BRASIL E ITÁLIA primária no Brasil e na Itália. Metodologia: Pesqui-
Alcindo Antonio Ferla / Ferla, A. A. / UFRGS; sa-intervenção participativa que busca desenvolver
Alessandra Xavier Bueno / Bueno, A.X. / UFRGS; e fortalecer a produção do conhecimento conjunto
Cristian Fabiano Guimarães / Guimarães, C.F. / e uma rede científica que valorize as diversidades
SES-RS; Brigida Lilia Marta / Marta, B.L. / UNIBO regionais, envolvendo atores em diferentes localiza-
(Itália); Gabriel Calazans Baptista / Baptista, G.C. ções institucionais nas regiões de estudo. O campo
/ SES-RS; Ardigò Martino / Martino, A. / UNIBO de pesquisa é composto por unidades de saúde no
(itália); Frederico Viana Machado / Machado, F.V. Brasil e na Itália em regiões que compõe a rede de
/ UFRGS; instituições parceiras do Laboratório Italo-brasileiro
Introdução: Trata-se de um estudo em fase inicial, de formação, pesquisa e práticas em saúde coletiva.
proposto pela UFRGS em parceira com as institui-
ções que compõem o Laboratório Italo-brasileiro de CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE SAÚDE: ESPAÇO
formação, pesquisa e práticas em saúde coletiva. Os PARA CONSTRUÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA DE
sistemas de saúde da Itália e do Brasil foram cons- QUALIDADE
truídos tendo como base as agitações sociais que Nayanna Cristina Ferreira de Souza / Souza, N. C.
marcaram a segunda metade do século XX. Na Itália, F. / UFG/RC; Normalene Sena de Oliveira / Olivei-
esse processo se inicia como efeito das reflexões pro- ra, N. S. / UFG/RC; Jacqueline Rodrigues de Lima
duzidas pelo chamado movimento operário italiano”, / Lima, J. R. / FEN/UFG; Jordana Aguiar / Aguiar,
a partir dos anos cinquenta. Já no Brasil, o movimen- J. / Secretaria Municipal de Saúde de Catalão-GO;
to sanitário ganhou força com a crise instituída na Maria Aparecida Barbosa Rêgo / RÊGO, M. A. B. /
saúde pública nos anos sessenta, especialmente Regional de Saúde Estrada de Ferro;
em função do caráter seletivo, curativo e hospita- Caracterização do problema Saúde Pública de Quali-
locêntrico vigente no período. Ao final dos anos 70 dade para Cuidar Bem das Pessoas: Direito do Povo
e início dos anos 80 o país vivia uma crise política, Brasileiro” é o tema da 15ª Conferência Nacional
econômica, social e sanitária, gerando condições de Saúde, mas este direito por muitas vezes é des-
para uma transformação nas relações entre o Estado conhecido pela população e prestadores de serviço.
e a sociedade. Atualmente, tanto na Itália como no Descrição:Saúde como direito de todos e dever do
Brasil, existe o desafio de promover uma abordagem estado é referido na legislação vigente através da
baseada no levantamento de problemas de saúde Constituição Federal de 1988 ou lei 8.080/90, porém
junto com a comunidade, levando em consideração o esse direito por muitas vezes é negado ao cidadão

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 57
devido a falta de conhecimento . Neste sentido a lei Bernardo do Campo - SP; Francini Bianca Domin-
8.142/90 garante a comunidade a participação e o guez Gamba / Gamba, F. B. D. / Secretaria Muni-
controle social na gestão do SUS em que a população cipal de Saúde de São Bernardo do Campo - SP;
atua de forma efetiva no Conselho de Saúde e nas Mawusi Ramos da Silva / Silva, M. R. / Secretaria
Conferências de Saúde. A Conferência acontece a Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo -
cada 4 anos com a representação de vários segmen- SP; Rita de Cássia Lazoski Araújo / Araújo, R. C. L.
tos: usuários, representantes do poder público, da so- / Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo
ciedade civil dentre outros. Assim uma Universidade do Campo - SP;
Publica Federal do Sudeste Goiano foi representada Caracterização do Problema: Os conselheiros são um
durante uma Conferência Municipal de Saúde por elo entre o conselho de saúde e a comunidade que
acadêmicos, docentes, coordenadores e gestores, um representam. Com a Lei Orgânica da Saúde e também
momento de aprendizado intenso onde a teoria se com a Emenda Constitucional 29/2000, a existência
fez presente nas discussões dos 8 eixos indicados, e o funcionamento dos conselhos de saúde passaram
moções e várias proposta aprovadas como a garantia a ser obrigatórios para que estados, o DF e os muni-
do acesso ao serviço de saúde por estudantes uni- cípios possam receber recursos federais. Como não
versitários de diversas regiões do Brasil, que até o existe hierarquia entre as esferas de governo, esses
momento era negada nas unidades básicas de saúde. são livres para definir, em seus Planos de Saúde, os
Cerca de 32 delegados foram eleitos para participar meios pelos quais o dinheiro transferido pelo go-
da Conferência Regional destes aproximadamente verno federal será aplicado na saúde. Descrição: O
10 são acadêmicos. Lições aprendidas: O processo Curso de formação de Conselheiros de Saúde de SBC,
de construção da saúde através da participação e foi realizado de forma descentralizada em todos os
controle social nesta Conferência deixou claro a territórios de saúde da cidade, mesclando-se encon-
necessidade de agregar conhecimentos adquiridos tros as sextas-feiras e aos sábados. Lições Aprendi-
anteriormente ao longo destes anos em sala de das: Os conselheiros do território 4 identificaram
aula com a prática através da extensão universitá- que ao visitar os centros e unidades de saúde, eles
ria dando subsídios ao processo de formação dos podem ouvir usuários e trabalhadores, elaborando
acadêmicos, nos quais os autores envolvidos serão relatório da situação encontrada, podem também ve-
futuros profissionais da saúde e estes terão a res- rificar a qualidade dos serviços prestados: observar
ponsabilidade diante da efetivação da garantia do se há muitas filas, se há equipamentos adequados.
direito de saúde, e também a responsabilidade de Esse relatório deve ser apresentado em reunião do
articular junto a comunidade o funcionamento de plenário do conselho de saúde. É importante que o
Conselhos de saúde e a defesa do SUS na perspectiva conselheiro se lembre de que, ao visitar um hospital
de um cuidado em saúde integral. Recomendações: ou centro/posto de saúde, ele não pode, por conta
A divulgação efetiva das conferências a população própria, exigir providências dos profissionais ali
brasileira, a necessidade de produção de materiais existentes. Ele deve relatar a situação ao conselho de
didáticos de fácil compreensão para distribuição nas saúde para que o conselho adote as medidas legais
comunidades, formação de conselheiros de saúde, necessárias. Durante o período do curso quando
profissionais e gestores fundamentados no refe- trabalhamos a temática: O papel do conselheiro
rencial teórico das políticas públicas, participação no município: cenas de atuação do conselheiro e
social e direitos dos usuários do SUS, e realização a importância dos processos formativos, foi visu-
de projetos de pesquisa e extensão sobre a temática. alizado como uma oportunidade de formação na
área da saúde pública, para sua atuação junto aos
CURSO DE FORMAÇÃO DE CONSELHEIROS DE movimentos populares de saúde e ao Controle Social,
SAÚDE NO TERRITÓRIO 4 DE SÃO BERNARDO DO tendo em vista a defesa e o aprimoramento do SUS
CAMPO 2015 e fortalecimentodos mecanismos de Controle Social
Rebeca Peres dos Santos Francisco e Silva / Silva, no Sistema Único de Saúde, mediante a formação de
R. P. S. F. / Secretaria Municipal de Saúde de São conselheiros municipais e conselheiros gestores do

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 58
município. Recomendações: Implementar a mobili- dias 21 e 22 maio de 2015 para refletir e debater as
zação e articulação contínua da sociedade, na defesa várias práticas de mobilização social e de gestão
dos princípios constitucionais que fundamentam participativa nas políticas públicas e em programas
o SUS, para o controle social de saúde. Despertar governamentais locais e regionais. Foram retomados
na sociedade o interesse pela participação para o contatos realizados em anos anteriores e ampliou-se
fortalecimento e melhoria do SUS, servindo como seu alcance, tendo em perspectiva agregar pessoas
ligação entre quem utiliza a saúde e quem elabora com atuação em outros segmentos da sociedade, tais
e executa as políticas de saúde. como meio ambiente, trabalho, habitação, proteção
social, entre outros. Lições Aprendidas: Os contatos
FORTALECER AS CONEXÕES EM REDE - A EX- realizados permitiram a identificação de pessoas-
PERIÊNCIA DO NÚCLEO REGIONAL DA APSP NA -chave”, que foram agregadas ao grupo coordenador
BAIXADA SANTISTA do evento. Esse grupo foi responsável pela concepção
e organização da atividade, uma vez que seu formato
Rosilda Mendes / Mendes, R. / UNIFESP Campus
foi apresentado, discutido e rearranjado em seis reu-
Baixada Santista; Eunice Nakamura / Nakamu-
niões prévias, de março de 2015 a 19 de maio de 2015.
ra, E. / UNIFESP Campus Baixada Santista; Luiz
Antonio Quitério / Quitério, L.A. / Grupo Estadual Participaram dessas reuniões as dezessete pessoas,
de Vigilância Sanitária; Carlos Roberto de Castro que passaram a compor o grupo responsável pela
e Silva / Castro e Silva, C.R. / UNIFESP Campus concepção e organização da atividade. Além disso,
Baixada Santista; Fernando Silveira / Silveira, F. esse grupo foi também responsável por articular os
/ UNIFESP Campus Baixada Santista; Celia Loch vários segmentos envolvidos. A conexão em rede
/ Loch, C. / Grupo de Vigilância Sanitária; Flori- possibilitou a participação de 50 pessoas nos dois
se Malvezzi / Malvezzi, F. / Grupo de Vigilância dias de curso e propiciou a realização de encontros
Sanitária; Alessandro Lotti / Lotti, A. / UNIFESP valorizando o dialogo e trocas singulares sobre par-
Campus Baixada Santista; Christiane Abdala / ticipação social. Recomendações: As reflexões em
Abdala, C. / Secretaria Municipal de Saúde de San- torno da participação apontaram que diferentes con-
tos; Carmem Lúcia Brandalise / Brandalise, C.L. / textos definem distintas relações Estado-Sociedade,
Secretaria Municipal de Saúde de Santos; Olivia que os conselhos possuem trajetórias comuns, bem
Perez / Perez, O. / UNIFESP Campus Baixada como desafios de inclusão e de representação e eficá-
Santista; Raul S. Moura / Moura, R.S. / UNIFESP cia e, que há distintas formas de mobilização, porém
Campus Baixada Santista; Danilo Anhas / Anhas, com resultados semelhantes. O Núcleo Regional da
D. / UNIFESP Campus Baixada Santista; APSP pretende ampliar suas conexões e contribuir
Caracterização do Problema: Com atividades em para qualificar esses e outros debates que possam
todo o estado de São Paulo, a APSP é integrada por ser agregadores de grupos, ideias e práticas sociais
diversos Núcleos Regionais. O Núcleo Regional da
APSP da Baixada Santista (BS) é composto por pro- GRUPO DE MULHERES, HUMANIZAÇÃO DO
fessores e estudantes de graduação e pós-graduação NASCIMENTO E A CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE
da Universidade Federal de São Paulo – Campus SAÚDE DE SÃO CARLOS EM 2015: UM RELATO DE
Baixada Santista, trabalhadores e gestores do SUS EXPERIÊNCIA
vinculados a órgãos municipais e estaduais de Andrea Cadena Giberti / Giberti, A. C. / FSP/
saúde. Temos por objetivo apresentar a experiência USP; Janaína Basílio / Basílio, J. / OAB-SP; Luara
da mobilização e fortalecimento deste Núcleo que de Carvalho Barbosa / Barbosa, L. C. / UFSCar;
tem como intuito disseminar os debates em torno Natalia Martins / Martins, N. / UFSCar; Amanda
das políticas públicas, práticas de gestão e rumos Hildebrand / Hildebrand, A. / USP; Carolina Neves
do SUS. Descrição: Como atividade preparatória / Carolina, N. / UFSCar;
ao 14º. Congresso, o Núcleo Regional BS realizou Caracterização do Problema O Grupo de Mulheres
um curso sobre o tema Participação e controle so- para Melhoria do SUS surgiu do interesse de mulhe-
cial no SUS: dilemas, desafios e perspectivas” nos res de São Carlos em participar das Pré-Conferências

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 59
em seus bairros e da Conferência Municipal de Saú- MOVIMENTOS SOCIAIS EM SAÚDE: ASSOCIA-
de, para aprovar propostas relacionadas à melhoria ÇÕES VOLUNTÁRIAS E CONSELHOS: MUNICIPAL
da assistência ao parto e nascimento. Descrição Foi E LOCAIS DE SAÚDE - POTÊNCIA DE AÇÃO E
criado um grupo de Facebook em que as interessa- ENRAIZAMENTO
das iniciaram debates trocando dúvidas e possíveis
Sandra Maria Greger Tavares / GREGER-TAVA-
ações para a melhoria da assistência, sempre no sen-
RES, S.M. / Instituto de Saúde - Secretaria de Esta-
tido de aprimorar as propostas levadas. No total cin-
do da Saúde São Paulo; Eda Terezinha de OLiveira
co foram às Pré-Conferências tornando-se delegadas
Tassara / TASSARA, E.T.O. / Instituto de Psicologia
da Municipal, totalizando quatro que foram eleitas
da USP;
para a Regional de Araraquara. Fizemos reuniões,
pesquisas de documentos e contatos com pessoas O eixo de problematização desta pesquisa de Pós
e grupos de outras cidades que se articulavam para Doutoramento foi o confronto entre o SUS projectual
participar de suas conferências locais e defender e o SUS real, considerando-se a intersecção entre
o tema da Humanização do Parto e Nascimento. as políticas públicas de participação social e as
Para a Conferência de São Carlos totalizamos dez dinâmicas de organização dos movimentos sociais
propostas sugeridas e aprovadas e uma moção de de saúde, voluntários e de caráter estratégico, par-
apelo ao Ministério da Saúde e à Empresa Brasileira ticularmente os conselhos municipais e gestores.
de Serviços Hospitalares (EBSERH) para instalação Estes movimentos sociais foram comparados e ana-
de um Centro de Parto Normal no Hospital Escola lisados, sob a luz dos conceitos de potência de ação
da cidade, atualmente em fase de ampliação. Den- e enraizamento. Questionou-se a possibilidade de se
tre as propostas aprovadas tivemos a implantação sustentarem atualmente, movimentos sociais, surgi-
do Fórum Perinatal; contratação de obstetrizes; dos de demandas territoriais e portanto, enraizados,
requisição de anestesista 24 horas na maternidade; em um contexto globalizado, marcado por formas de
construção de Casa de Parto; e ações para divulgação organização em redes e fluxos. Partiu-se da observa-
do que é violência obstétrica. Nos debates a princi- ção sistemática in situ das dinâmicas psicossociais
pal dificuldade foi o desconhecimento das pessoas e socio-espaciais do campo da saúde no município de
sobre o assunto. Por outro lado, pudemos contar com Jacareí, São Paulo. Foram entrevistados 20 sujeitos
o apoio de gestores da Prefeitura que apoiaram e – usuários, profissionais, gestores do SUS e líderes
ajudaram no aprimoramento das propostas. Lições comunitários, selecionados pela relevância de sua
Aprendidas Apontamos a necessidade de articu- participação social em saúde, sendo os sentidos de
lação coletiva, conhecimento de documentos e da seus discursos analisados em função das determi-
realidade local como fatores para uma boa atuação e nações sociopolíticas que norteiam aproximações e
resultados. Saber comunicar as propostas e acolher distanciamentos das representações de urbanidade
as reações das pessoas foi decisivo para enfrentar e saúde locais, frente às representações dominantes.
momentos mais tensos de debate, sem perder a Constatou-se, em Jacareí, uma tendência à estagna-
construção e coletiva. Outro ponto foi estar atentas ção e/ou ao esvaziamento dos movimentos sociais
aos calendários, horários e comunicações em geral, de saúde, voluntários e formais. Concluiu-se que
além da forma como as propostas foram redigidas, o manejo político das estratégias de participação
para não ter a acessibilidade aos debates e votações social em saúde tem sido marcado por relações de po-
prejudicada. Recomendações A melhora na divulga- der que engendram distanciamentos psicossociais.
ção e mesmo instrução da população para que haja O alargamento dos diálogos e consensos por meio
maior participação e envolvimento da mesma. As da participação social, necessário para o avanço
Conferências, além de espaços importantes para das políticas de saúde na promoção da igualdade
obtenção de melhores resultados na Saúde Coletiva, social e da universalização, não tem sido estimula-
são particularmente férteis ao exercício da escuta, do. Foram observadas dinâmicas psicossociais de
reflexão e comunicação, pontos chaves para a Edu- reterritorialização em Jacareí e se confirmou, em
cação Permanente. parte, a hipótese de que o enraizamento ainda pode

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 60
ser considerado como importante fator para a po- Social dos DSEI não se nota uma diferenciação do es-
tencialização das ações participativas, uma vez que truturado no SUS. Atualmente estão organizados 34
foram identificados episódios de espacialização da Conselhos Distritais de Saúde Indígena (CONDISI)
identidade e de apropriação do espaço pelos sujeitos, paritários e deliberativos. Estes seguem a configu-
evidenciando enraizamentos pontuais, pautados ração de cada DSEI, o que resulta em CONDISI que
por laços de parentesco, amizade e acionados por abrange até cinco estados, e outros que com diver-
problemas comuns às localidades ou em redes de sas etnias, colocam num mesmo espaço indígenas
sociabilidade. Indica-se a interação contínua entre historicamente rivais. Esta configuração estabelece
o plano científico-acadêmico e as dimensões sócio- dentro da cultura indígena a lógica ocidental de
-políticas em que se planejam, executam e controlam reuniões com pautas, tempo estabelecidos e votação,
as políticas públicas de saúde, considerando-se além de não garantir a participação da maior parte
sua transversalidade com a participação social e o da comunidade e estimular a competição na eleição
atravessamento pelos fenômenos da globalização. dos representantes. A participação indígena na
gestão do SASISUS perpassa não apenas pela dificul-
O CONTROLE SOCIAL NA SAÚDE INDÍGENA: UMA dade de diálogo intercultural, mas, pela dificuldade
ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL da gestão lidar de forma diferenciada. No controle
Nayara Scalco / Scalco, N. / Faculdade de Saúde social nem chega a ser percebida esta diferenciação,
Pública da Universidade de São Paulo; Secretaria visto que as reuniões são estruturadas conforme
de Estado da Saúde de São Paulo; Marília Cristina regimentos e orientações do Conselho Nacional
Prado Louvison / Louvison, M.C.P. / Faculdade de de Saúde. Discutir a estrutura formal do Controle
Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Social, considerando a diversidade da saúde indí-
A Saúde foi pioneira ao trazer a participação social gena, a forma dos próprios indígenas pensarem
para dentro da discussão das políticas públicas, esta participação e visando a real participação da
como uma medida de oportunizar que interesses comunidade na gestão é fundamental.
marginalizados sejam incorporados pelo sistema
político. Os povos indígenas através dos movimentos O PROCESSO DE CAPACITAÇÃO E A PARTICI-
indígenas garantiram o direito de respeito as suas PAÇÃO COMUNITÁRIA DOS CONSELHEIROS DE
tradições na Constituição Federal e a saúde em SAÚDE DE BOTUCATU – SP
1999 com a aprovação do Subsistema de Atenção à Regina Stella Spagnuolo / Spagnuolo, R.S /
Saúde. Este trabalho visa analisar a participação da UNESP; Violeta Campolina Fernandes / Fernan-
população indígena, através de um estudo sobre a des, V.C. / UNESP;
estrutura do Controle Social no SASISUS, na gestão Introdução. A participação comunitária é assegu-
da Política de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. rada pela Constituição Federal e regulada pela Lei
Para esta análise da estrutura formal do Controle So- 8.142/90, em que ocorre mediante a participação dos
cial e Participação Indígena na gestão do SASISUS atores sociais nas Conferências e Conselhos de Saú-
foram utilizados documentos oficiais, como: leis, de, nas três esferas de governo. Este estudo insere-se
portarias ministeriais, relatórios oficiais da SESAI no contexto da participação social de conselheiros
e FUNASA que tratam sobre gestão e controle social, de saúde e no fortalecimento de suas práticas. Obje-
dentre outros. A técnica de Análise de Conteúdo foi tivo. Conhecer o processo de capacitação no âmbito
utilizada para a verificação destes documentos. Com do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Botucatu
o intuito de interpretação do material qualitativo, a – São Paulo. Método. Pesquisa qualitativa realizada
fim de que, esta análise ultrapasse o senso comum no município de Botucatu - São Paulo, com dezesseis
e atinja um nível crítico diante da comunicação dos conselheiros de saúde sendo: sete representantes
documentos. O SASISUS foi criado para garantir a dos usuários, cinco dos trabalhadores da saúde, dois
esta população o acesso à saúde de forma que res- dos gestores e dois dos prestadores de serviço. Os
peite suas tradições e contemple as necessidades dados foram coletados nos meses de julho a agosto
específicas. Entretanto na constituição do Controle de 2014 por meio de entrevista semiestruturada. A

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 61
análise dos dados foi realizada à luz da Análise de para o processo de medicalização, a partir de um
Conteúdo representacional temática. Resultados: A artigo de Irving Zola, Medicine as an institution of
análise revelou a seguinte categoria: O processo de social control. Tomando-o em sua pluralidade a fim
capacitação e a participação comunitária. Pode-se de discernir as principais forças motrizes envolvidas
verificar que a maioria dos entrevistados (62,5%) não e cotejar com as novas exigências para o século XXI
recebeu capacitações para exercer a suas funções decorrentes das mudanças políticas, sociais e eco-
no conselho. Cabe destacar que os conselheiros nômicas. Objetivo: Recuperar o sentido das ideias
que relataram não receber capacitações, sentem centrais formuladas por Zola a respeito de medica-
falta de um auxílio formal para, principalmente, lização na referida obra. Metodologia: O movimento
sanar dúvidas e melhorar a compreensão sobre deste estudo se caracteriza por interpretar e abstrair
os assuntos importantes do conselho. Segundo os os aspectos centrais que distinguem as diferentes
participantes, o tema mais desejado para melhora concepções distintas sobre medicalização, pautados
da atuação é sobre o papel dos conselheiros dentro no exercício hermenêutico. Resultado: Para Zola, a
do município. Entretanto, parcela dos entrevistados medicina é uma instituição de controle social; uma
(37,5%) informou ter realizado capacitações em ges- entidade tão importante quanto as instituições his-
tões anteriores a do conselho vigente em que foram toricamente tradicionais como a religião, a justiça
trabalhados temas relativos ao funcionamento do e o Estado que se tornaria um novo repositório da
CMS. É interessante considerar que a maioria dos verdade oferecendo base para decisões presumida-
conselheiros que receberam capacitação específica mente neutras tomadas por especialistas. Sublinha
pertence ao segmento dos usuários, ao passo que quatro formas concretas de medicalização: a primei-
nenhum conselheiro do segmento gestor e prestador ra seria por meio da expansão do que na vida é con-
a recebeu e apenas dois conselheiros do segmento siderado relevante para a boa prática da medicina;
trabalhadores foi capacitado. Conclusão. O alto nú- a segunda, através da retenção do controle absoluto
mero de conselheiros sem capacitações expõe uma sobre determinados procedimentos técnicos; em
fragilidade, que pode ser consequência da não oferta seguida, pela retenção de acesso quase absoluto
por parte dos gestores. Recomenda-se uma educação a certas áreas de tabu” e finalmente, por meio da
permanente por meio de oficinas, rodas de conversa expansão do que na medicina é considerado im-
e cursos formais e específicos, para que a formação prescindível. Os sistemas burocrático e tecnológico
e mobilização aconteçam de maneira articulada seriam os principais determinantes no processo de
e interdependente numa perspectiva de produção medicalização. Para compreender o sentido da refle-
coletiva de saúde. xão do autor, é necessário se aproximar das obras
de Toffler (O choque do futuro) e Slater (A busca da
OS PROCESSOS DE MEDICALIZAÇÃO E AS POLÍ- solidão: a cultura americana no ponto de ruptura)
TICAS PÚBLICAS que fundamentam suas ideias, e oferecem indícios
Marcia Michie Minakawa / Minakawa, M. M. / sobre as forças motrizes que teriam levado toda a
Faculdade de Saúde Pública - Universidade de São sociedade à dependência da medicina: num polo
Paulo; Paulo Frazão / Frazão, P. / Faculdade de o Estado, e no outro a indústria; em apoio mútuo
Saúde Pública - Universidade de São Paulo; para capitalizar-se. Conclusão: o envolvimento da
Introdução: O termo medicalização surgiu no final medicina na gestão da sociedade é antigo, centrali-
da década de 60 para indicar a crescente influên- zou algumas decisões nas suas mãos e diminuiu a
cia da medicina em campos que até então não lhe autonomia dos indivíduos.
pertencia. Mas tem sido compreendido de maneira
diferente ao longo do tempo, os primeiros trabalhos PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL NO SISTEMA
estavam relacionados com ampliação da medicina ÚNICO DE SAÚDE NA MICRORREGIÃO DO SUDESTE
e se converteu em significado amplo, direcionando GOIANO
a vários aspectos da condição humana, sociais, eco- Normalene Sena de oliveira / OLIVEIRA, N. S. /
nômicos ou existenciais. Esta pesquisa busca olhar UFG - REGIONAL CATALÃO; Jacqueline Rodrigues

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de Lima / LIMA,J.R / UFG - GOIANIA; Elma Valeria respostas efetivas das necessidades da comunidade.
Lopes / LOPES,E.V / UFG - REGIONAL CATALÃO; Recomendações: É necessário que os movimentos
Augusto Cesar da Fonseca / FONSECA,A.C / SMS- sociais, as unidades de saúde e as Estratégias de
-CATALÃO; Claudio José Bertazzo / Claudio José Saúde da família formem grupos de reflexão e estudo
Bertazzo / UFG - REGIONAL CATALÃO; Kamylla para aprofundarem e diagnosticarem a realidade
Guedes de Sena / SENA,K.G / UFG - REGIONAL local e o processo saúde doença de sua popu-lação
CATALÃO; para identificar as potencialidades locais para o
Caracterização do problema: Participação e Controle enfrentamento das dificuldades e de-mandas de
Social é um princípio da estrutura organizacional atendimento a Saúde integral.
do Sistema Único de Saúde (SUS) que garante a
população sua participação e formulação de polí- SOBRE A MUNDIVIDÊNCIA ESPÍRITA E A VIOLÊN-
ticas publicas nas diferentes realidades. Descrição CIA: CONCEITOS, PROPOSTAS E DESAFIOS
da experiência: O Pro-jeto foi desenvolvido junto à Elerson Márcio dos Santos / Santos, Elerson M.
população em situação de vulnerabilidade social, / Faculdade de Medicina da UFMG; Anderson
assentados, comunidades onde ainda não existem Fernando Maia / Maia, Anderson F. / Faculdade de
unidades de saúde e que estão localizadas em uma Medicina da UFMG; Carmelina Figueiredo Vieira
Mi-crorregião do Sudeste Goiano com o objetivo de Leite / Leite, Carmelina F. V. / Faculdade de Me-
fomentar o protagonismo dos movimentos sociais dicina da UFMG; Clayson de Faria e Silva / Silva,
e dos usuários do SUS; Implementar processos de Clayson de F. / Faculdade de Medicina da UFMG;
Educação Popular em Saú-de;Promover a defesa Fabiana Carneiro Amorim / Amorim, Fabiana C. /
do direito à saúde; Disseminar o conhecimento Faculdade de Medicina da UFMG; Elza Machado
sobre as diretrizes e princípios do SUS; Oferecer de Melo / Melo, Elza Machado de / Faculdade de
informações sobre os direitos dos usuários do SUS; Medicina da UFMG;
Apresentar possíveis possibilidades de autonomia Introdução: A prevenção da violência é um com-
da Comunidade ; apresentar possíveis caminhos ponente importante quando se pensa em ações e
para a participação no Conselho de Saúde. Reali- políticas voltadas para a melhoria das condições
zamos o levantamento e identificação das neces- de saúde da população. Os temas sobre a saúde e
sidades da comunidade de assentados e população sua relação com a violência nas sociedades têm
da microrregião e levantamento dos temas a serem envolvido a atenção de grande parcela da sociedade.
discutidos pela comunidade nas Rodas de conver- A violência apresenta problemas que transcendem
sa. Lições aprendidas: O projeto proporcionou aos a lide acadêmica e a cultura política. Vê-se inse-
estudantes e participantes momentos de discussão, rida nos lares e nas relações sociais constituídas.
reflexão e conhecimento a cerca da participação Permeia a vida de todos. A razão prática pura não
e controle social da população junto às políticas tem sido competente para fundamentar uma cons-
publicas , Direitos do usuário do SUS com seus ciência normativa que se contraponha à violência.
princípios e diretrizes,aprofundamento da cartilha Para o Espiritismo, a Ciência e a Religião são as
do direito do u-suário do SUS e Controle Social.e duas alavancas da inteligência humana. A primei-
as mediações para que a população do Campo e da ra descobre as leis do mundo material e a segunda
Floresta participe e cobre com direito e autonomia revela as do mundo moral. O Espiritismo apresenta
a efetivação dos seus direitos junto aos gestores uma cosmovisão peculiar, com apoio na razão, sem
Municipais. Direito este que garante à inclusão so- desconsiderar as certezas da ciência e da religião ao
cial e sustentabilidade na realidade em que vivem tempo em que se afasta das ideias místicas, míticas
com suas famílias, como acesso a saúde, educação, e fantasiosas. Sua construção teórica contribui para
moradia digna, trabalho, transporte, alimentação e a sedimentação de uma consciência normativa que
lazer ,como também a triangulação do conhecimento concebe a violência como uma instituição social
entre o direito do usuário do SUS e sua efetivação explicável, transitória, causadora de danos ao indi-
na pratica para viabilizar a mediação de conflitos e víduo e à sociedade que deve ser superada por todos

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 63
os meios diretos e materiais. Objetivos: Reportar a análise das conclusões do Espiritismo a respeito
forma como o Espiritismo aborda a violência e sua da violência se espera encontrar um diferente
respectiva proposta de prevenção e erradicação. tratamento sobre a questão que tanto incomoda a
Método: Trata-se de revisão bibliográfica do tema sociedade atual. Enfrentamento diferente daquele
violência como é abordado pela Doutrina Espírita. proposto pela razão prática até o momento, mas
A pesquisa examinará variadas literaturas atreladas não sem amparo em bases filosóficas e científicas
ao tema violência, notadamente a apreensão da já sedimentadas. Conclusão: A contribuição teórica
temática pelo Espiritismo que será sua abordagem que resulta da visão do Espiritismo sobre a violência
nuclear. A análise circunscrever-se-á aos livros de enseja a inferência sobre a validade de uma síntese
autoria de Allan Kardec - Hippolyte Léon Denizard filosófica que é consequente ao cotejamento da pro-
Rivail (1804 - 1869) – membro da Real Academia dução acadêmica e da produção espírita. Tal síntese
de Ciências Naturais, segundo a Encyclopædia é fundamento para uma consciência normativa que
Britannica, 1997. Vol.8. p.390. Resultados: Com a se opõe à violência e enfrenta suas consequências.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 64
Cuidado em Saúde
A COORDENAÇÃO DO CUIDADO COMO PILAR DA captar informações, garantir a comunicação e as-
ORGANIZAÇÃO DA EQUIPE ESF segurar a execução das ações propostas. Ele zelou
Tony Wendell Paulino da Fonseca / Fonseca, T.W.P. pelo plano de cuidados e apontou a necessidade de
/ IRS Sírio Libanês; Patricia Mantovani / Mantova- revisão da estratégia adotada em tempo oportuno.
ni, P. / IRS Sírio Libanês; Melissa Lorenzo Prieto Cada ação desdobrou-se em: resultados esperados,
de Souza / Souza, M.L.P. / IRS Sírio Libanês; responsável pela ação, realização da ação e avalia-
Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. / IRS ção.LIÇÕES APRENDIDAS:A coordenação do cuida-
Sírio Libanês; do pode ser atribuída a qualquer membro da equipe;
não há tempo suplementar gasto para aplicação;
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA:Postulados
as informações do caso não se perdem; a Equipe
recentes caracterizam a assistência em linhas de
se apropria de cada etapa entendendo melhor cada
cuidado. A coordenação do cuidado em saúde é atri-
passo, sem se desmotivar pela complexidade do
buída à equipe da Atenção Básica. O grande desafio
caso.RECOMENDAÇÕES:Adotar a prática em casos
é criar estratégias para articular ações práticas
complexos; desenvolver instrumentos de registro da
cotidianas, onde os profissionais envolvidos possam
ação; construir e avaliar com o usuário planos de cui-
reconhecer a importância dessa ferramenta como
dados; estreitar contato com outros pontos da rede
integradora da assistência prestada ao usuário.
DESCRIÇÃO:O relato tem como finalidade descrever
o processo pelo qual a equipe da ESF apropriou-se A ENTREVISTA DE INCLUSÃO DE SAÚDE: UM
da ferramenta de coordenação do cuidado e mantém INSTRUMENTO DE ACOLHIMENTO DOS SUJEITOS
seu uso em um caso complexo. Quando, em discus- PRIVADOS DE LIBERDADE
são, foi apresentado a coordenação do cuidado, os Glaucimara de Freitas e Silva / Freitas e Silva, G. /
componentes da equipe afirmaram ser esta uma Secretaria de Administração Penitenciária de São
prática habitual a todos os pacientes. Porém, a ma- Paulo - Centro de Detenção Provisória de Jundiaí;
nutenção das discussões mostrou que o segmento Este resumo refere-se ao trabalho de conclusão
dos casos era dado por ações de diferentes profis- do curso de especialização Gestão em Saúde no
sionais que se comunicavam entre si, mas que não Sistema Prisional”, pela FIOCRUZ em parceria com
constituíam um plano articulado e compartilhado de a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e Es-
cuidado. Além de não conter as expectativas de cada cola de Administração Penitenciária (Secretaria de
um em relação ao resultado do trabalho e de haver Administração Penitenciária de São Paulo), no ano
fragilidade no registro da informação. Assim, para de 2014. O primeiro contato com o sujeito privado
implementar a coordenação do cuidado, elegeu-se de liberdade é através de uma entrevista de inclusão
um caso complexo de um cadastrado em sofrimento de saúde, que tem como propósito funcionar como
psíquico, isolamento social e de difícil adesão. Após porta de entrada no sistema de saúde. Analisamos o
longa reflexão sobre o que esperar dessa situação roteiro de entrevista de inclusão através do referen-
e como transformar o cadastrado em protagonista cial teórico da Análise do Discurso de linha francesa.
de seu cuidado, a equipe traça um plano de ação e Esta análise proporcionou o acesso a diversas regi-
uma maneira de registrá-lo em prontuário. O plano ões discursivas e dentre elas evidenciamos que os
de cuidados foi constituído por ações estratégicas significantes entrevista de inclusão de saúde” está
realizadas de modo sistemático, complementar e de forma metonímica pareada com o significante
coordenado. Todos se envolveram no caso: profis- exame médico” e também verificamos que o signi-
sionais da ESF, NASF, CAPS e familiar do paciente. ficante saúde” refere-se a um processo puramente
Elegeu-se um coordenador do cuidado que além de biológico, em detrimento dos determinantes sociais,
exercer seu papel profissional, tinha atribuição de culturais e psicológicos, significantes que em ne-

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nhum momento são apresentados na entrevista. Em NASF na qualificação da demanda de Fisioterapia
consonância com todo o arcabouço teórico do SUS, da população circunscrita no território. Descrição:
pretendemos com a entrevista de inclusão acessar o Em maio de 2014 havia uma demanda reprimida
sujeito com suas dimensões biológicas, psicológicas para o serviço de Fisioterapia de 143 usuários. O
e sociais e, para isso, precisamos recorrer ao conhe- fisioterapeuta do NASF realizou uma triagem dos
cimento de diversas disciplinas, tanto do campo da encaminhamentos e avaliações subsequentes dos
saúde bem como dos campos das ciências sociais usuários a fim de qualificar a fila, resultando em: a)
e humanas. No Centro de Detenção Provisória de encaminhamento para Fisioterapia Especializada;
Jundiaí verificamos que o instrumento entrevista de b) orientações gerais; c) encaminhamentos para ou-
inclusão está formatado com um conceito de saúde tros serviços, incluindo grupos de caminhada, Lian
reduzido ao fator biológico, em incongruência com Gong, acupuntura desenvolvidos na AB ou no serviço
os referenciais teóricos do SUS e mais do que isso, especializado; d) Encaminhamento e fortalecimento
impossibilitando de ouvir as demandas de nossos dos grupos de dor crônica promovidos na AB pelos
sujeitos privados de liberdade. próprios profissionais do NASF. O grupo acontece se-
manalmente nas 3 UBS com o objetivo de promover
A FILA DE FISIOTERAPIA: UMA VISÃO AMPLIADA o relaxamento e fortalecimento muscular, melhora
DAS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO E DO TER- da mobilidade, equilíbrio e inserção social. Após 4
RITÓRIO meses de avaliação, não havia demanda reprimida de
Fabíola Kenia Alves / Alves, F.K. / Instituto de Res- Fisioterapia. Lições aprendidas: A avaliação qualifi-
ponsabilidade Social Sírio Libanês; Ana Beatriz cada das demandas da população permite otimizar
Medina / Medina, A.B. / Instituto de Responsa- a rede de cuidado já que evita encaminhamentos
bilidade Social Sírio Libanês; Melissa Lorenzo desnecessários para outros pontos da rede, reduz a
Prieto de Souza / de Souza, M.L.P. / Instituto de fila de espera por especialidade, fortalece a atuação
Responsabilidade Social Sírio Libanês; Francies da fisioterapia na AB e diminui o tempo de espera
Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. / Instituto de pelo tratamento, beneficiando o usuário. Recomen-
Responsabilidade Social Sírio Libanês; dações: O fisioterapeuta do NASF deve extrapolar
Caracterização do problema: O Instituto de Respon- seu eixo de atuação para além do matriciamento e
sabilidade Social Sírio Libanês administra 9 equipes atendimento individual visto que tem potencial de
de Estratégia Saúde da Família (ESF) e 1 equipe de regulador na AB e articulador da rede de serviços.
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) com atua-
ção em 3 Unidades Básicas de Saúde (UBS): Cambuci, A INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NO CUIDADO
Humaitá e Nossa Senhora do Brasil, situadas na DE SI
região Central de São Paulo. Uma das características Andrea dos Reis Fermiano / Fermiano, A.R / PRE-
destas UBS é o perfil de unidade mista, composta por FEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS/ UFSCar;
equipes de ESF representando uma área de abran- Umaia El Khatib / El Khatib, U / UFSCar;
gência de apenas 13 a 15%, e grande maioria da po- INTRODUÇÃO: Com a conquista da democratização
pulação atendida pelo modelo tradicional da Atenção política e construção do Sistema Único de Saúde os
Básica (AB) (em torno de 85%). Tem sido observada profissionais tiveram que repensar a forma de ver
nestas unidades, uma demanda significativa e cres- a saúde, pois se depararam com um ser humano
cente para o serviço de Fisioterapia, refletida pela singular e ao mesmo tempo complexo, multidi-
predominância das doenças crônico-degenerativas mensional; que apresenta necessidades além da
decorrente da mudança epidemiológica ocorrida nos dimensão fisiológica ou material; que, mais do que
últimos anos. Nesse cenário, o NASF tem papel im- ser educado, necessita ser cuidado integralmente,
portante na AB, pois potencializa a função de filtro respeitando os seus aspectos biopsicossocial e espi-
da AB e fortalece suas ações na rede com ampliação ritual. Em busca de resgatar si próprio e de romper
do leque de oferta de serviços. O objetivo deste re- com uma medicina convencional, que o dividiu em
lato é demonstrar a atuação do fisioterapeuta do partes”- esquecendo da sua espiritualidade, dos seus

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sentimentos, de suas criações e até mesmo do seu A Reforma Sanitária do Brasil é um marco na luta
estar no mundo -, o ser humano vem se aproximando contra o modelo flexneriano que impulsionou a
da medicina alternativa e de práticas que mostram criação do Sistema Único de Saúde (SUS). A prática
que os aspectos psíquicos, físicos e espirituais são clínica tradicional é médico centrada e reducionis-
indissociáveis na busca do restabelecimento do seu ta, portanto, não atende aos princípios do SUS e da
equilíbrio (EL-KHATIB, 2008). Vasconcelos (2004) Estratégia de Saúde da Família (ESF). As equipes
descreve a espiritualidade como uma força capaz se deparam com situações complexas que exigem
de auxiliar o indivíduo, família e comunidade, a uma abordagem integral e interdisciplinar. A Clí-
melhor superar as dificuldades da vida, proporcio- nica Ampliada é um instrumento proposto pela
nando uma melhor tolerância com os problemas Política Nacional de Humanização (PNH) capaz de
da realidade cotidiana. OBJETIVO: Este estudo qualificar o modo de fazer saúde considerando o
teve como objetivo identificar se há influência da sujeito de forma integral. Optou-se pelo recorte da
espiritualidade da família no cuidado de si, e caso infância por considerar a importância da criança
fosse identificado, como ela ocorre. MÉTODO: Trata- como ser social. O objetivo do estudo é conhecer a
-se de um estudo qualitativo que foi desenvolvido percepção dos membros das equipes das ESF sobre
com famílias pertencentes à área de abrangência Clínica Ampliada na infância, numa abordagem
da Unidade de Saúde da Família Jardim Gonzaga, qualitativa, descritiva e exploratória. A população
no bairro Jardim Gonzaga, situada na periferia do é constituída pelos membros das equipes das ESF
município de São Carlos. Participaram desse estudo da Administração Regional de Saúde Cidade Aracy,
20 mulheres, responsáveis pelo cuidado de famílias no município de São Carlos, por essa conter maior
que se destacam na comunidade, pois apresentam número de USF e apresentar número expressivo de
autonomia no cuidado de si diante de problemas de crianças adscritas. Para coleta de dados utilizou-se
saúde. A coleta de dados se deu através de entrevis- questionário para caracterizar o perfil dos partici-
tas, com quatro questões norteadoras, realizadas pantes e roteiro de entrevista semi-estruturado com
no domicílio das participantes ou na Unidade de questões relativas ao tema. A análise de conteúdo
Saúde da Família. Para análise das informações, foi temática foi à técnica escolhida. Até o momento
utilizada a análise temática. RESULTADOS: Da aná- participaram das entrevistas 28 (85%) membros das
lise das entrevistas identificamos: A mulher como equipes, sendo 03 médicos, 02 enfermeiros, 04 au-
principal cuidadora da família; A espiritualidade xiliares de enfermagem, 01 auxiliar de consultório
como força que ajuda o indivíduo no cuidado; A in- odontológico, 03 cirurgiões dentistas e 15 agentes
fluência da espiritualidade nas decisões e superação comunitários de saúde, destes foram analisados os
das dificuldades da vida. CONCLUSÃO: Entre vários dados de 12 (36%) entrevistas. A maioria dos partici-
aspectos, conclui-se que a espiritualidade influencia pantes é do sexo feminino. A idade média de todos os
de maneira importante no cuidado de si da família; entrevistados é de 37 anos. Em relação ao tempo de
que a fé auxilia na recuperação, cura e manutenção serviço foi encontrado que 03 participantes traba-
da saúde. Os profissionais de saúde precisam se lham na USF há 5 anos, 06 entre 5 e 10 anos e 03 há
aproximar da espiritualidade de modo a ampliar os mais de 10 anos. Nota-se que alguns participantes
conhecimentos e as formas de entender e cuidar do não conhecem o termo clínica ampliada na infân-
ser humano. cia, mas o associam ao: programa primeiríssima
infância, olhar ampliado, cuidado integral a criança
A PERCEPÇÃO DAS EQUIPES DE UNIDADES DE e puericultura. Eles destacam elementos próprios
SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE A CLÍNICA AMPLIADA da clínica ampliada, mas mesmo os que afirmam
NA INFÂNCIA: RESULTADOS PRELIMINARES conhecê-la apresentam dificuldades em explicá-la
Diana Carla Romano / Romano, D.C. / UFSCar; Re- conceitualmente. Conclui-se nesse momento que
gina Helena Vitale Torkomian Joaquim / Joaquim, apesar dos profissionais não apresentarem com
R.H.V.T. / UFSCar; Maristela Carbol / Carbol, M. / clareza os pressupostos da clínica ampliada, eles
UFSCar; preocupam-se em qualificar o atendimento oferecido

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a esta população na perspectiva do cuidado integral pessoa de se perceber, é um cuidado que não pode ser
a criança. somente medicalizante. O cuidado passa por receber
a demanda numa perspectiva intersetorial e em rede,
A PERSPECTIVA DOCENTE SOBRE O CUIDADO DA com alguns princípios: trabalho interprofissional,
TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA cuidado longitudinal, corresponsabilidade, clínica
À SAÚDE ampliada e matriciamento. O TO vai lidar com to-
RODRIGO ALVES DOS SANTOS SILVA / SILVA, dos que moram naquela comunidade e identificar
R.A.S / Universidade Federal de São Carlos; Fátima as necessidades e rupturas na vida cotidiana das
Corrêa Oliver / Oliver, F.C. / Universidade Federal pessoas. Considerações finais: o cuidado do TO na
de São Carlos e Universidade de São Paulo; APS prescinde de técnica, mas ele não é só técnica
É essencial o debate sobre o papel do Terapeuta ele é uma articulação de ações. E essa articulação de
Ocupacional (TO) na Atenção Primária à Saúde ações deve ser dentro do contexto do que a própria
(APS), visto que as contribuições científicas nesse TO tem de especificidade para contribuir no cuidado
campo contam com pouco detalhamento. Objetivo: cotidiano da APS.
compreender a perspectiva do docente de Terapia
Ocupacional (TO) do Estado de São Paulo sobre A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO NOS
o cuidado do TO na APS. Método: o trabalho de SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: REVISÃO
campo teve início na identificação de cinco cursos SISTEMÁTICA DA LITERATURA
públicos de TO do estado de São Paulo. Entrevista Gabriela Palermo Lanzilotti / Lanzilotti, G.P. /
com oito docentes dos cursos responsáveis pelo Universidade Católica de Santos; Carolyne Cristi-
ensino da APS. Resultados: após a transcrição e na Garcia / Garcia, C.C. / Universidade Católica de
leitura das entrevistas realizadas, chegamos a Santos; Letícia Silva Dayraut Lopes / Lopes, L.S.D
três categorias de análise: o lugar do TO na APS: o / Universidade Católica de Santos; Luzana Macke-
TO não tem lugar na Estratégia Saúde da Família vicius Bernardes / Bernardes, L. M. / Universidade
e ocupa um lugar de retaguarda especializada no Católica de Santos;
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). A área Introdução: A proposta da humanização dos serviços
tem o desafio de compreender o que é a construção públicos de saúde é um princípio para a conquista
dessa TO generalista da APS. População atendida, da melhora do atendimento à saúde dos usuários
recursos e estratégias para o cuidado do terapeuta e as condições de trabalho dos profissionais da
ocupacional na APS: o TO cuida de casos de saúde saúde. Faz parte das diretrizes da Política Nacional
mental, de disfunção física, de pessoas em proces- de Humanização (PNH) a valorização dos usuários,
sos de exclusão, da população materno infantil, de trabalhadores e gestores para que os mesmos se re-
jovens, de adultos e de idosos com doenças crônico conheçam como protagonistas das ações de saúde, e
degenerativas e infecciosas. Um eixo de cuidado é fortaleçam o trabalho em equipe multiprofissional.
pensar a família, o outro é vinculado às pessoas que Sendo assim, faz-se necessário a discussão sobre
estão no território. O TO pode realizar adaptações na esta temática, em todos os segmentos da saúde, in-
casa, atendimento individual, trabalha com oficina cluindo os serviços de urgência e emergência. Obje-
e grupos, faz intervenção na comunidade, na ambi- tivo: Identificar e analisar a implantação da Politica
ência e ações de promoção da saúde e prevenção de Nacional de Humanização (PNH) na perspectiva dos
agravos. A TO na APS vai trabalhar com o cotidiano, trabalhadores dos serviços públicos de urgência e
com abordagens dos saberes populares e no manejo emergência. Metodologia: Trata-se de uma revisão
da rede de suporte social. O TO deve saber fazer: sistemática da literatura. Utilizou-se como base os
adequação postural em cadeira de rodas, órtese, bancos de dados virtuais Scielo e Lilacs, no período
articulação intersetorial, compreender e intervir de 2008-2014. Os termos de busca empregados
nas ocupações cotidianas que o indivíduo tem difi- foram obtidos através de consulta aos Descritores
culdade ou que não consegue realizar. Cuidado do em Ciências da Saúde (desc.bbv.br). Na busca dos
TO na APS: consiste em ampliar a capacidade da trabalhos utilizou-se a combinação dos descritores:

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humanização, humanização da assistência, vínculo, Básica de Saúde (UBS). Método. Estudo transversal,
acolhimento, urgência, emergência, e Sistema Único desenvolvido em 38 UBS da região sudeste do mu-
de Saúde. Os critérios de exclusão foram artigos nicípio de São Paulo, entre janeiro e março de 2014.
com resumo em inglês e espanhol, e que não apre- Utilizou-se um questionário validado para coleta e os
sentaram o delineamento para o objetivo do estudo. dados foram analisados de forma descritiva e analíti-
A partir dos requisitos estabelecidos para o estudo, ca. Resultados. Dos 133 enfermeiros do estudo, 60,2%
foram identificadas 82 publicações de artigos, sen- informaram ter participado de cursos de capacitação
do 16 selecionados. Resultados: Predominam nos sobre as ações para o rastreamento do câncer de
artigos selecionados os fatores que dificultam e que mama, sem diferença estatística entre os diferen-
facilitam a assistência humanizada. Entre os que di- tes modelos de UBS. Já a participação em cursos de
ficultam apresentam-se: a alta demanda, a estrutura especialização entre os enfermeiros das UBS-ESF
física inadequada, a carência de materiais e a falta (Estratégia Saúde da Família) foi significativamente
de recursos humanos. Porém, entre os fatores que maior (p = 0,03) em comparação aos outros modelos,
facilitam está a empatia entre profissional e usuá- assim como a investigação dos fatores risco, orienta-
rio, pois o indivíduo se coloca no lugar do próximo; ção da idade do autoexame das mamas e realização
as condições ambientais, a classificação de risco de reunião educativa (p = <0,001). Os enfermeiros da
e o posicionamento de cada profissional frente às UBS-Mista foram os que mais referiram orientar a
situações. Conclusão: É importante ressaltar que os idade do exame clínico das mamas (p = 0,002) e a re-
gestores municipais, estaduais e federais, são os res- alização do mesmo (p= <0,001). Conclusão. A análise
ponsáveis para garantir o acesso universal e integral dos dados evidenciou que a realização das ações de
ao usuário por meio da atenção básica; serviços de rastreio para o câncer de mama, pelos enfermeiros
urgência e emergência; vínculo do serviço e equipe das UBS/ESF, foi significativamente maior quando
de saúde com a população, utilizando a humaniza- comparada às realizadas por enfermeiros das UBS
ção do atendimento, segundo a rede de atenção. A Tradicional e Mista. Contribuição. Os dados deste
humanização objetiva conquistar a qualidade no estudo trazem subsídios importantes para a tomada
atendimento dos serviços públicos de saúde e as de decisão dos gestores das UBS e da Coordenadoria
condições de trabalho dos profissionais da saúde. Regional de Saúde, uma vez que a construção de prá-
ticas equânimes em saúde e a resolutividade devem
AÇÕES DO ENFERMEIRO NO RASTREAMENTO DO ser garantidas independente do modelo de atenção
CÂNCER DE MAMA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DO adotado. Descritores: Neoplasias da Mama, Atenção
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Primária à Saúde, Enfermagem Oncológica. Valterli
Fabiana Barbosa Barreto Melo, / Melo, F.B.B. Conceição Sanches Gonçalves, Marislei Sanches
/ EPE/UNIFESP; Elisabeth Niglio de Figueire- Panobianco, Maria Gaby Rivero de Gutiérrez
do / Figueiredo,E.N. / EPE/UNIFESP; Marislei
Sanches Panobianco / Panobianco, M.S / EE/ ACOLHIMENTO AOS USUÁRIOS EM UNIDADES DE
USP RP; Valterli Conceição Sanches Gonçalves ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
/ Gonçalves,V.C.S. / EPE/UNIFESP; Alex Jones Cinira Magali Fortuna / Fortuna, C.M. / EERP-
Flores Cassenote / Cassenote, A.J.F. / Epidemiolo- -USP; Karemme Ferreira de Oliveira / Oliveira,
gista/doutorando FMUSP; Maria Gaby Rivero de K.F. / EERP-USP; Flávio Adriano Borges Melo /
Gutiérrez / Gutiérrez, M.G.R. / EPE/UNIFESP; Melo,F. A.B. / EERP-USP; Fabiana Ribeiro Santana
Introdução. O controle do câncer de mama demanda / Santana, F.R. / EERP-USP; Marcia Niituma Ogata
ações de detecção e tratamento precoces, realizadas / Ogata, M.N. / UFSC depto enfermagem; Adriana
por profissional capacitado1,2. Objetivo. Caracteri- Barbieri Feliciano / Feliciano, A.B. / UFSCar-depto
zar os enfermeiros segundo dados de formação e enfermagem; Priscila Norié de Araújo / Araújo, P.
capacitação profissional e descrever as ações por N. / EERP-USP; Gabriela Alvarez Camacho / Ca-
eles desenvolvidas para o rastreamento do câncer de macho, G.A. / UFSCar-depto enfermagem; Monica
mama, conforme os diferentes modelos de Unidade Vilchez da Silva / Silva, M. V. / DRS-III Araraquara;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 69
Introdução O acolhimento é uma diretiva da Politi- ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO DE PESSOAS
ca Nacional de humanização e um desafio para as PORTADORAS DE HIV/AIDS - RELATO DE EXPE-
equipes de atenção básica pois constitui a resposta RIÊNCIA
para as necessidades de saúde da população. Objeti- Luiz Henrique Franco Mendonça / Mendonça,
vo Analisar a organização do acolhimento segundo L.H.F. / UFSCar; Mariana Gonçalves Fabricio /
a ótica dos trabalhadores de serviços de atenção Fabricio, M.G. / UFSCar; Renan Aparecido da Silva
básica. Método Trata-se de um estudo de aborda- Reis / Reis, R.A.S. / UFSCar; Luciana Nogueira
gem qualitativa, do tipo pesquisa -intervenção. Fioroni / Fioroni, L.N. / UFSCar;
Apresentamos resultados parciais de uma pesquisa
O Centro de Atenção a Infecções Crônicas de São Car-
em andamento financiada pelo PPSUS/FAPESP Pro-
los é a referência de serviço especializado (SAE) para
cesso N.2014/50037-0 intitulada: Cogestão, Apoio
pessoas portadoras de HIV/Aids e outras infecções
Institucional e Acolhimento na Atenção Básica- uma
crônicas na região do município, e conta com uma
pesquisa-intervenção”. O projeto foi aprovado pelo
equipe multiprofissional para atender a demanda
CEP. Foram realizados dezesseis grupos focais com
de promoção, prevenção e tratamento das enfermi-
trabalhadores de unidades de saúde aderentes ao
dades. Além do protocolo de atendimento padrão
PMAq. Participaram médicos, enfermeiros, técnicos
seguido pelos profissionais, o serviço conta com o
de enfermagem, agentes comunitários, dentistas,
apoio da Universidade Federal de São Carlos através
entre outros. Um dos temas discutidos foi a orga-
de estágios supervisionados na área da saúde, entre
nização do acolhimento nas unidades. Resultados
eles do curso de psicologia. As atividades planejadas
e Discussão Os trabalhadores caracterizam o aco-
pelos projetos da Psicologia envolvem ações coleti-
lhimento enquanto ação que deve perpassar pelo
vas intersetoriais e ações de cuidado individual. Este
trabalho de todos os trabalhadores. No entanto, é a
último tipo de atividade é um suporte psicossocial
enfermagem quem realiza o contato com os usuários
aos portadores de HIV acompanhados pelo serviço,
com alguma queixa e são os agentes comunitários
que busca identificar as necessidades decorrentes
de saúde que realizam a recepção ao usuário. Na
da infecção e convívio com o HIV. O presente resumo
nossa unidade é mais ou menos assim também, a
foca nos acompanhamentos realizados ao longo do
pessoa chega, ela é acolhida pelo agente comunitário
primeiro semestre de 2015. As atividades pautam-se
de saúde, que faz a parte de recepção. Ali mesmo a
na perspectiva da Psicologia Social Crítica e da Saú-
gente já faz um, entre aspas, um pré-acolhimento. A
de Coletiva, em especial as representações sociais
gente conversa e pergunta o que está acontecendo,
sobre hiv e morte, modelo de cuidado ofertado pelo
ele se coloca, e a partir daí a gente direciona para
serviço, enfrentamento de situações de estigmati-
o acolhimento com as auxiliares de enfermagem
zação e os impactos da vivencia da sexualidade e
ou com a enfermeira Um dos aspectos a ser proble-
relações afetivas a partir do diagnóstico. Atualmente
matizado é que há unidades que estão incompletas
o cuidado clínico do hiv possibilitou transformar a
quanto aos agentes comunitários, contam com três
aids em uma condição crônica e controlável, desde
agentes de saúde, por exemplo então nesse caso,
que o cuidado seja acessível e construído em con-
eles são deslocados ao menos duas vezes na sema-
junto com uma equipe multiprofissional de saúde.
na de suas atividades de visita e de suas atividades
A experiência tem revelado que a busca por suporte
de grupos e de promoção à saúde. Há uma certa
psicológico é exceção na rotina do SAE, que a assis-
captura do trabalho junto ao território para dentro
tência em saúde é predominantemente pautada na
das unidades de saúde. Conclusão O acolhimento
consulta médica individual, o que reduz os espaços e
é tido pelos trabalhadores como ação transversal,
possibilidades de um cuidado integral, e consequen-
momento de apoio e escuta a perpassar o trabalho
temente não privilegia as dimensões sociais, cultu-
de todos. No entanto, o contato com a clientela, ainda
rais e subjetivas da experiência de ser portador do
vem sendo desenvolvido por categorias profissionais
hiv. Os sofrimentos mais relevantes observados até o
específicas.
momento se relacionam ao medo do preconceito e da

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 70
identificação do hiv (pela família, pelo grupo social, versam sobre os maiores estressores e as patologias
no ambiente de trabalho); a dificuldade em falar que podem ser desenvolvidas nos pais e quais as
abertamente sobre o hiv mesmo nos atendimentos; formas de enfrentamento utilizadas por eles. 3 - As
construir novos vínculos afetivos sob a marca do hiv. mudanças na parentalidade: esta categoria reune o
menor número de artigo e abordam a interação pelo
AS RESSONÂNCIAS DA INTERAÇÃO PAIS-CRIAN- vértice da possibilidade de transformação dos envol-
ÇA COM SÍNDROME DE DOWN: UMA REVISÃO vidos. Conclusão: A revisão indicou que a literatura
SISTEMÁTICA da última década ainda é centralizada nos aspectos
Fernada Cristina de Oliveira Santos Aoki / Aoki, biomédicos da SD mesmo quando se tem em foco a
F.C.O.S. / USP; Carmen Luicia Cardoso / Cardoso, interação, destacando nela as questões clínicas de
C.L. / USP; saúde e doença, dando pouca relevância ao indivíduo
integral e suas vivências subjetivas.
Introdução: O nascimento de uma criança com Sín-
drome de Down traz repercussões para os pais que
precisam passar por uma readaptação de seus so- ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E O USO E O CUI-
nhos e expectativas, o que ocorre concomitantemen- DADO POR MEIO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS
te com o imperativo de atender as peculiaridades e E COMPLEMENTARES
necessidades do ser nascente totalmente dependen- Octávio Augusto Contatore / Contatore, O.A. /
te deles. A interação inevitavelmente acontece, mas UNICAMP; Nelson Filice de Barros / Barros, N.F. /
com contornos muito específicos, principalmente UNICAMP; Melissa Rossati Durval / Durval, M.R.
devido à dificuldade de comunicação das crianças / UNICAMP; Pedro Cristóvão Carneiro da Cunha /
Síndrome de Down. Pouco se tem estudado sobre as Cunha, P.C.C. / UNICAMP; Bernardo Diniz Couti-
peculiaridades dessa interação e como esta impacta nho / Coutinho, B.D. / UNICAMP; Júlia Amorim
os pais, atores fundamentais nesse contexto. Objeti- Santos / Santos, J.A. / UNICAMP; Juliana Luporini
vo: Objetivou-se buscar sistematicamente como as do Nascimento / Nascimento, J.L. / UNICAMP;
pesquisas da última década (2004-2014) abordam as Silene de Lima Oliveira / Oliveira,S.L. / UNICAMP;
ressonâncias nos pais da interação com filhos com Silvia Miguel de Paula Peres / Peres, S.M.P. /
Síndrome de Down. Método: A busca foi realizada UNICAMP;
nas bases PsycINFO, CINHAL, PubMed e Lilacs. Introdução: O uso das Práticas Integrativas e Com-
Foram combinados os termos: father”, mother”, pa- plementares (PIC) tem sido crescente e sua institu-
rent”, child”, relations”, communication” and down´s cionalização na Atenção Primária à Saúde (APS) é
syndrome” e seus equivalentes em português. Os um desafio, podendo atuar da promoção à saúde à
artigos então selecionados para formar o corpus da reabilitação. Embora haja um aumento da sua utili-
revisão foram lidos na íntegra, organizados segundo zação como prática de cuidado pela população nos
suas características, analisados e categorizados. setores privados de saúde, a compreensão científica
Resultados e Discussão: Foram encontrados 169 de seus benefícios para a sua maior institucionaliza-
estudos e 20 satisfizeram os critérios de inclusão. Os ção pública encontra barreiras metodológicas. Obje-
resultados foram apresentados em três categorias: tivo: Mapear a produção acadêmica sobre os usos, os
1 - Conceitos e pré-conceitos da Síndrome de Down tipos de cuidado e as políticas sobre as PIC no nível
presentes nos pais; O conjunto de estudos dessa ca- de atenção primária em saúde, nos cenários nacional
tegoria sugere que há algumas formas de conceituar e internacional. Comparar as diretrizes políticas
a Síndrome que possibilitam maior bem estar. Entre- entre a sua forma de implantação internacional
tanto, evidencia também uma dificuldade dos pais com a Política Nacional de Práticas Integrativas e
entrarem em contato com seus reais sentimentos em Complementares. Métodos: Revisão Sistemática da
relação a Síndrome. 2 - Estressores e enfrentamento; Literatura na Biblioteca Virtual em Saúde e PubMed/
Esta é a categoria que contém o maior número de Medline com os descritores Homeopatia” e Atenção
estudos apontando o viés majoritariamente bio- Primária à Saúde”, Acupuntura” e Atenção Primária
médico da compreensão da interação. Tais estudos à Saúde”, Fitoterapia” e Atenção Primária à Saúde”,

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Práticas Corporais” e Atenção Primária à Saúde” e são integrativa da literatura nacional e internacio-
seus correspondentes em inglês e espanhol. Como nal sobre autocura metafísica, publicada no período
critérios de inclusão foram definidos: ter sido pu- de 2001 a 2011. Método. Alicerçado pelo referencial
blicado no período entre 2002 e 2011, ser um artigo metodológico de Ganong (1987), foram coletados
científico indexado e constar no título ou no resumo nas bases de dados: Lilacs, Medline,Web of Science,
pelo menos um dos descritores. Como critérios de Pubmed, Scopus; com as palavras-chaves: Autocu-
exclusão foram definidos: artigos que não fossem ra”, Autocura e Terapias Integrativas” e Autocura e
de acesso aberto ou não disponibilizados no portal Terapias Complementares”, nos idiomas português,
de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento inglês e/ou espanhol. Foram excluídos artigos in-
de Pessoal de Nível Superior (CAPES), artigos que completos, repetidos entre as bases de dados e que
não ofereceram acesso integral aos textos, artigos não fossem pertinentes ao tema, resultando numa
de revisão de literatura, carta, editorial, dissertação amostra de 89 artigos. Para organizar os dados foi
e tese. Resultados: Foram identificados 1.544 artigos utilizada a análise de conteúdo na vertente temática
das diferentes PIC na APS, divididos em: 489 sobre proposta por Bardin (2011). Resultados. Aponta uma
Homeopatia; 262 de Acupuntura; 556 de Fitoterapia; produção majoritária de publicações internacionais
237 de Práticas Corporais. Depois de aplicados os (93%), oriundas dos Estados Unidos (39%). O método
filtros restaram 180 artigos divididos em: 101 de quantitativo foi predominante (66%); sendo 69,5%
Acupuntura; 36 de Homeopatia; 34 de Fitoterapia; transversais e 30,5% prospectivos. O número de
nove de Práticas Corporais. Observaram-se: avalia- publicações apresentou crescimento até 2008 (18%),
ções do uso das PIC para o tratamento de patologias mas a partir de 2009 ocorre uma queda de mais da
específicas, a partir de uma perspectiva biomédica; metade (8%), principalmente qualitativos que não
avaliações do seu uso para o tratamento de patolo- apresentou nenhum estudo nos últimos dois anos
gias específicas, focadas nos sentidos atribuídos (2010 e 2011). A análise qualitativa desvelou três
pelos usuários e profissionais; análise da viabilidade categorias: características dos usuários”, a relação
política, econômica e social das PIC nos serviços entre os profissionais de saúde e a autocura” e as
de saúde. Conclusão: Predomina na literatura a práticas da autocura”. Conclusão. As vantagens são
busca pela validação científica das PIC e um viés os custos mais baixos, ausência de efeitos colaterais,
metodológico biomédico no desenho dos estudos, melhora significativa dos aspectos físicos, mas prin-
o qual não contribui para esclarecer o potencial de cipalmente emocionais. As mulheres mais velhas
cuidado das PIC na APS. e com maior escolaridade são as que mais buscam
por estas técnicas, sendo a oração e a meditação as
AUTOCURA METAFÍSICA: REVISÃO INTEGRATIVA mais citadas, sendo indicadas por amigos/familia-
Karina Pavão Patrício / Patricio, K.P. / FMB- res, por dificuldade em conversar com a equipe de
-UNESP; Fernanda Martin Catarucci / Catarucci, saúde. Esta integração é limitada devido às lógicas
F.M. / FMB-UNESP; Regina Stella Spagnuolo / de análise do processo de adoecimento. A inclusão
Spagnuolo, R.S. / Faculdade de Medicina de Botu- de disciplinas nas universidades sobre esta temática
catu - UNESP; Ione Morita / Morita, I. / Faculdade e o incentivo a pesquisas de natureza clínica podem
de Medicina de Botucatu - UNESP; mapear outras dimensões do conhecimento na área,
Introdução. A crescente popularidade das medicinas estimulando sua prática e podendo contribuir com
reflete mudanças nas necessidades e valores da so- políticas públicas no âmbito da saúde.
ciedade moderna. Isso inclui a elevação na prevalên-
cia de doenças crônicas, maior acesso à informação, BULLYING ESCOLAR E O CUIDADO OFERTADO AO
declínio da crença de que medicina convencional ADOLESCENTE NA SAÚDE DA FAMÍLIA
terá maior relevância no tratamento, desejo de mais Pamela Lamarca Pigozi / Pigozi PL / USP; Ana
controle e liberdade em relação à própria saúde e um Lúcia Machado / Machado AL / USP;
interesse maior em espiritualidade e crescimento O bullying é definido como um subtipo de agressão,
pessoal. Objetivo. Este estudo consiste de uma revi- com caráter sistemático e repetitivo e com assime-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 72
tria de poder entre pares, alavancando consequên- S.S. C. / Sibelle Silva Cosme Pedro; Wilma Madei-
cias sérias à saúde de adolescentes, que além de ra / Madeira, W. / Hospital Sírio-Libanês; Mirna
lidarem com suas intensas mudanças emocionais, Namie Okamura / Okamura, M.N. / Hospital Sírio-
atitudinais e fisiológicas, buscam serem aceitos -Libanês; Sergio Fernando Rodrigues Zanetta. /
pelas suas singularidades em meio à discriminação Zanetta, S.F.R. / Hospital Sírio-Libanês;
entre pares. Esta pesquisa teve como objetivo acom- Caracterização do Problema: O câncer (CA) de mama
panhar o caminho percorrido por um adolescente é a principal causa de morte em mulheres brasileiras
na Unidade de Saúde da Família (USF) a procura de – dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2014)
amparo quando vítima de bullying na comunidade – o que o caracteriza como um importante problema
ou no cenário escolar. Para compreender este traça- de saúde pública que, agravado por diagnóstico tar-
do do adolescente no serviço de saúde, utilizou-se o dio e dificuldade de acesso ao tratamento adequado,
Fluxograma Analisador do modelo de atenção de um têm contribuído para o aumento da mortalidade por
serviço de saúde, que é um diagrama utilizado com CA de mama no Brasil. Descrição: O Ambulatório de
a intenção de compreender o modo de organização Filantropia do Hospital Sírio-Libanês (HSL) iniciou
em que se dá os processos de trabalho, consideran- o Projeto CA de Mama em 2005 para contribuir com
do uma certa cadeia de produção. Esta estrutura é o tratamento e a redução da mortalidade por CA de
elaborada de forma usuário-centrado, com riqueza mama. Este Projeto iniciou-se como uma proposta
de detalhes para perceber os aspectos da micropo- da área de Filantropia do HSL, porém por meio de
lítica da organização de trabalho e da produção estratégias de cooperação e fortalecimento de par-
de serviços. Através desta ferramenta foi possível cerias junto ao Ministério da Saúde e Gestor Local
visualizar quais caminhos percorreu o adolescente do SUS, Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo,
inserido neste atendimento, a compreensão dos pro- foi constituindo-se como um serviço de apoio ao de-
fissionais envolvidos no processo de cuidado sobre senvolvimento do SUS, pactuado com o Ministério
o bullying, as estratégias de intervenção ofertadas da Saúde em 2009 e financiado com renúncia fiscal
pela equipe de saúde, e a lógica de trabalho operada proveniente da Filantropia. Hoje o Projeto encontra-
por eles. Apesar da identificação do bullying, pela -se plenamente integrado à linha de cuidado da Cida-
enfermeira, como questão disparadora do fluxo- de de São Paulo, parte importante do itinerário que
grama, a equipe considerou poucas possibilidades o usuário faz por dentro da rede de saúde (Franco,
de cuidado referente a esta problemática. Na maior 2003), desenvolvendo ações de atendimento médico
parte do tempo o problema atrelou-se à patologia (mastologista e plástico) e multiprofissional (assis-
no sentido de resolvê-lo dermatologicamente, com tente social, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta
pouca articulação com as questões relativas a saúde e enfermeiro) para a realização de cirurgias, com
mental do adolescente vítima de bullying. Conclui- irradiação intra-operatória e reconstrução mamaria
-se que os profissionais colocaram em evidência as em 100% dos casos indicados. Todos os pacientes são
condutas centradas na doença em detrimento de encaminhados pela central de regulação da Cidade
como realmente se sente o adolescente mediante de São Paulo e no Ambulatório passam a ter acesso
seu meio social, desconsiderando o bullying como à tecnologia médica hospitalar cirúrgica necessária
um aspecto psicossocial relacionados à patologia. para o tratamento. Lições Aprendidas: Nos últimos
É necessário que os profissionais da USF conheçam anos (de 2005 a 2014), no Projeto foram realizadas
mais sobre este problema de saúde pública, afim de 2.191 cirurgias, foram 23.437 atendimentos médicos
identifica-lo e saber quais as possíveis estratégias e multiprofissionais no último ano (2014). Essa di-
preventivas e restaurativas a serem implementadas. nâmica de atendimento em equipe multidisciplinar
possibilitou a realização de atendimentos de exce-
CÂNCER DE MAMA NO AMBULATÓRIO DE FILAN- lência, mais completos, integrais e humanizados
TROPIA: UM PROJETO INTEGRADO AO SUS aos pacientes do SUS. A equipe do Ambulatório
Rosana Soares Bonanho / Bonanho, R.S. / Hospital sente-se engajada nos projetos de interesse público
Sírio-Libanês; Sibelle Silva Cosme Pedro / Pedro, e motivada com os resultados obtidos diariamente.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 73
Recomendações: Fazer parte de uma estratégia de o exame constrangedor, 14% se sentiram descon-
Linha de Cuidado é essencial para o cuidado integral fortáveis e 7% acharam normal, uma porcentagem
do paciente, permitindo um funcionamento mais ló- já esperada visto que o exame de toque retal é um
gico e racional do Sistema de Saúde, e possibilitando procedimento invasivo e constrangedor, 93% dos
a retaguarda necessária aos cuidados do paciente entrevistados relatam que o exame de toque retal não
após o tratamento. afeta a masculinidade, e 7% disseram o contrário,
mas não souberam explicar como o exame poderia
CÂNCER DE PRÓSTATA: O ENTENDIMENTO DOS afetar a masculinidade. CONCLUSÃO: Em relação
HOMENS QUANTO AO EXAME DE TOQUE RETAL ao conhecimento apenas 21% chegaram a respostas
Flávia Regina Calazans Ribeiro / Ribeiro,F.C.R relativamente certas, 59% não realizam o exame, e
/ Unip; Maria Luiza Mazzieri / Mazzieri,L.M / 93% afirmam que o exame não afeta a masculini-
UNIP; Marcelo Osvaldo Nascimento França / Fran- dade. Diante disto é importante a capacitação dos
ça, M.O.N / Prefeitura de Mauá; profissionais de saúde para orientarem os homens
sobre o câncer de próstata e a importância do exame
INTRODUÇÃO: A falta de informação sobre o cân-
de toque retal, para alcançar um índice maior em
cer de próstata e o preconceito sobre o exame de
relação à adesão ao exame.
prevenção tem corroborado para o aumento nos
índices da doença. O receio por realizar o exame de
toque retal existe por haver uma visão deturbada de CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DOS PARTICIPAN-
que este tipo de exame pode afetar a masculinidade, TES DO GRUPO DE CONTROLE DO TABAGISMO NA
este preconceito e esta falta de conhecimento faz UBS JD NITERÓI, NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO,
com que os homens procurem os serviços de saúde SP, NO PERÍODO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE
somente quando começam aparecer os sintomas. 2014
OBJETIVO: Identificar o entendimento dos homens Dailla de Souza Andrade / Andrade, D.S. / OSS
quanto o exame de toque retal. MÉTODO: Pesquisa ACSC; Nivaldo Carneiro Junior / Carneiro Junior,
exploratória, quantitativa, descritiva, de campo. Os N. / FMABC;
dados foram coletados em uma igreja com questio- Introdução: O Programa Nacional de Controle do
nário. Participaram 76 homens acima de 40 anos de Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Brasil)
idade RESULTADOS e DISCUSSÃO: Analisando as data de 1989 e tem como diretriz o cessamento do
respostas ficou evidente que grande parte dos entre- tabagismo por meio de práticas de terapias medi-
vistados não tinham conhecimento sobre a doença, camentosas e não medicamentosas como os grupos
tendo em vista que 21% deram respostas incompletas terapêuticos Objetivo: O estudo objetivou descrever
e 39% deram respostas inadequadas ou não soube- a implantação e caracterizar o perfil dos usuários
ram explicar, 79% não receberam nenhum tipo de inscritos no grupo de controle do tabagismo no
orientação e dos 21% que receberam orientações dos contexto do Programa Nacional de Controle do Taba-
enfermeiros 18% declaram que as informações são gismo numa Unidade de Atenção Primária à Saúde
satisfatórias, porém é uma porcentagem pequena na Região Sul da cidade de São Paulo, no período de
em vista da amplitude da doença. Perante esse fato janeiro a dezembro de 2014. Materiais e Métodos:
aumenta a importância da pratica de educação em Estudo transversal e descritivo, realizado através
saúde para o exercício da cidadania, para que haja de registros informais e documentais da Unidade
mudanças de comportamento, pois a educação é ins- Básica de Saúde (UBS) Jardim Niterói e dados dos
trumento de transformação social, 59% dos homens pacientes tabagistas que participaram do grupo te-
não realizaram o exame de toque retal, apesar de 55% rapêutico multiprofissional no período de janeiro a
relatarem que não teria problema em realiza-lo caso dezembro de 2014. Resultados: O grupo terapêutico
fosse solicitado e 4% relatam que teriam dificuldade da UBS Jardim Niterói teve início em 2008 com a
em realizar o exame por medo, preconceito, por não participação dos seguintes profissionais: enfermei-
gostar do exame e por não se sentir a vontade. Dos ra, médica, professor de educação física, nutricio-
que realizaram o exame de toque retal 20% acharam nista, cirurgiã dentista e fisioterapeuta. Conta com

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5 sessões temáticas semanais. A inscrição é feita interior paulista. Os dados foram coletados, por meio
a partir de encaminhamentos da equipe técnica e de entrevista individual, utilizando-se os instru-
pela demanda espontânea. No momento de ingresso mentos de Caracterização dos Sujeitos e Escala de
é realizada a entrevista tabagística para definição Espiritualidade de Pinto Pais – Ribeiro (EEPP-R). To-
do grau de dependência. Na amostra deste estudo dos os cuidados éticos foram seguidos. Resultados:
foram selecionados 86 indivíduos. Verifica-se que Dos 100 participantes, 61,0% era do sexo feminino,
74,41% dos indivíduos são do sexo feminino enquan- a média de idade foi de 52,24 (±14,24) anos. Houve
to 25,59% são do sexo masculino; 27,90% estão entre predomínio da religião católica (65,0%), seguida da
45 e 55 anos; 31,39% são casados; 59,3% apresentam evangélica (25,0%), sendo que do total de religiosos,
entre 8 e 11 anos de estudo; 59,3% são católicos; 50% 62,0% eram praticantes. Quanto ao escore médio da
estão na fase de ação, aptos a pararem de fumar e EEPP–R, especificamente nas dimensões crenças”
51,17% apresentaram Fagerstron >6- o que caracte- foi de e 3,67 (±0,69) e em esperança/ otimismo”, de
riza dependência elevada. Conclusões: Conclui-se 3,32 (±0,67), sendo que a pontuação da referida esca-
que quanto maior o grau de dependência mais di- la pode variar de 1 a 4 e quanto maior a pontuação,
fícil se torna parar de fumar, no estudo se observa maior o nível de espiritualidade do indivíduo. Con-
que metade dos indivíduos está no estado de Ação”, clusão: o nível de espiritualidade dos pacientes com
portanto devemos utilizar esse estado como fator DRC em hemodiálise avaliados no presente estudo
de proteção para realizar intervenções no momento foi elevado, dado que o ponto médio é de 2,5 e, em
mais propicio para o indivíduo cessar o tabagismo. ambas as dimensões os valores foram superiores.
O limite do estudo é a necessidade de acompanhar Contudo, realizar intervenções com intuito de me-
o paciente por mais vezes na fase de manutenção e lhorar o nível de espiritualidade e de qualidade de
o desabastecimento dos insumos na rede. vida desses pacientes é de suma importância, bem
como considerar o construto durante a assistência
CRENÇA E OTIMISMO/ESPERANÇA DE PACIENTES prestada pelos profissionais de saúde, pois isso
COM DOENÇA RENAL CRÔNICA auxiliará no enfrentamento da doença e tratamento.
Ana Carolina Ottaviani / Ottaviani, A.C. / UFSCar;
Izabel Cristina Chavez Gomes / Gomes, I.C.C. / CUIDADO DE QUEM CUIDA: UM RELATO DE EXPE-
UFSCar; Barbara Isabela de Paula Morais / Mo- RIÊNCIA COM CUIDADORES PERMANENTE
rais, B.I.P / UFSCar; Fabiana de Souza Orlandi / Fledson de Sousa Lima / Lima, F. S / SPDM; Vânia
Orlandi, F.S. / UFSCar; Barbosa do Nascimento / Nascimento, V.B / FMABC;
A Doença Renal Crônica (DRC) é atualmente um O presente relato emergiu de uma experiência com
problema de saúde pública mundial, demanda um base em um território com 20% aproximadamente
tratamento longo e penoso. Sabe-se que é a espiritua- de idosos com doenças Cardiovasculares, neuro-
lidade na recuperação da saúde que leva o paciente a -degenerativas e doenças crônicas metabólicas ob-
submeter-se a incansáveis procedimentos invasivos, servou-se a exaustão dos cuidadores familiares no
a mudar seu estilo de vida e a permanecer, ainda cotidiário do atendimento domiciliar apresentando
que debilitado, em tratamento. Dessa forma, fatores despreparo e ausência do suporte emocional. Nesse
como vontade de viver, suporte dos entes queridos, contexto desvela um sofrimento psíquico devido os
confiança originada na fé e na espiritualidade, são vinculo afetivos. Frente a isso, criou-se um encontro
considerados fonte de energia que impulsionam o quinzenal com a equipe da Estratégia Saúde da Fa-
ser paciente a manter a esperança. Objetivo: Veri- mília e posteriormente Núcleo de Apoio a Saúde da
ficar os níveis de espiritualidade em pacientes com Família que têm como objetivos promover a troca e
doença renal crônica em tratamento hemodialítico. experiências sobre o cuidar, constituindo-se como
Método: Trata-se de um estudo descritivo, de corte uma rede de apoio uma vez que todos os membros
transversal e com abordagem quantitativa. Foi rea- participantes estão unidos em torno da discussão
lizada com 100 pacientes com DRC em tratamento de problemas de vida compartilhados por todos:
em uma Unidade de Terapia Renal Substitutiva do pessoas com doenças crônicas e degenerativas de-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 75
pendentes de cuidados permanentes. Os familiares centro de reabilitação física e motora, ambulatório
que tem responsabilidade de cuidar de seu familiar de saúde mental, regulação e auditoria, vigilância
impossibilitado de realiza-lo. Os resultados prelimi- sanitária, vigilância epidemiológica, agente de
nares que suscitaram nas narrativas dos cuidadores endemias, SAMU, transporte e administração da
foram sentimentos ambivalentes de culpa, raiva, fal- secretaria municipal de saúde, onde foi proposta a
ta de paciência, angustia, estresse, irritação, nervo- atividade de confecção de 03 cartazes. Cada um com
sismo, choro dificuldade no auto-cuidado, abandono, uma pergunta: Qual o orgulho da minha unidade?
medos, isolamento, resistência para possibilidade da Qual maior desafio da minha unidade? Quais as
Internação na casa de repouso. Considerações que o propostas para 2015? Cada trabalhador colocou sua
cuidado é uma ferramenta essencial para existência anotação nos cartazes expostos em local visível. Foi
humana mais que revela limitações no cotidiano no organizado um evento para demonstração dos car-
cuidado domiciliar e esse cuidadores ressignificarão tazes confeccionados. Posteriormente as respostas
os sentimentos experienciados e renovaram a espe- foram categorizadas e foi realizada a demonstração
rança, fé, paciência, força de vontade, amor, carinho das respostas e a partir daí serão propostas ações
e solidariedade devem ser uma agenda prioritária e intervenções em cada departamento. Resultados:
de apoio da rede de saúde na sustentabilidade das Como resposta à primeira pergunta, a maioria dos
relações familiares e as monitoramento de possíveis funcionários reconhecem o trabalho em equipe e
co-morbidades e adoecimento do cuidador. os colegas de trabalhos como os maiores motivos
de orgulho. Dentre os desafios apontados em cada
CUIDADO EM SAÚDE: QUANDO CUIDAR DO TRA- departamento, além de algumas adequações físicas,
BALHADOR SE FAZ NECESSÁRIO ressaltou-se a necessidade de aprimoramento nas
Ana Paula Salomé Utimati / Utimati, A.P.S. / relações interpessoais para ter uma maior união
Prefeitura Municipal de Pitangueiras; Bruna Carla nos processos de trabalho. Quando questionados
Vernilho Liotti / Liotti, B.C.V. / Prefeitura Munici- sobre propostas para 2015, as mais apontadas foram
pal de Pitangueiras; Carmem Silvia Masson Ripa- relacionadas a necessidade de recursos humanos e
monte / Ripamonte, C.S.M / Prefeitura Municipal materiais, porém apresentaram também a necessi-
de Pitangueiras; dade de melhorias na valorização profissional . Con-
Introdução: A qualidade do atendimento em saúde clusão: Diante do exposto, podemos perceber que os
depende, além de outros fatores, da qualidade do trabalhadores de saúde necessitam de momentos de
estado físico e mental do profissional de saúde. escuta e intervenção, para que possam desempenhar
Esse profissional está constantemente submetido à melhor suas funções.
influencia de estressores. Por isso, avaliar e acompa-
nhar a saúde desses profissionais torna-se de extre- DIMINUINDO OS RISCOS: ACOLHIMENTO NO AM-
ma relevância. O cuidado com o profissional é fun- BULATORIO DE GESTAÇAO DE ALTO RISCO
damental para a qualidade de vida da população por Cecília Carmen Casemiro / Casemiro, C.C. /
eles atendida. Diante disso, o Núcleo de Educação PREFEITURA DO MUNICIPIO DE MAUA; Poliana
Permanente e Humanização (NEPH) Municipal visa Araujo Cabido / Cabido, P.A. / PREFEITURA DO
estabelecer estratégias e mecanismos que tornem os MUNICIPIO DE MAUA;
serviços mais humanizados. Objetivo: Identificar as em junho de 2013, a atenção as gestantes no ambu-
demandas dos trabalhadores de saúde e propor ações latório de pre natal de alto risco passou a ser dife-
para melhoria nos processos de trabalho. Métodos: renciada. um formulário baseado nos determinantes
Para o desenvolvimento do trabalho foram envolvi- sociais em saude, foi elaborado com o objetivo de
dos os trabalhadores de todos os departamentos de conhecer está mulher que chega a este ambulatório,
saúde do Município de Pitangueiras-SP. A equipe e assim compreende-la, e ver se a mesma necessita
do NEPH Municipal realizou uma visita em cada de orientações, encamarinhamentos, e se caso não
departamento da saúde: unidades básicas de saú- precise pelo menos saber que pode contar conosco,
de, pronto atendimento, farmácia e almoxarifado, a equipe do PNAR, assistente social, enfermeira e

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 76
obstetra. nestes dois anos de trabalho temos perce- FMUSP; Rubens Antonio da Silva / Silva RA /
bido que as mesmas aderem melhor ao tratamento, SUCEN/SESSP; Dalva Marli Valério Wanderley /
sentem-se acolhidas e seguras, e a incidência de Wanderley DMV / SUCEN/SESSP; Ruth Moreira
mortalidade materna tem diminuído. Leite / Leite RM / CVE/SESSP; Luzia Martinelli
/ Martinelli L / CSEBF/ISCMSP; Sônia Regina
EDUCAÇÃO EM SAÚDE OU PROJETO TERAPÊUTICO Almeida / Almeida SR / CSEBF/ISCMSP; Noemia
COMPARTILHADO? Carvalho / Carvalho N / HCFMUSP;
Laura Camargo Macruz Feuerwerker / Feu- Introdução: A doença de Chagas apresenta alta
erwerker, L. C. M. / FSP- USP; Helvo Slomp Jr / prevalência na Bolívia. Os bolivianos na cidade
Slomp Jr, H. / UFPR; de São Paulo constituem grupo vulnerável por
Objetivo: Pesquisa que teve como objetivo geral suas condições de vida e de trabalho. A doença de
compreender as possibilidades de contribuição da Chagas constitui mais um importante problema
homeopatia na construção de projetos terapêuticos de saúde. Objetivos: Percepções sobre a doença de
cuidadores, em oficinas multiprofissionais de edu- Chagas entre os imigrantes bolivianos. Condições
cação permanente em saúde, no contexto da atenção de acesso ao serviço de saúde no país de origem
básica à saúde. Metodologia: oficinas de educação e no país receptor; conhecimentos sobre processo
permanente em que se discutiam os casos que as saúde-doença identificando a etiologia da doença e
equipes consideravam difíceis. Resultados: Como transformações corporais e formas de tratamento.
analisadores foram escolhidos os incômodos que os Metodologia: Abordagem Qualitativa. Entrevistas
trabalhadores da saúde manifestaram com relação estruturadas, gravadas e analisadas por temas. Fo-
ao seu processo de trabalho e a emergência, nos ram entrevistados 27 imigrantes: 17 com sorologia
primeiros encontros com as equipes, do tema da edu- positiva para Chagas e 10 com sorologia negativa.
cação em saúde. Discute-se o território existencial Resultados: Os imigrantes têm pouca experiência
ser profissional de saúde” como sendo instituído a nos serviços de saúde na Bolívia, considerando-o
partir de uma concepção de educação como referente negativamente nos aspectos da estrutura, do acesso
significante, e de uma certa missão intervencionista e da necessidade de recorrer ao setor primário em
como valor transcendente. Observou-se ao longo das alguns casos. No Brasil, ainda que todos tenham
oficinas um esvaecimento da importância do tema tido acesso ao SUS, referem dificuldades de acesso:
da educação em saúde, por vezes até desaparecen- excesso de burocracia e barreira linguística são pon-
do das discussões, na medida em que os projetos tos importantes. Em relação à doença de Chagas, os
terapêuticos cuidadores se constituíam. Conclui-se conhecimentos sobre a doença têm na experiência
que tal esvaecimento consistiu em um processo de de vida familiar o principal meio de aquisição. As in-
desterritorialização no sentido de uma pactuação formações são imprecisas e, em boa parte dos casos,
com o usuário, tido ao final como um interlocutor desconhecidas. Há referências sobre a localização
válido; e que o cuidado ultrapassa a dimensão estri- da doença no corpo: sangue, coração, garganta e
tamente pedagógica estômago são afetados. Em relação ao tratamento,
referiram ter aprendido sobre o medicamento por
ENFERMEDAD EN LA SANGRE – A DOENÇA DE meio desta pesquisa. Porém, desconhecem suas
CHAGAS NA PERCEPÇÃO DE IMIGRANTES BOLI- consequências em termos de duração e transforma-
VIANOS NA CIDADE DE SÃO PAULO ções no corpo. A preocupação com a doença remete
Cássio Silveira / Silveira C / FCMSCSP; Nivaldo à relação com as atividades de trabalho para o risco
Carneiro Junior / Careniro Junior N / FCMSCSP; de transmissão aos filhos. Conclusões: O acesso aos
Lia Maria Brito da Silva / Silva LMB / HCFMUSP; serviços no país de origem é limitado. No Brasil, a
Eimi Makino / Makino E / NAP-DISA/USP; Ro- barreira linguística e os procedimentos burocráticos
sário Quiroga / Quiroga R / DMI/FMUSP; Maria criam obstáculos, mas não impedem o acesso. Os
Aparecida Shikanai-Yasuda / Shikanai-Yasuda imigrantes têm conhecimentos muito vagos e gerais
MA / DMI/FMUSP; Expedito Luna / Luna E / IMT/ sobre Chagas. Os conhecimentos são adquiridos no

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 77
âmbito da família e da comunidade. A doença apa- e a sociedade, serem capaz de realizar reflexão da
rece como um frágil conjunto de conhecimentos que eficácia na comunicação em saúde. Como resultado
remetem a algumas lembranças em suas histórias foi constatado aumento de 53,4% na adesão ao tra-
de imigrantes. Fonte(s) de Financiamento: CNPq tamento medicamentoso e não medicamentoso dos
processo 404336/2012-4 Apresentador: Nivaldo pacientes faltosos, bem como redução das interna-
Carneiro Junior - nicarneirojr@uol.com.br ções hospitalares, acompanhadas através das SIAB
e HIPERDIA. O programa Hiperdia encontrava-se
ESTIMULANDO A ADESÃO TERAPEUTICA DA PES- implantado, porém sem delimitação adequada de
SOA COM DIABETES MELLITUS EM UMA UNIDADE cobertura da Estratégia Saúde da Família – ESF.
DE SAÚDE DA FAMÍLIA Dessa maneira, fomentou o diálogo de intensificar
Rômulo Cezar Ribeiro da Silva / Silva, R. C. R. / a atuação das ESFs através de sua ampliação de
UNEMAT; Vagner Ferreira do Nascimento / Nasci- cobertura, valorização, integração dos profissionais
mento, V. F. / UNEMAT; Larissa Marchi Zaniolo / e a inclusão de outros profissionais de saúde tais
Zaniolo, L. M. / UNEMAT; Danila Pequeno Santana como: o farmacêutico, o nutricionista e o educador
/ Santana, D. P. / UNEMAT; físico além dos gestores em saúde.
O Diabetes Mellitus (DM) pode ser considerado um
dos principais problemas de saúde pública em vir- ESTRATÉGIAS PARA IMPLANTAÇÃO DE ACOLHI-
tude da prevalência crescente em diversos países MENTO EM UMA UNIDADE SAÚDE ESCOLA DE
e do difícil controle metabólico dos indivíduos. As ATENÇÃO ESPECIALIZADA
medidas de prevenção reduzem a morbimortalidade Daniela Maria Xavier de Souza / Souza, D.M.X. /
por DM e se constituem como práticas prioritárias UFSCar; Claudia Maria Moura Resende / Resende,
para a saúde pública. Objetivou relatar a experiência C.M.M / UFSCar; Suellen Silva / Silva, S. / UFSCar;
da elaboração de uma proposta para implementação Anadélia Rossi / Rossi, A. / UFSCar; Daniele Ferra-
de prática educativa às pessoas com DM no intuito ri / Ferrari, D. / UFSCar; Dayane Teixeira Almeida
de fortalecer a adesão ao tratamento. O produto / Almeida, D.T. / UFSCar; Isabella Brassolatti /
deste trabalho trata-se de uma experiência conver- Brassolatti, I. / UFSCar; Gilve Orlandi Bannitz /
gente assistencial, do tipo tecnologia da concepção. Bannitz, G.O / UFSCar;
Os sujeitos-alvo do estudo, potencialmente atin- Caracterização do Problema. A Unidade Saúde Es-
gidos pela tecnologia foram pacientes diabéticos, cola (USE) é um espaço da UFSCar que se configura
de ambos os sexos e idades, da área de adscrição como equipamento da atenção especializada, inseri-
da Unidade de Saúde da Família no município de do na rede de saúde da Região Coração. Nos serviços
Tangará da Serra/MT. O período de planejamento, de saúde, o acolhimento tem grande importância
discussão e execução ocorreu entre os meses de dentro da Política Nacional de Humanização (PNH,
novembro de 2013 até dezembro de 2014. As etapas 2003), propondo mudanças para uma perspectiva de
para elaboração dessa proposta foram: revisão de cuidado integral, com formação de vínculos, escuta
literatura, para apropriar-se da temática, discussão qualificada e garantia de acesso aos direitos sociais
da proposta geral com a equipe para definir como conquistados historicamente. Descrição. Após
proceder à identificação das pessoas com DM que exaustivas discussões envolvendo vários atores, em
apresentavam dificuldade de adesão ao tratamento espaços coletivos, foi identificada a necessidade da
e definição das atividades educativas a serem reali- construção de um processo de acolhimento mais
zadas. Utilizamos ferramentas de informação, como condizente com a PNH. A proposta inicial envolveu
o SIAB- Sistema de Informação na Atenção Básica adequação de espaços, capacitação de equipes e
e o SISHIPERDIA - Sistema de Gestão Clinica de revisão de processos de trabalho. Foram realizadas
Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitos da Atenção reuniões semanais da equipe acolhedora para refle-
Básica. A contribuição para uma melhor assistência xão sobre situações vivenciadas no acolhimento, fo-
à saúde a partir do uso de tecnologias leves foi iden- mentar o diálogo interdisciplinar e o aprimoramento
tificada pela equipe, na necessidade do profissional do processo. Implantada a proposta, em processo,

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foram feitos a revisão dos critérios de inscrição observação participante artificial. As entrevistas
em cada uma das ações, revisão do formulário de foram gravadas e resultaram em textos discursivos
acolhimento da Unidade, revisão da ambiência, em transcritos. Estes discursos foram decompostos em
um constante construir e desconstruir a proposta a fragmentos relevantes sobre os quais foram identifi-
partir da avaliação cotidiana dos resultados percebi- cadas frases temáticas, agrupadas por semelhança
dos. Lições aprendidas. Criar uma equipe acolhedora resultando em categorias empíricas e organizadas
é um posicionamento político da instituição para com base em categorias analíticas. Resultados:
fazer-se cumprir as diretrizes do Plano Nacional O material analisado trouxe um adensamento de
de Humanização. É importante considerar que mu- significados, sendo identificadas 13 subcategorias
danças causam desconforto e resistência na equipe, empíricas que foram reorganizadas por afinidade
pois a tira da zona de conforto e cria tensão; práticas de conteúdos em três categorias empíricas. Conclu-
costumeiras precisam ser repensadas visando ga- são: uma bagagem de informações utilizadas para
rantir o acesso pleno dos usuários e permitindo um ampliar e modificar o olhar a cerca da realidade
funcionamento mais orgânico da Unidade. Recomen- singular de cada individuo, bem como a importância
dações. Levar em consideração o medo da mudança da atuação do Enfermeiro para uma efetiva inserção
é fundamental para se preparar para as dificuldades desta população no SUS.
que acompanham encarar algo novo e desconhecido.
Usar a estratégia da construção coletiva, envol- ÉTICA E ESTÉTICA NA PRODUÇÃO DE CUIDADO
vendo atores dos diversos segmentos da gestão do EM SAÚDE
cuidado favorece que a proposta seja validada pela Diego Rafael Russo / RUSSO, D. R. / USP;
maioria dos profissionais do serviço. Além disso, as O objetivo é discutir a produção do cuidado em saú-
reuniões da equipe acolhedora são fundamentais de a partir de territorializações contemporâneas.
para aprimorar a gestão do cuidado, aperfeiçoar Saúde está por todos os lados, habita espaços para
os processos de trabalho, bem como servir como além dos hospitais, SUS, convênios. Pensamos
estratégias de educação em saúde. Considerando em saúde durante um bom quinhão dos dias, e, na
que acolher envolve risco de desenvolvimento de medida inversa ao tempo que se gasta almejando e
stress ocupacional, a estratégia garante um espaço adquirindo saúde, raras são as formas ofertadas:
protegido para o compartilhamento de vivências do produz-se seguindo tal ou qual receita, contanto que
cotidiano, e mostrou-se um excelente recurso para legitimadas pelos discursos de verdade do modelo
prevenir o adoecimento de membros da equipe. que se hegemonizou. Analisaremos, na esteira da
filosofia de Deleuze e Guattari, territórios que orga-
ESTRATÉGIAS PARA INSERÇÃO EFETIVA DA PSR nizam as tensões e disputas que cruzam o campo da
NO SUS saúde e os efeitos na produção de cuidado. Três são
Elisa Montalvão Rocha Pimentel / Pimentel, os movimentos ético-estéticos que servirão como
E.M.R. / UNASP SP; Taianã Ribeiro Moreira Da Sil- base analítica do processo de cuidado: 1-Partir: um
va / Silva, T.R.M. / UNASP SP; Maria Julia Barbosa território não circunda o de fora por todo sempre:
de Moraes / Moraes, M.J.B. / UNASP SP; Oswal- o que é habitual, natural, tudo o que leva consigo a
cir Almeida de Azevedo / Azevedo, O.A. / UNASP organização territorial, traz consigo a iminência do
SP; Maristela Santini Martins / Martins, M.S. / desatino; os territórios são atravessados por forças
UNASP SP; que quando tensionadas, surtem efeito. Às vezes é
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com aborda- possível suportar as tensões e sustentar o habitual;
gem observacional e descritiva. Com o objetivo iden- outras vezes não, e se parte a outras formas, outros
tificar estratégias empregadas pelos Enfermeiros manejos; desterritorialização! 2-Lançar: os especia-
para uma inserção efetiva da PSR no SUS. A coleta listas produzem saúde em ato com o outro-paciente
de dados foi conduzida no período de fevereiro a que na lógica das ciências nada sabe de si, um objeto
maio de 2014, por meio de entrevistas semi-estru- de intervenção dos que portam um saber exterior ao
turadas focalizadas, gravadas, de oito Enfermeiros; encontro; a escuta e fala no ato de cuidado funciona

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somente como um tradutor aos saberes sintomatoló- e participativa os aspectos do cuidado à saúde da
gicos catalogados. Contudo, todos são atravessados gestante durante o pré-natal, preparando profissio-
pelas forças de cada território, estão em relação nais e usuárias para a construção de um protocolo
e em afetação. Ato para a virtual composição de de atendimento à gestante e estimulou a coopera-
repertório de saberes e técnicas que possibilite e ção e adequação dos serviços às necessidades dos
dê sustentabilidade as experimentações: produção usuários. A oficina contou com oito profissionais e
intercessora de cuidado, onde o especialista se duas usuárias, e para estimular a análise e avaliação
torna um especialista-e-usuário-e (...), pois detém das ações de atenção básica oferecida foi utilizado
também uma intuição de como usar as ferramen- uma metodologia de planejamento de intervenções
tas de outras formas sem sobrepor a tecnociência sociais, ZOPP (Planejamento de Projetos Orientado
ao ato do encontro. 3-Manter: A produção de novos por Objetivos), prevendo a construção de uma “árvore
arranjos de cuidado em saúde está estritamente de problemas” e “árvore de objetivos”. A proposta
atrelada as composições de determinado território. participativa de educação permanente favoreceu a
São criações operativas que proporcionam contorno visão crítica e a análise sobre o cuidado da saúde da
e não funcionam em todas as cenas. Tantas são as gestante durante o pré-natal. O método ZOPP foi efi-
criações conceituais, os caminhos, as formas de se ciente na visualização dos fatores internos e externos
pensar-fazer o cuidado, fabricações, que só foram ao serviço que comprometem a qualidade do cuidado
possíveis por conta de um incomodo inicial, que da gestante. A visualização dos problemas e objetivos
arrasta para fora do conforto/contorno do territó- revelou aos participantes o próprio conhecimento e a
rio: possibilidade de lançar-se ao encontro com as valorização das suas atuações e complementarieda-
forças ativas e produtoras de conceitos, práticas, des e uma aproximação da visão do profissional com
ferramentas; do novo. Constitui-se novos territórios a realidade do usuário. Esta intervenção propiciou
existenciais! Até outro partir. uma aproximação entre aqueles que executam os
serviços e os que avaliam/planejam, favorecendo au-
EU NEM SABIA QUE SABIA TANTO- UMA PROPOS- tonomia e engajamento. Entretanto, a compreensão
TA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE, COLABORATIVA desta temática gera tensões e expectativas de novas
E PARTICIPATIVA COM EQUIPES MULTIPROFIS- ações e mudanças. Um trabalho como este, efetiva
SIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA mudanças na qualidade dos serviços, sobretudo
quando sucedido por novas intervenções e projetos
Juliana Pereira da Silva Faquim / Faquim, J.P.S. /
no âmbito de uma estratégia geral de educação per-
Universidade Federal de Uberlândia (ESTES) / Uni-
versidade de São Paulo; Natália Bernardes Palazzo manente. Por meio da experiência desenvolvida, foi
Buiatti / Buiatti, N. B. P. / Universidade Federal de possível recuperar a confiança, aumentar a colabora-
Uberlândia; Paulo Frazão / Frazão, P. / Universida- ção interprofissional, e ressignificar a autonomia e a
de de São Paulo; interdependência do trabalho profissional gerando
novos conhecimentos sobre o tema tendo por refe-
A Educação Permanente em Saúde (EPS) tem sido
rência as necessidades das gestantes.
trabalhada prioritariamente no âmbito da relação
gestão – trabalhadores, e poucas vezes usada como
estratégia para ampliar os encontros entre traba- FAMÍLIA: A PRINCIPAL REDE DE APOIO SOCIAL
lhadores e usuários. Com o objetivo de usar a EPS DO DOENTE RENAL CRÔNICO
como estratégia para concretizar a construção de Daianne Cibele de Souza Borges / Borges, D.C.S. /
pactos que coloquem os usuários e suas necessidades UFSCar; Fernanda de Oliveira Furino / Furino, F.O.
como foco da organização do trabalho em saúde, foi / UFSCar; Mayara Caroline Barbieri / Barbieri, M.
realizada uma oficina de formação de doze encontros C. / UFSCar; Renata Olzon / Olzon, R. / UFSCar;
de quatro horas cada. Essa oficina foi planejada no Giselle Dupas / Dupas, G. / UFSCar;
modelo participativo, estimulou a cooperação entre Introdução: O apoio social recebido pelo doente
diferentes profissionais e usuárias na análise da crônico, na rede social em que está inserido, é fun-
atenção à gestante, analisou de maneira colaborativa damental para ajudá-lo a aderir ao tratamento e

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enfrentar de maneira mais positiva as dificuldades. FATORES ASSOCIADOS A INFECÇÃO PELO HIV/
A rede social é definida como um grupo de pessoas AIDS ENTRE ADULTOS JOVENS
em que se mantém contato, as pessoas próximas e Vitória Teixeira Delgado / Delgado, V. T / Uni-
o apoio social é representado pelos recursos diretos versidade Católica de Santos; Nathany Moura
que os indivíduos colocam a disposição do outro; Machado / Machado, N. M / Universidade Católi-
podendo assim, influenciar num desfecho bem ca de Santos; Bianca Hippe Prado / Prado, B. H /
sucedido ou não, do procedimento de transplante. Universidade Católica de Santos; Luzana Macke-
Objetivo: Identificar e descrever o principal apoio vicius Bernardes / Bernardes, L. M / Universidade
social que a pessoa que vivencia o processo de Católica de Santos;
adoecimento e transplante possui. Metodologia: Introdução: Atualmente, a infecção do vírus da imu-
Estudo descritivo com abordagem qualitativa, em nodeficiência humana (HIV) tem se tornado um fe-
que foi utilizado o conceito de rede social e apoio nômeno global e dinâmico cuja ocorrência depende
social como referencial teórico e a análise temática de uma rede complexa de determinantes políticos,
como referencial metodológico. Os dados foram co- econômicos, sociais e culturais. Nota-se que grande
letados no período de novembro de 2013 a setembro parte das notificações da faixa etária de 13 a 29 anos
de 2014 em um município do interior de estado de equivale a indivíduos que se infectaram na adoles-
São Paulo. Foram selecionados 12 transplantados cência ou no início da juventude. (BRASIL,2006).
renais. A coleta de dados foi realizada por meio de Objetivos: Conhecer os fatores associados ao risco
entrevista semi-estruturada. A pesquisa foi aprova- da infecção pelo HIV/AIDS entre adultos jovens por
da pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer de meio de uma revisão sistemática da literatura. Meto-
número: 358.059. Resultados: A família foi identifi- dologia: Os termos de busca utilizados nesta revisão
cada como principal fonte de apoio, e emergiram os sistemática foram obtidos através de consultas aos
seguintes temas: família: a principal fonte de apoio descritores em ciência da saúde (decs.bvs.br). Para
e as fragilidades encontradas no apoio familiar. No a busca dos trabalhos utilizou-se a combinação
primeiro tema a família é apontada como o elemen- dos seguintes descritores jovens” vulnerabilidade”
to presente em todos os momentos, ajudando-o a HIV/AIDS” fatores de contaminação”. Na pesquisa
vivenciar a hemodiálise e o transplante, através da bibliográfica foram utilizadas as bases de dados
oferta de apoio emocional expressos como amor, LILACS e SciELO. Foram selecionados trabalhos
afeto e gratidão e do apoio instrumental percebido publicados de 2005 até 2014. Critério de inclusão:
pelos cuidados complexos diários necessários após a presença de resumos em português, assim como
a realização da cirurgia, o sujeito se sente seguro, descrição de abordagem quantitativa e qualitativa
amado e amparado por seus familiares. No tema: as referente ao HIV/AIDS e os fatores de contaminação
fragilidades encontradas no apoio familiar, compre- entre os jovens/adultos. Foram excluídos os estudos
endemos que a família sendo de grande importância com resumo em inglês e espanhol, e que não traziam
para que o indivíduo possa enfrentar dificuldades, o delineamento da pesquisa. As publicações sele-
a falta de apoio da mesma reflete sentimentos de cionadas para a revisão foram avaliadas quanto a
abandono, mágoa e sofrimento. Esses sentimentos critério de qualidade, sendo considerados os artigos
geralmente estão relacionados ao distanciamento julgados pelo sistema de revisão. A partir dos crité-
dos familiares e pode influenciar negativamente rios estabelecidos para revisão bibliográfica, foram
no processo do transplante. Conclusão: A família é selecionados 10 trabalhos, sendo 5 referentes à base
a principal fonte de apoio para os sujeitos, além de de dados eletrônicos SciELO, 5 referentes à base de
ofertar o apoio emocional e instrumental, se insere dados eletrônicos LILACS. Resultados: Os artigos
no cuidado, contribuindo para que o processo de apontam que há necessidade de ampliar as práticas
transplante tenha um desfecho positivo. Entretanto, de orientação aos jovens sobre os fatores de risco de
a fragilidade de apoio da mesma pode causar o efeito contaminação do HIV, como importante estratégia
contrário, gerando sentimentos de tristeza e mágoa para a diminuição dos índices de contaminação
influenciando negativamente o seu tratamento. nessa população. Os estudos realizados apontam a

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necessidade de estratégicas de saúde pública para a renda per capita, contrariamente, se associou a
diminuir o agravo da contaminação do vírus HIV na menor perda do excesso de peso. Não houve asso-
população jovem, com redução das vulnerabilidades. ciação entre as variáveis investigadas e o resultado
Conclusão: A complexidade que emerge desta temá- do protocolo BAROS. Portanto, conclui-se que a me-
tica é de extrema relevância, parte-se do pressuposto lhora na qualidade de vida pós-cirurgia bariátrica
que o tema é um desafio à saúde pública, porque não é influenciada por fatores sócio econômicos
traz à tona questões comportamentais relacionado e demográficos. Entretanto, a maior escolaridade,
aos jovens, além de colocar em destaque as ações menor idade e menor renda per capita se associam
preventivas ainda ineficazes. a maior perda do excesso de peso.

FATORES SOCIOECONÔMICOS E DEMOGRÁFICOS HISTÓRIAS DE VIDA COMO DISPOSITIVO PARA O


ASSOCIADOS À PERDA DE EXCESSO DE PESO E CUIDADO COMPARTILHADO
QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES SUBMETIDOS Laura Camargo Macruz Feuerwerker / Feu-
A CIRÚRGICA BARIÁTRICA erwerker, L.C. M. / FSP-USP; Helvo Slomp Jr /
Priscila Sales Picoli / Picoli, P.S. / FMB Unesp; Slomp Jr, H. / UFPR;
Ione Morita / Morita, I. / FMB Unesp; Thabata Objetivo: Inspirando-se no método homeopático de
Koester Weber / Weber, T.K. / IBB Unesp; coleta de dados, e sob a perspectiva da educação per-
A obesidade atualmente é considerada um grave manente em saúde, esta pesquisa teve como objetivo
problema de saúde pública que atinge todas as popu- analisar as possibilidades, para o cuidado em saúde,
lações, está relacionada às condições humanas, em que a construção de histórias de vida podem ofere-
todos os aspectos, sociais, emocionais, e de saúde cer, em encontros organizados para a elaboração
causadas pelo excesso de peso. Quando o tratamen- coletiva de projetos terapêuticos compartilhados.
to clínico para obesidade de maior gravidade não é Metodologia: Oficinas de educação permanente om
efetivo a cirurgia bariátrica passa a ser uma opção, equipes de saúde da família organizadas a partir
na qual tem demonstrado resultados positivos na dos casos considerados incômodos. Resultados: São
redução e manutenção do peso. Realizamos um es- discutidas algumas mudanças que decorreram do
tudo descritivo de corte transversal, com pacientes emprego dessa estratégia, seja no reposicionamento
submetidos ao procedimento de cirurgia bariátrica mútuo de trabalhadores e usuários, seja em uma
em um hospital escola no interior do estado de São nova abordagem dos casos pelas equipes, mudanças
Paulo e teve por objetivo descrever as características essas que parecem ter fortalecido o estabelecimen-
socioeconômicas e demográficas além de avaliar to de encontros produtores do cuidado. Conclui-se
a qualidade de vida através do protocolo BAROS que, no âmbito deste estudo, as histórias de vida, ao
(Bariatric Analysis and Reporting Outcome System) intensificarem a operação coletiva de tecnologias
associadas aos resultados de perda de excesso de leves em um convite ao projeto terapêutico com-
peso. Para este trabalho, utilizamos a amostra de partilhado, propiciaram a ampliação da porosidade
131 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em das equipes e o reconhecimento do usuário como
seguimento ambulatorial. Os pacientes foram divi- interlocutor válido, favorecendo a reorientação dos
didos em dois grupos considerando o percentil 50 demais planos tecnológicos do trabalho em saúde,
para o sucesso alcançado e o sucesso não alcançado. operando assim como potentes dispositivos para a
No período pré-operatório, os pacientes estavam produção do cuidado em saúde.
com IMC (Índice de Massa Corporal) correspon-
dente à Obesidade grau III, acima de 40 kg/m2, no HUMANIZAÇÃO: O (DES) CUIDADO DA EQUIPE
pós-operatório todos os pacientes tiveram redução DE ENFERMAGEM FRENTE À FINITUDE HUMANA:
do IMC e minimização das comorbidades. As variá- REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
veis socioeconômicas e demográficas indicam que Paloma Silva / SILVA, P. / Universidade Católica de
a escolaridade e a faixa etária estão relacionadas Santos; Mariana Oliveira Correa / CORREA, M.O /
com a maior perda do excesso de peso, enquanto Universidade Católica de Santos; Luzana Mackevi-

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cius Bernardes / BERNARDES, L.M / Universidade INTERDISCIPLINARIDADE: UMA ESTRATÉGIA DE
Católica de Santos; CUIDADO COM A JUVENTUDE UNIVERSITÁRIA
Introdução: Os profissionais de enfermagem convi- Maria Tereza Ramalho / Ramalho, M. T. / UFSCar
vem com um grande desafio, uma vez que permane- - USE; Alessandra de Araujo / Araujo, A. / UFSCar
cem em conflito, lutando pela vida e contra a morte, - USE; Andrea Ferreira Palhano de Jesus / Palhano
essa dicotomia poderá suscitar emoções negativas de Jesus, A. F / UFSCar - USE; Regina Helena Vitale
uma vez que a morte pode estar associada ao fracas- Torkomian Joaquim / Joaquim, R. H. V. T. / UFS-
so da assistência. A equipe de enfermagem vivencia Car - UFSCar - Docente PPGG; Umaia El-Khatib /
diariamente diversas situações onde a morte é El-Khatib, Umaia / UFSCar - Docente PPGGC;
constante. É possível observar diversas reações e O Projeto de Extensão Grupo Terapêutico: Juven-
sentimentos da equipe, com isso existem inúmeros tude Universitária” é um grupo terapêutico inter-
mecanismos de defesa, uns ficam em silêncio, outros disciplinar desenvolvido na Unidade Saúde Escola
se isolam, choram, buscam-se justificativas para a (USE - UFSCar), que integra as áreas de Psicologia
finitude humana. Frente a essa situação surgem di- e de Terapia Ocupacional, desde 2006, derivado da
versos questionamentos em relação ao óbito Objeti- preocupação das coordenadoras do projeto com o
vo: Identificar o processo de cuidar frente à finitude público universitário em situação de vulnerabi-
humana. Métodos: Os termos de busca utilizados lidade, e com necessidades de saúde iminente de
nesta revisão sistemática foram obtidos através acolhimento. A USE, na Rede de Atenção do SUS,
de consulta aos Descritores em ciências da saúde é considerada como nível de média complexidade,
(decs.bvs.br). Foi utilizada na busca dos trabalhos motivo pelo qual o estudante universitário, usuá-
a combinação aos descritores óbito, enfermagem, rio do sistema necessita estar vinculado à porta de
finitude humana”. Na pesquisa bibliográfica foram entrada da Atenção Básica, para então por meio do
utilizadas as bases SciELO e LILACS. Foram inicial- fluxo de encaminhamento, pela guia de referência e
mente selecionados, através dos descritores, traba- contra-referência ser inscrito na Linha de Cuidado
lhos publicados entres 2005 e 2014. Foram critérios em Saúde Mental da USE. O critério de inclusão é
de inclusão a presença de resumo em português, ser estudante universitário e aceitar o desafio de
assim como a descrição de abordagem qualitativa refletir sobre si mesmo, sobre a vida universitária e
referente a enfermagem frente a finitude humana. sobre o coletivo social. Objetivo: oferecer o cuidado
Foram excluídos os estudos de abordagem quantita- integral aos participantes do grupo, considerando
tiva e os resumos em inglês e espanhol. A partir dos seus aspectos biopsicossocioculturais. Lições apren-
critérios estabelecidos para a revisão da literatura, didas: Entende-se que foi dada uma importante con-
foram selecionados ao todo 8 artigos (figura1), sendo tribuição para a construção dos projetos de vida dos
6 referentes à base de dados eletrônicos SciELO e 2 estudantes. Os relatos dos participantes durante os
referentes à base de dados eletrônicos LILACS. Re- encontros indicam que houve melhora significativa
sultados: As literaturas apontam que o tema morte do desempenho acadêmico por conta de sua parti-
e morrer têm sido negligenciados pelas instituições cipação no grupo. O trabalho procurou estimular
de graduação, já que o profissional de enfermagem nos estudantes a promoção e prevenção em saúde,
demonstra uma grande ansiedade e despreparo para além de ter incentivado a responsabilização pelo
lidar com a morte. Conclusão: Os estudos realizados cuidado com a própria saúde.Foram identificadas
apontam a necessidade de estratégias para suprirem necessidades de saúde as quais foram discutidas
a falta de preparo dos profissionais de enfermagem com os profissionais da equipe da USE, e encami-
em lidar com tema morte e morrer. Refletir sobre nhadas para as especialidades necessárias por meio
esta temática pode auxiliar esses profissionais a do procedimento de interconsulta, promovendo a
vivenciarem o processo de morte e morrer mais integralidade e interdisciplinaridade do cuidado
equilibrado, fortalecendo-os para cuidar do pacien- oferecido, que fazem parte dos objetivos da USE.
te e de seus familiares prestando uma assistência Recomendações: Este espaço reflexivo e promotor
qualificada e mais humanizada. de empatia em relação aos pares contribui para a

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 83
criação de vínculos que podem facilitar nesta tran- diano dos profissionais.Lições aprendidas:Segundo
sição para a vida adulta, além de criar um espaço a Equipe Técnica, a questão da longevidade é vista
de socialização e integração entre os participantes como um problema pela sociedade civil e pelo poder
que pôde auxiliar na formação de laços na univer- público,e não como um ganho da população brasi-
sidade, fora do ambiente terapêutico. A proposta do leira.Nota-se que atitudes de familiares, profissio-
grupo prevê que os participantes realizem atividades nais de saúde, políticos,população em geral está na
manuais, artesanais e artísticas enquanto debatem contramão do que orienta os Dados sobre o enve-
temas complexos que envolvem a vida universitá- lhecimento no Brasil:Uma das maiores conquistas
ria como preconceito, bullying, dificuldades nos culturais de um povo em seu processo de humaniza-
relacionamentos, competitividade, entre outros. A ção é o envelhecimento de sua população, refletindo
satisfação obtida com os resultados desses trabalhos uma melhoria das condições de vida.” da SDH da PR.
pode melhorar sua autoestima e contribuir para seu Recomendações:Segundo a percepção da Equipe
processo terapêutico. Técnica:o idoso aprendeu a utilizar a simplicidade
para resolver situações no cotidiano,a valorizar a
INTERDISCIPLINARIDADE: UNINDO ESFORÇOS independência,o poder de ir e vir.O idoso deve traçar
PARA FAVORECER A LONGEVIDADE! projetos de curto prazo que sejam viáveis.Ele tem a
Orimar Sampaio Carmagnani / Carmagnani, O. S. / oportunidade da liberdade a seu favor para encon-
Centro de Referência do Idoso de Araraquara; José trar conhecimento, cultura e novas experiências.O
Candido Monteiro da Silva Machado / Machado, Poder Público e a sociedade civil devem se preparar
J.C.M.S. / CRIA; Francisco Moretti Duk / Duk, F. M. para os desafios do processo de envelhecimento que
/ CRIA; Daniela Farah / Farah, D. / CRIA; Ilma Al- estão tanto para alcançar o envelhecimento saudável
ves da Silva / Silva, I.A. / CRIA; Luciana Carvalho como para favorecer uma Linha de Cuidado Familiar
/ Carvalho, L. / CRIA; Lourdes Sccoton / Sccoton, para acompanhar a velhice fragilizada com respeito
L. / CRIA; Denise Alonso / Alonso, D. / CRIA; Erica a dignidade e cidadania da pessoa idosa, Constitui-
Vaz / Vaz, E. / CRIA; Maria Tereza Ramalho / Ra- ção Federal 1988 e pela PNI 1994(Lei 8.842).
malho, M. T. / CRIA;
Estudiosos da Gerontologia tem se debruçado sobre ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS COMO FERRAMENTA
o processo do envelhecimento, devido ao aumento DE APROXIMAÇÃO COM QUESTÕES DO CUIDADO
da expectativa de vida da população idosa brasi- EM SAÚDE
leira (IBGE, 2010).A Equipe Técnica do Centro de Thais de Souza Cordeiro / Cordeiro, T.S. / Univer-
Referência do Idoso de Araraquara (CRIA),vinculado sidade de São Paulo; Ana Paula de Lima Santos /
a SMS da Prefeitura de Araraquara desde 1993,re- Santos, A.P.L. / Universidade de São Paulo; Karina
úne esforços para garantir a atenção integral à Mie Kikuti / Kikuti, K.M. / Universidade de São
saúde do idoso,com estímulo ao envelhecimento Paulo; Priscila do Amaral Brandoli / Brandoli, P.A.
ativo e fortalecimento das ações de promoção, / Universidade de São Paulo; Ana Silvia Whitaker
prevenção e reabilitação.O CRIA é uma Unidade Dalmaso / Dalmaso, A.S.W. / Universidade de São
de média complexidade SUS.Missão:contribuir Paulo; Gabriela Junqueira Calazans / Calazans,
para fomentar políticas sociais;prestar assistên- G.J. / Universidade de São Paulo;
cia interdisciplinar.Objetivo:prestar atendimento CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: O Centro de
ambulatorial secundário às pessoas idosas refe- Saúde Escola Butantã (CSEB), Unidade Básica de
renciadas nas UBS;preservar a autonomia,indepen Saúde vinculada à USP, identificou a necessidade
dência;sensibilizar as redes de atenção ao idoso.O de conhecer melhor parte de seu território que en-
atendimento é interdisciplinar e intersetorial,para globa o bairro de São Domingos e outros, uma área
pessoas acima de sessenta anos, apresentando adscrita delimitada com 26.084 habitantes, com
pluripatologias,referenciados pelas UBS.Conceitos um grande número de idosos, e que se encontra
como:Necessidades em Saúde; Integralidade, Redes entre 2,5 e 5 km do CSEB. Mais particularmente,
de Atenção e Resolubilidade estão presentes no coti- como usuários com doenças crônicas com mais de

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 84
50 anos e moradores deste bairro cuidavam de sua Maristela Schiabel Adler / Adler, M.S. / Univer-
saúde e qual o papel atribuído ao CSEB e outros sidade Federal de Sao Carlos - UFSCar; Ubiratan
serviços neste cuidado. Este tema foi proposto a Cardinalli Adler / Adler, U.C. / Universidade Fede-
um grupo de alunas do Programa de Residência ral de Sao Carlos - UFSCar; José Nelson Martins
Multiprofissional em Saúde Coletiva e Atenção Diniz / Diniz, J.N.M. / Universidade Federal de Sao
Primária em um estágio curricular. DESCRIÇÃO: Carlos - UFSCar; Daniela Maria Xavier de Souza
Utilizou-se o conceito de Itinerários Terapêuticos / Souza, D.M.X. / Universidade Federal de Sao
(IT) para compreender como os indivíduos manejam Carlos - UFSCar;
seu cuidado e lidam com suas necessidades de saúde. INTRODUÇÃO Em 2012, a Unidade de Saúde Es-
Foram realizadas entrevistas semidirigidas com oito cola (USE) da Universidade Federal de São Carlos
usuários selecionados a partir de diferentes critérios (UFSCar) criou a Linha de Cuidado de Medicina
e posteriormente submetidas à Análise de Conteúdo Integrativa e Práticas Complementares (LCMIPC),
de Bardin. LIÇÕES APRENDIDAS: Os principais integrando os ambulatórios de Homeopatia, Yoga
problemas apontados nos depoimentos envolviam e Acupuntura que já eram oferecidos a usuários do
os obstáculos que os indivíduos encontram frente à SUS, em nível de atenção secundária. OBJETIVO
organização formal do sistema e as formas como eles Apresentar projetos e trabalhos desenvolvidos na
lidam e acessam os serviços de saúde; dificuldade LCMIPC. MÉTODO Descrição das ações de Medicina
de acesso aos serviços de saúde, principalmente em Integrativa e Práticas Complementares desenvolvi-
função da mobilidade restrita dos idosos; a relação das na USE. Homeopatia O ambulatório atende, em
entre serviços público e privado; a valorização média, 50 pacientes/mês, adultos e crianças com
do consumo de tecnologias e do modelo médico- doenças crônicas não transmissíveis. As consultas
-centrado; os fluxos entre os níveis de atenção e são realizadas por dois médicos homeopatas que
questões relacionadas à intersetorialidade. A análise seguem um protocolo específico de homeopatia. O
dos conteúdos sobre os ITs possibilitou reflexões e mesmo protocolo de homeopatia é utilizado em um
críticas acerca da organização dos serviços de saúde, estudo clínico randomizado e controlado, no trata-
do fluxo na rede de atenção e entre os equipamen- mento da fase aguda e de continuação do episódio
tos de saúde e sociais, apontando um interessante depressivo, utilizando-se sertralina como controle
recurso para a investigação acerca da gestão de ativo. A fase de inclusão começou em outubro de
serviços de saúde. Foi ressaltado o protagonismo 2014 e deverá terminar em julho de 2018, com 220
dos usuários na busca de cuidados de saúde, fugindo pacientes incluídos. O estudo foi aprovado pela
muitas vezes da racionalidade prevista pelo sistema. Comissão de Extensão e Pesquisa da USE e pelo
Este trabalho permitiu maior aproximação com o Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar, registrado
território estudado, propiciando discussões acerca no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos e segue as
de potencialidades e fragilidades dos serviços ofer- diretrizes para Boas Práticas Clínicas. Acupuntura
tados pelo CSEB e demais equipamentos da rede de O ambulatório atende, em média, 35 pacientes/mês,
atenção à saúde no território. RECOMENDAÇÕES: adultos, em sua maioria com queixa de dor crônica.
Este trabalho propiciou às residentes aprendizado Yoga As práticas de Yoga são organizadas em dois
na área de saúde coletiva, e ao CSEB e ao Programa grupos: usuários do SUS e profissionais de saúde do
de Residência, acúmulo para planejamento do cui- SUS. Os encontros são semanais, com duração de 6
dado em saúde no território e estratégias de ensino meses e 10 participantes por grupo. Ações integra-
e pesquisa em serviço. das Reuniões mensais são realizadas para progra-
mação de estratégias de desenvolvimento da Linha
LINHA DE CUIDADO DE MEDICINA INTEGRATIVA (Educação Permanente, Educação Continuada, Pro-
E PRÁTICAS COMPLEMENTARES DA UNIDADE DE jetos de Pesquisa, Projetos de Extensão) e discussões
SAÚDE ESCOLA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE clínicas. Participam da Linha de Cuidado docentes
SÃO CARLOS: INTEGRANDO CUIDADO, ENSINO E da UFSCar, profissionais da USE, voluntários e
PESQUISA NO SUS alunos de graduação e pós-graduação da UFSCar.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 85
Conclusão A implantação da LCMIPC oferece uma profissional com maior capacidade de transmitir
oportunidade de integração entre cuidado, ensino e calma e segurança ao cliente terminal e sua família.
pesquisa, tendo o SUS como cenário.
MUSICOTERAPIA COMO RECURSO NO CUIDADO
MORTE E FINITUDE DA VIDA: A PERCEPÇÃO DOS E RECUPERAÇÃO DO NEONATO E DA CRIANÇA
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM HOSPITALIZADA
Juliana Fernandes Cabral / Cabral, JF / UFMT; Carolina de Oliveira Bazo / BAZO, C. O / Univer-
Grasiela Cristina Silva Botelho Silvestre / Silves- sidade Católica de Santos/ Unisantos; Cibele
tre, GCSB / UNEMAT; Andrieli Piovezan Rocha / Regina de Oliveira / OLIVEIRA, C. R / Universi-
Rocha, AP / UNEMAT; Eunice Barreto de Souza / dade Católica de Santos/ Unisantos; Dandara de
Souza, EB / UNEMAT; Jackeline Felix de Souza / Oliveira Rodrigues Arantes / ARANTES, D. O. R. /
Souza, JF / UNEMAT; Universidade Católica de Santos/Unisantos; Denys
A enfermagem é a equipe que assiste ao cliente Nilson Ormeneze / ORMENEZE, D.N / Universida-
vinte quatro horas por dia, deste modo, vivencia de Católica de Santos/Unisantos; Luzana Mackevi-
cotidianamente a morte e o luto. Os enfermeiros ao cius Bernardes / BERNARDES, L. M / Universidade
lidarem com a morte dos outros se tornam suscetí- Católica de Santos/ Unisantos;
veis e se indagam a respeito de suas práticas como Introdução: A musicoterapia é a utilização e/
cuidadores O objetivo do estudo foi compreender a ou instrumentos musicais (som, ritmo, melodia,
percepção dos profissionais de enfermagem acerca harmonia) ao cliente ou grupo em um processo
da morte e finitude da vida. Trata-se de um estudo estruturado para facilitar e promover comunica-
de caso, de abordagem qualitativa e caráter explo- ção, relacionamento, aprendizagem, mobilização,
ratório desenvolvido após aprovação do Comitê de expressão e organização (física, emocional, mental,
Ética em Pesquisa, sob o parecer de nº 835815. Os social e cognitiva). Os estudos com essa temática
dados foram coletados, em outubro de 2014, através vêm apresentando resultados positivos em várias
de entrevistas abertas com enfermeiros que atuam áreas, tais como saúde mental, educação especial,
em três unidades de saúde, do município de Norte- reabilitação e desenvolvimento social. Na última
lândia Mato Grosso, sendo duas Unidades Básicas década, a música foi introduzida na Unidade de
de Saúde e uma Unidade Hospitalar. Os dados, Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) como terapia
analisados através da técnica Análise de Conteúdo para melhorar o tratamento e facilitar o cresci-
de Bardin, apontaram três categorias, sendo elas, mento e desenvolvimento de lactentes prematuros.
percepção dos enfermeiros sobre o processo de Objetivo: Conhecer os benefícios da musicoterapia
morte e morrer”; experiência, ética e o cuidado ideal como recurso no cuidado e recuperação do neonato
perante o processo de morte e morrer” e preparo e da criança hospitalizada por meio de revisão sis-
durante a graduação para a assistência durante temática da literatura. Metodologia: Os termos de
o processo de morte e morrer”. Concluiu-se que o busca foram utilizados por meio os Descritores em
preparo dos profissionais ainda está fortemente Ciências de Saúde (decs.bvs.br) com a combinação
pautado em um modelo biomédico, o qual exalta musicoterapia, neonatologia e recém-nascidos”. As
a objetividade e subestima a subjetividade, bem bases de dados foram realizadas nos bancos SciELO
como os sentimentos e emoções, este modo de agir e LILACS. Os critérios de inclusão foram: artigos em
é fortemente influenciado pelos métodos de ensino português e trabalhos com recorte temporal de 2005
executados nas instituições formadoras, os quais a 2015.A partir dos critérios estabelecidos foram
também sofrem influencias de um modelo pautado selecionados 06 artigos científicos. Resultados: Os
em fragmentação e objetividade. Percebe-se que as autores apontam impactos positivos da musicotera-
habilidades para enfrentar o processo de morte/mor- pia nos índices de aleitamento materno entre mães
rer, bem como o controle das emoções e sentimentos de recém-nascidos prematuros, principalmente mais
são aprimoradas com a experiência profissional, próximos à intervenção e crianças hospitalizadas.
os profissionais associam o tempo de experiência As literaturas mostram que a utilização da música

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no dia-a-dia do pai/mãe/filho, têm a vantagem de nos revela alguns estranhamentos em relação ao
melhorar os objetivos de desenvolvimento na UTIN modelo de atenção das Unidades Básicas de Saúde,
e atuar o sentido de reduzir o estresse, estimular o às práticas de gestão utilizadas, à organização dos
desenvolvimento durante um período crítico de cres- processos de trabalho. Percebem e reagem á perda
cimento, promover o vínculo com os pais e facilitar de sua autonomia profissional, em particular nas
a comunicação e o desenvolvimento neurológico e dimensões organizacional e de acesso de cliente-
social. Conclusão: Os estudos apontam que ainda é la, questionam sua prática. Conclusão: O médico,
incipiente os trabalhos com esta temática, e a maio- no momento atual do SUS, não pode ser encarado
ria é de origem internacional. A prática dos cuidados nem como vilão, nem como herói. O seu trabalho
paliativos, apesar da importância para a produção apresenta uma centralidade na atenção à saúde, o
de cuidado em saúde que transponha os limites da que aponta para a necessidade de ampliar a escuta
abordagem curativa, é ainda um campo em recente e as estratégias de inserção do médico na produção
construção no Brasil. do cuidado à saúde realizado nos diversos espaços
do SUS.
NEM VILÃO NEM HERÓI: ELEMENTOS DA PRÁTICA
MÉDICA NO SUS O APOIADOR EM SAÚDE COMO AGENCIADOR DO
Denizi de Oliveira Reis / Reis DO / UNIFESP; Luiz CUIDADO NA INTERFACE DA ATENÇÃO BÁSICA E
Carlos de Oliveira Cecílio / Cecílio LCO / UNIFESP; HOSPITALAR
Rosemarie Andreazza / Andreazza R / UNIFESP; Rivane Montenegro Maia Santana / Santana,
Introdução: O estudo parte do pressuposto que o R.M.M / Secretaria de Saúde de São Bernardo do
trabalho médico no SUS é mais matizado do que Campo; Vanessa Caravage de Andrade / Andra-
as discussões polarizadas que têm predominado de, V.C / Secretaria de Saúde de São Bernardo do
atualmente no país especialmente após a criação do Campo;
Programa Mais Médicos. Os dados aqui apresenta- Introdução: Em 2010 iniciou o trabalho do apoiador
dos são resultado parcial de tese para doutoramento no município de São Bernardo do Campo, com dis-
que utiliza material empírico de duas investigações tribuição desses apoiadores em equipes multipro-
realizadas pelo grupo de pesquisa Política, Planeja- fissionais nos Nove territórios de saúde. Abordando
mento e Gestão em Saúde - UNIFESP. Objetivos: ca- especificadamente o território Oito (Demarchi,
racterizar elementos da prática médica no contexto Batistini e Represa), nas três unidades básicas de
atual do SUS, em particular na ABS, a partir de três saúde com Estratégia em Saúde da Família (ESF)
platôs de observação: os gestores, os usuários e os e sobre o trabalho de inserção do apoiador na rede
médicos. Método: pesquisa qualitativa que utiliza hospitalar, o qual teve início em meados de 2013 e
duas abordagens principais: narrativas de vida de 2014, respectivamente no Hospital Pronto Socorro
grandes usuários do SUS e observação participan- Central (HPSC) e Hospital Municipal de Clínicas José
te de sete UBS em três municípios, com registro Alencar (HC). Considerando o contexto de o apoiador
de cenas cotidianas naquele espaço. Resultados: transitar na rede a gestão do apoio em conjunto com
Da fala dos gestores emerge avaliação do médico a gestão hospitalar propiciaram o apoio como um
pouco comprometido com o SUS; surgem aqui, no dispositivo no cuidado e na alta compartilhada e
julgamento deste profissional, elementos do médico responsável do usuário, envolvendo principalmente
vilão”. Nas narrativas de vida os usuários relatam a atenção básica do território e a rede hospitalar. Ob-
suas buscas pelo bom médico”, e contam como vão jetivos: Aproximação das equipes da atenção básica
produzindo os seus mapas de cuidado, ao encontrar e hospitalar, por meio do conhecimento da realidade
pontos mais seguros para sua assistência, em forte territorial, assim como do contexto biopsicossocial
aliança com este profissional. Aparece o médico do usuário e de seus familiares; possibilitar a alta
que cuida, o médico herói”. A partir da observação compartilhada e responsável, evitando possíveis
participante captamos um médico que comenta sua reinternações e continuidade do cuidado na atenção
prática de forma ‘livre’, um médico reflexivo”. Ele básica e na rede. Método: O apoiador contempla par-

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ticipações nas reuniões de equipe da ESF e rede hos- e seus familiares devem ser incluídos no processo
pitalar, essas reuniões têm a participação de equipes como agente de promoção de sua saúde. Metodologia
multidisciplinares objetivando a discussão dos Durante três meses foram desenvolvidas atividades
casos em prol do manejo adequado, considerando de arteterapia com o grupo de pacientes e familiares
a singularidade do indivíduo, família e meio social. que estavam em tratamento de quimioterapia. As
O apoio nos encontros das equipes tem promovido atividades incluíam música e leituras de poemas.
a capilarização das informações relevantes no cui- Ao final 30 participantes responderam um ques-
dado integral e longitudinal do usuário, assim como tionário semi estruturado sobre o momento das
o agenciamento nas equipes de saúde. Resultados e oficinas. Resultado Todos os participantes relataram
Conclusão: A participação dos apoiadores semanal ser positivo o momento das atividades. Em grupo
(HPSC) ou diária (HC) promoveu maior vínculo com o trabalho se potencializa e gera vínculos entre a
as equipes sendo um fator positivo no conhecimen- equipe, os pacientes e seus familiares. Conclusão
to dos territórios e das diversidades que compõe o A prática da arteterapia traz bem estar à pacientes
indivíduo em condição hospitalar, assim como de que sofrem com o tratamento oncológico, podendo
identificar o perfil epidemiológico visando ações de ser usada como ferramenta pelo Serviço Social.
promoção e prevenção na saúde. Consideramos que Amplia a perspectiva do cuidado integral, para além
o apoiador nos encontros com as equipes de ESF e das práticas médicas e da visão reducionista do ser
Hospitalar apropriou-se dos diversos saberes multi- humano. O Cuidado inclui toda equipe assistencial,
profissionais e institucionais capilirarizando-os na a família e a rede de apoio social e comunitária. A
rede. Ressaltamos nesse processo: a importância da arteterapia propiciou aos pacientes e familiares, a
discussão e escuta dos diversos profissionais que possibilidade de expressarem sentimentos, medos e
integram as equipes sobre a conduta e alta do usu- falarem sobre o momento de adoecimento pelo qual
ário sendo este um dos fatores determinantes nas estão passando. Questões sobre trabalho, planos
possíveis reinternações e a porosidade das equipes para o futuro, família, habitação foram recorrentes
na condução das informações e ações de cuidado durante as atividades com o grupo de trabalho. Tam-
referente ao caso discutido. bém foi notória a expressão de carinho e gratidão
por seus familiares. Palavra Chave: Arteterapia,
O CUIDADO INTEGRAL ATRAVÉS DA ARTETERAPIA Integralidade e Humanização
À PACIENTES COM CÂNCER
Betania Furtado Serra / Serra, B.F / Hospital Fede- O E-SUS COMO ANALISADOR DO PROCESSO DE
ral da Lagoa / AVM/UCAM; TRABALHO DE UMA EQUIPE DA ESTRATÉGIA
Introdução Esse trabalho é fruto da Especialização SAÚDE DA FAMÍLIA
em Arteterapia Educação e Saúde realizada pela Amanda Mendes Silva Cintra / Cintra, A. M. S. /
AVM/UCAM. No cuidado integral diversos conheci- Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto EERP-
mentos convergem para compreender o sujeito em USP; Luana Pinho de Mesquita / Mesquita, L. P. /
suas necessidades. A arteterapia é uma ferramenta Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto EERP-
e um caminho possível para qualificar assistência -USP; Silvia Matumoto / Matumoto, S. / Escola de
prestada nas unidades de tratamento. Trabalhando Enfermagem de Ribeirão Preto EERP- USP; Cinira
o que não é falado, mas que pode ser transformado, Magali Fortuna / Fortuna, C. M. / Escola de En-
ampliando a visão do sujeito. Objetivo Analisar o fermagem de Ribeirão Preto EERP- USP; Silvana
cuidado integral aos pacientes com câncer através Martins Mishima / Mishima, S. M. / Escola de
da abordagem da arteterapia. Justificativa A abor- Enfermagem de Ribeirão Preto EERP- USP; Maria
dagem pela arteterapia é possível desenvolver um José Bistafa Pereira / Pereira, M. J, B. / Escola de
trabalho mais humanizado trazendo alívio para os Enfermagem de Ribeirão Preto EERP- USP;
usuários e seus familiares. Compreensão múltipla Introdução: Trata-se de recorte da dissertação de
do adoecimento, transpondo o distanciamento na mestrado As relações entre profissionais e usuários
relação entre os sujeitos envolvidos. Os usuários de uma unidade de saúde da família: a potência

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 88
do encontro”. O processo de trabalho das equipes, O FISIOTERAPEUTA NO NÚCLEO DE APOIO À
frequentemente é atravessado por demandas que SAÚDE DA FAMÍLIA: POSSIBILIDADES
afastam o trabalhador da finalidade de cuidar. O Ana Beatriz Medina / Medina, A.B. / Instituto de
atravessamento por sua vez desencadeia processos Responsabilidade Social Sírio Libanês; Fabíola
objetivos e subjetivos, que analisados podem reve- Kenia Alves / Alves, F.K. / Instituto de Responsa-
lar aspectos ocultos das organizações. Na presente bilidade Social Sírio Libanês; Francies Regyanne
pesquisa o e-SUS, novo sistema de informação para Oliveira / Oliveira, F.R. / Instituto de Responsabili-
cadastro dos usuários, foi tomado como analisador dade Social Sírio Libanês; Melissa Lorenzo Prieto
do processo de trabalho de uma equipe da Estratégia de Souza / de Souza, M.L.P. / Instituto de Respon-
Saúde da Família (ESF). O objetivo deste trabalho sabilidade Social Sírio Libanês;
é mostrar o e-SUS como analisador do processo de Caracterização do problema: O fisioterapeuta, histo-
trabalho em saúde revelando efeitos sobre as rela- ricamente visto como um profissional de atuação no
ções entre agentes comunitários de saúde (ACSs) e nível de atenção terciária, é um dos profissionais que
usuários. Método: realizou-se pesquisa qualitativa pode compor a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde
do tipo pesquisa-intervenção, com aproximação da Família (NASF). Ainda é grande o esforço para
à cartografia como método de pesquisa. Esta diz delinear a atuação desse profissional na AB pelo
respeito às estratégias das formações do desejo no fato da pouca experiência acumulada nesse nível de
campo social, aos seus movimentos e suas cone- atenção. Objetivo: Descrever a atuação do fisiotera-
xões. Para produção dos dados foram utilizadas: peuta do NASF em Unidades Básicas de Saúde (UBS)
observação participante, diário de bordo e entrevista da região central da cidade de São Paulo. Descrição:
semiestruturada com os profissionais da ESF. O O fisioterapeuta atua em 9 equipes da Estratégia
projeto foi aprovado pelo CEP. Resultados: A equipe Saúde da Família (ESF) e 1 equipe do Consultório na
foi selecionada pelos gestores para utilizar o e-SUS, Rua. Um dos seus papéis tem se dado pela análise
sendo a primeira a aplicar o novo sistema de cadas- da demanda reprimida de Fisioterapia resultando
tro da população no município. A seleção foi imposta em avaliações individuais ou compartilhadas do
à equipe e teriam prazo para terminar. O fato causou usuário. O fisioterapeuta tem promovido comuni-
tensões no andamento das visitas domiciliares (VDs) cação com órgãos de reabilitação e com a regulação
de acompanhamento das famílias. Os ACSs foram local, facilitando a triagem dos casos. Além disso,
pressionados a preencher o cadastro, e as VDs pas- a partir de discussões junto às equipes têm sido de-
saram a ter a finalidade de recadastramento, e não batidos fluxos de Fisioterapia, matriciando-as sobre
o cuidado. Era motivo de inúmeras queixas, atraso critérios de encaminhamentos para Especialidade
nos atendimentos e desvio de foco durante as visitas. ou grupo de Fisioterapia destinado a usuários com
O e-SUS também revela o quanto as ações do Minis- dor crônica e psicossomática. Além das atividades
tério da Saúde, orientadas de forma descendente e coletivas, realiza visitas domiciliares específicas
que não produzem significado para aqueles traba- ou compartilhadas destinadas a usuários restritos
lhadores podem interferir no vínculo e no cuidado e acamados. A distribuição da carga horária nos
longitudinal, porém eram realizadas para cumprir meses de março, abril e maio de 2015 foi: Reunião
um protocolo imposto pela gestão. Conclusão: O e- com ESF: 21,3%; Consulta específica: 17,8%; Plane-
-SUS foi introduzido na equipe de forma que afastou jamento: 16,4%; Reunião NASF: 14,5%; Atividade
o trabalhador de sua missao de cuidar. As decisões da coletiva: 12,6%; Visita Domiciliar: 7,1%; Consulta
gestão de forma isolada e distante das práticas das Compartilhada: 3,9%; Articulação na rede de cuida-
USFs podem dificultar o trabalho da equipe e acentu- dos: 4,8%; educação continuada: 1,4%. Percebe-se um
ar tensões. Observa-se que o objeto das VDs passou equilíbrio entre o tempo dispendido para ações de
a ser o preenchimento de um cadastro, havendo a atendimento ao usuário e o matriciamento. Lições
prevalência das tecnologias duras em detrimento aprendidas: A definição da estratégia de atuação
às leves, revelando um pouco do que foi produzido do fisioterapeuta na AB é fundamental para que se
no encontro trabalhador-usuário. desenhe uma agenda de ações compatíveis com as

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 89
necessidades encontradas. A distribuição da carga com Doença de Alzheimer causa mudanças drásticas
horária de trabalho no período analisado aponta na família. É essencial que a Enfermagem entenda
coerência com os princípios do NASF, entretanto o melhor estas reações para colaborar na orientação
fisioterapeuta dispende um tempo considerável no e adequação da assistência aos seus familiares e
atendimento individual o que demostra que essa cuidador, com aplicação de palestras e grupos de
dimensão do cuidado não poderá ser negligenciada apoio gerando grande relevância neste aspecto. Isto
no cotidiano e reflete ainda que o saber específico da implica também na manutenção de vínculo afetivo.
categoria profissional é indispensável no cuidado. Referências: ANDERSON, M. I. P. Demência. In:
Recomendações: Faz-se necessário rever estratégias CALDAS, C. P. A saúde do idoso: a arte de cuidar.
de protagonismo do fisioterapeuta para articulação Rio de Janeiro: UERJ, 1998. BARDIN, L. Análise de
da rede de cuidados, visto que são grandes os desa- conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. ARAÚJO, J.S.;
fios de atuação, pela dificuldade de integração desta NASCIMENTO, M. A.A. Atuação da família frente ao
e entre os próprios profissionais da AB. processo saúde- doença de um familiar com câncer
de mama. Ver. Bras. Enfermagem., Brasilia DF, v. 57,
O IMPACTO NAS RELAÇÕES FAMILIARES DECOR- n 03, p. 274-8, maio/ junho 2004.
RENTE DO FAMILIAR PORTADOR DA DOENÇA DE
ALZHEIMER O LUGAR DO PSICÓLOGO NA ATENÇÃO BÁSICA:
Ilma Alves da Silva / Silva, I.A. / CRIA; Ana Maria A EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO NUMA UNIDADE DE
Tucci G. Baldavira Ferreira / Ferreira, A.M.T.G.B. / SAÚDE DA FAMÍLIA
UNIARA; Isabela Sgavioli Massucato / Massucato, I. S. /
INTRODUÇÃO: A Doença de Alzheimer é uma das Universidade Federal de São Paulo; Carlos Roberto
demências que mais acomete idosos e causa alte- de Castro e Silva / Silva, C. R. C. / Universidade
rações na vida do doente e sua família geradas pelo Federal de São Paulo; Christiane Alves Abdala /
desconhecimento acerca da patologia, e os cuidados Abdala, C. A. / Prefeitura Municipal de Santos; Ana
adequados a esta pessoa. OBJETIVO: Analisar o Beatriz Ventura / Ventura, A. B. / Universidade Fe-
discurso de familiares de idosos sobre as reações deral de São Paulo; Renata Alves da Costa / Costa,
causadas no âmbito familiar a partir do diagnóstico R. A. / Universidade Federal de São Paulo;
da Doença de Alzheimer. METODOLOGIA: Estudo Caracterização do problema: A Estratégia de Saú-
descritivo, qualitativo, desenvolvido no Centro de Re- de da Família (ESF) foi criada como uma forma
ferência do Idoso de Araraquara (C.R.I.A.), SP. Foram de repensar a saúde pública, superando o modelo
entrevistados 21 familiares que frequentam o Grupo médico-hospitalar a partir de medidas que tomem
de Apoio do C.R.I.A., cujas respostas foram gravadas a família como centro, e não o indivíduo isolado
e transcritas, sendo realizada análise de conteúdo. de seu contexto social. No dia-a-dia do trabalho na
O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes- atenção básica podemos notar grande dificuldade
quisa da UNIARA. RESULTADOS: Foram constatadas na construção de uma rede de atenção. Devido à
que as reações dos familiares ao receberem a notícia complexidade do processo saúde-doença-cuidado,
do diagnóstico de Alzheimer do seu familiar foram o trabalho interdisciplinar e multiprofissional é
diversificadas, como: negação, tristeza, e alguns imprescindível para abranger de forma ampla essa
não tiveram impactos, pois já esperavam esse diag- problemática. Descrição: O estágio de psicologia
nóstico. No âmbito familiar houve mudanças como: na Unidade de Saúde da Família dos morros Santa
abandono ao emprego, agressividade, mudança em Maria e Vila Progresso da UNIFESP propõe, a partir
relação a estrutura física na própria residência. Os dos conteúdos da psicologia social e comunitária,
resultados evidenciaram que, relacionado a mudan- atividades que possibilitam a reflexão crítica tanto
ças no convívio com o familiar e o portador da Do- dos profissionais da saúde do serviço como dos es-
ença de Alzheimer, houve confusão de sentimentos, tudantes de psicologia sobre a importância da rede
conflitos, entre outros. CONCLUSÕES: Os discursos de apoio social e do trabalho interdisciplinar. Vale
analisados mostraram que o idoso diagnosticado ressaltar que o território dos morros tem uma alta

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 90
vulnerabilidade social e dificuldades de acesso por das e desafios do tratamento de forma mais eficaz,
ser muito íngreme. Com a parceria dos profissionais impactando diretamente em sua qualidade de vida.
do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e do Objetivos: Investigar as concepções de profissionais
estágio de nutrição, os estagiários são inseridos no de saúde sobre sua prática de cuidado; Investigar as
dia-a-dia da unidade, realizando visitas domiciliares, diferentes maneiras pelas quais os portadores de
grupos de prevenção e promoção de saúde e o matri- HIV/AIDS percebem e experimentam o atendimento
ciamento. As atividades realizadas pelo estágio são que recebem no SAE. Método: Trata-se de um estu-
um instrumento de otimização da rede de apoio, uma do empírico qualitativo. A pesquisa foi realizada
vez que procuram articular os serviços e integrar em um SAE no interior de SP, a partir observação
as equipes. Lições aprendidas: Os trabalhos com participante e entrevistas semi estruturadas com
os grupos se mostram importantes promotores de profissionais (9) e portadores (10). Os dados foram
saúde. Neles, as relações se fortalecem e surgem analisados segundo a análise de conteúdo temática.
questões relevantes sobre o território, uma vez que Resultados: A análise de conteúdo referente aos
as pessoas se tornam mais conscientes da relação portadores do HIV produziu os seguintes núcleos
entre problemas de saúde e condições de vida. As de sentido: i) limites e alcances do cuidado, que
visitas domiciliares permitem um contato maior compreende os aspectos positivos e negativos do
com a família e o contexto social do indivíduo, o serviço na visão dos pacientes; ii) relação atendi-
que aprimora o conhecimento amplo de como o mento/enfrentamento, que seria a relação entre o
ambiente familiar interfere no processo saúde- tratamento que recebem e o enfrentamento de seu
-doença-cuidado. A presença do psicólogo se mostra quadro clínico; iii) sofrimento psíquico, que diz res-
importante à medida que permite a articulação entre peito à questões relacionadas à doença. Para o grupo
os profissionais da equipe, tanto entre si como com de profissionais os núcleos de sentido encontrados
a rede de atenção. Recomendações: As Universida- foram: i) vínculo com o trabalho, que compreende
des precisam dar mais foco às políticas públicas e qual é o tipo de vínculo que o profissional possui
à saúde. Também é importante que os profissionais com o serviço; ii) fragilidades do cuidado, que visa
estejam mais articulados entre si em suas propostas entender as dificuldades do serviço; iii) trabalho em
de ação no território. O modelo clínico tradicional equipe, que diz respeito à percepção sobre o trabalho
ainda predomina, mas diante dos problemas sociais multiprofissional. Conclusão: Foi possível verificar
emergentes, nos deparamos com a necessidade da que o cuidado oferecido é fragmentado e centrado
mudança da visão individual para a coletiva. na consulta médica individual, o que define o tipo
de vínculo frágil entre os pacientes e a equipe de
O MODELO DE TRATAMENTO OFERTADO IMPACTA saúde. Os usuários do serviço acabam por perder sua
NO ENFRENTAMENTO DO HIV/AIDS? identificação enquanto sujeitos em função de uma
Isabella Cavalcanti Palermo / Palermo, I.C. / lógica predominantemente medicamentosa e focada
UFSCar; Luciana Nogueira Fioroni / Fioroni, L.N. / em aspectos biológicos. Para que haja um cuidado
UFSCar; integral e humanizado, é preciso que pacientes se-
Introdução: O presente projeto busca investigar jam enxergados enquanto sujeitos, e não patologias.
a relação entre o cuidado em saúde ofertado e as
formas de enfrentamento do HIV/Aids em um Ser- O OLHAR DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE:
viço de Atenção Especializada (SAE) no interior do REFLEXÕES SOBRE O ACOMPANHAMENTO DE UM
Estado de São Paulo. O modelo de tratamento que PACIENTE
os portadores do HIV recebem nos serviços de saú- Albert Pereira do Sacramento / Sacramento, A.P. /
de merece atenção, neste sentido, compreende-se Instituto de Responsabilidade Social Sirio Liba-
que um cuidado em saúde integral e humanizado nes; Linadir Cristina de Lima Borges / Borges,
produz maiores possibilidades de vínculo e conse- L.C.L. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio
quentemente colaboram para que o paciente consiga Libanes; Patricia Mantovani / Mantovani, P. /
realizar seu autocuidado e cumprir com as deman- Instituto de Responsabilidade Social Sirio Liba-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 91
nes; Tony Wendell Paulino da Fonseca / Fonseca, caso nos fez refletir sobre a dimensão do trabalho
T.W.P / Instituto de Responsabilidade Social Sirio de todos da equipe e que para fazer um cuidado de
Libanes; Maria Alcimeire Alves de Souza / Souza, fato devemos nos comprometer com o bem estar das
M.A.A. / Instituto de Responsabilidade Social famílias, tendo como base aquilo que é possível para
Sirio Libanes; Cristiane Donato de Oliveira / Oli- elas. Estar atento para os sinais que nos mobilizam
veira, C.D. / Instituto de Responsabilidade Social para o cuidado e poder discutir francamente na
Sirio Libanes; Ilma Aparecida dos Santos / Santos, equipe. Entender que em algumas situações nem
I.A. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio sempre aquilo que pensamos como melhor para a
Libanes; Sandro Serafim da Silva / Silva, S.S. / família de fato vai acontecer e que devemos traba-
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Liba- lhar nossas frustrações. Recomendações: que todo
nes; Vera Regina da Silva / Silva, V.R. / Instituto de ACS esteja atento para defender os seus pacientes e
Responsabilidade Social Sirio Libanes; falar quando eles não tiverem voz porque nas casas
Caracterização do Problema: Nossa equipe da ESF nós podemos estar a par de muitas situações que
atua no centro de São Paulo desde 2001, neste perío- não chegarão nos consultórios. Devemos investir
do vários ACS já passaram pelas micro-áreas, acom- nos casos mais difíceis, por que são os que precisam
panhando a trajetória dos pacientes cadastrados. de mais apoio da equipe.
Alguns chamam atenção da equipe especialmente
quando há deterioração na qualidade de vida com O PROCESSO DE TRABALHO DO TERRITÓRIO 4
mudança dos hábitos que levam ao isolamento social NO CUIDADO CONTINUADO PARA A ALTA RES-
e agravamento da saúde. Nas visitas periódicas é PONSÁVEL
possível perceber os sutis sinais que levarão a uma Rita de Cássia Lazoski Araújo / Araújo, R.C.L. /
mudança, outras vezes a mesma se instala rapida- FMABC; Mawusi Ramos da Silva / Silva, M.R. /
mente, entretanto é complexo traduzir para a equipe Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo
a importância das dinâmicas observadas nas visitas do Campo; Francini Bianca Domingues Gamba /
e estabelecer uma estratégia compartilhada capaz Gamba, F.B.D. / Secretaria Municipal de Saúde de
de interromper esse ciclo. Descrição: Essa experi- São Bernardo do Campo; Rebeca Peres dos San-
ência refere-se ao cuidado de um senhor idoso que tos Francisco e Silva / Silva, R.P.S.F. / Secretaria
reside há mais de 1 década na Bela Vista. No início Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo;
do acompanhamento frequentava regularmente Vânia Barbosa do Nascimento / Nascimento, V.B.
a unidade de saúde, em consultas com médico da / FMABC;
família, enfermeiro e demais profissionais que se O município de São Bernardo do Campo vem nos
faziam necessários como psicólogo e psiquiatra últimos 8 anos apostando em realizar o cuidado
sem necessidade de intervenções maiores apenas ao munícipe de forma responsável e articulando
com visitas regulares. Com o tempo houve uma espaços e serviços na perspectiva de garantir que
piora e ele chegou a ficar quatro meses sem sair a alta hospitalar possa ocorrer da forma planejada,
de casa. Nossa equipe pensou em como poderia programada e responsável junto aos demais serviços
ajudar e tivemos várias tentativas, algumas com que compõe a rede de saúde que serão necessários
sucesso e outras não pela dificuldade de acesso. serem articulados em prol das necessidades de cada
Hoje nós conseguimos uma interação maior e to- uma de seus munícipes. O território 4, que abrange
dos da equipe além do NASF e do CAPS se revezam o centro da cidade, tem repensado o modo de pro-
nos cuidados. Para dar certo tivemos que montar duzir este cuidado em rede, preocupando-se em dar
um grande combinado entre todos os envolvidos: continuidade ao que foi pensado e pactuado junto
alguns ajudam no banho, combinam de encontrá- aos serviços da hospitalar de forma a garantir que
-lo, conversam com a família, verificam como tem o paciente consiga ter sua integralidade no cuidado
tomado seus remédios, conversam na casa, levam garantida. Diversas estratégias têm sido pensadas e
para cortar o cabelo. Periodicamente revemos com potencializadas nos serviços deste território, como
o paciente os combinados. Lições Aprendidas: esse espaços de reuniões com as equipes da Atenção

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Básica (AB) para discussão das situações dos pa- de pulmão, 42% das doenças respiratórias crônicas
cientes quando ainda estão internados, inclusive e 10% das doenças cardiovasculares (MATHERS;
com possibilidade de articulação para que a equipe STEVENS; MASCARENHAS, 2009). As estratégias
que o acompanha aproximar-se do hospital e assim principais de tratamento e intervenção ao proble-
contribuir com a construção do projeto terapêutico ma empregadas pelo governo são representadas
singular que esta sendo pensado para o seu paciente por campanhas de marketing que atingem milhões
adscrito, visto que a proximidade com a família, co- de pessoas e através dos centros de tratamento
nhecer o território em que o paciente mora e a rede do tabagista. Nesses, os pacientes recebem os
de apoio são fundamentais para pensarmos sobre seguintes suportes: o de profissionais de saúde; o
como ocorrerá de fato a continuidade do cuidado. social, obtido através do convívio com outros com o
Percebemos que este processo de articulação na mesmo problema; o medicamentoso, pois recebem,
tentativa de garantir que a rede esteja sinalizada gratuitamente, a medicação (no caso de centros
para as demandas dos pacientes tem sido extrema- públicos). O presente trabalho tem como objetivo
mente importante não só para a continuidade do relatar a experiência vivida por uma estudante de
cuidado do paciente como também para diminuir psicologia em um centro de tratamento ao tabagista
as incidências de reinternações nos serviços de ur- em um Hospital Geral. Os pacientes participantes
gência/emergência e hospitalar, visto que o paciente são distribuídos em grupos constituídos por cerca
passa então a ter suas necessidades discutidas e de 20 pessoas, que se reúnem em 16 encontros, onde
programadas antes da alta hospitalar. Ainda que seja 04 desses são semanais e os outros 12 realizados
um processo novo para o território, conseguimos quinzenalmente. Cada encontro tem uma duração
identificar que os espaços que temos com as equi- média de noventa minutos. A metodologia utilizada
pes e/ou enfermeiros da AB, são fundamentais para pelo grupo são intervenções comportamentais, vi-
conseguirmos articular a continuidade do cuidado sando à mudança de comportamento e obtenção de
destes pacientes, e como disparador repensarmos os hábitos mais saudáveis. São realizadas avaliações
processos de trabalho dos serviços e equipes, pois do grau de dependência nicotínica e da saúde global
os pacientes sinalizados pela internação passam a do paciente. A partir do acompanhamento do grupo
ser sinalizadores e disparadores de reorganizações citado, foi possível perceber que a intervenção por
do processo de trabalho. parte da psicologia é um fator relevante na dinâmica
do grupo. É necessário entender a história de vida
O PROFISSIONAL DA PSICOLOGIA NO TRATAMEN- do fumante, compreendendo a função que o cigarro
TO DO TABAGISMO estabelece no cotidiano dele. A escuta diferencia-
Isabele Assunção Mendonça Cavalcante / CAVAL- da do psicólogo favorece ao fumante analisar seu
CANTE, I. A. M. / UFC; Nayara Nogueira Silva / próprio comportamento, ajudando-o e apoiando-o
Silva, N. N. / UECE; Maria da Penha Uchoa Sales / na mudança de comportamento, o parar de fumar.
Sales, M. P. U. / UECE; Francisco Carlos de Mattos A cada relato dos pacientes é notável as dificulda-
Brito Oliveira / Oliveira, F. C. M. B. / UECE; Lígia des e problemas de saúde/sociais que o hábito de
de Moraes Oliveira / Oliceira, L. M. / UNIFOR; fumar causa no sujeito, como diversas doenças e
Joyce Horn Fonteles / Fonteles, J. H. / UNIFOR; dificuldades no convívio social. Assim, a experiência
O tabagismo é a maior causa de morte evitável no relatada trouxe reflexões acerca da importância de
mundo, com o número de mortes anual em torno de profissionais de psicologia no acompanhamento a
5 milhões (WHO, 2011). Estima-se que, no Brasil, a tabagistas em tratamento, trazendo suporte a cada
adicção mate duzentas mil pessoas ao ano. O Gover- dificuldade enfrentada nesse processo.
no Federal Brasileiro gastou, em 2012, cerca de R$
60 milhões somente com medicamentos para tratar O SABER DE ENFERMAGEM E SUA FUNDAMENTA-
essa doença. Ainda segundo a mesma fonte, 14,8% ÇÃO ASSISTENCIAL: REFLEXÃO SOBRE A PRÁXIS
dos brasileiros com mais de 18 anos fumam (BRA- DO CUIDAR
SIL, 2013). O tabagismo provoca 70% dos cânceres Keite Helen dos Santos / Santos, K.H. / Universida-

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de Estadual de Campinas; Dalvani Marques / Mar- OFICINA DA COLUNA: EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM
ques, J.S. / Universidade Estadual de Campinas; UMA ESF COMO FERRAMENTA DE ATUAÇÃO DO
Caracterização do problema: As teorias de enferma- PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA
gem contribuem na elaboração do plano de cuidados Carolina Rodrigues Bortolatto / Bortolatto, C.R. /
destinados ao paciente, oportunizando a reflexão UNESP; Mileide Cristina Stoco de Oliveira / Oli-
acerca da assistência dirigida aos indivíduos. Este veira, M.C.S. / UNESP; Elaine Aparecida Lozano da
estudo reflete acerca da importância da construção Silva / Silva, E.A.L. / UNESP; Daiane Oliveira dos
de um cuidado humanizado, neste caso orientado Santos / Santos, D.O. / UNOESTE; Fernanda Corrêa
pela Teoria do Cuidado Transpessoal de Watson, Yamashita / Yamashita, F.C. / Prefeitura Munici-
baseado nas vivências da atuação como enfermeira pal; Renilton José Pizzol / Pizzol, R.J. / UNESP;
residente em uma Unidade Básica de Saúde, sendo Caracterização do Problema: A Estratégia de Saúde
pertinente que se reflita acerca de encontros verda- da Família (ESF) é modelo privilegiado de atuação na
deiros, capazes de maximizarem a potencialidade promoção da saúde e no enfrentamento de agravos
do cuidar. Descrição: O presente artigo trata de um de saúde da população. Entre esses agravos se en-
relato de experiência desenvolvido em uma Unidade contra a lombalgia, problema que acomete a maioria
Básica de Saúde, baseado em uma vivência de práti- dos indivíduos e que é altamente incapacitante,
ca assistencial e educativa junto a um paciente com pois provoca limitações funcionais nas atividades
úlceras venosas conseqüentes da anemia falciforme de vida diária, restrições nas atividades sociais e
fundamentada na Teoria do Cuidado Transpessoal laborais. Devido à dimensão deste agravo cabe ao
de Jean Watson. Lições Aprendidas: Desenvolveu-se, fisioterapeuta do Núcleo de Apoio à Saúde da Família
no cuidado a este usuário, comunicação efetiva, em (NASF) abordar o problema na comunidade por meio
um relacionamento de ajuda-confiança, promoção do de ações de incentivo à prática de atividade física
ensino-aprendizagem interpessoal, provisão de um e à adoção de medidas preventivas e educativas.
ambiente mental, físico, sociocultural e espiritual Descrição: A Oficina da Coluna, realizada em uma
sustentador, protetor e/ou corretivo, sendo expe- ESF teve sua origem baseada na necessidade dos
rimentados na capacidade de percepção do outro participantes do Grupo de Exercício Terapêutico
como ele se constitui. A fundamentação do cuidado (GET) para dores crônicas, cuja maioria apresentava
orientado pela teoria pré-citada permitiu a assistên- queixas de lombalgia e questionamentos sobre o
cia humanizada, uma vez que contempla envolveu agravo. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
aspectos objetivos da situação vivenciada, inseriu efetuaram levantamento prévio no bairro para am-
o indivíduo no plano de cuidados, contribuiu com a pliação do público alvo, convidando para a Oficina
observação dos diferentes períodos de desenvolvi- indivíduos com lombalgia não participantes do GET.
mento humano e garantiu a responsabilização pela No primeiro momento, as atividades consistiram
saúde. Recomendações: A validade desta teoria pode em encontros semanais realizados em um mês
ser entendida quando considera-se o crescimento do com 30 participantes em média. No primeiro dia
enfermeiro e do paciente como seres humanos, pos- aplicou-se o Questionário de Avaliação Funcional
sibilitando a reciprocidade entre ambos, objetivando da Coluna Lombar Roland Morris (RM) em todos
o cuidado holístico. O cuidado transpessoal determi- participantes. Os encontros foram fundamentados
na uma atitude de respeito pelo outro, considerando em atividades educativas e didáticas por meio de
sua conexão com o universo, com a comunidade, palestras com material audiovisual com informa-
os espaços sociais por ele ocupados, sua cultura, ções sobre a biomecânica, etiologia e patologias da
sua história. O atendimento a tais especificidades coluna lombar, além dos cuidados com a postura
oportuniza com que se focalize a individualidade de nas atividades diárias, os tratamentos e a prevenção
cada paciente (corpo, mente e espírito), contribuin- por meio de orientações domiciliares com folders
do para que no momento de cuidado transpessoal ilustrativos com exercícios de alongamentos e for-
a enfermeira se torne um agente reconstituidor, talecimento muscular para coluna lombar. Lições
restaurando a totalidade do ser cuidado. Aprendidas: Observou-se a adesão de participantes

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 94
que não pertenciam ao GET, entre eles alguns ACS quanto pela possibilidade do gesto criativo que se
e funcionários da ESF, ocorrendo assim difusão do apresenta em atividades triviais e importantes do
conhecimento e promoção da educação em saúde. desenvolvimento como no modo de amamentar, de
Durante as palestras os participantes relataram tirar a fralda, de modificar a rotina e de estabele-
melhora do quadro álgico com o início da realização cer formas de linguagem. Os pais ao poderem se
das orientações domiciliares. Recomendações: Após aproximar do filho real, contam das peculiaridades
o primeiro mês, os participantes que atingiram o dessa relação, em que experimentam novos papéis,
escore mínimo no RM passaram por avaliação físi- transformando-se através da abertura ao novo do
ca que compreendeu testes neurais, musculares e outro e de si mesmos. Conclusão: A relação vai se
funcionais. Após essa etapa será iniciado o segundo constituindo e se regulando reciprocamente, os
momento da Oficina, em que os participantes rea- cuidados precisam ser ajustados à demanda e pos-
lizarão 16 sessões de 60 minutos cada, duas vezes sibilidade do outro. Assim como o cuidado não tem
por semana, com exercícios específicos de controle fórmulas prontas, os pais experimentam serem pais
motor para tratamento da dor lombar. e sentirem-se capacitados nesse papel no encontro
com os filhos, e estes, por sua vez, vão podendo
OS DESAFIOS DO CUIDAR NA INTERAÇÃO PAIS- desenvolver suas potencialidades humanas através
-CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN desse encontro. Os pais entrevistados indicam que
Fernanda Cristina de Oliveira Santos Aoki / quanto mais lento e exigente o cuidado com seus
Aoki, F.C.O.S. / USP; Carmen Lucia Cardoso / filhos com Síndrome de Down, mais possibilidades
Cardoso,C.L. / USP; de encontros surgem, e quando esses podem ser
Introdução: Dados estatísticos apontam que, no suficientemente bons, são trans-formadores” para
Brasil, nasce uma criança com Síndrome de Down ambos: pais e filhos.
(SD) a cada 600 nascimentos. Isto representa cerca
de 8.000 bebês com SD por ano. As dificuldades no OS IMIGRANTES BOLIVIANOS E A UTILIZACAO
desenvolvimento exigem que os pais desenvolvam DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
habilidades especiais para contemplarem cada ne- Rosângela Elaine Minéo Biagolini / Biagolini,
cessidade diferenciada da criança que poderia pas- R.E.M. / Secretaria de Saúde do Município de São
sar despercebida ou facilmente captada nas crianças Paulo e Universidade Nove de Julho - UNINOVE;
sem nenhum tipo de Síndrome. A importância do cui- Karen Andrea Mancilla Limachi / Limachi, K.A.M.
dado dos pais é essencial inclusive para minimizar / Universidade Nove de Julho - UNINOVE; Angela
os efeitos da síndrome, porém pouco se tem estudado Patricia Gonzales Flores / Flores, A. P. G. / Univer-
essa forma de atender as demandas da criança a par- sidade Nove de Julho - UNINOVE; Roudom Ferrei-
tir da perspectiva dos pais. Objetivo: Nesse contexto, ra Moura / Moura, R.F. / Secretaria de Saúde do
objetivou-se compreender como os pais desenvolvem Estado de São Paulo e Universidade Nove de Julho
formas de cuidado com a criança com SD, a partir - UNINOVE;
da perspectiva dos mesmos. Método: Utilizou-se Introdução: A crescente presença de imigrantes bo-
o método clínico-qualitativo, dentre as diversas livianos, em algumas regiões da cidade de São Paulo
estratégias de pesquisa qualitativa escolheu-se o tem sido identificada, associada muitas vezes com
estudo de caso coletivo e como referencial teórico a intensa utilização dos serviços públicos de saúde
para análise a psicanálise Winnicottiana. Realizou- por este grupo. Objetivo: Descrever que utilização
-se entrevistas semi-abertas, individuais, face a face, os imigrantes bolivianos residentes no município
com 3 casais de pais de crianças com Síndrome de de São Paulo, frequentadores de uma Organização
Down, com idade de 5 a 9 anos. As entrevistas foram Não Governamental (ONG), tem feito em relação aos
audiogravadas e transcritas na íntegra. Resultados e serviços de saúde. Método: Estudo transversal, des-
Discussão: Os entrevistados descreveram maneiras critivo, com abordagem quantitativa realizado em
diferentes de ajustar o cuidado na interação com uma ONG com sede na região do Brás em São Paulo/
seus filhos que perpassaram tanto por incômodos, SP, sem fins lucrativos que atende em média 400

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pessoas por mês, reunindo profissionais voluntários cia. Para a sociologia, refere-se a uma fusão comple-
que prestam auxílio aos imigrantes. Utilizou-se um xa de experiências e ações, cujo objetivo é atender
formulário composto por 22 questões, com tempo a necessidade de uma pessoa. Objetivos: a) revisar
médio de respostas estimado de quinze minutos, que a literatura com um enfoque sociológico sobre o
foi aplicado a 200 imigrantes. O projeto foi submeti- cuidado em saúde; b) mapear o campo e analisar as
do ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade diversas categorias em discussão; c) apreender o
Nove de Julho e aprovado sob o número 811.342/14. conhecimento acumulado e publicado na literatura
Resultados: Dos entrevistados 108 (54.0%) são do indexada sobre o cuidado na interface entre duas
sexo masculino, 54,0% (108) com faixa etária entre áreas de conhecimento: a sociologia/sociologia
20 e 29 anos, 82,0% (164) tem mais de 9 anos de es- da saúde e a assistência à saúde. Método: Revisão
tudo, 45% (90) estão há menos de 6 anos no Brasil Sistemática da Literatura na Biblioteca Virtual em
e 87,0% (174) trabalham no setor de confecções. Dos Saúde com os descritores “assistência à saúde”, ou
entrevistados 82,5% (165) informaram ter cartão “cuidados de saúde” (e seus derivados) e “sociolo-
do SUS e 72,5% (145) utilizaram algum serviço de gia médica”. Nas bases: PubMed, Scopus, Embase,
saúde, no Brasil, nos últimos 6 meses, sendo em Web of Science, Francis (OVID), ProQuest Central
sua maioria os de atenção primária à saúde (68,3%). e AcademicSearch Premier (EBSCO HOST) com os
Dos que necessitaram atendimento hospitalar 87,9% descritores: Health care” (e derivados) e sociology,
utilizaram serviços públicos. E os principais mo- medical”. Nas bases Jstor e Sage com os descritores
tivos que levaram os entrevistados à procurar um care or health or health care and (abstract) sociolo-
serviço de saúde foram dores de diferentes etiolo- gy”. Foram incluídos artigos publicados no período
gias, acidentes de trabalho e causas relacionados a entre 2003 e 2013, em português, espanhol ou inglês.
Foram excluídos artigos que não fossem de acesso
gravidez e ao parto. Os entrevistados referiram que
aberto ou não disponibilizados no portal de periódi-
procuram prioritariamente as farmácias do bairro
cos da CAPES, artigos de revisão de literatura, carta,
(38,3%), seguido dos serviços de Pronto Atendimen-
editorial e tese, artigos que não ofereceram acesso
to (35,9%). E 22,5% referiram ter tido problema no
aos seus resumos. Resultados: Encontraram-se 262
atendimento, sendo mais referida a demora (28,3%) e
artigos relacionados ao tema e foram selecionados
o mau atendimento (23,9%), além de 8,7% referirem
62. Elegeram-se os temas: 1) existência de uma crise
ter sofrido discriminação. Conclusões: Os entrevis-
nos sistemas de saúde em função do aumento dos
tados são adultos jovens, com nível de escolaridade
custos para a aplicação do cuidado; 2) desenvolvi-
elevado, a maioria está há mais de 5 anos no Brasil.
mento de um cuidado centrado no paciente/pessoa;
Em relação ao atendimento à saúde predominou a
3) necessidade de contemplar elementos subjetivos,
utilização dos serviços de atenção básica, no entanto
sentimentos e emoções nas ações de cuidado; 4)
a procura nos casos de necessidade de atenção à presença de disparidades sociais limitando ou in-
saúde se dá principalmente nas farmácias e servi- viabilizando o acesso ao cuidado; 5) implementação
ços de urgência. Diante da crescente participação de políticas que promovam melhoria na aplicação
dos imigrantes bolivianos a que se aprofundar os do cuidado pelos sistemas de saúde. Conclusão: A
obstáculos à utilização dos serviços de saúde. expressão cuidado em saúde reflete uma complexa e
abrangente rede de concepções e de ações tanto para
OS SENTIDOS DO CUIDADO EM SAÚDE: UMA a sociologia como para a saúde, envolvendo um fazer
REVISÃO DA LITERATURA tácito do ser humano, em que, ao mesmo tempo que é
Octávio Augusto Contatore / Contatore, O.A. / uma prática individual, é construído coletivamente.
UNICAMP; Nelson Filice de Barros / Barros, N.F. / Visto pelo prisma da sociologia/sociologia da saúde,
UNICAMP; o cuidado abrange questões amplas relacionadas à
Introdução: O cuidado em saúde tem sido tema de vida dos sujeitos atendidos nos sistemas de saúde,
reflexão e criação de conhecimento sobre as práticas para além de ações pontuais de aplicação de proce-
de atenção à saúde em diferentes níveis de assistên- dimentos técnicos/tecnológicos.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 96
PAPEL DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NA MO- PELOS TERRITÓRIOS EXISTENCIAIS DA ESTRATÉ-
DALIDADE DE TRANSPORTE AEROMÉDICO GIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: OBSERVAÇÃO PAR-
Monica Ramos de Paula / PAULA,Monica Ramos TICIPANTE DAS PRÁTICAS DISCURSIVAS SOBRE
de / Faculdade da Aldeia de Carapicuiba; Fatima PODER E CUIDADO DAS FAMÍLIAS
Aparecida dos Santos / SANTOS, Fatima Apareci- Luis Henrique Moura Ferreira / Ferreira, L.H.M /
da / Faculdade da Aldeia de Carapicuiba; Cleber UFSCAR; Wagner dos Santos Figueiredo / Figuei-
Jeferson de Lima / LIMA, Cleber Jefferson de. / redo, W.S. / UFSCAR; Luciana Nogueira Fioroni /
Faculdade da Aldeia de Carapicuiba; Danille Frei- Fioroni, L.N. / UFSCAR;
tas Alvim de Castro. / CASTRO,Danielle Freitas / Introdução A estratégia de saúde da família (ESF)
Faculdade da Aldeia de CArapicuiba; Joao Pereira tem se constituindo com características inovado-
Neto / NETO,Joao Pereira / Faculdade da Aldeia de ras para um novo modelo de assistência a saúde
Carapicuiba; no Brasil. Entretanto, ao analisarmos a ESF numa
RESUMO A modalidade de transporte aeromédico é postura crítica, abre-se um campo de estudo das
o translado ou remoção de doentes graves, por meio contradições internas da estratégia. Uma delas diz
de helicópteros ou aeronaves, de um ponto à outro, respeito aos efeitos de poder da instituição saúde em
ou em situações em que o doente necessite de um relação ao cuidado efetuado à população, a saber: a
transporte inter-hospitalar que seja mais adequado governamentalidade, o controle, a normalização, a
por via aérea. É considerado um transporte seguro, medicalização da vida e a imposição de estilos de
e apesar de ter algumas desvantagens é bastante vida saudáveis. O poder, na perspectiva foucaultia-
rápido, o que proporciona uma assistência quase na, tem caráter constitutivo e participa ativamente
imediata aos feridos pacientes, podendo salvar da produção de modos de subjetivação, trata-se de
muitas vidas. O presente estudo trata-se de uma um biopoder com dois eixos: o disciplinar que atua
revisão sistemática da literatura com o objetivo de no homem-corpo e a biopolítica no homem-espécie.
identificar qual é o papel do profissional enfermeiro O poder está sempre relacionado ao saber, entendi-
bem como as principais atividades desenvolvidas do como formações discursivas e suas respectivas
por ele no processo de transporte aeromédico. As práticas, trata-se de um binômio saber-poder que se
base de dados acessadas foram SCieLo e LILACS. sustentam multiplamente. Objetivo Compreender
Os descritores utilizados foram: resgate aéreo, me- quais práticas discursivas de saber-poder dão forma
dicina aeroespacial, enfermagem em emergência e ao trabalho da ESF no que concerne ao cuidado das
assistência de enfermagem. Esses descritores tam- famílias. Método A partir do construcionismo social,
bém foram associados à palavra remoção. A busca realizamos uma observação participante do cotidia-
foi realizada combinando os descritores através do no de trabalho de uma equipe de saúde da família.
operador booleano AND”. Foram analisados 08 arti- Observamos a dinâmica geral do trabalho, privile-
gos dos quais 06 respondia a pergunta da pesquisa. giando os momentos de encontro entre profissionais
As principais atividades e características do pro- e usuários. Resultados As análises discutem alguns
fissional enfermeiro na modalidade de transporte sentidos das praticas de cuidado observadas: A ESF a
aéreo encontradas na pesquisa foram: Planejamento partir do seu desenho de trabalho, configura-se como
da assistência, gestão dos recursos, atuação frente um dispositivo de governamentalidade, e permite
à equipe multidisciplinar, habilidades técnicas es- a partir de algumas características particulares
pecificas para modalidade e perfil diferenciado para mais possibilidades de controle e vigilância. Há um
esse profissional. Conclui-se que o enfermeiro atua destaque para a prática das Visitas Domiciliares e o
como gestor de todo o processo, planejando e pres- trabalho do ACS que estendem os efeitos de saber-
tando assistência ao paciente além de intermediar -poder para os territórios existenciais das famílias
a equipe multiprofissional. Palavras-chave: Resgate e comunidade. Há uma presença significativa de
aéreo. Medicina aeroespacial. Enfermagem em práticas discursivas de julgamento moral, racismo
emergência. Assistência de enfermagem e remoção. e imposição de estilos de vida considerados sau-

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dáveis. O cuidado nos territórios existenciais das dedicação e responsabilidade, é articulado com dife-
famílias assume o sentido de luta existencial entre rentes pessoas para alcançar as metas. O trabalho
projetos de vida diferentes, de um lado pelo saber é de equipe e cada um tem sua responsabilidade.
dos profissionais de saúde e do outro pelos modos É necessário utilizar da capacidade de liderança,
de condução da vida das famílias. Conclusão Inves- comunicação, negociação, inteligência estratégica,
tigamos as praticas discursivas que dão fundamento percepção situacional, gestão de conflitos através
para o trabalho na ESF enquanto o cuidado para as de planejamento com prazos para a sua execução. A
famílias, dando subsídios para pensar sobre a gestão partir do PES os alunos sentiram-se mais próximos
do cuidado realizado pela ESF, de modo a torna-lo da equipe e do processo de produção de cuidado da
ético, humanizado e comprometido com uma clínica população assistida pelo serviço. Recomendações:
da diferença. Que o PES seja utilizado como uma estratégia que
permite modificar o processo de trabalho, a partir
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL: da participação dos diferentes atores sociais que
SENSIBILIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS PARA integram a produção do cuidado no serviço de saú-
INCLUSÃO DE FITOTERÁPICOS NO PROCESSO DE de. Sobre o tema dos fitoterápicos, é importante
TRABALHO sensibilizar os usuários e seus familiares sobre as
plantas e estratégia de cuidado.
Deborah Santos Nascimento / Nascimen-
to, D.S. / FCMSCSP; Maria Fernanda Terra /
Nascimento,D.S. / FCMSCSP; Ariane Graça de PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES
Campos / Nascimento, D.S. / Associação da Saúde NO SUS LIAN GONG
da Familia; Ataide de Matos Ferreira / Nascimen- Thamiris Iversen Muraro / Muraro, T.I. / Prefei-
to, D.S. / FCMSCSP; Luciana Menezes de Melo / tura do Município de São Bernardo do Campo;
Nascimento, D.S. / FCMSCSP; Hélio Antônio Ferreira / Ferreira, H.A. / Prefeitura
Na disciplina Estágio Curricular l do último ano do do Município de São Bernardo do Campo; Renata
curso de Graduação em Enfermagem da FCMSCSP, Pereira / Pereira, R. / Prefeitura do Município de
os alunos têm por atividade desenvolver o Planeja- São Bernardo do Campo;
mento Estratégico Situacional (PES). Teve-se por A implementação das Práticas Integrativas e Com-
problema sensibilizar os profissionais de saúde plementares representa uma importante estratégia
sobre o uso de fitoterapia na APS, principalmente para a construção de um modelo de atenção integral
nos grupos de dor e benzodiazepínicos. Descrição: e a inserção de abordagens utilizando práticas da
PES é um instrumento de gestão que considera a medicina oriental está em consonância com os
participação dos atores envolvidos na resolução princípios estruturantes do SUS de universalidade,
do problema. O PES se divide em etapas: 1ª) reco- integralidade e equidade. O Lian Gong Shi Ba Fa
nhecimento do problema (inclusão da Fitoterapia (Lian Gong) consiste em uma prática corporal chine-
na assistência), 2ª e 3ª) traçar as operações viáveis sa elaborada na década de 70 pelo Dr. Zhuang Yuan
de acordo com os cenários previamente pensados - Ming (ortopedista) que alia à medicina ocidental os
Teto: incluir a Fitoterapia no processo de trabalho da conhecimentos da medicina oriental. A técnica tem
UBS. Centro: inclusão da fitoterapia nos grupos de propriedades preventivas e curativas cujo objetivo
dor e benzodiazepínicos e Piso: a não inclusão dos consiste em melhorar as condições corporais como
fitoterápicos no processo de trabalho e 4ª) definição dores no corpo, inúmeros problemas osteosmuscula-
da estratégia para sensibilizar os profissionais, que res e de articulações, disfunções dos órgãos internos
foram: traçar o perfil dos usuários, conhecer a Políti- e problemas respiratórios inerentes às condições
ca Nacional, estudar os efeitos e produzir o manual da vida moderna, além de ajudar na circulação do
das Ervas possíveis para o uso na assistência. Resul- sangue, dissolver aderências e inflamações dos
tado: Fez-se a sensibilização com 50 profissionais, tendões, restauração de movimentação natural com
inclusive os coordenadores dos grupos, incluindo a melhora da resistência e da vitalidade do organismo.
ESF e NASF. Lições aprendidas: O PES requer muita O sistema completo do Lian Gong em 18 Terapias é

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composto de três partes de exercícios. O grupo de apresentar as vivências do Profissional¬-rede no tecer
prática de Lian Gong da UBS Alvarenga existe há do cuidado; que no encontro produz vidas e saúdes.
três anos e é coordenado por ACS e por colaborado- Descrição: Este trabalho é um desdobramento do
ra da equipe de apoio do território. Composto por projeto Atenção Básica e a Produção do Cuidado em
aproximadamente 35 usuários que, em quase sua Rede no Município de Santos”, que ocorre através da
totalidade, são mulheres com idade média de 60 parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde de
anos, o grupo ocorre atualmente no espaço cedido Santos e a Universidade Federal de São Paulo – Bai-
pelo CEU Luiz Gushiken. Ainda que não haja dados xada Santista. Mapeamos o processo do tecer redes
estatísticos oficiais na UBS Alvarenga, os relatos de cuidado através da experiência de três usuários
dos usuários são de que há efetiva melhora nas de distintas unidades básicas de saúde do municí-
condições corporais (articulações e musculatura), pio de Santos, abrangendo realidades geográficas e
diminuição de crises respiratórias deflagradas por socioeconômicas diferentes. Estes sujeitos foram
bronquite, maior disposição para atividades diárias selecionados conjuntamente com as equipes de cada
e consequentemente melhoria na qualidade de vida. unidade. Foi utilizada a abordagem qualitativa e o
A combinação do tratamento médico com o Lian método cartográfico que valorizam processos de
Gong além de propiciar o efeito terapêutico corporal intervenção coletivos. Lições Aprendidas: Nesse
e mental faz com que o paciente não aceite passiva- acompanhar das redes de cuidado, nos deparamos
mente os tratamentos médicos, assumindo postura com os limites instituídos da rede formal de saúde
ativa e responsável na recuperação da própria saúde. e as estratégias instituintes utilizadas por usuários
e profissionais de saúde. O intrincado tecer da rede,
PROFISSIONAL-REDE: TECENDO O CUIDADO EM se expande e abrange outras instâncias do viver
SAÚDE (família, amigos, profissionais, etc); no interstício
Lucio Costa Girotto / Girotto, L.C. / UNIFESP Bai- dos cuidados é que se produz saúdes” singulares.
xada Santista; Maycon Félix Lozano / Lozano, M.F. Recomendações: O processo de imergir na experi-
/ Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP ência do outro nos mostra que é preciso abandonar
campus Baixada Santista; Caio Vinícius Infante a falácia da imparcialidade técnica para se deixar
de Melo / Melo, C.V.I. / Universidade Federal de São engendrar no dinamismo da vivência; produzir redes
Paulo- UNIFESP campus Baixada Santista; Rosil- não é observar o tecer do outro, mas tecer junto. Por-
da Mendes / Mendes, R. / Universidade Federal de tanto, entendemos como indissociáveis os processos
São Paulo- UNIFESP campus Baixada Santista; de intervir, pesquisar e cuidar.
Caracterização do Problema: No âmbito do cuidado
em saúde, o entendimento do conceito de rede pode PROGNÓSTICO E PATOGRAFIA EM PACIENTES
ser considerado crucial, seja pela organização do COM CÂNCER
sistema de saúde vigente no país, que implica ações Gilberto Ribeiro Vieira; Carlos Botazzo; Antonio
coordenadas de diversos equipamentos e setores, Carlos F. Pontes / Vieira, G.R; Botazzo, C.; Pontes,
seja pela constatação empírica de que a manutenção A.C.F. / UFAC/USP;
da saúde parece apoiada em relacionamentos os A medicina convencional utiliza recursos limitados
mais diversos. Entendendo que a saúde se dá nas à doença para estabelecer a prognose. Presume-se
mais variadas relações e que muitas dessas extra- que a enfermidade guarde relação com a trajetória
polam os limites institucionais das redes formais de psicoafetiva do paciente, e a forma como ele lidou
cuidado, buscamos cartografar essas redes rizomá- com as circunstâncias de vida tende a se reproduzir
ticas percebendo o sujeito através das suas ações e na doença. O estudo propõe formular o prognóstico
relações. Neste movimento, uma questão que vêm médico em pacientes com câncer baseado em sua
a tona é a necessidade do profissional e do próprio história de vida. Recrutou-se pacientes portadores
serviço de saúde de flexibilizar-se e extrapolar suas de neoplasia no Hospital do Câncer do Acre, com
formas para tentar abarcar a complexidade dos pro- idade acima de 20 anos. A entrevista utilizou rotei-
cessos de saúde e adoecimento. Este trabalho busca ro semiaberto de 9 questões. Foram categorizados

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 99
cinco Tipos Prognósticos: Muito Desfavorável (MD) Quilombo Manoel Barbosa. Desenvolveu-se por meio
ou Complicado, Pouco Desfavorável (PD) ou Pro- de rodas de conversa visando a escuta qualificada ,
gressivo, Estagnado ou Incerto (I), Pouco Favorável com vistas a utilização de recurso da secretaria esta-
(PF) ou Residual, e Muito Favorável (MF) ou Resol- dual de saúde (RS) para melhoria do acesso a saúde
vido. Esses Tipos foram estabelecidos conforme de populações quilombolas. Momento para reforço
as variáveis: tempo decorrido desde os primeiros da construção da cidadania e de ações afirmativas
sintomas da doença até o diagnóstico; causa atri- e empoderamento de lideranças. O trabalho reali-
buída pelo paciente à enfermidade, sua expectativa zado teve como objetivo a utilização de um recurso
da própria cura; o conceito acerca de sua infância/ do estado do Rio Grande do Sul para melhoria do
adolescência e maturidade; sinceridade nas relações acesso a saúde de populações quilombolas. Através
afetivas; sentimentos ou atitudes descontroladas; do processo de rodas de conversa para decisões a
grau de resolutividade da situação mais difícil de respeito do recurso, percebeu-se que o momento era
vida; aproveitamento da principal oportunidade. apropriado para reforço de ações afirmativas e em-
Examinaram-se as patografias qualitativamente poderamento. Como forma de organizar o trabalho
mediante codificação temática e, quantitativamente, foram agendadas reuniões em diferentes momentos
por meio de estatística descritiva e da análise de e lugares, com diversos atores do processo a fim
variância. O projeto foi aprovado por Comitê de Éti- de que vertentes de entendimento do processo sur-
ca em Pesquisa. Foram entrevistados 45 pacientes, gissem. Dessas reuniões, percebeu-se que além do
sendo 3 do Tipo MF, 15 do PF, 12 do I, 8 do PD e 3 do gasto do recurso, havia muito mais envolvimento no
MD, além de 4 excluídos. Os casos extremos – MF ou processo de melhoria do acesso a saúde da população
MD – são minoria. Há uma diminuição progressiva negra. Houve momento de reunião com secretário
do número de PF para I e desse para PD (15,12,8). de saúde do município, que apoiou as ações e deu
Analisou-se a associação da história de vida com seguimento a demanda quilombola e da equipe de
a respectiva doença e evolução do paciente. Dos 3 saúde. O desfecho desse processo culminará com
pacientes Tipo MD, 2 evoluíram para o óbito; 3 do um seminário sobre a saúde da população negra,
Tipo MF mostram sobrevida média de 8 anos; esses que acontecerá em novembro deste ano e que terá
dois grupos denotam diferenças significativas. No por objetivo a apresentação da contrução deste in-
vestimento ao mesmo tempo em que está havendo
grupo PD, ocorreram 4 óbitos, apenas 1 no tipo I e
o empoderamento de lideranças e moradores do
nenhum no PF e no MF. Quanto à metástase, incidiu
quilombo, atravessado pelas ações afirmativas, mer-
em 1 do tipo MD; em 3 do PD; 4 do I, e 1 do PF e ne-
gulhado no processo de busca da integralidade. Os
nhum do MF. Complicações graves, como caquexia,
principais desafios encontrados pela equipe foram a
ascite, amputação e recidiva surgiram somente em
capacidade de criar uma modelagem que resolvesse
pacientes I, PD e MD. A patografia dos pacientes com
o atendimento dos problemas com uma flexibili-
prognóstico tipo progressivo e complicado revelou
dade que permitisse o acolhimento das demandas
frustração e/ou trauma afetivo importante, elemen-
de saúde e de cidadania da população quilombola
tos reduzidos no I e PF, até desaparecer no MF. A
da comunidade Manoel Barbosa. Esta experiência
biopatografia e a planilha revelaram-se confiáveis
possibilitou organizar a partir das necessidades
para a prognose na amostra estudada.
das pessoas, e da formação dos grupos de trabalho
um borramento entre os saberes dos profissionais
PROMOVENDO INTEGRALIDADE E CIDADANIA NO de saúde e dos usuários, possibilitando a troca de
QUILOMBO MANOEL BARBOSA experiências e o relato das necessidades sentidas,
Karen Zappe Pereira Soto / SOTO, KLZP / ufrgs, o surgimento de um novo modo de produzir saúde,
Prefeitura de Gravataí; experimentando o trabalho vivo em ato, acolhendo
A experiência ocorreu no município de Gravataí e as necessidades de saúde, considerando as pessoas
envolveu a Equipe de Saúde da Família Santa Cecília, em seu contexto cultural, respeitando suas crenças
Ong, SMS de Gravataí, Presidente e moradores do na busca de cidadania e integralidade.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 100
QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS COM DIS- (46,5 ± 23,6) e AE (48,8 ± 43,1) e os melhor avaliados fo-
FUNÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS USUÁRIOS DE ram EGS (64,5 ± 23,5); AS (62,5 ± 25,5); SM (61,8 ± 25,3) V
UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (54,3 ± 24,7). Conclusão: Os resultados mostraram que
Patricia Mayumi Takamoto / Takamoto, P.M. / domínios relacionados à esfera física da QV foram
UNESP; Carolina Rodrigues Bortolatto / Bortolat- mais impactados indicando que, para esta população
to, C.R. / UNESP; Renilton José Pizzol / Pizzol, R.J. as estratégias de intervenção fisioterapêutica devem
/ UNESP; Viviane de Freitas Cardoso / Cardoso, ser voltadas principalmente para o controle da dor
V.F. / UNESP; e promoção da funcionalidade.
Introdução: As disfunções musculoesqueléticas
(DME) afetam grande parte da população brasileira QUALIDADE DE VIDA EM HIV/AIDS: ANÁLISE DA
e está relacionada a vários fatores de risco como PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA PERSPECTIVA DAS
condições ambientais, ergonômicas e jornadas PRIORIDADES DE PESQUISA EM SAÚDE
excessivas de trabalho. Estas disfunções afetam Karoline de Cássia Mizasse Alani / Alani, K. de C.
a vida do indivíduo e refletem o impacto da sin- M. / Universidade Federal de São Carlos; Márcia
tomatologia, geralmente caracterizada pela dor, Niituma Ogata / Ogata, M. N. / Universidade Fede-
diminuição da amplitude do movimento e da força ral de São Carlos;
muscular, na realização das atividades cotidianas. Introdução: O HIV e a AIDS aparecem como um im-
Como a sintomatologia da disfunção e o seu impacto portante problema de saúde pública, que deve ser
está muito relacionados a percepção do indivíduo combatido de acordo com as metas do milênio da
justifica-se que, em uma avaliação seja investigada ONU e as prioridades de pesquisa em saúde. Ao lon-
a Qualidade de Vida (QV). Para o fisioterapeuta que go dos anos a doença se transformou, acarretando
atua na Atenção Básica de Saúde avaliar QV pode ser sua cronicidade e evidenciando qualidade de vida.
importante para o planejamento de estratégias de Objetivo: O objetivo deste estudo foi configurar a
intervenções que incluam todos aspectos envolvidos produção científica em qualidade de vida em HIV/
com o problema e a identificação das prioridades AIDS. Método: Trata-se de uma pesquisa descritiva
do indivíduo. Objetivo: Avaliar a QV de indivíduos exploratória, que utilizou análise bibliométrica,
com DME usuários de uma ESF. Métodos: Estudo auxiliada pelo Excel. Investigou-se os descritores
de caráter descritivo, exploratório e transversal Qualidade de Vida”, HIV”, AIDS” e SIDA” no LI-
realizado com 60 indivíduos adultos atendidos LACS. Avaliou-se periódicos nacionais com Qualis
por Serviço de Residência em Fisioterapia da FCT/ A1, A2, B1, e B2 da CAPES das áreas da saúde para
UNESP desenvolvido junto a uma ESF de Presidente análise geral, realizando-se análise detalhada em
Prudente-SP. O instrumento utilizado foi o Questio- enfermagem. Resultados: 366 publicações foram
nário de Qualidade de Vida SF-36, com 36 questões relacionadas na busca, 59 foram selecionadas e 21
que abrangem oito domínios: Capacidade Física (CF), pertenceram aos periódicos de enfermagem. A área
Estado Geral de Saúde (EGS), Dor (D), Vitalidade (V), que possuiu o maior número de periódicos foi a
Aspecto Social (AS), Saúde Mental (EM), Aspectos Enfermagem (13). As revistas que mais publicaram
Emocionais (AE) e Limitações por Aspectos Físicos sobre a temática foram Cadernos de Saúde Pública
(LAF), com escore de 0 a 100, sendo que quanto maior (8) e Revista Latino Americana de Enfermagem (6).
a pontuação melhor a QV. Resultados: A população A maioria dos artigos não conceituou Qualidade de
foi composta por 34 mulheres e 26 homens, com Vida”. Das 21 publicações das revistas de enferma-
idade de 51,1 ± 15,4 anos. As DME mais prevalentes gem, o ano de 2011 teve a maior concentração, 8 se
foram: tendinite de ombro (25% dos indivíduos), tratavam de estudos de metodologia quantitativa
hérnia de disco (23,8%), artrose (23,4%), lombalgia e Saúde da Mulher foi a área temática com mais
(20%), fratura em membro inferior (13,3%), fratura artigos. A maioria dos autores vinculou-se às univer-
em membro superior (8,3%) e problemas no joelho sidades públicas. Predominaram estudos com dados
(3,3%). Quanto à percepção de QV os domínios pior primários e 4 utilizaram o instrumento WHOQOL.
avaliados foram LAF (20,0 ± 29,7); D (38,1 ± 23,2); CF Conclusão: Qualidade de Vida” e HIV/AIDS” não se

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 101
relacionam em uma mesma prioridade de pesquisa. relação ao seu cuidado, demandando respostas dos
Em vista da importância da doença na sociedade e serviços pelos quais passou. Durante a gestação não
da qualidade de vida dos portadores, essas temáticas se avançou no esclarecimento dessa dor e tiveram
precisam ser mais abordadas, inclusive como prio- dificuldades para aceitação de laudo do INSS para
ridade de pesquisa conjuntamente. Palavras Chave: afastamento do trabalho da usuária. Nas discussões
Qualidade de Vida, HIV, AIDS. com a equipe emerge a relação pouco sinérgica entre
atenção básica e os demais serviços da rede, grande
REFLEXÕES SOBRE O CUIDADO EM REDE À SAÚDE pressão da gestão central pelo sucesso no manejo da
DA MULHER GESTANTE: PESQUISA-INTERVENÇÃO gestação e parto, mas avaliam fragilidade na rede,
NA ATENÇÃO BÁSICA NA CIDADE DE SANTOS -SP sobretudo quando necessitam dos outros níveis de
Stella Maris Nicolau / Nicolau, S.M. / UNIFESP - atenção. O debate revelou pouca reflexão acerca das
Baixada Santista; Viviane Santalucia Maximino / desigualdades de gênero na saúde da mulher, dando
Maximino, V.S. / UNIFESP - Baixada Santista; Gel- mais ênfase às demandas de ordem biomédica do
son Ribeiro dos Santos / Santos, G.R. / UNIFESP que as de ordem psicossocial da usuária.
- Baixada Santista; Flavia Liberman / Liberman,
F. / UNIFESP - Baixada Santista; Maria Fernanda RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICOS DE
Petroli Frutuoso / Frutuoso, M.F.P. / UNIFESP - ENFERMAGEM NUM CENTRO CIRÚRGICO
Baixada Santista; Rosilda Mendes / Mendes, R. / Marcos Vinicius de Oliveira / Oliveira, M. V. /
UNIFESP - Baixada Santista; Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão;
Introdução: O trabalho na atenção básica é per- Michelly de Melo Alves / Alves, M. M. / Universida-
meado por tensões e depende da articulação de de Federal de Goiás- Regional Catalão; Ivania Vera
diversos profissionais e níveis de atenção, portanto / Vera, I. / Universidade Federal de Goiás- Regional
da construção de diversas redes relacionais que Catalão; Luiz Henrique Batista Monteiro / Montei-
se entrecruzam. Este trabalho é parte da pesquisa ro, L. H. B. / Universidade Federal de Goiás- Regio-
Atenção básica e a produção do cuidado em rede” nal Catalão; Jaqueline Rezende de Souza / Souza.
financiada pela FAPESP/PPSUS 2013 realizada em J. R. / Universidade Federal de Goiás- Regional Ca-
parceria entre UNIFESP Baixada Santista e Secreta- talão; Ludimila de Almeida Rodrigues / Rodrigues,
ria Municipal de Saúde de Santos (SP), que envolveu L. A. / Universidade Federal de Goiás- Regional
11 serviços de atenção básica. Objetivo: apresentar Catalão; Carina Ala da Silva / Silva, C. A. / Univer-
os resultados de uma pesquisa-intervenção que sidade Federal de Goiás- Regional Catalão;
buscou problematizar o cuidado em rede a partir CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: A unidade
da perspectiva de uma equipe de saúde da família de centro cirúrgico é considerada um dos setores
convidada a refletir acerca de um caso marcante” mais importante de uma unidade hospitalar, pois
que atenderam, e sob a perspectiva da usuária engloba um conjunto de elementos que objetivam a
atendida que também foi entrevistada. Metodologia: realização de procedimentos anestésicos- cirúrgicos
trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa que e á recuperação pós anestésica. Caracteriza-se pela
se utiliza do método cartográfico com o intuito de representatividade de um sistema sociotécnico es-
promover uma aproximação dos pesquisadores com truturado, administrativo e psicossocial. Nesse con-
equipes e usuários escolhidos pelas mesmas através texto, o papel do enfermeiro exige-se conhecimento
de reuniões, oficinas e entrevistas. Resultados: a e habilidades técnico cientifico e responsabilidade.
equipe de saúde selecionou o caso de uma gestante O processo de trabalho no Centro Cirúrgico (CC) visa
com intercorrências de dores fortes na coluna e não à assistência curativa e individualizada, portanto
contou com apoio e retaguarda adequados dos ser- faz-se necessário que a equipe de enfermagem esteja
viços especializados para os quais foi referendada. apta para prestar cuidados específicos e individua-
A equipe se viu desamparada para oferecer alívio às lizados aos pacientes submetidos aos mais diversos
queixas da usuária que frequentemente estava no procedimentos anestésico- cirúrgicos. Objetivou-se
serviço e tinha uma postura de protagonismo em com esse trabalho relatar a experiência de graduan-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 102
dos de enfermagem em um Centro Cirúrgico. DES- para a sociedade e psicológicos para os indivíduos e
CRIÇÃO: O estudo foi realizado no Centro Cirúrgico suas famílias. Objetivou-se com esse trabalho relatar
de uma instituição de saúde de média complexidade, a experiência de acadêmicos de enfermagem a uma
pública situada na região central no Brasil, durante vitima de ferimento por arma branca. DESCRIÇÃO:
o campo prático da disciplina de Processo de Cuidar O estudo foi realizado em uma instituição de saúde
do Adulto e Idoso II. LIÇÕES APREENDIDAS: A expe- de média complexidade, situada na região central
riência do cuidar nos proporcionou enriquecimento no Brasil, durante o campo prático da disciplina de
intelectual e pessoal uma vez que aplicamos os sabe- Processo de Cuidar do Adulto e Idoso II.Utilizou-se
res teóricos na prática. Durante o campo prático foi ainda a Sistematização de Enfermagem, realizado
perceptível a importância do trabalho da equipe de da seguinte forma: Coleta de Dados; diagnósticos
enfermagem no setor. A presença dos profissionais de enfermagem; planejamento de enfermagem; im-
de enfermagem é pertinente para prestar a assistên- plementação e avaliação da assistência empregada.
cia ao cliente, para o desenvolvimento e organização Foi disponibilizado pela docente responsável um
da demanda burocrática e para os esclarecimentos e instrumento de coleta elaborado pela mesma para
orientações antes e após o procedimento cirúrgico. realizar a coleta de dados detalhada e executando
Observou-se ainda que o CC é um local que apresenta avaliação nutricional sob supervisão de uma nutri-
elevado nível de estresse por parte dos profissionais, cionista. LIÇÕES APRENDIDAS: A experiência do
em contrapartida explicita-se a delicadeza profissio- cuidar nos proporcionou enriquecimento intelectual
nal e a responsabilidade biopsicossocial. Por fim, é e pessoal uma vez que aplicamos os saberes teóricos
imprescindível a disponibilidade e especificidade na prática. Desta forma é necessária uma atenção
de uma equipe multiprofissional pautada princi- maior com os pacientes enquanto acadêmicos e
palmente na prevenção de riscos e complicações futuros profissionais. Durante o cenário de prática
decorrentes durante o procedimento cirúrgico e/ foi perceptível à importância de um cuidado integra-
ou após o mesmo, de forma garantir a segurança lizado sem interrupções, pois houve uma melhora
do paciente. RECOMENDAÇÕES: Oportunizamos significativa no quadro do paciente desenvolvendo
a efetividade da assistência ao paciente cirúrgico, um papel primordial de construção de uma relação
e as lacunas que regem tal cuidado. O processo de profissional/paciente. É importante destacar que o
enfermagem obrigatoriamente deve ser empregado enfermeiro tem um papel primordial na ação de pre-
para viabilizar junto ao paciente melhora e evolução venção e cuidados para com o paciente, tratando-o
do quadro. como um ser igual a ele, que precisa de um cuidado
especial e efetivo, não esquecendo jamais da ética
RELATO DE EXPERIÊNCIA FRENTE À ASSISTÊNCIA profissional resguardando os direitos e confidencia-
A VITIMA DE FERIMENTO POR ARMA BRANCA lidades do paciente e estabelecer uma boa relação
Jaqueline Rezende de Souza / Souza, J. R. / Univer- com a família do mesmo. RECOMENDAÇÕES: Ter
sidade Federal de Goiás- Regional Catalão; Ivania a oportunidade de estar inserido na referida insti-
Vera / Vera, I. / Universidade Federal de Goiás- Re- tuição de saúde, predispõe um melhor contato com
gional Catalão; Graciele Cristina Silva / Silva, G. C. a futura profissão, bem como prestar um serviço
/ Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão; social para a comunidade. As atividades práticas
Luiz Henrique Batista Monteiro / Monteiro, L. fornecem ao aluno subsídios para a reflexão, criti-
H. B. / Universidade Federal de Goiás- Regional cidade e sistematização sobre o contexto de saúde-
Catalão; -doença dos clientes assistidos, favorecendo assim
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: A violência a assistência integralizada e assegurando ao cliente
configura-se um grave problema de saúde pública, ações intervencionistas em nível biopsicossocial.
tanto em nível nacional como mundial. Nos dias de
hoje um dos principais problemas de saúde pública SAÚDE DO HOMEM: PERFIL DOS USUÁRIOS ATEN-
em nosso país são as causas externas, seja por sua DIDOS EM UMA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
relevância, seja pelos impasses que representam Bruna Silva Fiori / Fiori,B.S. / Universidade do

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 103
Oeste Paulista (UNOESTE); Daianne Ruzzon de horários adequados, avaliação do estado de saúde e
Souza / Souza,D.R. / Universidade do Oeste Pau- vínculo, pois 71,6% dos entrevistados não participam
lista (UNOESTE); Marina Lopes Ribeiro / Ribeiro, da ESF por motivos como: procura apenas quando
M.L / Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE); doentes, ausência de necessidade e o trabalho.
As Estratégias de Saúde da Família (ESF) priorizam Consagrando-se estes, motivos imperantes para os
ações de promoção e prevenção à saúde, principal- homens ignorarem práticas preventivas de saúde e
mente para mulheres, crianças e idosos. Sendo buscarem apenas ações resolutivas.
assim, foi criado a Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Homem (PNAISH), com objetivo SEGURANÇA DO PACIENTE: INOVAÇÃO DA TEO-
de garantir equidade, igualdade de gênero, reduzir RIA À PRÁTICA
a morbimortalidade e facilitar o acesso desta po- Alessandra Pereto Cabral / Cabral, A. P. / FALC;
pulação. Porém, características socioculturais e Frederico Golçaves dos Santos / Santos, F. G /
institucionais resultam em barreiras e baixa adesão FALC; Lourdes de Albuquerque / Albuquerque, L, /
aos serviços. O objetivo deste trabalho é Identificar FALC; Ana Lucia Batista Aranha / Aranha, A. L. B.
o perfil de saúde dos homens atendidos em uma ESF / FALC; Danielle Freitas Alvin de Castro / Castro,
do interior paulista, verificando as principais enfer- D. F. A. / FALC; Joao Pereira Neto / Pereira, J. N /
midades relatadas e as dificuldades na participação FALC;
de atividades realizadas na ESF. A pesquisa possui INTRODUÇÃO: A segurança do paciente é o primeiro
caráter descritivo, transversal, com abordagem domínio em qualidade de assistência a ser prestada,
quantitativa. A amostra foi composta por 60 homens impossibilitando de ter qualidade na assistência
participantes de grupos de uma ESF do interior sem a segurança, uma vez que se torna inútil o esfor-
paulista. Estes responderam questões de roteiros, ço de humanização se não incluir a redução do risco
o primeiro com informações pessoais e de saúde, na administração de medicamentos, na redução de
elaborado pela ESF. E o segundo, identificando os infecção hospitalar e nos erros de medicamentos.
motivos que dificultam a participação dos homens Logo a responsabilidade da equipe de enfermagem
nas atividades da unidade. Ambos foram aplicados aumenta, tendo em vista que, com isso, o tempo
por acadêmicos de medicina previamente treinados. de internação do paciente aumenta, devendo ter
Os dados coletados foram analisados por meio de maiores cuidados diários, medicamentos a serem
estatística descritiva. Os entrevistados assinaram o administrados e cuidados a serem prestados. O erro
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e proje- de medicamento é um importante instrumento na
to foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição assistência à segurança do paciente comumente
(Protocolo nº 2086, de 2014). Observa-se heteroge- visto como evitável no momento da administração
neidade na idade dos participantes, variando de 36 medicamentosa, possibilitando a ocorrência de
a 82 anos, sendo 52% idosos. Em relação ao estado danos ao paciente, ocasionando maior tempo de
civil, 61% são casados. Sobre as comorbidades, 49% recuperação com agravo no quadro ou causando
dos homens relatam ser portadores de hipertensão transtornos irreversíveis, acarretando outra do-
arterial, 20% afirmam ser diabéticos, e o mesmo ença. OBJETIVO: Identificar os fatores que levam
número também refere doença cardíaca. Sobre os a equipe de enfermagem a cometer erros na admi-
hábitos de vida, 34% dos deles referem consumo de nistração medicamentosa. METODOLOGIA: Estudo
bebida alcoólica, 25% são tabagistas e 74% apresenta de revisão sistemática nas bases de dados Lilacs e
exame preventivo de próstata. Considerando os mo- Scielo; as bases eletrônicas foram acessadas pela
tivos pelos quais não frequentam a ESF, observa-se Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os critérios de
as seguintes respostas: procuram quando doentes inclusão foram trabalhos escritos na integra em
(26,6%); não sentem necessidade (23,3%); horário Língua Portuguesa, entre 2004 a 2014, relacionados
de trabalho (18,3%); frequentam grupos (11,6%) e à segurança do paciente e administração de medi-
outros motivos (11,6%). Para alcançar os objetivos camentos. Os critérios de exclusão utilizados foram
da PNAISH as atividades das ESFs necessitam de estudos anteriores a 2004, que não fossem em língua

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 104
citada publicações indisponíveis na integras e Grey cenários, refletindo em seu orçamento familiar,
Literatures. RESULTADOS: foram encontrados um convívio social, atividades cotidianas e bem estar
total de sete artigos publicados entre 2009 e 2014, emocional e psicológico, entre outras dimensões. A
dos quais foram selecionados cinco artigos voltados interação entre fatores sociais, culturais e biológicos
à segurança do paciente e relacionados ao erros de na expressão e sentimento da dor revela que a sua
medicação, mostrando um aumento na percepção experiência está profundamente ligada à história
errônea da maior parte da equipe de enfermagem so- de vida e sofrimento dos sujeitos, influenciando no
bre a relação entre a administração de medicamento seu desencadeamento e controle. O grupo estudado,
e a ocorrência de danos ao paciente. CONCLUSÂO: em sua totalidade, refere que o convívio entre eles
Após analise dos artigos conclui-se muitos artigos na realização dos encontros na unidade de saúde
relacionados à segurança do paciente, porém ainda serve como base para o seu enfrentamento da dor.
há falhas. A melhoria da segurança e a qualidade Os pacientes obtêm subsídios para lidar com a dor
da assistência à saúde vêm recebendo atenção es- por meio da troca de experiências e apoio mútuo,
pecial sendo muito discutido atualmente visando à partilhando seu significado e expondo entre si
melhoria e aos benefícios relacionados à qualidade técnicas e estratégias para alívio da dor que vão
da assistência prestada com menor custo e menos além da medicina tradicional e não se limitam ao
transtorno ao cliente. Palavras chaves: Segurança tratamento prescrito ambulatorialmente. O itine-
do Paciente; Erros de Medicação. rário terapêutico percorrido na busca pelo alívio da
dor contempla terapias alternativas, hábitos, ações
SIGNIFICADO DA DOR CRÔNICA PARA USUÁRIOS e comportamentos que se mostram eficientes para
DE UM SERVIÇO DE SAÚDE EM SANTOS, SÃO outros participantes de acordo com as experiências
PAULO compartilhadas pelo grupo.
Tatiane Barbosa / Barbosa, T. / UNISANTOS; Deni-
se Martin / Martin, D. / UNISANTOS; TENDA INTINERANTE DA SAUDE PUBLICA
A dor é considerada uma experiência subjetiva Normalene Sena de Oliveira / OLIVEIRA,N.S /
com aspectos multidimensionais não permane- UFG - REGIONAL CATALÃO; Jacqueline Rodrigues
cendo restrita apenas a fatores biológicos. Cada de Lima / LIMA,J.R / UFG - GOIANIA; Claudio
pessoa confere significado à dor de acordo com a José Bertazzo / BERTAZZO,C.J / UFG - REGIONAL
sua cultura, estabelecendo sanções individuais e CATALÃO; Kamylla Guedes de Sena / SENA,K.G. /
sociais quanto à tolerância e reações frente à dor, UFG - REGIONAL CATALÃO;
motivado por padrões do que é socialmente aceito. Caracterização do problema: A Saúde Publica tem
O objetivo deste estudo foi analisar o significado da a missão de identificar as condições de saúde da
dor para pacientes diagnosticados com dor crônica comunidade, seus determinantes sociais e buscar
em um Ambulatório de Especialidades Médicas do alternativas de intervenção a partir das necessida-
município de Santos. Foi realizada uma pesquisa des da coletividade. Esta por sua vez busca a partici-
qualitativa fundamentada na Antropologia. As pação efetiva da população associada a uma analise
técnicas utilizadas na pesquisa foram: observação das condições de saúde, modo de vida, crenças e
etnográfica e entrevistas em profundidade. Os valores e a concep-ção do conceito de saúde como
resultados apresentados indicam a importância direito do cidadão e dever do estado. Descrição da
de uma assistência que contemple o olhar integral experiên-cia: Elaboramos esta atividade de extensão
aos pacientes. Observa-se que a relação entre os para ser executada na comunidade acadêmica UFG,
usuários e os serviços de saúde necessita de uma populações pertencentes às unidades de Saúde do
maior aproximação no que diz respeito ao conheci- Município e em dois distritos do su-deste goiano e
mento das especificidades inerentes ao manejo da um assentamento do INCRA. Os problemas identifi-
dor crônica e o respeito às limitações manifestadas cados foram: hipertensão, diabetes, drogas, gravidez
pelos pacientes. A incapacidade causada pela dor na adolescência, dependência política, econômica e
crônica compromete a vida do paciente em diversos social, déficit no auto cuidado, intoxicação por uso

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 105
de agrotóxicos em lavouras e desconhecimento a para sempre. Reflito sobre como a aproximação
cerca da necessidade do uso de equipamentos de pro- entre índios e profissionais de saúde precisa estar
teção individual, picadas de barbeiro e animais peço- conectada com a realidade social. Olhar 2: Há 17
nhentos e outros. Lições aprendidas: Trabalhamos a anos, fui pela primeira vez ao Xingu. Chegamos em
Tenda da Saúde Itinerante nas dife-rentes realidades uma aeronave ao Posto Pavuru onde estava um grupo
com a montagem da mesma e nela apresentávamos de 20 agentes indígenas de saúde. Eram iniciantes
por meio de exposições e discussões dos temas em de uma formação profissional integrada ao trabalho
rodas de conversas, folders, maquetes, desenhos e inédita no país: o curso de auxiliar de enferma-
e data show a: Li-nha do tempo da Saúde Pública; gem indígena, criado pela UNIFESP em 1998. Fui
Pacto pela saúde; Pacto pelo SUS,Pacto de Gestão do bombardeada por perguntas: O que faz um auxiliar
SUS; Determinantes sociais em Saúde;Conselhos de de enfermagem branco, como se obtém a carteira
saúde;Controle social no SUS e direitos dos Usuários do COREN, o que é um estágio no hospital, precisa
do SUS e Modelos de atenção a Saúde, prevenção fazer muitas provas e como é ser enfermeira de ver-
de picadas por animais peçonhen-tos,orientações a dade. Essa última questão ainda me acompanha em
cerca da doença de chagas e como fazer a captura do muitos momentos. A saúde vigente, mercantilizada
barbeiro e uso de equi-pamentos de proteção indivi- e tecnicista e oposta ao pensamento holístico indí-
dual para o trabalho no campo. Esta atividade possi- gena torna a prática difícil e conflituosa. Olhar 3:
bilitou aos acadêmicos de Enfermagem a inserção na Em maio de 2014, como graduanda de Enfermagem
realidade e a oferecer respostas efetivas a partir das pela Unifesp, tive a oportunidade conhecer o Xingu
necessidades dos usuários do SUS. Recomendações: participando de uma Campanha de Imunização. A
É importante a abertura criativa e parce-ria junto as enfermeira responsável explicava para a população
Unidades Básicas de Saúde e a Estratégia de Saúde indígena a importância da imunização contra os
da Família para identificar a necessidade de cada vírus influenza e HPV, foco da campanha. Depois
realidade e intervir concretamente desde a formação se discutiam dúvidas sobre a vacina ou doenças. A
inicial dos futuros profissionais de saúde na para a aceitação dessa atividade nas aldeias foi bastante
Defesa do SUS e sua efetivação. positiva, os indígenas participaram, receptivos com
a equipe. Durante o trabalho um médico realizava
TRÊS OLHARES EM TRÊS TEMPOS SOBRE O CUI- atendimentos assistenciais. Percebi a importância
DADO EM SAÚDE INDÍGENA NO XINGU que a atenção primária tem nas comunidades. Tive
Lavinia Santos de Souza Oliveira / Oliveira, LSS a oportunidade de estabelecer vínculo com as pes-
/ UNIFESP; Karine Cardoso / Cardoso, K. / UNI- soas e conhecer a vida delas. Recomendações: Em
FESP; Maria Lins / Lins, M / UNIFESP; diferentes tempos e contextos, a prática profissional
Olhar 1: Há 30 anos, visitei o Parque do Xingu, em saúde indígena é desafiada pela necessidade do
como jornalista convidada a participar do Kuarup diálogo intercultural, adequação das tecnologias e
na aldeia Yawalapiti. Pela primeira vez na história, preparo permanente do profissional para singulari-
brancos acompanharam a cerimônia indígena. dades no cuidado.
Marcos Terena disse: “Agora, os índios convidam.
Antes era uma invasão”. A comitiva integrada por VIVENCIAR A DOENÇA: UM ESTUDO COM POR-
representantes da Nova República deveria respeitar TADORES DE DOENÇA RENAL CRÔNICA
as regras de convívio com os indígenas. Não ofere- Karen Susanne e Souza / Souza, K.S. / Faculdade
cer dinheiro era uma delas. Foi quebrada por um de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
ministro. O Kuarup foi prestigiado por nove etnias “Júlio de Mesquita Filho; Margareth Aparecida
locais e pelo sertanista Orlando Villas Bôas. A espe- Santini de Almeida / Almeida, M.A.S. / Faculdade
rança era que a festa marcasse um novo tempo de de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
demarcações, menos conflito e morte de indígenas. “Júlio de Mesquita Filho;
Trinta anos depois isso não aconteceu e a tutela As doenças crônicas, não transmissíveis são pro-
continua. Mas meu olhar sobre o indígenas mudou blemas de saúde pública de âmbito mundial. Dentre

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 106
estas, encontra-se a doença renal crônica (DRC), que residia com seu cônjuge, apresentava renda familiar
acarreta prejuízos físicos, psicológicos e sociais de até dois salários mínimos e havia cursado até o
ao portador. O tratamento para DRC é dividido em ensino fundamental completo. Apesar da maioria já
tratamento conservador e terapia renal substitu- apresentar uma doença crônica (diabetes mellitus
tiva (TRS). O diagnóstico de uma doença crônica e ou hipertensão arterial sistêmica), a preocupação
pode provocar diversas mudanças no cotidiano do mais intensa com o tratamento e a adesão às reco-
individuo, sendo muitas vezes acompanhado de mendações médicas ocorreram efetivamente após
desorganização psicológica e reações emocionais o diagnóstico da DRC que se deu, em média, há 6,2
variadas. Assim, considera-se relevante conhecer e anos. Os entrevistados apresentaram diferentes
abordar o paciente, sua percepção e conhecimento sentimentos e vivencias relacionados a doença. A
sobre sua doença. Este estudo objetivou identificar DRC ocasiona inicialmente um misto de sentimen-
a percepção do paciente com doença renal crônica tos como revolta, tristeza, e medo, que em alguns se
(estágios 3 e 4) e sua vivência a respeito da mesma. transforma posteriormente em uma postura mais
Trata-se de pesquisa qualitativa, de cunho descritivo, positiva para o enfrentamento. As principais mu-
com os pacientes portadores de DRC, atendidos no danças relatadas dizem respeito à própria relação
Ambulatório de Nefrologia do Hospital das Clínicas familiar em torno do adoecido, além das restrições
da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP. alimentares e limitação física. Observou-se assim
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, que vivenciar a DRC significa enfrentar mudanças
onde a quantidade de pessoas a serem entrevista- físicas, psicológicas e sociais, demandando uma
das foi determinado pelo ponto de saturação. No grande adaptação do paciente e de sua família e um
total participaram 14 pessoas, sendo 7 mulheres e 7 olhar dos serviços de saúde para além da doença
homens, com idade médica de 59,9 anos. A maioria diagnosticada.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 107
Direitos Humanos e Saúde
A POPULAÇÃO LGBTTT E O ACESSO À SAÚDE: reduzir as consequências causadas pelo estigma
REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA e a discriminação. Conclusão: O atendimento de
Hosana Maria do Nascimento / NASCIMENTO, saúde aos LGBTTT não pode ser delimitado somen-
H.M. / UNISANTOS; te ao processo saúde- doença, pois deve-se ser uma
assistência integral. Para que aja uma modificação
Introdução: A primeira complicação constatada na
no atendimento de saúde aos LGBTTT é necessário
saúde dos LGBTTT, está relacionada à negligência
que se realize uma alteração no atendimento dos
ao direito à saúde. O acolhimento dessa população
profissionais de saúde, eliminando a influência que
na Atenção Básica aborda um processo onde esta-
possuem de forma abstrata do padrão heterossexual.
rão envolvidas ações humanas passíveis de gerar
conflitos. A Lei n°10.948 de 5 de novembro de 2001
e a Portaria nº 675/GM de 30 de março de 2006 ins-
A REALIZAÇÃO DO DIREITO HUMANO À ALIMEN-
titui que é direito do indivíduo ter um atendimento TAÇÃO ADEQUADA NO CONTEXTO DA ATENÇÃO
profissional na rede de serviços de saúde de modo PRIMÁRIA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PRO-
humanizado e sem discriminação de qualquer ori- FISSIONAIS DE SAÚDE
gem. E deve ser identificado pelo nome social, sem Lúcia Dias da Silva Guerra / Guerra, L.D.S. / FSP-
haver desrespeito ou preconceito. Objetivo: analisar -USP; Ana Maria Cervato-Mancuso / Cervato-Man-
as causas da não procura por assistência à saúde cuso, A.M. / FSP-USP;
pelos LGBTTT. Metodologia: revisão sistemática Introdução – No Brasil, o direito humano à ali-
por meio da combinação dos descritores homosse- mentação é reconhecido como um direito social
xualidade, saúde, transexualidade, discriminação, assegurado na Constituição, conjuntamente com
estigma. Critérios de inclusão: artigos nacionais e a saúde, a educação, a moradia, o trabalho, o lazer,
internacionais de língua portuguesa, espanhola com a assistência aos desamparados, dentre outros. O
abordagem quantitativa dos 10 últimos anos (2000 direito à alimentação adequada permea as políticas
a 2014). Resultados: No Brasil, os LGBTTT quando e ações de saúde e alimentação. No entanto, existe
procuram um serviço de saúde encontram-se, muitas um grande desafio para a sua promoção e realização
vezes, em circunstâncias de extrema vulnerabilida- no contexto das ações de Atenção Primária à Saúde
de. A discriminação por identidade de gênero reflete (APS). Objetivo: Analisar as representações sociais
na determinação social da saúde nos processos de dos profissionais de saúde a acerca da realização do
sofrimento e adoecimento decorrentes do precon- direito humano à alimentação adequada no contexto
ceito e do estigma social. Uma das estratégias de da atenção primária. Método: Estudo qualitativo,
promoção de saúde utilizada é o atendimento huma- com base na teoria das representações sociais, de-
nizado, livre de preconceito e discriminação e o uso senvolvido entre maio de 2013 a julho de 2014, em 24
do nome social. O profissional de saúde ao renunciar unidades básicas de saúde (UBS) das cinco regiões
escrever ou falar o nome social do paciente na ficha da megacidade de São Paulo-SP, com 26 profissio-
de cadastramento e pronunciá-lo como foi solicitado, nais de saúde, exceto nutricionistas. Os dados foram
expõe o/a paciente à uma situação depreciativa, in- obtidos por meio de entrevista semiestruturada e
fringindo os direitos de cidadania dessa pessoa. Os analisados através da análise de conteúdo. Resul-
preconceitos demonstrados pelos profissionais da tados: Entre os participantes da pesquisa estavam
saúde em seus atendimentos alicerçam a discrimi- enfermeiros, médicos, fonoaudiólogos, assistente
nação contra os LGBTTT, finalizando na complicação social, educador físico, educador em saúde pública,
do acesso aos serviços dessa população. Portanto, é fisioterapeuta, contador, terapeuta ocupacional, au-
conveniente um trabalho em conjunto entre profis- xiliar de enfermagem, agente comunitário de saúde
sionais de saúde e o Estado que tem como objetivo e agente de promoção ambiental. Dentre os entre-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 108
vistados, 69,2% (18) tinham formação pós-graduada de Saúde e as Estratégias da Saúde da Família e sua
em saúde pública. Os profissionais abordam que ‘o substituição por locais de prontos atendimentos e
ambiente alimentar’ (feiras e mercados) são espaços serviços informais como as farmácias. Metodologia:
fundamentais para o acesso e a disponibilidade de Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória de
alimentos no território. O ‘conhecimento da realida- abordagem quanti-qualitativa. O estudo foi desen-
de e do cotidiano da população’ são essenciais para volvido, após a autorização do CEP, em 20 homens
a realização de estratégias de intervenção, como a que buscaram atendimento em um serviço de pronto
educação alimentar e nutricional. Há consenso em atendimento municipal de uma cidade do Vale do
torno da necessidade do estabelecimento de ‘parce- Paraíba, SP. Para a coleta de dados foi aplicado um
rias com outros setores’ e da existência de interlo- instrumento de entrevista com questões fechadas
cutores importantes à serem considerados para a e uma questão aberta. Os dados foram analisados
realização de uma alimentação adequada, como os estatisticamente e na questão aberta foi utilizada
pais e a mídia, ambos são vistos pelos profissionais a técnica de análise de conteúdo de Bardim. Resul-
como ‘formadores de hábitos e práticas alimentares’. tados: São vários os motivos que levam os homens a
Além disso, destacam o ‘papel do Estado’ enquanto não procurarem assistência médica, como feminili-
promotor de políticas públicas e agente da exigibi- zação dos serviços de saúde, causando nos homens
lidade da alimentação adequada, como um direito. uma sensação de não fazerem parte daquele local,
Conclusão: Acredita-se que o conhecimento acerca gerando sentimento de vergonha; a falta de tempo,
do fenômeno estudado possibilite a problemati- decorrente da demora na assistência e do horário das
zação da alimentação adequada, como um direito, UBS não se adequar a sua realidade, pois para ser
no contexto da Atenção Primária à Saúde e elucide atendido o mesmo necessita faltar ao serviço. Outra
estratégias de intervenção junto à população e às questão identificada foi a ausência de programas de
equipes de saúde. atendimento voltado exclusivamente aos homens
beneficiando-os de forma mais direta e incutindo no
ADESÃO DO HOMEM AOS SERVIÇOS DE SAÚDE mesmo a importância e necessidade de se cuidar de
Rosana Tupinambá Viana Frazili / Frazili, R.T.V. sua saúde. Conclusão: A compreensão das barreiras
/ FATEA; Andréa Sader Rusilas / Rusilas, A.S. / sócio-culturais e institucionais é importante para
Secretaria Municipal de Saúde de Lorena, SP; a proposição estratégica de medidas que venham
Elaine Cristina Maciel Marques / Marques, E.C.M. a promover o acesso dos homens aos serviços de
/ FATEA; Elizabete Lourenço dos Reis / Reis, E.L. atenção primária, que deve ser a porta de entrada ao
/ FATEA; Carolina Viana Frazili / Frazili, C.V. / sistema de saúde, a fim de resguardar a prevenção e
UNIFESO; a promoção como eixos necessários e fundamentais
de intervenção.
A adesão do homem brasileiro ao seu direito social
à saúde é um dos desafios da Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde do Homem. Cada dia LEVANTAMENTO DOS PSICÓLOGOS QUE ATUAM
mais é crescente o número de pesquisas voltadas NAS POLITICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO ESTADO
ao questionamento sobre os motivos que levam DE SÃO PAULO
os homens há não buscarem assistência à saúde Edson Ferreira / DIAS, Edson / Conselho Regional
mesmo havendo uma predominância de que os ho- de Psicologia do Estado de São Paulo;
mens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo Introdução O centro de Referencias técnicas em
às enfermidades graves e crônicas, adoecendo ao Psicologia e Politicas Públicas – CREPOP tem como
longo prazo, em decorrência de fatores como pres- objetivo a formulação de referências para atuação
sões no trabalho e uso de drogas (álcool e cigarro) profissional no campo das politicas públicas. Estru-
e morrendo mais precocemente que as mulheres. tura se em Rede, com uma instância com coordena-
Objetivo: Conhecer os principais causas da não ade- ção Nacional. O Conselho Regional de Psicologia de
são da população masculina aos serviços de saúde Psicologia do Estado de São Paulo visando colaborar
na rede básica de saúde como as Unidades Básicas com as politicas públicas de Saúde e a prestação de

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 109
serviços dos Psicólogos em todo Estado, realiza o Caracterização do Problema O atendimento à crian-
mapeamento destes e dos serviços analisando as ça e ao adolescente no Brasil passado por diversas
demandas que existem, e não são atendidas pelo transformações. Em 13 de julho de 1990, criou-se
poder público. Objetivos Ampliar a atuação do psi- um instrumento jurídico, o Estatuto da Criança e do
cólogo na esfera pública, colaborando para a expan- Adolescente (ECA), cuja principal meta é garantir o
são da Psicologia na Sociedade e para a promoção bem estar das crianças e adolescentes, e desenvolver
dos Direitos Humanos, buscando sistematizar e políticas públicas voltadas para promoção e manu-
difundir o conhecimento e praticas psicológicas tenção dos direitos essenciais desses brasileiros.
nas politicas públicas, oferecendo referencias para Descrição Com a implantação do ECA, foi criada a
atuação. Método Para produzir conhecimento sobre Fundação Casa, por meio da Lei Estadual 12.469/06,
a presença de psicólogos nas politicas públicas de aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo
Saúde foram utilizados os seguintes recursos: • Da- em dezembro de 2006. Não se tratou apenas de uma
dos cadastrais do Conselho Regional de Psicologia nova logomarca, mas de uma grande reformulação
de São Paulo – CRPSP • Dados do Instituto Brasileiro nas medidas socioeducativas, com a descentrali-
de Geografia e Estatística • Dados do O Cadastro zação do atendimento ao adolescente e impacto
Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES • no corpo funcional. A Fundação Casa empreendeu
Cruzamento dos dados levantados • Georeferenci- reformas no conceito pedagógico, qualificando seu
maneto dos psicólogos por municípios Resultados quadro funcional e estabelecendo o Plano Indivi-
Os resultados são sistematizados e apresentados de dual de Atendimento (PIA), em todos os centros. A
forma georeferenciadas, com dados referentes às família passou a ser atendida e mais acompanhada,
Divisões regionais de Saúde, as subsedes do CRP-SP sendo considerada peça fundamental no processo de
e os municípios de São Paulo, levando em conside- ressocialização dos adolescentes infratores. Lições
ração a proporção de psicólogos por quantidade de aprendidas No primeiro momento, a transição da
habitantes e as divisões que existem por território. FEBEM para Fundação Casa contribuiu para evitar
Conclusão Analisando os resultados da presença de uma exposição negativa da instituição da mídia,
psicólogos nos serviços de Saúde do estado de São onde eram noticiadas inúmeras formas de violên-
Paulo, o Conselho Regional de Psicologia buscar cias relacionadas aos adolescentes, abrindo-se a
fortalecer a politicas públicas de saúde, bem como possibilidade de que a instituição fosse redesenhada
oferta serviços de qualidade a grande demanda rumo a uma nova história. Na sequência, vieram
vinda da população por atendimento psicológico. Os outras significativas mudanças que vão para além
mapas e a distribuição tem também a finalidade de da nomenclatura e mudanças documentais. Cada
diminuir as discrepâncias com municípios menores adolescente que chega à Fundação Casa é recepcio-
que por contas dos entraves políticos e burocráticos nado pela equipe multiprofissional (setor psicosso-
não conseguem financiamento para a instalação de cial, pedagógico, saúde e segurança), sendo traçado
serviços especializados no atendimento psicológico um diagnóstico polidimensional e o PIA, no qual
para sua população. o adolescente, sua família e equipe de referência
pactuarão metas a serem trabalhadas durante sua
LUZ SOBRE A HISTÓRIA DO ATENDIMENTO AO permanência na instituição, de acordo com as ne-
ADOLESCENTE AUTOR DE ATOS INFRACIONAIS: cessidades por ele apresentadas. Recomendações As
A TRANSIÇÃO DA FEBEM PARA FUNDAÇÃO CASA metas propostas no PIA devem ser difundidas pelo
Rafael Garcia Campos / CAMPOS, R.G. / Faculda- próprio adolescente em consonância com a equipe
de de Medicina, UNESP - Campus de Botucatu/ multiprofissional, ao invés do estabelecimento de
SP.; Bruna Portela Andrade Cardoso / CARDOSO, metas exclusivamente pela equipe multiprofissio-
B.P.A. / Faculdade de Medicina, UNESP - Campus nal, sem a participação e o envolvimento do adoles-
de Botucatu/SP.; Alfredo Pereira Júnior / JUNIOR, cente, que deve ser considerado o protagonista da
A.P. / Instituto de Biociências, UNESP - Campus de sua história. Precisamos contar com uma equipe
Botucatu/SP.; multiprofissional bem qualificada para orientar e

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 110
acompanhar as metas desses adolescentes durante maior empoderamento e menos suscetíveis a in-
sua permanência, da melhor forma possível, e esta- tervenções desnecessárias para o evento do parto.
belecer objetivos e metas que orientem e envolvam Conclusões: As conclusões iniciais apontam que a
a todos nas decisões a serem tomadas. participação em grupos de apoio revelou-se um canal
importante para obtenção de informações cientifi-
O ACESSO A INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS E AS cas que apoiam práticas baseadas em evidencias
POSSIBILIDADES DA MULHER PROTAGONIZAR sobre o parto e nascimento. Isso contribuiu para o
SEU PARTO protagonismo não só da mulher, mas dos familiares
Juliana dos Santos Corbett / Corbett, J. S. / Uni- envolvidos no parto. Mulheres mais protagonistas
camp; Laura Lamas Martins Gonçalves / Gonçal- sentem-se mais capazes de garantir seus direitos e
ves, L.L.M. / Unicamp; questionar o saber médico, e de exigir menos inter-
venções desnecessárias e melhores condições para
O Acesso a Informações Científicas e as Possibilida-
o parir e o nascer.
des da Mulher Protagonizar seu Parto Introdução:
O ato de nascer é repleto de símbolos, mitos e tabus
relacionados com a sexualidade humana e também O CONTEXTO DO VOLUNTARIADO ORGÂNICO
produzidos pelo olhar histórico sobre o corpo da DA SAÚDE E OS MOVIMENTOS SOCIAIS: REDE-
mulher. Em vários lugares do mundo o parto é vivido SENHANDO HORIZONTES DE SENTIDO ENTRE OS
e entendido como algo natural, que não necessita TEÓRICOS E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA
de muita intervenção. No Brasil, entretanto, fomos Siomara Roberta de Siqueira / Siqueira SR /
construindo um modo de nascer altamente medica- INSTITUTO DE SAÚDE , SES/SP; Elma Lourdes
lizado. Mulheres estão vivendo situações difíceis em Campos Pavone Zoboli / Zoboli ELCP / Escola de
relação ao desfecho de seu parto, os sentimentos, Enfermagem da Universidade de São Paulo;
significados, a própria experiência da mulher e sua Introdução: A atividade voluntária é uma das formas
satisfação nesse processo de gestar e parir tem sido de expressão viva do sentimento de solidariedade
mitigado e por isso a atenção ao parto e nascimento humana traduzida em ação. Manifesta-se na doa-
tem sofrido crescentes críticas nas últimas décadas. ção de horas de vida em favor do próximo. Apesar
Objetivo: Compreender em que medida a obtenção do voluntariado estar presente há décadas nas
de informações cientificas que apoiam práticas unidades de saúde, ele é pouco conhecido quanto
baseadas em evidencias sobre o parto e nascimento às atividades desenvolvidas, tema de doutorado em
favorecem a experiência do protagonismo de mulhe- andamento. Objetivo: Sistematizar o voluntariado
res. Método: Essa pesquisa caracteriza-se como um dentro do sentido dos movimentos sociais. Meto-
estudo qualitativo, de caráter exploratório e descri- dologia: Meta-análise do voluntariado buscando
tivo. Foram aplicadas entrevistas semiestruturadas temas que emergem na literatura do voluntariado
com mulheres no pós-parto, participantes de grupos com interface dos movimentos sociais. Introdução:
de apoio a gestantes. A amostra será definida por Voluntariado enquanto política de saúde Ferrarezzi
saturação. Serão construídas narrativas, por ser (2010), debate a relação sobre processos participati-
uma forma de descrever experiências vividas das vos e a emergência de novos padrões de relação entre
entrevistadas. Por se encontrar em andamento, o Estado e a sociedade. A vida humana tem início e
utilizou-se dados parciais do estudo apresentado se desenvolve em sua primeira fase dentro de um
por ora. Resultados: Como resultados preliminares, espaço estritamente privado. Saindo dentro de si, o
as mulheres entrevistadas sentem-se mais prota- homem estabelece as relações de família (e outras
gonistas quando tem possibilidades de escolher a de afeto e amizade). Seria o espaço público a relação
melhor forma de parir e do nascer de seus filhos. dos indivíduos com o Estado, com o poder político,
Relatam a participação nos grupos de apoio como mediante o controle crítico, a deliberação pública e
fundamental para a construção de suas escolhas, a participação (Barroso, 2009). Resultados: Áreas
bem como no fortalecimento da relação do casal, de interface entre o voluntariado e o ativismo social
ou com familiares, evidenciado na percepção de Promovem a participação de pessoas em situações

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 111
diversas. Ambos refletem uma escolha pessoal de do Departamento Regional de Saúde de Bauru
se envolver na comunidade. Embora estas ações (DRS VI). Nesta pesquisa fez-se uma avaliação de
possam ser realizadas por diversos motivos, desde processo, que envolve estrutura e processo para en-
o altruísmo até o interesse próprio, o que une as contrar justificativas entre o que se espera e o que
pessoas é o desejo comum de serem cidadãos ativos efetivamente é realizado nas Regiões de Saúde de
– de doar e também tentar mudar as condições que Bauru, Jaú, Lins, Polo Cuesta e Vale do Jurumirim,
causam o sofrimento humano. Conclusão: Hudson formada por 68 municípios localizados no centro-
(1999) enumera três contribuições do voluntariado -oeste do Estado de São Paulo com uma população
para a sociedade: Representação: ação voluntária que resenta 4% do total do Estado. Resultados As
nas circunstâncias atuais de maior importância so- UP diferem entre si em estrutura física, na atuação
cial e política”. Inovação: os corpos do voluntariado para a reinserção social, na equipe de saúde, no perfil
são uma fonte de inovação. Os governos enfrentam sócio-demográfico dos detentos, na situação epide-
questões muitas vezes formuladas e moldadas por miológica da TB em relação à inserção regional no
aqueles que não estão envolvidos diretamente com Sistema Único de Saúde. As ações e atividades para
o problema”. Finaliza, ponderando: Cidadania: a o controle da TB são padronizadas, mas devem ser
eficiência dos corpos de voluntariado como pro- conduzidas considerando as especificidades de cada
ponentes de mudanças deve muito à sua natureza UP. Nas unidades de regime fechado, funcionários e
informal”. Desde o início desse século, o Estado e a visitantes são os principais responsáveis pela cadeia
iniciativa privada vêm demandando a expansão de de transmissão da TB entre os presos e a população
organizações voluntárias, na busca por soluções aos em liberdade, nas unidades de regime semiaberto,
problemas sociais gerados pelo capitalismo. os próprios detentos representam o elo desta cadeia.
Nestas unidades há que se considerar este fato ao se
O CONTROLE DA TUBERCULOSE NOS PRESÍDIOS programar ações de controle. Conclusões De forma
NA REGIÃO (DRS VI) DE BAURU/SP: ATUAÇÃO geral, conclui-se que a maioria das medidas propos-
DAS EQUIPES DE SAÚDE tas vem sendo conduzidas pelas equipes de saúde
Walter Vitti Junior / Vitti Junior, W. / Unesp; das U. P. e isto se deve, aos esforços empreendidos
Luana Carandina / Carandina, L. / Unesp; Icaro pelos profissionais de enfermagem. Tem se investido
Caresia Lopes / Lopes, C.I. / Unesp; nas medidas relacionadas à busca ativa de casos
entre os presos e no tratamento supervisionado, a
Introdução A morbimortalidade da tuberculose entre
solução de problemas estruturais permitiria maior
pessoas privadas de liberdade é mais elevada que
efetividade de ações programáticas.
na população livre, esta situação é mais grave nos
países em desenvolvimento. Precárias condições de
vida no cárcere, associadas ao perfil da população, O PAPEL DOS DETERMINANTES SOCIAIS NA SU-
contribuem para manter condições de transmissão PERAÇÃO DAS INIQUIDADES EM SAÚDE: CONTRI-
entre os presos e destes para a população livre e BUIÇÃO PARA SAÚDE PÚBLICA
facilitam o surgimento de formas resistentes à Lilia Paula de Souza Santos / Santos, L. P. S. /
medicação. Objetivos Analisar a implementação UEFS; Samilly Silva Miranda / Miranda, S. S. /
das ações de controle da tuberculose nas Unidades UEFS; Tânia Maria de Araújo / Araújo, T. M. /
Prisionais pertencentes à Secretaria Estadual de UEFS; Fernanda de Oliveira Souza / Souza, F. O /
Administração Penitenciária/SP e localizadas na UEFS; Anna Paula Matos de Jesus / Jesus, A. P. M.
área de abrangência do Departamento Regional de / UEFS;
Saúde de Bauru (DRS VI). Metodologia Trata-se de Introdução: Insere-se no contexto de saúde pública
um trabalho descritivo de avaliação das atividades as investigações sobre as desigualdades sociais e
e ações dirigidas ao controle da tuberculose, desen- iniquidades em saúde, como ferramentas com alto
volvidas nas Unidades Prisionais pertencentes à poder explicativo dos fenômenos relacionados à
Secretaria de Administração Penitenciária de São saúde, que contribuem para o avanço das investiga-
Paulo (SAP) localizadas na área de abrangência ções sobre as relações entre a saúde da população

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 112
e seus determinantes sociais, bem como para o UFTM; Ana Palmira Soares Santos / Santos, A.P.S.
fortalecimento das estratégias em saúde pública / UFTM; Cristiane Paulin Simon / Simon, C.P. /
relacionadas ao Sistema Único de Saúde. Objetivo: UFTM;
compreender como a literatura tem abordado os Caracterização do Problema: Desde 2012, docentes
determinantes sociais no entendimento do proces- e discentes do Núcleo de Pesquisa e Extensão em
so saúde/doença. Método: foi realizada pesquisa Saúde Prisional (NUPESP/UFTM/CNPq) têm desen-
sistemática de estudos publicados em periódicos volvido ações junto às pessoas privadas de liberdade
nos idiomas português, inglês e espanhol nas ba- (PPL) em parceria com os setores da saúde e edu-
ses de dados online LILACS, SCOPUS e PUBMED, cação da Penitenciária Professor Aluizio Inácio de
no período de Dezembro de 2014 a Março de 2015. Oliveira (PPAIO), Uberaba (Minas Gerais). Uma das
Foram encontrados 1.436 artigos. Após a leitura do principais dificuldades tem sido o acesso das PPL
conteúdo na íntegra foram selecionados 238 artigos. aos serviços de saúde. Em levantamento realizado
Observou-se o interesse crescente ao longo doas em 2014 sobre as condições de saúde auto referidas
anos, sobre a temática, bem como a predominância da PPL, foram identificados como principais pro-
de estudos epidemiológicos para o fortalecimento blemas: hipertensão arterial, diabetes, tuberculose,
das ações em saúde pública. Resultados: A presente ansiedade, depressão, tabagismo, uso de drogas e
investigação evidenciou a relevância dos determi- sintomas de DSTs. Descrição: Diante deste cenário,
nantes sociais nas condições de saúde das popula- propusemos a realização de um projeto de extensão
ções. Os aspectos de saúde mais estudados foram com o objetivo de elaborar o Plano de Ação para
a morbimortalidade (18,5%), as doenças crônicas e enfrentamento dos problemas de saúde das PPL
infectocontagiosas (13,4%), a saúde mental (10,9%) através da metodologia do Planejamento Estratégico
e saúde bucal (9,7%). A valorização da abordagem Situacional (PES). Foram propostas seis oficinas de
sobre os determinantes sociais pode ter influenciado forma a contemplar os passos para Planejamento
as políticas de saúde global ocorridas no período de em Saúde segundo Cecílio (1997). O projeto está
2000. O Brasil criou comissões responsáveis pelos em andamento desde maio de 2015, com término
Determinantes Sociais de Saúde com o objetivo de previsto para julho. As oficinas ocorrem quinze-
atuar na elaboração e execução de políticas e pro- nalmente com duração máxima de 1 hora e meia,
gramas e na mobilização da sociedade civil para a para garantir que todos os profissionais da equipe
conscientização das iniquidades em saúde. Conclu- de saúde daquele turno participem, além de 6 PPL
são: Avaliar os Determinantes Sociais de Saúde é homens representando cada pavilhão masculino e
fundamental para a criação de políticas e diretrizes 1 PPL do pavilhão feminino, de uma população de
com vistas à melhoria das condições de saúde da 1300. Participam também, os diretores ressocializa-
população, visto que a equidade em saúde apenas ção e atenção à saúde, segurança e representantes
poderá ser alcançada quando se compreender que dos agentes penitenciários, totalizando 18 pessoas.
o processo saúde-doença é reflexo das condições As atividades são coordenadas por duas docentes,
de vida. Ressalta-se a necessidade de países em e uma discente que atua como observadora. Até o
desenvolvimento como o Brasil e demais países momento, foram realizados 4 encontros, nos quais
da América Latina, Ásia e África em realizar mais foram trabalhados a identificação dos problemas,
pesquisas sobre estes assuntos, visto que são nestes considerando o diagnóstico realizado e os atores em
países que os efeitos dos determinantes sociais são cena, a sua priorização, e a explicação e definição
mais devastadores na saúde da população. dos nós críticos e operações para enfrentamento do
primeiro problema priorizado - aumento dos casos
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM SAÚDE PRI- de tuberculose. Lições aprendidas: A metodologia
SIONAL do PES tem potência para propiciar espaços de
Maria Isabel Gondim Borges Moreira / Moreira, reflexão-ação, permitindo relação horizontalizada
M.I.G.B. / uftm; Grazielli Terassi / Terassi, G. / em contextos a princípio tidos como potencialmente
UFTM; Edna Maria Alves Valim / Valim, E.M.A. / desfavoráveis pelas autoras. O espaço tem que ser

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permanentemente negociado, e existe necessidade be/Português e vice versa através de muçulmano
de flexibilização de agendas. Recomendações: A par- da própria comunidade que facilitou a formulação
ticipação de todos os atores, direta ou indiretamente de questões e explicações sobre funcionamento dos
implicados com os problemas, é fundamental para serviços da rede de saúde; 2 – Pactuação com a co-
garantir que o plano de ação seja factível e viável no munidade, que na medida do possível, garantissem
contexto prisional. um acompanhante da comunidade para atuar como
intérprete entre os usuários sírios e os profissionais
REFUGIADOS SÍRIOS NO SUS DE SÃO BERNARDO de saúde; 3 - Pactuação de telefone de plantão para
DO CAMPO as urgências/emergências com disponibilização de
Nívea Cristina da Silva Prata / Prata, N.C.S / SMS tradutor da comunidade Árabe conforme necessida-
São Bernardo do Campo - SP; Tarcisio de Oliveira de. Lições apreendidas: Como resultados positivos,
Barros Braz / Braz, T.O.B. / Unifesp; Simone de conseguiu-se parceria através de contatos telefôni-
Oliveira Sierra / Sierra, S.O. / SMS São Bernardo cos de representantes da comunidade que podem
do Campo - SP; Eduardo Munhoz / Munhoz, E. / esclarecer dúvidas ou mesmo acompanhar os usu-
SMS São Bernardo do Campo - SP; Luciana Pa- ários aos serviços de saúde. Observou-se que hoje
triota / Patriota, L. / SMS São Bernardo do Campo muitas famílias chegam às UBS’s com seus filhos,
- SP; Maria Fernanda da Nobrega / Nobrega, M.F. parentes ou vizinhos e vem aos poucos mudando e
/ SMS São Bernardo do Campo - SP; Paulo Muniz aprimorando a comunicação, no sentido de garantir
/ Muniz, P. / SMS São Bernardo do Campo - SP; as necessidades dos usuários, a compreensão das
Isabel Cristina Pagliarini Fuentes / Fuentes, I.C.P. diferenças culturais e religiosas, tanto para os re-
/ SMS São Bernardo do Campo - SP; Luis Fernando fugiados como para os trabalhadores, melhorando
Tofani / Tofani, L.F. / SMS São Bernardo do Campo desta forma o vínculo e comunicação, buscando a
- SP; Odete Carmen Gialdi / Gialdi, O.C. / SMS São prestação de um serviço cada vez mais qualifica-
Bernardo do Campo - SP; do e inclusivo. Recomendações: A importância da
Caracterização do problema: O Alto Comissariado construção coletiva, que envolve todos os atores, e
das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) aponta permite a formulação de dispositivos que contribu-
que em outubro de 2014 existiam 7.289 refugiados am na redução dos obstáculos gerados pela língua,
no Brasil. Quanto à nacionalidade, os sírios eram o cultura e religião diferentes.
maior grupo com 1.075 em 2014, dos quais aproxi-
madamente 200 viviam em São Bernardo do Campo RODA DE CONVERSA: O PROTAGONISMO DA
(SBC). Esse grande número de refugiados vivendo MULHER PARTURIENTE
em SBC é explicado, pois o município é sede da 2ª Juliana dos Santos COrbett / Corbett, J. S. / Unicamp;
maior mesquita Islâmica do Estado de São Paulo. O O presente trabalho tem como proposta discutir de
acesso inicial deste grupo aos serviços do SUS de- forma crítica como são as vivências e se existem
monstrou um conjunto de obstáculos, relacionados trabalhos em relação ao protagonismo da mulher
à comunicação e as diferenças culturais, principal- parturiente. Visando discutir possíveis fatores que
mente aquelas decorrentes da religião muçulmana. interferem sobre esse momento que é muito vul-
Descrição: Para diminuir estes obstáculos e garantir nerável e pouco vivido tanto no sistema de saúde
acesso universal, equânime e integral aos refugiados público como no privado. Para essa discussão há de
sírios um conjunto de ações foi realizado: 1- Realiza- se considerar que vivemos em uma sociedade medico
ram-se encontros com a participação destes serviços centrada e num momento de medicalização do nas-
e a Comunidade Síria com o objetivo de esclarecer cer. Durante minha formação e em meu caminhar
a respeito do funcionamento de alguns setores e profissional, sempre procurei ampliar meus estudos
serviços de saúde, percorrendo temas sobre SUS e sobre protagonismo e participação social com os
como acessar e compreender o funcionamento da vários públicos com que atuei. Em nossa história,
rede de serviços de saúde na região. Os encontros a participação sempre esteve ligada a algo ruim,
contaram com tradução simultânea do idioma Ára- ilegal e que não devemos praticar o que contribuiu

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para a manutenção do statu quo. A impossibilidade protagonismo que vivi em meu parto e percebi o
de obter informações, logo o não posicionamento mesmo com as mulheres do grupo de pós - parto com
ou não busca por direitos, também são percebidos que trabalhava. Espera-se que a compreensão desse
e muitas vezes vividos no processo de gestação e fenômeno venha a contribuir para a efetivação dos
na hora do parto. Essa proposta surgiu a partir de direitos e do protagonismo da mulher, propiciando
minha prática profissional, e de minha experiência informação e abrindo possibilidades de que as aten-
pessoal, pois fiquei muito mobilizada pelo não ções sejam mais humanas e naturais.

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Envelhecimento e Saúde
A INFLUENCIA DA PRÁTICA DE CORRIDA NO CO- Gerontologia neste contexto. Conclusão: O tema
TIDIANO DE INDIVÍDUOS ADULTO-IDOSOS de pesquisa é de importância relevante para o co-
Nathalia Franco / Franco, N. / UFSCar; Prof. nhecimento e o fato de envolver relatos pessoais
Dr. Wilson José Alves Pedro / Pedro, W.J.A / diferencia de outros estudos que utilizaram somente
UFSCar; Ms. Brunela Della Maggiori Orlandi / de evidências literárias, mas não buscaram evidên-
Orlandi,Brunela,D.M. / UFSCar; cias reais. E além disso, será trabalhada a ideia de
promoção do envelhecimento ativo e sua relação
Introdução: Em consonância com o fenômeno do
com a atividade física no contexto da Gerontologia.
Envelhecimento Populacional e alinhado às neces-
Referências:Envelhecimento ativo: uma política de
sidades de melhoria e manutenção da saúde e quali-
saúde / World Health Organization; tradução Suzana
dade de vida (OMS, 2005), o presente estudo propõe
Gontijo. – Brasília: Organização Pan-Americana da
explorar e analisar os hábitos de vida de indivíduos
Saúde, 2005.60p.: il.
adultos-idosos praticantes de corrida de rua, como
uma estratégia de promoção do Envelhecimento
Ativo, sob o intuito de prolongar a ideia sobre a A OFICINA DE DINÂMICA DE GRUPO COMO
importância de envelhecer com saúde e autonomia. POTENCIAL RECURSO PSICOSSOCIAL A IDOSOS
Além disso, o estudo é baseado em evidências lite- HIPERTENSOS
rárias e auto relato de cada participante envolvido. Maria do Carmo Eulálio / EULÁLIO, M.C. / UEPB;
A ideia de trabalhar relatos pessoais envolve a Edivan Gonçalves da Silva Júnior / SILVA JÚNIOR,
questão da busca da própria identidade e estilo de E. G. / UEPB; Kalina de Lima Santos / SANTOS,
vida que se deseja levar. Partindo destes aportes, K.L. / UEPB; Rafaella Queiroga Souto / SOUTO,
as várias dimensões da vida e da saúde, precisam R.Q. / UFRN;
ser investigadas. Objetivos Gerais: Verificar quais O desenvolvimento da Hipertensão Arterial Sistê-
as mudanças que na prática de corrida de rua pode mica (HAS) em idosos constitui um agravante no
ocasionar na vida, saúde e cotidiano de indivíduos processo de envelhecimento natural, uma vez que,
adultos e idosos. Métodos: O projeto foi apreciado e se não tratada e devidamente controlada, poderá
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFS- desencadear sérios problemas de saúde, resultando
Car.Serão realizadas entrevistas semi-estruturadas até mesmo na morte. No Brasil o número de idosos
com perguntas abertas com indivíduos em idade hipertensos é muito alto e alguns programas têm
acima de 45 anos, visando o obtenção de relatos orais sido criados com vistas a atender este público. Muito
e narrativas para a adesão da prática e construção se tem discutido sobre a perspectiva de promoção
da identidade do sujeito; complementadas por ins- à saúde e do uso de estratégias que melhor se apli-
trumentos de avaliação gerontológica (WOQOL-Bref, quem aos variados contextos em que vive a popula-
WOQOL- Old,GDS(Escala de Depressão Geriátrica) e ção idosa. Diante de tais problemáticas, integrantes
um instrumento de auto-avaliação da saúde. Resul- do Grupo de Estudos e Pesquisas em Envelhecimento
tados Preliminares: Espera-se que a corrida ofereça e Saúde (GEPES), do curso de Psicologia da Univer-
benefícios à saúde física e psicológica do individuo, sidade Estadual da Paraíba (UEPB), desenvolveram
e colabora para o processo de envelhecimento ativo junto a um grupo de 11 idosos residentes em Campi-
e saudável.Compreender os benefícios da corrida na Grande-PB, oficinas de dinâmica de grupo, com
à saúde física e psicossocial dos praticantes e foco na promoção à saúde. As intervenções se carac-
discutir os resultados no contexto da promoção do terizaram como atividades extensionistas, cujos ob-
envelhecimento ativo e saudável, colaborando tam- jetivos principais foram: promover melhor qualidade
bém, com a produção de conhecimento destinada a de vida a idosos diagnosticados com HAS, através da
esse aspecto.Propor intervenções do Bacharel em reflexão e problematização do estilo de vida adotado,

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além de discussões e orientações sobre alimentação, ricordia de São Paulo - ISCMSP; Aderlene Rodri-
uso de medicamentos e competências pessoais usa- gues Pires / Pires, A.R. / Irmandade da Santa Casa
das no manejo de problemas cotidianos. O trabalho de Misericordia de São Paulo - ISCMSP;
foi desenvolvido por meio de 10 oficinas, que ocorre- Caracterização do Problema Com a alta demanda de
ram quinzenalmente em salas do departamento de população idosa na atualidade chegamos à conclu-
psicologia. Através das intervenções propostas no são que temos a necessidade de aprimorar a forma
grupo, os idosos propuseram estratégias para ma- de abordagem e com isso desenvolvemos um modelo
nutenção de sua qualidade de vida, de modo que foi de organização de serviço para idoso envolvendo
possível refletir sobre estilos de vida mais saudáveis assistência e ensino na perspectiva do modelo assis-
possíveis, trabalhando-se de forma complementar tencial de uma UBS Integral. Desenvolver práticas
os efeitos do estresse, ansiedade, autocuidado, au- profissionais, tecnologias e arranjo organizativo
toestima e suporte social na velhice. Como principal capazes de realizar diagnósticos precoces, atenção
contribuição das atividades propostas, destaca-se de qualidade e identificar riscos individuais e cole-
a construção de uma metodologia de trabalho em tivos, ambientais ou sanitários, voltado ao idoso,
grupo em que foi privilegiado o protagonismo dos transformando, a UBS num complexo assistencial
participantes, fato que estimulou, especialmente, ordenadora do cuidado à saúde. Descrição O abor-
a sua participação ativa. Assim, as oficinas são um dagem interdisciplinar da saúde do idoso se baseia
importante recurso psicossocial, onde imperaram no apoio matricial da equipe multiprofissional às
a troca de experiências e o compartilhamento das equipes de estratégia saúde da família, constituindo
dificuldades e estratégias de enfrentamento utiliza- uma equipe ampliada do planejamento do cuidado
das no cotidiano dos idosos. Além disso, a dinâmica do idoso. Composto por clínico, enfermeira, fisio-
das atividades apontou para a forte influência das terapeuta, assistente social, fonoaudióloga, psico-
relações familiares no contexto de saúde dos idosos. logia e farmacêutica da unidade e que se reúnem
Este fato chama a atenção para que sejam adotadas quinzenalmente para atender idosos com alguma
medidas de acolhimento aos idosos junto aos seus síndrome geriátrica, incorporando escalas, constru-
familiares, como forma de estimular o apoio social ção do projeto terapêutico singular, capacitação ao
entre ambos, um potencial recurso na manutenção cuidador e educação permanente para as equipes e
do bem-estar na velhice. também submetendo os alunos de medicina, fono-
audiologia, enfermagem e fisioterapia a vivencia
ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DA SAUDE DO pratica das reuniões multidisciplinares se apoiando
IDOSO (AISI) NA ATENÇÃO BÁSICA: INOVANDO em uma ferramenta fundamental no matriciamento
MODELO DE SERVIÇO E ENSINO que é o projeto terapêutico singular. Lições Apren-
Cleberson Barbosa de Oliveira / Oliveira, C.B. didas A organização do serviço permitiu reduzir a
/ Irmandade da Santa Casa de misericórdia de necessidade de diversas consultas segmentadas dos
São Paulo - ISCMSP; Karina Moraes Kiso / Kiso, profissionais da saúde transformando a consulta no
K.M. / Irmandade da Santa Casa de Misericórdia momento único de avaliação integrada. A estratégia
de São Paulo - ISCMSP; Rafael Rodrigo Silva de de articular e pactuar as ações de saúde com o usu-
Souza / Souza, R.S.S. / Irmandade da Santa Casa ário, cuidador e equipe ampliada, numa estrutura
de Misericórdia de São Paulo - ISCMSP; Denise organizada do trabalho que permita tal interação,
Perroud Amaral / Amaral, D.P / Irmandade da San- configura-se numa potente ferramenta simbiótica
ta Casa de Misericordia de São Paulo - ISCMSP; do planejamento do cuidado. O AISI também cumpre
Adriana Limongeli Gurgueira / Gurgueira. A.l. / a tarefa pedagógica de ensinar decisões comparti-
Irmandade da Santa Casa de Misericordia de São lhadas aos alunos Recomendações A organização
Paulo - ISCMSP; Lucinea Barros Lucena / Lucena. metodológica e os mecanismos de comunicação
L.B. / Irmandade da Santa Casa de Misericordia de inter equipes estão sendo aperfeiçoados a cada
São Paulo - ISCMSP; Juliana Tais Rufino Herrera / encontro, na tentativa de equalizar tanto o papel
Herrera.J.T.R. / Irmandade da Santa Casa de Mise- assistencial quanto educacional da abordagem.

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ANÁLISE COMPREESNIVA DO PROCESSO DE EN- participação social, dimensões sociopsicológicas,
VELHECIMENTO SOB O ESPECTRO DO CINEMA: A saúde, sexualidade, dentre outros, oportunizando
EXPERIÊNCIA DO GEROCINE aos participantes o acesso das vivências intersub-
Natalia Maria da Silva Rosario / Rosario, N. M. S. / jetivas do envelhecimento e elementos para refletir
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFS- a interação profissional-pessoa idosa. O Gerocine
Car; Nathalia Franco / Franco, N. / UNIVERSIDA- tem como metas a promoção da cultura do envelhe-
DE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCar; Wilson cimento ativo através de programação continua e
José Alves Pedro / Pedro, W. J. A. / UNIVERSIDADE articulada disseminando uma cultura promotora
FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCar; da autonomia, da independência e do respeito às
diferentes manifestações da velhice.
Em consonância com as diretrizes internacionais e
nacionais para a promoção do envelhecimento ativo
e saudável, tendo o fortalecimento da participação ANÁLISE DAS DIMENSÕES DA FRAGILIDADE DE
social e o apoio ao desenvolvimento de estudos IDOSOS CAIDORES EM UM PROGRAMA DE PRE-
e pesquisas, desde 2010 realiza-se atividades de VENÇÃO DE QUEDAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
extensão na Universidade Federal de São Carlos, Mariane Santos Trevisan / Trevisan, M.S / Univer-
denominado Gerocine: análise compreensiva do sidade Federal de São Carlos - UFSCar; Ana Julia
processo de envelhecimento sob o espectro do cine- de Lima Bomfim / Bomfim, A.J.L / Universidade
ma. Reafirmando a garantia dos direitos sociais das Federal de São Carlos - UFSCar; Danielle C. C.
pessoas maiores de 60 anos no que tange o direito Morais / Morais, D.C.C / Universidade Federal de
à educação, cultura, esporte, lazer, entretenimento, São Carlos - UFSCar; Camila Marques / Marques,
espetáculos, produtos e serviços que respeitem as ca- C. / Universidade Federal de São Carlos - UFSCar;
racterísticas da idade esta atividade integra ensino, Fernando Augusto Vasilceac / Vasilceac, F.A. / Uni-
extensão e pesquisa e é desenvolvida por estudantes versidade Federal de São Carlos - UFSCar; Karina
e docentes. Vinculada ao Programa de Extensão Ge- Gramani-Say / Gramani-Say, K. / Universidade
rontologia Gestão da Velhice Saudável, o GEROCINE Federal de São Carlos - UFSCar;
visa promover a análise e diálogo, compreensiva e Introdução: A fragilidade é um processo que acarreta
crítica sobre o processo de envelhecimento huma- vulnerabilidade psíquica, social, física e em estágio
no a partir da produção cinematográfica. Trata-se mais avançado a morte. A fragilidade em idosos
de uma estratégia de intervenção relacional, com propicia elevado custo para o cuidado e recuperação
aderência aos aportes teóricos de Tecnologia Social da pessoa idosa, principalmente se associada a ocor-
em saúde, articulando elementos dos determinantes rência de quedas, a qual pode ocasionar prejuízos
do envelhecimento ativo prioritariamente cultura e biopsicossociais e da capacidade funcional. Dessa
gênero. Atua-se em parcerias, visando troca de ex- forma, a identificação de idosos quanto a fragili-
periências e ações socioeducativas, no contexto do dade é fundamental na rede de atenção primária.
processo de envelhecimento ativo e saudável. Visa Objetivo: Analisar as dimensões da fragilidade entre
também auxiliar na qualificação dos atores sociais idosos caidores participantes de uma oficina de pre-
(profissionais e pessoas adultas e idosas), bem como venção de quedas na atenção primária e idosos não
uma articulação interdisciplinar das ações de ensi- caidores. Método: Trata-se de um estudo transversal,
no, pesquisa e extensão. A partir de intervenções de natureza descritiva e analítica. A amostra foi
em pequenos grupos são realizadas sessões, com composta por 53 idosos residentes no município de
duração de 1h30 cada encontro, com uma metodolo- São Carlos - SP, usuários do Sistema Único de Saúde,
gia de trabalho que pressupõe um momento prévio divididos em dois grupos: grupo oficina (GOF) idosos
de aquecimento e integração dos participantes, com relato de duas quedas ou mais nos últimos doze
observações introdutórias da obra a ser exibida, meses e participantes da oficina de prevenção de
seguida do compartilhamento de reflexões desen- quedas (n=27) e grupo controle (GC) sem relato de
cadeadas pela temática, cujos aspectos emergentes quedas nos últimos doze meses e não participantes
foram: relações intrafamiliares, gênero, trabalho, da oficina de prevenção de quedas (n=26). Os idosos

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 118
foram avaliados segundo a Escala de Fragilidade tratamento hemodialítico, com aplicação do Tilburg
de Edmonton. Os participantes são na maioria do Frailty Indicator. Método: Trata-se de um estudo
sexo feminino no GOF (81,49%) e no GC (92,31%) e descritivo, de corte transversal desenvolvido em
segundo a escala de fragilidade 25,92% dos idosos uma Unidade de Terapia Renal Substitutiva de um
do GOF são classificados como não-frágeis, 51,85% município do interior do estado de São Paulo, região
aparentemente vulneráveis e com fragilidade leve e sudeste do Brasil. A amostra atendia os seguintes
22,22% com fragilidade moderada e severa. Já no GC, critérios de inclusão: Ter 60 anos ou mais; ter diag-
69,23% apresentaram-se como não-frágeis, 26,92% nóstico de DRC; estar em tratamento hemodialítico
como aparentemente vulneráveis e com fragilidade há mais de seis meses na unidade e concordar em
leve e 3,84% fragilidade moderada e severa. Foi rea- participar da pesquisa com a assinatura do Termo de
lizado o teste de Mann-Whitney para a análise das Consentimento Livre e Esclarecido. Foram avaliados
dimensões da fragilidade (STATISTICA7.0, p≤0,05). 45 idosos através do Instrumento de Caracterização
Resultados: Houve diferença estatística entre o GOF dos Participantes e do Tilburg Frailty Indicator cuja
em relação ao GC nos domínios estado geral de saúde classificação dá-se por: 0-4 indivíduos não frágeis e
(p=0,0086) e na independência funcional (p=0,0106). 5-15 indicam fragilidade. Resultados: Dos 45 idosos
As demais variáveis não apresentaram diferença avaliados, 75,51% era do gênero masculino, a idade
significativa entre os grupos. Em geral, a escala da compreendida foi de 60 a 85 anos, com média de
de fragilidade mostrou que o GOF possui maior nível 68,44 (±6,34) anos, sendo a maioria de cor autodecla-
de fragilidade em comparação ao GC (p=0,0049). rada branca (71,11%). O tempo médio de hemodiálise
Conclusão: Torna-se necessário a avaliação da sín- foi 48,91 (±46,81) meses, a maioria (51,11%) apresen-
drome de fragilidade na Atenção Primária, a fim de tou a hipertensão arterial como doença base. Com
oferecer uma assistência integral, multidisciplinar, relação à fragilidade, 73,33% (n=35) apresentaram-se
diminuir prejuízos funcionais e intensificar a manu- frágeis e 26,67% (n=12) eram não frágeis. Conclusão:
tenção da independência funcional principalmente Diante do exposto observa-se a importância de se
em idosos caidores. avaliar a fragilidade de idosos portadores de doença
renal crônica em estágio avançado, uma vez que esta
APLICAÇÃO DO TILBURG FRAILTY INDICATOR é de difícil enfrentamento e compromete aspectos
EM IDOSOS COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM físicos, psicológicos, sociais e até mesmo familiares.
TRATAMENTO HEMODIALÍTICO Cabe destacar que 73,33% dos participantes apre-
Gabriela Dutra Gesualdo / Gesualdo, G.D. / UFS- sentaram fragilidade. Frente a isto, pretende-se dar
Car; Juliana Gomes Duarte / Duarte, J.G. / UFSCar; seguimento a este estudo identificando-se os fatores
Fabiana de Souza Orlandi / Orlandi, F.S. / UFSCar; que estão contribuindo para a síndrome, com intuito
futuro de minimizar estes fatores e consequente-
Introdução: O envelhecimento populacional é uma
mente as condições de fragilidade.
realidade mundial que demanda cada vez mais efici-
ência no cuidado ao idoso. As doenças crônicas tais
como a hipertensão arterial e o diabetes melittus AS LINHAS DE CUIDADO DE SAÚDE DA PESSOA
tornam-se mais prevalentes, estas são as principais IDOSA COM FOCO NO ENVELHECIMENTO ATIVO
causas de Doença Renal Crônica (DRC), de tal modo, E ESTRATÉGIAS AMIGAS DO IDOSO
são compreensíveis que nos últimos anos há uma Beatriz de Almeida Simmerman / Simmerman,
demanda maior de terapia renal substitutiva para B.A. / Faculdade de Saúde Pública; Tereza Etsuko
pacientes idosos. O portador de DRC em hemodiálise Rosa / Rosa, T.E. / Instituto de Saúde; Marilia Cris-
sente-se ameaçado, inseguro o que gera desorganiza- tina Prado Louvison / Louvison, M.C.P. / Faculdade
ção no seu senso de identidade e na imagem corporal de Saúde Pública;
pelas alterações orgânicas resultantes da doença, O envelhecimento populacional traz importantes
esses fatores podem interferir na sua qualidade de desafios para os sistemas e serviços de saúde que
vida, podendo tornar o paciente frágil. Objetivo: precisam transformar suas práticas. As linhas de
Avaliar a fragilidade de idosos renais crônicos em cuidado em redes de atenção tem sido construídas

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no sentido de enfrentar a fragmentação do cuidado Stephanie Martins de Faria / Faria, S.M / UFSCar;
e são induzidas na Política de envelhecimento ativo Wilson José Alves Pedro / Pedro, W.J.A / UFSCar;
da OMS. Considerando as doenças crônicas e as Dina Maria Joaquim Pereira / Pereira, D.M.J / DRS
incapacidades, as linhas de cuidado precisam ser ne- III- Araraquara;
cessariamente intersetoriais e construir respostas Caracterização do Problema: Com o envelhecimento
para as ações de promoção, prevenção, diagnóstico populacional, vem crescendo a demanda por ações e
e tratamento, bem como para os chamados cuidados estratégias que fortaleçam a promoção do envelhe-
de longa duração. Inserido na pesquisa Política de cimento ativo, com qualidade de vida e atenção inte-
envelhecimento ativo e estratégias amigas do idoso: gral direcionada aos senescentes. Nessa perspectiva,
um caminho necessário e possível para a gestão de o sistema público de saúde é um importante veículo
sistemas e serviços de saúde do edital universal/ de promoção do envelhecimento ativo e o Bacharel
CNPQ, foi objeto de projeto de iniciação científica em Gerontologia, um importante ator nesse cená-
na FSP/USP e analisou a atenção a saúde do idoso rio. Diante disso, este trabalho tem como objetivo
em um Centro de Saúde Escola da Cidade de São apresentar e discutir a experiência de atuação do
Paulo. Trata-se de um estudo de caso que analisou Bacharel em Gerontologia no Departamento Regio-
documentos relacionados, realizou entrevistas e nal de Saúde III, no município de Araraquara- SP/
observação participante junto a equipe. Observa-se BR (DRS III- Araraquara). Descrição: A atuação do
que a vivência cotidiana no serviço é tensionada Bacharel em Gerontologia no DRS III- Araraquara
por ruídos e indicação dos trabalhadores de indefi- pautou-se em duas principais áreas: gestão de pes-
nição do papel da unidade na rede de serviços. Isso soas e gestão em saúde. No que se refere a gestão de
interfere, mesmo considerando o grande volume do pessoas, o profissional pode atuar na interlocução
atendimento de idosos na unidade, na organização com os articuladores municipais da saúde do idoso
de equipes. Há alguns profissionais fortemente e também com outras redes de atenção a saúde, por
envolvidos com o pensar geriátrico gerontológico, meio de reuniões de redes. Na gestão em saúde, o
sendo referencia para os idosos na unidade. No en- profissional pode agir no apoio técnico a implanta-
tanto não se realiza avaliação global do idoso nem ção de ações previstas no Plano Regional de Saúde
outros instrumentos de acolhimento e classificação da Pessoa idosa, bem como no Caderno de Atenção
de risco para os idosos, o atendimento geriátrico não Básica - Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa -
está organizado internamente em linha de cuidado, n. 19. Resultado desse processo, se insere a Oficina
sendo de porta aberta”. Realiza ações de promoção de Prevenção de Quedas, realizada a nível regional,
quanto a atividade física e alimentação saudável para articuladores dos 24 municípios que compõem
mas não se observa um foco especifico com relação a área de abrangência do DRS III- Araraquara, bem
a prevenção de quedas e memória. Tem atuação como à profissionais da saúde, docentes e estudan-
em alguns casos acamados e/ou que dependem de tes. Lições Aprendidas: A atuação do bacharel em Ge-
fraldas, com atendimento domiciliar e grupos de cui- rontologia em cenários como o DRS III - Araraquara,
dadores, apenas dos casos que procuram a unidade. é importante para ampliação de seu conhecimento
Com relação a acessibilidade tem alguns problemas sobre gestão em saúde. Junto a isso, a possibilidade
considerando a antiguidade e tombamento do pré- de vivenciar a atuação em rede, corrobora com a
dio. Nesse sentido, considerando a inexistência de premissa de trabalho em equipes multi e interdis-
estratégia de saúde da família, não tem vinculação ciplinares. Essa experiência esta alinhada com o
com o território e suas necessidades, o que inviabi- que sugere o projeto politico pedagógico do curso
liza a organização de um programa mais ampliado de graduação em Gerontologia da Universidade
e voltado aos princípios da OMS. Federal de São Carlos, que prevê que o bacharel em
gerontologia tem em seu perfil a possibilidade de
ATUAÇÃO DO BACHAREL EM GERONTOLOGIA atuar em contextos multiprofissionais e interdis-
NO DEPARTAMENTO REGIONAL DE SAÚDE: UM ciplinares na perspectiva da gestão de diferentes
RELATO DE EXPERIÊNCIA questões que surgem individual e coletivamente na

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 120
velhice. Recomendações: Sugere-se que a atuação dadores, 72.7% (n=31) encontrava-se na faixa etária
desse profissional, seja considerada em contextos dos 60 aos 69 anos de idade. Houve prevalência,
da gestão publica e este inserido no rol de recursos 81.6% (n=36) de cuidadores do sexo feminino, que
humanos de equipamentos públicos, de modo a prestavam cuidados aos cônjuges 84.4% (n=228), e
possibilitar a atuação em rede e em equipes multi e despendiam em média 6 horas diárias de cuidado ao
interdisciplinares, a fim de corroborar com a promo- idoso (±4.9). Em relação os netos que residiam com
ção do envelhecimento ativo e com qualidade de vida. os avós foram identificadas 59 crianças e a maioria
52.6% (n=31) pertenciam ao sexo masculino, tinham
AUTOPERCEPÇÃO DA SAÚDE E SOBRECARGA DE em média 6 anos de idade (±3.4), e o tempo médio diá-
IDOSOS CUIDADORES DE IDOSOS QUE RESIDEM rio que os avós cuidavam dos netos foi de 6.2 horas
COM CRIANÇAS (±4.7). Na avaliação subjetiva da saúde 68.2% (n=30)
Nathalia Alves de Oliveira / OLIVEIRA, N. A / consideravam a saúde como muito boa ou boa, já
Universidade Federal de São Carlos; Érica Nestor em relação aos cuidados que dedicam à saúde, 75%
Souza / SOUZA, E. N / Universidade Federal de São (n=33) avaliaram como muito bom ou bom e 25%
Carlos; Aline Cristina Martins Gratão / GRATÃO, (n=11) como regular. Na Escala de Sobrecarga de
A.C.M / Universidade Federal de São Carlos; Tiago Zarit, a pontuação média foi de 23.5 pontos (±16.5).
da Silva Alexandre / ALEXANDRE, T. S / Universi- Conclusão: os cuidadores apresentaram autoper-
dade Federal de São Carlos; Gabriela Dutra Gesu- cepção positiva em relação à saúde e a sobrecarga,
aldo / GESUALDO, G. D / Universidade Federal de em média, mostrou-se moderada. Estudos com estas
São Carlos; Daniela Dalpubel / DALPUBEL, D. / variáveis são importantes à medida que contribuem
Universidade Federal de São Carlos; Giselle Dupas para avaliação do idoso cuidador em um contexto
/ DUPAS, G. / Universidade Federal de São Carlos; intergeracional e podem subsidiar o planejamento
Bruna Moretti Luchesi / LUCHESI, B. M. / Univer- de intervenções para cuidadores na atenção básica.
sidade de São Paulo; Keika Inouye / INOUYE, K. /
Universidade Federal de São Carlos; Sofia Cristina AVALIAÇÃO DA OFERTA DE AÇÕES PARA IDOSOS
Iost Pavarini / PAVARINI, S. C. I. / Universidade EM SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Federal de São Carlos; Nádia Placideli / PLACIDELI, N / FMB-UNESP;
Introdução: Alterações no perfil sócio cultural e Elen Rose Lodeiro Castanheira / CASTANHEIRA,
maior longevidade da população aumentam o nú- E. R. L. / FMB-UNESP; Josiane Fernandes Lozigia
mero de idosos cuidadores de outros idosos e de Carrapato / CARRAPATO, J. F. L / FMB-UNESP;
avós que cuidam de netos crianças no ambiente Com o aumento de idosos cresce o número Doenças
familiar. Neste contexto a sobrecarga é uma variável Crônicas Não Transmissíveis, assim amplia-se a
importante que pode influenciar na autopercepção responsabilização dos serviços de Atenção Primária
da saúde do cuidador e no cuidado diário. Objetivo: à Saúde (APS) sobre essa população, a avaliação da
Avaliar a autopercepção da saúde e a sobrecarga APS torna-se importante ferramenta para o desenvol-
de idosos cuidadores de idosos que residem com vimento de ações qualificadas aos idosos. O objetivo
crianças. Método: Trata-se de um estudo descritivo desse estudo foi identificar a organização de ações
de corte transversal. A amostra foi composta por 44 para idosos em serviços de APS na Rede Regional de
idosos cuidadores de outros idosos que residiam com Atenção à Saúde- RRAS 09 do estado de São Paulo,
crianças, e eram cadastrados em Unidades de Saúde na perspectiva do gerente e equipe profissional, por
da Família, em uma cidade do interior do estado meio do instrumento QualiAB 2014. O universo foi
de São Paulo. Os cuidadores foram avaliados por de 163 unidades de APS correspondentes á 41 muni-
meio de entrevistas individuais e foram utilizados cípios, respondentes ao instrumento de Avaliação da
instrumentos de Caracterização sociodemográfica, Qualidade de Serviços da Atenção Básica- QualiAB.
Avaliação subjetiva da saúde e Escala de sobrecarga No período de setembro a dezembro de 2014. Este é
de Zarit. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê composto pôr 126 questões de múltipla escolha, das
de Ética em Pesquisa. Resultados: A maioria dos cui- quais 20 são descritivas, questões que caracterizam

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 121
o serviço e 106 pontuadas correspondentes aos indi- se gasta muito com saúde de modo equivocado, não
cadores de qualidade em três níveis: 0 insuficiente, 1 priorizando a prevenção. Onde é de conhecimento
aceitável e 2 esperado. Foi disponibilizado em versão dos profissionais de saúde a eficácia financeiramen-
online. Os resultados referentes às questões focadas te e socialmente, da promoção de saúde e prevenção
na saúde de idosos demonstraram, quanto ao indica- de doenças na terceira idade, onde, preconizam
dor diversidade de ações programadas para atenção idosos mais saudáveis e um sistema de saúde me-
ao idoso”: 22% não realizam atividades para idosos, a nos oneroso, por isso a importância de se atuar na
maioria desenvolve ações de alimentação e nutrição atenção primária. OBJETIVOS: Levantamento do
(60%), saúde bucal (59%), atenção domiciliar (57%), perfil de idosos atendidos na UBS na zona leste
uma menor parcela realiza avaliação cognitiva (38%) de São Paulo com dados que retratem as doenças
e funcional (24%). Sobre o indicador ações de suporte instaladas, limitações funcionais e apontar solu-
aos cuidadores de idosos”: 36% não realizam ativi- ções viáveis para a promoção da saúde. MÉTODO:
dades para cuidadores, a maioria desenvolve suporte Pesquisa com levantamento da literatura nas bases
informativo (50%), menos da metade avalia o estresse de dados LILACS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane,
do cuidador (26%) e apenas 8% oferece grupos de SciELO e documentos oficiais do governo estadual
apoio. Quanto ao indicador estratégia para detecção e federal; publicados entre os anos 2000 – 2015,
de casos de violência”: 3% não atendem esses casos, usando descritores: Envelhecimento populacional,
a maioria faz identificação de sintomas (66%) e Idosos, Incapacidade funcional”. Foram utilizados
apenas 25% realiza capacitação e sensibilização da operador booleano AND”. Foram incluídos trabalhos
equipe; ainda nessa temática o indicador condutas referentes a São Paulo e Idosos, foram excluídos
para casos de idosos em situações de violência”, 62% trabalhos publicados antes de 2000 e pesquisas fora
faz denúncia ao CRAS e CREAS, apenas 31% realiza do estado de São Paulo. RESULTADOS: Avaliação da
notificação compulsória e 11% acompanhamento in- capacidade funcional indica a dificuldade e a neces-
tersetorial. Sobre o indicador rede de apoio à atenção sidade de ajuda, em atividades básicas de vida diária
ao idoso”: 8% declararam não haver apoio ao idoso e em tarefas mais complexas. As medidas de mobili-
além da unidade de saúde e 22% conta com Centro de dade fazem parte, também, da avaliação do declínio
Convivência do Idoso, 13% com serviço especializado funcional, e têm provado sua eficácia no estudo da
e apenas 5% com Centro-Dia. Considera-se que ações relação do status funcional com características de-
desenvolvidas pela APS aos idosos precisam acon- mográficas, condições crônicas e comportamentos
tecer com oferta ampliada diante da complexidade relacionados à saúde. CONCLUSÃO: O aumento de
demandada por essa população. pessoas acima de 60 anos, acelerou o processo de
envelhecimento populacional, levando ao aumento
AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DA PESSOA das demandas na rede pública de saúde, que têm
IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA chamado atenção sobre as condições de saúde e
Goyana Gomes de Oliveira / Oliveira, J.E.G.G.O. / incidência de morbidade, disfuncionalidade e mor-
Centro Universitário São Camilo; Tamires Gabriela talidade nesta população.
Fogaça / FOGAÇA, T.G. / Centro Universitário São
Camilo; Carbone, Ébe dos Santos Monteiro / CAR- CONHECIMENTOS E ATITUDES DOS ESTUDANTES
BONE, E.S.M. / Centro Universitário São Camilo.; DO SEXTO ANO DA FMB–UNESP ( FACULDADE
INTRODUÇÃO: A população mundial encontra-se DE MEDICINA DE BOTUCATU) E DA EPM (ESCO-
em redução das taxas de fecundidade, mortalidade LA PAULISTA DE MEDICINA) EM RELAÇÃO AOS
e aumento da expectativa de vida. Os idosos são um QUADROS DE DEMÊNCIA EM IDOSOS
contingente populacional expressivo e crescente na Ananda Ghelfi Raza Leite / Leite, A.G.R. / FMB /
sociedade brasileira, levando há novas demandas na UNESP BOTUCATU; Prof. Dr. Alessandro Ferrari
política pública de saúde. Essa transição demográfi- Jacinto / Jacinto, A.F. / FMB / UNESP BOTUCATU;
ca impacta principalmente a rede assistencial com Prof. Dr. Paulo Jose Fortes Villas Boas / Villas
morbidades vinculadas a processos crônicos. Hoje Boas, P.J.F. / FMB / UNESP BOTUCATU; Profa. Dra.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 122
Vanessa de Albuquerque Cítero / Cítero, V.A. / EPM DECLÍNIO COGNITIVO EM PACIENTES IDOSOS
- UNIFESP; Jose Luiz de Lima Neto / Neto, J.L.L. / COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM TRATAMENTO
FMB / UNESP BOTUCATU; HEMODIALÍTICO
Introdução: As demências são comuns no idoso e Gabriela Dutra Gesualdo / Gesualdo, G.D. / UFS-
sua prevalência aumentou consideravelmente nas Car; Juliana Gomes Duarte / Duarte, J.G. / UFSCar;
últimas décadas1. De acordo com expectativas pu- Erica Nestor Souza / Souza, E.N. / UFSCar; Danie-
blicadas, em 2025, o Brasil estará na sexta posição la Dalpubel / Dalpubel, D. / UFSCar; Nathalia Alvez
mundial em número absoluto de idosos2. No Brasil, de Oliveira / Oliveira, N.A. / UFSCar; Fabiana de
a grade curricular do curso de Medicina contem- Souza Orlandi / Orlandi, F.S. / UFSCar;
pla obrigatoriamente o ensino da demência e seu Introdução: O comprometimento cognitivo e demên-
manejo, mas não há relatos na literatura cientifica cia ocorrem comumente em por-tadores de doença
sobre a qualidade do ensino oferecido ou sobre o renal crônica (DRC), principalmente em fase avança-
conhecimento e a capacidade de identificação da da, mas ainda são pouco diagnosticados. A avaliação
demência. Diante disso, propõe-se um estudo sobre da cognição dos indivíduos com DRC é fundamental,
o conhecimento e atitudes a respeito de questões re- uma vez que muitas informações são oferecidas,
lacionadas a declínio cognitivo em idosos por parte devido à complexidade da doença, cuja adesão às
de estudantes de medicina, considerando-se que o orientações depende da compreensão da mensa-
Ministério da Saúde vem incentivando propostas gem transmitida Objetivo: Avaliar a ocorrência de
para que as instituições acadêmicas adequem a declínio cognitivo em pacientes idosos portadores
formação profissional de seus estudantes de medi- de doença renal crônica em tratamento hemodialí-
cina às necessidades do SUS3. Objetivo: Avaliar os tico. Método: Trata-se de um estudo descritivo, de
conhecimentos e atitudes em demências por parte corte transversal desenvolvido em uma Unidade
de estudantes de medicina. Métodos: Aplicação aos de Terapia Renal Substitutiva de um município do
estudantes do 6º ano da graduação em Medicina da interior do estado de São Paulo. A amostra atendia
FMB – UNESP e EPM – UNIFESP de um instrumento os seguintes critérios de inclusão: Ter 60 anos ou
britânico autoaplicável (já adaptado transcultural- mais; ter diagnóstico de DRC; estar em tratamento
mente ao Brasil) dirigido a médicos generalistas hemodialítico no mínimo 6 meses e concordar em
daquele país sobre conhecimentos e atitudes em participar da pesquisa com a assinatura do Termo de
demências em idosos. Resultados: 69 estudantes Consentimento Livre e Esclarecido. Foram avaliados
da FMB – UNESP e 87 da EPM – UNIFESP aceitaram 45 idosos através do Instrumento de Caracterização
fazer parte do estudo e os resultados, caso este re- dos Participantes e do Mini Exame do Estado Mental
sumo seja aceito, serão apresentados em forma de (MEEM) que está inserido no Exame Cognitivo de
tabelas. Conclusão: Os resultados obtidos poderão Addenbrooke – Versão Revisada (ACE-R) cuja classi-
ser ferramentas valiosas na análise de conteúdos ficação dá-se por: 17 pontos para analfabeto; 22 ou
obrigatórios na formação médica, a fim de que mais para de 1 a 4 anos de escolaridade; 24 ou mais
mudanças possam ser introduzidas para que os para 5 a 8 anos de escolaridade e 26 ou mais para
currículos das escolas médicas possam estar cada acima de 9 anos de escolaridade, sendo sua pontu-
vez mais adequados às necessidades do Sistema ação máxima 30 pontos. Resultados: Os 45 idosos
Único de Saúde. Referências: 1)Ribeira S, Ramos C, com DRC caracterizavam-se pela diferença entre os
Sá L. Avaliação inicial da demência. RevPortClin gêneros, sendo 75,51% (n=37) do sexo masculino e
Geral. 2004; 20:569-77. 2) Ferri CP, Prince M, Brayne 24,49% (n=12) do sexo feminino com média de 68,44
C, Brodaty H, Fatiglioni L, Ganguli M et al. Global (±6,34) anos. A etiologia mais prevalente da doença foi
prevalence of dementia: a Delphi consensus study. a hipertensão arterial (51,11%), seguido do diabetes
Lancet.2005; 366:2112-17. 3) Projeto de incentivo a mellitus tipo 2 (33,33%). A maioria (55,56%) possui de
mudanças curriculares em cursos de Medicina. Dis- 1 a 4 anos de escolaridade. Com relação à cognição,
ponivel em http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/ 68,89% apresentaram nota de corte abaixo do espe-
pdf/inc.pdf. Acessado em 23/06/2015. rado e 31,11% apresentaram bom desempenho cog-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 123
nitivo. Conclusão: Foi possível verificar um número de idosos cadastrados nas Unidades de Saúde da
elevado de idosos em hemodiálise (68,89%) que Família de um município paulista. Os dados foram
apresentaram possível comprometimento cognitivo. coletados no período de abril a novembro de 2014,
Diante do exposto, torna-se imprescindível avaliar no próprio domicílio dos idosos. Foi utilizado um
a cognição dos idosos portadores de doença renal instrumento de caracterização sociodemográfica e
crônica em estágio avançado, pois a identificação um instrumento de avaliação cognitiva denomina-
dos pacientes com alterações cognitivas é impor- do Addenbrooke’s Cognitive Examination Revised
tante para melhorar a qualidade de vida e reduzir a (ACE-R). O escore geral deste instrumento varia
morbidade associada a essa condição. de 0 a 100 pontos, sendo composto pelos domínios
orientação/atenção, memória, fluência verbal, lin-
DESEMPENHO COGNITIVO DE IDOSOS CUIDADO- guagem e habilidades visuo-espaciais, avaliados in-
RES CADASTRADOS NAS UNIDADES DE SAÚDE DA dividualmente. RESULTADOS: A maioria dos idosos
FAMÍLIA DE UM MUNICÍPIO PAULISTA cuidadores era mulher (77,6%), branca (68,9%), com
Sofia Cristina Iost Pavarini / Pavarini, Sofia Cris- idade entre 60 e 69 anos (59,3%), casada ou vivendo
tina Iost / Departamento de Gerontologia. Uni- com companheiro (90,1%) e com baixos níveis de
versidade Federal de São Carlos; Mônica Sanches renda (70,8%) e escolaridade (80,5%). A mediana
Yassuda / Yassuda, Mônica Sanches / Escola de do ACE-R e de seus respectivos domínios, de acordo
Ciências, Artes e Humanidades, Universidade de com a escolaridade, foi determinada em função do
São Paulo; Tiago da Silva Alexandre / Alexandre, número de idosos com baixa escolaridade e pela
Tiago da Silva / Departamento de Gerontologia. inexistência de um padrão na literatura brasileira
Universidade Federal de São Carlos; Keika Inouye para tal grupo. Foram encontradas as seguintes
/ Inouye, Keika / Departamento de Gerontologia. medianas: 39 para analfabetos, 62 para 1 a 4 anos
Universidade Federal de São Carlos; Bruna Moretti de escolaridade, 78 para 5 a 8 anos e 83 para 9 ou
Luchesi / Luchesi, Bruna Moretti / Programa de mais anos de escolaridade. Os resultados mostram
Pós Graduação em Enfermagem. Escola de En- que 40,7% dos idosos cuidadores apresentaram
fermagem da USP-Ribeirão Preto.; Allan Gustavo desempenho inferior a mediana do ACE-R ajustada
Brigola / Brigola, Allan Gustavo / Programa de Pós pela escolaridade. Orientação temporal e espacial,
Graduação em Enfermagem. Universidade Federal memória, e fluência verbal foram os domínios com
de São Carlos; Ana Carolina Ottaviani / Ottaviani, mais proporção de idosos que pontuaram abaixo
Ana Carolina / Programa de Pós Graduação em da mediana do ACE-R. CONCLUSÃO Dos idosos cui-
Enfermagem. Universidade Federal de São Carlos; dadores, 40,7% apresentou desempenho inferior à
Ariene Angelini dos Santos / Santos, Ariene Ange- mediana do ACE-R indicando possíveis alterações
lini dos / Programa de Pós Graduação em Enfer- cognitivas. A perda em funções cognitivas em cui-
magem. Universidade Federal de São Carlos; Anita dadores idosos pode ser um complicador quando se
Liberalesso Neri / Neri, Anita Liberalesso / Progra- trata da oferta de cuidados a outro idoso, em parte
ma de Pós Graduação em Gerontologia. UNICAMP; porque a qualidade do cuidado pode ser prejudicada,
em parte porque pode tornar-se mais custoso para
INTRODUÇÃO: Com o envelhecimento populacional,
os cuidadores. É uma questão importante e como tal
é provável que pessoas idosas com déficit cognitivo
deve ser tratada pelas políticas de saúde, entre elas
leve ou moderado estejam assumindo cada vez mais
o Programa de Saúde da Família.
o papel de cuidadores de seus cônjuges ou pais. O cui-
dado ao idoso tem se tornado cada vez mais um grave
problema de saúde pública. OBJETIVO: Avaliar o DIAGNÓSTICO PRECOCE DE CÂNCER COLORRE-
desempenho cognitivo de idosos que são cuidadores TAL NA SUPERVISÃO TÉCNICA DE SAÚDE SANTO
informais e familiares de outros idosos. MÉTODO: AMARO/CIDADE ADEMAR, MUNICÍPIO DE SÃO
Todos os cuidados éticos foram observados. Trata-se PAULO, 2014
de uma pesquisa descritiva, quantitativa de corte Suzana Abreu Funári De Arruda Penteado /
transversal. Foi realizada com 322 idosos cuidadores Pentea­do, S.A.F.A. / Supervisão Técnica de Saúde

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 124
Santo Amaro/Cidade Ademar - SMS SP; Lílian gerar resistência por parte de alguns técnicos, po-
Maria Orfei Abe / Abe, L.M.O. / Coordenadoria Re- rém, com a explanação fundamentada do assunto,
gional de Saúde Sul - SMS SP; Isabel Cristina Silva acompanhamento das etapas do diagnóstico precoce
/ Silva, I.C. / Supervisão Técnica de Saúde Santo do CCR até sua resolução, conseguimos adesão dos
Amaro/Cidade Ademar - SMS SP; Gloria Hermínia profissionais na maioria das UBS. Em fevereiro de
Portilho Vilches Rodrigues / Rodriguez, G.H.P.V. / 2014 foi implantada a Unidade Hora Certa Móvel
Supervisão Técnica de Saúde Santo Amaro/Cidade Sul 2 na região, ofertando exames de colonoscopia,
Ademar - SMS SP; Suzete Grandini / Grandini, S. passando a espera para sua realização a ser de ape-
/ Supervisão Técnica de Saúde Santo Amaro/Cida- nas um mês, o que colaborou na complementação do
de Ademar - SMS SP; Leliana Guardino Martins / diagnóstico. Recomendações - Temos longo caminho
Martins, L.G. / Supervisão Técnica de Saúde Santo a percorrer após este primeiro passo em direção à
Amaro/Cidade Ademar - SMS SP; Sandra Maria busca da diminuição da incidência e mortalidade por
Sabino Fonseca / Fonseca, S.M.S. / Supervisão CCR em nossa região. Necessitamos nos apropriar de
Técnica de Saúde Santo Amaro/Cidade Ademar - protocolos de condutas diagnósticas, terapêuticas e
SMS SP; de seguimento frente a casos de PSOF positivo e de
Caracterização do problema - Câncer colorretal (CCR) pólipos adenomatosos na colonoscopia. A oferta de
(códigos C18 a C21 da Classificação Internacional de exames PSOF e colonoscopia a que estamos tendo
Doenças CID 10) é o terceiro mais frequente entre acesso atualmente impõe atitude incisiva na direção
óbitos por câncer no sexo masculino e segundo no fe- da prevenção e controle da doença.
minino no Município de São Paulo, 2012. Origina-se
na maior parte dos casos, de pólipos adenomatosos ENVELHECIMENTO E GESTÃO PÚBLICA: O ESTADO
benignos que podem tornar-se malignos de forma DA ARTE NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA
lenta e silenciosa, daí a importância da detecção Giovana de Oliveira Padula / Padula, G.S / UFSCar;
precoce através de exames e tratamento das lesões Wilson Jose Alves Pedro / Pedro, W.J.A / UFSCar;
precursoras ou do câncer inicial. Tanto pólipos como Introdução: Nos dias atuais o fenômeno do enve-
CCR sangram, o que pode ser detectado pelo exame lhecimento vem sendo objeto de estudo de muitos
Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (PSOF). Estu- pesquisadores por conta das características e re-
dos internacionais demonstram redução de 33% dos levância da transição demográfica e dos impactos
óbitos por CCR com PSOF anuais. Descrição – Com nas políticas públicas. Por conta deste fenômeno,
o objetivo de implementar o diagnóstico precoce de considera-se de extrema relevância a visualização
CCR na Supervisão Técnica de Saúde Santo Amaro/ da ampla produção cientifica desenvolvida, e neste
Cidade Ademar, em dezembro de 2013 teve início estudo optou-se pela ênfase no que tem sido produ-
sensibilização de equipes técnicas das 26 Unidades zido nas universidades federais. Apresenta-se aqui
Básicas de Saúde para realização de PSOF, exame o recorte de uma dissertação de mestrado desen-
disponível e de baixo custo, a usuários com 50 e volvida no Programa de Pós Graduação em gestão
mais anos. Padronizado com laboratório, método de organizações e sistemas públicos. Objetivos:
tradicional guáiaco e confirmação por exame imu- Este estudo tem por objetivo analisar a produção
noquímico nos casos positivos. Acertado com setor científica brasileira sobre o tema envelhecimento e
de regulação de exames, a realização de colonos- administração/gestão pública, a partir de publica-
copia em casos suspeitos de adenoma e/ou CCR. ções científicas (qualis A1 e A2 das áreas interdisci-
De janeiro a novembro de 2014 foram realizados plinar e administração) e dos dados obtidos sobre
5228 PSOF, sendo 76 (1,5%) positivos. Destes, em os grupos de pesquisas cadastrados no Diretório de
nove (11,8%) foram diagnosticados: quatro casos grupos de pesquisa do Brasil CNPq (áreas biológica,
de CCR, encaminhados e em tratamento em locais saúde, humana e sociais aplicadas). Método: Trata-
especializados e cinco de pólipos adenomatosos -se de um estudo social e exploratório e descritivo
extirpados durante colonoscopia. Lições aprendidas de análise de documentos e informações públicas.
- É comum a introdução de novos procedimentos Resultados: Os resultados obtidos apontam que as

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temáticas gestão/administração pública e envelhe- variável que pode afetar o cuidado prestado, pois
cimento não estão sendo desenvolvidas diretamente a rotina de trabalho exige do cuidador habilidade
tanto nas revistas pesquisadas como nos grupos de julgamento e resolução de problemas, por outro
de pesquisa de universidades federais. Optou-se, lado, a espiritualidade se apresenta como possibi-
dessa forma, a apresentar uma caracterização so- lidade do cuidador e de seus familiares receberem
bre o que ambos os objetos de estudo apresentam mais suportes emocionais e uma ferramenta que
sobre a temática envelhecimento. Nesse sentido, os auxiliam no enfrentamento das dificuldades de-
verificou-se que o tema envelhecimento vem sendo correntes do processo de cuidar. O presente estudo
explorado por diferentes áreas de conhecimento em apresenta como objetivo avaliar a espiritualidade e
uma abordagem interdisciplinar. Foi observado que a cognição dos idosos que desempenham papel de
a maioria dos grupos (n= 180) estão concentrados na cuidadores. Trata-se de um estudo descritivo de corte
área da ciências da saúde, com área predominante transversal. A amostra foi composta por 45 idosos
em medicina (n=39). Quanto às revistas científicas, que desempenhavam papel de cuidadores, de uma
observou-se que as revistas interdisciplinares com Unidade de Saúde da Família numa cidade interior
qualis A2 possui maior quantidade de publicações do estado de São Paulo. Os dados foram coletados,
sobre envelhecimento humano (n=262). Mediante os por meio de entrevista individual utilizando-se os
resultados, apresentada uma proposta interventiva instrumentos: Caracterização dos Sujeitos, Escala
nas dimensões políticas, acadêmicas e associati- de Espiritualidade de Pinto Pais – Ribeiro (EEPP-R)
vas para solucionar as lacunas apontadas neste e Mini Exame do Estado Mental (MEEM). O presente
estudo. Conclusão: Neste estudo, conclui-se que é estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-
necessária uma reflexão mais aprofundada sobre o quisa. Os resultados apontaram para uma a média
envelhecimento populacional no âmbito dos estudos de idade dos idosos cuidadores de 72,51 (±7,87) anos,
de administração pública. Aponta também para a houve prevalência do sexo feminino (n=32) e uma mé-
necessidade de mais estudos sobre envelhecimento dia de escolaridade de 6,97 (±4,18) anos. Em relação à
e administração pública. religião, houve a predominância da religião católica
(73,3%), seguida da evangélica (13,3%), sendo que do
ESPIRITUALIDADE E COGNIÇÃO DE IDOSOS QUE total de religiosos, 64,4% eram praticantes. Quanto
DESEMPENHAM PAPEL DE CUIDADORES a EEPP–R, o escore médio da dimensão crenças” foi
Érica Nestor Souza / Souza, É.N. / Universidade de 3,84 (±0,36) e da dimensão esperança/ otimismo”
Federal de São Carlos; Nathalia Alves de Olivei- de 3,20 (±0,66), sendo que a pontuação da referida es-
ra / Oliveira, N.A. / Universidade Federal de São cala pode variar de 1 a 4 e quanto maior a pontuação,
Carlos; Gabriela Dutra Gesualdo / Gesualdo, G.D. / maior o nível de espiritualidade do indivíduo. Com
Universidade Federal de São Carlos; Daniela Dal- relação ao MEEM, 88,8% não apresentavam indícios
pubel / Dalpubel, D. / Universidade Federal de São de alterações cognitivas e 11,1% apresentavam indí-
Carlos; Aline Cristina Martins Gratão / Gratão, cios de alterações cognitivas. Conclui-se, portanto
A.C.M. / Universidade Federal de São Carlos; Tiago que, o nível de espiritualidade dos cuidadores idosos
da Silva Alexandre / Alexandre, T.D.S. / Univer- avaliados no presente estudo foi elevado em ambas
sidade Federal de São Carlos; Fabiana de Souza às dimensões e a maioria dos idosos cuidadores
Orlandi / Orlandi, F.S. / Universidade Federal de não apresentaram indícios de alterações cognitivas.
São Carlos; Sofia Cristina Iost Pavarini / Pavarini, Assim, estas variáveis são importantes na avaliação
S.C.I. / Universidade Federal de São Carlos; do cuidador e devem ser estimuladas, visando à
O número de idosos que cuidam de seus familiares qualidade do cuidado.
também idosos, tem aumentado significativamente.
O processo de cuidar pode desencadear o apareci- ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EMPREGADAS
mento de limitações na vida diária do cuidador e POR IDOSOS: UM ESTUDO TRANSVERSAL
interferir no estado psicológico, mental e emocional. Maria do Carmo Eulálio / EULALIO, M.C. / UEPB;
Neste contexto, a cognição dos cuidadores é uma Edivan Gonçalves da Silva Júnior / SILVA JÚNIOR,

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E.G. / UEPB; Adrianna Ribeiro Lacerda / LACER- dade no auxílio ao enfrentamento de problemas, com
DA, A.R. / FCM-Campina Grande; destaque para o grupo feminino. Ademais, o foco no
O processo de envelhecimento merece a avaliação problema constitui uma importante estratégia em-
dos fatores de adaptação normalmente empregados pregada, uma vez que normalmente está relacionada
por idosos, frente às adversidades da vida. Neste a processos adaptativos mais exitosos.
contexto, ressalta-se a avaliação do coping, também
denominado de estratégias de enfrentamento, utili- FREQUÊNCIA DE HIPERTENSÃO AUTORREFE-
zado na literatura para definir os esforços de ordem RIDA, USO DE MEDICAMENTOS E EFICÁCIA DE
cognitiva e comportamental, dispensados pelo TRATAMENTO MEDICAMENTOSO EM IDOSOS DA
sujeito na administração das demandas internas COMUNIDADE DADOS DO ESTUDO FIBRA - PÓLO
e externas causadoras de estresse. Esta pesquisa UNICAMP
teve como objetivo avaliar o uso de estratégias de Mariana Reis Santimaria / Santimaria, M.R. / Uni-
enfrentamentos em idosos e suas relações de acordo camp; André Fattori / Fatorri, A / Unicamp; Anita
com o sexo dos participantes. Trata-se de um estudo Liberalesso Neri / Neri, A.L. / Unicamp;
transversal, derivado da pesquisa Saúde Mental de Introdução: A hipertensão arterial é uma das doen-
Idosos Residentes em Campina Grande-PB”. Foram ças crônicas mais prevalentes entre a população e,
utilizados os instrumentos: Questionário Demográ- principalmente, entre os idosos brasileiros. Associa-
fico; Mini-Exame do Estado Mental (MEEM); Escala -se a eventos adversos de saúde, incapacidade e
de Modo de Enfretamento de Problemas (EMEP). morte, configurando-se importante problema de
Foram feitas análises descritivas, correlação de pear- saúde pública. Embora o diagnóstico e tratamento
son e teste t para amostras independentes com nível da hipertensão tenha aumentado, nos últimos anos,
de significância de 5%. Participaram 557 idosos, ainda deparamo-nos com insuficiência no diagnósti-
com idades a partir de 60 anos, que responderam ao co e adesão ao tratamento proposto e tratamento me-
MEEM e ao questionário demográfico. Destes, 381 dicamentoso ineficaz, associados às determinantes
pontuaram acima dos pontos de corte estabelecidos de saúde que interferem, de maneira significativa,
para avaliação do MEEM, perfazendo a amostra aqui no manejo desta condição como gênero, escolarida-
estudada. A idade média apresentada foi de 71,5 anos de, raça, comorbidades, acesso a serviços de saúde,
(Mín=60; Máx=96; DP=8,0), com um predomínio estilo de vida, dentre outros. Objetivos: Descrever
de mulheres (n = 280; 73,5%). No que diz respeito a frequência relativa proporcional de hipertensão
ao estado civil, a maioria é casada (n = 168; 44,1%), autorreferida, uso de medicamentos e eficácia de
completou o ensino fundamental (n = 203; 53,3%) e tratamento medicamentoso em uma amostra de
possui renda pessoal de até 1 salário mínimo (n = idosos da comunidade. Método: Estudo de desenho
232; 60,8%). Houve diferença significativa entre as transversal, constituindo parte do projeto Rede FI-
médias dos fatores da EMEP (p < 0,001). A avaliação BRA (Estudo da Fragilidade em Idosos Brasileiros ,
da EMEP revelou que a estratégia mais recorrente foi 2008 - 2009). Os participantes (n=3478) com 65 anos
a busca de práticas religiosas/pensamentos fanta- ou mais, de ambos os sexos, foram selecionados por
siosos (M=4,06; DP=0,71), seguida de enfrentamento amostragem probabilística de residentes da área
focalizado no problema (M=3,80; DP=0,66), suporte urbana de sete municípios do país. Para observação
social (M=3; DP=0,87), e, finalmente, enfrentamento da pressão arterial, realizou-se três medidas em
focalizado na emoção (M=2,20; DP=0,65). Os dados posição sentada. Foram classificados como hiper-
apontaram uma diferença significativa entre a va- tensos os indivíduos que apresentaram médias de
riável sexo e a estratégia de enfrentamento voltada PAS≥140mmHg e PAD≥ 90mmHg ou PAS≥140mmHg e
para as práticas religiosas/pensamento fantasioso, PAD≤ 90mmHg. Os dados sobre hipertensão autorre-
indicando que as mulheres (M=4,16; DP=0,60), lan- ferida e uso de medicação foram coletados mediante
çam mão dessa estratégia com maior frequência que autorrelato. Resultados: A média de idade dos idosos
os homens (M=3,78; DP=0,89) [t(381)= -4,70; p<0,001]. foi de 72,9 anos (IC95%: 72,7-73.1) e 67,7% eram mu-
Os resultados demonstram a influência da religiosi- lheres. Em relação ao autorrelato de hipertensão,

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2143 (62,6%) idosos se declararam hipertensos, temporal de 2005 a 2015. Os critérios de inclusão
sendo que destes, 95,4% fazia uso de medicação para foram: a presença do resumo em português, as-
controle. Apenas 42,8% dos idosos encontravam- sim como a descrição de abordagem qualitativa e
-se normotensos no momento da coleta dos dados. quantitativa referente ao idoso e a adequação do
Conclusão: Os dados indicam elevada proporção de ambiente. Resultados: Os estudos mostram que a
indivíduos com medidas de pressão arterial acima pessoa humana sofre um processo natural de enve-
dos valores normais, evidenciando a possibilidade lhecimento, que a limita a sua locomoção em função
de ineficácia das terapêuticas propostas aos idosos da ação do tempo sob sua capacidade motora. As mu-
hipertensos. Embora o tratamento medicamentoso danças fisiológicas que ocorrem no envelhecimento
seja fundamental no manejo e controle da hiperten- podem levar a diminuição da capacidade funcional
são, na maioria das vezes, não se mostra eficaz de a médio e longo prazo, as quais tornam os idosos
forma isolada. É necessário estudos que investiguem mais suscetíveis a fragilidade e a dependência de
a relação entre as determinantes de saúde envolvi- cuidados. Essas limitações podem ser superadas
das na manifestação da hipertensão, incluindo-as ou minimizadas se, ao longo do processo de viver,
nas ações de promoção, prevenção e educação em as pessoas adquirirem hábitos de vida saudáveis
saúde, assim como no cuidado integral aos idosos. e contarem com a oportunidade de integração so-
cial, segurança e bem estar. A mobilidade é um dos
IDOSO E ACESSIBILIDADE: ADEQUAÇÃO DO AM- principais problemas associados ao envelhecimento
BIENTE RESIDENCIAL humano é a redução da habilidade para controlar a
Adriana Figueiredo Fazolino / FAZOLINO, A.F / postura e a marcha, podendo levar à ocorrência de
Universidade Catolica de Santos - Unisantos; An- quedas, diminuindo, assim, a capacidade funcional
dressa de Oliveira Novo / NOVO, A.O / Universida- dos idosos. Conclusão: As literaturas apontam que o
de Catolica de Santos-Unisantos; Vanessa Resstom aumento da população idosa traz à tona a necessida-
Filgueiras / FILGUEIRAS, V.R / Universidade de de se refletir sobre as condições ambientais como
Catolica de Santos - Unisantos; Vilma Aparecida elementos essenciais para promover a qualidade
Barbeiro Pinto / PINTO, V. A. B / Universidade Ca- de vida desse segmento da população, assim como
tolica de Santos - Unisantos; Luzana Mackevicius a implementação de politicas públicas que possam
Bernardes / BERNARDES, L. M / Universidade contribuir para a discussão desta temática.
Catolica de Santos - Unisantos;
Introdução: O crescimento acelerado do envelheci- INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA
mento tem exigido um novo olhar sobre a população IDOSOS (ILPI): UM PARADOXO ENTRE O SOCIAL
idosa, uma vez que esta se torna efetivamente visível E A SAÚDE
no contexto social, demandando novas políticas Patricia Maria Bucheroni / Bucheroni, P. M. / Ins-
e programas voltados ao atendimento de suas ne- tituto de Saúde/SES-SP; Tereza Etsuko da Costa
cessidades nas mais diversas áreas. Diante deste Rosa / Rosa, T.E.C.R. / Instituto de Saúde/SES-SP;
panorama, este estudo procurou entender como o Elisabeth Domingues da Silva / Silva, E. D. / Coor-
idoso vive no tocante a sua mobilidade residencial, denação de Vigilância em Saúde - COVISA;
destacando os principais desafios em seu dia a dia, A origem das ILPI ligada aos asilos dirigidos à po-
bem como a sua capacidade funcional, frente as pulação carente que necessitasse de abrigo explica
barreiras arquitetônicas. Objetivos: Conhecer os o fato da grande maioria das instituições identifi-
fatores que permeiam a mobilidade e acessibilidade cadas no território brasileiro sejam filantrópicas
do idoso em seu ambiente residencial por meio de e as políticas voltadas para essa demanda estejam
uma revisão sistemática da literatura. Metodologia: localizadas na assistência social Objetivo: Objetiva
Utilizou-se para a busca dos artigos a combinação descrever o perfil das ILPI e dos idosos instituciona-
dos descritores idosos, vulnerabilidade, acessibili- lizados no município de São Paulo. Método: Estudo
dade, mobilidade, obtidos em base de dados SciELO descritivo, quantitativo, com dados secundários de
e LILACS. Foram selecionados 5 artigos com recorte relatórios de inspeções realizadas pela Vigilância

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Sanitária do município de São Paulo (COVISA/SMS- C.M.C. / UFSCar; Márcia Regina Cominetti / Comi-
-SP) nas ILPI cadastradas no município de 2003 até netti, M.R. / UFSCar; Ariene Angelini dos Santos /
2014. Analisou-se a autodenominação dos serviços; o Santos, A.A. / UFSCar;
grau de dependência dos idosos nas AVD e o quadro INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional
de recursos humanos. Resultados: A maioria dos es- pode acarretar um aumento de doenças crônicas
tabelecimentos se autodenomina casa de repouso”, e prejuízos à saúde dos idosos, gerando assim a
não obstante ainda apareçam placas de identificação necessidade de um cuidador. No Brasil, há a ten-
com os termos asilo, lar, residencial, serviço de hos- dência de aumento do número de idosos cuidadores
pedagem, sociedade beneficente, dentre outros. No de outros idosos. OBJETIVO: Caracterizar os idosos
entanto, o que se desvela é a rápida sobreposição de cuidadores de outros idosos, usuários de Unidades
outros serviços como clínica de cuidados para ido- de Saúde da Família (USF), residentes em contextos
sos, clínica médica geriátrica, unidades de cuidados de alta vulnerabilidade social. MÉTODO: Estudo de
especiais para idosos, centro de atendimento, unida- natureza quantitativa, descritiva e transversal. Fo-
de gerontológica, e até mesmo, hospitais para ido- ram avaliados 30 idosos cuidadores, com idade de 60
sos. Estes são empreendimentos privados (92%) de anos e mais, cadastrados em Unidades de Saúde da
profissionais da saúde e de grupos de investidores, Família inseridas em contextos de alta vulnerabili-
restando os raros filantrópicos (6%) e públicos (2%), dade social, no município de São Carlos – SP. Foram
no total de 381 ILPI no município. Este número vem realizadas entrevistas domiciliárias, utilizando-se
crescendo em média à razão de 60 serviços ao mês, MEEM, Teste do Relógio, GDS, Índice de Katz, Escala
sendo que 89% das vagas oferecidas encontram-se de Atividades Instrumentais de Lawton e Brody e
ocupadas por 9.157 idosos, sendo 3.621 (39,5%) ido- um instrumento previamente elaborado, contendo
sos entre 60 a 80 anos e 5.536 (60,5%) com mais de dados de caracterização socioeconômica e demo-
80. Mais da metade (5.143) são dependentes e destes, gráfica. Realizou-se análise descritiva. Todos os
46% (2.386) requerem assistência em todas as ativi- cuidados éticos foram observados. RESULTADOS:
dades de autocuidado. A região Centro-Oeste, local Houve predomínio das seguintes características:
que apresenta maior número de idosos é, também, sexo masculino (56,7%), faixa etária de 60 a 74
onde estão os mais velhos requerendo a presença anos (73,3%), casados (86,7%), com ensino primário
de aproximadamente 900 profissionais de saúde. (70,6%), cônjuges do idoso cuidado (83,3%). Não
Conclusão: Há um aumento expressivo dos estabele- trabalham atualmente (86,7%) e são aposentados
cimentos e do acolhimento de idosos cada vez mais (76,7%). Possuem renda de até um salário-mínimo
dependentes, que demandam serviços complexos (56,7%) e a renda familiar é de até três salários-
do ponto de vista da assistência à saúde. Embora a -mínimos (60,0%). São os principais responsáveis
ANVISA tenha aprovado a Resolução RDC/ANVISA pelo sustento da casa (80,0%) e relatam que a renda
nº283/05, esta enfatiza apenas as instituições de não é suficiente para satisfazer suas necessida-
caráter residencial, não sendo capaz de organizar e des (53,3%). Moram com o cônjuge (90,0%), filhos
orientar a nova realidade daquelas em que os idosos (46,7%), netos (30,0%) e/ou outros parentes (23,3%).
necessitam de assistência à saúde e/ou são muito A saúde é auto percebida como razoável (56,7%) e não
dependentes. Assim, recomenda-se que o investi- apresentam sintomas depressivos (70,0%). Quanto
mento social na institucionalização de idosos deve à cognição: 100,0% dos cuidadores empreenderam
fazer parte de um extenso debate. algum tipo de erro no Teste do Relógio. No MEEM,
96,7% não apresentaram alterações cognitivas. A
PERFIL DE IDOSOS CUIDADORES DE OUTROS IDO- patologia mais referida pelos idosos foi hipertensão
SOS EM CONTEXTOS DE POBREZA arterial (43,3%). Mostraram-se independentes para
Daiene de Morais / Morais, D. / UFSCar; Sofia as atividades básicas (73,3%) e instrumentais de vida
Cristina Iost Pavarini / Pavarini, S.C.I. / UFSCar; diária (70%). CONCLUSÃO: Com relação ao gênero,
Marisa Silvana Zazzetta / Zazzetta, M.S. / UFSCar; diferentemente do que aponta a literatura, neste
Carla Manuela Crispim Nascimento / Nascimento, contexto o idoso cuidador é homem. A maioria não

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apresenta sintomas depressivos e é independente cuidadores declarem ser capazes de cuidar, todos
para as atividades de vida diária. Considerar o perfil referiram possuir dificuldades e necessidade de
dos idosos cuidadores pode fornecer subsídios para um apoio profissional, independentemente do nível
as USFs formularem estratégias mais específicas de de escolaridade, formação profissional, ou nível de
cuidado, pois embora os cuidadores apresentem-se dependência do idoso. A família do idoso não auxilia
sem graves problemas, aproximadamente 30,0% no trabalho do cuidador em 35% dos casos, e 55%
deles precisam de mais atenção. delega serviços domésticos ou externos para serem
realizados além do ato de cuidar. A carga horária
PERFIL DO CUIDADOR DOMICILIAR DE IDOSO NÃO de trabalho semanal é superior a 30 horas, 33% não
FAMILIAR, NO MUNICÍPIO DE TAQUARITINGA-SP possui vínculo empregatício formal e raramente são
Fatima Terezinha Balsani Caetano / CAETANO, remunerados. Os resultados evidenciam a necessi-
F.T.B. / USP; Fatima Terezinha Balsani Caetano / dade de um olhar diferenciado a esses profissionais,
CAETANO, F.T.B. / FMRP - USP Ribeirão Preto; principalmente na elaboração de políticas públicas,
Previsões da Organização Mundial de Saúde (OMS) sociais e de saúde voltadas à formação de recursos
apontam que entre os anos de 2006 e 2030, pela pri- humanos para este fim, para manter uma pessoa ido-
meira vez na história, em 2050 haverá mais idosos sa saudável ou minimizar seu grau de dependência.
do que crianças configurando-se um novo panora-
ma demográfico. A assistência à saúde do idoso e POLÍTICAS DE SUPORTE AO ESPORTISTA DE ALTO
o preparo adequado de quem presta cuidado são RENDIMENTO: QUALIDADE DE VIDA DE EX-
imprescindíveis para a manutenção da autonomia -ATLETAS PROFISSIONAIS
e qualidade de vida. O presente estudo foi realizado Luiz Felipe Faria de Azevedo Filho / AZEVEDO FI-
com cuidadores de idosos, que prestam cuidado no LHO, Luiz Felipe Faria de / Universidade Vila Velha
âmbito domiciliar, residentes na zona urbana do - UVV-ES. Mestrado em Sociologia Política.; Irineu
município de Taquaritinga (SP). Teve como objetivo Francisco Barreto Junior / BARRETO JUNIOR, Iri-
identificar o perfil dos cuidadores na prestação de neu Francisco. / Universidade Vila Velha - UVV-ES.
cuidados domiciliares, bem como suas principais Mestrado em Sociologia Política.;
dificuldades, responsabilidades e tarefas assumi- Introdução: A pesquisa analisa políticas voltadas a
das, perante o paciente e a família, no ato de cuidar. assegurar a qualidade de vida de ex-atletas profissio-
Foram aplicados questionários, contendo perguntas nais de basquetebol, promovidas tanto pelo Estado,
abertas e fechadas, a 113 cuidadores, em locais di- como por organizações e grupos da sociedade civil.
ferentes de onde exerciam a função, após contato A pesquisa elegeu como pressuposto a humanização
prévio, no período de julho a setembro de 2011. Os desse sujeito, pós carreira esportiva, e, mais especi-
cuidadores eram predominantemente do sexo femi- ficamente, busca compreender em que medida os re-
nino, casados ou viviam em união consensual, na flexos de uma vida dedicada ao esporte de alto rendi-
faixa etária de 19 a 59 anos; em menor proporção mento interfere no futuro desses sujeitos. Métodos:
apareceu a população de cuidadores idosos. Entre Iniciada com a revisão teórica sobre o assunto e sua
os do sexo masculino, predominaram os na faixa interface com a sociologia política, realizou-se ainda
etária de 19 a 59 anos. Quanto à escolaridade refe- pesquisa empírica, por meio de entrevistas direcio-
rida, 24,8% possuíam apenas o nível fundamental, nadas a uma amostra composta pelos integrantes
21,2% o nível médio, 31% o nível técnico, 6,2% o nível das Seleções Brasileiras de Basquete participantes
superior e 16,8% sem escolaridade. Os profissionais dos Jogos Olímpicos de Seul (1988), Barcelona (1992)
de enfermagem constituíram 35% dos cuidadores, e Atlanta (1996). Resultados: A percepção dos entre-
e somente um se autoavaliou bem preparado. A vistados revelou que a política esportiva brasileira
profissão de cuidador não foi a principal atividade apresenta limitações em diversos aspectos, e sua
para 77% dos entrevistados. Declararam não pos- superação poderia ser determinante para o sucesso
suir qualificação para o exercício da função, 87,6% esportivo internacional. Também é certo que, ainda
e 45% referiram pouco preparo. Embora 94,7% dos que, por vezes, não seja simples o estabelecimento

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da relação causa e efeito, aspectos deficitários do estratégia de melhoria da qualidade de vida desta
sistema esportivo nacional têm impactado direta- classe de trabalhadores. Objetivos: Realizar revisão
mente na identificação de talentos, aperfeiçoamento bibliográfica sobre o tema preparação para aposen-
de atletas, manutenção da carreira esportiva em tadoria. Metodologia: Estudo de abordagem quali-
alto rendimento e futura transição profissional. O tativa, exploratório e descritivo, a partir de análise
Programa de Apoio ao Atleta implantado pelo COB bibliométrica na base de dados Lilacs sobre o tema
em 2012 se mostra pouco efetivo, com 33 atletas aten- preparação para aposentadoria, no período de 2003
didos em 3 anos, sendo apenas um na modalidade e 2013. Resultados: 12 publicações foram analisadas,
basquetebol. A Liga Nacional de Basquete (LNB) e a de acordo com o tema abordado, tipo de estudo e
Associação de Atletas Profissionais de Basquetebol idioma. Observa-se que a maioria das publicações
(AAPB) se destacam como possíveis protagonistas abordam o termo Preparação para Aposentadoria
nesse cenário, sendo citadas pelos entrevistados ao menos uma vez em seu decorrer, e associam esta
como maior depositário de sua esperança no desen- fase com os aspectos psicossociais que deveriam ser
volvimento da modalidade, melhorias nas condições abordados por estes programas, sendo bem-estar,
de trabalho e valorização do atleta profissional de envelhecimento e expectativas para aposentadoria
basquetebol. Conclusões: A precariedade da infra- os mais encontrados. Neste contexto, aborda-se a
estrutura esportiva acompanha o atleta, desde seu importância da participação da família da pessoa
primeiro contato com o esporte, perpassando sua que vivencia a pré-aposentação”, pois este processo
formação nas categorias de base até a carreira em irá requerer de ambos, mudanças específicas como
alto rendimento. Certamente a maior implicação da familiares, afetivas e socais, a fim de contribuir po-
pouca oferta de espaços voltados à prática esportiva, sitivamente na mudança que irá ocorrer na vida do
especialmente espaços públicos, é um significativo indivíduo. Há um predomínio nas publicações ana-
comprometimento do número de praticantes. O lisadas evidenciando a necessidade e importância
relato dos ex-atletas olímpicos entrevistados de dos Programas de Preparação para Aposentadoria, e
que ao final da sua carreira esportiva não possuíam apoiam sua implementação em novas organizações,
nenhum tipo de plano de aposentadoria, além de sendo este dever do governo e das próprias institui-
lhes ter sido vedado acesso a uma série de direitos ções de trabalho. Conclusão: Evidencia-se a neces-
sociais e trabalhistas. sidade de realização de novas pesquisas na área, e
a criação de novos Programas de Preparação para
PREPARAÇÃO PARA APOSENTADORIA: REVISÃO Aposentadoria nos diversos contextos do trabalho:
DA LITERATURA atenção primária, saúde do trabalhador, organiza-
Patrícia Bet / Bet, P. / UFSCar; Wilson José Alves ções públicas e privadas, associações profissionais
Pedro / Pedro, W. J. A. / UFSCar; e organismos afins, visto que estes estimulam os
Introdução: Cerca 11% da população brasileira trabalhadores que estão próximos desta transição
encontra-se com 60 anos ou mais, podendo triplicar a refletir sobre suas expectativas em temas de seus
em 2050, sendo a sexta maior população idosa no interesses, como projetos futuros, envelhecimento,
mundo. Nota-se que a aposentadoria está relacio- qualidade de vida e satisfação com a aposentadoria.
nada com uma diversidade de fatores interligados
entre si, contribuindo para alterações na qualidade PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS INAPROPRIA-
de vida do indivíduo que está passando por este DOS PARA IDOSOS NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE
processo. Sendo assim, a percepção do trabalhador DA FAMÍLIA
diante seu processo de aposentadoria contribui Renata Aparecida da Silva de Almeida / Almeida,
para atuação dos profissionais que estão envolvidos R.A.S. / Unesp Araquara; Patrícia Carvalho Mas-
neste meio, evidenciando a necessidade de maior troiani / Mastroiani, P.C. / UNESP;
intervenção e estudos nos parâmetros que dizem O envelhecimento populacional brasileiro trouxe
respeito a preparação para aposentadoria, como transformações no perfil epidemiológico resultando

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 131
no aumento da morbidade por doenças crônicas. PREVALÊNCIA DE QUEDAS EM IDOSOS CUIDADO-
Este cenário faz com que a polifarmacoterapia se RES COM DOR CRÔNICA
torne característico neste grupo etário refletindo em Marielli Terassi / Terassi, M / Universidade
um risco elevado de prescrições de medicamentos Federal de São Carlos; Estefani Serafim Rosset-
inapropriados para a idade (MIPI) que resultam em ti / Rossetti, E.S. / Universidade Federal de São
efeitos adversos superiores aos benefícios pelos Carlos; Ana Carolina Ottaviani / Ottaviani, A.C. /
quais são indicados para o idoso, podendo ocasionar Universidade Federal de São Carlos; Karina Gra-
o comprometimento da saúde desses indivíduos mani Say / Say-Gramani, K. / Universidade Federal
além de gastos excessivos na saúde com tratamento de São Carlos; Marisa S. Zazzetta / Zazzetta, M.S.
medicamentoso e internação hospitalar. O objetivo / Universidade Federal de São Carlos; Priscilla
deste estudo foi estimar a frequência de idosos Hortense / Hortense,P. / Universidade Federal de
que fazem uso MIPI e identificá-los na prescrição São Carlos; Sofia Cristina Iost Pavarini / Pavarini,
médica. Desenvolveu-se um estudo transversal, ex- S.C.I. / Universidade Federal de São Carlos;
ploratório e quantitativo, através de coleta de dados Introdução: Com o aumento das limitações funcio-
de 260 prontuários de idoso, onde buscou-se identi- nais, o idoso pode necessitar de cuidados constantes,
ficar na prescrição médica no período de Abril/2013 realizados geralmente por familiares no domicílio. A
a Abril/2014 a prescrição de MIPIs de acordo com a sobrecarga do cuidado pode propiciar o surgindo ou
lista de Beers de 2003. Foram identificados 94 ido- agravamento das dores crônicas. Observa-se que os
sos (37%) com prescrição de pelo menos um MIPI, idosos com dores crônica apresentam pior capacida-
tabulado e classificado segundo a classificação ACT. de funcional e qualidade de vida, além de um número
Apresentando uma frequência de 121 prescrições maior de ocorrência de quedas. Objetivo: identificar
sendo que 50% atuam no sistema nervoso, 37,5% a ocorrência de quedas em idosos cuidadores. Mé-
no sistema cardiovascular e 12,5% no sistema di- todos: Trata-se de uma pesquisa com abordagem
gestório. Referente aos medicamentos que atuam quantitativa, realizada no munícipio de São Carlos,
no sistema nervoso a frequência maior se faz com com pessoas de sessenta anos ou mais, que realiza-
o uso de ansiolíticos (16,5%), seguido de antidepres- vam o cuidado a outro idoso no domicilio. Os dados
sivos (5%) e numa frequência menor apresenta-se foram coletados no período de abril a novembro de
os antipsicóticos (0,8%). Dentre os medicamentos 2014, através de entrevistas individuais e no domi-
considerados impróprios para o consumo de idosos cílio. Todos os preceitos éticos foram preservados.
e que foram identificados na prescrição médica, Resultados: a amostra foi composta por 320 idosos
conforme já exposto, destaca-se as principais ca- cuidadores, divididos em dois grupos: idosos com
racterísticas para serem classificadas como MIPI os dor crônica com um total de 187 (58,4%) indivíduos e
medicamentos ansiolíticos que estão relacionados o grupo com ausência de dor totalizando 133 (41,5%)
ao risco de queda e fratura óssea, os medicamentos idosos. A média de idade da população do estudo foi
antidepressivos que estão relacionados a efeitos de 69,4 (±6,9) anos, com predomínio do sexo feminino
anticolinérgicos e hipotensão ortostática e os me- (76,2%) e renda familiar de 3 salários mínimos. Em
dicamentos cardiovasculares estão relacionados à relação à escolaridade a maioria dos idosos (63,5%)
bradicardia, depressão e depuração renal diminuída. tinham de um a quatro anos de estudo. O grupo de
A prescrição adequada para os idosos é importante, cuidadores com dor crônica relatou mais quedas
pois o uso sensato de fármacos por essa população (37,9%) nos últimos 12 meses quando comparado ao
é essencial para evitar interação medicamentosa, grupo com ausência de dor (26,3%), com diferença
efeitos adversos, gastos excessivos e internações estatisticamente significativa (p=0,02). Algumas
desnecessárias de forma a contribuir com a econo- pesquisas descrevem que os fatores de risco para
mia de recursos públicos e garantir a segurança do desencadear quedas na população idosa estariam re-
tratamento medicamentoso e melhor qualidade de lacionadas a presença de osteoporose, incontinência
vida dos idosos. urinária e artrite. No presente estudo observou-se

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 132
alta prevalência de artrite entre os idosos cuidado- apontaram para a construção de três categorias de
res, acometendo 51,8% dos participantes com dor dificuldades que os cuidadores de idosos enfrentam,
crônica e 15,7% dos participantes com ausência sendo elas: Alterações no Estado Físico”; Alterações
de dor, porém não foram analisados fatores como no Estado Emocional” e Alterações nas Relações So-
osteoporose e incontinência. Em relação as caracte- ciais e Familiares”. Neste contexto, as dificuldades
rísticas da dor crônica, as localizações do corpo com que os cuidadores de idosos fragilizados enfrentam,
maior prevalência foram a região lombar (58,8%) e reforçam a informação de que a experiência de assu-
os membros inferiores (58,8%), sendo que 56,1% dos mir a responsabilidade por idosos dependentes tem
participantes relataram dor em mais de uma loca- sido colocada pelos cuidadores familiares como uma
lização e observou-se a prevalência da intensidade tarefa exaustiva e estressante, pelo envolvimento
moderada (39,0%) e intensa (38,6%). Conclusão: afetivo e por ocorrer uma transformação de uma
Verificou-se que os idosos cuidadores com dor crôni- relação anterior de reciprocidade para uma relação
ca apresentaram uma prevalência maior de quedas de dependência em que o cuidador ao desempenhar
quando comparado ao grupo sem dor, ressaltando a atividades relacionadas ao bem-estar físico e psicos-
importância do acompanhamento multidisciplinar social do idoso, passa a ter restrições em relação à
aos idosos da comunidade. sua própria vida. Diante do tema exposto, pode se
concluir que muitos dos cuidadores não são vistos
PRINCIPAIS DIFICULDADES VIVENCIADAS PELO como parte do tratamento, sendo assim existe uma
CUIDADOR DE IDOSO FRAGILIZADO E DEPEN- falha por parte da equipe multidisciplinar em saúde,
DENTE: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA ou seja, a necessidade de cuidar do cuidador passa
BRASILEIRA despercebida pelos profissionais prevalecendo à
atenção à saúde ao idoso fragilizado e dependente.
Willian Ferraz Fiorentino / Fiorentino, W. F. / Uni-
A proposta desta pesquisa é procurar expandir o
versidade Paulista; Lislaine Aparecida Fracolli /
Fracolli, L. A. / Escola de Enfermagem da Universi- olhar dos profissionais, vendo tanto idoso quanto
dade de São Paulo; Maria Fernanda Pereira Gomes o cuidador como um só, proporcionando uma assis-
/ Gomes, M. F. P. / Escola de Enfermagem da Uni- tência humanizada para ambos e com isso aliviando
versidade de São Paulo; Rita de Cassia Palmeira / um pouco da tensão que é depositada no cuidador.
Palmeira, R. C. / Universidade Paulista;
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), PROJETO PILOTO: AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIO-
no Brasil, o número de indivíduos com 65 ou mais NAL DA PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA
anos, em situação de dependência, equivale a 7,3% Tamires Gabriel Fogaça / Fogaça, T.G. / Centro Uni-
da população idosa total. Neste contexto o processo versitário São Camilo; Janayna Emanuelle Goyana
de transição epidemiológica associado ao processo Gomes de Oliveira Nascimento / Nascimento,
de envelhecimento evidencia-se pela alta prevalência J.E.G.G.O / Centro Universitário São Camilo; Ébe
das doenças crônicas não transmissíveis, perdas dos Santos Monteiro Carbone / Carbone, E.S.M. /
cognitivas, declínio sensorial, acidentes e isolamen- Centro Universitário São Camilo;
to social, que causam dependência funcional nos ido- INTRODUÇÃO: A população mundial encontra-se
sos. O objetivo deste estudo foi avaliar as principais em redução das taxas de fecundidade, mortalidade
dificuldades enfrentadas por cuidadores de idosos e aumento da expectativa de vida. Os idosos são um
dependentes, com diferentes patologias e graus de contingente populacional expressivo e crescente na
dependência. Trata-se de uma revisão integrativa de sociedade brasileira, levando há novas demandas na
literatura que foi realizada na Biblioteca Virtual em política pública de saúde. Essa transição demográfi-
Saúde (BVS) na data 30/08/14 com os Descritores ca impacta principalmente a rede assistencial com
em Ciências da Saúde (DECS): idoso fragilizado” e morbidades vinculadas a processos crônicos. Hoje
cuidadores”. Foram encontrados 72 resultados publi- se gasta muito com saúde de modo equivocado, não
cados no período de 2000 a 2014, destes selecionou- priorizando a prevenção. É do conhecimento dos
-se para compor a síntese 11 artigos. Os resultados profissionais de saúde que a promoção de saúde e

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prevenção de doenças na terceira idade é financeira rante essa fase depende fundamentalmente de uma
e socialmente mais viável, preconizndo idosos mais boa qualidade de vida, que durante o envelhecimento
saudáveis e um sistema de saúde menos oneroso. Por está relacionada à saúde, a capacidade de viver sem
isso a importância de se atuar na atenção primária. doenças e superar condições de morbidade. É com
OBJETIVOS: Avaliar a ocorrência de incapacidade tal conjuntura que projetos e programas voltados
funcional em pacientes idosos e identificar suas a essa população chamam atenção por oferecer
relações com as atividades da vida diária e reali- diversos benefícios aos idosos. OBJETIVO: Analisar
zar encaminhamento para a rede de referência e a qualidade de vida de idosas de uma Universidade
contra - referência. MÉTODO: Para este Projeto foi Aberta à Terceira Idade (UATI) em uma cidade do
realizado levantamento da literatura nas bases de interior da Bahia, Nordeste do Brasil. MÉTODOS:
dados LILACS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane e Estudo transversal, realizado com 51 idosas, com
SciELO , com descritores: Envelhecimento popula- idade média de 66,66 anos (±7,49 DP). Aplicou-se o
cional; Idosos, Incapacidade funcional; Atividades World Health Organization Quality of Life – Brief
físicas para idosos”. A pesquisa contará com amos- (WHOQOL-BREF) e o World Health Organization
tra não-probabilística. O critério de inclusão será: Quality of Life – Old (WHOQOL-OLD). Realizou-se
ter 60 anos ou mais e que participem de atividades análise estatística descritiva por meio de médias
dentro da UBS e ter sistema cognitivo preservado. e desvios-padrão, seguindo os cálculos dos esco-
O critério de exclusão será: ter menos de 60 anos, res dos próprios instrumentos. RESULTADOS: Os
não frequentar a UBS e ter comprometimento cog- resultados do WHOQOL BREF para cada domínio
nitivo. Avaliar a funcionalidade dos idosos através foram os seguintes: Físico (3,77±0,66DP); Psicológico
de um questionário multidimensional e testes (Katz, (3,95±0,54DP); Inter-relações sociais (3,79±0,74DP);
Lawton e Mini-Exame do Estado Mental) RESULTA- Meio Ambiente (3,59±0,59DP) e no escore total o valor
DOS: Avaliação da capacidade funcional indica a médio de 15,09 (±2,21DP). Enquanto que os valores mé-
dificuldade e a necessidade de ajuda, em atividades dios do WHOQOL OLD para cada domínio foram os
básicas de vida diária e em tarefas mais complexas. seguintes: Funcionamento do sensório (15,92±2,51DP);
As medidas de mobilidade fazem parte, também, da Autonomia (15±2,18DP); Atividades (15,76±2,09DP);
avaliação do declínio funcional, e têm provado sua Participação Social (15,56±2,09DP); Morte ou Morrer
eficácia no estudo da relação do status funcional (14,17±3,84DP); Intimidade (15,15±2,75DP) e no escore
através de características demográficas, condições total o valor médio de 91,52 (±10,17DP). Isso evidencia
crônicas e comportamentos relacionados à saúde. que o domínio meio ambiente foi o mais comprome-
CONCLUSÃO: O aumento de pessoas acima de 60 tido quando da aplicação do WHOQOL BREF e que o
anos, acelerou o processo de envelhecimento popu- domínio Morte ou Morrer foi o mais comprometido
lacional, levando ao aumento das demandas na rede quando da aplicação do WHOQOL OLD entre as
pública de saúde, que têm chamado atenção sobre idosas. CONCLUSÃO: Representa dizer que apesar
as condições de saúde e incidência de morbidade, dos benefícios observados nos valores dos demais
disfuncionalidade e mortalidade nesta população. domínios da qualidade de vida, e mesmo nos valores
totais existem questões que são mais difíceis de
QUALIDADE DE VIDA DE IDOSAS DE UMA UNI- serem sanadas, quando se objetiva a melhoria da
VERSIDADE ABERTA A TERCEIRA IDADE qualidade de vida de idosas, mesmo diante de um
Gabrielle Cerqueira da Silva / Da Silva, G.C. / Univer- programa de intervenção relevante em suas vidas.
sidade do Estado da Bahia; Jorge Lopes Cavalcante Esses fatores excedem o contexto de ambientes so-
Neto / Cavalcante Neto, J.L. / Universidade do Estado cialmente favoráveis, como a UATI e transcendem os
da Bahia e Universidade Federal de São Carlos; diversos espaços que circundam a vida das idosas.
INTRODUÇÃO: O envelhecimento é um processo Além disso, o avanço da idade gera insegurança
inerente a todos os seres humanos, sendo um fenô- diante da própria vida e insere no pensamento dessa
meno complexo, influenciado por fatores genéticos, população impeditivos para uma melhor percepção
ambientais e estilo de vida. Manter-se saudável du- de sua qualidade de vida.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 134
REDES DE APOIO SOCIAL E ESTRUTURA FAMILIAR DE / UFSCar; Pedro Moura Ferreira / Ferreira, P. M. /
IDOSOS DE UMA ÁREA DE ALTA VULNERABILIDADE ICS-UL;
Estefani Serafim Rossetti / Rossetti,E.S. / UFS- A velhice e o envelhecimento são fenômenos sociais
Car; Marielli Terassi / Terassi,M. / UFSCar; Ana onde se faz necessário mudanças e adaptações em
Carolina Ottaviani / Ottaviani,A.C. / UFSCar; Sofia políticas públicas para que possam atender a essa
Cristina Iost Pavarini / Pavarini,S.C.I. / UFSCar; nova demanda eminente e progressiva. Ao passo do
Marisa Silvana Zazzetta / Zazzetta,M.S. / UFSCar; envelhecimento ocorre uma progresso tecnológico.
Introdução: A avaliação da composição familiar O seu aprendizado torna-se fundamental com rápida
disponibiliza importantes informações para o plane- difusão de informações, de forma inclusiva e sempre
jamento de ações voltadas ao cuidado de idosos, prin- atualizada. Isso nos apresenta um novo desafio a
cipalmente em áreas de alta vulnerabilidade social. ser perpassado, principalmente, pela população já
O objetivo deste trabalho foi avaliar suporte ofertado envelhecida. A inclusão digital é a associação do uso
pelas redes de apoio social e composição familiar de do computador, do acesso à rede e o domínio das
idosos cuidadores cadastrados em Unidade de Saúde ferramentas”, com isso a necessidade de dominar
da Família-USF em uma área de alta vulnerabilidade um conhecimento para poder disseminá-lo através
social. Métodos: O estudo foi composta por 73 idosos dos recursos tecnológicos. A educação na fase da
cuidadores. A coleta de dados ocorreu nos meses de velhice é considerada por pesquisadores uma es-
maio a outubro de 2014. Os genogramas e ecomapas tratégia para um envelhecimento saudável Alguns
foram confeccionados por meio de entrevistas no benefícios podem ser facilmente deduzidos ao se
domicilio. Todos os preceitos éticos foram preserva- aprender a utilizar desses rescursos tecnológicos,
dos. Resultados: A média de idade foi de 70,35 anos como ampliar amizades, manter contato continuos
(DP±8,5), totalizando 58 idosos do sexo feminino e 15 com pessoas distantes, buscar informações de dife-
sexo masculino. A média de escolaridade foi de 2,3 rentes tipos, se empoderam do processo de compra,
anos. Foram encontrados a média de três pessoas acesso a informações de saúde, aprendizagem e
por domicílio e 5,53 filhos por idoso. A maioria dos interação social”. A partir dessa reflexão e do relato
idosos relatou ligação normal com familiares. A ren- de experiência destes pesquisadores, como se dá o
da média dos idosos foi de 0,93 salários mínimos e processo de aprendizagem digital pela pessoa idosa?
renda média da família foi de 2,3 salários mínimos. Um grupo de pessoas idosas participantes de um
Os idosos cuidadores relataram baixa ou nenhuma programa de inclusão digital voluntário tiveram a
ajuda financeira e material (95,9%); nenhuma ajuda experiência de aprender o domínio da máquina, no
da igreja, baixa ou nenhum ajuda do serviço de assis- caso o computador, desde a sua inicialização, com
tência social (98,6%) e 90,4% referiram possuir ajuda aulas expositivas preparadas, aliadas a uma apos-
de instituições de Saúde. Discussão: O genograma tila detalhada e a interação e troca de informações
e o ecomapa são instrumentos de investigação que entre eles próprios. Ao final de 15 encontros de duas
mostram as características e relações familiares, horas, as pessoas idosas participantes estavam
revelando a linguagem não verbal dos entrevistados habilitadas não só a ligar e desligar o computador,
e seus sentimentos. Conclusão: A maioria dos idosos como também a acessar a internet, com conteúdos
relatou ligação normal com familiares. O genograma e informacionais e redes sociais, possibilitando uma
ecomapa demonstraram serem instrumentos eficazes maior interação entre os participantes e deles com
para avaliar a estrutura familiar de idosos de uma sua rede de suporte social, fora aquele contexto. O
USF, podendo ser usado como mecanismo para melho- termo aprendizagem ao longo da visa” reforça que o
rar o planejamento de serviços para esta população. ato de aprender se dá em qualquer momento da vida
e tem como objetivo a melhora de conhecimentos,
RELATO DE EXPERIÊNCIA: APRENDIZAGENS DI- aptidões e competências, e o processo de inclusão
GITAIS POR PESSOAS IDOSAS digital proporciona uma maior participação e in-
Brunela Della Maggiori Orlandi / Orlandi, B. D. M. teração social, maiores estímulos cognitivos e por
/ UFSCar; Wilson José Alves Pedro / Pedro, W. J. A. consequência minimiza a solidão e o isolamento. A

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 135
política pública proposta pelo Estado de São Paulo, (31,6%). 73,7% não exercem atividade remunerada,
São Paulo Amiga do Idoso”, visa, no entanto, mini- sendo aposentados ou pensionistas. Mesmo apre-
mizar essa infoexclusão que hoje ocorre e com isso sentando renda acima da média, das pessoas que
permitir que os envelhecentes sejam capacitados a coabitam com as pessoas idosas 68,4% contribuem
essa evolução tecnológica. para a renda da casa, sendo eles cônjuge, filhos,
netos, sobrinhos, entre outros. Por se tratar de um
RELATOS DE PESQUISA: PROGRAMA DE INCLUSÃO grupo específico, apenas um participante idoso não
DIGITAL: PERFIL DE IDOSOS FREQUENTADORES DE possuía computador com acesso a internet em sua
UM PROGRAMA DE INCLUSÃO DIGITAL DA CIDADE residência, com isso ao serem questionados sobre
DE SÃO CARLOS a frequência do acesso à internet, 42,1% afirmam
usarem todos os dias e procuram acessar a internet
Brunela Della Maggiori Orlandi / Orlandi, B. D. M.
(Figura 1) em 68,4% dos casos em busca de notícias
/ UFSCar; Wilson José Alves Pedro / Pedro, W. J. A.
/ UFSCar; (25%), informações e pesquisas (18%). Há algumas
ressalvas a serem apresentadas, porém podemos
Como discussões a cerca de todo o mundo, o enve-
identificar a importância e relevância do acesso,
lhecimento é um processo no qual todos estamos
uso e aprendizagem das tecnologias digitais pelas
vivenciando e o aumento da população idosa a nível
pessoas idosas.
nacional e global com a necessidade de políticas
públicas que sejam voltados a essa temática A re-
volução tecnológica também é outra temática que
REORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE CUIDAR DO
nos apresenta um novo desafio a ser perpassado, IDOSO DO MUNICÍPIO DE TAQUARITINGA-SP
principalmente, pela população já envelhecida. Há Fatima Terezinha Balsani Caetano / Caetano, F.T.B
contudo um aumento do número de pessoas idosas / Prefeitura Municipal Taquaritinga -SP; Vanessa
que buscam ser alfabetizadas digitalmente, ou seja, Paccielo / PACCIELO, V. / Prefeitura Municipal
aprender de forma efetiva a utilizer os recursos Taquaritinga- SP;
tecnológicos presents em nosso cotidiano. Este O perfil populacional brasileiro vem mudando de
processo ainda é novo e requer melhores apronfun- forma rápida desde a década de 40 e cursa com um
damentos a cerca da temática, mas estudos inter- aumento progressivo da população idosa. Assim,
nacionais apontam para uma maior procura por ocorre em acréscimo uma transição epidemiológica
essas pessoas a desenvolverem habilidades junto a em que o as doenças crônicas degenerativas passam
tecnologias informacionais através do resurso da in- a ocupar papel de destaque. A assistência à saúde
ternet. Este trabalho faz parte de uma dissertação de do idoso, em conjunto com a prevenção de doenças
mestrado e visa apresentar o perfil de pessoas idosas crônicas e degenerativas, e o preparo adequado
frequentadoras de um programa de inclusão digital de quem presta cuidado são imprescindíveis para
da Fundação Educacional de São Carlos. Foram con- a manutenção da autonomia e qualidade de vida
vidados pessoas acima dos 60 anos que já sabiam do idoso. O presente Projeto Aplicativo tem como
utilizar o computador e a internet. Responderam ao objetivo reordenar e qualificar a rede de atenção
questionário 19 pessoas idosas, 11 do sexo feminino à saúde ao idoso tendo como base norteadora as
e oito do sexo masculino. A idade média foi de 67 principais necessidades desta população especí-
anos. O estado civil, vai de encontro com a média fica. Para a obtenção destas informações serão
brasileira de apresentar 47,2% de famílias nucleares, aplicadas individualmente, aos cuidadores/idosos,
sendo que 63,2% dos participantes são casados. Con- pelos profissionais que compõem a equipe da ESF
siderando a escolaridade, foi possível identificar um dois instrumentos sendo a Escala de Fragilidade de
grupo muito escolarizado, apresentando 44,5% dos Edmond e o questionário de Índice de Barthel que
participantes com o superior completo e 33,3% com avalia o grau de independência do idoso. Espera-se,
ensino médio completo. Ao relacionarmos a renda, portanto, que a partir deste, a população idosa do
este grupo também está acima da média nacional, município de Taquaritinga, possa contar com rede
sendo esta de ½ a 2 SM e o grupo está entre 2 e 3 SM assistencial composta de ações e serviços que aten-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 136
dam às suas reais necessidades bem como, profissio- estavam em baixo risco, 57,3% em risco levemente
nais devidamente capacitados para o enfrentamento moderado e 7,6% em moderado risco. Conclusão: A
das necessidades. prevalência para o risco de diabetes mellitus tipo
2 dos cuidadores avaliados no presente estudo foi
RISCO PARA DIABETES MELLITUS TIPO 2 EM IDO- levemente moderado, com valores de 7 a 11 pontos
SOS CUIDADORES na escala. Este estudo traz contribuições para o
Ana Carolina Ottaviani / Ottaviani, A.C. / UFSCar; planejamento de estratégias de promoção a saúde
Daiane Morais / Morais, D. / UFSCar; Estefani e prevenção a incapacidades, associadas ao risco de
Serafim Rossetti / Rossetti, E.S. / UFSCar; Marielli DM2, junto aos cuidadores da atenção básica.
Terassi / Terassi, M. / UFSCar; Ariene Angelini dos
Santos / Santos, A.A. / UFSCar; Vivian Ramos Me- UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE POR IDOSOS
lhado / Melhado, V.R. / UFSCar; Fabiana de Souza USUÁRIOS DE PLANOS DE SAÚDE PRIVADOS: UMA
Orlandi / Orlandi, F.S. / UFSCar; Sofia Cristina CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO SABE
Iost Pavarini / Pavarini, S.C.I. / UFSCar; Marilia C P Louvison / Louvison MCP / FSP USP;
Introdução: O diabetes mellitus tipo 2 é uma doença Dora Severo / Severo D / FSP USP; Tereza E Rosa
de importância para a saúde pública, visto que sua / Rosa TE / Instituto de Saude SES/SP; Yeda O
incidência e prevalência têm avançado de forma Duarte / Duarte YO / FSP USP; Maria Lucia Lebrao
crescente, sendo causada por uma combinação de / Lebrao ML / FSP USP;
fatores genéticos e estilo de vida. Em face disso, a O envelhecimento populacional traz importantes
prevenção primária para identificar os fatores de desafios para os sistemas de saúde e em particular
risco para DM2 e traçar estratégias para a evitar no Brasil, em função da dualidade dos sistemas
a exposição ao risco, retardam ou impedem o apa- público e privado. Apesar de termos um sistema
recimento da doença crônicas. Objetivo: Avaliar o universal de saúde os planos privados de saúde
risco para diabetes mellitus tipo 2 de idosos cuida- tiveram importante incremento nos últimos anos
dores informais de outros idosos. Método: Trata-se e, em particular, em São Paulo. O estudo objetiva
de uma pesquisa descritiva, quantitativa de corte identificar um perfil dos idosos usuários de planos
transversal. Foi realizada com 342 idosos cuidadores de saúde. Foram analisados os dados do Estudo
de idosos cadastrados em uma das 15 Unidades de SABE – Saúde Bem-Estar e Envelhecimento, pes-
Saúde da Família de um município paulista. Os da- quisa longitudinal de base populacional, que teve
dos foram coletados no período de abril a novembro início em 2000 e realizou dois campos em 2006 e
de 2014, no próprio domicílio dos idosos. Os dados 2010, acrescentando em cada um, uma nova coorte
foram coletados por meio de entrevista individual, de idosos de 60 a 64 anos. Observou-se que 44,7%
utilizando-se os instrumentos de Caracterização dos dos idosos em 2010 referiram ter plano de saúde
Sujeitos e o Finnish Diabetes Risk Score (FINDRISK). privado, 41,2% entre os que têm de 60 a 74 anos e
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética 53,4% entre os que têm 75 anos ou mais, sendo 34,2%
em Pesquisa. Resultados: Dos 342 idosos cuidadores, dos idosos que consideram não ter renda suficiente
76,9% era do sexo feminino, a média de idade foi de para as suas necessidades, em comparação a 52,3%
69,58 (±7,07) anos, 90,4% eram casadas ou viviam dos que referem ter renda. Por outro lado, 52,0% dos
com o companheiro (90,4%) e 56,4% cursaram até idosos com plano de saúde refere saúde muito boa/
o ensino fundamental incompleto. Em relação aos boa em comparação aos 46,5% de quem não tem pla-
fatores de risco para DM2, 72,2% tinham idade ≥ 65 no. O fato dos mais idosos terem maior proporção de
anos; 38,0% estavam com excesso de peso; 59,1% planos podem indicar que estes tem mais medo de
foram classificados em risco cardiovascular; 39,5% depender do sistema de saúde e se protegem com o
eram sedentários; 16,7% relataram não comer frutas sistema privado, mesmo sem condições financeiras
e/ou verduras diariamente; 65,8% tomavam anti-hi- e mesmo não se considerando mais doentes. Vários
pertensivos e 45,3% apresentaram história familiar foram os seguros privados relacionados chamando
de DM2. Quanto ao grau de risco para DM2, 35,1% atenção a predominância do Prevent Senior. Quem

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 137
tem plano de saúde referiu consulta no ultimo ano foram internados pelo SUS e 3,% pagaram interna-
em 90,1%, sendo 84,0% entre os que não tem. Dos ção particular. Não há diferença significativa na
que tem plano de saúde, 20,0% refere dificuldade de qualidade referida pelos idosos internados sendo
acessar serviços de saúde quando precisa enquanto que 92,1% dos que tem plano e 85,1% dos que não
são 28,7% dos que não tem e 24,8% do total. Dos que tem plano referiram que a internação foi muito
tem plano de saúde, 14,1% foram internados sendo boa/boa. A utilização dos idosos não apresentaram
8,7% dos que não tem plano de saúde em um total diferenças importantes com relação ao uso do setor
de 11,12% de internações no ultimo ano. Apenas público, indicando dificuldades de acesso em ambos
5,0% dos idosos com plano de saúde indicaram que os subsistemas.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 138
Financiamento da Saúde
A SAÚDE NO CONTEXTO DA CRISE DO CAPITA- desenvolvimento capitalista em curso interage com
LISMO CONTEMPORÂNEO a saúde pública brasileira ao constranger o Estado a
Luci Maria Teston / Teston, L.M. / FSP-USP; Áqui- promover importantes desafios quanto à universali-
las Nogueira Mendes / Mendes, A.N. / FSP-USP; dade plena do Sistema Único de Saúde. A fragilidade
Introdução: O processo de crise do capitalismo das políticas públicas, em especial daquelas voltadas
contemporâneo e seus impactos na saúde pública para a saúde pública, resulta dessa lógica perversa
constitui preocupação central deste trabalho. A que permeia a atual fase capitalista.
atual fase do capitalismo é marcada por uma crise
que atinge profundamente a economia em uma CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA
perspectiva global, se estendendo para além do ACERCA DO ACESSO A MEDICAMENTOS POR VIA
campo das finanças. Essa crise tem como ponto de JUDICIAL NO BRASIL NOS ÚLTIMOS 5 ANOS
partida a queda tendencial da taxa de lucros e atinge Cristiane Leite de Almeida / Almeida, C.L. / EERP
as bases da acumulação do capital. Ela inicia pelo - USP; Valéria Cristina Gabassa / Gabassa, V.C. /
fim dos anos 1970 e afeta inicialmente os Estados EERP - USP; Ana Beatriz Afonso / Afonso, A.B /
Unidos estendendo-se, posteriormente, em função EERP - USP; Ana Maria Laus / Laus, A.M. / EERP -
da mundialização das finanças, para todas as par- USP; Lucieli Dias Pedreschi Chaves / Chaves, L.D.P
tes do mundo. Desde então, há períodos de booms / EERP - USP;
e recessões. Objetivo: Entender esse movimento é Introdução: A discussão sobre o acesso a medica-
essencial para compreender em que medida o pro- mentos e tratamentos de saúde pela via judicial
cesso de financeirização e de acumulação de capital no Brasil ganhou importância teórica e prática,
interage e impacta na saúde pública. Método: A envolvendo crescentes debates entre acadêmicos,
pesquisa utiliza como metodologia o levantamento operadores do direito, gestores públicos e sociedade
bibliográfico por meio de um referencial construído civil trazendo para o centro do debate a atuação do
a partir de diferentes autores que dialogam com o Poder Judiciário em relação à garantia do direito e
pensamento marxista. Resultados: Entre as saídas acesso à saúde. Objetivo: caracterizar a produção do
encontradas para o aumento das margens de lucro conhecimento através de revisão integrativa de lite-
do capital a que vem sendo utilizada relaciona-se à ratura a respeito da judicialização de medicamentos
precarização das relações de trabalho, com a conse- no Brasil nos últimos cinco anos. Metodologia: estu-
quente fragmentação das organizações sindicais, do descritivo, documental e retrospectivo, realizado
provocando insegurança e redução de benefícios por meio de uma revisão integrativa da literatura.
sociais, o que acarreta impactos importantes no Critérios de inclusão: artigos na íntegra; publicados
campo da saúde. Conforme vai se desenvolvendo a em português e inglês; que atendessem ao objetivo
crise do capitalismo contemporâneo a saúde públi- da revisão; publicados e indexa¬dos nas bases de
ca brasileira entra em processo de desvalorização, dados LILACS, MEDLINE, PUBMED. Resultados:
especialmente no que compete aos recursos desti- 12 artigos constituíram o corpus final de análise. A
nados ao seu financiamento. A política econômica base de dados LILACS concentrou o maior número de
de governo tem se mantido alinhada às demandas artigos (9; 75%). As publicações ocorreram nos anos
do capital financeiro internacional destinando-se, 2010, 2011 e 2012 (3; 25%) em cada ano, 2013 (2; 16,7%)
especialmente, ao cumprimento de metas de inflação e 2014 (1; 8,3%). Dos 12 estudos, dois se referiam a
e de superávits primários. Como resultado, têm-se levantamento bibliográfico sobre a temática e os
decisões relacionadas à forte redução de despesas demais estudos tratavam de pesquisas documentais,
no âmbito das políticas de direitos sociais. Conclu- descritivas e retrospectivas com dados oriundos
são: É possível concluir que o contexto da crise do de ações judiciais do Rio de Janeiro, Minas Gerais,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 139
Mato Grosso, Pernambuco, São Paulo e Brasília (de ção da eficiência. São importantes investigações
âmbito nacional). Os 10 estudos totalizaram 13.605 da Economia da Saúde para identificar a origem e
ações judiciais analisadas, sendo que no estado de composição das receitas próprias e RD aplicadas
Minas Gerais concentrou-se a análise de 8.311 (61% para caracterizar os arranjos municipais eficien-
das ações analisadas em todos os estudos). Os medi- tes, segundo avaliação externa do PMAQ. Objetivo:
camentos judicializados são recorrentes. Os imunos- Investigar a composição das RD que possibilitaram
supressores para o tratamento de artrite reumatóide arranjos institucionais que levaram à otimização da
(adalimumabe, etanercepte e ifliximabe) são os que aplicação de recursos e à qualidade dos serviços da
mais se repetem, seguidos da insulina glargina AB. Método: A partir do rank obtido pela avaliação
(insulina especial) e aripripazol (antipsicótico). Os do PMAQ serão examinadas as composições das RD,
estudos de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro transferências do SUS e a aplicação em AB, por meio
apresentam basicamente os mesmos medicamentos das médias dos dados de 2003 e 2004 e 2012 e 2013,
demonstrando um padrão na judicialização de me- dos 10 municípios de melhor classificação a fim de
dicamentos nesses estados. Conclusão: os estudos gerar perfil da composição do financiamento que
estão concentrados em ações judiciais ocorridas no contraposto ao dos 10 municípios com pontuação
período entre 2005 e 2010, mostrando uma lacuna mais restrita, criarão padrões de ambos os grupos
no conhecimento referente a ações ocorridas entre nos 10 anos que culminam a avaliação. Os dados
2010 e 2015, sendo uma oportunidade para estudos serão coletados do Sistema de Informações sobre
futuros. Pode-se constatar que quando o direito a Orçamentos Públicos em Saúde, conforme infor-
saúde não é oferecido, busca-se o Poder Judiciário mado pelos municípios e registros disponibilizados
objetivando adquirir o que não está sendo cumprido pela Sala de Apoio à Gestão Estratégica, ambos do
pelo Estado ou pelas Operadoras de Saúde, aumen- MS. Para caracterizar o perfil dos municípios, em
tando as ações judiciais nesse aspecto. ambas as situações, far-se-á comparações entre os
padrões de financiamento da AB dos dois grupos
EFICIÊNCIA NA APLICAÇÃO EM TEMPOS DE RES- de municípios. Resultados: Serão analisados os
TRIÇÕES DE RECURSOS PARA A ATENÇÃO BÁSICA comportamentos das variáveis sistematizadas de
NO BRASIL acordo com as dimensões: RD, despesas em saúde e
José Rivaldo Melo de França / França, J.R. / Minis- alocação municipal em AB para a caracterização dos
tério da Saúde; perfis dos grupos. Os principais achados servirão de
subsídios para as conclusões. Conclusão: Espera-se
Introdução: Tendo como referencial a avaliação
obter padrões de financiamento municipal que ca-
do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da
racterizem os índices obtidos na avaliação do PMAQ.
Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), feita pelo
Ministério da Saúde (MS) com participação externa
especializada, este trabalho examina as característi- FINANCIAMENTO DO SUS: PERCURSO HISTÓRICO
cas das receitas disponíveis (RD) (receitas próprias + E EMBATES
transferências constitucionais e legais) para aplica- Patricia Cristina Magdalena / Magdalena, P.C. / FGV;
ção em saúde, por meio do perfil do financiamento Introdução O financiamento insuficiente do SUS
da atenção básica (AB) em municípios avaliados pelo tem estado na agenda pública e é um fator limitante
PMAQ para gerar conhecimento sobre os arranjos ao desafio de promover a universalidade e a inte-
municipais com emprego eficiente de recursos nos gralidade da saúde nas diversas realidades sócio-
níveis de excelência atingidos segundo o PMAQ. -regionais do país. Tendo isso em vista, o trabalho
Com perspectivas desfavoráveis para o financia- trata do percurso histórico do financiamento do SUS,
mento federal em cenário de evolução negativa com ênfase nos governos FHC e Lula, procurando
da Receita Corrente Líquida, devido a atual crise analisar se houve continuidade na abordagem do fi-
econômica, a disponibilidade de recursos tripartite nanciamento entre esses governos. Objetivos Traçar
para o setor tende a restrições. Os entes federados o percurso histórico do financiamento do SUS, enfa-
recorrem a estratégias de gestão para a maximiza- tizando os períodos dos governos FHC e Lula; eviden-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 140
ciar as relações de poder que permearam a questão Introdução A dupla porta de entrada em hospitais
da insuficiência de recursos, como os embates intra universitários revela um estudo interessante para
Poder Executivo, entre os ministérios da Saúde e da entender a relação entre SUS e Privado. Para esse
Fazenda, bem como entre Executivo e Legislativo. estudo foi escolhido o Hospital das Clinicas da
Método Trata-se de estudo qualitativo e exploratório, Unicamp Campinas que não tem a dupla porta de
utilizando entrevistas semiestruturadas e dados entrada e Hospital das Clinicas da USP Ribeirão
documentais, legislação, artigos de jornais etc. As Preto que tem dupla entrada. Conhecer os fatores
entrevistas foram realizadas com três gestores do que condicionaram a decisão de adotar / não adotar
Ministério da Saúde no período selecionado, sendo o modelo de dupla porta de entrada nos hospitais
um ministro, um secretário executivo e um secretá- selecionados. Identificar as implicações dos dois
rio de gestão de investimentos. Resultados Houve modelos - dupla porta de entrada x porta única – para
continuidade na abordagem do financiamento do o hospital, os profissionais, os pacientes e a socie-
SUS nos governos FHC e Lula, e a agenda que pre- dade em geral. Métodos A estratégia metodológica
valeceu foi a da área econômica. Isto evidenciou-se utilizada na presente investigação será um estudo de
com a CPMF, que teve seu impacto reduzido devido caso exploratório, dado que a dupla porta de entrada
a substituição de fontes de financiamento pelaa Fa- em hospitais públicos ainda é um fenômeno pouco
zenda. Além disso, a demora na regulamentação da estudado no contexto brasileiro. Objetivos Comparar
Emenda Constitucional 29/2000, efetivada apenas as duas portas de entrada (SUS x planos de saúde)
em 2011, também demonstra a não priorização do em termos de estrutura, processos e resultados;
financiamento adequado do SUS tanto pelo poder Identificar as implicações dos dois modelos - dupla
Legislativo quanto pelo Executivo. Identificamos porta de entrada x porta única – para o hospital, os
também relações de disputa entre os ministérios da profissionais, os pacientes e a sociedade em geral
Saúde e da Fazenda, que atuaram de forma oposta RESULTADOS O resultado obtido que o financia-
no que se refere ao aporte de recursos para o SUS. mento nos dois hospitais é diferente pois o HC USP
Conclusão Mesmo em diferentes contextos sociais, Ribeirão Preto uma autarquia do estado de São Paulo
políticos e econômicos dos governos FHC e Lula, e recebe seus recursos diretamente da Secretaria da
o financiamento do SUS não apresentou avanços Saúde e o HC Unicamp não é uma autarquia e recebe
significativos. Isso evidencia-se na avaliação do dinheiro do Secretaria da Educação Hospitais com
percentual do PIB aplicado em saúde pelos três dupla porta de entrada consegue melhor pagar as
entes federados, a renúncia fiscal para os planos despesas com dinheiro que vem a mais da segunda
privados e a aplicação de recursos pela União, porta, mas enfrenta a divisão de dividir o hospital
que decresceu. Nesse sentido, houve um caráter entre pessoas que tem plano de saúde e pessoas que
de continuidade entre os governos FHC e Lula na utilizam o SUS. Já os hospitais sem dupla porta de
política de financiamento do SUS. Apesar de todos entrada convivem com a dificuldade de se manter
os constrangimentos impostos ao sistema, a saúde apenas com recursos do SUS. Conclusão A partir da
conseguiu preservar-se como direito social universal revisão bibliográfica e das entrevistas realizadas,
e obteve avanços, especialmente na organização dos foi possível perceber que a dupla porta de entrada
arranjos do sistema e no fortalecimento do papel do nos hospitais estudados tem duas vertentes, uma
município. A este também recaiu o peso maior na favorável e outra desfavorável. A vertente favorável
composição do financiamento. enfatiza o aporte adicional de recursos financeiros
que o hospital consegue obter a partir do atendimen-
RELAÇÕES PÚBLICO-PRIVADO NOS SERVIÇOS DE to de pacientes particulares e de planos de saúde.
ATENÇÃO À SAÚDE: ESTUDO DA DUPLA PORTA DE Já a vertente desfavorável enfatiza a ideia de que a
ENTRADA EM DOIS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS dupla porta de entrada segmenta a sociedade entre
DO ESTADO DE SÃO PAULO usuários do SUS e clientes de planos de saúde, ou
seja, entre pagantes e não pagantes, gerando uma
Maiara Cristina Luiz Caxias / Caxias, M. C. L /
discriminação no interior de um órgão público.
UNICAMP;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 141
Gênero, Raça e Etnia
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO GÊNERO E A VIOLÊN- buscou por atendimento nos serviços de saúde, não
CIA CONTRA A MULHER foi nesse local que o problema foi detectado e acom-
Dinair Ferreira Machado / Machado,D,F. / Faculda- panhado. Conclusão: A socialização do gênero pode
de de Medicina Unesp/Botucatu; Margareth Apa- influenciar nas escolhas conjugais das mulheres e
recida Santini de Almeida / Almeida, M,AP. S, de / na sua relação com o companheiro, bem como, na
Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp; Elen percepção deu uma situação de violência. Entender
Rose Lodeiro Castanheira / Castanheira, E.R.L. / essa influência possibilita aos profissionais de saú-
Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp; de desenvolver estratégias de detecção, prevenção e
Desde a década de 90 a violência contra a mulher acompanhamento dos casos.
vem se configurando como um grave problema
de saúde pública que viola os direitos humanos. A DESMISTIFICAÇÃO DA DOAÇÃO DE SANGUE
Entretanto ainda há nos meios científicos vários POR HOMOSSEXUAIS
desafios a serem enfrentados para aprimoramento Mariana Aguiar Bezerra / Bezerra, M. A. / UNESP,
das práticas, atuação e prevenção do problema, um campus de Franca;
deles se refere a questão cultural de socialização Segundo Chauí (1997, p. 118), preconceito, como a
dos gêneros. O presente estudo teve como objetivo: palavra indica, é uma ideia anterior à formação de
Identificar a influência da socialização do gênero um conceito. O preconceito é a idéia preconcebida,
na história de vida de uma mulher que superou a anterior, portanto, ao trabalho de concepção ou
violência. Método: Trata-se de uma pesquisa quali- conceitualização realizado pelo pensamento. Des-
tativa nos molde da história de vida de uma mulher te modo, os preconceitos em torno da diversidade
de 55 anos que superou a violência de gênero. Para a sexual e de gênero possuem uma dimensão maior
entrevista foi utilizado um roteiro semiestruturado do conceito de homofobia, afinal, a sociedade está
dividido nos seguintes eixos: 1) a infância e a dinâmi- marcada pelas normas as quais naturalizam a forma
ca familiar; 2) a dinâmica familiar após o casamento; de ser e geram os preconceitos. Assim, devido a esses
3) a percepção da violência e o; 4) o rompimento do mecanismos que tornam os indivíduos normaliza-
silêncio e a busca por ajuda. A entrevista teve a du- dos, fez com que haja discriminação aos homosse-
ração de 40 minutos foi gravada e transcrita. Após xuais no processo de doação de sangue. A pesquisa
a análise, as narrativas foram dividas nas seguintes tem como objetivos compreender as determinantes
categorias temáticas: 1) reconhecendo o seu papel das práticas discriminatórias sofridas pelos ho-
social na infância; 2) O projeto profissional e a mossexuais, analisar as evoluções da Portaria Nº
busca por liberdade; 3) Reconhecendo e superando 2.712, de 12 de novembro de 2013 que regulamenta
a violência e a busca pelos apoios institucionais. os procedimentos hemoterápicos quanto a abran-
Resultados: No decorrer de sua história de vida a ger os indivíduos homossexuais, e, assim, verificar
mulher passou por socialização baseada no papel de como o Serviço Social pode contribuir quanto a
submissão, que lhe atribuiu a responsabilidade pelos desmistificação desse preconceito. Está sendo re-
cuidados domésticos, dos filhos do marido, e, embora alizada pesquisa bibliográfica e documental, com
tenha alcançado um emprego estável e mantivesse o fichamento de obras de análise sobre os diversos
financeiramente a casa delegou ao homem o papel aspectos do tema tratado, pretende-se continuar
de chefe de família. Observou-se ainda que somente essa metodologia e também por meio de entrevistas
após conviver vários anos em situação de violência que serão realizadas como instrumental de coleta
a qual causou lhe sofrimento psíquico, ansiedade e de dados. Os resultados iniciais demonstram que é
depressão, decidiu romper com o silêncio e buscar necessário substituir a questão da causa da sexuali-
ajuda. Contudo, apesar das inúmeras vezes que dade para problematizar os mecanismos que tornam

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 142
os indivíduos normalizados. Observa-se também que das mulheres ao efetivar a integralidade e a equidade
devido as determinantes como a heterossexualidade na prática assistencial. Objetivo: Esse estudo busca
compulsória, a hetenormatividade, o sexismo e o analisar como as perspectivas de gênero e de direitos
patriarcalismo, colocou-se a heterossexualidade humanos são incorporadas às práticas assistenciais
como modelo político que organiza a sociedade e o na APS. Metodologia: pesquisa qualitativa, a partir
que acarretou na homofobia, lesbofobia, transfobia de entrevistas semiestruturadas com mulheres em
e no heterossexismo. Consequentemente, fez com situação de violência doméstica de gênero atendidas
que tivesse rebatimentos na Portaria Nº 2.712, de em UBS e com profissionais de saúde envolvidos
12 de novembro de 2013 que regulamenta o proces- na assistência a essas mulheres; os prontuários
so de doação de sangue, pois tal Portaria traz uma familiares também foram analisados. A pesquisa
determinação restritiva e discriminatória, mesmo aconteceu em quatro UBS da região Centro-Oeste do
não abordando diretamente questões de orientação Município de São Paulo. Resultados preliminares: os
sexual e de identidade de gênero, enquadra os do profissionais reconhecem a existência da violência,
sexo masculino, onde considera inapto temporário reconhecem a desigualdade de gênero, sugerem
por doze meses o indivíduo que teve relações sexu- às mulheres alguns serviços específicos para que
ais com outros homens. Contudo, espera-se refletir superem a violência e dão conselhos, porém, não
acerca de tal discriminação em relação aos casais integram a violência à sua ação profissional e ao
heterossexuais que também praticam o sexo anal, cuidado que prestam aos casos, mantendo a recusa
porém não estão expostos na Portaria, ademais, tecnológica à violência. As mulheres, por sua vez,
espera-se contribuir com a desmistificação da doa- esperam dos serviços apenas o cuidado aos sintomas
ção de sangue pelos os homossexuais. apresentados, ainda que reconheçam a importante
conexão entre seus sintomas e as situações de vio-
A PERSPECTIVA DE GÊNERO E DOS DIREITOS lência. Por vezes, valorizam a escuta dos episódios
HUMANOS PODEM MODIFICAR A PRÁTICA AS- de violência pelos profissionais como um cuidado
SISTENCIAL NA APS? de excelente qualidade, e, por outras, sentem-se
Maria Fernanda Terra / Terra, M.F. / FCMSCSP; compelidas pelos profissionais a tomar decisões
Ana Flávia Pires Lucas d‘Oliveira / d‘Oliveira, com as quais não parecem concordar. Conclusões:
A.F.P.L. / FMUSP; necessidade de reconhecer a violência como um
marcador de desigualdade e repensar as práticas
O problema da violência contra as mulheres foi de-
da APS de modo a promover saúde integral, garantir
nunciado pelo movimento feminista como violação
direitos e uma vida com qualidade.
dos direitos das mulheres e uma questão de gênero.
Houve, nos últimos trinta anos, o estabelecimento
de políticas públicas e leis que buscam garantir a ANÁLISE DOS DOCUMENTOS NORTEADORES DA
assistência às mulheres a partir da estruturação de ASSISTÊNCIA EM PLANEJAMENTO FAMILIAR NA
uma rede de serviços que inclui o setor de saúde. Há, ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE
porém, dificuldades para a violência doméstica de Luana Barbosa Barros / Barros, L.B. / FCMSCSP;
gênero ser reconhecida enquanto um problema do Maria Fernanda Terra / Terra, M.F. / FCMSCSP;
campo da saúde e incorporada como parte das inter- AA discussão acerca da contracepção e dos direitos
venções em saúde. A exclusão desse tema do campo sexuais e reprodutivos é essencial para a assistência
das práticas em saúde obstaculiza o cuidado integral na APS. Para tanto, faz-se necessária a elaboração
por reduzir as queixas das mulheres a alterações no e uso de protocolos norteadores da assistência aos
corpo ou na mente”, limitando o problema a uma profissionais, para que utilizem a mesma linguagem
patologia e a uma situação individual; ação que é e atuem na perspectiva da garantia dos direitos para
parte da medicalização que banaliza, naturaliza e in- apoiar a construção da autonomia dos indivíduos.
visibiliza a violência sofrida pelas mulheres. A APS Objetivos: Verificar a existência e o enfoque de pro-
tem potência para reconhecer a condição social dos tocolos norteadores de consultas e grupos no tema
problemas de saúde e promover a qualidade de vida da contracepção nos documentos oficiais produzidos

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 143
pelo MS. Métodos: Pesquisa descritiva, explorató- Amanda Philippsen / Philippsen, A. / UNIVALI;
ria qualitativa a partir da análise de documentos Maykon Alisson Povidaiko de Souza / Souza, M. A.
norteadores oficiais produzidos pelo MS dirigidos P. / UNIVALI; José Roberto Bresolin / Bresolin, J. R.
à assistência em contracepção. Resultados: Foram / UNIVALI;
analisados 3 documentos norteadores oficiais pro- A saúde dos homens tem sido alvo de preocupação
duzidos pelo MS. Os documentos encontrados foram nos serviços de saúde atualmente, inclusive como
nominados como: DOC1 (Brasil. Assistência integral objeto de políticas públicas e de várias investiga-
à saúde da mulher: bases de ação programática; ções. O presente trabalho tem como objetivo conhe-
1984); DOC2 (Brasil. Assistência em Planejamento cer a percepção dos estudantes do sexo masculino
Familiar: Manual Técnico; 2002) e DOC3 (Brasil. dos cursos da área da saúde em uma universidade
Saúde sexual e saúde reprodutiva; 2013). Os docu- comunitária no estado de Santa Catarina sobre a
mentos mais recentes (DOC2 e DOC3) são aqueles saúde dos homens. Este é um estudo exploratório,
que apresentam protocolos para orientar a prática onde os sujeitos responderam a um questionário
dos profissionais na assistência em contracepção; estruturado, onde foram abordados 266 estudantes
problematizam essa temática como ação não es- dos cursos de Biomedicina, Educação Física, Enfer-
pecífica do pré-natal, apesar da ligação e relação magem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia,
direta entre as duas temáticas. Com a evolução da Medicina, Nutrição, Odontologia e Psicologia. Para
necessidade de uma abordagem assistencial focada definição da amostra, foi adotada a técnica de amos-
na garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, tragem probabilística. Os sujeitos de pesquisa são na
houve uma mudança no conteúdo do documento sua maioria, jovens, solteiros e sem filhos. Os resul-
mais atual que é o DOC3. A mudança da abordagem tados demonstraram que cerca de 40% apresentam
entre os protocolos se apresenta do seguinte modo: alguma atividade de trabalho. O número de homens
enquanto no DOC2 as orientações sobre os métodos matriculados nos cursos da área da saúde é inferior
estavam descritas na temática da anticoncepção, no ao número de mulheres. Com exceção dos estudantes
DOC3 a mesma abordagem se apresenta descrita do curso de Educação Física, a maioria dos sujeitos
no tema práticas educativas em saúde sexual e re- entrevistados apresentam plano de saúde, variando
produtiva, ou seja, a garantia dos direitos se coloca de 87% para os estudantes de Odontologia até 34%
como um tema de educação em saúde e não apenas dos estudantes de Educação Física.A grande maioria
da assistência individual. Considerações Finais: A dos entrevistados relatam que os homens cuidam
contracepção é parte integrante do conjunto de ações menos da saúde que as mulheres. Relatam ainda que
de atenção à mulher, ao homem e/ou ao casal, para frente a um problema de saúde procuram um médico
tanto, deve-se considerar o contexto de vida de cada particular ou conveniado ou então, buscam ajuda em
pessoa, as desigualdades de gênero na sociedade e a um pronto socorro. A grande maioria responde que
necessidade de garantir direitos acerca da tomada de a maior dificuldade encontrada quando precisou
decisão sobre a reprodução sem discriminação, coer- procurar um serviço de saúde, foi o longo período
ção ou violência. Além disso, mostra-se necessário de espera, tanto para o setor público como para os
que a discussões sobre os métodos contraceptivos que apresentam plano de saúde. Concluímos que as
superem a ação específica do Planejamento Fami- diferenças entre homens e mulheres são percebidas
liar, para ação de educação sexual e reprodutiva, pelos estudantes, principalmente no que se refere ao
permitindo o acesso por todos, mesmo entre os cuidado com a saúde e ao uso dos serviços de saú-
adolescentes. de, e ainda que, ao falar de saúde os entrevistados
puderam refletir sobre sua futura prática profissio-
CONCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DO SEXO MAS- nal. Nota-se a importância de que ainda durante a
CULINO, MATRICULADOS EM CURSOS DA ÁREA graduação se assegure a reflexão sobre o modo de
DA SAÚDE SOBRE A SAÚDE DOS HOMENS pensar saúde que leve em conta aspectos de gênero.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 144
CONSTRUÇÃO DA LINHA DE CUIDADOS DA taria de políticas para as mulheres do município e
MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NA CO- iniciamos uma capacitação em direitos sexuais e re-
ORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE SUDESTE produtivos em todas as supervisões de saúde da CRS.
DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO – O DESAFIO DE Ainda iniciamos como parte de um mesmo plano de
construção de redes e desenvolvimento da linha de
NADAR CONTRA A CORRENTE
cuidado a retomada do atendimento ao aborto legal.
Karina Barros Calife Batista / Calife, Karina;
Entendemos esta como uma Potente iniciativa, que,
Batista, KBC / SMS e dep preventiva da FMUSP;
entretanto enfrenta dificuldades, que não acontecem
Elaine Oliveira / Oliveira, Elaine / SMS; Ana Lucia
na oferta de cuidado em outras áreas da assistência,
Paioni Baptista / Baptista, ALP / SMS; Halana fa-
demonstrando uma quebra entre o que deveria ser
ria / Faria, H / SMS; Karina Calife / Calife, Karina
ofertado em produção de cuidado e o que de fato se
/ SMS FMUSP; Robinson Camargo / Camargo, RF
oferta a partir dos valores constituídos pelos sujei-
/ SMS;
tos envolvidos. Apesar disso, esta experiência tem
A violência contra a mulher é atualmente reconhe-
potencial multiplicador e acontece nas supervisões
cida como um importante problema de saúde. Sua
de saúde, com resultados e narrativas positivas das
prevalência é muito elevada: nos serviços de atenção
usuárias atendidas.
primária, na região metropolitana de SP, 49,6% das
usuárias de serviços públicos de saúde relataram
CONTEXTOS DA INICIAÇÃO SEXUAL FEMININA E
violência física e 26% violência sexual por algum
agressor durante a vida (Schraiber,LB;D’Oliveira,
AS QUATRO DÉCADAS DA EPIDEMIA HIV/AIDS:
AFPL, 2007). A percepção de campo de atuação em APORTES DE UM ESTUDO TRANSVERSAL COM
violência na saúde como uma atividade passível de MULHERES USUÁRIAS DOS SERVIÇOS ESPECIALI-
ação de seus profissionais cresceu muito (Batista, ZADOS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
KBC, 2003; Minayo, C, 2003; Hanada, H; D‘Oliveira, Jefferson Santos Pereira / Pereira, J.S / FSP/USP;
AFPL , Schraiber, LB, 2008). A Coordenadoria de Saú- Regina Maria Barbosa / Barbosa, R.M / NEPO/
de Sudeste em SP conta com 2.700.000 habitantes UNICAMP; Adriana Pinho / Pinho, A / IOC/FIO-
em 5 Supervisões de Saúde e 8 Subprefeituras. A rede CRUZ; Cristiane S. Cabral / Cabral, C.S / FSP/USP;
de saúde é complexa, com 205 serviços distribuídos Introdução: Este trabalho tem como objetivo identi-
em 93 UBS, 31 AMAs, 122 Equipes/ESF, 8 Amb Es- ficar as diferenças geracionais relativas a iniciação
pecialidades, 31 CAPS e 6 CER. Além de 5 hospitais sexual feminina, tendo como contexto mais amplo
municipais, 7 Estaduais e 1 Federal. A importância as mudanças que a epidemia trouxe para o cenário
de constituição de uma rede de serviços que arti- da gestão da sexualidade nestas últimas quatro dé-
culem seus vários pontos de atenção para produzir cadas. Os estudos sobre o início da vida sexual são
o cuidado com qualidade tem se constituído um relativamente recentes no Brasil, tendo seu início a
grande desafio em nossa gestão local. Dentre estes partir da década de 90. A compreensão das mudanças
serviços está o Hospital do Jabaquara um dos 1os a e contradições no que tange a iniciação sexual de
realizar o aborto previsto em lei e que não o fazia diferentes gerações ainda é uma lacuna na literatura
há 8 anos. Reconhecendo a importância do tema específica. Métodos: Este trabalho utiliza os dados
e a responsabilidade de intervir enquanto gestão referentes a uma investigação quantitativa de corte
no acolhimento as mulheres numa perspectiva transversal, sobre aspectos da saúde sexual e repro-
de gênero e constituição do direito, iniciamos um dutiva de mulheres vivendo com HIV/Aids (MVHA).
processo de sensibilização, visibilidade dos casos Trata-se da pesquisa GENIH (Gênero e infecção pelo
e acolhimento das mulheres na CRS. Várias ações HIV: estudo sobre práticas e decisões relativas à
foram realizadas: fizemos parcerias com univer- saúde sexual e reprodutiva”) – estudo que vem sendo
sidades como a faculdade de medicina da USP e a conduzido desde 2013 no município de São Paulo com
UNICAMP com pesquisas que tentaram entender amostra representativa de MVHA, com idade entre 18
como os nossos serviços lidavam com a questão. Ao e 49 anos, usuárias dos serviços públicos de saúde. O
mesmo tempo, fizemos uma parceria com a secre- foco deste trabalho é o exame do momento da inicia-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 145
ção sexual feminina, considerado evento biográfico Foram realizadas entrevistas semiestruturadas,
significativo e de fácil rememoração para mulheres audiogravadas, que depois foram transcritas e ana-
de diferentes gerações. Resultados: O trabalho de lisadas. Um total de dez homens, com idades entre
campo foi recentemente encerrado e, portanto, o 20 e 55 anos, todos empregados nos mercado formal
estudo encontra-se na fase de finalização do banco de trabalho, foram entrevistados entre novembro
de dados. Análises exploratórias específicas serão re- de 2014 e março de 2015. Resultados: A prevenção
alizadas com o intuito de compreender certo percurso em saúde, não ocupa um lugar de importância con-
da epidemia de HIV/AIDS e seus entrelaçamentos creta nas ações cotidianas: Na saúde, de prevenção
com questões relativas à esfera da sexualidade e mesmo, eu acho que há muito tabu por parte dos
do gênero, sobretudo no que concerne à população homens” (M-03). A maioria dos entrevistados decla-
feminina. Conclusão: Um breve levantamento do rou não ter o hábito de fazer prevenção em saúde.
quadro evolutivo da epidemia HIV/AIDS nos revela Quando questionados a respeito das razões do não
diferenças tanto quantitativas, quando observamos encontro entre o que consideravam saúde ideal”
as mudanças no perfil epidemiológico dos que estão e suas práticas efetivas no sentido de mantê-la,
diretamente afetados pelo HIV, quanto qualitativas, responsabilizaram a rotina do trabalho e cotidia-
sobretudo quando são discutidas questões sociais na. Às vezes, eu te falo, muito trabalho, às vezes [o
pelo prisma de gênero, religião, intervenções po- indivíduo] tá cansado e não quer procurar a saúde,
líticas nos programas de prevenção e controle da acha que tá bem (...)” (G-03). Além disso, alguns dos
epidemia, por exemplo (Sheffer; Rosenthal, 2009). homens mencionaram o estresse da vida urbana,
Os desafios e as perspectivas se transformaram ao as próprias condições do trabalho – principalmente
longo do tempo, e os números expressam apenas uma os que trabalham com transporte, e a dinâmica da
parte do cenário social em que se apresentam (Terto vida, dentre outros: Se eu tivesse um trabalho, que
Jr., 2002). Assim, espera-se contribuir para o debate tivesse na minha casa, uma rotina de ter horário,
sobre a relação entre vulnerabilidade e práticas de tipo que comece das oito até o meio dia, depois das
cuidado à saúde, em particular as referentes à saúde duas até às seis da tarde e tivesse tempo, eu seria o
sexual e reprodutiva das mulheres. primeiro a ir [fazer a prevenção em saúde]” (M-01).
Nesse sentido, nota-se que há um distanciamento
NA SAÚDE, DE PREVENÇÃO MESMO, EU ACHO entre o que os homens realmente pensam, compre-
QUE HÁ MUITO TABU POR PARTE DOS HOMENS endem em termos de prevenção em saúde e o que de
– OS SENTIDOS DE PREVENÇÃO EM SAÚDE PARA fato executam. Conclusão: É preciso mostrar o quão
HOMENS fundamental seria haver uma mudança no modelo
hegemônico de socialização masculina. Fomentar
Maria Joselice Reis de Macedo / Macedo, MJR /
na sociedade a discussão sobre a importância da
Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM;
Claudia Valença Fontenele / Fontenele, CV / Uni- adesão a novas práticas educativas e socializantes
versidade Presbiteriana Mackenzie - UPM; que ajudem a construir outras formas de cuidado.
Com isso, paulatinamente seria possível reverter
Introdução: A pesquisa investigou como a masculini-
esse distanciamento que geralmente o homem tem
dade se materializa como um agrupamento de ações,
no que diz respeito à saúde e ao autocuidado.
valores, condutas que se espera como desempenho
e performances do homem nos diversos contextos
sociais e culturais, segundo a discussão das teorias
O ATENDIMENTO À SAÚDE DOS HOMENS NA
de gênero (GOMES, 2008). Nesse estudo buscou-se UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR E COMUNITÁRIA
fomentar a discussão das peculiaridades dos gêne- EM ITAJAÍ (SC)
ros, no que diz respeito aos sentidos de prevenção Amanda Carolina Daroci / Daroci, A. C. / UNIVALI;
em saúde. Objetivo: A pesquisa buscou identificar e Bruna Santos Santana / Santana, B. S. / UNIVALI;
descrever os sentidos da prevenção em saúde para José Roberto Bresolin / Bresolin, J. R. / UNIVALI;
os homens. Método: Utilizou-se uma investigação Nos últimos anos os homens passaram a ser foco
qualitativa e de caráter exploratório, descritivo. dos serviços de saúde. O Brasil é o primeiro país

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 146
Latino Americano a implantar uma política nacional categorias encarceramento das mulheres, delitos
de atenção à saúde do homem, que foi implantada de gênero”, visita íntima e o controle do exercício
pelo Ministério da Saúde em 2008, objetivando fa- da sexualidade dentro do cárcere”. Resultados: o
cilitar e ampliar o acesso dos homens aos serviços poder punitivo se expressa a partir de um complexo
de saúde, e com isso contribuir para a redução das sistema de custódia que as vigia, reprime e encarcera
causas de morbidade e mortalidade. Este trabalho (na casa, convento ou penitenciária), e aplica às mu-
teve por objetivo analisar percepções atribuídas lheres diferentes penas acessórias (desde restrições
por usuários homens ao atendimento recebido na alimentares, limitações de gestualidade, mantê-las
Unidade de Saúde Familiar Comunitária da Univali algemadas durante o parto ou privá-las do exercício
(USFC) - Itajaí (SC). Esta é uma pesquisa de abor- da sexualidade). A condenação das mulheres que
dagem qualitativa onde os dados foram coletados cometem crimes não é neutro. O aumento do encar-
em entrevistas semi-estruturadas e analisados ceramento feminino ocorre ao lado da feminização
com base na Análise de Conteúdo de Bardin. Foram da pobreza, haja vista que as mulheres têm menos
entrevistados oito usuários residentes na cidade de oportunidades de acesso à propriedade de capital
Itajaí, com escolaridade bastante variada, um grupo produtivo e trabalho remunerado ou capacitação,
heterogêneo quanto escolaridade, naturalidade e sendo-lhe reservado o espaço privado e, aos homens,
estado civil. Os resultados demonstraram que os o espaço público. Apesar da igualdade formal entre
usuários buscam atendimentos humanizados e homens e mulheres, ainda há tipos penais de sub-
acolhedores e ainda que apresentem resolutividade, sunção exclusiva das mulheres e outros que, embora
ou seja qualidade técnica. Conclui-se que os homens não se refiram às condutas exclusivas delas, as têm
tendem a procurar auxílio médico somente quando encarcerada de forma massiva. Assim, este cenário
realmente precisam e que tem consciência de que de crescente e maciço encarceramento feminino pelo
esta é uma característica a ser mudada, os horários tráfico de drogas acompanha a realidade histórica vi-
de atendimento propostos são fatores que influen- vida pelas mulheres na qual as condutas criminosas
ciam na satisfação do paciente. Buscam serviços femininas não podem ser consideradas em absoluto
que resolvam rapidamente seus problemas de saúde. isentas de estereótipos de papéis sexuais, visto que,
comumente, elas ocupam espaços subalternos na
O CONTROLE ESTATAL DA SEXUALIDADE DAS dinâmica do tráfico e sua atuação é relacionada à
MULHERES ENCARCERADAS atuação do companheiro ou de outra figura mascu-
Rute Alonso da Silva / Silva, R.A. / Centro de Cida- lina. A problematização de tais contextos é colocado
dania LGBT - MSP; Maria Fernanda Terra / Terra, à saúde a necessidade de reconhecer os marcadores,
M.F. / FCMSCSP; principalmente de gênero e raça como fundamentais
para se pensar em planos assistenciais à essas mu-
A mulher presa é abandona por familiares e pelo
lheres, para além do papel de reforçar estereótipos
Estado. Esse esquecimento” pode se alicerçar na
e violar os direitos no campo da saúde.
argumentação de que a população carcerária fe-
minina é inferior à masculina. Um dos dilemas da
mulher no sistema penitenciário é a ruptura com PARTO E NASCIMENTO ENTRE OS PANKARARU:
o modelo patriarcal no qual ela deveria ser frágil, ESTUDO DE CASO ENTRE UMA POPULAÇÃO IN-
dócil e desempenhar seu papel de cuidadora da DÍGENA
família e da casa. A maioria dos estabelecimentos Andrea Cadena Giberti / Giberti, A. C. / FSP/USP;
penais destinados às mulheres não são adaptados Introdução Esta apresentação baseia-se em pesquisa
às suas necessidades, como a falta de creches ou realizada entre a população indígena Pankararu de
berçários para as crianças, ou ações que apoiem a Pernambuco, de aproximadamente 8 mil habitantes
ressocialização Objetivo: analisar o poder discipli- localizados no sertão, em território de aproximada-
nar do Estado sobre o exercício da sexualidade das mente 14 mil hectares. Mantendo grande contato
mulheres encarceradas, numa perspectiva de gêne- com a sociedade envolvente, inclusive com fluxos
ro. Metodologia: análise bibliográfica a partir das migratórios para São Paulo, os Pankararu praticam

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 147
rotineiramente rituais próprios em que mantêm SH / Instituto de Saúde SES SP; Regina Figueiredo
contato com seres sobrenaturais, além de diversos / Figueiredo R / Instituto de Saúde SES SP; José
cuidados corporais com o intuito de obter saúde. Ruben de Alcântara Bonfim / Bonfim JRA / Institu-
Objetivo O objetivo deste trabalho foi compreender to de Saúde SES SP;
como se dá entre os Pankararu o Processo de Nas- Introdução:No Brasil, o percurso de conquistas
cimento, tratando principalmente dos cuidados e em Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos foi
itinerários a ele associados, a partir da experiência obtido inicialmente pela inclusão de direitos de
de algumas mulheres indígenas. Para tal objetivo foi assistência à saúde das mulheres, sob a concepção
feito o exercício de compreender o contexto e cultura de Direitos Reprodutivos e, posteriormente, com a
indígena locais, considerando suas relações com os inclusão das reivindicações dos movimentos sociais
encantados (espíritos ancestrais) e com os sistemas homossexuais masculinos e femininos e da luta
oficiais de saúde disponibilizados pelo Estado. contra a aids, foram também incorporados a este os
Método Para esta pesquisa foi utilizado o método Direitos Sexuais nas políticas públicas (Figueiredo
etnográfico por meio da observação participante e de & Bastos de Paula, 2009; Osis, 1998). Discute-se os
entrevistas semiestruturadas que viabilizaram apre- avanços da legislação brasileira em saúde sexual e
ender alguns dos saberes locais dessa população, reprodutiva com ênfase na atenção a contracepção
relacionados ao parto e nascimento. Resultados No de emergencia e ao aborto seguro, como fator de
contexto Pankararu o nascimento envolve tanto os dignidade humana. Método: Estudo com base em
conhecimentos e práticas biomédicas e indígenas, análise documental nas atividades legislativas no
como a utilização de remédios do mato, passar pelo âmbito federal do Brasil formuladas entre os anos
atendimento pré-natal, a realização do parto domici- 2005-2014 que abordavam temas relacionados com
liar ou hospitalar, além do batizado em casa, funda- aborto seguro. Resultados: Observou-se que esses
mental para que as crianças tenham saúde. Embora projetos tiveram origem em grupos religiosos que
a maioria das mulheres da população tenha seus atuam com o propósito de restringir ou obstruir o
filhos nos hospitais, especificamente nas aldeias acesso do direito ao aborto legal, a inibição de ações
estudadas a maioria delas tem seus filhos em casa, de pessoas e entidades que promovem a defesa do
graças à atuação das parteiras locais. Houve relatos direito ao aborto, ou visando aumentar a punição
de frustração com a qualidade do atendimento hos- diante de situações de aborto ilegal provocado.
pitalar e casos de violência obstétrica, o que levou a Considerações: Tendo por base a categoria gênero e
algumas mulheres a optarem pelo parto domiciliar o princípio da equidade e o acesso à saúde da popu-
na gravidez seguinte. Uma das razões para isso é lação, numa visão de direitos humanos, discute-se
também a maior possibilidade de cuidados com o a interferência constante e atual que tais grupos
corpo conforme a cosmologia Pankararu, que indica realizam para deter ou reverte conquistas consoli-
o resguardo pós-parto para controle da dona-do- dadas e recomendações internacionais e nacionais
-corpo. Conclusão É preciso que as Equipes de Saúde que visam garantir e ampliar os direitos sexuais e
Indígena respeitem e incorporem os conhecimentos reprodutivos.
e práticas indígenas no dia-a-dia da assistência, para
que se permita a mulher escolher seus cuidados com SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA: CONTRIBUIÇÕES
base no que melhor lhe atenda. O parto domiciliar PARA A QUALIFICAÇÃO DE PRÁTICAS EM SAÚDE
precisa ser assumido como uma opção, sendo incluí- NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
do nos momentos de conversa durante os pré-natais, Paula Vieira / Vieira, P. / Escola de Enfermagem da
inclusive para que se possa atentar a mulheres que USP; Celia Maria Sivalli Campos / Campos, C.M.S.
tenham alguma contraindicação. / Escola de Enfermagem da USP;
Introdução: O objeto deste estudo é o projeto de
POLÍTICA E TENTATIVAS DE RETROCESSO EM DI- educação permanente Questão Étnico-Racial e
REITOS DE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA Direito à Saúde: Qualificando Práticas”. Diversos
Silvia Helena Bastos de Paula / Bastos de Paula estudos apontam a presença e persistência das

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 148
desigualdades raciais na sociedade brasileira ao esse evento e as relações de poder envolvidas no
longo de décadas. Na saúde o racismo também opera mesmo. Num viés histórico confrontamos os suicí-
e atua diretamente sobre o processo saúde e doença dios femininos da Antiguidade Clássica e os atuais.
e sobre as formas de adoecer e de morrer, o que é A proposta é interdisciplinar, ou seja, unir duas
explicitado pelos piores indicadores de saúde na perspectivas de áreas aparentemente distintas:
população negra quando comparados a população uma ligada às questões de gênero e a permanência
branca, como precocidade dos óbitos, altas taxas de de traços culturais da Antiguidade na sociedade
mortalidade materna e infantil, maior prevalência atual, e outra sobre a essência transgressora do
e agravamento de doenças crônicas e infecciosas. suicídio na atualidade. Dentro dessas duas linhas, o
A Política Nacional de Saúde Integral da População recorte estabelecido é a semelhança existente entre
Negra (PNSIPN) é uma política pública do Minis- as mulheres e as relações de poder da Antiguidade
tério da Saúde, que em sua essência reconhece Clássica, retratadas nas tragédias, e as mulheres
que as condições de vida da população negra são contemporâneas na concepção de suas mortes vo-
resultantes de injustos processos sociais, culturais luntárias. Descrição Na cultura ocidental e oriental
e econômicos que reiteradamente impõe à essa encontramos relações entre problemas de saúde
população a presença nos extratos sociais mais e feminilidade estabelecida através das conexões
pobres e de condições mais precárias. Publicada com: pés atados, espartilhos, salto alto, desordens
em 2009, ainda encontra diversos entraves para a alimentares, argolas no pescoço, entre outras.
sua implementação. Objetivos: descrever e analisar Ousamos outra articulação com a feminilidade e
o projeto de educação permanente Questão Étnico- o sofrimento: o suicídio. Nossa proposta é fazer al-
-Racial e Direito à Saúde: Qualificando Práticas” gumas reflexões a respeito do suicídio e de como as
mulheres engendram suas mortes voluntárias, pois
desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde de
acreditamos que a feminilidade enseja nuances na
São Paulo em 2011. Metodologia: estudo qualitativo
elaboração do ato suicida. Para tal tomamos alguns
descritivo analítico, com coleta de dados a partir de
suicídios femininos das tragédias gregas e relatos
documentos diversos relativos ao projeto, desde o
de experiência na atenção em saúde mental na pós-
seu desenvolvimento até a elaboração de planos de
venção a casos de tentativa de suicídio feminino e
ação desenvolvidos pelo total de 218 trabalhadores
suicídios femininos consumados. Lições Aprendidas
concluintes e qualificados pelo projeto. Os dados se-
e Recomendações. No padrão de morte ocidental te-
rão sistematizados, analisados e categorizados à luz
mos o evento da morte como algo discreto, privado,
das categorias políticas estatais e necessidades de
íntimo, hospitalar, higienizado e controlado tecnica-
saúde. Resultados Parciais: Estudo em andamento,
mente. O suicídio em si é uma forma de transgressão
em fase de coleta e análise de dados. Até a elaboração
ao tabu da morte, pois desorganiza e rompe todo
deste resumo, identificou-se a elaboração de 52 tra- aparato que envolve a morte em nossa sociedade. O
balhos regionais contendo diagnóstico local e plano suicídio feminino marca uma dupla transgressão:
de ação, estando distribuídos em torno dos temas: à morte domesticada da modernidade e ao padrão
educação permanente (16), estudos específicos (13), de feminilidade. Após estas descrições de cenas
quesito cor (10), racismo institucional (9) e doenças suicidas, retomemos os adjetivos dados às mulheres
falciformes (4). suicidas pela biomedicina: desejo de chamar a aten-
ção para si, traços histéricos, variações hormonais,
SUICÍDIO, FEMINILIDADES E RELAÇÕES DE PODER volatilidade de conduta, impulsividade, emotividade
Fernanda cristina Marquetti / Marquetti, FC / excessiva, falta de racionalidade e pragmatismo.
Unifesp; Flávia Regina Marquetti / Marquetti, FR Contestamos esta perspectiva considerando que o
/ Unesp; suicídio é a única forma de morte contemporânea
Resumo de relato de experiência Caracterização do que expõe sua subjetividade ao mundo e, no caso
Problema Este trabalho discute o suicídio feminino feminino, talvez, seja uma das poucas possibilidades
a partir das relações de gênero que circunscrevem de fuga, como ocorria na Antiguidade.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 149
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: QUESTÕES DE mulheres em situação de violência aos profissionais
JUSTIÇA E SAÚDE da rede de atendimento, é de suma importância,
Andrea Silveira Machado Pierine / Pierine, A.S.M para que estes consigam trabalhar a prevenção, a
/ Programa de Pós Graduação em Saúde Coleti- detecção e promoção por meio de um atendimento
va – FMB/UNESP de Botucatu; Dinair Ferreira humanizado, possibilitando assim a ampla visão
Machado / Machado, D.F / Departamento de Saúde do processo saúde doença de mulheres em situação
Pública – FMB/UNESP de Botucatu.; Margareth de violência.
Aparecida Santini de Almeida / Almeida, M.A.S /
Departamento de Saúde Pública – FMB/UNESP de VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR E AS REPRESENTA-
Botucatu.; Elen Rose Lodeiro Castanheira / Casta- ÇÕES SOCIAIS DO HOMEM AGRESSOR
nheira, E.R.L / 4Departamento de Saúde Pública Vannucia Karla de Medeiros Nóbrega / Nóbrega,
– FMB/UNESP de Botucatu; V. K. M. / UFG/RC; Nayanna Cristina Ferreira
Introdução: A prática de violência é considerada de Souza / Souza, N. C. F. / UFG/RC; João Mário
um problema social, histórico e de saúde publica, Pessoa Júnior / Pessoa Júnior, J. M. / UFRJ; Fran-
passando a ser crime com a Lei Maria da Penha cisco Arnoldo Nunes de Miranda / Miranda, F. A.
11.340/06. A lei preconiza o caráter intersetorial N. / UFRN; Ângela Aparecida de Oliveira Arruda /
das ações e assistência à mulher em situação de Arruda, Â. A. O. / UFG/RC; Inaina Lara Fernandes
violência, devendo ser prestada de forma articulada, / Fernandes, I, L. / UFG/RC; Ronny Anderson de
conforme os princípios e as diretrizes previstos no Oliveira Cruz / Cruz, R. A. O. / UFPB;
SUS, SUAS (Sistema Único de Assistência Social) e Introdução: Entendemos que a violência intrafa-
Segurança Pública. Objetivos: Identificar as vulne- miliar não se resume aos espaços domésticos e
rabilidades que influenciam na violência de gênero domiciliares apenas, mas diz respeito às relações de
por parceiro íntimo. Métodos: Trata-se de um estudo socialização entre os membros da família, expres-
quantitativo que analisou dados de boletins de ocor- sando dinâmicas de poder/afeto, subordinação/do-
rências lavrados na Delegacia de Defesa da Mulher minação. Discutimos aqui a violência intrafamiliar
de um município do interior Paulista, no período de como uma das formas de violência contra a mulher
abril de 2013 a abril de 2014. Os dados levantados perpetrada pelo companheiro, independente se o
referem-se a: idade, profissão, escolaridade, estado agressor esteja ou não compartilhando o mesmo
civil, tempo de agressão sofrida, descrição do ato, domicílio. Objetivos: Apreender as representações
para as vítimas, e para os agressores: uso de álcool e sociais do comportamento agressivo do homem sob
outras drogas, idade, profissão, escolaridade e esta- a ótica da mulher agredida. Metodologia: Trata-se de
do civil. Resultados: Foram analisados até o momen- um estudo de caráter descritivo, exploratório e re-
to 520 boletins de ocorrência com média de 40 casos presentacional. Optamos, como cenário o Centro de
mensais, às denúncias realizadas nos plantões aos Referência à Mulher Cidadã, Natal/RN. Os critérios
finais de semana revelaram encaminhamentos aos de seleção das participantes foram: mulheres que
Prontos Socorros, prisão em flagrante, uso abusivo viveram/vivem situações de violência intrafamiliar;
de álcool e outras drogas, e um alto grau de violên- com vínculo afetivo ou de parentesco com o agressor;
cia física, bem como o envolvimento da família nos que estejam em condições psicológicas e emocionais
conflitos. A identificação das vulnerabilidades das adequadas à realidade; que estejam sob proteção
mulheres que lavraram os boletins de ocorrência ou atendidas pelo serviço acima relacionado; cujo
possibilitará aos serviços da rede de atendimento agressor seja do sexo masculino. Os instrumentos
SUS, SUAS e Segurança Publica, a reorganização de de coleta foram: questionário e Desenho-Estória
suas práticas a construção de estratégias de detec- (DE). Para análise dos dados optamos pelo softwa-
ção e acompanhamento das mulheres e a articulação re ALCESTE conjugado à análise de edição. Foram
rede de serviços garantindo a intersetorialidade investigadas 20 mulheres em situação de violência
das ações. Conclusão: A realização de estudos que intrafamiliar, cujo autor das agressões era o marido/
explicitem e aproximem as vulnerabilidades das companheiro. Resultados: Identificamos que 70%

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 150
(n=14) dos homens com comportamento agressivo possível atenuação da pena caso, como réu, seja
apresentavam igualmente histórico familiar de condenado. Objetivo: Em termos gerais, o presente
violência e relações familiares fragilizadas. No que trabalho se propõe a refletir sobre as contribuições
tange às condições físicas e emocionais do agressor relatadas pelos sujeitos da pesquisa à participação
na hora da violência, 50% (n=10) desses homens, in- dos mesmos em um Grupo Reflexivo e os significa-
dependente do uso do álcool, apresentavam frequen- dos atribuídos pelos mesmos a essa vivência para
temente comportamento agressivo, impaciência e suas relações afetivo-conjugais e desconstrução
humor imprevisível, frente a uma contrariedade, de estereótipos de gênero. Método: A pesquisa foi
preocupação ou aborrecimento. Constatamos que as de natureza qualitativa, na perspectiva da historia
mulheres foram vítimas de todos os tipos de violên- oral do tipo temática. Foram realizadas entrevistas
cia, todavia, a psicológica prevaleceu em 100% dos em profundidade, mediante roteiro temático, com
casos. O ALCESTE categorizou os dados em três clas- sete homens denunciados pela Lei Maria da Penha,
ses: O aprisionamento da mulher; A violência e suas que participaram de Grupo Reflexivo realizado na
significações; A ruptura do ciclo violento. Conclusão: cidade de São Paulo. As falas foram transcritas e
Evidenciamos que as representações sociais do ho- interpretadas à luz da literatura sobre violência, gê-
mem agressor, a partir da mulher agredida, estão nero e masculinidades. Resultados e Discussão: Na
ancoradas nos papéis sociais do homem na família chegada ao grupo os homens relatam sentimento de
e na sociedade, configurando-se num modelo de estranhamento e não pertencimento por não se iden-
masculinidade dominante. E objetivam-se, a partir tificarem como autores de violência, ou seja, como
da reprodução do que já é conhecido e/ou vivenciado agressores ou criminosos. Pela característica aberta
pelos homens agressores no âmbito familiar, como e de fluxo contínuo do Grupo Reflexivo, a partir do
repetições de comportamento. segundo encontro nossos entrevistados passam a
identificá-lo como rico espaço de interlocução e a
VIVÊNCIA DE HOMENS AUTORES DE VIOLÊNCIA atribuir sentido às suas participações no mesmo.
CONTRA A MULHER EM GRUPO REFLEXIVO: ME- Foram identificadas mudanças em relação às suas
MÓRIAS E SIGNIFICADOS PRESENTES concepções acerca da violência contra a mulher,
Tales Furtado Mistura / Mistura, T. F. / FSP - USP; inicialmente atribuída somente a agressões físicas
Augusta Thereza de Alvarenga / Alvarenga, A. T. / graves, assim como novos posicionamentos frente
FSP - USP; aos conflitos afetivo-conjugais e de gênero. Antes
Introdução: No Brasil, a promulgação da Lei Maria naturalizados, tais conflitos passaram a ser entendi-
da Penha (11.340/2006) representa conquista do dos como marcadores da ocorrência de violência em
movimento das mulheres e avanço na busca de potencial e risco de denúncia. Considerações Finais:
tratamento da violência contra a mulher como re- A presente pesquisa permite evidenciar a grande
levante problema social e de saúde pública. Dentre contribuição que os grupos reflexivos podem pro-
os desafios à implementação da Lei a participação piciar à desconstrução dos estereótipos de gênero e
em Grupos Reflexivos tem se apresentado, a título da masculinidade hegemônica, em nossa sociedade,
de experiência, como estratégia de encaminha- por possibilitar aos homens novo entendimento
mento jurídico aos homens denunciados como acerca do significado da Lei Maria da Penha e da
autores de violência, que optam voluntariamente sua importância no combate a prática da violência
pela participação nos mesmos como indicativo de contra as mulheres.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 151
Gestão em Saúde
A EDUCAÇÃO PERMANENTE DO TERRITÓRIO nos processos de trabalho. O espaço é articulado
COMO DISPOSITIVO DE GESTÃO PARA A INTE- predominantemente pelos apoiadores e facilitadores
GRALIDADE DO CUIDADO de território, orientadora de aprendizagem. Proble-
Rita de Cássia Lazoski Araújo / Araújo, R.C.L. / mas do cotidiano e que afetam na organização dos
FMABC; Francini Bianca Domingues Gamba / serviços sejam para dentro deles, ou em conexão com
Gamba, F.B.D. / Secretaria Municipal de São Ber- a rede são trazidos para esse espaço. Assim, juntos
nardo do Campo; Mawusi Ramos da Silva / Silva, buscam encaminhamentos e soluções. Estar próxi-
M.R. / Secretaria Municipal de São Bernardo do mo aos serviços e auxiliá-los a olhar melhor para
Campo; Rebeca Peres dos Santos Francisco e Silva as suas dificuldades é um desafio a ser enfrentado.
/ Silva, R.P.S.F. / Secretaria Municipal de São Ber- Além disso, o compartilhamento faz surgir criativas
nardo do Campo; Vânia Barbosa do Nascimento / soluções para os diferentes processos. Ainda há
Nascimento, V.B. / FMABC; muito o que se aprimorar no sentido da implicação
Educação Permanente (EP) é a definição pedagógica e participação dos diferentes níveis de atenção.
para o processo educativo que coloca o cotidiano do Guardando as devidas proporções a atenção básica
trabalho, – ou da formação – em saúde em análise, é o departamento que mais participa desses espaços,
que se permeabiliza pelas relações concretas que sendo necessário portanto pensar em estratégias de
operam realidades e que possibilita construir espa- envolvimento de outros departamentos.
ços coletivos para a reflexão e avaliação de sentido
dos atos produzidos no cotidiano (Ceccin, 2005). A A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E A HUMANIZAÇÃO:
transição entre o ideário de um sistema integrado A PERSPECTIVA DE GESTORES DE SAÚDE
de saúde conformado em redes e a sua concretização Gabriela Alvarez Camacho / Camacho, G.A. / Uni-
passam pela construção permanente nos territórios, versidade Federal de São Carlos; Marcia Niituma
que permita conhecer o real valor de uma proposta Ogata / Ogata, M.N. / Universidade Federal de São
de inovação na organização e na gestão do sistema Carlos; Cinina Magali Fortuna / Fortuna, C.M. /
de saúde. O dispositivo da EP de Território – uma Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP-
reunião composta de 8h em que são reunidos todos -USP; Adriana Barbieri Feliciano / Feliciano, A.B.
os gerentes de serviço de um determinado territó- / Universidade Federal de São Carlos; Monica Vil-
rio – é utilizado para estreitar as relações de rede chez da Silva / Silva, M.V. / Universidade Federal
territorial, pensar o cuidado e estabelecer diretrizes de São Carlos; Flávio Adriano Borges / Borges, F.A.
para determinada região de saúde. O município de / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP-
São Bernardo do Campo é dividido em 9 territórios -USP; Karemme Ferreira de Oliveira / Oliveira, K.F.
de saúde. Dentre eles, o território 4 é composto pelos / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP-
equipamentos da região central da cidade. Buscando -USP; Priscila Norié Araújo / Araújo, P.N. / Escola
fortalecer a conexão entre diferentes serviços de um de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP-USP;
mesmo território, para construir o cuidado coletivo Introdução A Política Nacional de Humanização
e integrado, mensalmente são realizadas as EPs (PNH), enquanto política transversal, deve fazer
de Território. Estas são compostas pelos gestores parte de toda rede do SUS e, nesse processo, alcança
dos serviços de saúde que compõem esta região. entraves como os baixos investimentos na qualifica-
Disparada pelas discussões e temas levantados nos ção profissional e as consequências disso no cuida-
espaços de produção de cuidado dos trabalhadores, a do, no comprometimento e no trabalho em equipe.
EP do Território busca ferramentas e embasamento O modelo atual de formação em saúde, que pouco se
teórico para que juntos os serviços possam estabe- envolve e se aproxima da elaboração das políticas
lecer novas práticas de cuidado e transformações de saúde, agravam o cenário. Humanizar também

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 152
se refere ao enfrentamento dessas dificuldades. São Paulo. A pesquisa visa analisar a inserção do
Nessa perspectiva, traz-se este recorte de pesquisa indivíduo no campo da assistência médica privada
vinculada ao projeto PPSUS Fapesp nº2014/50037-0 em área de vulnerabilidade socioeconômica e civil.
Objetivo Descrever as perspectivas de gestores de Os indivíduos que participarão da pesquisa na qua-
saúde acerca da formação dos profissionais de saú- lidade de informantes são residentes de uma área
de e sua relação com a Humanização. Metodologia de São Paulo coberta e equipada pelos serviços de
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com saúde do Sistema Único de Saúde e por grupos de
os Secretários/Diretores de saúde dos municípios empresas de planos de saúde - a favela em área de
da Região de Saúde Coração do Departamento Re- classe média na Região Metropolitana de São Paulo,
gional de Saúde – III do Estado de São Paulo e com Heliópolis. A escolha do local visa construir uma
mais um profissional da gestão indicado por cada amostra intencional das situações de acesso a assis-
um deles, totalizando 12 entrevistas. Resultados tência médica privada, presente em diferentes clas-
A compreensão acerca da PNH pelos gestores se ses sociais. Serão realizadas entrevistas abertas no
relaciona à perspectiva caritativa, de atendimento local, seguindo todas, o mesmo roteiro de questões
cortês e empático. Das entrevistas também emergiu básicas ao qual serão acrescidas outras questões,
a concepção de humanização como dar resposta se e quando necessário, no sentido de aprofundar
ao usuário, atendê-lo em suas necessidades e de- ou esclarecer as situações de crises em saúde. A
mandas. Os gestores apontaram a formação como pesquisa envolve não só a entrevista e a observação
elemento essencial à efetivação da PNH, no entanto, participante, que constitui em reconhecer aspectos
sob a perspectiva de humanização como prática de do cotidiano das pessoas no espaço publico e priva-
benevolência. Para os entrevistados quanto melhor do, como instrumentos privilegiados, mas também
preparado for o profissional e a equipe, melhores a coleta de dados estatísticos da região estudada, e
serão os processos de bem atender e receber os usuá- dos dados individuais dos participantes, para refe-
rios. No entanto, os gestores não relacionam a huma- renciar as redes sociais com acesso à assistência
nização com a gestão, em contraposição a proposta médica privada. Os dados individuais dos participan-
da PNH, que entende as mudanças nos modelos de tes serão posteriormente tratados com ferramentas
atenção e gestão como indissociáveis. Os gestores de análises de redes sociais. Com este método, além
não referiram a dimensão de que os serviços também das informações individuais, será possível estudar
formam os trabalhadores. Conclusão A concepção também as relações entre os indivíduos. As questões
dos gestores sobre a humanização se aproxima a do teóricas e empíricas propostas no projeto podem
senso comum que a entende como ato de humanita- contribuir para identificar e repensar as premissas
rismo e caridade. Embora apontem a formação como e categorias analíticas envolvidas na sociabilidade
importante item para a efetivação da PNH o fazem das redes sociais de indivíduos com acesso a clínicas
sobre o prisma da cordialidade, desconsiderando a médicas populares, a ampliação da incorporação
dimensão da saúde de qualidade enquanto direito de de processos tecnológicos na produção da saúde
cidadania produzida em espaços democráticos e de contemporânea; e a reconfiguração das proteções
coresponsabilidade de todos os envolvidos. sociais que se veem desafiadas pelo cidadão consu-
midor na sociedade de risco. Assim, percebe-se um
A INDIVIDUALIZAÇÃO SOCIAL NO CAMPO DA espaço na literatura das relações entre o público e o
ASSISTÊNCIA MÉDICA PRIVADA NA PERIFERIA privado na Saúde Pública no sentido de ampliar os
DA METRÓPOLE – HELIÓPOLIS, SP vários olhares, fatores, valores, referenciais e ques-
Ricardo de Lima Jurca / JURCA, R. L. / FSP/USP; tões envolvidas na sociabilidade do homem comum.
A pesquisa em desenvolvimento aborda aspectos
teóricos do processo de individualização social na A PARCERIA PÚBLICO-PRIVADO NA ATENÇÃO
sociedade de risco, e a sua expressão empírica com BÁSICA EM SAÚDE: UM ESTUDO MICROPOLÍTICO
a análise da inserção do indivíduo no campo da Larissa Bragagnolo / Bragagnolo, L. / Universi-
assistência médica privada em região periférica de dade Federal de São Paulo - UNIFESP; Rosemarie

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 153
Andreazza / Andreazza, R. / Universidade Federal possível dizer que a UBS gerida como uma empresa
de São Paulo - UNIFESP; Luiz Carlos de Oliveira (e por uma empresa) pode levar a uma exterioridade
Cecílio / Cecíli, L.C.O. / Universidade Federal de em relação aos princípios do SUS. Entretanto, a par-
São Paulo - UNIFESP; ceria público-privado, é mais complexa do que uma
Introdução: Desde os anos 90 a secretaria municipal posição de valor politico, pois para os trabalhadores
de São Paulo (SMS) vem experimentando diversas e usuários a agilidade nas ações tende a ser um valor
formas de organização e gestão da rede de saúde. A que não se separa do próprio SUS.
partir de 2001, com a municipalização da saúde, a
gestão de pessoas e processos de trabalho por ente A VALORIZAÇÃO DA TECNOLOGIA LEVE NA HU-
privado se intensificou. Os impactos desta política MANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO NA ÁREA DA
que segue os ditames da nova gestão pública, a par- SAÚDE
tir de uma premissa da necessidade do aumento de Ana Paula Lagisck / Lagisck, A.P / Universidade
eficiência e eficácia, e emprego de mecanismos de Aberta do Brasil - Universidade Estadual Paulista;
administração do setor privado, continuam sendo Este trabalho tem como objetivo realizar revisão
objeto de distintas investigações. Objetivo: pretende- bibliográfica sobre a valorização da tecnologia leve
-se neste estudo descrever como trabalhadores per- como ferramenta para humanização nos serviços
cebem esta relação público privado no seu cotidiano. de saúde, especialmente, àqueles que se referem
Metodologia: esta pesquisa, de caráter qualitativo
à relação profissional de saúde. A pesquisa tem
que assume a abordagem cartográfica, a partir da
sua justificativa no direito de todos os pacientes
observação participante, faz parte de um estudo
serem atendidos dignamente e, por consequência,
maior denominado A Atenção Primária a Saúde
assistidos nos ambulatórios e hospitais, bem como
como estratégia para reconfiguração das Políticas
em sua comunidade, uma vez que ao se valorizar a
Nacionais de Saúde: a perspectiva de seus profissio-
tecnologia leve esta contribui para que esse direito
nais e usuários”. Apresentam-se aqui os resultados
se efetive, oportunizando a humanização do atendi-
preliminares da análise de uma UBS localizada na
mento na saúde. Ao nos referimos à área da saúde,
região sudeste do município de São Paulo, gerida
podemos compreender o cuidar e suas relações com
desde a sua inauguração por uma OS, na forma de
a estrutura hospitalar, já que estes apresentam con-
convênio. Durante 11 meses, de dezembro de 2013
ceitos parecidos, mas ao mesmo tempo controversos.
a outubro de 2014, a pesquisadora percorreu os ca-
A Tecnologia Leve para a Saúde se refere aos saberes
minhos dos trabalhadores e gerentes, participando
e as práticas que resultam em produtos fechados,
de atividades diversas como acolhimentos, consul-
ou seja, um processo de relação que pode ser um
tas, grupos, reuniões de equipe, matriciamentos,
processo de humanização. Após a revisão de litera-
atendimentos com o NASF, reunião geral e técnica,
tura, discorreu-se acerca de alguns dos resultados
recepção, com diversos atores. Resultados. A gestão
obtidos, discutindo e considerando informações
pela OS é considerada uma forma mais profissional
pertinentes ao tema, e proposições reflexivas sobre
e eficaz de administração, tanto pelas gerentes quan-
a valorização da tecnologia leve no atendimento
to trabalhadores, que atribuem a falta de insumos,
humanizado na área da saúde.
equipamentos e manutenção predial ao entre públi-
co. Percebeu-se um forte sentimento persecutório
entre os trabalhadores, seja pela insegurança na
ANÁLISE DA DEMANDA DE PACIENTES DO PRO-
manutenção do trabalho, que apresenta uma alta GRAMA TRATAMENTO FORA DE DOMICÍLIO DE
rotatividade de profissionais, como também pelas UM HOSPITAL DE ESPECIALIDADES INFANTIS EM
mudanças na política da SMS-SP em relação as OS. SÃO PAULO
A cobrança e o controle das metas de produtivida- Rosangela Rodrigues / Rodrigues.R / Hospital
de, por diferentes mecanismos de avaliação, nem Infantil Darcy Vargas;
sempre tão visíveis, surgem também como um fator O estado de São Paulo, especialmente a capital,
de insegurança. Conclusão. De forma preliminar é concentra o maior número de hospitais tanto na

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 154
rede pública quanto privada em relação ao resto ANÁLISE DOS INDICADORES MUNICIPAIS DE
do país e muitas pessoas acabam sendo encami- NECESSIDADES DE SAÚDE NO ESTADO DE MINAS
nhadas para atendimento médico de média e alta GERAIS
complexidade para as grandes capitais para suprir João Roberto Muzzi de Morais / MORAIS, J.R.M /
a carência de sua localidade. Para garantir o acesso Fundação João Pinheiro; Silvio Ferreira Júnior /
ao atendimento médico na rede pública aos usuários FERREIRA JÚNIOR, S. / Fundação João Pinheiro;
do Sistema Único de Saúde (SUS) que se deslocam Murilo Cássio Xavier Fahel / FAHEL, M.C.X / Fun-
de outros Estados, o Governo Federal instituiu o dação João Pinheiro;
programa Tratamento Fora de Domicílio (TFD).O
O conceito de necessidade se refere à distância
programa é um instrumento legal que visa garantir
existente entre o estado de saúde e bem estar atual
atendimento ambulatorial de média e alta comple-
ou real, observado em um determinado grupo po-
xidade, exames, internação, e cirurgia (desde que
pulacional, e um estado ótimo de saúde e bem estar
agendados previamente) aos pacientes portadores
definido normativamente. Logo, o presente estudo
de doenças não tratáveis no município de origem
objetiva identificar as desigualdades nas necessida-
por falta de condições técnicas. É um benefício que
des de saúde entre os municípios de Minas Gerais
prevê o pagamento do deslocamento do paciente
e subsidiar as políticas de saúde em seu território
e acompanhante (caso seja indicado pelo médico)
a partir de um conjunto de indicadores de saúde
para o local onde será realizado o tratamento e seu
capazes de levantar as heterogeneidades regionais
retorno à cidade de origem; ajuda de custo para
em suas diversas dimensões (epidemiológicas e de
alimentação, hospedagem enquanto durar o trata-
necessidades em saúde, de estrutura física e hu-
mento e, em caso de óbito, será pago as despesas com
mana da oferta). Assim, elegeu-se um conjunto de
preparação do corpo (embalsamento) e seu traslado.
variáveis epidemiológicas e socioeconômicas com
Dessa forma, o programa TFD constitui-se num
o intuito de fomentar o indicador de necessidades
dispositivo que tem como premissa garantir os di-
de saúde para os municípios mineiros, utilizando a
reitos dos cidadãos à saúde, respeitando os direitos
técnica de análise fatorial. Os resultados revelaram a
constitucionais e princípios organizativos e doutri-
existência de expressivas heterogeneidades entre os
nários do SUS, como a universalidade de acesso aos
índices municipais de necessidades de saúde obtidos
serviços de saúde em todos os níveis de assistência
e corroboram o padrão geográfico de desigualdade
e integralidade da assistência. O hospital estudado
já evidenciado. As regiões Norte, Noroeste, Leste e
é terciário, de especialidades pediátricas de média
Jequitinhonha do Estado concentram mais muníci-
e alta complexidade, está vinculado à administra-
pios nas classes de necessidades alto e muito alto,
ção direta da Secretaria de Estado da Saúde de São
enquanto que nas regiões do Triângulo, Leste e Sul
Paulo. Possui atendimento Ambulatorial, Pronto
do Estado, aumenta a proporção de munícipios com
Socorro, e hospital dia na especialidade de onco-
índices de necessidade sanitária classificados como
logia. E é referência nas seguintes especialidades:
baixo e muito baixo. A análise fatorial mostrou que
oncologia, hematologia, endocrinologia, urologia,
as variáveis epidemiológicas e socioeconômicas
cirurgia, e nefrologia. Os resultados desta pesquisa
consideradas no modelo têm uma forte correlação,
mostraram que existe uma demanda mais acentuada
sugerindo que uma política municipal que contem-
do estado do Acre para as especialidades de urologia,
ple ações simultâneas da atenção básica à saúde, do
cirurgia,endocrinologia e nefrologia. Recomenda-se
saneamento e do ensino fundamental reduziria as
acelerar o processo de regionalização, e implemen-
necessidades de saúde com uma maior efetividade.
tar políticas de saúde para que, de fato, a regulação,
Ressalta-se a importância do presente estudo por
quer seja estadual ou nacional, funcione de verdade,
utilizar indicadores que possuem uma importante
para facilitar o acesso e promover os princípios da
capacidade de identificação da real situação de
universalidade, equidade e integralidade
saúde, o que permite sua utilização para subsidiar

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 155
os processos de elaboração de políticas públicas fevereiro de 2015 a Secretaria Municipal de São Car-
voltadas ao bem estar das populações locais. Des- los vislumbrou a necessidade de um grupo de Apoia-
sa forma, os processos para reconhecimento das dores Institucionais, formados por profissionais da
necessidades em saúde podem se constituir de rede. Até o momento foram realizados 10 encontros
maior agilidade, precisão e eficácia, e a utilização com o objetivo de se aproximar da PNH e da diretriz
de recursos financeiros pode ser otimizada através do Apoio Institucional. Desta maneira buscam-se
de ferramentas quantitativas de análise. reflexões junto às equipes de saúde para a produção
de novos modos de atenção e gestão, proporcionando
APOIO INSTITUCIONAL APRENDIZADO EM ATO o fortalecimento da rede para a promoção do cuidado
Alcione Pereira Biffi Fusco / Fusco, A.P.B. / secre- integral a saúde, por meio da Educação Permanente
taria municipal de saúde; Diana Carla Romano / em Saúde e apoio institucional. Utilizamos como
Romano, D.C. / secretaria municipal de saúde; Re- referencial teórico o livro Saúde Paidéia, a PNH e a
nata Maria Mhirdaui de Souza / Souza, R. M.M. / Portaria 1996 da Educação Permanente em Saúde.
secretaria municipal de saúde; Milvia Lais Marra- Lições Aprendidas: O Apoio Institucional só tem
ra Ranciaro / Ranciaro, M.L.M. / secretaria muni- significado para as equipes quando esse é legitimado
cipal de saúde; Sandra Maria Pilotto / Pilotto, S.M. por meio do trabalho em ato, apoiando-as nos seus
/ secretaria municipal de saúde; Denise Aparecida projetos enriquecendo o cotidiano, interferindo
Braga / Braga, D.A. / secretaria municipal de na produção social e subjetiva dos trabalhadores
saúde; Andrea dos Reis Fermiano / Fermiano, A.R. e usuários. Recomendações: O apoiador deve sair
/ secretaria municipal de saúde; Mariana Souza e da neutralidade, explicitando o lugar e o modo de
Silva / Silva, M.S. / secretaria municipal de saúde; vinculação de cada um, analisando as relações de
Flavia Cristina Zagatto / Zagatto, F.C. / secreta- poder, de conhecimento e de afeto envolvido.
ria municipal de saúde; Lucia Sabrina de Freitas
/ Freitas, L.S. / secretaria municipal de saúde; APOIO INSTITUCIONAL EM SAÚDE: ENTRE O INS-
Luciana Rodrigues Placeres Araujo / Araujo, L.R.P. TITUINTE E O INSTITUÍDO
/ secretaria municipal de saúde; Adriana Barbieri Feliciano / Feliciano, A. B. /
Caracterização do problema: Desde a criação do UFSCar; Cinira Magali Fortuna / Fortuna, C. M.
Sistema Único de Saúde – SUS, afirmamos os princí- / EERP/USP; Márcia Niituma Ogata / Ogata, M.
pios da universalidade, integralidade e equidade da N. / UFSCar; Mônica Vilchez Silva / Silva, M. V. /
atenção à saúde. Apontando que concepção de saúde CDQ/DRS III - Araraquara; Flávio Adriano Borges
não se reduz à ausência de doença, mas a uma vida / Borges, F. A. / EERP/USP; Karemme F. Oliveira /
com qualidade. Nesse sentido a Política Nacional Oliveira, K. F. / EERP/USP; Gabriela A. Camacho
de Humanização (PNH) tem por objetivo provocar / Camacho, G. A. / UFSCar; Priscila N. Araújo /
inovações nas práticas gerenciais e nas práticas de Araújo, P. N. / EERP/USP;
produção de saúde, com o desafio de superar limites O apoio institucional é um dispositivo de interven-
e experimentar novas formas de organização dos ção da Política Nacional de Humanização (PNH)
serviços e novos modos de produção e circulação que promove mudanças necessárias para a imple-
de poder utilizando o princípio da transversalidade. mentação do SUS como política pública. O Centro
Dessa maneira, o Apoio Institucional aparece como de Desenvolvimento e Qualificação para o SUS
uma ferramenta, reformulando o modo tradicional (CDQ-SUS) do Departamento Regional de Saúde
de coordenar, planejar, supervisionar e avaliar em (DRS III) do interior do Estado de São Paulo apóia
saúde. Tendo como tarefa primordial ofertar suporte o desenvolvimento de ações locais e regionais com-
ao movimento de mudança deflagrado por coleti- preendendo a dimensão transversal da PNH e da
vos, buscando fortalecê-los no próprio exercício da Educação Permanente em Saúde. No entanto, há
produção de novos sujeitos. Descrição: São Carlos é dificuldades em superar os processos instituídos
um município do Estado de São Paulo com 221.950 de atenção e de gestão, associado a uma fragilidade
habitantes, possui 42 equipamentos de saúde. Desde conceitual e estrutural para que as práticas reali-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 156
zadas pelas equipes se viabilizem de outras formas Institucional a fim de superação os modelos tradi-
no cotidiano em saúde. Tratam-se de resultados cionais de gestão e prática clínica. No DF, o Apoio
parciais de uma pesquisa em andamento financiada Institucional nos serviços de Atenção Básica ainda
pelo PPSUS/FAPESP Processo N.2014/50037-0 inti- é incipiente, sendo pertinente esse estudo para con-
tulada: Cogestão, Apoio Institucional e Acolhimento textualizar e aprofundar o tema. Objetivos:Verificar
na Atenção Básica- uma pesquisa-intervenção”. Um a relação entre a prática do Apoio Institucional com
dos seus objetivos é analisar a concepção de apoio o desenvolvimento da Clínica Ampliada em uma uni-
institucional das equipes de atenção básica. Trata- dade de Atenção Básica do DF; observar o cotidiano
-se de uma pesquisa-intervenção subsidiada pelo da unidade; Investigar os efeitos da prática de Apoio
referencial teórico da analise institucional linha na organização e prática clínica. Método:Pesquisa
sócio-analítica e de conceitos da PNH. A mesma qualitativa do tipo Estudo de Caso, no Centro de
está sendo desenvolvida nas equipes de saúde que Saúde Ipê Amarelo (Regional Administrativa do
aderiram ao Programa de Melhoria do Acesso e Qua- Gama-DF), que faz parte da pesquisa-intervenção
lidade – PMAQ dos municípios de um colegiado de Cartografia do Apoio institucional e matricial no
gestão regional do DRS III/SP. A produção dos dados SUS do Distrito Federal: áreas prioritárias da aten-
foi por meio de 16 grupos focais que possibilitaram a ção e gestão em saúde e a formação de apoiadores
escuta de 137 trabalhadores. Os resultados mostram na atenção primária a saúde (UnB-FIOCRUZ-SAPS/
que a idéia sobre o Apoio Institucional é divergente SES/GDF)”. Realizou-se entrevistas semi-estrutura-
entre os municípios e que está alinhada à história das com o coordenador, profissionais de saúde (7) e
do quanto se aproximaram mais ou menos do SUS. usuários (7), e Observação Sistemática do serviço
Parece pouco conhecido. Desta percepção embaçada durante um mês (julho/2014). A análise dos dados
emerge a necessidade dos trabalhadores sentirem- foi baseada em Proposições Teóricas: Clínica am-
-se próximos da gestão local e que os espaços de pliada, Gestão e Apoio Institucional no cotidiano e
encontro possibilitem voz a ambos, que haja com- Implementação da Estratégia de Saúde da Família.
partilhamento e co-responsabilidades. Os apoiado- Resultados:Descrevem-se cenas na Unidade que in-
res precisam de postura ética para que conquistem dicam o exercício da Clínica Ampliada, porém nota-
confiança das equipes com as quais trabalham, não -se um grande desafio em relação à reprodução do
sendo desejável que possuam cargo de confiança e valor de uso, com enfoque reducionista biologicista,
vinculação formal com a gestão, mas que sua iden- divergindo das necessidades sociais dos usuários. O
tidade esteja mais alinhada à dos trabalhadores. modo como o acolhimento é realizado e a ambiência
Além de ferramentas de trabalho e planejamento é dos dois espaços do CS-Ipê proporcionam relações
desejável que os mesmos possuam habilidades para diferenciadas entre os sujeitos e a prática do cuida-
a mediação de conflitos nas equipes. Enfim, o apoio do. Apesar do coordenador se apropriar do processo
institucional se mostra uma estratégia importante de Apoio, há dificuldades em operar os dispositivos
para efetivação de políticas públicas alinhadas ao no cotidiano da gestão, com o processo de trabalho
SUS, no entanto, tanto mais potente será o uso deste fragmentado. A Estratégia de Saúde da Família tem
dispositivo quanto mais se ajustar na perspectiva de grande dificuldade ser implementada no serviço,
um processo instituinte e não instituído. pois não há arranjos que facilitem esse processo.
Conclusões:Pode-se dizer que os efeitos do Apoio no
APOIO INSTITUCIONAL PARA CONSTRUÇÃO DE serviço estão em movimento, porém há desafios em
UMA CLÍNICA AMPLIADA NA ATENÇÃO BÁSICA gerar transformações no modelo de gestão e de clíni-
DO DISTRITO FEDERAL (DF) ca reproduzidos. A aplicação de métodos mais parti-
Magno Nunes Farias / FARIAS, M.N. / UnB; Paula cipativos de gestão e atenção exigem a elaboração de
Giovana Furlan / FURLAN, P.G. / UnB; novos arranjos e estratégias, como a implementação
Introdução:Destaca-se a Política Nacional de Huma- de espaços de cogestão, para compartilhamento de
nização para reorientar a Atenção Básica apresen- saberes e poderes, discussão de casos, e do trabalho
tando dois dispositivos, a Clínica Ampliada e o Apoio em equipe e ampliação da clínica.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 157
ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO NÃO USO DO NOME de novas leis e diretrizes e investir mais no treina-
SOCIAL mento dos profissionais da área da saúde tendo em
Icaro Caresia Lopes / Lopes, I.C. / IMESSM; Maria vista a extrema necessidade do público de receber
Flor de Piero / de Piero, M.F. / IMESSM; Walter acolhimento necessário para que possa ser obtido o
Vitti Junior / Vitti Junior, W. / Unesp; melhor tipo de tratamento colocando-se dentro dos
Apresentação/introdução: Muitas pessoas mistu- padrões de civilidade e humanidade.
ram sexo e sexualidade em apenas uma coisa, que
se relaciona ao ato sexual. Sexualidade tem a ver ATENÇÃO CARDIOVASCULAR NO DRS-XIII: AVA-
com o conhecimento, do corpo, dos desejos e da su- LIAÇÃO DO ACESSO
blimação. Sexo esta ligado a qualidade de uma prá- Lucieli Dias Pedreschi Chaves / Chaves, LDP /
tica para obter prazer, e ambos sofrem a influência EERP-USP; Priscila Balderrama / Balderrama,
cultural, onde existem diferentes padrões de acordo P / EERP-USP; Larissa Roberta Alves / Alves, LA
com a cultura e a singularidade de cada indivíduo. / EERP-USP; Sílvia Helena Henriques Camelo
Objetivos: O estudo propõe uma investigação sobre / Camelo, SHH / EERP-USP; Ana Maria Laus /
a recepção de travestis e transexuais pelo sistema Laus, AM / EERP-USP; Oswaldo Yoshimi Tanaka /
público de saúde no que compete ao uso do nome Tanaka, OY / FSP-USP;
social e os aspectos psicológicos que sofrem quando Introdução: O acesso da população aos diferentes
esse direito lhes é violado. Metodologia: Foi reali- componentes assistenciais é um dos sentidos atri-
zado um estudo de Revisão de Literatura através de buídos à integralidade. Objetivo: avaliar ações de
levantamento bibliográfico de material já publicado atenção aos agravos cardiovasculares como traçado-
entre os anos 1988 a 2014, em língua portuguesa, res de resultados da atenção de sistema regional de
fazendo uso das bases de dados: SciELO – Scientific saúde, na perspectiva do acesso. Método: Pesquisa
Electronic Library Online, da Biblioteca Virtual em avaliativa, abordagem mista, utilizando dados quan-
Saúde (BVS), Google acadêmico e blogs de internet titativos, secundários, da produção ambulatorial e
quando a verificação por meios científicos tornou- internações hospitalares do Departamento Regional
-se impossível. Para o levantamento da legislação de Saúde, Ribeirão Preto, 2000 a 2010, totalizando
considerou-se sua abrangência estadual nacional. 774.472 exames ambulatoriais e 74.387 internações,
Foram utilizados os seguintes descritores de assun- análise utilizou estatística descritiva das variáveis,
to para se proceder às buscas nas bases de dados: expressa em frequências e porcentagens, construin-
Sexualidade, Travestis, Transexuais, Transgêneros, do séries temporais que indicaram as tendências.
Homossexualidade. Resultados: Este trabalho teve Os dados primários, qualitativos, coletados em
o cuidado de fazer a ponte que interliga as questões entrevistas com gestores, transcritas e optou-se
sociais, como as leis e portarias de proteção ao uso pela análise temática com base na regularidade
do nome social, com seu efeito psicológico, causado das afirmações. Resultados: Houve incremento, no
pelo desrespeito às travestis e transexuais pelos período, de 137% na produção de exames aumento
trabalhadores dos serviços de saúde pública, no da oferta de procedimentos que permitem o diagnós-
qual a grande maioria passa em algum momento tico precoce e o monitoramento de usuários que já
da vida. O ensaio mostrou que, quando um simples manifestam problemas cardiovasculares. Cabe des-
pedido feito por pessoas que pertencem a uma mi- taque para o importante crescimento da produção de
noria é negligenciado, isso afeta intrinsecamente os eletrocardiogramas, exame de menor complexidade,
aspectos psicológicos causando rupturas psíquicas realizado por todos os municípios potencializando
nesses indivíduos que já têm uma ideia muito dis- a capacidade de diagnosticar/monitorar os proble-
torcida de si mesmo e que ao buscar ajuda e apoio, mas cardiovasculares mais comuns, um indicativo
acabam por só encontrar, em alguns casos, desprezo de qualificação da atenção básica. As internações
e desafeto. Conclusões/Considerações: Conclui-se clínicas corresponderam a 80,2% do total de interna-
com este estudo a importância do uso das políticas ções e houve crescimento das internações cirúrgicas
publicas existentes e dos cuidados na formulação em cardiologia. A comparação entre atendimento

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 158
ambulatorial e internações hospitalares evidencia Comissão Intergestores Regional de uma região
incremento da produção de exames em relação a de saúde do estado de São Paulo. Representantes
estas as hospitalizações. As entrevistas revelaram de sete municípios membros participaram de sete
aspectos da reorganização do sistema regional de oficinas facilitadas pelos pesquisadores, com o ob-
saúde, indicando fatores que favorecem e dificultam jetivo de avaliar um problema específico da linha de
acesso à atenção integral em cardiologia, sendo pos- cuidados sob a perspectiva da integralidade. A aná-
sível identificar fatores que interferem no acesso à lise do material empírico coletado foi realizada em
atenção integral em cardiologia, relativos a acesso base à metodologia hermenêutica-dialética e visou
regulado aos serviços, atendimento referenciado a avaliação da metodologia participativa aplicada,
a especialistas, monitoramento de casos diagnos- segundo sua capacidade de promover um processo
ticados, qualificação para atendimento aos casos de avaliação passível de ser utilizado como suporte
de urgência decorrentes dos agravos. Conclusões: à gestão municipal. RESULTADOS: A série de ofici-
Acesso universal, equitativo e ordenado é responsa- nas realizadas promoveu debates em profundidade
bilidade do sistema de saúde; requer a implantação principalmente sobre a construção da integralidade
de estruturas sólidas de gestão envolvendo planeja- da atenção e a inclusão da perspectiva do usuário na
mento, controle, regulação e avaliação. Resultados tomada de decisão, de forma vinculada à busca de so-
evidenciaram ampliação do acesso e necessidade de lução para problemas concretos da gestão. Mediante
ações voltadas à organização da rede de atenção aos a exploração conjunta, foi aberta a possibilidade de
agravos cardiovasculares. utilização de sistemas eletrônicos de informação e
de informações advindas diretamente dos usuários
AVALIAÇÃO EM SAÚDE: METODOLOGIA PAR- dos serviços, para enriquecer debates e negocia-
TICIPATIVA E ENVOLVIMENTO DE GESTORES ções entre parceiros. CONCLUSÕES: Avaliações de
MUNICIPAIS programas e serviços realizadas no âmbito da CIR,
Cristiane Andrea Locatelli de Almeida / Almeida, tomando o interesse local como ponto de partida e
CAL / Faculdade de Saúde Pública USP; Oswaldo facilitando, através do uso de metodologias partici-
Yoshimi Tanaka / Tanaka, OY / Faculdade de Saúde pativas, o envolvimento de seus membros, podem se
Pública USP; constituir em importante ferramenta para a constru-
INTRODUÇÃO A Avaliação em Saúde permanece ção da integralidade do cuidado. Investir a avaliação
como um tema bastante estudado e discutido no de um significado mais imediato pode facilitar sua
cenário mundial. Percebe-se entretanto no campo transposição para a compreensão de esferas mais
uma lacuna no estudo de movimentos de avaliação amplas, em nível macro sistêmico.
realizados em nível local, que visem o alcance de
um nível mais profundo de compreensão da or- CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DOS HIPERTENSOS
ganização dos serviços, incluindo relações entre Elaine Aparecida de Freitas Souza / Elain, F.S. /
formatos assumidos e contextos determinados. Este Prefeitura de São Bernardo do Campo; Fabio Urbi-
estudo analisou a aplicação de uma metodologia ni Carnevalli / Fabio, U.C. / Prefeitura de São Ber-
de avaliação em nível local e em base participativa, nardo do Campo; Claudielle Teodoro / Claudielle.t.
voltada à compreensão do significado que a organi- / Prefeitura de São Bernardo do Campo;
zação dos serviços de saúde assume para os atores Em uma reunião de equipe na unidade básica de
da região. Assume-se que a complementariedade saúde,foi realizado a apresentação da escala de
deste modelo com as iniciativas desenvolvidas a framingham para todos os colaboradores,conforme
nível federal permitirá uma potencialização de proposta da atenção básica em utilizar a escala
ambas. OBJETIVO: Analisar alcances e limites para classificar os hipertensos .Foi proposto para
do uso de metodologia participativa de avaliação que os trabalhadores,fizessem um levantamento
junto a gestores e gerentes municipais de saúde. de todos os hipertensos e fazerem uma analise dos
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Pesquisa os riscos de cada paciente que eles já conheciam e
qualitativa com gestores e gerentes de saúde da que cada equipe realizasse uma apresentação das

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 159
propostas para a avaliação. As equipes fizeram plano práticas colaborativas. Consideramos que as dire-
de ação,estatísticas,e analisaram as agendas para trizes das práticas colaborativas podem funcionar
garantir retorno médico e de enfermagem para os como recursos úteis para promover o trabalho em
hipertensos seguindo o protocolo municipal. Foi equipe e a cogestão. Como destacado na análise há
uma ótima experiencia,hoje as equipes possuem aproximações teóricas entre os conceitos tais como:
cada uma planilhas que controlam as consultas dos a valorização do diálogo, das relações, da horizon-
hipertensos e o risco de cada paciente. Todo mês e talidade, e da co-construção de novas realidades.
feito uma estatística e analisados e se for necessário Além desta aproximação teórica, destacamos que as
e feito a busca ativa dos pacientes pelos agentes práticas colaborativas oferecem recursos práticos,
comunitários. como, por exemplo, a postura de não-saber através
da qual se busca ampliar a curiosidade mediante
COGESTÃO COMO PRÁTICA COLABORATIVA as diferenças. Esta é uma das posturas que pode
Giovanna Cabral Doricci / Doricci, G. C. / FFCLRP promover a horizontalidade e fortalecimento das
- USP (FAPESP, processo: 2015/04519-6); Carla relações de trabalho e a composição da equipe. Sendo
Guanaes Lorenzi / Guanaes-Lorenzi, C. / FFCLRP assim, consideramos que as práticas colaborativas
- USP; podem contribuir para que os princípios filosóficos
INTRODUÇÃO: A Política Nacional de Humanização e o modelo de gestão, preconizados pela Política de
no Brasil tem como objetivo promover o aprimora- Humanização, sejam colocados em prática.
mento do sistema de saúde através da valorização
dos sujeitos e de suas relações em todos os contextos COGESTÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE:
de atuação. Os princípios desta política são: trans- UMA REVISÃO INTEGRATIVA
versalidade; indissociabilidade entre atenção e ges- Priscila Norié de Araujo / Araujo, P.N. / EERP USP;
tão; e promoção do protagonismo, corresponsabili- Karen da Silva Santos / Santos, K.S. / EERP USP;
dade e autonomia dos sujeitos em prol de mudanças Cinira Magali Fortuna / Fortuna, C.M. / EERP
favoráveis a seus contextos de atuação. O modelo de USP; Adriana Barbieri Feliciano / Feliciano, A.B. /
gestão indicado pela política corresponde à Coges- UFSCar; Flávio Adriano Borges Melo / Borges, F.A.
tão. Este modelo valoriza o trabalho em equipe e a / EERP USP; Gabriela Alvarez Camacho / Cama-
participação dos profissionais nas decisões sobre a cho, G.A. / UFSCar; Karemme Ferreira de Oliveira
organização do cotidiano das práticas. OBJETIVO: / Oliveira, K.F. / EERP USP; Márcia Niituma Ogata
Analisar, no âmbito teórico, o modelo de cogestão / Ogata, M.N. / UFSCar; Mônica Vilchez da Silva /
a partir do conceito de práticas colaborativas de- Silva, M. V. / UFSCar;
rivados do campo da terapia familiar. MÉTODO: INTRODUÇÃO Campos (2007) propõe alterar o modo
Revisão de literatura a respeito da Política Nacional de gestão das instituições, através da análise da
de Humanização e estudo dos conceitos das práticas política atual, e questionando sobre a possibilidade
colaborativas. RESULTADOS E CONCLUSÕES: Após das organizações sociais produzirem com liberda-
estudo da literatura consideramos como eixo de de e autonomia. Conceitua a cogestão sendo um
análise e comparação os seguintes temas destacados compartilhamento de poder como um projeto de
tanto da Política de Humanização quanto das práti- construção e solidariedade com o interesse público,
cas colaborativas: 1) Valorização da linguagem, do de capacidade reflexiva, e de autonomia dos sujei-
diálogo e da comunicação como potencial transfor- tos. OBJETIVO Analisar as produções científicas no
mador; 2) Valorização da responsabilidade relacional âmbito nacional e internacional que discuta sobre a
envolvida nos processos de mudança; 3) Valorização cogestão em saúde enquanto estratégia de melhoria
do conhecimento local, das ações do cotidiano; 4) da atenção primária a saúde no SUS. MÉTODO Trata-
Valorização da horizontalidade nas relações. A partir -se de uma revisão integrativa, que perpassou três
desta análise concluímos que o modelo de cogestão etapas: identificação do tema e elaboração da ques-
preconizado na Política Nacional de Humanização tão de aprendizado; o presente estudo visa buscar
pode ser trabalhado a partir dos conceitos das resposta para a seguinte questão: Quais aspectos

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são apontados na literatura científica sobre a co- Caracterização do Problema Uma das principais
gestão para melhoria na atenção básica do SUS? Foi diretrizes atuais do Ministério da Saúde (MS) é
realizada uma pesquisa nos Descritores em Ciência executar a gestão pública com base na indução,
da Saúde(DeCS), sendo utilizados: sistema único monitoramento e avaliação de processos e resulta-
de saúde AND gestão em saúde OR cogestão AND dos mensuráveis, garantindo acesso e qualidade da
atenção primaria em saúde OR atenção primaria atenção em saúde a toda a população. Dentre estas
a saúde. Bases de dados: LILACS, Medline e Scielo. iniciativas centradas na qualificação da AB destaca-
Após a seleção dos estudos respeitando os critérios -se o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da
de inclusão e exclusão, informações foram extraí- Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Em 2012,
das, visando sintetizar os dados pertinentes para Americana/SP participou do primeiro ciclo do PMAQ
obter respostas à questão da pesquisa. A análise foi com a adesão de duas equipes de ESF e a subsecreta-
realizada de forma crítica e por meio da avaliação ria da Atenção Básica estendeu o programa em 2013
dos materiais, métodos e resultados. Os resultados para todas as equipes da estratégia e incluiu também
foram comparados com o conhecimento teórico a fim três equipes de Saúde Bucal. Descrição Após a análi-
de gerar conclusões e implicações que resultarão da se preliminar das folhas de resposta para Avaliação
revisão integrativa. Por fim está sendo elaborado um para Melhoria do Acesso e da Qualidade (AMAQ-AB)
texto com as etapas percorridas durante o processo ficou evidenciada a necessidade de elaboração de
e os principais resultados evidenciados. RESULTA- um instrumento que pudesse quantificar os dados
DOS PARCIAIS As buscas foram realizadas em Junho de maneira clara, precisa, segura, com o mínimo de
de 2015 nas três bases de dados descritas, totalizan- margem de erro de lançamento. A equipe de Tecno-
do 63 artigos nacionais. Após a leitura dos títulos, logia da Informação (TI) da Secretaria de Saúde foi
resumos, e aplicação dos critérios de inclusão e acionada para a elaboração de uma planilha de cálcu-
exclusão, foram selecionados 12 artigos. A segunda lo para lançamento dos dados gerados pelas equipes,
etapa da pesquisa percorrerá 3 passos; Revisão dos sob a demanda de orientar a melhor forma de tabular
fichamentos por um segundo pesquisador a fim de as informações coletadas através do AMAQ. A prin-
evitar o viés; Compilação dos dados encontrados cípio, desconhecendo qual método seria exigido
e análise com foco na qualidade dos estudos e nos para envio de tais respostas foi sugerida a criação
de um documento em Excel, a priori com o mesmo
principais resultados encontrados; Elaboração de
layout sugerido pelo formulário original, porém, com
artigo científico. CONCLUSÃO Os trabalhos publi-
as fórmulas dos totais, métricas de desempenho e
cados são de natureza qualitativa e apresentam a
médias finais, toda a avaliação após a digitação ape-
cogestão como possibilidade de democratização
nas das respostas, se daria de forma automatizada.
dos serviços de saúde no Brasil. O estudo ainda
Lições Aprendidas Este trabalho permitiu conhecer
encontra-se em produção e em breve fornecerá um
e refletir sobre os desafios da construção do pro-
panorama da temática na atenção primaria à saúde.
cesso de trabalho coletivo articulado, interativo e
compartilhado, comprometido com a reconstrução
CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS DO PROGRAMA de saberes e práticas profissionais. Recomendações
DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE- O funcionamento de uma rede de atenção à saúde
-ATENÇÃO BÁSICA (PMAQ-AB): ELABORAÇÃO guarda relação direta com a integração de todos os
DE INSTRUMENTO serviços lhe dão sustentação, garantindo o provi-
Patricia Helena Breno Queiroz / Queiroz PHB / Fa- mento de recursos e o fluxo de pessoas, de materiais
culdade de Enfermagem da Universidade Estadual e insumos e de informações. O desenvolvimento e a
de Campinas/SP; Danielle Alexandre Albernaz / utilização permanente de mecanismos para a gestão
Albernaz DA / Prefeitura Municipal de Jundiaí/SP; do cuidado em saúde devem ser incentivados com a
Alex Marcelo Leitão / Leitão AM / Secretaria de valorização de padrões de qualidade e no incentivo
Educação de Americana/SP; Rafael Paiva / Paiva R da colaboração de diferentes profissionais no de-
/ Secretaria de Saúde de Americana/SP; senvolvimento e apropriação de novas tecnologias

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tendo como preocupação a demonstração de seu apoio matricial da supervisão da Estratégia Saúde
impacto sobre a qualidade da atenção e a eficiência da Família (ESF) do Instituto de Responsabilidade
das práticas e serviços. Social Sírio Libanês (IRSSL) os serviços constitu-
íram comissões de prontuários, nomeadas pelas
CONSTITUIÇÃO DAS COMISSÕES DE PRONTUÁRIO gerentes das unidades. Para garantir a realização
EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE – A EXPERIÊN- houve reuniões de sensibilização da proposta, blo-
CIA DO INSTITUTO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL queio do agendamento e apresentação de proposta
SÍRIO LIBANÊS de regimento interno, construção de instrumento
de avaliação dos prontuários, estratégia de divulga-
Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. /
ção nas unidades, ata das reuniões e digitação dos
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Liba-
nes; Melissa Lorenzo Prieto de Souza / Souza, documentos construídos. As reuniões acontecem
M.L.P. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio mensalmente com variação de avaliação de 18 a 45
Libanes; Cesar Saletti / Saletti Cesar / Consul- prontuários e estabelecimento dos itens de confor-
toria Espaço Aberto Soluções; Ana Paula Neves midade. Lições Aprendidas: para realização desse
Marques de Pinho / Pinho, A.P.N.M. / Instituto tipo de atividade é fundamental que haja apoio aos
de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Maria profissionais, sobretudo na esfera administrativa
Emília Carvalhaes Machado / Machado, M.E.C. / disponibilizando material técnico, digitando docu-
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo; Ana mentos, atas, discutindo estratégias de avaliação
Maria Vieira / Vieira, A.M. / Secretaria Municipal dos prontuários e garantindo espaço para que a
de Saúde de São Paulo; Maria Salete Machado atividade seja realizada pelo grupo. Recomendações:
Alves / Alves, M.S.M. / Secretaria Municipal de o gestor deve elaborar estratégias específicas para o
Saúde de São Paulo; desenvolvimento de ações qualificadoras da rotina
Caracterização do Problema: Cada registro indivi- de trabalho, articular espaços para reunião, organi-
dual resgata o histórico das atividades realizadas zar o foco na meta a ser alcançada, disponibilizar
pela equipe de saúde durante o acompanhamento materiais, contatos com outros serviços e auxiliar
e constitui o prontuário do paciente. É uma docu- na divulgação dos resultados.
mentação complexa produzida pela equipe de saúde
e considerado fator de comunicação e integração. É CONTRIBUIÇÃO DA ANÁLISE DOCUMENTAL PARA
responsabilidade de cada serviço de saúde constituir A GESTÃO EM SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DE MATO
uma Comissão Multiprofissional que zele e avalie a GROSSO
presença das anotações mínimas obrigatórias para Rômulo Cezar Ribeiro da Silva / Silva, R.C.R. / Se-
cada categoria profissional; a legibilidade; o regis- cretaria Municipal de Saúde de Tangará da Serra/
tro de anamnese, exame físico, complementares, MT; Raimundo Nonato Cunha de França / França,
diagnóstico, conduta e plano de cuidados. O desafio R. N. C. / UNEMAT; Akeisa Dieli Ribeiro Dalla Vec-
é a constituição de comissões comprometidas em chia / Vecchia, A. D. R. D. / UNEMAT; Josué Souza
instituir retorno de suas observações aos colegas, Gleriano / Gleriano, J. S. / UNEMAT;
que não se constitua numa mera formalidade buro- Tendo em vista que conhecer um sistema local de
crática. Para tal é necessário que os profissionais saúde requer utilização de estratégias e métodos
sejam apoiados, instrumentalizados e estabeleça-se para levantar problemas e propor análise capaz de
uma estratégia de fortalecimento dessa ação nos intensificar resultados que modifiquem o cenário
serviços. Pretendemos compartilhar as medidas de saúde local. Objetivou identificar a partir de
adotadas para assegurar legitimidade aos pro- documentos da gestão em saúde propostas de inter-
fissionais envolvidos nessa atividade. Descrição: venção à gestão frente os problemas encontrados.
Unidades Básicas de Saúde Cambuci, Humaitá e Trata-se de um estudo documental realizado no
Nossa Senhora do Brasil há alguns anos possuíram município de Terra Nova do Norte/MT que passou
Comissões de Prontuários. Com a rotatividade dos por implantação de um novo modelo de atenção à
profissionais houve prejuízo desta atividade. Com o saúde. A pesquisa aconteceu em 2012, através dos

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documentos: Plano Plurianual 2010-2013, Redes Caracterização do problema: Às equipes multiprofis-
Explicativas de Problemas, Relatório da IV Confe- sionais da atenção básica é realizada oferta regular
rência Municipal de Saúde e Relatório de Auditoria de treinamentos técnicos predominantemente de
nº 107/80 DENASUS. Após a leitura analítica foi transmissão de atualizações sobre rotinas, introdu-
evidenciado quatro categorias para análise: regiona- ção ou atualização de novos protocolos de manejo
lização dos serviços de saúde, participação popular e clínico e ações de contingência à surtos e epidemias.
controle social, gestão do fundo municipal de saúde Médicos, enfermeiros e técnicos são as categorias
e elaboração dos instrumentos de gestão. Para a pri- profissionais a quem se ofertam tais treinamentos.
meira categoria as propostas de intervenção foram: Entretanto, um grupo estratégico de trabalhadores,
o fortalecimento do Colegiado de Gestão Regional auxiliares administrativos que estão em todos os
– CGR e a garantia da educação permanente aos setores do serviço, desde o atendimento inicial
servidores e conselheiros de saúde. Foi identificada ao usuário até a atribulação dos dados primários
a necessidade de capacitar os conselheiros de saúde, quando há pouco investimento formal em desenvol-
sobre as suas funções, para a segunda categoria. vimento profissional. Alicerçados na necessidade
Na terceira evidência a necessidade dos servidores de qualifica-los para melhorar desempenho de suas
e conselheiros conhecerem os instrumentos de atribuições construímos com parte desses traba-
Planejamento do SUS para fortalecerem o controle lhadores em uma unidade baixa de saúde de região
social. Em relação à elaboração dos instrumentos de central de São Paulo o processo para desenvolvimen-
gestão há necessidade de normalizar as situações to de suas competências. Descrição: A equipe de au-
de desconformidade com as legislações do SUS e xiliares administrativos sempre foi prejudicada na
programar sistema de planejamento no município. participação de reunião e treinamentos em virtude
Constatou-se necessidade de intensificar a partici- da extrema necessidade de manter um contingente
pação cidadã, a interação entre gestores, servidores mínimo no atendimento. A participação era restrita
com os usuários, para efetivar o cumprimento das a um os dois funcionários em reunião geral da UBS.
legislações que garantem o controle social nas Vários problemas com processo de trabalho se avo-
decisões políticas. Conclui-se que a gestão do SUS lumaram até que perguntamos qual seria melhor
apesar de todo seu arcabouço legislativo existente estratégia para reunir a maior quantidade. As opções
ainda não conseguiu garantir a efetivação de seus foram à realização de reuniões mensais de 2 horas de
objetivos e preceitos, visto que a regionalização direção, após o fechamento do serviço. As questões
enfrenta propostas políticas partidárias para a as- do treinamento envolveram processo administrativo
sistência, fator que impede o acesso a serviços de nas mais importantes, foram sobre pontuação de
saúde, principalmente na interiorização da saúde. combinado, mínimo de trabalho e a necessidade de
No entanto o Estado precisa assumir a Programação discursão de casos emblemáticos de atendimento ao
Pactuada Integrada para fortalecer o Colegiado de usuário que envolva manejo de atuações violentas,
Gestão Regionalizado como instância de gestão e usuários que não falam português, atendimento
integração entre os municípios no atendimento das aos pacientes com transtornos mentais em crise.
necessidades locais. Lições aprendidas: É necessária a indução de dis-
cussões de assistência aos funcionários do setor
DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE AUXI- administrativo e desenvolvimento de processos de
LIARES ADMINISTRATIVOS NA ATENÇÃO BÁSICA qualificação profissional que potencializam a resi-
De Souza / Melissa Lorenzo Prieto de Souza / liência desses trabalhadores. Promover espaços de
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Liba- excuta em que possam ser ouvidas as dificuldades
nes; Maria Emília Carvalhaes Machado / Macha- de lidar com usuário e profissionais pro cotidiano e
do, M.E.C. / Secretaria Municipal de Saúde de construção de estratégias pontuadas de superação.
São Paulo; Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, Recomendações: Essa categoria profissional precisa
F.R. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio ser incluída como participante nos processos de
Libanes; qualificação profissional.

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DIMENSIONAMENTO DE RECURSOS HUMANOS informação que permite a elaboração de relatórios
PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE CAMPINAS: comparativos entre os valores dimensionados e o
ATENÇÃO BÁSICA quadro atual de servidores; Previsão orçamentária,
Elisabet Pereira Lelo Nascimento / Nascimento, quanto à adequação de recursos humanos para a
E.P.L. / Prefeitura Municipal de Campinas; saúde, auxílio à definição de vagas para concursos
públicos e definição de prioridade de vagas para os
Introdução O Município de Campinas conta com
serviços de saúde.
1.082.000 habitantes (IBGE, 2010), dos quais 6.536
integram a Secretaria Municipal de Saúde e se
responsabilizam por atender as necessidades de
DOCUMENTO TÉCNICO PARA CHAMAMENTO
saúde dessa população. Atualmente, a Secretaria PÚBLICO NA REGIÃO CENTRAL DE SÃO PAULO:
Municipal de Saúde conta com 63 Unidades Básicas CAMINHO METODOLÓGICO DO INSTITUTO DE
de Saúde, com construção, em média, de 600 m², RESPONSABILIDADE SOCIAL SÍRIO LIBANÊS
oferecendo 3.771 horas de atendimento aos usuá- Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. / Ins-
rios e 2.975 servidores lotados nessas unidades de tituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes;
saúde. Dentro deste contexto e considerando que as Melissa Lorenzo Prieto de Souza / Souza, M.L.P. /
Unidades Básicas de Saúde são a porta de entrada Instituto de Responsabilidade Social Sirio Liba-
para o Sistema de Saúde, o planejamento de pessoal nes; Elizabete Martini Akamine / Akamine, E.M. /
se torna uma ferramenta imprescindível para a ges- Instituto de Responsabilidade Social Sirio Liba-
tão e para qualificação da assistência prestada aos nes; Ana Paula Neves Marques de Pinho / Pinho,
usuários. Dada a relevância do dimensionamento do A.P.N.M. / Instituto de Responsabilidade Social
quadro de pessoal para o SUS Campinas, no eixo da Sirio Libanes;
Atenção Básica, o Departamento de Gestão do Tra- Introdução: A cidade de São Paulo, em 2014 realizou
balho e Educação na Saúde, elaborou tal estudo em Chamamentos Públicos para seleção de Organiza-
duas dimensões: quantitativa, com variáveis a partir ções Sociais (OS) que celebrem Contrato de Gestão
da utilização de cálculos matemáticos que trazem a visando execução e gerenciamento de serviços de
distribuição formal de profissionais por unidade e saúde. Para habilitação deve-se apresentar plano
cargo, e qualitativa, que auxilia na organização do de trabalho e proposta técnica que detalhe o conhe-
processo de trabalho do servidor e equipe de saúde cimento da OS sobre a região pleiteada e explicite
e na relação com as atribuições do cargo. Resultados os componentes que a qualificam para execução do
Participação dos trabalhadores, gestores e coorde- objeto contratado. Assim, o Instituto de Responsabi-
nadores das áreas programáticas na elaboração do lidade Social Sírio Libanês (IRSSL) por meio do seu
dimensionamento de pessoal para o eixo da Atenção núcleo de gestores em Atenção Básica desenvolveu
Básica; Definição de critérios para serem utilizados estratégia metodológica e coordenou a elaboração do
conforme a categoria profissional: população adscri- projeto. Objetivo: caracterizar as etapas de elabora-
ta por unidade de saúde, vulnerabilidade social, ho- ção do plano de trabalho e documento técnico IRSSL
rário de funcionamento da unidade, potencial de pro- para o Chamamento Público da região Central da
dutividade, capacidade física instalada e densidade cidade de São Paulo. Método: constituição de equipe
demográfica e reserva técnica de 20%. Definição da responsável, coordenada pelos gestores do IRSSL
necessidade de todas as categorias profissionais que da Estratégia Saúde da Família e da Assistência
atuam na Atenção Básica para assistir a população Médica Ambulatorial; Leitura e revisão da documen-
adscrita por unidade de saúde; Construção de novos tação disponibilizada pela Secretaria Municipal de
modos de produção, por meio de revisões bibliográ- Saúde; Elaboração de cronograma de atividades;
ficas, grupos de estudos, discussões com gestores Constituição de equipe técnica de profissionais do
e trabalhadores; Criação de planilhas que calculam IRSSL com expertise em engenharia, arquitetura,
o número adequado de Recursos Humanos a partir tecnologia e gestão de informação, comunicação,
dos critérios estabelecidos pela Secretaria Munici- gestão de serviços de saúde, regulação, contratos,
pal de Saúde; Desenvolvimento de um sistema de assistência farmacêutica e enfermagem; Desenvol-

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vimento de instrumento de caracterização das uni- a graduação, pois possibilita construir novos modos
dades e serviços; Realização das vistorias técnicas; de produzir saúde na integralidade do cuidado. A
Confecção de relatórios padronizados. Resultados: formação de profissionais da área da saúde, com
As vistorias foram nos dias 23, 26 e 30 de janeiro compromisso social, é essencial para transforma-
de 2015 em 24 estabelecimentos de saúde, sendo 7 ções que visem a melhoria da qualidade de vida da
Unidades Básicas de Saúde, 4 Equipes do Núcleo de população. Objetivo: O presente estudo objetivou
Apoio à Saúde da Família, 4 serviços da Assistência identificar na literatura científica nacional e inter-
Médica Ambulatorial, 4 Centros de Atenção Psico- nacional o conhecimento produzido sobre as caracte-
social, 3 equipes do Programa de Acompanhante rísticas e contribuições do empreendedorismo para
de Idosos, 3 Unidades de Acolhimento, 1 Pronto estudantes e profissionais de enfermagem. Método:
Socorro e 1 Unidade de Referência em Saúde do Trata-se de uma revisão integrativa, de abordagem
Idoso. A análise dos dados revelou que o contingente qualitativa, para a identificação de produções sobre
de recursos humanos proposto era deficitário em o tema empreendedorismo e enfermagem, com bus-
8 (33,33%) dos estabelecimentos, 23 (95,83%) dos ca nas bases de dados Lilacs, Medline e Cinahl, no
estabelecimentos necessitariam de reformas e/ou período de 2005 ao primeiro semestre de 2015. Resul-
adequações para acessibilidade e 20 (80,33%) dos tados: Um total de 13 artigos foram identificados, em
serviços desenvolvem ações em promoção à saúde relação ao ano de publicação, o ano de 2009 foi o que
alguns com foco intersetorial. Conclusão: A metodo- apresentou maior produção de artigos totalizando
logia mostrou-se eficaz, elencou profissionais para 38,46%, o país com o maior número de publicações
vistoria segundo perfil de competências técnicas e atendentes à questão da revisão foi o Brasil com 8
produziu documento técnico capaz de subsidiar a artigos, e após a leitura minuciosa de cada um deles,
decisão dos gestores. A caraterização dos serviços emergiram quatro categorias: formação curricular
é ferramenta de diagnóstico para planejamento dos enfermeiros que revelou a necessidade do tema
e recomendamos seu uso como instrumento para empreendedorismo na grade curricular dos cursos
padronização do diagnóstico. de enfermagem, características empreendedoras na
enfermagem sendo as principais inovação e criativi-
EMPREENDEDORISMO NO ENSINO DE ENFERMA- dade, empreendedorismo social formar enfermeiros
GEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA empreendedores sociais significa, formar profissio-
Fernanda de Oliveira Furino / Furino, F.O. / UFS- nais abertos e flexíveis para o novo e o diferente e
Car; Aline Natália Domingues / Domingues, A.N. dificuldades em ser empreendedor destacando-se a
/ UFSCar; Vanessa de Oliveira Furino / Furino, falta de conhecimento sobre o tema. Conclusão: Os
V.O. / UFSCar; Silvia Helena Zen-Mascarenhas / estudos apresentados contribuem para reforçar a
Zen-Mascarenhas, S.V. / UFSCar; Márcia Niituma importância da formação desse profissional que se
Ogata / Ogata, M.N. / UFSCar; direcione para a transformação da saúde na socieda-
Introdução: A busca por profissionais com uma de fomentando sua capacidade criativa e inovadora
postura proativa, inovadora e empreendedora têm frente ao enfrentamento das necessidades de saúde
sido o perfil ideal vislumbrado por instituições de junto à equipe na complexidade do século XXI.
ensino superior, devido a necessidade de atender às
demandas sociais no campo da saúde. O empreen- ENCONTRO TRABALHADORES E USUÁRIOS EM
dedorismo é definido como a criação ou aperfeiçoa- UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: ESPAÇOS DE
mento de algo, com a finalidade de gerar benefícios PRODUÇÃO DE CUIDADO?
aos indivíduos e a sociedade, e para o profissional Sonia Maria de Melo / Melo, S.M. / Unifesp; Luiz
de enfermagem além de adicionar um novo olhar à Carlos de Oliveira Cecilio / Cecilio, L.C.O / Unifesp;
produção de novos serviços pode ser uma opção de Rosemarie Andreazza / Andreazza, Rosemarie /
carreira, inovando sua ação em qualquer cenário de Unifesp;
atuação profissional. O desenvolvimento do espírito Introdução: Na atual política de saúde a atenção bási-
empreendedor deve ser instigado nos alunos durante ca é organizada com base territorial com o propósito

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de estar mais próxima aos usuários, estimulando a ESTUDO DA TERRITORIALIZAÇÃO DA ÁREA DE
formação de vínculo com a equipe, além de facilitar ABRANGÊNCIA DAS EQUIPES ESF NA UBS CAM-
o atendimento das demandas locais. A pesquisa teve BUCI
como objetivo caracterizar o acesso dos usuários De Souza / Melissa Lorenzo Prieto de Souza /
ao sistema de saúde através de uma unidade básica Instituto de Responsabilidade Social Sirio Li-
de saúde (UBS) no Município de São Paulo tendo banes; Ana Maria Vieira / Vieira, AM / Secreta-
como referência as diretrizes da Política Nacional ria Municipal de Saúde de São Paulo; Josemar
de Atenção Básica. Metodologia: Estudo de base da Nóbrega Dantas / Dantas, J.N. / Instituto de
etnográfica através de observação-participante em Responsabilidade Social Sirio Libanes; Amanda
uma UBS pelo período de doze meses com registro Alice de Moraes / Moraes, A. A. / Instituto de
em Diário de Campo de cenas cotidianas observadas Responsabilidade Social Sirio Libanes; Alexandre
pelo pesquisador. Análise dos dados: As demandas Rodrigo Fernandes / Fernandes, A.R. / Instituto de
trazidas pelos usuários, registradas nos vários espa- Responsabilidade Social Sirio Libanes; Francies
ços de observação do encontro usuário rabalhador, Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. / Instituto de
e as respostas dadas a elas (os desfechos) foram sis- Responsabilidade Social Sirio Libanes;
tematizadas em quadros para facilitar a análise do Introdução: A Unidade Básica de Saúde (UBS) Cam-
material empírico produzido. Resultados: Observou- buci fica num dos bairros mais antigos da cidade,
-se que: 1-As demandas são apresentadas nos diver- que leva o mesmo nome. Seu índice de verticaliza-
sos espaços da UBS e não apenas na recepção; 2- A ção vem sofrendo aumento vertiginoso. A área de
demanda por consulta médica é ainda a principal abrangência da UBS engloba além do Cambuci o
busca dos usuários; 3- Apenas parte das demandas distrito administrativo de Liberdade, perfazendo
pode ser atendida, e a equipe tem dificuldades em uma população de cerca de 70 mil habitantes. Há
fazer ofertas alternativas para os usuários; 4- A três equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF)
recepção funciona como uma membrana seletiva” no território desde 2001. Com as consideráveis mu-
que modela o acesso em função da oferta de serviços danças no território há necessidade de revisões pe-
de saúde e a pressão dos usuários, sendo espaço de riódicas da área geográfica de abrangência. Cumpre
tensões e conflitos; 5- Frequentemente a falta de ressaltar que a extensa área destinada à UBS sofre
tempo, privacidade e qualificação técnica da equipe um aumento da população imigrante, das pessoas
da recepção impedem uma escuta qualificada das em situação de rua, de pensões, hotéis, cortiços e
demandas trazidas pelos usuários. 6- Os usuários ocupações com significativa rotatividade. Há um
caminham pelo sistema em busca de resposta para aumento dos casos de saúde mental, idosos em
suas necessidades. Conclusões: A pesquisa revelou situação de abandono. À medida que as demandas
a dificuldade no acesso dos usuários da área de foram surgindo as equipes ampliaram o cadastro
abrangência da UBS aos serviços de atenção básica superando a lógica eminentemente geográfica,
de saúde, tendo como um dos fatores principais o havendo a necessidade de revisão do território. Ob-
limite de acesso às consultas médicas. Este gargalo jetivo: Caracterizar a estratégia de reestruturação
na porta de entrada do sistema de saúde amplia as da área de abrangência com as equipes ESF da UBS
dificuldades destes usuários, já que compete ao médi- Cambuci. Metodologia: Levantamento de dados atra-
co prescrever o uso de medicamentos, solicitação de vés do estudo de indicadores da Fundação SEADE
exames e encaminhamentos para os demais níveis do e IBGE. Uso do aplicativo Geofusion para elaborar
sistema. A capacidade instalada da UBS está aquém mapa cartográfico, com identificação dos setores
das necessidades da população da área de cobertura censitários, domicílios, verticalização e densidade
utilizando-se a Portaria n.º 11012002. A insuficiência demográfica, confrontando com os dados do SIAB
da oferta perante a demanda dos usuários manifesta- das equipes. Realizamos reuniões de sensibilização
-se na formação de filas na porta da unidade antes para o problema com enfermeiros, gerente e Agentes
das 5h da manhã, denunciando as iniquidades ainda Comunitários de Saúde, estimativa rápida de casas
presentes no sistema de saúde público. e discussão de estratégias para cadastramento das

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famílias de acordo com a capacidade de acompanha- acional das áreas. Estimulada a discussão, todos
mento das equipes. Resultados: A equipe A possui foram convidados a relatarem suas vivências para
4973 domicílios, sendo 2% vazios e 22% cadastrados; troca de experiências. Lições aprendidas: O principal
equipe B possui 3854 domicílios, sendo 3% vazios e fator dessa integração e articulação entre os atores
28% cadastrados; equipe C possui 3420 domicílios, das diferentes áreas foi o relato das dificuldades
sendo 2% vazios e 28% cadastrados. Ao todo, a área encontradas: implantar o preservativo, parcerias
de abrangência pela média de pessoas por família, com as secretarias municipais de saúde para realizar
possui potencial para 35020 pessoas, o que corres- ações de prevenção com profissionais da SAP, PPL
ponde a quase 3 vezes a capacidade instalada das 3 e familiares. Número de profissionais capacitados
equipes. Conclusões e reflexões: A sensibilização para teste rápido (TR), quantos testes realizados e
para o assunto e o método de contagem casa a casa questões éticas relacionadas - não podem ser exigi-
trouxe a tona discussões sobre vulnerabilidade e dos para fim de visita íntima; todos têm direito ao
reforçou a magnitude do problema da verticaliza- sigilo e não discriminação. Há unidades prisionais
ção e da transformação das moradias em pontos sem rede de referência para assistência, também
coletivos de abrigo das famílias. Será necessária a encontram dificuldades para marcação de consul-
adoção de definições claras acerca do processo de tas, exames e dispensação de antirretrovirais, pois
cadastramento das famílias visto que a capacidade a secretaria de saúde não considera a PPL como
instalada das equipes é menor que o contingente munícipe. Fluxos e interação com VE do município
com potencial para cadastramento. por conta das notificações. Conclusão/próximos
passos: Capacitações: dos agentes penitenciários
FORTALECENDO PARCERIAS E PROMOVENDO em prevenção; novos multiplicadores e executores
AÇÕES INTEGRADAS EM DST/AIDS PARA PESSOAS de TR; médicos clínicos da SAP em DST/aids (pelos
PRIVADAS DE LIBERDADE médicos da rede de referência); profissionais da SAP
Tânia Regina Corrêa de Souza / Souza, T.R.C. / em VE do HIV, Aids e sífilis. Criar materiais infor-
Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo; mativos específicos para PPL e melhorar o sistema
Samantha Moreira Lamastro / Lamastro, S. M. de informação/comunicação. Formalizar queixas de
/ Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo; não atendimento pelo município e enviar ao Conse-
Maria Aparecida da Silva / Silva, M. A. / Programa lho de Saúde. Esses encontros foram importantes
Estadual de DST/Aids de São Paulo; Maria Clara para aproximar os profissionais da SES, Secretarias
Gianna / Gianna, M. C. / Programa Estadual de Municipais de Saúde e da SAP, para tratar de temas
DST/Aids de São Paulo; Sergio Bassit / Bassit, S. / transversais pertinentes as intervenções nas duas
Secretaria de Administração Penitenciária; secretarias. Possibilitaram também a articulação
conjunta e o planejamento das ações focadas nas
Introdução: Numa parceria entre as Secretarias de
necessidades específicas dessa população e dos
Saúde e da Administração Penitenciária do Esta-
profissionais que atuam no sistema prisional.
do de São Paulo (SES e SAP) realizou-se em 2014
o Encontro Estadual de Planejamento de Ações
Integradas em DST/aids para Pessoas Privadas de GESTÃO DE UNIDADES DE SAÚDE ASSISTENCIAIS
Liberdade (PPL)”. Deste encontro resultaram outros DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE: A ALTERNA-
05 regionais. Descrição: O objetivo foi fortalecer o TIVA DE GESTÃO IMPLEMENTADA PELO ESTADO
processo de articulação entre as unidades prisio- DO ACRE
nais, municípios e os diversos atores envolvidos no Juliano Raimundo Cavalcante / Cavalcante, J. R. /
planejamento das ações de prevenção, vigilância FSP- USP; Marisol de Paula Reis Brandt / Brandt,
epidemiológica (VE) e assistência integral às pes- M. P. R. / UFAC;
soas privadas de liberdade (PPL) quanto às DST/ Com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal
aids. Os encontros foram realizados nas regiões: sobre a legalidade de gestão de unidades de saúde
Central, Metropolitana, Vale do Paraíba e Litoral, através de Organizações Sociais e Organizações
Noroeste e Oeste. Apresentou-se diagnóstico situ- Sociais de Interesse Público o debate sobre gestão

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de unidades de saúde assistenciais retorna com de São Bernardo do Campos; Viviane Aparecida
mais intensidade principalmente porque torna a se Iglecias / Iglecias, V. A. / Secretaria de Saúde de
rediscutir o papel do Estado nas ações e serviços de São Bernardo do Campos; Shyrlei Estefania Dias /
saúde. Na busca de uma alternativa para a gestão Dias, S. E. / Secretaria de Saúde de São Bernardo
direta das unidades ambulatoriais e hospitalares do Campos; Daniela Callegari / Callegari, D. / Se-
sob gestão estadual, o governo do Estado do Acre cretaria de Saúde de São Bernardo do Campos;
implementou, no período de julho de 2007 a dezem- O Kanban é uma ferramenta originalmente criada
bro de 2011 a Lei de Gestão Democrática do Sistema pela linha de produção Toyotista, com o objetivo de
Público de Saúde do Estado do Acre – Lei n. 1.912, eliminar perdas e gerar rotatividade na produção.
de 31 de julho de 2007. A criação da Lei envolveu Adaptada para o ambiente hospitalar, com o objetivo
discussão com a sociedade, com todas as unidades de gestão de leitos. Em São Bernardo do Campo, o
de saúde assistenciais e profissionais envolvidos na Kanban foi implantado em outubro de 2013, sob duas
área da saúde, tendo como marco mais importante características: a primeira, como originalmente
a realização do Fórum de Gestão Democrática do criada, a gestão de leitos, utilizando-se de previsão
Sistema Público de Saúde do Estado do Acre, com de fatores críticos que interfiram na alta; e, outra
participação de cerca de quinhentas pessoas. A com a possibilidade de uma alta responsável com
proposta discutida teve por base a experiência do seguimento na rede de saúde. Para tanto, a inserção
Programa de Dinheiro Direito na Escola (PDDE) do do profissional apoiador de rede pode potencializar
governo federal, que buscou estabelecer o empode- esse cuidado pós-alta e também trazer para dentro
ramento dos atores (gestores, profissionais de saúde do hospital alguns pontos que podem interferir no
e usuários) na gestão da unidade de saúde. A norma cuidado intra-hospital. Propõem-se pensar aqui que
estabeleceu a criação de um conselho gestor, sendo este tripé tempo de permanência-cuidado longitudi-
este uma entidade privada, sem fins lucrativos, nal-apoiador em rede” possibilita um cuidado com
constituído por gestores, profissionais de saúde e horizonte norteador voltado a desospitalização e
por usuários de saúde, respeitando-se a paridade a desinstitucionalização, numa visão ampliada de
estabelecida na Lei 8.142/90. Os gestores indicados saúde que toca diversas redes, e capaz de um olhar
pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre e os crítico para suas próprias práticas. Para pensar esse
profissionais de saúde e usuários participavam de desenho de rede e suas problematizações parte-se de
eleição para integrar o Conselho Gestor. As reuni- um caso-problema, em que devido sua complexida-
ões do Conselho Gestor inicialmente tiveram como de, evidencia-se a limitação das divisões clássicas
pauta principal o desabastecimento da unidade de entre social versus biológico”. Propõe-se pensar esta
saúde. Os principais instrumentos utilizados na ferramenta, tal como implementada no município,
gestão da unidade de saúde pelo Conselho Gestor como catalisadora de processos de trabalho para
foram o Plano de Desenvolvimento da Unidade de dentro do Hospital, para os outros serviços que
Saúde (PDUS) que norteava as ações e serviços da participavam do cuidado do usuário e para a rede. O
unidade de saúde, o Plano de Trabalho Anual (PTA) apoiador de rede, neste desenho, tem a capacidade
que estabelecia de que forma os recursos seriam de costura desses níveis de atenção, sendo um dos
aplicados – aprovado pela Secretaria de Saúde –, e a responsáveis por disparar e fomentar discussões
padronização de medicamentos e material médico- que eventualmente permanecem no ponto cego das
-hospitalar. Existe estudo em nível de doutorado equipes de saúde.
que deve estabelecer de forma mais detalhada esta
forma de gestão de unidades de saúde assistenciais NUCLEO DE ACESSO Á QUALIDADE HOSPITALAR (
no Estado do Acre, como forma de contribuir para NAQH) COMO ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO
o debate de tamanha relevância para a sociedade. DA GESTÃO EM SAUDE ;
Fernando Teles de Arruda / Arruda, F.T. / Santa
KANBAN: FERRAMENTA DE CUIDADO INTEGRAL Casa de Araraquara; Fernanda Gonçalves Fernan-
Jana Koosah / Koosah, J. / Secretaria de Saúde des / Fernandes, F.G. / Santa Casa de Araraquara;

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Jader Pires da Silva / Silva, J.P. / Santa Casa de lhido o foco da intervenção. Descrição: Esse processo
Araraquara; foi organizado para acontecer em três reuniões
Segundo a portaria nº 3.390 a política nacional de gerais e com a participação do maior número de tra-
atenção hospitalar (pnhosp) o componente hospita- balhadores possível. Iniciamos a análise do processo
lar deve atuar de forma articulada à Atenção Básica de trabalho a partir da construção de um fluxograma
de Saúde, oferecendo além da assistência, espaços de analisador da unidade. Observou-se que a recepção
educação, formação de recursos humanos, pesquisa estava sobrecarregada, já que todos que procuram a
e avaliação de tecnologias, acessibilidade hospitalar, unidade são direcionados para a recepção indepen-
acolhimento, apoio matricial, auditoria clínica, di- dentemente de sua demanda e dali sendo orientado
retrizes terapêuticas, gerencia e gestão de recursos a partir da sua necessidade. Outra questão apontada
da rede. O Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar foi o agendamento sem critérios, o que segundo os
(NAQH) é instancia composta por profissionais das trabalhadores, provoca um agendamento distante,
diversas áreas do hospital cuja finalidade é a garan- o que contribui para o grande número de faltosos.
tia da qualidade da gestão do serviço de urgência e E um terceiro ponto discutido foi a ausência de um
emergência e dos leitos de retaguarda às urgências espaço adequado e protegido para a escuta da de-
. O uso desta ferramenta permite apresentar como manda do usuário. Com as três principais questões
é organizada a oferta de serviços e suas formas a serem trabalhadas identificadas, passamos a estu-
de intervenção por meio dos modelos de práticas dar as diretrizes para o acolhimento do Documento
profissionais e institucionais estruturadas para o Norteador do município. Baseado nele tiramos pro-
atendimento de necessidades individuais e coleti- postas de ações para a realidade da unidade. E num
vas. A santa casa de Araraquara instituiu o NAQH em terceiro momento redesenhamos o fluxo interno
abril de 2014 composto por equipe multidisciplinar, da UBS incluindo as propostas da segunda fase.
com intuito de qualificar a assistência, com medidas Assim, reorganizamos o fluxo da unidade retirando
de acolhimento , classificação de risco , fortaleci- da recepção a responsabilidade de direcionamento
mento da gestão de leitos, fluxo de internação e a de todas as demandas, criando o Orientador de Flu-
implantação de protocolos clínico-assistenciais e xo” que será um trabalhador da unidade que ficará
administrativos, além de fortalecer a relação com a abordando os usuários e direcionando-o conforme a
rede através de encontros mensais com a Diretoria demanda. Criamos uma sala para a escuta qualifica-
Regional de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde da da demanda dos usuários, onde também onde se
e SAMU. Houve levantamento de indicadores que fará o Agendamento Assistido”. Lições Aprendidas
permitiram readequação da unidade, elaboração e Recomendações: A reorganização do processo de
de estratégias de redimensionamento de pessoal, trabalho da unidade foi pensada para acontecer em
apresentação de inconsistências em relação aos etapas. A primeira delas já em uso foi a criação da
pacientes transferidos ao serviço de emergência, sala do acolhimento”. As demais propostas serão im-
otimização de recursos e ações prestadas. plantadas ao longo do segundo semestre. Porém, já
foi possível observar que esse espaço permitiu uma
O ACOLHIMENTO COMO DISPOSITIVO PARA RE- maior resolutividade das demandas apresentadas
ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO: A pelos usuários, já que ali há acesso ao histórico de
EXPERIÊNCIA DA UBS VILA ROSA passagens do usuário pela rede de São Bernardo e
Tiago Henrique Pezzo / Pezzo, TH / Secretaria de ainda com um espaço mais protegido as demandas
Saúde de São Bernardo do Campo; Luciana Pa- apresentadas são menos genéricas de quando apre-
triota / Patriota, L. / Secretaria de Saúde de São sentadas na recepção. Outra questão importante
Bernardo do Campo; desse processo foi a participação de grande parte
Caracterização do Problema: A UBS Vila Rosa recen- dos trabalhadores da unidade, que puderem pude-
temente passou por mudanças na sua coordenação, ram colocar o seu cotidiano em análise, o que foi
observando-se a necessidade de reorganização do fundamental para provocar mudanças no processo
processo de trabalho. Assim, o acolhimento foi esco- de trabalho da unidade.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 169
O APOIO INSTITUCIONAL NO COTIDIANO DA nal para a prática do Apoio, como um espaço de limi-
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA REGIONAL tes imprecisos onde convergem disciplinas da saúde
RECANTO DAS EMAS, DISTRITO FEDERAL coletiva, do cuidado, da gestão, do institucionalismo.
Rhaila Cortes Barbosa / Barbosa, R.C. / UNB; A regional de saúde estudada aposta em um método
Paula Giovana Furlan / Furlan, P.G. / UNB; Melina de cogestão em saúde com a implicação de sujeitos
Soares Rodrigues / Rodrigues, M.S. / UNB; capazes de produzir relações democráticas em um
processo de gestão em saúde, com as potencialidades
Introdução: Movimentos de lutas sociais e políticas
do Apoio Institucional para a prática e análise do
marcam a criação e implantação do Sistema Único
modelo de gestão adotado.
de Saúde no Brasil, a fim de democratizar o acesso
à saúde como um direito de todos e dever do Estado.
O Programa de Saúde da Família operacionalizado O PAPEL DA REFERÊNCIA COMO MEDIADOR DOS
na Atenção Primária à Saúde é um passo importante PROCESSOS DE TRABALHO E CUIDADO NA ATEN-
na universalização do direito à saúde, mas demons- ÇÃO BÁSICA
tra desafios, como a dificuldade no manejo das Débora Zanutto Cardillo, Guaraciaba Oliveira
equipes e implementação de projetos terapêuticos Pinto, Isabel Cristina P. Fuentes, Maria Fernanda
que ampliem a clínica com a produção de sujeitos, Nóbrega, Simone Oliveira Sierra, Odete Carmen
autonomia e cidadania. Arranjos organizacionais e Gialdi, Eduardo Munhoz, José Carlos Alves / Car-
referenciais teórico-metodológicos têm sido propos- dillo, D. Z.; Pinto, G. O. / Departamento de Atenção
tos, dentre eles o Apoio Institucional, que pautado básica e Gestão do cuidado de São Bernardo do
no método da roda busca desenvolver formas mais Campo/SP;
democráticas de organização institucional. Metodo- Pela necessidade de aproximação e fortalecimento
logia: Pesquisa qualitativa de estudo de caso da rede dos processos disparados pelo Departamento de
de Atenção Primária à Saúde da Regional Adminis- Atenção Básica e Gestão do Cuidado (DABGC), foi es-
trativa do Recanto das Emas, subprojeto da pesquisa tabelecido o papel da Referência como um mediador
Cartografia do Apoio institucional e matricial no entre a gestão no DABGC, os Gerentes, profissionais
SUS do DF: áreas prioritárias da atenção e gestão das Unidades Básicas de Saúde e demais serviços.
em saúde e a formação de apoiadores na atenção pri- Para potencializar e fortalecer os processos da gestão
mária a saúde”. Utilizou-se a técnica de observação local nas discussões territoriais e na qualificação da
participante em reuniões do Colegiado Gestor com gestão do cuidado, partimos para uma construção co-
a participação de gestores, gerentes, coordenadores letiva dos diversos processos de trabalho, de cuidado
de serviços e departamentos da Regional de Saúde, e de relações que são dadas tanto nos processos da
da Subsecretaria de Atenção Primária a Saúde e de UBS como de uma rede de serviços. Estamos reali-
pesquisadores da Universidade de Brasília e Fun- zando discussões, mobilizações e pactuações com
dação Oswaldo Cruz. Registraram-se os dados em os gestores, apoiadores em saúde e profissionais da
diário de campo com análise segundo o referencial assistência para significar e ampliar o olhar para
da pesquisa cartográfica, a partir da técnica das as demandas e necessidades locais. Fazemos acom-
narrativas-acontecimento. Resultados: A construção panhamento junto aos gerentes dos indicadores de
do cartógrafo cria pontos de análise para dar visibi- saúde, discussão dos processos saúde-doença, for-
lidade e dizibilidade às relações e forças presentes talecimento do acolhimento com a classificação de
e atuantes na produção de subjetividades. O grupo risco e vulnerabilidade, monitoramento e avaliação
demandava uma intervenção nos processos de ges- dos processos para potencializar a Estratégia de
tão de organização do serviço. O espaço coletivo do Saúde da Família. A avaliação dos dados do território
Apoio permitiu a troca de experiências e discussões, nos permite um olhar para as mudanças que aconte-
gerando impacto no grupo para uma posição de cem no cotidiano de acordo com a governabilidade
desassossego, com análise da implicação de cada de cada UBS. Nas discussões dos processos, as de-
profissional na mudança institucional. Conclusão: mandas levantadas que necessitam de intervenção
Identificou-se o campo de conhecimento profissio- da gestão central, são apresentadas por nós, nos

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 170
encontros realizados entre Referências e a equipe do unidade. Assim, o objetivo é apresentar o processo
DABGC para pactuações e fortalecimento das ações de organização inicial para alocação dos gastos dos
necessárias de forma a apoiar os gerentes das UBS centros de custos consolidados em grupos de gastos
nas tomadas de decisão. A mediação entre o DABGC, específicos do Complexo de Pediatria Arlinda Mar-
gerencia e trabalhadores das UBS tem possibilitado ques (CPAM), de acordo com o que propõe o Programa
um encontro potente para que sejam realizadas mu- Nacional de Gestão de Custos (PNGC) e a sua análise.
danças nos processos de trabalho e cuidado no nosso As informações foram obtidas através de visitas aos
território. A avaliação deste processo tem se mostra- setores do CPAM, no período de junho a setembro
do no estreitamento da relação entre os gestores e o de 2013, através de dados levantados em planilha
DABGC, nas articulações dentro do próprio território Excel (2007) padronizada pelo NES/PB. LIÇÕES
tanto nos processos duros, quanto nas dificuldades APRENDIDAS: Foram selecionados quatro grupos
de recursos humanos e qualificação do cuidado, de gastos (pessoal, serviços terceiros, material de
isto presenciamos neste momento na discussão da consumo e despesas gerais), as despesas nesse
microregulação no território. Neste percurso como período variaram: de 73,59 a 80,66% com pessoal,
referência temos um caminho a percorrer de apren- de 3,49 a 10,81% com serviços de terceiros, de 9,23
dizado na gestão de saúde que possibilite avaliar, a 14,02% com material de consumo e 1,49 a 1,75%
monitorar e sistematizar o que temos provocado nos com despesas gerais. A variação entre os dados do
diversos encontros que qualifique e potencialize os período para serviços de terceiros foi de até 67,47%
processos de gestão do cuidado. entre os valores do menor e do maior mês e de 39,19%
para material de consumo, para os demais grupos a
O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DE GESTÃO DE mesma variação foi inferior a 6,5%. Observa-se en-
CUSTOS EM UNIDADE HOSPITALAR PEDIÁTRICA tão a partir dos dados preliminares de gastos de um
DO ESTADO DA PARAÍBA trimestre a alta variação de investimento dentro dos
Vanessa Meira Cintra Ribeiro / CINTRA RIBEIRO, mesmos grupos de gasto e o alto investimento em re-
V.M.C. / UNISANTOS; Bruno Leandro de Sousa / cursos humanos. RECOMENDAÇÕES: Analisando os
SOUZA, B.L. / UNISANTOS; Jailson Vilberto Sousa grupos de gastos, é possível inferir a necessidade de
e Silva / SILVA, J.V.S. / UNISANTOS; Sérgio Baxter uma analise mais específica dos gastos de material
Andreolli / ANDREOLLI, S.B. / UNISANTOS; Nar- de consumo e serviços de terceiros paralelamente
riane Chaves Pereira de Holanda / DE HOLANDA, a indicativos de produção e de qualidade do mesmo
N.C.P. / UNISANTOS; período e a notória necessidade da continuidade
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: O aumento da do trabalho para levantamento de custos e assim,
eficiência com otimização de gestão para melhoria alcançar maior eficiência dos recursos.
contínua no atendimento frente aos recursos dispo-
níveis são desafios encontrados por unidades hospi- O PROGRAMA MAIS MÉDICOS E A POLÍTICA
talares públicas. A eficiência e a eficácia gerencial NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA: ANALISANDO
envolvem certamente a questão do custo (BONACIM EFEITOS NAS POLÍTICAS E PRÁTICAS NO SISTEMA
e ARAÚJO, 2010). Assim, um hospital pediátrico de DE SAÚDE BRASILEIRO
referência do estado da Paraíba vem utilizando da Alcindo Antônio Ferla / Ferla, A. A. / UFRGS; Lucia-
estratégia de custeio para melhor tomada de decisão. no Bezerra Gomes / Gomes, L. B. / UFPB; Rodrigo
Foi lavrado um convênio com o Núcleo de Economia Tobias de Sousa Lima / Lima, R.T.S. / ILMD - Fio-
da Saúde (NES/PB) juntamente com o Ministério da cruz/AM; Júlio cesar Schweickardt / Schweickardt,
Saúde e o Núcleo de Custo Hospitalar da unidade J.C. / ILMD - Fiocruz/AM; Maria Lisiane de Moraes
em questão, com objetivo de fomentar informações dos Santos / Santos, M.L.M. / UFMS; Fernando
para aplicação no Sistema de Apuração e Gestão de Neves Hugo / Hugo, F.N. / UFRGS; Renata Flores
Custos do SUS (APURASUS). DESCRIÇÃO: Para que Trepte / Trepte, R.F. / UFRGS;
a unidade pudesse iniciar o processo de gestão de O Programa Mais Médicos é uma iniciativa do Go-
custos foi necessário o levantamento dos gastos da verno Federal para fortalecimento da atenção básica

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 171
no Sistema Único de Saúde, composta por ações de PERFIL GERENCIAL DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM
investimento na infraestrutura física e tecnológica MUNICÍPIOS DE UM DEPARTAMENTO REGIONAL
nas Unidades Básicas de Saúde, ampliação de vagas DE SAÚDE (DRS) DO ESTADO DE SÃO PAULO
e mudanças no ensino nos cursos de graduação em Luceime Olivia Nunes / Nunes, L.O. / Faculdade de
medicina e nas residências e provimento emergen- Medicina de Botucatu - UNESP; Elen Rose Lodeiro
cial de profissionais médicos em regiões de maior Castanheira / Castanheira, E. R. L. / Faculdade
carência e vulnerabilidade. A iniciativa foi formula- de Medicina de Botucatu - UNESP; Adriano Dias
da em 2013 e formalizada por meio da Medida Pro- / Dias, A / Faculdade de Medicina de Botucatu -
visória 621/2013, convertida na Lei nº 12.871/2013. UNESP;
Mobilizou diversos atores e interesses, sendo que Apresentação/introdução: A Atenção Primária à
sua implementação completa dois anos. O presente Saúde (APS) ou Atenção Básica (AB) é hoje um nível
trabalho é resultado preliminar de projeto multicên- de atenção estratégico para reordenar a lógica assis-
trico que se situa no escopo da análise de implan- tencial do Sistema Único de Saúde. Entre outras con-
tação de políticas e tem como objetivo analisar os dições, precisa contar com uma gerência local capaz
efeitos do Programa Mais Médicos na atenção básica de coordenar a equipe de modo a garantir a execução
do Sistema Único de Saúde em relação ao acesso, à de um projeto técnico político capaz de traduzir as
qualidade e à satisfação dos usuários. Para sua rea- diretrizes do SUS em práticas concretas nos servi-
lização, vem mobilizando uma rede científica de pes- ços. Objetivos: Caracterizar o perfil dos gerentes
quisadores e instituições nas diferentes regiões do dos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) dos
país e desenvolvendo metodologias e tecnologias de municípios de uma Regional de Assistência à Saúde
análise multifatorial, a partir de dados dos sistemas (RAS) do estado de São Paulo. Metodologia: Estudo
nacionais de informação e outras bases de dados e de descritivo, de corte transversal, a partir de dados da
dados primários coletados in loco em diferentes mu- aplicação do instrumento de avaliação da qualidade
nicípios do Brasil. O estudo vem sendo desenvolvido de serviços de Atenção Primária QualiAB, via web,
em rede científica de pesquisadores e instituições em 2014, em uma Regional de Saúde do Estado de
por meio da triangulação de métodos. Estão sendo São Paulo composta por 65 municípios. Refere-se
utilizados dados secundários dos sistemas de in- a dados preliminares de pesquisa em andamento.
formação em saúde e análise documental, além de A análise é feita a partir dos dados das fichas de
dados primários coletados por meio de entrevistas identificação do gerente e de variáveis relativas ao
e grupos focais temáticos. A análise inclui técnicas processo de gerenciamento local das unidades de
de associação multifatorial de informações sobre saúde, apresentando-se as frequências encontradas.
infraestrutura na atenção básica, volume de proce- Resultados: Aderiram 40 municípios e 161 Unidades
dimentos ofertados, escopo de práticas desenvolvido de Saúde (US) responderam ao questionário, sendo
na atenção básica, qualidade da atenção oferecida, 41,0% do tipo USF e 36,6% UBS tradicional”, com
efeitos no Sistema Único de Saúde e no estado de localização urbana periférica (59,0%). Entre os re-
saúde da população. Os indicadores de saúde são sultados destaca-se que 159 US possuem gerentes,
cruzados também com dados demográficos e socio- sendo 90,7% do sexo feminino; 78,8% graduados
econômicos e agregados em diferentes níveis, de em enfermagem, 6,7% sem curso superior; 36,6%
equipes ao nacional. A pesquisa tem como objetivo atuam na área da saúde de 1 a 5 anos e 34,2% atuam
final produzir conhecimentos válidos, metodologias há menos de 1 ano na US atual. Realizam reunião de
e tecnologias de análise e formação de pessoal no equipe semanal ou quinzenal 49%; não têm conse-
acompanhamento e avaliação do Programa Mais lho local de saúde ou este não se reúne em 49,6%;
Médicos, fomentar o uso de indicadores para mo- reuniões com o nível central apenas quando surgem
nitoramento e avaliação de políticas, disseminar problemas em 44,7%; apoio técnico por equipe mul-
conhecimentos sobre características e condições de tiprofissional ou NASF em 47,2% e 36% não recebe
implementação do Programa e apoiar tomadores de nenhum tipo de apoio. Conclusões/Considerações:
decisão na condução das próximas etapas do mesmo. Chama atenção a pouca experiência e a falta de apoio

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 172
técnico e político da gerência local. A baixa ocorrên- res do CRT-DST/Aids-SP, uma pós-doutoranda, uma
cia de ações de matriciamento e a irregularidade voluntária e a coordenadora do projeto. Faltaram 14
do contato com o gestor municipal da saúde podem municípios. Foi discutido o instrumento de pesquisa
comprometer a execução do projeto proposto para resultando no instrumento final com 66 questões
a APS. Os dados apontam para a necessidade de um dividido em: 1) Formação (5 itens); 2) Caracterização
maior investimento na qualificação e aprimoramen- da UBS e sua gestão (23 itens); 3) A UBS e a gestante
to contínuo do gerenciamento local para que possa (12 itens); 4) A UBS e o tratamento das DST/HIV/Aids
cumprir com seu papel. (6 itens); 5) A UBS e os adolescentes (5 itens); 6) A
UBS e as populações vulneráveis (2 itens); 7) A UBS
PESQUISA-AÇÃO: OFICINA PARA APRIMORAMEN- e o usuário em relação às DST/HIV/Aids (6 itens); 8)
TE DAS AÇÕES DE PREVENÇÃO AO HIV/AIDS NA Comunicação da UBS com os serviços de referência
ATENÇÃO BÁSICA em DST/HIV/Aids (7 itens). O instrumento está sendo
Adriana Gomes Pinto / Pinto, A.G. / UNICAMP; aplicado nos 22 municípios e seus resultados serão
Afonso Henrique V. da Silva / Silva, A.H.V. / discutidos em oficina denominada devolutiva”, de
EEUSP; Luciane Ferreira do Val / Val, L.F. / EEUSP; forma a elaborar matriz de intervenção das situa-
Paula de Oliveira Sousa / Souza, P.O. / CRT DST/AI- ções problema identificada. Conclusão O objetivo
DS-SP; Ivone de Paula / Paula, I. / CRT DST/AIDS- foi atingido ao propiciar a revisão conjunta do ins-
-SP; Lucia Yasuko Izumi Nichiata / Nichiata,L.Y.I. trumento de pesquisa com os sujeitos do estudo e
/ EEUSP; os pesquisadores, além de envolvê-los na busca de
Introdução Há avanços na implementação de ações soluções para a vulnerabilidade ao HIV na dimen-
de prevenção e assistência na rede de atenção em são programática dos serviços de saúde, relativo às
DST/HIV/aids, mas permanece como desafio à ações de prevenção das DST/HIV/Aids.
Atenção Básica a realização de ações de âmbito das
equipes das Unidades Básicas de Saúde de forma POTENCIALIDADES E DESAFIOS DA GESTÃO ESTA-
ampla e permanente. Assim, torna-se fundamental DUAL NA QUALIFICAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA:
analisar a vulnerabilidade dos indivíduos ao HIV, A EXPERIÊNCIA DO PROGRAMA ARTICULADORES
na dimensão programática dos serviços da Atenção DA ATENÇÃO BÁSICA NO ESTADO DE SÃO PAULO,
Básica, segundo marcadores relativos à gestão e PUGIN / VALÉRIA MASTRANGE PUGIN / UNESP
organização das ações. Objetivo Construir com os BOTUCATU; Valéria Mastrange Pugin / PUGIN,
sujeitos da pesquisa o instrumento de coleta de V.M. / UNESP BOTUCATU; Elen Rose Lodeiro
dados e sensibilizá-los para o estudo Vulnerabili- Castanheira / CASTANHEIRA, E. R. L. / UNESP
dade ao HIV/Aids: contribuição da pesquisa-ação no BOTUCATU;
aprimoramento das ações de prevenção na Atenção O presente trabalho apresenta um estudo sobre o
Básica”. Método Estudo tipo pesquisa-ação que está resgate das funções do Estado de São Paulo junto à
em curso tendo como parceiro o Centro de Referência Atenção Básica, por meio do apoio técnico realizado
em DST/aids da Secretaria de Estado da Saúde de São pelo programa Articuladores da Atenção Básica para
Paulo. Como referencial teórico utilizou-se a Vulne- qualificar a Atenção Básica dos municípios do Esta-
rabilidade ao HIV em sua dimensão Programática. do de São Paulo. Objetivo: discutir ao papel das SES
Descreve-se a 1ª oficina realizada em maio de 2014, na qualificação da Atenção Básica a partir do estudo
na Escola de Enfermagem da USP, com duração de do Programa Articuladores da Atenção Básica no
3 horas; participaram gestores e trabalhadores da estado de São Paulo; Caracterizar o trabalho dos arti-
Atenção Básica, como estratégia de aprimoramento culadores e suas potencialidades na qualificação da
do instrumento de pesquisa e de sensibilização para AB. Justificativa: O movimento em prol do fortaleci-
a coleta dos dados. Foi enviado convite aos 22 muni- mento do papel do estado e da regionalização, como
cípios elegíveis, no Estado de São Paulo. Resultados estratégia complementar à municipalização, além de
Participaram 24 trabalhadores e gestores da área da revelar novos atores, colocou novos pactos e novos
saúde, 19 representantes dos municípios, dois gesto- processos na agenda política, onde o atual momento

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 173
de implementação do SUS coloca demandas que pas- de vida da população, sob o princípio da Vigilância
saram a exigir novas tecnologias e metodologias de à Saúde, da inter e multidisciplinaridade e da inte-
gestão, mais integradoras e participativas. Observa- gralidade do cuidado com população que reside na
-se também o esgotamento das normas operacionais área de abrangência. Entre os desafios das Equipes
como instrumentos e mecanismos para regular a de Saúde da Família (ESF) está a integração à rede
descentralização e a organização dos sistemas e de assistência, o aumento de sua resolutividade e a
serviços de saúde. Evidencia-se a necessidade de capacidade de compartilhar e fazer a coordenação
novos modelos de gestão e pactuação para o enfren- do cuidado. Visando superá-los, em 2008 o MS criou
tamento dessas novas demandas. A constituição de os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) para
modelos de gestão mais democráticos e flexíveis, ampliar a abrangência e ações da AB, reforçando o
sensíveis à diversidade e às diferentes realidades processo de regionalização em saúde. O NASF tem
estaduais, regionais e municipais do país, é o desafio como seus pressupostos: territorialização; educa-
do momento. Assim o Articulador da Atenção Bási- ção permanente em saúde; integralidade; partici-
ca se apresenta para a gestão estadual como uma pação social; promoção da saúde e humanização.
proposta que avança no sentido do enfrentamento Objetivos: - Levantar referencial teórico e empírico
destas diversidades, criando mecanismos concretos sobre o tema de estudo; - Analisar as práticas dos
de articulação e cooperação técnica junto à gestão profissionais de um NASF do interior de São Paulo,
municipal e às equipes de saúde da Atenção Básica, a partir da visão das ESF. Método: Pesquisa de Mes-
visando a qualificação da Atenção Básica. O estudo trado Profissional em Gestão da Clínica/UFSCar,
de caso, realizado por meio de aplicação de ques- de abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso,
tões semi-estruturadas envolvendo a coordenação constituída de levantamento bibliográfico e análise
da atenção Básica da SES/SP e os Articuladores da das práticas desenvolvidas pelo NASF, com uso de
Atenção Básica dos municípios do Estado de São roteiro previamente elaborado para realização de en-
Paulo, apresenta a discussão destes atores quanto trevistas semi-estruturadas, junto aos profissionais
às potencialidades e os desafios da gestão estadual que compõem as ESF cobertas pelo NASF. Resultados
na qualificação da Atenção Básica. parciais: O levantamento bibliográfico indica ser
importante considerar se na visão da ESF a equipe
PRÁTICAS DESENVOLVIDAS POR PROFISSIONAIS NASF realiza ações que apóiem e aperfeiçoem o de-
DE UM NÚCLEO DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA senvolvimento de habilidades dos profissionais da
(NASF): A VISÃO DE EQUIPES DE SAÚDE DA SF por meio de projetos de saúde no território; de
FAMILIA apoio a grupos; trabalhos educativos e de inclusão
social, no sentido de ampliar e qualificar o cuidado
Crislaine Aparecida Antonio Mestre / Mestre,
prestado à comunidade adstrita ao território. Con-
C.A.A / UFSCAR; Maria Lúcia Teixeira Machado /
Machado, M.L.T / UFSCAR; clusão: Nesse trabalho apresentamos os referenciais
teóricos e empíricos identificados pelo levantamen-
Introdução: A Atenção Básica (AB) se refere a um
to bibliográfico, que na próxima etapa estarão em
conjunto de ações individuais e coletivas relacio-
diálogo com os achados da pesquisa de campo.
nadas à promoção e proteção da saúde, prevenção
de agravos, diagnóstico, tratamento e reabilitação,
constituindo-se uma das principais portas de en-
PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE NO BRA-
trada para o sistema de saúde. Está centrada na SIL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA COM ENFOQUE
família e participação ativa da comunidade e pro- NA RELAÇÃO ENTRE O PÚBLICO E PRIVADO
fissionais responsáveis pelo seu cuidado. A Saúde Julia Amorim Santos / Santos, J. A. / UNICAMP; Li-
da Família (SF) é uma das estratégias propostas pelo lian Terra / Terra, L. / UNICAMP; Gustavo Tenório
Ministério da Saúde (MS) para reorientar o modelo Cunha / Cunha, G. T. / UNICAMP;
assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS). Bus- Após 1988, restabeleceu-se a democracia no Brasil e
ca reorganizar os serviços e reorientar as práticas consagraram-se as bases de um sistema de proteção
profissionais na lógica da promoção da qualidade social ancorado nos princípios da universalidade, da

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 174
seguridade e da cidadania. Apesar desta construção PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE: EXPERIÊN-
coletiva, autores indicam que a criação e a expan- CIA DA AÇÃO COLETIVA E DA ARTICULAÇÃO DO
são do SUS se deu em meio a concepções distintas SABER COM A REALIDADE LOCAL NA CONSTRU-
do Estado Social. Observa-se, intensa participação ÇÃO DE DISPOSITIVOS DE REFLEXÃO PARA A RE-
privada na assistência pública à saúde, de diferentes
COMPOSIÇÃO DO MÉTODO DE GESTÃO EM SAÚDE
formas: na oferta de serviços; na oferta de tecno-
Andréia Aparecida De Luca Moore Bonello / Bo-
logias de ponta para todo tipo de procedimentos
nello, A. A. L. M. / Secretaria Estadual da Saúde
médicos; na intermediação financeira no mercado
DRS X Piracicaba; Greicelene Aparecida Hespa-
de saúde; no estímulo à conformação de grandes nhol Bassinello / Bassinello, G. A. H. / Secretaria
grupos capitalistas, envolvendo serviços, finanças Estadual da Saúde DRS X Piracicaba;
e indústria. Tal expansão privada contou com forte
Caracterização do Problema: Na perspectiva da
financiamento e subsídio estatal, o que em parte
consolidação dos seus princípios, o Sistema de
explica um gasto privado maior que o público na
Saúde Brasileiro traz para discussão a reinvenção
área da saúde no Brasil e um mercado de saúde de
do processo de trabalho em saúde, enfatizando a
natureza privada operando fora e dentro do SUS. O inserção de novas formas de atuação nesse pro-
objetivo deste trabalho que é compreender o campo cesso a partir de um novo olhar sobre o mesmo. A
e como tem sido analisado na produção acadêmica mudança do processo de trabalho em saúde envolve
o processo de privatização da saúde no Brasil. Como a democratização das organizações, a construção
metodologia foi utilizada uma revisão bibliográfica de coletivos e o desenvolvimento dos sujeitos en-
sendo conduzido um levantamento na Biblioteca volvidos. Partindo desse pressuposto este trabalho
Virtual da Saúde. Foram utilizados os descritores tem como objeto de estudo o método de gestão em
privatização” e saúde”. Estabeleceu-se como crité- saúde. Descrição: O objetivo deste trabalho é relatar
rios de inclusão: ser artigos, teses e dissertações, a experiência da ação coletiva e a articulação do
monografias, capítulo de livro ou livro; estar no saber com a realidade local na construção de dispo-
idioma inglês, português ou espanhol; fazer uma sitivos de reflexão para a recomposição do método de
análise dos serviços ou política pública no Brasil. gestão em saúde. A construção desses dispositivos
Foram encontradas 1905 publicações, com 126 rela- teve como finalidade colaborar com a estruturação
cionados ao Brasil, sendo 61 trabalhos selecionados. de um novo modo de fazer gestão, democratizando
Os artigos foram divididos nos seguintes blocos esse processo, num serviço de saúde que realiza
temáticos: A) resgate histórico sobre o período da atendimento especializado na área de abrangência
ditadura e reforma sanitária (8 trabalhos) B) polí- do Departamento Regional de Saúde de Piracicaba.
ticas neoliberais e reforma do Estado (19 trabalhos A metodologia usada englobou a ação coletiva de
com aspectos favoráveis e contrários à reforma profissionais da saúde inseridos no serviço e no sis-
do Estado) C) questões sobre o público privado (19 tema no âmbito regional e a articulação dos aspectos
trabalhos podendo abordando os temas dos seguros técnicos com a realidade local, tendo como tarefas
de saúde e cobertura duplicada; gastos da saúde e a leitura de referências no assunto, a construção de
financiamento do SUS; questão da cobertura e a um roteiro de diagnóstico situacional a partir da
relação do SUS com convênios e contratos; novas leitura das referidas referências e discussões entre
modalidades de gestão) D) trabalhos que tratam so- os membros da equipe de trabalho, o preenchimento
bre rede ou assistência (a privatização ficava como do roteiro construído por meio da entrevista indivi-
pano de fundo da análise). Este tema é de grande dual com os diferentes funcionários do serviço e a
complexidade, sendo um desafio fazer uma análise observação do ambiente de trabalho, a realização do
considerar as circunstâncias em que se processa a diagnóstico situacional no serviço envolvido, com a
evolução histórica, social e econômica de nosso país, construção, análise e reflexão coletiva da descrição
não transpondo pura e simplesmente concepções e dos processos de trabalho global e setorial, e por
categorias de análise para a nossa realidade. Esta fim a constituição do consenso como dispositivos
revisão é parte de uma pesquisa em andamento. coletivo para a recomposição do método de gestão.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 175
Lições Aprendidas O resultado desse trabalho foi apresenta duas dimensões. Uma interna que trata
bastante enriquecedor enquanto força motriz para do acesso dos usuários às várias ofertas de cuidado
a inserção da ação coletiva e a articulação dos aspec- da própria unidade (modos de entrada; gestão da
tos técnicos e legais com a realidade e experiência agenda; matriciamento). Uma externa, que trata
local no desenho e implementação de estratégias e do acesso aos demais serviços da rede, onde: a)
dispositivos para recomposição das ações de gestão para o paciente que é classificado como P0 há uma
em saúde. Recomendações: A reformulação do modo mobilização para garantir o encaminhamento ágil;
de operar no cotidiano diário do processo de gestão b) os demais níveis de prioridade entram em fila de
em saúde incluindo ações que fomentem a democra- espera organizada por ordem de chegada, e não por
tização institucional, a construção de coletivos e o uma discriminação clínica mais fina; c) a equipe
desenvolvimento dos sujeitos constitui uma ação faz uso de contatos pessoais em outros serviços
imprescindível quando se busca efetivar os princí- para agilizar os encaminhamentos prioritários; d)
pios do Sistema Único de Saúde. outros atores influenciam o processo como os ACS
e o próprio usuário. Conclusão: A microrregulação
PROCESSOS MICRORREGULATÓRIOS EM UMA funciona como um sistema de filtros, e é preciso
UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE E A PRODUÇÃO DO compreender os elementos que influenciam sua
CUIDADO porosidade. Embora a UBS consiga uma boa arti-
Lissandra Andion de Oliveira / Oliveira, L.A. / culação interna para obter encaminhamentos em
UNIFESP; Luiz Carlos de Oliveira Cecílio / Cecilio, tempo ágil nos casos considerados críticos, o estudo
L.C.O. / UNIFESP; aponta a impossibilidade de a atenção básica ser a
coordenadora do cuidado como estabelecido pelo
Introdução: A Atenção Básica tem sido crescente-
MS, tarefa que precisa ser assumida por múltiplos
mente demandada a ser a coordenadora do cuidado
pontos de atenção, o que requer o engajamento da
e o centro de comunicação da rede de serviços como
gestão no desenvolvimento de arranjos de comuni-
estabelecido na PNAB em 2011. Objetivo: Caracteri-
cação e troca de informações entre os serviços.
zar os processos microrregulatórios desenvolvidos
por uma unidade básica de saúde visando garantir
a integralidade do cuidado de seus usuários. Me- PROGRAMA DA IMUNOGLOBULINA PALIVIZUMA-
todologia: O estudo está vinculado à pesquisa A BE NO ESTADO DE SÃO PAULO: AVALIAÇÃO DE
Atenção Primária à Saúde como estratégia para ESTRUTURA E PROCESSO
(re)configuração das Políticas Nacionais de Saúde, Ivana Regina Gonçalves / Gonçalves, Ivana Regina
financiada por CNPQ, FAPESP e MS. Trata-se de um / Faculdade de Medicina de Botucatu; Cristina
estudo de caso de abordagem qualitativa realizado Maria Garcia de Lima Parada / Parada, Cristina
em uma UBS da região metropolitana de São Pau- Maria Garcia de Lima / Faculdade de Medicina de
lo. Utilizou-se o método etnográfico desenvolvido Botucatu; Marli Teresinha Cassamassimo Duarte /
através de 3 técnicas: a análise documental, a obser- Duarte, Marli Teresinha Cassamassimo / Faculda-
vação participante e entrevista semi-estruturada. de de Medicina de Botucatu;
A observação participante foi realizada durante Introdução: Em 2007 o Estado de São Paulo implan-
10 meses. Foram realizadas 6 entrevistas com os tou o programa de oferta da imunoglobulina palivizu-
envolvidos na regulação. Na análise dos dados, as mabe, destinado a crianças prematuras, cardiopatas
cenas observadas e registradas, e as falas dos traba- e/ou pneumopatas, pela vulnerabilidade que apre-
lhadores entrevistados foram agrupadas compondo sentam em relação ao vírus sincicial respiratório.
2 grandes blocos temáticos: a microrregulação Implantado há quase uma década, esse programa
interna e a microrregulação externa. Resultados: A ainda não foi amplamente avaliado. Objetivo: Ava-
microrregulação, ou os atos realizados pela equipe liar a estrutura e processo e do programa de oferta
para garantir o acesso dos usuários aos serviços em da imunoglobulina palivizumabe no Estado de São
busca do cuidado adequado às suas necessidades, Paulo. Métodos: Estudo transversal, realizado em 15

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 176
postos de aplicação no Estado de São Paulo, sendo ex- dos Campos – SP, trouxeram ao cenário da saúde um
cluído o posto de Botucatu, local de trabalho de uma problema que se torna cada vez maior e de difícil
das autoras. Os dados foram coletados a partir de enfrentamento: a superlotação das filas de espera
entrevista com os responsáveis pelos postos de apli- por consultas com especialistas, das quais destaca-
cação. Resultados: Com relação a estrutura, a maioria mos cardiologia e endocrinologia. Descrição: Dentre
dos postos atendia ao preconizado pelo Ministério as diferentes estratégias da Secretaria de Saúde
da Saúde. Porém, 7 (46,7%) não contavam com ar para possibilitar a gestão destas filas, com o obje-
condicionado na sala de aplicação; em 3 (20,0%) esta tivo de caracterizá-la, conhecer as necessidades de
não era exclusiva, não havia equipamento de refrige- saúde e, de fato, oferecer o cuidado aos munícipes,
ração para o dia de trabalho e havia decoração não destacamos aqui a revisão dos encaminhamentos
lavável; em 2 (13,4%) a iluminação/arejamento eram existentes até março de 2015, possibilitado pela re-
inadequados. Quanto ao processo, pode-se verificar cente expansão da ESF no município. Foi proposta às
que 44 (5,0%) das crianças inscritas no programa, equipes dos territórios a utilização de uma planilha
foram atendidas em dia diferente do agendamento para conhecer e rever estes pacientes. A avaliação
prévio; 13 (86,6%) postos realizavam busca ativa dos inicial é feita por visitas domiciliares, reunião de
faltosos; houve variação quanto às formas de orien- equipe, via telefone e/ou sistema de informação,
tação às mães: todos os postos orientavam verbal- para posterior reavaliação pelo médico generalista.
mente, 14 (93,3%) abordavam a finalidade do uso da Assim, o encaminhamento é mantido ou excluído,
imunoglobulina e 10 (66,7%) sobre a proteção contra sempre com a ciência do usuário. A construção des-
o vírus sincicial respiratório e forneciam material ta abordagem foi feita em reuniões com as equipes
instrucional por escrito; 2 (13,4%) informam quanto das Unidades, e com os gerentes do território, o que
a possíveis reações adversas. Conclusão: Os indica- ocorre mensalmente. Lições Aprendidas: A gestão
dores de estrutura e processo evidenciam situação efetiva das listas de espera subsidia a tomada de
favorável na maioria das unidades, favorecendo o decisão por parte do gestor e a produção do cuidado
cumprimento do programa do uso do palivizumabe pelas equipes. Os resultados obtidos até o momento
no Estrado de São Paulo. Espera-se que este estudo apontam para a importância de conhecer a popula-
subsidie os gestores na identificação de problemas ção adscrita, que na maioria das vezes está aguar-
estruturais e relativos ao processo de trabalho, de dando na fila e não está sendo cuidada. A mudança
forma a buscar estratégias de superação para am- do paradigma medicocêntrico e de especialidades
pliar a qualificação do programa. requer empenho e vigilância da equipe e dos gesto-
res, para o fortalecimento das práticas na Atenção
QUEM ESTÁ NA FILA? UMA ESTRATÉGIA DE GES- Básica no sentido de aumentar sua resolutividade
TÃO E CUIDADO e qualidade do cuidado prestado. Recomendações: É
Olívia Félix Bizetto / Bizetto, O. F. / Secretaria Mu- imprescindível que as equipes estejam sensíveis e
nicipal de Saúde de São José dos Campos; Carlos cientes de seu papel como gestora do cuidado. Para
Armando Lopes do Nascimento / Nascimento, C. tal, a construção coletiva de estratégias como esta
A. L. / Secretaria Municipal de Saúde de São José é essencial para favorecer a adesão e continuidade
dos Campos; Paulo Roberto Roitberg / Roitberg, destas ações. Também é necessário aprimorar o
P. R. / Secretaria Municipal de Saúde de São José investimento em medidas que consolidem a gestão
dos Campos; Ana Carolina Martins / Martins, A. das filas de espera tais como: adoção de protocolos
C. / Secretaria Municipal de Saúde de São José dos clínicos de encaminhamento, padronização do sis-
Campos; tema de informação para especialidades/SADT mais
Caracterização do Problema: A crescente busca por impactantes, definição conceitual do retorno dos
cuidados em saúde sob a ótica da medicalização e pacientes aos especialistas, medidas que minimizem
especialidades, aliado a um histórico de desinvesti- o absenteísmo e ações de educação permanente e
mento na Atenção Básica no município de São José matriciamento aos profissionais.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 177
REDE ATENÇÃO À SAÚDE - CONTROLE DO CÂNCER po; Maria Fernanda Nóbrega / Nobrega. M. F. /
DE MAMA NA VISÃO DOS GESTORES Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo;
Elisabeth Niglio de Figueiredo / Figueiredo, E.N. / Isabel Cristina Pagliarini Fuentes / Fuentes. I.C.P.
EPE/UNIFESP; Maria Gaby Rivero de Gutiérrez / / Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo;
Gutiérrez, M.G.R. / EPE/UNIFESP; Rosely Erlach Odete Carmen Gialdi / Gialdi. O.C. / Secretaria de
Goldman / Goldman, R.E. / EPE/UNIFESP; Maris- Saúde de São Bernardo do Campo;
lei Sanches Panobianco / Panobianco, M.S. / EE/ CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA Para a constru-
USP RB; Ana Maria de Almeida / Almeida, A.M. / ção de um novo modelo de atenção à saúde, centrado
EE/USP Ribeirão Preto; no usuário inserido no contexto familiar e social, é
Introdução: No Brasil, a atenção oncológica ainda fundamental repensar e monitorar as ações desenvol-
passa por dificuldades e barreiras cotidianas que didas no território, com isso, notamos a necessidade
muitas vezes estão relacionadas aos processos de de estreitar a relação da gestão central e da gestão
gestão. Objetivo: Compreender, sob a perspectiva local e equipes das UBS oferecendo apoio, pois,
dos gestores do nível central de um município pau- vinham enfrentando dificuldades na condução dos
lista, a organização da rede de atenção para controle processos de trabalho, ineficiência na comunicação
do câncer de mama. Método: Estudo qualitativo e na relação entre os atores dos níveis central e local,
realizado em 2012, com três gestores. Utilizou-se a partir destas percepções foi pensada na estratégia
a análise de conteúdo e, como referencial para a de referências da Atenção Básica (AB). DESCRIÇÃO
conformação das categorias de análise, os cinco O município de São Bernardo tem como objetivo o
itens da estrutura operacional da Rede de Atenção à resgate da apropriação da Saúde Pública. Com isso,
Saúde1 Resultados: A ampla cobertura da população desenvolvemos e construimos vários dispositivos
pela Estratégia Saúde da Família permitiu alcançar para transformar a dinâmica da gestão e da produção
as metas do município em relação à Mamografia de do cuidado. Um desses dispositivos foi a reorganiza-
rastreamento e de diagnóstico; a baixa frequência ção do Departamento de Atenção Básica e Gestão do
de execução do Exame Clínico das Mamas torna as Cuidado (DABGC), com a implantação da Referência
solicitações de Mamografias excessivas; o sistema dentro dos nove territórios de saúde, atuando com os
informatizado para o agravo acompanha todo fluxo gestores locais, como elemento de conexão, qualifi-
de informação, tornando-o útil à gestão; o sistema de cação da atenção e aproximação da gestão central
referência está bem estabelecido, entretanto, falha ao cotidiano das equipes da AB, este processo teve
na demanda por níveis mais complexos de cuidado e início em 2015 e atualmente conta com 11 referências
na contra referencia. Há entraves quanto à rede a ser de diferentes formações acadêmicas que atuam nos
construída com o Estado, entre eles, os relacionados territórios apoiando e construindo a organização dos
aos prestadores de serviços. Conclusão: A educação processos de trabalho, em outros momentos partici-
permanente aliada à cultura de participação social pam de reuniões junto a equipe interna do DABGC e
constitui ferramenta importante para a reorganiza- de processos de Educação Permanente, permitindo
ção da Rede de Atenção à Saúde. Diversas atividades a troca de saberes, informações, compartilhamento
foram sendo construídas no decorrer do tempo na de dificuldades e avanços, a escuta nestes espaços
tentativa de superar a fragmentação do cuidado são garantidas propiciando momentos de fortale-
existente dentro do município, de forma a viabilizar cimento e comprometimento conjuntos. LIÇÕES
o acesso das usuárias aos serviços para detecção APRENDIDAS Após uma análise dos processos sob
precoce do câncer de mama. Descritores: Neoplasia à ótica dos gestores locais e equipes dos territórios
da mama; Gestão em saúde; Atenção à Saúde. percebemos que existem especificidades de cada
território que devem ser respeitadas nos fazendo
REFERÊNCIAS DA ATENÇÃO BÁSICA: UM PRO- entender que nem sempre as prioridades da gestão
CESSO DE FORTALECIMENTO DA GESTÃO LOCAL central são as prioridades da gestão local, reforçando
Eduardo Della Valle Munhoz / Munhoz. E.D.V. / assim a assertividade em contar com Referências
Secretaria de Saúde de São Bernardo do Cam- mais próximas aos territórios. A proximidade com as

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 178
unidades, permite a interlocução e mediação do apoio Introdução: A relação público-privado na saúde
institucional fortalecendo e aprimorando cada vez está regulamentada pela lei 8080 desde 1990, mas
mais as necessidades singulares e coletivas de acordo suas normativas não têm sido suficientes para lidar
com cada território. RECOMENDAÇÕES Acredita-se com os complexos desafios postos, que geralmente
que com este modelo a gestão local, equipes de saúde são analisados pelo prisma da eficácia, eficiência
e usuários tenham um maior respaldo, se fortaleçam e financiamento.Este trabalho pretende lançar luz
e que aprimorem os processos de cuidado, que este sobre outra perspectiva desta relação, a dimensão
modelo seja contínuo demonstrando a potencialida- simbólica que uma Organização Social (OSS) assume
de dos atores envolvidos. para os trabalhadores em uma Unidade Básica de
Saúde (UBS) do município de SP. Os componentes
REGULAÇÃO INTERNA DE ENCAMINHAMENTOS analíticos deste estudo compõem uma pesquisa
PARA ESPECIALIDADES NA UBS MONTANHÃO qualitativa em andamento que adotou metodologi-
Elaine Aparecida de Freitas Souza / Elaine,F.S / camente uma orientação do tipo cartográfico.Obje-
Prefeitura de Sao Bernardo do Campo; Paola Fer- tivos: retratar outros modos de leitura da relação
nanda Casa Mendes / Paola,F.C.M. / Prefeitura de público-privado na AB, em particular como os traba-
Sao Bernardo do Campo; lhadores avaliam o gerenciamento da OSS. Método:
As unidades básicas do município possuem uma O trabalho de campo realizado na UBS em questão
regulação interna dos encaminhamentos para consistiu em acompanhar os processos de trabalho e
diversas especialidades. A unidade resolveu fazer cuidado das equipes de saúde durante 10 meses, com
uma organização,onde facilitaria o trabalho com registro posterior das vivências em diário de campo.
os encaminhamentos e também conversar com os As cenas registradas no diário culminaram em uma
procissionais par sanar dúvidas sobre os protocolos narrativa que foi compartilhada com trabalhadores
de especialidades. Levantamos todos os encaminha- e gerente da UBS estudada em encontro com o grupo
mentos e fizemos uma planilha de cores onde sabe- de pesquisa (encontro compartilhado). Resultados:
mos exatamente qual a situação do casos,usamos a partir do registro das observações realizadas na
a cor verde para consulta já agendada,vermelho UBS e das falas dos trabalhadores durante o encon-
para espera da consulta,amarelo para pacientes tro compartilhado foi possível compreender que: Os
que não foi a consulta e azul para remarcação. Isso trabalhadores parecem se identificar com as premis-
facilita muito pois a equipes podem tirar relatórios sas que conformam a orientação ético-religiosa da
e saber qual a situação dos pacientes sem ter que OSS ligada à Igreja Católica, em particular a ideia
consultar um a um,e para a administração também do cuidar do próximo” (amar ao próximo como a si
pois consultamos todos os procedimentos inclusive mesmo”); expressam um sentimento de pertenci-
exames. A unidade reavaliou os pacientes que es- mento à instituição, valorizando as oportunidades
tão aguardando mais tempo na fila de espera para de qualificação ofertadas por ela e a segurança no
reclassificar,temos resultados surpreendentes de trabalho; diante de uma possibilidade de mudança
pacientes que não necessitava de especialista,então no contrato de gestão do território por outra OSS, os
fizemos um levantamento dos protocolos e mostra- trabalhadores expressam sofrimento e insegurança,
mos para as equipes para qualificar a solicitação. e cogitam mudar de local de trabalho para continua-
Com esta organização hoje zeramos fila de espera rem como funcionários desta OSS; consideram que
de algumas especialidades e temos como controlar a OSS realiza um trabalho totalmente SUS”; reco-
e avaliar os encaminhamentos. nhecem mudanças no modo de fazer gestão desta
OSS nos últimos anos que avaliam como negativas,
RELAÇÃO PÚBLICO-PRIVADO: A PERSPECTIVA em particular a excessiva ênfase na produtividade
em detrimento do cuidado”. Conclusão: Para além
DOS TRABALHADORES
do debate público-privado com viés mais ideológico
Luciana Soares de Barros / Barros, L.S / UNIFESP;
que realizamos na tradição da Saúde Coletiva, há
Luiz Carlos de Oliveira Cecílio / Cecílio, L.C.O /
uma dimensão simbólica que não tem sido muito
UNIFESP;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 179
reconhecida, em particular, e no caso estudado, a desconstrução do modelo de atendimento na saúde
inegável adesão dos trabalhadores à gestão feita como um sistema integrado de apoio e continuidade
pela OSS, por razões que nem sempre são conside- da atenção, caracterizado pelo loteamento de suas
radas no debate mais político. unidades e a ruptura da proposta de rede de serviços
organizada e hierarquizada, com a despublicização
SAÚDE E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS: A MERCANTI- e despolitização das relações sociais neste contexto.
LIZAÇÃO DA SAÚDE NO RIO DE JANEIRO O presente estudo apresenta reflexões que apontam
Marcelo Augusto Do Nascimento Muniz / Muniz, para uma perspectiva de desconstrução do modelo
Marcelo Augusto Do Nascimento / Pontifícia de atendimento à saúde enquanto sistema único,
Universidade Católica Do Rio De Janeiro; Marcio além da consolidação de um novo” modelo de gestão,
Eduardo Brotto / Brotto, Marcio Eduardo / Pontifí- que altera as relações de trabalho e consequente-
cia Universidade Católica Do Rio De Janeiro; mente, a correlação de forças sociais que interfere
A participação de entes privados na constituição de diretamente na construção da política de saúde.
serviços e políticas públicas não representa um de-
bate exclusivamente contemporâneo. Ao contrário, a SAÚDE EM CABO VERDE - ÁFRICA NA ÓTICA DO
relação público e privado é histórica e contraditória, GESTOR DE SAÚDE
sendo palco de intensas lutas e disputas entre as Patricia Rodrigues Sanine / Sanine, P.R. / UNESP;
classes sociais antagônicas. Neste sentido, o debate Flávia Seullner Rodrigues / Rodrigues, F.S. /
sobre o público e o privado na atenção à saúde na UNESP; Maísa Vitória Gayoso / Gayoso, M.V. /
atualidade congrega características históricas a UNESP; Regina Stella Spagnuolo / Spagnuolo, R.S.
traços de modernidade, tendo as Fundações Esta- / UNESP; Elen Rose Lodeiro Castanheira / Casta-
tais de Direito Privado e as Organizações Sociais nheira, E.R.L. / UNESP;
como expoentes do novo” modo de pensar a gestão INTRODUÇÃO: Cabo Verde é um país do continente
da saúde no país. O modelo de gestão pública, africano, constituído por um conjunto de dez ilhas
por intermédio das Fundações Estatais de Direito localizadas na costa noroeste da África, que conta
Privado e Organizações Sociais, representaria, no com um sistema público de saúde com diretrizes
processo de Reforma do Estado, a possibilidade de semelhantes ao SUS. Apresenta um perfil epidemio-
constituição de um Estado gerencial e enxuto, que lógico e sócio econômico próximo ao observado em
delega a outras entidades suas funções produtivas e algumas regiões do nordeste brasileiro. Como parte
de prestação de serviços. O ressurgimento do velho do Programa de mobilidade internacional entre uni-
discurso do Estado falido em suas funções, com versidades de países de língua portuguesa (CAPES
parcos recursos e da crise fiscal e consequentemen- AULP) foram realizadas missões de estudo com a
te, da incapacidade de investimentos adequados, participação de estudantes e docentes da Universi-
representaria a justificativa para a necessidade de dade Estadual Paulista – UNESP e da Universidade
participação das Organizações Sociais nas políticas de Cabo Verde – UNICV. Apresentamos resultados
públicas. No estado do Rio de Janeiro, o loteamen- parciais da missão brasileira em Cabo Verde. OB-
to das urgências e emergências hospitalares, em JETIVO: Compreender a percepção dos gestores de
sua grande maioria, sob gestão das Organizações saúde acerca da integração entre os serviços no
Sociais, revela a lógica de subordinação da saúde Sistema de Saúde de Cabo Verde. MÉTODO: Estudo
às relações sociais estabelecidas pelo capitalismo, de abordagem qualitativa apoiado por entrevistas
suscitando contradições entre público e privado, que abertas dirigidas a informantes-chave, norteadas
colocam em xeque a linguagem pública inerente aos pela questão: Existem articulações entre os dife-
direitos sociais em nome dos ideais mercantilistas. rentes níveis de serviços de saúde? Participaram
Esta conjuntura revela que o silencioso avanço da quatro gestores locais representantes das diferentes
gestão das Organizações Sociais sobre os serviços esferas governamentais de saúde: Ministério da Saú-
de saúde no Rio de Janeiro representa um complexo de, Centro Nacional de Desenvolvimento Sanitário,
processo de reordenamento da saúde, que apontam a Delegacia de Saúde e de Serviços de Saúde. A coleta

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 180
de dados se deu no mês de março de 2014 e os dados Científica Em cada um dos eixos, estão previstos
foram analisados na abordagem representacional macro e microprocessos que contemplam as ações
temática. RESULTADO: Da análise dos discursos pertinentes e planejadas para cada serviço de saúde
emergiu a categoria: Os desafios da interface entre que receberá de forma direcionada e articulada com
os níveis de atenção à saúde”. Os discursos apon- a RRAS, o apoio técnico institucional da SPDM/PAIS
taram uma articulação deficiente entre os níveis através de sua Supervisão.
primário, secundário e terciário, caracterizando
um modelo de atenção à saúde hospitalocêntrico e TERAPÊUTICA E GESTÃO: A MULTIDISCIPLINARI-
medicocêntrico. Evidenciaram-se dificuldades de DADE NO FUNCIONAMENTO DE UM CAPSI
comunicação entre os profissionais dos serviços, Arieli Januzzi Buttarello / BUTTARELLO, A.J. /
o desconhecimento do nível terciário em relação à UFSCar; Thales Haddad Novaes de Andrade / AN-
atenção primária incluindo pouca experiência neste DRADE, T.H.N. / UFSCar;
nível. Apresentaram-se fragilidades quanto à educa- Este trabalho inclui-se em uma pesquisa em an-
ção permanente em saúde e sistemas de informação. damento, acerca da ciência e técnica psiquiátrica.
CONCLUSÃO: Recomenda-se a realização de oficinas Pauta-se em investigar como o campo da Psiquiatria
de trabalho interprofissionais com a participação infantojuvenil vem impondo-se através da Política
de serviços dos diferentes níveis de atenção como Nacional de Saúde Mental corporificada nos Centros
estratégia para a instituição de mecanismos de de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), a
educação permanente, como o matriciamento e a partir de um estudo de caso com foco nas ações da
implantação de sistemas informatizados entre os equipe multidisciplinar do Centro e nas decisões
níveis de atenção para melhoria da integração entre gestacionais e administrativas que vem ocorrendo
os serviços. atualmente. O aporte teórico desta pesquisa baseia-
-se nos conceitos sociológicos de Pierre Bourdieu e
SISTECNICA - A SISTEMATIZAÇÃO DA SUPERVI- sua teoria de campo-habitus que evidencia a relação
SÃO DOS PROCESSOS ASSISTENCIAIS da estrutura social com as ações individuais que
Rosemeire Grigio / PMAQ/MS / SPDM; constituem um campo específico, no caso de nosso
A estruturação do SISTECNICA - Sistema de Infor- interesse, o campo científico. Assim, tomando a
mação da Área Técnica Assistencial se deu diante da Psiquiatria como movimentada e atualizada a partir
necessidade de sistematização da Supervisão Técni- de disputas e alianças com campos externos a seu
ca realizada pelos profissionais da SPDM/PAIS junto saber, temos os trabalhadores da saúde mental como
às 238 equipes de saúde da família do município agentes empoderados de transformar esse campo.
de São Paulo. O processo teve seu início através da Os multiprofissionais atuantes em um CAPSi so-
integração com a Área de Tecnologia da Informação frem ações do campo político, representado pelas
da SPDM/PAIS que estruturou plataforma capaz de leis e Portarias que regem seus modos de lidar, e do
conciliar as ações assistenciais planejadas e realiza- campo científico, representado pelas suas multipro-
das com correspondência no aspecto epidemiológico fissões relacionadas aos critérios de saúde/doença
regional ao longo do mês de vigência das ações. O mental definidas pelo campo médico-psiquiátrico a
conteúdo técnico assistencial foi composto a partir partir do uso do Manual Diagnóstico e Estatístico
do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade de Transtornos Mentais (DSM) – instrumento de
da Atenção Básica do Ministério da Saúde - PMAQ- triagem dos usuários do Centro. Os dados levanta-
-AB/MS bem como as Diretrizes da Atenção Básica dos para a discussão aqui proposta correspondem à
do município de São Paulo/ SMSSP. A partir deste observação participante em reuniões entre a equipe
material foram compostos no SISTECNICA quatro multidisciplinar de um CAPSi e reuniões entre essa
eixos de atuação da Supervisão Técnica: - Apoio equipe e equipes extra-CAPSi, que formam a rede de
Técnico Assistencial - Apoio Técnico Estrutural e atendimento de saúde mental de um município; o
Ambiência - Articulação das RRAS - Redes Regionais que afirma a função da equipe intra-CAPSi ser tanto
de Atenção à Saúde - Aprimoramento e Produção clínica quanto gestacional. O que se tem como pano

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 181
de fundo entre as disputas e ações ativas e passivas (17,1%), sendo que não temos informações 28,3%.
dos agentes que fazem o CAPSi funcionar é que Para a AIH foram realizados 56,5% de parto normal
suas ações interferem nas vivências de crianças e e 43,5% de cesárea. No CIHA foram apresentados
adolescentes e daqueles que com esses convivem, como 9,9% parto normal e 90,1% de cesárea. Con-
levando a necessidade de atenção e reflexão e novas clusão: As informações do CIHA podem ser um bom
abordagens sobre a temática. Assim, o objetivo geral indicador para acompanhamento do tipo de parto
deste trabalho é suscitar questionamentos e debates que vem sendo realizados pelos serviços privados/
que considerem ações institucionais entremeadas filantropia. Fontes de dados: SINASC - http://www2.
por campos que se interferem e impõe formas de datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205
agir, lidar, compreender e administrar. AIH - http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.
php?area=0202 CIHA - http://ciha.datasus.gov.br/
TIPO DE PARTO EM SERVIÇOS PÚBLICO E PRIVA- CIHA/index.php?area=06
DO, ESTADO DE SÃO PAULO 2013
Mirna Namie Okamura / Okamura, MN / Filan- VIVENCIANDO O AMAQ – NASF NA ESTRATÉGIA
tropia Hospital Sirio Libanês; Dárlinton Barbosa DO APOIO
Feres Carvalho / Carvalho, D.B.F. / Universidade Mawusi Ramos / Ramos, Mawusi / Secretaria Mu-
Federal de São João del-Rei - UFSJ; nicipal de São Bernardo do Campo; Eliana Barbo-
Hoje há preconização de um parto humanizado e sa Pereira / Pereira, E.B. / Ministério da Educação,
natural. Reconhecendo esse tema como relevante MEC, Brasil; Francini Bianca Domingues Gamba /
o objetivo foi conhecer diferenças e complementa- Gamba, F.B.D. / Secretaria Municipal de Saúde de
riedade das informações disponibilizadas tantos São Bernardo do Campo; Rebeca Peres dos Santos
de serviços públicos como privados. Metodologia: Francisco e Silva / Silva, R.P.S.F. / Secretaria Mu-
Estudo ecológico. Comparamos as informações de nicipal de Saúde de São Bernardo do Campo; Rita
três fontes de dados: SINASC (Sistema de Infor- de Cassia Lazoski Araújo / Araújo, R.C.L. / FMABC
mação sobre Nascidos Vivos), AIH (Autorização de - Faculdade de Medicina do ABC; Vania Barbosa do
Internação Hospitalar) e CIHA (Comunicação de Nascimento / Nascimento, V.B. / FMABC - Faculda-
Informações Hospitalares e Ambulatoriais). Foram de de Medicina do ABC;
selecionados dados do ano de 2013 do Estado de São Caracterização do Problema: Criado em 2008 e re-
Paulo. O SINAC foi o marcador, isso é, foi selecionado gulamentado pela Portaria n°2488, de 28 de outubro
o último ano com os dados disponibilizados - 2013. de 2011, o NASF configura-se como equipes multi-
Consideramos duas fontes complementares de profissionais que atuam integradas com as equipes
dados de atendimento e produção, a dos serviços de Atenção Básica realizando discussões de casos
públicos pelas AIH, selecionados os internados com clínicos, atendimento compartilhado entre profis-
procedimento SUS de parto: 310010039, 310010047, sionais, construção conjunta de projetos terapêuti-
310010055, 411010026, 411010034 e 411010042. Para cos de forma que amplia e qualifica as intervenções
o CIHA formam selecionados os procedimentos: no território e na saúde de grupos populacionais.
310010047, 411010026, 411010034, 411010042. Li- As atuações também podem ser intersetoriais, com
mites dos estudos: a internação foi contada apenas foco na prevenção e promoção da saúde. O municí-
uma vez, independente de gemelaridade; observa- pio de São Bernardo do Campo adotou a estratégia
mos que alguns municípios com serviços públicos de apoiadores de rede de saúde que dentre as suas
não apresentaram dados de produção para esses atividades desempenham também as atribuições
procedimentos, nem todos os serviços privados/ do NASF. O diferencial se dá pela peculiaridade de
filantrópicos apresentam a CIHA, apesar de ser re- o APOIO poder atuar como NASF entretanto ter as
gulamentado pela Portaria 1.171 de 2011. Resultados: suas ações pautadas predominantemente no apoio
Pelo SINASC foram 612.329 nascidos em 2013 no Es- institucional, articulando os diversos pontos da rede
tado de São Paulo. Foram apresentadas 332.265 AIH de saúde. Descrição do Problema: Como parte do o
de parto (54,3%) e apresentadas no CIHA 104.836 Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qua-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 182
lidade da Atenção Básica (PMAQ) a Autoavaliação autoavaliação buscando perceber quais aspectos
para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção precisariam ser adequados e quais condições preci-
Básica para os Núcleos de Apoio à Saúde da Família saríamos readequar para contemplar a qualidade do
(AMAQ-NASF), foi implementada visando garantir serviço prestado. O processo de avaliação permitiu
da qualidade da atenção básica e o aumento de sua olhar os meios de trabalho e as atividades realizadas
resolutividade. Devido ao fato de ser a atenção bá- pela equipe de apoio. Além disso, organizou-se o
sica um dos pontos de atuação do apoio de rede de processo de trabalho e foram promovidas ações de
saúde, e muitas das ações serem realizadas por eles, planejamento e monitoramento. Recomendações:
os apoiadores de rede de cada território compuseram Tal iniciativa ampliou o olhar e abriu caminhos
as equipes que responderam pelas ações elencadas para o desenvolvimento de outros instrumentos de
como atribuições do NASF. Lições aprendidas: A avaliação, acompanhamento e análise das ativida-
equipe de apoio do território 4 se preparou para con- des propostas e realizadas. Além disso, qualificou
templar o AMAQ-NASF e rever suas práticas e ações. o acompanhamento dos processos disparados nos
Analisou-se o documento norteador da avaliação e diferentes pontos da rede de saúde.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 183
Informação e Avaliação em Saúde
A EXPERIÊNCIA DE UMA EQUIPE DE AVALIADORES balho em equipe foi sendo construído e fortalecido
COM O PROCESSO DE AVALIAÇÃO EXTERNA DO durante o processo, possibilitando a superação das
PMAQ – AB dificuldades encontradas, sendo também fundamen-
Margareth Ap. Santini de Almeida / Almeida, tal a presença constante da supervisora no campo.
M.A.S / Faculdade de Medicina de Botucatu/ A execução do campo, foi facilitada pelo bom acolhi-
UNESP; Wilza Carla Spiri / Spiri, W.C. / Facaul- mento da maioria dos municípios e unidades de saú-
dade de Medicina de Botucatu/UNESP; Carmen de, pela logística utilizada em agrupar os municípios
Maria Casquel Monti Juliani / Juliani, C.M.C.M. por facilidade de acesso e o deslocamento entre os
/ Facauldade de Medicina de Botucatu/UNESP; mesmos ser realizado por meio de veículo contratado
Luceime Olívia Nunes / Nunes, L.O. / Facauldade exclusivamente para esse fim. O questionário, a or-
de Medicina de Botucatu/UNESP; Nádia Placideli ganização das perguntas em módulos, facilitava seu
/ Placideli, N. / Facauldade de Medicina de Botu- manuseio. Contudo, apresentava muitos erros gra-
catu/UNESP; Elen Rose Lodeiro Castanheira / maticais e de estruturação de questões, corrigidas
Castanheira, E.R.L. / Facauldade de Medicina de com atualizações do sistema. Os profissionais dos
Botucatu/UNESP; serviços tinham conhecimento a respeito das ques-
A principal iniciativa institucional de avaliação da tões que estavam sendo investigadas, já os usuários
Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil é o Pro- tinham dificuldade na compreensão, principalmente
grama para a Melhoria do Acesso e da Qualidade da das questões com linguagem muito técnica. Dar voz
Atenção Básica (PMAQ), implantado em 2011 pelo a equipe de avaliadores aponta para a complexidade,
Ministério da Saúde, com abrangência nacional. e ao mesmo tempo a importância, desse processo e
Uma de suas fases, a avaliação externa, tem sido nos proporciona elementos para aprimorar o plane-
realizada em parceria com Instituições de ensino jamento de outras avaliações externas.
Superior, que se responsabilizam por selecionar,
capacitar e dar suporte a equipes de avaliadores ACOLHIMENTO DA DEMANDA ESPONTÂNEA: UM
para visita aos serviços. A juventude dessa experi- ESTUDO DESCRITIVO
ência aponta para a importância em se avaliar esse Kátia Ferreira Costa Campos / Campos KCF / Uni-
processo. É apresentada uma análise do processo de versidade Federal de Minas Gerais / UFMG; Ana
avaliação externa realizada, a partir experiência da Cristina Magalhães Mesquita / Mesquita ACM /
equipe de avaliadores, sob a condução da Faculdade UFMG e Prefeitura Municipal de Belo Horizonte;
de Medicina de Botucatu/ UNESP, em 2014, como Antônio Paulo Gomes Chiari / Chiari APG / UFMG
parte do segundo ciclo de avaliações do PMAQ, em e Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; Ana
duas Redes Regionais de Atenção à Saúde do interior Paula de C. Andrade / Andrade APC / Universidade
paulista. A equipe era composta por oito avaliadores Federal de Minas Gerais / UFMG; Liliana Maria
e um supervisor. Ao final do trabalho de campo foi Madeira Dramos / Dramos LMM / Universidade
realizada uma avaliação do trabalho da equipe de Federal de Minas Gerais / UFMG; Vanessa Almei-
avaliadores, mediante um questionário e um grupo da / Almeida V / Universidade Federal de Minas
focal. O treinamento recebido esclareceu quanto aos Gerais / UFMG; Cláudia Renata de Paula Orlando
objetivos do segundo ciclo PMAQ e como ocorreria / Orlando CRP / Universidade Federal de Minas
o campo, contudo foi indicado como insuficiente na Gerais / UFMG;
solução dos problemas que surgiram durante a apli- O acolhimento envolve arranjos institucionais, e
cação dos questionários. Outra dificuldade apontada propõe-se a trabalhar a demanda espontânea, a am-
foi a rotatividade da equipe, ficando a maior parte do pliar o acesso e concretizar a missão constitucional
tempo incompleta. Contudo foi ressaltado que o tra- da Atenção Primária à Saúde (APS). Neste contexto,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 184
o atendimento à demanda espontânea envolve ações ACOLHIMENTO NA UBS HUMAITÁ: ESTUDO DA
como organização da equipe e seu processo de DEMANDA POR ATENDIMENTO
trabalho, além de aspectos resolutivos de cuidado Diego Edamatsu Fabricio / Fabricio, D.E. / Insti-
e de condutas que devem ser realizadas em todos tuto de Responsabilidade Social Sirio Libanês;
os pontos de atenção à saúde. Objetivo: identificar Patricia Mantovani / Mantovani, P. / Instituto
as características da demanda espontânea de um de Responsabilidade Social Sirio Libanês; Flavia
centro de saúde de Belo Horizonte. Estudo quanti- Ferreira dos Reis / Reis, F.F. / Instituto de Res-
tativo de dados secundários, disponibilizados por ponsabilidade Social Sirio Libanês; Andrea Pitta
um Centro de Saúde (CS) da MS/BH. Realizou-se / Pitta, A. / Prefeitura Municipal de São Paulo;
mapeamento dos atendimentos de demanda espon- Marcelle Martim Bianco / Bianco, M.M. / Instituto
tânea que passaram pelo acolhimento, durante o de Responsabilidade Social Sirio Libanês; Maria
período de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014, Emilia Carvalhaes Machado / Machado, M.E.C. /
em duas etapas. A primeira, análise do perfil geral Prefeitura Municipal de São Paulo;
da demanda, as fontes utilizadas para coleta de Caracterização do Problema: o acolhimento é tido
dados foram fichas de controle da demanda espon- como porta de acesso ao serviço. Prevê que os profis-
tânea de uma determinada equipe do referido CS. sionais recepcionem, atendam, orientem, negociem
Analisou-se o perfil do usuário em relação ao sexo e tomem a decisão sobre a conduta caso a caso. É
e idade e características da demanda, consideran- responsabilidade local reorganizar o processo de
do o dia da semana e mês do atendimento, reinci- trabalho possibilitando inclusive intervir na orga-
dência e identificação de equipe de referência. A nização de agendas e regulação. Os agentes acolhe-
segunda,consistiu em uma delimitação do período dores em geral conseguem discorrer a respeito da
analisado, num intervalo coorte dos dias úteis entre negociação e dos conflitos diários nessas atividades,
10 e 21 de Fevereiro de 2014. Utilizaram-se também mas, se não tiverem elementos que adequadamente
os prontuários eletrônicos para identificar os moti- caracterizem sua demanda local, qualquer negocia-
vos de procura, tempo de espera para o acolhimento ção entre trabalhadores e usuários para alteração do
e consulta médica (realizadas no mesmo dia) e a processo de trabalho fica inviabilizada. Descrição:
forma de condução dos casos pelos profissionais de foi caracterizado o perfil da demanda por atendi-
saúde. As variáveis foram categorizadas e os dados mento em acolhimento na UBS Humaitá, que possui
tratados no programa estatístico PSPP. Analisaram- 3 equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e
-se 933 atendimentos aos usuários com demanda UBS tradicional, atende uma população de 48 mil
espontânea de dezembro de 2013 a fevereiro de habitantes na região central da cidade de São Paulo.
2014. Resultados: A maior porcentagem de atendi- Os enfermeiros registraram: data do atendimento,
mentos ocorreu às segundas feiras 30,87% (288), número de prontuário, gênero, idade, queixa, enfer-
seguido por sexta-feira 20,04% (187). A maior parte meiro responsável pela escuta e conduta. O período
dos usuários, 70.31% (656), era do sexo feminino. A foi de fevereiro até maio de 2015. Registrou-se 258
maior demanda foi por agendamento de consultas atendimentos, sendo 195 (75,28%) do sexo femini-
27,62% (58), seguida por casos agudos 27,14% (57). no; 56 (28,72%) do sexo masculino. Dos usuários
O tempo de espera para o acolhimento foi de 1:00 que buscaram atendimento 24% são cadastrados
hora a 1:29 minutos 26,67% (56), apenas 10 usuários na ESF, 47,6% possuem prontuário na UBS e 28,2%
aguardaram até 29 minutos para atendimento no não residem na área de abrangência da Unidade. As
acolhimento. Resultados: Possibilidade de expor terças e segundas-feiras aparecem como os dias de
aos profissionais que ali trabalham a realidade de maior demanda para o acolhimento, com 28,6% e
seu ambiente de atuação, para que sejam preparados 27,9% dos atendimentos, respectivamente. 38,3%
para atender a um determinado tipo de demanda dos usuários são adultos jovens e 15% são idosos.
para o aprimoramento dos dados como informações Motivos pela busca do acolhimento: 15,8% iniciar
importantes na tomada de decisões dos gestores e pré-natal; 15,5% antecipar agendamento de consulta
na melhoria das ações realizadas no local. médica; 13,1% troca de receita; 5,8% pressão arterial

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 185
ou glicemia alteradas. 46,5% dos atendimentos fo- 107 publicações e identificados 16, estes publicados
ram resolvidos em consulta de enfermagem, 22,4% num único periódico (Revista Saúde em Debate)
encaminhadas para consulta médica em Reserva número especial (2014). Identificaram-se trabalhos
Técnica (RT) e 12,4% encaminhados para consulta de abrangência nacional (9), N (2), NT (3), Sul (1) e
médica do dia. Lições Aprendidas: a sistematização Sudeste (1). Foram classificados e descritos de acordo
do registro permitiu ressignificar as impressões com as dimensões e subdimensões do caderno de
antes talhadas nas reuniões técnicas e embasou a Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Quali-
necessidade de alterações na prática do trabalho: dade da Atenção Básica (AMAQ-AB). Na dimensão
redistribuição da escala da acolhimento entre os Gestão Municipal: a) Implantação e Implementação
enfermeiros, necessidade de médico de referência da Atenção Básica no Município (2 artigos): o PMAQ-
em todos os períodos, reorganização do acesso ao -AB não tem sido utilizado para melhorar o acesso
agendamento de consultas e retornos através das e a qualidade da Atenção Básica; b) Organização e
vagas de RT que anteriormente ficavam ociosas. Integração da Rede de Atenção à Saúde (3): há fragili-
Recomendações: utilização da metodologia para dade nos resultados do PMAQ; c) Gestão do Trabalho
embasamento das tomadas de decisões de processo (5): necessidade de investimento na incorporação de
de trabalho, emprego da análise dos registros com médicos e outros profissionais para Apoio Matricial.
devolutiva para os trabalhadores. Na Gestão da Atenção Básica: a) Apoio Institucional
(1), b) Educação Permanente (1). Na dimensão UBS:
ANÁLISE DA LITERATURA CIENTÍFICA SOBRE O a) Infraestrutura e Equipamentos (3): inexistência
PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO ACESSO de infraestrutura para idosos e deficientes; b) Insu-
E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA (PMAQ- mos, Imonobiológicos e Medicamentos (2): média
-AB) disponibilidade de medicamentos, abaixo do valor
aceitável e na dimensão Educação Permanente e
Alexandre Ramiro Pinto / Ramiro Pinto, A. /
Processo de Trabalho e Atenção Integral à Saúde: a)
EEUSP; Lúcia Yasuko Izumi Nichiata / NICHIATA,
L. Y. I. / EEUSP; Organização do Processo de Trabalho (5): contexto
sociocultural ignorado; b) Atenção Integral a Saúde
O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da
(4): os trabalhos mostraram limitação do potencial
Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) é, segundo
do acolhimento nas unidades.
o Ministério da Saúde, uma estratégia indutora de
mudanças nas condições e modos de funcionamento
das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e tem como ob-
AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO DO CUIDADO
jetivo am¬pliar o acesso e a qualificação das práticas DAS EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARTICIPAN-
de gestão, cuidado e participação na AB. Como é re- TES DO PMAQ: TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM
cente sua implantação (1ª ciclo 2012 e o 2º ciclo 2014), Miriam Francisco de Souza / Souza, M.F. / UFMG;
indaga-se o que já existe de literatura científica Alaneir de Fátima dos Santos / Santos, A.F. /
sobre o Programa. Objetivo: descrever os resultados UFMG; Ilka Afonso Reis / Reis, I.A. / UFMG;
da produção científica brasi¬leira sobre PMAQ-AB. Marcos Antônio da Cunha Santos / Santos, M.A.C.
Trata-se de uma revisão descritiva e analítica reali- / UFMG; Alzira de Oliveira Jorge / Jorge, A.O. /
zada de artigos científicos na base LILACS, SciELO UFMG; Antonio Thomaz Gonzaga da Matta Macha-
e PubMed, utilizando a busca boleana (AND ou OR) do / Matta-Machado, A.T.G. / UFMG; Eli Iola Gurgel
com os descritores: Atenção Primária à Saúde, Ava- Andrade / Andrade, E.I.G. / UFMG; Mariângela
liação do Acesso e da Qualidade da Assistência à Saú- Leal Cherchiglia / Cherchiglia, M.L. / UFMG;
de e Gestão da Qualidade em Saúde, em Português, Introdução Atenção Primária à Saúde como coorde-
Inglês e Espanhol; incluídos artigos completos; nadora do cuidado é um tema relevante no cenário
publicados entre 2011 e 2015; excluídos: artigos não mundial. A coordenação do cuidado pressupõe a
disponíveis; repetidos, sem foco no fenômeno, relato continuidade do cuidado, centrado na pessoa, e a
de experiência, livro e manual. Foram encontradas capacidade organizacional para prestação adequada

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 186
dos serviços de saúde. Os sistemas de saúde buscam AVALIAÇÃO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
respostas abrangentes, coerentes e com menores NO MUNICÍPIO DE ASSIS-SP: PERCEPÇÕES DOS
custos às demandas e necessidades. No Brasil, o PROFISSIONAIS
Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qua- Willian Ferraz Fiorentino / Fiorentino, W. F. /
lidade da Atenção Básica (PMAQ) apresenta-se como Universidade Paulista; Lislaine Aparecida Fracolli
estratégia de melhoria da qualidade da assistência / Fracolli, L. A. / Escola de Enfermagem da Uni-
da atenção primária. Objetivo Avaliar a habilidade versidade de São Paulo; Maria Fernanda Pereira
para coordenação do cuidado exercida pelas equipes Gomes / Gomes, M. F. P. / Escola de Enfermagem
de atenção básica participantes do PMAQ. Metodolo- da Universidade de São Paulo; Thais Garcia Paes /
gia Estudo transversal fundamentado na Teoria de Paes, T. G. / Universidade Paulista;
Resposta ao item, a partir de dados do PMAQ no ano A Atenção Primária à Saúde (APS) pode ser qualifi-
de 2012. Participaram do estudo 17202 equipes de cada pela existência de quatro atributos essenciais:
atenção básica. Vinte oito itens foram selecionados acesso de primeiro contato do indivíduo com o
do módulo II do questionário de avaliação externa, sistema de saúde, longitudinalidade, integralidade,
entrevista com o profissional da equipe de atenção coordenação da atenção e três derivados: orientação
básica. O modelo de Resposta Gradual de Samejima familiar, orientação comunitária, competência cul-
foi utilizado para estimação dos parâmetros dos tural. Avaliar serviços de saúde envolve a produção
itens e da habilidade das equipes. Foram utilizados de conhecimento e/ou instrumentos visando à me-
o SPSS 20.0 o R 3.2.0. Resultados Apenas 22 itens lhoria da assistência prestada através das técnicas
permaneceram na avaliação final. A consistência e tecnologias desenvolvidas pelos profissionais de
interna dos itens foi de 0,8021. Nenhum item saúde. Nos últimos 21 anos a Saúde da Família tem
apresentou valor negativo na matriz de correlação. proporcionado cuidados de saúde a população bra-
A unidimensionalidade do modelo foi garantida, sileira neste contexto considerando que para propor
com o primeiro e segundo componentes principais mudanças e reformular políticas é necessário ava-
explicando 28,5% e 8,3% da variabilidade total. liar o sistema de saúde implantado e em execução,
Itens de maior discriminação: existência de canal busca-se nesta pesquisa avaliar a APS no município
de comunicação, número de fluxos institucionais de Assis, interior do Estado de São Paulo por meio da
de comunicação e número de ações de apoio matri- aplicação do PCATool versão profissionais. Trata-se
cial. A frequência com que os especialistas entram de uma pesquisa avaliativa, descritiva e quantita-
em contato com a atenção básica e a existência de tiva. Foram sujeitos desta pesquisa 9 enfermeiros
prontuário eletrônico integrado foram os itens que e 5 médicos que trabalham na Estratégia Saúde da
exigiram maior habilidade das equipes. O escore de Família (ESF) e 9 enfermeiros e 2 médicos que traba-
habilidade das equipes variou entre -2,6750 e 2,8330, lham nas unidades de saúde do modelo tradicional
com média 0,0099 e mediana 0,0028. As equipes de APS, totalizando 25 profissionais. Realizou-se
foram classificadas em quatro níveis de habilidade, as entrevistas com os profissionais médicos e en-
sendo a maioria com habilidade mediana. Conclusão fermeiros que trabalham na APS do município de
Foi possível descrever o perfil das equipes segundo Assis-SP utilizando o instrumento PCATool Versão
a posição assumida na escala de habilidade. O co- Profissionais, as entrevistas foram realizadas após a
nhecimento da habilidade para coordenar o cuidado aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa sob o nº de
pode ser de grande valor para o planejamento e parecer: 912.502. Em relação aos resultados observa-
organização dos serviços de saúde. Neste sentido, -se que o atributo de acessibilidade apresenta escore
o estudo evidenciou a capacidade de disponibilizar igual a 4,83 considerado baixo em relação ao valor
a informação e a frequência de contato entre os 6,6 recomendado por Bárbara Starfield, pensando
profissionais dos diversos pontos de atenção como que a APS é a porta preferencial de entrada no sis-
elementos importantes para o cuidado abrangente, tema de saúde, esse valor demonstra que na prática
continuo e de qualidade. a acessibilidade está ineficiente. Ao comparar as

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 187
respostas dos profissionais que trabalham na ESF a seguinte correspondência entre os valores do
e na APS tradicional observa-se que os escores dos escore e da escala em relação a força de orientação
atributos de orientação familiar e orientação comu- do atributo acesso de primeiro contato”, de 6,6 a 10
nitária são melhores avaliados pelos profissionais correspondeu a um valor alto, de 3,3 a 6,5 a um valor
que trabalham na ESF, o que corrobora com os baixo, de 0 a 3,2 a valor muito baixo. Resultados: Em
princípios fundamentais da Saúde da Família que relação ao atributo acesso, das 100% das unidades
deve trabalhar com foco na família e na comunidade avaliadas na ARES Redenção, 83,3% tiveram um va-
levando em conta as particularidades culturais e as lor baixo e 16,7% um valor muito baixo. Na ARES Vila
necessidades de saúde da população. Isabel 58,3% dos questionários foram preenchidos,
sendo que 41,7% obtiveram valor baixo, 8,3% um va-
AVALIAÇÃO DA PRESENÇA E EXTENSÃO DO ATRI- lor muito baixo e 8,3% um valor alto. Na ARES Aracy,
BUTO ACESSO DE PRIMEIRO CONTATO NAS UNI- 58,3% dos questionários foram preenchidos e 58,3%
DADES DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS obtiveram valor baixo no atributo acesso. Na ARES
Renata de Cassia Gonçalves / Gonçalves, R.C. / Santa Felícia, em que 50% dos questionários foram
COPAIS-UFSCar; Andrea Giberti / Giberti,A. / respondidos, 50% indicaram um valor baixo para o
COPAIS-UFSCar; Thales Cervi / Cervi, T. / COPAIS- atributo acesso. Na ARES Vila São José, 72,2% dos
-UFSCar; Sandra M. L. Pozzoli / Pozzoli, S.M.L. questionários foram respondidos e 5,5% indicaram
/ COPAIS-UFSCar; Gabriela Alvarez Camacho / um valor muito baixo, 50% um valor baixo e 16,7%
Camacho, G.A. / COPAIS-UFSCar; Luísa Demarchi um valor alto. Conclusão: No município de São
/ Demarchi, L. / COPAIS-UFSCar; Caroline Prada Carlos a maioria dos serviços de atenção primária
/ Prada, C. / COPAIS-UFSCar; Mariana de Almei- à saúde possuem valor baixo no atributo acesso de
da Prado Fagá / Fagá, M.A.P. / COPAIS-UFSCar; primeiro contato”.
Giovanni Gurgel Aciole / Aciole, G.G. / COPAIS-
-UFSCar; AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DA
Introdução: A força da orientação da atenção primá- ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM PALMITAL,
ria à saúde depende da presença e extensão de cada SÃO PAULO
um dos seus atributos. O acesso de primeiro contato” Lislaine Aparecida Fracolli / Fracolli, L. A. / Escola
é um atributo essencial que pode ser medido através de Enfermagem da Universidade de São Paulo;
do instrumento de avaliação da atenção primária, o Maria Fernanda Pereira Gomes / Gomes, M. F. P.
PCA-Tool. Objetivos: Avaliar a presença e extensão / Escola de Enfermagem da Universidade de São
do atributo acesso de primeiro contato” nos serviços Paulo; Mislaine Cristina Fachiano / Fachiano, M.
de atenção primária à saúde do município de São C. / Universidade Paulista;
Carlos -SP. Materiais e Métodos: Participaram 12 A avaliação da satisfação dos usuários do Sistema
Unidades Básicas de Saúde e 19 unidades de Saúde Único de Saúde (SUS) vem se tornando importante
da Família localizadas em 5 regiões administrativas ferramenta para os gestores de saúde, pois, avaliar
(ARES): Redenção, Vila Isabel, Aracy, Santa Felícia os serviços de saúde oferecidos à comunidade, con-
e São José. O instrumento PCA-Tool, versão profis- tribui para planejar e construir ações mais resolu-
sionais, foi aplicado a dois profissionais de cada tivas e direcionadas para a realidade dos clientes.
unidade, totalizando 62 questionários. O atributo Nesse sentido ouvir a população aproxima o serviço
acesso de primeiro contato” é composto por 9 itens. à realidade praticada, fortalecendo a participação
A resposta a cada item recebeu um valor de 1 a 4, de popular, e auxiliando o desenvolvimento de um
acordo com a escala Likert. Os escores foram calcu- novo modelo assistencial. Com base na importância
lados pela média aritmética simples dos valores das de investigar a dimensão subjetiva da satisfação
respostas dos itens que compõe cada atributo. Após o dos usuários do SUS para construir o processo de
cálculo dos escores os valores foram transformados trabalho da Estratégia Saúde da Familia (ESF), o
em escala de 0 a 10, utilizando a seguinte fórmula: objetivo desta pesquisa é verificar qual é a opinião
X = (escore 1 a 4 do atributo X – 1) * 10/ (4-1) Fizemos dos usuários do SUS sobre o atendimento realizado

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 188
pela Estratégia Saúde da Família no município de culose (TB). Todavia, para a coleta nem sempre é
Palmital-SP. Trata-se de uma pesquisa avaliativa explicado ao paciente com clareza suficiente o que
de abordagem quantitativa. O cenário de estudo foi é uma amostra adequada de escarro e como se deve
uma unidade de saúde da família no município de obtê-la. Para isso é indispensável à orientação pelos
Palmital-SP, pequeno município do interior do Es- profissionais de saúde, pois, via de regra, o paciente
tado de São Paulo que possui 22.041 mil habitantes. não sabe a diferença entre o escarro proveniente das
Foi entrevistado 100 usuários da ESF do município vias aéreas inferiores daquele contaminado com
de Palmital com idade maior de 18. Os dados foram material oriundo da oro e nasofaringe. Objetivo:
coletados por meio de um questionário tipo Likert Avaliar as orientações de Enfermagem sobre a coleta
que permite 4 opções de resposta ótimo”, bom”, de amostras de escarro em um Centro de Referência
regular” e ruim”, as entrevistas aos usuários foram do Estado do Amazonas. Método: Trata-se de um es-
realizadas em seus respectivos domicílios no mês tudo transversal realizado no Centro de Referência
de julho de 2014. Esta pesquisa foi aprovado pelo em Pneumologia Sanitária (CREPS) Cardoso Fontes
Comitê de Ética e Pesquisa com o nº de parecer: em Manaus-Amazonas. Foram avaliadas, as orien-
788.672. Dos usuários entrevistados 46% relatam tações fornecidas pelos profissionais de saúde a 74
que o serviço da ESF é ótimo e 48% refere ser bom, pacientes, por meio de observação estruturante. Esta
nesta perspectiva parece que a maioria dos usuários foi realizada mediante um roteiro com as normas
estão satisfeitos com este serviço. Em relação às preconizadas pelo Ministério Saúde do Brasil. Este
necessidades atendidas, 43% dos entrevistados re- estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa
ferem que suas necessidades de saúde são atendidas com Seres Humanos da Universidade Federal do
de maneira ótima e 47% dos usuários referem que Amazonas, CAAE n. 0001.0.113.115-10. Resultados: O
suas necessidades são atendidas de maneira boa. estudo permitiu verificar a ausência de explicação
Este estudo permitiu conhecer que os usuários da aos pacientes sobre: a importância da realização
ESF no município de Palmital estão satisfeitos com do exame; a importância de seguir as orientações
o serviço dos profissionais de saúde e que estes fornecidas e questões de biossegurança durante a
atores sociais sabem identificar pontos positivos e coleta. As orientações se restringiram ao processo de
negativos da sua unidade de saúde, por mais que eles expectoração e ainda assim não foram repassadas a
sejam menos críticos em alguns fatores, conseguem todos os pacientes. A higiene bucal foi a orientação
definir o que é bom pra eles e isso é um fator que mais frequente (75,7%), seguida da hidratação no
pode contribuir para que eles possam desenvolver dia anterior da coleta do material (47,3%). Apenas
melhor o controle social junto aos gestores de saúde. 21,6% dos pacientes foram orientados quanto aos
exercícios respiratórios (Inspirar profundamente,
AVALIAÇÃO DAS ORIENTAÇÕES SOBRE A COLETA reter a inspiração por alguns instantes e soltar o
DE ESCARRO PARA EXAMES DIAGNÓSTICOS DE ar lentamente pela boca, Repetir o procedimento
TUBERCULOSE EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA anterior mais duas vezes. Inspirar mais uma vez,
DO ESTADO DO AMAZONAS prender a respiração o máximo possível, forçar a
Amélia Nunes Sicsú / Sicsu, A.N. / EERP/UEA/FA- tosse para liberar o catarro de dentro do pulmão),
PEAM; Pedro Fredemir Palha / Palha, F.P. / EERP; apesar de sua grande importância para a liberação
Lais Mara Caetano da Silva / Silva, L.M.C. / EERP; de escarro. Conclusão: Verificou-se a reduzida frequ-
Jaqueline Garcia de Almeida Ballestero / Balles- ência com que os profissionais de Saúde repassam
tero, J.G.A / EERP; Adriany da Rocha Pimentão / as orientações preconizadas para realização de uma
Pimentão, A.R. / UEA; Maria do Socorro de Lucena boa coleta de escarro.
Cardoso / Cardoso, M.S.L. / UFAM; Julia Ignez
Salem / Salem, J.I. / INPA; AVALIAÇÃO DE IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATEGIA
Introdução: A coleta adequada de escarro é essencial DO PROTOCOLO DE CONTROLE DE TB HIV
para eficiência dos exames diagnósticos de Tuber- Silvia Helena Bastos de Paula / Bastos de Paula

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 189
SH / Instituto de Saúde; Sheila Santiago / San- AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS DA ATENÇÃO PRIMÁ-
tiago S / SESA CE; Telma Martins / Martins T / RIA Á SAÚDE SOB A PERSPECTIVA DE ATENÇÃO
Sesa Ce; Christiana Maria Nogueira de Oliveira / AO ADULTO: RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO
Oliveira CMN / Sesa CE;
QUALIAB 2014
Introdução:A tuberculose (TB) ativa em pessoas que
Nádia Placideli / PLACIDELI, N / FMB-UNESP; Jo-
vivem com HIV/AIDS (PVHA) é a condição de maior siane Fernandes Lozigia Carrapato / CARRAPATO,
impacto na mortalidade por AIDS e por TB no país. J. F. L / FMB-UNESP; Elen Rose Lodeiro Castanhei-
Segundo o Relatório Global de Controle da Tuber- ra / CASTANHEIRA, E. R. L / FMB-UNESP;
culose desenvolvido pela Organização Mundial da
A Atenção Primária à Saúde (APS) possui dentre seus
Saúde (OMS), em 2011, as PVHA estão 21 a 34 vezes
públicos-alvo os adultos, estes necessitam de reco-
mais propensas a desenvolver TB ativa quando
nhecimento da sua realidade de saúde. Iniciativas
comparadas à população geral. Frequentemente o
de avaliação da APS, com enfoque nas ações para
diagnóstico da infecção pelo HIV ocorre durante o
adultos, tornam-se necessárias. O objetivo desse es-
curso da tuberculose. Objetivo:Estabelecer fluxo de
tudo foi identificar a organização de ações voltadas
atendimento Tuberculose/ vírus imunodeficiência
aos adultos em serviços de APS na Rede Regional de
humana (TB/HIV) e redefinição da estratégia de
Atenção à Saúde- RRAS 09 do estado de São Paulo,
monitoramento do programa. Método: estudo de
na perspectiva do gerente e equipe profissional, por
campo de abordagem quanti-qualitativa, descritiva
meio do instrumento QualiAB 2014. O universo foi
e transversal com o intuito de conhecer e analisar
de 163 unidades de APS correspondentes á 41 muni-
o contexto de desenvolvimento da estratégia de in-
cípios, respondentes ao instrumento de Avaliação da
tervenção do Protocolo de co-infeção por TB-HIV no
Qualidade de Serviços da Atenção Básica- QualiAB.
estado do Ceará, no período de março a dezembro de
No período de setembro a dezembro de 2014. Este é
2015.Levantamento de estrutura e processos e gru-
composto por 126 questões de múltipla escolha, das
pos focais. Resultados:Considerando que a pesquisa
quais 20 são descritivas, questões que caracterizam
se dedica a verificar a implantação do protocolo no
o serviço e 106 pontuadas correspondentes aos indi-
plano local correspondendo ao nível da micro polí-
cadores de qualidade em três níveis: 0 insuficiente,
tica do cuidado aos pacientes coinfectados TB HIV
1 aceitável e 2 esperado. Foi disponibilizado em
considera-se um avanço neste nível a seguir: A pes-
versão online. De acordo com os resultados obtidos,
quisa tem um efeito pedagógico pela sua simples im-
referentes às questões focadas na saúde de adultos,
plementação, pois ao questionar aspectos relativos
destacam-se três de um total de vinte indicadores.
ao objeto da pesquisa desperta nas equipes o olhar
Quanto ao indicador diversidade de ações na aten-
para algo muitas vezes relegado a segundo plano. A
ção aos adultos”: 27% dos serviços não possuem
coleta de dados contribuiu para que os documentos
programas específicos para adultos e 3% não atende
e bancos de dados fossem utilizados pelos gestores e
adultos, a maioria desenvolve ações programadas
informantes e com isso se produziu um olhar interno
para hipertensão arterial (88%), diabetes (85%) e
para a questão da atenção a Tuberculose nos SAE; A
tuberculose (74%), em contrapartida apenas 25% re-
Mobilização da Rede Nacional de Pessoas HIV+ para
alizam atividades planejadas sobre violência domés-
atuar junto dos gestores do programa de Tuberculose
tica. Sobre o indicador ações de rotina em casos de
e HIV/ AIDS com vistas à participação e controle
condições crônicas”: 4% dos serviços não possuem
social. Conclusões:Nas visitas de monitoramento
rotina estabelecida para este seguimento e 3% não
direto nos SAE, observou-se as atividades praticas
atendem, a maioria realiza controle da pressão arte-
desenvolvida pela equipe local e se avaliou qualita-
rial e nível glicêmico em horários e dias específicos
tivamente o desempenho do trabalho individual e
ou conforme necessidade (87%), esclarecimento
coletivo.Foi possível, ainda, estabelecer e/ou ampliar
e orientação para resultados de exames (79%) e
a integração das equipes gerenciais dos serviços de
orientação de atividade física (69%), uma parcela
saúde com as demais instancias do PCT.
menor desenvolve grupos de apoio (31%) e registro

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 190
de paciente com risco diferenciado (30%). Quanto o vo para a dimensão SSR, com 99 indicadores para os
indicador diversidade de ações programadas para á domínios promoção à SSR, prevenção e assistência
saúde do homem”: 15% alegaram não oferecer ativi- às DST/aids e atenção à saúde de reprodutiva. A
dades direcionadas para essa população, a maioria análise envolveu: média das respostas, histograma
dos serviços realizam prevenção e rastreamento da disctribuição dos serviços, teste de Friedman, e
de câncer de próstata e outras neoplasias (73%) comparação de Dunn. RESULTADOS:Caracterização
e prevenção de DST/aids (71%), menos da metade das ações: predomínio de atividades intra-muro,
desenvolve atividades sobre uso e dependência de dirigidas às mulheres e do tema reprodução sobre se-
tabaco, álcool e outras drogas (44%) e apenas 16% xualidade; ações educativas pontuais, informativas,
faz orientação sobre andropausa. Considera-se que ênfase em proteção específica; limites no tratamento
ações desenvolvidas pela APS aos adultos, no geral sindrômico de DST, na prevenção da sífilis congênita
acontecem, contudo com diversidade limitada. e no rastreamento de câncer cervical e mamário;
planejamento reprodutivo com oferta maior de
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE SERVIÇOS preservativos masculinos, anticoncepcionais orais
PAULISTAS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE e métodos definitivos; pré-natal com início precoce
SEXUAL E REPRODUTIVA e exames preconizados; melhor organização para
Mariana Arantes Nasser / Nasser, M.A. / Faculda- puerpério imediato do que tardio. A média do desem-
de de Medicina da USP, Departamento de Medici- penho dos 2735 serviços na dimensão SSR é 56,84%.
na Preventiva, Centro de Saúde Escola Butantã; A distribuição dos serviços em um histograma de
Maria Ines Battistella Nemes / Nemes, M.I.B. / acordo com o seu desempenho gera uma curva que
Faculdade de Medicina da USP, Departamento se aproxima da normal. O domínio atenção à saúde
de Medicina Preventiva; Elen Rose Lodereiro reprodutiva tem maior participação, seguido de pre-
Castanheira / Castanheira, E.R.L. / Faculdade de venção e assistência às DST/Aids e promoção à SSR.
Medicina de Botucatu - UNESP, Departamento A análise dos resultados aponta para implementação
de Saúde Pública; Marta Campagnoni Andrade / incipiente das ações de SSR na APS do SUS de SP.
Andrade, M.C. / Faculdade de Ciências Médicas da CONCLUSÃO:O quadro avaliativo em SSR na APS ge-
Santa Casa de São Paulo, Departamento de Saúde rou avaliação adequada, completa, útil e replicável,
Coletiva; permitindo: discriminar os serviços quanto à média
INTRODUÇÃO:A saúde sexual e reprodutiva (SSR) de desempenho; conhecer e discutir as ações realiza-
ganha visibilidade nos anos 1990, marcados por das quanto à finalidade do trabalho em SSR na APS;
ativismo social, políticas de desenvolvimento e formular recomendações que podem contribuir para
reuniões de direitos humanos. Para a IV Conferên- a gestão do programa de SSR na APS de SP.
cia Internacional de População e Desenvolvimento
(Cairo,1994) e a IV Conferência Internacional da AVALIAÇÃO DO PERFIL SÓCIOECONÔMICO,
Mulher (Pequim,1995) a atenção primária à saúde FUNCIONALIDADE E DE QUALIDADE DE VIDA DE
(APS) é nível prioritário para a SSR. No Brasil, a DEFICIENTES VISUAIS
APS é considerada estratégica para a SSR no Sis- Isabel Aparecida Porcatti de Walsh / Walsh IAP /
tema Único de Saúde (SUS). OBJETIVOS:Avaliar o UFTM; Nuno Miguel Lopes de Oliveira / Oliveira,
desempenho dos serviços de APS do SUS paulista NML / UFTM; Shamyr Sulyvan de Castro / Castro,
em promoção da SSR, prevenção e assistência às SS / UFTM; Carla Cristina Esteves Silva Oliveira /
doenças sexualmente transmissíveis (DST)/aids e Oliveira, CCES / UFTM; Ana Flávia Prata Machado
atenção à saúde reprodutiva. MÉTODO:Avaliação / Machado, AFP / UFTM; Suraya Gomes Novais
em saúde, que empregou banco do questionário Shimano / Shimano, SGN / UFTM;
QualiAB - Avaliação da Qualidade da Atenção Básica Introdução: A qualidade de vida (QV) é um dos
em Municípios do Estado de São Paulo (SP), aplicado resultados esperados das práticas assistenciais e
em 2735 serviços de 586 municípios de pequeno e das políticas públicas de para promoção da saúde.
médio porte, em 2010. Construiu-se quadro avaliati- A informação visual é muito importante quando

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 191
se considera QV, uma vez que na ausência desta, AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE NOTIFICAÇÃO E
aspectos como confiança, liberdade, segurança e ACOMPANHAMENTO DOS CASOS DE TUBERCU-
independência, podem estar diminuídos ou até mes- LOSE NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO
mo ausentes. Estudos demonstram que deficientes Tamily Eduarda Siqueira / SIQUEIRA, T.E. / Escola
visuais, quando comparados a videntes, apresentam de Enfermagem de Ribeirão Preto/ USP; Aline
uma QV diminuída, dificuldade em realizar tarefas Aparecida Monroe / MONROE, A. A. / Escola de En-
cotidianas, maior depressão e ansiedade, baixa auto- fermagem de Ribeirão Preto - USP; Nathália Hálax
estima e atitude negativa. Objetivo: Avaliar aspectos Órfão / ÓRFÃO, N.H. / Escola de Enfermagem de
socioeconômicos, clínicos, funcionais, prática de Ribeirão Preto - USP; Lívia Maria Lopes / LOPES,
atividade física, funcionalidade e qualidade de vida L.M. / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto -
em indivíduos portadores de deficiência visual (DV). USP; Mayara Fálico Farias / FARIAS, M.F. / Escola
Método: Os participantes foram indivíduos portado- de Enfermagem de Ribeirão Preto; Glaucia Moran-
res DV assistidos pelo Instituto de Cegos do Brasil dim / MORANDIM, G. / Escola de Enfermagem de
Central (ICBC) de Uberaba/MG. Foi confeccionado Ribeirão Preto - USP;
um questionário estruturado com perguntas sobre INTRODUÇÃO- A tuberculose (TB) é um problema de
os dados pessoais, aspectos socioeconômicos, clí- saúde pública e para acompanhamento da doença,
nicos e funcionais. Os questionários IPAQ, Lawton o Estado de São Paulo (ESP) possui, desde 1996, um
e Whoqol-bref foram aplicados. Os dados foram sistema próprio para computação das informações
submetidos a análise estatística descritiva e rea- sobre notificação e acompanhamento dos casos
lizadas análises de correlação entre as variáveis. de TB, denominado TBWEB com acesso limitado
Resultados: A amostra foi composta por 71 DV do a profissionais de Vigilância Epidemiológica (VE)
Instituto de Cegos do Brasil Central (ICBC), sendo (CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA/CVE,
50,71% homens e 49,29% mulheres, com idade média 2012). A alimentação e consulta dos dados no TBWEB
de 43,7±22 anos. Destes, 66,2% tinham deficiência vi- é realizada via internet e cada paciente possui um
sual parcial e 33,8% deficiência visual total. Mais de cadastro único e diversas ferramentas de gestão da
70% da amostra não tem companheiro, 73,24% são informação (GALESI, 2007; CENTRO DE VIGILÂN-
aposentados, 12,28% estudantes e 14,08% tem outras CIA EPIDEMIOLÓGICA/CVE, 2012). OBJETIVO- Ava-
profissões. 52,11% cursou somente até o 1º grau. liar a completude e qualidade dos dados no TBWEB
Quanto ao nível de atividade 85,92% da amostra foi de casos de TB notificados e em tratamentos no
considerada ativa e 14,08% sedentária. Quanto ao ní- município de Ribeirão Preto/SP no período de 2009
vel de funcionalidade apenas 23,94% da amostra foi a 2012. MATERIAL E MÉTODOS- Estudo epidemioló-
considerada completamente independente, 63,38% gico descritivo, do tipo levantamento retrospectivo,
dependentes parciais e 12,68% dependentes totais. com abordagem quantitativa. Como referencial me-
Os resultados da qualidade de vida indicaram uma todológico foi utilizado os sistemas de vigilância em
média de 64±11 para o domínio ambiental, 67,8±14,3 saúde pública do “Guidelines for Evaluating Public
para o físico, 70,8±13,7 para o psicológico, 70,9±15,5 Health Surveillance Systems” propostas pelo Center
para o social, O estado civil apresentou correlação for Diseases Control em 2001 (CDC, 2001) e por com-
significativa com a QV e funcionalidade (p<0,001). pletude, considerou-se o grau de preenchimento do
Houve de fraca a moderada correlação entre idade, campo analisado. Depois, uma nota foi atribuída de
tipo de deficiência visual e escolaridade com a QV acordo com a classificação estabelecida: excelente
e função e entre índices de QV e funcionais. Con- (05), bom (04), regular (03), ruim (02), muito ruim
clusão: Apesar de dificuldades socioeconômicas, o (01), que somados e divididos pelos números de anos
acesso a uma instituição especializada parece ter observados, originou um índice geral para o período
permitido aos DV ganhos funcionais e níveis razo- estudado (MALHÃO et al, 2010). RESULTADOS- Com
áveis de qualidade de vida, com um equilíbrio entre levantamento de dados do TBWEB, identificou-se
os diferentes domínios. 1.006 doentes de TB que foram seguidos no municí-

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pio de Ribeirão Preto no período de 2009 a 2012. Os como propósito a caracterização da publicação: foco
resultados referentes aos dados de raça/cor, escola- da avaliação, metodologia e nível de evidência cientí-
ridade, esquema atual medicamentoso e em relação fica. Resultados: Não foi encontrado nenhum estudo
aos exames de baciloscopia de controle realizados até 2007, tendo o auge das publicações à partir de
durante o tratamento mostra que a baciloscopia de 2010 (76%), majoritariamente nas revistas de saúde
escarro do 1º até o 5º mês foram todos classifica- pública/coletiva (52%), na Região Sudeste (38%).
dos como ruim. O dado que categoriza a ocupação Duas categorias de artigos foram identificadas: os
manteve-se constante como muito ruim. E os dados que tratavam da realização de avaliação de progra-
que mostram os exames de baciloscopia de escarro mas, serviços e sistemas de saúde (86%) e os que
e teste HIV, os de acompanhamento do tratamento apenas descreviam metodologias avaliativas (14%).
da TB como numero de doses e dos comunicantes Em relação ao foco da avaliação, cabe destaque aos
(total, examinados e doentes) e quando se refere estudos que tratavam utilização exclusiva de dados
aos doentes de TB que precisaram de internação, secundários (31%) e satisfação do usuário (31%). A
foram dadas como excelentes. Em relação aos tipos metodologia mais utilizada foi a quantitativa (76%).
de tratamentos e exame de cultura de escarro, os De modo geral, as pesquisas na área de avaliação em
resultados obtiveram nota regular. saúde são do tipo descritiva, e, portanto, com baixo
nível de evidência científica.Conclusão: a avaliação
AVALIAÇÃO EM SAÚDE: REVISÃO INTEGRATIVA em saúde constitui-se como um novo campo de atu-
DE EXPERIÊNCIAS ENCONTRADAS NO SISTEMA ação profissional, de ordem multidisciplinar, que
ÚNICO DE SAÚDE pode ser utilizada como instrumento gerencial no
Priscila Balderrama / Balderrama, P. / EERP-USP; contexto de trabalho, além de ser valiosa ferramen-
Lucieli Dias Pedreschi Chaves / Chaves, L.D.P. / ta para a gestão. A utilização de métodos mistos,
EERP-USP; qualiquantitativos, com foco na análise de dados
secundários, percepção de profissionais e de usuá-
Introdução: Embora a avaliação esteja prevista
rios podem conferir maior consistência.
desde a Norma Operacional Básica 93, ainda não é
utilizada em toda sua potencialidade, sendo pouco
incorporada ao processo de trabalho. Sua institu- CARACTERIZAÇÃO DOS ACIDENTES FATAIS DE
cionalização no âmbito do Sistema Único de Saúde TRÂNSITO NO MUNICÍPIO DE COARI NO AMA-
(SUS) constitui-se em uma demanda emergente e ZONAS NOS ANOS DE 2003 A 2013
imprescindível, fato que já ocorre em países de- Janine Araújo da Costa; Cleber Araújo Gomes /
senvolvidos, a fim de assegurar a qualidade e a Costa, J.A.; Gomes, C.A. / Universidade Federal do
sustentabilidade dos sistemas públicos de saúde. Amazonas;
Objetivo: sintetizar a produção científica nacional INTRODUÇÃO: Estima-se que, anualmente, os aci-
sobre avaliação em saúde, no âmbito do SUS. Mé- dentes de trânsito são responsáveis por cerca de 1,2
todo: Revisão integrativa de literatura, cuja busca milhão de mortes em todo o mundo. Os acidentes
eletrônica foi realizada na base de dados Literatura envolvendo motocicletas são os que mais ocorrem
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde no interior do Amazonas, pois, as motocicletas são o
(LILACS), com os descritores avaliação em saúde” e principal veículo utilizado para o deslocamento. OB-
avaliação de serviços de saúde”. A seleção dos arti- JETIVO: Realizar uma perspectiva histórica referen-
gos foi feita considerando os critérios de inclusão: te aos anos de 2003 a 2013 dos óbitos relacionados
estudos primários, em português, espanhol e in- aos acidentes de trânsito no Município de Coari - AM.
glês, entre 1988 e 2014, que descrevessem métodos MÉTODOS: Foram coletados dados referentes aos
avaliativos ou avaliações de programas, serviços e anos de 2003 a 2013 de Coari no Sistema de Informa-
sistemas de saúde, no âmbito do SUS. A amostra fi- ção de Mortalidade (SIM) disponível no DATASUS.
nal foi composta por 29 artigos, analisados em duas A variável desfecho e a categoria de acidentes de
etapas. Na primeira, identificaram-se dados como: trânsito foram selecionadas a partir da classificação
ano, periódico e local de produção. A segunda teve determinada pelo CID-10. As co-variáveis coletadas

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 193
foram: sexo, faixa etária, estado civil e escolaridade. a família e a comunidade,onde desenvolve o cuidado
Os dados foram analisados no Excel 2013, Windows integral (BRASIL,2007). Seu principal aspecto, é a
8. RESULTADOS: A média da Taxa de Mortalidade formação do vínculo, estabelecido através da visita
(TM) referente a série estudada em Coari, foi de domiciliar.Ela permite ações de promoção, preven-
7,6±3 ,5/100.000 habitantes. A TM por acidentes ção de agravos e de vigilância á saúde, muitas vezes,
de trânsito em Coari passou de 2,6/100.000 habi- realizada sem critérios. A partir deste problema,
tantes em 2003 para 10,5/100.000 habitantes em identificou-se a necessidade de utilizar um instru-
2013, evidenciando um crescimento de cerca 400% mento para prioriza-lás e assim promover melhoria
nos óbitos. Nos onze anos estudados, prevaleceu da qualidade das ações em saúde. Descrição: Os
os óbitos em indivíduos, solteiros, na faixa etária objetivos do trabalho foram: classificar o grau de
de 20 a 39 anos e aqueles que estudaram por um risco familiar; implantar o instrumento na rotina
tempo inferior a sete anos. Evidenciou-se ainda que no processo de trabalho dos agentes comunitários
a média da TM, no período, entre homens foi igual de saúde (ACS) e planejar as visitas domiciliares
11±5,6/100.000 homens, enquanto está média no (VD). O local de estudo foi uma unidade de Saúde
sexo feminino equivaleu a 3,9±3,5/100.000 mulheres. da Família do município de Bebedouro-SP, com 898
Quanto às categorias a média de óbitos no período famílias e 9 microáreas distribuídas entre zona
estudado equivaleu a 7,4±4,1/100.000 em pedestres urbana e rural. A população foi composta por todas
e ciclistas, 9,04±7,3 em motociclistas, 7,1±5,9/100.000 as famílias cadastradas. O instrumento utilizado
em ocupantes de automóveis e outros acidentes foi a Escala de risco familiar de Coelho e Savassi.
terrestres e 0,9±1,1/100.000 em acidentes por trans- Os dados analisados foram as informações da fi-
portes por água. O percentual na série estudada cha A, para a obtenção das 13 sentinelas de risco, e
foi de 31,25% em pedestres e ciclistas, 40,62% em classificação dos escores R1(risco menor, escore 5 e
motociclistas, 12,5% em ocupantes de automóveis e 6), R2 (risco médio, escore 7 e 8), R3 (risco máximo,
outros acidentes terrestres e 15,62% em acidentes acima de 9)(SAVASSI;LAGE;COELHO,2012). Os ACS
por transporte por água. CONCLUSÃO: Os resultados foram os responsáveis pela coleta.Os dados foram
revelam aumento nas TM por acidentes de trânsito coletados nos meses de agosto a setembro de 2014 e
no período estudado. Foi observado ainda que o sexo computados no Microsoft Office Excel 2010. Lições
masculino é mais vitimizado quando comparado às aprendidas: A utilização do instrumento permitiu re-
mulheres. Os dados demonstraram um aumento na fletir as práticas de saúde desenvolvidas até aquele
categoria motociclista, levando há um alerta sobre a momento, contribuiu para a mudança do processo
relevância de uma fiscalização. Desta forma, fazem- de trabalho, e priorizou as VD, segundo a individu-
-se necessários estudos para reconhecer os fatores alidade de cada família. Assim, obtivemos os resul-
associados à mortalidade no trânsito no município tados: 898 famílias analisadas, sendo 833 (92,7%)
de Coari e incremento de medidas que propiciem a R1(risco menor), 36 (4%) R2 (risco médio) e 29 (3,3%)
diminuição destes números. Palavras chave: Trafe- R3 (risco máximo). As microáreas localizadas na
go, Mortalidade. zona urbana (1 a 7), prevaleceu R1. Já as microáreas
(8 e 9), zona rural, obtiveram maior homogeneidade
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO FAMILIAR COM PRIO- dos resultados, porém a micro 8 foi a de maior risco
RIZAÇÃO DE VISITAS DOMICILIARES EM UMA para R3 (18,4%) e a micro 9, apresentou maior risco
UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA para R2 (24%). Recomendações: Recomendamos
Flavia Tiemi Muramoto / Muramoto, F.T. / Escola a utilização do instrumento para priorização das
de Enfermagem de Ribeirâo Preto - USP; Sílvia VD nas unidades de saúde da família. Acreditamos
Matumoto / Matumoto, S. / Escola de Enfermagem que assim, os ACS visualizem a real necessidade da
de Ribeirâo Preto - USP; família, e a realizem de uma forma sistematizada,
Caracterização do problema:A Saúde da Família, é a de forma a proporcionar uma assistência domiciliar
estratégia prioritária para organização da Atenção diferenciada, fortalecendo os vínculos entre os ser-
Básica. Atua em um território específico,seu foco é viços de saúde e a comunidade.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 194
CONCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ODONTOLO- educação continuada através de treinamentos e pa-
GIA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE QUANTO lestras sobre biossegurança. Contudo, destacam-se
AO USO DAS PRECAUÇÕES PADRÃO fragilidades de conhecimento e atitude diante dos
Ana Paula Mhirdaui Sanches / Sanches, A.P.M. / riscos ocupacionais a que os cirurgiões-dentistas
UFSCar; Darlyani Mariano da Silva / Silva, D.M. / e sua equipe estão expostos. Discussão: Os resul-
UFSCar; Michely Aparecida Cardoso Maroldi / Ma- tados permitiram avaliar que os profissionais de
roldi, M.A.C. / UFSCar; Rosely Moralez de Figueire- odontologia entrevistados ainda possuem lacunas
do / Figueiredo, R.M. / UFSCar; na concepção sobre o uso das precauções padrão. In-
centivos para programas de capacitação e educação
Introdução: O controle de infecção fora do ambien-
continuada sobre biossegurança são relevantes, uma
te hospitalar é uma fronteira no conhecimento da
vez que facilitam e garantem a realização segura de
área da saúde. Soma-se a esse desafio a inclusão
procedimentos e consequente adesão às PP.
das práticas dos diferentes profissionais de saúde
que trabalham neste cenário, particularmente do
profissional de odontologia. Pelas características EQUIDADE E ACESSO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE
intrínsecas do serviço odontológico, com a ma- Renata de Cassia Gonçalves / Gonçalves, R.C. /
nipulação frequente de perfurocortante, o uso de UFSCar; Aline Guerra Aquilante / Aquilante, A.G.
produtos classificados como críticos, a exposição / UFSCar; Giovanni Gurgel Aciole / Aciole, G.G /
a sangue e o contato direto contínuo entre profis- UFSCar;
sional e paciente, a adoção das precauções padrão Introdução: O princípio da Equidade preconiza
é essencial. Objetivo: Identificar a concepção dos que todo cidadão é NÃO SOMENTE igual perante
profissionais da equipe de odontologia da atenção o SUS MAS DEVERÁ SER atendido conforme suas
primária quanto ao uso das precauções padrão necessidades. O SUS deve, portanto, tratar desi-
em um município do interior paulista. Método: gualmente os desiguais. O acesso equânime signi-
Tratou-se de um estudo transversal, exploratório- fica que todos os cidadãos, independentemente de
-descritivo com abordagem quantitativa, realizado nível socioeconômico, gênero ou etnia, devem ser
por meio da aplicação de um instrumento, validado, atendidos igualmente pelos serviços públicos de
com três domínios durante entrevista individual. O saúde. Objetivos: Avaliar a qualidade da Atenção
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes- Primária à Saúde em termos de equidade e de acesso
quisa em Seres Humanos da Universidade Federal universal aos serviços de saúde de forma indireta
de São Carlos (Parecer nº 311.141). Resultados: Dos utilizando uma revisão integrativa da literatura.
74 profissionais do município, 52 participaram Materiais e Métodos: Para este estudo, foi realiza-
do estudo, sendo 26 odontólogos e 26 auxiliares da um revisão integrativa da literatura a partir de
de odontologia. No domínio referente ao conheci- um levantamento retrospectivo, seleção, síntese e
mento da transmissão ocupacional do HIV, 86,5% ordenação de pesquisas anteriores relevantes ao
reconhecem que o HIV pode ser transmitido pela tema, permitindo reunir conclusões que articulas-
boca ou pelos olhos através dos respingos de sangue sem resultados obtidos nos diferentes estudos. A
ou outras secreções de paciente portador do HIV, e busca computadorizada sobre o assunto utilizou a
98,1% quando se trata da transmissão por objetos base de dados Scielo.com.br. Os termos utilizados
perfurocortantes contaminados. Em contrapartida, nesta busca no idioma português foram acesso aos
21,1% ficam em dúvida ou discordam quando se trata serviços de saúde”, equidade”, equidade no acesso” e
da transmissão durante a realização de curativos atenção primária à saúde”. Resultados: Nesta busca,
sem luvas. No domínio que destaca o clima de se- foram selecionados 31 artigos, dos quais 24 artigos
gurança, observou-se que os profissionais possuem tiveram seus resumos incluídos para análise. Destes
conhecimento em relação à importância do trabalho últimos, 9 artigos foram selecionados para a análise.
em equipe, da disponibilidade, do uso e do descarte Dentre todos os artigos analisados (100% (n=11)),
de materiais potencialmente contaminados com o verificou-se que a população estudada foi: indiví-
vírus HIV, além de perceberem a importância da duos em situação de rua, 18,18% (n=2), população

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geral, 9,09% (n=1), gestantes, 9,09% (n=1), negros, shapesfiles com a área do município de Porto Alegre
9,09% (n=1), portadores de tuberculose, 27,27% (n=3) e com o sistema viário da cidade, em seguida foram
e idosos, 27,27% (n=3). Cada um dos artigos reporta importados os dados georreferenciados do PMAQ-
algumas dificuldades de acesso destes grupos ao -AB. Com os dados espacializados foram feitos os
serviço de saúde. Conclusão: Em relação ao acesso ajustes do formato para confeccionar o mapa, sendo
de diferentes sujeitos aos serviços de saúde, foram incluído: a legenda identificando os diferentes mar-
encontradas algumas dificuldades e tem-se ainda cadores territoriais das EAB, a escala que dimensio-
algumas expectativas de melhora no sistema. na a representação do território geográfico e a rosa
dos ventos para orientação dos pontos cardeais. O
ESPACIALIZAÇÃO DA CONTRATUALIZAÇÃO AO resultado foi a representação cartográfica através do
PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO ACES- mapa georreferenciado das EAB. Dado a relevância
SO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA NO do PMAQ-AB como dispositivo de avaliação para qua-
MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE NO ANO DE 2012 lificação das EAB e melhoria ao acesso dos usuários
nos serviços de saúde, o método de representação
Renan de Mattos / Mattos, R. / Rede Governo Co-
cartográfica através da espacialização dos dados
laborativo em Saúde - UFRGS; Fabiano Barnart /
Barnart, F. / Rede Governo Colaborativo em Saúde gerados na fase de avaliação externa do PMAQ-AB
- UFRGS; Mirceli Goulart Barbosa / Barbosa, M. G. pode contribuir para discussões em relação a organi-
/ Rede Governo Colaborativo em Saúde - UFRGS; zação do processo de trabalho no programa, auxiliar
Alcindo Antônio Ferla / Ferla, A. A. / Rede Governo os gestores no planejamento em saúde e contribui
Colaborativo em Saúde - UFRGS; Laurindo Antônio para visualizar a rede de atenção em saúde. A partir
Guasselli / GUASSELLI, L. A. / UFRGS; dos representados cartograficamente, pode-se rea-
lizar trabalhos interdisciplinares que auxiliem na
Este resumo apresenta o processo adotado para
avaliação do PMAQ-AB.
representação cartográfica da adesão das Equipes
de Atenção Básica (EAB) ao Programa Nacional
de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção ESTUDO DA APLICAÇÃO DO SISTEMA LOCAL DE
Básica (PMAQ-AB), através das ferramentas dos INFORMAÇÃO EM SAÚDE NOS DISTRITOS SANI-
Sistemas de Informações Geográficas (SIG). O TÁRIOS ESPECIAIS INDÍGENAS
objetivo deste trabalho é representar cartografi- Vânia Fernandes Rabelo / Rabelo, V.F. / UNIFESP;
camente a espacialização por meio da ferramenta Carlos Henrique Oliveira de Paulo / Paulo, C.H.O /
de SIG das EAB e dos Núcleos de Apoio à Saúde da UNIFESP; Sueli Gonsalez Saes / Saes, S.G / UNI-
Família (NASF) do município de Porto Alegre que FESP;
contratualizaram ao PMAQ-AB, no ano de 2012. Para A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos
representar a espacialização dos dados foi utilizada Indígenas, aprovada em 2002, orienta que deverá ser
uma sistematização das equipes que contratualiza- organizado um sistema de informações que identi-
ram ao programa, que tiveram suas coordenadas de fique informações que atendam às necessidades de
Latitude e Longitude coletadas durante a etapa de cada nível gerencial, fornecendo subsídios para a
avaliação externa. A distribuição no mapa apresenta construção de indicadores que avaliem a saúde e, in-
o seguinte: EAB sem Saúde Bucal, EAB com Saúde diretamente, a atenção à saúde, como a organização
Bucal e, equipes de NASF. O software utilizado foi o dos serviços no Distrito Sanitário Especial Indígena
ArcGis 10.0 produzido pela empresa Environmental (DSEI). Em 2000 o Sistema de Informação da Aten-
Systems Research Institute, com o auxílio da ferra- ção à Saúde Indígena, criado no âmbito do Subsis-
menta ArcCatalog foi possível criar e organizar as tema de Atenção à Saúde Indígena, foi implantado
coordenadas de latitude e longitude e com o auxílio nos 34 Distritos. Estes Distritos encontram dificul-
do ArcMap que possui função cartográfica de análise dades para garantir a coleta de dados e produção de
e edição de mapas foi possível confeccionar o mapa, informações importantes para o planejamento das
utilizando o Sistemas de Coordenadas SIRGAS 2000 ações e gestão dos serviços que atendam a realidade
UTM Zone 22S e incluindo os arquivos em formato local. Neste contexto, este estudo teve como objetivo

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verificar a aplicação de um Sistema Local de Infor- artigo uma revisão crítica dos últimos seis anos dos
mação em Saúde nos DSEI. Foi realizado um estudo artigos publicados em bases indexadas Nacionais,
descritivo por meio de revisão bibliográfica. Há uma cujo descritor principal foi: estudos ecológicos” ou
ausência de publicações que abordam o tema no estudo ecológico”, avaliando a origem dos dados
contexto dos Distritos. Porém, conforme os critérios secundários utilizados bem como quais ferramen-
metodológicos definidos neste trabalho foram ana- tas ou sistemas de informação geográficas foram
lisadas publicações referentes ao Sistema Local no utilizados na metodologia dos trabalhos. Realizada
âmbito dos municípios com o objetivo de identificar a seleção dos artigos os pontos observados foram:
a sua aplicabilidade na saúde indígena. Os Sistemas fontes dos dados, realização de mapeamento, uso
Locais possuem características que mostram sua de sistema de informação geográfica, local, tipo
contribuição para a organização da informação de estudo e análise estatística. Dentre os artigos
em saúde e, conseqüentemente, colaboram para a que utilizaram sistemas de informação geográfica
garantia de dados epidemiológicos relevantes para (SIG), os principais softwares utilizados foram o
a utilização da gestão dos Distritos. No contexto do Terraview®, seguidos pelo ArcGis®. A escolha do
Subsistema de Atenção á Saúde Indígena, na lógica Terraview® na análise espacial é compreendida
dos Distritos, o Sistema Local não pretende competir pois em sua estrutura de processamento é possível
com o sistema de informação padronizado no terri- realizar análises de correlação espacial como o
tório nacional. Ele possibilita uma complementari- Índice de Moran e Índice Local de Analise Espacial
dade das informações do sistema central e responde (Lisa) cujo uso atualmente é consolidado em estudos
as demandas locais que são bastante diferentes em ecológicos. A essência do estudo ecológico é caracte-
cada Distrito. Além disso, garante a padronização rizar grupos em uma área geográfica, o que permite
dos instrumentos de coleta utilizados nos vários avaliar o contexto ambiental e social, que permite
espaços de trabalho da gestão local. Por fim, a apli- uma configuração do local onde um indivíduo se
cação do Sistema Local de Informação em Saúde nos insere. Assim, estudos ecológicos necessitam de
DSEI constitui uma das estratégias para modificar Sistemas de Informação Geográfica, cujo uso atual
o cenário da invisibilidade epidemiológica da saúde é favorecido como os recursos computacionais.
indígena, possibilitando a construção de informa- Podemos perceber porém que, muitos artigos são
ções confiáveis, retratando a realidade sanitária do classificados como estudo ecológico mas não utili-
território indígena. Esse estudo foi aprovado pelo zação técnicas de mapeamento. Assim, em estudos
Comitê de Ética em Pesquisa (parecer: 726.359) da ecológicos, a análise exploratória de dados espaciais
Universidade Federal de São Paulo. Palavras-chave: (ESDA) pode ser empregada na analise espacial de
Saúde Indígena. Sistema de Informação em Saúde; áreas, permitindo uma abordagem que ao mesmo
Sistema Local de Informação em Saúde; Distritos tempo consegue correlacionar uma diversidade de
Sanitários Especiais indígenas. fatores sociais e ambientais, bem como permitir
caracterizar as associações espaciais e revelar agru-
ESTUDOS ECOLÓGICOS E SISTEMAS DE INFORMA- pamentos ou clusters. Por esta razão a ESDA pode
ÇÃO GEOGRÁFICA: A ANÁLISE ESPACIAL COMO ser uma importante ferramenta a ser utilizada em
ABORDAGEM ESTATÍSTICA estudos ecológicos.
José de Paula Silva / Paula Silva, José / UEMG;
Estudos ecológicos são utilizados em áreas como INDICADORES PERINATAIS – UMA FERRAMENTA
a epidemiologia e possuem como particularidade, PARA AVALIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DAS MATER-
caracterizar e estudar grupos no lugar de indivídu- NIDADES DO SUS -BH
os. O uso de sistemas de informações geográficas , Simone Passos de Castro e Santos / Santos, S.P.C.
a promoção de saúde e estudos ecológicos podem / Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; Sônia
ser instrumentos que ao mesmo tempo permitem Lansky / Lansky, S. / Prefeitura Municipal de Belo
a identificação necessidades de uma comunidade Horizonte; Eliane Rezende de Morais Peixoto /
inserida em uma região.. Assim, propõe-se neste Peixoto, E.R.M. / Prefeitura Municipal de Belo

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 197
Horizonte; Liliane Aparecida Cunha / Cunha, L.A. / têm colocado em pauta as boas práticas na atenção
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; perinatal, e têm sido um estímulo à implantação/
Introdução: A Comissão Perinatal de Belo Horizonte implementação de práticas seguras, baseadas em
(CPBH) é um fórum gestor interinstitucional que evidências científicas e em consonância com a
tem como objetivo planejar, avaliar e monitorar a PNH, favorecendo a redução da morbi-mortalidade
gestão da rede integral de saúde perinatal. Uma materna fetal e infantil.
das suas ações é o monitoramento dos Indicadores
Perinatais” nas Maternidades do SUS-BH para sub- METASSÍNTESE QUALITATIVA SOBRE AVALIAÇÃO
sidiar ações que promovam a melhoria na Saúde DE DESEMPENHO DE SISTEMAS DE SAÚDE
Perinatal relacionadas à assistência e às práticas Leonardo Carnut / Carnut, L. / FSP-USP; Paulo
humanizadas. Objetivo: Analisar os Indicadores Capel Narvai / Narvai, P.C. / FSP-USP;
Perinatais” do SUS-BH referentes ao ano de 2013. No bojo da discussão sobre o Estado gerencial, a ‘ges-
Metodologia: A CPBH estipulou quinze indicadores tão por desempenho em saúde’ tem defendido a ideia
com definição da fonte de dados, das metas a serem do uso de ‘modelos de avaliação do desempenho’
atingidas e da faixa de valores com a respectiva para mensurar (e comparar) os resultados advindos
pontuação, baseados em evidências científicas, na do trabalho realizado nos sistemas de saúde como
Política Nacional de Humanização (PNH) e na legis- o fim último dessas organizações. Assim, tornou-se
lação vigente sendo eles: taxa de cesárea; taxa de objetivo desse estudo identificar e analisar os mo-
cesárea em primíparas com gestação > 32 semanas delos para avaliação de desempenho de sistemas de
e apresentação cefálica; atuação da enfermagem saúde, registrados na literatura científica mundial
obstétrica; presença do acompanhante; ambiência; indexada em todas as bases de dados relativas ao
analgesia para parto normal; episiotomia; métodos tema. Para isso usou-se a revisão sistemática da
não farmacológicos para alívio da dor; presença de literatura sobre o tema ‘avaliação de desempenho
doulas; parto em posição verticalizada; reuniões de sistemas de saúde’ compatibilizando-a com uma
regulares da maternidade com a atenção primária; metassíntese qualitativa do tipo ‘metassumariza-
divulgação da estatística do serviço; Apgar <7 no 5º ção’. Do total de artigos (n=32), 23 artigos (71,8%)
minuto; contato imediato pele a pele e aleitamento não apresentam uma definição sobre desempenho”.
materno na 1ª hora de vida. Trimestralmente os indi- Dentre os conceitos subsidiários mais frequentes
cadores são calculados, avaliados e discutidos junto que compõem a ideia desempenho estão o conceito
as maternidade e ao Gestor de Contrato da SMSA. de ‘eficiência’ (11,9%), ‘qualidade’ (9,5%) e ‘efetivi-
O repasse financeiro à maternidade é feito propor- dade’ (7,1%). O ‘dashboard’ foi o modelo de avaliação
cionalmente ao alcance das metas. Resultados: Das de desempenho mais frequente, sendo encontrado
sete maternidades públicas, quatro atingiram mais em 35,7% estudos. Apenas 25% dos estudos revisa-
de 60% das metas estabelecidas para os indicadores, dos apresentaram o modelo aplicado aos sistemas
duas obtiveram 40% e apenas uma obteve 100% no de saúde. Neste cenário, longe de se configurarem
final do ciclo anual de 2013. Todas as maternidades em ferramentas de gestão úteis à compreensão
atingiram a meta para a divulgação pública dos da- dos sistemas de saúde, esses modelos apresentam
dos e o contato pele a pele efetivo entre mãe e bebê insuficiências que lhes comprometem a potência
no pós-parto imediato. Apenas uma maternidade avaliativa sistêmica.
não atingiu a meta no item relacionado ao acom-
panhante, Doula e aleitamento. Três maternidades MUNICIPALIZAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO
apresentaram taxa de cesárea menor que 30%, uma DE MORTALIDADE NOS MUNICÍPIOS PAULISTAS
apresentou taxa entre 30% e 35% e três tiveram taxa Zilda Pereira da SIlva / Silva, ZP / FSP-USP; Gizel-
maior que 35%. Apenas uma maternidade manteve ton Pereira Alencar / Alencar, GP / FSP-USP; Mar-
taxa de cesárea em primíparas e parto verticalizado cia Furquim de Almeida / Almeida, MF / FSP-USP;
em valores satisfatórios.Três serviços possuíam Catia Martinez Minto / Minto, CM / Secretaria do
quarto PPP. Conclusão: Os indicadores perinatais Estado da Saúde de São Paulo;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 198
Introdução: O Sistema de Informação de Morta- nestes municípios que há maior reconhecimento dos
lidade (SIM) é uma ferramenta importante para benefícios da descentralização do sistema. Palavra
diagnóstico da situação de saúde das populações, ge- chave: sistemas de informação de mortalidade; des-
rando conhecimento para fundamentar a gestão e o centralização; municipalização.
planejamento de intervenções na área de saúde. Com
a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), os ÓBITOS INFANTIS: ANÁLISE DE CONCORDÂNCIA
municípios passaram a assumir novas atribuições, DA CAUSA BÁSICA
como a organização e coordenação dos sistemas de Simone Passos de Castro e Santos / Santos, S.P.C.
informação em saúde, bem como a utilização da epi- / Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; Sônia
demiologia para o estabelecimento de prioridades, Lansky / Lansky, S. / Prefeitura Municipal de Belo
alocação de recursos e orientação programática. Horizonte; Lenice Hamuri Ishitani / Ishitani, L.H.
Objetivo: conhecer a situação da descentralização / Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; Elisa-
do SIM nos municípios paulistas. Métodos: Foi apli- beth Barboza França / França, E.B / Universidade
cado questionário eletrônico para 645 responsáveis Federal de Minas Gerais - FACMED;
técnicos municipais para identificar a alocação Introdução: A mortalidade infantil é um importante
institucional, estrutura física, recursos humanos, indicador epidemiológico e sua redução é um dos
atribuições, treinamento, dificuldades e desafios objetivos de desenvolvimento do milênio. Os óbi-
da gestão municipal do SIM. Os dados foram ana- tos infantis potencialmente evitáveis são eventos
lisados em proporções segundo porte populacional sentinelas que necessitam ser identificados e in-
dos municípios. Resultados: Obteve-se resposta de vestigados pelos Comitês de Prevenção de Óbito a
584 municípios. Predominam responsáveis técnicos fim de se conhecer seus determinantes e grupos de
do sexo feminino (81,5%) com idade média de 39,3 causas. Uma ação importante é monitorar a quali-
anos, superior completo (78,9%), maioria de enfer- dade dos dados gerados por meio da declaração de
meiras (64,9%), vínculo efetivo (66,1%) e com 3 anos óbito (DO) preenchida pelo médico, notadamente as
ou mais de trabalho no SIM (68,2%). Em 54,1% dos causas de morte, com o propósito de disponibilizar
municípios o SIM está alocado na Vigilância Epide- informações consistentes e suficientes para orientar
miológica. Em 24,1% há apenas 1 pessoa na equipe os gestores na tomada de decisão ao implantar ou
e em 51,4%, duas. 83,4% relataram ter recebido implementar políticas públicas. Objetivo: Analisar
treinamento para operar o sistema, especialmente a concordância entre a causa básica da DO original
do nível estadual. A busca ativa de óbitos é realiza- e da DO refeita após investigação pelo Comitê de
da por 66,4% com maior frequência nos maiores Prevenção de Óbitos de Belo Horizonte (CMPOFI).
municípios (81,1%). Em relação às dificuldades, elas Métodos: Estudo transversal de base populacional
foram mais citadas pelos municípios menores, com com análise de 149 óbitos infantis potencialmente
destaque para codificação das causas de morte e evitáveis investigados pelo CMPOFI, em 2010 e
geração de indicadores (50%). O principal uso das 2011. A DO refeita foi preenchida por médico, sem
informações do SIM é na pactuação de indicadores conhecimento prévio da DO original, baseada na
(86,1%) e planejamento de ações (69,6%). Os itens investigação. A codificação das causas de morte
com avaliação de muito alto/alto benefício foram foi realizada segundo as regras da CID 10 e a causa
agilização da vigilância em saúde (68,6%), melhoria básica foi selecionada pelo Sistema de Seleção de
da qualidade das informações (68,6%) e disponibi- Causa Básica do DATASUS. A concordância entre a
lidade de dados em tempo real (68,1%) com valores causa básica de acordo com lista reduzida de tabu-
mais elevados para municípios maiores. Conclusão: lação de causas de mortalidade infantil (LIR-MI), da
O SIM está amplamente implantado nos municípios DO original e da DO refeita foi analisada pela con-
paulistas, no entanto persistem problemas para a cordância simples e pelo índice Kappa. Resultados:
operação do sistema, especialmente nos municípios A concordância Kappa foi fraca quando avaliada
menores que merecem atenção do nível regional e de acordo com os grupos da LIR-MI. Houve mudan-
estadual. Nos maiores o SIM está consolidado. São ças relevantes na causa de óbito pós-investigação,

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com aumento da proporção de óbitos infantis por atendimento; e) qualidade do resultado/efeito: visa
asfixia, fatores maternos, infecções da criança, in- avaliar o impacto direto da ESF na qualidade de
fecções perinatais, causas externas e morte súbita vida dos usuários do serviço de saúde decorrentes
na infância. Conclusão/Recomendações: A investi- da ESF. A ferramenta foi revisada por especialistas
gação possibilitou maior esclarecimento sobre as em ESF e realizou-se pré-teste junto a 8 pacientes de
circunstâncias dos óbitos infantis potencialmente uma unidade de ESF, cujas idades variaram entre 55
evitáveis com qualificação da causa básica do óbito. e 70 anos, nível de escolaridade entre fundamental
A ocorrência de óbitos por causas potencialmente incompleto e ensino médio completo e tempo para
evitáveis apontam problemas no acesso e/ou na qua- preenchimento do questionário de 13 a 19 minutos.
lidade da assistência no pré-natal, parto e à criança. O teste-piloto permitiu validar as expectativas pro-
Investir na constituição e manutenção dos Comitês postas no instrumento, tendo em vista que todos os
de Prevenção de Óbito, capacitar os médicos para o atributos foram considerados de alta expectativa.
adequado preenchimento da DO e instituir o Serviço Cabe salientar que a amostra por ser pequena não
de Verificação de Óbito são estratégias para quali- seria relevante em representar a realidade dos
ficar a causa básica do óbito, possibilitar o perfil serviços prestados pela unidade de ESF analisada.
adequado da mortalidade por causas e subsidiar a Apesar disso, a ferramenta foi capaz de indicar gaps
tomada de decisão pelos gestores. de qualidade em atributos relacionados à humaniza-
ção no atendimento e confiabilidade. Apresenta-se
PRIMARYQUAL: UMA FERRAMENTA GERENCIAL como principal resultado deste trabalho ferramenta
PARA MENSURAR A QUALIDADE PERCEBIDA que permite a mensuração da qualidade da ESF. A
PELOS PACIENTES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA aplicação periódica da ferramenta pode mostrar
FAMÍLIA como a ESF está sendo implementada e, portanto,
Paulo Renato Pakes / Pakes, P. R. / UFSCar; Ricar- pode contribuir em potencial para a consolidação
do de Carvalho Araújo / Araújo, R. C. / UNICAMP; do SUS e qualificação da atenção básica de saúde
Brena Bezerra Silva / Silva, B. B. / UFSCar; através da oferta de informações que permitam a
A pesquisa teve como objetivo propor uma ferra- tomada de decisões – de gestores públicos, legisla-
menta gerencial para mensuração da qualidade dos dores e profissionais de ESF - inerentes à melhoria
serviços prestados em uma Unidade de Estratégia da qualidade dos serviços prestados à população.
Saúde da Família (ESF). Esta ferramenta foi denomi-
nada PRIMARYQUAL, pelo fato das ESF atuarem na PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE O USO DE TELES-
atenção primária com ações de promoção da saúde, SAÚDE NO BRASIL - UMA REVISÃO INTEGRATIVA
prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e Daniela Dalpubel / Dalpubel, D. / Universidade
agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde Federal de São Carlos; Érica Nestor Souza / Souza,
das comunidades. A PRIMARYQUAL se baseia na E. N. / Universidade Federal de São Carlos; Nathá-
mensuração da qualidade percebida pelos pacientes lia Alves Oliveira / Oliveira, N. A / Universidade
através da mensuração das expectativas e percep- Federal de São Carlos; Gabriela Dutra Gesualdo
ções destes em relação a atributos da qualidade / Gesualdo, G. D. / Universidade Federal de São
inerentes ao serviço em uma ESF. Consideraram-se Carlos; Ana Laura Costa Menezes / Menezes, A. L.
os seguintes grupos de atributos da qualidade: a) C. / Universidade Federal de São Carlos; Heloisa
aspectos tangíveis: questões estruturais e de pes- Helena Robles Penha / Penha, H. H. R. / Univer-
soal, aparência das instalações e equipamentos; b) sidade Federal de São Carlos; Silvia Helena Zem
confiabilidade: capacidade de prestar determinado Mascarenhas / Zem-Mascarenhas, S. H. / Universi-
serviço com exatidão; c) segurança: conhecimento dade Federal de São Carlos; Vivian Aline Mininel /
do funcionário e sua capacidade em demonstrar Minine, V. A. / Universidade Federal de São Carlos;
confiança; d) humanização: relacionado à empatia Introdução: com o objetivo de promover apoio à
e presteza, junto a outros atributos da qualidade educação permanente para todos os profissionais
inerentes à atenção básica e à humanização no da área da saúde, para a promoção e proteção da

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 200
saúde, instrução ao paciente ou comunidade houve a brasileiros apresentavam a proporção médico por
criação de telessaúde. Objetivo: realizar uma revisão habitantes abaixo da média nacional (1,83/1000 ha-
integrativa da literatura sobre a produção científica bitantes), e, dentre esses Estados, 05 apresentavam
de Telessaúde no Brasil nos últimos 10 anos. Méto- menos de 1/1000 médico por habitantes, sugerindo
do: tratou-se de um estudo de revisão integrativa uma assimetria na distribuição desse profissional
da literatura. A pesquisa foi realizada no mês de n no território brasileiro e sua concentração nas áreas
novembro de 2014, nas bases de dados eletrônicas onde há maior oferta de serviços de saúde de média
Lilacs e SciELO e BVS, através da consulta pelos e alta complexidade. Logo, este estudo tem como
descritores: Telemedicina”; Telessaúde”; Telenfer- objetivo analisar o Programa Mais Médicos no Es-
magem”. Procurou-se por artigos apresentados na tado de Minas Gerais para compreender seus efeitos
íntegra, escritos em Português e inglês, de 2005 à quanto à cobertura e oferta dos serviços médicos
2014, com a exclusão de artigos de revisão. Resul- na APS e entender a configuração desta a partir do
tados: a partir de seis artigos selecionados após investimento no profissional médico. Para isso, o
leitura na íntegra, foram encontrados artigos que percurso metodológico desse estudo é delineado em
analisavam o uso de Telessaúde para: desempenho dois eixos: o primeiro, propõe a pesquisa explora-
em um curso de nutrição; efetividade das webconfe- tória, para o levantamento de informações através
rências e videoconferência educativa;telemedicina da análise documental; o segundo, mix-method,
para interpretar exames de eletrocardiograma; consiste no levantamento de dados primários e se-
telessaúde para amamentação e ferramentas para cundários, pelas abordagens quantitativa (para um
de ensino-aprendizagem intituladas. Tendo por li- mapeamento abrangente do Programa em Minas
mitação, o número reduzido de artigos encontrados Gerais) e qualitativa (aplicação de entrevistas se-
que descrevam essa temática, mas todos relataram miestruturadas aos profissionais da saúde, gestores
resultados positivos quando o uso de telemedicina, e aos usuários dos serviços, selecionados através da
tanto em ambientes hospitalares, quanto em am- técnica de amostra intencional por julgamento). Os
bientes de estudo e pesquisa. Conclusão: Os artigos resultados parciais demonstram um atendimento,
trouxeram como positivo o uso de tecnologia para no 4º ciclo do programa, de 100% da demanda,
a saúde, tanto em ambientes hospitalares, quanto sendo 13235 médicos e 45,6 milhões de usuários,
em ambientes de ensino e pesquisa, mas ainda é frente ao 1º ciclo, onde eram atendidos 3,9 milhões
um tema escasso e que precisa de mais estudos que de usuários, equivalentes a 8,9% da demanda, por
corroboram com os já existentes. 1136 profissionais médicos. Além disso, mais de
75% dos médicos estão atuando em municípios de
PROGRAMA MAIS MÉDICOS: UMA ANÁLISE DA alta vulnerabilidade social (Brasil, 2015). Com base
OFERTA E COBERTURA DOS SERVIÇOS DA ATEN- nesses resultados preliminares, é provável que o
ÇÃO PRIMÁRIA NO ESTADO DE MINAS GERAIS Programa Mais Médicos tenha ampliado a cobertura
João Roberto Muzzi de Morais / MORAIS, J.R.M e a oferta de serviços médicos à população em Minas
/ Fundação João Pinheiro; Murilo Cássio Xavier Gerais, principalmente àquela assentada em regiões
Fahel / FAHEL, M.C.X / Fundação João Pinheiro; de maior vulnerabilidade social.
O governo federal brasileiro instituiu, em 2013, o
Pacto Nacional pela Saúde. Nele, está contemplado o PROJETO DE AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA DO
Programa Mais Médicos, que propõe ampliar a oferta FUTURO BACHAREL EM SAÚDE PÚBLICA
dos serviços médicos no nível da atenção primária Cláudia Samesima / Samesima, C. / Faculdade
em saúde – APS, bem como a oferta de vagas para de Saúde Pública da Universidade de São Paulo;
os cursos de medicina e residência médica. Além Fausto Soriano / Soriano, F. / Faculdade de Saúde
disso, o Programa objetiva implantar o segundo ci- Pública da Universidade de São Paulo; Guilherme
clo nas graduações em medicina e recrutar médicos Cayres / Cayres, G. / Faculdade de Saúde Pública
estrangeiros para postos de trabalho não ocupados da Universidade de São Paulo; Hector Santos /
por médicos brasileiros. Nesse contexto, 22 Estados Santos, H. / Faculdade de Saúde Pública da Univer-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 201
sidade de São Paulo; Marco Akerman / Akerman, Renato Vairo. Taxonomia de Bloom: revisão teórica
M. / Faculdade de Saúde Pública da Universidade e apresentação das adequações do instrumento para
de São Paulo; Priscila Lira / Lira, P. / Faculdade definição de objetivos instrucionais. Gest. Prod., São
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010.
Sammila Abdala / Abdala, S. / Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo; RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO DO PRO-
Introdução: O presente trabalho pretende por meio GRAMA DE PESQUISA PARA O SUS (PPSUS) NO
de uma avaliação participativa, entender qual o ESTADO DE SÃO PAULO
perfil esperado para o futuro Bacharel em Saúde Maritsa Carla de Bortoli / Bortoli, M.C. / Instituto
Pública. Em ano de formatura da primeira turma de Saúde; Sonia Isoyama Venancio / Venancio,
do curso de graduação em Saúde Pública da Facul- S.I. / Instituto de Saúde - SES/SP; Tereza Setsuko
dade de Saúde Pública da USP, esta avaliação tenta Toma / Toma, TS. / Instituto de Saúde - SES/SP;
estabelecer quais competências são julgadas fun- Caracterização do Problema: As informações prove-
damentais por gestores locais de saúde, docentes e nientes de investigações científicas podem e devem
alunos do curso com relação ao perfil profissional subsidiar a formulação de políticas de saúde e muito
do egresso. Objetivos: Avaliar as competências es- se discute sobre meios de estimular a incorporação
peradas para o futuro Bacharel em Saúde Pública dos resultados das pesquisas. No Brasil, bem como
de acordo com as demandas dos diferentes atores em outros países, ainda há um descompasso entre a
de interesse ao curso. Metodologia: Entrevista com produção científica e a utilização de seus resultados
os diferentes atores com a seguinte pergunta-chave: na definição de políticas de saúde. Nesse contex-
Quais as principais características que você julga to, o Programa de Pesquisa para o SUS-(PPSUS)”,
serem fundamentais para um bacharel em Saúde criado pelo Ministério da Saúde, visa o desenvol-
Pública?” Inicialmente, foram entrevistados 20 vimento descentralizado de pesquisas voltadas
alunos e 10 professores do curso e 43 gestores de para a resolução dos problemas de saúde e para o
saúde do município de São Paulo. Resultados: Os aprimoramento do SUS. O PPSUS é uma importante
gestores trouxeram mais características relaciona- estratégia a ser considerada na aproximação entre
das à prática e postura profissional, os professores pesquisadores e gestores e, consequentemente, no
trabalharam mais as questões técnicas e os alunos fomento do processo de incorporação dos resulta-
se preocuparam bastante com o compromisso com dos. Descrição: Pretende-se relatar os resultados da
a sociedade. Com relação aos campos de saberes e implementação do PPSUS no Estado de São Paulo
práticas, os de gestão e epidemiologia foram os mais no período de 2004 a 2014, por meio da parceria
recorrentes nas três populações ouvidas. Conclusão: entre o Decit/MS, CNPq, FAPESP e Secretaria de
A dificuldade na coleta de dados e a complexidade Estado da Saúde de São Paulo, representada pelo
de se realizar uma avaliação participativa, seja Instituto de Saúde. Lições Aprendidas: Foram lan-
para achar as demandas em comum, seja para çadas 5 chamadas públicas para financiamento de
lidar com aspectos subjetivos nos fornece apenas projetos no período. O processo para seleção das
uma primeira fotografia. O objetivo deste projeto é prioridades de pesquisa levou em consideração os
continuar pelos anos seguintes e assim, constituir Planos Estaduais de Saúde vigentes e contribuições
uma série histórica que possibilite verificar com do Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Ino-
mais fidedignidade até que ponto o curso propicia vação em Saúde da SES-SP, bem como Oficinas de
aos alunos o desenvolvimento de competências que Seleção de Prioridades envolvendo múltiplos atores
serão cruciais para o mesmo já quando profissional (pesquisadores, gestores, COSEMS-SP e Conselho
e atuando no mercado. Referências: RMAN, Marco; Estadual de Saúde). Nas três primeiras chamadas os
MENDES, Rosilda; BOGUS, Cláudia Maria. É possível recursos foram da ordem de 6 milhões de reais e nas
avaliar um imperativo ético? Ciênc. saúde coletiva, duas últimas de 8 milhões, sendo o financiamento
Rio de Janeiro , v. 9, n. 3, p. 605-615, Sept. 2004. compartilhado entre MS e FAPESP. Receberam
FERRAZ, Ana Paula do Carmo Marcheti; BELHOT, apoio do Programa 204 projetos de pesquisa, nos

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eixos doenças transmissíveis e não transmissíveis, As análises demonstraram um processo de frag-
políticas e programas de saúde, gestão e gerência mentação de indicadores que reforça a perspectiva
do SUS e avaliação de tecnologias em saúde. Semi- reducionista em que está inserida a avaliação em
nários de avaliação parcial e final foram realizados saúde. Como exemplo, pode ser citado o indicador
em todas as chamadas, envolvendo pesquisadores e “média da ação coletiva de escovação dental super-
gestores. Recomendações: Aponta-se a necessidade visionada”, o qual, mesmo considerado um indicador
de aprimorar as estratégias de aproximação entre periférico, ganha grande peso na análise estatística,
pesquisadores e gestores, visando à incorporação o que reforça a sua fragilidade, enquanto que “pro-
dos resultados das pesquisas realizadas no âmbito porção de casos de doenças de notificação compul-
do PPSUS, para que possam efetivamente contribuir sória (DNC) encerradas após notificação”, bem como
para a resolução de problemas locais de saúde e ges- “proporção de óbitos infantis e fetais investigados”
tão e subsidiar a formulação de políticas de saúde. A apresentam menor relevância estatística. Conclu-
estratégia dos seminários marco zero”, incorporada são: O trabalho critica essa fragmentação e essa
nas duas últimas chamadas, envolvendo pesquisa- instrumentalização de ferramentas. Evidencia-se a
dores e gestores antes do início do desenvolvimento natureza contraditória da política de avaliação em
dos projetos, parece promissora. saúde: de um lado busca fazer saúde, mas de outro
vivencia-se um processo no qual a lógica da política
UMA CRÍTICA AO PRODUTIVISMO EM SAÚDE e dos direitos está, cada vez mais, inserida em um
A PARTIR DA ANÁLISE DOS INDICADORES DOS processo mecanicista. Entende-se da necessidade de
MUNICÍPIOS DO ESTADO DO ACRE se construir um processo alternativo de avaliação
Luci Maria Teston / Teston, L.M. / FSP-USP; Áqui- como elemento vital para um sistema de saúde que
las Nogueira Mendes / Mendes, A.N. / FSP-USP; se propõe democrático, civilizatório, emancipatório
Introdução: A lógica financeira se estabelece no e republicano.
campo da saúde e transita, por consequência, no pro-
cesso de avaliação da política de saúde. Essa política UTILIZAÇÃO DO ON MAPS NA QUALIFICAÇÃO DE
passa a ser compreendida como positiva caso venha DIAGNÓSTICO TERRITORIAL
a alcançar determinadas metas e resultados em uma Melissa Lorenzo Prieto de Souza / Souza, M.L.P. /
perspectiva caracterizada por um modelo capitalista Instituto de Responsabilidade Social Sirio Liba-
de produção. Um instrumento comumente utilizado nes; Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. /
na avaliação são os indicadores, os quais são objeto Instituto de Responsabilidade Social Sirio Liba-
deste estudo na perspectiva de que podem estar con- nes; Ana Paula Neves Marques de Pinho / Pinho,
tribuindo para reforçar o processo de fragmentação A.P.N.M. / Instituto de Responsabilidade Social
da avaliação em saúde. Objetivo: Busca-se realizar Sirio Libanes;
uma crítica ao reducionismo da avaliação realizada Caracterização do Problema: O estudo parte da
por um painel de indicadores de saúde estáticos, nas necessidade de descrição do território da região
dimensões de gestão e resultado. Método: Para isso, central da cidade de São Paulo composto por 9
parte-se de dados parciais de um estudo descritivo, distritos administrativos e população de 459.965
de natureza quantitativa, realizado por meio de aná- habitantes para elaboração de proposta técnica de
lise estatística de 13 indicadores de saúde pactuados gerenciamento de serviços públicos municipais .
pelos 22 municípios do Estado do Acre no ano de Para qualificação do projeto fez-se necessário o em-
2012, com dados fornecidos pelo Relatório Anual de prego de ferramenta que agregasse informações di-
Análise do Desempenho das Metas dos Indicadores ferenciadas a respeito da área de estudo. Descrição:
de Saúde do Estado do Acre. Após a coleta dos dados foi utilizada a base de dados do IBGE; da Fundação
foi aplicado método estatístico por meio de análise SEADE e do Ceinfo da SMS. Além disso, buscamos
fatorial para identificar o conjunto de indicadores dados no On maps, uma plataforma de inteligência
mais significativos. Os cálculos foram realizados geográfica que reúne informações sociodemográfi-
por meio do software SPSS versão 17.0. Resultados: cas e de mercado, utilizado com maior frequência em

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pesquisas mercadológicas. Nosso uso resultou em Supervisão Técnica de Saúde Parelheiros; Maria
informações mais precisas sobre a base territorial. Regina Rossi / Rossi, M.R. / Supervisão Técnica
De acordo com os mapas construídos verificou- de Saúde Capela do Socorro; Roberto Tolosa Júnior
-se: os setores censitários que concentram maior / Tolosa, R.J. / COORDENADORIA REGIONAL DE
quantidade de moradores por domicílio ocupado SAÚDE SUL; Maria Cristina Pereira Pinto / Pinto,
estão nos distritos administrativos do Bom Retiro, M.C.P. / Supervisão Técnica de Saúde Santo Ama-
Cambuci e também na Consolação e Barra Funda; ro/Cidade Ademar; Liliane Evangelista Ferreira /
dentre os distritos de estudo, a Sé é o único que Ferreira, L.E. / Supervisão Técnica de Saúde M‘Boi
terá crescimento que o mudará na classificação de Mirim; Elizabeth Ereche / Ereche, E. / Supervisão
intervalo de densidade. A projeção aponta que estará Técnica de Saúde Capela do Socorro;
entre 24 distritos que terão entre 13.000 a 19.000 Caracterização do problema - O Painel de Moni-
habitantes/km2 Quanto aos índices de verticaliza- toramento da situação de saúde e da atuação dos
ção observa-se que os distritos que apresentam os serviços de saúde da Secretaria Municipal de Saúde
maiores percentuais de apartamentos como tipo de São Paulo – SMS SP disponibiliza 86 indicado-
de moradia são os que possuem maior índice de res a serem acompanhados pelas Coordenações de
verticalização: República, Consolação, Bela Vista, Epidemiologia e Informação – CEInfo. Os indica-
Sé e Santa Cecília. A sobreposição dos mapas de dores que apresentam desempenho insatisfatório
verticalização e densidade de renda total por setor apontam situações de atenção, alerta ou críticas,
censitário apontou as diferenças entre os distritos, que devem ser analisadas por CEInfo em conjunto
a saber: Bom Retiro, Sé e República possuem áreas com as diferentes equipes técnicas das Supervisões
com alta verticalização, porém com baixa densidade de Saúde - STS, para proposição de ações que as
de renda total, no Cambuci as áreas com alta verti- modifiquem, para melhoria das condições de saúde.
calização também possuem alta densidade de renda Descrição – Durante 2014, devido ao processo de
total e estão localizadas nas proximidades do Parque revisão e atualização dos indicadores por SMS SP,
da Aclimação e no distrito Santa Cecília a maioria a CEInfo da Coordenadoria Regional de Saúde Sul e
dos setores censitários com alta verticalização das cinco STS de sua área, Campo Limpo, Capela do
possuem também alta densidade de renda, exceção Socorro, M’Boi Mirim, Parelheiros e Santo Amaro/
observada nos setores censitários do entorno da Cidade Ademar promoveram encontros com interlo-
Avenida Rio Branco e na divisa com o distrito do cutores regionais de cada uma das áreas temáticas:
Bom Retiro que concentram inúmeras ocupações, Saúde da Criança, Mulher, Adulto, Idoso, Bucal,
pensões e cortiços. Lições Aprendidas: diagnóstico Mental, Regulação, SUVIS e Farmácia para avaliação
em saúde deve ser aprimorado constantemente com e discussão dos indicadores, visando inclusão de
o uso de ferramentas que nos auxiliem na programa- novos ou exclusão dos considerados não essenciais
ção de ações de cuidado. Recomendações: o emprego e aproveitaram para realizar simultaneamente, em
da plataforma, disponibilização das informações conjunto, a análise das situações de saúde eviden-
aos profissionais e incorporação das ferramentas ciadas pelos mesmos. Para aprofundamento dessa
tecnológicas no dia a dia dos serviços. análise foram utilizados outros aplicativos, Perfil
Dinâmico da Saúde no Município de São Paulo, Ta-
UTILIZAÇÃO DO PAINEL DE MONITORAMENTO NA bnet em suas diversas bases de dados: Sistema de
REGIÃO SUL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2014 Informação de Nascidos Vivos (SINASC), de Mortali-
Suzana Abreu Funári de Arruda Penteado / Pente- dade (SIM), Hospitalar (SIH); de Agravos de Notifica-
ado, S.A.F.A. / Supervisão Técnica de Saúde Santo ção (SINAN WEB), Registro de Câncer de São Paulo.
Amaro/Cidade Ademar; LÍLIAN MARIA ORFEI Lições Aprendidas – A abordagem conjunta CEInfo e
ABE / Abe, L.M.O. / COORDENADORIA REGIONAL Atenção Básica, representada pelas diversas áreas
DE SAÚDE SUL; Elaine Pereira da Silva / Silva, temáticas, proporcionou análise aprofundada das
E.P. / Supervisão Técnica de Saúde Campo Limpo; situações apontadas pelos indicadores, comparti-
Maria Aparecida Akiko Okada / Okada, M.A.A. / lhando conhecimentos tanto técnicos para sua in-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 204
terpretação, como específicos dos diversos ciclos de de saúde na região. Recomendações – Para que as
vida e programas prioritários de SMS SP, levando à ações sugeridas sejam realmente implementadas
formulação de propostas de ações para melhoria dos faz-se necessária continuidade do processo de aná-
indicadores em situação desfavorável. Destacamos lise conjunta, periodicamente, verificando a viabili-
como ponto positivo essencial, a integração alcança- dade de sua aplicação e se seu resultado está sendo
da pelos CEInfo com a Atenção Básica no processo de efetivo, o que está programado para desenvolver-se
elaboração de propostas para melhoria da situação ao longo do ano de 2015.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 205
Poder, Políticas e Movimentos Sociais
A FORMAÇÃO DE LIDERANÇAS A PARTIR DO PERITO, R. V. / Mestrando na Faculdade de Saúde
TRABALHO DE TERAPIA COMUNITÁRIA - PROJETO Pública/USP;
VOCÊ É ESPECIAL Este trabalho sistematiza o significado da saúde
João Munhoz / Munhoz, J. / ACCB; Kenya Paula sob a lógica da forma mercadoria, porém, trata-se
Gonsalves da Silva / Silva, KPG. / USP; Rosemeire de uma sistematização para além da palavra de
Bispo da Silva Pereira / Pereira, R.B.S / ACCB; ordem que se escuta nos fóruns de defesa da saúde
O trabalho em questão discorre sobre uma experi- pública. A tensão entre a saúde como direito humano
ência de diálogo, escuta e valorização dos saberes e a saúde sob a lógica da forma mercadoria merece
e experiências da comunidade a partir do desen- uma análise com um pouco mais de cuidado e rigor.
volvimento de Terapia Comunitária - Projeto Você Destaca-se o momento marcado por ataques con-
é Especial - e tem como principal objetivo relatar tra a saúde sob a lógica do direito, como a recente
o movimento de formação de lideranças na comu- aprovação da Lei nº 13.097/2015, que permite a
nidade a partir do desenvolvimento do Projeto em participação do capital estrangeiro na promoção de
questão. Um dos autores é psicólogo, desenvolve serviços diretos e indiretos de saúde e aprofunda a
Terapia Comunitária há aproximadamente 25 anos lógica do espaço da saúde como lugar de realização
e no decorrer do desenvolvimento do Projeto, vem de acumulação privada de capital. No entanto, o ob-
buscando refletir sobre a contribuição do trabalho jetivo deste trabalho não é se debruçar sobre o marco
para a formação de lideranças na própria comuni- regulatório do Sistema Único de Saúde, mas refletir
dade. Dessa maneira, no início do ano de 2015 foram sobre um movimento geral que subsumi a saúde sob
identificadas as lideranças dos grupos de Terapia a lógica dos imperativos de mercado. A hipótese é
Comunitária, a partir do diálogo e envolvimento que a saúde sob a lógica da forma mercadoria não
dos participantes dos grupos e iniciado um pro- é algo novo na história do capitalismo e muito me-
cesso de formação mensal, troca de experiências e nos algo conjuntural. Procuraremos desenvolver
organização das atividades a serem desenvolvidas a ideia de que a saúde acompanhou os processos
no mês seguinte. Os encontros de formação envol- históricos de transformação do capitalismo desde
vem a realização de leituras, estudos, trabalho em a sua gênese. Apresentamos o cenário histórico em
subgrupos, dinâmicas, aprofunda mento de conte- que a saúde ingressa no terreno da modernidade
údos, sistematização, avaliação além de tomada de sob a racionalidade da realização de valor. Assim, o
decisões coletivas sobre o andamento dos trabalhos. advento da saúde subjugada pela racionalidade do
A realização dos encontros de formação, voltados capital não é um episódio novo, o esfacelamento do
para o estudo e fortalecimento das lideranças tem modelo do Estado Social não é o ponto de inflexão
se constituído como momentos de rica troca de ex- que inaugura uma nova racionalidade na saúde, mas
periências e crescimento para os participantes que apenas a retomada da hegemonia de uma raciona-
têm demonstrado resultados no âmbito do trabalho lidade que já estava marcada no DNA” da saúde que
comunitário e também na vida pessoal e noutras nasceu na modernidade capitalista. Nossa segunda
esferas de atuação. hipótese é que a crise iniciada nos anos 1970, após
o ciclo virtuoso dostrinta anos gloriosos, pode ser
A SAÚDE SOB A LÓGICA DA FORMA MERCADO- explicada pela lei tendencial da queda da taxa de
RIA: UMA ANÁLISE PARA ALÉM DA PALAVRA DE lucro. Em resposta à crise, os administradores do
ORDEM modo de produção capitalista implementaram a
Áquilas Mendes / MENDES, A / Professor Dr.Livre- razão neoliberal como causa contrariante à lei. A
-Docente de Economia da Saúde da Faculdade de essência desse movimento é um esforço de retomada
Saúde Pública da USP.; Rogério Vincent Perito / nos níveis de realização de valor e acumulação de

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 206
capital, exigindo grandes sacrifícios sociais, entre ACESSIBILIDADE E FUNCIONALIDADE: ANÁLISE
eles a transformação de direitos sociais, como saúde, DA GESTÃO DE UM CONDOMÍNIO EXCLUSIVO
em unidades contraditórias de valor de uso e valor PARA IDOSOS DE BAIXA RENDA
de troca – a forma mercadoria. Fernanda Beatriz Silva / SILVA, F. B. / Universida-
de Federal de São Carlos; Luzia Cristina Antonios-
A VIOLENCIA E OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE NA si Monteiro / MONTEIRO, L. C. A. / Universidade
ATENÇÃO PRIMÁRIA Federal de São Carlos;
Fledson de Sousa Lima / Lima,F.S. / Faculdade de INTRODUÇÃO Com o aumento da expectativa de vida
Medicina ABC; Vânia Barbosa do Nascimento / e o número de pessoas idosas, tem sido crescente
Nascimento,V.B / Faculdade de Medicina ABC; a demanda de idosos morando sozinhos no Brasil.
Apresentação: O escopo deste estudo e relatar de que Segundo o IBGE, em 1992 o número de idosos mo-
formas os profissionais de saúde da Estratégia Saú- rando sozinhos era de 1,2 milhões e em 2012 esse
de da Família e o Núcleo de Apoio à Saúde Família número passou para 3,7 milhões, totalizando 215%
mediante as Politicas Nacional no enfrentamento à de aumento. O direito à moradia está previsto na
Violência na prevenção e promoção e como abordam Constituição Federal entre os direitos sociais do ser
as pessoas vitimadas. Objetivos: Averiguar o modo humano e, para as pessoas de baixa renda, a con-
de atuação dos Profissionais da Estratégia Saúde da quista desse direito depende da intersetorialidade e
Família frente a situações de violência no território da articulação de políticas públicas habitacionais e
tendo como referência a Politica Municipal de São sociais. Portanto, é fundamental que o Poder Públi-
Paulo no Combate a violência. Metodologia: O mé- co tenha a iniciativa de implementar modalidades
todo escolhida e a pesquisa qualitativa que busca habitacionais específicas para esta população, como
revelar a subjetividade existente nos discursos.As é o caso do Núcleo Habitacional Recanto Feliz, em
entrevistas serão realizadas entrevista com pro- Araraquara SP - vinculado à Secretaria de Desen-
posições semi-estruturadas após aquiescência dos volvimento e Assistência Social do município - que
profissionais por meio do termo de consentimento oferece o serviço de moradia assistida para idosos
livre e esclarecido seguindo a normas de pesquisa com renda de até um salário mínimo, vínculos fami-
com seres humanos do Conselho Nacional de Saúde liares enfraquecidos e/ou inexistentes e capacidade
(CNS), atendendo a Resolução 466/12. Resultados: de autocuidado, que estavam há mais tempo na lista
Os resultados preliminares é que a um desconhe- de espera no cadastro geral de demanda habitacional
cimento das legislação vigentes no enfrentamento do município, em situação de alta vulnerabilidade.
da violência no serviço de saúde, quanto ao fluxo OBJETIVO Analisar a gestão realizada no Núcleo
de notificação e possíveis encaminhamentos para Habitacional Recanto Feliz e verificar, sob o ponto
outros dispositivo de saúde. Existe um medo velado de vista dos gestores, quais são os aspectos sobre
vivenciado pelo profissionais de saúde na notifica- a acessibilidade do espaço e a funcionalidade dos
ção e denuncia de casos de violência. O despreparo moradores. MÉTODOS Trata-se de um estudo de
na abordagem da agressão sutil e a falta de inves- caráter transversal qualitativo, com a aplicação de
timento nos gestores e educação permanente na entrevistas semiestruturadas com os gestores do
temática. Conclusões/Considerações: Consideremos condomínio, análise de conteúdo e revisão biblio-
previamente que o despreparo dos agentes de trans- gráfica. RESULTADOS Os resultados apontam a
formação na saúde encontra-se desguarnecidos dos necessidade de aperfeiçoamento técnico dos gesto-
dispositivos legais e institucionais no enfrentamen- res no que tange conhecimento e aplicabilidade dos
to e no combate a violência e um silêncio que revela preceitos relacionados à acessibilidade nos locais
a dificuldade de compartilhar e trabalhar em rede e de moradias para idosos, relacionada diretamente à
que ora entendido como medo, porém necessidade funcionalidade e saúde dos moradores. Apontam ain-
de aprofundamento nas questões subjetivas das da, a necessidade de treinamentos e qualificações na
categorias em questão. área de gerontologia de acordo com a área de atuação

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 207
deste modelo habitacional, que pode ser realizado (Ferrari, 2010). A partir dos anos 1990, o trabalho
através de parcerias, por exemplo. CONCLUSÃO O voluntário cresceu e passou a se tornar um forte
modelo habitacional estudado é ideal para a análise movimento na sociedade. Ganha status legal, que
das práticas do setor público sobre o envelhecimento o insere numa certa ordem social” (Ferrari, 2010).
populacional, pautando-se na intersetorialidade Conclusões: Vinculada com a religião, o modelo
para a garantia dos direitos sociais fundamentais. do voluntariado no Brasil, difundiu-se embasado
Portanto, estudar a sua gestão colabora com as dis- nos preceitos religiosos, sendo desde o seu início
cussões sobre os desafios que o planejamento das associado à caridade e ao humanitarismo (Souza,
cidades pode vir a enfrentar frente a esta demanda. 2008). Entretanto, ultimamente, tem se tornado
cada vez mais expressão de uma ética da solidarie-
ALGUNS ASPECTOS HISTÓRICOS DO TRABALHO dade e participação cidadã. A motivação por valores
VOLUNTÁRIO NA ÁREA DA SAÚDE de caridade, compaixão e amor ao próximo começa
Siomara Roberta de Siqueira / Siqueira SR / Institu- a ceder espaço para a motivação por valores de
to de Saúde, SES/SP; Elma Lourdes Campos Pavone cidadania, participação responsável, consciente e
Zoboli / Zoboli ELCP / Escola de Enfermagem - USP; comprometida com a comunidade. Os indivíduos e as
REALIZAÇÃO: Doutorado em andamento na área de instituições têm feito este movimento de mudança
enfermagem. OBJETIVO: Apresentar a formação do (Cavalcanti et al, 2010).
voluntariado em âmbito nacional na área da saúde
. METODOLOGIA: Revisão em diferentes bases de ALIMENTAÇÃO, SOBERANIA POPULAR E MOVI-
dados Web of Science, Scopus, Biblioteca Virtual e MENTOS SOCIAIS NO ÂMBITO DA COOPERAÇÃO
Saúde. Os textos utilizados foram os de acesso gra- BRASIL E MOÇAMBIQUE - NOTAS DE PESQUISA
tuito. Utilizamos o editor de texto Endnotweb para André Luzzi de Campos / CAMPOS, André Luzzi. /
verificar as duplicidades. Após esta etapa, obtivemos Faculdade de Saúde Pública - USP;
cerca de noventa materiais entre artigos científicos, Introdução- Analisamos neste estudo atuação dos
livros, teses e artigos de jornais disponíveis on-line movimentos sociais no contexto das relações com
ou impressos. Todo material foi lido na íntegra. Brasil nas áreas de alimentação e agricultura frente
Resultados: A partir do Cristianismo, a caridade às transformações recentes ocorridas em naquele
ganha maior significado. A ideia de salvação pelas país a partir do processo de abertura econômica
obras que os homens realizam durante sua vida é que vem ocorrendo. Verifica-se no âmbito das rela-
básica para entender as origens do voluntariado, ções internacionais uma gestão política que busca
cujas ações são em grande parte, ajuda às pessoas satisfazer às demandas das empresas nacionais
carentes com bens materiais concretos, como di- e transnacionais na perspectiva do crescimento e
nheiro, alimentos, roupas e alojamentos. Em tempos estabilidade econômica. Estas forças concorrentes
remotos seria o grupo familiar que cuidava dos acabam contribuindo para fenômenos que dificul-
membros pequenos, enfermos, deficientes e órfãos tam a consolidação da agenda da soberania alimen-
(Hudson, 1999). No Brasil, a história da prática da tar. O estudo procura reconhecer as interfaces entre
filantropia e do voluntariado marca-se pelos propó- alimentação e poder. A investigação traz uma crítica
sitos e estilo dos colonizadores portugueses (Ortiz, a conceitos como desenvolvimento socioeconômico
2007). Em sua origem, as ações assistencialistas e soberania alimentar. Objetivo Geral: Analisar os
encontram-se quase que totalmente vinculadas à movimentos sociais em Moçambique no contexto
Igreja Católica (Arantes et al., 2011, p. 227). O Estado da implantação de programas de alimentação e
e a Igreja desenvolveram desde o início a assistência agricultura por meio da cooperação internacional
hospitalar aos enfermos (Mesgravis, 1972). Em 1908 entre o Brasil e Moçambique. Método: Trata-se de
criada a Cruz Vermelha Brasileira. Na década 1930, pesquisa social exploratória que integra diferentes
o Estado passou a desenvolver políticas públicas procedimentos metodológicos. O estudo se apoia
à assistência social entidades voluntárias: Legião nas referências teórico-metodológicas da pesquisa
Brasileira de Assistência, o Projeto Rondon e outras social de caráter qualitativo. Foram realizadas duas

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 208
visitas técnicas em Moçambique para preparação do inovação que desempenhe um papel importante
campo e uma missão para realização de entrevistas. na implementação, manutenção da estratégia e no
Foi adotado o método da entrevista compreensiva. combate da TB. A TB constitui uma das doenças que
Resultados: Para os entrevistados a soberania ali- mais causa mortes em Moçambique. A partir do ano
mentar vincula-se à perspectiva campesina tendo de 2006, Moçambique declarou a TB como emer-
como referência às práticas seculares e a autonomia gência nacional, implementou e expandiu o DOTS
do indivíduo e seu povo de produção e consumo para todo o país. Objetivo: Compreender os sentidos
alimentar. A definição incorpora a sociabilidade produzidos a partir dos discursos dos profissionais
emancipatória, que traz a perspectiva de relações de saúde sobre a inovação do DOTS. Método: Trata-se
internas de solidariedade ao nível da comunidade. de um estudo qualitativo que recorre ao referencial
Essa insígnia traduz-se na alternativa concreta de teórico metodológico da análise do discurso (AD)
implantação da agroecologia, por exemplo. Entre os de matriz francesa. A AD procura compreender os
temas que compõem a agenda política dos coletivos sentidos produzidos pelas sequências discursivas
sociais estão o direito à terra e a denúncia ao proces- dos sujeitos enquanto elementos interpelados por
so de usurpação, acesso às sementes nativas, agroe- uma dada ideologia, e, em cujos discursos estão
cologia, corporações transnacionais, megaprojetos inscritos numa determinada formação discursiva.
e gênero. 5. Conclusão: A cooperação internacional Foram entrevistados 18 sujeitos entre enfermeiros,
investimentos brasileiros têm produzido impactos médicos e gestores com mais de 2 anos de serviço.
negativos na região. Contudo, a atuação dos diferen- O estudo ocorreu em Moçambique, no Ministério
tes coletivos tem contribuído para o adensamento da Saúde e nos distritos da província de Nampula.
da discussão política sobre soberania alimentar, A pesquisa foi aprovada pela Comissão Nacional de
ampliando sua conceituação e, ainda, fortalecer uma Bioética para Saúde de Moçambique. Resultados:
relação solidariedade internacional das práticas de Tendo em conta as condições de produção, as forma-
resistência à disseminação de modelo de desenvolvi- ções discursivas, e o contexto sócio-histórico onde
mento e cooperação excludente e predatório. ocorreram as entrevistas, as sequências discursivas
dos sujeitos apontam a existência de vários sentidos
ANÁLISE DISCURSIVA DOS PROFISSIONAIS DE sobre a inovação de DOTS. Dentre elas, destacam-se:
SAÚDE SOBRE A INOVAÇÃO DA ESTRATÉGIA a participação dos Agentes Comunitários de Saúde;
DOTS NO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE EM participação da família no tratamento do doente;
MOÇAMBIQUE - ÁFRICA envolvimento de líderes comunitários na busca dos
Fernando Mitano / Mitano, F. / EERP-USP; Catiu- sintomáticos respiratórios, reuniões constantes com
cia de Andrade Surniche / Surniche, C.A. / EERP- as comunidades promovidas pelos profissionais de
-USP; Laís Mara Caetano da Silva / Silva, L.M.C saúde e o deslocamento de profissionais de saúde
/ EER-USP; Amélia Nunes Cicsú / Cicsú, A.N. / com microscópio e escarradores aos locais mais
EERP-USP; Pedro Fredemir Palha / Palha, P.F. / longínquos da unidade sanitária para testar os
EERP-USP; suspeitos de TB. Conclusão: Este estudo permitiu
Introdução: A estratégia do Tratamento Diretamen- compreender que a implementação do DOTS requer
te Observado de curta duração, do inglês Directly inovação para a universalização da cobertura na
Observed Treatment Short-Course (DOTS) para o detecção de casos e tratamento.
controle da tuberculose (TB) foi recomendada a
partir da década de 1990 pela Organização Mun- CUIDADO DE SI: ESTUDO HISTÓRICO-FILOSÓFICO
dial de Saúde (OMS). Tratando-se de uma política, SOBRE A CONSTRUÇÃO DA SAÚDE
a implementação do DOTS em qualquer país, en- Anna Paula Matos de Jesus / JESUS, A. P. M. /
volve a transferência de objetivos, paradigmas, UEFS; Suani de Almeida Vasconcelos / VASCON-
ideias, leis, valores, políticas e práticas. Assim, CELOS, S. A. / UEFS; Márcio Costa de Souza /
por ser uma política concebida em local diferente SOUZA, M. C. / UNEB; Paula Muniz do Amaral /
do da aplicação, a sua implantação requer alguma AMARAL, P. M. / UEFS;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 209
Para compreender o sujeito e as suas condutas e influenciam as ações do Estado. Se ao longo do
na sociedade faz-se necessário refletir, abordar, desenvolvimento capitalista as políticas de saúde
discutir uma perspectiva social e ampla. Por isso, pública assumem diferentes funções com o intuito
é relevante estudar o indivíduo inserido em um de promover a expansão das relações hegemônicas
grupo e não apenas isoladamente. A ação desse Ser sociais, mudanças nas lógicas de funcionamento da
Social no tempo é objeto de estudo da História e é sociedade também acarretarão transformações nas
através dela que se tem uma melhor compreensão funções das políticas de saúde. Considerando o atual
da existência, como por exemplo o surgimento do momento histórico do capitalismo financeirizado,
ideal de saúde.O presente trabalho propôs analisar cabe compreender o papel que as políticas de saúde
o trajeto da construção do Cuidado de si” dentro de assumem em países de economia periférica, como
uma abordagem histórico-filosófica utilizando A é o caso do Brasil. Objetivo O trabalho tem como
hermenêutica do sujeito” de Michel Foucault para objetivo sistematizar as diferentes funções da polí-
nortear a construção dessa perspectiva evolutiva, ticas de saúde pública ao longo do desenvolvimento
mostrando como se apresenta as estruturas de poder capitalista, tais como; controle social, sobretudo
até a contemporaneidade já que a apropriação das para propiciar a circulação das mercadorias e a
relações vivenciadas dentro da sociedade, corrompe segurança das classes dominantes; apaziguar con-
a forma de percepção da vida. Foi utilizada como flitos sociais, a medida que busca atender a algumas
ponto de partida a obra Foucaultiana fazendo uma demandas da classe trabalhadora; e a manutenção e
reflexão sobre o conceito de saúde, sendo sujeito do reprodução da força de trabalho; espaço de valoriza-
conhecimento e também foram abordados outros ção do capital. Resultado e conclusão Considerando
autores (VEIGA-NETO, 2008). Que comungam do o atual momento do capitalismo financeirizado,
mesmo ponto de vista, para reforçar a compreen- que decorre da crise de superprodução gestada na
são das bases lógicas da investigação. O estudo década de 1970, mais do que um setor de atividade
apresenta como resultados a importância das refle- produtiva, as políticas de saúde são operadas para
xões de Foucault sendo a forma como o indivíduo possibilitar a saúde como espaço de valorização
interpreta erroneamente esse cuidado, vinculado financeira do capital.
às concepções do poder disciplinar e o Momento do
Cartesianismo” que foi a tendência de ver o corpo FORMAÇÃO POLITICA E SOCIAL PARA ESTUDAN-
sendo cárcere da alma. Assim, é necessário repensar TES DA AREA DA SAÚDE
as práticas, revendo conceitos que muitas vezes são Normalene Sena de Oliveira / OLIVEIRA, N. S. /
desconstruídos ao longo do tempo mais que tem sua UFG -Regional Catalão; Jacqueline Rodrigues de
utilidade. A contribuição desse estudo se dá por meio Lima / LIMA,J.R / UFG - Goiania; Elma Valeria Lo-
da reflexão, tornando o ser capaz de refletir sobre si pes / LOPES,E.V / UFG - Regional Catalão; Augusto
sem que se torne objeto de manipulação do poder, Cesar da Fonseca / FONSECA,A.C / SMS - Catalão;
tendo autonomia diante de suas escolhas sobre uma Caracterização do problema: Através do projeto
nova perspectiva de mundo. de extensão formação histórica, política e social
de estudantes universitários da área da saúde em
ECONOMIA POLÍTICA DA SAÚDE: AS DIFERENTES parceria com a Universidade do Estado do Rio de
FUNÇÕES SOCIAIS DA SAÚDE PÚBLICA Janeiro propomos aos estudantes de graduação da
Ligia Schiavon Duarte / Duarte, L.S. / Faculdade área da saúde de uma Universidade Publica Federal
de Saúde Pública - USP; do Sudeste Goiano, interessados nas atividades
Introdução Entende-se por economia política da saú- de extensão universitária de caráter popular com
de no presente estudo a compreensão das relações ênfase na história de luta pelos direitos sociais no
capital-trabalho no âmbito do setor saúde. Os avan- Brasil e na participação popular no sistema único de
ços do capitalismo, com intenso desenvolvimento saúde (SUS) com reflexões do processo de inclusão
das forças produtivas, estrutura novas formas de de adolescentes, jovens e adultos nas Universida-
inserção da questão da saúde nas relações sociais des públicas e a busca de superação e autonomia

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 210
do cidadão neste novo cenário que perpassam pela e tosse. Seus sintomas iniciais são; manchas bran-
relação entre a Universidade, educação e sociedade cas ou avermelhadas, sensação de formigamento e
para trabalhar e aprofundar o conceito de socieda- perda de sensibilidade ao calor e ao frio. Objetivo
de, e capitalismo no contexto das políticas publica Abordar as causas e consequências da hanseníase e
e da luta pelo direito social e o SUS.Descrição da o papel do enfermeiro. Metodologia Para o presente
experiência:Trabalhamos com a participação de 30 estudo utilizou-se como método de pesquisa revisões
estudantes, duas enfermeiras, uma socióloga e um bibliográficas, que é o desenvolvimento do trabalho
psiquiatra o conceito de sociedade, e capitalismo através de materiais já publicados, constituído de
no contexto das políticas publica e da luta pelo di- artigos científicos. Resultados O trabalho teve por
reito social e o SUS por meio de rodas de conversas, interesse verificar as causas e consequências da
oficinas de cartazes com os temas: Universidade e hanseníase e o papel do enfermeiro e para tanto
Mudança social; capitalismo; desigualdade social e foi realizado uma revisão bibliográfica. Conclusão
saúde; Capitalismo, lutas sociais e saúde no Brasil; A hanseníase é um problema em nossa sociedade
capitalismo, mercado de trabalho e reprodução com prejuízos tanto para o doente quanto para o
social no Brasil; urbanização e questão agrária no sistema público de saúde. Apesar de ser conhecida
Brasil; lutas sociais e movimentos populares. A há milênios a patologia ainda é mistificada por uma
reforma sanitária e o SUS; trabalhadores de saúde parcela da população, e cabe ao profissional de en-
no Brasil. Lições aprendidas:Percebemos no grupo fermagem adquirir o conhecimento necessário para
profundas reflexões e vivencias a cerca dos temas lidar com ela, reconhecendo os sinais, sintomas e o
propostos e a inclusão em uma Universidade Publica tratamento necessário para o restabelecimento dos
Federal que ainda não esta preparada para acolher hansenianos.
e trabalhar o universo de adolescentes e jovens que
ingressam neste contexto e que tem como referencia INFLUÊNCIAS ENTRE A SAÚDE COLETIVA E O SUS
e formação a escola publica do nosso país. Outros de- NO BRASIL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO CAMPO
safios apresentados pelos participantes se referem E DAS POLÍTICAS
à imaturidade no conhecimento e formação políti- Mariana Bertol Leal / LEAL, M. B. / FSP USP;
ca que é ineficaz e quase inexistente no processo Laura Camargo Macruz Feuerwerker / FEU-
formativo, como também a experiência de exclusão ERWERKER, L. C. M. / FSP USP;
que muitos vivenciam quando despertados para a A Saúde Coletiva é um movimento político-ideoló-
militância e cidadania nas Universidades. Trabalhar gico-intelectual que se constituiu como campo de
o direito e cidadania numa perspectiva em defesa do produção de conhecimento, de saberes e, por conse-
SUS ainda é um desafio em uma sociedade que se diz qüência, de ações e práticas, configurado pela junção
democrático e de inclusão social. Recomendações: e intercessão entre as áreas específicas. Assim, o
É necessária e urgente a formação política e social entre-disciplinar é um conceito interessante para
nos cursos de graduação e o resgate da cidadania e refletirmos sobre esse campo que se produz pelo en-
militância nestes espaços. contro, para além das fronteiras. O objetivo foi ana-
lisar as interações entre o campo da Saúde Coletiva
HANSENIASE E A ENFERMAGEM e o Sistema Único de Saúde (SUS) na construção de
Jonas Soares / Soares.Jonas / Falc - Faculdade da suas agendas a partir da identificação do movimento
Aldeia de Carapicuiba; de produção das políticas de saúde e do movimento
Titulo Hanseníase e a Enfermagem Resumo A hanse- de produção do campo. Para melhor entender esse
níase é conhecida popularmente como lepra, doença campo e para poder identificar sua relação com o sis-
de origem infecciosa e contagiosa causada por um tema de saúde e as políticas públicas de saúde, fez-se
microrganismo chamado bacilo de Hansen. Sua um rastreamento. Buscou-se formas de identificar
causa está relacionada com o contato direto com o esses pontos de encontros e influências, entre elas
doente sem tratamento, através de secreções nasais foram pesquisados bancos de teses e dissertações
excretadas pelo aparelho respiratório, como espirro de programas de Saúde Coletiva, 3 periódicos rele-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 211
vantes ao campo e documentos referentes às políti- decisão (Aerts et al, 2004). A Organização Mundial
cas. As políticas estudadas foram: atenção básica, de Saúde (OMS) considera o voluntariado como ele-
educação permanente em saúde e regionalização do mento importante para a manutenção do bem-estar e
SUS. Ainda hoje existe uma tensão produtiva entre da qualidade de vida na velhice, sendo uma proposta
o campo científico, o militante e o das práticas, e para o envelhecimento ativo. O voluntariado seria
essas diferentes dimensões da produção trazem no- um processo de otimização das oportunidades de
vos atores para a cena. Os conhecimentos do campo saúde, participação e segurança, cujo objetivo é
possibilitaram múltiplas formulações, entre elas manter a qualidade de vida à medida que as pessoas
os modelos e os desenhos assistenciais, que foram envelhecem (OMS, 2005). OBJETIVO: Investigar o
sendo testados e ressignificados, tanto pelo sistema voluntariado relacionado à ótica da promoção da
como pelo próprio campo. Portanto, esse resgate nos saúde. MÉTODO: Pesquisa bibliográfica de natureza
ajuda na compreensão dessas relações, a cartografar exploratória de abordagem quantitativa e qualitati-
o SUS, a entender a produção de conhecimentos, a va, nas bases de dados Lilacs e PubMed com o tema
identificar que, em muitos momentos, os saberes voluntariado e promoção da saúde”. Período de busca
estiveram presentes nas diferentes formulações, ex- de 2000 até outubro de 2014, (língua portuguesa,
periências, práticas, e saberes, eles estão presentes espanhola ou inglesa) com acesso gratuito por meio
no campo e na realidade do SUS. De maneira geral, eletrônico totalizando 12 publicações CONCLUSÃO:
observando as produções do campo podemos notar O voluntariado traz benefícios à saúde mental,
que a agenda das políticas interfere na agenda das especialmente para o idoso. Melhora o acesso aos
pesquisas, contudo, o que está sendo publicado não recursos sociais e psicológicos e é reconhecido como
reflete o produto do é produzido no campo e nem forma de enfrentamento da depressão e ansiedade.
sempre dialoga com as necessidades do SUS. Assim, (Musick et al., 2003). Nos Estados Unidos, 44% da
as influências entre o SUS e o campo acontecem de população adulta está engajada em alguma atividade
forma mútua mas não necessariamente de forma voluntária, (Matsuba et al, 2007; Borgonovi, 2008).
que potencializam ambos os aspectos.
MOVIMENTOS SOCIAIS NA IMPLANTAÇÃO ATEN-
INTERFACES ENTRE VOLUNTARIADO E PROMO- ÇÃO BÁSICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ÇÃO DA SAÚDE: UMA ANÁLISE DA LITERATURA Silvia Helena Bastos de Paula / Bastos de Paula, S.
CIENTÍFICA H / Instituto de Saúde; Sandra Greger / Greger, S /
Siomara Roberta de Siqueira / Siqueira SR / Ins- Instituto de Saúde; Carla Müller Batisteli Barros /
tituto de Saúde , SES/SP; Elma Lourdes Campos Barros, C. M. B / Instituto de Saúde;
Pavone Zoboli / Zoboli ELCP / Escola de Enferma- Introdução: Discute-se fatos e eventos do campo da
gem - USP; Saúde Pública com ênfase na participação de movi-
INTRODUÇÃO: A saúde, como produção social de mentos populares na constituição da Atenção Básica
determinação múltipla e complexa, exige a partici- e movimentos anteriores que influíram diretamente
pação ativa de todos os sujeitos envolvidos em sua na proposta dos Cuidados Primária de Saúde e na 8ª
produção, usuários, movimentos sociais, trabalha- Conferência Nacional de Saúde. As principais estra-
dores, gestores, também de outros setores, na análi- tégias de atuação, paradigmas incorporados e supe-
se e na formulação de ações que visem à melhoria da rados, modelos de assistência, inovações, obstáculos
qualidade de vida. (Brasil, 2006) A Promoção da Saú- e divergências até o SUS que temos hoje. Objetivos:
de percebe que é necessário mais do que tratamento Resgatar o trajeto da implantação da Atenção Básica
médico para se atingir qualidade de vida, tendo em São Paulo. Método: A produção traz narrativas
como estratégia de ação a democracia, as políticas com fatos e análises realizadas sobre material
saudáveis, a intersetorialidade, as articulações com oral, fontes documentais, privilegiando a temática
parcerias e, com relevância, o exercício da cidadania da Memória e História da Atenção Básica de São
através da capacitação da população para participa- Paulo, integrada à perspectiva mais abrangente da
ção na formulação de políticas e nos processos de história e da evolução da política de Saúde. Para

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obtenção do material narrativo, adotou-se método composto por grupos de ativistas que lutam por uma
de Historia Oral a partir de roteiro de entrevistas, mudança nos conceitos e práticas obstétricas. Este
que foram tomadas como fontes para a compreen- estudo tem como objetivo compreender os significa-
são do passado, ao lado de documentos escritos e dos e as práticas construídos a partir do conceito de
outros tipos de registro, que permitem compreender parto, presentes no movimento da humanização do
como os indivíduos experimentaram e interpretam parto e nascimento. Para tanto, estamos realizando
acontecimentos das ultimas três décadas do século uma pesquisa qualitativa com abordagem etnográ-
20. Resultados: As 22 narrativas destacam, ainda, a fica, feita em grupos que militam no movimento de
lógica das escolhas do poder público, as demandas humanização do parto e nascimento. Realizamos
e pressões da sociedade no período de 1970 a 2007 a etnografia em dois grupos, Grupo A localizado
e, as trajetórias pessoais de cada participante. A na cidade de São Paulo, composto por mães, pais,
atualização das narrativas será feita pelas análises doulas e profissionais de saúde, Grupo B localizado
finais, que estão centradas na realidade da Atenção na cidade de Campinas, composto por mães, pais,
Básica de São Paulo até 2013 e pelo exercício de profissionais de saúde, professores universitários,
repensar o trajeto da Atenção Básica, da própria doulas e advogadas. Nossas considerações parciais
Reforma Sanitária e, por fim, apontar perspectivas são de que os grupos dos movimentos de humaniza-
para esta construção. Conclusão: Considerando a ção do parto e nascimento estão conectados em uma
saúde uma prática social, pretendeu-se contribuir rede e embora tenham um objetivo comum, possuem
na preservação da memória de fatos e iniciativas que conceitos de partos distintos.
tiveram repercussão na formulação de pensamento
crítico sobre o sistema de saúde, com destaque para O ÍNDICE DE DESEMPENHO DO SISTEMA ÚNICO
movimentos populares que legitimaram iniciativas DE SAÚDE (IDSUS): A QUESTÃO DA AVALIAÇÃO
de profissionais e gestores, para compreensão do DE DESEMPENHO DE SISTEMAS DE SAÚDE PELA
processo histórico de liderança e participação po- ÓTICA DOS INTERESSADOS
lítica na reforma e formulação de políticas sociais,
Leonardo Carnut / Carnut, L. / FSP-USP; Paulo
trazendo reflexões sobre o momento atual e o futuro.
Capel Narvai / Narvai, P.C. / FSP-USP;
Uma das consignas que compõem o gerencialismo é
MÚLTIPLAS FACES DE UM CONCEITO DE PARTO:
a participação da sociedade civil no controle do de-
UMA ABORDAGEM ETNOGRÁFICA DE GRUPOS sempenho da administração pública consolidando-
DO MOVIMENTO DE HUMANIZAÇÃO DO PARTO -se assim como uma forma de accountability. Assim
E NASCIMENTO este artigo se ocupa em analisar a forma e o conteúdo
Lidiane Mello de Castro / Castro, LM / ESCOLA da opinião pública da sociedade civil interessada
DE ENFERMAGEM - USP; Edemilson Antunes de sobre o Índice de desempenho do Sistema Único de
Campos / Campos, EA / Escola de Artes, Ciências e Saúde. Para tanto se usou uma metodologia quali-
Humanidades; quantitativa, cuja captação dos discursos foi feita
A Obstetrícia brasileira lida com um problema em em sítios eletrônicos, portais, blogs e webblogs que
que mais de 50% dos partos são cesarianas, uma taxa versavam sobre o assunto. Foi utilizado o método do
que vai crescendo a cada ano. Além das altas taxas Discurso do Sujeito Coletivo como forma de análise
de cesarianas, a grande maioria dos partos vaginais além dos conceitos de ‘individuação’ em Touraine
são permeados por uma série de intervenções des- e ‘sociedade civil’ em Gramsci como suporte in-
necessárias. De acordo com os dados da pesquisa terpretativo do objeto em questão. Foram obtidos
Nascer no Brasil, apenas 5% das mulheres tiveram 215 discursos, categorizados em catorze ideias
um parto sem intervenções e as outras mulheres em centrais. Dentre as ideias mais frequentes estavam
sua maioria sofreram intervenções desnecessárias as ‘comparações indevidas’ totalizando 23,04% do
desrespeitando as evidências científicas. Contrário total (50); a ‘avaliação boa’ do SUS, 13,36% (29); e
a esse modelo altamente medicalizado, surgiu o a ‘críticas ao método/índice’ totalizando 11,52% do
movimento de humanização do parto e nascimento, total (25). Pôde-se perceber que na opinião pública

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 213
sobre o desempenho existiu um polo hegemônico e diversos ângulos, os quais avaliam o contexto no
majoritário que simplifica processos extremamente qual a população está inserida, permitindo um olhar
complexos, tornando a avaliação rasa e fragilizada e social e político. A interação dos viventes do projeto
outro, minoritário, que busca requalificar o debate com os profissionais e os usuários do SUS permite a
sobre a avaliação de desempenho buscando recupe- percepção sobre o que é um sistema público de saúde
rar a produção de conhecimentos que possibilitem e o que significa os princípios da Universalidade,
compreender os resultados não-desvinculados dos Equidade e Integralidade, permitindo assim, a cons-
processos de trabalho que os geram. Assim, pode- trução do sujeito individual e do sujeito coletivo em
-se afirmar que o controle da sociedade civil parece prol do desenvolvimento e da consolidação do SUS.
frágil diante dessas circunstâncias.
PARA ENFRENTAR OS TROTES E VIOLÊNCIAS NAS
O PROJETO DE VIVÊNCIAS E ESTÁGIOS NA REALI- UNIVERSIDADES: O QUE FALTA?
DADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (VER-SUS) Marco Akerman / Akerman, M / FSP DA USP; Feli-
COMO FERRAMENTA PARA A CONSOLIDAÇÃO DO pe Scaliza / Scaliza, F / FMUSP; Jacques Akerman
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE / Akerman, J / FUMEC;
Klauss Kleydmann Sabino Garcia / Garcia, K. K. S. Ultimamente, o tema dos trotes e violências no meio
/ Universidade de Brasília - UnB; Amanda Amaral acadêmico voltou com força a partir da quebra do
Abrahão / Abrahão, A. A. / Universidade Federal de silêncio de alguns estudantes da Medicina da USP,
Uberlândia; que trouxeram, a público, as mazelas da Faculda-
As vivências e estágios configuram um senso crítico de. A sociedade gritou e até realizou uma CPI na
perante o quadro de saúde brasileiro e a atual situa- Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP), para
ção que se encontra o Sistema Único de Saúde (SUS), investigar as denúncias de violações de direitos
com a possibilidade de se conhecer o funcionamento humanos ocorridas em instituições de Ensino
do SUS em níveis de atenção primária, secundária e Superior do Estado de São Paulo, em trotes, festas
terciária, tanto quanto seu funcionamento em rede, é e no cotidiano acadêmico. Os conselhos de classe
possível vislumbrar o potencial que o sistema públi- bradaram sobre a quebra dos códigos de ética das
co de saúde brasileiro possui. Dessa forma o projeto profissões imputadas por estas violações; diretores
VER-SUS vem como uma ferramenta de estímulo de faculdades pouco se moveram para evitar que tais
social e profissional, que instiga a atuação estu- atos não acontecessem mais em seus territórios (ou
dantil em defesa do SUS e da melhoria dos serviços que, pelo menos, não vazassem); a academia anun-
ofertados pela rede. Com discussões sobre direito ciou algumas iniciativas de formação de grupos de
à saúde, participação social, atuação profissional pesquisa; e a mídia impressa e digital foi inundada
e acessibilidade da população o projeto constrói com reportagens e depoimentos de surpresas, pro-
e molda o caráter do futuro profissional de saúde testos e descrenças de que aquilo acontecia mesmo,
e do militante do SUS. A experiência do projeto é sobretudo em carreiras que têm a missão de cuidar
construída sobre a égide da pedagogia da educação de pessoas. Apesar de todo este movimento, levanta-
voltada para a autonomia, assim, o participante se mos a hipótese de que estas violações vão diminuir
insere e imerge na realidade da saúde pública bra- de intensidade em um primeiro momento, mas que
sileira, e assim o estudante é estimulado a exercer recrudescerão ao longo do tempo, na medida em
seu controle social e a desenvolver o caráter multi que vão se apagando as manchetes e reacendendo
e intersetorial da saúde. O projeto apresenta como a força das tradições.
resultado o desenvolvimento de conhecimentos
sobre as redes e os níveis de atenção, assim como PROJETO, PROGRAMA, SERVIÇO: LEIS, REGRAS
o funcionamento da regionalização em saúde, da E AGÊNCIAS MODIFICANDO OS CAMINHOS DE
gestão e da participação social em saúde. Além UM PROGRAMA PARA O COMBATE À VIOLÊNCIA
disso, permite o desenvolver de um olhar crítico DOMÉSTICA EM MUNICÍPIO PAULISTA DE MÉDIO
que avalia as condições de saúde da população de PORTE

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 214
Ilka Ramos / Ramos, I. / UNIVAP; Paula Vilhena um programa municipal para o enfrentamento da
Carnevale Vianna / Vianna, P.V.C. / UNIVAP; violência doméstica contra criança e adolescente,
Introdução: A violência doméstica contra a criança evidenciando que as regulamentações influenciam,
e o adolescente, pautada na agenda política nacio- mas não definem os caminhos da política a ser im-
nal desde a Constituição de 1988 e do Estatuto da plantada e podem, inclusive, tensiona-la.
Criança e do Adolescente (1990), tem sido objeto de
políticas setoriais e intersetoriais, operada por pro- REPRESENTAÇÕES SOCIAIS EM DISPUTA: O MO-
gramas articulados em rede. Objetivo: Compreender VIMENTO PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO E DO
a criação e as motivações para a implantação de uma NASCIMENTO
rede municipal de apoio intersetorial para o enfren- Carolina Neves da Rocha / Rocha, C. N. / UFSCar;
tamento às situações de violência doméstica contra Rosemeire Aparecida Scopinho / Scopinho, R. Ap.
crianças e adolescentes instituído em 2000 em um / UFSCar;
município paulista de médio porte; bem como os O parto e o nascimento não são somente eventos
desdobramentos decorrentes da proposta. Método: físicos e biológicos, mas, também, sociais e culturais
Pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, que, tradicionalmente, envolviam toda a comuni-
fundamentada no neoinstitucionalismo histórico. dade. Com a institucionalização e a apropriação
Foram realizadas análise documental e entrevista do processo de parto pela medicina, também foram
semiestruturada com sete agentes institucionais, apropriados os corpos das mulheres, submetidas
participantes da implantação e implementação do a protocolos que desconsideravam seus aspectos
Programa. Resultados: No município estudado, a individuais, emocionais e culturais. Em oposição
entrada do tema da na agenda política, como em âm- a este modelo, que se tornou hegemônico em todo
bito nacional, ocorreu no fim do período da ditadura o mundo ocidental pós-industrial, surgiram movi-
militar, animado pelo engajamento político de atores mentos de profissionais e mulheres que clamavam
sociais envolvidos com movimentos sociais pro- a humanização do parto. No Brasil, este movimento
gressistas e partícipes dos grupos de discussão dos teve início na década de 1980 e, juntamente com
direitos da criança na constituinte. Esse movimento órgãos internacionais como a OMS, influencia-
gerou política específica e um programa, articulado ram as proposições do Ministério da Saúde nas
em rede intersetorial, destinado à proteção às crian- décadas seguintes, principalmente a partir dos
ças vítimas de violência doméstica e seus familiares, anos 2000. É intensa a produção científica sobre
em 2000. O programa atendeu demanda crescente e o tema, constituindo-se um relevante campo inter-
também se ampliou, passando por modificações na disciplinar. O presente estudo objetivou conhecer
sua estrutura, organização e coordenação, seguindo as representações sociais dos agentes envolvidos
as políticas nacionais e estaduais dirigidas ao tema e no movimento pela humanização do parto em uma
também a diretrizes políticas locais: ora a coordena- cidade no interior de São Paulo, onde existia um
ção governamental foi priorizada, ora se estimulou a importante acúmulo de experiências e avanços no
coordenação não governamental (fundação). O desa- sentido proposto pela humanização. Para isto, foram
fio atual consiste na reconfiguração do bem sucedido trianguladas informações oriundas de levantamento
programa diante de sua transformação em Centro bibliográfico sobre o tema, análise documental das
de Referência Especializado da Assistência Social políticas públicas, entrevistas semiestruturadas e
(CREAS) integrante do Sistema Único de Assistência observações participantes entre os anos de 2013 e
Social (SUAS), situação avaliada como necessária 2014. As informações foram analisadas por meio
pelos agentes sociais, porém desafiadora no que de um quadro referencial teórico formado a partir
toca à manutenção do conhecimento acumulado e da da Teoria das Representações Sociais em sua abor-
qualidade do cuidado integral. Conclusão: Conhecer dagem processual. Como resultados, apreendeu-se
o contexto legal, as regras institucionais e as histó- um consenso do grupo com relação ao conceito de
rias de vida dos envolvidos com a temática forneceu humanização, sendo este a articulação do respeito
uma melhor compreensão sobre a implementação de à mulher e o direito à escolha informada com uma

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 215
nova prática em obstetrícia, embasada em evidên- de importantes autocríticas que disseram respeito,
cias científicas. Também foram consensuais as principalmente, às relações internas e externas
principais bandeiras do Movimento identificadas, estabelecidas pelo Movimento. Percebeu-se, como
a saber, o acesso e a disseminação de informação principais conclusões, a existência de um ideário
baseada em evidência e a luta contra a violência consensual, sob o qual se articulava este grupo,
obstétrica. Por fim, foram encontrados importan- porém a sua falta de organização e despolitização
tes dissensos, sendo eles a questão da luta pela eram fatores que limitavam a sua atuação no sentido
universalidade vs. a elitização do Movimento, além das mudanças que propunha.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 216
Promoção da Saúde e Intersetorialidade
A ARTICULAÇÃO ENTRE SETORES NO MUNICÍPIO mentos, utensílios e balcão térmico está contempla-
DE BARUERI PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE COM da, visando a diversificação do cardápio, a melhora
A COMUNIDADE ESCOLAR da apresentação das preparações, e o estímulo à
autonomia dos alunos com o sistema self-service. A
Fernanda Werbicky de Carvalho / CARVALHO,
Secretaria de Educação foi incentivada a adequar os
F.W. / Secretaria de Abastecimento do município
horários das refeições nas escolas, já que o horário
de Barueri, São Paulo; Universidade de São Paulo;
atual (às 09h ou às 15h) estimula o consumo de re-
Roberta Camila Alexandrino Campos / CAMPOS,
feições em duplicidade: nesse ambiente e na casa do
R.C.A. / Secretaria de Abastecimento do município
estudante. Sendo assim, os horários de aula têm sido
de Barueri, São Paulo; Daniela Silva de Souza Cor-
rêa / CORRÊA, D.S.S. / Secretaria de Abastecimen- revistos e foram adquiridos mais mobiliários para
to do município de Barueri, São Paulo; Ana Helena que todos os alunos possam se sentar no refeitório
Spolador Ribeiro / RIBEIRO, A. H. S. / Secretaria em um momento mais adequado. Lições aprendidas:
de Abastecimento do município de Barueri, São O trabalho em conjunto para a sensibilização dos
Paulo; Marcela Cunha Machado Vasco / VASCO, gestores do município parece ser fundamental para
M.C.M. / Secretaria de Abastecimento do municí- que mudanças iniciem, porém foram encontradas
pio de Barueri, São Paulo; dificuldades como: desmotivação dos professores e
diretores; baixa adesão dos pais e alunos envolvidos
Problema: O município de Barueri, SP, apresenta
nos grupos de saúde; a burocracia para a aquisição
índices crescentes de obesidade entre os escolares.
dos materiais necessários; priorização de outras
Visto que essa doença tem causa multifatorial, foi
necessidades em detrimento das questões de saúde.
identificada a necessidade de articulação entre as
Recomendações: Recomenda-se, portanto, a busca
secretarias com o objetivo de promover a saúde em
constante de parcerias, articulação entre setores e
todos os ambientes que envolvem esses alunos. Foi
sensibilização dos envolvidos.
então criado um projeto intersecretarias contra a
obesidade infantil, que contempla alunos, professo-
A EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR DE PARCERIA
res, diretores e merendeiras de 5 escolas do Ensino
Fundamental. Descrição: Após diversas reuniões DE NÚCLEO MUNICIPAL DE SAÚDE E PAZ COM
entre as secretarias, os gestores foram sensibili- MESTRADO PROFISSIONAL DA UNIVERSIDADE
zados quanto à necessidade de ações. Para tanto, a FEDERAL DE MINAS GERAIS
Secretaria de Saúde iniciou grupos multidisciplina- Carolina Alves Reynaldo Dias / Dias, C.A. / PMRN,
res para a promoção da saúde com os escolares nas UFMG; Elza Machado de Melo / Melo, E.M. /
Unidades Básicas de Saúde. Já os alunos com obesi- UFMG; Victor Hugo de Melo / Melo, V.H. / UFMG;
dade grave foram incluídos em oficinas interdisci- Caracterização do problema: Segundo informações
plinares na Unidade de Especialidades, junto a seus do Plano Municipal Diretor (2004) de Ribeirão das
pais. Parcerias com os centros comunitários para a Neves, Minas Gerais, o desenvolvimento do centro
prática de atividades físicas estão sendo firmadas. urbano da cidade começou com a construção da
A Secretaria de Abastecimento, responsável pela Penitenciária Agrícola de Neves, quando houve mi-
alimentação escolar, envolveu os professores, direto- gração, principalmente de pessoas de baixa renda e
res e merendeiras em atividades problematizadoras com parentesco com os presidiários para a região. A
que pudessem estimulá-los a multiplicar a reflexão ocupação ocorreu de forma rápida e desestrutura-
sobre a alimentação saudável com os escolares. Além da. A explosão demográfica impactou nas políticas
disso, melhorias no cardápio têm sido realizadas públicas e a dificuldade em ampliar os serviços à
para toda a rede municipal: foram retirados os sucos toda população é evidente. Estas características
artificiais em pó e frituras. A aquisição de equipa- fazem com que a população se encontre em situa-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 217
ção de vulnerabilidade que propicia o aumento da Caracterização do Problema: Os sistemas públicos
violência. Descrição: A parceria do município com de saúde priorizam o acesso universal, equitativo
a Universidade Federal de Minas Gerais surgiu em e integral da população a serviços de saúde de
2008 e se fortaleceu em 2012, com a aprovação qualidade, independente do nível de atenção e da
do Programa Saúde e Violência: Subsídios para complexidade do cuidado. A avaliação de políticas e
Formulação de Políticas Públicas de promoção de programas é função essencial da saúde pública, con-
Saúde e Prevenção da Violência”, cujos objetivos tribuindo para evitar o desperdício de recursos com
eram, dentre capacitar os funcionários municipais, a implementação de programas ineficazes, ou, talvez
ampliar e fortalecer o Núcleo de Neves e investigar o ainda pior, a continuidade de práticas que podem fa-
perfil da violência no local. A Universidade, através zer mais mal do que bem. A literatura especializada
do Programa de Mestrado Profissional Promoção de oferece exemplos de programas bem intencionados,
Saúde e Prevenção da Violência, realizou em 2012 mas que foram continuados, em alguns casos, duran-
pesquisa em todas as unidades de saúde de Neves. te décadas, até avaliações rigorosas revelarem que
O programa ofereceu apoio técnico, metodológico e seus resultados não eram os esperados. Em 2011 o
operacional, por meio da participação de professo- Ministério da Saúde lançou o Programa Academia
res, orientadores e mestrandos da instituição. Em da Saúde a partir de experiências que já aconteciam
2014, ocorreu o seminário para a apresentação e em diferentes municípios do Brasil. A literatura
discussão dos resultados da pesquisa para os pro- demonstra clara e amplamente os benefícios do
fissionais do município. Atualmente, há dois profis- exercício físico para a saúde, mas estes estudos
sionais com o título de Mestre em Promoção e Saúde não permitem verificar o contexto da integralidade
e Prevenção da Violência trabalhando no município no âmbito das práticas corporais e atividade física.
e há perspectiva de elaboração de uma cartilha com A diversificação dos serviços e das redes que têm
orientações sobre a prevenção da violência direcio- sido produzidas na Atenção Básica atualmente, se
nada para os profissionais da área da saúde. Lições afirmam como algo que produza redes de serviços
aprendidas: Observamos que a parceria foi exitosa mais complexas para alcançar padrões ampliados
e que cumpriu os objetivos do Programa aprovado de integralidade. Não basta oferecer um cardápio
em 2012. Os resultados oriundos da pesquisa são de serviços ao usuário, ou ainda um cardápio de
de suma importância para o desenvolvimento de atividades dentro dos serviços de saúde. Descrição:
políticas públicas de prevenção da violência no local. O processo de construção de projeto de pesquisa
Recomendações: Sugerimos que este vínculo seja para uma análise do cenário do Programa Academia
fortalecido para a que haja crescimento do Núcleo da Saúde propõe o desafio de avaliar elementos da
Municipal, desenvolvimento de novas de pesquisas Promoção da Saúde no contexto da integralidade.
e planos de ação para a região. Ainda fica a expecta- Para tal foram propostos 3 instrumentos a partir
tiva quanto à publicação da cartilha, de resultados e de experiências dos Programas de avaliação da
de propostas para o enfrentamento da violência na Atenção Básica já existentes. Lições aprendidas:
forma de material de suporte pedagógico para os Para que a integralidade se efetive, a organização
profissionais e para a população. dos serviços, os conhecimentos e práticas de tra-
balhadores de saúde e as políticas governamentais
A INTEGRALIDADE NA ATENÇÃO À SAÚDE: O com participação da população na sua formulação
DESAFIO NA CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIAS devem ser analisadas dentro do mesmo cenário. No
AVALIATIVAS PARA PROGRAMAS RELATIVOS que diz respeito ao exercício físico, as representa-
ÀS PRÁTICAS CORPORAIS E ATIVIDADES FÍSICAS ções acerca da saúde bem como a experiência de
Alessandra Xavier Bueno / Bueno, A. X. / UFRGS; movimento corporal ao longo da vida, pelo usuário,
Giliane Dessbesell / Dessbesell, G. / UFRGS; Thais devem ser levadas em consideração na construção
Chiapinotto / Chiapinotto, T. / UFRGS; Deise Fran- de metodologias de avaliação do programa supraci-
celle dos Santos / Santos, D.F. / UFRGS; Alcindo tado. A reflexão acerca do tema coloca a equipe de
Antonio Ferla / Ferla, A.A. / UFRGS; pesquisadores a utilizar instrumentos de produção

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 218
de dados, mesmo que extensos, como parte de uma trabalho das equipes; e Propostas para facilitar e
metodologia mais ampla e participativa. potencializar a realização do diagnóstico. Os resul-
tados evidenciaram que embora as equipes de saúde
A UTILIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO COLETIVO DE da família reconheçam a importância da elaboração
SAÚDE NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA e utilização do diagnóstico coletivo de saúde, a sua
Cássia Irene Spinelli Arantes / Arantes, C.I.S. utilização como tecnologia no processo de trabalho
/ UFSCar; Paula Rossi Baldini / Baldini, P.R. / cotidiano dos trabalhadores ainda precisa ser alcan-
UFSCar - Bolsista PIBIT/CNPq; Lina Karina Bernal çada por meio de estratégias científicas, de gestão e
Ordoñez / Ordoñez, L.K.B. / UFSCar; de educação na saúde. Conclusão: é preciso investir
Introdução: a Estratégia Saúde Família, forma prio- nas estratégias identificadas para se avançar na
ritária de implementação da atenção primária no utilização do diagnóstico coletivo como tecnologia
Brasil, tem se deparado com muitos desafios para de cuidado na atenção primária.
a mudar o modelo de atenção à saúde de caráter in-
dividual e curativo. As equipes de saúde da família A VISÃO DE USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
apresentam dificuldades e limitações para organizar EM SAÚDE SOBRE A PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA
e produzir ações coletivas, bem como para realizar Carolina Alves Reynaldo Dias / Dias, C.A.R. /
e utilizar o diagnóstico de saúde da população do UFMG, PMRN; Efigênia Ferreira e Ferreira / Ferei-
seu território de abrangência. Objetivo: analisar a ra, E.F / UFMG; Elza Machado de Melo / Melo, E.M.
utilização do diagnóstico coletivo de saúde na pro- / UFMG; Victor Hugo Melo / Melo, V.H / UFMG;
dução da atenção primária à saúde por equipes de Alzira de Oliveira Jorge / Jorge, A.O. / UFMG;
saúde da família do município de São Carlos, estado Introdução: No ano de 2012, foi realizada uma
de São Paulo. Método: pesquisa exploratória e des- pesquisa no município de Ribeirão das Neves- MG,
critiva, com abordagem quantitativa e qualitativa. pareceria do Núcleo de Saúde e Paz da Prefeitura
Os sujeitos foram trabalhadores de onze equipes de Municipal e o Núcleo de Promoção de Saúde e Paz da
saúde da família (enfermeiros, médicos, dentistas, Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
auxiliares e técnicos de enfermagem, auxiliares Minas Gerais. Este trabalho é resultado da análise
odontológicos e agentes comunitários de saúde), de uma das variáveis qualitativas da pesquisa reali-
que aceitaram responder em grupo a um roteiro de zada, que aborda a visão dos usuários do APS sobre
questões semiestruturadas. A análise quantitativa a prevenção da violência. Objetivos: O objetivo deste
dos dados foi realizada por meio da estatística trabalho é conhecer as soluções apontadas pelos
descritiva e a análise qualitativa pela técnica de usuários da Atenção Primária em Saúde de Ribeirão
análise de conteúdo. Resultados: a grande maioria das Neves para a prevenção da violência e tentar
das equipes já elaborou o diagnóstico do território validá-las comparando-as com a teoria descrita na
por duas vezes ou mais, mas possuem várias difi- literatura. Metodologia: Para a análise qualitativa,
culdades para sua elaboração. A dificuldade mais foi utilizada a técnica de análise de conteúdo te-
frequente foi relacionada à obtenção das informa- mática (CAREGNATO & MUTT, 2006). As palavras e
ções. A maioria das equipes identificou vantagens frases foram agrupadas em categorias selecionadas
no trabalho em saúde da família com a utilização do de acordo com as temáticas que emergiram da leitu-
diagnóstico, mas manifestou apresentar dificulda- ra das informações. Após a classificação por tema,
des, dentre elas a mais frequente foi a disparidade buscou-se na literatura evidencias que comprovem
entre os trabalhadores na valorização do uso dessa ou refutem as ideias apontadas pelos entrevistados e
tecnologia no trabalho. A análise qualitativa deu os resultados serão apresentados no próximo tópico.
origem a cinco categorias temáticas: Concepção Dentre os resultados encontrados, destacamos os
das equipes sobre o diagnóstico coletivo; Ideário de tópicos a seguir. Resultados: O tráfico de drogas e o
como se elabora um diagnóstico coletivo; Dificulda- porte de armas são considerados fatores comunitá-
des na realização do diagnóstico coletivo; Aplicações rios que influenciam a violência nas comunidades.
e benefícios do diagnóstico coletivo de saúde no A educação, a atuação efetiva das famílias, o acesso

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 219
ao trabalho, o acesso a bens e serviços recebem papel ção de equipes da Estratégia de Saúde da Família
de destaque para a prevenção da violência, segundo (ESF) em serviços específicos ou unidas a serviços já
as respostas analisadas. O diálogo, o cuidado entre existentes. No seu plano discursivo, a ESF, em todo o
os membros das famílias e das comunidades, a fé e Brasil, reforçou o papel da AP na promoção à saúde.
a religiosidade foram apontadas como ferramentas Objetivo: Conhecer o perfil geral das ações de promo-
para a prevenção da violência. Pudemos observar ção à saúde em serviços da rede de AP de municípios
que os conceitos apontados pelos usuários da aten- do interior do ESP. Metodologia: Utilizou-se dados
ção primária estão presentes de forma enfática na do banco gerado pela resposta de 2.735 serviços de
literatura nacional e internacional. Conclusões/ AP do SUS do interior do ESP ao instrumento de ava-
Considerações: Este estudo mostra que o conheci- lição QualiAB em 2010. Elegeu-se como indicadores
mento da população sobre a prevenção da violência do perfil da promoção à saúde as respostas acerca de
deve ser valorizado, uma vez que figura como uma atividades mais condizentes com a promoção (ações
representação empírica da teoria descrita na litera- intersetoriais com outras secretarias do município
tura. Entretanto,a população sozinha não é capaz de e participação social através de conselhos de saúde)
promover todas as mudanças necessárias para que o e correlatas: ações educativas e na comunidade -
quadro de violência se altere. O desejo do desenvolvi- escolas, igrejas, etc – e temas tratados. Resultados:
mento da autonomia para mudar a realidade foi per- Mediante adesão da gestão municipal, participaram
cebido ao analisarmos as respostas do questionário. serviços autoreferidos como ESF (44%) e de outros
Concluímos que a autonomia, o empoderamento e o arranjos organizacionais. Estavam localizados em
diálogo devem ser estimulados na mesma medida em municípios com menos de 100000 habitantes 71%
que a polícia, os governos e comunidade apreendem dos respondentes. Referiram realizar ações inter-
os valores de reconhecimento e solidariedade. setoriais 46% dos serviços respondentes; referiram
contar com Conselho de Saúde 56%. Relataram ativi-
AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE EM UNIDADES dades educativas periódicas em instituições locais
BÁSICAS DE SAÚDE EM MUNICÍPIOS DO INTERIOR 58,5%; atividades educativas na comunidade em
DO ESTADO DE SÃO PAULO campanhas anuais, 82%, sendo a maioria (71%) sobre
Marta Campagnoni Andradade / Andrade, M.C / agravos específicos como DST, Dengue, Hipertensão.
Dep. Saúde Coletiva - Fac. Ciências Medicas Santa Relataram ações educativas na comunidade sobre
Casa de SP; Mariana Arantes Nasser / Nasser, M.A violência 24%. Conclusão: As ações de promoção
/ Dep. Preventiva - Faculdade de Medicina USP; à saúde são incipientes na maioria dos serviços,
Elen Rose Lodeiro Castanheira / Castanheira, independentemente da organização ESF ou outras.
E.R.L / Dep. Saúde Publica - Faculdade de Medici- As ações educativas que a maioria relata resumem-
na de Botucatu - UNESP; Maria Ines Battistella -se às campanhas nacionais sobre temas ordinários
Nemes / Nemes, M.I.B. / Dep. Medicina Preventiva da saúde pública. Os planos discursivos dos vários
- Faculdade de Medicina USP; modelos de AP, tais como ao ESF, não se objetivam
Introdução: A Promoção à Saúde pode ser compre- em tecnologias viáveis, mesmo em um estado com
endida a partir do referencial da Carta de Ottawa uma antiga rede de atenção primária como São Paulo
como processo de capacitação da comunidade para
atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saú- AÇÕES FORMATIVAS DA TERAPIA OCUPACIONAL
de, incluindo maior participação no controle desse NA EDUCAÇÃO INFANTIL BUSCANDO A TRANS-
processo” (Canadá, 1986). Embora não seja o único FORMAÇÃO DAS PRÁTICAS COM BEBÊS
responsável pela promoção, o setor saúde, e neste, es- Daniela Aparecida Miranda Pogogelski / POGO-
pecialmente a Atenção Primária (AP) é considerada, GELSKI, D.A.M. / UNIFESP; Nara Rejane Cruz de
há muito, locus privilegiado para ações de promoção. Oliveira / Oliveira, N.R.C. / Unifesp; Carla Cilene
Em São Paulo (ESP), a rede de AP, implementada nos Baptista da Silva / Silva, C.C.B / UNIFESP;
anos 1970, foi expandida pós 1990, sobretudo em O presente trabalho é parte da pesquisa de mes-
municípios de pequeno e médio porte, com a aloca- trado profissional da autora, que busca promover

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 220
reflexões, desconstruir práticas assistencialistas, e ADOÇÃO DE AGENTES INTERVENTORES EM UM
construir a promoção do desenvolvimento saudável, DE PROGRAMA CAMINHADA ORIENTADA EM
através da formação em desenvolvimento infantil CONTEXTO DE ALTA VULNERABILIDADE
e estimulação essencial ministrado pela terapeuta Isabela Martins Oliveira / Oliveira, I.M. / Univer-
ocupacional e pela fisioterapeuta integrantes da sidade Federal de São Carlos; Camila Tiome Baba
equipe multiprofissional do CENFORPE, ofertada / Baba, C.T. / Universidade Federal de São Carlos;
aos educadores infantis. Com a hipótese de que é Mariana Fornazieri / Fornazieri, M. / Universidade
possível promover modificações e melhorias a partir Federal de São Carlos; Grace Angélica de Oliveira
da Educação Permanente em Saúde, este estudo tem Gomes / GOMES, G.A.O. / Universidade Federal de
por objetivo investigar tais aspectos nas práticas São Carlos;
pedagógicas após o curso. Este é um estudo trans- Introdução: Uma das formas de promover o enve-
versal, de abordagem qualitativa do tipo descritiva, lhecimento ativo e saudável é através da prática
já aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (parecer regular de atividade física (AF). Partindo deste pre-
951.884/2015). As 5 escolas convidadas aceitaram ceito, observa-se a criação de programas deste tipo
o convite. O termo de consentimento livre e escla- na Atenção Básica, em especial o Núcleo de Apoio
recido foi assinado pelas educadoras no último dia à Saúde da Família (NASF), que prevê dentre suas
da formação. Realizou-se estudo piloto do roteiro diretrizes a promoção de saúde, utilizando como
da entrevista com 2 participantes. Os encontros estratégia a prática de AF. Contudo, poucos estudos
ocorreram nas escolas, as informações foram obti- abordam a adoção dos agentes interventores frente
das por meio de entrevistas semiestruturadas com a esses projetos. Objetivo: Nesse sentido, o objeti-
duração de aproximadamente 20 minutos, aliadas vo desse estudo foi avaliar a adoção dos Agentes
a questionário de caracterização dos participantes Comunitários de Saúde (ACS) em um programa de
e ao diário de campo da pesquisadora no qual foram Caminhada Orientada realizado em um contexto
registradas impressões pessoais e reflexões ao de alta vulnerabilidade social no município de São
longo do processo de formação e pesquisa. Como Carlos. Método: Trata-se de um estudo com caráter
resultados parciais, a caracterização da amostra descritivo e quantitativo. O programa consistiu no
nos traz que: de 10 participantes, 9 são formadas em oferecimento de caminhada quatro vezes semanais
pedagogia, 1 possui apenas o curso de magistério. Do com duração de uma hora com delineamento de
total, apenas 1 se especializou em psicopedagogia. O seis meses. As atividades eram oferecidas para os
tempo em que são formadas variou de 2 a 22 anos. Em usuários cadastrados em três Unidades de Saúde
relação a educação permanente, todas participaram da Família (USF), equipamentos que são englobados
de cursos, encontros e oficinas promovidos pelo mu- pela Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF).
nicípio, e apenas 1 citou um curso externo. Do total, Foram realizadas orientações de saúde e ações para
7 citam a formação em desenvolvimento infantil e mudança de comportamento frente à AF. Todas
estimulação essencial como estratégia de educação as atividades foram acompanhadas por alunos de
permanente. Em relação ao tempo de trabalho total graduação em Educação Física e Gerontologia e
na educação infantil: 3 a 16 anos; especificamente pela equipe das USF, especificamente ACS. O nível
com bebês até dois anos na escola atual: de 4 meses de adoção da equipe foi mensurado por um questio-
a 6 anos; e em outras escolas: de 1 ano e meio a nário anônimo respondido pelos ACS das unidades
seis anos. A idade das educadoras variou de 27 e 62 envolvidas e de forma voluntária. Resultados: De
anos, todas do gênero feminino. Os demais dados um total de 16 ACS envolvidos, 14 responderam o
coletados serão em breve submetidos à Análise de questionário. Destes,78,5% se sentiam envolvido
Conteúdo. Espera-se ao final deste estudo que esta com a implementação do programa, 92,8% obser-
estratégia de Educação Permanente em Saúde con- varam os benefícios que o programa trazia para a
tribua para a melhoria da qualidade da educação e comunidade, 100% relataram que a equipe fazia
desenvolvimento infantil. comentários sobre o programa e 100% disseram

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 221
que referenciaram usuários para participarem das cesso de assistência e de vigilância epidemiológica:
atividades. Conclusão: Conclui-se que obteve altos a articulação dos serviços. Descrição Existe na
níveis de adoção dos ACS no programa. Vale ressaltar região, duas Unidades de Saúde com Estratégia de
que um dos preceitos essenciais para esse resulta- Saúde da Família e um Pronto Atendimento. Rodas
do é a conscientização dos agentes interventores de conversa com todos os funcionários da Unidade
sobre os benefícios que a intervenção trazia para de Saúde da Família do Recreio da Borda formou-os
a organização. como a referência do local para a Febre Maculosa.
Rodas de conversa com todas as unidades próximas
ARTICULAÇÃO DO TRABALHO EM REDE PARA A alertaram a ocorrência desta doença e a endemia
PREVENÇÃO E ASSISTÊNCIA EM TEMPO OPOR- desta região específica. Rodas de conversas com os
TUNO NA SUSPEITA DE FEBRE MACULOSA BRA- agentes ambientais aproximou-os das Unidades de
SILEIRA (FMB) NO MUNICÍPIO DE SANTO ANDRÉ Saúde da Família. Foi recuperada a identificação
do carrapato e a referência em tempo oportuno. Foi
– SÃO PAULO
realizado encoleiramento da população de cães e
Robson Oliveira Lopes / Lopes, R.O. / Prefeitura
gatos em 2014 e 2015, com cadastro para castração.
Municipal de Santo André; Marcos Muraro / Mura-
Foi revisado o protocolo de assistência ao paciente
ro, M. / ISAMA (Instituto de Saúde e Meio Ambien-
com duas inovações principais os casos suspeitos
te); Maria Isabel Bernardes Flávio / Flávio, Maria
são direcionados para a UBS de referência para
Isabel Bernardes / Prefeitura de Santo André;
acompanhamento e o resultado da vigilância aca-
Antônio Carlos Cavalcante / Cavalcante,A.C. / ISA-
rológica de carrapatos retirados de humanos tem
MA (Instituto de Saúde e Meio Ambiente); Andréa
retorno imediato para o paciente e para unidade
de Medeiros NogueiraNunes / Nunes, A.M.N. /
Prefeitura de Santo André; Simone Ortiz Rizzotti / de saúde. Lições aprendidas e recomendações A
Rizzotti, S. O. / Prefeitura de Santo André; Vicen- articulação entre as Unidades Básicas de Saúde e
te Paula / Paula, V. / ISAMA(Instituto de Saúde e os serviços de vigilância à saúde é indispensável
Meio Ambiente); Maria Luiza Leão Salerno Mala- para a melhoria na assistência e promoção da saúde.
testa / Malatesta, M.L. L. S. / Prefeitura de Santo Quando conjugados, estes serviços tanto potencia-
André; Nancy Yasuda / Yasuda, N. / Prefeitura de lizam a assistência ao paciente, quanto à promoção
Santo André; Vera Lucia da Silva Franco / Franco, e prevenção da ocorrência de casos. A observação
V. L. S. / Prefeitura de Santo André; dos tempos protocolares de atuação e das trocas de
Caracterização do Problema A Febre Maculosa Brasi- informações destes serviços são fundamentais para
leira em Santo André decorre do ciclo silvestre, sen- ação oportuna e eficaz.
do vetor o Amblyoma aureolatum, e ocorre na região
do recreio da Borda do Campo. É difícil a percepção ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE E A PROMOÇÃO
de casos desta enfermidade. Não há uma prova de DOS PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS DO SISTEMA
laboratório eficiente, e observa-se atualmente alta ÚNICO DE SAÚDE
letalidade desta doença. As ações de assistência à Woneska Rodrigues Pinheiro / Pinheiro, W. R. /
saúde estavam desvinculadas das ações de vigilân- Faculdade Leão Sampaio e Faculdade de Medicina
cia epidemiológica e ambiental, e as da vigilância do ABC; Thais de Lima Felix da Silva / Silva, T. L.
desprovidos do olhar da assistência. As ações neste F. / Faculdade Leão Sampaio; Marco Akerman /
bairro ocorriam de maneira pouco articulada. Os Akerman, M. / Faculdade de Saúde Pública;
resultados de identificação de carrapatos chegavam INTRODUÇÃO: O SUS, que foi garantido pela Cons-
tardios. Havia um acentuado abandono de animais tituição Brasileira de 1988 e regulamentado pelas
domésticos, que chega a ser quase 7 vezes a média Leis Orgânicas de saúde, dispõe de um sistema
da cidade. A ocorrência de um óbito em agosto de regido de princípios doutrinários (universalidade,
2014 após a paciente ter procurado os serviços de equidade e integralidade) que dizem respeito a fi-
saúde por quatro vezes, sensibilizou toda a equipe. losofia do sistema e ampliam o conceito de saúde e
Um estudo deste caso demonstrou a lacuna no pro- o direito a ela. Sobre a promoção destes princípios,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 222
a municipalização da saúde é prevista como polí- / Piotto, F.C. / Universidade do Sagrado Coração
tica de descentralização que incorpora a atenção (USC); Raíza M.G. Magalhães / Magalhães, R.M.G.
básica a saúde, permeada pelos princípios do SUS, / Universidade do Sagrado Coração (USC); Letícia
onde insere neste contexto as Unidades Básicas A. Loge / Loge, L.A. / Universidade do Sagrado Co-
de Saúde (UBS) que são portas de entrada da popu- ração (USC); Alberto de Vitta / de Vitta, A. / Univer-
lação ao sistema. Ao considerar que as propostas sidade do Sagrado Coração (USC); Gisele G. Zanca
trazidas pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) / Zanca, G.G. / Universidade do Sagrado Coração
são grandes potenciais para reestruturar o modelo (USC); Letícia Carnaz / Carnaz, L. / Universidade
assistencial e a organização dos serviços de saúde, do Sagrado Coração (USC);
e sendo estas propostas pautadas nos princípios que Introdução: A caracterização da população tem papel
regem o SUS, torna-se fundamental, entre outros fundamental no direcionamento de estratégias e
aspectos, que o trabalhador integrante desta equipe programas no contexto da Saúde da Família. Obje-
tenha envolvimento e conhecimento do projeto, bem tivo: Caracterizar as condições sociodemográficas
como sobre seus objetivos e princípios que o regem. dos indivíduos que manifestaram interesse em
OBJETIVO: O presente estudo objetivou verificar o participar de um grupo de exercício físico na USF
conhecimento e promoção dos princípios doutriná- Santa Edwirges, Bauru-SP. Metódos: Foi realizado
rios do SUS pela equipe atuante da ESF na cidade um levantamento dos prontuários dos indivíduos
de Juazeiro do Norte-CE. MÉTODOS: Este Trabalho que procuraram o grupo no período de fevereiro de
trata-se de um estudo de natureza transversal ex- 2014 a junho de 2015. O grupo é aberto à comunidade
ploratória, com abordagem qualitativa. A pesquisa e conduzido pelos estagiários do curso de fisiotera-
foi realizada nas Estratégias de Saúde da Família da pia da USC, o qual possui parceria com a Secretária
cidade de Juazeiro do Norte-CE, com profissionais de Municipal de Saúde. As informações referentes ao
nível superior (médico, enfermeiros e odontólogos) gênero, estado civil, escolaridade, renda, exercício
atuantes nas unidades durante o período de coleta. de atividade remunerada e estilo de vida (pratica
A coleta foi realizada por meio de uma entrevista atividade física, período do dia que realiza atividade
semi estruturada, e os dados analisados por meio física, assiste televisão, frequência com que assiste
do Discurso do Sujeito Coletivo. RESULTADOS E televisão, utiliza o computador, frequência de uso
CONCLUSÃO: Os resultados mostraram que os pro- do computador) foram extraídas dos prontuários.
fissionais demonstraram não conhecer e promover Resultados: Setenta e quatro indivíduos com média
todos os princípios doutrinários do SUS de maneira de idade de 59,2 (±11,7) anos procuraram pelo grupo
coerente. O conhecimento que se tem ainda é muito de exercício físico. A maior parte dos sujeitos eram
incipiente e fragmentado, e a práxis (teoria aliada a mulheres (82,4%), da raça branca (48,6%) ou parda
prática) ainda está longe de ser concretizada. O que (33,8%), casados (67,6%) ou viúvos (20,3%), com 5,5
pode-se dizer, é que este é um ponto negativo que (±3,8) anos de estudo, em média. Em relação à renda,
deve ser levado em consideração por profissionais 27% dos sujeitos relataram renda de até 1 salário
e gestores, uma vez são os princípios doutrinários mínimo, 63,5% de 1 a 5 salários mínimo, 1,4% de
do SUS, que regem todo o sistema, bem como a sua 5 a 10 salários mínimo. Quanto ao exercício de
maneira de se organizar. E o conhecimento ineficaz atividade remunerada, apenas 10% dos indivíduos
dos mesmos, leva a práticas errôneas, dificultando avaliados reportaram estarem ativos, 41,9% eram
o processo de implantação e consolidação do SUS. aposentados ou pensionistas, 28,4% do lar, 9,5%
estavam desempregados e 4,2% realizavam outras
CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DOS atividades. Em relação a pratica de atividade física,
PARTICIPANTES DE UM GRUPO DE EXERCÍCIO FÍ- 47,3% dos indivíduos avaliados relataram realizar
SICO NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA SANTA atividade física, sendo que dentre eles, a maior parte
EDWIRGES, BAURU-SP, BRASIL realizava as atividades no período da manhã (45,9%),
Ligiane S. dos Santos / Santos, L.S. / Universi- 33,8% no período da tarde e 1,35% à noite. O hábito
dade do Sagrado Coração (USC); Flávia C. Piotto de assistir televisão foi verificado em 83,8% dos

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sujeitos avaliados, numa frequência superior a cinco e avaliação das atividades básicas e instrumentais
vezes na semana para a maioria (70,3%). Já o uso de vida diária (índice de Katz e escala de Lawton,
do computador foi menos frequente, apenas 17,6% respectivamente). Resultados: Foram extraídos da-
dos indivíduos reportou utilizar o computador, em dos do prontuário de 74 indivíduos, com média de
geral, uma vez por semana (66,6%). Conclusão: A idade de 59,2±11,7 anos, sendo 84,2% mulheres. Todos
maior parte da população que procurou pelo grupo os indivíduos apresentaram independência nas
de exercício físico eram mulheres, de baixa escola- atividades básicas e instrumentais de vida diária.
ridade, baixa renda e que já realizavam atividade fí- Dentre os relatos de doenças, a maior prevalência
sica, preferencialmente no período da manhã. Esses foi de hipertensão arterial sistêmica (64,8%), dis-
resultados contribuem para o redirecionamento das funções da coluna (52,7%), depressão (50%), doenças
estratégias de intervenção, no intuito de melhorar reumáticas (44,6%), doenças dos órgãos do sentido
a abrangência dos grupos. (39,2%), diabetes (33,8%) e distúrbios do equilíbrio
(29,7%). Osteoporose foi relatada por 18,9% dos in-
CONDIÇÕES DE SAÚDE DOS PARTICIPANTES DO divíduos e incontinência urinária por 16,2%. Apenas
GRUPO DE EXERCÍCIO FÍSICO DA UNIDADE DE 4% não tiveram relato de doenças. Com relação aos
SAÚDE DA FAMÍLIA SANTA EDWIRGES, BAURU, sintomas osteomusculares, no último ano 31,1%
SÃO PAULO, BRASIL apresentaram queixas em até duas regiões do corpo,
27,1% de 3 a 5 regiões, 20,3% de 6 ou mais regiões
Tamara C. Carreira / Carreira, T.C. / Universidade
e 10,8% não apresentaram queixa. Com relação aos
do Sagrado Coração (USC); Luciana Sabadini /
Sabadini, L. / Universidade do Sagrado Coração últimos 7 dias, 28,4% apresentaram queixas em até
(USC); Mariana Minetto / Minetto, M. / Universi- duas regiões, 15% de 3 a 5 regiões, 12,2% em 6 ou
dade do Sagrado Coração (USC); Alberto de Vitta mais regiões, e 32,4% não apresentaram queixas.
/ de Vitta, A. / Universidade do Sagrado Coração Conclusão: A maioria dos indivíduos que buscam
(USC); Gisele G. Zanca / Zanca, G.G. / Universidade participar do grupo apresenta pelo menos um relato
do Sagrado Coração (USC); Letícia Carnaz / Car- de doença e sintoma musculoesquelético, porém sem
naz, L. / Universidade do Sagrado Coração (USC); limitações nas atividades de vida diária. Dentre as
doenças relatadas, a hipertensão arterial é a mais
Introdução: O atendimento em grupos é uma práti-
prevalente. Estes resultados contribuem para a
ca importante na Estratégia de Saúde da Família,
elaboração de intervenções mais efetivas para esta
potencializando o acompanhamento horizontal
população.
dos participantes e o processo de aprendizado e te-
rapêutica. O conhecimento das características dos
potenciais participantes de um grupo possibilita CONHECIMENTO E PRÁTICA DE PREVENÇÃO DST/
o melhor desenvolvimento de estratégias de inter- AIDS EM JOVENS ESTUDANTES
venção. Objetivo: Mapear as condições de saúde dos Rosana Tupinambá Viana Frazili / Frazili, R.T.V.
indivíduos interessados em participar do grupo de / FATEA - LORENA/SP; Jéssica Maria Rezende
exercício físico na USF Santa Edwirges, em Bauru- Albano / Albano, J.M.R. / FATEA - LORENA/SP;
-SP. Métodos: Foi realizado um levantamento de Thaiane Daniel Avelino / Avelino, T.D. / FATEA -
prontuários do período de fevereiro de 2014 a junho LORENA/SP; Carolina Viana Frazili / Frazili, C.V. /
de 2015. Este grupo é conduzido pelos estagiários do UNIFESO;
curso de Fisioterapia da Universidade do Sagrado Introdução: Segundo a Organização Mundial da
Coração, em parceria com a Secretaria Municipal Saúde (OMS), o Brasil registrou 38.776 casos de
de Saúde, e aberto a todos os membros da comuni- HIV positivo, e 656.701 casos de AIDS até o ano de
dade que apresentem condições clínicas estáveis e 2012. Em relação a outras DSTs, a estimativa em
autorização médica. Os indivíduos interessados são população sexualmente ativa para sífilis foram de
submetidos inicialmente a uma avaliação padroni- 937.000 casos; de gonorréia foram 1.541.800 casos;
zada, que inclui o relato de doenças no último ano, o herpes genital 640.900 e HPV 685.400 casos. Inú-
Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares meros estudos apontam para uma maior freqüência

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de DSTs na adolescência e, conseqüentemente, um Saúde de São Bernardo do Campo; Isabel Cristina
aumento das chances de contaminação pelo vírus Fuentes / Fuentes, I. C. / Secretaria de Saúde de
HIV. Além da faixa etária, outros determinantes São Bernardo do Campo; Odete Carmen Gialdi /
são relacionados à incidência das DSTS, como a Gialdi, O. C. / Secretaria de Saúde de São Bernardo
pouca escolaridade, o baixo nível social e econômico. do Campo; Andrea Satrapa / Satrapa, A. / Secreta-
Objetivos: Identificar o conhecimento e prática de ria de Desenvolvimento Social e Cidadania de São
prevenção de DST/AIDS de estudantes adolescentes Bernardo do Campo; Marcia Barral / Barral, M. /
do ensino médio em escolas particulares e públicas. Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania
Metodologia: Trata-se de estudo quantitativo, de de São Bernardo do Campo;
campo, exploratório e descritivo. Realizada em duas Construção de uma rede de cuidado as pessoas
instituições de ensino, sendo uma particular e outra idosas vitimas de violência/negligência Com o en-
pública, localizadas em dois municípios da microre- velhecimento da população, pensar o envelhecer e
gião do Circuito da Fé, na região Metropolitana do proteger os idosos das situações de abuso, violência/
Vale do Paraíba, SP, em jovens estudantes de 17 a 18 negligência, gerou a sensibilização dos nossos pro-
anos do 3º ano ensino médio. Foi aplicado um ques- fissionais sobre o tema. Com o aumento do número
tionário contendo 14 perguntas fechadas e 01 aberta. de equipes de saúde da família, a qualificação dos
Resultados: Após analisar os dados identificados, profissionais sobre a importância da notificação dos
é notória a falta de conhecimento aprofundado em casos de violência, houve um aumento no número de
relação á prática e prevenção das DST/AIDS, entre casos notificados pelas equipes de saúde da família.
os jovens de 16 á 18 anos. No presente estudo, ficou Profissionais do Departamento de Atenção Básica
claro que os alunos da escola particular, apesar de e Gestão do Cuidado iniciou uma articulação com
apresentarem déficit, ainda demonstram mais es- Departamento de Apoio a Gestão, para discutir es-
clarecimento sobre o assunto do que os alunos da tratégias que viessem de encontro as expectativas
escola pública. Ainda foi possível notar que mesmo das equipes em qualificar o cuidado. Iniciou uma
não possuindo conhecimento sobre o assunto, os parceria com a Secretaria de Desenvolvimento
alunos não buscam meios para se informar. Além Social e Cidadania, pudéssemos pensar e articular
de não possuírem o devido conhecimento, os en- ações para apoio às demandas trazidas pelas equi-
trevistados demonstraram despreocupação em se pes. Após reuniões com gestores dos serviços da
prevenir durante as relações sexuais. Conclusão: Saúde e Assistência Social, iniciamos um Grupo de
Os dados são preocupantes, pois esta clara defici- Trabalho, onde cada Secretaria apresentou, os dados
ência de conhecimento, tanto da prática, quanto sobre a violência contra a pessoa idosa, realizamos
da prevenção, irá contribuir cada vez mais com a o estudo destes dados, pactuamos uma reunião com
proliferação das doenças sexualmente transmissí- profissionais do Centro de Referencia Assistência
veis entre os jovens. É necessário haver práticas de Social (CRAS), Centro de Referência Especializado
intersetorialidade entre a saúde, educação, família e da Assistência Social (CREAS), Equipes de Saúde da
sociedade em geral na promoção de ações educativas Família, para que pautassem casos acompanhados,
e disseminação de informações sobre DST/ AIDS. elegemos dois interlocutores, um da Saúde e um da
Assistência Social, para fazerem às articulações
CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE CUIDADO AS necessárias a realização desta reunião. Nas primei-
PESSOAS IDOSAS VITIMAS DE VIOLÊNCIA/NE- ras reuniões percebemos que para alguns casos, era
GLIGÊNCIA necessária a presença de outros profissionais que
Guaraciaba Oliveira Pinto / Pinto, G.O / Secreta- pudessem formar uma rede de cuidado, profissionais
ria De Saúde de São Bernardo do Campo; Mônica da Saúde Mental, Urgência/Emergência, Hospitalar,
Rodrigues Nagy / Nagy, M.R / Secretaria de Saúde Vigilância a Saúde, Consultório na Rua, Centro Pop,
de São Bernardo do Campo; Rosalina Gibram / Gi- devido à complexidade dos casos apresentados e
bram, R. / Secretaria de Saúde de São Beranrdo do garantia da participação dos diversos serviços, pac-
Campo; Samira Hadad / Hadad, S. / Secretaria de tuamos uma reunião mensal, encaminhando casos

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 225
que identificavam com maior complexidade e ne- rodadas com o grupo foram sistematizados em uma
cessidade de articulação com a rede, para que fosse matriz de análise que embasou o relatório final da
discutido. A cada reunião nos deparamos com vários revisão da PNaPS. Os princípios empoderamento,
desafios e a certeza da importância da formação de participação social, autonomia, integralidade e
uma Rede de Cuidado, fortalecendo e completando as equidade foram ressaltados, bem como a discussão
estratégias, para promover uma forma de produzir sobre educação permanente e formação continuada,
cuidado, além dos aspectos biológicos, atuando de muito presente no Delphi, repercutiu nos objetivos
forma responsável e solidária. A troca de saberes específicos e nas diretrizes da nova PNaPS. Todas
como uma fonte de reflexão e apoio para a cada as diretrizes foram reformuladas e a maior parte
situação apresentada, o compartilhar as angustias, dos questionamentos apresentados no Delphi foram
medos, fragilidades, potencias, fortalecimento do contemplados, como: articulação intra e interseto-
tema, tem contribuído para enfrentarmos cada vez rial, planejamento de ações territorializadas, parti-
mais este desafio. cipação social e gestão democrática. CONCLUSÃO:
A participação das instituições de ensino e pesquisa
CONTRIBUIÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E foi significativamente repercutida na nova versão
PESQUISA NA REVISÃO DA POLÍTICA NACIONAL da PNaPS. Nota-se que diversas opiniões, críticas e
DE PROMOÇÃO DA SAÚDE sugestões dadas pelo grupo aparecem nos itens da
Evelin Minowa / Minowa, E / FSP USP; Fabiana Al- nova Política. Por exemplo, os temas relacionados à
ves do Nascimento / Nascimento, F.A. / FSP USP; formação e educação permanente, educação conti-
Helena Akemi Wada Watanabe / Watanabe, H.A.W. nuada e formação profissional. Ressalta-se, porém,
/ FSP USP; Sandra Costa de Oliveira / Oliveira, S.C. que essa repercussão é referente à relevância das
/ FSP USP; Elisabete Agrela de Andrade / Andrade, instituições de ensino e pesquisa no processo da
E.A. / FSP USP; Márcia Faria Westphal / Westphal, revisão da PNaPS, mas também pode se referir: à
M.F. / FSP USP; relevância dos temas que emergiram em todo o pro-
INTRODUÇÃO: Em 2014, a Política Nacional de Pro- cesso da revisão da PNaPS; aos interesses existentes
moção da Saúde (PNaPS) passou por um processo de no contexto em que se deu a revisão; e às negociações
revisão, coordenado pela Secretaria de Vigilância em realizadas na construção da versão final da Política.
Saúde do Ministério da Saúde, em parceria com a
OPAS e o Grupo Temático de Promoção da Saúde da CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS DA INTERSETORIA-
ABRASCO, e envolveu colaboradores para conduzi-lo LIDADE PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE
nos diversos segmentos pretendidos. Como parte Mychele Capellini Moris Taguchi / Taguchi,
da avaliação deste processo faz-se necessário com- M.C.M. / UNICAMP; Daniele Sacardo Nigro / Ni-
preender como se deu a contribuição dos diferentes gro, D.S. / UNICAMP;
atores envolvidos e em que medida estas foram Esse trabalho tem como objetivo identificar e
incorporadas à PNaPS. OBJETIVO: Discutir a partici- discutir a produção científica publicada em bases
pação do grupo das instituições de ensino e pesquisa indexadas sobre a intersetorialidade tendo como
na revisão da PNaPS, a partir da técnica Delphi. Para foco a promoção da saúde no Brasil entre 2005 e
isso, identificaram-se as contribuições que repercu- 2015. Trata-se de um estudo de revisão que utilizou
tiram na versão final da nova PNaPS. MÉTODOS: Os como base o Portais de Pesquisa da BVS e Scielo.
participantes das instituições de ensino e pesquisa Utilizou-se como termo principal de busca a palavra
foram selecionados a partir do diretório de grupos de Intersetorialidade seguido de Promoção da Saúde.
pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento A aplicação resultou em 90 materiais entre artigos,
Científico e Tecnológico (CNPq). Os questionários dissertações, teses, vídeos e conferências na BVS
foram enviados por correio eletrônico aos sujeitos reduzidos para 54 após a aplicação de filtro para o
da pesquisa em duas rodadas, sendo a última após período de tempo e termos inseridos no índice resu-
análise de consensos e dissensos da rodada ante- mo” e 8 materiais no Scielo, utilizando o filtro data e
rior. RESULTADOS: Os consensos e dissensos das assunto”, totalizando 62 materiais avaliados. A lite-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 226
ratura tem apontado boas práticas intersetoriais evi- Reis, R. A. / UFSCar; Ana Maria Zabeu / Zabeu, A.
denciando avanços na sua consolidação. Suas ações M. / Centro de Atendimento a Infecções Crônicas
têm sido potenciais na mobilização tanto de setores de São Carlos;
quanto de sujeitos, na construção de práticas inova- O campo de investigação da saúde do adolescente/jo-
doras, na maior integração de serviços, programas, vem (A&J) tem se caracterizado por alguns desafios,
políticas bem como na maior participação social e como a disparidade entre práticas de saúde centrada
eficiência frente às necessidades da população nessa em aspectos biomédicos e a lógica de necessidades
última década. O Programa de Saúde da Família tem e expectativas dos A&J; concepções estereotipadas
sido apontado como potência para a disseminação e negativas em relação a este grupo; modelos de
de práticas intersetoriais e promoção da saúde nos intervenção marcadamente uniformizantes, redu-
territórios e o Movimento Cidades Saudáveis tem cionistas, disciplinadores e pouco equitativos; falta
revelado a mesma potencialidade no nível da gestão. de espaços qualificados e legítimos para discussão
Apesar dos avanços, alguns trabalhos apontam a acerca da sexualidade de A&J; despreparo dos pro-
incipiência da intersetorialidade em muitos muni- fissionais que lidam com essa população em relação
cípios, discorrendo sobre dificuldades e desafios à temática da sexualidade e práticas sexuais, a qual
a serem debatidos como o despreparo e a falta de é atravessada por influências culturais e religio-
conhecimento de profissionais e gestores a respei- sas. Considerando tais desafios, o enfoque deste o
to da promoção da saúde, a insustentabilidade das projeto delineia-se como uma ação intersetorial de
práticas, a compreensão distorcida a respeito da in- promoção de saúde e de espaços de trocas entre A&J
tersetorialidade tendo como consequências o isola- e profissionais da educação e da saúde, envolvendo
mento de ações, falta de metas comuns, justaposição escolas públicas localizadas em territórios perce-
de projetos e transferências de problemas, além da bidos de vulnerabilidade social e epidemiológica,
burocratização dos processos e ausência de vontade especialmente para Infecções Sexualmente Trans-
política. Analisando as concepções emergidas das missíveis (IST’s). O trabalho teve início em março de
publicações, nota-se que o conceito de promoção da deverá se encerrar no final do ano, com perspectivas
saúde e intersetorialidade demonstram diferentes de continuidade em 2016. Do ponto de vista metodo-
tonalidades. Alguns veiculam a promoção da saúde lógico, o projeto envolve um grupo de trabalho de
como educação em saúde, outros como prevenção uma universidade federal (DPSI UFSCar), o serviço
de doenças e por fim como arranjo teórico-político especializado em HIV/Aids (SAE) do município, a
capaz de influenciar processos de transformações. A diretoria de ensino e unidades de saúde da família.
intersetorialidade ora foi refletida como ferramenta A partir de dois materiais orientadores, com concep-
de gestão no nível macropolítico e ora no micropolí- ção construtivista, planeja atividades de formação
tico enfatizando as relações humanas. De maneira para profissionais da educação (coordenadores
conclusiva, a intersetorialidade é apontada em todos pedagógicos, professores mediadores, professores)
os trabalhos como estratégia fundamental para e saúde (enfermeiros, médicos, dentistas, ACS); e
ações com vistas à promoção da saúde. atividades de intervenção na forma de oficinas,
com alunos do 9º ano de 7 escolas públicas. Por se
CUIDANDO DA SAÚDE DE ADOLESCENTES E tratar de um projeto em andamento, os dados até o
JOVENS POR MEIO DA EDUCAÇÃO E INTERSETO- momento têm indicado como maior desafio a supe-
RIALIDADE ração da lógica estritamente informativa, cognitiva
Mariana Gonçalves Fabricio / Fabricio, M. G. / e prescritiva que caracteriza a maioria das ações de
UFSCar; Camila Almeida Pinho / Pinho, C. A. / prevenção com A&J. Já é possível observar a potên-
UFSCar; Luciana Nogueira Fioroni / Fioroni, L. cia do trabalho intersetorial e das parcerias para a
N. / UFSCar; Luiz Henrique Franco Mendonça / facilitação dos processos de formação, prevenção e
Mendonça, L. H. F. / UFSCar; Luana Alves Correa promoção em saúde correntes com os preceitos do
/ Correa, L. A. / UFSCar; Renan Aparecido Reis / SUS e do ECA para adolescentes e jovens.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 227
DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA CONSTRUÇÃO DA preciso conhecer o território, os serviços, identificar
REDE DE CUIDADOS DA PESSOA IDOSA as demandas, estabelecer fluxos e dar continuidade
Nidia Paula Vicente / Vicente, Nídia Paula / Ins- aos encaminhamentos. Os serviços devem estar in-
tituto de Responsabilidade Social Sírio Libanês; tegrados e disponíveis para compartilhar e agregar
Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R / Insti- saberes, visto as dificuldades que já nos deparamos
tuto de Responsabilidade Social Sírio Libanês; com as limitações de cada área de atuação, seja esta,
Caracterização do problema: Na região central do na saúde ou na assistência social.
município de São Paulo, existe vasta rede de servi-
ços para atender a população na sua diversidade de DIÁLOGO-AÇÃO EM REDES DE ATENÇÃO: ACU-
demandas. Observa-se muitas vezes que não há apro- MULAÇÃO COMPULSIVA: DESCONSTRUINDO
veitamento pela falta de articulação entre si, assim PRECONCEITOS E CONSTRUINDO POLÍTICAS PÚ-
a população, ao invés de se beneficiar dos serviços, BLICAS DE SAÚDE NA REGIÃO DE VILA MARIA/
assume o papel de comunicador entre a rede. Descri- VILA GUILHERME, CIDADE DE SÃO PAULO/SP
ção: A equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família Regina Maria Faria Gomes / Gomes, Regina M.
(NASF) que apoia nove equipes de Estratégia Saúde F. / 2. Supervisão Técnica de Saúde Vila Maria/
da Família (ESF) e uma equipe de Consultório na rua, Guilherme, Secretaria Municipal de Saúde de São
na região central recebe demanda importante rela- Paulo/SP; Adriana Maria Lopes Vieira / Vieira,
cionada às questões de saúde mental e de atenção ao Adriana M. L. / 1. Supervisão de Vigilância em
idoso. O serviço social do NASF no período de março Saúde Vila Maria/Guilherme (SUVIS VM/VG),
a junho de 2015, recebeu casos complexos. Na quase Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo/SP;
totalidade foi necessária ação com a rede interseto- Elaine Herrero / Herrero, Elaine / 2. Supervisão
rial, o que significou articulação da Atenção Básica Técnica de Saúde Vila Maria/Guilherme, Secreta-
com a saúde em programas específicos, Programa de ria Municipal de Saúde de São Paulo/SP; Maria
Acompanhante de Idosos (PAI), Unidade de Referên- Lucia Saloti / Saloti, Maria L. / 5. NASF – Núcleos
cia à saúde do idoso (URSI), com a assistência social; de Apoio à Saúde da Família – UBS Parque Novo
Centro de Referência Especializado da Assistência Mundo I e II – OSS/ SPDM; Silvana Reis Vicentin /
Social (CREAS), Centro de Referência da Assistên- Vicentin, Silvana R. / Supervisão Técnica de Saúde
cia Social (CRAS), Serviço de Assistência Social às Vila Maria/Guilherme, Secretaria Municipal de
Famílias (SASF), programa de inclusão à segurança Saúde de São Paulo/SP; Susana Barbosa da Silva
alimentar e Ministério Público junto à Promotoria / Silva, Susana B / Supervisão de Vigilância em
do Idoso. A ausência dessa ação inviabilizaria qual- Saúde Vila Maria/Guilherme (SUVIS VM/VG),
quer intervenção que resultasse em ganho para o Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo/SP;;
idoso. Entretanto, encontramos ainda dificuldades Sueli Cândida Maciel / Maciel, Sueli C. / Centro
nesta articulação, e estas se apresentam na descon- de Controle de Zoonoses, Secretaria Municipal de
tinuidade de acompanhamento ou continuidade de Saúde de São Paulo/SP; Rafael Rodrigo de Lima
diálogo entre os serviços. O cuidado do idoso deve Santos / Santos, Rafael R.L. / Centro de Referên-
dar-se de modo integral, com a substituição do cia Especializado de Assistência Social (CREAS),
modelo biomédico pelo funcional com interlocução Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvi-
intersetorial. Aí está o desafio do serviço social na mento Social;
saúde: desconstruir este paradigma, ou seja, sensi- Disposofobia, transtorno de acumulação compulsiva
bilizar as equipes que o idoso não é uma caixa com ou Síndrome de Diógenes são os termos que definem
compartilhamentos”, mas um sujeito em sua relação a condição patológica caracterizada por compulsiva
com a família e sociedade. Lições aprendidas: Já exis- aquisição e acumulação de objetos e incapacidade
tem reuniões, há uma articulação entre os serviços, para descartar coisas, mesmo que os itens não te-
mas é preciso avançar. É imprescindível definir um nham utilidade, sejam insalubres ou perigosos e/ou
profissional que se responsabilize pela gestão do acumulação de animais. Este é um tema complexo
cuidado de forma abrangente e contínua para tal é para a Saúde Pública. Pesquisadores estabeleceram

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 228
correlações significativas entre o abuso de animais, Faculdade de Saúde Pública/USP; Denise Eugenia
negligência e abuso de crianças, idosos e outras Pereira Coelho / COELHO, D.E.P. / Faculdade de
formas de violência Objetivo: Conscientizar sobre Saúde Pública/USP; Mariana Tarricone Garcia /
a necessidade do diálogo e atenção compartilhada, Garcia, M.T. / Faculdade de Saúde Pública/USP;
visando ao acolhimento e à inclusão social da pessoa Marcia Fernanda de Souza Salandini / SALANDI-
com transtorno de acumulação sujeita a multivulne- NI, M.F.S. / Faculdade de Saúde Pública/USP; He-
rabilidades (ambiental, social, habitacional, física, lena Akemi Wada Watanabe / Watanabe, H.A.W. /
mental, legal) e Fortalecer a rede intersetorial de Faculdade de Saúde Pública/USP; Natalia Gebrim
cuidado às pessoas com transtornos de acumulação. Doria / Doria, N.G. / Faculdade de Saúde Pública/
Método: Reuniões mensais de Integração dos setores USP; Vanessa L. C. de Medeiros / Medeiros, V.L.C.
de atenção e de vigilância em saúde, controle de zoo- / Faculdade de Saúde Pública/USP; Natalia P.
noses, assistência e desenvolvimento social, limpeza Zuccon / Zuccon, N.P. / Faculdade de Saúde Públi-
urbana, Verde e Meio Ambiente, conselho gestor. ca/USP; Beatriz F. Mei / Mei, B.F. / Faculdade de
Resultado: Padronização de fluxos, protocolos, entre Saúde Pública/USP; Veronica Garcia de Medeiros
outros para estimular a suspeita e a notificação; / Medeiros, V.G. / Faculdade de Saúde Pública/
matriciamento dos casos, plano de ação interseto- USP; Jéssica V. Franco / Franco, J.V. / Universidade
rial e o I Seminário Acumulação Compulsiva: Des- Paulista (UNIP);
construindo Preconceitos e Construindo Políticas O Documentário Saindo da Caixinha”, produzido por
Públicas de Saúde com participação efetiva de 537 Adolfo Borges, é resultado de uma investigação rea-
profissionais de diversas secretarias Municipais de lizada pelo Grupo de Pesquisa Promoção da Saúde
vários Estados do Brasil (Saúde, Assistência Social, e Segurança Alimentar e Nutrucional” da FSP/USP
Limpeza Urbana, Meio Ambiente, Justiça, entre no município de Embu das Artes durante o período
outras), com 8 trabalhos apresentados, bem como a compreendido entre 2012 e 2014, sendo um produto
mostra de trabalhos artesanais feitos com material do projeto FAPESP 20112011/23187-3 intitulado
reciclável. Conclusão: A organização de uma rede de “Agricultura Urbana e Segurança Alimentar e
de cuidados e de protocolos, que propicie a Atenção Nutricional no Município de Embu das Artes”. Por
Integral em Saúde às pessoas com transtornos de meio de histórias de vida e depoimentos de técnicos
acumulação, é indispensável para a resolutividade e especialistas de diversas áreas do conhecimento,
desta problemática. Referências:1. São Paulo (Cida- o documentário aborda a temática da agricultura
de). Coordenadoria da Atenção Básica e Coordenado- urbana com foco nos benefícios que uma horta co-
ria Regional de Saúde Norte. Documento Norteador munitária pode trazer para escolas, comunidades e
para Atenção a Pessoas em Situação de Violência, espaços de socialização, demonstrando resultados
2010.2. São Paulo (Cidade). Secretaria Municipal da na vida e na saúde das pessoas envolvidas. Além de
Saúde. Sistema de Informação para a Vigilância de professores e diretores de escolas e universidades,
Violências e Acidentes – SIVVA. Manual de Preen- três personagens foram entrevistados: um usuário
chimento Ficha de Notificação de Casos Suspeitos de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), uma
ou Confirmados, 2007. . Arkow P., coordinator of professora de educação infantil e uma professora
the National Link Coalition, comunicação verbal. de horta do ensino fundamental marcando a impor-
São Paulo: Seminário Internacional: O Elo entre o tância das ações intersetoriais. O estilo de vida nas
Abuso Animal e a Violência Humana em 30 e 31 de metrópoles deixa as pessoas consumistas, isoladas
julho de 2013. e sedentárias. Nesta produção audiovisual, as hortas
urbanas aparecem como uma boa alternativa para
DOCUMENTÁRIO SAINDO DA CAIXINHA sair do piloto automático” e buscar novas alternativa
Silvana Maria Ribeiro / Ribeiro, S.M. / Faculdade para vida pessoal e profissional. O documentário
de Saúde Pública/USP; Cláudia Maria Bógus / acompanha ações em hortas escolares e comunitá-
Bógus, C.M. / Faculdade de Saúde Pública/USP; rias no município de Embu das Artes, na grande São
Christiane Gasparini Araújo Costa / Costa, C.G.A. / Paulo, demonstrando os benefícios psicossociais, a

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 229
promoção da saúde e a qualidade de vida intrínsecos Introdução: A realização deste estudo tem como
nesta atividade a partir do empoderamento indivi- finalidade contribuir para a ampliação ao acesso
dual e coletivo. da população usuária do Sistema Único de Saúde
(SUS), ao exame cardiológico de Eletrocardiograma
EDUCAÇÃO EM SAÚDE: AÇÃO GERADORA DE (ECG) com laudo. As Unidades Básicas de Saúde
INTERSETORIALIDADE (UBS) são responsáveis pelas primeiras demandas
Jean Lucas Campos dos Anjos / MACIEL, K.de F. / para o controle e prevenção das Doenças Crônicas
PUC-SP; Não Transmissíveis (DCNT). As recomendações que
Este é um relato de experiência de graduandos do constam nos Caderno de Atenção aos pacientes por-
primeiro ano do curso de Enfermagem da Pontifícia tadores de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e
Universidade Católica de São Paulo como parte do nos Parâmetros de Programação das Ações de Saúde
módulo O ser humano inserido na sociedade e o pro- (PPGAS) preveem a realização do exame de ECG para
cesso saúde doença”. Teve como objetivo descrever a a classificação de risco cardiovascular. A realização
práxis sobre a Intervenção desenvolvida na Pastoral do ECG com laudo através do sistema de Tele-ECG do
do Menor com os Jovens do Projeto Jovem Cidadão Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia do Estado
de um bairro da periferia de Sorocaba. O diagnós- de São Paulo no Ambulatório da Várzea do Carmo
da Secretaria do Estado de São Paulo fortalece a
tico da realidade revelou alto índice de gravidez na
assistência prestada pela UBS ou ESF dos pacientes
adolescência, criminalidade elevada, desmotivação
sejam estes com o diagnóstico de DCNT ou ainda nas
para o estudo e inadequação nas formas de buscar
ações de prevenção. Objetivo: Construir um manual
solução para esses problemas via intersetorialidade.
online de orientação sobre o a utilização do Tele-ECG
Participaram da intervenção jovens com idade de 14
na Atenção Primária de Saúde (APS) do SUS. Método:
a 17 anos, inseridos no ensino fundamental e médio.
Através da pesquisa qualitativa de abordagem des-
Foi realizada uma dinâmica problematizadora pau-
critiva e exploratória, retrospectiva, que analisará
tada nos princípios da educação popular de Paulo
o tempo em dias entre a solicitação médica através
Freire com o intuito de favorecer a sensibilização
da Ficha do Serviço de Atendimento Diagnóstico e
e a reflexão sobre a importância dos estudos como
Terapias (SADT) solicitando o exame de ECG com
porta de entrada para o mundo do trabalho e para
laudo dos pacientes da Rede de APS do SUS e a sua
realização pessoal. Foi realizada uma análise qua-
realização deste através do sistema de Tele-ECG em
litativa dos dados a partir dos diálogos. Concluiu-se
uma unidade especializada. Resultados: Através do
que a dinâmica permitiu a interação entre os jovens,
levantamento dos documentos Ficha de Atendimen-
a troca de conhecimentos, assim como mostrou que,
to (FA), SADT e banco de dados do sistema de Tele-
quando estimulados, esses jovens podem entender
-ECG serão analisados as características da popula-
a continuidade dos estudos e desenhar novos cami-
ção e subsidiar a construção do manual. Conclusão:
nhos para a vida. A intervenção também foi efetiva
Disponibilizar para o profissional da saúde acesso
como forma de estimular o diálogo entre a Pastoral
sobre o conhecimento técnico do ECG tanto sobre a
do Menor e as Escolas do bairro valorizando a inter-
técnica adequada para a sua realização quanto sobre
setorialidade. Palavras-chave: educação em saúde,
o registro do ritmo cardíaco normal e os principais
ação intersetorial, enfermagem.
itens que constam no laudo médico este procedi-
mento. Serão analisadas as formas inovadoras para
ELETROCARDIOGRAMA: SISTEMA TELE-ECG CON- efetivar melhor o acesso do ECG com laudo na assis-
TRIBUIÇÃO À SAÚDE PÚBLICA E BENEFÍCIOS NA tência continuada do cuidado integral ao paciente,
AVALIAÇÃO CARDIOLÓGICA tornando a realização deste procedimento funda-
Selma Rossi Gentil / Gentil,S.R. / Universidade de mental na área da cardiologia e de fácil acesso ao
São Paulo; Lislaine Aparecida Fracolli / Fracolli L cidadão, registrando esta experiência da Cidade de
A / Universidade de São Paulo; São Paulo uma tecnologia a ser explorada por outras

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 230
localidades do Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Técnicas FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE
de Diagnóstico Cardiovascular, Atenção Primária, (APS): DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE IMPLAN-
Eletrocardiografia, Diagnóstico, Doenças Crônicas, TAÇÃO DE NOVOS FLUXOS A FISIOTERAPIA NO
Assistência de Enfermagem, Gestão Publica. CENTRO DE SAÚDE ESCOLA BARRA FUNDA – ALE-
XANDRE VRANJAC
EXPERIÊNCIAS INICIAIS DO PROGRAMA SÃO PAU-
Rafael Rodrigo Silva de Souza / Souza, R.R.S. /
LO PELA PRIMEIRÍSSIMA INFÂNCIA NO MUNICÍPIO Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São
DE PORTO FERREIRA: OLHARES DA ARTICULAÇÃO Paulo - ISCMSP; Cleberson Barbosa de Oliveira /
Marcos Felipe Chiaretto / CHIARETTO, M. F. / Oliveira, C.B. / Irmandade da Santa Casa de Mise-
Prefeitura Municipal de Porto Ferreira; ricórdia de São Paulo - ISCMSP;
O programa São Paulo Pela Primeiríssima Infância Caracterização do Problema A dificuldade de aces-
foi idealizado pela Fundação Maria Cecília Souto so ao profissional de fisioterapia na APS gera um
Vidigal, criada em 1965 pelo banqueiro Gastão Edu- impacto incalculável a população, visto que só se
ardo de Bueno Vidigal e sua esposa, Maria Cecília beneficiarão dos conhecimentos deste profissional
Souto Vidigal, após o falecimento, aos 13 anos de quando as sequelas da doença já estiverem instala-
idade, da filha caçula do casal, Maria Cecília, vítima das ou quando os cidadãos contam com subsídios
de leucemia. Depois de atuar por quase 40 anos na municipais isolados. Diferente de outras Unidades
área de hematologia e hemoterapia, a Fundação Básicas de Saúde, o Centro de Saúde Escola Barra
redefiniu seu foco e atualmente se dedica também à Funda – Alexandre Vranjac” integra em seu corpo
promoção do desenvolvimento da primeira infância. clínico dois fisioterapeutas próprios do serviço,
No mês de Maio de 2015, o psicólogo Marcos Felipe onde a implantação destes profissionais teve como
Chiaretto assumiu o convite do Departamento de desafio a criação de novos acessos e referencias
Saúde para assumir a articulação do projeto em matriciais para as equipes de Estratégia Saúde da
Porto Ferreira, um município do interior paulista, Família e o atendimento da demanda reprimida da
com pouco mais de 54 mil habitantes. Através de unidade. Descrição A Implantação dos 2 Fisiotera-
oficinas de formação regionais, profissionais dos peutas no CSEBF-AV ocorreu em 3 ações. A primeira
três setores (Educação, Saúde e Promoção Social) ação foi implantar um fluxo de atendimento da de-
capacitam-se e, após isso, realizam no município de manda reprimida da fisioterapia. A lista de espera
origem a Reedição do que foi aprendido na oficina da unidade chegava a mais de 380 pacientes para
inicial. O programa tem vários objetivos gerais, serem encaminhados e tratados nas referências
como estimular e desenvolver governança local técnicas da região. Para isso foi criado um fluxo
para construir políticas públicas integradas, que de triagem dos pacientes da lista e foram divididos
priorizem a promoção do desenvolvimento infantil em 3 grupos: Atendimento na própria UBS; Enca-
garantindo uma prática sustentável e de qualidade; minhamento para a Referência; Agendamento de
qualificar o atendimento das gestantes e crianças Visita Domiciliar. A segunda ação foi caracterizar
de zero a três anos nos serviços de Saúde, Educação os grupos de atendimentos na unidade de acordo
Infantil e Desenvolvimento Social; mobilizar e sen- com a triagem realizada anteriormente. As queixas
sibilizar as comunidades locais para a importância de dores musculoesqueléticas foram prevalentes
da atenção à Primeira Infância e, por fim, avaliar, durante as triagens e desta forma os pacientes foram
sistematizar e disseminar o conhecimento gerado divididos de acordo com suas queixas. Formaram-
durante a experiência para a aplicação, em escala, -se 3 grupos de atendimentos: Grupo de Coluna,
por outros municípios. Pode-se notar que, até o Ombro e Joelho. Com critérios de inclusão de Dor
presente momento, é preciso ampliar e aplicar os Crônica a mais de 3 semanas, sem historia previa
conhecimentos da gestação até os seis anos de idade de cirurgia no segmento da queixa e disponibilidade
no município. de locomoção até a UBS. A terceira ação foi realizar

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 231
um perfil epidemiológico dos moradores da área de das de acordo com as limitações dos participantes.
abrangência das equipes de ESF, que serviu para Diante dos objetivos propôs-se as seguintes ativi-
traçar os critérios de atendimentos domiciliares dades: - Educação em saúde, com orientações sobre
aos pacientes idosos e ou com mobilidade física as principais doenças crônicas; -Atividades físicas,
reduzida. Lições Aprendidas e Recomendações A lúdicas e recreativas, dentre outros; - Realização
atuação do fisioterapeuta com foco na prevenção de de práticas Integrativas e Complementares como a
doenças e promoção de saúde vem sendo exploradas técnica de automassagem (DO-IN); - Oficinas e rodas
pouco a pouco num processo de desenvolvimento de conversas. LIÇÕES APRENDIDAS: O trabalho
de condutas amplas e inovadoras. É de extrema im- interdisciplinar entre os integrantes dos cursos de
portância a consciência dos gestores das UBS e das Educação Física, Enfermagem e Psicologia inicial-
Secretárias Municipais e Estaduais de Saúde que mente apresentou-se como um desafio, contudo foi
a incorporação do Fisioterapeuta fixo na APS pode essencial para o desenvolvimento das atividades e
aprimorar as ações de promoção a saúde, prevenção realização de um trabalho que atendesse as neces-
de doenças e qualidade de vida da população, alem sidades dos idosos do grupo. O projeto fortaleceu
de contribuir na pesquisa e ensino acadêmico dos nos discentes a vontade de melhorar, de se capaci-
futuros profissionais da saúde. tar para atender a esta faixa etária populacional,
que possui suas particularidades e singularidades.
FORMAÇÃO DE UM GRUPO DE CONVIVÊNCIA Teve-se uma dificuldade em relação a assiduidade
PARA IDOSOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA dos participantes, devido à falta de adesão. Em
Renata Ohana Pereira dos Santos / Santos, R.O.P. / contrapartida, fez-se necessário sistematizar no-
Universidade Federal de Goias - Regional Catalão; vas perspectivas, para aumentar a cooperatividade
Caliope Pilger / Pilger, C. / Universidade Federal grupal e maximizar a nossa criatividade e formação
de Goias - Regional Catalão; Nunila Ferreira Olivei- pessoal e profissional. RECOMENDAÇÕES: Ativida-
ra / Oliveira, N.F. / Universidade Federal de Goias - de extensionista representa um espaço de troca e
Regional Catalão; Lana Ferreira Lima / Lima, L.F. / interação entre saberes que envolvem a sociedade,
Universidade Federal de Goias - Regional Catalão; acadêmicos e professores. Além de representar um
Emilse Terezinha Naves / Naves, E.T. / Universida- estímulo para continuar a promover atividades em
de Federal de Goias - Regional Catalão; de grupo, visando a promoção da saúde, prevenção
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA O envelhecimen- de doenças, socialização e melhora da qualidade de
to é compreendido como processo natural, cronológi- vida da população idosa.
co, que possui suas especificidades e singularidades.
Com o propósito de atender os fatores que proporcio- GRUPO DE MULHERES NO MORRO: PROMOÇÃO
nam uma melhora da qualidade de vida dos idosos e DA SAÚDE E EMPODERAMENTO
que englobam o conceito de saúde, propôs a realiza- Christiane Alves Abdala / ABDALA, C. A. / Pre-
ção de um projeto de extensão multidisciplinar com feitura de Santos; Isabela Sgavioli Massucato /
docentes e discentes dos cursos de Enfermagem, MASSUCATO, I. S. / UNIFESP - BS; Vinícius Gomes
Psicologia e Educação Física. Este projeto teve como Pestana / PESTANA, V. G. / Prefeitura de Santos;
intuito promover a saúde e prevenir doenças, para Cynthia Aparecida Rodrigues Mondin / MONDIN,
que assim possa atender as necessidades desta faixa C. A. R. / Prefeitura de Santos;
etária e realizar um cuidado integral. DESCRIÇÃO: Caracterização do problema: O Morro Santa Maria,
O projeto foi desenvolvido em uma Estratégia Saúde no município de Santos, é um território de difícil
da Família (ESF) no município de Catalão-GO, desde acesso e alta vulnerabilidade. Com apenas um equi-
agosto de 2014. O público alvo foram os idosos ca- pamento público, o território não possui atividades
dastrados na ESF. Os encontros foram realizados para a população em geral, não há escolas, creches,
quinzenalmente e desenvolvidos por discentes dos praças, supermercados, parques etc. As mulheres
cursos supracitados, com supervisão das docentes. da comunidade permanecem na maioria, sem op-
As ações realizadas foram estruturadas e organiza- ções, cuidando da casa e dos filhos. Descrição: O

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 232
Grupo de Mulheres foi criado a partir da demanda Prefeitura Municipal de Monteiro Lobato; Juliana
da própria equipe de Saúde da Família (eSF), que Souza Santos de Barros / Barros, J.S.S. / prefeitura
percebeu grande necessidade em reunir algumas mnunicipal de monteiro lobato;
mulheres do território como forma de Promoção Introdução A Promoção da Saúde tem sido aponta-
da Saúde. Os encontros são semanais e temáticos, da como um eixo essencial na ESF. A educação em
aproximadamente 10 mulheres participam. O saúde por meio de Grupos de Educação em Saúde
grupo tem como referência profissionais do NASF, pode ser considerada uma prática positiva a ser
estagiárias de Psicologia e Nutrição, e ACS da eSF. integrada aos cuidados de saúde uma vez que não
Lições aprendidas: No início, houve pouca adesão ao só veicula informações, mas sugere alternativas
grupo. Percebemos a necessidade da divulgação da para a prevenção à doença e a Promoção da Saúde
programação de cada encontro, então começamos da comunidade. No município de Monteiro Lobato
a entregar folhetos com a programação mensal são realizados mensalmente, grupos de educação
do grupo, tanto para novos convites quanto para em saúde, com os temas, saúde da criança, saúde
aquelas que já participavam. Conforme demanda da mulher, grupos de hiperdia e saúde da gestante.
e sugestões trazidas pelas próprias participantes, E grupos esporádicos de adolescente e tabagismo.
demos preferência para atividades práticas como Objetivo A formação dos grupos no município teve
oficinas de artesanato, dança e culinária, troca de como principal objetivo alcançar um modelo assis-
receitas e passeios ao ar livre. O retorno foi muito tencial de saúde que tenha como foco o cuidado à
positivo e mais mulheres passaram a participar. A saúde da população com ações que extrapolem a
realização de atividades mais concretas, para este prática curativista. Nas ações são destacadas a im-
grupo, foi um facilitador no desenvolvimento do vín- portância de se ter a saúde como um dos elementos
culo e no acesso a conteúdos subjetivos, conflitos e da cidadania, como um direito das pessoas que vai
dificuldades do dia a dia que podem ser trabalhados além da perspectiva de curar e evitar doenças, e sim
com sutileza e cuidado. Importante destacar que, de ter uma vida saudável. Metodologia Trata-se de
como a Unidade de Saúde ainda está em construção, ações de educação em saúde através de grupos que
apesar da eSF já trabalhar no território há 09 anos, vem sendo implantadas desde o início do ano de
o grupo é realizado no único equipamento público 2012, visto a necessidade de intensificar a participa-
que existe no território, um Centro de Convivência, ção dos usuários na atenção Os grupos são mensais
da Secretaria de Assistência Social, voltado para com a participação da equipe multidisciplinar que
ações com crianças e adolescentes. A princípio, a conta com enfermeiro, acs, nutricionista, dentista,
falta de espaço foi encarada como uma dificuldade medico, preparador físico, psicólogo e auxiliar de
pela eSF, mas com o andamento do grupo perce- enfermagem. As atividades são realizadas na sala
bemos que essa dificuldade transformou-se num de espera da ESF e na zona rural. Os temas são es-
grande potencializador para o trabalho intersetorial colhidos de acordo com o grupo, e embasados nos
e intergeracional com trocas importantes entre as cadernos de atenção básica do MS. Resultado Desde
populações atendidas e os profissionais dos ser- a instituição dos grupos na ESF tem-se notado uma
viços. Recomendações: É importante que o grupo melhora no controle e no prognostico dos participan-
se fortaleça a cada encontro. Para isso, enquanto tes. É possível também identificar uma participação
facilitadores, precisamos estar sempre atentos às cooperativa dos membros e um aumento da capaci-
demandas do grupo e à sua dinâmica. Planejar as dade de desenvolvimento da autonomia, já que, os
atividades antecipadamente, procurar entender a conhecimentos transmitidos ampliam a habilidade
singularidade do grupo e manter a rotina dos en- dos participantes de fazer escolhas saudáveis. Con-
contros são medidas imprescindíveis. clusão São de grande impacto benefícios trazidos
à saúde através do conhecimento transmitidos
GRUPOS DE PROMOÇÃO DE SAÚDE NO MUNICÍPIO nos GPS, já que são importantes recursos técnicos
DE MONTEIRO LOBATO que auxiliam a construção e aperfeiçoamento de
Claudia Alves Andrade de Assis / Assis, C.A.A / serviços associados ao conceito positivo de saúde.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 233
Cabe aos profissionais de saúde, por meio da cons- Promoção da Saúde é uma das principais ações de
trução de práticas planejadas e engajadas, buscar enfrentamento da violência e que merece ser mais
incorporar os referenciais da saúde coletiva e da estimulada.
educação popular em saúde, para a construção de
práticas que conciliem as necessidades de saúde e INTERFACE ENTRE O DISCURSO E PRÁTICA DOS
as orientações capazes de produzir impactos sobre PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FA-
a saúde da população. MILIA SOBRE O ENFRENTAMENTO DOS DETERMI-
NANTES SOCIAIS DE SAÚDE
IMPLANTAÇÃO DO NÚCLEO INTERSETORIAL DE Thamires Lunguinho Cavalcante / Cavalcante, T.
PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA E PROMOÇÃO DA L. / Faculdade Leão Sampaio; Marco Akerman /
CULTURA DA PAZ Akerman, M. / Faculdade de Saúde Pública - USP;
Bianca Santana Dutra / Dutra, B. S / UNIVERSI- Woneska Rodrigues Pinheiro / Pinheiro, W. R. /
DADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Marta Maria Faculdade Leão Sampaio e Faculdade de Medicina
Alves da Silva / Silva, M. A. S / Ministério da Saú- do ABC;
de; Elza Machado de Melo / Melo, E. M. / UNIVER- INTRODUÇÃO: Os Determinantes Sociais de Saú-
SIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Ana Lúcia de (DSS) são definidos como uma rede de fatores
de Paula Dornas Nacif / Nacif, A. L. P. D / Superin- relacionados às condições sociais de uma comuni-
tendência Regional de Saúde de Sete Lagoas; dade que tem capacidade de condicionar situações
Trata-se de um projeto elaborado pela equipe do mu- de saúde e doença. Os profissionais de saúde que
nicípio de Sete Lagoas articulado juntamente com a trabalham na Atenção Primária a Saúde, por meio
Secretaria de Estado (SRS - Sete Lagoas) que visa a da Estratégia de Saúde da Família (ESF), são os
efetivação de parcerias e contempla a concretização geradores das ações que devem ampliar o plano
de trabalho interinstitucional integrado entre si e assistencial para as necessidades sociais de sua
aos demais setores governamentais e não governa- comunidade, como forma de promover saúde e equi-
mentais que o fenômeno da violência exige para dade nos seus sistemas. OBJETIVO: O estudo teve
ser enfrentado, minimizado e superado. A proposta como objetivo principal a verificação do discurso
do núcleo é estudar, discutir e analisar a situação e da prática dos profissionais atuantes na ESF em
da violência no município de forma conjunta e relação aos determinantes sociais de saúde e seu
integrada elaborar um plano de ação transversal enfrentamento. METODOLOGIA: Este é um estudo
sustentável – traçar medidas e estratégias eficazes exploratório, transversal, de natureza qualitativa. A
de promoção da saúde, prevenção da violência e pesquisa foi realizada com profissionais atuantes
promoção da cultura da paz. Apresentar e trazer a nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município
experiência do estudo, planejamento e Implantação de Juazeiro do Norte-CE. Os dados foram coletados
de um Núcleo interinstitucional inovador de Preven- através de uma entrevista semi estruturada dire-
ção da Violência e Cultura da paz de um município cionada aos participantes, e analisados por meio
de Minas Gerais constitui e caracteriza o nosso da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). O
objetivo. Criamos um espaço de discussão - reuniões estudo foi aceito pelo Comitê de Ética e Pesquisa,
mensais com a participação de conselhos tutelares, através do Parecer Consubstanciado da CEP núme-
saúde, educação, assistência social, segurança pú- ro 1.056.826 com data de relatoria de 19/04/2015.
blica, e outros, para estimular, favorecer, fortalecer e RESULTADO E CONCLUSÃO: Participaram deste
potencializar a articulação, o diálogo entre os diver- estudo 15 profissionais, dentre eles médicos, en-
sos setores e instituições visando desenvolver com- fermeiros e dentistas. Foi possível inferir que os
petências e incorporar dispositivos, instrumentos, profissionais possuem um conceito de DSS que não
meios e formas de consolidar a prática de políticas se distancia daquele apresentado na literatura, como
e ações integradas. Percebe-se um processo gradu- também possuem um entendimento sólido sobre
al e necessário em que a sensibilização dos atores a influência dos fatores sociais nos problemas de
envolvidos é um grande desafio. Acreditamos que a saúde de sua comunidade. Quando questionados

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 234
sobre a integração entre a equipe, foi detectado que territórios das referidas mulheres. O mapeamento
algumas possuem uma integração positiva quanto foi realizado de acordo com o endereço das mulheres
ao enfrentamento do DSS, em contraste com outras contido nos boletins de ocorrência, os quais foram
que relataram ausência de integração. Foi destacado distribuídos de acordo com a área de abrangência das
o uso da educação em saúde através de palestras UBS/USF e dos CRAS para territorialização desses
e campanhas como forma de enfrentamento mais locais. Resultados: Foram analisados até o momento
utilizada pela equipe. Os DSS mais apontados na 520 boletins de ocorrência com média de 40 casos
realidade da comunidade foram àqueles relaciona- mensais. A construção do mapa da violência contra
dos a aspectos individuais, como idade e hábitos a mulher e a identificação das peculiaridades de
alimentares, e aqueles de mais amplitude, como cada território, possibilitará a visibilidade dos casos
renda, desemprego, violência, ausência de meca- de violência considerando as vulnerabilidades do
nismos de socialização e ausência de saneamento território, bem como o reconhecimento do conteúdo
básico. Conclui-se que a os profissionais possuem social, econômico, politico e cultural que envolve
um conhecimento satisfatório sobre a temática, po- as famílias em seus territórios, a relação entre as
rem suas práticas de enfrentamento são de alcance famílias e os serviços de saúde e assistência social.
apenas á nível de determinantes individuais, além Conclusão: O mapeamento dos casos de violência
de existirem equipes que não realizam integração contra a mulher, e a análise da influência do territó-
para realizar tal atividade. rio na produção da violência, podem subsidiar ações
intersetoriais que considerem a construção histórica
MAPEAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER dos bairros e suas vulnerabilidades, auxiliando no
EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR PAULISTA enfrentamento da violência e na elaboração de poli-
Andrea Silveira Machado Pierine / Pierine, A.S.M ticas públicas que promovam a saúde e qualidade de
/ Programa de Pós Graduação em Saúde Coleti- vida dessas mulheres.
va – FMB/UNESP de Botucatu; Dinair Ferreira
Machado / Machado, D.F / Departamento de Saúde O ACESSO AOS DIREITOS SOCIAIS COMO FORMA
Pública – FMB/UNESP de Botucatu; Margareth DE PROMOÇÃO A SAÚDE
Aparecida Santini de Almeida / Almeida, M.A.S / Betania Furtado Serra / Serra, B.F / Hospital Fede-
Departamento de Saúde Pública – FMB/UNESP de ral da Lagoa/ UERJ;
Botucatu.; Elen Rose Lodeiro Castanheira / Cas- Introdução Esse trabalho é fruto do Curso de Espe-
tanheira, E.R.L / Departamento de Saúde Pública cialização em Serviço Social e Saúde. Compreen-
– FMB/UNESP de Botucatu; dendo o processo saúde/doença sob a perspectiva
Introdução: A apreensão do fenômeno da violência dos direitos sociais e a concepção de cidadania
contra a mulher pode ser tratado sob diferentes relacionando o acesso aos direitos sociais como
enfoques, um deles se refere ao papel do território forma de promoção da saúde. Analisou-se em que
no processo de produção e reprodução da violência, condições o ingresso no serviço se saúde se dá. Ob-
sendo este o local onde as relações sociais acontecem. jetivo Compreender o Acesso aos Direitos Sociais
Conhecer o território pode auxiliar na compreensão enquanto condição para a Promoção de Saúde. Iden-
da história de vida das mulheres e na influência que tificar a percepção que os usuários têm sobre seus
o espaço exerce no ciclo de violência. Objetivos: Cons- direitos. Metodologia Entrevista semi estruturada
truir o mapa da violência contra a mulher a partir com vinte usuários da clínica de cirurgia vascular,
dos boletins de ocorrências lavrados na Delegacia de onde foi avaliada a percepção que os usuários têm
Defesa da Mulher de um município do interior pau- sobre seus direitos e a relação do acesso com a pro-
lista. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo que moção da saúde. Resultados Sobre o conhecimento
mapeou por meio dos boletins de ocorrência lavra- dos direitos sociais foi notória a dificuldade que
dos por mulheres que sofreram violência de gênero os entrevistados tiveram em responder sobre esse
perpetrada por parceiro íntimo no período de abril tema. Os direitos mais citados estão relacionados à
de 2013 a abril de 2014 os endereços e respectivos condição de saúde e doença, sendo o modelo médico

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 235
curativo prevalecente. Os dados revelaram que a atenção básica à saúde. Método: pesquisa qualita-
falta de conhecimento impede o acesso e a busca tiva do tipo descritivo e exploratório. Utilizou-se
pela concretização de direitos. A identificação da entrevista semiestruturada como técnica de coleta
saúde com práticas médicas ainda é muito presen- de dados com dez articuladores da atenção básica.
te. A análise das informações coletadas explicita Adotou-se a técnica de análise de conteúdo para a
a falta de compreensão que os usuários têm sobre análise dos dados na modalidade categorial temáti-
seus direitos de cidadão, o que reflete a construção ca. Resultados: da análise dos dados emergiram três
histórica da cidadania no Brasil, onde os serviços e categorias temáticas. Na primeira, Dificuldades no
benefícios sociais sempre foram concebidos como desenvolvimento de ações de saúde coletiva e formas
doação do Estado e não como parte do rol de direitos de enfrentá-las”, foram apontadas como dificulda-
dos cidadãos, ou seja, como benesse e não como di- des a inadequação do perfil dos profissionais e de
reito efetivo. Conclusão Os usuários demonstraram gestores, a inconstância das reuniões de equipe e
falta de compreensão sobre seus direitos e acabam as estratégias que os articuladores utilizam para
não se vendo como cidadão, se colocando de maneira superar tais dificuldades. Na segunda, Situações que
submissa. O trabalho com os usuários dos serviços possibilitam o desenvolvimento de ações de saúde
de saúde deve caminhar na direção de promover coletiva”, são descritos os contextos na atenção
a cidadania e a participação no controle social. básica que viabilizam a produção de ações de saúde
Buscando a interlocução da política de saúde com coletiva. A terceira categoria, Desafios apontados
as demais políticas sociais e setores da sociedade. pelos articuladores para o desenvolvimento de ações
A efetivação dos princípios da promoção da saúde de saúde coletiva”, relata as perspectivas e possibi-
será uma realidade a partir do momento em que os lidades para o avanço no desenvolvimento de ações
usuários conhecerem seus direitos e exigirem seu de saúde coletiva na atenção básica. Conclusão: os
cumprimento, não apenas ações médico-curativas, articuladores criam e utilizam diversas estratégias
mas também ações capazes de garantir o direito de para o enfrentamento das dificuldades encontradas
cidadania. Palavra Chave: Direitos Sociais, Integra- no contexto da atenção básica buscando aprimorar
lidade e Intersetorialidade e fortalecer a produção de ações de saúde coletiva
em cada município. Foram assinaladas propostas e
O DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES DE SAÚDE CO- alternativas para o fortalecimento das práticas em
LETIVA NA ATENÇÃO BÁSICA: PERSPECTIVA DE saúde coletiva, destacando-se a organização do tra-
ARTICULADORES balho por meio das linhas de cuidado e a educação
Lina Karina Bernal Ordoñez / Ordoñez, L.K.B. / permanente, bem como apontadas estratégias que
PPGEnf/UFSCar; Cássia Irene Spinelli Arantes / poderiam contribuir para o cumprimento do prin-
Arantes, C.I.S. / UFSCar; cípio da integralidade na atenção básica à saúde.
Introdução: a construção do Sistema Único de
Saúde no Brasil, pautado na integralidade da aten- O PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO COMUNITÁRIA
ção, vem demandando transformações no modo COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
de se produzir o cuidado em saúde. As equipes de Priscila Norié de Araujo / Araujo, P.N / Escola de
saúde da atenção básica têm se deparado com o Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Natália Cris-
desafio constante de desenvolver estratégias com tina Beneton / Beneton, N.C / Escola de Enferma-
vistas ao rompimento com o modelo tradicional da gem de Ribeirão Preto-USP; Karen da Silva Santos
assistência à saúde, focado nas ações curativas e / Santos, K.S / Escola de Enfermagem de Ribeirão
individuais, e a busca da construção de ações vol- Preto-USP; Silvia Matumoto / Matumoto, S / Esco-
tadas aos determinantes do processo saúde-doença la de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Cinira
de uma determinada população. Objetivo: analisar Magali Fortuna / Fortuna, C.M / Escola de Enfer-
a perspectiva de articuladores da atenção básica magem de Ribeirão Preto-USP; Fabiana Ribeiro
de uma região do estado de São Paulo com relação Santana / Santana, F.R / Escola de Enfermagem de
ao desenvolvimento de ações de saúde coletiva na Ribeirão Preto-USP;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 236
Introdução A realização de atividades físicas e estar relacionada a diversas questões, como ao fato
manutenção de hábitos saudáveis não são apenas de muitos terem relatado positivamente em estar
um problema individual e sim um problema social com outras pessoas, convivendo socialmente, o que
que depende de ações governamentais com estraté- converge contribuindo para a promoção de saúde.
gias de implantações de programas voltadas para
população. O Programa de Integração Comunitária OS VÍNCULOS NECESSÁRIOS PARA ATUAÇÃO
(PIC) foi criado pela Secretaria Municipal de Saú- QUALIFICADA DOS NÚCLEOS DE APOIO À SAÚDE
de da cidade de Ribeirão Preto, com o objetivo de DA FAMÍLIA (NASF)
desenvolver ações de promoção de saúde a fim de Milena Bezerra de Oliveira / Oliveira, M. B. / UECE;
favorecer mudanças no estilo de vida dos partici- Este texto resgata o trabalho desenvolvido por
pantes. Programas como este visam uma melhoria uma equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família
na qualidade de vida da população promovendo (NASF), tendo como função geral apoiar as ativi-
uma intervenção necessária. Objetivos Analisar a dades desenvolvidas pela Estratégia de Saúde da
contribuição do PIC como atividade de promoção Família (ESF) e pelo Programa de Saúde na Escola
da saúde na perspectiva de usuários e Identificar (PSE). O NASF atua com foco na Promoção da Saúde
e analisar as motivações dos participantes quanto (PS), baseado em ações com caráter interdiscipinar e
ao ingresso e a permanência no PIC. Métodos Rea- a intersetorial. Este é o relato de minha experiência
lizado estudo descritivo qualitativo com entrevista enquanto estagiária de Serviço Social no NASF, em
semiestruturada para coleta de dado a qual foi uma das regionais, na cidade de Fortaleza. Pretendo
gravada e transcrita. O trabalho teve aprovação do expor acerca da fragilização dos vínculos necessá-
CEP da EERP/USP em 2014. Utilizou-se a análise rios na Atenção Primária à Saúde (APS), compreen-
de conteúdo e o referencial teórico da Promoção da dendo que a Política da APS preconiza ações ligadas
Saúde. Resultados Além da maior prevalência do ao território e, por vezes, partindo das carências da
sexo feminino houve a prevalência de idosos acima população. Se, enquanto população, a forma como
de 60 anos no programa, o envelhecimento trata-se vivemos e as situações as quais somos submetidos
de um processo contínuo e progressivo de todos os influenciam diretamente nas nossas condições
processos fisiológicos, trazendo diversas alterações de saúde, mostra-se essencial que todos os profis-
no organismo desde alterações cardiovasculares sionais da ESF e do NASF conheçam e possam ser
até musculoesqueléticas. Se o idoso mantém um reconhecidos, nos equipamentos disponíveis nos ter-
estilo de vida ativo e saudável pode-se retardar es- ritórios e a dinâmica de vida das populações. Além
sas alterações que ocorrem no avançar da idade. Os disso, o vínculo garante a efetividade do princípio da
principais motivos para adesão em programas como longitudinalidade do cuidado. A fragilidade dos vín-
esse são a melhora de saúde e para manutenção, os culos com a comunidade repercute, principalmente,
participantes referem o bem estar, o que converge na dificuldade em executar ações. Constata-se como
com a presente investigação em que alguns partici- problemática para o estabelecimento de relações
pantes afirmam que o bem estar é essencial para per- os vínculos empregatícios. No caso em tela, resul-
manência, assim como os benefícios que o programa tado de seleção pública provisória com constantes
trouxe para os participantes, como perda de peso, ameaças de quebra de contrato, caracterizando a
melhora no estado de saúde, etc., foram fundamen- rotatividade de profissionais. Apresento também
tais para que os mesmos continuassem no programa. como dificuldade à resistência que profissionais
Conclusão Através desse estudo pode se demonstrar da equipe de ESF têm para compreender o trabalho
a importância do PIC para seus participantes bem desenvolvido no NASF e para realizar articulações
como a importância de programas dessa natureza entre as equipes, contribuindo para que não conhe-
e outros tipos relacionados como as academias ao çam o território por suas lentes, necessitando da
ar livre implantadas, para estimular as pessoas a observação dos Agentes Comunitários de Saúde.
procurarem formas para a promoção de sua saúde. Por isso, faz-se necessário entender as problemá-
A procura destes participantes ao programa pode ticas existentes nas comunidades. Além de firmar

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 237
parcerias com equipamentos e com lideranças, após Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou em uso de
nos espaços. Para isso, frequentemente, fala-se de sonda enteral, através de estratégias de educação
territorialização como ação primordial na APS. popular em saúde. O GOC NEURO é realizado em dois
Ainda existem muitas dificuldades e limites para a dias da semana, com abordagens multiprofissionais
execução desse trabalho, mas esses entraves estão diferentes divididas em apresentações das equipes:
além da vontade dos profissionais para a execução médica, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia,
das atividades. A ESF e o NASF deveriam ter iniciado farmácia, nutrição, psicologia, terapia ocupacional
uma reorientação dos serviços de saúde, caminhan- e serviço social e o GOTNE uma vez na semana pelas
do para um modelo essencialmente promotor de equipes de fonoaudiologia, farmácia, enfermagem e
saúde, com proposta de construção e reconstrução nutrição. No período de outubro de 2014 a fevereiro
diária de acordo com a influência local das pessoas de 2015 participaram dos grupos 61 trabalhadores
que estão nos determinados territórios e que fazem das ILPIs e destes 54% tiveram uma participação
desses locais espaços vivos. completa, estas consideradas como sendo a entra-
da nos dois dias do GOC Neuro e um dia no GOTNE
PARCERIAS INTERSETORIAIS: AS POSSIBILIDADES e 46% foram incompletas. Quanto à distribuição
DE PRODUÇÃO DO CUIDADO ENTRE SAÚDE E geral das profissões, 59% foram técnicos de enfer-
ASSISTÊNCIA SOCIAL magem, 25% cuidadores, 5% estagiários da área
Cleice Daiana Levorato / LEVORATO, C.D. / Hospi- da saúde seguidos de outras categorias, as quais
tal Estadual Américo Brasiliense; Marina Augus- juntas totalizaram 11%. É notória a dificuldade de
ta Cirino Ruocco / RUOCCO, M.A.C. / Hospital operacionalização das redes de produção de saúde,
Estadual Américo Brasiliense; Carolina Célia Tito contudo, parcerias simples que requerem a aber-
Garcia Selli / GARCIA SELLI, C.C.T. / Hospital tura do espaço favorecem uma interlocução entre
Estadual Américo Brasiliense; Carolina Braga da os equipamentos sociais, reduzindo as chances
Silva / SILVA, C.B. da / Hospital Estadual Américo de reinternação devido ao manejo inadequado de
Brasiliense; Jaqueline Aparecida Boni / BONI, J.A. sonda e prevenindo recorrências de AVC em idosos.
/ Hospital Estadual Américo Brasiliense; A ampliação de parcerias como esta, visando à efe-
O relato é resultado de uma parceria entre o Hospital tivação de políticas públicas e trabalhando a saúde
Estadual Américo Brasiliense (HEAB) e o Conselho dentro do contexto político e social que se depara
Municipal do Idoso de Araraquara (CMI) quanto à é de extrema importância para a consolidação do
participação de trabalhadores de duas Instituições princípio da integralidade em saúde.
de Longa Permanência para Idosos (ILPI), públi-
cas, em dois grupos de orientação à cuidadores PRÁTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ESTRA-
de pacientes hospitalizados no HEAB. Objetivos: TÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Integrar e instituir vínculo com os equipamentos Cássia Irene Spinelli Arantes / Arantes, C.I.S. /
sociais em torno do Hospital, além de atuar junto UFSCar; Cláudia Maria Bógus / Bógus, C.M. / FSP/
com a comunidade a promoção da saúde, baseado na USP;
multidisciplinariedade e a intersetorialidade. Com o A promoção da saúde tem sido referência no campo
envelhecimento há o aumento de doenças crônicas da saúde coletiva para a transformação das ações
e a possibilidade de dependência do idoso, levando- e melhoria das condições de vida e saúde das po-
-os, por vezes, à institucionalização. A solicitação pulações. No entanto, a construção e incorporação
de parceria ocorreu pelo CMI. Os grupos do HEAB de práticas voltadas à promoção da saúde ainda
foram o Grupo de Orientação aos Cuidadores de enfrentam muitas dificuldades nos serviços de
Pacientes em Reabilitação Neurológica (GOC NEU- atenção primária, configurando-se como mais um
RO) e o Grupo de Orientação de Terapia Nutricional desafio para o trabalho das equipes de saúde da fa-
Enteral Domiciliar (GOTNE), realizados semanal- mília. O objetivo deste estudo foi analisar as práticas
mente e que possuem como foco orientações para de promoção da saúde desenvolvidas na produção
os cuidados pós alta para pacientes em reabilitação do cuidado coletivo por uma equipe de saúde da

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 238
família de município do interior do estado de São Marquiori, L. V. M. / Fundação Municipal de Saúde
Paulo. O método utilizado foi o estudo de caso qua- de Rio Claro; Pollyanna Elizabeth Joanoni Pedro
litativo de caráter descritivo-analítico. Os sujeitos / Pedro, P. E. J. / Fundação Municipal de Saúde
do estudo foram treze trabalhadores da equipe de de Rio Claro; Larissa Baungartner Zeminian /
saúde da família e dois gestores da atenção básica Zeminian, L. B. / Fundação Municipal de Saúde de
do município. As fontes de dados utilizadas foram: Rio Claro;
conteúdo transcrito de quinze entrevistas indivi- Caracterização do problema: O Núcleo de Apoio
duais semiestruturadas, registros de observação à Saúde da Família (NASF) lançado pela portaria
sistemática e síntese de um grupo focal. Para análise 154/2008 surgiu para apoiar a Estratégia Saúde da
das informações coletadas foi utilizado o referencial Família (ESF) compartilhando práticas e saberes
da análise de conteúdo na modalidade temática. em saúde, auxiliando no manejo e resolução dos
Como resultados foram elaboradas três categorias problemas através da integração das equipes a partir
temáticas sobre promoção da saúde na atenção das necessidades, dificuldades ou dos limites das
primária. A primeira, Identificação de necessidades ESF. Rio Claro organiza sua Atenção Básica (AB)
e planejamento de ações voltadas ao território”, por meio de 4 Unidades Básicas de Saúde e 17 Equi-
mostra a relevância da visita domiciliária do Agente pes de Saúde da Família. Com a expansão da ESF
Comunitário de Saúde (ACS) e da reunião de equipe observou-se a necessidade de fortalecimento desta
no levantamento e atendimento às necessidades de e em 2014 resgatou-se o projeto para a implantação
saúde da população do território. Na segunda cate- do NASF (iniciado em 2009). Descrição: Em 2014
goria, Ações grupais na estratégia saúde da família”, foram convocadas via concurso público uma nutri-
são descritas práticas desenvolvidas nos trabalhos cionista e educadora física para compor o NASF. As
de grupo com populações específicas. Na terceira, mesmas iniciaram suas atividades revendo o projeto
são apresentados Elementos do processo de trabalho do NASF, com apoio de profissionais da AB. Foram
da equipe” que favorecem ou que limitam as práticas revistas portarias e resoluções e atualizados dados
de promoção da saúde. Analisou-se que a visita do- epidemiológicos. Nomeou-se uma enfermeira com
miciliária realizada pelo ACS é apontada como prin- larga experiência na ESF do município para atuar
cipal tecnologia de levantamento de necessidades, como coordenadora da equipe. Ela e a educadora
reforçando sua importância para conhecimento do física participaram de um curso de aperfeiçoamento
território. Ressaltou-se a necessidade de se ampliar em NASF promovido pela FIOCRUZ para qualificar
o olhar sobre o território, incorporando a visão dos sua atuação em Rio Claro. A equipe ampliou-se com a
diferentes trabalhadores da equipe. Novas práticas vinda de 1 assistente social, 1 terapeuta ocupacional
têm sido criadas e incorporadas às ações grupais na e 1 psicóloga. O projeto foi publicado no Diário Ofi-
saúde da família, visando a participação e o empode- cial do Estado de São Paulo nº 33 - DOE de 20/02/15 -
ramento das pessoas. A atuação dos profissionais de Poder Executivo Seção 1 - p.30 - Deliberação CIB-4, de
nível superior nos grupos educativos tem facilitado 19-2-2015. A equipe fez um trabalho de sensibilização
o desenvolvimento de práticas de promoção da saúde com todas as USF cobertas pelo NASF. Realizaram-
na equipe de saúde da família estudada. -se encontros nas reuniões de equipe das USF onde
as profissionais apresentavam a proposta do NASF
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E IMPLANTAÇÃO e promoviam com todos os funcionários um espaço
DO NASF EM RIO CLARO: SENSIBILIZANDO AS de discussão e reflexão sobre o apoio matricial. Li-
EQUIPES SOBRE O MATRICIAMENTO ções aprendidas: Os espaços nas reuniões de equipe
Karen Batista / Batista, K. / Fundação Municipal representaram um lócus importante para sensibili-
de Saúde e UFSCar; Amanda Marabez Julio Cam- zação dos profissionais da USF sobre a possibilidade
biaghi / Cambiaghi, A. M. J. / Fundação Municipal de se trabalhar na metodologia do matriciamento.
de Saúde de Rio Claro; Mariana Camila Domingos Os profissionais da USF expuseram suas expecta-
/ Domingos, M. C. / Fundação Municipal de Saúde tivas sobre o NASF e esclareceram dú vidas sobre o
de Rio Claro; Luciana Vanessa Mortari Marquiori / trabalho interdisciplinar. Observou-se que os profis-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 239
sionais das USF desconheciam a proposta de apoio a partir de folhetos informativos e cartazes. Os
matricial e apresentaram bastante disponibilidade temas foram definidos pela equipe coordenadora e
para se co-responsabilizar pelo cuidado em saúde. levantamento de interesse junto aos usuários. Até
Recomendações:Iniciar o NASF indo até cada USF o momento, trabalhamos os temas: Rede Pública
foi um passo fundamental para o alinhamento de de Atenção à Saúde, hipertensão, diabetes e Aids.
expectativas e construção de um trabalho dialógico. Lições aprendidas: O tempo de espera dos usuários
Feito isso, o NASF conseguiu abertura das USF para é curto e se dá no horário de almoço dos usuários,
desenvolver suas próximas atividades: apoiar os o que implica no desenvolvimento de estratégias
eventos de promoção e prevenção e reconhecimento viáveis para sensibilização do tema neste curto pe-
do território. ríodo. A utilização do folheto e cartaz facilita esta
aproximação e permite ao usuário levar consigo as
PROMOÇÃO DE SAÚDE EM SALA DE ESPERA DO informações discutidas além de permitir atingir
CENTRO DE PREVENÇÃO À CRIMINALIDADE também os familiares. Observamos que ter alguém
Cristiane Paulin Simon / Simon, C.P. / UFTM; Edna na família com algum problema de saúde discutido
Maria Alves Valim / Valim, E.M.A. / UFTM; Nayane facilita e motiva o usuário a participar da atividade.
Ferreira Gonçalves / Gonçalves, N.F. / CPC/SEDS- Recomendações: Consideramos que no contexto da
-MG/Instituto ELO; Amanda Cristina Oliveira / Oli- promoção de saúde, estas atividades na sala de espe-
veira, A.C. / CPC/PRESP/SEDS-MG/Instituto ELO; ra devem ser uma primeira aproximação as questões
Ana Paula Lucas Oliveira Folador / Folador, A.P.L.O. de saúde, porém, deveria ocorrer uma continuidade
/ CPC/CEAPA/SEDS-MG/Instituto ELO; em outros espaços com maior duração, como os
Caracterização do Problema: As ações de prevenção espaços grupais que possibilitariam reflexão, com-
social à criminalidade são desenvolvidas em Ubera- partilhamento de experiências, identificação de
ba, desde 2007, por meio do Centro de Prevenção à estratégias fundamentais para desenvolvimento da
Criminalidade (CPC) em convênio com a Secretaria autonomia e de escolhas saudáveis.
Estadual de Defesa Social e Prefeitura Municipal
de Uberaba. O CPC é composto por dois programas: PSE: UMA EXPERIÊNCIA DE INTERSETORIALIDADE
Central de Acompanhamento de Penas e Medidas Luciana Rodrigues Placeres Araujo / Araujo, L.R.P.
Alternativas (Ceapa) e o Programa de Inclusão So- / Prefeitura Municipal de São Carlos; Diana Carla
cial de Egressos do Sistema Prisional (PrEsp) que Romano / Romano, D.C. / Prefeitura Municipal de
atendem mensalmente aproximadamente 900 pes- São Carlos;
soas. Recentemente, estabeleceu-se parceria com o Caracterização do Problema: A Unidade Saúde Fa-
Núcleo de Pesquisa e Extensão em Saúde Prisional mília (USF) Jardim São Carlos ampliou suas ativi-
(NUPESP/UFTM/CNPq), para atender as demandas dades no centro de educação infantil CEMEI Cecília
na área da saúde. Descrição: Foi elaborado projeto de Rodrigues” através da adesão ao Programa Saúde
extensão com o objetivo de desenvolver ações de pro- na Escola (PSE) no ano 2013, incluindo as ações con-
moção de saúde e prevenção de doenças, junto aos tratualizadas inerentes ao nível de ensino: avaliação
usuários do CPC na sala de espera. Consideramos antropométrica, avaliação oftalmológica, promoção
este espaço institucional privilegiado por permitir da cultura da paz e direito humanos. As avaliações
ocupar um tempo ocioso no qual podem ser desen- em saúde bucal, situação vacinal e promoção da ali-
volvidos processos educativos. O projeto está em mentação saudável são práticas realizadas pela USF
andamento, tendo início em maio de 2015 e término há sete anos. A CEMEI atende aproximadamente
previsto para julho. As ações são desenvolvidas por 120 crianças de 4 a 5 anos, provenientes de vários
10 discentes e coordenada por docentes da UFTM e territórios de saúde. Descrição: Com o intuito de
técnicos do CPC por meio de abordagem individual ampliar as ações na escola a partir da formalização
e participativa, no horário de maior freqüência dos do PSE, fortalecer a intersetorialidade e impulsio-
usuários, 4 dias por semana. A abordagem consiste nar avanços na promoção de saúde, prevenção de
no estabelecimento de diálogo e exposição do tema, doenças e identificação de vulnerabilidades — além

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 240
de articular as necessidades de saúde encontradas como as relações entre a inserção de pessoas em uma
com o sistema de saúde municipal, escola e famí- cooperativa econômico-solidária e as potenciais
lias — foram realizadas reuniões com a direção da mudanças em sua dinâmica familiar e o aumento do
escola e professores a fim de pactuar ações, envio de acesso a informações, tendo como temas transver-
esclarecimentos e solicitação aos pais da caderneta sais a aquisição de conhecimento e a qualidade de
de vacinação e cartão nacional de saúde (CNS) para vida. Elas foram desenvolvidas em um mesmo campo
averiguação/confecção dos mesmos. Na sequencia de pesquisa, a Cooperativa de Catadores de Materiais
foram feitas avaliações antropométricas com cálculo Recicláveis de São Carlos-SP (COOPERVIDA), entre o
de IMC através da inserção de dados nas Fichas de final de 2012 e o início de 2013, quando a cooperativa
Atividade Coletiva do e-SUS; verificação do estado contava com 28 cooperados. Objetivo: O objetivo des-
vacinal; triagem de acuidade visual utilizando o tes- te trabalho é avaliar as relações entre a inserção dos
te de Snellen; um levantamento epidemiológico em sujeitos na cooperativa e o ganho de conhecimento
saúde bucal por semestre, com encaminhamentos sobre os serviços de saúde do município, descritas
conforme risco de cárie e procedimentos coletivos nos dois resultados. Método: Para fazer este recorte,
inserindo a cultura da paz durante seu desenvolvi- foi considerado o tempo de inserção dessas pessoas
mento. Lições aprendidas: A execução das atividades na cooperativa, seus saberes sobre economia soli-
transcorreu sem dificuldades pela disponibilidade dária, a pré-existência de doenças e a realização de
dos materiais necessários e pelo grande envolvi- tratamentos de saúde pelos cooperados e seus fa-
mento das crianças que já possuem vínculo com os miliares. A análise cruzada dos resultados das duas
profissionais da saúde. Por outro lado houve pouca pesquisas foi realizada pela sua leitura exaustiva.
participação dos professores, que se ausentavam Na literatura consultada, indicou-se a existência de
das salas durante as atividades, e pouco retorno dos ganhos positivos de conhecimentos sobre o tema
pais no sentido de enviar os documentos solicitados. pelos sujeitos inseridos. Resultados: Observou-se
A inserção dos dados no e-SUS foi trabalhosa, o que os resultados das pesquisas corroboram entre si:
programa apontava erros de digitação, mas não os existe uma relação direta entre o tempo de trabalho
evidenciava, ocasionando retrabalho. Recomenda- na cooperativa e o conhecimento sobre economia
ções: O início de um novo processo de trabalho na solidária e as mudanças de sociabilidade relativas
escola foi lançado, porém há muito que se avançar aos seus princípios, já que os cooperados mais an-
no sentido de participação e comprometimento tigos relatavam comportamentos mais solidários;
dos atores envolvidos, assim como uma adequada antes de trabalhar na COOPERVIDA, a maioria não
organização do sistema de saúde para o acesso da era catador ou era desempregado e não participava
demanda levantada, a fim de poder dar respostas de outra cooperativa; a inserção na cooperativa au-
oportunas e produzir o cuidado necessário. mentou o conhecimento sobre os serviços de saúde,
mesmo que a minoria realizasse tratamentos, assim
RELAÇÕES ENTRE O TRABALHO ECONÔMICO-SO- como seus familiares. Não se identificou a existên-
LIDÁRIO E CONHECIMENTOS SOBRE SERVIÇOS DE cia de agravos na saúde relacionados ao trabalho,
SAÚDE: ANÁLISE CRUZADA DE DUAS PESQUISAS mesmo havendo risco potencial, ao mesmo tempo
NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS-SP em que na dissertação aparecem relatos de que
Letícia Dal Picolo Dal Secco de Oliveira / Secco- a organização da cooperativa propicia condições
-Oliveira, L.D.P.D. / UFSCar; Bruna Carolina Lima / de prevenção a problemas de saúde. Conclusão:
Lima, B.C. / UFSCar; Maria Lúcia Teixeira Macha- Considera-se importante intensificar processos
do / Machado, M.L.T. / UFSCar; educativos sobre economia solidária e saúde visando
Introdução: Este trabalho é uma comparação entre aumentar o potencial apresentado de: desenvolver
os resultados quali-quantitativos de uma pesquisa sociabilidades mais solidárias; melhorar o acesso
de iniciação científica e qualitativos de uma disser- aos serviços de saúde; e de melhorar a qualidade de
tação de mestrado que abordam temas em comum, vida dos catadores cooperados e de seus familiares.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 241
REORGANIZAÇÃO DAS PRÁTICAS DO PROCESSO com a pactuação de trinta e nove escolas, formação
DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE , COM ÊNFASE NA do Grupo de Trabalho Intersetorial, organização e
INTERSETORIALIDADE E ATENÇÃO INTEGRAL À delimitação do território, definidos segundo a área
COMUNIDADE ESCOLAR de abrangência das equipes da Atenção Básica- ESF.
O programa possui cinco componentes e vinte e cin-
Ana Claudia Gomes da Rocha / Rocha, A.C.G /
co linhas de ações. Os componentes são formados
Prefeitura Municipal de Araçatuba--Parceria: As-
por eixos relacionados a avaliações das condições
sociação Saúde da Família; Juliana Cajado Gabriel
de saúde dos educandos, atividades educativas de
/ Gabriel,J.C / Prefeitura Municipal de Araçatuba-
promoção e prevenção de doenças e agravos, edu-
-Associação Saúde da Família; Cecilia Rodrigues
Vieira / Vieira,C.R / Prefeitura Municipal de cação permanente e capacitação dos profissionais
Araçatuba-Parceria: Associação Saúde da Família; da saúde e educação, monitoramento e avaliação do
Fernanda Patrícia Manoel Lourenço / Lourenço,F. programa. Resultados: Total de educandos pactua-
P.M / Prefeitura Municipal de Araçatuba- Parce- dos: 8546, total de alunos que participaram de ações
ria: Associação Saúde da Família; Janaina Lopes educativas, promoção da saúde, e da avaliação das
Martins / Martins, J.L / Prefeitura Municipal de condições de saúde: 8470. Total de educandos que
Araçatuba-Parceria: Associação Saúde da Família; apresentaram alterações nas avaliações sobre as
Regiane Dias Machioni Barros / Barros, R.D.M condições de saúde: 1124. Total de educandos que
/ Prefeitura Municipal de Araçatuba-Parceria: foram encaminhados e acompanhados pela rede de
Associação SAúde da Família; Leodete de Oliveira saúde até resolutividade da alteração identificada:
Guerhardt / Guerhardt, L.O / Prefeitura Muni- 1124 Lições aprendidas: É fundamental criar espaços
cipal de Araçatuba- Parceria: Associação Saúde de participação e democratização dos saberes. O
da Família; Ângelo Cesar Fernandes Jacomossi / compartilhamento das decisões e a articulação em
Jacomossi,A.C.F / Prefeitura Municipal de Araça- redes nos aproximam da legitimação dos princípios
tuba- Parceria: Associação Saúde da Família; José do SUS, do direito à saúde e potencializam o cuidado
Maria Ortiz / Ortiz,J.M / Prefeitura Municipal de em saúde. Recomendações: A inovação na organiza-
Araçatuba; Elisabete Cristina das Neves Vello / ção da gestão do trabalho intersetorial, proporcio-
Vello, E.C.N / Prefeitura Municipal de Araçatuba; nou o trabalho em equipe multiprofissional, asso-
Caracterização do problema: O presente trabalho ciados à interdisciplinaridade e a transversalidade,
refere-se ao Programa Saúde na Escola, desenvolvido produzindo novos modos de construir a autonomia
no município de Araçatuba, no período de Julho de do cuidado, contribuindo para o êxito do programa.
2014 a Maio de 2015. Através da conclusão do diag-
nóstico educativo sobre conhecimentos e práticas SAUVI: INQUERITO DOMICILIAR SOBRE SAÚDE E
dos educandos inerentes à prevenção de doenças, PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIA EM BETIM / MG
agravos e identificação e/ou reconhecimento de vul- Tania Maria Resende Amaral / Amaral, TMR /
nerabilidades que comprometam o seu pleno desen- Prefeitura de Betim / MG; Vanuse Maria Resende
volvimento e ainda com os resultados das avaliações Braga / Braga, VMR / Faculdade de Medicina -
das condições de saúde dos mesmos, identificamos UFMG; Simone S. A. Silva / Silva, SSA / Faculdade
que apesar de avanços das práticas educativas em de Medicina - UFMG; Roberto C Amado / Amado,
saúde nas escolas, era necessário reavaliar projetos RC / Prefeitura de Betim; Rodrigo D Silva / Silva,
e ações fragmentados, alicerçados na resolução RD / Prefeitura de Betim; Tatiane T F Pimenta
imediata de problemas de saúde e compreendemos / Pimenta, TTF / Prefeitura de Betim; Dalia C
a necessidade de construir uma estratégia interseto- Rocha / Rocha, DC / Prefeitura de Betim; Carlos
rial, visando à integração e articulação permanente Alberto Pereira Pinto / Pinto, CAP / Prefeitura
da educação e saúde, integrando ações de saúde e de Betim; Lania M Soares / Soares, LM / Prefei-
os projetos políticos pedagógicos das escolas, com tura de Betim; Raquel C A Araujo / Araujo, RCA /
finalidade do cuidado integral dos educandos. Des- Prefeitura de Betim; Junio Araujo Alves / Alves, JA
crição: Em Araçatuba o presente programa iniciou / Faculdade de Medicina - UFMG; Elza Machado

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 242
Melo / Melo, EM / Faculdade de Medicina - UFMG; realizado Em Minas Gerais sobre Saúde e Violência.
Paulo Henrique S Maia / Maia PHS / Faculdade de Trata-se de esforço frutuoso para o desenvolvimento
Odontologia - UFMG; de conhecimentos e práticas sobre o tema, gerando
Em 2013 o município de Betim ocupou o primeiro estratégias adequadas para o seu enfrentamento.
lugar no Estado na taxa de homicídios (65,9 em Esta pesquisa tem sua aplicabilidade voltada dire-
100.000 hab.). Diante dessa realidade e da escas- tamente para a prevenção da violência. !! Palavras
sez de dados foi realizada parceria da Secretaria chave: Saúde, Violência, Inquérito.
de Saúde de Betim com a Faculdade de Medicina
da UFMG para realização de pesquisa sobre saúde TRATAMENTO FORA DE DOMICÍLIO COMO ESTRA-
e as expressões da violência, seus determinantes, TÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
sua distribuição geográfica e suas formas de en- Francisca Camila de Oliveira Cavalcante / Caval-
frentamento. !! Analisar o processo de planejamento, cante, F.C.O. / UECE;
monitoramento e execução do projeto de pesquisa Este texto relata um estudo em andamento, apresen-
SAUVI- Saúde e Prevenção de Violência em Betim em tando resultados parciais, carregando informações a
parceria com o Mestrado Profissional de Promoção respeito do programa Tratamento Fora de Domicílio
de Saúde e Prevenção da Violência - Faculdade de (TFD) que possui caráter federal, sendo delimitada
Medicina da UFMG. !! A equipe SAUVI-Betim é com- a análise para a atuação na cidade de Fortaleza/CE.
posta pela coordenação do projeto, 10 pesquisadores/ O referido programa é amparado, pela Secretaria
supervisores, 8 acadêmicos da Faculdade Pitágoras de Saúde do Estado do Ceará. O TFD é embasado
e 100 entrevistadores – Agentes Comunitários de pelos artigos 197 e 198 da Constituição Federal de
Saúde (ACS). Desde o início de fevereiro/2014 estão 1988 e pela Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90.
sendo realizados encontros semanais da equipe Realiza-se obedecendo a Portaria Federal nº 055/99,
para planejamento e monitoramento da pesquisa. da Secretaria de Assistência à Saúde/Ministério da
Foram realizadas capacitações para acadêmicos Saúde. Trata-se de uma estratégia do Sistema Único
e entrevistadores sobre abordagem de violência e de Saúde (SUS) dedicado às pessoas que precisam
treinamento para aplicação das entrevistas, com cumprir tratamento médico especializado, na rede
carga horária de 12 horas, tendo como orientação pública de saúde, e não podem usufruí-lo em sua ci-
os manuais elaborados para o SAUVI. Para a reali- dade, por serem inviáveis ou inexistentes as formas
zação do trabalho de campo a equipe foi dividida de tratamento na região em que o usuário reside.
em 08 subequipes, de acordo com as regionais A temática apresentada concentra relevância na
administrativas do município. !! Resultados Foram qualidade de vida dos familiares e, principalmente,
realizadas 03 capacitações, sendo: 1) Abordagem dos usuários, que têm a possibilidade de aderir ao
da violência, formas de enfrentamento e Aplicação tratamento, por meio do programa. Dessa forma,
de entrevistas com 18 acadêmicos da Faculdade compreende-se, nesse estudo, as ações do TFD como
Pitágoras; 2) Abordagem da violência e formas de Promoção da Saúde e como Intersetorialidade entre
enfrentamento para 480 Agentes Comunitários de os serviços. Segundo a portaria nº 55, o TFD deve
Saúde - ACS; 3) Treinamento prática sobre aplicação fornecer passagem ao paciente e ao acompanhante,
do questionário com 100 entrevistadores - ACS. No caso necessitar, para dirigir-se até o local onde será
sorteio inicial de endereços - 1600 domicílios, foram concretizado o tratamento, em seguida, retornam a
concluídas 1040 entrevistas (65%). Foi realizado cidade onde residem. O referido programa tem obje-
novo sorteio (117 domicílios) para complemento da tivo de disponibilizar auxílio financeiro a pacientes
amostragem necessária ao estudo. O trabalho de que são desprovidos de condições para manutenção
campo foi precedido de ampla divulgação na mídia de suas despesas. Quanto a resultados, ainda que
(jornais, televisão e rádios); nos sites das institui- prévios, é visível a observação de aspectos positivos
ções envolvidas, em blogs, facebooks e outros. !! Esta e negativos do TFD. É possível que o usuário possa
parceria mostrou-se uma articulação decisiva para o realizar o seu tratamento em outra região que dis-
desenrolar do maior inquérito de base domiciliar já punha de estruturas para a realização da consulta.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 243
Considerando as especificidades de cada região, no Dos que apresentam situações onde a prática de
Ceará o paciente poderá comparecer à Secretaria de exercícios pode ser inadequada: nenhum relatou
Saúde do Estado acompanhado de um Laudo Médi- dores no peito ou que já foram informados que
co que não precisa necessariamente ser expedido apresentaram algum problema cardíaco; 02 (6,25%)
por um profissional vinculado ao SUS. Porém, são apresentam episódios frequentes de tonteira ou
perceptíveis as dificuldades enfrentadas pelos usu- sensação de desmaio; 10 (31,25%) relataram pressão
ários, como a burocracia imposta ao paciente para muito alta; 01 (3%) respondeu sim para problema
a concretização do TFD e a necessidade constante ósseo, muscular ou articular que poderia ser agra-
de profissionais conhecedores de patologias raras. vado com a prática de atividades físicas; 01 (3%)
Conclui-se que são imprescindíveis estratégias para respondeu que há alguma boa razão física não men-
que os profissionais que trabalham na área da saúde cionada para que não siga um programa de atividade
e a população brasileira em geral, carreguem conhe- física. Com a experiência de aplicação no grupo da
cimento a respeito da política do TFD, compreenden- Unidade e os resultados obtidos, entendemos como
do este peculiar instrumento de promoção da saúde. de fundamental importância a padronização do uso
de um instrumento como proposta de avaliação pré-
USO DO QUESTIONÁRIO DE PRONTIDÃO PARA A -participação dos usuários nos grupos de atividade
ATIVIDADE FÍSICA (PAR-Q) EM UM GRUPO DE física oferecidos pelo serviço. A aplicação do ques-
CAMINHADA DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE tionário PAR-Q e identificação dos casos indivíduos
Ana Regina Amaral Martins / Amaral, A.R. / Funda- que apresentam prontidão para atividade física não
ção Faculdade de Medicina da USP; Adriana Souza invalida a necessidade de consulta e acompanha-
Silva Carrai / Carrai, A.S.S. / Fundação Faculdade mento médico. Porém, muitas vezes frente a falta
de Medicina da USP; Alexandra Alves do Nascimen- de oferta imediata de consulta médica nas UBS para
to / Nascimento, A.A. do / Fundação Faculdade de avaliação de aptidão para práticas corporais, pode
Medicina da USP; Cleide Alves dos Santos / Santos, ser utilizado como recurso importante estimulando
C.A. do / Fundação Faculdade de Medicina da USP; a adesão da população à prática de atividade física
Gislene de Oliveira Pereira / Pereira, G.de O. / Fun- por indicar a prontidão para tal, organizar a entrada
dação Faculdade de Medicina da USP; do usuário nos grupos de atividade física oferecidos
O estímulo à prática de atividade física regular é nas UBS e qualificar o acompanhamento dos grupos
recomendação do Ministério da Saúde a partir do a partir da padronização de procedimentos e de uso
Plano Nacional de Atividade Física. O grupo de ca- de instrumentos validados.
minhada da UBS Malta Cardoso deu início em junho
de 2014 e ocorre em uma quadra poliesportiva, com VIRADA DA SAÚDE NA BELA VISTA EM 2015
aquecimento, prática de atividades rítmicas e cami- Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, F.R. / Ins-
nhada. A partir de janeiro de 2015, com o aumento tituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes;
da demanda deu-se início aos problemas relaciona- Flavio Alexandre Cardoso Alvares / Alvares, F.A.C.
das ao espaço físico e a necessidade de uma equipe / Hospital Sírio Libanes; Melissa Lorenzo Prieto
maior. Optou-se inicialmente pela aplicação de um de Souza / Souza, M.L.P. / Instituto de Respon-
questionário que avaliasse a prontidão dos usuários sabilidade Social Sirio Libanes; Ana Paula Neves
para a atividade física. O instrumento escolhido foi Marques de Pinho / Pinho, A.P.N.M. / Instituto
o PAR-Q (Physical Activity Readiness Questionnaire) de Responsabilidade Social Sirio Libanes; Eliane
que pode identificar usuários que necessitam de Cristina Santos / Santos, E.C. / Instituto de Res-
avaliação médica prévia para realização de alguma ponsabilidade Social Sirio Libanes; Cassia Maria
atividade física². O questionário foi distribuído aos Gellerth / Gellerth, C.M. / Hospital Sírio Libanes;
60 participantes, sendo 31 (96,97%) participantes Daniel Checchio / Checchio, D. / Comunidade
do sexo feminino e 01 (3%) do sexo masculino; 11 Evangèlica do Bixiga;
(34,37%) com idade acima de 65 anos. Do total (n= 32), Caracterização do Cenário: A Lei Municipal Nº
13 (40,62%) responderam NÃO a todas as perguntas. 16.085 instituiu em São Paulo a Virada da Saúde,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 244
ação educativa em saúde preventiva com iniciati- condições de trânsito, perfil do pessoal abordado é
vas organizadas pelo Poder Público, entidades da imprescindível.
sociedade civil e iniciativa privada. O foco é promo-
ção, educação e discussão sobre a sustentabilidade VÍTIMAS DE AGRESSÕES POR ARMA DE FOGO
na área da saúde. Na região da Bela Vista, várias ATENDIDAS PELO SERVIÇO DE ATENDIMENTO
entidades e equipamentos públicos mobilizaram MÓVEL DE URGÊNCIA DE UM MUNICÍPIO DO
ações no dia 10 de abril de 2015 no bairro do Bixiga, ESTADO DE MINAS GERAIS
região central de São Paulo. Descrição: constituiu- Bianca Santana Dutra / Dutra, B. S. / UNIVERSI-
-se uma equipe com representantes de entidades DADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Marta Maria
organizadas em rede na Bela Vista: o Hospital Sírio Alves da Silva / Silva, M. A. S. / Ministério da Saú-
Libanes - Abrace seu bairro, Escola de Samba Vai de; Elza Machado de Melo / Melo, E. M. / UNIVER-
Vai, Comunidade Evangélica do Bixiga (COMEBI), SIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS;
Espaço de Cultura Bela Vista, Associação Paulo Este estudo tem como objetivo conhecer a magnitu-
Costa e profissionais da Cruz Vermelha, Associação de e a gravidade das violências em decorrência dos
Brasileira de Portadores de Hepatite, Hospital AC Ca- Ferimentos por Arma de Fogo (PAF), caracterizando
margo, Associação de Moradores da Rua Paim, Asso- o perfil segundo características das vítimas atendi-
ciação de Apoio aos Pacientes de Anomalias Renais das pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
e Transplantados do Estado de São Paulo, Unidade (SAMU) de Sete Lagoas e região no período de 2010
Básica de Saúde (UBS) Nossa Senhora do Brasil e a 2013. Trata-se de um estudo transversal, explorató-
Humaitá, alunos de graduação em enfermagem da rio. Do total de 313 atendimentos, 22 (7,0%) vítimas
Uninove, Associação Brasileira Superando o Lupus. não foram localizadas no local, 01 (0,3%) recusou
No dia 10, a COMEBI sediou ações que totalizaram o atendimento e 02 (0,6%) ocorrências eram trote.
2081 atendimentos, sendo 228 testes de glicemia, Dessa forma, o universo do estudo foi constituído
22 aferições de pressão arterial, 75 testes rápidos por 288 atendimentos de PAF pelo referido serviço
de HIV, 126 testes de função renal, 144 testes de do município de Sete Lagoas e região. Foi realizado
hepatite C, 8 encaminhamentos para UBS. Realizou- teste qui-quadrado e análise de Correspondência
-se passeata contra dengue com participação de 105 Múltipla (ANACOR). O projeto foi aprovado pelo Co-
pessoas entre crianças atendidas pelo Abrace Seu mitê de Ética em Pesquisa (COEP) da Universidade
Bairro, profissionais de saúde, conselheiros gestores Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre o Parecer de
que distribuíram panfletos com orientações. A praça Certificado de Avaliação e Apreciação Ética (CAAE) nº
contou com uma instalação lúdica para orientações 02235212.2.0000.5149). Das 288 ocorrências, a maio-
sobre a dengue e o sal de ervas. No Espaço de Cul- ria das vítimas era do sexo masculino 253 (87,8%), ti-
tura da Bela Vista foi realizada sessão de cinema nham mais de 20 anos de idade 177 (61,5%). A maioria
com debate sobre o tema obesidade infantil. Lições dos atendimentos eram ferimentos perfurantes por
Aprendidas: As equipes multiprofissionais da área arma de fogo 236 (81,9%), na cidade de Sete Lagoas
de saúde realizam ações de promoção com predomi- 274 (95,1%), realizada em dias úteis 202 (70,1%),
nância dos grupos educativos, orientações, práticas socorridos em ambulâncias do tipo USA 151 (52,4%),
esportivas. O alcance da ação ocorre em usuários com menos de sete minutos para realização do aten-
que conseguem se adequar à rotina proposta pelas dimento 165 (57,3%) e encaminhado para o hospital
equipes. A ação de promoção com protagonismo de 179 (62,2%). Em relação à localização da lesão, 93
outros setores mostrou-se eficaz para mobilização (32,3%) foram em cabeça/pescoço, 97 (33,7%) em
de participantes. Recomendações: A ação deve ser tronco e 49 (17,0%) em membros superior e inferior.
realizada de modo contínuo com protagonismo de Conclui-se é fundamental identificar e caracterizar a
outros agentes sociais que possam ser assesso- população vítima de PAF a fim de elaborar estratégias
rados por profissionais de saúde. A avaliação das educativas, de prevenção e controle de agravos não
características dos locais onde se pretende reali- apenas pelo setor de saúde, mas também de seguran-
zar eventos dessa natureza, o fluxo de pedestres, ça pública, buscando o enfrentamento das violências.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 245
Regionalização e Redes de Atenção à Saúde
A ATENÇÃO BÁSICA NAS GRANDES CIDADES de saúde mais corriqueiros na população brasileira
BRASILEIRAS, HETEROGENEIDADES E DESAFIO podem ser resolvidos ou prevenidos com os cuidados
Tarcilla Rosa Ferraz de Barros Nuhs / Barros, T. R. em saúde fornecidos pelo primeiro nível de atenção
F. de / Prefeitura Municipal de São Paulo - Autar- a saúde. A atenção primária à Saúde (APS) permite o
quia Hospitalar Municipal; empoderamento e capacitação da população a partir
Os problemas de saúde nos grandes centros urbanos de ações que possuem foco na promoção e prevenção
em todo o mundo tornaram-se um importante desa- da saúde, que são cunhadas na Política Nacional de
fio em Saúde Pública devido a sua heterogeneidade, Atenção Básica. O objetivo desse artigo é introduzir
conceitos, questões e reflexões relacionadas ao po-
crescimento populacional desordenado, aumento
tencial da APS perante a consolidação do Sistema
da prevalência das doenças crônicas e causas ex-
Único de Saúde (SUS). A revisão de literatura foi
ternas, entre outros. Neste estudo abordamos esta
feita com 6 artigos científicos e 7 livros publicados
temática na forma de pesquisa bibliográfica de na-
predominantemente entre os anos de 2002 e 2014.
tureza qualitativa a partir da Reforma Sanitária e
A atenção básica presa pelo respeito à dignidade
constituição do SUS que tem como objetivo discutir
humana e ao seu direito de ter acesso à saúde a
sobre o funcionamento da Atenção Básica (AB) nas
partir do momento em que se é analisado as estru-
grandes cidades brasileiras. Para isto, abordamos
turas que permitem a atenção à saúde adequada. A
o conceito da Urbanização das grandes cidades
Estratégia Saúde da Família vem como uma solução
brasileiras, a trajetória da AB e as Redes de Atenção
em potencial para os problemas existentes dentre
a Saúde. Os grandes centros urbanos apresentam
a população e mostra no decorrer dos anos de 1994
características que o transformam em um constante
até 2008 resultados positivos quanto à sua perfor-
desafio à operacionalização da AB, porém pode-se
mance nos estados brasileiros. Portanto a Atenção
contar com iniciativas para tornar sua atuação mais
Primária à Saúde deve ser entendida como o eixo
condizente com a realidade. É um modo de trabalho
norteador para a consolidação do SUS e para que se
que atravessa dificuldades devido à fragmentação
tenha uma melhora substancial no quadro de saúde
espacial, diferenciação e exclusão de determinadas
da população brasileira.
populações, entre outros. Devem-se levar em consi-
deração as dificuldades e as desigualdades tempo-
A SAÚDE BUCAL ENTRA NA RODA DA REDE CE-
rais de implantação de programas a nível nacional,
GONHA
especialmente a ESF, nas regiões metropolitanas
Luana Pinho de Mesquita / Mesquita, L. P. / Escola
brasileiras. É importante que experiências exitosas
de Enfermagem de Ribeirão Preto EERP-USP; Sil-
sejam compartilhadas para que possam servir de
via Matumoto / Matumoto, S. / Escola de Enferma-
exemplo e promover mudanças em outros locais,
gem de Ribeirão Preto EERP-USP; Cinira Magali
assim como as pesquisas no meio acadêmico deve-
Fortuna / Fortuna, C. M. / Escola de Enfermagem
rão ser estimuladas, buscando o conhecimento das
de Ribeirão Preto EERP-USP; Wilson Mestriner
mudanças ocorridas e as possíveis intervenções.
Junior / Mestriner Jr, W. / Faculdade de Odontolo-
gia de Ribeirão Preto FORP-USP; Maria do Carmo
A ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE COMO BASE Gulacci Guimarães CacciaBava / CacciaBava, M.
PARA CONSOLIDAÇÃO DO SUS C. G. G. / Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Klauss Kleydmann Sabino Garcia / Garcia, K.K.S. FMRP-USP; Adriana Barbieri Feliciano / Feliciano,
/ Universidade de Brasília; Amanda Amaral A. B. / Universidade Federal de São Carlos UFSCar;
Abrahão / Abrahão, A.A. / Universidade Federal de Marcia Niituma Ogata / Ogata, M. N. / Universida-
Uberlândia - UFU; de Federal de São Carlos UFSCar; Maria Lúcia Tei-
É possível estimar que cerca de 85% dos problemas xeira Machado / Machado, M. L. T. / Universidade

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Federal de São Carlos UFSCar; Maria Teresa Luz profissional cirurgião-dentista e tiveram respostas
Eid da Silva / Silva, M. T. L. E. / Departamento Re- positivas em algumas regiões de saúde. No entanto,
gional de Saúde III - Araraquara; Mônica Vilchez notamos uma lacuna entre o reconhecimento do
da Silva / Silva, M. V. / Departamento Regional de trabalho na perspectiva da integralidade e o grande
Saúde III - Araraquara; Cristiane Ribeiro / Ribeiro, desafio de operá-lo, um obstáculo que envolve a força
C. / Departamento Regional de Saúde III - Arara- da divisão das especialidades e das profissões no
quara; Mary Cristina Ribeiro Lacôrte Ramos Pinto fazer em saúde coletiva. Conclusão: O espaço do GCR
/ Pinto, M. C. R. L. R. / Departamento Regional de se mostrou potente para trazer reflexões no sentido
Saúde III - Araraquara; Vera Dib Zambon / Zam- da inclusão da saúde bucal para o cuidado integral
bon, V. D. / Departamento Regional de Saúde III na rede cegonha. Ainda que tímida, a participação da
- Araraquara; saúde bucal no GCR é resultado de microprocessos
Introdução: A Rede Cegonha (RC) vem sendo im- de mudança que se aproximam aos princípios do
plementada no Departamento Regional de Saúde SUS com a problematização e aprendizagem signi-
III (DRS III) de Araraquara – São Paulo através do ficativa no trabalho em saúde.
Grupo Condutor Regional da Rede Cegonha (GCR),
um espaço de gestão que prevê a incorporação da A SUPERLOTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE EMERGÊN-
lógica ascendente de planejamento, com reunião CIA: ESTUDO SOBRE OS USUÁRIOS CLASSIFICA-
e diálogo entre trabalhadores de 24 municípios. DOS COMO NÃO URGENTES
Neste espaço foi desenvolvido o Projeto de Pesqui- edme severino dos santos / Santos, E.S / universi-
sa intitulado: O processo de implantação da rede dade federal de sao paulo; Anderson da Silva Rosa
de atenção à saúde materno infantil no DRS III / Rosa, A.S / universidade federal de sao paulo;
de Araraquara: a atenção básica como ordenadora Introdução: a superlotação dos serviços de emer-
da atenção em rede”, aprovado no edital FAPESP/ gência (SE) é um problema de saúde pública em
PPSUS 2012/51827-0. Considerando a saúde bucal escala global. Implica, não apenas em aumento de
na atenção integral, nos questionamos, como é a tempo de espera por atendimento, mas também
participação da saúde bucal neste espaço de gestão em atrasos em tratamentos críticos que requerem
da rede cegonha. Objetivo: Analisar momentos de imediata conduta. Pode estar associada a inúmeros
reflexão do GCR sobre a participação da saúde bu- desfechos clínicos negativos, incluindo maiores
cal no processo de implementação da RC. Método: taxas de complicações e mortalidade. Seu principal
Estudo de abordagem qualitativa, do tipo pesquisa- desafio são as demandas não urgentes, difíceis de
-intervenção, desenvolvida conjuntamente com os serem denominadas, uma vez que mesmo pacientes
participantes do GCR de fevereiro a dezembro de com esta classificação na triagem podem exigir
2014, em encontros mensais, com diferentes profis- robustas investigações diagnósticas. O chamado
sionais responsáveis pela operacionalização da RC. uso inadequado do SE pode variar entre os grupos
A cartografia foi o método da pesquisa-intervenção etários, hora do dia e dia da semana, tipo de doen-
com suporte do diário de campo. O projeto foi apro- ça, região geográfica e nível socioeconômico. Há
vado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de evidências que países com Serviços de Atenção
Enfermagem Ribeirão Preto da Universidade de São Primária à Saúde e assistência pré-hospitalar de
Paulo sob o protocolo CAAE: 23143613.3.0000.5393. qualidade estão menos propensos à superlotação
Resultados: O GCR discutiu sobre as dificuldades dos SE. Objetivo: compreender os motivos da procura
de inclusão da equipe de saúde bucal no cuidado por atendimento no setor de urgência e emergência
integral, pouca adesão das gestantes ao tratamento para usuário classificados como baixo risco de agra-
odontológico e a necessidade de inclusão da equipe vamento. Método: trata-se de um estudo qualitativo
de saúde bucal no pré-natal na atenção básica e com o uso do método da história oral temática e ob-
neste espaço de gestão. Os trabalhadores do GCR servação participante. Encontra-se na fase de coleta
utilizaram a problematização na busca por estra- de dados no setor de emergência de um hospital de
tégias, propuseram o alargamento do grupo para o alta complexidade na cidade de São Paulo e tem a

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perspectiva de entrevistar 20 pacientes. Resultados da lei e os sistemas de monitoramento da atenção
parciais: a partir da observação participante nota- oncológica no município de São Paulo, utilizando o
-se que os pacientes triados como não urgentes se câncer de mama como condição traçadora. Foram
sujeitam a esperar até 15 horas por atendimento identificados os Sistemas de informação Ambula-
médico. Apesar de reclamarem da espera, acreditam torial -SIA e Hospitalar - SIH, que indicam apenas
que o hospital é o melhor local para o atendimento o volume de procedimentos realizados; o Sistema
das suas necessidades de saúde por terem acesso à de Câncer de Mama – SISMAMA (pois o Sistema de
consulta médica especializada, tecnologia, exames Informação de Câncer -SISCAN ainda não está im-
diagnósticos e conduta no mesmo dia. Pacientes com plantado em São Paulo), que indica alguns tempos
dores articulares, por exemplo, argumentam que o de espera apenas para diagnóstico; os Registros
atendimento oferecido na Atenção Básica é ineficaz, de Base Populacional de Câncer, disponível para a
pois para se chegar ao tratamento que precisam cidade de São Paulo em parceria com a FSP/USP,
perambular meses entre a Unidade Básica de Saúde, com foco na incidência; os Sistemas de Regulação
consulta com especialista e exames diagnósticos. Municipal - SIGA e Estadual – CROSS, que têm
Considerações: a superlotação dos serviços de emer- foco no acesso à consulta oncológica, mas sem a
gência se mostra multifatorial e de difícil manejo, informação referente ao diagnóstico e início de
inclui a garantia de acesso e eficiência em todos os tratamento, sendo que a regulação estadual ainda
níveis de atenção, bem como, investir em educação está em fase de estruturação e; o Registro Hospitalar
à população sobre o funcionamento dos modelos e de Câncer – RHC, sistematizado pela FOSP, e que
redes de atenção à saúde. permite identificar o estadiamento no momento do
diagnóstico, mas que apresenta importante defasa-
ACESSO E INTEGRALIDADE DO CUIDADO NA REDE gem na consolidação dos dados. Observou-se que
DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA NO SUS o sistema de regulação estatal ainda é incipiente e
Fabianny Tomaz Sitonio / Sitonio, F T / Faculdade que a lógica da atenção oncológica ainda está muito
de Saúde Pública USP; Nayara Scalco / Scalco, N / centrada nos serviços especializados, o que deixa
Faculdade de Saúde Pública USP; Alexandre Perei- na dependência destes a disponibilização de vagas
ra Cruce / Cruce, A P / Faculdade de Saúde Pública para acesso e a agilização das linhas de cuidado
USP; Heloisa Elaine Santos / Santos, H E / Faculda- internas aos serviços para o cuidado integral. Além
de de Saúde Pública USP; Mariana Prado Freire / disso, os gestores e trabalhadores indicam maiores
Freire, M P / Faculdade de Saúde Pública USP; Ma- dificuldades para o diagnóstico, considerando ainda
rília Cristina Prado Louvison / Louvison, M C P / que os serviços especializados têm distintas dispo-
Faculdade de Saúde Pública USP; Tereza Etsuko da nibilidades nesse sentido. Pode-se concluir que a
Costa Rosa / Rosa, T E C / Instituto de Saúde; Lau- organização das redes de atenção e a regulação do
ra Camargo Macruz Feuerwerker / Feuerwerker, L acesso no SUS colocam-se como dispositivos im-
C M / Faculdade de Saúde Pública USP; portantes, para além da legislação, e que ainda não
A atenção integral ao câncer pressupõe a garantia de há mecanismos de monitoramento dos tempos de
acesso rápido a intervenções diagnósticas e terapêu- espera para diagnóstico e tratamento, mesmo com
ticas que garantam a sobrevida e qualidade de vida. todos os sistemas existentes.
Isso pressupõe a organização de Redes de Atenção à
Saúde, que desenvolvam não apenas os cuidados de ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DO COMPONENTE
alta complexidade, mas toda a linha de cuidado, des- PRÉ-NATAL DA REDE CEGONHA EM DOIS MUNI-
de a promoção, prevenção, tratamento e recuperação. CÍPIOS DAS REGIÕES NORTE E CENTRO-OESTE DO
Nesse cenário, foi sancionada a Lei 12.732 em 2012, DRS III DE ARARAQUARA – SP
que dispõe sobre o primeiro tratamento de paciente Larissa Neodine Duarte Derisso / Derisso, L.N.D.
com câncer em sessenta dias. O estudo é parte da / UFSCar; Márcia Niituma Ogata / Ogata, M.N. /
pesquisa Observatório Microvetorial de Políticas UFSCar; Maria Lúcia Teixeira Machado / Macha-
Públicas/ CNPQ e analisou os dispositivos a partir do, M.L.T. / UFSCar; Silvia Matumoto / Matumoto,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 248
S. / USP; Cinira Magali Fortuna / Fortuna, C.M. / médico, de enfermagem e odontológico às gestantes.
USP; Maria do Carmo Gulacci Guimarães Caccia- Conclusão: Violeta necessita de rede de atenção ao
-Bava / Caccia-Bava, M.C.G.G. / USP; Adriana Bar- pré-nata, pois usa serviços da região para assistir
bieri Feliciano / Feliciano, A.B. / UFSCar; Wilson integralmente. Mirtilo não possuía rede materno-
Mestriner Junior / Mestriner Junior, W. / USP; Ma- -infantil organizada, contudo após implantação da
ria Teresa Luz Eid da Silva / Silva, M.T.L.E. / DRS RC, obteve: inclusão de saúde bucal às gestantes,
III - Araraquara; Vera Dib Zambon / Zambon, V.D. 100% de cobertura vacinal e pré-natal em 85% das
/ DRS III - Araraquara; Cristiane Ribeiro / Ribeiro, Unidades de Saúde da Família (USF). A implantação
C. / DRS III - Araraquara; Mônica Vilchez da Silva / dos testes rápidos (sífilis e HIV) nos serviços de
Silva, M.V. / DRS III - Araraquara; Luana Pinho de saúde proporcionou rapidez na detecção destas do-
Mesquita / Mesquita, L.P. / USP; enças. O Comitê municipal de investigação de óbitos
Introdução: A Rede Cegonha (RC) é uma estratégia identificou falhas na assistência materno-infantil.
do Ministério da Saúde, que visa delinear uma rede Conclui-se que a RC tem sido disparadora de cuidado
de cuidados às mulheres em relação ao planejamento pré-natal, especialmente nas ações realizadas na
reprodutivo, ao cuidado humanizado à gravidez, Atenção Básica.
parto, abortamento e puerpério; e para crianças
garante o direito ao nascimento seguro e desen- ATENÇÃO BÁSICA COMO COORDENADORA DO
volvimento saudável. As principais finalidades da CUIDADO A PARTIR DO PROGRAMA NACIONAL
RC são: implantação de novo modelo de atenção ao DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE
pré-natal, parto, nascimento e à saúde da criança; (PMAQ-AB)
garantia de acesso e resolutividade; e diminuição Mirceli Goulart Barbosa / Barbosa, M.G / Rede
da mortalidade. Objetivo: Analisar documentos Governo Colaborativo em Saúde/UFRGS; Caren
públicos de dois municípios com características Serra Bavaresco / Bavaresco, C.S. / Rede Governo
demográficas semelhantes das regiões Norte e Colaborativo em Saúde/UFRGS; Deisy Tolentino
Centro-Oeste do DRS III- Araraquara, relacionados do Nascimento / Nascimento, D.T. / ede Governo
à rede materno-infantil, destacando a implantação Colaborativo em Saúde/UFRGS; Daniela Tozzi
da Rede Cegonha, tendo a Atenção Básica como or- Ribeiro / Ribeiro, D.T / ede Governo Colaborativo
denadora deste processo. Métodos: Trata-se de uma em Saúde/UFRGS; Thais Chiapinotto dos Santos
pesquisa documental de caráter qualitativo. Foram / Santos, T.C. / Rede Governo Colaborativo em
analisados: Plano Municipal de Saúde (2010/2013), Saúde/UFRGS; Alcindo Antonio Ferla / Ferla, A.A. /
Plano de Ação Regional e Municipal da Rede, Plano Rede Governo Colaborativo em Saúde/UFRGS;
Plurianual, Programação Anual de Saúde, Relatório A coordenação das Rede de Atenção à Saúde (RAS)
de Gestão e Mapa de Saúde dos municípios Violeta pela Atenção Básica (AB) implica em um papel
e Mirtilo (nomes fictícios), tendo como referencia estratégico de reorganização do sistema de saúde,
os componentes pré- natal da Política Nacional da orientando o cuidado ao longo de todos os pontos de
RC. Resultados: Violeta programou ações relativas atenção.Um dos aspectos abordados pelo PMAQ- AB
à captação precoce das gestantes, atendimento na se refere à AB como coordenadora do cuidado dentro
Santa Casa de referência, implantação do protoco- da RAS.Objetiva-se analisar os dados relacionados
lo de puericultura, prioridade odontológica para ao registro do acompanhamento dos usuários en-
gestantes e investigação de óbitos maternos. Após caminhados aos serviços especializados, bem como
publicação da Portaria da RC, n.1.459/2011, o mu- a utilização de diretrizes clínicas com a definição
nicípio iniciou atividades voltadas ao componente dos encaminhamentos. Também foram analisados
pré-natal, como: investigação de todos os óbitos e os exames disponíveis e ofertados pelas Equipes
realização de pré-natal em Unidade Básica de Saúde de Atenção Básica (EAB).Foi realizado um estudo
(UBS). Mirtilo elencou como prioridade a diminuição descritivo a partir de dados da avaliação externa
da mortalidade infantil e materna, previu captação do 1º ciclo do PMAQ-AB no ano de 2012.Os dados
precoce de gestantes e garantia de atendimento utilizados se referem ao bloco de perguntas EAB

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 249
como coordenadora do cuidado na RAS”.Foram Caracterização do Problema: O Programa de Fortale-
analisadas 17.202 entrevistas com profissionais cimento da Gestão Estadual da Saúde da Secretaria
das EAB que aderiram ao programa em 3935 mu- de Estado da Saúde de São Paulo, co-financiado pelo
nicípios. Para análise, utilizou-se o software SPSS Banco Interamericano de Desenvolvimento-BID,
de forma dicotômica sendo expressos através de objetiva contribuir para a melhoria das condições
suas frequências absolutas e relativas. Em relação de saúde da população do Estado por meio de inves-
ao encaminhamento do usuário para atendimento timentos voltados à melhoria da estrutura físico-
especializado, 61% têm a consulta marcada pela UBS -funcional e organização e gestão dos processos
e são posteriormente informados.Quanto aos profis- de trabalho nas Redes de Atenção à Saúde. Nesse
sionais entrevistados, 46,3% referem manter regis- contexto, a implantação de Linhas de Cuidado é con-
tro do encaminhamento de usuários de maior risco siderada uma ação estruturante e estratégica para
e destes 81% comprovam esta ação com documentos. a organização da atenção à saúde em Redes. Duas
Em relação à existência de protocolos com definição Linhas de Cuidado já foram elaboradas e publicadas
de diretrizes terapêuticas, constatou-se que tais pela SES-SP (Gestante e Puérpera e Hipertensão Ar-
instrumentos para o atendimento de tuberculose e terial e Diabetes Mellitus). Ao longo da execução do
pré-natal presentes na equipe correspondem a 70% Projeto três outras Linhas de Cuidado serão produ-
ou mais. Entretanto, o percentual de equipes que zidas ( Saúde do Idoso, da Criança e Saúde Mental).
utilizam protocolos relacionados à Saúde Mental Descrição: Pretende-se relatar os resultados de uma
(SM) (43,3%) e Álcool/Drogas (31,4%) ainda é pouco avaliação do processo de implantação da Linha de
expressivo. Quanto aos exames solicitados pelas Cuidado da Gestante e Puérpera (LCGP), conduzida a
EAB, a glicemia de jejum e as sorologias (sífilis e fim de oferecer subsídios para a revisão, formulação
HIV) para pré-natal e diagnóstico, perfazem acima e implantação das LC no contexto do Projeto SES-
de 98%. Todavia, a utilização do teste rápido para a -BID. Participaram da avaliação 40 Articuladores
sífilis ainda é insuficiente (20%). Mesmo que a AB e uma amostra intencional de 908 profissionais
seja nomeada a coordenadora do cuidado, através da Atenção Básica, abrangendo todas as regiões do
do PMAQ-AB,muitas EAB não realizam o acompa- Estado, os quais responderam a um questionário
nhamento dos usuários encaminhados à outros semi-estruturado com questões relacionadas à
serviços,bem como há inexpressiva utilização de LCGP. Lições Aprendidas: Todos os Articuladores da
protocolos clínicos que orientem o cuidado e o en- AB (AAB) conheciam e tiveram acesso aos materiais
caminhamento adequado dos usuários aos serviços impressos da LCGP, porém somente 69% receberam
especializados, como observado em relação à SM. capacitação para sua implantação. Na visão dos AAB,
Faz-se necessário que se fortaleça a coordenação 63% dos gestores municipais conhecem a LCGP e
do cuidado dentro da AB a fim de que se alcancem apenas 23% consideram que os manuais técnicos
melhores resultados na AB,reduzindo o número de são utilizados pelas equipes de AB nos municípios
encaminhamentos desnecessários e ampliando a onde atuam; os resultados da implantação da LC não
resolutividade da AB. se consolidam em virtude de vários fatores, como
a alta rotatividade de pessoal e da própria equipe
AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA LINHA DE CUI- gestora; problemas para a garantia do acesso às
DADO DA GESTANTE E PUÉRPERA DA SECRETARIA referências para outros níveis de atenção e falta de
DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO continuidade do trabalho desenvolvido pelo AAB.
Sonia Isoyama Venancio / Venancio, S.I. / INSTI- Assim, em alguns municípios os avanços são signi-
TUTO DE SAÚDE - SES/SP; Fátima Palmeira Bom- ficativos e em outros não. Em relação aos profissio-
barda / Bombarda, F.P. / Secretaria de Estado da nais da AB, 65% refere conhecer a LC, 56% recebeu
Saúde de São Paulo; Renata Pinheiro de Almeida os materiais e 25% participou de capacitações sobre
/ Almeida, R.P. / Secretaria de Estado da Saúde de a LC. Recomendações: aponta-se a necessidade de
São Paulo; Ricardo Tardelli / Tardelli, R. / Secreta- aprimorar as estratégias de implantação das LC,
ria de Estado da Saúde de São Paulo; por meio de educação permanente, tecnologias de

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ensino à distância, matriciamento; fortalecimento de referência; rede de apoio na comunidade; equipe
do papel do AAB no processo de implantação das LC multiprofissional de saúde; sistemas de informa-
e realização de monitorar a implantação das linhas ção (SISMAMA e SISCOLO) e regulação (CROSS);
e seus resultados. equipamentos (Ultrassom); as redes temáticas
(rede cegonha); atividades educativas, campanhas
COMO EU VEJO A REDE E A VULNERABILIDADE e um citou a linha de cuidado. Uma minoria apon-
DAS MULHERES? PERCEPÇÃO DE COORDENADO- tou apenas atividades de prevenção. Em relação às
RES DE UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM ações específicas para mulheres em situação de
SAÚDE NA REGIÃO METROPOLITANA DO VALE vulnerabilidade, apenas 35 responderam, com ênfa-
se para a ação dos agentes comunitários de saúde,
DO PARAÍBA E LITORAL NORTE, SP
busca ativa, vigilância e outras ações territoriais;
Paula V Carnevale Vianna / Vianna, PC / Univap;
acolhimento; cuidado integral e apoio do NASF;
Rosana Tupinambá Viana Frazili / Frazili, R T V /
respostas menos frequentes citaram comunicação,
FATEA; Andréa Paula Peneluppi De Medeiros / Me-
educação e campanhas. CONCLUSÕES: Na RMVP,
deiros, A P P / Unitau; Mônica Abreu Medeiros de
a percepção dos coordenadores da unidades de APS
Aguiar / Aguiar, M A M / FATEA; Pedro Henrique
quanto à organização em rede está em construção,
Cunha Ibarra Ferreira / Ferreira, P H C I / FATEA;
e incorpora elementos educativos e de ampliação
INTRODUÇÃO: A Região Metropolitana do Vale do
da APS. Na identificação da vulnerabilidade das
Paraíba – RMVP (SP) apresenta índices elevados
mulheres nota-se papel destacado da ESF e sua ação
de mortalidade por câncer de mama (14,4 /100mil
territorial, porém, ainda há dificuldades na operação
mulheres) e estacionários de mortalidade por
de ações de proteção
câncer de colo de útero (2,76 óbitos por 100 mil
mulheres). Uma das estratégias para reduzir tais
CONCEPÇÕES DE GESTORES, TRABALHADORES E
índices é a implementação das redes regionais de
atenção (RRAS), com eixo na atenção primária em USUÁRIOS DA SAÚDE SOBRE A RELAÇÃO ENTRE
saúde (APS) OBJETIVOS: Analisar a percepção dos POLÍTICAS PÚBLICAS, MODELOS DE ATENÇÃO E
coordenadores de unidades de APS da RMVP sobre TECNOLOGIAS EM SAÚDE EM SÃO CARLOS
a rede para o controle de câncer de mama e colo Fernanda de Oliveira Furino / Furino, F.O. / UFS-
de útero e verificar as estratégias de identificação Car; Vanessa de Oliveira Furino / Furino, V.O. /
de mulheres em situação de vulnerabilidade e sua UFSCar; Maria Lúcia Teixeira Machado / Macha-
inserção na rede de cuidados. METODOLOGIA: Este do, M.L.T. / UFSCar;
estudo é parte de pesquisa PPSUS 2012/51787-8/ Introdução: As políticas públicas propõem mudan-
Fapesp sobre a rede de atendimento regional a mu- ças que podem alterar o rumo ou o curso de um país
lheres, com foco no câncer de colo de útero e mama, e, na área da saúde, essa ação ou até a reorientação
aprovada pelo CEP/UNIVAP/SP nº 570.822. Os dos modelos de atenção no Brasil é que têm indi-
sujeitos foram coordenadores das unidades de APS cado a necessidade de reorganização tecnológica
dos 39 municípios da RMVP, que responderam um do trabalho em saúde, incorporando ferramentas
questionário disponibilizado via internet. Este tra- bastante negligenciadas no cotidiano dos serviços.
balho avalia duas questões abertas do questionário, A inovação em saúde pode ser capaz de proporcionar
quais serviços compõem a rede de saúde da mulher a resolução de situações e necessidades específicas
no seu município”e Exemplifique ações específicas por meio da produção de novas tecnologias. Objeti-
dirigidas a mulheres em situações de vulnerabilida- vos: Compreender a relação entre políticas públicas
de na sua unidade”.RESULTADOS: Responderam ao de ciência, tecnologia e inovação em saúde, modelos
questionário 154 profissionais de saúde da RMVP de atenção e tecnologias em saúde em São Carlos
(151 enfermeiros). Na caracterização da rede, os e apreender e analisar as concepções de gestores,
profissionais apontaram: ampla variedade de ser- trabalhadores e usuários da Rede Escola de Cuidado
viços por níveis de atenção (primária, secundária e à Saúde de São Carlos sobre esses temas. Método:
terciária), tanto no município quanto em municípios Estudo qualitativo compreendendo observação

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 251
participante em uma Unidade de Saúde da Família, beneficiar dos cuidados paliativos realizados pela
uma Unidade Básica de Saúde, uma Unidade de Atenção Básica. A Estratégia Saúde da Família (ESF),
Pronto Atendimento e em um Centro Municipal de no SUS, representa o principal modelo para a orga-
Especialidades e Entrevistas semi-estruturadas com nização da Atenção Básica e seu fortalecimento é
18 sujeitos entre profissionais da saúde, gestores e necessário para identificar e assistir os usuários que
usuários, desenvolvido como projeto de Iniciação necessitam de cuidados paliativos. Esta modalidade
científica -CNPq/UFSCar, por graduanda em Enfer- de cuidado é essencial para oferecer assistência às
magem. Resultados: Os dados coletados foram sub- pessoas que sofrem de condições crônicas que limi-
metidos à análise categorial temática e revelaram tam a vida de crianças, jovens, adultos e idosos. No
que, os profissionais compreenderam que o modelo município de São Paulo, a demanda por cuidados
de atenção em São Carlos tem um foco voltado para paliativos na Atenção Básica existe. Entretanto, esta
promoção da saúde e prevenção de doenças, sendo necessidade não se encontra devidamente estimada
um modelo que leva o governo a investir mais em e avaliada, o que compromete o planejamento e orga-
nível de complexidade primário, do que em secun- nização dos sistemas locais, além de sobrecarregar a
dário e terciário. Ademais, embora existam avanços, comunidade e os profissionais. Para discutir as pos-
a própria equipe de saúde foca o atendimento ma- sibilidades de estruturação, integração e governança
joritariamente no médico, impedindo a integração da rede de saúde de uma Região do Município de São
da equipe e consequentemente refletindo em um Paulo, um dos objetivos foi avaliar a organização da
atendimento centrado em um caráter curativo e Atenção Primária, tendo como referência seus prin-
não preventivo. A demanda excessiva e a falta de cipais atributos: acesso. Como método de avaliação,
recursos físicos na rede compõem um conjunto de utilizou-se o questonário Primary Care Assessment
entraves, fazendo com que a população apresente Tool – PCATool”. Como sujeitos do estudo, foram se-
dificuldades em compreender a reorientação do lecionados usuários do território de Parelheiros na
modelo, mas ainda assim o atendimento foi avaliado Região Sul de SP por ser um local de difícil acesso,
como humanizado pelos usuários. Conclusão: As com carência de serviços de saúde especializados
políticas públicas são formuladas para garantir que e cobertura pela ESF próxima a 100%. Na análise
todos os usuários tenham o direito constitucional dos atributos, observou-se que o acesso de primeiro
à saúde, entretanto, a falta de investimentos em contato, longitudinalidade e a orientação familiar
novas tecnologias, de valorização dos profissionais foram avaliadas positivamente em relação atribu-
e a fragilidade na comunicação interpessoal e inte- tos de acessibilidade, coordenação, integralidade,
rinstitucional, são aspectos que podem contribuir orientação comunitária e serviços prestados foram
para que o seu desenvolvimento não ocorra como o avaliados negativamente pelos usuários. Esta
esperado, o que pode explicar o desgaste do sistema pesquisa integra o projeto Condições crônicas de
público de saúde. saúde e atenção básica: rede e governança para os
cuidados paliativos em uma região do município de
CONDIÇÕES CRÔNICAS DE SAÚDE E ATENÇÃO BÁ- São Paulo”, financiado pela Chamada Universal do
SICA: REDE E GOVERNANÇA PARA OS CUIDADOS CNPQ n.14/2012.
PALIATIVOS EM UMA REGIÃO DO MUNICIPIO DE
SÃO PAULO CONSTRUÇÃO DE REDES VIVAS NO PERCURSO DE
Hieda Ludugério de Souza / Souza, H.L. / Universi- VÍTIMAS DE TRAUMA COM EXIGÊNCIAS DE CUI-
dade de São Paulo; Elma Lourdes Campos Pavone DADOS PROLONGADOS APÓS ALTA HOSPITALAR
Zoboli / Zoboli, E.L.C.P. / Universidade de São Pau- Ana Cristina Magalhães Mesquita / Mesquita,
lo; Gabriela Ferreira Granja / Granja, G.F. / Univer- ACM / UFMG e Prefeitura Municipal de Belo
sidade de São Paulo; Kathryn Sartori / Sartori, K. / Horizonte; Ana Carolina Henriques O. A. Castro /
Universidade de São Paulo; Castro, ACHOA / UFMG; Alzira xe Oliveira Jorge /
Estima-se que cerca de 100 milhões de pessoas em Jorge, AO / UFMG; Elza Machado Melo / Melo, EM
condições crônicas em todo o mundo poderiam se / UFMG;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 252
• Universalidade, integralidade e eqüidade da aten- cenários e os diferentes modos de se construir redes
ção constituem um conceito tríplice, com forte poder de serviços do SUS e singularidades das práticas de
de expressar o ideário da Reforma Sanitária brasilei- cuidado que refletem um modo de fazer do âmbito
ra. Garantir da integralidade é um desafio na medida da micropolítica do trabalho.
em que nos remete ao campo da(s) micropolítica(s)
de saúde e suas articulações, fluxos e circuitos. As DA CRIAÇÃO À ESTRUTURAÇÃO DE UM OBSER-
redes de atenção à saúde são organizações poliár- VATÓRIO DE SAÚDE: A ESCUTA DE POTENCIAIS
quicas que permitem ofertar uma atenção contínua VISITANTES DE UM PORTAL NA WEB
e integral de saúde a uma determinada população. Michelle Karoline de Lima / Lima, M.K. / UNI-
São dinâmicas e os encontros dos sujeitos na busca VAP; Natália Barboza Helbusto / Helbusto, N.B.
pela atenção à saúde promovem seu crescimento e / UNIVAP; Caroline da Silva Siqueira / Siqueira,
amadurecimento, assim como descoberta de novos C.S. / UNIVAP; Paula Vilhena Carnevale Vianna /
caminhos. A Linha de Cuidado Integral tem como Vianna, P.V.C. / UNIVAP; Rosana Tupinambá Viana
princípios a integralidade e a resolutividade em cada Frazili / Frazili, R.T.V. / FATEA; Andrea Peneluppi
estação de cuidado que deve ser desenvolvido por de Medeiros / Medeiros, A.P. / UNITAU;
ações intersetoriais, que visem independência do Caracterização do problema: O Observatório de
sujeito e o auto-cuidado. Este estudo visa descrever Saúde da Região Metropolitana do Vale do Paraíba
e analisar o percurso dos usuários na construção e Litoral Norte (RMVP e LN) fundamenta-se em
de redes vivas de cuidado, segundo a estratégia projetos de pesquisa e organização da informação,
do usuário guia, considerando as perspectivas fornece visão social e espacialmente contextuali-
dos usuários, família e trabalhadores da saúde zada dos cenários de saúde municipais e regional
neste processo. Trata-se de um braço da pesquisa e aproxima academia e serviços. Um dos desafios é
Observatório Nacional da Produção de Cuidado em a construção participativa do portal. Este trabalho
diferentes modalidades à luz do processo de implan- apresenta o resultado do levantamento de opinião
tação das Redes temáticas de Atenção à Saúde no sobre o conteúdo do observatório realizado em
Sistema Único de Saúde: Avalia quem pede, quem Encontro Regional. Descrição: Um questionário
faz, quem usa”. Tem como coordenador nacional o semiestruturado foi entregue aos 41 participantes
Prof. Dr Emerson Merhy e em Minas Gerais a Prof. de Debate no 3º Encontro Regional de Saúde Pública
Dra. Alzira Jorge. Utilizaremos a metodologia do do Vale do Paraíba/APSP. O questionário continha
usuário guia para cartografar os encontros em torno seis tópicos: 1- o Vale e a saúde regional; 2- gestão;
da produção de cuidado. Escolheremos 3 usuários, 3- cuidado; 4- conhecimento em saúde; 5- iniciativas
a partir da metodologia do Informante Chave de regionais; 6- outros. No tópico 1, os participantes
Thiollent e acompanharemos o seu percurso na rede sugeriram: implementar novos sistemas de saúde;
desde a sua entrada na Rede de Atenção às Urgên- abordar problemas com maior necessidade de me-
cias e Emergências até um período de dois meses. didas corretivas e apresentar medidas preventivas
Os usuários serão escolhidos de acordo com a com- relacionadas; mapear os serviços; socializar as UBS
plexidade do cuidado necessário e vulnerabilidade de grandes centros com as cidades mais afastadas;
social (permanência usual, alta permanência e com segmentar o observatório por temas de saúde;
critérios de vulnerabilidade social). Em um primeiro disponibilizar dados históricos socioeconômicos,
momento, serão aplicados questionários abertos, culturais e ambientais dos municípios. Em gestão:
com entrevistas em profundidade aos sujeitos da elaboração de seminários e palestras; criação de
pesquisa. Os acompanharemos posteriormente, grupos coesos e menos elitizados; fortalecimento
através de tele-entrevistas realizadas quinzenalmen- intermunicipal e exposição da real situação de saú-
te. Tais entrevistas podem disparar novos sujeitos de, para buscar conjunta de soluções e gestão. Em
na pesquisa, à medida que, ao transcorrer a rede, cuidado: padronização dos serviços e gestão; inclu-
o sujeito realize encontros que o levem a novos são de disciplinas para enriquecer o observatório;
caminhos. Busca-se reconhecer a diversidade dos organização de rede dinâmica e eficaz; inclusão de

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 253
rede de saúde mental e apoio à mulher vítima de via endereço eletrônico do serviço de atendimento
violência; divulgação de cursos para capacitação aos ostomizados. As informações foram obtidas por
profissional. Em conhecimento: disponibilização e meio de um questionário semiestruturado, elabora-
acesso a trabalhos acadêmicos; criação de audiên- do conjuntamente pelos profissionais do programa
cias públicas; construção de um observatório claro no âmbito regional (ARE-Limeira). A análise dos
para o visitante do portal; parceria com o Núcleo de dados foi realizada por meio da descrição da situa-
Educação Permanente e Humanização. Em inicia- ção referida por cada município e apresentados em
tivas: implantação de tecnologia; especialização e tabelas. A elaboração do instrumento de pesquisa
instituto de pesquisa; divulgações. E por último, englobou a articulação dos aspectos técnicos com
sugeriram abordagem de relatos do cotidiano. Lições a realidade local. Resultados: A atenção aos osto-
aprendidas/recomendações: As respostas dos ques- mizados é desenvolvida tanto em unidades básicas
tionários revelaram a importância da divulgação e de saúde, como em unidades de especialidades. Na
socialização de dados e conteúdos regionalizados. grande maioria dos municípios o programa fica sob a
Os assuntos abordados pelos potenciais visitantes responsabilidade do profissional enfermeiro contan-
do portal são coerentes com o proposto e guiarão do com uma equipe reduzida de profissionais atrela-
novos projetos; o conhecimento do público é variado da ao perfil da não exclusividade desses para ações
e a comunicação deve contemplar desde a linguagem do programa. Em relação à origem dos pacientes os
formal para profissionais, até a coloquial para a serviços públicos são relevantes. Todos os municí-
população como um todo. pios referiram não dispor de referencia para rever-
são e que esta se da a partir do médico que atendeu
DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA REDE DE ATEN- o cliente e do vinculo desse profissional e acontece
ÇÃO A SAÚDE DAS PESSOAS OSTOMIZADAS NO de maneira independente do programa de atenção
DEPARTAMENTO REGIONAL DE SAÚDE – DRS10- aos ostomizados. Conclusão: A atenção em ostomias
PIRACICABA nos diferentes municípios está implantada e sendo
executada, mas apresenta uma lacuna entre o real
Andréia Aparecida De Luca Moore Bonello / Bo-
e o ideal. Essa divergência constitui um espaço de
nello, A. A. L. M. / Secretaria Estadual da Saúde
– São Paulo; trabalho que merece atenção para sua organização
e qualificação, mas que de forma alguma, inviabiliza
Introdução – A Atenção à Saúde das Pessoas Osto-
o que vem sendo construído pelos diferentes locais
mizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde tem
de execução do programa.
como princípio a integralidade no cuidado. Este
modulo de atenção deve ser composto por ações
desenvolvidas com ênfase na Atenção Básica, por
DISPOSITIVOS DE CONSTRUÇÃO DE REDES NA
meio de intervenções especializadas de natureza COORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE SUDESTE
interdisciplinar, contando com estrutura especia- EM SÃO PAULO - UMA APOSTA NA PERSPECTIVA
lizada. Partindo desse pressuposto faz necessário DE ENCONTROS E PRODUÇÃO DE CUIDADO
à organização das unidades de saúde; a definição Karina Barros Calife Batista / Calife, Karina,
de fluxos, a articulação e apoio matricial entre Batista, KBC / SMS e Preventiva; Ana Lucia Paioni
essas unidades incluindo a rede hospitalar. Objeti- Baptista / Baptista, ALP / SMS; Ana Paula Moreira /
vos - Este trabalho teve como objetivo realizar um Moreira, AP / SMS; Douglas Schneider / Schneider
diagnóstico da rede de atenção à Saúde das Pessoas A organização de redes de atenção à saúde é uma
Ostomizadas no âmbito do Departamento Regional potente estratégia para enfrentar um dos maiores
de Saúde de Piracicaba – DRS10. Metodologia - Es- desafios à consolidação do SUS: a efetiva garan-
tudo quantitativo transversal, de caráter descritivo, tia do direito à atenção integral, resolutiva e de
feito com os responsáveis pelo programa de atenção qualidade a todos os brasileiros. O Planejamento,
ao portador de ostomia de cada município da área organização da atenção e educação permanente são
de abrangência do DRS10 – Piracicaba. A coleta de estratégias essenciais para organização das redes
dados foi realizada por meio do envio do instrumento locais. A Coordenadoria de Saúde Sudeste em SP, tem

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 254
2.700.000 habitantes em 5 Supervisões de Saúde e ciação Saúde da Família (ASF); Paulo Fernando
8 Subprefeituras. A rede de saúde é complexa, com Capucci / Paulo Capucci / Associação Saúde da
205 serviços distribuídos em 93 UBS, 31 AMAs, 122 Família (ASF); Lucia Marques Cleto Duarte Iusim
Equipes/ESF, 8 Amb Especialidades, 31 CAPS e 6 / Lúcia Iusim / Supervisão Técnica Capela do
CER. Além de 5 hospitais municipais, 7 Estaduais Socorro (SP); Betina Black Dalarmelino / Beti-
e 1 Federal. Na perspectiva de qualificar a oferta na Dalarmelino / Supervisão Técnica Capela do
e acesso da população aos serviços, a equipe CRS Socorro (SP);
identificou a necessidade de mudança no processo Caracterização do Problema O objetivo do estudo foi
de trabalho e espaços de regulação e fez uma aposta relatar a experiência da Educação Permanente em
em dispositivos de construção de redes, criando em Saúde (EPS) como proposta para discussão de Redes
2013, o Fórum de Redes da Sudeste, com participação de Atenção a Saúde entre uma Organização Social
dos Hospitais Municipais, Estaduais e Federal, da de Saúde (OSS) e uma Supervisão Técnica de Saúde
SES, das OSS no território e dos Supervisores de (STS), da região Sul, no município de São Paulo. A
Saúde. Os objetivos do fórum, alinhados ao desafio metodologia utilizada foi a problematização por
de resgatar a Gestão Pública e recompor os serviços meio de oficina educativa. Dessa forma, buscou-se,
municipais do SUS na região, foram potencializar discutir a questão sobre a gestão de redes e o papel
a regulação local com qualidade e eficácia, com de cada colaborador visando compreender e reo-
olhar atento a micropolítica do cuidado em saúde rientar a prática do trabalho em saúde. Descrição
e incluiu a articulação com a gestão estadual, deu A oficina ocorreu no primeiro semestre de 2015 e
voz às equipes do território, fortaleceu a gestão par- estavam e contou com 28 participantes. Para o aco-
ticipativa, além de dialogar com a agenda nacional lhimento foi escolhida a dinâmica intitulada como
do Ministério da Saúde. O processo adotado foi o ‘jogo cooperativo’, que trouxe à reflexão sobre a im-
encontro entre todos os envolvidos na produção do portância da colaboração coletiva para trabalhar em
cuidado no território, com reuniões deliberativas, rede e que as características como empatia, alteri-
que construíram alternativas e resultados positivos, dade e afetividade são essenciais para o processo de
como a diminuição das filas para cirurgia eletiva trabalho. Em seguida, foi construído o conceito em
na região em 50%. Entre ações desenvolvidas esta- conjunto sobre redes. Cada participante escreveu em
vam reuniões semanais com os Supervisores para uma filipeta o que entendia por RAS. Após realizar
aproximação, troca de conhecimentos com agenda a leitura das filipetas, constatou-se que os concei-
técnica, política e de ensino, reuniões quinzenais do tos trazidos pelos participantes eram semelhantes
Fórum de Redes com caráter deliberativo, realização contribuindo para um alinhamento de ideias. Após
de Seminário A produção do cuidado na perspectiva esse momento, os participantes foram divididos em
do bem comum” com os gerentes de serviços e alguns quatro grupos para responder as seguintes questões:
trabalhadores e usuários, articulação com o Projeto Quais arranjos de rede de atenção você reconhece na
Entra na Roda” e o Fórum de Gestão Participativa sua prática diária? Quais os atores envolvidos neste
em plenárias regionais. Entendemos esta como uma processo? Qual seu papel na construção dessa rede?
Potente iniciativa que perdura até hoje, com um Como síntese dos grupos compreendeu-se que a rede
caráter multiplicador, pois vem acontecendo nos é dinâmica, onde todos são atores, concretizando-
territórios das supervisões de saúde, com resultados -se a partir do que cada um acredita que é o pro-
palpáveis, como a relação entre os diversos pontos cesso de saúde-doença, sendo que todos precisam
de atenção, diminuição de filas e o objetivo comum responsabilizar-se formando as teias e nós-críticos
de qualificar o cuidado em nosso território. legitimando assim os lugares homogêneos do ter-
ritório. Lições Aprendidas A Educação Permanente
EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO PROPOSTA PARA contribuiu para a integração do grupo, intensificou
DISCUSSÃO DE REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE: UM o comprometimento profissional e desenvolveu a
RELATO DE EXPERIÊNCIA consciência epistemológica do grupo. A experiência
Bruna Pedroso Canever / Bruna Canever / Asso- de inserir a EPS como prática no cotidiano do grupo

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 255
facilitou o progresso da integração entre OSS e STS, RESULTADOS Cerca de 2/3 das Equipes de Atenção
construindo alianças, favorecendo o planejamento Básica, no Brasil, estão localizadas no intervalo de
e organização das ações no território e valorizando média integração e apenas 1/6 no intervalo de alta
a importância do trabalho em rede. Recomendações integração. No nível de alta integração o item mais
Iniciativas no sentido de fortalecer a criação da RAS útil para discriminar a habilidade das equipes foi -
por meio de EPS induz o debate, ampliando discus- Discussão sobre o processo de trabalho. Na média
sões e reflexões sobre o fenômeno em destaque. integração – Frequência que equipe recebe apoio,
Assim, espera-se que movimentos como este façam Frequência contato dos especialistas com AB, Apoio
parte da realidade do trabalho em saúde Matricial, Fluxo de comunicação, Lista de contato
com especialista na AB, Canal de comunicação na
EM BUSCA DA INTEGRALIDADE NO SUS: CONHE- AB, Apoio do CAPS, Possui referências e fluxos e
CENDO A INTEGRAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA À Apoio do NASF. O item - Existe Central de Marca-
REDE ASSISTENCIAL POR MEIO DA TEORIA DE ção discrimina as equipes em baixa integração.
RESPOSTA AO ITEM Verificou-se que, à medida que aumenta a habilidade
para integração, a equipe tem maior probabilidade
Lenir Aparecida Chaves / Chaves, L.A. / UFMG;
de escolher a melhor categoria de resposta do item.
Alzira de Oliveira Jorge / Jorge, A.O. / UFMG; Ilka
Afonso Reis / Reis, I.A. / UFMG; Marcos Antônio CONCLUSÃO A Teoria de Resposta ao Item e as técni-
da Cunha Santos / Santos, M.A.C. / UFMG; Ma- cas de análise exploratória dos valores da habilidade
riângela Leal Cherchiglia / Cherchiglia, M.L. / de integração permitem identificar gradiente de ha-
UFMG; Alaneir de Fátima dos Santos / Santos, bilidade das equipes. Conhecer e analisar os traços
A.F. / UFMG; Antônio Thomaz Gonzaga da Matta característicos da prática cotidiana das equipes é
Machado / Matta-Machado, A.T.G. / UFMG; Eli Iola fundamental para o desenvolvimento e aprimora-
Gurgel Andrade / Andrade, E.I.G. / UFMG; mento das ações e serviços da Atenção Básica para
efetivação do cuidado integral no SUS.
INTRODUÇÃO A Política Nacional de Atenção Básica
(2011) define a Saúde da Família como estratégia
para a consolidação da atenção primária e as Redes ESPAÇO E CUIDADO
de Atenção como referência para organização de Tarcisio de Oliveira Barros Braz / Braz, T.O.B /
um cuidado integral. Estudos sugerem serem fun- Unifesp; Luiz Carlos de Oliveira Cecílio / Cecílio,
damentais os dispositivos de regionalização, apoio L.C.O / Unifesp; Rosemarie Andreazza / Andrea-
matricial, comunicação, informação, regulação e zza, R. / Unifesp;
gestão compartilhada para o ordenamento da rede. Objetivos: o TEMPO e o ESPAÇO são dimensões
OBJETIVO Avaliar a integração da Atenção Básica básicas da existência humana, que se modificam
à rede assistencial do SUS no Brasil. METODO Es- quando adoecemos. As novas espacialidades vividas
tudo transversal com base nos dados do Programa pelas pessoas em situação de adoecimento são con-
de Melhoria do Acesso e da Qualidade de Atenção dicionadas, tanto pela doença, como pela espaciali-
Básica/PMAQ-AB 2012. Participaram 17.202 Equipes dade do sistema de saúde que, no Brasil, tem uma
de Atenção Básica que responderam ao inquérito forte base territorial e é regionalizado. As questões
de avaliação externa. Para medir a habilidade de da investigação foram: a maneira como o espaço é
integração das equipes à rede assistencial foi utili- operado pelos gestores será suficiente para dar conta
zada a Teoria de Resposta ao Item. Para estimativa da mobilidade da vida urbana contemporânea, res-
do nível de integração foi empregada uma escala pondendo assim adequadamente às necessidades de
de habilidade (-3 a 3) às perguntas selecionadas no saúde das pessoas? As espacialidades condicionadas
módulo II (Entrevista com Profissional da Equipe/ pela política de saúde podem resultar em obstáculos
AB). Como resultado, foram definidos os intervalos àqueles que procuram ações e serviços de saúde?
para classificação das Equipes: baixa; média e alta Metodologia: revisitei as entrevistas dos usuários
integração. Os escores foram interpretados por meio da pesquisa As múltiplas lógicas de construção do
da técnica de visualização da nuvem de palavras. cuidado: indo além da regulação governamental de

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 256
acesso e utilização dos serviços de saúde”, realizada população. Para enfrentar este desafio o SUS vem
pelo DMP da Unifesp. Esta pesquisa ocorreu em 2 adotando várias estratégias, dentre elas a implan-
cidades da região do ABCD paulista, realizada em 2 tação de Redes de Atenção à Saúde, como arranjos
fases. Na primeira, realizaram-se entrevistas temá- organizativos de ações e serviços de saúde, que tem
ticas com atores estratégicos dos dois municípios. como intuito oferecer aos usuários acesso e quali-
Na segunda, foram entrevistados 18 moradores das dade aos serviços, possibilitando atenção integral
duas cidades, considerados grande utilizadores com eficiência na utilização de recursos. Objetivos:
de serviços de saúde. No presente estudo, fiz uma Identificação e análise de como a implantação do
leitura das entrevistas com objetivo de destacar as Projeto ICSAP – Internações por Condições Sensíveis
referências que os entrevistados faziam ao tema do á Atenção Primária – iniciado em janeiro de 2012,
ESPAÇO em sua busca pelo cuidado. Resultados: O contribui para a construção da rede de atenção à
material empírico foi submetido à análise temática saúde no SUS na cidade de Campinas-SP, segundo
e 3 categorias foram produzidas: a) O endereço: a compreensão dos gestores e trabalhadores impli-
chave” para abrir os serviços e redes de atenção?; cados. Método: Estudo de abordagem metodológica
b) As táticas: os usuários e as regras de espaciali- qualitativa, utilizados os procedimentos de análise
zação do SUS; c) Mobilidade e cuidado. Conclusão: documental, observação participante, entrevistas e
os resultados apontaram que o ESPAÇO é uma di- oficina de validação com os envolvidos. Tem como
mensão central do cuidado, e revelaram 2 elementos campo de observação as Unidades Básicas de Saúde
operacionais, relacionados à espacialização operada e a Unidade de Pronto Atendimento do Distrito de
pelo SUS: o endereço e os meios de transporte. O en- Saúde Sul e o Pronto Socorro de Adultos e as enfer-
dereço, no atual modo de funcionar do SUS, torna-se marias de Clínica Médica e Neurologia do Hospital
a chave” para o acesso às redes de atenção à saúde, Municipal Dr. Mário Gatti. Os materiais produzi-
com todas as consequências advindas de tal defini- dos em campo foram analisados e interpretados a
ção. O lugar de moradia resulta, assim, em marcador partir da construção de narrativa, tomando como
de caminhos obrigatórios, de abertura, mas, tam- orientador o círculo hermenêutico-dialético e a
bém, de fechamentos de possibilidades. Os meios avaliação de quarta geração. Resultados: Os resul-
de transporte adquirem a qualidade de elementos tados encontrados demonstram que o Projeto ICSAP
centrais na produção do cuidado, pois as pessoas provocou mudanças organizacionais nos serviços
com problemas de saúde mais complexos fazem participantes e que estas mudanças contribuíram
parte do seu tratamento em serviços especializados tanto para a integração entre estas instituições,
distantes da sua residência. Portanto as condições como para a qualificação da oferta de cuidados aos
de mobilidade é um componente importante do pacientes alvo; que estas mudanças ocorrem pela
projeto terapêutico de um número expressivo de sensação de protagonismo dos diferentes atores
usuários do SUS. envolvidos, que assumem corresponsabilidade pelo
processo de concepção e implantação das mesmas;
ESTUDO SOBRE EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO que o modelo democrático e participativo favorece
DE REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE NO SUS o desenvolvimento do Projeto ICSAP; que as ferra-
Edson Malvezzi / Malvezzi, E. / Hospital Munici- mentas da Gestão da Clínica favorecem a integração
pal Dr. Mário Gatti - Campinas,SP; José Maurício entre os serviços e qualificou o cuidado; que as ferra-
de Oliveira / Oliveira, J.M. / Hospital Municipal Dr. mentas eletrônicas de comunicação substituíram as
Mário Gatti - Campinas,SP; relações interpessoais entre as equipes envolvidas;
Introdução: O Sistema Único de Saúde constitui-se e, que o projeto não alcançou o corpo de residentes
como uma das políticas públicas mais importantes médicos do hospital dificultando sua ampliação.
do país. Seus resultados demonstram indiscutíveis Conclusão: o Projeto ICSAP provocou mudanças e é
avanços, mas é reconhecida a necessidade de reor- instituinte de novas práticas de gestão e de qualifi-
ganização constante deste sistema para atender à cação do cuidado em rede.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 257
EXPERIÊNCIA EM INTEGRAÇÃO NA RAPS e fortalecer ações consideradas potentes, como o
Ana Alice Marques / Marques, A.A. / USP; Fernan- matriciamento, a intersetorialidade, ampliando o
da Natalia Souza Lima / Lima, F.N.S. / USP; Ana caráter integrador da RAPS na prática dos serviços.
Eliedna Nogueira / Nogueira, A.E. / USP; Camila
Faria Pierotti / Pierotti, C.F. / USP; Renata Granus- INTEGRAÇÃO DE INDICADORES DE PROCESSO E
so Bonin / Bonin, R.G. / USP; Regis Alves da Silvei- RESULTADOS NA ELABORAÇÃO PARTICIPATIVA
ra / Silveira, R.A. / USP; Thiago Lira / Lira, T. / USP; DE PLANO PARA REDE DE CUIDADO LOCAL EM
Ademir Lopes Junior / Lopes-Junior, A. / USP; DST, HIV E HEPATITES VIRAIS B E C
A experiência relatada ocorreu no contexto da disci- Ana Paula Loch / Loch, A.P. / USP; Ana Maroso
plina de Saúde Mental de um programa de residência Alves / Alves, A.M. / USP; Mariana Arantes Nasser
multiprofissional, numa metrópole brasileira. O / Nasser, M.A. / USP; Juliana Mercuri / Mercuri,
objetivo da atividade proposta foi visitar diversos J. / USP; Paula Opromolla / Opromolla, P. / USP;
equipamentos da Rede de Atenção Psicossocial Wania Maria Espírito Santo Carvalho / Carvalho,
(RAPS) com o intuito de conhecer as potencialidades W.M.E.S. / USP; Marta Campagnoni Andrade /
e dificuldades entre os diferentes pontos na rede. Fo- Andrade, M,C. / USP; Elen Rose Lodeiro Casta-
ram feitas visitas em três Centros de Atenção Psicos- nheira / Castanheira, E.R.L. / UNESP; Felipe Vale /
social (CAPS) - sendo um deles Álcool e Drogas (AD) Vale, F. / USP; Maria Altenfelder / Altenfelder, M. /
- e uma visita ao programa de redução de danos do USP; Maria Ines Battistella Nemes / Nemes, M.I.B.
município. Para tanto, utilizou-se entrevista semi- / USP;
-estruturada com os trabalhadores destes serviços, Caracterização do Problema: Em 2015, o Estado de
orientando a compreensão sobre seu funcionamen- São Paulo instituiu a Rede de Cuidado de DST/HIV/
to. Principalmente nos equipamentos voltados a usu- HV, que vai da atenção básica (AB) até a hospitalar.
ários de álcool e outras drogas, percebeu-se disputas Há necessidade de testar modelos de reorganização
tanto no âmbito ideológico quanto técnico. Coexis- para melhoria da efetividade das redes informais
tem na RAPS tanto perspectivas de intervenção com existentes. Para isto é preciso tanto a utilização de
caráter manicomial, que priorizam a internação, indicadores de desempenho local quanto a participa-
quanto modelos alinhados à reforma psiquiátrica, ção dos atores envolvidos. A atenção a estes agravos
atuando através da estratégia de redução de danos. conta com sistemas de informações acessíveis que
Outra constatação foram as divergências na compre- provêm dados epidemiológicos e, para HIV, também
ensão e distinção do papel atribuído a cada equipa- resultados clínicos. Adicionalmente, os processos de
mento quando o enfoque é saúde mental, o que leva organização da atenção ambulatorial especializada
a uma série de dificuldades na construção cotidiana em HIV e à saúde sexual e reprodutiva (SSR) na AB
da rede, tendo como consequência a fragmentação têm sido avaliados por instrumentos validados.
do cuidado. Além disso, através da narrativa dos Reconhece-se, porém, a subutilização desses dados
entrevistados, depreendeu-se que a precarização no planejamento local dos serviços da rede. Descri-
do trabalho contribui para a fragilidade do cuidado, ção: O Projeto QualiRede (PPSUS-FAPESP12/51223-7)
uma vez que esta se relaciona com a dificuldade de testou um método para implementação da rede
implantação das tecnologias já estabelecidas, de em DST/HIV em uma região de saúde do Estado.
equipamentos e de recursos humanos para atender Integrou-se todos os indicadores locais disponíveis
a população. Entre as potencialidades observadas de processo produzidos nas aplicações dos instru-
na rede, destacaram-se equipes de CAPS, que optam mentos QualiAB-SSR (promoção/prevenção das DST/
por uma metodologia de trabalho envolvendo matri- Aids na AB) e do Qualiaids (assistência em HIV); e de
ciamento, reuniões periódicas e discussão de caso resultados (dos sistemas epidemiológicos e clínicos).
com Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Os indicadores, agrupados segundo as etapas de um
Convivência e Cooperativa (CECCO) e Residências modelo do contínuo do cuidado em HIV, basearam 3
Terapêuticas, o que fortalece e integra a rede e o oficinas pedagógicas de elaboração de planos locais
cuidado. Frente ao exposto, sugere-se reconhecer de implementação da qualidade e integração dos

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 258
pontos de atenção do cuidado contínuo com a par- nuidade do cuidado exigindo que, de alguma forma,
ticipação de profissionais e gestores desde a AB até a atenção básica e a atenção especializada estejam
a assistência hospitalar. Lições aprendidas: Indica- integradas. Nesse sentido, a construção de linhas de
dores de processo aproximam os profissionais e ges- cuidado que aproximem e compartilhem a atenção
tores da prática diária. Discutidos integradamente às condições crônicas podem trazer importantes
aos indicadores de resultados e impactos favorecem resultados na produção da saúde. O estudo, parte da
a crítica e a elaboração de metas locais viáveis. A pesquisa PPSUS FAPESP sobre Linhas de cuidado
parceria efetiva entre o grupo da universidade e os e acesso aos serviços especializados: Caminhos
gestores locais é crucial para a qualificação da rede e (des) caminhos na construção da integralidade
de cuidado local em DST, HIV e hepatites virais B e no SUS, analisou a linha de cuidado de obesidade
C. Recomendações: A metodologia participativa e a produzida na Região Sudeste do Município de São
agregação de indicadores segundo o modelo Qua- Paulo. Foi realizado um percurso metodológico car-
liRede do contínuo do cuidado em DST/HIV é útil tográfico com observação participante, envolvendo
para a avaliação e replanejamento da qualidade e um intenso mergulho no campo de pesquisa, com
integração dos serviços locais envolvidos na atenção análise das afecções produzidas. Observou-se que
em DST/HIV. O método QualiRede pode ser estendido o disparador para a organização da linha foi a dis-
à atenção em hepatites virais e, possivelmente em ponibilização de vagas de cirurgia bariátrica para
outros agravos importantes em saúde pública. obesos mórbidos em um hospital especializado da
região. A partir de então, alguns dispositivos foram
LINHA DE CUIDADO DA OBESIDADE: CAMINHOS desenvolvidos para o fortalecimento do cuidado
NA CONSTRUÇÃO DA INTEGRALIDADE NO SUS em rede: o apoio matricial, onde os endocrinolo-
Fabianny Tomaz Sitonio / Sitonio, F. T. / Faculda- gistas da atenção especializada prestam apoio às
de de Saúde Pública USP; Heloisa Elaine Santos equipes da Atenção Básica, de forma presencial ou
/ Santos, H E / Faculdade de Saúde Pública USP; mesmo pelos núcleos de telessaúde; o programa
Mariana Prado Freire / Freire, M P / Faculdade de de reeducação alimentar, envolvendo equipe mul-
Saúde Pública USP; Nayara Scalco / Scalco, N / tiprofissional; e o Programa de Saúde na Escola,
Faculdade de Saúde Pública USP; Paula Monteiro como forma de captar os usuários precocemente,
de Siqueira / Siqueira, P M / Faculdade de Saúde através da articulação intersetorial com o setor da
Pública USP; Eduardo Caron / Caron, Eduardo / educação. As equipes dos demais níveis de atenção
Faculdade de Saúde Pública USP; Sergio Leal / são envolvidas na discussão sobre a elaboração de
Leal, S / Faculdade de Saúde Pública USP; Renata grades de regulação em relação à cirurgia bariátri-
Pereira / Pereira, R / Faculdade de Saúde Pública ca; elaboração de fluxos e adaptação dos protocolos
Usp; Valeria Verkin Barsoumian / Barsoumian, V já existentes de pré e pós operatório; capacitação
V / Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo; dos profissionais; discussão de casos; e articulação
Karina Calife / Calife, K / Secretaria Municipal de intersetorial. Apesar das inovações e do processo
Saúde de São Paulo; Tereza Rosa / Rosa, T / Insti- regulatório avançar para o acesso por linhas de
tuto de Saúde de São Paulo; Marilia Cristina Prado cuidado, a organização dos serviços especializados,
Louvison / Louvison, M C P / Faculdade de Saúde como um todo, ainda indica arranjos tradicionais
Pública USP; Laura Camargo Macruz Feuerwerker que contribuem com uma produção do cuidado
/ Feuerwerker, L C M / Faculdade de Saúde Pública muito fragmentada e com pouca incorporação de
USP; equipe multiprofissional. Conclui-se que um novo
O avanço no princípio da integralidade no SUS é arranjo tecno-assistencial das equipes pode favore-
um grande desafio, em particular na cidade de São cer um trabalho bastante positivo para os pacientes,
Paulo, considerando a fragmentação histórica do sendo fundamental desvelar a produção do cuidado
sistema de saúde. Cada vez mais as condições crô- na atenção especializada como um dos planos de
nicas se colocam no sentido de desafiar a desconti- produção do SUS.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 259
LINHAS DE CUIDADO E ACESSO AOS SERVIÇOS tação de alguns tipos de exames como endoscopia e
ESPECIALIZADOS: CAMINHOS E (DES) CAMINHOS colonoscopia gerando redução da fila e melhoria na
NA CONSTRUÇÃO DA INTEGRALIDADE NO SUS produção do cuidado. Em ambos, a organização dos
Mariana Prado Freire / Freire, M.P. / FSP; Mari- serviços especializados ainda demonstram arranjos
lia Cristina Prado Louvison / Louvison, M.C.P. tradicionais que potencializam o distanciamento
/ FSP; Laura Camargo Macruz Feuerwerker / com a atenção básica, estabelecendo lógicas de
Feuerwerker, L.C.M / FSP; Debora Cristina Bertus- poder médico e tecnológico próprios, e os sistemas
si / Bertussi, D.C. / Prefeitura Municipal de São informatizados de regulação acabam por produzir
bernardo do Campo; Debora do Carmo / Carmo, D. invisibilidades e desresponsabilização, se não in-
/ Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo; corporarem processos de gestão clínica nas analises
Alexandre Pereira Cruce / Cruce, A.P. / FSP; Fa- de filas e estiverem articulados e partilhados com
bianny Tomaz Sitonio / Sitonio, F.T. / FSP; Heloisa processos de gestão vivos de regulação nos serviços
Elaine dos Santos / Santos, H.E. / FSP; Nayara de saúde, tanto básicos como de emergência. No caso
Scalco / Scalco, N. / FSP; Anna Larice Meneses / de São Bernardo do Campo já é possível observar mu-
Meneses, A.L. / FSP; Paula Monteiro de Siqueira / danças na relação entre equipes da atenção básica,
Siqueira, P.M. / FSP; Tereza Etsuko da Costa Rosa especializada e hospitalar e consequentemente na
/ Rosa, T.E.C. / Instituto saúde; Lucia Guerra / produção do cuidado compartilhado. É possível con-
Guerra, L. / FSP; cluir pela urgente necessidade da produção de novos
A organização e regulação em linhas de cuidado arranjos e inovações no cuidado compartilhado com
e as inovações que dela decorrem apresentam- a atenção especializada, visando atenção integral
-se como oportunidades para fortalecimento da com equidade no SUS.
atenção especializada e efetivação do principio da
integralidade no SUS. A fragmentação do cuidado MAPEANDO OS DESAFIOS DA IMPLEMENTAÇÃO
não responde as atuais necessidades das pessoas e DA REDE DE ATENÇÃO MATERNO INFANTIL
contribui com custos elevados, baixos resultados e Silvia Matumoto / Matumoto, S. / Escola de En-
grandes filas de espera. O estudo é parte da pesquisa fermagem de Ribeirão Preto EERP- USP; Luana
PPSUS FAPESP sobre Linhas de cuidado e acesso aos Pinho de Mesquita / Mesquita, L. P. / Escola de
serviços especializados: caminhos e (des) caminhos Enfermagem de Ribeirão Preto EERP- USP; Wilson
na construção da integralidade no SUS tendo como Mestriner Junior / Mestriner Jr, W. / Faculdade
campo a Região Sudeste de São Paulo e São Bernar- de Odontologia de Ribeirão Preto FORP-USP;
do do Campo para a produção de novos arranjos na Maria do Carmo Gulacci Guimarães CacciaBava
organização e regulação da atenção especializada. / CacciaBava, M. C. G. G. / Faculdade de Medicina
Utilizando a cartografia, observa-se inovação nos de Ribeirão Preto FMRP-USP; Adriana Barbieri
território porém ainda incipiente. Na Região Sudeste Feliciano / Feliciano, A. B. / Universidade Federal
a organização da regulação de forma articulada no de São Carlos UFSCar; Cássia Irene Spinelli Aran-
Fórum de Redes com serviços ambulatoriais e hospi- tes / Arantes, C. I. S. / Universidade Federal de São
talares da atenção especializada, da gestão publica Carlos UFSCar; Márcia Niituma Ogata / Ogata, M.
e privada, municipais e estaduais, que se esforçam N. / Universidade Federal de São Carlos UFSCar;
na construção de linhas de cuidado no território, Maria Lúcia Teixeira Machado / Machado, M. L.
reduzindo filas de espera algumas especialidades. T. / Universidade Federal de São Carlos UFSCar;
Em São Bernardo a estratégia dos apoiadores de Maria Teresa Luz Eid da Silva / Silva. M. T. L. E. /
redes nos territórios e a realização de oficinas que Departamento Regional de Saúde III - Araraquara;
envolvem atenção básica, atenção especializada e Mônica Vilchez da Silva / Silva, M. V. / Departa-
equipe de regulação, indicam a necessidade de en- mento Regional de Saúde III - Araraquara; Cristia-
frentar filas e construir processos de apoio e cuidado ne Ribeiro / Ribeiro, C. / Departamento Regional
compartilhado com especialistas que apoiam redes de Saúde III - Araraquara; Vera Dib Zambon /
de cuidado, como no caso da pneumologia e a solici- Zambon, V. D. / Departamento Regional de Saúde

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 260
III - Araraquara; Mary Cristina Ribeiro Lacôrte MONITORAMENTO DE CASOS-PROJETO TERAPÊU-
Ramos Pinto / Pinto, M. C, R. L. R. / Departamento TICO SINGULAR
Regional de Saúde III - Araraquara; Fabio Urbini Carnevalli / Fabio.U.C. / Prefeitura
Introdução: A Rede Cegonha (RC) está em processo de São Bernardo do Campo; Claudielle Teodoro /
de implementação em um Departamento Regional Claudielle.T. / Prefeitura de São Bernardo do Cam-
de Saúde do Estado de São Paulo. Com a finalidade po; Elaine Aparecida de Freitas Souza / Elaine,F.S
de enfrentar a redução da morbimortalidade mater- / Prefeitura de São Bernardo do Campo;
no infantil e para operacionalizar esta rede, o DRS Os apoiadores em saúde,trouxeram a idéia para as
criou o Grupo Condutor Regional da Rede Cegonha equipes,de ter um livro para registrar os casos de
(GCR), constituído por membros do Grupo Condutor acompanhamento prolongado dos pacientes,pois,as
Municipal dos 24 municípios e técnicos da equipe equipes possuem casos que necessitam de acompa-
regional. Este coletivo assume a perspectiva do nhamento prolongado,discussão e monitoramento
diálogo acerca dos problemas da prática cotidiana devido as especificidades. As equipes acharam
da atenção às mulheres e crianças e dos atravessa- interessante então foram feitos três livros um para
mentos inerentes a essas organizações. Objetivo: cada equipe onde eles separaram por microárea e
analisar os desafios da implantação da rede cegonha
agente comunitário de saúde, e então é descrito os
em um Departamento Regional de Saúde do Estado
casos e discutidos em reuniões internas e externas
de São Paulo. Método: Pesquisa qualitativa, do tipo
com outros serviços. Isso facilitou pois a equipe
pesquisa-intervenção, financiada através do edital
quando realizam reuniões externas com outros
FAPESP/PPSUS 2012/51827-0, que utilizou como
setores,podem levar o caderno e realizar as anota-
referencial teórico-metodológico para a construção
ções ali mesmo, sem precisar deslocar o prontuário.
da pesquisa e analise dos dados os pressupostos da
O livro é de acesso a toda equipe,lembrando que as
Análise Institucional. A produção e a análise dos da-
anotação dos pacientes também são realizados no
dos se deram no ano de 2014, de forma concomitante,
prontuário. O caderno facilitou pois em toda reunião
com encontros mensais com o GCR, adotando-se
de equipe ele é aberto e cada profissional contribui
diferentes dispositivos para mobilizar os participan-
com alguma informação do caso,e ajuda a equipe a
tes no enfrentamento dos desafios do trabalho em
dar continuidade no projeto terapêutico.
saúde. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Escola de Enfermagem Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo sob o protocolo MOVIMENTAÇÃO INTRA E INTER-REGIONAL DE
CAAE: 23143613.3.0000.5393. Resultados: Ao lon- MÉDICOS NO BRASIL
go da pesquisa-intervenção emergiram platôs que Daniel de Araujo Moreira Marques Silvestre /
compõem esta realidade. Dentre eles, destacam-se Silvestre, D. A. M. M. / LIM01/HCFMUSP; Pau-
aspectos que envolvem o processo de implementação lo Henrique D‘Ângelo Seixas / Seixas, P. H. D. /
da rede cegonha, como a inclusão de novos atores: FCMSCSP; Ana Paula Chancharulo de Morais
coordenadores de atenção básica, representantes Pereira / Pereira, A. P. C. de M. / Medicina Preven-
da gestão, articuladores de Educação Permanente tiva/FMUSP; Liza Yurie Teruya Uchimura / Uchi-
em Saúde, usuários e representantes dos pontos de mura, L. Y. / Medicina Preventiva/FMUSP; Ana
atenção da rede como maternidade e ambulatório de Luiza d‘Ávila Viana / Viana, A. L. D‘Á. / Medicina
gestação de alto risco. Outros platôs são: a análise Preventiva/FMUSP;
de implicação dos pesquisadores, o GCR como ino- As políticas de fixação de médicos nos municípios
vação na implementação da rede cegonha, o papel da sempre tiveram destaque no planejamento dos ser-
atenção básica, o papel dos gestores na constituição viços de saúde. Contudo, estudos recentes apontam
da rede e o GCR como espaço de EPS. Conclusão: O que estes profissionais são muito mais dinâmicos
coletivo contribuiu para o enfrentamento de alguns que o previsto. Com base em três anos completos
problemas e apresenta potência para o empodera- do CNES (competências de abril de 2012 a abril
mento dos trabalhadores e maior articulação com a 2015), obtidos dos dados públicos de disseminação
gestão neste processo de implementação. do DATASUS, mapeamos cada médico registrado de

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 261
acordo com sua vinculação nos municípios e regiões e 60 anos, apresentando transtornos depressivos e/
de saúde (CIR) em todo território nacional. Usamos ou de ansiedade moderados ou graves, transtornos
estes dados para mensurar os padrões de entrada e psicóticos de início agudo ou de difícil manejo,
saída de médicos por CIR e seus municípios compo- transtorno bipolar e/ou outros transtornos mentais
nentes. Os resultados demonstram que metade dos graves. Nosso objetivo é fazer com que todos os pedi-
profissionais tem vínculos em duas ou mais CIR. A dos de atendimento sejam avaliados de acordo com
despeito das políticas de fixação e do aumento do a necessidade de cada usuário, respectivo território
número de médicos no sistema, houve uma redução e serviços de referência, considerando a Portaria
anual no total de médicos exclusivos por região e nº 4.279/GM/MS, de 30 de dezembro de 2010, que
município, observada tanto nas contagens diretas estabelece diretrizes para a organização da Rede
quanto no aumento das taxas de entrada de profis- de Atenção à Saúde no âmbito do SUS. E fortalecer
sionais. Essa observação aponta para um aumento a Atenção Básica em Saúde com relações mais pró-
na movimentação geral dos médicos no Brasil. O ximas entre especialistas e generalistas. No caso,
elevado número de profissionais não-exclusivos os generalistas são os profissionais que atuam nas
indica que parte do trabalho médico organiza-se equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e os
independentemente das CIR. Em contrapartida, especialistas são os profissionais que fazem parte
identificou-se a figura do profissional regional, cuja de equipes de Atenção Ambulatorial Especializada
circulação é estável e restrita ao interior da CIR, (AAE) que constituem pontos de atenção secundária
perfazendo cerca de dois quintos dos médicos por da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Nossas principais
região. Esses padrões reforçam a necessidade de ins- dificuldades são alto índice de absenteísmo até
tâncias administrativas suprarregionais, tais como o momento em média de 60%, através de contato
as Redes Regionais de Atenção a Saúde do estado telefônico para confirmação dos agendamentos é
de São Paulo e as Macrorregiões de Minas Gerais, presente a queixa da dificuldade de locomoção, dis-
bem como o compartilhamento regionalizado de tancia geográfica e também o tempo de espera para
informações de saúde. Em paralelo às políticas de avaliação especializada, sendo uma fonte de insa-
fixação, é preciso pensar em outras que incorporem a tisfação da população. Não há ainda um sistema de
parcela móvel destes profissionais como um recurso referência e contrarreferência estruturado com base
compartilhado inter-regional. em prontuários clínicos eletrônicos; não há apoio
efetivo das pessoas nos momentos da transição; e
NA EXPERIMENTAÇÃO: O GRUPO DE RECEPÇÃO não há uma vinculação entre os médicos de família
DE UM AMBULATÓRIO UNIVERSITÁRIO ESPECIA- e os especialistas, o que significa a inexistência da
LIZADO DE PSIQUIATRIA territorialização da AAE. E nosso principal desafio
Vanessa Andrade Martins Pinto / Pinto, V.A.M / é articular nosso serviço universitário à RAS, e mais
ENSP/FIOCRUZ; Liz Barddal Feligueira / Barddal, especificamente à RAPS, assumindo nossa missão
L. / UFRJ; junto à sociedade de ensino, pesquisa e assistência.
Ratificando o cuidado em rede no âmbito do Sistema
O grupo iniciou no mês de agosto de 2013, com o
Único de Saúde (SUS).
objetivo de avaliar a propriedade das demandas
solicitadas via Sistema de Regulação (SISREG) do
Município do Rio de Janeiro para atendimento no NUCLEO INTERNO DE REGULAÇÃO (NIR) COMO
Ambulatório Especializado de Psiquiatria da Uni- ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DA REDE DE
versidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenado por URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS;
uma enfermeira e uma assistente social. A proposta Fernando Teles de Arruda / Arruda, F.T. / Santa
é de uma escuta multiprofissional, pois também Casa de Araraquara; Fernanda Gonçalves Fernan-
contamos com a participação dos médicos psiquia- des / Fernandes, F.G. / Santa Casa de Araraquara;
tras (residentes e staffs) e psicólogos para melhor Jader Pires da Silva / Silva, J.P. / Santa Casa de
encaminhamentos dos casos. Por sermos um ambu- Araraquara;
latório especializado atendemos pacientes entre 18 Segundo a portaria nº 3.390 do MS a política nacio-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 262
nal de atenção hospitalar (pnhosp) o componente de São Paulo e revelar narrativas de regionaliza-
hospitalar deve atuar de forma articulada à Atenção ção vocalizadas pelos gestores participantes nas
Básica de Saúde, oferecendo além da assistência, es- Oficinas Regionais. Metodologia: Cinco Oficinas
paços de educação, formação de recursos humanos, Regionais ocorreram em São Paulo, Ribeirão Preto,
pesquisa e avaliação de tecnologias, acessibilidade Campinas, Cedral e Marília, entre setembro a outu-
hospitalar, acolhimento, apoio matricial, auditoria bro de 2015, com duração de oito horas e participação
clínica, diretrizes terapêuticas, gerencia e gestão de 187 gestores. O programa foi composto por cinco
de recursos da rede. Neste contexto o controle momentos específicos guiados por um roteiro de
adequado e gerenciamento de vagas apresenta-se questões. Este roteiro orientou todas as Oficinas
como dispositivo para otimização da utilização dos Regionais e serviu como eixo condutor do debate
leitos, aumentando a rotatividade dentro de critérios e da produção das narrativas. Buscamos instigar
técnicos, visando diminuir o tempo de internação o debate com uma interrogação-exclamativa – A
desnecessário e atender demandas represadas. O Regionalização é o Caminho?!”. Resultados: A re-
Núcleo Interno de Regulação (NIR) constitui a in- gionalização se constrói com o empoderamento dos
terface com as Centrais de Regulação para delinear trabalhadores, gestores e usuários; e com a retomada
o perfil de complexidade da assistência que a insti- de um pacto com a sociedade. É necessário estabele-
tuição representa no âmbito do SUS e disponibilizar cer efetivos processos de comunicação e informação,
consultas ambulatoriais, serviços de apoio diagnós- construir coletivos, territórios vivos: A informação
tico e terapêutico, leitos de internação, segundo precisa circular. É preciso ampliar o conhecimen-
critérios pré-estabelecidos para o atendimento, além to, a compreensão, a coordenação, a articulação, o
de buscar vagas de internação e apoio diagnóstico monitoramento, a capacitação. Re-estabelecer as
e terapêutico fora do hospital para os pacientes conexões com os trabalhadores e, principalmente,
internados. A Santa Casa de Araraquara instituiu o com a população”. Análise Crítica: Todos sabemos da
NIR em fevereiro de 2015 composto por equipe mul- dificuldade que envolve a escolha de como construir
tidisciplinar, com intuito reestruturar os processos este registro e de quantas importantes reflexões
internos, protocolos de entrada, saída e transferên- devem ter ficado para trás. Acredita-se que esse
cias, aumentar a rotatividade hospitalar, favorecer movimento deva refletir diretamente nas reuniões
a internação de pacientes do serviço de emergência, dos Colegiados e no cotidiano de construção das
permitir o controle e adequação de fluxos através da gestões regionais do SUS. As vozes nos trouxeram
geração de indicadores. Houve redução significativa isso: Caminho, processo, compromisso, comparti-
no tempo de permanência hospitalar e permanecia lhamento, possibilidade, potência, solidariedade,
no serviço de emergência, dados gerados através desafio, complexo. Como? Vamos lá! Conversar e
de indicadores permitiram uma maior reflexão do construir”. Conclusões/Considerações: Durante as
processo de trabalho, impactando diretamente na oficinas, foram construídas narrativas individuais,
assistência prestada ao usuário. discutidas em coletivos regionais que produziram o
que chamamos de narrativas coletivas”. Este mate-
OFICINAS REGIONAIS PARA FORTALECER A REGIO- rial traz, portanto, intensas reflexões, um processo
NALIZAÇÃO EM SP: CAMINHANDO E NARRANDO vivo de análise do atual estado da arte”, no processo
Marco Akerman / Akerman, M / FSP da USP; Marí- de regionalização do Estado de São Paulo. Foram
lia Louvison / Louvison, M / FSP DA USP; Márcio escutadas as “vozes dos gestores”.
Travaglini / Travaglini, M / COSEMSSP; Ana Lúcia
Pereira / Pereira, AL / UNIFESP; Lidia Silveira / REDES DE ATENÇÃO EM SAÚDE CONSTRUÍDAS
Silveira, L / COSEMSSP; Floriano Pereira Filho / PELOS TRABALHADORES DO TERRITÓRIO
Pereira Filho, F / COSEMSSP; Fernando Monti / Rita de Cássia Lazoski Araújo / Araújo, R.C.L.
Monti, F / CONASEMS; / FMABC; Rebeca Peres dos Santos Francisco e
Objetivos: Aumentar a oferta de temas relacionados Silva / Silva, R.P.S.F. / Secretaria Municipal de
com o pacto interfederativo aos gestores do Estado São Bernardo do Campo; Mawusi Ramos da Silva /

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 263
Silva, M.R. / Secretaria Municipal de São Bernar- -se necessário aprimorar e pensar em dispositivos
do do Campo; Francini Bianca Domingues Gamba para a atenção compartilhada. É perceptível que os
/ Gamba, F.B.D. / Secretaria Municipal de São Ber- usuários dos serviços de saúde estão sendo qualifi-
nardo do Campo; Vânia Barbosa do Nascimento / cadamente cuidados quando encontram-se inseridos
Nascimento, V.B. / FMABC; em determinado serviço, ou programa, entretanto,
Como diretriz do Ministério da Saúde brasileiro pouco se consegue dialogar e estabelecer uma linha
Redes de Atenção à Saúde (RAS) são arranjos orga- compartilhada quando este transita por diferentes
nizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes programas e serviços.
densidades tecnológicas que, integradas por meio
de sistemas de apoio técnico, logístico e de ges- REGIONALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO HOSPITA-
tão, buscam garantir a integralidade do cuidado LAR PÚBLICO NA REGIÃO METROPOLITANA DA
(Portaria nº 4.279, de 30/12/2010). Neste sentido e GRANDE VITÓRIA, ES
contexto, a busca de dispositivos que contribuam Irineu Francisco Barreto Junior / BARRETO JU-
para a efetivação das conexões de rede aponta para NIOR, Irineu Francisco / Universidade Vila Velha
uma maior eficácia na produção de saúde, melhoria UVV-ES. Mestrado em Sociologia Política.;
na eficiência da gestão territorial, e contribui para Introdução. Este estudo analisa o processo de forma-
o avanço do processo de efetivação do SUS. A tran- ção da rede regional de atenção à saúde na Região
sição entre o ideário de um sistema integrado de Metropolitana da Grande Vitória-ES (RMGV-ES),
saúde conformado em redes e a sua concretização com foco específico no atendimento hospitalar
passam pela construção permanente nos territórios, público, procurando dimensionar o estágio atual
que permita conhecer o real valor de uma proposta de estruturação da rede hospitalar intermunicipal
de inovação na organização e na gestão do sistema no Estado do Espírito Santo, particularmente na
de saúde. O município de São Bernardo do Campo Grande Vitória. Método: Analisaram-se as inter-
é dividido em 9 territórios de saúde. Dentre eles nações realizadas nos hospitais do Sistema Único
o território 4 é composto pelos equipamentos de de Saúde e os deslocamentos dos usuários desses
saúde da região central da cidade. Buscando for- serviços entre os municípios que compõem a RMGV.
talecer a conexão entre diferentes serviços de um O método adotado foi o processamento e análise dos
mesmo território, para construir o cuidado coletivo dados do Sistema de Internações Hospitalares do
e integrado, mensalmente são realizadas reuniões Sistema Único de Saúde (SIH-SUS), sistematizados
com trabalhadores e gestores de todos os serviços pelo seu Departamento de Informática, o Datasus.
que compõem esta região de saúde. Além de todos Resultados: A Região Metropolitana da Grande Vitó-
gestores são designados representantes da categoria ria assistiu a importantes fluxos populacionais para
dos trabalhadores, de cada unidade de saúde, para a utilização de serviços públicos de saúde, conforme
comporem estes espaços de discussão e levanta- indicam os dados coletados. Os maiores deslocamen-
mento de diretrizes. Tal conformação tem se torna- tos verificados foram de homens, crianças e adoles-
do potente pelo fato de trazer à tona dificuldades centes, e para internações cirúrgicas. Conclusões:
de diferentes serviços. Contar com o trabalhador O que se verificou, neste artigo, foi a formação de
na pactuação amplia a perspectiva da discussão, uma rede determinada pela oferta dos serviços de
além de melhorar sobremaneira os processos de saúde concentrada nos municípios-polo de Vitória
implementação e transformação dos processos de e Vila Velha, e não pautada por uma racionalidade
trabalho para dentro das unidades. O espaço também que distribua os hospitais de forma mais equânime
é aproveitado como de reconhecimento das possíveis entre os municípios da RMGV. Essa hipótese é cor-
parcerias e levantamento dos problemas para as roborada pelo fato de o maior deslocamento estar
diferentes redes de atenção a saúde. Embora sejam concentrado nas cidades com grandes contingentes
perceptíveis as mudanças no cuidado para dentro populacionais e escassez de serviços públicos. A ló-
dos serviços, no sentido da intregralidade, em espe- gica de organização dos serviços de saúde não exige,
cial no que diz respeito à atenção básica, ainda faz- necessariamente, a existência de hospitais em todas

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as cidades, desde que as referências regionais sejam estadual de saúde, organizados em vários grupos, de
acessíveis e claramente definidas. Mas no caso da acordo com os Componentes do Projeto: 1) Programa-
RMGV, há um provável desequilíbrio na acentuada ção Regional das Ações de Saúde; 2) Organização das
evasão de internações de crianças, adolescentes e Centrais de Regulação Regionais; 3) Implantação de
pessoas com mais de 50 anos. Para os primeiros instrumentos de gestão e, 4) Educação Permanente.
grupos, parte das internações exige equipamentos Nos 18 meses de execução observa-se um conjunto
mais sofisticados, como os tratamentos oncológicos de resultados indicando: a) limites da municipali-
ou transplantes, e a oferta poderia ser mais bem zação do SUS; b) inadequação dos mecanismos e
distribuída. No último grupo, a transformação nos instrumentos de gestão da regionalização; c) frágil
perfis de morbidade, provocada pelo envelhecimento participação do gestor estadual no fortalecimento
populacional, exigirá um aumento da oferta públi- da regionalização; d) inadequação dos projetos de
ca de leitos para responder à elevação esperada da redes temáticas do MS na organização de RAS; e)
demanda. E, em todas as situações, a estrutura da ausência de políticas e propostas de gerenciamen-
atenção básica deverá estar organizada para servir to de RAS; f) fragilidade das equipes técnicas dos
como porta de entrada do sistema de saúde, refe- municípios para a implantação dos processos de
renciar o atendimento e atenuar as desigualdades regulação. A experiência aponta possibilidades de
intermunicipais. avanços com a organização de processos e ações
regionais integrados, a redefinição da excessiva au-
REGULAÇÃO EM SAÚDE NA REDE DE ATENÇÃO tonomia municipal e o fortalecimento regional. Para
À SAÚDE DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAM- implantar as novas possibilidades, as estruturas de
PINAS gestão do SUS, incluindo Secretarias Municipais e
Domenico Feliciello / Feliciello, D. / NEPP UNI- Estaduais de Saúde e, Comitês Regionais necessitam
CAMP; Juliana Pasti Villalba / Villalba, J. P. / NEPP contar com estruturas potentes, capazes de auxiliar
UNICAMP; Katia Santos de Araujo / Araujo, K. S. / na organização das RAS, para que os interesses po-
NEPP UNICAMP; líticos locais e de serviços não prevaleçam face às
O trabalho origina-se de projeto priorizado do Plano necessidades de saúde. Propostas focadas apenas na
Metropolitano de Saúde da Região Metropolitana de contratualização intergestores mostram-se insufi-
Campinas (RMC), aprovado em 2009. Na primeira cientes, devendo-se buscar alternativas.
fase foi realizado diagnóstico dos processos de regu-
lação em saúde, considerando não apenas o acesso, UM ENSAIO METODOLÓGICO COM O GRUPO DE
mas o conjunto de ações realizadas de: Planejamento APOIADORES DO COSEMS/SP
- Contratualização - Regulação de Acesso - Avaliação Ana Lucia Pereira / Pereira A.L. / APSP; Marcio
e Controle. A partir do diagnóstico foi proposto pro- Travaglini Carvalho Pereira / Pereira M.T.C / CO-
jeto de apoio do NEPP UNICAMP para reorganização SEMS SP; Apoiadores COSEMS SP / COSEMS SP /
e qualificação das ações de regulação em saúde, no COSEMS SP;
marco das Redes de Atenção à Saúde (RAS), a ser Este é o relato da vivencia dos apoiadores do COSE-
implantado no período de 2014 a 2015. Relata-se a MS no ensaio metodológico do projeto de Fortaleci-
experiência do projeto de apoio aos 20 municípios mento do Processo de Regionalização no Estado de
da RMC na organização de ações de regulação, no São Paulo – parceria da APSP/COSEMS cujo objetivo
âmbito da RASl, incluindo: planejamento das neces- era aumentar a oferta de temas relacionados com o
sidades de saúde; oferta adequada de serviços; esta- pacto interfederativo aos gestores do Estado, para
belecimento de vagas para as centrais de regulação; fortalecer o processo de regionalização. A participa-
organização de fluxos de acesso; uso de protocolos ção como validadores” da metodologia das oficinas
clínicos e institucionais; entre outros. A metodolo- regionais interativas e problematizadoras sobre o
gia associa a pesquisa ação e o planejamento partici- tema da regionalização com gestores visando cons-
pativo, com a atuação de pesquisadores da UNICAMP truir narrativas a partir um roteiro exploratório que
e técnicos indicados pelos gestores municipais e indicasse um o que” - das arquiteturas; um como”

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- das metodologias; um com quem” - dos atores; um rativas forte influência da vivência do trabalho do
para que” - das intencionalidades; e um porque” - dos apoio. A possibilidade de estar constantemente em
paradigmas em relação ao tema Regionalização é o interação com os gestores da saúde nos territórios e
Caminho?! possibilitou aos apoiadores, trazer obser- espaços de pactuação do SUS, faz com que a reflexão
vações e análises acumuladas no envolvimento com e análise das realidades nas Regiões de Saúde sejam
o processo de regionalização no estado. A estratégia a expressão da vida cotidiana e dos sentimentos e
Apoiadores do COSEMS SP tem mostrado sua efi- ações dos apoiadores. Buscando a expressão dos
cácia e importância na execução de seu objetivo: a apoiadores após a vivência no debate e síntese das
estruturação das regiões de saúde. O envolvimento narrativas, construí-se um rol de palavras síntese
no processo de regionalização e de fortalecimento da dos apoiadores e destacaram-se reflexões sobre os
governança regional permite aos profissionais que temas: regionalização como uma construção políti-
desenvolvem de forma singular o apoio, um olhar ca permanente; o processo de pactuação regional;
sobre a regionalização no estado de São Paulo”. Os desafios e potenciais da regionalização; regionali-
apoiadores foram convidados a mergulhar na meto- zação como potencia. Os apoiadores consideraram
dologia trazendo suas reflexões. 1- Apresentação da propícia a metodologia para os objetivos do projeto
metodologia; 2 - Produção de narrativas individuais; e as reflexões trazidas dos apoiadores resultaram
3 -Produção de uma narrativa grupal; 4 - Produção na produção de parte do livro Regionalização é o
de uma narrativa da Oficina. Percebeu-se nas nar- caminho!

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Saúde Bucal
AÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE BUCAL PARA UMA alunos de graduação; 18% alunos de pós-graduação;
COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA 20% técnicos-administrativos e 1% docentes. Apesar
Simone Di Salvo Mastrantonio / Mastrantonio, SS do interesse da comunidade universitária em partici-
/ UFSCar; Claudia Aparecida Stefane / Stefane, CA par destes encontros, visto o rápido preenchimento
/ UFSCar; Silmar Antonio Marson / Marson, SA / das vagas oferecidas, houve 25% de faltas. O público
UFSCar; Lourdes Aparecida de Souza Toledo / Tole- participante se mostrou interessado, interagindo
do, LAS / UFSCar; Lilian Fantato Noronha da Costa com questionamentos e relatos pessoais. Posterior-
/ Costa, LFN / UFSCar; mente, nas consultas odontológicas, os pacientes
No Brasil, a cárie dental e a doença periodontal são relataram a importância da orientação recebida para
os dois maiores problemas de Saúde Pública em adotar comportamentos de higiene bucal até então
Odontologia. Estas doenças atingem grande parte da desconhecidos ou não aplicados. Esta experiência
população e são passíveis de prevenção utilizando- educativa será estendida para os demais campi da
-se medidas educacionais. Para a prevenção dessas Universidade e a equipe verifica a possibilidade de
doenças bucais o controle mecânico (escovação promovê-la para um maior número de pessoas.
e utilização do fio dental) é reconhecidamente o
método mais eficiente. Contudo, os pacientes apre- ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA NA ATENÇÃO AO
sentam higiene bucal deficiente, em virtude da falta PRÉ-NATAL: RESULTADOS DA CONSTRUÇÃO DE
de informação, conscientização e educação. Estudos UM PROTOCOLO UTILIZANDO O MÉTODO ZOPP
indicam que parte da população tem uma alimen- Juliana Pereira da Silva Faquim / Faquim, J.P.S. /
tação não balanceada, com consumo excessivo de Universidade Federal de Uberlândia (ESTES) / Uni-
carboidratos e açúcares, que associada a baixa fre- versidade de São Paulo; Natália Bernardes Palazzo
quência de escovações diárias, a não troca regular Buiatti / Buiatti, N.B.P. / Universidade Federal de
da escova dental, o não uso ou uso incorreto do fio Uberlândia; Paulo Frazão / Frazão, P. / Universida-
dental provocam doenças bucais. Nos últimos anos, de de São Paulo;
os órgãos governamentais e da sociedade civil tem A colaboração interprofissional pode ser um ele-
se empenhado em ações preventivas, por meio da mento chave para elevar a efetividade dos sistemas
Educação em Saúde Bucal. Estas ações são mais efi- de saúde e deve ser considerada na construção de
cazes e econômicas, se comparado com o tratamento diretrizes de saúde bucal na atenção ao pré-natal. O
dos danos provocados pelas doenças. Diante deste estudo do desempenho de métodos para facilitar essa
contexto, a equipe odontológica do Departamento construção é importante para subsidiar formulado-
de Atenção à Saúde em uma Universidade pública res de políticas de saúde comprometidos com a qua-
na cidade de São Carlos promoveu mensalmente, ao lidade da atenção ao pré-natal. O objetivo do trabalho
longo de um semestre, encontros de orientação em foi descrever o desempenho do método ZOPP levando
saúde bucal destinados para a comunidade univer- em consideração as necessidades de desenvolvimen-
sitária. Em função da capacidade de atendimento to de competências para o trabalho colaborativo e de
do serviço odontológico, as vagas mensais foram produção de um protocolo de organização de serviço
limitadas a 44 pessoas. A participação no encontro em doze sessões. Realizou-se uma observação parti-
ocorreu previamente à consulta odontológica. Os cipante. O ZOPP (Planejamento de Projetos Orientado
temas abordados foram: placa bacteriana, cárie, por Objetivos) é um método de planejamento partici-
gengivite, periodontite, erupção dos terceiros mola- pativo. Uma oficina com doze sessões foi conduzida
res, bruxismo e higiene bucal. Para discussão foram por NBPB na qual participaram dois médicos, dois
utilizados recursos audiovisuais, macromodelos dentistas, dois enfermeiros, dois técnicos em saúde
e folders. Participaram 196 pessoas, sendo: 60% bucal e dois usuários do Sistema Único de Saúde do

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município de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. As de vínculos familiares, sócio-relacionais, de trabalho
sessões foram gravadas em vídeo. O desempenho do e perdem a perspectiva de projeto de vida. Visto que
método foi aferido pelo grau de agilidade para trazer sofrem várias formas de violação de seus direitos
as questões pertinentes ao centro da discussão (foco) humanos estabelecem um tipo peculiar de relacio-
permitindo sua problematização em profundidade namento entre pessoas da rua e com os serviços for-
e pela sua capacidade para manter o envolvimento mais de assistência. É necessário que profissionais
dos participantes, considerando a duração prevista. de saúde estejam atentos a essa conjuntura e sejam
Foram examinadas 40 horas de gravação do processo capazes de desenvolver estratégias para alcançar
de elaboração. O produto foi um Protocolo de Atenção essa população. Descrição: o relato de experiência
à Gestante abrangendo desde o acolhimento na uni- compartilha relevante adesão ao tratamento da popu-
dade de saúde; rodas de conversa e consultas com a lação em situação de rua atendida na região central
equipe multiprofissional até o momento do parto. Ele da cidade de São Paulo, na Unidade Básica de Saúde
foi elaborado após a Análise de Problemas; Análise de Nossa Senhora do Brasil pela equipe odontológica
Objetivos e construção do Marco Lógico. A eleição de da Estratégia Saúde da Família que é referência para
objetivos prioritários relacionados à organização de equipe do Consultório na Rua(CR). Nossa experiência
serviços sob governabilidade da equipe multiprofis- profissional com atendimento aponta que em ques-
sional e o emprego de técnicas de visualização foram tão de saúde bucal, a preservação do sorriso figura
importantes para manter o foco e o envolvimento dos entre os desejos prioritários de saúde. As estratégias
participantes, garantir a participação igualitária e pactuadas para aumento da captação de usuários
o entendimento homogêneo estabelecendo relação foram a ampliação do acesso e a flexibilização da
de fidelidade para o produto. O Método ZOPP se agenda, trabalhando de modo inversamente propor-
mostrou flexível e adequado para o desenvolvimento cional ao preconizado pelo Ministério da Saúde o
de competências para o trabalho colaborativo e cons- número de consultas para conclusão do tratamento
trução de um protocolo de organização de serviços e o tempo de atendimento. Semanalmente a agenda
no âmbito da atenção primária à saúde. A indisso- odontológica é reservada para atendimento, a marca-
ciabilidade entre analisar, planejar e implementar ção da consulta é realizada pelo agente comunitário
ações despertou compromissos éticos e recuperou de saúde e o acolhimento da demanda espontânea
comportamentos inovadores no encaminhamento ocorre diariamente. No período de janeiro a junho
da solução de problemas fortalecendo a colaboração de 2015 foram realizados 85 atendimentos. A média
interprofissional. de consultas por usuário foi de 2,2 atendimentos.
Desses, 19 eram do sexo masculino e 19 do sexo fe-
ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO À PESSOA EM minino, o absenteísmo em consulta foi de 26,7% e a
SITUAÇÃO DE RUA: ESTRATÉGIA DE CAPTAÇÃO média de atendimento mensal em urgência de 14,2.
PARA CUIDADO Lições Aprendidas: oferecer consulta odontológica
Maria Cacilda da Silva Middei / Middei, M.C.S. / para pessoa em situação de rua foi também uma das
Instituto de Responsabilidade Social Sirio Li- estratégias adotadas na captação dos casos mais
banes; Maira Guedes Jacob / Jacob, M.G. / Cen- complexos na busca do vínculo com a equipe de CR.
tro Social Nossa Senhora do Bom Parto; Maria O planejamento culminou na aproximação entre os
Cristina Barbosa Kawakami / Kawakami, M.C.B. profissionais da equipe. O acesso facilitado e o agen-
/ Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto; Dal- damento flexibilizado mostrou-se eficaz na garantia
veniz Candida Ribeiro / Ribeiro, D.C. / Instituto de da adesão e continuidade do tratamento. Recomen-
Responsabilidade Social Sirio Libanes; Rosimeire dações: Realização de planejamento estratégico e
Silva Santos / Santos, R.S. / Instituto de Responsa- revisão contínua das ações adotadas. Revisão das
bilidade Social Sirio Libanes; estratégias de captação da população em situação de
Caracterização do Problema: Nos centros urbanos a rua com a inversão do protagonismo entre consulta
população em situação de rua se avoluma, reflexo da médica e de outros profissionais, discussão de estra-
vulnerabilidade de quem se desagrega por ruptura tégias de atendimento compartilhado.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 268
CARACTERIZAÇÃO DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS pacientes acamados. Conclusão: Nos dados encon-
PELAS EQUIPES DE SAÚDE BUCAL (SB) DOS SERVI- trados observamos que a educação em SB dentro
ÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) DOS da atenção básica ganha destaque dentro das UBS
MUNICÍPIOS DE UMA REGIONAL DE ASSISTÊNCIA pesquisadas, mostrando que caminha em concor-
dância com o que é preconizado pelas diretrizes do
À SAÚDE (RAS) DO ESTADO DE SÃO PAULO
Ministério da Saúde. Somando a tais variáveis ve-
Bruna Portela Andrade Cardoso / Cardoso, B.P.A.
mos que outros tipos de ações, de grande relevância,
/ Mestranda do Programa de Pós-Graduação em
dentro da prevenção primária são verificados, tais
Saúde Coletiva FMB/UNESP; Nilson Antonio Nu-
como: orientação e encaminhamento das gestantes
nes Junior / Jr Nunes, N.A. / Aluno de graduação da
para a consulta odontológica, assim como dos casos
Faculdade de Odontologia de Araçatuba/UNESP;
suspeitos de câncer bucal e, mesmo que com baixa
Luceime Olivia Nunes / Nunes, L.O / Mestranda
proporção, o atendimento dos pacientes acamados.
do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Pode-se afirmar que a incorporação de equipes de
FMB/UNESP; Elen Rose Lodeiro Castanheira /
SB tem se dado de modo coerente com as diretrizes
Castanheira, E.R.L. / Docente do Departamento de
da Atenção Básica incorporando-se ao conjunto das
Saúde Pública da FMB/UNESP;
ações de atenção integral à saúde.
Introdução: A Atenção Primária à Saúde (APS) ou
Atenção Básica (AB) é hoje um nível de atenção
CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO E SAÚDE BUCAL
estratégico para reordenar a lógica assistencial do
Sistema Único de Saúde (SUS). A inserção do Cirur- NO SESC SANTO AMARO-SP
gião – Dentista nesse cenário foi reforçada no ano Luiz Vicente Souza Martino / Martino, L.V.S. /
de 2000 com as chamadas Equipes de Saúde Bucal SESC;
(EqSB) na ESF, tal fato visa traduzir as diretrizes do A compreensão do processo saúde-doença deve
SUS em práticas concretas nos serviços de Saúde contemplar a maneira como as desigualdades so-
Bucal Coletiva (SBC). Objetivos: Esse trabalho busca ciais influenciam na distribuição das doenças na
caracterizar as ações desenvolvidas pelas equipes de sociedade. Mecanismos causais individuais e diretos
Saúde Bucal (SB) dos serviços de Atenção Primária não esclarecem a relação entre fenômenos sociais
à Saúde (APS) dos municípios de uma Regional de e adoecimento, pois condições de saúde também
Assistência à Saúde (RAS) do estado de São Paulo. são influenciadas por condições de vida e trabalho.
Metodologia: Estudo descritivo, de corte transver- Agravos de saúde bucal também se inserem nesse
sal, a partir de dados da aplicação do instrumento rol, observando-se um padrão de risco desvantajoso
de avaliação da qualidade de serviços de Atenção para indivíduos de grupos menos privilegiados so-
Primária QualiAB, via web, em 2014, em uma Regio- cialmente. Este trabalho pretende analisar a relação
nal de Saúde do Estado de São Paulo composta por entre condição de vida e trabalho e condição de risco
65 municípios. Refere-se a dados preliminares de em saúde bucal e necessidade de tratamento odon-
pesquisa em andamento. A análise é feita a partir tológico de indivíduos inscritos para tratamento em
de variáveis relativas a SB nas unidades de saúde, serviço odontológico de uma instituição paraestatal
apresentando-se as frequências encontradas. Re- que tem por finalidade proporcionar cultura, lazer
sultados: Aderiram 40 municípios e 163 Unidades e bem-estar a um público-alvo específico, situado
de Saúde (US) responderam ao questionário, destas na região sul da cidade de São Paulo, no período de
134 possuem equipe de SB. Entre estas unidades que 08 a 10 de maio de 2014. Nesse período de inscri-
possuem SB 93,2% realizam ações de educação em ções para tratamento, 749 pessoas preencheram
saúde bucal, 86,6% atendem a todos os pacientes questionário baseado em características de con-
da unidade, 81,3 realizam o atendimento clínico dições de vida e trabalho, sendo também avaliadas
individual com Tratamento Completo, 91% orientam quanto ao risco e necessidade em saúde bucal com
e encaminham gestantes para consulta odontoló- critérios previamente estabelecidos para cárie den-
gica, 61,2% registram casos suspeito/confirmado tária, doença periodontal e necessidade de prótese
de câncer de boca e 9,7% realizam atendimento de dentária. Os dados coletados foram tabulados no

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 269
Epi Info versão 3.5.1 e a significância estatística um estudo exploratório-descritivo com abordagem
das associações foi verificada para p<0,05. Em 724 quantitativa, realizado por meio da aplicação de
questionários válidos houve significância estatísti- um questionário estruturado preenchido durante
ca nas associações entre alto risco/necessidade em entrevista individual, após a aprovação do Comitê
saúde bucal e domicílio alugado, visita ao dentista de Ética em Pesquisas com Seres Humanos-CEP
há mais de três anos, ensino médio completo, não (Parecer nº 311.164) e assinatura do Termo de Con-
ter acesso à internet, domicílio com mais de seis sentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Dos 74
moradores, não possuir plano de saúde, trabalhar profissionais de odontologia alocados nas unidades,
informalmente e ser aposentado. Foram verificadas 43 participaram da pesquisa, sendo 22 auxiliares
associações sem a mesma significância estatística de odontologia e 21 odontólogos. Na avaliação do
entre alto risco/necessidade e nunca ter visitado conhecimento dos profissionais sobre a classifica-
dentista na instituição e não possuir plano odonto- ção de produtos e definições no processamento de
lógico. Observou-se associação entre condições de produtos para saúde, 28 (65,1%) profissionais consi-
vida e trabalho menos favoráveis e indivíduos com deraram adequado tanto o uso de estufas quanto de
alto risco/necessidade em saúde bucal no público autoclaves para esterilização. Quanto aos recursos
estudado sob os critérios estabelecidos. Ao utilizar materiais e esterilização, apenas 14 (32,5%) entre-
critérios de risco e necessidade em saúde bucal vistados relatam conhecimento sobre a proibição do
na organização da demanda, o serviço apresentou uso de embalagens de papel kraft, papel toalha, papel
potencial de reduzir desigualdades, priorizando as manilha, papel jornal e lâminas de alumínio. Em re-
piores situações de risco biológico que no público em lação à utilização de indicadores para a avaliação de
questão apresentaram associação com condições de processo, tipo e frequência de uso, apenas 14 (32,5%)
maior fragilidade no risco social. responderam corretamente as questões referentes
a temática. Sobre a disponibilidade nas unidades
CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ODON- de informações sobre processamento de produtos,
TOLOGIA SOBRE O PROCESSAMENTO DE PRO- 35 profissionais (81,3%) relataram ausência de in-
DUTOS PARA A SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA formações impressas. Conclusão: Os profissionais
À SAÚDE de odontologia entrevistados possuem lacunas no
conhecimento sobre o processo de esterilização, nos
Darlyani Mariano da Silva / Silva, D.M. / UFSCar;
recursos materiais envolvidos e no monitoramento
Ana Paula Mhirdaui Sanches / Sanches, A.P.M /
UFSCar; Camila Eugenia Roseira / Roseira, C. E. / do processo. As deficiências de conhecimento apon-
UNICAMP; Rosely Moralez de Figueiredo / Figuei- tadas podem comprometer a qualidade do processa-
redo, R.M. / UFSCar; Sílvia Carla da Silva André / mento de produtos e contribuir para aumentar o ris-
André, S.C.S. / UFSCar; co de infecções relacionadas a assistência à saúde.
Espera-se que este estudo estimule a realização de
Introdução: Um dos pilares do controle e prevenção
ações educativas e de vigilância para uma prática
das infecções relacionadas à assistência à saúde é a
segura do processamento de produtos odontológico.
qualidade do processamento de produtos para saúde,
pois, infecções podem ser adquiridas em decorrência
do seu processamento inadequado. A integração CUIDADOS E PRÁTICAS EM SAÚDE BUCAL: ESTU-
mais recente do profissional de odontologia e das DO COM CRIANÇAS ATENDIDAS EM DIFERENTES
práticas odontológicas na atenção primária à saúde MODALIDADES DE SAÚDE
propicia uma reflexão sobre possíveis mudanças na Karen Zappe Pereira Soto / Soto, KLZP / ufrgs;
rotina das unidades de saúde, em especial quanto ao Claides Abegg / Abegg, C / ufrgs; Eva Neri Rubim
processamento de produtos para a saúde. O objetivo Pedro / Pedro, ENR / ufrgs;
deste trabalho foi avaliar o conhecimento dos pro- Trata-se de um estudo exploratório descritivo, com
fissionais de odontologia sobre o processamento de abordagem qualitativa, cujo objetivo foi conhecer
produtos para a saúde na atenção primária à saúde como as crianças em situações socioeconômico-
num município do interior paulista. Tratou-se de -culturais diferentes, com acessos aos serviços de

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 270
saúde, referem as suas práticas de higiene bucal. de Areião, no município de São Bernardo do Campo,
Participaram vinte e uma crianças com idades por meio de esforços de integrar o cuidado em saúde
entre cinco e oito anos. A pesquisa ocorreu em dois bucal na Estratégia Saúde da Família (ESF). Objeti-
locais distintos, sendo um deles a Unidade de Saúde vo: Promover o trabalho em equipe dos profissionais
da Família Chapéu do Sol e o outro um consultório de saúde bucal com os demais profissionais da ESF,
particular, escolhidos intencionalmente. A coleta e propiciar um cuidado odontológico considerando
das informações iniciou-se somente após a apro- principalmente a equidade e a integralidade. Méto-
vação do Comitê de Ética e Pesquisa e foi realizada do: A ESF Areião é composta por duas equipes de saú-
por meio da técnica do grupo focal. Para a análise de bucal contendo dentista, técnico de saúde bucal
das informações foi utilizada a análise temática, (TSB) e auxiliar de saúde bucal (ASB), e cada equipe
de onde surgiram as quatro categorias finais assim de saúde bucal é referenciada para uma equipe de
constituídas: cuidados com os dentes; quem ensina; saúde da família. Os profissionais da saúde bucal
o que é cárie; o que é ser saudável. Os resultados participam semanalmente da reunião de equipe
provenientes da análise das categorias revelaram com os demais profissionais da ESF, e realizam as
que não há diferenças de conhecimentos e práticas discussões dos casos, planejamento e organização
em saúde bucal nos diferentes grupos estudados. As das ações em saúde específicas e compartilhadas.
considerações finais sugerem que tais semelhanças A equipe de saúde bucal compartilha também com
de conhecimentos foram possíveis devido ao traba- os demais profissionais da ESF ações de orientação
lho de Atenção primária junto às famílias atendidas coletiva e acompanhamento das linhas de cuidado
pela Estratégia de Saúde da Família na Unidade de (ex: hipertensos, diabéticos, gestantes, crianças).
Saúde Chapéu do Sol e apontam para um caminho de Os TSBs e ASBs participam duas horas semanais no
educação com o sentido de diminuir desigualdades acolhimento geralmente com a enfermagem, onde os
e promover saúde. usuários são orientados de acordo com a demanda
de saúde bucal para: agendamento dos usuários, que
É POSSÍVEL UM CUIDADO EM SAÚDE BUCAL estão na linha de cuidado, atendimentos da demanda
INTEGRADO À ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA? espontânea urgência/emergência odontológica e
Vanessa Caravage de Andrade / Andrade, V.C. / Se- inclusão dos usuários (sem queixa e que não estão
cretária de Saúde de São Bernardo do Campo; Leo- contemplados na linha de cuidado) para a classi-
nardo Satyro Venturi / Venturi, L.S. / Secretária de ficação de risco odontológico e vulnerabilidade, e
Saúde de São Bernardo do Campo; Karine Nunes posterior acompanhamento/ tratamento. Resultados
de Oliveira / Oliveira, K.N / Secretária de Saúde de e Conclusão: No acolhimento permanentemente
São Bernardo do Campo; Priscila Garcia / Gar- é ofertado ao usuário uma escuta qualificada em
cia, P. / Secretária de Saúde de São Bernardo do saúde bucal, sendo possível organizar: a demanda,
Campo; Tereza Cristina Ribeiro Pires / Pires, T.C.R as atividades de promoção e assistencial, como o
/ Secretária de Saúde de São Bernardo do Campo; usuário que procura uma orientação/ tratamento,
Claudiana Pereira de Oliveira Peixoto / Peixoto, e até mesmo aqueles que procuram o serviço com
C.P.O. / Secretária de Saúde de São Bernardo do um quadro álgico instalado. Assim, observou-se
Campo; Elaine Zabeu Moreira Pinto / Pinto, E.Z.M. que os usuários pararam de procurar diretamente o
/ Secretária de Saúde de São Bernardo do Campo; consultório odontológico, para conseguir escuta e/
Joseane Conceição Santos Rocha / Rocha, J.C.S. / ou cuidado em saúde bucal. E os espaços de reunião
Secretária de Saúde de São Bernardo do Campo; de equipes, atividades coletivas, e acolhimento são
Introdução: A inserção da saúde bucal no Sistema potentes no trabalho em equipe, troca de saberes e
Único de Saúde deu-se geralmente de forma paralela na integração da saúde bucal na ESF evitando que
e afastada do processo de trabalho dentro dos servi- os usuários procurassem, e até mesmo cobrassem
ços de saúde. Tem-se buscado a desconstrução desse consultas odontológicas dos agentes comunitários
modelo, especificamente na Unidade Básica de Saú- de saúde.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 271
NECESSIDADE CLÍNICA E AUTOPERCEPÇÃO DE com sua saúde oral. A prevalência de má oclusão foi
NECESSIDADE DE TRATAMENTO ORTODÔNTICO baixa e os dentistas perceberam maior necessidade
EM ADOLESCENTES DO RIO GRANDE DO SUL de tratamento ortodôntico em relação a autopercep-
karen Zappe Pereira Soto / Soto, KLZP / UFRGS; ção da necessidade de tratamento referida pelos
Claides Abegg / Abegg, C / UFRGS; Helenita Cor- indivíduos.Houve associação entre escolaridade da
rea Ely / Ely, HC / Pucrs; mãe e presença de má oclusão, à medida que aumen-
ta a escolaridade materna, diminui a prevalência de
A má oclusão é um problema de saúde pública e
maloclusão e consequentemente a necessidade de
ocupa o terceiro lugar na escala de prioridades odon-
tratamento ortodôntico.
tológicas.Geralmente, a percepção do dentista tem
sido usada para definir necessidade de tratamento
ortodôntico.Porém, utilização apenas de critérios OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE NO SERVIÇO DE
clínicos para a definição de problemas ortodônti- PLANTÃO DE URGÊNCIAS ODONTOLÓGICAS EM
cos pode estar superestimando a necessidade de UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO DO
tratamento quando comparados à percepção dos SUS
indivíduos. Buscou-se investigar associação entre Leonardo Essado Rios / Rios, L.E. / UFG;
necessidade clínica e autopercepção de necessidade Introdução: De acordo com a Política Nacional
de tratamento ortodôntico em escolares de 15 e 19 de Atenção às Urgências (PNAU), as Unidades de
anos nos municípios/RS. Identificar prevalência Pronto-Atendimento (UPAs) são estruturas de com-
de má oclusão e autopercepcão da necessidade de plexidade intermediária entre as Unidades Básicas
tratamento. Estudo epidemiológico analítico com de Saúde e as portas de urgências hospitalares, onde,
delineamento transversal, de base escolar. Para em conjunto com estas, compõem uma rede organi-
avaliar a autopercepção dos adolescentes quanto à zada de Atenção às Urgências. Objetivo: Analisar o
necessidade de tratamento ortodôntico, foi utilizado serviço de plantão de urgências odontológicas em
o Componente Estético (AC), extraído do Índice de uma UPA no município de Goiânia, Goiás. Método:
Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN). Os Trabalho desenvolvido para a Disciplina de Pesquisa
critérios para determinar a necessidade clínica de Qualitativa no ano de 2012. Utilizou-se a técnica de
tratamento ortodôntico foram os preconizados pelo observação participante. O instrumento utilizado
Índice de Estética Dental (DAI). Para a questão re- para coleta dos dados foi um bloco de notas. A ob-
lacionada à satisfação com a saúde bucal utilizo-se servação se deu durante quatro plantões alternados,
uma pergunta do item Autopercepção e Impactos num período de um mês. Resultados: Obteve-se um
em Saúde Bucal do Questionário de Avaliação So- total de 35 notas, que puderam ser categorizadas
cioeconômica e Acesso à Saúde Bucal.A análise dos em três tópicos: 1) Problemas enfrentados pelo
dados foi realizada utilizando-se o programa SPSS cirurgião-dentista para a atenção às urgências na
for Windows 21.0. Do total da amostra com 1630 UPA (43%), 2) Tipo de urgência odontológica (26%)
entrevistados 32,2% apresentaram algum tipo de má e 3) Conduta do profissional (31%). Dentre os pro-
oclusão.Para a autopercepção 86,4% relataram não blemas identificados, verificou-se principalmente
apresentar necessidade de tratamento ortodôntico. a falta de protocolos clínicos e farmacológicos para
No grupo de indivíduos que apresentaram algum tipo o tratamento das urgências odontológicas, ausên-
de má oclusão, 87,8% não percebiam necessidade.O cia de aparelho de Raios-X na unidade, referências
grupo com necessidade de tratamento ortodôntico impróprias de pacientes por unidades de Saúde da
recomendada, 76,3% não percebia necessidade.Os Família com atendimento odontológico sobrecar-
sujeitos responderam à questão referente a satisfa- regando o serviço na UPA e problemas de acesso
ção com sua saúde oral. Classificados, segundo Dai de pacientes para tratamento básico e especiali-
sem necessidade de tratamento ortodôntico, 65,5% zado após a consulta de urgência na UPA. Acerca
estavam satisfeitos com sua saúde oral.No grupo do tipo de urgência odontológica, identificou-se a
classificado com necessidade de tratamento orto- ocorrência de dor de dente (pulpites), abscessos,
dôntico recomendada, 44,8% estavam satisfeitos pericoronarites, traumatismo dentário e luxação de

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 272
ATM. As principais condutas do profissional foram SPSS de forma dicotômica sendo expressos através
exodontia, prescrição de medicamentos, restaura- de suas frequências absolutas e relativas. Em relação
ção dental, drenagem de abscesso, solicitação de a organização do processo de trabalho relacionado
Raios-X e encaminhamentos. Conclusão: O serviço ao agendamento de consultas, o agendamento em
de plantão de urgências odontológicas na UPA re- qualquer dia da semana, em qualquer horário foi o
alizava procedimentos clínicos para a resolução tipo mais referido (38,2%), sendo garantida a conti-
das situações de urgência, encaminhamentos e nuidade do atendimento em 85,7% das equipes. Em
prescrição de medicamentos, mas apresentava uma relação à oferta de procedimentos básicos, aplicação
necessidade de melhor formação profissional do tópica de flúor (94,7%), seguidos de restaurações de
cirurgião-dentista baseada em protocolos clínicos e resina (92,5%) e exodontias (92,6%) são os mais ci-
farmacológicos. Havia uma demanda por melhoria tados, sendo a aplicação de selante (78,9%) o menos
de tecnologias, especialmente o aparelho de Raio-X citado. O acolhimento à demanda espontânea para
e uma sobrecarga no atendimento, requerendo-se saúde bucal é realizado pela maioria das ESB (80%),
maior resolutividade das urgências nas unidades sendo realizada a avaliação de risco e vulnerabili-
de saúde da família. dade no primeiro atendimento em 90% dos casos.
Quando perguntados se a equipe de saúde bucal
PROCESSO DE TRABALHO DAS EQUIPES DE SAÚDE utiliza algum protocolo de acolhimento à demanda
BUCAL NA ATENÇÃO BÁSICA: UM OLHAR A PAR- espontânea, apenas 43,6% informaram a utilização
TIR DO PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO deste instrumento. Quando questionados em relação
ACESSO E DA QUALIDADE (PMAQ-AB) a realização de campanhas para detecção de lesões
Caren Serra Bavaresco / Bavaresco, C.S / UFRGS; bucais e encaminha casos suspeitos de câncer de
Mirceli Goulart Barbosa / Barbosa, M.G / UFRGS; boca, 72,6% das equipes realiza, porém apenas 59%
Aline Vargas Ferreira / Ferreira, A.V. / UFRGS; Jea- registra e acompanha os casos suspeitos/confirma-
nice da Cunha Ozorio / Ozorio, J.C. / UFRGS; Thais dos de câncer de boca. Pode-se observar que a forma
Chiapinotto dos Santos / Santos, T.C / UFRGS; de organização do agendamento clínico, associada
Fernanda Monte da Cunha / Cunha, F.M / UFRGS; a atenção dada aos grupos de risco pelas equipes de
Deisy Tolentino do Nascimento / Nascimento, D.T / saúde bucal está de acordo com a Política Nacional
UFRGS; Daniela Tozzi Ribeiro / Ribeiro, D.T. / UFR- de Saúde Bucal. Todavia, um olhar mais ampliado
GS; Alcindo Antonio Ferla / Ferla, A.A. / UFRGS; deve ser realizado em relação a oferta de procedi-
A avaliação das equipes de Saúde Bucal na Estraté- mentos (integralidade) e a coordenação do cuidado
gia de Saúde da Família representa a possibilidade em saúde bucal dever discutido a fim de desenvolver
de criar um novo espaço para análise e reorientação práticas em saúde mais efetivas.
do processo de trabalho destas equipes, bem como
para a própria atuação da saúde bucal no âmbito REFLEXÕES SOBRE A ATENÇÃO BUCAL NO PRÉ-
dos serviços de saúde. Assim, o objetivo do presente -NATAL NA REGIÃO DOS MORROS DE SANTOS, SP
estudo foi realizar uma análise descritiva quantita- Ricardo Antonio Nunes Neto / Nunes Neto, R.A.
tiva dos indicadores da avaliação externa contidos / UNIFESP; Maria Fernanda Petroli Frutuoso /
no Módulo II do instrumento de 2012, com ênfase Frutuoso, MFP / UNIFESP;
no processo de trabalho das equipes de Saúde Bucal Introdução: Entre as ações de Odontologia na Aten-
(ESB). Os dados utilizados referem-se ao bloco de ção Básica, destaca-se a atenção à saúde bucal das
perguntas de saúde bucal do Módulo II da avaliação gestantes, uma vez que a relação entre doenças
externa do primeiro ciclo do PMAQ coletados no bucais, especialmente a doença periodontal, e a
ano de 2012, com foco no processo de trabalho das prematuridade e baixo peso ao nascer é bem conhe-
equipes. Foram analisadas 12565 entrevistas com cida. Este panorama requer ações interprofissionais
profissionais das equipes de atenção básica que ade- envolvendo o cuidado à saúde bucal das gestantes
riram ao programa em 3935 municípios brasileiros. que frequentemente ocorre de modo fragmentado.
As respostas foram analisadas utilizando o software Objetivos: Descrever e discutir oficinas de edu-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 273
cação permanente sobre a atenção odontológica Caracterização O município de Monteiro Lobato no
no pré-natal na região dos Morros de Santos, São interior de São Paulo, tem 4.427 habitantes, conta
Paulo. Método: Abordagem qualitativa, por meio com 2 equipes de Saúde Família bem estruturadas
de pesquisa-intervenção com equipes de saúde de e uma equipe de saúde bucal que apresenta baixa
unidades de atenção básica de saúde de região de resolutividade. A equipe não está inserida na Estra-
elevada vulnerabilidade social e de saúde. A pes- tégia de Saúde da Família e não faz programas de
quisa será operacionalizada em quatro etapas: 1. promoção de saúde bucal, além disso o município
Encontros com a Coordenação de Saúde dos Morros não oferece atendimento de média complexidade em
(CORABS-m) para definição das unidades estuda- saúde bucal. Descritores Existe, na atenção à saúde
das. 2. Entrevista semiestruturada com a gerência bucal, uma ausência de vínculo de responsabilidade
das unidades selecionadas, para caracterização da e confiança entre a equipe e os usuários. Além disso
unidade e percepção sobre a organização da saúde a população se mostra pouco esclarecida sobre a im-
bucal na unidade. 3. Discussão, com os profissionais portância do acompanhamento da saúde bucal e não
das equipes de saúde das unidades sobre como se dá somente do tratamento das situações agudas das
a articulação entre a Equipe de Saúde Bucal (ESB) doenças que acometem a boca, e 35% se diz insatis-
e os outros integrantes da equipe de saúde, bem feito com o serviço realizado pela atenção em saúde
como o cuidado com a saúde bucal das gestantes é bucal Com uma taxa de absenteísmo superior a 50%,
realizado dentro do contexto da cada equipamento/ e com uma média de extração dentaria de 10% sobre
território. 4. Oficinas com as equipes na tentativa de o total de procedimentos realizados na demanda
estruturar meios de enfrentamento das questões que espontânea, a necessidade de um remodelamento da
emergiram no encontro anterior partindo de uma assistência odontológica se mostra clara e urgente.
situação-problema (casos hipotéticos e/ou fichas O programa Brasil Sorridente do MS está servindo
com trabalhos encontrados na literatura atual sobre de base para a mudança desta realidade, seu princi-
a relação entre a Odontologia e o pré-natal). Resulta- pal objetivo é a reorganização da prática e a qualifi-
dos parciais: Após a interlocução com a CORABS-m, cação das ações e serviços oferecidos, e o município
foram selecionadas três unidades: Unidade Básica aos poucas se adequa a política nacional de Saúde
de Saúde do Morro da Nova Cintra, Unidade de Saú- Bucal. Como dificilmente municípios menores con-
de da Família do Morro do São Bento e Unidade de seguem manter um CEO a saída encontrada para
Saúde da Família do Morro da Penha. A definição das ofertar procedimentos de média complexidade foi
unidades estudadas pautou-se nas singularidades um convênio com uma Instituição de Ensino aos
que permitirão diferentes problematizações sobre o moldes do programa GraduaCEO do MS, onde, além
entendimento da atenção odontológica, uma vez que dos procedimentos curativos são disponibilizados
a região encontra-se em processo de transformação alunos para promoverem ações de prevenção e pro-
das unidades de saúde do modelo tradicional para moção de saúde nas escolas do município e grupos
a Estratégia Saúde da Família. A partir dos dados temáticos da ESF. O cadastramento de uma ESBESF
produzidos até o momento, é possível inferir que da família já foi pleiteado e está em fase de contra-
a atenção à saúde bucal das gestantes não se dá de tação. Além disto o cadastramento de um LRPD está
forma homogênea nas diferentes unidades da região em fase de pleito e logo aumentará a cobertura da
e que a pactuação com a gestão da atenção básica do população que necessita do cuidado. Lições aprendi-
município tem propiciado uma potente interlocução das Estamos em fase de mudança de uma realidade
para reflexão de estratégias de educação permanen- e números ainda não foram levantados, mas, nesta
te envolvendo o pré-natal. etapa de reestruturação fica evidente a solidez da
política nacional de saúde bucal ofertada pelo MS,
REORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO EM SAUDE BUCAL mesmo que pouco financiada, tal política consegue
NO MUNICIPIO DE MONTEIRO LOBATO dar as diretrizes e meios de organização para que
Juliana Souza Santos de Barros / Barros, J.S.S. / a demanda de necessidades seja resolvida, desde
Prefeitura Municipal de Monteiro Lobato/COMUS; que haja, vontade política e gestores capacitados.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 274
Recomendações A capacitação de todos os atores arduamente por uma solução. As instituições de
envolvidos nesta mudança é imprescindível para graduação e de pós-graduação devem se preparar
o apropriamento do trabalho através de uma visão cada vez mais para qualificar alunos e profissionais.
coletiva do objetivo Entretanto, esta mudança não pode ser apenas aca-
dêmica. Trata-se também de uma mudança política
SAÚDE BUCAL OU AUTONOMIA PARA A SAÚDE? e social. Devemos reforçar o fato de a Promoção de
Carolina Alves Reynaldo Dias / Dias, C.A.R, / UFMG; saúde estar diretamente relacionada à garantia de
Caracterização do problema: Durante o estágio Sor- direitos e reconhecimento de cada um como membro
riso no Campo” (2004) da Faculdade de Odontologia da sociedade. Para que haja a promoção de saúde,
da Universidade Federal de Minas Gerais, focamos o desenvolvimento da autonomia para a saúde é
nosso trabalho em ações de promoção de saúde atra- essencial.
vés de visitas domiciliares. Verificamos que todas as
casas visitadas possuíam escovas de dentes e seus SERVIÇO ODONTOLÓGICO EM UMA COMUNIDADE
moradores tinham uma boa noção de como fazer UNIVERSITÁRIA
a escovação. Entretanto, observamos algumas das Simone Di Salvo Mastrantonio / Mastrantonio,
casas crianças se dedicando a pratica de escovação S.S. / UFSCar; Claudia Aparecida Stefane / Stefa-
e tal prática não se tratava de uma ação de cuidado ne, C.A. / UFSCar; Silmar Antonio Marson / Mar-
com o corpo. Foi possível concluir isso pois, além son, S.A. / UFSCar; Lourdes Aparecida de Souza
da higiene corporal precária, a água da escovação Toledo / Toledo, L.A.S. / UFSCar; Lilian Fantato
foi descartada ali mesmo, aos pés de cada um, no Noronha da Costa / Costa, L.F.N. / UFSCar;
mesmo terreiro em que eles brincavam. Qual seria Introdução: No departamento de atenção à saúde
a solução neste caso, sendo que o local não contava em uma Universidade pública na cidade de São
com instalações sanitárias, saneamento básico, Carlos destaca-se o serviço odontológico, pela
condições de moradia, urbanização, serviços de grande demanda por parte da comunidade univer-
saúde para todos. Descrição: Tentamos passar infor- sitária. A equipe odontológica é composta por dois
mações sobre cuidados básicos de higiene corporal cirurgiões-dentistas e uma auxiliar de saúde bucal.
e cuidados com o ambiente. Mas, o sentimento de As consultas ocorrem com prévio agendamento ou
impotência imperava. A formação acadêmica que mediante intercorrências, no período da manhã e
recebemos não foi suficiente. Os determinantes da tarde. O serviço oferece o atendimento básico em
sociais que estudamos na Faculdade estavam ali Odontologia, incluindo procedimentos preventivos
diante dos nossos olhos e nós não sabíamos como e curativos. Objetivo: O objetivo deste estudo foi
agir, uma vez que é impossível desvincular a saúde analisar o serviço odontológico oferecido, e para isto
bucal da saúde, como vinha acontecendo com aque- foram identificadas as categorias de pacientes aten-
las pessoas. Lições aprendidas: Esta experiência didas e os procedimentos realizados, no período de
mudou o rumo da minha vida profissional e pessoal. maio de 2013 a maio de 2015. Método: Os dados foram
Atualmente, atuo na área de Odontologia em saúde coletados a partir do levantamento diário que é re-
pública, promoção de saúde e prevenção da violência gistrado em planilhas de Excell. Resultados: Nestes
e educação permanente para profissionais de saúde. dois anos foram atendidos 1173 pacientes, dos quais
Não atuo naquela cidade que me mostrou a realida- 62,57% eram alunos de graduação, 20,46% alunos
de de forma tão escancarada, mas tento fazer meu de pós-graduação, 14,07% técnicos-administrativos
trabalho de forma a mudar a realidade sempre e em e 2,09% docentes. Os procedimentos foram organi-
todos os locais onde estou. Recomendações: Apesar zados em três categorias de tratamento: preventivo
deste trabalho trazer um relato antigo, trata-se de (profilaxia e aplicação de flúor), periodontal (ras-
uma situação muito atual nas práticas Brasileiras. pagem supra-gengival) e restaurador (restauração
Muitas vezes, os profissionais de saúde se deparam direta). Dos 1189 procedimentos realizados: 20,61%
com situações como esta e não sabem como proceder. foram preventivos; 34,23% periodontais e 45,16%
Alguns se omitem, alguns desistem, alguns buscam restauradores. Quando os pacientes requereram

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 275
tratamentos especializados (cirurgia, endodontia, número de procedimentos realizados pelo serviço
radiologia, periodontia, prótese e ortodontia), estes odontológico foram os restauradores e periodontais,
foram orientados a procurar por outros profissio- evidenciando a necessidade de promoção de cam-
nais. Embora haja o serviço odontológico especiali- panhas educativas de saúde bucal para o público
zado público na cidade, o fluxo de encaminhamento adulto. Além disto, sugere-se o estabelecimento
ainda não está estabelecido, exceto para a especiali- com a rede pública municipal de saúde de um fluxo
dade de Diagnóstico Bucal, cuja parceria foi firmada de encaminhamentos para o serviço odontológico
com a Prefeitura Municipal em 2015. Conclusão: especializado, de modo a evitar o duplo atendimento
Pode-se concluir, a partir dos resultados, que o maior de pacientes.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 276
Saúde da Criança e do Adolescente
A MASSAGEM INFANTIL COMO PROPOSTA TE- técnicas de massagem Toque da Borboleta” ou
RAPÊUTICA PARA AS ALTERAÇÕES COMPORTA- Shantala”. A primeira, usa um toque bem superficial,
MENTAIS DE CRIANÇAS FREQUENTADORAS DE foi criada por uma pediatra norte-americana (Rute
CRECHES PÚBLICAS Rice) e foi utilizada como primeiro contato, para
promover adaptação das crianças aos acadêmicos.
Conceição Aparecida de Almeida Santos Reis /
A segunda é uma técnica que surgiu na Índia, há
Reis, C.A.A.S. / PUC CAMPINAS/SP; Karine Yumi
Nisieimon / Nisieimon, K.Y. / PUC CAMPINAS/SP; mais de 2000 anos, para reequilíbrio das funções
Milena Gomes Parzianello Egúsquiza / Egúsquiza, fisiológicas, psíquicas e energéticas das crianças e
M.G.P. / PUC CAMPINAS/SP; Eric Douglas Lopes foi aplicada tão logo as crianças aceitassem toque
Moreira / Moreira, E.D.L. / PUC CAMPINAS/SP; mais profundo, feito com as crianças despidas, uti-
Gustavo Martignago / Martignago, G. / PUC CAM- lizando óleo vegetal morno para deslizamento dos
PINAS/SP; Helena Santos de Oliveira / Oliveira, traços de massagem. As crianças foram avaliadas
H.S. / PUC CAMPINAS/SP; no início e fim do tratamento. pelos acadêmicos e
Caracterização do Problema,O desenvolvimento in- professoras das crianças. Lições aprendidas: Todas
fantil é processo bio-psico-social-ambiental, permea- as crianças obtiveram algum grau de melhora, ao fim
do, portanto, por estes diversos fatores. Nos centros das sessões, em diversos itens das fichas de avalia-
urbanos, a criança recebe ainda a influência das ção, como desconcentração, agressividade, rebeldia,
características da sociedade atual, como agitação, hiperatividade, apatia, insegurança, evidenciando
rapidez, ansiedade, violência. Estas condições po- a necessidade de novos estudos científicos sobre
dem produzir desequilíbrios familiares que afetam o tema.
os menores, causando transtornos comportamentais
variados. A massagem infantil é um recurso terapêu- ABORDAGEM DA SEXUALIDADE COM ADOLES-
tico utilizado pela Fisioterapia, que pode ajudar a CENTES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
minimizar estes transtornos dos menores. Projeto Paloma Cinthia Duarte Silva / Silva, P. C. D. /
vem sendo desenvolvido por acadêmicos da Faculda- Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão;
de de Fisioterapia PUC CAMPINAS, sob supervisão Tainara Catozzi Denardi / Denardi, T. C. / Univer-
docente, junto à creches, em que os acadêmicos sidade Federal de Goiás/Regional Catalão; Juliana
estagiam dentro do Programa de Saúde da Criança. Martins de Souza / Souza, J. M. / Universidade
Objetivos: Melhorar os níveis de distúrbios com- Federal de Goiás/Regional Catalão;
portamentais de crianças frequentadoras de uma A adolescência é um período da vida caracterizado
creche pública, através do reequilíbrio psicofísico por profundas transformações biológicas, psicológi-
produzido pela massagem.Descrição - Selecionou- cas, sociais e pelas primeiras experiências sexuais,
-se crianças, identificadas pela psicopedagoga tornando importante e fundamental a abordagem
da creche, como sendo as com mais dificuldades do tema da sexualidade nessa fase. Com o intuito de
comportamentais (agitação, agressividade, apatia, sensibilizar e orientar os adolescentes sobre o tema
falta de concentração), que foram convidadas a par- da sexualidade, foi desenvolvido por uma docente
ticipar do trabalho com massagem infantil, através e por oito discentes do curso de enfermagem da
de cartas aos pais. Aquelas, cujos pais assinaram Universidade Federal de Goiás (UFG), regional Ca-
Termo de Consentimento, iniciaram o tratamento, talão, o projeto de extensão intitulado Sexualidade
por três meses consecutivos, uma vez por semana. na Adolescência. O Projeto foi proposto para todos
Estas crianças não realizavam outro tratamento, os adolescentes que frequentam uma instituição
durante o período deste estudo. As modalidades municipal, vinculada a Secretaria Municipal de As-
terapêuticas utilizadas em cada sessão foram as sistência Social, sendo dividido em dois momentos,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 277
de acordo com a faixa etária do adolescente. Cada tamento de dados epidemiológicos no ano de 2014,
fase constituiu-se de duas oficinas, com duração de com crianças de 0-14 anos, nos diferentes locais de
aproximadamente 1 hora e 30 minutos cada, com a ocorrência, em ambos os sexos, utilizando o banco
participação de, em média 15 alunos por oficina. As de dados da secretaria de saúde de São Paulo. Os
atividades foram realizadas utilizando metodolo- resultados evidenciaram que acidentes infantis
gias ativas com adolescentes na faixa etária entre ocorrem com maior incidência na região Sul. Neste
10 e 19 anos. Na primeira fase do projeto, as ofici- local, a queda é predominante na faixa etária de 0-4
nas ocorreram no período de 08 de outubro a 26 de anos (55%), em residências (87%) e no sexo masculi-
novembro de 2014, nas quartas-feiras, em período no (61%); acidentes por arma branca na faixa etária
matutino e vespertino. A primeira oficina teve o dos 10-14 anos (45%), em residência (85%) e no sexo
objetivo de sensibilizar sobre o tema e a segunda masculino (65%); intoxicação/envenenamento na
deu enfoque ao esclarecimento de dúvidas, tendo faixa etária de 0-4 anos (70%), em residência (95%)
um total de 100 participantes. Os temas abordados e o sexo masculino (78%); outras queimaduras de
foram: namoro, gravidez, métodos contraceptivos, 0-4 anos (56%), em residência (95%) e igualmente
doenças sexualmente transmissíveis (DST’s) e nos dois sexos (50%); outros tipos de acidentes na
mudanças corporais. A segunda fase foi realizada faixa etária de 5-9 anos (40%), em residência (75%)
com 78 adolescentes, nos meses de maio e junho e no sexo masculino (66%); ignorados, acidentes
de 2015, às terças-feiras no período vespertino e por arma de fogo e por deslizamento/inundação não
às quintas-feiras no período matutino. Os temas apresentam registros. Por fim, analisando os resul-
discutidos foram os métodos contraceptivos e as tados, conclui-se que o acidente de maior incidência
DST’s. Concluiu-se que a educação em sexualidade é a queda e que, em todos os acidentes, é predominan-
para adolescentes por meio de oficinas atuou como te a faixa etária de 0-4 anos, a residência como local
uma porta de entrada para o desenvolvimento da de ocorrência e o sexo masculino. Palavras-chave:
reflexão, ocorrendo um processo de desconstrução Acidentes; queda; criança; residência
e construção de bagagens de conhecimento a cerca
da sexualidade. A metodologia empregada nas ofi- ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA CRIANÇA – EM
cinas favoreceu a educação participativa e ampliou FOCO A GESTÃO ASSISTENCIAL DO DESENVOLVI-
as discussões, permitindo troca de conhecimentos, MENTO INFANTIL
maior envolvimento e reflexão por parte dos adoles- Caroline Carapiá Ribas Lisboa / Lisboa, C.C.R.
centes, e, possibilitou sua autonomia no exercício / CEJAM; Sonia Isoyama Venancio / Venancio,
da sexualidade sem riscos. Foi possível notar que S.I. / Instituto de Saúde do Estado de São Paulo;
grande parte dos adolescentes apresenta falta de Katia Elaine Pereira Santiago / Santiago, K.E.P. /
conhecimento sobre os métodos contraceptivos, UNASP;
doenças sexualmente transmissíveis e responsabi- Na Atenção Primária a Saúde, a atenção à criança
lidades que acompanham a prática sexual. tem como principal ação o acompanhamento do cres-
cimento e do desenvolvimento infantil, de modo que
ANÁLISE DOS ACIDENTES INFANTIS NA REGIÃO seja possível a detecção precoce de alterações, via-
SUL DA CIDADE DE SÃO PAULO bilizando condutas, com o objetivo de proporcionar
Jane de Eston Armond / Armond, J.E. / UNISA; à criança oportunidades para um desenvolvimento
Cintia Leci Rodrigues / Rodrigues, C.L. / UNISA; adequado durante toda a infância. Este estudo tem
Marcela Kempe Costa / Costa, M.K. / UNISA; Aline como objetivo verificar o preenchimento das Cader-
Ayumi Ogusco / Ogusco, A.A. / UNISA; Marcela Vi- netas de Saúde da Criança em relação aos marcos
nhola Grandini / Grandini, M.V. / UNISA; Pamela do desenvolvimento infantil pelas equipes de Saúde
Bacellar Rosenblat / Rosenblat, P.B. / UNISA; da Família, das crianças de 0 a 3 anos, que realizam
No estudo em questão, foram analisadas as caracte- acompanhamento nas Unidades Básicas de Saúde
rísticas epidemiológicas dos acidentes na infância em São Paulo. Trata-se de um estudo controlado,
na cidade de São Paulo. Para isso foi feito um levan- randomizado, com abordagem quantitativa, onde

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 278
foi realizado um levantamento, através da visita de Introdução: A adolescência é marcada por trans-
acompanhamento do Agente Comunitário de Saúde formações biopsicossociais que predispõem a
do preenchimento das cadernetas de saúde da crian- uma vulnerabilidade diferenciada para diversos
ça. Para a análise do preenchimento, a amostra foi agravos, colocando para a Atenção Básica o desafio
calculada no programa STATCALC/EPIInfo, onde de desenvolver ações de promoção e prevenção que
chegou-se ao tamanho da amostra de 182 crianças respondam às necessidades especificas dessa fase.
a serem captadas nas UBS do estudo, por meio de Apresenta-se análise descritiva dos resultados par-
sorteio a partir do cadastro na Estratégia Saúde da ciais de pesquisa em andamento. Objetivo: Avaliar
Família. Dentre os resultados obtidos destaca-se que a organização da Atenção à saúde do adolescente
das 182 crianças sorteadas foram verificadas 179 em serviços de Atenção Básica. Método: Aplicação
cadernetas de saúde da criança. Os dados de identi- do instrumento QualiAB, versão 2014, por meio de
ficação como nome e data de nascimento estavam questionário eletrônico, respondido pelas equipes de
preenchidos em 90%, a história do parto obteve o unidades básicas de saúde localizadas em uma Rede
percentual de 47% de preenchimento, 77.47% teve o de Atenção à Saúde (RAS), composta por cinco Regi-
registro completo de acordo com o esquema vacinal. ões de Saúde no centro oeste paulista. Selecionou-se
Sobre o monitoramento do desenvolvimento infantil 11 questões: 6 caracterizam serviços e constituem
foram encontrados os percentuais de preenchimen- indicadores gerais de qualidade e 05 compõe indi-
to de acordo com a faixa etária da criança: 23,62% cadores específicos para a atenção à saúde do ado-
(1-2 meses); 20,32% (3-4 meses); 19,78% (5-6 meses); lescente. Utilizou-se como escore: 0 (indesejável),
17,03% (7-9 meses); 10,98% (10-12 meses); 6,04% 1 (aceitável) e 2 (padrão esperado). Considerou-se
(13-15 meses); 2,74% (16-18 meses); 4,39% (19-24 para análise a pontuação média de cada indicador
meses); 1,64% (25-30 meses);1,09%(26-36 meses). e a distribuição da frequência dos indicadores e
Diante dos resultados obtidos, observa-se que não há suas variáveis. Resultados: Dos 65 municípios que
preenchimento adequado das cadernetas. Interven- integram a Região, 40 aderiram, com um total de 161
ções são necessárias para que a equipe de saúde, na serviços respondentes. Desse total, 98% atendem
perspectiva da vigilância à saúde da criança, tenha adolescentes; 78% oferecem atividades planejadas
a cada contato entre esta e o serviço de saúde, uma e 22% atendem apenas demanda espontânea nessa
oportunidade para análise integrada e preditiva faixa etária. Quanto ao local onde são realizadas as
de sua saúde. Cada profissional deve ter em mente ações de atenção ao adolescente 59% relatam reali-
que as ações de vigilância do crescimento e desen- zar com maior frequência as atividades na própria
volvimento infantil consistem em realizar sistema- unidade e 48% em instituições como escolas. Quanto
ticamente exame físico, avaliar o desenvolvimento a diversidades de ações desenvolvidas na unidade e
neuropsicomotor, identificar a presença de fatores na comunidade, destacam-se as orientações sobre
de risco e registrar todos os tanto os procedimentos sexualidade e prevenção de DST/Aids 57% e 65%,
realizados na criança, quanto os achados das con- respectivamente, seguido da abordagem do uso
sultas, mantendo o registro adequado da história do abusivo de álcool e outras drogas, 39% e 47%. Quanto
desenvolvimento. a situações de violência, 19% realizam a detecção
enquanto 3% relatam não ter esta demanda; 12%
AVALIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO identificam e acompanham situações de agressi-
À SAÚDE DO ADOLESCENTE EM SERVIÇOS DE vidade e conflito com a lei. Todos os indicadores
ATENÇÃO PRÍMÁRIA DE 5 REGIÕES DE SAÚDE DO apresentaram desempenho insuficiente, entre 0,15
ESTADO DE SÃO PAULO e 0,71. Conclusão: Embora muitas unidades afirmem
realizar atividades de rotina, a caracterização das
Patricia Rodrigues Sanine / Sanine, P.R. / FA-
ações evidencia um baixo engajamento em ações de
CULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - FMB;
UNESP / / ; Elen Rose Lodeiro Castanheira / Cas- promoção e prevenção ou dirigida a agravos de maior
tanheira, E.R.L. / FACULDADE DE MEDICINA DE prevalência, assim como, por referência a condições
BOTUCATU - FMB; de vulnerabilidade psicossociais, como violência e

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 279
adição. Aponta-se a necessidade de investimentos ceito de que o município possui um grau adequado
na implementação de ações dirigidas à Saúde do de orientação para APS conforme Barbara Starfield
Adolescente nos serviços de Atenção Primária. preconiza, observa-se que na avaliação individual
por indicadores a participação social dos usuários é
AVALIAÇÃO DA SAÚDE DA CRIANÇA NA ESTRA- inexistente. Neste estudo ressalta-se a importância
TÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE de empoderar as pessoas para o controle social da
PALMITAL-SP saúde e ao estímulo a participação nos espaços de
Lislaine Aparecida Fracolli / Fracolli, L. A. / Escola decisão política, principalmente quando tratamos
de Enfermagem da Universidade de São Paulo; de crianças, cidadãos dependentes do pátrio poder, e
Maria Fernanda Pereira Gomes / Gomes, M. F. P. que precisam de condições para a promoção da saúde
/ Escola de Enfermagem da Universidade de São e do empoderamento dos familiares para lutarem a
Paulo; Flávia Tusco Ramos / Ramos, F. T. / Univer- favor de seus direitos sociais.
sidade Paulista;
A Atenção Primária à Saúde (APS) representa o AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE PRÉ-ESCOLARES
primeiro nível de contato dos indivíduos, da fa- ATENDIDOS PELO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA
mília e da comunidade com o sistema nacional de Vanessa Sayuri Nagaishi / Nagaishi, V.S. / Fa-
saúde, e tem como estratégia prioritária a Saúde da culdade de Saúde Pública da USP; Bruna Zillesg
Família. Neste contexto avaliar serviços de saúde Borges dos Santos / Santos, B.Z.B. / Faculdade de
envolve a produção de conhecimento e/ou instru- Saúde Pública da USP; Thamires Leonardi Merino
mentos visando à melhoria da assistência prestada Rios / Rios, T.L.M. / Faculdade de Saúde Pública da
através das técnicas e tecnologias desenvolvidas USP; Natália Koren Simoni / Simoni, N.K. / Facul-
pelos profissionais de saúde. Contudo o objetivo dade de Saúde Pública da USP; Viviane Laudelino
desta pesquisa é avaliar a presença e a extensão Vieira / Vieira, V.L. / Faculdade de Saúde Pública
dos atributos derivados de Orientação Familiar” da USP; Samantha Caesar de Andrade / Andrade,
e Orientação Comunitária” da APS na perspectiva S.C. / Faculdade de Saúde Pública da USP;
dos cuidadores de crianças menores de dois anos Introdução: O Programa Saúde na Escola (PSE) é
que utilizam a Estratégia Saúde da Família implan- uma política intersetorial dos Ministérios da Saúde
tada no município de Palmital, interior do Estado e Educação, criada em 2007, que visa à formação
de São Paulo. Trata-se de uma pesquisa avaliativa, integral do aluno e o enfrentamento das vulnerabi-
descritiva e quantitativa. A coleta de dados foi feita lidades que comprometem o pleno desenvolvimento
por meio da utilização da parte dos atributos deri- de crianças e jovens da educação básica da rede
vados do PCATool versão criança. Diante disto 50 pública. Contempla ações de promoção e atenção à
cuidadores de crianças menores de dois anos com saúde e prevenção de doenças, que são desenvolvi-
idade igual e superior a 18 anos participaram da das pela equipe profissional da atenção primária à
pesquisa. Está pesquisa foi aprovada pelo Comitê saúde em instituições públicas de ensino. Objetivo:
de Ética e Pesquisa sob o nº de parecer: 789.320. Caracterizar, quanto ao estado nutricional, pré-
Os resultados demonstram que 54% dos entrevis- -escolares de uma escola municipal de educação
tados sentem que os profissionais valorizam a sua infantil (EMEI) do município de São Paulo atendida
opinião sobre o tratamento da criança; 60% dizem pelo PSE. Métodos: Realizou-se aferição de peso e
que os profissionais perguntam sobre doenças ou estatura dos alunos de acordo com o preconizado
problemas existentes na família da criança; 72% pelo SISVAN e em duplicata, sendo utilizados seus
refere que a equipe conhece os problemas de saúde valores médios. A avaliação nutricional se baseou
importantes da comunidade; 100% dos entrevistados nas curvas de crescimento da OMS, considerando
responderam que os profissionais não convidam os os índices estatura/idade, peso/idade e IMC/idade,
usuários para participar do Conselho Local de Saú- e com auxílio dos softwares WHO Anthro e WHO
de. Embora os atributos derivados tenham resultado Anthro Plus. Comparação entre idade e estado nutri-
num escore superior a 6,6 que corrobora com o con- cional foi realizada pelo teste qui-quadrado (p<0,05),

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 280
categorizando a idade (3-4 anos e 5-6 anos) e o estado e Relaxamento, para estes adolescentes. Objetivo:
nutricional (eutrofia, sobrepeso e obesidade). Foram Melhorar o Esquema Corporal e a Auto-estima dos
excluídas duas crianças para análise estatística adolescentes participantes da referida instituição.
(baixa estatura/idade e magreza). Resultados: Fo- Descrição: Selecionou-se crianças, identificadas
ram avaliadas 213 crianças, com idade de 3 a 6 anos. pelos cuidadores da instituição, como sendo as com
Em relação ao parâmetro de peso/idade, 88,3% dos mais dificuldades de comportamento (agitação,
alunos foram classificados como adequados e 11,3% agressividade, apatia, falta de concentração). As
como elevados. Apresentaram estatura adequada crianças foram avaliadas pelos acadêmicos, sob
para a idade 99,5% das crianças. Quanto ao estado supervisão docente e convidadas a participar do
nutricional, a prevalência de eutrofia foi de 86,2% Grupo de Fisioterapia, através de cartas aos pais.
para a faixa etária 3 e 4 anos (n=109) e 63,7% para Oito crianças, cujos pais assinaram Termo de Con-
5 e 6 anos (n=102). Foram encontradas maiores sentimento, foram tratadas em grupo, por quatro
porcentagens de sobrepeso e obesidade no grupo meses consecutivos (16 semanas), duas vezes por
com maior idade (22,6% e 13,7%, respectivamente) semana. Estas crianças não realizavam nenhum
comparado com os alunos de 3 e 4 anos (7,3% e 6,4%, outro tratamento, psíquico ou corporal, durante o
respectivamente). Conclusão: Observou-se maior período deste estudo, que pudesse interferir no mes-
prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças mo. As modalidades terapêuticas utilizadas em cada
com idade de 5 e 6 anos em comparação com aquelas sessão foram Exercícios para reeducação postural,
de 3 a 4 anos. Esses dados indicam o aumento da clássicos da Cinesioterapia (30 minutos) e a Técnica
prevalência do excesso de peso com o avançar da de Relaxamento Sofrologia (10 minutos). Que é uma
idade e reforçam a importância das ações em saúde indução verbal do terapeuta, onde conduziu-se, men-
com foco na prevenção e na promoção, tendo a escola talmente, os menores para locais agradáveis, como
como local estratégico e favorável para essas ações. campos ou praia, fazendo-os viver com detalhes,
situações tranquilizantes e positivas nos ambientes
CINESIOTERAPIA E TÉCNICAS DE RELAXAMENTO, citados. As crianças foram avaliadas no início do
EM ADOLESCENTES DE ÁREA DE RISCO PARA USO tratamento e a cada 8 sessões, através de dois ins-
DE DROGAS E EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA trumentos: uma ficha de avaliação fisioterapêutica,
Conceição Aparecida de Almeida Santos Reis elaborada para este fim, com auxílio das cuidadoras
/ Reis, C.A.A.S. / PUC CAMPINAS/SP; Shelly dos menores e uma ficha de avaliação psicomotora,
Aparecida Neres de Souza / Souza, S.A.N. / PUC validada.Lições aprendidas: O programa produziu
CAMPINAS/SP; Laura Lais Pinheiro Christians benefícios, onde todas as crianças obtiveram grau
/ Christians, L.L.P. / PUC CAMPINAS/SP; José de melhora crescente, ao longo do tratamento, em
Wilson Barbosa / Barbosa, J.W. / PUC CAMPINAS/ diversos itens das fichas de avaliação, como sono,
SP; Guilherme Augusto Traci / Traci, G.A. / PUC apetite, socialização, concentração, limite, entre
CAMPINAS/SP; Natália Borçal / Borçal, N. / PUC outros, melhorando o desempenho pedagógico e o
CAMPINAS/SP; Rayane dos Santos Sena / Sena, convívio social destes adolescentes, evidenciando a
R.S. / PUC CAMPINAS/SP; necessidade de estudos de maior porte sobre o tema.
Caracterização do problema: O uso de drogas não
lícitas e os maus tratos no ambiente domiciliar, são CONHECENDO A REDE DE APOIO SOCIAL DE
problemas bastante comuns, entre adolescentes que FAMÍLIAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM
moram em áreas de favelas e invasões. Por isso a DEFICIÊNCIA VISUAL
Prefeitura da cidade de Campinas/SP, criou Núcle- Mayara Caroline Barbieri / Barbieri, M.C. / UFS-
os de Adolescentes, onde no horário extra escola, Car; Gabriela Van Der Zwaan Broekman Castro
alguns adolescentes são acolhidos, para receberem / Castro, G.V.D.Z.B. / UFSCar; Carla Regina de
orientação pedagógica e alimentação. A Fisioterapia, Almeida Corrêa / Corrêa, C.R.A. / UFSCar; Amanda
através do Projeto acadêmico de Saúde do Adoles- de Assunção Lino / Lino, A.A. / UFSCar; Beatriz
cente, desenvolveu um trabalho com Cinesioterapia Catanheira Facio / Facio, B.C. / UFSCar; Daianne

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 281
Cibele de Souza Borges / Borges, D.C.S. / UFSCar; bros. O profissional da saúde deve ajudar a família
Giselle Dupas / Dupas, G. / UFSCar; a identificar as redes de apoio social disponíveis e,
Introdução: No Brasil, a perda visual é um signifi- além disso, que saiba os componentes da rede para
cante problema de saúde pública, já que se acres- que esta possa ser fortalecida através de ações que
centa à deficiência propriamente dita, a falta de promovam o bem-estar das famílias.
programas preventivos, fatores socioeconômicos
e culturais, atrelados à pouca disponibilidade de CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA NA ADOLES-
recursos oftalmológi¬cos qualificados para inter- CÊNCIA
venções em saúde ocular. O percurso da deficiência Brunna Hiagon Mendes Santo / Santo, B. / UNI-
visual pode trazer momentos estressantes e difíceis SANTOS; Graziela Paes Pirani / Pirani, G. / UNI-
para a família, e que talvez, essa sozinha não seja SANTOS; Luzana Mackevicius Bernardes / Bernar-
capaz de superá-los. As respostas frente às situações des, L.M. / UNISANTOS;
inesperadas impostas pela condição crônica podem Introdução: A adolescência emerge do processo
ser influenciadas pela rede e pelo apoio social que de transição entre a fase infantil e a adulta, tendo
as famílias recorrem e acessam. Objetivo: Com- como peculiaridade a maturação e aprimoramento
preender a experiência da família da criança e do biológico, psicológico e social. Conforme o Estatuto
adolescente com deficiência visual frente às inte- da Criança e do Adolescente (ECA), normatizado pela
rações estabelecidas com a rede de apoio acessada. Lei nº8.069, a pessoa é classificada como adolescen-
Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que te dos 12 aos 18 anos. Atualmente a relação sexual
teve como referencial teórico o Interacionismo Sim- inicia cada vez mais precocemente, com a realização
bólico (IS). Utilizamos o Modelo Calgary de Avaliação da atividade sexual, a probabilidade de gravidez e
e Intervenção na Família através do genograma, de DST crescem. Esse aumento ocorre devido a não
ecomapa e entrevista semi-estruturada. O cadastro utilização do preservativo nas relações sexuais.
das crianças com deficiência visual foi fornecido Neste contexto, a utilização da Anticoncepção de
pela Secretaria Estadual de Educação do Estado Emergência tem o propósito de evitar a gravidez
de São Paulo. A coleta de dados foi realizada no indesejada. Este método abrange muitas questões,
domicílio, por meio de entrevista semi-estruturada como: a distribuição nos serviços de saúde; o co-
gravada em áudio. A pesquisa foi aprovada pelo nhecimento, informações sobre seu mecanismo
Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer de nú- de ação. Métodos: Os termos de busca utilizados
mero: 748.751. Para análise dos dados utilizou-se a nessa revisão sistemáticas foram obtidos através de
análise das narrativas. Resultados: Entrevistou-se consultas aos descritores em saúde. Para busca dos
06 famílias, totalizando 29 participantes, 7 eram trabalhos utilizou-se a combinação dos descritores
crianças e adolescentes com o diagnóstico de DV, contracepção” emergência” gravidez” jovens”. Na
5 eram mães, 2 pai, 2 padrastos, 9 irmãos, 3 tios e 1 pesquisa bibliográfica foram utilizadas as bases de
chefe dos pais. Da análise das narrativas obtivemos dados Scielo. Foram selecionados trabalhos publica-
quatro categorias: apoio familiar; apoio social; dos de 2009 a 2014. Critérios de inclusão: presença
amigos e comunidade; e espiritualidade. Conclusão: de resumos em português, assim como descrição de
As vivências em família relacionada à deficiência abordagem quantitativa e qualitativa, referente a
visual se mostram mais fáceis ao encontrar o apoio contracepção de emergência em adolescentes. Foram
fornecido pela família. As instituições se mostram excluídos os estudos com resumos internacionais, e
amplas, porém fragmentadas e as famílias não en- que não traziam o delineamento da pesquisa. As pu-
contram o apoio quanto à aquisição de recursos para blicações selecionadas para revisão foram avaliadas
o tratamento de seus membros com DV. Os amigos e quanto a critério de qualidade, sendo considerados
a comunidade que representam grandes fornecedo- os artigos julgados pelo sistema de revisão, a partir
res de apoio para as famílias, principalmente apoio dos critérios estabelecidos para revisão bibliográ-
emocional e instrumental. A espiritualidade é uma fica, foram selecionados 10 trabalhos referentes a
importante ferramenta para a sustentação dos mem- base do Scielo. Resultados: Os artigos apontam que

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 282
a prevenção deve ser iniciada em nível primário e em e Ambientais, onde há atuação de políticas macroe-
jovens que não iniciaram sua vida sexual. Em decor- conômicas e do mercado de trabalho, promoção de
rência de uma demanda de informações distorcidas uma cultura de paz. 9,09% foram classificadas como
e preconceitos sobre a sexualidade, as adolescentes Rede Sociais e Comunitárias, em que a falta de pers-
acabam trocando informações incompletas entre pectiva de vida aliada a conflitos familiares muitas
si. Conclusão: Concluímos que os jovens devem ser vezes se processa em uma gravidez não planejada ou
educados de maneira correta a respeito de todos os na sua recorrência. E, 3,03% das expressões foram
métodos contraceptivos, contando com o apoio da identificadas como referentes aos fatores individu-
instituição de ensino que participam, programas ais não modificáveis, ou seja, a condições biológicas
serem mais efetivos. A instituição deve contar com como menarca, hereditariedade e outros Conclusão:
a parceria de setores de saúde promovendo palestra Considerando a complexidade da adolescência, a
para esses jovens, familiares e professores, que gravidez e sua reincidência esta determinada por
participam da vida dele, e que possam estar com- todos os níveis dos determinantes sociais da saúde.
partilhando a vida dele, e sanar todas as dúvidas Porém, há uma convergência ao determinante Estilo
existentes sobre questões de sexualidade. de Vida, que depende de comportamentos individu-
ais condicionados a inserção socioeconômica, es-
DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE RELACIO- colaridade e, conseqüentemente, políticas públicas
NADOS A REINCIDÊNCIA DE GRAVIDEZ NA ADO- direcionadas ao público adolescente. Diante disso,
LESCÊNCIA é fundamental considerarmos que os profissionais
Guilherme Duarte Farias de Lisboa / Lisboa, G.D.F. de saúde, educadores e governantes integram a
/ FCMSCSP; Lívia Keismanas de Ávila / Ávila, L.K. rede de atenção ao adolescente, considerando uma
/ FCMSCSP; Danielle Freitas Alvim de Castro / abordagem intersetorial e integral com o objetivo
Castro, D.F.A. / FCMSCSP; de criar estratégias especificas direcionadas à esta
Introdução: As condições socioeconômicas, cultu- geração e políticas publicas de promoção da saúde.
rais e ambientais de uma sociedade, e a forma como
se relacionam com as condições de vida e trabalho DOR NAS COSTAS E HÁBITOS POSTURAIS DE ES-
de seus membros, como habitação, saneamento, COLARES DO ENSINO MÉDIO DE DOIS MUNICÍPIOS
ambiente de trabalho, serviços de saúde e educação, DE DIFERENTES REGIÕES DO BRASIL
bem como as redes sociais e comunitárias, consti- Priscilla Rayanne e Silva Noll / Noll, P. R. S. / Insti-
tuem os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) que tuto Federal Goiano; Vanessa Nunes Leal / Leal, V.
ao relacionarmos com a reincidência de gravidez N. / Instituto Federal Goiano; Jean Marcos Ferreira
na adolescência possibilitam constituir políticas Custódio / Custódio, J. M. F. / Instituto Federal
públicas e estratégias que possam reduzir este Goiano; João Luís Ribeiro Neto / Ribeiro Neto, J. L.
problema de saúde pública. Objetivo: identificar / Instituto Federal Goiano; Matias Noll / Noll, M. /
os DSS relacionados a reincidência de gravidez na Instituto Federal Goiano;
adolescência. Método: Pesquisa bibliográfica de Introdução: Os hábitos posturais inadequados são
abordagem qualitativa, nas bibliotecas SciELO e fatores de risco para problemas posturais, os quais
BVS (base de dados LILACS). Para a coleta de dados têm desenvolvimento propício na fase escolar, tor-
utilizou-se o descritor adolescência e a palavra cha- nando fundamental a investigação destes fatores.
ve reincidência. Foram incluídos no estudo artigos Objetivo: verificar a prevalência de dor nas costas e
publicados entre os anos de 2010 e 2014, no idioma hábitos posturais inadequados de escolares do Ensi-
português e disponíveis eletronicamente. Resulta- no Médio de Ceres/GO e Teutônia/RS. Metodologia:
dos: Foram encontradas 66 expressões-chave nas Participaram da pesquisa 1526 escolares sendo 827
publicações científicas, das quais 30% se relacionam de Ceres e 719 de Teutônia. O instrumento utilizado
ao DSS Estilo de Vida. 28,7% representam educação foi o questionário Back Pain and Body Posture, va-
e desemprego, ou seja, Condição de Vida e Trabalho. lidado, constituído por 21 questões relacionadas a
19% refere às Condições Socioeconômicas, Culturais hábitos: (1) comportamentais (ler/estudar na cama,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 283
horas/dia de sono, horas/dia assistindo televisão Universidade Católica de Santos - UNISANTOS;
e ao computador); e (2) posturais (modo de sentar Introdução: A adolescência é caracterizada como um
em um banco, modo de sentar para escrever, modo período biopsicossocial no qual o indivíduo busca
de transporte do material escolar, modo de pegar uma definição de seu papel social, determinado
um objeto do solo e modo de dormir). O projeto pelos padrões culturais do meio. É nesta fase de
foi aprovado pelos comitês de ética do Instituto transição, desencadeada por hormônios sexuais, que
Federal Goiano e UFRGS, sob número 012/2013 e se traduz psicologicamente por um súbito interesse
19832, respectivamente. A análise foi realizada por sexual genital, ocorre ainda uma explosão de dese-
meio de estatística descritiva e teste Qui-quadrado. jos, anseios, medos e inseguranças. A observação
Resultados: Demonstrou-se alta prevalência de há- empírica demonstra que a educação em saúde con-
bitos posturais inadequados nas seguintes AVD’s: tribui na conscientização e empoderamento destes,
dormir, sentar para escrever, sentar em um banco, principalmente no tocante a sexualidade. Objetivos:
sentar para utilizar o computador e pegar objeto do Conhecer quais as temáticas contempladas em ações
chão. Em contrapartida, obteve-se alta prevalência de educação em saúde no contexto da sexualidade na
de hábitos posturais adequados (87%) no modo de adolescência e identificar os principais interesses e
transporte do material escolar (mochila). Além disso, particularidades dos adolescentes a respeito deste
os resultados relacionados ao tempo em frente à te- tema. Método: Trata-se de um estudo de revisão
levisão e ao computador foram de 0 a 3 horas por dia sistemática da literatura, com levantamento nas
nestas posições para a maioria dos escolares (85% bases LILACS e MEDLINE tendo como descritores:
para Ceres e 79,7% para Teutônia, televisão) e (81,3% educação em saúde; sexualidade; adolescente. Foram
para Ceres e 74,7% para Teutônia, computador). O encontradas 177 publicações na base LILACS e 151 na
tempo de sono caracterizou um fator preocupante MEDLINE, e através dos critérios de inclusão: arti-
visto que apenas 32,3% dos escolares dormem o go completo disponível, com limite a adolescentes,
tempo recomendado (8 a 9 h por noite). Em relação estudos nacionais e com recorte temporal de 2010-
a presença de dor nas costas, 64% relataram ter 2014 este número de artigos reduziu-se a 8 sendo 3
sentido nos últimos 3 meses, porém 64,1% e 63,8% excluídos por não atenderem ao objetivo, totalizando
de Ceres e Teutônia, respectivamente responderam 5 artigos considerados. Resultados: Os temas mais
que a intensidade da dor não impediu a realização recorrentes são os métodos contraceptivos, DST/
de atividades. Conclusão: Existe alta prevalência AIDS, gravidez precoce e mudanças anatomofisio-
de hábitos posturais inadequados em várias AVD´s: lógicas, sendo este último o que eles tinham menor
dormir, sentar para escrever, ler na cama e pegar compreensão evidenciando a escassez do autoconhe-
objeto do chão e os escolares dormem menos que o cimento. Há preocupação com a baixa demanda de
recomendado. Em contrapartida, o tempo em frente adolescentes na atenção primária e com a negligên-
à televisão e ao computador e ao modo de transporte cia do uso de camisinha em relacionamentos está-
do material escolar foram positivos. Tais informa- veis e por afirmarem que há diminuição do prazer. As
ções podem subsidiar o planejamento, tanto da dis- fontes que buscam informações sobre o tema não são
ciplina de Educação Física, quanto da escola como confiáveis, como websites e até colegas. A literatura
um todo, com vistas à promoção de saúde. aponta que a sexualidade no âmbito familiar não é
bem desenvolvida devido às heranças culturais mais
EDUCAÇÃO EM SAÚDE E SEXUALIDADE NA ADO- conservadoras e pela insegurança e desinformação
LESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA dos pais. A ideologia machista é fator de persuasão
LITERATURA nas atitudes e pensamentos destes jovens que se
Julio Cesar Matias do Nascimento / Nascimento, colocam num pedestal de invulnerabilidade, no
J.C.M. / Universidade Católica de Santos - UNISAN- caso dos garotos, e num patamar de submissão, no
TOS; Lourdes Conceição Martins / Martins, L.C. caso das garotas. Conclusão: A sexualidade é uma
/ Universidade Católica de Santos - UNISANTOS; temática bem aceita pelos adolescentes em ações de
Luzana Mackevicius Bernardes / Bernardes, L.M. / educação em saúde e, portanto, necessita de imple-

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mentação de estratégia de massa para acolhimento do sua recuperação. O riso atinge diferentes partes
de uma parcela maior de adolescentes com foco na do corpo, pois libera substâncias como a endorfina,
prevenção, uso de preservativo, igualdade de gênero que age aliviando dores e fortalece a imunidade.
e participação da família no desenvolvimento do LIÇÕES APRENDIDAS: A prática de humanização
adolescente. se não colocada em prática é vã. Podemos afirmar
que o projeto nos proporciona coisas inestimáveis,
ENFERMAGEM DA ALEGRIA HÁ 9 ANOS SENDO vivências inesquecíveis. Nas visitas podemos colo-
UMA FERRAMENTA DE HUMANIZAÇÃO A CRIAN- car a humanização em prática e aprendemos o que
ÇA HOSPITALIZADA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA é amar ao próximo, além de somos tocados a cada
Állif Ramon Lima Felix da Silva / Silva, Á.R.L.F dia sermos mais humanizados. RECOMENDAÇÕES:
/ Faculdade Leão Sampaio; Alessandra Morais Conclui-se que o Projeto Enfermagem da Alegria
Menezes Silva / Silva, A.M.M. / Faculdade Leão atua há 9 anos como ferramenta de humanização
Sampaio; Marco Akerman / Akerman, M. / USP; a criança hospitalizada e que mostra ser eficiente
Woneska Rodrigues Pinheiro / Pinheiro, W.R. / na melhora do prognóstico das crianças que sofrem
Faculdade Leão Sampaio; as intervenções lúdicas do grupo, pode-se destacar
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: O Enfermagem que o mesmo é um promotor de saúde que atua
da Alegria é um projeto de extensão existente há com baixo custo benefício e que pode ser adotado
9 anos que surgiu nas dependências da Faculdade nas mais diversas áreas da saúde, afim de garantir
Leão Sampaio, a partir da generosidade de um gru- humanização e amor ao próximo.
po de alunos de enfermagem que queriam mudar
o ambiente hospitalar baseados na humanização. ESTUDOS PRELIMINARES: BRINCAR E HOSPITALI-
O grupo era coordenado pela professora Gleice ZAÇÃO, A AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
Adriana. O projeto possui o objetivo de contribuir NA INTERNAÇÃO HOSPITALAR INFANTIL
para humanização do ambiente hospitalar através Mariana Gonçalves Pastega / Pastega, M.G. /
da ludoterapia, teatro, musicoterapia e educação UFSCar; Regina Helena Vitale Torkomian Joaquim
em saúde. As ações ocorriam na Casa de Saúde e / Joaquim, R. H. V. T. / UFSCar;
Maternidade São Miguel, porém o grupo sentiu a A infância é caracterizada por um processo de de-
necessidade de expandir o ato de humanizar para senvolvimento em que o brincar encontra-se entre a
outras instituições, e desde então o grupo atua no principal e predominante atividade desempenhada
Hospital Municipal Infantil Maria Amélia, na cidade pela criança, fundamental para a qualidade de vida,
de Juazeiro do Norte - CE. DESCRIÇÃO: Atualmente relacionada à sensação subjetiva de bem estar. A
o grupo possui 12 voluntários e é coordenado por hospitalização pode influenciar no desempenho do
Woneska Rodrigues. As visitas ocorrem semanal- brincar, portanto, na qualidade de vida. O estudo
mente, nas quintas feiras das 18:00 ás 20:00 e aos objetiva avaliar a qualidade de vida de crianças na
domingos das 8:00 ás 10:00, onde os voluntários internação hospitalar em que são oferecidas opor-
tem o privilégio de transformar o cenário hospitalar tunidades de brincar; diante da ausência (grupo1)
fazendo com que as crianças resgatem o brincar e o e presença (grupo2) do brinquedo permanente de
sorrir presos pelo ambiente hostil e pela condição acesso livre na enfermaria. Trata-se de um estudo
que se encontram. Todas as ações estão voltadas descritivo, comparativo, de corte transversal. Rea-
para uma visão holística utilizando Terapias Alter- lizado em enfermarias pediátricas de instituições
nativas/Complementares como a ludoterapia, onde hospitalares no interior do Estado de São Paulo. Os
a assistência é feita considerando o indivíduo numa participantes são crianças de seis à 12 anos inter-
tríade: corpo, espírito e mente, não apenas doença, nadas pelo Sistema Único de Saúde. A coleta se dá
tendo como base a humanização. Essa terapia in- por aplicação do Autoquestionnaire Qualité De Vie
duz ao riso e favorece a liberdade de expressão da Enfant Imagé (AUQEI) e entrevista com as crianças
criança, melhorando seu condicionamento físico, e responsáveis. Até o momento foram feitas 12 en-
psicomotor, restaurando seu organismo e favorecen- trevistas, oito do grupo 1, com crianças de seis, sete,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 285
nove e onze anos de idade e quatro crianças do grupo que marcaram a história e ajudaram a fomentar
2, com seis e 11 anos de idade. Verificou-se no grupo ações regulamentadoras que, no entanto, não foram
1 que três dos participantes obtiveram notas abaixo capazes de prevenir novos acontecimentos trágicos.
da nota de corte, pontuando 43, 46 e 46, os outros Embora nas últimas décadas a farmacologia clíni-
obtiveram scores positivos 48, 50, 52, 52 e 61. Dentre ca tenha avançado na maioria das áreas médicas,
os oito, quatro referiram não ter brincado, desses, esse sucesso não é observado na farmacologia pe-
dois apresentaram scores negativos para a qualidade diátrica. A terapêutica farmacológica em crianças
de vida. As brincadeiras mais citadas pelos outros baseia-se, de maneira geral, na extrapolação das
quatro foram: pintura, jogos e assistir TV. As ativi- informações que levaram à aprovação do registro
dades relacionadas ao brincar não são oferecidas de medicamentos para uso em adultos, ignorando-se
pela equipe enquanto serviço de cuidado em saúde completamente as características farmacocinéticas
e estão relacionadas ao voluntariado e projetos de dessa população e tornando-as vulneráveis quanto
extensão universitária. Em relação à vivência da ao uso de medicamentos e seus efeitos nocivos. A
hospitalização três referiram feliz, quatro infeliz prescrição para este grupo se realiza sobre a base
e uma muito infeliz. No grupo 2, verificou-se que empírica e esse fato compromete o resultado dos
três dos participantes apresentaram score abaixo tratamentos e a sua segurança. E o que está por trás
da nota de corte 43, 46 e 47, desses, dois referiram dessa realidade? Os estudos sobre uma padronização
não ter brincado, mesmo com a disponibilidade de terapêutica na infância são escassos, sobretudo nos
brinquedos, e outro com score acima (54) referiu ter países em desenvolvimento. As limitações éticas,
brincado. Quanto à vivência da hospitalização, dois legais e econômicas, excluíram esses indivíduos de
referiram muito infeliz, uma infeliz e uma feliz. As ensaios clínicos para o desenvolvimento de novos
brincadeiras mais citadas foram: jogos de tabuleiro medicamentos, classificando-os como órfãos tera-
e pintura, realizadas em atendimento de Terapia pêuticos”, mesmo assim, eles adoecem e precisam
Ocupacional do hospital. Em relação aos brinquedos ser tratados e 50% a 75 % dos medicamentos usados
permanentes dois participantes referiram seu uso. em pediatria não têm estudos apropriados às crian-
Os resultados parciais apontam para a influência da ças. Os prescritores exercem um importante papel
hospitalização, enquanto possibilidade de brincar com seus conhecimentos técnicos de farmacoterapia
e ambiência, na qualidade de vida para algumas e ao mesmo tempo trabalham sem dados baseados
crianças. em evidência, o que os deixa em uma situação de
insegurança perene. Em 2006, a Organização Mun-
FARMACOTERAPIA EM CRIANÇAS: UMA PRÁTICA dial de Saúde começou a estabelecer as bases para
NÃO TÃO SEGURA a melhoria de acesso a medicamentos essenciais
Francimar Leão Torres / Torres F. L / Fameta; para as crianças e estabeleceu como grande desafio
O medicamento é um dos componentes fundamen- para a próxima década o aumento na racionalidade
tais da atenção à saúde e sua utilização racional do uso de medicamentos em crianças, havendo uma
contribui para a qualidade desses serviços. No necessidade de promover a avaliação desse uso e
entanto, o uso inadequado do mesmo pode causar vigiar o seu consumo.
mais prejuízos do que benefícios ao indivíduo. A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária destaca HISTÓRICO DE INSERÇÃO DE ADOLESCENTES
que o mau uso de medicamentos é um problema ÓRFÃOS COM HIV-AIDS NA FAMÍLIA E NAS INS-
de saúde pública prevalente em todo mundo. No TITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO
Brasil, ocupam o primeiro lugar entre os agentes Vivian Silva de Oliveira / Oliveira, V.S. / Instituto
causadores de intoxicações em seres humanos. da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade
Com o número de substâncias e a intensificação de Medicina da Universidade de São Paulo;
do uso, surgem aspectos de morbi-mortalidade Introdução: A orfandade em decorrência do HIV-
como a morte de dezenas de crianças pelo uso de -AIDS é um dos impactos mais visíveis, extensos e
xarope de sulfonilamida dentre outros exemplos mensuráveis dos efeitos da AIDS em crianças e ado-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 286
lescentes em todo o mundo. É uma realidade gerado- JOGO DA VIDA: UM MÉTODO PARA EDUCAÇÃO
ra de vulnerabilidades no âmbito individual, social EM SAUDE DE ADOLESCENTE
e programático que expõe crianças e adolescentes a Mariane Ceron / Ceron, M. / Spdm-pais; Mariane
desafios acumulados relacionados à sobrevivência Ceron / Ceron, M. / SPDM;
e construção de perspectivas de futuro. Objetivos: No desenvolvimento de ação de educação perma-
Descrever o histórico de inserção de adolescentes nente para apoio às equipes de saúde do município
órfãos com HIV-AIDS, na família e nas instituições de São Sebastiao, SP, em 2008/9, houve a eleição do
de acolhimento através da narrativa dos cuidadores, tema adolescentes como prioridade. O desafio para
conhecer as principais dificuldades encontradas no implantação de um processo de educação em saúde
processo de inserção dos adolescentes nas famílias de qualidade voltado para adolescência permeia a
e realizar caracterização sociodemográfica dos realidade das inúmeras equipes de atenção primária
adolescentes e seus cuidadores na família e nas no Brasil e no mundo. A abordagem deste público
instituições de acolhimento. Métodos: Pesquisa pressupõe a superação de barreiras que vão desde
qualitativa, de caráter descritivo, mediante entre- as diferenças sociais relativas aos entraves de comu-
vistas com questões abertas e pesquisa documental. nicação entre gerações, até a tendência do próprio
Os sujeitos são os adolescentes em tratamento na adolescente em não exercer o cuidado de si de modo
especialidade de infectologia do Instituto da Criança autônomo e as questões culturais que permeiam te-
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina mas como a sexualidade. Considerando tal contexto,
da Universidade de São Paulo e seus cuidadores. A foi organizado um conjunto de 6 encontros de 2h vol-
interpretação do material coletado se deu através tados prioritáriamente para agentes comunitários
de análise temática”. Resultados: Os entrevistados de saúde, in loco. Nestes encontros trabalhamos o
descreveram a história de vida dos adolescentes conceito de adolescência e educação para embasa-
apontando os fatores de vulnerabilidade circuns- mento das ações de promoção e prevenção à saúde.
critos no processo de inserção dos mesmos em suas Iniciamos a articulação de parcerias com as escolas
famílias. A família extensiva é o lócus para onde a e criamos um jogo de tabuleiro para suporte da ação,
maioria das crianças e adolescentes serão acolhidos permitindo que o profissional aplicador realize papel
após o falecimento dos pais por AIDS, no entanto, de facilitador de uma vivência e não de apresentador
este acolhimento acarreta dificuldades de diversas de um conteúdo de aula. Foi interessante potencia-
ordens para essas famílias. Para aqueles que não lizar os ACSs como educadores sociais, investindo
tiveram uma família que pudesse acolhê-los, resta a na formação dos mesmos para aplicação do Jogo da
inserção em instituições de acolhimento onde terão Vida. O tabuleiro do jogo é composto de 120 questões,
estadia de longa permanência gerada, sobretudo do nascimento até a morte. Estas são respondidas
pelo preconceito relacionado à adoção de crianças por todos uma a uma, estimulando as narrativas, a
e adolescentes cronicamente doentes, como é o caso escuta e o compartilhamento de saberes vivências.
das infectadas pelo HIV. Conclusões: Existe a neces- A ideia é trabalhar com construção de autonomia
sidade premente de suporte as famílias que acolhem para tomadas de decisão na vida, e a partir disso
as crianças e adolescentes órfãos com HIV-AIDS e esclarecer questões de saúde. Este foi aplicado por
que as necessidades psicossociais desses cuidadores duplas de ACS nas escolas (alunos do final do se-
sejam identificadas no âmbito das equipes de saúde gundo ciclo) quando obtivemos resultados quanto
afim de que as vulnerabilidades ao adoecimento e a aprendizagem dos mesmos sobre temas de saúde,
morte das crianças e adolescentes sejam reduzidas. estímulo da solidariedade (diminuição de bullying),
É importante que os profissionais de saúde reco- aumento da capacidade de desenvolver vínculos en-
nheçam a vulnerabilidade programática dos adoles- tre pares e com as unidades, ressignificação da visão
centes institucionalizados e que atuem juntamente do ACS sobre si e sobre os adolescentes e famílias,
aos sistemas de justiça no intuito de favorecer a bem como ampliação de sua habilidade de escuta,
convivência familiar e comunitária desses jovens. suporte e manejo de grupos.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 287
JUVENTUDE PERIFÉRICA NAS FRONTEIRAS DA para além das fronteiras sociais, conferindo-lhes
VIOLÊNCIA URBANA: INTERVENÇÕES E INTER- uma nova visibilidade e novas formas de atuação
FACES COM A ARTE E A SAÚDE política (Caldeira,2012). CONCLUSÃO A juventude
Thais F Faria Machado / Machado, T.F.F. / UNI- da periferia vive em um contexto de vulnerabilidade
FESP/Baixada Santista; Eunice Nakamura / Naka- onde é disputada entre a família, a escola e a rua,
mura, E. / Docente UNIFESP/Baixada Santista; esta última sob o aspecto de ponto de encontro da
contravenção e da manifestação artística. A violên-
INTRODUÇÃO A juventude periférica sofre múlti-
cia urbana é uma das expressões da exclusão desses
plas violências, mas a simbólica permeia a todas. A
jovens, os quais lidam com a vida apesar destas
experiência violenta suscita estratégias de enfren-
ocorrências.
tamento. Se a desigualdade social e o individualis-
mo mantêm as fronteiras urbanas, a solidariedade
prevalecerá nas periferias. As políticas públicas MUNDINHO PINK
preconizam a oferta de serviços em locais vulnerá- Andrea dos Reis Fermiano / Fermiano, A.R / Pre-
veis, nem sempre eficazes. Neste contexto, o saber feitura Municipal de São Carlos; Natália Cabrera /
e as práticas populares se mostram expressivas. Cabrera, N. / Prefeitura Municipal de São Carlos;
OBJETIVO Identificar intersecções entre a violência Poliane Lima / Lima, P. / UFSCar; Danila Cristina
e a juventude da periferia, destacando aspectos que Lima / Lima, D.C. / Prefeitura Municipal de São
as caracterizem neste contexto e suas principais Carlos; Marcelo Stanzani / Stanzani, M. / Prefeitu-
consequências. METODOLOGIA Trata-se de uma re- ra Municipal de São Carlos; Rosa Helena da Silva
visão bibliográfica sobre juventude pobre, violência Bicalho / Bicalho, R.H.S. / Prefeitura Municipal de
urbana, solidariedade e graffiti, como etapa inicial São Carlos; Andrea Dantas Barbosa / Barbosa, A.D.
do projeto de mestrado, através das bases de dados / Prefeitura Municipal de São Carlos; Maria Célia
Scielo, Bireme e Google acadêmico. Os materiais de Sousa / Sousa, M.C / Prefeitura Municipal de
analisados sem período específico priorizaram o São Carlos; Eliane Mendonça da Silva / Silva, E.M.
aspecto social, a realidade brasileira (cidades pau- / Prefeitura Municipal de São Carlos; Rosimeire
listas) e suas interfaces com a saúde. RESULTADOS Baltazar / Baltazar R. / Prefeitura Municipal de
PARCIAIS Pesquisa da Fundação SEADE (Sistema São Carlos; Silmara de Oliveira Guerreiro / Guer-
Estadual de Análise de Dados) aponta que a con- reiro, S.O. / Prefeitura Municipal de São Carlos;
centração de homicídios de jovens de 15 a 24 anos Wilson Donizete Bondancia / Bondancia, W.D. /
na capital paulista situa-se em áreas de baixo poder Prefeitura Municipal de São Carlos;
aquisitivo (Souza,2005). Domingues&Dessen (2013) Caracterização do Problema: A experiência relata-
evidenciam que os homicídios atingem indivíduos da nesse trabalho ocorreu na Unidade de Saúde da
do sexo masculino da adolescência aos 30 anos. O Família Jardim Gonzaga, situada na periferia do
Índice de Homicídios na Adolescência indica 36,5% Município de São Carlos, uma das maiores rendas
de mortes por agressão de adolescentes de 10 a 18 per capita do Brasil. Apesar de considerada como
anos (IHA,2014). Lopes et al (2008) esclarecem que cidade pólo de alta tecnologia, São Carlos possui bol-
a vulnerabilidade de jovens, expressa por inúmeros sões de pobreza, entre eles, o Jardim Gonzaga, área
índices relacionados à violência, tem alcançado fonteiriça do perímetro urbano da cidade e detentor
patamares alarmantes no nosso país, num contex- de altos índices de vunerabilidade social (pobreza,
to de políticas públicas que são, em grande parte, violência, desemprego, drogas lícitas e ilícitas e
insuficientes, fragmentadas e/ou inadequadas” e baixa escolaridade). Além de todos os problemas do
concluem que testemunhamos, no Brasil, um padrão bairro, em novembro de 2014 a Equipe de Saúde da
de desrespeito aos mais elementares dos direitos hu- Família se deparou com um número crescente de
manos com relação a essa população, principalmen- gestantes adolescentes, sem saber como atuar dian-
te para aqueles oriundos das camadas mais pobres”. te desse problema resolveram criar um grupo que
Em contrapartida, este público tem se apropriado proporcionasse o contato com as meninas do bairro
das cidades através de manifestações artísticas antes da adolescência, um espaço protegido que elas

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pudessem brincar, falar dos seus sonhos, das suas continuar a ser promovido de forma intensiva/in-
famílias, das expectativas de vida, ou seja, uma ação tegrativa após o nascimento, até os 6 anos e além.
que permitisse tentar mudar o futuro dessas crian- Com o propósito de impulsionar o desenvolvimento
ças. Descrição: O Mundinho Pink ocorre uma vez infantil, foi articulado por uma docente e cinco
por mês com meninas de 5 a 9 anos, variando de 12 acadêmicos do curso de enfermagem na disciplina
a 30 participantes por encontro. O grupo é elaborado de Processo de Cuidar em Saúde da Criança I, da
por toda equipe e conta com a ajuda dos alunos do Universidade Federal de Goiás, regional Catalão,
curso de enfermagem e psicologia da Universidade estratégias aplicadas através de atividades lúdicas.
Federal de São Carlos. Nos encontros são abordados As atividades foram realizadas com aproximada-
assuntos sobre família, saúde, sonhos, brincadeiras, mente 126 crianças, de 1 a 5 anos que frequentam
medos e também as crianças tem a oportunidade de uma instituição municipal, vinculada à Secretaria
cozinhar, com os profissionais de saúde, guloseimas Municipal de Educação, sendo divididas de acordo
atrativas para essa faixa etária como brigadeiro, ca- com a faixa etária da criança. Na primeira etapa, os
chorro quente e cupcake. Lições Aprendidas: Ainda grupos foram compostos com aproximadamente 12
não sabemos o impacto do Mundinho Pink no futu- crianças de 1 a 2 anos de idade, e propostas ativida-
ro dessas crianças, mas já conseguimos avaliar o des para estímulo de desenvolvimento motor, social
quanto esse grupo mudou a relação dessas meninas e intelectual através das seguintes atividades: his-
com os profissionais de saúde da USF Jardim Gon- tória infantil com fantoches; álbum de figuras com
zaga, saíram da posição de meros telespectadores imagens de objetos, ações, animais, natureza; jogar
para serem coadjuvantes nas suas histórias. Hoje a bola em roda e pintar os pés. No segundo momento,
elas transitam na unidade sabendo o quanto esse na faixa etária de 3 a 5 anos, os grupos com 12 a 20
espaço é protegido. Recomendações: Para tentar crianças em média, foram estimuladas através das
mudar qualquer história, temos que estar abertos atividades: caminhar sobre a corda; pinturas de fi-
para mudar a nossa própria história, para realizar guras com lápis de cor; sobrepor caixas de diversos
o Mundinho Pink a Equipe da Unidade de Saúde da tamanhos e coreografias de músicas. As atividades
Família Jardim Gonzaga teve repensar e mudar a sua tiveram a duração aproximada de 15 a 30 minutos
forma de produzir saúde. cada. Concluiu-se sobre as diversas possibilidades
de avaliar e promover o desenvolvimento infantil de
O BRINQUEDO COMO METODOLOGIA PARA ESTI- maneira lúdica, pontualmente o desenvolvimento
MULAR O DESENVOLVIMENTO INFANTIL: RELATO intelectual e de raciocínio, o estímulo da linguagem,
DE EXPERIÊNCIA a sociabilização, o desenvolvimento motor grosso e
Carina Ala da Silva / BRASIL, Ministério da Saúde. fino, a locomoção, o desenvolvimento de valores e
/ UFG; Juliana Martins de Souza. / BRASIL, Minis- demais especificidades que se faz necessário para
tério da Saúde. / UFG; a promoção de um desenvolvimento infantil ideal.
O desenvolvimento infantil é uma porção primordial
do desenvolvimento humano, um transcurso ativo e O COMPORTAMENTO PREVENTIVO ENTRE ADO-
particular de cada criança, evidente por seguimento LESCENTES EM RELAÇÃO À VULNERABILIDADE
e modificação nas habilidades motoras, cogniti- SEXUAL
vas, psicossociais e de linguagem, com obtenções Ana Maria Limeira de Godoi / Godoi, AML. / Uni-
gradativamente mais complexas nas funções de versidade Federal de São Paulo (UNIFESP); José
vida diária e no exercício de seu papel social. Para Roberto da Silva Brêtas / Brêtas, JRS / Universida-
um bom desenvolvimento nesta fase, a criança de Federal de São Paulo (UNIFESP);
necessita de um ambiente acolhedor, harmonioso e Esta pesquisa é parte de um conjunto de estudos
rico em experiências desde o período pré-natal, por que vêm sendo realizados junto a adolescentes, pelo
meio dos cuidados maternos, participação familiar, grupo de Estudos sobre Corporalidade e Promoção
da rede social de apoio e das políticas públicas, e da Saúde da UNIFESP. Foi considerado o fato dos

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 289
adolescentes e jovens constituírem uma população O TESTE DE ACUIDADE VISUAL EM CRIANÇAS
vulnerável quanto a sua capacidade de superar situa- EM IDADE ESCOLAR: UMA AÇÃO DE PROMOÇÃO
ções e fatores de risco tais como a prevenção da gra- A SAÚDE
videz e das Doenças Sexualmente Transmissíveis. Ana Paula de Campos Araujo Moreira / Moreira,
Objetivos: Identificar comportamentos, formas de APCA / Centro Universitario São Camilo; Carolina
inter-relacionamentos sexuais entre adolescentes; Clarindo Nesio / Nesio, CC / Centro Universitá-
Conhecer as práticas preventivas no relacionamento rio São Camilo; Amisson N‘Fanda / N‘Fanda, A /
sexual. Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo Centro Universitario São Camilo; Ana Carolina
descritivo. Utilizaremos a Análise de Conteúdo. Este Gouveia Costa / Costa, ACG / Centro Universitario
estudo teve como sujeitos, 16 adolescentes entre 14 e São Camilo; Fernanda Freitas Celerino / Celerino,
18 anos, que frequentavam a escola do Ensino Médio, FF / Centro Universitario São Camilo; Jean Lucca
desenvolvido no município de Embu das Artes. A Flavio / Flavio, JL / Centro Universitario São Cami-
técnica que foi utilizada na coleta de dados foi a do lo; Nathalia da Costa Nunes / Nunes, NC / Centro
grupo focal. O grupo focal teve como questões nor- Universitario São Camilo; Silvaneide Santana
teadoras: Como acontecem as relações envolvendo o Araujo / Araujo, S S / Centro Universitario São
namoro/ficar/pegar e a sexualidade no meio em que Camilo; Thiago Henrique Vieira Silva / Silva, THV
você vive? Como é a pratica da prevenção nessas re- / Centro Universitario São Camilo; Catarina Bueno
lações? Após a aplicação do instrumento, utilizamos Carvalho / Carvalho, CB / Centro Universitario são
a técnica de Análise Categorial. Resultados: Após a Camilo;
análise, desvelou-se as seguintes categorias: Con- A Organização Mundial de Saúde reconheceu que
cepções sobre o condom; Falta do comportamento existem 153 milhões de indivíduos cegos no mun-
de prevenção na prática sexual; Comportamento do, por erros refracionais não corrigidos: miopia,
Preventivo na prática sexual; Gravidez; Confiança hipermetropia e astigmatismo, além de distúrbios
no Parceiro; Consciência da Imaturidade e iniciação oculares, como dores de cabeça, tonturas, cansaço
sexual; O ficar e; Busca de Orientação Familiar. Con- visual e olhos vermelhos. No Brasil, estudos mos-
clusões: Percebe-se que os sujeitos participantes da tram que esses problemas atingem crianças e jovens,
pesquisa, em sua maioria ainda não tiveram inicia- e interferem no rendimento escolar. Esse problema
ção sexual. Assim, foi possível identificar compor- seria passível de correção por meio de medidas
tamentos e inter-relacionamentos afetivos e sexuais aparentemente simples, como o uso dos óculos, mas
entre os adolescentes. Estes citam várias formas de percebe-se que a oferta de consulta com especialis-
relacionamento, que na grande maioria, é dito como ta não responde à demanda, assim como o custo e
sem compromisso e sem relação sexual, ou seja, um aquisição dos óculos inviabiliza o tratamento ade-
relacionamento espontâneo e não duradouro, que quado. No intuito de incorporar a saúde ocular entre
eles chamam de ficar. É possível identificar as mu- s ações ao dia a dia da atenção básica, o Ministério
danças de papeis de gênero entre as meninas, e pode- Saúde e da Educação prevê a aplicação da Triagem
-se dizer que estas estão vulneráveis uma vez, que já de Acuidade Visual, pelas equipes das Escolas e da
se iniciaram sexualmente e não utilizam o condom atenção Básica, aos alunos da Educação Básica das
nas suas relações sexuais e, sobretudo, impõem ao escolas públicas, na etapa Ensino Fundamental. A
parceiro de não usar, ou seja, são as meninas que acuidade visual (AV)é o grau de aptidão do olho para
não querem negociar o uso do condom. Os meninos identificar detalhes espaciais, ou seja, a capacidade
relatam que usam o condom em suas relações, pois de perceber a forma e o contorno dos objetos. A forma
em sua maioria são ficantes ou parceiras eventuais mais simples de diagnosticar a limitação da visão
que impõem a utilização do condom. De um modo é medir a acuidade visual com a Escala de Sinais de
geral, os adolescentes não buscam formas de com- Snellen. A escala utiliza sinais em forma de Letra
portamentos preventivos, principalmente os que não E, organizados de maneira padronizada e em cada
se iniciaram sexualmente. linha, na lateral esquerda da tabela, existe um núme-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 290
ro decimal, que corresponde à medida da acuidade co. Descrição: O estudo consiste em um relato de
visual. Em uma escola de Educação Infantil de São experiência vivenciado pela aluna de Enfermagem
Paulo, foi realizada a triagem da acuidade visual em das Faculdades Oswaldo Cruz da disciplina estágio
todas as salas de aula com crianças com idade entre curricular supervisionado de Pediatria Social, no
4 a 6 anos de idade. O teste foi realizado por alunos período do mês de maio de 2015. A discente do quinto
do 3º semestre de enfermagem e fez parte de um dos ano de Enfermagem participou da aplicação do BT
componentes PSE do Ministério da Saúde. Das crian- em um abrigo infantil em São Paulo – SP, na qual
ças avaliadas a maioria estava com idade entre 5 e 6 relatou juntamente com a professora, a percepção
anos. Foram avaliadas 89 crianças, sendo que 32,5% que obteve referente ao comportamento da criança
(29) apresentaram alteração no teste de AV. Dentre no momento da aplicação do BT. O comportamento
as crianças com alteração, 11(37,9%) apresentaram em questão baseou-se na imagem corporal e nas
resultados menor que 0,5, que o encaminhamento atitudes da criança no momento do procedimento.
ao oftalmologista para exames mais precisos e com Esse estudo observou uma aplicação do BT em uma
uma urgência. Conclui-se que a triagem consiste criança com idade de seis anos. Lições aprendidas:
de uma em avaliação inicial que busca identificar a Observou dois momentos importantes no comporta-
existência de erros de refração que necessitarão de mento da criança na aplicação do BT. Momento um:
uma consulta oftalmológica. Por ser de fácil manipu- manipulação com a seringa e o dinheiro. Momento
lação, esta avaliação pode ser realizada por qualquer dois: rejeição dos bonecos que representavam a famí-
pessoa desde que adequadamente qualificada e se lia (pai e mãe). Percebe-se que apenas uma aplicação
realizada para crianças em idade escolar, revelam do BT foi pouco para ter resultados conclusivos a
problemas visuais que poderão ser rapidamente respeito das experiências vivenciadas pela criança.
atendidas para promover sua inserção adequada na A proposta é em um futuro estudo, fazer mais apli-
escola e melhora na sua saúde. cações do BT na mesma criança, para ter resultados
mais conclusivos. Recomendações: Pode-se observar
PERCEPÇÃO DA ALUNA DE ENFERMAGEM SOBRE a importância desse estudo para a Enfermagem re-
O COMPORTAMENTO DA CRIANÇA NO MOMENTO ferente à sensibilização desde a graduação dos estu-
DA APLICAÇÃO DO BRINQUEDO TERAPÊUTICO dantes, para que no futuro formem-se profissionais
Carla Müller Batisteli Barros / Barros, C. M. B / responsáveis para observarem o comportamento
Faculdades Oswaldo Cruz; Estela Mara Nicolau / da criança gerada por experiências atípicas à sua
Nicolau, E. M / Faculdades Oswaldo Cruz; idade. Referências: 1. KICHE, M. T.; ALMEIDA, F. A.
Brinquedo terapêutico: estratégia de alívio da dor
Caracterização do problema: Brincar é um dos aspec-
e tensão durante o curativo cirúrgico em crianças.
tos mais importantes na vida da criança. Um aspecto
Acta paul. enferm. São Paulo. 2009; 22 (2): 125-130
importante do brincar é favorecer a interação entre a
criança e o adulto. O brinquedo terapêutico (BT) tra-
ta-se de um brinquedo estruturado que possibilita à PERCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA
criança aliviar a ansiedade gerada por experiências ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE SOBRE SUSPEITA E
atípicas à sua idade, que costumam ser ameaçadoras DIAGNÓSTICO DE CÂNCER NA INFÂNCIA
e requerem mais do que recreação para resolver a Fernando Simoes Friestino / Friestino, F. S. /
ansiedade associada. É uma técnica não diretiva, que UNICAMP; Jane Kelly Oliveira Friestino / Oliveira
deve ser usada sempre que ela tiver dificuldade em Friestino, J. K. / UNICAMP; Djalma de Carvalho
compreender ou lidar com a experiência, dando-lhe Moreira Filho / Moreira-Filho, D. C. / Unicamp;
a oportunidade de descarregar sua tensão após os Introdução: Apesar do câncer na infância ter uma
mesmos, ao dramatizar as situações vividas e manu- incidência baixa, o impacto de sua ocorrência causa
sear os instrumentos utilizados ou brinquedos que intenso sofrimento físico, psicológico e social nas
os representem.1 Objetivo: Compreender a percepção crianças e em seus familiares. A dificuldade em
do acadêmico sobre o comportamento da criança estabelecer o diagnóstico pode ser a imprecisão
no momento da aplicação do brinquedo terapêuti- dos sinais e sintomas do câncer na infância, pois

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 291
são confundidos com outras doenças comuns entre Larissa Marchi Zaniolo / LARISSA, M.Z. / Uni-
os jovens, e esta demora possui relação direta com versidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT);
a sobrevida. Objetivos: Conhecer as percepções Daniela Pereira Mazutti / MAZUTTI, D.P. / Univer-
dos profissionais de saúde na Atenção Primária à sidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT); Josué
Saúde-APS sobre suspeita e diagnóstico de câncer Souza Gleriano / GLERIANO, J.S. / Universidade
na infância. Método: Estudo qualitativo, partici- Estadual do Mato Grosso (UNEMAT); Romulo Ce-
pativo, realizado a partir de corpus constituído zar Ribeiro da Silva / SILVA, R.C.R. / Universidade
por Grupos Focais - GF com profissionais da rede Estadual do Mato Grosso (UNEMAT); Leandro Feli-
pública de saúde, de 04 Centros de Saúde do mu- pe Mufato / MUFATO, L.F. / Universidade Estadual
nicípio de Campinas-SP de diferentes regiões do do Mato Grosso (UNEMAT); Karina Marchi Zaniolo
município. Os sujeitos integrantes da pesquisa / ZANIOLO, K.M. / Universidade Estadual do Mato
foram trabalhadores das ESFs, e o recrutamento foi Grosso (UNEMAT);
a participação voluntária. Os GF foram realizados Nos últimos anos, mudanças relevantes foram ob-
entre março e abril de 2014, em salas de reuniões servadas na situação geral da mortalidade infantil
dos CS, conduzidos a partir de um mesmo roteiro no Brasil, porém a diarreia e suas complicações
de questões semidirigidas. Os registros foram permanecem como um desafio para os serviços
feitos por meio de aúdio, transcritos e avaliados públicos de saúde. Em 1996, Ministério da Saúde
pela técnica de análise de conteúdo. A pesquisa incorporou como estratégia a Atenção Integrada às
seguiu todas as recomendações da Resolução CNS Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) tornando-a
466/2012, aprovada pelo CEP/UNIFESP. Resultados: uma política de atenção à saúde. Objetivou-se conhe-
Foram realizados 04 GFs com a participação de cer as percepções e condutas maternas quanto à da
profissionais: médicos, enfermeiros, ACS, dentistas diarreia infantil em uma Unidade Básica de Saúde
e auxiliares de enfermagem. Na análise dos GFs, da Família (UBSF). Tratou-se de um estudo descritivo
foram analisadas três categorias, que mesmo sendo exploratório, aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-
apresentadas de forma separada, em seu discurso há quisa da UNEMAT (N.996.222), de cunho qualitativo,
uma complementariedade entre elas. As categorias no qual foram entrevistadas oito mães com média de
encontradas foram: sentimento dos profissionais; idade de 31 anos e com filhos em idade entre dois e
os profissionais e a família e o câncer infantil na três anos que tiveram registro de quadro de diarreia
formação profissional. Em todas as categorias as em uma UBSF no município de Tangará da Serra/
percepções foram negativas com demonstração de MT. Realizou-se entrevista semi-estruturada sobre
insegurança e falta de habilidade em relação a sus- o conhecimento materno em relação à diarreia. Os
peita e diagnóstico. Os profissionais nas diferentes dados foram transcritos na íntegra e categorizado
categorias, queixaram-se de não serem preparados em três temáticas: conceitos e causas; tratamento
formalmente para o enfrentamento do problema. e complicações e prevenção. Todos os conceitos
Conclusão: Os profissionais de saúde apresentaram relatados foram associados com a sintomatologia.
em suas percepções que há um despreparo para lidar Quanto à etiologia prevaleceu à alimentação inade-
com o tema na Atenção Básica, quando a ocorrência quada 87,5%, seguida por infecção por vermes 25%,
é baixa e com pouca abordagem do assunto, torna-se clima quente 25% e nascimento dos dentes 12,5%, o
mais difícil ter segurança quando se trata do cuida- que sugere a influência da cultura e experiências
do ao indivíduo e sua família. Aponta-se com isso a pregressas. Mesmo com vários tratamentos farma-
necessidade de fortalecer a formação continuada cológicos, 50% das mães escolheram o tratamento
dos profissionais de saúde que atuam na APS, pri- caseiro como primeira alternativa, optando por
vilegiando assim o tema do câncer infantil. cuidar de seus filhos com chás ou mudanças da ali-
mentação; somente uma relatou utilizar soro caseiro
PERCEPÇÕES E CONDUTAS MATERNAS EM CRIAN- e apenas duas procuraram ajuda na unidade de saú-
ÇAS COM DIARREIA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE de, como primeira escolha. Sobre as complicações,
SAÚDE DA FAMÍLIA três relataram hospitalização e todas identificaram

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 292
sinais e sintomas relacionados com a desidratação da formulação de políticas voltadas às questões
como apatia, vômito e turgor da pele diminuído. A de violência, porém existem limitações a serem
respeito da prevenção, bons hábitos alimentares e exploradas, como por exemplo, a ação intersetorial
cuidados com água foram citados por 75% das mães, que é pouco citada dentre os documentos oficiais.
e somente 25% desconheciam medidas preventivas. Ainda hoje, temos informações de tramitações de
As mães demostraram ter entendimento das noções projetos de leis e estudos de programas importan-
básicas para caracterizar um quadro diarreico. O tes acerca de violências contra grupos específicos
tratamento popular ficou bastante evidente como contemplando opção sexual, raça, gênero, religião,
opção para tratar a diarreia, demostrando que este dentre outros, mas ainda vivenciam um processo de
distúrbio, mesmo sendo alvo das ações do AIDPI, construção. Conclusões/Considerações: Houve um
ainda carece de atenção por parte dos profissio- aumento na preocupação e inserção da violência no
nais. Somente quando o quadro clínico se agrava processo-saúde evidenciada pelas políticas públicas
as mães buscam atendimento na unidade de saúde, no decorrer dos anos. Os documentos apontaram
enfatizando tanto a falha quanto a importância da que há ainda a necessidade de um entrelaçamen-
educação em saúde. to” ou articulação dos diversos setores para que o
enfrentamento à violência seja mais eficaz e que a
POLÍTICAS PÚBLICAS E A VIOLÊNCIA DOMÉS- prevenção seja alcançada.
TICA CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE:
VIOLÊNCIA COMO UM AGRAVO NO PROCESSO PREOCUPAÇÕES COM A POSTURA DA CRIANÇA
SAÚDE-DOENÇA EM IDADE ESCOLAR: NOVAS MODALIDADES DE
Fernando Simões Friestino / Friestino, F.S. / CONTROLE SOCIAL?
UNICAMP; Jessica Oliveira da Silva / Silva, J.O. / Maria Elisabete Guazzelli / Guazzelli, M.E. / Uni-
Faculdade Sumaré; Jane Kelly Oliveira Friestino / versidade Anhembi Morumbi; Egon Felix Hader-
Oliveira Friestino, J.K. / UNICAMP; Ruth Silva da mann / Hadermann, E.F. / Universidade Anhembi
Motta Pequeno / Pequeno, R.S.M. / Centro Univer- Morumbi;
sitário Salesiano de São Paulo - UNISAL; Introdução: A postura humana é uma das expres-
Apresentação/introdução: Na história da construção sões de pertencimento social e resultou do processo
do SUS existiram intensos debates que refletem em civilizador. Menos que uma determinação clínica”,
desafios encontrados por gestores, profissionais e a postura ideal” tem obedecido aos parâmetros im-
usuários, significando um entrave para a consolida- postos pelos valores sociais/culturais/econômicos
ção, e construção de modelos assistenciais baseados de cada recorte de tempo. O cuidado com a postura e
em uma concepção ampliada de saúde. A violência com o gesto humano representa uma forma refinada
encontra-se inserida nos determinantes sociais de controle social, que é exercido não só externa-
de saúde, sendo, um problema que afeta todas as mente, mas também pela própria pessoa, em tempo
faixas etárias. Objetivos: Refletir sobre as ações de integral. Muitos são os trabalhos científicos que
combate a violência doméstica contra a criança e o recomendam o cuidado postural desde a infância e
adolescente, sua inclusão como um agravo no pro- apontam a escola como espaço para essa aprendiza-
cesso saúde-doença e impacto nas políticas de saúde gem, ignorando as inúmeras controvérsias em torno
no Brasil. Metodologia: Estudo descritivo do tipo da postura ideal. Mesmo nos discursos técnicos em
análise documental reflexiva. A principal fonte de torno da postura ideal, verifica-se a presença de pa-
dados foram documentos oficiais que possuíam em râmetros carregados de valores de juízo moral, mais
sua temática a violência contra crianças e adolescen- do que questões essencialmente clínicas. Objetivos:
tes desde 1990 até os dias atuais. Foi realizada uma Identificar representações sociais em torno da pos-
abordagem, ampliada e contextualizada, buscando tura da criança e a importância da escola no cuidado
evidenciar a trajetória das políticas de saúde no postural que estejam associadas à ideia de controle
país frente ao processo saúde-doença. Resultados: social. Metodologia: Em entrevista semiestruturada,
Nota-se que muitos avanços ocorreram no campo 57 profissionais da área da saúde, 33 professores

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 293
do ensino fundamental, 27 familiares e 12 alunos bibliográfica, descritiva, exploratória, transversal,
de escolas de 1º. e 2º. Graus da rede pública foram qualitativa e narrativa. Pesquisa realizada através
convidados afalar sobre a importância do cuidado do portal BVS (biblioteca virtual em saúde), usando
postural na infância e o papel da escola. Os dados artigos do banco de dados LILACS E SCIELO, e os des-
foram organizados através da técnica do Discurso critores helmintos relacionando a crianças e saúde
do Sujeito Coletivo. Resultados: Foram observados publica, usando o operador booleano AND, o critério
muitos elementos que remetem às dinâmicas de de inclusão artigos em língua portuguesa, dos últi-
controle social entre os 129 sujeitos entrevistados. mos dez anos, crianças na fase escolar, nas regiões
As categorias encontradas foram: Para ter uma do Brasil, textos completos, exclusão: língua es-
postura e corpo corretos é preciso ter disciplina e trangeira, anteriores aos últimos dez anos, estudos
higiene ”, A postura conta a forma como a pessoa fora do Brasil, população que não inclua crianças,
se comporta no seu meio social”, A postura revela manuais e teses, textos incompletos. Resultados: No
os valores morais do indivíduo”, A boa postura é portal BVS, selecionamos a opção LILACS iniciamos
importante do ponto de vista social e corporal”, A nossa seleção. Quando usamos os descritores hel-
escola tem obrigação de cuidar da postura da criança mintos com crianças refere-se 49 (quarenta e nove)
porque é responsável pela atitude e comportamen- referências. Após a seleção de critérios de inclusão
to da criança”. Conclusões: Os cuidados posturais e exclusão refere-se 10 (dez) referências Quando
aparecem fortemente atrelados a valores sociais, usamos os descritores helmintos com saúde publica
culturais e econômicos que fazem parte das dinâ- refere-se 14 (quatorze) referências Após a seleção de
micas disciplinadoras da sociedade. Subliminares, critérios de inclusão e exclusão refere-se 1 (uma) re-
os cuidados posturais atuam como estratégias sutis ferência. Realizamos a leitura dos 11 (onze) resumos
de controle social e das dinâmicas individualistas das referencias finais, após a inclusão e exclusão dos
da sociedade contemporânea. critérios, selecionamos 8 (oito) para leitura na inte-
gra. Fizemos a leitura na integra dos artigos citados
PREVALÊNCIA DE HELMINTOS EM REGIÕES DO acima, e selecionamos 3 (três) artigos de referência
BRASIL, PREDOMINANTE EM CRIANÇAS para o termino da pesquisa e o levantamento de
Ana Lucia Batista Aranha / Aranha, A.L.B / FALC; dados.Conclusão: Ainda é insipiente as publicações
Aline Miguel Dias da Silva / Silva, A.M.D / FALC; sobre a temática, fazendo-se necessário a produção
Jaqueline Teixeira de Oliveira / Oliveira, J.T / FALC; de pesquisas nessa área para melhoria da saúde de
Paula Cristine Araújo Santos / Santos, P.C.A / crianças no Brasil.
FALC; Danielle Freitas Alvim de Castro / Castro,
D.F.A / FALC; João Pereira Neto / Neto, J.P / FALC; PRINCIPAL CAUSA DE MORTALIDADE INFANTIL
Introdução: As doenças causadas por Helmintos são NA SUBPREFEITURA DE CAPELA DO SOCORRO
associadas com mais frequência no que se referem EM 2013
aos problemas socioeconômicos, condições sanitá- Gabriela Passos Arantes / Arantes, G. A. / Univer-
rias precárias em comunidades desfavorecidas, hábi- sidade de Santo Amaro; Daniela Maria Magnusson
tos inadequados, nível de escolaridade, clima tropi- Madeira / Madeira, D.M.M. / Universidade de San-
cal úmido, falta de acesso à saúde, local de moradia, to Amaro; Laura Bachi Comerlato / Comerlato, L.B.
falta de coleta de lixo em países subdesenvolvidos / Universidade de Santo Amaro; Marcela Saddi
com o mesmo avanço tecnológico e cientifico. Segun- Menezes Costa / Saddi, M. / Universidade de Santo
do dados da Organização Mundial da Saúde – OMS, Amaro; Jane Armond / Armond, J. / Universidade
as doenças infecciosas e parasitárias continuam a de Santo Amaro; Cintia Leci Rodrigues / Rodri-
figurar entre as principais causas de morte, sendo gues, C. / Universidade de Santo Amaro;
responsáveis por 2 a 3 milhões de óbitos por ano, em Introdução: A Taxa de Mortalidade Infantil estima o
todo o mundo. Objetivo: Identificar a prevalência risco de morte dos nascidos vivos durante o primeiro
de contaminação por helmintos em crianças em ano de vida, refletindo as condições de desenvolvi-
regiões do Brasil. Método: Trata-se de uma revisão mento socioeconômico, bem como o acesso e a quali-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 294
dade dos recursos disponíveis para a atenção à saúde tudo transversal realizado até o momento com 42
da população materna e infantil. A subprefeitura da crianças, com idade média de 9,21 anos (±0,71DP),
Capela do Socorro, região sul do município de São sendo 24 meninas (M=9,12±0,61DP) e 18 meninos
Paulo, é composta por três distritos: Socorro, Grajaú (M=9,33±0,84DP). Aplicou-se o Child Behavior Che-
e Cidade Dutra, e corresponde à subprefeitura com cklist (CBCL), instrumento amplamente utilizado
maior população do município. Objetivo: Analisar na área de saúde mental em nível internacional,
a mortalidade infantil, com ênfase nas principais contendo 113 questões. Utilizou-se o ponto de corte
causas de óbito na Subprefeitura da Capela do Socor- T≥60 para o total de problemas clínicos. Aplicou-se
ro, no ano de 2013. Métodos: Estudo observacional, a estatística descritiva, com distribuição de frequ-
descritivo do universo de óbitos de crianças com ências e o teste t com nível de significância p<0,05.
idade de 0 dias a 364 dias, ocorridos no ano de 2013, RESULTADOS: Encontrou-se uma prevalência de
na Subprefeitura da Capela do Socorro, do Município 7% de crianças com problemas de saúde mental,
de São Paulo. Os dados foram obtidos à partir do SIM considerando o total de problemas clínicos avaliados
e SINASC, totalizando 126 óbitos analisados. Resul- pelo CBCL, desses 66,7% eram do sexo feminino e
tados: Ao comparar os 3 distritos durante o ano de 33,3% do sexo masculino. CONCLUSÃO: Apesar das
2013, o Grajaú apresentou maior número de óbitos baixas prevalências nos resultados preliminares, os
(82 óbitos), seguido de Cidade Dutra (42 óbitos) e problemas de saúde mental das crianças necessitam
Socorro (2 óbitos). Tanto no distrito do Grajaú quanto de intervenções que venham a desenvolver, em ter-
Cidade Dutra, a principal causa de morte foi Afec- mos de saúde pública, estratégias para um melhor
ções Originadas no Período Perinatal. Conclusão: A direcionamento no processo de ensino e aprendiza-
principal causa de mortalidade infantil foi Afecções gem nas escolas da cidade investigada. Este estudo
Originadas no Período Perinatal, isto reflete o nível poderá contribuir para gerar possíveis políticas de
socioeconômico da mãe e as condições assistenciais saúde pública locais em parceria com as escolas,
ao pré-natal, ao parto e ao recém-nascido. visando beneficiar a escolarização dessas crianças.

PROBLEMAS DE SAÚDE MENTAL EM CRIANÇAS: PROBLEMAS DE SAÚDE MENTAL NA ADOLESCÊN-


UM ESTUDO PRELIMINAR COM ESCOLARES NOR- CIA: UM ESTUDO COM ESCOLARES NORDESTINOS
DESTINOS Claudemir Araújo Santos / Santos, C.A. / Univer-
Gabrielle Cerqueira da Silva / Da Silva, G.C. / Uni- sidade do Estado da Bahia; Gabrielle Cerqueira da
versidade do Estado da Bahia; Claudemir Araújo Silva / Da Silva, G.C. / Universidade do Estado da
Santos / Santos, C.A. / Universidade do Estado da Bahia; Jorge Lopes Cavalcante Neto / Cavalcante
Bahia; Jorge Lopes Cavalcante Neto / Cavalcante Neto, J.L. / Universidade do Estado da Bahia/Uni-
Neto, J.L. / Universidade do Estado da Bahia/Uni- versidade Federal de São Carlos;
versidade Federal de São Carlos; INTRODUÇÃO: A adolescência é uma fase marcada
INTRODUÇÃO: É na escola que a criança irá por profundas e contínuas mudanças, nos mais di-
compartilhar de relações sociais, além do ciclo versos componentes do desenvolvimento humano,
presente no ambiente familiar. São essas relações sejam eles psíquico, físico ou social. As mudanças
que aliadas às características de personalidade do sentidas pelo individuo nesse período de transição
sujeito irão determinar o perfil social desse futuro à vida adulta podem gerar um intenso sofrimento,
adulto. Tais apontamentos merecem ser amplamente acarretando prejuízos à saúde mental. Entretanto,
considerados do ponto de vista da saúde pública, muitas vezes, a escola não está preparada para lidar
visto que o surgimento de problemas de saúde com essas mudanças e acabam marginalizando
mental na infância poderá surtir efeito ao longo o comportamento de muitos adolescentes que se
do desenvolvimento humano. OBJETIVO: Rastrear encontram em sofrimento psíquico. OBJETIVO:
problemas de saúde mental em crianças de escolas Rastrear problemas de saúde mental em adolescen-
públicas de uma cidade do interior da Bahia, região tes de escolas públicas de uma cidade do interior
Nordeste do Brasil. MÉTODOS: Trata-se de um es- da Bahia, Nordeste do Brasil. MÉTODOS: Trata-se

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de um estudo transversal, realizado até o momen- instituição, que possuem Doenças Sexualmente
to com 33 adolescentes com idade média de 13,57 Transmissíveis (DSTs), existem ainda suposições,
anos (±0,79DP), sendo 16 meninas (M=13,75±0,85DP) na condição da espera de resultados médicos, de
e 17 meninos (M=13,41±0,71DP). Aplicou-se o Child quatro indivíduos. Estas informações concentram
Behavior Checklist (CBCL), que é muito utilizado relevância na possibilidade de disseminação destas
no campo de saúde mental em nível internacional doenças através dos adolescentes, que muitas vezes,
com crianças e adolescentes. Avaliou-se o total de sofrem com a ausência de informações a cerca da
problemas em nível clínico, com um escore T≥60. temática, seus modos de prevenção e tratamento,
Aplicou-se a estatística descritiva, com distribuição que diversas vezes são interrompidos. Quando se
de frequências e o quiquadrado com p<0,05. RESUL- suspeita de alguma DST, os adolescentes são encami-
TADOS: A prevalência de problemas de saúde mental nhados para o Hospital Gonzaga Mota, para realiza-
entre os adolescentes foi de 18,2%, considerando o ção de diagnóstico e/ou tratamento com um médico
total de problemas clínicos. Desse percentual, 50% especialista em urologia, acompanhados de uma
foram do sexo feminino e 50% do masculino. Não profissional técnica em enfermagem, funcionária
foram observadas diferenças significativas para a do CSMF. O funcionamento do CSMF deve procurar
prevalência de problemas de saúde mental entre os seguir as instruções do Sistema Nacional de Aten-
sexos (p=0,80). CONCLUSÃO: Esses resultados preli- dimento Socioeducativo, assim como a política do
minares apontam que os problemas de saúde mental Estatuto da Criança e do Adolescente, que assegura
na adolescência precisam de maior atenção, uma atendimento integral à saúde da criança e do ado-
vez que os comportamentos associados a tais pro- lescente, por mediação do Sistema Único de Saúde.
blemas refletem diretamente no processo de ensino Percebe-se que muitos destes adolescentes iniciam
e aprendizagem das escolas da cidade investigada. a prática sexual de maneira precoce, possuindo mais
de uma companhia, não recebendo orientação eficaz
SAÚDE DO ADOLESCENTE, UM ESTUDO REALI- a respeito da prevenção de doenças sexualmente
ZADO NO CENTRO DE SEMILIBERDADE MÁRTIR transmissíveis e muitos destes adolescentes des-
FRANCISCA prezam o uso de preservativos. É recomendável que
Francisca Camila de Oliveira Cavalcante / Caval- ocorra uma política de conscientização que possua
cante, F.C.O. / UECE; como público alvo estes indivíduos, promovendo a
educação sexual. Acrescenta-se a realidade destas
Este estudo relata uma experiência, facilitada pela
pessoas a vulnerabilidade social, o vínculo fragi-
condição de estagiária em Serviço Social no Centro
lizado quanto ao alcance das políticas públicas de
de Semiliberdade Mártir Francisca (CSMF), localiza-
prevenção e promoção da saúde.
do na cidade de Fortaleza/CE. A referida instituição
está situada na política de assistência, acolhendo
adolescentes do sexo masculino, com idade entre SENTIDOS DO CORPO E DAS PRÁTICAS CORPORAIS
12 e 21 anos, encaminhados por ordem judicial para NAS TRAJETÓRIAS DE PESSOAS QUE SOFRERAM
cumprimento da medida de Semiliberdade. O CSMF VIOLÊNCIA SEXUAL NA INFÂNCIA E NA JUVEN-
possui capacidade para assistir 40 indivíduos. Os TUDE
adolescentes autores de ato infracional cumprem a Alexandre Ferreira Lapa Polac / POLAC, A. F. L. /
medida socioeducativa no tempo mínimo de 6 meses Universidade de São Paulo;
e no máximo 3 anos, grande parte dos socioeducan- Buscou-se os sentidos sobre corpo e práticas cor-
dos recebe liberação da medida com 6 meses. Há tam- porais, na trajetória de mulheres e homens que so-
bém os descumprimentos de medida, ocasionando freram violência sexual na infância e na juventude.
rotatividade e reincidência de indivíduos recebidos No desenvolvimento da pesquisa, foram utilizados,
pela instituição. Em 26 de junho de 2015 havia 37 como referencial teórico, elementos do pósestrutura-
adolescentes, com idade entre 14 e 19 anos, que es- lismo. Para se chegar ao proposto, foram realizadas
tavam sob a tutela do CSMF. Tem-se conhecimento, 10 entrevistas semiestruturadas, nas quais foram
ainda que prévio, de três adolescentes, na referida ouvidas histórias de pessoas que passaram por

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situação de violência. A análise dos discursos das profissional forneceu orientações. Resultados: Das
entrevistas seguiu o proposto por Spink (2004) e mães, 90% referiram conhecer o teste da orelhinha,
identificamos como relevantes os seguintes temas: 75% saber da importância do teste e 57,5% declara-
contextos de apoio (terapia, escola, família), sentidos ram ter recebido orientações quanto à audição do
da violência, gênero e sexualidade, corpo e práticas bebê. Segundo as entrevistadas, o profissional que
corporais. Os resultados sinalizam que a violência mais forneceu informações foi o enfermeiro. Dos
intrafamiliar é pouco denunciada e que os entrevis- bebês, apenas 62,5% realizaram a triagem auditiva
tados encontraram pequeno apoio na família e na neonatal, de acordo com informações fornecidas
escola. A violência é sentida como algo injusto e o pelas mães. Conclusões: A maioria das mães conhe-
corpo percebido como sujo e coberto de vergonha. E ce o teste da orelhinha, entretanto, dessas, não são
a prática corporal é associada a sentimentos de pra- todas que sabem sua importância e várias referem
zer, autoestima, liberdade. Sugere-se que práticas não ter sido orientadas quanto à audição do bebê. A
corporais sejam incluídas em serviços de assistência porcentagem de bebês triados do presente estudo,
à pessoas que sofreram este tipo de violência. caso seja reprodutiva para o município de Jaú/SP
está abaixo do indicado pelo Joint Committee on
TESTE DA ORELHINHA NO MUNICÍPIO DE JAÚ/SP Infant Hearing, de que ao menos 95% das crianças
- ENTREVISTA COM MÃES DE BEBÊS ATENDIDOS devem ser triadas.
EM POSTOS DE SAÚDE
Adriele Fernanda da Silva Moreto / Moreto, A. F. S. TRIAGEM DE HIPOTIREOIDISMO EM CRIANÇAS –
/ Fundação Educacional Dr Raul Bauab- Jaú; Arlete VISÃO DOS MÉDICOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À
de Fátima Real Pereira / Pereira, A. F. R. / Fun- SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DE MÉDIO PORTE
dação Educacional Dr Raul Bauab- Jaú; Lucilene Nathália Bordeira Chagas / Chagas, N.B. / UFS-
Penha / Penha, L. / Fundação Educacional Dr Raul CAR; Leonardo Antonelli / Antonelli, L / UFSCAR;
Bauab- Jaú; Giovanna Castilho Davatz / Davatz, G. Vanessa de Oliveira Furino / Furino, V.O. / UFS-
C. / Fundação Educacional Dr Raul Bauab- Jaú; Pa- CAR; Débora Gusmão Melo / Melo, D.G. / UFSCAR;
tricia Rodrigues Sanine / Sanine, P.R. / Faculdades Carla Maria Ramos Germano / Germano, C.M.R. /
de Medicina de Botucatu - FMB; Unesp / / ; UFSCAR;
Apresentação: Identificar a deficiência auditiva Introdução: O hipotireoidismo, patologia causada
antes dos 12 meses e realizar o tratamento imediato pela deficiência da produção/ação dos hormônios
são aspectos fundamentais para o desenvolvimento tireoidianos, tem prevalência comum na infância
integral do indivíduo. O conhecimento das mães é o (entre 1,7% e 9,5%), atingindo meninas com maior
que auxilia a adesão e maior alcance populacional. frequência. As indicações de investigação diag-
Objetivos: Obter informações sobre o conhecimento nóstica na população pediátrica compreendem um
de mães atendidas em postos de saúde a respeito conjunto de sinais e sintomas compatíveis com o
da detecção precoce da deficiência auditiva e se quadro clínico de hipotireoidismo franco, represen-
a triagem auditiva neonatal vem sendo realizada tados principalmente por prejuízo no crescimento e
a contento no município de Jaú/SP. Metodologia: atraso na maturação óssea e puberdade. Condições
Estudo transversal descritivo, aprovado pelo conse- clínicas associadas com disfunção tireoidiana como
lho de pesquisas das Faculdades Integradas de Jaú síndromes de Down e de Turner e DMI tem rastreio
(nº735.8000). Entrevistou-se 40 mães de bebês de periódico indicado para hipotireoidismo. O público
0 a 1 ano do município de Jaú, atendidas em unida- leigo e alguns profissionais de saúde consideram
des de saúde da família. As indagações realizadas que o hipotireoidismo está associado com obesida-
basearam-se em um questionário de múltipla esco- de, atribuindo à hipofunção tireoidiana a causa do
lha. Entre as perguntas estavam: se conhecia o teste sobrepeso, porém não existem dados que fundamen-
da orelhinha; se sabia a importância/ finalidade do tem essa hipótese. Objetivo: Avaliar quais parâme-
referido teste; se o filho havia realizado o teste; se tros os médicos da atenção primária à saúde do mu-
foi orientada quanto à audição do bebê e qual foi o nicípio de São Carlos, São Paulo, Brasil, adotam para

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realizar triagem de função tireoidiana em crianças restringir-se somente à assistência curativa, e sim
e adolescentes, quais exames complementares são buscar dimensionar fatores de risco à saúde e, con-
solicitados e qual conduta diante de resultados labo- sequentemente, à execução de ações preventivas e
ratoriais alterados. Metodologia: estudo descritivo, de promoção. O período pré-natal é apontado como
no qual participaram 26 profissionais, correspon- um dos momentos estratégicos no ciclo vital para
dendo a 96,3% de todos os médicos da atenção pri- tal e também para formação do vínculo. Direcionar
mária da cidade que atuam no cuidado de crianças o foco à criança, a valorização e empoderamento de
e adolescentes. Os participantes responderam quais cuidadores são fundamentais para construção de co-
as três situações mais frequentes na prática clínica nhecimentos e, assim promover o desenvolvimento
em que indicam triagem de hipotireoidismo na popu- infantil. Objetivo: O objetivo deste estudo é analisar
lação pediátrica, quais os exames complementares o envolvimento de uma UBS com mães, no manejo
solicitados nesta avaliação e qual conduta frente às intercorrências com o recém-nascido de termo,
a exames laboratoriais com resultados alterados. que participaram de um grupo diálogos no período
Resultados: as situações clínicas mais frequentes pré-natal desenvolvido nesta unidade de saúde, mos-
apontadas pelos participantes como indicações trando também a importância dessa tecnologia leve
de avaliação tireoidiana foram: obesidade com 23 (diálogos) como apoio no cuidado durante o primeiro
respostas (88,5%), baixa estatura com 16 (61,5%) mês após o nascimento. Metodologia: Trata- se de
e síndrome de Down com 8 (30,8%). Nove (34,6%) estudo exploratório de caráter qualitativo, adotando
médicos responderam realizar o rastreio através da como referencial teórico o Interacionismo Simbólico
dosagem de TSH e T4l e outros 9 (34,6%), através da e como referencial metodológico a Pesquisa de Nar-
dosagem de TSH isolado. A conduta mais citada dian- rativa. O mesmo está em andamento e, os resultados
te de um resultado alterado foi o encaminhamento parciais derivam de entrevistas com três mulheres.
ao endocrinologista pediátrico, com 14 respostas Há aprovação do estudo junto a um comitê de ética
(53,8%). Conclusões: o cenário encontrado neste sob o número 957.814. Resultados: Os resultados
estudo mostra que exames de função tireoidiana são parciais apontam para contribuições dos grupos
solicitados rotineiramente por médicos da atenção de diálogos e envolvimento da UBS na identificação
primária no acompanhamento de crianças obesas. materna das intercorrências com o aleitamento
Como obesidade infantil tem alta prevalência, isso materno e cólica no recém-nascido. Foi possível com-
pode determinar aumento importante dos custos preender não só a importância dos encontros de diá-
do serviço de saúde e sobrecarga nos serviços de logos no pré-natal como também o apoio e orientação
atenção especializada. de toda a equipe de saúde envolvida essencialmente
nas primeiras mamadas. Para o manejo da cólica
UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE E GRUPO DE DIÁLO- todas as participantes também procuraram a UBS
GOS: APOIO NO CUIDADO AO RECÉM-NASCIDO para auxílio e confirmação do tratamento realizado
Amanda de Assunção Lino / Lino,A.A. / UFSCar; por elas. Conclusão: A aproximação da comunidade
Carla Regina de Almeida Corrêa / Corrêa, C.R.A. com os serviços de saúde promove a possibilidade
/ UFSCar; Sara Eduarda Moraes / Moraes, S. E. de participar de grupos durante o pré-natal levando
/ UFSCar; Bianca Royana Pereira de Oliveira / a troca de conhecimentos e experiências entre as
Oliveira, B.R.P. / UFSCar; Jamile Claro de Castro próprias mulheres participantes e profissionais,
Bussadori / Bussadori, J.C.C. / UFSCar; Monika transformando suas concepções prévias e aplicando
Wernet / Wernet, M. / UFSCar; no cuidado. Assim, a proximidade da unidade de
Introdução: A proximidade que a equipe da Unidade saúde com a comunidade bem como participar dos
Básica de Saúde (UBS) pode ter com seus usuá- grupos de diálogo traz fortes indícios de constituir-
rios é propício ao diálogo, criando-se um espaço -se em um momento e espaço de desenvolvimento da
de entendimento entre usuários e profissionais autonomia da mulher para o cuidado, com apoio à
levando a crer que os serviços de saúde não devem saúde da criança.

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VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL INTRA- FAMILIAR sido de alta prevalência no âmbito intra- familiar
NA PERSPECTIVA DE SAÚDE: FATORES DE RISCO ressaltando os fatores de risco e proteção para o
E FATORES DE PROTEÇÃO desenvolvimento infantil. Conclusão: É esperado
Ana Carolina de Souza / Souza, A.C. / Universida- do profissional da saúde que, seja capaz de atuar
de Católica de Santos; Michelle Esteves Gomes para a prevenção do abuso sexual, de diagnosticar
/ Gomes, M.E / Universidade Católica de Santos; o risco e levantar a suspeita precocemente, quando
Luzana Mackevicius Bernardes / BERNARDES, L. a situação de violência já está instalada, chegando
M. / Universidade Católica de Santos; ao diagnóstico e à denúncia em tempo hábil, para
que possa garantir a integridade física e emocional
RESUMO Introdução: O abuso sexual infantil tem
da criança.
sido considerado um grave problema de saúde
pública, devido aos altos índices de incidência e
às sérias consequências para o desenvolvimento VISITA DOMICILIÁRIA A CRIANÇAS E ADOLES-
cognitivo, afetivo e social da vítima e de sua família. CENTES COM PARALISIA CEREBRAL: CONTRIBU-
Cabe salientar que os fatores de risco por si só não TOS PARA QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NA
constituem uma causa específica, mas eles indicam ATENÇÃO PRIMÁRIA
um processo complexo que justifica a consequência Keite Helen dos Santos / Santos, K.H. / Universi-
de uma psicopatologia na criança. Por outro lado, dade Estadual de Campinas; Dalvani Marques /
os fatores de proteção podem ser definidos como Marques, D. / Universidade Estadual de Campinas;
fatores que modificam ou alteram a resposta pessoal Caracterização do problema: Na atuação na atenção
para algum risco ambiental que predispõe a resulta- primária, o profissional de saúde lida com diferentes
do mal adaptativo, como por exemplo:o desenvolvi- casos, sendo que em alguns momentos o papel a ser
mento da criança, seu temperamento e a habilidade desenvolvido por este nível acaba por desvincular-
de resolução de problemas do indivíduo. Objetivo: -se de seu propósito. Tal ocorrência pode ser mais
Identificar a presença de fatores de risco e proteção facilmente observada em casos de maior comple-
na ocorrência de abuso sexual infantil intra- fami- xidade, como a paralisia cerebral, onde o usuário
liar e suas consequências para o desenvolvimento por vezes perde seu vínculo com a rede básica após
infantil. Metodologia: Os termos de busca utilizados ser encaminhado aos serviços especializados.
nessa revisão sistemática foram obtidos através de Descrição: Percebeu-se que estas crianças estavam
consulta aos Descritores em Ciência da Saúde (decs. desvinculadas dos atendimentos no serviço de saúde
bvs.br). Para a busca dos trabalhos utilizou-se a da região, identificou-se que as mesmas não faziam
combinação dos seguintes descritores: abuso sexual acompanhamento também no serviço secundário.
infantil”, fatores de risco”, fatores de proteção”. Na Foram realizadas visitas que tornaram possíveis
pesquisa bibliográfica foram utilizadas as bases a elaboração de um plano terapêutico individual
de dados SCIELO e LILACS. Critérios de inclusão: para cada núcleo familiar durante o período de um
a presença de resumos em português assim como ano, no qual as famílias foram instrumentalizadas
descrição de abordagem quantitativa e qualitativa para continuidade do cuidado qualificado. Buscou-
referente ao abuso sexual infantil intra- familiar. -se um cuidado integral, que contempla a saúde dos
Foram excluídos com resumo em inglês e espanhol cuidadores e propicia a vivência de experiências
e que não traziam o delineamento da pesquisa. As significativas para estas crianças e suas famílias,
publicações selecionadas para revisão foram ava- possibilitando a maximização de suas potencialida-
liadas quanto a critérios de qualidade, sendo consi- des e não a simples observação de seu estado. Lições
derados os artigos julgados pelo sistema de revisão. aprendidas: O trabalho consistiu de visitas semanas
A partir dos critérios estabelecidos para revisão e quinzenais nos quais foram realizadas os diag-
bibliográfica foram selecionados trabalhos, sendo nósticos para o planejamento de ações em saúde,
6 referentes a base dos dados eletrônicos SciELO e de forma a observar os aspectos dificultadores e os
1 referente a base de dados LILACS. Resultados: Os aspectos facilitadores contributos para elaboração
artigos apontam que o abuso sexual infantil tem de projetos terapêuticos individuais, respeitando

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as realidades de cada família. Recomendações: cuidado, sendo imprescindível a atuação da Atenção
Mesmo diante nova realidade o acesso aos serviços Primária a esta população. Portanto, destaca-se a
de saúde ainda é é pouco expressivo para o atendi- educação em saúde como uma importante estratégia
mento desta população, estando distante da oferta de de intervenção, propiciando o conhecimento destas
uma assistência equitativa, igualitária e universal crianças e de seus dos familiares. Neste contexto
preconizada pelo SUS. As crianças com paralisia a visita domiciliar desempenha um instrumento
cerebral demandam cuidados contínuos de nature- estratégico para consolidação do Sistema Único de
za complexa, constituindo-se em desafios para os Saúde, favorecendo a equidade e a universalidade da
seus familiares e para os profissionais de saúde. assistência, garantindo a integralidade das ações, a
Portanto, há necessidade de se mediar às práticas de humanização e a satisfação dos usuários.

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Saúde da Mulher
A EXPERIÊNCIA DA PARTICIPAÇÃO DE MULHERES As mulheres precisam ser informadas dos riscos e
EM GRUPOS DE APOIO NA VIVÊNCIA DO PARTO benefícios de cada tipo de parto e o quanto estão
Graziani Izidoro Ferreira / Ferreira, G.I. / Uni- sujeitas a terem seus partos roubados pelo sistema
versidade Federal de São Carlos; Márcia Regina para que assim, tenham condições de decisão e se-
Cangiani Fabbro / Fabbro, M.R.C. / Universidade rem respeitadas em seu direito de escolha. Palavras
Federal de São Carlos; Geovânia Pereira dos Reis Chave: assistência à saúde; enfermagem obstétrica;
Machado / Machado, G.P.R. / Universidade Federal satisfação do paciente. Referências: 1. MONTEIRO
de São Carlos; Daniela Aparecida Salgado Targino MAA, TAVARES TJL. A Prática do Grupo de Gestantes
/ Targino, D.A.S. / Universidade Federal de São Car- na Efetivação da Humanização do Parto. Rev. RENE,
los; Fernando Henrique Ferreira / Ferreira, F. H. / Fortaleza, 2004; 5(2):73-8. 2. MELCHIORI LE, MAIA
Universidade Federal de São Carlos; ACB, BREDARIOLLI RN, HORY RI. Preferência de
Introdução. Historicamente, a assistência ao parto Gestantes pelo Parto Normal ou Cesariano. Intera-
era praticada pelas parteiras, porém, a partir da dé- ção em Psicologia, 2009; 13(1): 13-23. 3. GÓMEZ, J.;
cada de 40 o parto passou a ser institucionalizado LATORRE, A.; SÁNCHEZ, M.; FLECHA, R. Metodolo-
na tentativa de conter os altos índices de morta- gia Comunicativa Crítica. Barcelona – Espanha: El
lidade maternoinfantil(1). Essas transformações Roure Editorial S.A, 2006, 1ª ed.
submeteram a mulher a práticas institucionalistas
e intervencionistas. Movimentos sociais em prol do A IMPORTÂNCIA DAS CLASSES SOCIAIS NA RELA-
resgate do parto fisiológico têm lutado para reverter ÇÃO MÉDICO-PACIENTE: ADESÃO AO PRÉ-NATAL
essa realidade(2). Metodologia. Esta pesquisa, reali- Marcelo Pereira de Brito / Brito, M. P. / Unesp-
zada no interior de São Paulo no período de 2012 a Araraquara;
2014, utilizou a Metodologia Comunicativa Crítica Introdução: A relação médico-paciente é de extrema
como plano metodológico que pretende não apenas relevância na adesão à qualquer intervenção tera-
descrever ou explicar a realidade, mas compreendê- pêutica. Em se tratando da adesão ao pré-natal, tal
-la e interpretá-la para transformá-la de acordo com relação torna-se mais importante, tendo e vista a
as necessidades identificadas(3). As participantes conexão indispensável entre profissional e gestante.
foram mulheres participantes de grupos de apoio e Objetivos:Neste trabalho busca-se a compreensão
que experienciaram o parto. O objetivo foi analisar de como as classes sociais podem influir na adesão
a satisfação ou não das mulheres participantes de ao pré-natal,dando-se ênfase na relação médico-
grupos de apoio durante a gestação com a expe- -paciente,bem como as diversas nuances que a
riência do parto. Resultados. Os grupos de apoio rodeiam. Método: Realizou-se uma revisão biblio-
apareceram tanto como elementos obstaculizadores gráfica, mediante pesquisa em trabalhos científicos
quanto transformadores, tendo maior destaque ele- localizados em revistas científicas, periódicos e ban-
mentos transformadores, demonstrando que estes co de dados, de modo a apresentar-se uma pesquisa
grupos agem como transformadores, não apenas qualitativa em relação ao respectivo assunto aborda-
da realidade das mulheres que os frequentam como do. Resultados:Obteve-se como resultado reflexões
também da realidade social e cultural do parto, sobre como a capacitação dos profissionais da saúde,
atuando como agente dos movimentos sociais na bem como a melhora da infra-estrutura das redes
luta pelo resgate da autonomia da mulher no parto. básicas de atendimento a saúde, são imprescindíveis
Conclusões. O grupo de apoio ao parto é um fator in- para maior adesão ao pré-natal. Conclusões: Sendo
dispensável para transformação social do parto, to- a relação médico-paciente uma relação de classes, e
davia, evidenciou-se a necessidade de repensar como este profissional geralmente oriundo de classes mais
este tem reconstruído a cultura do parto no Brasil. favorecidas, torna-se indispensável a humanização

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 301
do profissional médico,de modo a estabelecer-se sionais assinalaram a criação de grupo de gestante
um real vínculo deste com a gestante, a fim de uma e inserção de novos profissionais de nível superior
melhor adesão ao pré-natal. como itens a serem implementados. As perguntas
dissertativas descreveram a necessidade de maior
A PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SO- número de capacitações, criação ou melhoria de
BRE A ASSISTÊNCIA PRESTADA NO PRÉ-NATAL* grupos de gestante e da infraestrutura como aspec-
Márcia Regina Cangiani Fabbro / FABBRO, M.R.C. tos a serem aperfeiçoados. O estudo demonstrou
/ UFSCar; Monalisa Nanaina da Silva / SILVA, que, apesar dos índices de qualidade dependentes
M.N. / UFSCar; de ferramentas humanas estarem contempladas, a
infraestrutura e a educação em saúde foram itens
Desde 2000, o Programa de Humanização no Pré –
que estabeleceram maior abismo entre a realidade
Natal (PHPN) estabelece como índices de avaliação
e o estabelecimento de assistência pré- natal de
da qualidade do pré- natal, número de consultas,
qualidade.
idade gestacional de ingresso, exames laborato-
riais, ações de educação em saúde e infraestrutura
A TRAJETÓRIA DOS CONTRACEPTIVOS HORMO-
do local. As ferramentas humanas do sistema de
saúde tem importância na obtenção e excelência NAIS NO BRASIL: ESTUDO DOCUMENTAL A PARTIR
desses índices, favorecendo ou comprometendo a DA PRODUÇÃO DE TESES E DISSERTAÇÕES EM
assistência prestada. Este estudo avaliou a estrutura TRÊS FACULDADES DE MEDICINA DO ESTADO
física, procedimentos e orientações realizados no DE SP
pré-natal, por meio da percepção de 25 profissionais Anna Letycia Maffra Ottoni / Ottoni, A.L. / FSP/
de Saúde de uma Unidade Básica de Saúde e uma USP; Francine Even Cavalieri / Cavalieri, F.E. /
Unidade de Saúde da Família, de uma cidade do FSP/USP; Josué F. de Souza / Souza, J.F. / IFF/
interior de São Paulo, entre 2013 e 2014, por meio Fiocruz; Cláudia Bonan / Bonan, C. / IFF/Fiocruz;
de um questionário com múltiplas escolhas e dis- Cristiane S. Cabral / Cabral, C.S. / FSP/USP;
sertativas. Parecer comitê de ética número 457.430. Apresentação/introdução: A descoberta científica da
Os resultados apontaram maioria do sexo feminino potencialidade de alguns hormônios sintéticos em
(84 %) e ensino superior completo (32 %). O tempo de prevenir a gravidez levou a uma revolução nas práti-
atuação na assistência ao Pré – Natal variou entre cas contraceptivas e, de certo modo, contribuiu para
6 a 10 anos (56 %), e 64% realizou capacitação para a entrada massiva da mulher nas esferas públicas
o atendimento à gestante, 20% pelo menos em dois da vida. A mídia teve um grande papel na divulgação
momentos. O ambiente físico como não adequado do método; sua alta eficácia era muito enfatizada
para o atendimento foi identificado por 64 %, es- enquanto seus potenciais efeitos colaterais eram
pecialmente falta de espaço físico e equipamentos pouco citados. Objetivos: Compreender como as
(52%), considerando necessária reforma na unidade pesquisas realizadas pelas principais faculdades
(96%), ampliação de consultórios (60%), criação de de medicina de SP (lócus privilegiados de estudos
sala de medicação (56%) e de espaço para atividade a respeito da contracepção) situam-se no amplo
educativa (96%). Em relação a assistência prestada processo de difusão e de aceitabilidade da pílula
foi classificada boa nos itens de atendimento da anticoncepcional no Brasil. Método: Trata-se de es-
recepção (40%), consultas de enfermagem (52%), tudo qualitativo de base documental, em que estão
tempo da consulta para esclarecimento de dúvidas sendo realizados mapeamento da produção e análise
da gestante (56%), fornecimento de medicamentos dos conteúdos das teses e dissertações produzidas
(48%), solicitação de exames (64%), agendamento pelas Faculdades de Medicina da USP, da UNICAMP
de consultas (64%), realização de procedimentos e da Santa Casa de São Paulo sobre contracepção
(64%) e encaminhamento para pré –natal especia- hormonal em humanos nas décadas de 1960, 1970
lizado (44%). Com avaliação regular foi apontado a e 1980 – período de introdução e difusão da pílula
qualidade dos trabalhos educativos (28%). Apesar anticoncepcional no país. A etapa inicial da busca
da satisfação com assistência prestada, os profis- das teses e dissertações sobre cobriu o período de

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1960 a 2014 para delineamento amplo do contexto de dentre eles a prática de automedicação. Essa prática
estudos. A segunda etapa está voltada a leitura das é comum entre as mulheres que amamentam. Os
teses concernentes às décadas em foco e análise so- principais riscos individuais da automedicação são
bre as perspectivas adotadas e principais problemas o autodiagnostico incorreto, falha na procura de
elencados nos estudos da época. Resultados: Foram ajuda médica imediata, escolha incorreta da terapêu-
encontradas nos acervos das Faculdades de Medici- tica, dosagem inadequada, uso prolongado, risco de
na, 86 teses e dissertações produzidas na USP, 130 dependência e abuso, desconhecimento de reações
na Unicamp e oito na Santa Casa de São Paulo, no adversas e contraindicações. No aspecto coletivo,
período de 1960 a 2014. Porém, considerando as três ressalta-se o aumento da dependência induzida por
primeiras décadas de enfoque, foram encontrados medicamentos e o desperdício da despesa pública.
sete estudos na USP, quatro na Unicamp e nenhum Objetivo: Identificar a prática da automedicação
na Santa Casa de São Paulo. O único estudo clínico entre as nutrizes atendidas pela Estratégia de Saúde
feito na década de 1960 foi relativo à utilização de da Família, residentes em um município do centro
hormônio para tratamento de disfunção ginecológi- oeste paulista. Métodos: Estudo transversal descri-
ca. Somente a partir do final de 1970, alguns estu- tivo retrospectivo quantitativo. A coleta de dados foi
dos clínicos assumem a utilização dos hormônios realizada com 109 mulheres que amamentaram ou
sintéticos administrados por diferentes vias com amamentam nos anos de 2012 e 2013, pertencentes
propósitos de contracepção. Conclusão: Os médicos às Unidades de Saúde da Família da região Sul do
são importantes atores no processo de difusão e de município, tendo como instrumento de coleta de
aceitabilidade da pílula anticoncepcional. Ela foi dados um questionário estruturado. A análise dos
aprovada para comercialização na década de 1960 dados foi realizada através do software SPSS versão
por sua alta eficácia contraceptiva e pela urgência 17.0. Todas as entrevistadas assinaram o Termo de
de estabilizar a taxa de natalidade nos países ditos Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Das
subdesenvolvidos, sem terem sido totalmente eluci- 109 nutrizes entrevistadas, 42 (38,5%) praticaram
dados os efeitos colaterais e suas consequências no automedicação. O medicamento mais utilizado foi
corpo da mulher. Os estudos clínicos no país entram o analgésico (86,7%), seguido pelo anticoncepcional
tardiamente neste processo. (8,3%), antianêmico (1,7%), anti-inflamatório e anti-
pirético (1,7%) e relaxante muscular (1,7%). Ressalta-
ALEITAMENTO MATERNO E AUTOMEDICAÇÃO: -se que dentre os anticoncepcionais utilizados 60%
PERSPECTIVAS DAS NUTRIZES NAS UNIDADES DE eram combinados. Conclusão: A automedicação
SAÚDE DA FAMÍLIA se mostrou uma prática comum entre as nutrizes.
Alessandra Nikaido Fujinami / Fujinami. A.N. / FA- Dentre os medicamentos utilizados pelas mesmas,
MEMA - FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA; destaca-se o uso de anticoncepcionais combinados
Tais Albano Hernandes / Hernandes. T.A. / FAME- sem orientação médica. Esse medicamento é con-
MA - FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA; traindicado durante a lactação, uma vez que pode
Enrique Caetano Raimundo / Raimundo. E.C. / FA- diminuir a produção do leite materno. Nesse con-
MEMA - FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA; texto, é fundamental o papel da Atenção Primária
Cristina Peres Cardoso / Cardoso. C.P. / FAMEMA na assistência e no cuidado integral ao lactente e à
- FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA; Carlos nutriz, bem como na orientação sobre os perigos da
Alberto Lazarini / Lazarini. C.A. / FAMEMA - FA- prática de automedicação.
CULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA;
Introdução: É inquestionável a importância do alei- ALEITAMENTO MATERNO E CONSUMO DE MEDI-
tamento materno, pois seus benefícios abrangem o CAMENTOS: PERSPECTIVAS DAS NUTRIZES NAS
lactente, a nutriz, a família e a sociedade. A Orga- UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA
nização Mundial de Saúde preconiza o aleitamento Taís Albano Hernandes / Hernandes, T.A. / FAME-
exclusivo até os seis meses de idade. Esse aleita- MA; Alessandra Nikaido Fujinami / Fujinami, A.N.
mento pode ser comprometido por alguns motivos, / FAMEMA; Enrique Caetano Raimundo / Rai-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 303
mundo, E.C. / FAMEMA; Cristina Peres Cardoso / ANÁLISE DO ÍNDICE DE GRAVIDADE DA INCONTI-
Cardoso, C.P. / FAMEMA; Carlos Alberto Lazarini / NÊNCIA URINÁRIA E QUALIDADE DE VIDA ENTRE
Lazarini, C.A. / FAMEMA; MULHERES GRÁVIDAS COM HIPERGLICEMIA
Introdução: O aleitamento materno, por possuir Gabriela Marini / Marini, G. / UNESP; Fernanda
diversos benefícios para o lactente e para a nutriz, é Piculo / Piculo, F. / UNESP; Giovana Vesentini /
extremamente importante. A Organização Mundial Vesentini, G. / UNESP; Angelica Mércia Pascon
de Saúde preconiza o aleitamento exclusivo até os Barbosa / Barbosa, A.M.P. / UNESP; Débora Cristi-
seis meses de idade. Porém, é frequente a interrup- na Damasceno / Damasceno, D.C. / UNESP; Maril-
ção do aleitamento materno antes dos dois anos, za Vieira Cunha Rudge / Rudge, M.V.C. / UNESP;
sendo o uso de fármacos um dos determinantes Definida como qualquer perda involuntária de urina,
para o desmame precoce. Objetivo: Caracterizar o a incontinência urinária é condição extremamente
perfil, identificar os medicamentos prescritos mais comum na gestação com prevalência entre 18,6% a
utilizados bem como as orientações recebidas por 75% e com grande impacto negativo na qualidade de
nutrizes usuárias da Estratégia de Saúde da Família vida da mulher, além de representar alto custo para
de um município do centro oeste paulista. Métodos: o sistema de saúde com estimativa de 20 bilhões de
Estudo transversal descritivo retrospectivo quanti- dólares por ano nos Estados Unidos. A associação
tativo. A coleta de dados foi realizada com 109 mu- entre hiperglicemia gestacional e incontinência
lheres que amamentaram ou amamentam nos anos urinária ainda é escassa na literatura. O objetivo
de 2012 e 2013, pertencentes às Unidades de Saúde deste estudo foi analisar o Índice de Gravidade da
da Família da região Sul, tendo como instrumento Incontinência Urinária e qualidade de vida entre as
um questionário estruturado. A análise dos dados mulheres grávidas com hiperglicemia. Métodos: o
foi feita utilizando-se o software SPSS versão 17.0. estudo está sendo realizado em Hospital Universitá-
Todas as entrevistadas assinaram o Termo de Con- rio no município de Botucatu-SP. A amostra incluiu
sentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Das 109 49 mulheres no terceiro trimestre gestacional. A in-
nutrizes entrevistadas, 49,5% têm entre 20-29 anos, continência urinária foi avaliada por Incontinência
45% são casadas e 43,1% têm ensino médio completo. Gravidade Index (ISI) e qualidade de vida foi avaliada
Há predomínio de bebês com idade entre 6-12 meses por ICIQ-SF. A amostra foi dividida em dois grupos:
(63,3%), de mães que estão amamentando (53,2%) e hiperglicemia e incontinência urinária (HIU) e
com tempo de amamentação de 2 a 5 meses (41,2%). normoglicemia e incontinência urinária (NIU). Re-
Durante o aleitamento, 55,1% referiram uso de me- sultados parciais: A média de idade foi de 29 anos,
dicamentos prescritos, destas, 68,3% receberam com média do IMC de 32,1 kg / m2 e paridade de 2,6.
algum tipo de orientação sobre a compatibilidade A porcentagem de mulheres com pressão arterial
da amamentação com o uso do medicamento. O an- elevada foi de 28,9% no grupo HIU e 11,7% no grupo
ticoncepcional (39,7%) foi o mais prescrito, seguido NIU. O Índice de Gravidade Incontinência mostrou
por anti-hipertensivos (16,1%) e antibióticos (12,9%). no grupo HIU: 11,4% leve; 54,2% moderada, 28,5%
Conclusão: Observamos que 55,1% das nutrizes fez grave e 5,7% grave muito; e no grupo NIU mostrou
uso de medicamentos prescritos, destas, 68,3% re- 21,4% leve, 50,0% moderada, 28,5% grave e nenhum
ceberam algum tipo de orientação no momento da caso muito grave. O ICIQ-SF verificou a qualidade
prescrição o que revela a necessidade de um maior de vida com uma pergunta sobre o quanto perda
cuidado por parte dos profissionais de saúde nas urinária afeta a vida diária de 0 (quando não afeta)
orientações sobre a segurança do uso de medica- a 10 (quando afeta muito). Quando colocamos juntos
mentos durante o aleitamento materno. Como as os piores resultados (6,7,8,9 e 10), observamos que
prescrições foram realizadas na Atenção Primária, a maioria das mulheres (71,2%) foram afetadas no
destaca-se a importância desse cenário na atenção grupo HIU e 64,1% no grupo NIU. Conclusão: O grupo
integral à criança e à nutriz. HIU apresentou maior índice de severidade de perda

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 304
urinária e pior qualidade de vida quando comparado dizado do papel do enfermeiro na conscientização
com o grupo NIU. Os resultados também permitiram das mulheres quanto à importância da prevenção e
caracterizar a amostra e pensar em estratégias detecção precoce do câncer do colo uterino. Reco-
terapêuticas para melhorar a qualidade de vida de mendações: É de notar que devemos adquirir uma
mulheres grávidas com incontinência urinária e postura mais compreensiva na coleta do citopato-
hiperglicemia, responsável por alto custo para a lógico, não focando somente os procedimentos e
Saúde Pública Brasileira. orientações técnicas. Podem-se perceber durante a
consulta de enfermagem os sentimentos como medo
APRENDIZADOS PARA A PRÁTICA DE ENFER- de possíveis alterações, vergonha em expor o corpo e
MAGEM NA PREVENÇÃO DO CANCER CÉRVICO a genitália, e ansiedade, como sentimentos comuns
UTERINO entre as mulheres antes do exame preventivo. Con-
Manuela Sofia Gomes de Carvalho / Carvalho, tudo pode-se concluir que as mulheres precisam de
M.S.G. / UNICV - Universidade de Cabo Verde, acolhimento, segurança e confiança, pois querem
África; Elga Mirta Furtado Barreto Carvalho / ser escutadas para expressar seus receios e dúvidas
Carvalho, E.M.F.B. / UNICV - Universidade de Cabo para os profissionais da saúde, e sentir que somos
Verde, África; Patricia Rodrigues Sanine / Sanine, aliados na busca da sua qualidade de vida.
P.R. / UNESP; Elen Rose Lodeiro Castanheira /
Castanheira, E.R.L. / UNESP; ASSOCIAÇÃO ENTRE PRÉ-NATAL E PARTO NA
Caracterização do Problema: Apesar da existência de REDE DE SAÚDE SUPLEMENTAR E CESÁREA ELE-
métodos efetivos de controle, o câncer cervical está TIVA: ESTUDO DESENVOLVIDO EM MUNICÍPIO DO
entre as primeiras causas de morte de mulheres por INTERIOR PAULISTA
câncer em Cabo Verde, país localizado no continente Anna Paula Ferrari / Ferrari, A.P. / UNESP; Maria
africano. A atuação do enfermeiro em ações educati- Antonieta de Barros Leite Carvalhaes / Carvalha-
vas, rastreamento e acolhimento tem extremo valor es, M.A.B.L / UNESP; Cristina Maria Garcia de
para ampliação da cobertura do exame de Papanico- Lima Parada / Parada, C.M.G.L. / UNESP;
laou e do diagnóstico precoce. Descrição: Este relato Introdução: Entre as diretrizes da Rede Cegonha
faz parte do Programa de mobilidade internacional está a indicação para os serviços de saúde adotarem
entre universidades de países de língua portuguesa medidas e procedimentos sabidamente benéficos e
(CAPES AULP) no qual granduandos de enfermagem seguros para o acompanhamento do parto e do nas-
e docentes da Universidade de Cabo Verde/UNI-CV cimento, evitando-se práticas intervencionistas des-
permaneceram por um mês junto a Faculdade de necessárias. O debate sobre a frequente realização
Medicina de Botucatu/UNESP. Pretende ressaltar a de cesariana de forma eletiva acirrou-se na última
importância da prática de Enfermagem na atenção a década devido as elevadas taxas de cesárea a nível
saúde da mulher, vivenciado em Unidades Básicas de mundial. Objetivo: identificar fatores socioeconômi-
Saúde do município de Botucatu/SP. Lições Apren- cos, características e intercorrências gestacionais
didas: A missão de estudo permitiu acompanhar as associadas à realização de cesárea eletiva. Método:
ações de prevenção de câncer cervical como parte trata-se de um estudo transversal, com dados de
da atenção integral à saúde das mulheres. A parti- mulheres internadas no primeiro semestre de 2012
cipação supervisionada dos alunos de graduação de para resolução do parto nas duas maternidades do
todo o processo de acolhimento, orientação, coleta de município de Botucatu/SP, uma que assiste quase
citopatológico (Papanicolaou) e grupo de resultados, exclusivamente pacientes do SUS e outra da rede
oportunizou aos alunos de Cabo Verde uma experi- suplementar de saúde. Os dados foram obtidos dos
ência de assistência direta ainda não vivenciada, prontuários, registros de sala de parto, cartão de
e ao docente a observação de novas estratégias de pré-natal e entrevista com mulheres após o parto.
ensino em serviços de atenção primária. O estágio de Realizou-se análise univariada, avaliada pelo Teste
alunos de graduação na atenção à saúde da mulher Exato de Fisher ou Qui-quadrado. Variáveis com
em serviços de atenção primária permite o apren- p<0,20 foram então agrupadas em três blocos e,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 305
mediante modelo de regressão logística múltiplo, apresenta uma remissão satisfatória dos sintomas,
hierarquizado, identificaram-se fatores associados que permita construir uma vida funcional, sendo as-
à cesárea eletiva, considerando-se p<0,05. Houve sim, foi necessário ofertar um tratamento diferente
aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa local do tradicionalmente proposto pela ESF em conjunto
(processo no. 245/2012). Resultados: De 1295 nas- com o Núcleo de Apoio a Estratégia Saúde da Família
cimentos ocorridos no período, 405 (34,8%) mu- (NASF). Descrição: buscando parceria fora do espaço
lheres tiveram partos normais e 214 (18,0%) foram das UBS, o NASF solicitou apoio da Comunidade
submetidas à cesárea eletiva. Houve associação Evangélica do Bixiga, que atua no atendimento a
independente entre maior chance de cesárea eletiva pessoas em situação de vulnerabilidade. Foi cedido
e condições socioeconômicas, sendo mais frequente o espaço da sede e organizou-se a partir do ano de
em mulheres com idade igual ou superior a 18 anos, 2013, no local, um grupo de acolhimento em Saúde
com pelo menos ensino médio, ter trabalho remune- Mental para mulheres, com periocidade semanal,
rado e viver com companheiro. Independente destas, duração prevista de 1 hora e meia, aberto a todas
houve associação entre maior chance de cesárea as mulheres da região, que desejem participar dos
eletiva e características gestacionais, sendo maior encontros. Ele é de responsabilidade do psicólogo
a chance para mulheres cujo pré-natal e parto foram do NASF e conta com participações eventuais de
realizados na rede de saúde suplementar. Tomando outros profissionais de saúde. O objetivo desse
como indicadores de condições socioeconômicas grupo é oferecer um espaço terapêutico, para in-
desfavoráveis a baixa escolaridade, pagamento tervir de forma psico-educativa. As mulheres tanto
do pré-natal e parto pelo SUS, pode-se afirmar que podem ser encaminhadas após escuta nas unidades
houve associação entre cesárea eletiva e melhores quanto vir por outros caminhos, como o convite de
condições socioeconômicas. Conclusões: Conside- quem já participa ou a informação dada no bairro
rando-se a cesárea eletiva como desfecho adverso, as da existência dessa atividade. Lições aprendidas.
associações presentes configuram situação rara no Ampliou-se o acesso das pacientes em Saúde Mental
Brasil, visto que a parcela privilegiada da população na Rede Comunitária; criou-se um espaço resolu-
foi a mais exposta à sua ocorrência, sendo neces- tivo para mulheres de 25 a 65 anos, com sintomas
sárias ações na rede suplementar para aproximar depressivos, ansiosos e problemas psicossociais;
das recomendações internacionais a taxa global de Também houve diminuição neste público específico
cesáreas no município. de encaminhamentos para neurologia, psiquiatria,
endocrinologia, ortopedia e reumatologia. Recomen-
ATENDIMENTO DE MULHERES EM SOFRIMENTO dações. Melhorar o gerenciamento das informações;
PSÍQUICO: O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA DO integrar os parceiros da comunidade no acolhimen-
NASF NO ACOLHIMENTO E TRATAMENTO DE MU- to; criar instrumentos de avaliação qualitativos
LHERES NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE mais precisos; criar lideranças comunitárias para
atuar como multiplicadores e instituir a prática
Leonardo Ferreira de Freitas Scaranello / Scara-
com outros públicos vulneráveis em Saúde Mental.
nello, L.F.F / Instituto de Responsabilidade Social
Sírio Libanes;
Caracterização do problema: cerca de 30% dos
CENÁRIO DA ATENÇÃO BÁSICA PARA O CUIDADO
atendimentos médicos e de enfermagem feitos pela AO PARTO: ITINERÁRIO DE MULHERES EM TERRI-
Estratégia Saúde da Família (ESF) estão relaciona- TÓRIO RURAL DO RECANTO DAS EMAS, DISTRITO
dos de forma direta ou indireta a queixas em Saúde FEDERAL
Mental. Nas Unidades Básicas de Saúde Humaitá Melina Soares Rodrigues / Rodrigues, M. S. / UNB;
e Nossa Senhora do Brasil os pacientes que mais Paula Giovana Furlan / Furlan, P. G. / UNB;
demandam atendimento em Saúde Mental são do Introdução: A assistência à saúde no Brasil teve
sexo feminino, entre 25 a 65 anos, com sintomas importantes avanços. No entanto, no que diz res-
depressivos, ansiosos e com questões psicossociais. peito à saúde da mulher, o progresso tecnocrático
Dentro desta população, existe um público que não trouxe para o fenômeno da assistência ao parto uma

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 306
excessiva medicalização. Ao percorrer da história CONTEXTOS DE PARTO: A INTERFACE ENTRE O
ocidental é possível perceber que os partos eram SISTEMA DE SAÚDE E AS RELAÇÕES DE CUIDADO
feitos em sua maioria em ambientes domésticos, Natália R. Salim / Salim, N.R / USP; Glauce Cris-
assistidos por parteiras tradicionais, hoje, com o tina Ferreira Soares / Soares, G.C.F / USP; Dulce
modelo biomédico de saúde, eles passaram a ocor- M.R. Gualda / Gualda, D.M.R / USP;
rer em sua maioria nas instituições hospitalares. Introdução: Hoje em dia, a assistência ao parto no
Diversas medidas foram e estão sendo tomadas em
Brasil está atravessando mudanças importantes no
prol da humanização da gravidez, parto e puerpé-
cenário político e assistencial. Em 2011, o governo
rio. E a atenção primária tem função primordial na
brasileiro criou um programa específico para mudar
articulação da rede de atenção à mulher. Objetivos:
o atual modelo de parto no Brasil. Os lugares em
Analisar o cenário de atenção à saúde da mulher,
que a experiência do nascimento acontece podem
com foco no pré-parto, parto e pós-parto em duas
trazer diferentes significados, percepções, práticas
equipes rurais de Estratégia de Saúde da Família na
e encontros ao longo deste processo. Objetivos: Essa
Regional do Recanto das Emas, Distrito Federal. Mé-
investigação teve como objetivo compreender os
todo: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, seguindo
significados das práticas de parto e cuidados em
o referencial da hermenêutica crítica para siste-
três contextos diferentes da assistência obstétrica
matização e análise de resultados. Os dados foram
através das vozes de mulheres e profissionais. Mé-
produzidos a partir de entrevistas abertas, gravadas
depois transcritas, com seis mulheres, o gestor e todos: Com base em conceitos antropológicos, esta
dois trabalhadores de cada equipe, totalizando-se investigação etnográfica foi desenvolvida em três
onze sujeitos. Este estudo pertence à pesquisa maior instituições em uma área carente da zona sul da
“Cartografia do Apoio institucional e matricial no cidade de São Paulo-Brasil. Os dados foram coletados
SUS do Distrito Federal: áreas prioritárias da aten- através de observação participante, anotações em
ção e gestão em saúde e a formação de apoiadores diário de campo e entrevistas semi-estruturadas.
na atenção primária a saúde”, está contemplada O estudo contou com a participação de enfermei-
com o Parecer de Aprovação no Comitê de Ética em ras obstétricas, médicos obstetras e mulheres que
Pesquisa da UnB e da FEPECS SES/DF. Resultados: vivenciaram suas experiências de parto nos locais.
A comparação com as políticas e práticas em torno Resultados: Os resultados mostraram diferentes
dessa temática permitiu perceber que são plurais as valores, sentidos e práticas de atenção ao parto
formas de se compreender o fenômeno que envolve que se mostram traduzidos nas experiências das
o parto, é portanto, um evento subjetivo. O resultado mulheres. Os contextos planejados para o parto são
deste estudo traz também, dentre outras, reflexões moldados por uma rede dinâmica de relações entre
acerca das especificidades da atenção primária em todos os que estão envolvidos no processo de nasci-
um território rural; da hospitalização e biologização mento. Conclusão: Cada contexto aparece como um
da assistência ao parto; bem como problematiza a caleidoscópio de práticas de saúde que se move e se
questão cultural da presença do (a) acompanhante e reorganiza dinamicamente. Há uma diversidade de
a violência institucional, que inviabiliza os proces- conhecimentos que justifica a forma que as práticas
sos de humanização. Conclusão: A lógica do apoio ocorrem. A relação entre mulheres e profissionais
institucional implantada no cotidiano de gestão da reflete as possibilidades ou impossibilidades de
regional possibilitou uma maior reflexão sobre os escolha, os direitos das mulheres garantidos ou
processos de trabalho. A atenção básica com vista violados. Os “encontros” e “choques” refletiram
a atender ao pré-parto, preparar para o parto e sobre as experiências e sensações que deixaram
acolher no pós-parto é um espaço potencial na rede marcas nos corpos e memórias das mulheres. Estes
de atenção à saúde da mulher no SUS. Ainda há o três contextos de de atenção ao parto nos permitem
desafio de organização desses serviços de saúde em fazer uma reflexão histórica, política e social sobre
território rural. a assistência obstétrica no Brasil.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 307
DESAFIOS DO RASTREIO E DIAGNÓSTICO PRECOCE atuam na Atenção Primária em Saúde. Descritores:
DO CÂNCER DE MAMA* neoplasias da mama, atenção primária à saúde,
Sandra Ferreira / Ferreira, S. / EPE/UNIFESP; fatores de risco, prevenção primaria.
Karen Cristina Prado Vicente / Vicente, K.C.P. /
EPE/UNIFESP; Chung He Kim Baek / Baek, C.H.K. DIFERENÇAS NO PERFIL DAS GESTANTES ATENDIDAS
/ EPE/UNIFESP; Maria Gaby Rivero de Gutiérrez / NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E NA REDE SUPLE-
Gutiérrez, M.G.R. / EPE/UNIFESP; Valterli Concei- MENTAR DE SAÚDE, ESTADO DE SÃO PAULO, 2009
ção Sanches Gonçalves / Gonçalves, V.C.S. / EPE/ Ana Carolina Gomes dos Santos / SANTOS, A.C.G
UNIFESP; Elisabeth Niglio de Figueiredo / Figuei- / FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA-USP; Silva /
redo, E.N. / EPE/UNIFESP; Silva, Z.P / FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA-USP;
Introdução: O câncer de mama é a segunda neoplasia Introdução: Desde as últimas décadas do século XX,
mais frequente entre as mulheres, respondendo por tem-se observado um número crescente de mulhe-
22% dos casos novos a cada ano. Objetivo: Reconhe- res que passam por essa experiência com mais de
cer os desafios do rastreio e diagnóstico precoce do 35 anos. A gestação tardia tem inúmeros motivos,
câncer de mama proposto pelo Documento de Con- entre os quais o desejo das mulheres em investir na
senso. Método: estudo descritivo realizado em uma formação e na carreira profissional, a postergação
unidade básica de saúde localizada no município de da época do casamento, a constituição de novas
São Paulo, entre fevereiro a abril de 2015. As entre- uniões, a grande e diversificada disponibilidade de
vistas foram realizadas com 31 mulheres com idade métodos contraceptivos e problemas de infertilidade
entre 35 e 69 anos, (CAAE: 33894014.7.0000.5505). que influenciam no atraso da gravidez. Objetivo:
Resultados: Do total da amostra 74,1% tinha idade Analisar as diferenças no perfil sociodemográfico
superior a 50 anos, 51,6% casadas, 54,8% cor parda, e nas características da gestação e do parto de ges-
80,7% analfabetas ou Fundamental 1 incompleto, tantes acima de 34 anos, atendidas no Sistema Único
29,0% trabalhavam fora de casa e 90,3% perten- de Saúde (SUS) e na rede suplementar de saúde no
ciam a classes socioeconômicas C2, D, E. Quanto Estado de São Paulo, em 2009, observando as pro-
ao Exame Clínico das Mamas (ECM), 74,2% não porções segundo as regionais de saúde. Método: O
haviam recebido orientação dos profissionais de estudo foi baseado na vinculação de dados de nasci-
saúde sobre a importância de realizá-lo e sobre a mentos Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos
idade adequada para seu início. Quanto à idade do (SINASC) e o cadastro de estabelecimentos de saúde
inicio da Mamografia (MMG) 64,3% não receberam Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
orientação e 12,5% informaram realizar a cada dois (CNES). Foram analisadas as seguintes variáveis
anos. Quanto ao Autoexame da Mama (AEM), 41,7% calculando as seguintes proporções: idade da mãe,
informaram realizar esporadicamente e ter aprendi- escolaridade da mãe, estado civil, tipo de gestação,
do a técnica com os profissionais de saúde (62,5%) e tipo de parto, paridade, idade gestacional, raça/cor
pela televisão (29,2%). Das entrevistadas 95,8% não e peso do recém-nascido, consultas de pré-natal,
conhece nenhuma atividade educativa na UBS para segundo tipo de hospital. Resultados: No Estado, as
este agravo. Os fatores de risco identificados foram: mães com mais de 35 anos representavam 12,6%, as
sedentarismo (80,6%), obesidade (74,2%) e história maiores proporções encontram-se nas regiões mais
familiar de câncer de mama (54,8%). Em relação aos desenvolvidas: Grande São Paulo (13,9%), Baixada
fatores de proteção as mulheres apontaram: controle Santista (12,7%) e Campinas (12,6%). As regiões com
de peso (77,4%), realizar atividade física (64,5%) e menores proporções são Barretos (9,68%) e Bauru
evitar etilismo (51,6%). Conclusão/contribuição: (9,72%). Comparadas com os outros grupos etários,
Condições socioeconômicas desfavoráveis e a falta essas mães são mais escolarizadas, 29,6% delas
de orientação das mulheres sobre as principais tem 12 anos ou mais de estudo, e apresentam maior
ações para o controle do câncer de mama constitui proporção de casadas (55,8%). Elas frequentam mais
importante desafio ao rastreio e diagnóstico precoce o pré-natal, 80,2% realizaram 7 ou mais consultas e
dessa moléstia, a ser enfrentado por todos os que a proporção de cesáreas é elevada (70,3%).

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 308
DIMENSÕES EXCLUSORAS E TRANSFORMADORAS a práticas educativas dialógicas que exercitem a
NO PROCESSO DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS transformação. Conclusão: No decorrer deste estudo
DE SAÚDE DE UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO se pôde compreender a importância do compromis-
APOIO AO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO so social com a promoção e apoio ao AM. Contudo,
esse compromisso social não significa imposição de
Daniela Aparecida Salgado Targino /
condutas e ações, mas sim a necessidade e urgência
Targino,D.A.S. / Universidade Federal de São
de uma postura dialógica, executando-se ações em
Carlos; Luara de Carvalho Barbosa / Barbosa,L.C.
plano de igualdade, partindo das premissas de huma-
/ Universidade Federal de São Carlos; Graziani
nização, e na responsabilização da transformação e
Izidoro Ferreira / Ferreira,G.I. / Universidade
Federal de São Carlos; Márcia Regina Cangiani empoderamento das nutrizes.
Fabbro / Fabbro,M.R.C. / Universidade Federal de
São Carlos; Geovânia Pereira dos Reis Machado EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA PROFISSIONAIS DO
/ Machado,G.P.R. / Universidade Federal de São SEXO IN LOCO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Carlos; Nayane Alves da Silva / Silva, N.A. / UFG- RC;
Introdução: A Estratégia de Saúde da Família (ESF) Nayane Angélica Bernardes Martins / Martins,
apresenta-se como um modelo substitutivo à aten- N.A.B. / UFG- RC; Bárbara Rosa Correia Leandro
ção de saúde, atendendo aos princípios do Sistema / Leandro, B.R.C. / UFG- RC; Daiane dos Santos
Único de Saúde (SUS), estabelecendo uma relação de Deus / Deus, D.S. / UFG- RC; Nayanna Cristina
de proximidade entre profissionais e comunidade Ferreira de Souza / Souza, N.C.F. / UFG- RC; Luiz
sendo, portanto, uma importante ferramenta de Henrique Batista Monteiro / Monteiro, L.H.B. /
articulação e efetivação para a promoção e apoio ao UFG- RC; Walterlânia Santos / Santos, W. / UnB
Aleitamento Materno Exclusivo (AME). Sendo assim, Ceilândia; Inaina Lara Fernandes / Fernandes, I.L.
o AME é o objeto deste estudo, tendo a ESF como uni- / UFG- RC; Camila Lucchese Veronesi / Veronesi,
verso de investigação. Objetivo: Teve como objetivo C.L. / UFG- RC/ UNICASTELO- SP;
analisar os elementos exclusores e transformadores Caracterização do Problema: Ao adentramos na rea-
no processo de trabalho dos profissionais de saúde lidade de uma Unidade de Saúde na Atenção Básica
das equipes de Saúde da Família para o apoio ao propostas pela disciplina de Processo de Cuidar em
Aleitamento Materno Exclusivo (AME). Método: Saúde da Mulher I, identificamos a importância da
O Referencial Teórico utilizado constituiu-se pela educação em saúde direcionada aos profissionais
Aprendizagem Dialógica e Feminismo Dialógico do sexo. O trabalho sexual consiste no exercício
e o Referencial Metodológico pela Metodologia de revender serviços de caráter sexual, em que, as
Comunicativa Crítica. Trata-se de um estudo quali- profissionais do sexo, apresentam comportamento
tativo, desenvolvido com equipes de cinco Unidades de risco para a contaminação por diferente agentes
de Saúde da Família, em um município do interior patogênicos, dentre esses, os causadores de doenças
de Minas Gerais, no ano de 2011 e 2012. Os dados sexualmente transmissíveis (DST). Assim, a equipe
foram coletados utilizando-se da técnica de grupo de saúde precisa intervir junto a essa população
de discussão comunicativo e analisados segundo a vulnerável, podendo ser por meio de educação em
Metodologia Comunicativa Crítica, evidenciando saúde. Descrição: Relatar experiência de educação
os aspectos transformadores e exclusores no apoio em saúde a profissionais do sexo em seu local de
que a ESF oferece para o AME. Resultados: Os resul- trabalho no Município de Catalão-GO. A proposta
tados concluíram que os profissionais de saúde que foi desenvolvida por graduandas de Enfermagem/
experienciaram o Aleitamento Materno tem maior UFG- RC, abordando as doenças sexualmente
segurança nas orientações, contudo, mesmo que a transmissível (DST) e seus métodos de prevenção.
estratégia seja uma referência de apoio à amamenta- Foi elaborado e desenvolvido com as profissionais
ção, ainda está influenciada por uma racionalidade do sexo in loco, ou seja, em boate, com 6 mulheres
instrumental, dando lugar a práticas assistenciais e 2 homens, em formato de roda de conversa” para
de pouco êxito. Assim impregnada, criam obstáculos incentivar a confiança e a interação. Conduzimos

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o diálogo sobre HIV/ AIDS, Herpes, Hepatite B, limitam a vivência paterna no cuidado em saúde do
Tricomoníase, Gardnerella e medidas preventivas. binômio mãe-filho(a). Método: Utilizamos a Metodo-
À medida que esse grupo despertava o interesse, re- logia Comunicativa Crítica, referencial teórico-me-
alizaram questionamentos sobre os aspectos expla- todológico que percebe a realidade como construção
nados, principalmente no que concerne ao centro de de significados, alcançados intersubjetivamente, por
referência local. Ao orientar sobre a importância dos sujeitos capazes de linguagem e ação. Foram utili-
preservativos, afirmaram fazer uso do mesmo na ver- zados dois métodos de coleta de dados: os relatos e
são masculina. Convidamos uma das participantes o grupo de discussão comunicativos. Participaram
para demonstrar a técnica de uso, e identificamos do estudo 4 homens ACS que eram pais. A análise
equívocos, revelando sobre ruptura frequente da dos dados foi realizada conjuntamente com os par-
camisinha, apontando para inadequações da técni- ticipantes, os quais são acreditados de mesma capa-
ca. Além disso, desconheciam a versão feminina do cidade de interpretação que o pesquisador, porém
preservativo. Procedemos à orientação pertinente. em diferentes níveis de entendimento. Resultados:
Lições Aprendidas: Inicialmente, os profissionais do Observamos que a rigidez de normas e rotinas das
sexo demonstraram resistência em participar das instituições de saúde, bem como a visão de alguns
atividades, alegando cansaço, devido ter trabalhado de seus profissionais, limitaram a vivência paterna.
no turno anterior e por não receberem pessoas que Também observamos que as empresas privadas não
visam informar sobre os agravos de saúde. No proce- reconhecem a importância de favorecer que o pai
der da intervenção evoluiu para uma relação positiva esteja mais próximo dessa vivência e que o período
entre acadêmicos e profissionais do sexo. A proposta de 5 dias da licença-paternidade não foi suficiente
da atividade alcançou os resultados esperados. Re- para integrar o pai nos cuidados em saúde. Houve a
comendações: Esta atividade de educação de saúde prevalência da gestação e aleitamento como proces-
indicou a necessidade de propor estratégias junto a sos biológicos femininos e de um processo de socia-
essa população vulnerável, principalmente, in loco, lização de gênero que determina o lugar do homem
uma vez que há questões culturais e organizacionais fora do cotidiano familiar, perpetuando atribuições
que não estimulam o acesso aos serviços de saúde que distanciam o pai do ciclo gravídico-puerperal
pelos profissionais do sexo. e sentimentos de medo e despreparo ao manipular
o bebê. Por fim, evidenciou-se que alguns pais não
ELEMENTOS LIMITADORES DA VIVÊNCIA PATERNA demonstram interesse pela gestação e não buscam
NOS CUIDADOS EM SAÚDE DO BINÔMIO MÃE- conhecimentos sobre tal. Conclusões: Destacamos
-FILHO(A) que os profissionais de saúde precisam expandir as
Fernando Henrique Ferreira / Ferreira,F.H. / Uni- discussões sobre a paternidade e desenvolver estra-
versidade Federal de São Carlos; Luara de Carvalho tégias para superar os obstáculos que inviabilizam a
Barbosa / Barbosa,L.C. / Universidade Federal de vivência paterna, como: a organização das institui-
São Carlos; Graziani Izidoro Ferreira / Ferreira,G.I. ções de saúde frente ao horário de trabalho do pai;
/ Universidade Federal de São Carlos; Geovânia a perpetuação de construções sociais que atribuem
Pereira Dos Reis Machado / Machado,G.P.R. / seu distanciamento; e a propagação da gestação e
Universidade Federal de São Carlos; Márcia Regina do aleitamento como atributos fisiológicos femini-
Cangiani Fabbro / Fabbro,M.R.C. / Universidade nos. Por fim, propomos a ampliação dos espaços de
Federal de São Carlos; pesquisa, sociais e educativos que permitam aos
Introdução: Observamos o embate moderno entre homens refletirem e proporem estratégias de êxito
os novos rumos familiares e a conduta masculina para transformarem sua realidade.
e paterna ainda arrigada em moldes tradicionais,
o que repercute nos cuidados em saúde da mulher ELEMENTOS PROMOTORES DA VIVÊNCIA PA-
e do bebê durante o ciclo gravídico-puerperal. Obje- TERNA NOS CUIADOS EM SAÚDE DO BINÔMIO
tivo: Identificar quais elementos, presentes na fala MÃE-FILHO(A)
do Agente Comunitário de Saúde (ACS) que é pai, Fernando Henrique Ferreira / Ferreira, F.H. / Uni-

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versidade Federal de São Carlos; Geovânia Pereira seus filhos. Conclusões: Destaca-se a importância
Dos Reis Machado / Machado, G.P.R. / Universi- das instituições e profissionais de saúde na inclu-
dade Federal de São Carlos; Luara de Carvalho são dos pais nos cuidados do binômio mãe-bebe e
Barbosa / Barbosa, L.C. / Universidade Federal de propõe-se que ampliem as estratégias para superar
São Carlos; Daniela Aparecida Salgado Targino os obstáculos que inviabilizam a vivência paterna,
/ Targino, D. A. S. / Universidade Federal de São garantindo maior abrangência de pais e fornecendo
Carlos; Marcia Regina Cangiani Fabbro / Fabbro, informações a estes. Por fim, apoia-se a ampliação
M.R.C. / Universidade Federal de São Carlos; de espaços de pesquisa e sociais que permitam aos
Introdução: Observamos o embate moderno entre homens refletirem e proporem estratégias de êxito
os novos rumos familiares e a conduta masculina para transformarem sua realidade. Palavras-chaves:
e paterna ainda arrigada em moldes tradicionais, o Pai; Paternidade; Relações pai-filhos; Saúde; Enfer-
que repercute nos cuidados em saúde da mulher e do magem.
bebê durante o ciclo gravídico-puerperal. Objetivo:
Identificar quais elementos, presentes na fala do EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS COM A FALTA DE
Agente Comunitário de Saúde (ACS) que é pai, pro- HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL,
movem a vivência paterna no cuidado em saúde do PARTO E PÓS-PARTO EM UM HOSPITAL MATER-
binômio mãe-filho(a). Método: Utilizamos a Metodo- NIDADE
logia Comunicativa Crítica, referencial teórico-me- Karime Cassia da silveira gondim / GONDIM,
todológico que percebe a realidade como construção K.C.S / UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS- UFG;
de significados, alcançados intersubjetivamente, por INAINA LARA FERNANDES / FERNANDES, I.L /
sujeitos capazes de linguagem e ação. Foram utili- UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS- UFG; Keise
zados dois métodos de coleta de dados: os relatos e Rodrigues Silva / SILVA, K.R / UNIVERSIDADE
o grupo de discussão comunicativos. Participaram FEDERAL DE GOIAS- UFG;
do estudo 4 homens ACS que eram pais. A análise CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: Trata-se de um
dos dados foi realizada conjuntamente com os par- relato de experiência, cujo objetivo é descrever a
ticipantes, os quais são acreditados de mesma capa- vivência de uma acadêmica de enfermagem da Uni-
cidade de interpretação que o pesquisador, porém versidade Federal de Goiás-Regional Catalão frente
em diferentes níveis de entendimento. Resultados: á disciplina de Saúde da Mulher II. As experiências
Observou-se que as instituições e os profissionais vivenciadas, não foram as mais esperadas visto que
de saúde foram determinantes na maior inclusão em nossa formação nos é ensinado que independente
do pai nos cuidados em saúde do binômio mãe-bebê do procedimento a ser realizado é sempre preciso
e fontes de informação para ele. Os participantes humanizar a assistência prestada. A instituição em
pontuaram a existência de discussões e estratégias questão tem um índice de 90% de cesáreas realiza-
para inclusão do pai nas instituições de saúde onde das, os 10% destinados ao parto normal, não fogem
desempenham suas funções. Além disso, a existên- à regra, sendo estas, automática e medicalocentrica.
cia de uma política pública de acesso ao período de Podemos observar durante este período, que as par-
trabalho de parto e parto favoreceu a inserção do turientes e puérperas, desconhecem os seus direitos
pai neste momento e teve reflexos significativos na garantidos por lei, e o quanto esta deficiência do
sua atuação. Houve experiências que se alinharam conhecimento, afetam na qualidade da assistência
à uma vivência paterna mais efetiva e afetiva, com ao acompanhamento de pré-natal, parto, pós-parto e
repercussões importantes para o cuidado em saúde. principalmente interferindo no binômio mãe e filho.
Faz-se ênfase à importância do dialogo na relação Ao questiona-las sobre a lei 11.108, que garante a
conjugal e dos contextos de apoio e à existência de presença do acompanhante durante o parto, parto
relações igualitárias, nas quais houve divisão dos e pós-parto as respostas foram negativas. A falta de
cuidados domésticos, da educação e dos cuidados humanização e rispidez, em que, os profissionais de
da criança. Por fim, apontou-se que os próprios saúde atendem a essas mulheres, com violências
pais foram os modelos de pai que queriam ser para verbais e psicológicas, demostrou que a equipe

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multidisciplinar de saúde não tem conhecimento e 50 anos. O instrumento de coleta de dados usado é
preparo na assistência de qualidade durante o perí- composto por 28 questões do tipo fechada aplicadas
odo em que elas se encontram no âmbito hospitalar. em uma ONG no município de Campinas. Resultados
Com a entrada da universidade, percebemos que Preliminares: O parto normal é via de preferência
causamos incômodo, o que não deveria acontecer, escolha por 67% das mulheres usuárias do Sistema
pois a universidade trabalha em parceria com a Único de Saúde. As principais justificativas dadas
instituição, no qual, há a troca de conhecimentos pelas mulheres incluem, menos sofrimento, menos
mútuos e o desenvolvimento de novas metodologias, doloroso, melhor recuperação, melhor para o bebê
o que deveria somar e não aniquilar. DESCRIÇÃO: e indicação médica. Interferiu significativamente
No período de 14 dias do mês de maio de 2015, um mulheres que tiveram partos traumáticos anterior-
grupo de cinco alunos desempenhou seu campo mente, como fórceps, e gestação de risco. Conclusão
prático no Hospital Materno Infantil, localizado no Prévia: O parto vaginal é o preferido pela maioria
sudoeste goiano. LIÇÕES APRENDIDAS: Apesar das das mulheres entrevistas preliminarmente (n=34).
dificuldades em relação ao desenvolver das nossas O perfil das clientes que preferem a vida de parto
atividades de orientações e acompanhamento das natural são majoritariamente, mulheres de maior
parturientes e puérperas, conseguimos distinguir faixa etária, com maior quantidade de filhos e me-
qual tipo de profissional queremos ser, e o quão a nor renda familiar, e com companheiros fixos. As
orientação modifica, e empodera essas mulheres mulheres mais jovens optam predominantemente
á conhecerem de fato seus direitos de ter uma as- pelo parto cesariano, visto que sentem medo da dor.
sistência integral, dando a oportunidade a elas de Palavras-chave: Cesárea, Parto Natural, Empodera-
serem protagonistas de seu parto. RECOMENDA- mento no trabalho de parto.
ÇÕES: É de grande importância o desenvolvimento
de educação permanente e continuada, capacitação GRUPO DE APOIO A MULHERES NO PÓS-PARTO:
qualificada e reestruturação da instituição, com o O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA REALIZADA EM
intuito de introduzir novos conceitos aos gestores UM SERVIÇO DE SAÚDE ESCOLA
e profissionais, concedendo uma assistência de Márcia Regina Cangiani Fabbro / Fabbro, M. R. C
qualidade e mais humanizada. / UFSCar; Ana Carolina Sartorato Beleza / Beleza,
A. C. S. / UFSCar; Jamile Claro de Castro Bussadori
FATORES ASSOCIADOS À PREFERÊNCIA DA MU- / Bussadori, J. C. de C. / UFSCar; Patricia Driusso
LHER NA ESCOLHA DA VIA DE PARTO / Driusso, P. / UFSCar; Monica Ambiel / Ambiel,
Raquel Machado Cavalca Coutinho / Coutinho, M. / UFSCar; Renata Moura da Silva Vidal / Vidal,
R.M.C. / UNIP; Daiane Fernandes Silva / Silva, D.F. R. M. da S. / UFSCar; Luara de Carvalho Barbosa
/ UNIP; / Barbosa,L.C. / UFSCar; Viviane Rodolpho de Oli-
Introdução: Cresce o número de mulheres que estão veira / Oliveira, V. R. de / UFSCar;
insatisfeitas com a experiência de parto. O presente Caracterização do Problema: o puerpério é um perí-
estudo trata-se sobre a escolha da mulher em rela- odo delicado na vida da mulher devido as diversas
ção ao tipo de parto desejado. Objetiva identificar mudanças físicas e emocionais que serão vivencia-
os fatores relacionados à preferência da mulher na das juntamente com a chegada do novo bebê. Diante
escolha da via de parto entre o desejo original e o de poucos recursos e auxílio que a mulher encontra
desfecho tomando como referencias as mulheres para passar por esse período com menor angústia,
usuárias do setor público além de verificar se as foi idealizado por uma equipe multiprofissional da
informações oferecidas as gestantes sobre benefí- saúde um grupo de apoio a mulheres no pós-parto.
cios, riscos e efeitos adversos das intervenções no Descrição: os encontros propostos foram realizados
parto normal e de cesarianas são assimiladas pelas semanalmente na Unidade de Saúde Escola da UFS-
mesmas. Métodos: Estudo descritivo-exploratório Car, sendo estes encontros mediados por professores
com abordagem quantitativa, estuda uma amostra e estudantes de fisioterapia e enfermagem. A cada
de 200 mulheres que já tiveram filhos, entre 18 e encontro era realizada uma roda de conversa sobre

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temas pré-definidos com as mães que participavam casos/1.000NV. No mesmo período, observou-se au-
do grupo juntamente com seus bebês. Os seguintes mento do percentual de população cadastrada pela
temas foram abordados: a vida pós-maternidade, ESF (40,20% para 59,13%) e também da população
auto-cuidado materno, o desenvolvimento neuromo- beneficiária de planos de saúde (34,52% para 34,84%
tor do bebê e da criança, o sono do bebê, introdução em 2012). No entanto, a despeito do maior acesso
alimentar, exercícios no pós-parto e aleitamento potencial ao sistema, o percentual de nascidos vivos
materno. Lições Aprendidas: Pode-se afirmar que com sete ou mais consultas de pré natal apresentou
compartilhar sentimentos e angústias, bem como redução de 77,40 para 74,31%. Dos 39 municípios da
ter um espaço para estas reflexões, se constitui região, 22 notificaram casos no período, incluindo
como importante fonte de suporte social, promo- municípios de alta vulnerabilidade social (medida
ção de saúde e qualidade de vida para as mulheres pelo Índice Paulista de Vulnerabilidade Social), como
no pós-parto. A gravidez e o nascimento dos filhos também aqueles cuja população pertence majorita-
são acontecimentos muito marcantes na vida das riamente à categoria de vulnerabilidade baixíssima,
mulheres. Porém, apesar de naturais, estes temas muito baixa ou baixa. Conclusão: A região segue a
são carregados de mitos, tabus, dúvidas e angústias, tendência estadual. Os dados revelam que embora
mesmo para as mães mais experientes. Recomenda- o potencial acesso ao cuidado, medido pelo percen-
ções: Espera-se que esta experiência seja o ponto tual de famílias cadastradas pela ESF e de pessoas
de partida para outras instituições e profissionais portadoras de planos de saúde, tenha aumentado,
poderem realizar outras experiências em grupo que houve aumento significativo da incidência de Sífilis
abordem o tema puerpério. Congênita, não relacionado à vulnerabilidade social.
O aumento de acesso ao cuidado não se efetivou no
INCIDÊNCIA DE SÍFILIS CONGÊNITA NA REGIÃO número de consultas de pré natal, que diminuiu no
DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA E LITORAL NOR- período. É preciso analisar de que forma o acesso
TE: AINDA UM DESAFIO pode se traduzir em melhor cuidado.
Paula V Carnevale Vianna / Vianna, P.V.C. / UNIVAP;
Ana Claudia Leme Erica / Erica, A.C.L / Univap; INCLUSÃO DO PARCEIRO NO PRÉ-NATAL: POTEN-
A Sífilis congênita é uma doença evitável e represen- CIALIDADES E FRAGILIDADES NA PERCEPÇÃO DE
ta um sério problema de saúde pública. No Brasil, PROFISSIONAIS ATUANTES NA ATENÇÃO PRIMÁ-
as taxas são ascendentes, apesar do aumento da RIA DE SAÚDE
cobertura de pré natal e da ampliação da implanta- Márcia Regina Cangiani Fabbro / FABBRO, M.R.C.
ção da Estratégia de Saúde da Família. A tendência / UFSCar; Monalisa Nanaina da Silva / SILVA,
também é observada no Estado de São Paulo, cuja M.N. / UFSCar;
incidência aumentou de 1,40 (2008) para 3,90 ca- A sífilis congênita, decorrente da contaminação da
sos por 1.000 nascidos vivos (2013), acompanhada gestante, tem íntima relação com a qualidade do
de discreta queda da cobertura de pré natal (76,09 pré-natal. Várias são as lacunas na assistência para
para 75,71%) e aumento do percentual de famílias que este evento não seja diagnosticado e tratado no
cadastradas pela Estratégia Saúde da Família pré-natal. Uma delas é a falta e/ou inadequação do
(ESF; 56,28% para 57, 07%). Objetivo: Verificar a tratamento do parceiro. O objetivo desta pesquisa
incidência regional de sífilis congênita no Vale do foi identificar as fragilidades e potencialidades de
Paraíba Paulista (VPP) e relaciona-la à cobertura uma proposta de inserção do parceiro no pré-natal,
de pré-natal, Estratégia Saúde da Família, saúde na percepção de 12 profissionais de saúde de uma
suplementar e vulnerabilidade social. Metodologia: Unidade Básica de Saúde e uma Unidade de Saúde da
Trata-se de estudo exploratório, ecológico; baseado Família, de um município do interior de São Paulo . A
em fontes secundárias (DATASUS e Fundação SEA- inclusão do parceiro como estratégia foi identificada
DE), para os anos de 2008 a 2013. Resultados: Nos no eixo pesquisa do Programa de Educação para o
seis anos analisados, foram notificados 303 casos Trabalho (PET) Vigilância em Saúde 2013/2015. Par-
de sífilis congênita, com aumento de 1,32 para 2,92 ticiparam médicos, equipe de enfermagem, agentes

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comunitários de saúde e uma representante da vigi- das parteiras e da capacidade da mulher para parir.
lância em saúde. Parecer comitê de ética nº 457.430. A institucionalização do parto é marcada por uma
Após explanação dos resultados do PET- Vigilância cascata de intervenções dirigidas às mulheres e
e da proposição de fluxograma para diagnóstico e recém-nascidos, exemplificada com a alta taxa de
manejo da sífilis na gestação; foi solicitado, por meio cesárea que contraria recomendações da OMS. Há
da técnica de tarjetas, que descrevessem fragilida- ainda a violência obstétrica denunciada em estudos
des e potencialidades para execução da proposta. sobre o tema (Fundação Perseu Abramo, 2010). Tal
Como ponto positivo observou-se: oportunidade cenário parece ter sido um dos fatores que levou al-
de aproximação do homem ao serviço de saúde, gumas mulheres a realizar partos fora do ambiente
facilidade para manejo das infecções sexualmente hospitalar. Para contribuir para a compreensão da
transmissíveis (IST), fortalecimento do vínculo escolha pelo Parto Domiciliar Planejado (PDP) por
entre casal e envolvimento do parceiro no cuidado mulheres residentes em município que dispõe de
à gestante e ao recém-nascido. Como fragilidades: leitos obstétricos públicos e privados, realizamos
dificuldade do parceiro em comparecer as consultas pesquisa de iniciação científica. Objetivo: conhe-
devido ao trabalho, complicações com a emissão de cer as narrativas de mulheres que escolheram PDP
atestados, obstáculos para a captação do parceiro em São José dos Campos. Métodos: realizamos
e equipe de saúde despreparada para aborda-lo. O pesquisa qualitativa com a adoção da perspectiva
estudo demonstrou que a proposta possibilita boas teórica construcionista (Spink, 2009). Observamos
oportunidades para a qualificação da assistência encontros grupais para contextualização do campo
pré-natal, dado que, a inclusão do parceiro o torna e realizamos entrevistas semi-estruturadas com
membro ativo na gestação, o que pode aumentar a mulheres que tiveram PDP, com história de parto
adesão da gestante à rotina de exames. Melhora a hospitalar anterior. Resultados: Foram observados
adesão ao aconselhamento e oferta de diagnóstico dois encontros grupais e entrevistadas quatro mu-
e tratamento das IST, diminuindo a transmissão lheres. A análise permitiu organizar os relatos em
vertical de infecções, possibilita criar um apoio categorias relacionadas ao parto hospitalar anterior:
emocional à gestante e um vínculo afetivo com o a vulnerabilidade da mulher no hospital e as reper-
bebê, além de possibilitar cuidar da saúde do homem cussões da separação precoce mãe e bebê; e ao parto
também. Contudo, para que haja sucesso na inclu- em casa, enfocando o parto em casa: informação e
são do parceiro no pré-natal é imprescindível que afirmação da autonomia e a percepção corporal no
o município assuma como uma política de saúde e parto. Conclusões: As mulheres que escolheram
que a equipe esteja envolvida com a proposta, dado parir em casa narraram a experiência enfatizando
ser necessárias mudanças no processo de trabalho os aspectos positivos. Elas enfrentaram o modelo
e nas ações em saúde. hegemônico de assistência obstétrica e fizeram a
escolha à margem do SUS, pois não puderam contar
NARRATIVAS SOBRE O PARTO DOMICILIAR PLA- com diretrizes para o parto domiciliar planejado em
NEJADO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP nenhuma das três esferas de gestão. Os custos da
Arlene Ferreira de Paula Azevedo / Azevedo, A. P. / recusa do hospital como local de parto foram arcados
USP; Cláudia Medeiros de Castro / Castro, Cláudia por elas e seus companheiros. Nos parece necessário
M., / USP; que o Ministério da Saúde reconheça que a escolha
Introdução: No Brasil 98% dos partos são hospitala- do local de parto é um direito das mulheres, para que
res (PNDS-2008), fenômeno que indica o sucesso de possam fazer escolhas seguras, inseridas dentro do
décadas de políticas públicas voltadas para a aten- Sistema Único de Saúde.
ção obstétrica e a ampliação do acesso aos serviços
de saúde promovido pelo SUS, mas também pode ser O CUIDADO À GESTAÇÃO DE RISCO NO MUNICÍ-
entendido como uma das faces da construção social PIO DE SANTOS – PET SAÚDE - UNIFESP CAMPUS
do parto como evento medicalizado, historicamente BAIXADA SANTISTA
situado, que foi acompanhado da desqualificação Bruna Nubile Maynart Lemos / Lemos, B.N.M.

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/ Universidade Federal de São Paulo; Macarena de 43% das gestantes são encaminhadas com menos
Urrestarazu Devincenzi / Devincenzi, M.U. / de 20 semanas de gestação. Conclusão O estudo
Universidade Federal de São Paulo; Maria Gracie- pretende contribuir para problematização e revisão
la Gonzalez Perez de Morell / Morell, M.G.G.P. / das ações voltadas para a gestante de alto risco, de-
Universidade Federal de São Paulo; Pamela Bueno senvolvidas pelo município. Os principais desafios
/ Bueno, P. / Universidade Federal de São Paulo; encontrados foram a necessidade de informatizar
Sabrina de Oliveira Silva Savazoni / Savazoni, os registros; manter a vigilância dos casos a partir
S.O.S / Universidade Federal de São Paulo; da atenção básica; melhorar o fluxo de referência e
Introdução O PET Saúde–Construção de Rede de contra referência com as Maternidades e adequar a
Cuidado em Saúde da Mulher e da Criança, parce- ambiência e infraestrutura do serviço secundário.
ria entre a UNIFESP Campus Baixada Santista e
a Secretaria Municipal de Saúde, foi desenvolvido O DIÁLOGO ENTRE AS PRÁTICAS DE SAÚDE E A
entre 2012 e 2014, em Santos, e teve como um dos VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA CIDADE DE
cenários de atuação a Casa da Gestante, um equi- CORUMBATAÍ
pamento de saúde que oferece assistência em nível Mariana De Gea Gervasio / Gervasio, M. D. G. /
secundário à gestação de risco. As gestantes de risco EACH-USP; Elizabete Franco Cruz / Cruz, E. F. /
chegam ao serviço após já terem iniciado o pré-natal EACH-USP;
na unidade básica de saúde de referência. Ao ser A saúde da mulher é um campo em constante cons-
detectado algum risco para o desenvolvimento da trução. Desde meados da década de 80, existem
gestação, por profissionais da atenção primária, a políticas públicas que adotam a perspectiva da saúde
gestante recebe encaminhamento para o serviço, integral das mulheres. Entretanto, recorrentemente
onde será realizada nova avaliação e diagnóstico se ainda encontramos desigualdades de gênero no aten-
permanecerá na atenção secundária, voltará para dimento às mulheres e concepções de saúde que cir-
atenção primária ou se será encaminhada para o cunscrevem a saúde da mulher à esfera reprodutiva.
nível terciário. Objetivos Abordar o histórico desse As práticas de saúde direcionadas à mulher, em sua
equipamento, sua importância para o município maioria, são regidas pelo modelo biomédico e, com
e o perfil das gestantes acompanhadas. Método A frequência, não consideram suas particularidades.
metodologia utilizada no estudo foi quantitativa e Preconceitos, estereótipos e padrões relacionados às
de revisão bibliográfica. Percorremos um caminho questões de gênero como a violência doméstica e o
de estudos e revisão literária sobre a gestação de abuso de poder do homem sobre a mulher interferem
alto risco; as iniciativas estatais para melhorar a no atendimento integral. Apresento neste trabalho
qualidade do pré-natal; trajetória do município de parte dos resultados obtidos na pesquisa de mes-
Santos/SP no cuidado à saúde da gestante e sobre trado intitulada Saúde da Mulher na perspectiva de
o histórico da Casa da Gestante. Por meio de levan- profissionais e gestores de saúde em Corumbataí”,
tamento de dados a partir dos registros do serviço, na qual destaco como as práticas de saúde do mu-
buscamos quantificar o número de pacientes aten- nicípio dialogam com a Política Nacional de Assis-
didas no período de um ano (SET/ 2013 – SET/2014), tência Integral à Saúde da Mulher no que se refere
quais os motivos de encaminhamento, território de à temática da violência contra as mulheres. Nesse
referência, idade materna, paridade, idade gestacio- estudo utilizamos como procedimento metodoló-
nal e avaliação da contra referência. Resultados No gico a realização de entrevista semi-estruturada,
período, 471 gestantes realizaram a primeira consul- dentro da abordagem qualitativa de produção de
ta do pré-natal de risco no equipamento. Chegaram informações. O material produzido foi transcrito e
ao serviço gestantes com 57 diagnósticos diferentes. analisado com base nos procedimentos propostos
Constatou-se que os diagnósticos mais frequentes por Spink (2010). Temáticas como violência contra
foram a Diabetes e Hipertensão. Em 96% dos casos a mulher, pluralidades identitárias, relações de
encaminhados a Casa da Gestante, o diagnóstico rea- gênero e direitos sexuais e reprodutivos, apresen-
lizado pela Unidade Básica é confirmado e em torno tam fragilidades na forma como se engendram no

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sistema. O atendimento oferecido às mulheres se com perguntas abertas, foi solicitado a descrição e
restringe a um atendimento técnico e assistencial impacto de cada fase da doença, desde o diagnóstico,
direcionado ao trauma físico. Não há uma ação es- tratamento quimioterápico e radioterápico, até a(s)
pecífica ou orientada para o acolhimento da mulher. cirurgia(s). As histórias colhidas por meio de entre-
Salientamos a importância de operar no sentido de vistas gravadas e transcritas na íntegra foram anali-
oferecer mais visibilidade às questões de gênero e sadas utilizando a técnica de similaridade temática
integralidade, incorporando tais pautas nas práticas da Análise de Conteúdo de Bardin. Resultados: A
e nas ações de saúde como forma de iniciar um deba- pesquisa foi realizada em duas cidades do interior
te e de desenhar políticas municipais que trabalhem paulista, nas residências de quatro mulheres, na
com este tema em diálogo com a política nacional. faixa etária de 40 á 55 anos de idade. Encontramos
Dessa forma, pensar nas tessituras que engendram três categorias principais: história de vida; a auto-
essa temática é um ponto fundamental no combate -imagem e o enfrentamento. Todas as entrevistadas
à violência contra a mulher. Dar visibilidade às de- apresentaram relatos similares relacionados à doen-
sigualdades de gênero não significa acabar com a ça, referindo como situação mais difícil, o momento
violência e outras formas de preconceito, entretanto de receber o diagnóstico da doença. O medo da morte
suscita o debate sobre o tema. foi o que mais nos chamou a atenção. A busca da
fé, a crença no poder de Deus, foi uma constante
O IMPACTO DO CÂNCER DE MAMA NA HISTÓRIA nos relatos. O impacto em sua imagem corporal foi
DE VIDA DA MULHER: O USO DA TÉCNICA DE também identificado pelas mulheres; as tentativas
HISTORIA ORAL de se adaptar a uma nova imagem que seria refletida
Rosana Tupinambá Viana Frazili / Frazili. RTV no espelho após a cirurgia. Outro item em destaque
/ FATEA; Monica Maria Catharina / Catharina, foi a importância do apoio da família e amigos, na
MM / FATEA; Thaís Rosa Moreira / Moreira, T.R. / superação das sequelas deixadas pela doença. Con-
FATEA; Monica Abreu Medeiros Aguiar / Aguiar, clusão: Estudos que entendam este momento vivido
M.A.M. / FATEA; Pedro Henrique Cunha Ibarra pela mulher, podem auxiliar na busca de ações que
Ferreira / Ferreira, P.H.C.I. / FATEA; promovam a qualidade de vida e colaborem na su-
Introdução: O câncer de Mama é uma das patologias peração desta doença que desencadeia uma série de
mais frequente entre as mulheres em âmbito mun- sentimentos, reações e mudanças como as contidas
dial, sendo que no Brasil a região com mais casos é na presente pesquisa.
o Sudeste (71,18/ 100mil). Receber o diagnóstico do
câncer de mama é um momento ímpar na vida das O USO DE CRACK NA GESTAÇÃO E SUAS CONSE-
mulheres, despertando o medo, angústia, desespero QUÊNCIAS NEUROLÓGICAS PARA O DESENVOL-
por ser uma doença rodeada de estigmas. O trata- VIMENTO FETAL
mento do câncer de mama é agressivo, afetando, não Ana Cristina Ferreira Porfirio / Porfirio,A.C.F. /
somente o corpo, como a mente, os relacionamentos Faculdade Aldeia de Carapicuiba; Rosineide Nunes
sociais e familiares; gerando um impacto muito de Sousa / Sousa,R.N. / Faculdade Aldeia de Cara-
grande na vida dessas mulheres, interferindo na picuiba; Ana Lucia Batista Aranha / Aranha,A.L.B.
rotina diária. Objetivo: Com o objetivo de conhecer / Faculdade Aldeia de Carapicuiba; Rosilene
a história de vida e a percepção da autoimagem de Santos da Costa / Costa,R.S. / Faculdade Aldeia de
mulheres que estão na fase de controle do câncer Carapicuiba;
de mama, foi realizada esta pesquisa. Metodologia: O Brasil hoje é o maior consumidor de crack no
O estudo foi desenvolvido em quatro mulheres que mundo. A estimativa encontrada, então, nas capitais
terminaram o tratamento para o câncer de mama, do país e Distrito Federal, para a população desses
estando em fase de controle. O impacto do câncer municípios que consomem crack e/ou similares de
de mama na vida dos sujeitos da pesquisa foi abor- forma regular é na proporção de, aproximadamente,
dado por meio de entrevista, com o uso de técnica 0,81% o que representaria cerca de 370 mil usuários.
de história oral. Com a utilização de um roteiro, O uso de drogas por mulheres grávidas é um assunto

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 316
bem conhecido e estudado, constitui um problema de parto que acompanharam. Objetivos: Descrever
bastante difundido na nossa sociedade sendo um e compreender o cotidiano dos profissionais de
tópico de grande relevância para a saúde pública. enfermagem na assistência ao parto das indígenas
A triagem durante a consulta pré-natal é a melhor do PIX. Método: A história oral foi escolhida como
estratégia para identificar usuários de drogas, bem trajetória metodológica por proporcionar maior
como os fatores de risco para o consumo por mulhe- liberdade para o desenvolvimento das entrevistas a
res grávidas. Este estudo tem como objetivo escre- partir da definição do objeto a ser apreendido, sem
ver os efeitos do uso da crack durante a gestação. perder o teor científico. Resultados: As entrevis-
Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, de tadas possuem perfil bem diverso, a começar pelo
caráter descritivo exploratório, pesquisadas em ar- ano de formação profissional, instituições em que
tigos publicados na língua portuguesa. O perfil das se formaram, experiências profissionais antes da
usuárias na maioria das vezes é: baixo nível sócio- entrada em área indígena e contato anterior com
-econômico; geralmente pardas e negras; possuem parto, aspectos que influenciaram as ações frente
idade média de 25 anos; são polidrogadas, ou seja, ao parto no PIX. Os profissionais de saúde não in-
fazem uso de várias drogas; possuem antecedentes dígenas tiveram que refletir sobre seu papel, pois
familiares e pessoais de uso de drogas; anteceden- se deparam com situações novas, inclusive tendo
tes de encarceramento por roubos, prostituição e que compartilhar o cuidado com os especialistas
violência; apresentam atenuação de religiosidade tradicionais indígenas, percebendo que não era o
e; iniciam precocemente a sexualidade. O uso do protagonista do processo. De fato são os atores indí-
crack no período gestacional tem causado grande genas que lideram a atenção ao parto, seja a parteira
preocupação no ambiente médico por seus efeitos de- como figura reconhecida daquela comunidade, o
vastadores sobre o feto e o neonato. A identificação pajé, raizeiro, a mãe, a irmã, tia ou avó. Conclusão:
do abuso de cocaína/crack em gestantes e parturien- Conhecer essa realidade, adaptar conhecimentos e
tes é um desafio para a equipe de saúde. Portanto a construir habilidades para atuar no momento do
detecção precoce de fatores de risco relacionados ao parto é um desafio para os enfermeiros generalistas
uso de drogas por mulheres grávidas combinada com que iniciam jornada em saúde indígena, ao mesmo
a participação de profissionais qualificados permite tempo é necessário para esta atuação uma postura
correto direcionamento de medidas necessárias para que valorize os conhecimentos tradicionais e seus
melhorar a qualidade da gravidez tanto para a mãe diferentes atores, pois são valiosos para a dinâmica
e para o feto, o que pode contribuir para a redução de saúde destas mulheres. Para alcançar melhores
das complicações obstétricas e fetais. resultados na atenção a Saúde da Mulher Indígena
são necessários estudos que busquem entender a
PARTOS, PARTEIRAS E ENFERMEIRAS NO PARQUE demanda existente, partindo-se da questão: afinal,
INDÍGENA DO XINGU: 1960 A 2014 o que é mesmo saúde reprodutiva para elas? Nas
Amanda Ferreira Monteiro das Mercês / Montei- respostas destas mulheres estarão caminhos mais
ro, A.F / Hospital Sofia Feldman; Lavinia Santos coerentes para a implantação de políticas públicas
de Souza Oliveira / Oliveira, L.S.S / Universidade que possam suprir as falhas no atendimento a Saúde
Federal de São Paulo; Mariana Maciel Queiroz / Indígena.
Queiroz, M.M / Universidade Federal de São Paulo;
Introdução: Neste estudo foi contemplado um mo- POSITHIVAS: UM FOCO DE PREVENÇÃO
mento pontual da saúde reprodutiva da mulher indí- VANDA ROSA DA CRUZ / Abbade, A.C. / GAPA SP -
gena, que é o parto, a partir do olhar de enfermeiras GRUPO DE APOIO A PREVENÇÃO A AIDS;
que trabalharam em área indígena, a começar pela O presente projeto visa oferecer a possibilidade de
primeira profissional de enfermagem do Parque aumento da qualidade vida da pessoas vivendo com
Indígena do Xingu (PIX), até as que estão lá nos HIV/AIDS usuárias do serviços do GAPA/SP por
dias de hoje, sendo possível ter uma visão sobre a meio de atendimento social, psicológico, acesso a
atuação destas profissionais durante os trabalhos informações, educação e prevenção abordando os

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 317
temas: discriminação, preconceito, saúde sexual dade Federal de Goiás- Regional Catalão; Vanessa
reprodutiva, gênero, violência doméstica, sexualida- Alves Guimarães / Guimaraes, V. A. / Universidade
de, trabalho, família, direitos humanos e cidadania Federal de Goiás- Regional Catalão; Naiane Dias
na perspectiva de Prevenção Positiva, oficinas de Simões / Simões, N. D. / Universidade Federal de
geração de renda e treinamento para 05 usuárias Goiás- Regional Catalão; Kelly da Silveira Fernan-
para atendimento específicos para mulheres na des / Fernandes, K. S. / Universidade Federal de
instituição através de um Disk Mulher diário na Goiás- Regional Catalão; Natália Santana Netto /
instituição. O principal foco, não exclusivo serão as Santana Netto, N. / Universidade Federal de Goiás-
mulheres cadastradas no GAPA e encaminhadas por Regional Catalão; Roselma Lucchese / Lucchese,
outras instituições, pertencentes as camadas mais R. / Universidade Federal de Goiás- Regional Cata-
carentes da cidade em faixa etária de 30 à 60 anos lão; Ivânia Vera / Vera, I. / Universidade Federal de
e que em grande parte são responsáveis pelo sus- Goiás- Regional Catalão; Rafael Alves Guimarães /
tento financeiro da família, incluindo filho e netos. Guimaraes, R. A. / Universidade Federal de Goiás;
As atividades serão dividas em aconselhamento e Rodrigo Lopes de Felipe / Felipe, R. L. / Universi-
atendimento individual, oficinas de geração de ren- dade Federal de Goiás- Regional Catalão; Paulo
da( bijuterias, artesanatos, etc)e grupos temáticos Alexandre de Castro / Castro, P. A. / Universidade
onde haverá discussões mediado pela psicóloga e Federal de Goiás - Regional Catalão; Thaiângela
fazendo uso do material disponível no CEDOC, com Cárita da Silva / Silva, T. C. / Universidade Federal
o objetivo de replicar as informações e fomentar as de Goiás- Regional Catalão;
mesmas discussões em ambientes frequentados INTRODUÇÃO: A Política Nacional de Planejamento
por outros soropositivos em especial as mulheres. Familiar no Brasil, foi criada em 2007, e assegura-
Treinamento de 10 mulheres para atendimento te- do pela Constituição Federal e também pela Lei n°
lefônico na instituição especifico para as mulheres 9.263, de 1996, tendo como filosofia básica, oferecer
soropositivas ou não. O CEDOC e a videoteca tam- um conjunto de ações como informações e orienta-
bém ficará disponível para usuários encaminhado ções quanto aos métodos contraceptivos, de modo
ao GAPA enquanto aguarda atendimento jurídico, que a mulher ou o casal possam escolher o método
assistencial, psicológico e a estudantes nível médio, que mais lhes convém, além de, garantir o acesso a
superior e para pesquisas. O grupo juntamente com estes métodos. Métodos contraceptivos são consi-
a psicóloga do projeto desenvolverá 01guia/cartilha derados os medicamentos, comportamentos com
com os temas trabalhados no grupo voltado para mu- o intuito de se evitar a gravidez. Sendo assim, este
lheres soropositivas ou não. Com a produção e pro- estudo objetivou-se descrever os métodos contracep-
pagação do PositHIVas em foco visamos a redução tivos mais utilizados entre as gestantes assistidas
incidência de HIV/AIDS nesta população. Resultados no Hospital Materno Infantil. MÉTODO: Estudo
esperados: atendimento a 25 famílias cadastradas, transversal, aplicado em gestantes assistidas no
10 aconselhamentos semanais com agendamento, Hospital Materno Infantil localizado na região Cen-
120 atendimento telefônico semanal, 01 grupos tral do Brasil. A coleta de dados foi realizada entre
temáticos para 10 usuários quinzenal, 01 oficina os meses de junho de 2014 a abril de 2015. Os dados
semanal de geração de renda para 10 usuários. foram digitados em planilhas do programa Statis-
tical Package for Social versão 22. Realizou-se aná-
PREVALÊNCIA DO USO DE MÉTODOS CONTRACEP- lise da frequência simples com números absoluto.
TIVOS POR GESTANTES ASSISTIDAS NO HOSPITAL Projeto aprovado pelo protocolo 523.834 do Comitê
MATERNO INFANTIL BRASIL CENTRAL de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de
Inaina Lara Fernandes / Fernandes, I. L. / Univer- Goiás. RESULTADO e DISCUSSÃO: A amostra foi
sidade Federal de Goiás- Regional Catalão; Luiz composta por 334 gestantes, verificou-se que 215
Henrique Batista Monteiro / Monteiro, L. H. B. / (64,4%) utilizaram algum método contraceptivo
Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão; e, 119 (35,6%) não usaram método algum. Entre os
David Lemos Paranhos / Paranhos, D. L. / Universi- métodos mais usados, destacou-se o uso de anticon-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 318
cepcional oral 172 (51,5%); preservativo masculino às pessoas com doenças crônicas, priorizando o
45 (13,5%), 14 (4,2%) relataram ter utilizado método enfrentamento do câncer de colo do útero. Os obje-
contraceptivo injetável e 6 (1,8%) se preveniram por tivos deste estudo foram analisar o processo saúde
método de barreira. Observou-se que as gestantes doença das mulheres com câncer cérvico uterino,
têm conhecimento a cerca do planejamento familiar, caracterizar o perfil dessas mulheres atendidas na
participam das palestras ministradas pela equipe atenção terciária e o acesso às redes de atenção à
multidisciplinar de saúde e fazem uso desses mé- saúde . Estudo epidemiológico do tipo transversal
todos, no qual, o método contraceptivo hormonal quanti-qualitativo. Para análise quantitativa, foram
oral é o mais utilizado. É imprescindível reconhecer utilizados prontuários para o preenchimento de 183
que a saúde sexual e/ou reprodutiva não se baseia questionários de mulheres que tiveram câncer de
apenas na oferta de dispositivos que busquem evitar colo uterino no período de 2010 a 2013, atendidas
a gravidez, mas sobretudo garantir aos casais infor- pelo SUS em um hospital do interior do Estado de
mações pertinentes e aconselhá-los a respeito do São Paulo. Os dados foram analisados e apresenta-
desejo de se ter um filho. CONCLUSÃO: Os métodos dos em porcentagens, seguida de análise descritiva.
mais utilizados pelas gestantes entrevistadas, foram Para análise qualitativa, foram realizadas 11 entre-
o método contraceptivo hormonais oral e injetáveis e vistas e utilizada a técnica de análise de conteúdo,
método de barreira, no qual, o que mais se destacou modalidade temática. Constatou-se que a média de
foi o preservativo masculino. idade das mulheres com câncer cérvico uterino foi de
53 anos, sendo a maioria casada (47,5%), com ensino
PROCESSO SAÚDE DOENÇA DAS MULHERES fundamental completo (29%), branca (78,8%) e do lar
COM CÂNCER CÉRVICO UTERINO NAS REDES DE (42,6%) e esperaram para serem atendidas do diag-
ATENÇÃO nóstico para o início do tratamento até três meses.
Florence Seabra Dourado / DOURADO,F.S. / Foram elencadas cinco temáticas: 1) A história da
Faculdade de Medicina de Marília; Amira Khei- descoberta da doença e o acesso à rede de atenção;
reddine Saleh / SALEH,A.K. / Faculdade de Me- 2) Reação pessoal, de familiares e amigos diante
dicina de Marília; Ana Cláudia Perez Martins / da doença, do tratamento e perspectivas futuras;
MARTINS,A.C.P. / Faculdade de Medicina de Marí- 3) Redes de apoio às mulheres com câncer cérvico
lia; Caio Vinicius da Conceição / CONCEIÇÃO,C.V. uterino; 4) Repercussões da doença na autoestima,
/ Faculdade de Medicina de Marília; Lidiani na relação sexual e afetiva, e no trabalho e 5) A qua-
Mara da Silva / SILVA,L.M. / Faculdade de Medi- lidade do atendimento na visão das pessoas com
cina de Marília; Pedro Casagranda de Camargo câncer cérvico uterino. Conclui-se que é necessário
/ CAMARGO,P.C. / Faculdade de Medicina de continuar investindo na educação em saúde quanto
Marília; Vanessa de Sousa Melo / MELO,V.S. / à necessidade da realização do exame de Papanico-
Faculdade de Medicina de Marília; Daniela Este- laou, na humanização e comunicação empática na
ves Temporim / TEMPORIM,D.E. / Faculdade de relação profissional da saúde-paciente e familiares,
Medicina de Marília; Nathalie Arnez Torchia / bem como, no preenchimento dos dados dos prontu-
TORCHIA,N.A. / Faculdade de Medicina de Marília; ários das pacientes. Palavras-chave: Câncer de colo
Janaína Dias da Silva / SILVA,J.D. / Faculdade de do útero. Saúde da mulher. Redes de atenção. Redes
Medicina de Marília; Magali Aparecida Alves de de apoio. Educação em saúde.
Moraes / MORAES,M.A.A. / Faculdade de Medicina
de Marília; Camilla Passarela Silva / SILVA,C.P. / PROCESSO SAÚDE DOENÇA DAS MULHERES POR-
Faculdade de Medicina de Marília; Altiva Ayako TADORAS DE CÂNCER MAMÁRIO NAS REDES DE
Nishiura / NISHIURA,A.A. / Faculdade de Medici- ATENÇÃO
na de Marília; Florence Seabra Dourado / DOURADO,F.S. /
Esta pesquisa faz parte do Programa de Educação Faculdade de Medicina de Marília; Amira Khei-
pelo Trabalho para a Saúde-PET/Saúde Redes de reddine Saleh / SALEH,A.K. / Faculdade de Me-
Atenção à Saúde, cuja rede temática é o de atenção dicina de Marília; Ana Cláudia Perez Martins /

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 319
MARTINS,A.C.P. / Faculdade de Medicina de Marí- categorias temáticas: 1) A descoberta da doença e o
lia; Caio Vinicius da Conceição / CONCEIÇÃO,C.V. acesso às redes de atenção; 2) Etapas e orientações
/ Faculdade de Medicina de Marília; Lidiani Mara sobre o tratamento da pessoa com câncer de mama;
da Silva / SILVA,L.M. / Faculdade de Medicina 3) Reação pessoal e de familiares diante da doença,
de Marília; Pedro Casagranda de Camargo / do tratamento e expectativas após o tratamento; 4)
CAMARGO,P.C. / Faculdade de Medicina de Ma- Redes de apoio e espiritualidade; 5) Repercussões
rília; Vanessa de Sousa Melo / MELO,V.S. / Facul- da doença no trabalho, na relação conjugal, e nas
dade de Medicina de Marília; Magali Aparecida atividades sociais; 6) A qualidade do atendimento
Alves de Moraes / MORAES,M.A.A. / Faculdade na visão das pessoas com câncer de mama; e 7) Os
de Medicina de Marília; Janaina Dias da Silva / direitos previdenciários das pessoas com câncer de
SILVA,J.D. / Faculdade de Medicina de Marília; Al- mama. Conclui-se que, visando melhorar a qualidade
tiva Ayako Nishiura / NISHIURA,A.A. / Faculdade de vida das mulheres com câncer e aprimorar sua
de Medicina de Marília; Daniela Esteves Tempo- prevenção, faz-se necessário que haja investimen-
rim / TEMPORIM,D.E. / Faculdade de Medicina de tos em educação para a saúde, ações preventivas,
Marília; Nathalie Arnez Torchia / TORCHIA,N.A. / qualificações profissionais - afim de uma melhora
Faculdade de Medicina de Marília; Camilla Passa- do preenchimento dos prontuários, atendimento
rela Silva / SILVA,C.P. / Faculdade de Medicina de integral e humanizado, para que assim, seja valori-
Marília; zado os dados epidemiológicos apresentados pelas
Esta pesquisa faz parte do Programa de Educação pacientes e, então, invista-se em recursos para
pelo Trabalho para a Saúde-PET/Saúde Redes de melhora desses dados. Palavras-chave: Câncer de
Atenção à Saúde, da qual a rede temática é a de mama. Saúde da mulher. Redes de atenção. Redes
atenção às pessoas com doenças crônicas, prio- de apoio. Educação em saúde.
rizando o enfrentamento do câncer de mama. Os
objetivos deste estudo foram analisar o processo PROGRAMA ONLINE DE PROMOÇÃO À SAÚDE DA
saúde doença das mulheres com câncer de mama, MULHER
o acesso às redes de atenção à saúde e caracterizar NAYARA NOGUEIRA SILVA / Silva, N. N. / UECE;
o perfil dessas mulheres que receberam atendi- Isabele Assunção Mendonça Cavalcante / CA-
mento no setor terciário. Estudo epidemiológico VALCANTE, I. A. M. / UFC; Joyce Horn Fonteles /
do tipo transversal quanti-qualitativo. Na análise Fonteles, J. H. / UNIFOR; Lígia de Moraes Oliveira
quantitativa, foram preenchidos 544 questionários / Oliveira, L. M. / UNIFOR; Francisco Carlos de
através da leitura dos prontuários das mulheres que Mattos Brito Oliveira / Oliveira, F. C. M. B. / UECE;
tiveram câncer de mama no período de 2012 a 2013, O TratBem Saúde da Mulher é um programa online
atendidas pelo SUS em um hospital do interior do interativo de cuidado com a saúde feminina. O pro-
Estado de São Paulo. Os dados foram analisados e grama proporciona uma assistência individualizada
apresentados em porcentagens, seguida de análise e acompanha a saúde da mulher, indicando os cami-
descritiva. Para análise qualitativa, foram realiza- nhos para obter uma vida mais saudável à medida
das 15 entrevistas e aplicada a técnica de análise que o sistema conhece melhor a usuária. Com o
de conteúdo, modalidade temática. Verificou-se TratBem, a mulher fica mais atenta a eventos impor-
que 71,5% das mulheres com câncer de mama tem tantes sobre sua saúde, possibilitando a prevenção
entre 45 e 74 anos, sendo a maioria casada (57,8%), de doenças. Para isso, mensagens eletrônicas perso-
com ensino fundamental completo (28,1%), branca nalizadas, de acordo com sua história e hábitos, são
(71,9%), esperaram até 3 meses entre o diagnóstico enviadas ao celular, tornando a mulher protagonista
e o tratamento (67%). Entretanto, muitos dados não da própria saúde. O sistema possui uma equipe de
puderam ser analisados devido à alta porcentagem saúde, forma por profissionais das áreas de medici-
de desconhecido nos prontuários (ex.: religião, pro- na, psicologia, nutrição, enfermagem, fisioterapia
fissão, menarca, amamentação, menopausa, terapia e educação física. A mulher usuária do programa
de reposição hormonal, etc.). Foram elencadas sete pode mandar mensagens com suas dúvidas e so-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 320
licitar ajuda à medida que sentir necessidade. As tamento e relacionadas com a QV medida através do
orientações possuem o objetivo de proporcionar uma questionário WHOQOL Bref, onde foram avaliados
maior qualidade de vida. Esse sistema se faz neces- os domínios Físico (DF), Psicológico (DP), Social
sário para colaborar para a prevenção de doenças e (DS), Ambiental (DA) e Geral (DG). As relações foram
cuidado preventivo da saúde da mulher. Contribui, avaliadas através de teste não paramétrico e Man-
ainda, com os profissionais da área da saúde, já que -Whitney, com significância de 0,05. Resultados:
as mulheres acompanhadas pelo TratBem saúde da Dentre estas- 51,6% possuem ≥ 56 anos, 54,8% são
mulher estarão melhor informadas e atentas para casadas, 77,4% caucasianas, 54,8% possuem até o
qualquer mudança em sua saúde. ensino fundamental completo, 54,8% apresentam
renda < que R$2172,00, 77,4% são católicos, 64,3%
QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA A OPÇÕES DE realizaram quimioterapia, 33,3% possuem estadia-
LAZER DE TURISTAS MÉDICO-HOSPITALAR – MU- mento clínico III ou IV, 3,7% eram metastáticos,
LHERES COM CÂNCER DE MAMA 51,6% realizaram 5 ou mais atividades de lazer e
Geany Gonçalves Pacheco / Pacheco, G. G / UNI- 61,3% apresentaram ao menos um LV durante o tra-
FAFIBE/ Núcleo de Epidemiologia e Bioestatís- tamento. Na QVG se obteve média (x) de 12,9 (s=1,78)
tica- Hospital de Câncer de Barretos; Giovana de para o DF, 13,6 (s=1,80) para o DPs, 16,0 (s=2,51) para
Almieda Dutra Berbert / Berbert, G. A / Instituto o DS, 14,2 (s=2,06) para o DA e 15,9 (s=2,87) para o
Federal de São Paulo- Campus Barretos; Vanessa DG. O DPs apresentou relação com o número de LV
Nunes Faria / Faria, V. N / UNIFAFIBE/ Núcleo de (p=0,008) indicando melhor QV em quem apresentou
Epidemiologia e Bioestatística- Hospital do Cân- ao menos um LV (x=14,5; s=1,75) do que quem não
cer de Barretos; Rafael Ribeiro Vanhoz / Vanhoz, visita (x=12,3; s=2,48). O DA apresentou relação com
R. R / Núcleo de Epidemiologia e Bioestatística- estado civil (0,002), renda (0,007) e o DG demonstrou
Hospital de Câncer de Barretos; Vitor Edson Mar- relação com número de dias em Barretos (p=0,029).
ques Junior / MARQUES JÚNIOR, V. E / Instituto Conclusões: O número de atividades não apresen-
Federal de São Paulo- Campus Barretos; Cleyton tou relação com os domínios de QVG e o número de
Zanardo de Oliveira / Oliveira, C. Z / Núcleo de Epi- locais demonstrou ser significativo com o DP. Por
demiologia e Bioestatística- Hospital de Câncer de tratar-se de um estudo parcial, o poder estatístico
Barretos; planejado não foi alcançado. Além disso, recomenda-
Introdução: Poucos estudos abordam a Qualidade -se relacionar o número de locais e atividades com
de Vida Geral (QVG) de pacientes oncológicos rela- questionários de QV específico para população com
cionando com a oferta de lazer para o paciente que CA, como o EORTC QLQC30 e o BR23.
é turista na cidade do tratamento. Acredita-se que
visitar locais turísticos e realizar atividades praze- RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PROMOÇÃO A SAÚDE
rosas possam amenizar situações ruins decorrentes DIRECIONADO PARA AS GESTANTES DA COMUNI-
do tratamento. Objetivos: Verificar a relação entre a DADE DA ÁGUA BRANCA: UMA AÇÃO DA EQUIPE
utilização de atividades e locais de lazer com a QVG DE FISIOTERAPIA E ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍ-
de pacientes com câncer (CA) de mama e que são LIA DO CSEBFAV*
turistas. Métodos: Este resumo corresponde a um Rafael Rodrigo Silva de Souza / Souza, R.R.S. /
estudo transversal aprovado pelo CEP, de coleta pros- Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São
pectiva com dados parciais no Hospital de Câncer de Paulo - ISCMSP; Cleberson Barbosa de Oliveira /
Barretos (HCB). Foram incluídas 31 mulheres com CA Oliveira, C.B. / Irmandade da Santa Casa de Mise-
de mama durante a radioterapia, que permaneceram ricórdia de São Paulo - ISCMSP;
na cidade por mais de 24h e menos que 365 dias. As Caracterização do Problema Um dos princípios das
informações a serem relacionadas com QVG serão: intervenções em promoção da saúde é a participação
idade, estado civil, etnia, nível educacional, renda da população em todas as fases, desde planejamento,
familiar, religião, o número de locais visitados (LV) desenvolvimento e até a realização dos programas.
e atividades de lazer (AL) realizadas durante o tra- Dessa forma, é imprescindível que se conheçam as

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 321
crenças, os valores, os significados e os objetivos RELATO DE EXPERIÊNCIA: USO DA TECNOLOGIA
da população em relação à promoção da saúde, bem LEVE EM DIÁLOGOS COM GESTANTES AO LONGO
como o papel da fisioterapia neste processo. A prá- DO PRÉ-NATAL
tica de atividade física durante a gestação implica Bianca Royana Pereira de Oliveira / Oliveira, B.R.P.
em benefícios na qualidade de vida, prevenção e con- / UFSCar; Carla Regina de Almeida Corrêa / Corrêa,
trole de diversas patologias. Nessa fase o exercício C.R.A. / UFSCar; Sara Eduarda de Moraes / Moraes,
físico ajuda a criar diversos métodos de adaptações S.E. / UFSCar; Amanda Assunção Lino / Lino, A.A.
fisiológicas durante as inúmeras modificações na / UFSCar; Monika Wernet / Wernet, M / UFSCar;
forma corporal, no humor e na coordenação física O período de pré-natal é um momento rico e estra-
da gestante. Este relato tem o objetivo de divulgar tégico para a formação de vínculo entre equipe de
a ação de promoção à saúde realizada pela equipe saúde, gestante e família. Desta forma, o uso da
da Estratégia Saúde da Família em conjunto com tecnologia leve nos diálogos ao longo do pré-natal
serviço de Fisioterapia da Unidade Básica de Saúde - torna-se essencial para descobrirmos expectativas,
Centro de Saúde Escola Barra Funda - Dr. Alexandre sentimentos, medos e ansiedades em relação à
Vranjac” (CSEBF-AV), e com as gestantes do terri- gestação, parto/nascimento, puerpério e primei-
tório. Descrição A ação foi mediada pela equipe de ra infância que a mulher pode vir a apresentar.
Fisioterapia e a equipe 62 da Estratégia Saúde da Preparar a grávida para a hora do nascimento e o
Família do CSEBF-AV sendo realizada no Conjunto cuidar que se inicia a seguir é fundamental para
Habitacional Cingapura Água Branca com atenção que ela se empodere do próprio conhecimento. Com
a Gestante. A intervenção adotada para tal ação foi o objetivo de ajudar na preparação do ser mãe” das
a aplicação dos contextos de educação em saúde e mulheres, para escuta-las, tirar dúvidas e trocar
assistencial da Escola da Postura – Back School”. experiências, foi criado um grupo de diálogos em
Foram realizados encontros quinzenais na comu- uma Unidade de Saúde da Família em zona rural
nidade com o propósito de promover discussões de do município de São Carlos-SP, ocorrendo desde
queixas musculoesqueléticas durante a gestação e Outubro de 2014, quinzenalmente nas segundas
orientações de Ergonomia no campo de trabalho e feiras, durante o período de 1 hora. Desta forma,
domiciliar, além da realização de exercícios terapêu- convidamos as gestantes que estão na USF a espera
ticos que promoviam o relaxamento e fortalecimento de suas consultas de pré-natal para vir a participar
dos músculos que estabilizam a coluna vertebral e do grupo. Os diálogos vão ocorrendo de acordo com
cintura pélvica. Lições Aprendidas A presente expe- a demanda que as gestantes sugerem, assim não
riência nos mostrou o quanto a ação de promoção a há um tema pré-estabelecido a ser relatado, salvo
saúde realizada por fisioterapeutas foi importante quando ao final de cada roda de diálogo alguma das
para as pacientes da comunidade, por oferecer participantes propõe um tema para o próximo en-
informações e orientações sobre o pré-parto e pós- contro, podendo desta forma as facilitadoras quando
-parto. Nos momentos de reunião do grupo tivemos possível levar algum material didático para expor a
a oportunidade de reforçar e otimizar o acesso das elas. Utilizando esta estratégia, percebemos que as
pacientes na unidade de saúde e além de aumen- participantes criam uma autonomia ao longo das
tar o vinculo da equipe da ESF com as moradoras. conversas, além de exporem os mais puros senti-
Recomendações Ações de promoção, prevenção e mentos sobre suas dúvidas, ansiedades e angústias.
educação em saúde devem ser estimuladas a todos O parto/nascer e todo processo do cuidar em si sofre
profissionais da equipe ampliada. O conhecimento influências diretas de todos os aspectos de vida da
técnico-assistencial de diversas áreas da saúde só mulher, sejam eles sociais, culturais, familiares ou
tente a aumentar o nível de qualidade do serviço, espirituais. Por isso a importância de um espaço
pois o trabalho multi e interdisciplinar amplia o onde as mesmas possam se expressar de maneira
leque de ações em prol da comunidade. protegida é tão singular. Juntas há possibilidades

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 322
infinitas de construção do conhecimento onde há estudos que analisaram o ensino sobre sexualidade
trocas de experiências e enriquecimento do saber. em cursos de medicina, que revelaram ensino focado
A participação no grupo tem nos mostrado o quão em patologias, majoritariamente organicista e re-
importante é destacar a singularidade de cada uma ducionista, que pouco considera questões sociais e
e juntas construir e transformar realidades de cada culturais. Conclusão A discussão da saúde sexual e
uma, por isso percebe-se o quão fundamental é fazer esclarecimento de sua complexidade em relação às
uso dessa tecnologia leve para este fim. diversas áreas do conhecimento se fazem necessá-
rios, sobretudo pelos profissionais da área da saúde,
SAÚDE SEXUAL AINDA É TABU? UM ESTUDO que são aqueles que estão na linha de atendimento
SOBRE OS CONHECIMENTOS DE PROFISSIONAIS direto. Do mesmo modo, as universidades, lugares
DA SAÚDE de formação desses profissionais, devem pensar na
Fernanda Jordão Kuester / Kuester, F. J. / UPM; promoção de debates, linhas de pesquisa, de forma
Claudia Valença Fontenele / Fontenele, C. V. / a possibilitar maior difusão e apropriação desse
UPM; tipo de conhecimento. Não podemos negligenciar
as questões relacionadas ao vaginismo e demais
Introdução No campo da saúde sexual, o vaginismo
disfunções sexuais, nem comprometer a saúde,
é uma disfunção que consiste na dificuldade ou
por meio da repressão sexual ou da reprodução de
impossibilidade de haver penetração vaginal por
antigos tabus.
pênis, absorvente interno, dedo ou espéculo, apesar
de a mulher declarar seu consentimento. Atualmente
o vaginismo é considerado pelo DSM-V como parte SENTIDOS DA PRÁTICA PROFISSIONAL DE OBS-
do transtorno da dor gênito-pélvica/penetração, TETRIZES NO CONTEXTO BRASILEIRO
pois ainda há imprecisões definição dos critérios Glauce Cristine Ferreira Soares / Soares, G.C.F.
diagnósticos. Segundo a literatura em saúde sexual, / Escola de Enfermagem da Universidade de São
muitos casos de vaginismo não são diagnosticados Paulo; Natália Rejane Salim / Salim, N.R. / Escola
ou tratados devido ao constrangimento e falta de de Enfermagem da Universidade de São Paulo;
conhecimento dos profissionais da saúde, bem como Cindy Ferreira Lima / Lima, C.F. / Escola de Artes,
da população em relação à sexualidade. Objetivos Ciências e Humanidades EACH USP; Dulce Maria
Descrever e analisar os conhecimentos dos profis- Rosa Gualda / Gualda, D.M.R. / Escola de Enferma-
sionais de saúde sobre saúde sexual na literatura gem da Universidade de São Paulo;
científica. Metodologia Foi realizada uma pesquisa Introdução: A assistência à mulher durante o parto
bibliográfica nas bases de dados online Scielo, Bi- passou por diversas transformações ao longo da
blioteca Virtual em Saúde (BVS), Lilacs e Portal de história. Com a chegada do modelo biomédico, e
Periódicos da Capes, como parte da pesquisa sobre com a gravidez e o parto cada vez mais visto como
vaginismo em andamento, financiada pelo CNPq. um evento médico e arriscado, as obstetrizes,
Os descritores foram: vaginismo, psicologia, saúde profissionais com formação para atender ao parto
coletiva, saúde da mulher e gênero. O referencial te- fisiológico, foram perdendo atuação. No Brasil
órico de análise são as teorias de gênero. Resultados houve o fechamento de cursos de entrada direta ou
A literatura analisada revela dados alarmantes sobre absorção pelas escolas de enfermagem no início da
saúde sexual. Grande parte dos ginecologistas não década de 70. No entanto, a partir de 2005, a Univer-
investiga a saúde e vida sexual de suas pacientes, sidade de São Paulo retoma a formação de entrada
alegando pouco conhecimento sobre essa área de es- direta em Obstetrícia. A categoria encontrou muitos
tudos. Um estudo com profissionais da área da saúde problemas relacionados à regulação da profissão,
que lidam diretamente com vítimas de violência se- diferenças de paradigmas e modelos de assistência
xual, por exemplo, revela predominância do modelo e dificuldade de inserção. Diante dessas conside-
médico científico e a influência do senso comum rações, essa pesquisa tem como pergunta: Como
nas representações sociais destes profissionais. obstetrizes formadas a partir de 2008 vivenciam a
Uma possível causa para estes fatos se encontra em prática profissional no contexto brasileiro? Objeti-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 323
vos: Compreender as experiências de obstetrizes que o objetivo do estudo foi avaliar a APN em uma Uni-
atuam na prática profissional no contexto brasileiro; dade Básica de Saúde e uma Unidade de Saúde da
Conhecer os significados individuais e compartilha- Família. Trata-se de um estudo transversal com base
dos sobre o cuidado que obstetrizes prestam; Conhe- na trajetória assistencial dos casos de sífilis congê-
cer a percepção das obstetrizes sobre os desafios e nita. Aplicou-se questionário em gestantes e mães
possibilidades de atuação no contexto brasileiro. com bebês menores de dois anos que realizavam
Metodologia: Trata-se de uma pesquisa com abor- pré-natal nas unidades entre os anos de 2013 e 2014.
dagem qualitativa, de caráter antropológico, e que Parecer Comitê de Ética número 457.430. Das 146
utiliza a história oral como referencial teórico. Para mulheres entrevistadas (66 gestantes e 80 mães),
participar foram convidadas obstetrizes formadas dez foram identificadas com sífilis gestacional. Cin-
no atual curso de entrada direta, e que trabalham ou co destas não estavam mais grávidas no momento
trabalharam por pelo menos 6 meses na assistên- da entrevista e entre elas, duas apresentaram sífilis
cia à saúde da mulher, SUS e setor privado. Foram congênita como desfecho gestacional. Optou-se por
realizadas 05 entrevistas com pessoas que atuam analisar os casos separadamente. Na reconstituição
em diferentes contextos. A coleta de dados contou da trajetória assistencial do 1º caso, observou-se que
com narrativas construídas por meio de entrevista quanto ao início do pré-natal, número de consultas,
em profundidade. Resultados: A análise prelimi- solicitação de exames para VDRL, orientações
nar dos dados foi realizada e surgiram conceitos sobre repercussões das Infecções Sexualmente
como a dificuldade de implementar o cuidado que Transmissíveis (IST´s) na gestação, distância entre
as obstetrizes acreditam ser ideal, a organização final do tratamento e parto e rastreio e tratamento
do serviço como impeditivo para implementação do parceiro; a assistência prestada encontrava-se
das práticas, a dificuldade de atuação pelo excesso conforme o Ministério da Saúde (MS). Perceberam-se
de mulheres e setores a serem acompanhados por falhas no controle de cura e carência de orientação
uma única profissional, a relação com os demais quanto ao tipo de tratamento e uso de preservativo
profissionais de saúde e a possibilidade de prestar durante o mesmo. No 2º caso, notou-se que o início
um bom atendimento por meio da relação e vínculo do pré-natal, número de consultas, e solicitação do
estabelecido entre obstetriz e mulher. Conclusão: A primeiro VDRL também estavam conforme MS. A
construção da profissão de obstetriz no Brasil, sua entrevistada não informou se foi realizado o VDRL
inserção e atuação está intimamente ligada com o no 3º. trimestre. Neste caso, observaram-se falhas
nosso contexto social, com o sistema de saúde, a no diagnóstico precoce da sífilis gestacional, nas
forma de atenção presentes nos serviços de saúde orientações quanto às repercussões das IST´s e tra-
e com as políticas publicas de atenção à saúde da tamento. Conclui-se que a sífilis congênita é agravo
mulher no Brasil. evitado, se manuseado adequadamente no pré-natal.
Diagnóstico precoce, tratamento correto da gestan-
SÍFILIS CONGÊNITA COMO EVENTO SENTINELA te/parceiro e orientações quanto as consequências
PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ASSISTÊN- da sífilis na gestação são caminhos que podem evitá-
CIA PRÉ-NATAL -la. Aponta-se a necessidade de qualificar a APN por
Márcia Regina Cangiani Fabbro / FABBRO, M.R.C meio de discussões sobre o tema com profissionais
/ UFSCar; Monalisa Nanaina da Silva / SILVA, M.N de saúde, padronização de condutas por meio de
/ UFSCar; protocolos e fluxogramas e grupos de gestantes que
A sífilis congênita é evento sentinela da qualidade incentivem a coparticipação da gestante/parceiro no
da assistência pré-natal (APN). Uma assistência seu tratamento. A inclusão do parceiro no pré-natal
qualificada reduz desfechos maternos e perinatais mostra-se ferramenta importante.
negativos. O incremento na incidência de sífilis
gestacional e congênita nos últimos anos em uma TAXAS DE CESÁREAS NA CIDADE DE SÃO PAULO:
cidade do interior paulista despertou a necessidade ANÁLISE DE 2001 A 2014
de se investigar o assistencialismo prestado. Assim, Eliana de Aquino Bonilha / Bonilha, E.A. / Secre-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 324
taria Municipal da Saúde de São Paulo; Adalberto federal, estadual e municipal, de estímulo ao parto
Kiochi Aguemi / Aguemi, A.K. / Secretaria Munici- normal na esfera do SUS estão definidas nas diretri-
pal da Saúde de São Paulo; Eneida Sanches Ramos zes da Rede Cegonha desde 2011, visando assegurar
Vico / Vico, E.R.S. / Secretaria Municipal da Saúde melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do
de São Paulo; Maria Regina Torloni / Torloni, M.r. acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto
/ Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo; Ma- e ao puerpério e na assistência à criança. No âmbito
rina de Freitas / Freitas, M. / Secretaria Municipal da atenção privada a Agência Nacional de Saúde Su-
da Saúde de São Paulo; Patrícia Carla dos Santos plementar em abril de 2015 estabeleceu entre outras
/ Santos, P.C.S. / Secretaria Municipal da Saúde providencias novas regras para estímulo ao parto
de São Paulo; Suely Miya Shiraishi Rollemberg normal. Tudo isso representa avanço na qualidade da
Albuquerque / Albuquerque, S.M.S.R. / Secretaria atenção à saúde e desafio para os serviços de saúde.
Municipal da Saúde de São Paulo; Tatiana Ga-
briela Brassea Galleguillos / Galleguillos, T.G.B. / TENDÊNCIA DA INCIDÊNCIA E DA MORTALIDADE
Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo; DO CÂNCER DE OVÁRIO NO MUNICÍPIO DE SÃO
A assistência ao parto deve manter mãe e recém- PAULO, 1997 A 2011
-nascido sadios, com o mínimo de intervenções
Larissa Correa Abreu Loriato / Loriato, L / Facul-
médicas. Segundo a OMS, não existe justificativa dade de Saúde Pública - USP; Maria do Rosário
médica para índices de cesáreas superiores a 10-15%. Dias de Oliveira Latorre / Latorre, MRDO / Facul-
Mesmo assim, ao longo das últimas décadas vem dade de Saúde Pública - USP; Luana Fiego Tanaka
ocorrendo elevação das taxas de cesáreas na maioria / Tanaka, LF / Faculdade de Saúde Pública - USP;
dos países e o Brasil se destaca como uma das nações Emi Igarashi Tahara / Tahara, EI / Faculdade de
com as maiores proporções no mundo. Vários fatores Saúde Pública - USP; Fernanda Alessandra Sil-
contribuem para isso, incluindo aspectos sociais, via Michels / Michels, FAS / Faculdade de Saúde
culturais, econômicos, além do modelo assistencial Pública - USP;
ao parto que se concentra principalmente no mé- Introdução: O câncer de ovário é conhecido por ser
dico e a fonte de pagamento do procedimento. Nas silencioso devido à dificuldade de identificação dos
regiões brasileiras, principalmente capitais, com sintomas, essa questão acaba atrasando o diagnós-
maior cobertura de planos de saúde também estão tico da doença. Essa neoplasia se comporta de ma-
concentradas as maiores taxas de cesáreas. O obje- neira bem diferenciada ao redor do mundo. Objetivo:
tivo deste trabalho foi analisar a taxa de cesáreas Analisar a tendência de incidência e mortalidade
em estabelecimentos SUS e não SUS na cidade de do câncer de ovário no município de São Paulo, du-
São Paulo ao longo dos últimos 14 anos. Em 2014, rante o período de 1997 a 2011, segundo sexo, ano,
o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SI- faixa etária e morfologia. Material e métodos: Os
NASC) municipal registrou 198.058 nascimentos, dados de incidência foram fornecidos pelo Regis-
dos quais, 53,6% ocorreram nos hospitais SUS. Os tro de Câncer de Base Populacional do Município
partos cesáreos responderam a 57,8% do total e no de São Paulo (RCBP). Já os dados de mortalidade
SUS essa taxa foi significativamente menor que foram obtidos pelo banco de dados do Programa de
nos particulares, 34,4% versus 85,6% (p < 0,001). A Aprimoramento das Informações de Mortalidade
análise da série histórica do período de 2001 a 2014 no Município de São Paulo (PROAIM). Foram cal-
mostrou que os hospitais privados apresentaram culados os coeficientes brutos e padronizados da
incremento de 7,2% nos partos cesáreos, cujos per- incidência e da mortalidade. Os coeficientes foram
centuais já eram bastante elevados. Por outro lado, calculados segundo o ano (1997 a 2011), sexo, faixa
nos hospitais SUS o incremento das cesáreas foi de etária (menor de 35, 35 a 49, 50 a 59, 60 a 69, 70 a 79
8,7%. Os valores apontam para a necessidade de se e 80 e mais) e grupo histológico (carcinoma seroso,
identificar fatores associados à decisão do tipo de carcinoma mucinoso, carcinoma endometrioide e
parto e de se reverter o quadro atual, resgatando o adenocarcinoma). A análise de tendência foi rea-
processo natural do nascimento. Políticas públicas, lizada por meio do modelo de regressão linear no

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 325
software Stata. Pelo programa estatístico Joinpoint MMG BI-RADS® 0; 25% BI-RADS® 3 e 15% BI-RADS®
foi obtida a mudança percentual anual, conhecida 4. Desse total, 15% foram diagnosticadas com tumor
em inglês por Annual Percent Change (APC) pelo maligno após biópsia. A média de idade foi de 55
modelo de Poisson. Resultados: Foram calculados os anos, 60% casadas, 40% cor parda, 65% com ensi-
coeficientes brutos e padronizados para incidência no Fundamental Incompleto e 80% pertencentes à
e mortalidade. Os coeficientes brutos foram cres- Classe socioeconômica C. A MMG e Ultrassom das
centes tanto na incidência quanto na mortalidade, mamas (USG) foram realizados por 100% das mulhe-
a partir dos 30 anos. Tanto a incidência quanto a res, Autoexame (70%) e Exame Clínico das mamas
mortalidade apresentaram tendência significativa (65%). Quanto ao seguimento, 2 mulheres (11%)
decrescente (APC igual a -6,6% e -1,2%, respectiva- não haviam retornado para a consulta e, o tempo
mente), sendo que a incidência teve um decréscimo decorrido entre a MMG até a avaliação do médico
mais acelerado comparado ao da mortalidade. Os da UBS, para as 18 restantes, foi de 1 a 3 meses. O
maiores decréscimos, tanto na incidência quanto tempo médio decorrido entre a solicitação do exame
na mortalidade, ocorreram após os 50 anos de idade. e o retorno à consulta médica, foi: para USG de 2 a 6
Todos os tipos histológicos apresentaram tendência meses, MMG de 1 a 3 meses e para o mastologista,
de decréscimo, com exceção do Adenocarcinoma 3 meses. O início do tratamento deu-se após 1 a 3
que se manteve estável. Conclusões/Considerações meses do diagnóstico. Conclusão/Contribuição: Os
finais: No geral, a tendência da incidência e da mor- itinerários terapêuticos mostraram-se instrumentos
talidade no município de São Paulo é decrescente, importantes na identificação da necessidade de con-
sendo que a tendência da incidência apresentou trole mais eficaz para diminuir o tempo de espera
um decréscimo maior. Acredita-se que algumas para consulta/encaminhamento, a fim de possibi-
das razões desse aumento na incidência seriam as litar tratamentos menos agressivos e aumento das
mudanças sócio-demográficas no estilo de vida e chances de cura. Descritores: Neoplasias da mama;
mudanças nos fatores reprodutivos. Assistência à Saúde; Atenção Primária à Saúde

TRAJETÓRIA DE MULHERES COM ALTERAÇÕES UM ESTUDO SOBRE OS MODELOS DE NASCI-


MAMOGRÁFICAS, ATENDIDAS NA ATENÇÃO MENTO: PERCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA
BÁSICA ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA
Manoela Mendes Sousa / Sousa,M.M. / EPE/UNI- Lidiane Mello de Castro / Castro, LM / Escola de
FESP; Elisabeth Niglio de Figueiredo / Figueiredo, Enfermagem - USP; Mariana Oliveira de Jesus
E.N. / EPE/UNIFESP; Valterli Conceição Sanches Rocha / Rocha, MOJ / Escola de Artes, Ciências
Gonçalves / Gonçalves, V.C.S. / EPE/UNIFESP; Ma- e Humanidades - USP; Edemilson Antunes de
ria Gaby Rivero de Gutiérrez / Gutiérrez, M.G.R. / Campos / Campos, EA / Escola de Artes, Ciências e
EPE/UNIFESP; Humanidades - USP;
Introdução: A trajetória das mulheres com câncer de As práticas obstétricas no Brasil passaram por gran-
mama na rede de atenção primaria à saúde constitui des transformações nas últimas décadas. Os partos
importante ferramenta para implementar melhorias passaram da casa para o hospital sendo assistidos
no serviço1,2. Objetivo: Descrever a trajetória de por Médicos, Enfermeiras Obstétricas e Obstetrizes.
usuárias de uma unidade básica de saúde (UBS), Nessa transformação, uma série de intervenções fo-
que apresentaram mamografia (MMG) alterada. Mé- ram inseridas no contexto obstétrico, de modo que as
todo: Estudo descritivo, realizado com 20 usuárias taxas de cesarianas que superou a porcentagem de
de uma UBS do município de São Paulo, com MMG parto vaginais no Brasil. Além disso, adota-se o uso
realizadas no período de janeiro de 2013 a junho de de episiotomia, ocitocina sintética, jejum, posição
2014 e tiveram como resultado BI-RADS® 0, 3, 4 ou 5 de litotomia, compondo um conjunto de práticas
(CAAE: 34498314.6.0000.5505). Os dados foram co- obstétricas no pré-parto, parto e pós-parto. Pensando
letados por entrevista e analisados descritivamente. em estudar os modelos de parto e nascimento, defini-
Resultados: Do total da amostra, 60% apresentaram mos como objetivo o de compreender as percepções

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 326
dos profissionais da assistência obstétrica sobre um problema de Saúde Pública, à medida que tanto
os modelos de parto e nascimento, por meio de uma no sistema público como privado, o índice de cesa-
analise das práticas obstétricas presentes em um rianas e procedimentos desnecessários tem causado
centro de parto normal (CPN). Assim, foi possível danos à saúde das mulheres e dos bebes. Além disso,
compreender a lógica que orienta as práticas obsté- retira a mulher do papel de protagonista, desnatu-
tricas no pré-parto, parto e pós parto. Desta forma ralizando o processo e determinando a necessidade
realizamos uma pesquisa de campo por três meses, de medicalização e intervenção, fatos que são rotina
bem como uma pesquisa qualitativa com entrevistas inclusive em hospitais do Sistema Único de Saúde
semi-estruturadas e etnografia em uma maternida- (SUS). Descrição: As reflexões presentes neste tra-
de pública da cidade de Osasco -SP. Observou-se a balho surgiram da leitura de artigos acadêmicos que
rotina de trabalho dos profissionais de saúde, desde se referem à atual assistência obstétrica no Brasil,
a acolhida da gestante no pronto socorro obstétrico, associada a vivencia enquanto aluna de graduação
passando pelo centro de parto normal, até o aloja- em Obstetrícia. A formação em Obstetrícia traz um
mento conjunto. Foram feitas três entrevistas com novo modelo de assistência baseado não apenas em
as enfermeiras obstétricas que trabalham no local. conceitos biomédicos, mas considerando a impor-
Com isso, foi possível observar a ocorrência de prá- tância da integralidade do cuidado, das questões
ticas obstétricas consideradas intervencionistas, de gênero e das ciências humanas, o que favorece a
tais como: episiotomia, para aumentar o canal de construção de um olhar humanizado, voltado para a
parto”, embora alguns profissionais se mostrassem autonomia da mulher sobre seu corpo e a compreen-
mais flexíveis, quanto a esse procedimento, o uso são de seu papel central no processo de parto. Lições:
de ocitocina, para acelerar o trabalho de parto” e Mudanças se fazem necessárias para uma melhor
a posição litotômica, para um melhor conforto do atenção à saúde das mulheres, um caminho é rever a
profissional de saúde”. A guisa de uma conclusão, formação dos profissionais de modo a implementar a
pode-se dizer que, apesar da maternidade possuir integralidade do cuidado, que vai além da fisiologia e
um Centro de Parto Normal, com a assistência obs- entende a mulher como sujeito de direitos. Respeitar
tétrica feitas por enfermeira e obstetrizes, o modelo processos naturais, como o processo de parto, está
de assistência ainda é o biomédico. Isso devido à baseado em uma nova visão de assistência que consi-
organização, à alta rotatividade e à falta de leitos, dera o contexto sociocultural de vida da mulher e sua
bem como a formação intervencionista de alguns história, respeitando suas crenças e escolhas nesse
profissionais de saúde. momento singular. Recomendações: A mudança
de modelo da assistência obstétrica está presente
UM NOVO OLHAR SOBRE A SAÚDE DE MULHER: nas políticas públicas de saúde. No entanto, a fis-
REFLEXÕES SOBRE O MODELO DE ASSISTÊNCIA E calização e implementação são fundamentais para
A FORMAÇÃO EM OBSTETRÍCIA garantir o direito de escolha da mulher sobre seu
Cindy Ferreira Lima / Lima, C.F. / Universidade de corpo e processo de parto. Mas para que tais ações
São Paulo; Glauce Cristina F. Soares / Soares, GCF / sejam eficazes, é necessário rever a formação dos
Universidade de São Paulo; Dulce Maria Rosa Gual- profissionais de saúde, considerando prioritárias
da / Gualda, D.M.R. / Universidade de São Paulo; disciplinas humanas e sociais nos cursos da saúde,
Caracterização do Problema: A assistência à saúde sendo a formação em Obstetrícia um bom exemplo
da mulher no Brasil tem sido alvo de inúmeras e a abertura de novos cursos em universidades por
discussões no campo das políticas públicas e mo- todo país uma estratégia interessante.
vimentos sociais. O modelo biomédico favorece a
ocorrência de altas taxas de cesarianas, uso indis- VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E SERVIÇO SOCIAL:
criminado de procedimentos como a ocitocina e APROXIMAÇÕES INICIAIS
episiotomia, práticas que estão em desacordo com as Jéssica Perez Di Lorenzo / LORENZO, J.P.D. / FMU;
Recomendações da OMS e as mais recentes eviden- A presente pesquisa discute a violência obstétrica,
cias cientificas. Esse tipo de assistência se tornou a partir do debate sobre a efetivação dos direitos

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 327
sexuais e reprodutivos das mulheres sob a pers- respeito do assunto abordado. Os estudos sobre este
pectiva de direitos sociais básicos, atrelados aos tema iniciaram a partir da construção do projeto
direitos humanos. Problematiza-os no contexto de mestrado, o qual está em desenvolvimento no
social contemporâneo, cujo modo de produção Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde,
vigente é o capitalismo, o qual prioriza o capital vinculado ao Centro de Ciências Biológicas e Saúde,
financeiro em detrimento das demandas sociais, e da Universidade Federal de São Carlos. Entre os re-
gera o sucateamento e a precarização das políticas sultados e as discussões apresenta-se uma crescente
públicas. Para tanto, o debate se fomenta a partir insatisfação das mulheres em suas experiências
do conceito de violência estrutural, que encontra-se relativas ao parto e ao nascimento. Na concepção
imbricado no próprio modo de produção, e como ele de muitas mulheres o parto é descrito como do-
se reflete na relações sociais estabelecidas com as minado pelo medo, solidão e dor, em instituições
mulheres. Além disso, discute-se a relação do Serviço que deslegitimam a sexualidade e a reprodução de
Social com esses direitos e, a partir de entrevista mulheres que são rotuladas como subalternas, por
semi-dirigida a uma profissional assistente social, serem de baixa renda. Estas práticas transformam o
avalia-se como a aplicabilidade e efetivação ocorre direito reprodutivo em um processo hierarquizado,
na prática profissional, concluindo que o Serviço refletindo a desigualdade de gênero e a iniquidade
Social reproduz e naturaliza a violência contra as na assistência. E expondo-as a vulnerabilidade de
mulheres, a partir da atuação profissional baseada gênero. Conclui-se sob o enfoque de gênero, que as
em valores morais e conservadores. práticas assistenciais no ciclo gravídico-puerperal
em vigência no Brasil, ignoram os direitos sexuais
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: REFLEXÕES SOB A e reprodutivos, o que se reflete nos maus tratos so-
PERSPECTIVA DOS DIREITOS REPRODUTIVOS E fridos pelas mulheres nas instituições hospitalares,
SEXUAIS o que tem sido denominado de violência obstétrica.
Geovânia Pereira dos Reis Machado / Macha- Palavras-chave: Violência de gênero, violência obs-
do, G.P.R. / Universidade Federal de São Carlos; tétrica, serviços de saúde materna.
Graziani Izidoro Ferreira / Ferreira, G. I. / Univer-
sidade Federal de São Carlos; Fernando Henrique VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: UMA REVISÃO INTE-
Ferreira / Ferreira, F.H. / Universidade Federal de GRATIVA DE PESQUISAS QUALITATIVAS
São Carlos; Márcia Regina Cangiani Fabbro / Fab- Luara de Carvalho Barbosa / Barbosa,L.C. / Uni-
bro, M.R.C. / Universidade Federal de São Carlos; versidade Federal de São Carlos; Marcia Regina
Violência obstétrica, também é considerada uma Cangiani Fabbro / Fabbro, M.R.C. / Universidade
violência de gênero, definida como a apropriação Federal de São Carlos; Graziani Izidoro Ferreira /
do corpo das mulheres durante o ciclo gravídico- Ferreira,G.I. / Universidade Federal de São Carlos;
-puerperal, por profissionais da saúde, que prestam Viviane Rodolpho de Oliveira / Oliveira,V.R. / Uni-
assistência desumana, supervalorizando a medica- versidade Federal de São Carlos; Geovânia Pereira
lização e intervenções iatrogênicas em processos dos Reis Machado / Machado,G.P.R. / Universidade
naturais; condenando-as a perda de autonomia e Federal de São Carlos;
capacidade de decidir livremente sobre seus corpos Introdução: o modelo atual de atenção ao parto é
e sexualidade. Estas relações de gênero encontram caracterizado pela utilização intensiva de inter-
profundas raízes nas características de uma socieda- venções obstétricas, aumento das taxas de cesárea
de patriarcal, prevalecendo estruturas de subordina- desnecessária e desumanização no atendimento. Ob-
ção e discriminação contra as mulheres. Objetiva-se jetivo: discutir fatores intervenientes da assistência
refletir sobre violência obstétrica, dentro da perspec- ao parto por meio do relato de experiências do parto,
tiva de gênero, dos direitos sexuais e reprodutivos e, tendo como pano de fundo a violência obstétrica, que
da condição de vulnerabilidade feminina. Trata-se envolve qualquer tipo de violência durante a gesta-
de um estudo descritivo baseado em revisão da lite- ção, parto e pós-parto. Método: trata-se de revisão
ratura e das percepções e indagações das autoras a integrativa de pesquisas qualitativas realizada em

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 328
cinco etapas baseadas no método de Whittemore e satisfatória do parto; banalização da violência
Knafl. Na primeira etapa definiu-se a questão do es- obstétrica e vivenciando o parto humanizado. Os
tudo, objetivos e protocolo de revisão. As bases de da- resultados apontaram à situação atual da assistên-
dos eletrônicas escolhidas foram: LILACS, SCiELO, cia obstétrica, como práticas não recomendadas
JCR, CINAHAL, PubMed, MEDLINE, SocIndex, APA, e desatualizadas marcadas pelo medo, ansiedade,
PEPSIC, Web.of.science, ERIC, JCR, com os descrito- frustração, desespero e solidão, elementos estes,
res: violência or obstétrica or gênero or mulher, and desfavoráveis à vivência satisfatória do parto.
assistência ao parto, experiência, satisfação, saúde Assim, essas práticas passaram a ser vistas como
materna. A busca realizada no período de nov/2014 “normais”, banalizando a violência obstétrica, ca-
a fev/2015. Foram encontrados inicialmente 13.990 racterizada pelo autoritarismo, desrespeito e pela
artigos, após a leitura dos títulos e resumos para sensação de vulnerabilidade à que mulheres se
seleção de artigos originais, restaram 482 e após a sentem expostas. Em oposto a essa assistência o
aplicação do protoloco restaram 49, posteriormente modelo humanizado de atenção ao parto ao valorizar
lidos na íntegra para caracterização das pesquisas o protagonismo da mulher torna a experiência de
primárias do estudo. A análise dos dados levantou parto mais gratificante. Conclusão: Com base nos
os resultados de acordo com os temas relacionados resultados obtidos concluímos que é necessária
ao objetivo do estudo, identificado e agrupados em a realização de múltiplas ações para colocar em
categorias. Resultados Parciais: Após a análise de prática à humanização da assistência obstétrica,
23 artigos surgiram 4 categorias: pré - concepções visando melhor qualidade da assistência e uma vi-
sobre o parto; elementos desfavoráveis à vivência vência satisfatória de parto para todas as mulheres.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 329
Saúde do Trabalhador
A EFICÁCIA DE UM PROGRAMA CINESIOTERAPÊU- Questionário de Incapacidade de Roland – Morris,
TICO DENOMINADO ESCOLA DE COLUNA PARA que é composto de 24 itens sobre a influência da dor
TRABALHADORES PORTADORES DE LOMBALGIA nas costas nas atividades de vida diária e prática;
CRÔNICA DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FA- Escala Visual Analógica (EVA), que quantifica a
dor; e Oswestry Low Back Pain Disability Questio-
MÍLIA EM SÃO CARLOS – SP
nnaire, que é um dos principais instrumentos de
Larissa Neodine Duarte Derisso / Derisso, L.N.D. /
avaliação da coluna vertebral. Lições aprendidas:
Prefeitura Municipal de São Carlos / UFSCar;
O estudo indicou que a intervenção colaborou para
Caracterização do Problema: O trabalho é uma ati- menor indicação de dor, melhor qualidade de vida,
vidade cumprida pelo ser humano como ser social diminuição referida de dor e absenteísmo pelos tra-
e é um dos meios de sobrevivência, auto-realização balhadores de saúde. Recomendações: Desistências
e sustentação das relações interpessoais, principal- no grupo que devem ser mensuradas, se possível
mente na sociedade capitalista atual, exigindo dos com os motivos, para melhor entendimento destas.
trabalhadores preparação física e mental exaspe- Os benefícios e incentivos da intervenção podem
rada, refletindo em diversas alterações corporais. diminuir as desistências.
Estudos mostram que um dos locais mais acometi-
dos é a coluna lombar, pois recebe sobrecarga me-
A PESQUISA QUALITATIVA COMO INSTRUMENTO
cânica, exige bom posicionamento e alinhamento,
DE AVALIAÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO:
de modo que se esta não estiver preparada para tais
exigências físicas, ocorrerão dor e perda funcional.
IMPACTOS NA AÇÃO DO FISIOTERAPEUTA
A Estratégia da Saúde da Família se apresenta como Maria Elisabete Guazzelli / Guazzelli, M.E. / Uni-
cenário apropriado para atividades fisioterapêuticas versidade Anhembi Morumbi; Egon Felix Hader-
preventivas e curativas de patologias musculoesque- mann / Hadermann, E.F. / Universidade Anhembi
léticas. Estudos demonstram que a Escola de Coluna Morumbi;
é uma intervenção resolutiva para a demanda de Introdução: Reflexo da complexidade que marca a
lombalgia crônica na Saúde Pública. Descrição: sociedade contemporânea, no ambiente de trabalho
Como o programa Escola da Coluna interferiu nos transitam diferentes maneiras de ver e lidar com o
sintomas de lombalgia crônica de trabalhadores corpo e com a saúde. Na atuação fisioterapêutica
de uma Unidade de Saúde da Família no município são usadas estratégias de investigação e aproxima-
de São Carlos – SP. Participantes: Trabalhadores ção com colaboradores, gestores e profissionais de
de uma USF de São Carlos – SP. Critérios para de saúde, como instrumentos de avaliação ergonômica,
inclusão: presença relatada de lombalgia e stress. de desempenho cinético-funcional e de qualidade
Exclusão: realização de outro tratamento (fisiote- de vida, em geral de natureza quantitativa. O apro-
rapia convencional, medicamentoso, etc.). Na in- fundamento das ações fisioterapêutica implica
tervenção os trabalhadores foram subdivididos em compreender as percepções e representações em
dois grupos: controle (palestra informativa sobre torno do corpo, da saúde e do adoecimento dentro do
lombalgia) e Escola de Coluna (palestra e programa ambiente de trabalho. A pesquisa qualitativa mostra-
de exercícios com duração de 50 minutos, 2 vezes/ -se como instrumento que permite aprofundar sobre
semana, durante 12 semanas). Os subgrupos foram aspectos que não são adequadamente captados pelos
analisados quanto às suas respostas e dados obtidos questionários fechados. Objetivo: Investigar os im-
nas avaliações. Mensuração: Foram realizadas ava- pactos do uso da pesquisa qualitativa como instru-
liações fisioterapêuticas iniciais e finais, compostas mento de avaliação no ambiente de trabalho na ação
de dados da anamnese, avaliação postural e testes do fisioterapeuta. Metodologia: Foram entrevistados
específicos para região lombar. Foram aplicados: 50 funcionários e cinco gestores de uma indústria

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de alimentos, selecionados aleatoriamente, através estatística entre a variável desfecho com o Nível
de um questionário semiestruturado, onde falaram de Atenção de Média Complexidade, as ocupações
sobre o impacto do trabalho na sua saúde. Para a de Técnico de Enfermagem e Médico, tempo de
organização dos dados foi utilizado o Discurso do trabalho na saúde pública menor ou igual a 4 anos,
Sujeito Coletivo. Resultados: Foram identificadas as tempo de trabalho na saúde menor ou igual a 3 anos,
seguintes categorias: O trabalho prejudica a saúde”, jornada de trabalho de 40 horas semanais ou mais,
Não aguento mais trabalhar de tanto cansaço”, O não recebimento de 13º salário, não disponibilidade
desenvolvimento dos produtos novos não levam em e não utilização de EPI. Verificou-se que o ambiente
consideração a minha saúde”, Os chefes não levam de trabalho, as condutas do empregado/empregador
em conta a saúde de quem trabalha”, O jeito que os e o processo de trabalho podem impactar na saúde
chefes falam só deixa a gente mais tenso e com mais daqueles trabalhadores. Logo, a atenuação dos
dor”, Gosto da ginástica porque faz bem parar um acidentes de trabalho requer educação, adesão de
pouco o trabalho”, Fico chateado quando não posso práticas seguras, cuidados com riscos ambientais
fazer a ginástica por causa de tanto trabalho”, O tra- e redução da sobrecarga de trabalho.
balho é tanto que não tenho forças para fazer nada”.
Conclusão: O instrumento qualitativo permitiu iden- ACOMPANHAMENTO DOCENTE E SERVIDOR: ES-
tificar as diferentes representações sociais em torno TRATÉGIAS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE
do corpo e da saúde no seu ambiente de trabalho. A Fernanda de Cássia Israel Cardoso / Cardoso,
introdução de instrumentos de natureza qualitativa F.C.I. / UFSCar; Gioji Ricardo Okino / Okino, G.R. /
mostrou-se relevante nas ações do fisioterapeuta UFSCar;
dentro do ambiente de trabalho. Implantar a assistência à saúde com excelência e
voltada às necessidades dos usuários é uma tarefa
ACIDENTES DE TRABALHO E EXPOSIÇÕES OCUPA- difícil e de longo prazo. Promover saúde aos indiví-
CIONAIS ENTRE TRABALHADORES DA ATENÇÃO duos atendendo as necessidades está intimamente
BÁSICA E MÉDIA COMPLEXIDADE ENTRE OS ANOS relacionado à Política Nacional de Humanização,
DE 2012 E 2013, NA BAHIA instituída em 2003. Para que a promoção da saúde
Marcelo Leandro Santana Cruz / CRUZ, M.L.S. / aconteça de forma adequada, é preciso conhecer
Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS; a população a ser assistida e suas necessidades.
Jorgana Fernanda de Souza Soares / SOARES, Neste contexto, o diagnóstico situacional é impor-
J.F.S / Universidade Estadual de Feira de Santana - tante para ações e intervenções adequadas e seu
UEFS; Anna Paula Matos de Jesus / JESUS, A.P.M. / monitoramento garante a perpetuação da estratégia.
Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS; Objetivos: Conhecer a população em aspectos de
Trata-se de uma pesquisa de corte transversal, saúde, traçar um diagnóstico e direcionar ações de
exploratória realizada nos municípios de Feira de promoção à saúde de acordo com as necessidades.
Santana, Itabuna, Jequié, Juazeiro, Santo Antônio de Método: Estudo descritivo realizado no campus
Jesus e Distrito Sanitário Centro Histórico de Salva- universitário de Araras-SP, onde os servidores são
dor. Apresenta como objetivo geral: identificar a dis- sujeitos. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-
tribuição das exposições ocupacionais na Atenção quisa da instituição. A coleta de dados está sendo
Básica na Bahia, incluindo os acidentes de trabalho e realizada através de um questionário e tabulada
específicos: caracterizar a frequência de exposições através do Excel. Resultados: Os resultados são
ocupacionais de acordo com as categorias profissio- parciais e representam 15% a ser estudado. Encon-
nais; estimar a incidência e os fatores associados tramos uma média de 35 anos, com predomínio de
aos acidentes de trabalho entre os trabalhadores. A mulheres e categoria de técnico-administrativo. Em
amostra foi constituída de 6.191 trabalhadores da relação aos dados de saúde, 61% se submeteram a
saúde. Realizaram-se análises univariada e bivaria- cirurgias prévias de várias etiologias. Sobre doenças
da. Destacara-se que a incidência daqueles acidentes osteoarticulares, 54% relataram alguma patologia
foi de 3,4/100 trabalhadores. Houve associação seguido de 46% com problemas específicos na co-

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luna. Destas, encontramos que 66% apresentam dagem dessas situações desestabilizadoras através
sobrepeso ou obesidade. Apenas uma servidora do Núcleo de Acompanhamento Sóciofuncional. O
relatou ser hipertensa e nenhum servidor sabida- acompanhamento é iniciado quando há percepção de
mente diabético. 61% relataram fazer algum tipo de situação de sofrimento ou adoecimento no trabalho,
atividade física regular e, em relação ao índice de decorrentes do processo de trabalho. Seu objetivo
massa corporal (IMC) encontramos predomínio de principal é a preservação da saúde do trabalhador
pessoas com IMC normal (46%), seguidas de 23% de nos espaços de produção de saúde. As idéias mais im-
sobrepeso e obesidade. 62% relataram não praticar portantes que compõem a filosofia do trabalho são:
atividade física e dentre estes, 80% apresentam IMC acolhimento, escuta qualificada, diálogo, respeito à
normal e 20% apresentam IMC considerado baixo autonomia dos sujeitos, compromisso com a demo-
peso. Sobre os antecedentes familiares, a patologia cratização das relações de trabalho e valorização dos
predominante foi Hipertensão Arterial relatada por profissionais de saúde. São utilizadas as técnicas da
84% dos sujeitos. Conclusão: Concluímos que há re- escuta qualificada do trabalhador e do gestor, rodas
lação entre excesso de peso e doenças osteoarticula- de conversa com coletivos, grupos focais. O acompa-
res, principalmente queixas em membros inferiores. nhamento pode ser feito individualmente ou com um
Observamos uma amostra que não é adepta à prática coletivo. No atendimento individual, embora possa
de exercícios físicos com IMC normais. Estes dados parecer privilegiar uma abordagem particularizada
mostram que pessoas acima do peso, sejam por do trabalhador, é o contexto mais amplo do trabalho,
motivos de saúde ou estéticos, são mais propensas do trabalhador, da saúde pública e do coletivo que
a atividades físicas. Percebemos que mesmo com são considerados. Lições Aprendidas: Chama-nos
uma tendência familiar à hipertensão, apenas uma a atenção que esta mediação do acompanhamento
pessoa apresenta esta doença. Este dado é inferior instala e marca novos espaços de diálogo sobre as
em relação à população em geral e provavelmente relações de trabalho no SUS. Enfatiza os processos
está relacionado à faixa etária estudada. criativos e construtivos do sujeito, sua capacidade
de agir, de resistência face ao real do trabalho. As
ACOMPANHAMENTO SÓCIOFUNCIONAL COMO políticas públicas muitas vezes partem do pressu-
ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO À SAÚDE DO TRA- posto de necessidades universais nas instituições
BALHADOR sociais, como se estas fossem naturais, contribuindo
para um trabalho alienado, no qual o sujeito perde
Geraldina da Costa Ribeiro / Ribeiro, G.C. / Se-
o saber sobre sua prática, desejos e necessidades.
cretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte;
Considerando o modelo sócio-econômico predomi-
Luciana Parisi / Parisi,L. / Secretaria Municipal
de Saúde de Belo Horizonte; Crisane Rosseti / Ros- nante é importante criar e fortalecer espaços que
seti, C. / Secretaria Municipal de Saúde de Belo introduzam a organização do trabalho em discus-
Horizonte; sões mais ampliadas, numa perspectiva de recupe-
rar e promover a saúde nos espaços de trabalho, de
Caracterização do Problema: Há um número signi-
enlaçamento entre cidadania e solidariedade, afeto
ficativo de trabalhadores que durante a trajetória
e emancipação.
de vida no trabalho passam por diversas situações
conflituosas que produzem sofrimento ou cujas
ANÁLISE DOS ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
condições de trabalho são desestabilizadoras inter-
ferindo na relação trabalho-saúde. As relações que
DOS ACIDENTES OCUPACIONAIS, PRÁTICAS DE
permeiam o mundo do trabalho envolvem aspectos BIOSSEGURANÇA E IMPACTO NA ROTINA DE
subjetivos, em que o sofrimento do trabalhador nem TRABALHO DE CIRURGIÕES-DENTISTAS, APÓS
sempre é reconhecido e legitimado, dificultando sua EXPOSIÇÃO A MATERIAL BIOLÓGICO
abordagem no cotidiano das instituições de saúde. Katia Ferreira dos Santos / Santos,KF / IIER; Nilton
Descrição: A Gerência de Gestão do Trabalho e Edu- Jose Fernandes Cavalcante / Cavalcante NJF / IIER;
cação em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Introdução: A odontologia realiza procedimentos
Belo Horizonte vem consolidando, há 14 anos, a abor- cirúrgicos e há poucas publicações referentes a aci-

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dentes. A extrapolação da experiência com médicos e CARACTERIZAÇÃO DE PERFIL NUTRICIONAL E
enfermeiros não atende suas peculiaridades quanto à PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA DE SERVIDORES
técnica, havendo necessidade de estudos específicos. PÚBLICOS PARA PLANEJAMENTO DE AÇÕES EDU-
Objetivos: O objetivo foi caracterizar aspectos epide- CATIVAS
miológicos dos acidentes com material biológico em
Thamires Leonardi Merino Rios / Rios, T.L.M. / Fa-
cirurgiões-dentistas. Identificar as práticas de bios-
culdade de Saúde Pública da USP; Vanessa Sayuri
segurança adotadas, grau de percepção frente aos
Nagaishi / Nagaishi, V.S. / Faculdade de Saúde
acidentes e as mudanças decorrentes. Método: Foi
Pública da USP; Letícia W. Ribeiro / Ribeiro, L.W.
realizado um estudo transversal qualiquantitativo,
/ Faculdade de Saúde Pública da USP; Isabela H.
retrospectivo e prospectivo com o preenchimento de
Signorini / Signorini, I.H. / Faculdade de Saúde
Ficha Específica da Comissão de Controle de Infecção
Pública da USP; Marlene Trigo / Trigo, M. / Facul-
Hospitalar (CCIH) do Instituto de Infectologia Emilio
dade de Saúde Pública da USP; Maria Elisabeth
Ribas (IIER) (São Paulo, Brasil) e entrevistas por
Machado Pinto e Silva / Silva, M.E.M.P. / Faculda-
meio de questionários, divididos em dois grupos de
de de Saúde Pública da USP;
20 cirurgiões-dentistas, no período de 2008 a 2012,
selecionados do total de 103 acidentes notificados. Introdução: Síndrome Metabólica (SM) é um con-
Resultados: Houve predominância do sexo feminino junto de disfunções orgânicas relacionadas ao
80 (77,71%), idade média de 33,6 anos. A maioria excesso de gordura. É identificada pela presença de
trabalhava em clínicas privadas (101 - 98%), turno circunferência da cintura (CC) aumentada associada
diurno 78 (75,7%), 8,9 anos de tempo na função, 71 a pelo menos dois outros fatores de risco: valores
(68,9%) não notificaram o acidente à Medicina do elevados de triglicérides (TG), pressão arterial (PA)
Trabalho e 33 (32%) relataram acidente prévio. Ocor- e glicemia de jejum e HDL reduzido, de acordo com
reram mais acidentes na sexta (24 - 23,3%) e sábado os parâmetros da International Diabetes Federation
(22 - 21,3%), percutâneos em 87 (84,5%), contendo (IDF). Alimentação saudável e atividade física regu-
sangue em 58 (56,3%) e com agulha com lúmen em lar auxiliam na sua prevenção. Objetivo: Assim, este
40(38,8%), mão esquerda 48 (46,7%), durante proce- estudo visa caracterizar servidores públicos quanto
dimentos 60 (58,3 %), autoacidentes 78 (75,7%). Entre aos fatores de risco para SM, a fim de direcionar o
os EPI, os profissionais usavam luvas em 89 (86,4%). desenvolvimento de ações educativas. Métodos: Foi
O paciente-fonte era conhecido em 90 (87,4%), mas realizado estudo de corte transversal com servidores
não tiveram as sorologias colhidas. Relataram vaci- não docentes de uma faculdade pública da cidade de
nação contra Hepatite B em 94 (91,3%), receberam São Paulo. Aplicou-se questionário socioeconômico
TARV em 60 (58,3%) e 47 (45,6%) completaram e de prática de atividade física. Medidas de peso,
acompanhamento adequado. Na análise temática, estatura e CC foram aferidas segundo preconiza o
os motivos dos acidentes relacionaram-se a ordem SISVAN. IMC foi classificado segundo a OMS em
pessoal: desatenção, distração seguida de uso ina- baixo peso, eutrofia, sobrepeso e obesidade. Foram
dequado de técnica odontológica, principalmente. coletados exames bioquímicos (glicemia de jejum,
Conclusões: As mudanças ocorridas após o acidente TG e HDL) e aferição da PA. Foram utilizados valores
foram de ordem pessoal: aumento no autocuidado e de referência da IDF. Resultados: Foram coletados
atenção, comprometimento no uso da terapia antirre- dados de 142 servidores, 60 homens e 82 mulheres
troviral (TARV), reconhecimento de limites, mudança com idades médias de 47,7 (DP: 11,0) e 49,2 (DP:
de emprego, troca de especialidade, diminuição de 10,8) anos, respectivamente. Quanto à escolaridade,
carga de trabalho. Apesar da fonte conhecida, poucos 40,9% têm ensino médio completo e 43,0% superior
exames sorológicos foram realizados. Os profissio- completo. Sobre o estado nutricional, 66,2% dos
nais relataram mudanças de comportamento depois servidores estão com excesso de peso: 43,0% com
dos acidentes quanto a biossegurança, uso de EPI e sobrepeso e 23,2% com obesidade. Mais da metade
técnicas odontológicas. Palavras-Chave: Exposição dos homens está com sobrepeso (51,7%). Obesidade
a agentes biológicos. Odontologia. Riscos ocupacio- foi mais prevalente entre as mulheres (28,0%, versus
nais. Saúde do trabalhador. 16,7% de homens). Glicemia de jejum e TG elevados

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representaram 20,4% e 22,5%, respectivamente. HDL menclatura da CID 10. A análise foi através do teste
baixo foi observado em mais da metade dos homens qui-quadrado que avaliou a associação entre o ser-
(55,0%) e em 75,6% das mulheres. Valores elevados viço doméstico e as lesões e o modelo de regressão
de PA foram mais prevalentes entre homens (40,0%, logística Odds Ratio (OR) permitindo a avaliação de
versus 20,7% de mulheres). CC elevada foi identifica- qual o risco de desenvolvê-las. Resultados: A amostra
da em 68,3% dos homens e em 75,6% das mulheres. investigada se caracterizou por: idade média de 49,4
SM foi observada em 36,7% dos homens e 28,0% das anos (±17,63), 59,15% sexo feminino. As principais
mulheres. Quanto à prática de atividade física, 75,4% profissões foram serviços domésticos (22,41%),
não realizam o mínimo de 150 minutos por semana aposentados (15,55%) e serviços gerais (6,71%). As
recomendados pela OMS. Conclusão: Foram obser- demais profissões tiveram incidência menor do que
vadas elevadas prevalências de fatores de risco para 6%. As causas de lesão não traumáticas foram mais
a SM e a necessidade de um trabalho preventivo e frequentes (69,27%) do que as traumáticas (30,73%).
de promoção da saúde, com foco principalmente em Já as principais lesões foram na coluna vertebral
orientação nutricional e atividade física. O próprio (22,56%), no membro superior (13,87%) e as gonartro-
local de trabalho representa um espaço em potencial ses (5,49%). Na análise de associação entre serviço
para a execução dessas ações que visam à saúde e doméstico e lesões mais frequentes foi observado
qualidade de vida do trabalhador. p<0,05 para síndrome do túnel do carpo e lesões
no ombro, o que não ocorreu para lesões na coluna
CARACTERIZAÇÃO DE USUÁRIOS DO CENTRO DE vertebral. Já na regressão logística o serviço domés-
REABILITAÇÃO E FISIOTERAPIA DE PRESIDENTE tico apresentou índice de OR=2,54§ para síndrome
PRUDENTE-SP: ANÁLISE DO SERVIÇO DOMÉSTICO do túnel do carpo e OR=1,82§ para lesões no ombro.
COMO EXPOSIÇÃO AO RISCO DE DESENVOLVER Conclusão: Este estudo mostrou que, em relação às
demais ocupações, serviços domésticos é fator de
LESÕES
risco para desenvolver lesões no membro superior,
Viviane de Freitas Cardoso / CARDOSO, V.F /
indo ao encontro da literatura. Uma hipótese para
UNESP/FCT; Ana Lucia de Jesus Almeida / Al-
esse maior risco é que as condições de saúde desse
meida, A.L.J / UNESP/FCT; Renilton José Pizzol
grupo podem se agravar devido à falta de atividade
/ PIZZOL, R.J. / UNESP/FCT; Luís Alberto Gobbo
física regular e à carência de orientações ergonômi-
/ GOBBO, L.A. / UNESP/FCT; Raul Guimarães /
cas. Para o fisioterapeuta é importante atuar com
GUIMARÃES, R. / UNESP/FCT;
essa demanda tendo como perspectiva contribuir
A complexidade do processo de adoecimento solicita
com a condição de saúde do trabalhador.
a construção planejada de uma rede de ações que
torna a saúde mais eficiente. Esse planejamento
CAUSAS DE ÓBITO ENTRE OS TRABALHADORES
pode ser iniciado através do conhecimento sobre os
usuários do serviço, possibilitando ao profissional EXPOSTOS AO ASBESTOS EM UMA MINERADORA
interferir nos processos que levam ao adoecimento BRASILEIRA
dessa população, qualificando sua intervenção e Fernando Simoes Friestino / Friestino, F.S. /
provocando melhorias no serviço de saúde. Objetivo: UNICAMP; Jane Kelly Oliveira Friestino / Olivei-
Analisar o perfil dos usuários do Centro Municipal ra Friestino, J. K. / UNICAMP; Ericson Bagatin /
de Reabilitação e Fisioterapia (CRF) de Presidente Bagatin, E. / UNICAMP;
Prudente – SP, associando o serviço doméstico com Introdução: O asbesto é uma fibra mineral classi-
a exposição ao risco de desenvolver lesões. Método: ficada como carcinogênico para humanos, além de
Utilizou-se 656 prontuários de usuários atendidos causar mesotelioma, placas pleurais e asbestose.
no período de janeiro de 2013 a julho de 2014 do O Brasil está entre os quatro maiores produtores
Centro de Reabilitação e Fisioterapia. Os dados mundiais de asbesto. Na literatura internacional
coletados foram: sexo, idade, diagnóstico clínico há diversos trabalhos relacionando a exposição
e ocupação profissional. O diagnóstico clínico do ocupacional a este mineral com doenças das vias
encaminhamento médico foi tabulado segundo a no- aéreas. Objetivos: Descrever o perfil de mortalidade

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entre os trabalhadores expostos ao asbesto em uma estudo, sendo que destes, 1.235 pilotos que realizam
mineradora brasileira. Metodologia: Trata-se de voos nacional e internacional, responderam ao ins-
uma coorte de trabalhadores em atividade de mine- trumento de pesquisa. A coleta de dados foi realizada
ração nas minas de São Félix-BA e Cana Brava-GO. através de questionário com dados biodemográficos,
Foram acompanhados as informações de óbito de trabalho e saúde. Para avaliar a capacidade para o
todos os trabalhadores com mais de 5 anos de ex- trabalho foi utilizado o Índice de Capacidade para
posição de 1940 a 2010, por meio do convênio entre o Trabalho – ICT, que engloba a auto-avaliação do
a Universidade e sindicato. Foram consultadas as trabalhador sobre sua saúde e capacidade para o
declarações de óbito de cada trabalhador falecido trabalho. Em relação aos dados biodemográficos
para se estabelecer a causa básica do óbito. Após foi possível observar que 97,8% dos pilotos eram do
a codificação pela CID-10 realizou-se uma análise sexo masculino, 45,6% tinham faculdade completa
descritiva dos achados. A pesquisa seguiu as re- e a idade média era de 39,1 anos (DP 9,8 anos). Em
comendações éticas da Resolução CNS 466/2012. relação ao trabalho, 94,5% trabalhavam em turnos
Resultados: Ignorada ou desconhecida foi a causa que envolviam o turno noturno e 50,6% referiram
de óbitos mais frequente. Das causas conhecidas, a praticar atividade física por 150 minutos ou mais
mais frequente foi de Doenças do Aparelho Circula- por semana. A classificação do ICT foi de: ICT ótimo
tório, seguida de Causas Externas e Neoplasias. As – 33,7%; ICT bom – 45,7%; ICT moderado – 18,2% e ICT
doenças do Aparelho Respiratório, dentre as quais baixo – 2,4%. Esses resultados mostram que apesar
estão as relacionadas à exposição ao asbesto, foram da maioria dos pilotos ter sido classificada com um
apenas a sexta maior em frequência entre as causas bom e ótimo ICT, há uma considerável proporção
conhecidas. Conclusão: a exposição ocupacional ao de pilotos classificados com moderado e baixo ICT,
asbesto não levou a um maior número de mortes por indicando a necessidade de intervenção positiva
doenças respiratórias, principalmente as relacio- sobre a saúde desses trabalhadores, com o intuito de
nadas ao asbesto, de forma oposta ao mostrado por prevenir perdas da capacidade para realizar o traba-
estudos internacionais. lho, uma vez que estão no auge da idade produtiva.

COMPREENDENDO A CAPACIDADE PARA O CUIDANDO DO CUIDADOR: A EXPERIÊNCIA DE


TRABALHO ENTRE PILOTOS DA AVIAÇÃO CIVIL CUIDAR DE QUEM CUIDA EM CAMPINAS – SP
BRASILEIRA Elizete Maria Foschini Boschi / Boschi,E.M.F. /
Pollyanna Pellegrino / Pellegrino, P. / UNISAN- Prefeitura Municipal de Campinas; Lucia Helena
TOS; Elaine Cristina Marqueze / Marqueze, E.C / Frizzarin / Frizzarin,L.H. / Prefeitura Municipal
UNISANTOS; de Campinas; Priscilla Brandão Bacci Pegoraro /
O trabalho em condições e circunstâncias favoráveis Pegoraro,P.B.B. / Prefeitura Municipal de Campinas;
e adequadas contribui para o bem-estar geral, poden- A Coordenadoria de Gestão ao Trabalho e Educação
do ser um gerador de equilíbrio e de saúde. Por outro da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas
lado, ele também pode expor os trabalhadores a res- desenvolve um Programa denominado Cuidando do
trições para o seu desenvolvimento pessoal e profis- Cuidador. Este projeto está inserido em um conjunto
sional, que podem acarretar em efeitos patológicos e de ações interligadas que visa qualificar o eixo da
desestabilizadores, e consequentemente levar a uma gestão do trabalho em saúde e transformar as práti-
diminuição da capacidade para o trabalho. O objetivo cas e modelo assistencial rumo aos princípios e di-
desse estudo foi identificar o nível da capacidade retrizes do SUS e da PNH. Tem como objetivo apoiar
para o trabalho entre pilotos da aviação civil. Trata- a identificação dos fatores envolvidos na produção
-se de uma pesquisa de caráter epidemiológico com de adoecimento e sofrimento dos trabalhadores nos
corte transversal realizada com pilotos da aviação ci- ambientes de trabalho e desenvolver ações para
vil brasileira que estavam cadastrados na ABRAPAC minorar esses fatores, colaborar com a prevenção e
(Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil). promoção à saúde e apoiar a reinserção ao trabalho.
Foram convidados 2.530 pilotos para participar do Além de definir, identificar e acompanhar as infor-

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mações de saúde dos trabalhadores; identificar os de quinze dias do trabalho, 48,8% sofreram com
fatores de adoecimento; desenvolver ações coletivas algum problema de saúde mental, sendo que o prin-
de promoção e prevenção a saúde e criar espaços de cipal motivo foi a depressão, e os bancários foram
apoio aos trabalhadores, equipe e gestão local e dis- os que apresentaram maior risco de afastamento
trital nos casos de reinserção. Atuação na prevenção: comparado a outras profissões. OBJETIVOS: Inves-
escuta ampliada de situações geradoras de sofrimen- tigar a associação entre depressão e exposição a es-
to; apoio a reflexão sobre o impacto da organização tressores psicossociais do trabalho entre bancários.
e processo de trabalho, das relações e do modelo de METODOLOGIA: Estudo de corte transversal com
gestão; acolhimento após afastamento ou processo 1.046 bancários do estado do Pará e do Amapá. Foi
de saúde, acompanhamento e construção de projeto utilizado um questionário autoaplicável contendo
singular de reinserção. Lições Aprendidas: No eixo características sociodemográficas, de depressão
da Promoção à Saúde: Os espaços de Apoio à Ges- (Questionário sobre a Saúde do Paciente-9 ou PHQ-
tão na identificação de situações de conflitos e de 9) e de estresse no trabalho (Modelo Demanda-
stress no trabalho e as Oficinas de Promoção junto -Controle-apoio social no trabalho e desequilíbrio
às equipes com rodas de conversa e construção de esforço-recompensa). RESULTADOS: A prevalência
estratégias de enfrentamento, diante das situações geral de depressão maior e de outras depressões
problemas identificadas coletivamente, tem sido foi de 17,6% e 14,4%, respectivamente. Não houve
considerada uma ferramenta potente na reflexão e diferença estatisticamente significante entre os
na retomada do protagonismo do trabalhador. No sexos. Trabalhadores expostos à atividades de alta
eixo da Reinserção ao Trabalho: a permanência no demanda e baixo controle, bem como baixo apoio
mesmo local de trabalho quando possível e a cla- social estiveram associados à depressão. De igual
reza e descrição das potencialidades laborais e de forma, associação com depressão foi encontrada
funções a serem desenvolvidas na contratação de em exposição a alto esforço/baixa recompensa,
metas junto à equipe e gestão favorecem resultados alto comprometimento excessivo e desequilíbrio
satisfatórios. Recomendações: um desafio é a inte- esforço-recompensa. CONCLUSÃO: Este estudo
gração e construção intersecretarias de estratégias identificou que exposição a estressores psicosso-
e intervenções que possam responder aos diagnósti- ciais do trabalho está associada à depressão entre
cos identificados nas unidades e distritos de Saúde; bancários. Descritores: Depressão; Condições de
construção de Redes de Apoio ao Trabalhador com trabalho; Saúde do Trabalhador; Estudos Transver-
aproximações regionais de ofertas que respeitem e sais; Trabalho bancário.
acolham a diversidade de necessidades individuais
e Implementação e fortalecimento dos espaços de ESTRESSE OCUPACIONAL EM PILOTOS DA AVIA-
participação dos trabalhadores na organização e ÇÃO CIVIL BRASILEIRA: UM PROBLEMA DE SAÚDE
reflexão dos processos de trabalho. A complexidade PÚBLICA
das variáveis que envolvem o tema requer ampla Pollyanna Pellegrino / Pellegrino, P. / UNISAN-
discussão e debate junto aos trabalhadores e ins- TOS; Elaine Cristina Marqueze / Marqueze, E.C. /
tituição. UNISANTOS;
O trabalho é uma necessidade do ser humano,
DEPRESSÃO E ESTRESSE EM BANCÁRIOS não só para sobrevivência, mas também para a
Maria do Socorro da Silva Valente / Valente, M.S.S. auto-realização e relações interpessoais; no entanto,
/ USP; Paulo Rossi Menezes / Menezes, P.R. / USP; também tem sido fonte de adoecimento. Entre as
INTRODUÇÃO: Estudos envolvendo diagnóstico e várias doenças destaca-se o estresse ocupacional,
avaliações da saúde mental dos trabalhadores têm que frequentemente está associado à organização
despertado interesse na comunidade científica, com do trabalho, como pressão para produtividade, re-
especial atenção à depressão, por representarem lação abusiva dos supervisores e falta de controle
um alto custo social, econômico e individual. No no trabalho.O objetivo desse estudo foi identificar
Brasil, dentre os trabalhadores afastados por mais o estresse ocupacional em pilotos da aviação civil

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brasileira. Trata-se de um estudo epidemiológico utilizar os produtos, desta forma era instituído a
com corte transversal realizado com pilotos da inclusão de uma cota de agrotóxicos para cada finan-
aviação civil brasileira cadastrados na ABRAPAC ciamento. Este estímulo de compras e uso abusivo
(Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil). de agrotóxicos se mantém até hoje, desfavorecendo
Foram convidados 2.530 pilotos participar do estu- a saúde do trabalhador rural e ao ambiente que está
do, sendo que destes, 1.235 pilotos que realizavam exposto. Objetivos: Determinar as características
voos nacionais e/ou internacionais, responderam da exposição aos agrotóxicos e implicações na
ao instrumento de pesquisa. A coleta de dados foi saúde dos trabalhadores agrícolas de uma região de
realizada através de questionário on-line com dados Campinas-SP. Metodologia: Estudo descritivo trans-
biodemográficos, trabalho e saúde. O modelo usado versal realizado em Campinas–SP. Participaram da
para avaliar estresse ocupacional no presente estudo pesquisa os trabalhadores agrícolas com exposição
foi o proposto por Karasek, em que é realizada uma aos agrotóxicos. Realizou-se um arrolamento das
abordagem simultânea do controle e demanda no propriedades agrícolas da região. Utilizou-se um
trabalho – Modelo Demanda-Controle e Apoio Social. questionário semiestruturado, composto por ques-
Em relação aos dados biodemográficos foi possível tões abertas e fechadas. Para a dosagem da atividade
observar que 97,1% dos pilotos eram do sexo mascu- da colinesterase foi utilizado o kit Lovi-Bond. Um ar-
lino, 84,4% viviam com companheiro (a) e tinham a quivo para a entrada dos dados foi criado no software
idade média de 39,1 anos (DP 9,8 anos). Em relação Epi-Info(6.0). Para as análises estatísticas os dados
ao trabalho, 90,8% realizavam vôos nacionais, não foram exportados e utilizados os softwares: SPSS
sendo o local de residência o mesmo de sua base V16, Minitab 15 e o Excel Office 2007. Cada variável
contratual para 53,7% dos pilotos. A avaliação do foi avaliada através de frequências simples. Os da-
estresse ocupacional mostrou que 35,2% dos pilotos dos deste trabalho têm um nível de significância de
avaliam seu trabalho como sendo de alto desgaste, 0,05 e IC 95%. Resultados: Participaram da pesquisa
22,6% como sendo um trabalho passivo, 26,7% traba- 205 trabalhadores agrícolas. O sexo masculino teve
lho ativo, e 15,5% de baixo desgaste. E em relação ao maior predominância (72,7%). A média de idade foi
apoio social, 77,2% relataram ter baixo apoio social 40 anos (IC 95% 38–42 anos). A escolaridade foi de
no trabalho. Esses resultados mostram que uma pro- 4-7 anos (39,5%). Mais de 33% são fumantes e 55,1%
fazem uso de bebida alcoólica. As intoxicações por
porção considerável dos pilotos apresentou o quadro
agrotóxicos foram descritas por 11,7% dos trabalha-
de baixo controle e alta demanda de trabalho, com
dores. Houve predominância de assalariados e/ou
baixo apoio social para realização de sua atividade
empregados (66,8%). Quase 80% são expostos dire-
profissional. Esses dados confirmam a hipótese de
tamente aos agrotóxicos. Foram citados, 4,1 nomes
que o trabalho dos pilotos na aviação civil brasileira
de agrotóxicos (IC 95% 3,9 - 4,6; dp= 3). Os sintomas
pode ser um fator de risco para o desenvolvimento
mais prevalentes foram à irritação ocular (38,1%),
de estresse ocupacional.
cefaleia (37,4%), lacrimejamento (25,2%), cãibras
(24,5%). E 7,8% tinham redução das atividades das
EXPOSIÇÃO AOS AGROTÓXICOS: ESTUDO POPU- colinesterases. Conclusões/Considerações: Este
LACIONAL COM TRABALHADORES AGRÍCOLAS tipo de população deve estar na pauta de reuniões e
DE UMA REGIÃO DO INTERIOR DE SÃO PAULO, na agenda de trabalho das equipes de saúde, pois é
BRASIL necessário discutir a presença de sintomatologia as-
Elizabeth Regina de Melo Cabral / Cabral, E. R. M. sociada à exposição aos agrotóxicos pode acarretar
/ DSC/ FCM- Unicamp; Herling Gregorio Aguilar em uma interação complexa entre processos sociais,
Alonzo / Alonzo, H. G. A. / DSC/ FCM- Unicamp; econômicos e culturais no trabalhador. Reforçamos
Apresentação: A utilização intensiva de agrotóxicos a necessidade do fortalecimento e intensificação
iniciou a partir do II Plano Nacional de Desenvolvi- da Vigilância em Saúde Ambiental, voltada para a
mento, que estimulava os agricultores a comprar e população com exposição a agrotóxicos.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 337
FATORES ASSOCIADOS ÀS DOENÇAS DO APA- dos fatores de risco modificáveis, como as condições
RELHO CIRCULATÓRIO ENTRE TRABALHADORES de trabalho, para uma melhor qualidade de vida dos
DA SAÚDE trabalhadores. REFERÊNCIAS 1. Mansur AP, Souza
Regina de Souza Moreira / Moreira, R.S. / Uni- MFM, Timermann A, Ramires JAF. Tendência do
versidade Estadual de Feira de Santana; Jorgana risco de morte por doenças circulatórias, cerebro-
Fernanda de Souza Soares / Soares, J.F.S. / Univer- vasculares e isquêmicas do coração em 11 capitais
sidade Federal da Bahia; Tânia Maria de Araújo do Brasil de 1980 a 1998.Arq Bras Cardiol. 2002;
/ Araújo,T.M. / Universidade Estadual de Feira de 79(3):269-76. 2. Coutinho LMS, Scazufca M, Menezes
Santana; Danyella Santana Souza / Souza, D.S. / PR. Métodos para estimar razão de prevalência em
Universidade Estadual de Feira de Santana; Irace- estudos de corte transversal. Rev Saúde Pública.
ma Lua / Lua, I. / Universidade Estadual de Feira 2008; 42 (6): 992-998.
de Santana;
INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas houve uma mu- FATORES ASSOCIADOS ÀS DOENÇAS DO SISTEMA
dança no perfil epidemiológico da população, com OSTEOMUSCULAR E TECIDO CONJUNTIVO ENTRE
destaque para as doenças do aparelho circulatório, TRABALHADORES DA SAÚDE
responsáveis pelos maiores índices de morbimorta- Regina de Souza Moreira / Moreira, R.S. / Uni-
lidade.(1) Ao considerar os trabalhadores da saúde, versidade Estadual de Feira de Santana; Jorgana
percebe-se que o seu perfil epidemiológico, asseme- Fernanda de Souza Soares / Soares, J.F.S. / Univer-
lha-se ao da população em geral. OBJETIVO: Estimar sidade Federal da Bahia; Tânia Maria de Araújo /
os fatores associados às doenças do aparelho cir- Araújo, T.M. / Universidade Estadual de Feira de
culatório entre trabalhadores da saúde. MÉTODO: Santana;
Estudo transversal, exploratório, realizado com INTRODUÇÃO: A intensificação do trabalho aumen-
amostra estratificada de trabalhadores da saúde tou a exigência física e mental dos trabalhadores,
da Atenção Básica e Média Complexidade em cinco a exemplo dos da saúde, que estão expostos às con-
municípios da Bahia entre 2012 e 2013. Para a coleta dições de trabalho favorecedoras ao surgimento de
de dados empregou-se um questionário previamente doenças, (1) como as do Sistema Osteomuscular e
testado. A variável desfecho foi doenças/agravos Tecido Conjuntivo. Assim, é importante identificar
do aparelho circulatório. As variáveis descritoras os fatores que aumentam a sua prevalência para
foram: sócio-demográficas, ocupacionais e condi- embasar as ações de prevenção e promoção da saúde.
ções de trabalho, hábitos de vida e consequências OBJETIVO: Estimar os fatores associados às doen-
das doenças para o trabalhador. Realizou-se análise ças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo
descritiva e multivariada, com estimativa de Razões entre trabalhadores da saúde. MÉTODO: Estudo
de Prevalência e respectivos intervalos a 95% de transversal, exploratório, realizado com amostra
confiança, estimadas pela regressão logística não estratificada de trabalhadores da Atenção Básica
condicional com posterior conversão de OR em RP e Secundária em cinco municípios baianos entre
pelo método de Variância Robusta de Poisson.(2) 2012 e 2013. Para a coleta de dados empregou-se
RESULTADOS: Participaram do estudo 3.084 tra- um questionário previamente testado. A variável
balhadores. A prevalência das doenças do aparelho desfecho foi doenças do Sistema Osteomuscular
circulatório foi de 32,3%. Os fatores associados fo- e Tecido Conjuntivo. As covariáveis foram sócio-
ram sexo feminino (RP: 1,42; IC 95% 1,23-1,65), faixa -demográficas, ocupacionais e condições de traba-
etária ter de 34-42 anos (RP: 1,74; IC 95%: 1,46-2,06) e lho, hábitos de vida e consequências das doenças
43 anos ou mais (RP: 2,80; IC 95%: 2,39-3,27), ensino para o trabalhador. Realizou-se análise uni e mul-
médio incompleto/superior incompleto (RP:1,20; IC tivariada. Estimaram-se as Razões de Prevalência
95%: 1,05-1,36), trabalhar em dois turnos (RP:0,87; e respectivos intervalos de 95% de confiança pela
IC 95%: 0,77-0,99) e impedimento parcial para o Regressão Logística não condicional, corrigida
trabalho (RP:1,57; IC 95%:1,41-1,75).CONCLUSÃO: pela análise de variância robusta de Poisson. (2)
Os resultados indicam a necessidade da redução Os dados foram analisados no SPSS 15.0, Epi Info

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 338
3.5.2 e STATA 10.0. RESULTADOS: Entrevistaram- temente, a assistência farmacêutica, sofreram pro-
-se 3.084 trabalhadores. A prevalência de doenças fundas mudanças durante o século XX e podem ser
do Sistema Osteomuscular e Tecido Conjuntivo foi delimitados em 3 fases, segundo Hepler & Strand: o
de 30,0%, associada ao sexo feminino (RP:1,21; IC tradicional, o de transição e o de desenvolvimento da
95%: 1,03-1,42), faixa etária de 34-42 anos (RP:1,29; atenção ao paciente. Objetivo:Identificar os fatores
IC95%: 1,09-1,53) e 43 anos ou mais (RP: 2,13; IC de risco para transtornos mentais relacionados ao
95%:1,83-2,49), renda de até R$: 679,00 (RP: 0,72; IC trabalho em farmacêuticos e auxiliares de farmácia.
95%: 0,68-0,90) e de R$: 680,00 a 993,00 (RP: 0,79; Metodologia: revisão da literatura, realizada entre
IC 95%: 0,62-0,84), trabalho em plantão (RP: 1,23; IC março e maio de 2015, utilizando os descritores
95%: 1,03-1,48), ausência de atividade física (RP: 1,17; Farmacêuticos/ Auxiliares de farmácia” (Pharmacist
IC 95%: 1,01-1,36), impedimento total (RP: 1,87; IC / Pharmacist’ Aides”), Transtorno mental”(Mental
95%: 1,25-2,80) e parcial (RP:2,59; IC 95%: 2,31-2,90) Disorders”), Estresse” (Stress”) e Esgotamento pro-
para o trabalho. CONCLUSÃO: Existe a necessidade fissional” (Burnout”) nas bases de dados: PubMed,
de readequação do processo de trabalho, visando a ScieLo, BVS e Science Direct. Foram excluídos os
saúde e qualidade de vida dos trabalhadores. RE- artigos que não estavam nas línguas inglesa ou
FERÊNCIAS: 1- Lorenço EAS, Bertani IF. Saúde do portuguesa, aqueles repetidos, os não disponíveis
trabalhador no SUS: desafios e perspectivas frente online” e os que não versavam sobre o tema de estu-
à precarização do trabalho. Rev. Bras. de Sau. Ocup. do. Resultados e discussão: A avaliação de fatores de
2007. 32 (115): 121-134. 2- Coutinho LMS, Scazufca risco e patologias associadas a transtornos mentais
Menezes M, PR. Métodos para estimar razão de em farmacêuticos e auxiliares de farmácia se mostra
prevalência em estudos de corte transversal. Rev muito restrita na literatura. Dentre os 13 artigos
Saúde Pública. 2008; 42 (6): 992-998. encontrados, 7 deles abordavam fatores estressores
relativos à profissão e 6 abordavam especificamente
FATORES DE RISCO PARA TRANSTORNOS MENTAIS transtornos de ordem mental, incluindo a Síndrome
EM FARMACÊUTICOS E AUXILIARES DE FARMÁCIA de Burn out. Conclusão:Atualmente, os profissionais
Evandro Cezar Siqueira Vilela / Vilela, E.C.S. / da farmácia, devido a diversas mudanças conjun-
Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina turais durante todo o século XX, se apresentam
da USP; Rafael Augusto T Torres / Torres, R.A.T. / expostos a diversos fatores que geram estresse
Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina em ambiente de trabalho e que, em alguns casos,
da USP; Leonardo Rigoleto Soarea / Soares, L. R. evoluem para transtornos mentais. Ha necessidade
/ Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de criação de programas de promoção da saúde e
da USP; Eduardo Costa Sa / Sa, E. C. / Hospital das prevenção de doenças para esses profissionais da
Clinicas da Faculdade de Medicina da USP; area da saúde.
Introdução: Os transtornos mentais relacionados
ao trabalho são provenientes de situações do pro- INQUÉRITO DE SAÚDE DA MULHER NA CIDADE DE
cesso de trabalho e sua organização, envolvendo UBERABA/MG: CAPACIDADE PARA O TRABALHO
divisão e parcelamento das tarefas, as políticas de E OCORRÊNCIA DE SINTOMAS MUSCULOESQUE-
gerenciamento das pessoas, assédio moral e a estru- LÉTICOS
tura hierárquica organizacional. No Brasil,em 2010, Isabel Aparecida Porcatti de Walsh / Walsh, IAP
segundo o Ministério da Previdência Social, corres- / UFTM; Shamyr Sulyvan de Castro / Castro, SS /
ponderam à terceira principal causa de concessão UFTM; Maria Cristina Cortez Carneiro Meirelles
de benefício auxílio –doença por incapacidade labo- / Meirelles, MCCC / UFTM; Suraya Gomes Novais
rativa, representando 201 mil novos benefícios, 9% Shimano / Shimano, SGN / UFTM; Nara Paula
do total. Dentre os profissionais mais afetados por Carvalho / Carvalho, NP / UFTM;
transtornos mentais estão os que integram os servi- Introdução: A intensificação laboral e a divisão sexu-
ços de saúde, incluídos os farmacêuticos e auxiliares al do trabalho tornam a capacidade para o trabalho
de farmácia. O papel do farmacêutico e, consequen- (CT) um assunto de extrema importância, uma vez

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 339
que diversos fatores podem tornar esta capacidade INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO GERONTOLÓGICA
insatisfatória ao longo da vida. Objetivos: Avaliar a NO CONTEXTO DO TRABALHO E ENVELHECIMEN-
CT, identificar as regiões corporais com sintomas TO: UM ESTUDO DE REVISÃO
musculoesqueléticos e analisar as associações entre Maria Carollina Pedro / PEDRO, M. C / UFSCar;
essas variáveis. Metodologia: Estudo transversal Wilson J. A Pedro / PEDRO, W. J. A / UFSCar;
de base populacional e amostragem probabilística,
Introdução: No cenário atual de envelhecimento
realizado por meio de entrevistas domiciliares na
populacional, o Brasil vem sofrendo com tal fato
cidade de Uberaba/MG, com mulheres que exerciam
que é o envelhecimento acelerado de sua população,
atividade remunerada, avaliando-se as característi-
devido a um declínio nas taxas de mortalidade e
cas sociodemográficas, CT e sintomas musculoes-
fecundidade somadas ao aumento da expectativa
queléticos. Os dados foram analisados por meio de de vida. A problemática abre um espaço para amplas
análise descritiva (frequências simples). Para a aná- discussões, alinhando questões locais ao cenário
lise de relações entre as variáveis foram utilizados o nacional e internacional. Dentre elas, o trabalho no
Qui Quadrado e Correlação de Pearson, com nível de contexto do envelhecimento é certamente uma de-
significância estatística de 5%. Resultados: Foram manda emergente desta população. Se por um lado
avaliadas 500 mulheres com idade variando entre as necessidades econômicas apontam para a perma-
18 e 82 anos (43,22±13,87), com média de 10,41±5,51 nência no mundo do trabalho, complementarmente,
anos de estudo. Quanto às regiões com presença o trabalho na sociedade contemporânea contempla
de sintomas musculoesqueléticos foram encontra- também aspectos sociopsicológicos, requerendo
dos 171 (34,2%) para região lombar, 145 (29%) para das organizações, trabalhadores e sociedade civil
punho/mãos, 140 (28%) para região dorsal, 132 como um todo, ampliar o olhar da problemática
(26,4%) para ombro, 118 (23,6%) para tornozelo/pé, no contexto do curso da vida, requerendo uma vi-
117 (23,4%) para joelho, 107 (21,4%) para quadril/ são gerontológica, oportunizando recursos e um
coxa, 103 (20,6%) para pescoço, e 63 (12,6%) para o ambiente psicossocial favorável para a melhoria
cotovelo. Entre as que apresentaram sintomas na da permanência daqueles que estão envelhecendo
região lombar, 39,77% foram impedidas de realizar e envelhecidos, destacando a saúde, condições de
suas atividades em função dos mesmos, 43,18% no trabalho e cidadania. Objetivo: realizar uma análise
ombro, 37,24% no punho e 34,29% na região dorsal. bibliométrica a partir da literatura, visando subsi-
O ICT obteve pontuação média de 38,92±6,4, tendo- diar a práxis acadêmica e profissional no âmbito da
-se encontrado 29 (5,8%) mulheres com capacidade gestão de pessoas e organizações, no contexto do
baixa, 124 (24,8%) com capacidade moderada, 211 envelhecimento ativo e saudável. Metodologia: es-
(42,2%) com capacidade boa e 136 (27,2%) ótima. A tudo qualitativo, de caráter exploratório e descritivo
idade influenciou significativa e negativamente a de revisão bibliográfica do tema na base de dados
CT (p=0,001; r= -0,147), enquanto que anos de estudo LILACS, filtrados entre 2003 a 2013. Resultados:
não (p=0,599; r= 0,024). A presença de sintomas mus- apesar da escassez da produção nesta área, eviden-
culoesqueléticos influenciou significativamente na ciou-se da presente investigação que o instrumento
diminuição da CT em todas as regiões (p˂0,000). O mais utilizado encontrado na análise dos artigos
impedimento na realização das atividades em fun- para a mensuração e percepção da capacidade para
ção de sintomas no ombro (p=0,011) e região dorsal o trabalho é o Índice de Capacidade para o Trabalho
(p=0,004) influenciaram significativamente na dimi- – ICT. Este permite avaliar e detectar alterações de
nuição da CT. Conclusão: Estudos que identifiquem maneira preventiva de manutenção da saúde dos
sintomas musculoesqueléticos e o comprometimen- trabalhadores, visto em uma perspectiva de melho-
to destes na CT podem levar à proposição de medidas rar a qualidade de vida, do trabalho e bem-estar. As
preventivas envolvendo treinamentos, orientações questões da qualidade de vida desses trabalhadores
e adequações ergonômicas nos postos de trabalho, representam um grande desafio para os demais seto-
além de auxiliarem em políticas públicas voltadas res institucionais, estimulando a discussão acerca
à saúde do trabalhador. das possíveis ferramentas capazes de fornecer

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 340
uma visão gerontológica, no contexto de trabalho aureus, testes de Gram, catalase e coagulase. Além
e envelhecimento. O índice de capacidade para o da coleta das amostras, foi aplicado um questioná-
trabalho revela-se um instrumento a ser utilizado rio que abordou o cotidiano do motociclista sobre a
em conjunto a outros instrumentos, enriquecendo utilização do capacete. Os dados foram analisados
a avaliação do trabalhador e possibilitando ações com o auxilio do programa Statistical Package for
multiprofissionais. Com isso, tornando a avaliação Social Sciences (SPSS) e organizados em gráficos
contínua e proporcionando qualidade de trabalho e e tabelas, nos quais realizou-se a distribuição das
melhor vivência deste na organização. frequencias simples e reativas, além de análise biva-
riada. Foi encontrada positividade de S. aureus nos
NÍVEL DE CONTAMINAÇÃO EM CAPACETES DE capacetes de 20 amostras (50%). Em todas as amos-
MOTOCICLISTAS E MOTO-TAXISTAS DE FEIRA DE tras analisadas, os capacetes apresentaram algum
SANTANA (BA): ESTUDO PILOTO tipo de contaminação por outros microrganismos.
Hanna Cordeiro de Araújo / Araújo, H.C. / Faculda- Os resultados entre os grupos de motociclistas e mo-
de Nobre de Feira de Santana; Marcus Della Cruz totaxistas não foi discrepante. Observou-se que os
Martins / Martins, M.D.C. / Faculdade Nobre de capacetes usados por ambos os grupos, mostraram-
Feira de Santana; Camilla da Cruz Martins / Mar- -se como potencial vetor de transmissão cruzada de
tins, C.C. / Faculdade Nobre de Feira de Santana; microrganismos patogênicos para a população que
Rodolfo Macedo Cruz Pimenta / Pimenta, R.M.C. utiliza esse tipo de transporte para se locomover ou
/ Faculdade Nobre de Feira de Santana; Misael trabalhar. Os achados destacam a importância da
Ferreira da Costa / Costa, M.F. / Faculdade Nobre limpeza correta e a possibilidade da contaminação
de Feira de Santana; cruzada. Pretende-se aprofundar o estudo, a partir
Existem mais de 60.000 motocicletas na cidade de uma pesquisa de campo com maior amostra e
de Feira de Santana-BA, das quais mais de 7.000 análise estatística mais robusta.
pertencem a mototaxistas. Apesar das vantagens, a
motocicleta tem um aspecto negativo considerável: O PROCESSO SAÚDE-TRABALHO NOS PROFISSIO-
a falta de segurança. O uso do capacete é obrigatório NAIS DE UM CAPS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
para os motociclistas e passageiros, mas o interior Mariane Pontes da Silva / Silva, M. P. / CAPS
do mesmo, por ser escuro e úmido, é um ambiente infantil Sé; Fabíola Costa Carraro / Carraro, F. C. /
propício para o acúmulo de microrganismos. Em Instituto de Saúde e CAPS infantil Sé;
função do potencial risco para a saúde de muitas Caracterização do Problema: A partir da observação
pessoas que utilizam o acessório diariamente, seja da existência de um grande número de profissionais
ao utilizar a motocicleta como meio de trabalho ou da saúde mental vivenciando quadros de adoecimen-
como meio de transporte para o trabalho, objetiva- to, físico e psíquico, nos parece cabível compreender
-se avaliar a presença de Staphylococcus aureus em como este processo se forma, bem como, quais as
capacetes de motociclistas e mototaxistas em Feira possíveis formas de cuidado disponíveis. Esse fato
de Santana (BA) e descrever as possíveis causas de nos remete a uma reflexão sobre as relações entre
sua existência nos capacetes contaminados. Trata-se a organização atual do trabalho em saúde e os ras-
de um estudo piloto, de corte transversal, autorizado tros desta experimentados na subjetividade dos
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade No- trabalhadores. Cabe salientar que este processo se
bre de Feira de Santana. As amostras foram coletadas agrava quando se trata de profissionais que lidam
a partir da região interna dos capacetes de 20 moto- com quadros severos e persistentes que acometem
ciclistas e 20 mototaxistas atuantes no município a saúde mental da população. Assim, a somatória
com o auxílio de swabs, posteriormente colocadas de vulnerabilidades acaba por fragilizar e expor
em tubos de ensaio contendo solução salina e trans- o profissional de saúde mental. De um lado, há
portadas para o laboratório em caixas de isopor. uma lógica de organização do trabalho que impri-
As amostras foram semeadas em meios de cultura me uma visibilidade quantitativa ao cuidado em
para o isolamento e identificação de Staphylococcus saúde mental, de outro, a população atendida, que

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 341
demonstra uma fragilidade de acesso que os coloca absenteísmo. O adoecimento do trabalhador é um
em condição vulnerável, inscrevendo o cuidado em processo de impactos mentais, sociais, profissionais
saúde em uma dimensão de construção qualitativa e econômicos, que muitas vezes onera sua vida, de-
de vínculos. Descrição: Na rotina dos equipamen- vido incapacidades que alguns agravos têm sobre
tos em saúde mental não é raro o contato com um o reestabelecimento de sua saúde, impondo-lhe
elevado número de absenteísmo, acompanhado por limitações físicas que interferem na retomada de
um prevalente relato de exaustão e sofrimento no sua vida laboral plena e sua capacidade produtiva,
desempenho das funções cotidianas. Este estado necessitando de sua readaptação quando do retorno
de fragilidade subjetiva dos profissionais impacta ao trabalho. A readaptação é a designação de novas
diretamente em uma dificuldade em desempenhar o tarefas, ou restrição para algumas atividades, ou
cuidado com a saúde mental dos usuários, tendo em mudança de setor, que permita ao trabalhador o seu
vista a frágil condição que se encontra a saúde dos desenvolvimento sem aviltamento de sua saúde. O
profissionais. Lições aprendidas: É cabível pontuar presente estudo objetivou explorar e identificar
que somente de posse de um mapeamento dos enri- características dos trabalhadores readaptados de
jecimentos produzidos pelo contato saúde-trabalho campus universitário do interior paulista. Métodos:
conduziremos uma potencialização das linhas de Dados secundários dos trabalhadores estatutários
fuga a este cenário adoecedor. No cuidado cotidiano readaptados por motivo de doença foram extraídos
com usuários da saúde mental é imponderável que de sistemas de atendimentos ocupacional e pericial
a equipe técnica cuidadora esteja em condições e consulta de prontuários periciais. O banco de da-
de realizar seus trabalhos. Assim, não há como se dos gerado continha variáveis sociodemográficas,
pensar em uma política de saúde mental que não aspectos do trabalho e características da doença que
abarque as necessidades de seus trabalhadores. gerou a limitação dos trabalhadores. Resultado: Fo-
Recomendações:Construir espaços de discussão e ram colhidas informações de 242 trabalhadores rea-
efetivação das políticas preconizadas de saúde do daptados no período entre 2002 e 2013. Os resultados
trabalhador que levem em consideração a trama ma- obtidos apontaram para uma maior prevalência de
cro e micro compositora deste processo. Acreditamos readaptação entre mulheres (61,6%), trabalhadores
ser necessário destacar e fomentar a relevância das com idades entre 41 e 60 anos (81%), readaptados
por doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo
pesquisas que abarquem esta relação dialética entre
(45,4%) e por transtornos mentais e comportamen-
trabalho e saúde.
tais (33,7%). Outros resultados se relacionam com
a estrutura dos campus pesquisados, como a alta
O RETORNO LABORAL COM LIMITAÇÕES: ANÁLISE
prevalência de trabalhadores na Unidade do Hospital
DE DADOS DE SERVIDORES PÚBLICOS DE CÂMPUS das Clínicas Universitário (71,9%) e trabalhadores
UNIVERSITARIO DO INTERIOR DO ESTADO DE da área de saúde (52,5%). Discussão: Os resultados
SÃO PAULO refletem outros achados da literatura que apontam
Guilherme Andriolli / Andriolli, G. / Faculdade de para maior precarização das condições de trabalha-
Medicina de Botucatu – UNESP, Departamento de do entre profissionais da saúde e com predomínio
Saúde Pública; Miriam Malacize Fantazia / Fanta- de mão de obra feminina, devido o tipo de atividade
zia, M. M. / Faculdade de Medicina de Botucatu – da área e intensas cargas mecânica, fisiológica, bio-
UNESP, Departamento de Saúde Pública; Adriano lógica e psíquica relacionadas ao tipo de atividade
Dias / Dias, A. / Faculdade de Medicina de Botuca- desenvolvida. As doenças que mais geraram readap-
tu – UNESP, Departamento de Saúde Pública; tações são as mesmas tratadas pela literatura como
Introdução: As mudanças impostas pelo novo mundo aquelas que, devido sua gravidade, impõem algum
do trabalho aumentam as condições de precarização tipo de incapacidade aos trabalhadores acometidos.
dos empregos, elevando os índices de adoecimento Palavra-Chave: readaptação, servidor público, uni-
e acidentes de trabalhadores, e no aumento do versidade pública, doença ocupacional.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 342
PERFIL DO ADOECIMENTO DE SERVIDORES PÚBLI- 42% do universo. Discussão: Os dados expressam
COS DE CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO INTERIOR maior adoecimento entre trabalhadores da saúde,
DO ESTADO DE SÃO PAULO do sexo feminino e com diagnósticos de transtornos
Miriam Malacize Fantazia / Fantazia, M. M. / Fa- mentais, equivalendo a outros achados na literatura
culdade de Medicina de Botucatu – UNESP, Depar- brasileira. Tais levantamentos são imprescindíveis
tamento de Saúde Pública; Guilherme Andriolli / para a elaboração de ações que garantam ambientes
Andriolli, G. / Faculdade de Medicina de Botucatu de trabalho mais seguros e que preservem a saúde
– UNESP, Departamento de Saúde Pública; Maria dos mesmos. Palavras-chave: saúde do trabalhador,
Dionísia do Amaral Dias / Dias, M. D. A. / Facul- absenteísmo, setor público.
dade de Medicina de Botucatu – UNESP, Depar-
tamento de Saúde Pública; Adriano Dias / Dias, PROCESSO DE PRODUÇÃO, SAÚDE E DOENÇA:
A. / Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, IMPLICAÇÕES NA SAÚDE DO TRABALHADOR
Departamento de Saúde Pública; Daniel Alberto Santos e Santos / Santos, D. A. S.
Introdução: O perfil de adoecimento físico e mental / UEFS; Eloisa Barreto Bacelar / Bacelar, E. B. /
de trabalhadores vem sendo alterado em decorrência UEFS; Marcos Vinícius Santos Silva / Silva, M. V.
de mudanças na economia, ocasionando índices S. / UEFS; Tânia Maria de Araújo / Araújo, T. M.
elevados de absenteísmo, inclusive em serviços pú- / UEFS; Edna Maria de Araújo / Araújo, E. M. /
blicos. O objetivo desta investigação é estabelecer o UEFS;
perfil de adoecimento dos trabalhadores de universi- O trabalho é um processo onde o homem e a natu-
dade pública do interior paulista, dos afastamentos reza relacionam-se dialeticamente, proporcionando
do trabalho por motivo de doença segundo variáveis transformação em ambos, onde o ser humano rea-
sociodemográficas e características de inserção liza e organiza as suas atividades, satisfazendo as
no trabalho. Método: Estudo descritivo transversal suas necessidades; é considerando indispensável à
de dados secundários de trabalhadores de regime sua existência. A relação entre trabalho e a saúde/
estatutário afastados no ano de 2012, extraídos dos doença constatada desde a Antiguidade e acentuada
sistemas de atendimento ocupacional e pericial de a partir da Revolução Industrial, constitui-se em
uma universidade estadual do interior paulista. uma temática importante até os dias atuais com
Resultados: Obteve-se 538 trabalhadores afastados enfoques diferenciados correlacionando-se com o
por motivo de doença, com maior frequência entre momento histórico. Diante desses fatos, o presente
os do sexo feminino, com idades acima de 41 anos artigo busca, através de breve revisão de literatura,
e casados. A maior concentração entre os trabalha- analisar os efeitos do processo de produção, ao
dores da área da saúde, seguidos daqueles da área longo da história, sobre a saúde dos trabalhadores.
operacional em geral e administrativos, e com 11 a Para isso a discussão se apóia estruturada em al-
30 anos de tempo de serviço na instituição. Os dados guns eixos: nas definições do conceito de trabalho
apontaram que 42% se afastaram por um episódio e do processo de trabalho, na descrição dos mode-
e 34,2% por dois a três episódios. Apenas 11% dos los de gestão do trabalho, nos aspectos técnicos e
trabalhadores foram readaptados. Os diagnósticos metodológicos da epidemiologia, assim como nos
mais encontrados no primeiro episódio foram os modelos criados para entender os impactos do
transtornos mentais e comportamentais, doenças processo de produção na saúde dos trabalhadores.
do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, e Dessas discussões, observou-se que, ainda, prevale-
doenças do olho e anexos, com duração de até 15 dias ce na sociedade capitalista um pensamento voltado
(60%). No segundo episódio os diagnósticos mais prioritariamente para as questões relacionadas ao
encontrados foram os transtornos mentais e com- lucro, a partir da intensificação da produção, o que
portamentais, os fatores que influenciaram o estado muitas vezes não leva em considerações o bem estar
de saúde e o contato com os serviços de saúde, com e a qualidade de vida do trabalhador. PALAVRAS-
duração acima de 15 dias (76%). Os trabalhadores -CHAVE: Trabalho, processo de produção, saúde do
que não se afastaram no segundo episódio somaram trabalhador.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 343
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DE PRO- SAÚDE DO TRABALHADOR DO SUS/BH DESAFIOS
FISSIONAIS DE ENFERMAGEM QUE ATUAM NO E PERSPECTIVAS
CENTRO DE DIÁLISE Luciana Parisi / PARISI,L. / SMSA-BH; Geraldina
Gabriela Dutra Gesualdo / Gesualdo, G.D. / UFS- da Costa Ribeiro / RIBEIRO, G. C. / SMSA-BH;
Car; Laísa Camargo da Silva / Silva, L.C. / USP; A Gerência de Gestão do Trabalho e Educação em
Fabiana de Souza Orlandi / Orlandi, F.S. / UFSCar; Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Belo
Introdução: Os profissionais da saúde formam um Horizonte vem acompanhando seus trabalhadores
grupo especial de trabalhadores, com característi- desde 2000, numa perspectiva de se identificar os
cas próprias, como o predomínio do sexo feminino, condicionantes e determinantes de seu adoecimen-
divisão fragmentada de tarefas, rígida estrutura to/sofrimento no trabalho. O objetivo desta aborda-
hierárquica e número quase sempre insuficiente de gem é a definição de ações capazes de restabelecer
trabalhadores. Há crescente necessidade de melho- a saúde do trabalhador. As técnicas utilizadas são
rar a qualidade de vida do trabalhador de enferma- entrevista individual, negociação, mediação de
gem em centros de diálise e que as instituições de conflitos e intervenção psicossocial em coletivos de
saúde precisam desenvolver medidas pertinentes, trabalho. Há algumas características do trabalho,
com um serviço de saúde do trabalhador atuante, identificadas pelos trabalhadores, como fonte de
para garantir esta qualidade e, consequentemente, prazer e saúde, dentre elas, o ato de cuidar, sintonia
a qualidade da assistência prestada aos pacientes entre trabalhadores e gestores, não parcelamento
renais crônicos. Objetivo: avaliar a qualidade de da tarefa, o poder de agir, de transformar e a auto-
vida no trabalho de profissionais da enfermagem nomia. Dentre os condicionantes do adoecimento
que atuam em centro de diálise. Método: Trata-se de destacam-se as condições de trabalho precárias, as
um estudo descritivo, de corte transversal, desenvol- formas de gestão centralizadas, a fragmentação dos
vido em um Centro de Diálise do interior paulista. A processos de trabalho, os conflitos interpessoais,
amostra foi composta por 20 profissionais. Foram a desvalorização, não pertencimento e negação da
utilizados como instrumentos de pesquisa o Ins- subjetividade pela gestão. Observa-se que alguns
trumento de Caracterização dos Participantes e o determinantes e condicionantes tem uma preva-
instrumento de avaliação da qualidade de vida no lência mais ou menos constante e outros tem uma
trabalho - QWLQ-78. Resultados: Todas as respon- incidência variável ao longo do tempo. Busca-se
dentes eram do sexo feminino, com idade média de entender porque se comportam assim e muitos
37,4 (±8,4) anos, a maioria de cor autorreferida bran- questionamentos tem sido feitos. Qual seria a
ca (55,0%) e casadas (40,0%). Quanto à qualidade influência das diferentes políticas e gestões em
de vida, obteve-se o escore médio total de 3,4 (±0,4), saúde? Qual seria a influência das questões indi-
variando de 2,7 a 4,3. A pontuação média obtida nos viduais? Qual seria a influência das contradições
domínios foi de 3,2 (± 0,5) para físico/saúde, 3,4 (± 0,5) do capitalismo encontradas no trabalho em saúde?
para psicológico, 3,8 (±0,4) para pessoal e 3,0 (± 0,4) Qual seria as influência das relações de poder nos
para profissional. Conclusão: A qualidade de vida no microespaços de trabalho? Questiona-se se não
trabalho dos profissionais de saúde obteve valores seriam os próprios trabalhadores quem saberiam
satisfatórios e em conformidade com a literatura dizer, com maior propriedade, quais seriam os de-
científica. A necessidade de atenção à qualidade terminantes e condicionantes que lhes afetam ou o
de vida e saúde do profissional em seus diversos que lhes protegem? Não seriam eles quem saberiam
âmbitos é de extrema importância, bem como a apontar os caminhos para o reequilíbrio? Neste sen-
observação de resultados obtidos por meio da apli- tido, acredita-se que a utilização de dispositivos e
cação de instrumentos validados e confiáveis para técnicas que ampliem a consciência, a autonomia e
o desenvolvimento de ações qualificadas ao público a participação do trabalhador seria o caminho para
específico, sendo ainda necessários mais estudos a que trabalho e saúde não se dissociem.
respeito desta temática.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 344
SAÚDE DO TRABALHADOR E ATENÇÃO BÁSICA: (matriciamento) a ser desenvolvido pelas equipes do
APRENDIZAGENS DE UMA LINHA DE PESQUISA NASF, CEREST, vigilância em saúde e outros pontos
Elizabeth Costa Dias / Dias, E. C. / UFMG; Thais de atenção do SUS. Como recomendação, sugere-se
Lacerda e Silva / Lacerda e Silva, T. / UFMG; Natá- o aprofundamento do diálogo intrasetorial entre as
lia Freitas Dantas / Dantas, N. F. / UFMG; instâncias de Saúde do Trabalhador e da Atenção
Apresentação/introdução: O estudo iniciou-se em Básica nos três níveis de gestão do SUS.
2008, fruto da parceria entre Universidade Federal
de Minas Gerais e a área técnica de Saúde do Traba- SAUDE DO TRABALHADOR E OS RISCOS OCUPA-
lhador do Ministério da Saúde (CGSAT/DSAST/SVS), CIONAIS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM UM
com a finalidade de subsidiar o desenvolvimento de HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
políticas e ações de saúde do trabalhador na Atenção Osiane De Souza / Souza,O. / Ufu; Maria José Nu-
Básica, tendo por referência a estratégia da Rede nes / Nune,M.j. / Ufu; Frank José Silveira Miranda
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalha- / Miranda,F.J.S. / UFU;
dor (RENAST). Objetivos: Apresentar os resultados Este trabalho teve como objetivo verificar o número
consolidados de uma linha de pesquisa que buscou de acidentes biológicos ocorridos com os profissio-
desenvolver estratégias, conceitos e instrumentos nais de enfermagem em um Hospital Universitário.
para subsidiar as ações de saúde do trabalhador O estudo foi fundamentado na pesquisa retrospec-
no âmbito da Atenção Básica (AB), na perspectiva tiva. Os dados foram obtidos no Setor de Segurança
da RENAST. Metodologia: Foram desenvolvidos Engenharia e Medicina do Trabalho da Universidade
quatro subprojetos. O primeiro enfatizou o desen- Federal de Uberlândia, através do Comunicado de
volvimento histórico-conceitual; o segundo buscou Acidente do Trabalho. Da análise dos dados foram
identificar e conhecer as experiências de saúde do agrupadas oito categorias: acidentes biológicos,
trabalhador na AB; o terceiro focou a gestão do cui- idade, sexo, turno de trabalho, agente causador,
dado de trabalhadores expostos à sílica e portadores instituição, setores e parte do corpo atingida. Foram
de silicose e portadores de doenças osteomusculares verificados cinquenta e dois acidentes biológicos
relacionadas ao trabalho e o quarto teve como objeto ocorridos, prevalecendo o acidente de perfuração
ações de vigilância em saúde do trabalhador e for- por agulha em 78,8%, sangue, secreções e fluídos
mas de apoio para desenvolvê-las em territórios da corpóreos 11,53%, outro tipo de material 7,6%, e 1,
AB. Utilizou-se os métodos: revisão bibliográfica; 92% acidente com sangue contaminado com vírus
análise documental; estudos de caso, entre outros. HIV. Percebemos que os acidentes com material
Resultados: Foram elaborados 37 produtos sendo 10 biológico ainda acontecem em larga escala e que
relatórios científicos, 2 protocolos, 7 dissertações, os profissionais não utilizam os Equipamentos de
2 cartilhas, 1 Guia de capacitação de ACS; 1 seminá- Proteção Individual, e não seguem as normas de Pre-
rio de abrangência nacional, 4 artigos científicos, caução Padrão. O estudo propõem a discussão com
1 livro, 10 trabalhos apresentados em congressos, os órgãos responsáveis pela Saúde do Trabalhador,
além de várias palestras realizadas sobre a temática. para que reflitam sobre a necessidade de capacitação
Observa-se interesse crescente pelo tema, expresso dos profissionais de saúde sobre os acidentes de
nas produções científicas, na inserção da temática trabalho e principalmente, os acidentes ocasionados
em congressos de Saúde Coletiva e Saúde do Traba- por material biológico. Palavras Chave (acidente –
lhador, assim como na agenda de gestores. Nota-se material biológico – enfermagem).
a necessidade de investir no fortalecimento das
instâncias de apoio ao desenvolvimento das ações de SAÚDE DO TRABALHADOR NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
saúde do trabalhador na Atenção Básica e a estrutu- Lais Soares Vello / Vello, L. S. / Faculdade de Saúde
ração das linhas de cuidado na rede de atenção. Con- Pública - USP; Maria Dionísia do Amaral Dias /
clusões/Considerações: A RENAST online contribuiu Dias, M.D.A. / Universidade Estadual Paulista;
para a divulgação do tema. Observa-se a necessidade Nos dias atuais, o papel da Atenção Primária à
de sólido apoio técnico pedagógico para as equipes Saúde (APS) torna-se cada vez mais importante

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 345
pela possibilidade de prover cuidados de saúde aos UMA PROPOSTA INOVADORA DE POLÍTICA DE
trabalhadores. A Saúde do Trabalhador (ST) é carac- INTERVENÇÃO EM SAÚDE MENTAL DO TRABA-
terizada como campo de práticas e conhecimentos LHADOR DA SAÚDE
que buscam conhecer e intervir nas relações de tra- Patrícia Rosin Lacintra Vechia / Vechia, Patrícia
balho e saúde-doença. Uma vez que foi direcionada Rosin Lacintra / UNIFESP; Francisco Antonio de
a APS como coordenadora do cuidado, questiona-se Castro Lacaz / Lacaz, Francisco Antonio de Castro
Como está a ST na APS? Qual é a percepção dos pro- / UNIFESP;
fissionais da AB sobre ST? Os profissionais estão
O modelo de produção da reestruturação produtiva
preparados?” O presente trabalho tem como objetivo
faz com que o trabalhador perca cada vez mais au-
analisar a incorporação de ações de ST na rede de
tonomia nas suas atividades causando adoecimento
APS em município de médio porte na região metro-
relacionado às relações sociais estabelecidas no
politana da capital do estado de São Paulo. Realizou-
trabalho. Assim, apresentamos as ações do Serviço
-se análise documental de normativas do SUS e
Especializado em Segurança e Medicina do Tra-
artigos. Foram realizadas entrevistas com gestores
balho (Sesmt), da prefeitura de um município da
da Secretaria Municipal de Saúde e utilizou-se como
região metropolitana de São Paulo, na perspectiva
instrumento de coleta de dados um questionário
de investigá-lo, principalmente no que se refere às
auto aplicativo aos profissionais da atenção básica.
ações de saúde mental dos servidores do município,
A taxa de adesão de questionários respondidos por
detectando seus limites e possibilidades. Tem como
número de funcionários foi de 40,76%. Onde, verifi-
objetivos descrever e analisar as ações de assistên-
cou-se que 78% dos ACS do município responderam
cia e prevenção relacionadas à saúde mental dos
ao questionário e a categoria de menor adesão foi a
trabalhadores desenvolvidas pelo Sesmt, voltadas
de médicos (9%). Quarenta e oito por cento dos pro-
aos servidores da Secretaria Municipal de Saúde
fissionais relatam que identificaram algumas vezes
de um município da região metropolitana de São
agravos relacionados ao trabalho, mas 50% da cate-
Paulo. Optou-se por um estudo de caráter qualita-
goria médica informou que nunca” identificou . So-
tivo que utilizou como ferramentas: levantamento
bre as ações de Saúde do Trabalhador realizadas no
bibliográfico, análise documental, entrevistas se-
serviço de saúde em que trabalha, 28% responderam
miestruturadas e dados secundários sobre motivos
notificações epidemiológicas de agravos relaciona-
de afastamentos do trabalho. Para sua realização,
dos ao trabalho. Os agravos relacionados ao trabalho
limitações foram justificadas pela gestão do serviço
comumente atendidos nas UBS são 26% Lesões por
estudado: a não aceitação da observação da rotina
Esforço Repetitivo (LER)/Distúrbio Osteomuscular
de trabalho de atendimento das psicólogas e a indis-
Relacionadas ao Trabalho (DORT) (26%) e traumas
ponibilidade de consulta dos relatórios elaborados
e lesões ( 21%). Os profissionais afirmam conhecer
pela equipe de psicólogas que atuam no serviço. Os
fluxo para a assistência em Saúde do Trabalhador
resultados mostram que o Sesmt tem uma atuação
no sistema municipal de saúde. A partir dos dados
que não se limita às recomendações das Normas
obtidos, pode se concluir que a ST é um campo cheio
Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e
de desafios. Embora existam várias legislações que
Emprego, desenvolvendo atividades que não são
vigorem na ST, há ainda uma confusão em quando
rotineiras, e que fogem das amarras da Medicina do
e como referenciar o usuário-trabalhador, assim
Trabalho aproximando-se das ações de prevenção,
como estabelecer um nexo causal entre a patologia
diagnóstico precoce, assistência e vigilância como
e a ocupação. Diante disso, estabelecer alternativas
preconiza o campo de conhecimentos e práticas Saú-
para uma comunicação atualizada entre AB e ST e
de do Trabalhador. O serviço desenvolve uma prática
oferecer capacitações periódicas, podem contribuir
que pode gerar protocolos de atendimento visando
com a oferta de profissionais atentos ao usuário
maior efetividade de suas ações de Intervenção so-
– trabalhador e enxergar a ocupação como fator
bre a Organização do Trabalho”, do Grupo Desgaste
determinante do processo saúde-doença.
Mental e Enfrentamento ao Sofrimento Psíquico no

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 346
Trabalho” e do Grupo de acidentados”, assim se apro- dade empregatícia, escolaridade, representações e
priando das especificidades das realidades de cada percepções sobre o mercado informal, processos de
ambiente de trabalho. Como conclusão, podemos migração, a incidência de acidentes e outros fatores
afirmar que o programa denominado Intervenção sociais implicados no consumo abusivo de álcool. As
sobre a Organização do Trabalho”, de responsabili- Normas Regulamentadoras (NR´s) indicam a neces-
dade do Sesmt avança para além dos marcos legais sidade de participação da equipe de enfermagem e
de atuação dos Sesmts, pois busca ter uma atuação sua integração aos serviços de saúde e medicina do
na prevenção e vigilância dos agravos relacionados à trabalho (SESMT), Comissões Internas de Prevenção
saúde mental dos servidores, apesar das limitações de Acidentes (CIPA), gestão de Programas de Pre-
que dizem respeito à falta de pessoal e de estrutura, venção de Riscos Ambientais (PPRA), a elaboração e
na medida em que há grande contingente de servi- revisão de Programa de Condições e Meio Ambiente
dores no município estudado. de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT),
a atualização dos dados necessários à revisão dos
USO ABUSIVO DE ÁLCOOL ENTRE TRABALHADO- Programas de Controle Médico e de Saúde Ocu-
RES DA CONSTRUÇÃO CIVIL pacional (PCMSO). Instrumentos e questionários
Carolina Camilo Correia / Correia, C.C. / Prefeitura padronizados, tais como AUDIT, CAGE e HBQ são
Municipal de Campinas; facilmente ofertados e garantem a privacidade dos
Revisão de literatura, realizada nas bases Scielo e trabalhadores. Os enfermeiros especialistas em
Periódicos CAPES, e o portal do Ministério do Tra- saúde do trabalhador são profissionais capacitados
balho e Emprego.Foram selecionados 28 artigos, para a identificação de potenciais situações de de-
teses e dissertações publicadas entre os anos 2000 senvolvimento do uso abusivo de álcool, bem como
e 2015. Entre questões de saúde, os estudos des- participar ativamente de equipes no planejamento
crevem o processo de industrialização, economia, de atividades de promoção à saúde e prevenção de
desenvolvimento humano, produtividade, estabili- doenças, em decorrência do uso abusivo de álcool.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 347
Saúde e Ambiente
A INFLUÊNCIA DOS FATORES CLIMÁTICOS E DE foi possível verificar que os picos de temperatura
POLUIÇÃO NOS CASOS DE DENGUE DA REGIÃO coincidem com os picos epidêmicos de dengue. Seria
DO GRANDE ABC, SÃO PAULO interessante futuros estudos referentes à poluição
Marco Antonio Ferrari Carneiro / Carneiro ambiental e a sua influência no desenvolvimento do
Marco.A. Ferrari / FMABC; Jose Nuno Domingues mosquito Aedes aegypti em todas as suas fases do
/ Domingues, Jpse Nuno / ESTeSC PORTUGAL; ciclo de vida e definição de estratégias para melhor
Nelson S / Sá, Nelson / ESTeSC PORTUGAL; Susa- monitorização, campanhas e vigilância.
na Paixão / Paixão, Suzana / ESTeSC PORTUGAL;
J. Figueredo / Figueredo, J. / ESTeSC PORTUGAL; CESTAS AGROECOLÓGICAS: UMA BUSCA PELA
Ana Ferreira / Ferreira, Ana / ESTeSC PORTUGAL; SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E MELHOR
Cleonice Almeida / Açmeida, Cleonice / FMABC; QUALIDADE DE VIDA
Amaury Machi / Machi, Amaury / FMABC; Eriane Karina Pavão Patrício / Patrício, K.P. / FMB-
Savóia / Savóia, Eriane / FMABC; Vânia Ramalho -UNESP; Diego Lineker Marquetto Silva / Silva,
do Nascimento / Nascimento, Vânia Ramalho / D.L.M. / FMB-UNESP; Mirelle Lais Queiroz / Quei-
FMABC; Fernando Fonseca / Fonseca, Fernando / roz, M.L. / FMB-UNESP;
FMABC; CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: A degradação
A dengue é considerada um dos principais proble- ambiental tornou-se fenômeno mundial e, somada
mas de saúde pública no mundo, estima-se que 80 à geração gigantesta de lixo, que toma o espaço
milhões de pessoas são infectadas anualmente em das cidades, leva ao adoecimento da população.
100 países de todos os continentes. As alterações Atrelado a isto, o Brasil é hexacampeão no consu-
globais que têm ocorrido interferem diretamente no mo de agrotóxicos, trazendo mais riscos à saúde.
ambiente natural; ao relacioná-las com o clima e as Pensando nestes problemas, criamos um projeto
doenças tropicais, é possível perceber que mudanças socioambiental para fazer frente a este cenário:
na temperatura alteram o ecossistema, influencian- ofertamos a alunos cestas de alimentos agroecoló-
do diretamente no crescimento da transmissão de gicos, produzidos sem agrotóxicos e adubados com
doenças ocasionadas por vetores, onde se destaca a composto, a funcionários do Hospital das Clínicas
dengue. O objetivo da investigação é compreender as (HC) e Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB).
consequências da variabilidade temporal das condi- DESCRIÇÃO: Elaboramos projeto dentro da rede
ções climáticas em relação à ocorrência de dengue global de hospitais verdes e saudáveis dentro do
na população dos municípios do grande ABC (região HC. Realizamos parceria com agricultores familia-
metropolitana de São Paulo, constituída por 7 muni- res do entorno do HC, os quais retiram os resíduos
cípios), e caracterizar a tendência temporal da den- orgânicos do refeitório, fazem a compostagem,
gue na região no período de 2010 a 2013 através da adubam a terra e produzem hortaliças, legumes
análise dos números de casos de dengue notificados e frutas, seguindo princípios da agroecologia. Os
nos anos em análise, complementando com os dados interessados devem se cadastrar pelo site da FMB e
meteorológicos (umidade e temperatura) e dados efetuar o pagamento, recebendo semanalmente uma
de concentração de poluentes (PM10). A dengue na cesta com os produtos. Desse modo, visou-se tanto
região apresentou maior incidência no ano de 2010 conscientizar os compradores das cestas em relação
e menor incidência no ano de 2012. Constatou-se que a um hábito de vida mais sustentável e saudável
existe uma associação estatística entre a umidade e quanto incentivar esses agricultores familiares a
PM10 com os casos de dengue notificados. Embora manterem sua produção com base na agroecologia,
a temperatura não assuma, estatisticamente, uma deixando de usar agrotóxicos. Entre maio de 2014
associação com os casos de dengue registrados a março de 2015 foram vendidas em torno de 1200

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 348
cestas, correspondendo a 7000 kg de alimentos li- LÂNDIA; Larissa Lima / Lima, L. / ESCOLA TÉC-
vres de agrotóxicos. Foram compostados em torno NICA DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DE
de 20 toneladas de resíduos orgânicos que deixaram UBERLÂNDIA; Neusa Aparecida Rocha Carvalho /
de ir para o aterro sanitário do município. Há um site Carvalho, N. A. R. / SECRETARIA MUNICIPAL DE
e uma página do Facebook do projeto, que servem EDUCAÇÃO DE UBERLÂNDIA; Paulo Irineu Barre-
para divulgar informações técnicas, receitas, ações to Fernandes / Fernandes, P. I. B. / INSTITUTO FE-
mais sustentáveis e convites para eventos. LIÇÕES DERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA;
APRENDIDAS: Muitas pessoas têm se cadastrado Renara Barison Ribeiro / Ribeiro, E. B. / INSTITU-
no site como interessadas, mas poucas têm pagado TO DE BIOLOGIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
o valor aos agricultores. Nota-se a necessidade de um UBERLÂNDIA; Samuel do Carmo Lima / Lima, S.
projeto de marketing constante. Percebe-se ainda do C. / INSTITUTO DE GEOGRAFIA UNIVERSIDA-
que a mudança de comportamento para algo mais DE FEDERAL DE UBERLÂNDIA;
sustentável é lenta e trabalhosa, mesmo as pessoas Este trabalho é uma parte de estudos/pesquisas so-
sabendo dos males à saúde que o agrotóxico e as bre dengue desenvolvido pelo Curso Técnico em Con-
ações insustentáveis podem acarretar. RECOMEN- trole Ambiental/Escola Técnica de Saúde/Universi-
DAÇÕES: Pretende-se com este projeto promover dade Federal de Uberlândia, em parceria com Núcleo
a saúde ambiental, incentivar as pessoas para que de Vigilância em Saúde-IG/UFU, Instituto Federal
repensem suas práticas e adotem hábitos de vida de Educação, Ciência e Tecnologia/IFTM e a Escola
mais sustentáveis e saudáveis, lutando contra a Municipal Sobradinho”, Uberlândia/MG. A dengue
degradação ambiental e alcançando melhor quali- não pode ser tratada apenas de natureza climática,
dade de vida. nem ao mosquito Aedes aegypti como sendo únicas
causas da doença, há fatores multicausais responsá-
CONTRIBUIÇÕES DE OVITRAMPAS NO MONITO- veis pelas epidemias. Também merecem atenção o
RAMENTO DE VETORES, ENQUANTO ESTRATÉGIA Aedes albopictus e Culex quinquefasciatus respon-
DA PROMOÇÃO DA SAÚDE NUMA COMUNIDADE sáveis, por exemplo, pela Febre Chikungunya, Zika,
ESCOLAR RURAL, UBERLÂNDIA (MG): PROPOS- Wuchereria bancrofti. São espécies sinantrópicas e
TAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E VIGILÂNCIA de elevada antropofilia. Soluções mais imediatas são
aplicações de inseticidas agressivos, procedimentos
EM SAÚDE
efêmeros, matando alados de forma indiscriminada,
Arcenio Meneses da Silva / Silva, A. M. da / INS-
não os ovos e nem larvas que estão em criadouros
TITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
protegidos dentro de casas/peridomicílios. Os mo-
TECNOLOGIA; Belizário Castro Dias Neto / Dias
nitoramentos e mapeamentos de vetores, a partir
Neto, B. C. / INSTITUTO DE BIOLOGIA UNIVERSI-
de palhetas em ovitrampas, demonstram eficiência,
DADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA; Bruna Antonio
praticidade e economia, podem incorporar atitudes
Caldeira / Caldeira, B. A. / GESTÃO EM SAÚDE
mais educativas, enquanto estratégias da Promoção
AMBIENTAL INSTITUTO DE GEOGRAFIA UNI-
VERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA; Carlos da Saúde. O monitoramento dos vetores está sendo
Eduardo Souza Xavier / Xavier, C. E. S. / TÉCNICO realizado desde 2013, com 19 ovitrampas instaladas
EM CONTROLE AMBIENTAL ESCOLA TÉCNICA no IFTM. O monitoramento é semanal, as palhetas
DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBER- são quantificadas em estereomioscopia e os ovos são
LÃNDIA; Douglas Queiroz Santos / Santos, D. Q. classificados em viáveis, eclodidos e danificados. Os
/ ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE UNIVERSIDADE ovos viáveis são colocados em copos plásticos com
FEDERAL DE UBERLÂNDIA; Fernando Eurípedes água, dentro do mosquitário para acompanhamento
da Silva / Silva, F. E. da / TÉCNICO EM MEIO AM- dos estágios (larvas, pupas e alados). Os dados são
BIENTE ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE UNIVER- tabulados para melhor mapeamento e monitoramen-
SIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA; João Carlos to dos vetores. Foram realizadas 128 coletas, totali-
de Oliveira / Oliveira, J. C. / ESCOLA TÉCNICA zando 15093 ovos (12381 viáveis, 1733 eclodidos e
DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBER- 579 danificados). Nas eclosões dos ovos viáveis 70%

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 349
são Aedes albopictus, 26% Culex quinquefasciatus expostos, a partir da identificação de quais para-
e 4% Aedes aegypti. Paralelamente aos monitora- sitos contaminantes são mais frequentes entre a
mentos realizamos atividades de Educação/Saúde população estudada. Trata-se de um estudo piloto
com as escolas, sobre a doença (modo de transmis- transversal, de caráter descritivo, autorizado pelo
são, quadro clínico e tratamento), o vetor (hábitos e Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Nobre de
criadouros) e estratégias de Promoção da Saúde. As Feira de Santana, que utilizou como instrumento de
ovitrampas demonstram eficiência pela oviposição coleta um questionário contendo 28 perguntas e in-
em diferentes períodos sazonais. Entendemos que vestigou amostras fecais dos moradores. A partir da
somos responsáveis pela saúde ambiental, por meio análise de 29 questionários e 20 amostras, observou-
da sensibilização e mobilização dos sujeitos. A Es- -se que 75% estavam positivas para helmintos e/ou
cola é um dos territórios onde podemos multiplicar protozoários. Todas as amostras de crianças foram
saberes e fazeres de forma mais coletivas, dentro positivas. O protozoário Entamoeba coli esteve em
da concepção de que a comunicação não deve ser maior frequência entre os elementos encontrados.
vista apenas como uma mera transmissão de infor- Os exames parasitológicos mostrou equilíbrio de
mações e sim como um processo de ressignificados distribuição entre monoparasitose e poliparasitose.
e sentidos sociais. Verificou-se que os riscos de contaminação são reais
diante das práticas da comunidade e dos indivídu-
ENTEROPARASITOSES NO MUNICÍPIO DE SANTA os, em relação a hábitos de higiene, aos descuidos
BÁRBARA – BAHIA: UM ESTUDO PILOTO ao se expor à lagoa e principalmente a frequente
Ana Lucia Correia da Silva / Silva, A.L.C. / FAN; utilização da água contaminada. O baixo nível de
Rodolfo Macedo Cruz Pimenta / Pimenta, R. M. C. escolaridade da população indica desconhecimento
/ FAN; Misael Silva Ferreira Costa / Costa, M.S.F. / dos riscos e medidas de profilaxia, e compromete a
FAN; Mariana Ribeiro dos Reis / Reis. M.R. / FAN; saúde e qualidade de vida dos moradores. É funda-
As parasitoses intestinais constituem um problema mental aplicar brevemente um estudo de incidência
de saúde pública que atinge todas as faixas etárias que possa confrontar um universo maior com uma
e se concentram em áreas populacionais de baixo diversidade de variáveis, além de ações de educação
poder aquisitivo, com pouca escolaridade, e exclu- sanitária mais abrangente.
ída de atenção à saúde. Nessas áreas as condições
de vida, de saneamento e moradia são precárias INSTALAÇÃO: DE OLHO NA DENGUE
permitindo uma alta prevalência de parasitoses, Diego Edamatsu Fabricio / Fabricio, D.E. / Institu-
porque os parasitos são transmitidos pela água, solo to de Responsabilidade Social Sirio Libanês; Elia-
ou alimentos contaminados. A inadequada higiene ne Cristina dos Santos / Santos, E.C. / Instituto de
pessoal e descuidos na preparação dos alimentos Responsabilidade Social Sirio Libanês; Amanda
facilita a infecção e predispõe a reinfecção em Alice de Moraes / Moraes, A.A. / Instituto de
áreas endêmicas. Interferir nesse contexto requer Responsabilidade Social Sirio Libanês; Alexandre
colaboração dos serviços de saúde para estabelecer Rodrigo Fernandes / Fernandes, A.R. / Instituto de
uma relação de compromisso com a população e cada Responsabilidade Social Sirio Libanês; Josemar
equipe de referência, a fim de ofertar abordagem da Nobrega Dantas / Dantas, J.N. / Instituto de
integral e mobilização dos recursos necessários à Responsabilidade Social Sirio Libanês; Solange
recuperação da saúde. Nesse sentido, as crescentes de Almeida Carvalho / Carvalho, S.A. / Instituto
preocupações diante das doenças emergentes e de Responsabilidade Social Sirio Libanês; Renilda
reemergentes têm fomentado ações que alcancem Silva / Silva, R. / Instituto de Responsabilidade
grupos populacionais em condições extremas de Social Sirio Libanês;
assistência a saúde. O presente estudo objetivou CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: É um desafio o
investigar os riscos de contaminação parasitária trabalho em saúde referente ao controle da prolifera-
aos quais os moradores ribeirinhos da Lagoa Terra ção do mosquito transmissor da dengue. A quebra do
Santa, no município de Santa Bárbara-BA, estão ciclo de transmissão depende, predominantemente,

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de mudança de hábito da população. DESCRIÇÃO: MEIO AMBIENTE INTERFACE COM A ENFERMA-
foi desenvolvido em 2015 pela equipe do Programa GEM: RESÍDUOS SÓLIDOS E LIXO HOSPITALAR
Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS), da Estratégia Carolina Clarindo Nesio / Nesio< C.C. / Centro
Saúde da Família no território das UBS Cambuci, N. Universitario São Camilo; Amisson N‘Fanda /
Sra. do Brasil e Humaitá, uma estratégia de sensibi- N‘Fanda, A / Centro Universitario São Camilo;
lização para abordagem do tema de modo criativo. A Ana Carolina de Gouveia Costa / Costa, A. C. G. /
instalação consistiu na apresentação de ilustrações Centro Universitario São Camilo; Fernanda Freitas
das fases do ciclo de vida do mosquito, aedes aegypti: Celerino / Celerino, F. F / Centro Universitario São
ovo, larva, pupa e mosquito, por meio da utilização Camilo; Jean Lucca Flavio / Flavio, J. L. / Centro
de monóculos (peças antigas para visualização de Universitario São Camilo; Natalia da Costa Nunes
fotografias em miniatura), penduradas lado a lado / Nunes, N. C. / Centro Universitario São Cami-
na estrutura metálica de um biombo. Embaixo de lo; Silvaneide Santana de Araujo / Araujo, S.S. /
cada monóculo, foi afixado cartão com frase des- Centro Universitario São Camilo; Tiago Henrique
crevendo peculiaridades de cada fase do mosquito, Vieira da Silva / Silva, T.H.V. / Centro Universitario
de modo a despertar a curiosidade do visitante para São Camilo; Elisabete Calabuig Chapina Ohara /
descobrir o enigma. Para estimular a aproximação Ohara,E.C.C. / Centro Universitario São Camilo;
das pessoas da instalação, foi afixado no biombo um Ana Paula de Campos Araujo Moreira / Moreira,
cartaz convidativo com os dizeres: Descubra o meu A.P.C.A. / Centro Universitario São Camilo;
segredo”. Observou-se que os monóculos atraíram A promoção da saúde tem como um de seus pres-
tanto pelo apelo à memória de pessoas de faixa etá- supostos a estreita relação entre meio ambiente e
ria acima dos 30 anos, que relembravam momentos enfermagem. Considerando o processo de moder-
de visualização de fotografias quanto àquelas mais nização, os avanços tecnológicos e as relações de
jovens e crianças que desconheciam esses objetos. produção e consumo, percebemos que a enfermagem
A seguir eram convidados a visualizar as fases do não pode ficar fora dessa discussão. O enfermeiro
mosquito em tamanho real, por meio de amostras deve ser um educador que potencialize as aprendiza-
in vitro - concedidas pela Vigilância Sanitária. O gens da comunidade levando-a a refletir e agir, com
objetivo foi despertar o interesse sobre a rapidez da sua vivência e com recursos que mudem comporta-
proliferação do mosquito transmissor da dengue, mentos por meio do empoderamento dos usuários.
orientar as pessoas sobre estratégias para elimi- Com o objetivo de conscientizar a comunidade de
nação dos criadouros, esclarecer sobre forma de uma UBS de SP sobre as possibilidades de aproveita-
contágio, sintomas e tratamento da doença. LIÇÕES mento dos resíduos sólidos e a diferença do descarte
APRENDIDAS: Ficou evidente o desconhecimento da entre os lixos hospitalar e doméstico, foi realizada
maioria da população tanto sobre o comportamento uma revisão bibliográfica sobre o tema e interven-
e a rapidez da proliferação do mosquito aedes aegyp- ção por meio da entrega de panfletos, exposição
ti, quanto pela forma de transmissão da doença. As de cartazes com possibilidades para reutilização
propagandas e materiais impressos de divulgação e reciclagem dos resíduos, cores da coleta seletiva
das secretarias de saúde precisam reforçar os pro- e orientações específicas para descarte de objetos
cedimentos para limpeza e vedação de recipientes hospitalares que estivessem nos domicílios; como:
que armazenam água, maiores detalhes sobre o medicamentos vencidos, seringas, tiras reagentes,
contágio da doença e a importância da notificação agulhas, principalmente para os insulinodependen-
na UBS. RECOMENDAÇÕES: Metodologia com po- tes atendidos pela instituição. Para este grupo em
tencial para ser replicada em outros equipamentos especial criamos uma paródia da música Asa Branca
públicos diversificados. Propiciou abordagem lúdica de Luiz Gonzaga, para orientação do descarte dos
sobre conteúdos complexos do ciclo de vida do aedes resíduos de uma forma lúdica e dinâmica. Conside-
aegypti e despertou interesse das pessoas para efe- rando a ausência de recursos físicos da unidade a
tuar medidas simples no cotidiano para eliminação abordagem se deu no corredor externo que dá acesso
de criadouros. a farmácia onde são entregues os kits para os dia-

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béticos. O grupo se dividiu de forma a: explicar os vel e cidadã onde os diversos meios de transportes
cartazes, entregar os panfletos, esclarecer dúvidas continuariam fazendo parte do cenário, mas a prio-
e cantar a paródia. Participaram da ação educativa ridade seria dos pedestres? Saber os problemas que
cerca de 30 pessoas, com idade entre 30 e 70 anos. as crianças enfrentam para chegar a escola, as po-
Em alguns momentos a abordagem foi individual tencialidades do local, os programas desenvolvidos
ou em pequenos grupos. Dentre os participantes 15 nas escolas para a formação de cidadania poderá
pacientes diabéticos que fazem uso de insulina pre- contribuir para a formação de políticas publicas
encheram a avaliação. No que diz respeito à coleta voltadas para mobilidade. Esta pesquisa pretende
seletiva, reciclagem e as implicações do descarte descrever e comparar os problemas e possibilidades
incorreto dos resíduos sólidos no meio ambiente o relacionadas à mobilidade de crianças escolares e
público alvo demonstrou ter bastante consciência. as propostas de ensino sobre mobilidade urbana
Mas, com relação ao descarte correto dos medica- sustentável para os alunos de escolas do ensino
mentos vencidos e objetos infectantes resultantes público fundamental na faixa etária de 10 a 14 anos
do tratamento da diabetes nos domicílios parte do em duas metrópoles de estudo, São Paulo e Lisboa.
grupo demonstrou resistência e uma alegou falta Sob este enfoque, a presente pesquisa trabalhara
de informação adequada. Todo o processo de cons- com métodos mistos utilizando a metodologia
trução e aplicação da ação educativa foi de grande sequencial explanatória de projetos, incluindo
aproveitamento reforçando o se que diz respeito à análise documental, análise de dados secundários
promoção da saúde da coletividade e dos impactos e pesquisa empírica com crianças. Nesta última
de ações no meio ambiente, e nessa perspectiva os instrumentos utilizados serão o questionário, a
confirmamos que a educação em saúde é a grande entrevista e a técnica de grupo focal. A análise dos
aliada da enfermagem. dados quantitativos será feita através de métodos
estatísticos e os qualitativos através do método de
MOBILIDADE URBANA DE ESCOLARES NA CIDADE análise de conteúdo de Bardin. Todo processo será
DE SÃO PAULO UMA QUESTÃO DE SAÚDE acompanhado pela triangulação de dados obtidos
Sandra Costa de Oliveira / Oliveira, SC / FSP/USP; através das diferentes técnicas mencionadas.
Márcia Faria Westphal / Westphal, MF / FSP/USP;
O deslocamento em massa não é um problema novo: POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA E DOENÇAS RESPIRA-
a deslocação diária de pessoas cobrindo distâncias TÓRIAS EM GRANDES CENTROS URBANOS: MINE-
que não se podem percorrer a pé, a dependência para RAÇÃO DE DADOS DA REGIÃO METROPOLITANA
com os veículos destinados a fazer o trajeto diário DE CURITIBA
de ida e volta para o trabalho, escola, entre outros é Fabio Teodoro de Souza / Souza, F.T. / Programa de
um grande problema das grandes cidades e de seus Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) - PON-
habitantes. Sabemos que se deslocar é necessário TIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
para a sobrevivência de pessoas, famílias, jovens (PUCPR); William Schineider Rabelo / Rabelo, W.
e crianças uma vez que quase sempre estas vivem S. / PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO
distantes do trabalho, das escolas, dos serviços PARANÁ (PUCPR);
de saúde, do lazer e outros. Embora a questão da Introdução O crescimento acelerado e desordenado
mobilidade urbana seja um tema atual que tem das cidades provoca a poluição do ar com impacto
causado diversas discussões em uma esfera global, negativo à saúde respiratória da população. A inte-
poucas iniciativas de projetos e pesquisas têm sido gração entre gestão urbana e saúde pública é uma
propostas em relação a mobilidade de crianças em necessidade para se encontrar soluções aos diversos
fase escolar na cidade de estudo: São Paulo e Lisboa. problemas da sociedade em densos ambientes urba-
Entre as discussões sobre mobilidade urbana se faz nos. Objetivos A presente pesquisa recém-iniciada
necessário entender qual o tipo de mobilidade nós propõe uma metodologia para elucidar os padrões
queremos, uma mobilidade voltada somente para os espaciais adversos de qualidade do ar nos centros
veículos automotores ou uma mobilidade sustentá- urbanos e as consequências na saúde pública. A

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 352
identificação dos padrões espaciais de emissões elaborou-se um protocolo de atenção à saúde. Há
de gases de indústrias e de veículos motorizados dificuldades relacionadas ao perfil toxicológico
pode permitir planos de ação regionais distintos e das substâncias, intensidade/duração da exposi-
auxiliar nas estratégias do SUS para as diferentes ção, e a fatores de caráter coletivo e individual. E,
manchas urbanas. Método A metodologia proposta a exposição crônica representa um risco adicional
utiliza técnicas de mineração de dados e sistemas de para efeitos carcinogênicos e não carcinogênicos
informações geográficas para extrair conhecimento ao longo da vida. Descrição O objetivo é conhecer
da base de dados de variáveis urbanas, biológicas, os agravos a saúde dos expostos aos contaminantes
e atmosféricas das cidades de Curitiba, Araucária gerados de 1977 a 2002 no CISP. As substâncias de
e Colombo. Resultados O estudo explora principal- interesse são: 1,2-Dicloroetano; Drins; Benzeno; DDT,
mente os dados clínico-hospitalares e ambulatorial Diclorometano; Etilbenzeno; Pentaclorofenol; Toxa-
de doenças respiratórias nas três cidades. Contu- feno; Triclorometano. Para os ex-trabalhadores e ex-
do, alguns resultados parciais já foram obtidos da -moradores das chácaras do entorno estabeleceu-se
análise sazonal do índice de qualidade do ar (IQA). as rotas de exposição. Lições aprendidas Residiam
Para entender a dinâmica anual do IQA foram cal- na cidade 148 ex-trabalhadores e 23 ex-moradores, e
culados os percentuais do tempo de permanência foram acolhidos 96 indivíduos que foram avaliados
dos 12 meses em três estações localizadas nas di- em consulta de enfermagem/médica na UBS Betel.
ferentes cidades. Em Curitiba os piores meses são Nos ex-trabalhadores predominaram as faixas etá-
fevereiro e setembro quando são observados picos rias de 50-59, 40-49 e 60-69 anos de idade, e nos
de IQA-REGULAR (~30%). Em Araucária o pior mês ex-moradores foram as de 20-29 e 50-59 anos. A ra-
é outubro quando o IQA-REGULAR ultrapassa 50% zão entre os sexos, masculino e feminino, é de 45/3
do tempo. Colombo tem o pior cenário e durante 1/3 para ex-trabalhadores e de 22/26 nos ex-moradores.
do ano são encontrados valores maiores que 10% Houve alterações em colesterol total, triglicérides,
para IQA-INADEQUADO (padrão pode induzir efeitos glicemia e bilirrubina direta nos exames dos ex-
negativos à saúde pública local). Os diferentes pa- -trabalhadores, e notou-se em leucócitos, colesterol
drões sazonais indicam que os fenômenos temporais total, amilase, bilirrubina direta e glicemia entre
são explicados regionalmente de formas distintas. ex-moradores. Há alterações no RX tórax, US abdo-
Sob a luz de gestão urbana, pode-se afirmar que em minal e de tireóide. Foram estabelecidos 165 diagnós-
Colombo existe industrialização atomizada, baixa ticos em 48 ex-trabalhadores (3,44 HD/pessoa) e 122
cobertura de pavimentação no sistema viário e diagnósticos nos 48 ex-moradores (2,54 HD/pessoa).
intensa construção civil. Conclusão Devido à com- Recomendações Das 190 tentativas de contatos 100
plexidade do fenômeno estudado é benéfico ampliar indivíduos cadastrados responderam. Os motivos do
o número de taxonomias envolvidas, tais como do insucesso foram números de telefones e endereços
uso e ocupação do solo, mobilidade urbana; grau de desatualizados. Alguns indivíduos participaram do
poluição das indústrias, entre outras variáveis. Os acolhimento inicial, outros da avaliação e coleta de
resultados obtidos ao final desta pesquisa poderão exames, e existiam aqueles que sem agravo/doen-
ser utilizados pelo SUS na elaboração de ações e ça não participaram. Apresentou-se o protocolo e
intervenções na saúde e poluição do ar. adotou-se a coleta de endereços para atualização dos
contatos nas UBS, Hospital Municipal e Secretaria
POPULAÇÕES EXPOSTAS AOS CONTAMINANTES de Saúde. A vigilância editou uma lista enviado-a
GERADOS PELA SHELL/CYANAMID/BASF EM à DRS-7 para ser remetida aos municípios de mo-
PAULÍNIA-SP radia atual. Nas remediações com duração maior
Carlos Alberto Henn / Henn, C. A. / Departamento que 30 dias foram realizados exames previstos no
de Vigilância em Saúde da Prefeitura Municipal de PCMSO e no protocolo. E, devido a complexidade
Paulínia; das remediações havia participação do GVE e GVS
Caracterização do problema A saúde de populações Campinas, DOMA/CVE, SAMA, DVST e SETOX/CVS,
expostas é uma demanda para o SUS e, neste caso, em reuniões e inspeções junto ao DEVISA Paulínia.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 353
PORQUE CONSUMIR ALIMENTOS AGROECOLÓ- falta informações e de ações sustentáveis por parte
GICOS E SER MAIS SUSTENTÁVEL EM AMBIENTE destes consumidores. Nota-se a necessidade de uma
DE TRABALHO educação ambiental continuada para profissionais
Mirelle Lais Queiroz / Queiroz, M.L. / FMB - de saúde sobre a temática meio ambiente e saúde,
UNESP; Diego Lineker Marquetto Silva / Silva, de forma a adotarem práticas mais sustentáveis,
D.L.M. / FMB-UNESP; Karina Pavão Patrício / promovendo a saúde ambiental no ambiente de
Patrício, K.P. / FMB-UNESP; trabalho e em casa.
INTRODUÇÃO: Estudos apontam que os resíduos
sólidos urbanos (RSU) estão crescendo no país, mais PROPOSTA DE PROGRAMA DE EDUCAÇÃO,
do que a própria população. Associado observa-se MONITORAMENTO E APOIO À VIGILÂNCIA EM
descarte inadequado e pequena parcela de RSU é des- SAÚDE AMBIENTAL SOBRE OS DETERMINANTES
tinada a reciclagem ou compostagem. Pensando em AMBIENTAIS E COMPORTAMENTAIS DO RISCO
realizar a compostagem dos resíduos orgânicos pro- DE TRANSMISSÃO DE ZOONOSES EM POPULAÇÃO
duzidos em um Hospital, elaboramos projeto socio- INDÍGENA GUARANY- ALDEIA RIBEIRÃO SILVEI-
ambiental, no qual agricultores familiares coletam RA- SÃO SEBASTIÃO/BERTIOG
resíduos orgânicos deste Hospital transformando-o Carlos Augusto Donini / Donini, C.A. / Complexo
em adubo e produzindo alimentos dentro da agroeco- Educacional FMU;
logia, sem uso de agrotóxicos. Estes alimentos são A proposta contempla os princípios da atenção
comercializados em forma de cestas agroecológicas. básica em saúde, do método epidemiológico, da
OBJETIVOS: Este trabalho tem por objetivo analisar
estratégia de saúde da família, da integração e parti-
o perfil de sustentabilidade dos consumidores destas
cipação popular, da inclusão social, da extensão uni-
cestas agroecológicas, apontando problemas e possí-
versitária e da integralidade e complementariedade
veis soluções. MÉTODO: A metodologia utilizada foi
das ações em saúde, preventivas e profiláticas sobre
a aplicação de questionário on-line realizado na hora
a comunidade indígena Guarany com cerca de 400
do cadastro dos compradores das cestas, buscando
residentes, localizada na Aldeia Ribeirão Silveiras
compreender como eram os hábitos sustentáveis ou
em Boracéia/Bertioga São Sebastião-SP com 948,4
não destes compradores. RESULTADOS: 128 pesso-
hectares da Mata Atlântica. Destaca-se a dinâmica
as responderam o questionário, sendo 22 do sexo
frequente e intensa do trânsito entre as populações
masculino e 106 do feminino com uma faixa etária
da aldeia em contato íntimo simultâneo com o am-
de 19 a 69 anos; 74,2% possuem ensino superior e
biente selvático e a população urbana residente e
avaliaram seu hábito alimentar como sendo bom na
maioria (56,3%). A intenção da compra da maioria flutuante de turistas. Partindo dos conceitos básicos
(38,4%) foi a procura por alimentos frescos, sem sobre a complexidade epidemiológica integrada dos
agrotóxicos”. A separação do lixo orgânico não é rea- determinantes sociais e ambientais sobre os agravos
lizada por mais de 90 entrevistados (65,6%). Desses infecciosos e transmissíveis em foco, a abordagem
36% não sabiam como deveria ser realizada a coleta territorial das famílias residentes e expostas aos
seletiva. Os compradores disseram que para reduzir fatores de risco destes agravos permite a atenção
o lixo que produzem e ter atitudes mais sustentáveis sistematizada e continuada das circunstâncias, em
poderiam comprar menos produtos com embalagens caráter de monitoramento preventivo com evidência
descartáveis (47,7%) e separar melhor o seu lixo ao processo comunicativo; informação e educação
(42,5%). 37 (28,9%) entrevistados não realizam coleta continuados. Com a participação integrada de ”bol-
seletiva no trabalho. Os que reciclam responderam sistas” (universitários extensionistas da graduação
separam papel (57%), plásticos (38,3%) e orgânicos e da pós graduação da IES executora em parceria
(27,3%). A maioria relata que o melhor é realizar com a FUNAI-MS-SMS- PM), capacitados, organiza-
uma conscientização da população (34,6%) e colocar dos em equipes e supervisionados pela FUNAI em
mais lixeiras (20,4%), afirmando a necessidade de concurso com a Vigilância em Saúde local(SMS-PM),
práticas sustentáveis. CONCLUSÃO: Fica clara a implanta-se uma rede integrada de atenção e moni-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 354
toramento contínuo e programado sobre os fatores de acompanhar a eficácia e eficiência do projeto e
de risco determinantes dos agravos em foco, priori- manter um processo de melhoria contínua e cons-
zados por critérios técnicos do Gestor competente trução coletiva de um novo olhar para as questões
(FUNAI). Como produtos da rede de informações ambientais e de promoção de saúde.
observadas continuadamente, serão obtidos: a) um
banco de dados atualizados e atualizáveis em tempo QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA A OPÇÕES DE
real do perfil social, epidemiológico, sanitário e am- LAZER DE TURISTAS MÉDICO-HOSPITALAR –
biental da população exposta; b) um planejamento ACOMPANHANTES DE MULHERES COM CÂNCER
estratégico para ações continuadas em educação DE MAMA
em saúde, direcionadas e intensificadas às ações
Vanessa Nunes Faria / Faria. V.N / UNIFAFIBE/
preventivas gerais e específicas; c) orientar e sub-
Nucleo de Epdemiologia e Bioestatística Hospi-
sidiar o gestor sobre programas específicos em tal do Câncer de Barretos; Giovana de Almieda
vigilância e atenção básica em saúde e ambiente; d) Dutra Berbert / Berbet. G.A. / Instituto Federal de
possibilitar a disseminação orientada frequente e São Paulo - Campus Barretos; Geany Gonçalves
sistematizada à população de informações em saúde Pacheco / Pacheco G.G / UNIFAFIBE/ Nucleo de
de caráter preventivo sobre as principais zoonoses Epidemiologia e Bioestatística Hospital do Câncer
identificadas. Palavras-chave: Vigilância em saúde; de Barretos; Rafael Ribeiro Vanhoz / Vanhoz R.R
Zoonoses; Saúde indígena; Saúde Ambiental / Núcleo de Epidemiologia e Bioestatística; Vitor
Edson Marques Junior / Marques Junior V.E /
PROTETORES DA NATUREZA Instituto Federal de São Paulo - Campus Barretos;
Juliana Damiani / Damiani,J. / SPDM; Edson Cleyton Zanardo de Oliveira / Oliveira C.Z / Núcleo
Manoel dos Santos / Santos, E.M. / SPDM; Clara de Epidemiologia e Bioestatística - Hospital de
Jacq Soler / Soler, C.J. / SPDM; Naysla Pimentel / Câncer de Barretos;
Pimentel, N. / SPDM; Maria Eliana Bascune / Bas- Introdução: Muitos estudos abordam a Qualidade
cune, M.E. / SPDM; Evelise Barboza / Barboza, E. / de Vida Geral (QVG) de pacientes oncológicos, mas
SPDM; Katia Andrade / Andrade, K. / SPDM; Fabio poucos abordam a QVG do acompanhante. Levando
Kinkler / Kinkler, F. / SPDM; em consideração ainda que o Hospital de Câncer
Projeto Protetores da Natureza tem o objetivo de em Barretos é responsável por turismo médico-
sensibilizar alunos e educadores de instituições -hospitalar da cidade, acredita-se que visitar locais
de ensino sobre temáticas ambientais diversas, turísticos e realizar atividades prazerosas possa
que estabeleçam relação com o ambiente em que amenizar os momentos ruins que estejam passando.
vivem e convivem, buscando ampliar os olhares Objetivos: Verificar a relação entre a utilização de
e as possibilidades de intervenções locais que atividades e locais de laser com a QVG de acompa-
transformem os espaços agregado ao processo de nhantes (turistas) de pacientes com câncer (CA) de
promoção de saúde. A metodologia do projeto se mama. Métodos: Trata-se de um estudo transversal
estrutura em um processo lúdico e participativo, com coleta de dados prospectiva. Foram incluídos 31
onde o conhecimento é construído em cada um dos acompanhantes (resultado parcial) de mulheres com
encontros junto aos participantes. As atividades se CA de mama durante a radioterapia, que permane-
dividem em 5 encontros, sendo que os 4 primeiros ceram na cidade por mais que 24h e menos que 365
são baseados nos elementos da natureza (agua, ar, dias. As informações a serem relacionadas com QVG
terra e fogo) e o último encontro em uma intervenção será: idade, estado civil, etnia, nível educacional,
local que multiplique os conhecimentos adquiridos renda familiar, religião, o número de locais visitados
e partilhados pelo grupo e que gere algum impacto (LV) e atividades de lazer (AL) realizadas durante o
na instituição de ensino,bairro ou outra localidade tratamento e relacionadas com a QV medida através
previamente definida pelo grupo. As atividades do questionário WHOQOL Bref, onde foram avalia-
realizadas são avaliadas pelos alunos e educadores dos os domínios Físico (DF), Psicológico (DPs), Social
após a realização da mesma,1 e 6 meses depois,a fim (DS), Ambiental (DA) e Geral (DG). As relações foram

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 355
avaliadas através de teste não paramétrico e Man- a seus habitantes o direito à moradia, à educação, à
-Whitney, com significância de 0,05. Resultados: saúde, à comida, à proteção, à justiça, à liberdade,
Dentre estes 35,5% filho(a), 32,3% cônjuge e 16,1% ao trabalho, dentre outros, configurando-o como
irmãos(ãs). A idade média (x) foi de 46,5 (s=15,8) um cidadão. A formação de grupos sociais, segundo
anos, 58,1% eram casados, 67,7% caucasianos, 35,5% teorias, estão determinados entre o trabalho e a
possuem até o ensino fundamental completo, 54,8% inserção relacional, o trabalho se configura como
do genero feminino, 51,5% possuem renda < que fonte econômica, psicológica, cultural e de grande
R$2172,00, 74,2% são católicos, 51,6% realizaram significado na estruturação de sua personalidade
menos que 7 AL e 61,3% não apresentou LV durante e construção de imagem. Por exemplo, as crianças
sua estadia. Na QVG apresentaram x de 13,6 (s=1,50) já se encontram em uma zona de vulnerabilidade,
para o DF, 14,1 (s=1,80) para o DPs, 16,1 (s=2,03) para justamente por serem considerados indigentes
o DS, 14,3 (s=1,46) para o DA e 15,9 (s=2,17) para o inaptos ao trabalho de acordo com teorias cientí-
DG. Os domínios DA, DS e DF não apresentaram ficas. O espaço é o lugar em si o qual constrói ou
relações com as características analisadas. O DPs transforma conceitos a partir da vivência de cada
apresentaram relações com a escolaridade (p=0,023) espaço. Ele é responsável por formar o ser e definir
e permanência em Barretos (p=0,020). Já o DG teve o sujeito social. OBJETIVO: O presente estudo teve
relação com escolaridade (p=0,007) e número de como objetivo entender a percepção das mães sobre o
AL (p=0,020), indicando que quem faz ≥ 7 AL possui desenvolvimento de crianças partindo de uma visão
melhor QVG (x=15; s=1,63) do que quem faz ≤ 7 ativi- do território e das condições sociais vividas no terri-
dades (x=16,8; s=2,37). Conclusões: O número de LV tório do Sol Nascente. METODOLOGIA: Este estudo
pelos acompanhantes não apresentaram relações preconizou uma abordagem qualitativa. Participam
com a QVG, demonstrando apenas uma tendência desta pesquisa, cinco mães que contribuíram para
quando comparado com o DF (p=0,056). Já o número discussão a partir de um roteiro semiestruturado
de AL foi significativo com o DG. Por tratar-se de um com temas norteadores. RESULTADOS: Verificou-se
estudo parcial, o poder estatístico planejado não foi uma preocupação” das mães enquanto as proble-
alcançado máticas do território em questão ao saneamento
básico, à moradia, à educação, à saúde, à proteção,
RODA DE CONVERSA: EXPERIÊNCIAS E PERCEP- à liberdade, ao trabalho, dentre outros fatores que
ÇÕES DE MÃES SOBRE SEUS FILHOS EM CEILÂN- influenciam no desenvolvimento de seus filhos.
DIA - DF Devido às experiências vivenciadas pelas famílias
Letícia Alcântara Ribeiro / RIBEIRO, L.A. / Uni- no território onde residem, elas sentiram a necessi-
versidade de Brasília; Rafael Garcia Barreiro / dade de adotarem medidas para adaptação de uma
BARREIRO, R.G. / Universidade de Brasília; melhor condição de vida e educação para as crian-
INTRODUÇÃO: Dentro dos aspectos da condição hu- ças. CONCLUSÃO: É fundamental a desconstrução
mana, o direito social está intrínseco no ser humano de conceitos pré-estabelecidos quanto a uma visão
desde seu nascimento, o estado pela sua configura- social e a construção de um novo olhar para futuro
ção dispõe de assumir uma responsabilidade, dando dessas crianças e jovens.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 356
Saúde Mental
A GESTÃO E A CLÍNICA NO CAPS III: OUTRA EN- A IMPLEMENTAÇÃO DA INTERVENÇÃO BREVE
FERMAGEM É POSSÍVEL? NA ATENÇÃO PRIMÁRIA Â SAÚDE: REVISÃO
Nara Fabiana Mariano / Mariano, N.F. / UNICAMP; INTEGRATIVA
Resumos de Relatos de Experiência: O Modelo Assis- Vanessa de Oliveira Furino / Furino, V.O. / UFS-
tencial utilizado nos Centro de Apoio Psicossocial CAR; Fernanda de Oliveira Furino / Furino, F.O. /
(CAPS) no município de Campinas é o da Clínica UFSCAR; Natália Nacca Dalbello / Dalbello, NN /
Ampliada e Compartilhada. Esse modelo propõe UFSCAR; Sonia Regina Zerbetto / Zerbetto, S.R. /
que o individuo deve ser visto em sua totalidade e UFSCAR; Carmen Lúcia Alves Filizola / Filizola,
para o planejamento e compartilhamento das ações C.L.A. / UFSCAR; Andrea Santos de Andrade /
de saúde são previstos novos dispositivos assisten- Andrade, A.S. / UFSCAR;
ciais de forma compartilhada e coletiva, em que os Introdução: De acordo com a Organização Mundial
trabalhadores fazem a gestão do próprio trabalho. da Saúde, o álcool é a bebida mais consumida na
Fazer a gestão do próprio trabalho é um avanço na maioria dos países e o seu consumo excessivo está
lógica de se produzir saúde e para a enfermagem associado a inúmeras consequências negativas,
significa tecer seu trabalho sob nova lógica. A en- demonstrando a necessidade de ações para prevenir
fermagem, que executa suas atividades com base na o uso problemático dessas substâncias na atenção
divisão técnica do trabalho baseada no Taylorismo, primária de saúde. Assim, a estratégia cada vez mais
pode superar o trabalho taylorista utilizando-se utilizada tem sido a articulação de instrumentos
alguns dispositivos de gestão da Clínica Ampliada de triagem, associados às intervenções breves (IB),
e Compartilhada: Reunião de Equipe, Reunião de constituída por etapas que envolvem a orientação
Mini-equipe, Passagem de Plantão Multiprofissional preventiva básica, aconselhamento breve para atin-
e Interdisciplinar, Na Reunião de Equipe discute-se gir metas assumidas de maneira voluntária pelo
semanalmente questões sobre o processo de traba- usuário e que apresenta dificuldade de implemen-
lho no CAPS, normas e rotinas do serviço, fluxos tação. Objetivo: este estudo objetivou caracterizar
internos e externos. A mini-equipe é espaço multi- a produção do conhecimento científico sobre a im-
profissional em que diversos núcleos profissionais plementação da IB na atenção primária à saúde, e
se entrelaçam planejando intervenções cotidianas identificar as dificuldades da equipe de saúde sobre
para os usuários. A Passagem de Plantão é o dispo- o tema. Metodologia: revisão integrativa de artigos,
sitivo de encontro cotidiano para a equipe receber datados de 1999 a 2013. Os descritores de saúde tri-
informes do dia-a-dia do serviço, planejar o período lingues utilizados foram: alcoholism/alcoholismo/
diário de trabalho. A Enfermagem insere-se em todas alcoolismo, primary health care/atención primaria
as etapas de decisão e formulação de seu trabalho, de salud/atenção primária à saúde, com operador
através destes dispositivos de gestão da Clinica booleano and”, além da palavra-chave intervenção
Ampliada e Compartilhada. Os auxiliares/técnicos breve/brief intervention/intervencíon, utilizando os
de enfermagem são empoderados do seu fazer, filtros free full text”, nos idiomas inglês, espanhol
possibilitando a Enfermagem a utilizar-se de novos e português. Realizou-se a análise comparativa dos
meios de produzir sua própria ação profissional de artigos e categorização temática, e a discussão
maneira mais subjetiva e personalizada, diminuindo crítica do material, baseada na literatura sobre o
a divisão e a repetição do trabalho. Para o Enfer- assunto. Resultados e Discussão: foram encontrados
meiro, há a diminuição das tarefas burocráticas um total de 1333 artigos, sendo selecionados 47 e
e administrativas, possibilitando-o a desenvolver com predomínio de artigos no idioma inglês (n =42)
mais profundamente as ações assistenciais. publicados na revista Alcohol & Alcoholism (n =8) e

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 357
abordagem do método quantitativo (n=37). Os artigos produção de uma perspectiva histórica da evolução
abordaram temas relacionados à: 1) capacitação de da atenção público/privado nas referidas regiões.
profissionais de saúde no rastreamento do uso de O estudo compara as Regiões Norte e Sul do Brasil,
álcool e realização da IB; 2) a implementação da IB que apresentam indicadores extremos de cobertura
na rede de atenção à saúde; 3) postura dos profis- e organização dos serviços, excetuando-se a região
sionais de saúde e dos pacientes/usuários diante Sudeste, que tem maior quantidade de estudos e
do rastreamento e da IB; 4) prevalência de usuários indicadores de cobertura inflacionados, criando
de álcool e padrão de consumo de álcool e 5) dificul- condições de compreender as diferentes dinâmicas
dades da equipe de saúde sobre a implementação da de acolhimento e acompanhamento de demandas
IB. Conclusões: Os resultados do estudo apontaram engendradas nas demais regiões. Considera-se que
que a capacitação e o treinamento dos profissionais no Brasil coexiste um mix público e privado no
de saúde são relevantes para a implementação da sistema de serviços saúde, cujas diretrizes devem
triagem e da IB, proporcionando-lhes segurança ser únicas, o que significa dizer que estas devem
e desenvolvimento de suas habilidades. Porém, é estar condicionadas à atuação reguladora do Es-
importante a participação dos gestores dos serviços tado, como apregoa a Constituição Federal (Brasil,
de saúde, além da organização e administração do 1988). Essa premissa é o que permite constituir este
sistema de saúde. estudo, tomando como base a incorporação da linha
de cuidado em planos e seguros privados de saúde,
A REDE DE ATENÇÃO EM SAÚDE MENTAL NO visando a composição de uma rede de cuidados em
SUBSISTEMA DE SAÚDE SUPLEMENTAR NAS saúde mental, na interface com a política de saúde
REGIÕES NORTE E SUL SOB A PERSPECTIVADA mental vigente no país. Assim, a formulação de polí-
CONSTRUÇÃO DE LINHAS DE CUIDADO: ANÁLISES ticas desenvolvidas pela Agência Nacional de Saúde
- ANS deve estar alicerçada nas diretrizes da Lei No
PRELIMINARES
10.216/01, que dispõe sobre os direitos das pessoas
Alcindo Antônio Ferla / Ferla, A.A. / UFRGS;
portadoras de transtornos mentais e redireciona o
Renata Flores Trepte / Trepte, R. F. / UFRGS; Júlio
modelo assistencial em saúde mental. Desse modo,
Cesar Schweickardt / Schweickardt, J.C. / ILMD -
as práticas no interior de serviços, redes e sistemas
FioCruz/AM; André Luis Leite de Figueredo Sales /
vinculados aos planos e seguros privados de saúde
Sales, A.L.L.F / UNESP;
devem traduzir as diretrizes e os princípios das
O projeto em andamento analisa a Rede de Atenção
políticas nacionais.
em Saúde Mental no Subsistema de Saúde Suple-
mentar Brasileiro nas Regiões Norte e Sul do País,
A REFORMA PSIQUIÁTRICA E O PROCESSO DE DE-
visando identificar e sistematizar tecnologias de
cuidado para subsidiar a organização da rede de cui-
SINSTITUCIONALIZAÇÃO: CAMINHOS POSSÍVEIS
dados em saúde mental na interface entre o público/ PARA CONSTRUÇÃO DE UM NOVO OLHAR SOBRE
privado. Trata-se de um estudo de implementação de A LOUCURA
políticas. O plano de investigação inclui a análise de Daniel Alberto Santos e Santos / Santos, D. A. S /
dados dos bancos de sistemas nacionais de infor- UEFS; Laís Barbosa Souza Vilas Bôas / Bôas, L. B.
mação de uso na saúde, a realização de entrevistas S. V. / FTC; Helen Níce Terrível / Terrível, H. N. / FTC;
com operadoras e prestadores de serviço, entrevis- A loucura durante muitos anos perpetuou-se no ima-
tas com usuários/familiares, assim como análise ginário social enquanto fenômeno de periculosidade
documental. O projeto vem sendo desenvolvido por e inutilidade, devido às várias formas de assistência
uma rede científica composta por pesquisadores de prestadas e, principalmente, pela forma excludente e
instituições de ensino e pesquisa nas duas regiões preconceituosa como esta foi disseminada. Somente
em estudo, através do formato de estudos multicên- a partir da Reforma Psiquiátrica Brasileira, que
tricos integrados. A rede científica agrega parceiros surgiram as estratégias de desinstitucionalização,
que estão mobilizados regionalmente na temática, ancoradas nos pressupostos de transformação ins-
com estudos prévios que serão articulados para a titucional de Basaglia, destinadas a uma descons-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 358
trução de saberes/discursos/práticas referentes à Comuns (TMC) em professores da rede municipal de
psiquiatria clássica vigente no país. No entanto, ensino de Vitória da Conquista, Bahia. Foi feito um
apesar de ser considerado o elemento nuclear da estudo epidemiológico transversal, com 808 pro-
Reforma Psiquiátrica Brasileira, o processo de de- fessores da rede municipal de educação. Na análise
sinstitucionalização ainda se presta a mais de uma dos dados foi utilizado o programa STATATM utili-
interpretação no contexto das práticas em saúde zando a razão de prevalência (RP) com intervalo de
mental no país. A partir do aprofundamento dessas confiança de 95% e p valor ≤ 0,05 nos testes de Qui
discussões, este ensaio teórico, baseado nas contri- Quadrado de Pearson e Exato de Fischer. Os resul-
buições da literatura do campo, teve como objetivo tados apontaram que existe associação estatistica-
investigar quais os caminhos a serem percorridos, mente significante entre carga horária (≥ 40 horas
pelos diversos atores sociais implicados no proces- semanais) e TMC (RP = 1,18; IC 95%: 1,02 – 1,36) onde,
so da Reforma Psiquiátrica Brasileira, para que a quanto maior a carga horária maior será a prevalên-
premissa da desinstitucionalização não se perca em cia de TMC. No que tange a prevalência de TMC, as
diversas concepções e ponha em risco a sua efetiva- características sociodemográficas que estiveram
ção. Entre os principais resultados, constatou-se a associadas a sua ocorrência foram: sexo feminino,
necessidade de compreensão e condução da desinsti- possuir vínculo de trabalho estável e a não realiza-
tucionalização para além da desospitalização, tendo ção de atividade de lazer, o que configura possíveis
em vista que, a ênfase deste processo está calcada situações de risco para a categoria. Espera-se que
na produção de modificações tanto na assistência as evidências científicas obtidas possam subsidiar
quanto na dinâmica social, política e cultural, nas as discussões sobre a necessidade de repensar a
quais se baseia o universo manicomial. Dessas dis- carga horária formal de trabalho docente, tendo em
cussões, chegou-se ao entendimento de que cabem vista que esse fator pode afetar a qualidade de vida,
investimentos em ações de desinstitucionalização desses profissionais, e interferir negativamente no
do social, do apego às formas de vida instituciona- processo de ensino- aprendizagem. Palavras-chave:
lizadas, para que seja possível abrir espaços para o transtornos mentais; trabalho docente; estudo
surgimento de um olhar que abandona o modo de transversal.
ver próprio da razão e possibilita uma via de acesso
à escuta qualificada da desrazão. Palavras-chave: AÇÕES DE SAÚDE MENTAL NA COMUNIDADE:
Loucura, Reforma Psiquiátrica Brasileira, Desins- NECESSIDADES DA EQUIPE DA ESTRATÉGIA DE
titucionalização. SAÚDE DA FAMÍLIA
Sônia Barros / Barros, S / Escola de Enfermagem
A RELAÇÃO ENTRE CARGA HORÁRIA DOCENTE da USP; Jussara Carvalho dos Santos / Santos, J.C.
E A OCORRÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS / Escola de Enfermagem da USP; Lais Mariana
COMUNS Da Fonseca / Fonseca / Escola de Enfermagem da
Daniel Alberto Santos e Santos / Santos, D.A.S. / USP; Luis Eduardo Batista / Batista, LE / Escola
UEFS; Kelly Albuquerque de Oliveira / Oliveira, K. de Enfermagem da USP; Anaísa Cristina Pinto /
A. / UEFS; Tânia Maria de Araújo / Araújo, T. M. / Pinto, AC / Escola de Enfermagem da USP;
UEFS; Introdução: A superação dos modelos manicomiais
A atividade docente tem interferindo na saúde ganhou espaço nos ideais da reorganização da
mental dos professores, pois as condições físicas de atenção à saúde. Assim, a territorialização passou
trabalho desfavoráveis, as inúmeras manifestações a ser valorizada e o incentivo às intervenções na
comportamentais dos discentes, os baixos salários, comunidade foi ampliado. É neste contexto que, o
a enorme carga horária de trabalho, dentre outros envolvimento da Estratégia da Saúde da Família com
fatores tem contribuído para ocorrência de desgaste a Saúde Mental, pode ser constatado. Este estudo
físico e mental nos professores. O presente estudo parte do pressuposto que a equipe de Estratégia
objetivou avaliar a associação entre carga horária da Saúde da Família nem sempre prioriza as ações
formal de trabalho docente e Transtornos Mentais de saúde mental por falta de: conhecimento, apoio

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 359
técnico matricial e preconceito. O Núcleo de Aten- mesmo profissionais que não possuam formação em
ção à Saúde da Família, pode ser o caminho para saúde reconheçam sua importância. Descrição: No
suprir essa necessidade de formação de recursos hospital convivem profissionais de diversas funções.
humanos na saúde mental, por meio de sua propos- Aqueles com formação superior/técnica preparam-
ta de trabalho matricial. Objetivo: Compreender as -se para lidar com as manifestações do ser humano
necessidades da equipe da Estratégia da Saúde da e refletir sobre ética, humanização e saúde mental.
Família para desenvolver as ações de saúde mental Mas, profissionais dos setores administrativo, copa
na comunidade. Método: Estudo descritivo, explo- e limpeza não tiveram tal oportunidade e, no entan-
ratório, de abordagem qualitiva, que utilizou como to, suas práticas também geram impacto nos usuá-
instrumento de coleta de dados, questionários semi- rios. Observaram-se comportamentos realizados por
-estruturados. Para a análise dos dados foram utili- estes profissionais que denotavam seu despreparo.
zados o software ALCESTE, e a análise de conteúdo A equipe matricial composta por uma assistente so-
temática. Os sujeitos da pesquisa foram profissio- cial, uma psicóloga e uma terapeuta ocupacional de
nais de equipes da Estratégia da Saúde da Família um hospital do interior de São Paulo avaliou ser ne-
de quatro Unidades Básicas de Saúde do município cessário um processo de educação permanente, onde
de São Paulo. Resultados: Foram encontradas como os participantes poderiam refletir sobre os efeitos de
dificuldades para desenvolver as ações de saúde suas ações e, assim, qualificar a assistência. Lições
mental: a insuficiência de capacitação profissional; aprendidas: A equipe matricial coordenou encontros
a não garantia de que os técnicos de enfermagem semanais de 1h30 com profissionais dos referidos
possam participar no matriciamento; o estigma re- setores cujo objetivo geral era sensibilizá-los para
lacionado à pessoa com doença mental. Conclusão: o desenvolvimento da empatia e específicos eram:
Para suprir as necessidades da Estratégia da Saúde informar e discutir sobre os direitos dos usuários
da Família são necessárias a implementação da da saúde; sensibilizar sobre os estigmas associa-
educação permanente nos serviços e, a criação de dos aos diagnósticos e seu preconceito e promover
mecanismos quem garantam a participação de todos um espaço de reflexão sobre luto, perdas e morte.
os profissionais que atuam na atenção básica à saú- O conteúdo foi trabalhado de forma expositiva-
de, no matriciamento promovido pelos Núcleos de -dialogada com técnicas de dinâmica de grupo. As
Atenção à Saúde da Família.tendo como perspectiva, participantes apresentaram disponibilidade em
a superação do estigma da doença mental. aprender e expor suas inquietações sobre os temas.
Muitas se emocionaram ao participar de vivências
ACOLHIMENTO E EDUCAÇÃO PERMANENTE NO e conseguiam fazer relações entre as discussões e
CONTEXTO HOSPITALAR : UMA EXPERIÊNCIA sua praxis. Relataram sentirem-se reconhecidas,
PROPOSTA PELA EQUIPE MATRICIAL visto que tradicionalmente são recrutadas apenas
Karen Batista / Batista, K. / UFSCAR; Fátima para treinamentos técnicos. Obteve-se um impacto
Maria da Silva Menon / Menon, F. M. S. / Hospital positivo, com a apresentação de uma conduta mais
Escola Municipal de São Carlos; Mônica Cristina acolhedora com os usuários. Recomendações: Houve
Assaiante de Souza / Souza, M. C. A. / Hospital dificuldade em negociar com as chefias a disponibili-
Escola Municipal de São Carlos; dade para participação. Será necessário sensibilizar
Caracterização do problema: O hospital acolhe pes- os gestores para que organizem o trabalho de modo
soas que necessitam de cuidados que não poderão que as profissionais participem desses espaços pe-
ser realizados em suas casas, junto à sua rede social. riodicamente, como parte de suas funções.
A Política Nacional de Humanização da Atenção e
Gestão do SUS (2009) preconiza que o acolhimento ANÁLISE DE UM BRAINSTORM REALIZADO POR
não se resume ao espaço físico, devendo ser incorpo- ALUNOS DO CURSO DE EXTENSÃO SOBRE PA-
rado nas práticas de todos os profissionais. Compre- DRÕES DE BELEZA E SEUS IMPACTOS PSICOLÓ-
endendo o acolhimento como um encontro em cada GICOS
momento e em todas as relações, é fundamental que Ana Lídia Fonseca Zerbinatti / Zerbinatti, A.N.F. /

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 360
UFSCar; Larissa Pires Ruiz / Ruiz, L.P. / UFSCar; APOIO MATRICIAL E ACOLHIMENTO EM SAÚDE
Thaís Juliana Medeiros / Medeiros, T.J. / UFSCar; MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE: UMA
Fernando Del Mando Lucchesi / Lucchesi, F.D.M / ESTRATÉGIA PARA RESOLUBILIDADE, CUIDADO
UFSCar;
INTEGRAL E HUMANIZADO DO PACIENTE
Caracterização do problema: Padrões estéticos posi-
Paulo Marcio de Lima / Lima, P.M / PREFEITURA
tivos e negativos permeiam nossa cultura, trazendo MUNICIPAL DE ARARAQUARA; Maria Nerilda
impactos sociais e psicológicos. Descrição: O presen- Moura Jorge / Jorge, M.N.M / PREFEITURA MUNI-
te trabalho se caracteriza pela aplicação e análise CIPAL DE ARARAQUARA; Ariane Texeira / Texeira,
de um brainstorm, realizado por alunos do curso de A / PREFEITURA MUNICIPAL DE ARARAQUARA;
extensão Padrões de Beleza e seus Impactos Psicoló-
Introdução - Diante da fragmentação reinante nas
gicos”, oferecido nas dependências da Universidade
práticas de saúde atuais, julga-se necessário discu-
Federal de São Carlos (UFSCar). O objetivo desta
tir a necessidade da aproximação da saúde mental
intervenção foi observar as diferentes conceituações
junto à atenção básica. O grupo de acolhimento visa
e ideias obtidas de imagens que retratavam diversos
promover o cuidado da saúde mental do paciente,
padrões de beleza. Participaram desta intervenção
por entender que é fundamental a compreensão das
16 pessoas de ambos os sexos, profissionais e estu-
queixas tanto dos profissionais quanto do paciente.
dantes da área de saúde. O procedimento consistiu
Este pode se apropriar de seus problemas com mais
na entrega aos participantes de post-its (papel au-
clareza, sentindo-se mais autônomo no processo
toadesivo) e canetas hidrocor e na apresentação de
de ressignificação de seus sofrimentos por meio da
onze figuras em slides. Depois de dado um exemplo
introjeção dos recursos disponíveis no âmbito de
instrucional, os participantes deveriam escrever
suas realidades sociais. Contactar essas realidades
palavras-chave nos post-its com as suas impressões
e saber lidar com elas, em muitos casos, faz com que
e pregá-las sobre a figura-estímulo. As impressões
deixemos de recorrer ao uso de substâncias lícitas.
podiam ser tanto sobre características observáveis
Por outro lado, aos profissionais, abre-se espaço
da figura quanto sobre as sensações subjetivas que
para rever suas práticas, independente da formação.
elas provocavam nos participantes. Lições aprendi-
Sendo assim, focarmos em ações de saúde mental,
das: constatou-se que a segunda imagem foi a que
com práticas realizadas no território, é entrar em
gerou maior participação (36 post-its), em que se
contato com a realidade de ambos, ou seja, uma
apresenta a figura de uma mulher negra, gerando
oportunidade para se pensar e criar intervenções
um grande número de palavras como: Preconceito,
capazes de considerar a história de vida, subjeti-
Tristeza, Linda e Resistência. Observou-se que ima-
vidade, singularidade e visão de mundo dos atores
gens que retratavam pessoas consideradas como
envolvidos. Objetivo - Construção do conhecimento
fora dos padrões de beleza (e.g. Homem magro e de
na coletividade e fortalecimento do usuário como
óculos, mulher mais velha, mulher negra) geraram
protagonista, fundamentando-se na concepção de
muito mais conceituações psicológicas do que esté-
educação popular, processos grupais e análise ins-
ticas, enquanto as demais geraram mais impressões
titucional; proporcionar espaços de troca de saberes
sobre aspectos estéticos. Quanto a qualidade dessas
e experiências informais entre pacientes-pacientes,
conceituações, imagens que retratavam padrões es-
profissionais-pacientes. Metodologia - Grupo aberto,
téticos mais diversos, produziram um número maior
com encontros semanais de 1h30 minutos, cujas
de palavras negativas (e.g. imagem de um fisiocul-
temáticas transversais são ligadas às demandas
turista). Recomendações: O brainstorm permitiu
dos pacientes e discussões de casos entre a equipe
apontar quais temas, na atualidade, estão mais em
multiprofissional. Foram convidados os pacientes
evidência na temática dos padrões de beleza e seus
com guia de encaminhamento realizado pelo médico
impactos psicológicos nos indivíduos e por isso,
clínico da unidade, para atendimento especializado
em uma próxima edição do curso será dedicado um
com psiquiatra ou psicólogo. Resultados - Em de-
tempo maior para tal atividade.
corrência do trabalho, percebe-se uma diminuição

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 361
do número de pacientes em lista de espera para o SM, que resulta em uma linha de cuidado incompleta
atendimento nos serviços especializados da Saúde e deficiente, em parte, devido à baixa comunicação
Mental, sendo encaminhados apenas os pacientes e articulação com outros equipamentos de SM da
com patologias mentais graves, além da resolutivi- região, como os Centros de Atenção Psicossociais.
dade de conflitos trazidos pelos pacientes nos encon- A partir do diagnóstico, o NASF criou com profissio-
tros. Conclusão - Conclui-se que as redes de atenção nais de SM , espaços de cuidado e discussão de caso
integral ao paciente, em especial a Unidade Básica nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para ofertar
de Saúde, podem desenvolver algumas intervenções acesso e tratamento à demanda reprimida , capacitar
de cuidado contribuindo com a não medicalização os profissionais da AB a atender este público e criar
do paciente e amenização do sofrimento deste, espaços resolutivos de cuidado em SM. Os formatos
entendendo-o como sujeito participante de seu pro- de acesso, atendimento, seguimento e discussão de
cesso saúdedoenças, respeitando-o como indivíduo caso estão em construção, pois dependem das espe-
em sua totalidade. cificidades das UBS. Os encontros são semanais nas
UBS, com a participação de profissionais das UBS ,
ARTICULAÇÃO NA SAÚDE MENTAL: RELATO DE NASF e CAPS , com duração de 3 horas, divididos em
EXPERIÊNCIA DO NASF NA CONSTRUÇÃO DA REDE discussão de caso, acolhimento de novos pacientes
EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA em grupo e seguimento em SM. Lições aprendidas:
Leonardo Ferreira de Freitas Scaranello / Sca- o esforço conjunto resultou em espaço legítimo de
ranello, L.F.F. / Instituto de Responsabilidade articulação, capacitação de profissionais e ampliou
Social Sírio Libanês; Aline Eclair Saad / Saad, acesso dos pacientes. Recomendações: manter a es-
A.E. / Instituto de Responsabilidade Social Sírio tratégia, investir em gerenciadores das informações
Libanês; Francies Regyanne Oliveira / Oliveira, entre os profissionais, criar instrumentos de avalia-
F.R. / Instituto de Responsabilidade Social Sírio ção qualitativos para os grupos de acolhimento e pla-
Libanês; Melissa Lorenzo Prieto de Souza / Souza, nejar a transição da equipe CAPS para AB que deve
M.L.P. / Instituto de Responsabilidade Social Sírio assumir a coordenação do cuidado nesses grupos.
Libanês;
Caracterização do problema: A articulação em Saúde ASSOCIAÇÃO ENTRE TRANSTORNO DEPRESSIVO
Mental (SM) é um grande desafio para os profissio- E VIOLÊNCIA FÍSICA CONJUGAL NA POPULAÇÃO
nais da atenção básica (AB), pois suscita dúvidas, GERAL
curiosidades e receios visto que o seguimento e Aline Cacozzi / Cacozzi, A. / Universidade Católica
manejo adequado são fundamentais para oferecer de Santos; Silvia Regina Viodres Inoue / Viodres
um tratamento eficaz. Tradicionalmente, os siste- Inoue, S.R. / Universidade Católica de Santos;
mas de saúde têm se organizado de forma vertical Claudia Renata dos Santos Barros / Barros, C.R.S.
com transferência de responsabilidades e perda da / Universidade Católica de Santos; Maria Inês
integralidade e do seguimento em rede. Para supe- Quintana / Quintana, M.I. / Universidade Federal
rar tal fragmentação faz-se necessário repensar o de São Paulo; Denise Martin / Martin, D. / Uni-
cotidiano do trabalho. Descrição: O Núcleo de Apoio versidade Católica de Santos; Rodrigo Affonseca
à Saúde da Família (NASF) configura-se como uma Bressan / Bressan, R.A. / Universidade Federal de
das estratégias para superar e auxiliar na conversão São Paulo; Marcelo Feijó de Mello / Mello, M.F. /
do modelo fragmentado e descontínuo para a aten- Universidade Federal de São Paulo; Jair de Jesus
ção integral a partir da AB, para linhas de cuidado Mari / Mari, J.J. / Universidade Federal de São
e implantar Projetos Terapêuticos Singulares. O Paulo; Sérgio Baxter Andreoli / Andreoli, S.B. /
NASF da região central do município de São Paulo Universidade Católica de Santos;
(UBS Nossa Senhora do Brasil, Cambuci e Humaitá) O transtorno depressivo é um importante problema
em reuniões semanais de matriciamento verificou de saúde pública por ser prevalente e pelo seu alto
número significativo de pacientes com transtornos grau de incapacitação. A violência conjugal é uma
psiquiátricos, sem acesso e tratamento adequado em das principais causas de morbimortalidade no Brasil

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 362
e as agressões sofridas impactam negativamente (CAPSij) compõem a Rede de Atenção Psicossocial
à saúde mental da população. A associação entre (RAPS) e são destinados à crianças e adolescentes
os temas contribui para construção de políticas de que apresentam sofrimento psíquico, transtornos
redução da violência e seus danos à saúde mental. mentais ou comprometimentos decorrentes do
Objetivo: Estudar a associação entre o transtorno uso de crack, álcool e outras drogas. Entre seus
depressivo identificados na população geral e a vio- objetivos principais estão a construção de relações
lência conjugal na população geral Método: estudo de cuidado que busquem aumentar a participação
de corte transversal com amostra probabilística social e cirulação de crianças e adolescentes, bem
estratificada em multi-estágios da população geral como oferecer suporte e cuidado também para seus
das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O Diag- familiares, na perspectiva da construção de relações
nóstico de depressão foi feito a partir da aplicação de emancipação e cidadania. Os objetivos deste estu-
do Composite International Diagnostic Interview” do foram descrever as principais necessidades das
(CIDI) versão 2.1. A análise da associação entre os famílias atendidas no CAPSij por meio da percepção
pacientes com transtorno depressivo, ter sofrido dos técnicos e descrever as ofertas de cuidado dos
violência conjugal e os fatores associados foi feita CAPSi para os familiares das crianças/adolescentes
por meio de um modelo de regressão logística. Re- em acompanhamento. Participaram 17 profissionais
sultados: foram entrevistados 3744 indivíduos. A com formação em nível superior de 04 CAPSij do
prevalência da violência conjugal foi de 7,4% e de Estado de São Paulo. A coleta de dados constituiu-se
transtorno depressivo foi de 11%. Após o controle por entrevista semi-estruturada compondo estudo
das variáveis: sexo; idade; estado cível; raça; renda; qualitativo descritivo, com aprovação do Comitê de
escolaridade; ter histórico de doença mental na Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UFSCar.
família; estar empregado; ser praticante de religião A análise dos dados ocorreu por meio da técnica do
e ajuda da comunidade, sofrer violência conjugal Discurso do Sujeito Coletivo. Os profissionais indi-
apresentou ODDs 4,7 (IC 2,8 – 7,9) e sofrer qualquer caram que as necessidades dos familiares são múl-
outra violência ODDs 3,1 (IC 2,0 – 4,7). Além destas, tiplas e se situam tanto no cuidado com a criança/
estão associados: não receber ajuda da comunidade adolescente em acompanhamento no CAPSij, entre
(ODDs 1,5); ter histórico de doença mental na família estas o entendimento sobre diagnóstico e manejo,
(ODDs 1,7); idade de 15-29 anos (ODDs 2,3); idade 30- aceitação da condição da criança/adolescente, apoio
44 anos (ODDs 2,8); idade 45-59 anos (ODDs 2,2) e para contato com escolas; como também se relacio-
sexo feminino (ODDs 2,6). Conclusão: O transtorno nam à questões mais pessoais como necessidade de
depressivo é mais prevalente entre as mulheres. apoio para o cuidador em outros serviços de saúde
As mulheres também são as principais vítimas da mental e necessidade de outros espaços de escuta.
violência conjugal, dada a alta prevalência desta Assinalam-se ainda, necessidades decorrentes de
violência sofrida pelas mulheres. Quando associa- contextos socioeconômicos desfavoráveis como
mos o transtorno depressivo à violência doméstica vulnerabilidade nos laços familiares e desemprego.
pudemos observar um ODDs alto (4,7). Estes achados Com relação a oferta de cuidados, os CAPSij têm
reforçam a importância da construção de políticas
oferecido de modo geral grupos (de orientação e/ou
públicas de redução da violência, principalmente
terapêuticos) como principais meios de intervenção
contra as mulheres.
com familiares, seguidos de atendimentos individu-
ais e outras iniciativas mais esporádicas como aten-
ATENÇÃO AOS FAMILIARES DE CRIANÇAS E dimento domiciliar, oficinas e hospitalidade-dia.
ADOLESCENTES EM ACOMPANHAMENTO NOS Evidencia-se que no geral parte das necessidades
CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL INFAN- dos familiares parece ser acolhida pelos serviços
TOJUVENIS por meio das ofertas de cuidado dispensadas, to-
Bruna Lidia Taño / TAÑO, B.L. / UFSCAR; Thelma davia, como é salutar para os atuais arranjos em
Simões Matsukura / MATSUKURA, T.S. / UFSCAR; saúde mental, é imperativo que os serviços possam
Os Centros de Atenção Psicossociais Infantojuvenis ainda problematizar e agenciar modos de garantir

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 363
o acesso por parte dos usuários e seus familiares para finalizar a tarefa foi realizado uma dinâmica
de outras redes como acesso ao trabalho e à outros para a discussão coletiva sobre as lições aprendidas
serviços de saúde. e as recomendações para as instituições formado-
ras, para o serviço, para o sistema de saúde. Lições
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: A EXPERIÊNCIA DO Aprendidas O resultado desse trabalho foi bastante
ENSINO NA OPERACIONALIZAÇÃO DAS PRÁTICAS enriquecedor enquanto força motriz para a dissemi-
DE ACORDO COM OS PRECEITOS DA REFORMA nação e a inserção dos princípios preconizados pela
PSIQUIÁTRICA reforma psiquiátrica na recomposição do modo de
operar no ensino e na prática das ações de atenção
Andréia Aparecida De Luca Moore Bonello / Bo-
psicossocial. Recomendações: O conhecimento ad-
nello, A.A.L.M. / Enfermeira Secretaria Estadual
da Saúde – São Paulo; Greicelene Aparecida Hespa- quirido nesta experiência estimula a continuidade
nhol Bassinello / Bassinello, G.A.H. / Enfermeira desse caminho e o enfrentamento de novos desafios,
Secretaria Estadual da Saúde – São Paulo; em prol da reformulação do modo de ensinar e de
operar a prática nos serviços de atenção psicosso-
Caracterização do Problema: A reestruturação da
cial para de fato efetivar dos princípios da Reforma
atenção psicossocial no Brasil, preconizada pelo
Psiquiátrica e do Sistema Único de Saúde.
Movimento da Reforma Psiquiátrica contempla
além da oferta de novos serviços ou da reestrutura-
ção de modelos assistenciais, a disponibilidade de
ATUAÇÃO DE PSICÓLOGOS(AS) NOS CENTROS DE
profissionais com uma postura distinta do modelo ATENÇÃO PSICOSOCIAL – CAPS AD DO ESTADO
anterior. Nessa direção faz necessário enfatizar DE SÃO PAULO
a importância das instituições formadoras consi- Marília Capponi / Capponi, Marília / Conselho
derarem os princípios preconizados pela reforma Regional de Psicologia do Estado de São Paulo;
psiquiátrica no ensino. Partindo desse pressuposto Edson Dias / Dias, Edson / Conselho Regional de
este trabalho tem como objeto de estudo a forma- Psicologia do Estado de São Paulo;
ção de futuros profissionais dentro do contexto da INTRODUÇÃO O Centro de Referência Técnica em
reestruturação da atenção psicossocial. Descrição: Psicologia e Políticas Públicas – CREPOP tem como
Trata-se de um relato de experiência de um trabalho objetivo a formulação de referências para atuação
de práticas em atenção psicossocial desenvolvido profissional no campo das políticas públicas. Estru-
com graduandos de enfermagem das Faculdades In- tura-se em Rede, com uma instância de Coordenação
tegradas Einstein de Limeira. O objetivo do trabalho Nacional, sediada no Conselho Federal de Psicologia
foi desenvolver nos integrantes do grupo o conheci- ( CFP). O Conselho Regional de Psicologia do Estado
mento sobre o campo de atenção psicossocial e sua de São Paulo – CRPSP, afirmando seu posicionamen-
operacionalização na prática. A metodologia usada to politica, busca ampliar o olhar para os profissio-
englobou atividades práticas num Centro de Atenção nais de psicologia nas areas de saúde do Estado de
Psicossocial para usuários de Álcool e outras Drogas São Paulo. Visa com isso garantir a presença e o
do município de Limeira. As atividades práticas atendimento de qualidade para toda população que
foram desenvolvidas no período entre Abril e Maio necessita de atendimentos psicologicos. Apresen-
de 2015 com a participação de 20 alunos divididos taremos uma das áreas investigadas: a atuação de
em 4 grupos de 5 membros, sendo que cada grupo psicólogos(as) nos Centros de Atenção Psicosocial
permaneceu no serviço por no mínimo 3 dias para – CAPS Ad do Estado de São Paulo. OBJETIVOS •
o cumprimento das tarefas propostas. As atividades Ampliar a atuação do psicólogo na esfera pública,
recomendadas contemplaram o diagnostico do servi- colaborando para a expansão da Psicologia na socie-
ço; a análise da relação entre este e a atenção básica; dade e para a promoção dos Direitos Humanos como
e o acompanhamento das atividades desenvolvidas sistematizar e difundir conhecimentos e práticas
na unidade utilizando as ferramentas da clínica psicológicas nas políticas públicas, oferecendo re-
ampliada e compartilhada. Em todo o processo foi ferências para atuação nesse campo. MÉTODO Para
utilizado um enfoque reflexivo e participativo, e produzir conhecimentos sobre a prática dos psicó-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 364
logos na atenção básica de saúde, foram utilizados (MINI-RTM). MÉTODOS: Será utilizada amostra
os seguintes recursos: • Levantamento dos marcos aleatória por domicílio. Será conduzido em duas
logicos e legais referente ao CAPS Ad • Georeferenci- etapas: aplicação do MINI-RTM por estudantes de
mento dos serviços e psicologos que atuam no CAPS medicina e, posteriormente, visita de profissionais
Ad • Visitas e entrevistas à gestores - mobilização de saúde mental, com aplicação do MINI-RTM e da
para a participação na pesquisa; • Questionário onli- entrevista MINI. As fidedignidades teste-reteste
ne – instrumento individual de coleta; • Realizações do MINI-RTM serão avaliadas através dos valores
de Reuniões Específicas na sede e subsede do CRP06 de Kappa. Para as avaliações das validades prediti-
para discutir temas relevantes da área de atuação – vas do instrumento de rastreio será considerada a
com gravação e relato das mesmas; RESULTADOS presença ou ausência de transtornos psiquiátricos
Os resultados qualitativos, referentes aos dados do diagnosticados pela entrevista MINI. RESULTADOS:
questionário online, e apresentaremos dois dos seis Não houve diferença estatisticamente significante
eixos levantados: a) Caracterização do trabalho; b) nas características demográficas entre os sujeitos
Modos de atuação profissional. Serão demonstra- que realizaram a entrevista de triagem e os que
das as atividades realizadas pelos psicólogos(as) completaram o estudo. A confiabilidade teste-reteste
e também abordaremos as expectativas referente foi indicativa de alta concordância, com ICC de 0,78.
aos Centros de Atenção Psicosocial – CAPS Ad do Para o ponto de corte maior que 3 (menor diferença
Estado de São Paulo. CONCLUSÃO Analisando os entre sensibilidade e especificidade) o valor de
resultados do tipo de vínculo contratual e natureza sensibilidade foi de 0,78 e de especificidade foi de
das organizações às quais se vinculam os profissio- 0,75. Valores preditivos positivos e negativos foram
nais, as médias salariais e a relação de atividades de 0,62 e 0,87, respectivamente. CONCULSÃO: O
desenvolvidas pelos(as) psicólogos(as) percebe-se instrumento de rastreio MINI –RTM apresentou
uma tendência à desestatização dos vínculos empre- excelentes valores psicométricos para detecção de
gatícios e a baixa remuneração/reconhecimento dos múltiplos transtornos mentais, sendo assim uma
serviços de psicologia, precarizando a quatidade e importante ferramenta para utilização em cuida-
qualidade do atendimento psicológico á população dos primários de saúde, devido sua alta capacidade
de detecção de verdadeiros positivos facilitando
AVALIAÇÃO DA CONFIABILIDADE E VALIDADE DO o reconhecimentos dos transtornos psiquiátricos
MINI – COMPÊNDIO PARA RASTREAMENTO DE nos cuidados primários de saúde. Palavras chaves:
TRANSTORNOS MENTAIS (MINI-RTM) transtornos mentais, unidades primárias de saúde,
Lívia Maria Bolsoni / Bolsoni L M / Universidade instrumentos de rastreio para transtornos mentais,
de São Paulo; características psicométricas.
Atualmente, aumenta o reconhecimento da impor-
tância da atenção primária em programas para AVALIAÇAO DO RISCO DE TRANSTORNOS MEN-
gerenciar problemas de saúde mental. Estudos TAIS NA POPULAÇAO DO JD CUMBICA LL DE
mostram que médicos generalistas falham em GUARULHOS
detectar ou diagnosticar os casos de transtornos Rodrigo Milan Torres / Torres, Rodrigo / UNICID;
mentais apresentados aos cuidados primários. Uma Rudney Augusto Luciano Icardo / Icardo, Rudney
alternativa para a detecção desses transtornos se- / UNICID; Elaine Quedas de Assis / Assis, Elaine /
ria a aplicação de instrumentos breves de rastreio UNICID;
para transtornos mentais, com características Segundo a classificação internacional de transtor-
psicométricas válidas. OBJETIVO: O objetivo desse nos mentais e de comportamento (CID-10), os trans-
estudo é organizar e estudar as características tornos mentais (TM) se classificam como doença
psicométricas de um instrumento de rastreio de com manifestação psicológica associada a algum
transtornos mentais, reunindo questões relevantes comprometimento funcional resultante de disfun-
de diversos instrumentos de rastreio, e que chama- ção biológica, social, psicológica, genética, física ou
remos de MINI Rastreio para Transtornos Mentais química. podem ser classificados, ainda,como altera-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 365
ções do modo de pensar e/ou do humor associadas a Aparecida Hespanhol Bassinello / Bassinello,
uma angústia expressiva, produzindo prejuízos no G.A.H. / Secretaria Estadual da Saúde – São Paulo/
desempenho global da pessoa no âmbito pessoal, Faculdades Integradas Einstein de Limeira.; An-
social, ocupacional e familiar. Frequentemente en- dréia Aparecida De Luca Moore Bonello / Bonello,
contramos na comunidade, os TM geram alto custo A.A.L.M. / Secretaria Estadual da Saúde – São Pau-
social e econômico; são pessoas de todas as idades, lo/Faculdades Integradas Einstein de Limeira;
causando incapacitações graves e definitivas que Caracterização do problema: A atenção psicossocial
elevam a demanda nos serviços de saúde. O índice de se estabelece como um processo de transição para-
utilização dos serviços de saúde já é alto, em torno digmática que surge em oposição ao modelo asilar
de 13%. A maioria dos portadores de TM não buscam e implica transformações na atitude da equipe mul-
atendimento psiquiátrico, por razões que estão tiprofissional nos serviços de saúde. Partindo desse
ligadas ao estigma, preconceito, desconhecimento pressuposto este trabalho tem como objeto de estudo
sobre a doença, á falta de treinamento das equipes a formação em serviço entendida como um dos as-
para lidar com estes transtornos e á falta de servi- pectos inerentes a transformação almejada. Descri-
ços adequados para o atendimento psiquiátrico. No ção: Trata-se de um relato de experiência sobre um
Brasil, ainda não existe um estudo representativo trabalho de capacitação desenvolvido com a equipe
dos índices de prevalência de indivíduos afetados de enfermagem do Centro de Atenção Psicossocial. O
por TM, mas uma estimativa pode ser encontrada em objetivo do trabalho foi desenvolver nos integrantes
alguns estudos. O s estudos epidemiológicos são de da equipe a consciência e o conhecimento sobre o
grande importância para determinar essa magnitu- campo de atenção psicossocial e seus desafios na
de, sendo mais úteis e relevantes nas decisões e no construção do trabalho em equipe. Participaram
planejamento de politicas públicas de saúde mental, do evento 12 profissionais de enfermagem. Os con-
na organização dos serviços e no desenvolvimento teúdos foram organizados em quatro unidades que
de programas de prevenção e tratamento. O objetivo foram ministradas em quatro encontros no período
deste trabalho, é um estudo exploratório, qualitativo entre Março e Abril de 2015. Foi utilizado o enfoque
e quantitativo. Avaliar a frequência de pessoas com de cunho reflexivo e participativo com dinâmicas
risco para TM na população atendida pela UBS Jd em grupo objetivando a obtenção de mudanças nos
Cumbica ll e correlacionar esse dado com questões processos de trabalho da equipe. Este trabalho per-
sócio-econômicas. O termo de consentimento livre e mitiu constatar que as mudanças conformam um
esclarecido a todos que concordaram em participar processo de longa jornada, ou seja, um processo gra-
da pesquisa foi devidamente aplicado. O instrumen- dativo e de extrema necessidade no campo da saúde
to SQR 20 de identificação de risco de transtornos mental. Nesse processo de mudanças encontramos
mentais, questionário sócio-econômico e analise de dificuldades tais como a baixa capacidade de admi-
dados em SPSS foram aplicados. O estudo revelou nistrar conflitos do cotidiano; a falta de interação/
pelo menos metade da população analisada tem comunicação entre a equipe interdisciplinar, a ten-
risco para TM. Porém, nessa analise preliminar, não dência a persistir no modelo de cuidado tecnicista,
encontramos correlação nos testes de qui-quadrado fragmentado, centrado na doença culminando com
com a apresentação de risco e gênero, idade, ocupa- o desconhecimento sobre as ferramentas de tra-
ção, renda familiar, número de habitantes da casa balho que o novo modelo de atenção psicossocial
e presença de pessoas adoecidas na casa. o estudo recomenda na pratica da enfermagem e da equipe
terá continuidade no próximo semestre. interdisciplinar (clinica ampliada e compartilhada,
projeto terapêutico singular, acolhimento). Lições
CAPACITAÇÃO DA CATEGORIA DE ENFERMAGEM aprendidas: A experiência permitiu conhecer as
NA CONSTRUÇÃO DE BOAS PRÁTICAS EM ATEN- peculiaridades do grupo e planejar mudanças nos
ÇÃO PSICOSSOCIAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA projetos de trabalho da equipe, que a partir da re-
Sara Rodrigues Ramalho / RAMALHO, S.R. / Facul- flexão do que fazem em seus cotidianos estarão em
dades Integradas Einstein de Limeira.; Greicelene processos de permanente aprendizagem no trabalho

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 366
e com outro, inventando e correndo risco. Trabalhar à emolduração e serialização. Entendendo-se que
em equipe equivale a se relacionar, portanto existe uma política pública produz modos de subjetivação,
a possibilidade de que as equipes se mobilizem para quando se visa colocar em análise e/ou avaliação
tal. Recomendações: O conhecimento adquirido sua efetividade é fundamental não se restringir aos
nesta experiência impulsiona o prosseguimento aparatos estatais enumeráveis, como, por exemplo,
desse caminho e o enfrentamento de novos desafios, no caso da RP, ao quantitativo de serviços substitu-
em prol da construção de boas práticas em atenção tivos em funcionamento. Colocar em análise uma
psicossocial na busca da efetivação dos princípios da política pública em saúde, assim entendida, passa
Reforma Psiquiátrica e do Sistema Único de Saúde. por colocar no plano do comum as produções de
vida que a mesma produz. A vida-arte diz respeito a
CARTOGRAFANDO UM PERCURSO MILITANTE potência criativa de resistir ao instituído, ao modo
PELA REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL E NA de vida emoldurado e cristalizado, é desenhar voos
ITÁLIA instituintes, fazer arte é resistir: Quando dizemos
Renata Flores Trepte / Trepte, R. F. / UFRGS; que ‘criar é resistir’, trata-se de uma afirmação de
Simone Mainieri Paulon / Paulon, S. M. / UFRGS; fato; o mundo não seria o que é se não fosse pela
Alcindo Antônio Ferla / Ferla, A. A. / UFRGS; arte, as pessoas não agüentariam mais”. (Deleuze,
2003). Pensar o que a Reforma Psiquiátrica produz
O presente trabalho visa colocar em análise os
enquanto vida-arte é percorrer cartograficamente
processos de Reforma Psiquiátrica (RP) no Brasil
os processos, com um corpo sensível.
e na Itália, através de um percurso cartográfico
por experiências vividas e vistas nos dois países.
Passando por uma retomada histórica, o trabalho COGNIÇÃO, FUNCIONALIDADE E HUMOR DE INDI-
discute, sob olhar institucionalista, os emoldura- VÍDUOS PARTICIPANTES DE UMA UNIVERSIDADE
mentos institucionais e as brechas instituintes ABERTA DA TERCEIRA IDADE
possíveis, entendendo a produção de vida-arte como Juliane Cristine Dias / Dias, J. C. / UFSCar; Isabela
resistência às capturas. Trata-se, portanto, de fazer Azevedo Rodrigues / Rodrigues, I. A. / UFSCar;
a análise de um regime de práticas, percorrendo li- Aline Cristina Martins Gratão / Gratão, A. C. M. /
nhas de desejo – de fuga e duras – que engendraram UFSCar; Francine Golghetto Casemiro / Casemiro,
um modo de ser louco e que discutem dois percursos F. G. / UFSCar; Ludmyla Carolina de Souza Alves /
de reforma psiquiátrica comuns em pelo menos um Alves, L. C. de Souza / UFSCar;
aspecto: a garantia legal do direito às pessoas em Introdução: O envelhecimento populacional é um
adoecimento mental serem cuidadas em liberdade. fenômeno demográfico que demanda novos desa-
Uma política pública, como a RP, exige a construção fios para a sociedade. A cada ano são incorporados
de novos modos de cuidado, novas práticas em saúde à população 650 mil idosos, sendo esses em sua
e engendra produção de subjetividade, tendo em maioria portadores de doenças crônicas não trans-
vista que o modelo manicomial-hospitalocêntrico é missíveis e alguns com limitações funcionais.
insuficiente para dar conta dos novos projetos e ob- Dessa forma, faz-se necessário avaliar o perfil dos
jetivos. Os discursos reproduzidos acerca da loucura indivíduos adultos idosos, com o intuito de fornecer
produzem enunciamentos que tendem à captura, uma adequada intervenção de acordo com suas espe-
solidificando um sistema de saber-poder sobre a vida cificidades. Objetivo: Identificar o perfil cognitivo,
e conservando redes invisíveis de subjetivação moral funcionalidade e humor de indivíduos participan-
que emolduram a vida-arte, cristalizando a potência tes de uma Universidade Aberta da Terceira Idade.
do novo, da diferença. A lógica manicomial não é Método: Trata-se de um estudo descritivo e de corte
adstrita a um campo específico de práticas, o mani- transversal, aprovado pelo Comitê de ética em Pes-
cômio, há que se desinstitucionalizar a Loucura, em quisa, composto pela amostra de 19 participantes da
uma perspectiva ético-estético-política, formulando Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI), Fun-
e aperfeiçoando estratégias clínico-políticas, com dação Educacional de São Carlos Campus 2 (FESC
base em uma produção de subjetividade que resista 2). Os dados foram coletados no primeiro semestre

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 367
de 2015. Aplicou-se a Escala de Queixa de Memória respeito dos padrões de beleza vigentes e suas reper-
(EQM), Medida da Independência Funcional (MIF), cussões psicológicas. Descrição: Este estudo analisa
ACE-R, Questionário de Mudança Cognitiva- QMC os dados obtidos da aplicação de um instrumento
22, Inventário de Ansiedade de Beck e Inventário para avaliação de saúde mental de participantes do
de Depressão de Beck. Os dados foram analisados curso de extensão Padrões de Beleza e seus Impactos
de forma descritiva. Resultados: A média de idade Psicológicos”. O curso foi oferecido gratuitamente
(em anos) foi igual a 67,2% (±8,5); a escolaridade ob- por três psicólogas do Programa de Pós-Graduação
teve variação de 0 à 14 anos, com média de 8,1 anos em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos
(±3,3); Com relação a Queixa de Memória, 42,1% não (UFSCar), nas dependências da universidade, onde
apresentavam queixa; a mudança cognitiva avaliada estiveram presentes 17 participantes de ambos os
identificou a média de 3,8 (±3,2). Encontrou-se, após sexos, profissionais e estudantes da área de saúde.
aplicação do ACE-R, que 26,3% dos participantes Em uma das atividades, os participantes foram con-
apresentaram declínio cognitivo, com variação en- vidados a responder a A Escala Transversal de Sinto-
tre 50 à 94 e média de 80,4 pontos (±10,9); quanto ao mas de Nível 1 Autoaplicável do DSM-5, instrumento
desempenho no MEEM, a média obtida igual a 26,2 que avalia 13 domínios de saúde mental, os quais
pontos (±3,1). Em relação aos Sintomas Depressivos abrangem importantes diagnósticos psiquiátricos
obteve-se média de 6,8 pontos (±5,1), 84,2% apresenta- como Depressão, Raiva, Mania, Ansiedade, entre
ram grau mínimo de sintomas depressivos e a média outros. Esse rastreio geral ajuda o profissional da
de sintomas ansiosos foi de 2,8 (±3,2), varando de 0 saúde a identificar áreas que necessitam maior in-
à 13 pontos. Quanto a Capacidade Funcional, 100% vestigação para um tratamento, prognóstico e acom-
da amostra mostrou-se independente. Conclusão: panhamento adequado do indivíduo. Considerando
Foi possível identificar um grupo com declínio cog- a preocupação pessoal vinculada ao tema que os
nitivo e alterações de humor na amostra de idosos participantes apresentaram durante a inscrição no
saudáveis, além da boa performance da capacidade curso, foi encontrado um resultado compatível com
funcional o que revela a importância de se dedicar aquele indicado na literatura, no qual pessoas que se
a atenção adequada ao desempenho cognitivo e preocupam com padrões de beleza possuem índices
presença de sintomas depressivos e ansiosos em maiores de depressão e ansiedade. Foi verificado que
idosos ativos e saudáveis objetivando a prevenção 76,5% dos participantes do curso tiveram indicação
de doenças relacionadas a esses fatores. para quadro de ansiedade e 70,6% para quadro de-
pressivo. Lições aprendidas: A partir dos resultados
CURSO DE EXTENSÃO PADRÕES DE BELEZA E SEUS obtidos do instrumento de avaliação, verificou-se
IMPACTOS PSICOLÓGICOS: INVESTIGANDO A que pode existir uma correlação positiva entre
SAÚDE MENTAL DOS PARTICIPANTES preocupação/interesse/dificuldade com padrões
Larissa Pires Ruiz / Ruiz, L.P. / UNIVERSIDADE de beleza e indicação de ansiedade e depressão.
FEDERAL DE SÃO CARLOS; Ana Lídia Fonseca Recomendações: Para uma próxima edição do curso,
Zerbinatti / Zerbinatti, A.L.F. / UNIVERSIDADE recomenda-se uma aplicação da Escala Transversal
FEDERAL DE SÃO CARLOS; Thaís Juliana Medei- de Sintomas de nível 2 do DSM-5, permitindo assim
ros / Medeiros, T.J. / UNIVERSIDADE FEDERAL DE uma avaliação consistente dos domínios que indi-
SÃO CARLOS; caram maior pontuação, e também uma avaliação
Caracterização do problema: Padrões de beleza de autoestima dos participantes para uma possível
sempre existiram e se modificaram de acordo com correlação com os quadros de ansiedade e depressão.
o contexto sócio-histórico-cultural. Atualmente, na
busca pela imagem ideal, as pessoas lançam mão CURSO DE EXTENSÃO PADRÕES DE BELEZA E SEUS
de diversos recursos, inclusive invasivos e até peri- IMPACTOS PSICOLÓGICOS: REFLEXÕES, DISCUS-
gosos, causando grande impacto na saúde física e SÕES E RESULTADOS
mental do indivíduo. Dessa maneira, foi proposto um Larissa Pires Ruiz / Ruiz, L.P. / UNIVERSIDADE
curso de extensão que permitisse refletir e discutir a FEDERAL DE SÃO CARLOS; Ana Lídia Zerbinatti

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 368
/ Zerbinatti, A.L / UNIVERSIDADE FEDERAL DE satisfatório sobre os padrões de beleza vigentes. A
SÃO CARLOS; Thaís Juliana Medeiros / Medeiros, partir do feedback dos alunos, também se verificou a
T.J. / UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS; importância de atividades que promovam uma maior
Fernando Luchesi / Luchesi, F. / UNIVERSIDADE interação entre as apresentadoras e os participantes.
FEDERAL DE SÃO CARLOS; Recomendações: Para uma próxima edição do curso,
Caracterização do problema: Atualmente, a in- recomenda-se que ocorra uma maior divulgação e
cessante busca pela imagem perfeita acarreta na uma ampliação dos temas discutidos, de modo a
utilização de múltiplos recursos para alcançar tal abranger sugestões dos participantes.
objetivo, mesmo que, em muitos casos, cause danos
à saúde do indivíduo. É importante que existam DEPRESSÃO E IDEAÇÕES SUICIDAS ENTRE PES-
iniciativas de reflexão e discussão a respeito dos SOAS COBERTAS POR UNIDADES DA ESTRATÉGIA
padrões de beleza vigentes e suas repercussões psi- SAÚDE DA FAMÍLIA EM PARANAÍBA-MS
cológicas. Descrição: o trabalho apresenta um relato Renata Bellenzani / Bellenzani, R. / UFMS; VITOR
de experiência do curso de extensão Padrões de CORRÊA / DETOMINI, V.C. / UFU;
Beleza e seus impactos psicológicos”, que foi ofere- A depressão é um problema de saúde pública, sobre-
cido gratuitamente por três psicólogas do Programa tudo no atendimento primário, com alto ônus social.
de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Com sintomatologia variada, suas conceituações e
Federal de São Carlos (UFSCar) e ocorreu em três teorizações filiam-se a diferentes ciências biomé-
encontros de dez horas, nas dependências da UFS- dicas e humanas. Destaca-se sua multicausalidade:
Car, onde estiveram presentes 16 participantes de fatores orgânicos, contextuais, sociais, psicológicos
ambos os sexos, profissionais e estudantes da área e psicossociais. Objetivos: Verificar a prevalência de
de saúde. A metodologia consistiu em trazer atua- depressão, com/sem ideações suicidas, entre pesso-
lizações para os profissionais sobre a temática dos as cadastradas na rede básica/ESF (Estratégia Saúde
Padrões de Beleza nos dias atuais e seus impactos da Família), em Paranaíba-MS. Caracterizar o perfil
psicológicos. No primeiro dia, ocorreu uma discus- dos sintomáticos, segundo categoriais sociodemo-
são sobre os Padrões de Beleza, no segundo, houve gráficas e de atividades da vida cotidiana. Metodo-
um debate a respeito dos impactos psicológicos e, no logia: Estudo observacional de corte transversal,
último encontro, foram abordados o acolhimento e com adultos cobertos por sete unidades urbanas.
as possíveis intervenções na área. Ao final do curso, Sortearam-se os participantes para a amostra alea-
foi aplicado um formulário para avaliação do curso, tória (N=314), estratificada por serviço. Obtiveram-se
no qual apontou que a maioria dos participantes 219 (69,7%) mulheres e 95 (30,3%) homens. Todos
considerou como excelentes a programação (60%), responderam a um questionário e ao instrumento
a organização (80%), os temas abordados (60%), validado PHQ9 (Questionário sobre a saúde do
o conhecimento das ministrantes (100%), as dinâ- paciente 9), desenvolvido a partir do PRIME-MD
micas e as atividades propostas (75%), os vídeos (Primary Care Evaluation of Mental Disorders).
apresentados (73%), as discussões envolvidas (60%) O escore total do PHQ9 varia de 0 a 27. Escores ≥ 5
e a adequação das instalações (100%). Entretanto, a indicam depressão, classificável em quatro níveis.
divulgação do mesmo foi considerada por 73% como Para análises descritivas preliminares, utilizaram-
sendo média e o restante do grupo afirmou ter sido -se o programa Excel e o software IBM SPSS Statis-
fraca (27 %). Além disso, 54% dos participantes ava- tics 20. Resultados: Prevalência depressão=46,5%
liaram como sendo boa e média a escolha dos dias (146). 58,2%=leve; 24,6%=moderada; 10,9%=mode-
e horários dos encontros. O curso possibilitou uma rada/grave; 6,3%=grave. 116 mulheres=79,5%; 30
visão nova a respeito do tema e foi considerado im- homens=20,5%; 15% com ideações suicidas; 40%
portante para a formação dos profissionais da área. sem tratamento. Casados/união estável (53,5%);
Lições aprendidas: Constatou-se que, de forma geral, religiosos (80,1%); escolaridade baixa (44,5%); renda
o curso atendeu as expectativas dos participantes, mensal baixa (32,2%); donas de casa e aposentados
bem como possibilitou refletir e debater de modo (32%); empregados versus desempregados somados

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 369
aos informais: equilibrados (±24%); Pretos e pardos em sofrimento psíquico grave. A partir dessa valida-
somados versus brancos: equilibrados (±46%). Depri- ção, foram construídos fluxogramas analisadores,
midos/com ideações, comparados aos deprimidos/ visando identificar a trajetória desses usuários
sem ideações, têm menor renda e escolaridade; na rede de atenção. A seleção dos entrevistados
maior proporção de negros e desempregados; menos foi intencional, e incluiu profissionais da atenção
suporte familiar/social/religioso/afetivo/conjugal; primária: Unidade de Saúde da Família, Unidade
menos participação em esporte/arte/lazer; mais uso Básica de Saúde e Pronto Atendimento; atenção
de álcool/drogas (15,4% versos 1,6%). Conclusões: especializada: ambulatorial, pré-hospitalar e hospi-
Alta prevalência de depressão na Atenção Primária talar. Em relação a escolha dos serviços primários,
de Paranaíba-MS. Deve-se intensificar: acolhimento levou em conta a maior presença de elementos rela-
e diagnósticos, cuidados primários interdisciplina- cionadas ao cuidado em saúde mental: psiquiatras
res, acompanhamento conjunto dos casos graves e/ou psicólogos, residentes, ações de cuidado em
(AB/NASF/CAPS). Políticas sociais de emprego, de saúde mental e ocorrência da situação em investi-
acesso a esporte, cultura e convivência comunitária gação. Lições Aprendidas: Segundo a perspectiva de
poderiam melhorar níveis de saúde/saúde mental. profissionais de saúde e gestores entrevistados, as
Integrar ações comunitárias e políticas sociais com pessoas em sofrimento psíquico grave passam por
assistência especializada em depressão poderia um acolhimento ou uma avaliação inicial pela equipe
prevenir suicídios. que decide o tipo de atendimento necessário tendo,
a maioria deles, porta aberta. O encaminhamento
DESAFIOS PARA CONSTRUÇÃO DE UMA LINHA DE mais frequente é a internação em hospital psiquiá-
CUIDADO EM SAÚDE MENTAL EM UM MUNICÍPIO trico. A continuidade do cuidado mostrou-se pouco
DO INTERIOR PAULISTA consolidada em relação aos demais serviços da rede
Valéria Vernaschi Lima / Lima, V.V. / DMed - UFS- de atenção à saúde. Recomendações: A construção
Car; Aline Silva de Moura / Moura, A.S. / Caps de linha de cuidado para os usuários em sofrimento
Ad Reviver; Juliana Delalibera Tobias Mendes / psíquico grave mostra ser um desafio, tendo-se em
Mendes, J.D.T / nstituto Sírio Libanês de Ensino e vista as dificuldades dos profissionais para garantir
Pesquisa; Juliana Morais Menegussi / Menegus- um cuidado integral. Para que a integralidade e in-
si, J.M. / USE - UFSCar; Luana de Oliveira Souza tersetorialidade no cuidado aconteçam faz-se neces-
/ Souza, L.O / Prefeitura Municipal de Várzea sário uma maior articulação com os demais pontos
Paulista – SP; Mariana Lisboa Costa / Costa, M.L. da rede. Considerando os resultados encontrados, a
/ Secretaria da Saúde do Estado da Bahia – BA; implantação da Rede de Atenção Psicossocial que,
Thiago Stedile Minorin / Minorin, T.S. / Prefeitura naquele momento conjuntural não era discutida, a
Municipal de Cajuru – SP; construção de práticas mais integrais e antimani-
Caracterização do problema: Considerando o contex- comais, mostra ser um caminho.
to da atenção à saúde no município de São Carlos,
objetivamos identificar os nós críticos da assistên- DISPOSITIVOS DE ARTICULAÇÃO DE REDES: UMA
cia aos usuários em sofrimento psíquico grave e APOSTA NOS ENCONTROS NA RAPS – REDE DE
apontar estratégias para a melhoria da qualidade ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
dessa atenção, à luz das diretrizes do Ministério da Heloisa Elaine Santos / Santos, H.E. / Faculdade
Saúde para o cuidado em saúde mental. A proposta de Saúde Pública - USP; Fabianny Tomaz Sitonio
dessa investigação foi produto do trabalho de profes- / Sitonio, F.T. / Faculdade de Saúde Pública - USP;
sores e mestrandos da atividade curricular Linhas de Mariana Prado Freire / Freira, M.P. / Faculdade de
cuidado e apoio matricial” oferecida pelo Mestrado Saúde Pública - USP; Paula Monteiro de Siqueira /
Profissional em Gestão da Clínica da Universidade Siqueira, P.M. / Faculdade de Saúde Pública - USP;
Federal de São Carlos, em 2011. Descrição: Foram uti- Sergio Leal / Leal, S / Faculdade de Saúde Pública
lizadas entrevistas com gestores da atenção à saúde - USP; Renata Pereira / Pereira, R / Faculdade de
para validar a investigação do cuidado aos usuários Saúde Pública - USP; Vitor Chiavegato / Chiavega-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 370
to, V. / Faculdade de Saúde Pública - USP; Eduardo ruídos colocados por membros da equipe em suas
Caron / Caron, E. / Faculdade de Saúde Pública falas de desvalorização e despotencialização dos
- USP; Tereza Etsuko da Costa Rosa / Rosa, T.E.C / encontros. As atuais mudanças na gestão por orga-
Instituto de Saúde; Marília Cristina Prado Louvi- nizações sociais nos serviços de saúde no Município
son / Louvison, M.C.P. / Faculdade de Saúde Pú- de São Paulo contribuíram para esse atual momento
blica - USP; Laura Camargo Macruz Feuerwerker / de turbulência” observado nas equipes. É possível
Feuerwerker, L.C.M. / Faculdade de Saúde Pública concluir que os espaços de articulação de rede tem
- USP; Valéria Verkin Barsoumian / Barsoumian, grande potência para ampliar a integração entre os
V.V. / Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo; serviços principalmente na condução conjunta dos
Karina Calife / Calife, K / Secretaria Municipal de casos complexos possibilitando a construção de
Saúde de São Paulo; projetos terapêuticos compartilhados. Os encontros
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) articula-se entre trabalhadores, serviços e usuários são repletos
no território na busca pela integralidade do cuidado de potência e é importante que existam espaços,
em saúde. É fundamental dar visibilidade e dizibili- inclusive institucionais, que os favoreçam.
dade aos diferentes conceitos de saúde e a potencia
na produção de projetos de felicidade das pessoas DISSONÂNCIAS ENTRE O NORMATIVO E O INS-
que se encontram com esses serviços. O objetivo TITUÍDO NO COTIDIANO DAS AÇÕES DE SAÚDE
foi conhecer e compreender a produção do cuidado MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UMA REVISÃO
nos serviços da RAPS em um território da Coorde- NARRATIVA (2003-2014)
nadoria Sudeste do Município de São Paulo, seus Vanessa Andrade Martins Pinto / Pinto, V.A.M. /
dispositivos de articulação e encontros na busca ENSP/FIOCRUZ; Paulo Amarante / Amarante, P. /
de produção de vida e saúde. Pesquisa integrante ENSP/FIOCRUZ;
do Observatório Nacional da Produção de Cuidado Analisar artigos publicados entre 2003 e 2014 que
em diferentes modalidades à luz do processo de im- versam sobre o cotidiano das ações de Saúde Mental
plantação das Redes Temáticas de Atenção à Saúde na Atenção Primária à Saúde no Brasil (APS), na
no SUS, realizou um percurso metodológico carto- perspectiva dos profissionais da Estratégia Saúde
gráfico no sentido da aproximação do pesquisador da Família (ESF). Revisão em banco de dados virtual
com as redes de relações em campo, dando espaço (Scielo, Lilacs e Medline) no período referido. Os
às afecções presentes na produção do cuidado en- descritores foram: saúde mental”, atenção primária”,
quanto importantes fontes de informação. Foram atenção básica”, profissionais da atenção primária”,
identificados espaços de aposta da gestão no sentido profissionais da atenção básica”, profissionais da
da produção de redes de cuidado e de vida no terri- equipe saúde da família” e as categorias de análise
tório. Importantes espaços de articulação de redes foram construídas a partir da leitura dos artigos.
foram observados, como o Fórum de Saúde Mental Resultados: Foram selecionados 46 artigos, dividi-
e as Reuniões Intersetoriais nos microterritórios. dos em 2 categorias: a fragmentação da assistência
Nesses espaços observamos uma preocupação em com ações centradas na terapêutica medicamentosa,
garantir a participação do maior número de profis- na lógica do encaminhamento especializado e do
sionais e, também, de levar a discussão para dentro estigma e a perspectiva da prática interdisciplinar,
dos diferentes serviços, seja para que todos conhe- do acolhimento, da escuta e do vínculo. A análise
çam os diferentes equipamentos, ou para facilitar evidenciou que as ações de saúde mental desenvol-
a participação dos trabalhadores do serviço que vidas na APS não apresentam uniformidade em sua
sediará o encontro do mês. Nos momentos menos execução. Essa revisão também revelou a necessi-
formais, como no inicio ou final das discussões dade de qualificação dos profissionais que atuam
planejadas, observa-se ainda maior potência na na APS para realização de ações de saúde mental
condução dos casos complexos e na articulação do no território, integrando os princípios da Reforma
trabalho em rede. No entanto, notamos que a vivên- Psiquiátrica com o Sistema Único de Saúde (SUS)
cia cotidiana nos serviços é tensionada por alguns do Brasil.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 371
ESTRATÉGIAS DE GERAÇÃO DE RENDA E ECONO- observadas na experiência relatada, destacamos a
MIA SOLIDÁRIA EM CAPS INFANTIL necessidade de divulgação desta, e a importância do
Fabíola Costa Carraro / Carraro, F. C. / Instituto de estímulo à criação de espaços de geração de renda e
Saúde e CAPS infantil Sé; Mariane Pontes da Silva economia solidaria em outros CAPS infantis.
/ Silva, M. P / CAPS infantil Sé;
Caracterização do Problema: No cotidiano de trabalho GRUPO DE ARTESANATO, PROMOÇÃO DE SAÚDE
nos CAPS infantis verifica-se significativa quantida- PELO PROJETO DE BEM COM A VIDA NA UBS SE-
de de familiares das crianças e adolescentes atendias LECTA EM SÃO BERNARDO DO CAMPO
que não conseguem conciliar a rotina de acompanha- Andrea Giampietro Batista / Batista, A.G. / UBS
mento em saúde mental com a inserção no mercado Selecta;
de trabalho formal. Além das dificuldades concretas O De Bem Com a Vida, é um projeto social que agrega
de organização do tempo e dos compromissos, há diferentes práticas de saúde e de lazer desenvolvidas
questões subjetivas relacionadas à autoestima desses na perspectiva da promoção da saúde, a partir das
familiares, e suas dificuldades em colocarem-se como 33 Unidades de Saúde (UBS/PSF) de São Bernardo
protagonistas em suas vidas de quase dedicação ex- do Campo. Com a proposta de desenvolver práticas
clusiva ao outro. A Economia Solidária pode ser um alimentares, corporais e de lazer, alinhadas com a
dispositivo para promover a inclusão social desses política nacional de promoção de saúde, visando à
familiares. Descrição: Em um CAPS infantil no mu- melhoria da qualidade de vida no município. Foi a
nicípio de São Paulo iniciamos, há aproximadamente partir do olhar da educadora social deste projeto, du-
cinco anos, o processo de construção coletiva de um rante os encontros de práticas corporais, que surgiu
empreendimento de economia solidaria. Inicialmente a avaliação da necessidade de promover a autoesti-
o espaço se constituía como um grupo terapêutico de ma, a valorização dos saberes e o compartilhamento
apoio aos familiares das crianças e adolescentes aten- entre os participantes. A proposta de atividades
didas no serviço. A partir do desejo dos participantes manuais, foi apresentada à comunidade e à unidade
desse grupo de compartilhar saberes, tomou corpo a de Saúde, para que juntos pudéssemos organizar o
costura de um coletivo de produção de artesanato. grupo. O local escolhido para a realização foi a Sala
Atualmente o grupo participa de Feiras de Economia da comunidade”, que encontra-se dentro da UBS,
Solidária onde a produção coletiva é comercializada, para a utilização dos mesmos. Além da educadora,
resultando em ganhos financeiros e importantes contamos com uma artesã voluntaria e uma ACS na
trocas sociais e afetivas. Lições Aprendidas: A vi- organização do grupo, ao qual são encaminhados
vência de construção do empreendimento solidário os usuários por diversos profissionais. Atualmente
valoriza a geração de renda como estratégia de em- realizamos três grupos de artesanato. Dois grupos
poderamento. Os encontros do grupo são espaços de adultos e um de crianças, com frequência semanal
potentes de apoio mútuo para confecção da produção e aproximadamente nove participantes em cada. A
coletiva, e para a realização de trocas, fortalecimento atividade proposta é decidida em conjunto com os
de vínculos, e do protagonismo dos familiares. Além participantes, e o material é ofertado por eles. Os
disso, os familiares que participam do grupo de encontros proporcionam vivências que resultam
geração de renda no CAPSi, têm investido mais em em benefícios para os participantes. Temos relatos
seus empreendimentos individuais, conseguindo que mostram diversas mudanças de comportamento
obter renda e avançar no processo de autonomia, o no dia-a-dia, como aumento da autoestima, ganho
que reflete positivamente nas relações familiares e de independência, descoberta de um mundo novo,
no acompanhamento em saúde mental das crianças maior socialização, melhor administração do tempo
e adolescentes . Recomendações: A consolidação de para conciliar os cuidados da casa com as diversas
grupos de geração de renda é uma prática comum atividades do projeto. Desta forma, concluímos que
em serviços de saúde mental que atendem adultos, o grupo de artesanato é um recurso terapêutico para
porém, o mesmo não ocorre em CAPS infantis com ajudar os usuários à superarem suas limitações e
tanta frequência. Considerando as potencialidades encontrarem seus potenciais.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 372
GRUPO DE OUVIDORES DE VOZES: RELATO DE devolvendo a eles cidadania e ressignificando o que
EXPERIÊNCIA DE RECOVERY ouvir vozes representa para eles; a possibilidade de
Eduardo Augusto Leão / Leão, E. A. / USP; Marcus um espaço em conjunto para discutir estratégias
Vinicius Santos / Santos, M. V. / USP; Clarissa para lidar com as vozes de modo a causar menos
Mendonça Corradi-Webster / Corradi-Webster, C. sofrimento, além de proporcionar um cuidado que
M. / USP; vá além do cuidado medicamentoso, muitas vezes o
A concepção de recovery envolve que pessoas que único a ser oferecido nesses casos. Percebe-se que
vivenciam o adoecimento psíquico não necessaria- esta experiência vem sendo rica para explorar outras
mente precisam retornar a um estágio anterior ao narrativas destes pacientes, auxiliando a lidar com
aparecimento da doença, mas o recovery seria um esta vivência.
processo de vida que englobaria o adoecimento,
a incorporação de novos sentidos, a superação do ISOLADOS E INTEGRADOS: SUJEITOS VISÍVEIS E
estigma, o exercício da cidadania e a responsabili- RELAÇÕES INVISÍVEIS
zação pela própria vida. Para oferecer o recovery, os Fernanda Cristina Marquetti / Marquetti, F.C. /
serviços de saúde mental teriam que deslocar-se de Unifesp; Rubens Camargo Ferreira Adorno / Ador-
um viés biomédico, patologista e medicamentoso no, RCF / USP/FSP;
para ações pautadas pela percepção do paciente Introdução A relação entre as ruas, o espaço urbano
do que é proveitoso em seu processo, buscando a e a saúde mental configura-se em um tema clássico.
co-responsabilização, independência e empodera- Em termos contemporâneos essa situação torna-se
mento. Nasce daí então o Movimento Internacional ainda mais complexa se pensarmos em questões
dos Ouvidores de Vozes, que compreende que redu- como o efeito da globalização nas grandes cidades e
zir o fenômeno de ouvir vozes a um mero sintoma na própria vida social, nas desarticulações na esfera
patológico não abarca todos os sentidos que esta do trabalho, grupos familiares e outras esferas das
experiência traz para o ouvidor, transforma isto em instituições sociais. Neste trabalho propomos algu-
tabu, dificulta que essas pessoas criem estratégias mas reflexões para o louco de rua”, que transforma
eficazes para lidar com essa experiência, mantendo- o espaço da cidade no qual habita, pois interfere
-as isoladas sem poder falar com liberdade a respeito nas práticas cotidianas de um lugar, redimensiona
disso. Assim, o objetivo deste trabalho é descrever lugares, re-significa equipamentos públicos, rein-
a experiência de implementação de um grupo de venta relações sociais, e principalmente, interfere
ouvidores de vozes em um Caps-III do interior de nas concepções publico-privado. Objetivos O objetivo
SP. O grupo é orientado na perspectiva de Marius foi identificar a presença de pessoas em sofrimento
Romme, um dos criadores do movimento, que con- mental entre moradores de rua e observar e descre-
sidera a articulação democrática entre a expertise ver a relação destes sujeitos com a sociabilidade
trazida pelos profissionais da saúde e pelo saber local de um bairro. Método A pesquisa etnográfica
dos ouvidores de vozes (experts pela experiência). foi realizada num bairro de classe média distante
Primeiramente buscou-se conhecer os discursos pre- da região central da cidade de São Paulo (Tremem-
dominantes entre os profissionais e apresentar uma bé) e tinha como objetivo identificar a presença de
nova perspectiva de compreender esta experiência. A pessoas em sofrimento psíquico Os sujeitos dessa
seguir, foram convidados usuários do serviço a parti- pesquisa eram denominados como loucos de rua”,
ciparem dos grupos, após explicar os objetivos deste. que circulam pelo território urbano da cidade e
O grupo vem sendo oferecido quinzenalmente. Os que fazem desta cidade seu lugar de constituição
resultados parciais apontam ganhos trazidos pelos de vida, lugares nos quais eles articulam ações e
pacientes com relação ao grupo. Dentre tais ganhos emoções, que são fragmentos constitutivos de vida
podemos ressaltar a importância percebida por eles numa temporalidade e espaços incomuns. Nossa
de poder ter um local para falar que ouvem vozes meta foi uma descrição etnográfica dos chamados
sem julgamentos morais; a possibilidade de encarar loucos”, que aparecem no espaço público como su-
o fenômeno de ouvir vozes com mais naturalidade, jeitos incompreensíveis. Resultados Na pesquisa, ao

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contrário de nossa hipótese inicial, identificamos de idade foi de 52,24 (±14,24) anos, variando de 28 a 80
a existência de um acolhimento dos loucos de rua” anos. A maioria dos respondentes possuíam parceiro
pela vizinhança do bairro. Pois, estavam incluídos fixo (62,0%) e 43,0% eram aposentados. Em relação
na dinâmica do território local e na sua sociabili- aos níveis de depressão, obteve-se o escore médio de
dade. Tomamos nesta exposição o modelo exemplar 6,69 (±5,20) para o PHQ - 9, variando de 0,00 a 27,00.
de dois sujeitos do bairro de São Paulo que vivem Vale ressaltar que considera-se indicador positivo
sua loucura nas ruas e mostram-se absolutamente de sinais e sintomas depressivos valores maiores ou
inseridos no território, a despeito da indiferença igual a dez. Conclusão: A maioria dos participantes
dos serviços de saúde mental locais. Conclusão apresentou níveis baixos, indicando pouca possibili-
Propomos reflexões para o louco de rua”, sendo que dade de sintomas de depressão maior.A presença de
estes sujeitos transformam o espaço da cidade no alterações de humor, em destaque a depressão, entre
qual habita. Ao exibir sua vida (loucura) privada no renais crônicos em hemodiálise são importantes,
espaço público trazem em cena imagens invisíveis merece ser conhecida e reconhecida, para ser tratada
ao cenário urbano. Desta forma eles conseguem uma prontamente visto que sua presença pode alterar o
via de inserção na cidade e através da subversão prognostico e a adesão ao tratamento.
diária e contínua do espaço público são mestres em
criar novos sentidos. O AVESSO DE SOROCABA: A HISTÓRIA NÃO
OFICIAL DO PROCESSO DE DESINSTITUCIONA-
NÍVEIS DE DEPRESSÃO EM PACIENTES COM DO- LIZAÇÃO
ENÇA RENAL CRÔNICA EM HEMODIÁLISE Carine Sayuri Goto / GOTO, Carine Sayuri /
Ana Carolina Ottaviani / Ottaviani, A.C. / UFSCar; UNESP; Thiago Marques Leão / LEÃO, Thiago
Barbara Isabela de Paula Morais / Marais, B.I.P. / Marques / FSP/USP;
UFSCar; Izabel Cristina Chavez Gomes / Gomes, Este relato busca refletir sobre o papel do movimen-
I.C.C. / UFSCar; Fabiana de Souza Orlandi / Orlan- to social da luta antimanicomial, no processo de
di, F.S. / UFSCar; desinstitucionalização dos Hospitais Psiquiátricos
Introdução: A Doença Renal Crônica é atualmente (HP) em Sorocaba - SP, desde a assinatura do Termo
considerada da um problema de saúde pública de Ajustamento de Conduta (TAC). Em 2011, o Fórum
mundial. Alguns fatores relacionados ao tratamento da Luta Antimanicomial (FLAMAS) realizou uma
hemodialítico podem facilitar a manifestação de pesquisa que indicou que Sorocaba e região apre-
sintomas de depressivos, tais como a a necessidade sentavam o maior índice de mortes entre todos os
de adaptação e perda do controle sobre a vida devi- Hospitais Psiquiátricos do país, uma morte a cada
do à dependência da máquina, isolamento social e três dias. A partir das denúncias, foi assinado um
deterioração do desempenho funcional, tanto físico TAC entre o Ministério Publico e Ministério da Saúde
quanto mental. Objetivo: mensurar os níveis de e o Município de Sorocaba para construção de sua
depressão de pacientes com doença renal crônica RAPS e fechamentos dos leitos psiquiátricos, no pe-
em tratamento hemodialítico. Método: Trata-se ríodo de 2013 a 2015. Apesar do discurso institucio-
de uma pesquisa descritiva, quantitativa de corte nal defender êxito do processo, a menos de 6 meses
transversal. Foi realizada com 100 pacientes com para o final do TAC, Sorocaba continua com um HP
doença renal crônica em tratamento em uma Unida- com lotação máxima e uma RAPS que não superou
de de Terapia Renal Substitutiva de um município as relações e o Paradigma manicomiais. Em 2014,
paulista. Os dados foram coletados por meio de en- uma OS passou a administrar o processo, orientada
trevista individual, utilizando-se os instrumentos de por uma coordenação de saúde mental municipal
Caracterização dos Sujeitos e o Questionário sobre indicada pelo Ministério da Saúde. Profissionais
a Saúde do Paciente (PHQ - 9), no período de janeiro qualificados foram contratados para trabalhar no HP
a abril de 2015. O presente estudo foi aprovado pelo Vera Cruz, que serviria de pólo de desinstitucionali-
Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: Dos 100 zação, no CAPS III e em 12 residências terapêuticas
participantes, 61,0% era do sexo feminino, a média (RT). Neste processo, o movimento social e outros

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 374
atores importantes foram impedidos de participar & Beleza, realizada no espaço de convivência de um
e acompanhar as ações. Aos poucos, a relação da Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) em Campinas,
gestão com os trabalhadores se tornou autoritária em que os profissionais prestam o cuidado ao corpo/
e alienadora, sobretudo no pólo de desinstituciona- aparência das(os) usuárias(os). A Oficina de Saúde
lização. No final de 2014, após tensionamentos com & Beleza torna-se um dispositivo potente de escuta
a OS, o secretário de saúde e a coordenação de saúde qualificada, espera ativa, reencontro com a digni-
mental foram afastados, e os trabalhadores mais dade, produção de cuidado e autocuidado das(os)
críticos à gestão, demitidos, deixando o processo usuárias(os), cuidando do corpo para a reinserção
nas mãos da OS. Deste então, verifica-se retrocessos, social fora dos marcos da higienização.
com desrespeito aos prazos e objetivos do TAC e às
bandeiras da Luta Antimanicomial. As poucas saídas O ESTÁGIO CURRICULAR E A FORMAÇÃO PROFIS-
de internos do HP vem se configurando como uma SIONAL EM SAÚDE MENTAL
desospitalização e se interrompeu a construção de Luana Pereira do Nascimento Lima / LIMA, L.P.N
RT. Mais grave, em junho de 2015, houve a reinter- / UECE;
nação de um egresso do HP. O movimento social em O Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto
seu papel de crítica e acompanhamento não deve (HSM) é o único hospital Psiquiátrico público no
se confundir com a gestão, tendo claro seu papel de estado do Ceará. Dispondo de serviços ambulato-
acompanhamento, crítica e denúncia, procurando riais, pronto-atendimento, hospital-dia, núcleos de
se fortalecer na articulação com outros movimentos atenção a infância e adolescência, residência em psi-
para o exercício da democracia. As privatizações quiatria entre outros. Este texto relata a experiência
mostram-se a potencializadoras do modelo de de um estágio em serviço social realizado HSM, no
mercantilização do sofrimento, que identifica nas período de setembro de 2014 à fevereiro de 2015. O
grandes estruturas manicomiais possibilidades de
estágio em serviço social foi regulamentado, pela
concentração de capital.
categoria profissional, em 2008, pelas Diretrizes
Curriculares da Associação Brasileira de Ensino e
O CUIDADO COM O CORPO NA SAÚDE MENTAL: pesquisa em Serviço Social (ABEPSS). Nesse sentido,
RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA TERAPÊU- faz-se importante enfatizar o campo de estágio como
TICA DE SAÚDE & BELEZA NO CENTRO DE APOIO espaço de formação profissional, entendendo como
PSICOSSOCIAL (CAPS) EM CAMPINAS/ SÃO primeira aproximação com as práticas executadas.
PAULO/BRASIL O estágio é Considerado de extrema relevância para
Nara Fabiana Mariano / Mariano, N.F. / UNICAMP; analisar as diversas refrações da questão social
Relatos de Experiência: Uma das principais con- inserida no espaço sócio-ocupacional do Assisten-
quistas do Movimento da Reforma Psiquiátrica te Social (AS). No lócus supracitado, o estágio foi
brasileira resultou na crise do modelo tradicional formalizado em 2013, recebendo estagiários das
de assistência nos Hospitais Psiquiátricos (Manicô- Instituições de Ensino Superior conveniadas com
mio).Essa conquista modificou a forma de cuidar, em a Secretaria de Saúde do estado do Ceará (SESA) a
que o sujeito/usuário tem direto a escolher e decidir partir de 2014. Destaca-se dentre as problemáticas
sobre seu tratamento. O contexto manicomial desti- para a execução do estágio o desconhecimento dos
tui o sujeito do próprio corpo, despersonalizando-o, profissionais acerca da supervisão e das atividades
colocando o corpo, no campo da Saúde Mental, à mar- a serem desempenhadas. A grande dinamicidade nas
gem do cuidado pelas equipes de saúde. O cuidado Instituições, reflexo da precariedade do trabalho,
com o corpo resgata a possibilidade de reencontro do implica diretamente na qualidade da supervisão
usuário com si próprio, pois também é no corpo que e compromete a troca de conhecimentos entre es-
se inscreve a história de um indivíduo, o louco car- tagiários e supervisores. A experiência de estágio
rega em seu corpo as marcas do seu sofrimento psí- em hospital psiquiátrico apresenta um leque de
quico. Este trabalho propõe a relatar a experiência reflexões acerca das diversas refrações da questão
e discutir a potencia da Oficina Terapêutica Saúde social. Nesse sentido, por ser um campo de atuação

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do AS, muitos elementos instigam pesquisas sobre nais, sexuais, familiares etc. são comuns em nossa
as particularidades do contexto familiar, econômico rotina e afetam a permanência e desempenho do
e social dos usuários da saúde mental. Os avanços estudante. Nota-se com frequência que problemas
da reforma psiquiátrica, em 2011, trouxeram, dentre inicialmente encaminhados como educacionais
as propostas, a substituição dos hospitais psiquiá- acabam escondendo transtornos mais profundos.
tricos pela implementação dos Centros de Atenção Tanto que temos recebido encaminhamentos de ou-
Psicossocial (CAPS), porém o que se apresenta é a tros programas educacionais instalados do campus
dificuldade de executar essa transformação. Nesse e das coordenações dos cursos, quando se suspeita
contexto, é necessária a mudança dos paradigmas que o aluno possa estar passando por alguma crise
que são repassados por gerações, reafirmando os mental. Recomendações: A partir da experiência
estigmas acerca da saúde mental. Desta forma, é desses anos recomenda-se a ampliação da rede de
imprescindível a valorização e o fortalecimento atenção à saúde mental do estudante universitário,
do estágio como processo de construção de uma talvez com aumento do número de profissionais de
prática-ética e comprometida com os usuários. saúde mental visto que mesmo com projetos de aten-
dimento coletivo e estagiários, ainda assim a lista de
O PROGRAMA DE ATENÇÃO A SAÚDE PSICOLÓGI- espera é grande. Temos utilizado técnicas psicotera-
CA AO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO DA UFSCAR: pia breve de orientação psicodinâmica e grupos para
RELATO DE EXPERIÊNCIA demandas mais específicos, como ansiedade diante
André Luis Masiero / Masiero, A. L. / UFSCar; de avaliações. Recomenda-se o aprimoramento de
técnicas psicoterapêuticas e outras intervenções
Caracterização do Problema: Sabe-se que o estudan-
em saúde mental com o objetivo de alcançar maior
te universitário está sujeito a uma série de agentes
número de pessoas necessitam desse tipo de apoio.
estressores que podem afetar significativamente
sua saúde mental e consequentemente seu desem-
penho acadêmico. Atualmente muitas universidades ORGANIZAÇÃO DA SAÚDE MENTAL NO TERRITÓRIO
brasileiras contam com serviços de saúde mental. O Rebeca Peres dos Santos Francisco e Silva / Silva,
Programa de Atenção Psicológica ao Estudante da R. P. S. F. / Secretaria Municipal de Saúde de São
Ufscar está implantado em três campi: São Carlos, Bernardo do Campo - SP; Francini Bianca Domin-
Araras e Sorocaba, cada um com suas especifici- guez Gamba / Gamba, F.B. D. / Secretaria Muni-
dades. Discutiremos nesse relato a experiência do cipal de Saúde de São Bernardo do Campo - SP;
campus sede, em São Carlos. Descrição: Inicialmente Mawusi Ramos da Silva / Silva, M. R. / Secretaria
o Programa contava com estagiários orientados por Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo -
professores do curso de Psicologia e psicólogos con- SP; Rita de Cassia Lazoski Araújo / Araújo, R. C. L.
tratados. Desde 2008 os psicólogos passaram a ser / Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo
concursados, criando-se assim um serviço estável do Campo - SP;
junto ao Departamento de Atenção à Saúde, que está Caracterização do Problema Os pacientes da SM,
submetido a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários entram na unidade com um pedido claro, passar com
e Estudantis. O Programa atende toda a comunidade, o psiquiatra”, a recepção encaminhava esse paciente
mas prioriza atendimentos ao corpo discente. Lições para outra unidade aonde o psiquiatra do território
Aprendidas: Sendo concebido como um programa de o atenderia, sem ter passado pelo acolhimento e ter
atenção ao estudante com projetos mais voltados ao sido direcionado (se houvesse a nescessidade) para
apoio educacional, profissional, vocacional e adap- o generalista, para um serviço da especializada ou
tação do discente a rotina universitária, o aumento até mesmo se o acolhimento poderia ter resolvido o
das demandas clínicas nos últimos anos foi grande, problema daquele paciente. A partir da saída do psi-
o que obrigou os profissionais a abrirem projetos quiatra do território, a real demanda da SM começa
em psicoterapia breve e grupos de apoio. O mesmo a aparecer. Muitos questionamentos pairavam nas
fenômeno tem ocorrido em outras universidades. equipes entre os trabalhadores da unidade. Como
Transtornos de ansiedade, depressivos, relacio- seria feito o acolhimento do usuário de saúde men-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 376
tal? Para onde ele seria encaminhado? Qual seria o Bernardo do Campo; Vânia Barbosa do Nascimen-
cuidado coletivo dessa unidade em relação a esse to / Nascimento, V.B. / FMABC;
usuario?Surge então a pergunta que foi a díspara- Caracterização do Problema Os pacientes da Saúde
dora de todo o processo. Como vamos organizar essa Mental (SM), acessam a Unidade de Saúde (US) com
unidade para receber esses pacientes? Descrição O um pedido claro, passar com o psiquiatra”, então
primeiro passo que pensado para essa organização eram encaminhados para US do seu território onde
foram reuniões.Para alguns casos foram utilizados o psiquiatra do território o atenderia. Este fluxo
casos emblemáticos, casos que sempre estavam na ocorria sem que houvesse escuta alguma sobre a
unidade. Foi composto um fluxo do atendimento, real demanda do usuário. Descrição Com a saída
paraque pudesse facilitar o atendimento desses do psiquiatra do território, a real demanda da SM
pacientes. Lições Aprendidas Esse encaminhamento começa a aparecer, muitos questionamentos paira-
acontece a partir do acolhimento, aonde o profissio- vam nas equipes entre os trabalhadores. Como seria
nal que esta neste setor, conseguira encaminhar feito o acolhimento do usuário de SM? Para onde ele
esse paciente para o serviço adequado. Os vários seria encaminhado? Qual seria o cuidado da US com
profissionais envolvidos nessa mini equipe, uma o usuário? Surge então a pergunta que foi a dispa-
vez por semana fazem um encontro onde conver- radora de todo o processo. Como vamos organizar
sam sobre questoes de pacientes que passaram na essa unidade para receber esses pacientes”? Inicial-
unidade, fazendo uma discussão sobre esses casos mente foi pensado para essa organização reuniões
e conseguindo pensar em um cuidado coletivo. Esse com trabalhadores da unidade, como: enfermeiros,
novo movimento, trouxe para a unidade um conheci- psicólogo, fonoaudióloga e gerentes. Nestes encon-
mento sobre esses usuarios e a desmistificação dos tros foi composto um fluxo para SM, com objetivo
pacientes de SM, o entender, o acolher e o respeitar de facilitar o atendimento dos pacientes e a pró-
todos , compartilhando esses varios transtornos com pria US. Todos da US teriam acesso/conhecimento
suas equipes, ampliando assim o conhecimento de desse fluxo, porém ele ficaria no acolhimento. Foi
todos. Recomendações A unidade ainda enfrenta criado também, um formulário com perguntas que
uma dificuldade, aonde muitos profissionais enten- os profissionais fariam e seriam norteadoras para
dem o especialista como o resolutor das queixas, isso direcionamentos internos. Pautado nas perguntas
ocorre em várias especialidades e a Psiquiatria não realizadas no formulário, conseguiu-se estabelecer
é diferente, por muito tempo houve um profisssional como se daria o cuidado do paciente, se seria com o
que atendesse somente essa especialidade dentro generalista, se o usuário teria que ser encaminhado
do território, e por esse motivo a unidade ainda para qual serviço (CAPS III ou CAPS AD). Os vários
encontra dificuldade em compartilhar esses casos, profissionais envolvidos nessa mini equipe de saúde
acreditando que esse paciente deve ser atendido pelo mental encontram-se semanalmente para conversa-
psiquiatra. O atendimento aos pacientes da saúde rem sobre questões de pacientes que passaram na
mental, ainda precisa ser melhor estabelecido den- US, discutindo os casos e pensando em um cuidado
tro da unidade, para que possa ser um atendimento coletivo e terapêutico singular. Lições Aprendidas
coletivo e humanizado. Esse novo movimento, trouxe para a US um conhe-
cimento sobre os usuários e a desmistificação dos
ORGANIZAÇÃO DA SAÚDE MENTAL NO TERRITÓ- pacientes de SM, o entender, o acolher e o respeitar
RIO 4 (CENTRO) EM SÃO BERNARDO DO CAMPO todos, compartilhando os vários transtornos com
Francini Bianca Dominguez Gamba / Gamba, suas equipes, ampliando assim o conhecimento de
F.B.D. / Secretaria Municipal de São Bernar- todos. Recomendações A US ainda enfrenta uma
do do Campo; Rita de Cássia Lazoski Araújo / dificuldade, onde muitos profissionais entendem
Araújo,R.C.L. / FMABC; Mawusi Ramos daSilva / o especialista como o resolutor das queixas, isso
Silva, M.R. / Secretaria Municipal de São Bernar- ocorre em várias especialidades e a Psiquiatria não
do do Campo; Rebeca Peres dos Santos Francisco e é diferente, por muito tempo houve um profissional
Silva / Silva, R.P.S.F. / Secretaria Municipal de São que atendesse somente essa especialidade dentro

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 377
do território, e por esse motivo a US ainda encontra em torno do que o profissional compartilha; c) a ne-
dificuldade em compartilhar os casos, acreditando cessidade de revisão da função do ‘coordenador’ do
que os pacientes devem ser atendidos apenas pelo grupo: para os usuários, profissionais e familiares
psiquiatra, então torna-se necessário maior esforço que integram a proposta, o fato do coordenador da
para garantir estas discussões ampliadas e descons- atividade também se colocar pessoalmente” como
trução desta idéia. participante, facilitou o convite de disporem-se as
etapas do trabalho. CONCLUSÃO: A sistematização
PARADOXOS DO CUIDAR: OS DESAFIOS NA AS- desse estudo pôde favorecer com uma compreensão
SISTÊNCIA HORIZONTAL E SIMÉTRICA EM SAÚDE acerca dos desafios encontrados quando se oferece
Rita Martins Godoy Rocha / Rocha, R.M.G. / USP uma metodologia de cuidado em saúde pautado
e UNIARA; Carmen Lúcia Cardoso / Cardoso, C. L. pela horizontalidade, colaborando também com o
/ USP; entendimento sobre a maneira pela qual as pessoas
INTRODUÇÃO: A ascensão do modelo psicossocial que sofrem, adoecem e trabalham em contextos de
em saúde, especialmente na saúde mental, mediada saúde mental participam em um grupo de atendi-
pelos ganhos da Reforma Psiquiátrica no país, mobi- mento simétrico.
lizou novos paradigmas de atenção que convidaram
os profissionais da saúde a reposicionarem seus POR UMA REABILITAÇÃO VERDADEIRAMENTE
focos analíticos quando em contato com usuários PSICOSSOCIAL: SITUAÇÃO DE VIDA DE EGRESSOS
e familiares nos serviços. A simetria e a horizon- DE INTERNAÇÕES PSIQUIÁTRICAS EM PARANAÍ­
talidade das relações, juntamente, ao estímulo do BA-MS
protagonismo dos diferentes agentes aparecem Renata Bellenzani / Bellenzani, R. / UFMS; Pedro
como premissas importantes ao trabalho. OBJETI- Júnior Rodrigues Coutinho / Coutinho, P.J.R. /
VO: Nesse contexto, temos a intenção de apresentar FAMERP;
resultados de uma pesquisa realizada como parte Introdução: A Política Brasileira de Saúde Mental/
de doutoramento, no que se refere aos desafios en- Álcool/Drogas, pautada na Lei 10. 216, da Reforma
contrados por profissionais, usuários e familiares Psiquiátrica, preconiza internações psiquiátricas
em participarem de um grupo de atenção em saúde em hospitais gerais. No entanto, pessoas continu-
mental, desenvolvido há uma década em um serviço am sendo internadas em hospitais psiquiátricos
de referência na região de Ribeirão Preto e que se que ofertam internações breves” como um novo
singulariza por propor um cuidado com a partici- modelo”. São escassas informações sobre perfil da
pação de profissionais, usuários e familiares sem a clientela atendida, sua reabilitação psicossocial e
distinção de papéis, ou seja, todos são pessoas que condições de vida. Objetivos: Verificar número de
fazem uso e se beneficiam do grupo, questionando pessoas de Paranaíba-MS que teve uma, ou mais,
a histórica diferenciação de profissional como co- internação, em hospital psiquiátrico local, por hi-
ordenador que ajuda e usuário como paciente que póteses diagnósticas. Caracterizá-las com relação
recebe a ajuda. MÉTODO: Para tanto, o corpus do a variáveis que informam sobre sua reabilitação
estudo formou-se por nove entrevistas abertas e psicossocial e condições de vida. Metodologia:
pela observação participante ao longo de três anos, Estudo quantitativo descritivo, em duas etapas:
com base no referencial teórico metodológico da 1) Sistematização e análise de dados secundários
Fenomenologia, pautado em análise descritiva e (banco de informações da instituição) sobre os inter-
compreensiva do fenômeno. RESULTADOS: Foram nados, de janeiro de 2008 a maio de 2011; 2) Coleta
identificados três temas que delinearam as difi- de dados primários de uma subamostra composta
culdades no trabalho: a) o esvaziamento da função a partir do conjunto total de usuários internados
profissional: indica um dilema dos profissionais em no período. Nesta, foram aplicados questionários
participarem da proposta do grupo, em uma função fechados em situação de entrevista nos domicílios,
diferente da tecnicista; b) o valor das contribuições mediante autorização prévia e consentimento livre e
no grupo: demarca a sobrevalorização dos usuários esclarecido. Realizaram-se análises descritivas com

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software SPSS for Windows 16 dos questionários vivências na rua. OBJETIVO: conhecer os sentidos
da subamostra (56 pessoas), menor do que a alme- produzidos por profissionais de um serviço de saúde
jada, devido a problemas cadastrais. Resultados: mental do município de Ribeirão Preto – SP sobre o
306 pessoas internadas no período, a maioria uma consumo de substâncias por pessoas que apresen-
vez (68%). 154 (50,3 %) por transtornos de humor/ tam um quadro clínico psiquiátrico e as práticas que
orgânicos/ psicóticos; 130 (42,5%) por síndrome de são produzidas a partir destes sentidos. MÉTODO:
abstinência/dependência; 17 (5,6%) por ambos. Dos Este estudo tem caráter qualitativo e descritivo com
56 entrevistados: 62,5% homens; 50% brancos (as); inteligibilidade construcionista social levando em
45% negros/pardos (as); 59% solteiros(as); 57% re- consideração para a análise o papel performático da
sidia com parentes, 34% com esposa/marido/filhos; linguagem como construtora da realidade. Foram
53% baixa escolaridade; 75% fora do mercado de tra- realizadas 16 entrevistas semi-estruturadas com
balho; 41% renda pessoal até um salário mínimo. A profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial
maioria tinha relativa autonomia, convivência social III. As entrevistas foram transcritas na íntegra e
e acesso a tratamento estritamente medicamentoso emergiu das leituras um corpus que fora analisado
(sem atenção psicossocial interdisciplinar). A baixa através de uma análise de conteúdo temático. RE-
escolarização, profissionalização e inserção no mer- SULTADOS: Vários sentidos foram levantados junto
cado profissional indicam ausência de cidadania, aos profissionais a respeito das razões que envolvem
sobretudo para pessoas em abuso de álcool/drogas. o uso de drogas, desde sentidos morais atribuídos ao
Conclusões: A atenção psicossocial pós-internação uso, o uso como um problema do âmbito da saúde ou
com vias à inserção social não se restringe à oferta do âmbito da justiça. O discurso dos profissionais a
de psicotrópicos. São necessárias políticas sociais respeito do cuidado ao usuário de drogas incluído
intersetoriais. Ausentes, como em Paranaíba-MS, na saúde mental ficou muito dividido entre sentidos
há o risco de que o modelo de atenção a pessoas ligados à ideia de abstinência e a ideias ligadas à
em sofrimento psíquico e abuso de substâncias se política de redução de danos. Além disso, apesar
restrinja ao enfoque biomédico, favorecendo suces- de apontarem a grande importância da detecção
sivas internações, sem mudanças efetivas de vida do uso de drogas nos pacientes do serviço, todos
e cidadania. eles apontam os desafios envolvendo tal detecção.
CONCLUSÂO: Os participantes trouxeram percep-
PRÁTICAS E SENTIDOS PRODUZIDOS COM PROFIS- ções a respeito de como a rede de atenção à saúde
SIONAIS DE SAÚDE MENTAL ACERCA DA RELAÇÃO mental muitas vezes não abrange questões ligadas
ENTRE USO DE DROGAS E SOFRIMENTO MENTAL à interface entre o uso de drogas e a saúde mental
Eduardo Augusto Leão / Leão, E.A. / USP; Clarissa por estar organizado de maneira segmentada,
Mendonça Corradi-Webster / Corradi-Webster, dessa maneira, poder identificar e reconstruir os
C.M. / USP; sentidos atribuídos ao uso de drogas em pessoas
em sofrimento psíquico de maneira a deixá-los mais
INTRODUÇÂO: A literatura tem apontado que algu-
claros pode ajudar a propor novas alternativas para
mas pessoas em intenso sofrimento psíquico encon-
organizar o serviço de saúde mental para atender a
tram no consumo de substâncias psicoativas um
essa demanda.
modo de lidar com suas emoções. Assim, o consumo
de substâncias tem alta prevalência entre pessoas
que apresentam algum quadro clínico psiquiátrico e PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA
profissionais atuantes em serviços de saúde mental ENTRE JOVENS ACOMPANHADOS EM UM CAPS
relatam ser cada vez mais comum o atendimento a ADULTO NA CIDADE DE SÃO PAULO
pessoas que consomem essas substâncias. Entretan- Aline Ernandes Milhomens / Milhomens, A.E. /
to, o consumo de substâncias nestas situações mui- UNIFESP; Denise Martin Coviello / Martin, D. /
tas vezes aparece descrito como um modo de lidar UNIFESP;
com os sintomas, mas também como podendo levar Juventude é um conceito de difícil definição por ser
a um pior prognóstico, aumentando internações e uma construção sociocultural e histórica. Trata-se

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 379
de um período de transitoriedade para a vida adulta relações sociais estabelecidas durante o processo
que permeiam limites e oportunidades significativas de adoecimento.
nos percursos traçados pelos que vivenciam este
momento. Alguns jovens passam pela experiência REFLEXÕES SOBRE UMA EXPERIÊNCIA EM PRO-
da primeira crise psicótica nesse período caracte- JETOS TERAPÊUTICOS SINGULARES A PARTIR DO
rizando uma ruptura deste processo, dando início a DISCURSO DE USUÁRIOS
uma forma particular nesta transição. É importante Fátima Amorim Ávila / Ávila, F.A. / PUC/SP; Raquel
compreender essa ruptura e os novos processos que Aparecida de Oliveira / Oliveira, R.A. / PUC/SP;
se iniciam, uma vez que estes jovens vivenciam Introdução: O Centro de Atenção Psicossocial
momentos nos quais o controle sobre suas escolhas, (CAPS) é um dispositivo de atendimento implicado
desejos, pensamentos e ações fogem de si. OBJETI- na mudança de paradigma, relacionado ao cuidado
VO: Conhecer o significado da transição para a vida e assistência ao portador de sofrimento psíquico.
adulta em jovens que realizam acompanhamento em Nesse contexto o Projeto Terapêutico Singular (PTS)
um Centro de Atenção Psicossocial II Adulto (CAPS), resgata o cuidado personalizado” expresso como
a partir de suas experiências sobre este processo. estratégia norteadora da organização e cuidado nos
MÉTODOS: A pesquisa foi realizada em um CAPS serviços de saúde mental. Objetivos: Identificar as
II Adulto, localizado em um bairro periférico no repercussões ocorridas aos participantes após inser-
município de São Paulo. Os participantes da pes- ção do Projeto Terapêutico Singular; analisar quais
quisa são homens e mulheres entre 18 e 28 anos em aspectos são percebidos no atendimento como po-
regime de tratamento intensivo ou semi-intensivo. tencializadores e dificultadores; oferecer subsídios
Até o momento, foram realizadas dez entrevistas para intervenções de acordo com as necessidades
em profundidade e observação etnográfica do ser- do sujeito portador de sofrimento mental. Método:
viço. RESULTADOS Preliminares: A análise inicial Este estudo foi realizado no CAPS I Maria Izilda
das entrevistas mostrou que as perspectivas para a da Silva – Vargem Grande (SP). Realizou-se uma
vida adulta se mantêm similares aos jovens da faixa pesquisa descritiva, qualitativa. A coleta de dados
etária dos entrevistados de mesmo contexto socio- foi obtida pela técnica da Entrevista Reflexiva e os
cultural no que refere ao trabalho. Estar empregado discursos foram analisados pela Análise Temática.
é considerado fundamental pelos entrevistados no Resultados: Participaram 04 usuários sendo dois
processo do tornar-se adulto. Os trabalhos buscados do sexo masculino e duas do sexo feminino, com
são comuns a um perfil das regiões mais empobre- idades que variaram entre 27 e 51 anos, solteiros,
cidas economicamente da capital paulistana (baixa morando com familiares, aposentados por auxílio
qualificação e realização de trabalhos para fami- doença e na sua maioria com ensino fundamental
liares). A crise psicótica é marcada temporalmente incompleto. As repercussões do PTS é que con-
(antes e depois) no tocante às amizades. Uma das tribuem na melhoria de seus usuários, à medida
principais rupturas descritas pelos participantes é a que reduzem o número de internações, constroem
sua repercussão no âmbito social: o distanciamento laços de inserção social, porém ainda distantes de
dos amigos e a restrição a possíveis novas amiza- promoverem pacientes em agentes de seus próprios
des. Também foi possível observar que o ingresso tratamentos. Os aspectos potencializadores dos
desses jovens no circuito de serviços de atenção à PTS estão vinculados às atividades de execução (
saúde mental não é pontual, ocasionando um afas- música, dançar, jornalzinho, futebol, jogos, horta,
tamento dos planos de vida existentes, assim como, medicamento) e os dificultadores relacionados às
uma forte apropriação do lugar de doente dentro atividades de modalidade verbal (grupo de final de
dos diagnósticos da psiquiatria. CONCLUSÃO: A semana, atividades do jornal). Conclusão: Neste ce-
transição para a vida adulta neste grupo tem carac- nário, enfatizamos a importância de capacitação e
terísticas específicas ao contexto sociocultural em supervisão da equipe de trabalhadores; reavaliação
que vivem no que se refere ao trabalho, porém com sistematizada dos PTS; implementação efetiva de
importantes mudanças nos vínculos de amizade e uma rede de serviços concernentes à realidade do

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 380
município, bem como a implementação intersetorial compartilhados, onde os profissionais do CAPS III,
de vários segmentos quer seja da Educação, Cultura, como o psiquiatra em conjunto com os profissio-
Promoção Social. Palavras Chave: Serviços de Saúde nais da AB, iriam atender alguns casos de maior
Mental, Política de Saúde, Centro de Atendimento complexidade e vulnerabilidade, sendo os mesmos
Psicossocial, Saúde Mental, Avaliação. tendo sido discutidos nas reuniões de equipe. Lições
Aprendidas Notou-se a grande quantidade de pacien-
REORGANIZAÇÃO DA SAÚDE MENTAL COM A tes da SM, que antes eram reconhecidos somente
APROXIMAÇÃO DA ESPECIALIZADA- CONSTRU- com esta característica e sempre foram atendidos na
ÇÃO DE UMA AGENDA COMPARTILHADA EM SBC unidade com outras queixas, onde antes se dividia
Francini Bianca Dominguez Gamba / Gamba, o paciente, passou-se a acolher o mesmo com todas
F.B.D. / Secretaria Municipal de São Bernardo as suas características. Recomendações. A SM deve
do Campo; Rita de Cássia Lazoski Araújo / Araú- ser tratada dentro da unidade básica, não somente
jo, R.C.L. / FMABC; Mawusi Ramos da Silva / pelo especialista mas em conjunto, compartilhado
Silva,M.R. / Secretaria Municipal de São Bernardo com o mesmo. A Atenção especializada, dentro do
do Campo; Rebeca Peres dos Santos Francisco e que é de seu conhecimento, irá sempre matriciar e
Silva / Silva, R.P.S.F. / Secretaria Municipal de São ajudar nas dúvidas. Quando se considerado que um
Bernardo do Campo; Vânia Barbosa do Nascimen- paciente tal, por sua caracteristica, deve ser tratado
to / Nascimento, V.B. / FMABC; somente pelo especialista, tem se uma perda pra esse
Caracterização do Problema A Unidade de Saúde usuario, o conhecimento de outros profissionais é
(US) se depara com uma situação complicada em seu rico para abranger o atendimento do mesmo.
território pela saída do psiquiatra, então a unidade
começa identificar os pacientes que sempre foram REORGANIZAÇÃO DA SAÚDE MENTAL COM A
do território porém eram atendidos apenas pelo APROXIMAÇÃO DA ESPECIALIZADA- CONS-
psiquiatria. O início da discussão, foi o que seria TRUÇÃO DE UMA AGENDA DE SAUDE MENTAL
feito com os pacientes, pois não havia mais o psi- COMPARTILHADA
quiatra”. Diante disso identificou-se a necessidade Rebeca Peres dos Santos Francisco e Silva / Silva,
de um compartilhamento dos pacientes. Descrição R. P. S. F. / Secretaria Municipal de Saúde de São
As unidades do território, sempre contaram com Bernardo do Campo - SP; Francini Bianca Domin-
matriciamento do CAPS (Centro de Atenção Psicos- guez Gamba / Gamba, F. B. D. / Secretaria Muni-
social), onde eram discutidos casos mais complexos cipal de Saúde de São Bernardo do Campo - SP;
e direcionamentos para os casos mais leves. Com a Mawusi Ramos da Silva / Ramos, M. S. / Secretaria
ausência de um psiquiatra do território, as equipes Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo -
da US entenderam a necessidade do CAPS estar mais SP; Rita de Cassia Lazoski Araújo / Araújo, R. C. L.
próximo, com isso foram realizadas reuniões com / Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo
a atenção especializada, para construção de uma do Campo - SP;
agenda compartilhada com a unidade, sendo assim, Caracterização do Problema A Unidade de saúde
foi criado um cronograma onde a especializada se depara com uma situação complicada em seu
(CAPS III) participaria das reuniões de equipe,(a território, ocorre pela saída do psiquiatra, então a
especializada se organizou dentro da mini equipe unidade começa identificar os pacientes que sempre
que referencia o território), ou seja, quando a espe- foram do território porém eram atendidos pela psi-
cializada comparecesse, seria priorizado os casos de quiatria. O início da discussão, foi o que seria feito
SM da unidade. Também foi criado um espaço de ma- com os pacientes, pois não havia mais o psiquiatra”.
triciamento onde os médicos poderiam se encontrar Diante disso identificou-se a nescessidade de um
com o psiquiatra do CAPS, para poderem discutir as compartilhamento maior dos pacientes. Descrição
interações medicamentosas, a atenção especializada As unidades do território, sempre contaram com
em conjunto com a Atenção Básica, também se orga- matriciamento do CAPS, onde eram discutidos
nizaram para que houvessem alguns atendimentos casos mais complexos e direcionamentos para os

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 381
casos mais leves. Com a ausência de um psiquiatra de internação psiquiátrica e dos próprios pacientes,
do território, as equipes da unidade entenderam a se inicia um novo cenário de construção de saberes
necessidade do CAPS estar mais próximo, com isso e práticas além da lógica manicomial, movimento
foram realizadas reuniões com a atenção especiali- emergente em 1978, conhecido como MTSM (Movi-
zada, para construção de uma agenda compartilhada mento dos Trabalhadores de Saúde Mental). Temos
com a unidade, sendo assim, foi criado um cronogra- na década de 1980 o início da Reforma Psiquiátrica
ma onde a especializada (CAPS III) participaria das no Brasil, processo pela desinstitucionalização
reuniões de equipe,(a especializada se organizou como crítica ao manicômio, visando à desconstrução
dentro da mini equipe que referencia o território), do modelo manicomial a partir de novas práticas de
ou seja, quando a especializada comparecesse, se- cuidado ao paciente psiquiátrico além do modelo
ria priorizado os casos de SM da unidade. Também hospitalocêntrico, pautado no tratamento humani-
foi criado um espaço de matriciamento onde os zado como forma de superação da violência asilar.
médicos poderiam se encontrar com o psiquiatra Neste contexto são implementados no ano de 2000,
do CAPS, para poderem discutir as interações me- por meio da portaria de número 106, os Serviços
dicamentosas, a especializada em conjunto com a Residências Terapêuticos como dispositivo em
AB, tambem se organizaram para que houvessem Saúde Mental no âmbito do Sistema Único de Saúde,
alguns atendimentos compartilhados, aonde os como forma de moradia para pacientes egressos de
profissionais do CAPS III, como o psiquiatra em longas internações em Hospitais Psiquiátricos e
conjunto com os profisssionais da AB, iriao atender que não tenham vínculos familiares para suporte e
alguns casos de maior complexibilidade e vunerabi- reabilitação extramuros. O presente trabalho teve
lidade, sendo os mesmos tendo sido discutidos nas como objetivo investigar as práticas terapêuticas
reunioes de equipe. Lições Aprendidas Notou-se a dos Serviços Residenciais Terapêuticos, bem como
grande quantidade de pacienntes da SM, que antes conhecer o cotidiano dos moradores, a inserção
eram reconhecidos somente com esta caracteristica deles na comunidade e articulação com a rede de
e sempre foram atendidos na unidade com outras serviços. Foram entrevistado três ex-coordenadoras
queixas, onde antes se dividia o paciente, passou-se e duas ex-acompanhantes comunitárias, atuantes
a acolher o mesmo com todas as suas caracteristi- no período de 2009 a 2014, com tempo mínimo de
cas. Recomendações. A SM deve ser tatada dentro 2 anos de atuação. Os resultados mostram a tran-
da unidade básica, não somente pelo especialista sição dos moradores dos hospitais para a moradia
mas em conjunto, compartilhado com o mesmo. e as dificuldades enfrentadas na superação de um
A Atenção especializada, dentro do que é de seu modelo asilar de tutela para um modelo pautado
conhecimento, irá sempre matriciar e ajudar nas na autonomia e que o cotidiano nas Residências
dúvidas. Quando se considerado que um paciente foi sendo construído a partir das vivências entre
tal, por sua caracteristica, deve ser tratado somente moradores e equipe e apropriação do espaço da
pelo especialista, tem se uma perda pra esse usuario, moradia como um espaço do habitar. Percebeu-se
o conhecimento de outros profissionais é rico para que nas Residências não são efetivadas práticas
abranger o atendimento do mesmo. terapêuticas, mas é propiciado que os moradores
participem e circulem no território, contribuindo
RESIDÊNCIAS TERAPÊUTICAS: A DESINSTITUCIO- significativamente para a melhoria da qualidade de
NALIZAÇÃO COMO RECONSTRUÇÃO DA CIDADA- vida de cada morador, principalmente resgatando
NIA NEGADA a autonomia e a liberdade, conferindo a passagem
Paula Fernandes Biral / Biral, P. F / Universidade de sujeito excluído para o resgate da cidadania. A
Presbiterina Mackenzie; Sandra Ribeiro de Almei- pesquisa revelou que no âmbito das Residências os
da Lopes / Lopes, S.R.A / Universidade Presbiteri- profissionais funcionam como facilitadores no pro-
na Mackenzie; cesso de reinserção social dos moradores e que tal
No Brasil, a partir da luta dos trabalhadores da Saú- reinserção só é possível quando é estabelecida uma
de Mental, familiares de pacientes de longo tempo nova forma de relação entre equipe e moradores e

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 382
revela que os sujeitos não precisam ficar trancados, lizada coletivamente é um dos fatores para melhoria
que há espaço para a convivência com a diferença. da saúde física e mental do idoso. Recomenda-se
que novos estudos possam ser realizados, visando
SAÚDE MENTAL DE IDOSAS PRATICANTES DE UM ampliar as questões aqui discutidas, uma vez que a
PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA temática saúde mental e atividade física têm sido
Marília Silva Guedes / Guedes, M.S / UNEB; Jorge recentemente publicadas no campo da Educação Fí-
Lopes Cavalcante Neto / Cavalcante Neto, J.L / sica. Palavras-chave: Envelhecimento. Saúde mental.
UNEB;
INTRODUÇÃO: Com o processo do envelhecimen- SAÚDE MENTAL EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO
to, acontecem diversas alterações no organismo, PORTE: DESAFIOS NO ACESSO Á ATENÇÃO BÁSICA
havendo um declínio na função cognitiva, perda Leonardo Dias Teixeira / Teixeira,L.D. / ISEO; Ma-
de memória, perda de autonomia, autoestima, e a xwelly Araújo dos Santos / Santos, M.A. / Universi-
ainda há alterações socioculturais que estão rela- dade Veiga de Almeida;
cionadas ao distanciamento do idoso na sociedade. INTRODUÇÃO:A saúde mental é uma vertente re-
Esse afastamento e as modificações no estilo de legada do foco de ações da Estratégia de Saúde da
vida que ocorrem com a idade avançada, acabam Família, haja a vista a ausência de um programa
afetando a saúde física e mental desses sujeitos. que atenda a pessoa em sofrimento psíquico. Isso
Sendo fundamental o incremento de programas de também contribui para a dificuldade de acesso do
atividade física que proporcionem modificações portador de transtorno mental á unidade (FIGUEIRE-
significativas no estilo de vida e fortaleçam redes de DO,2006).OBJETIVO:Analisar o acesso á Estratégia
apoio social nessa população. OBJETIVO: Rastrear de Saúde da Família e a utilização dos seus serviços
a frequência de transtornos mentais comuns em por pessoas portadoras de transtornos mentais.
idosas participantes de um programa de atividade MÉTODO: Trata-se de um estudo observacional des-
física da Universidade aberta à terceira idade (UATI) critivo, cuja finalidade é descrever uma população,
em Jacobina-Ba. MÉTODOS: Trata-se de um estudo fenômeno ou uma experiência, a partir do critério da
transversal, com amostra de 56 idosas, com média observação (ALENCAR, 2012). A pesquisa teve como
de idade de 66,95 anos (±5,7DP). Utilizou-se o Self campo de estudo dois municípios de pequeno porte,
Reporting Questionnaire (SRQ-20) para avaliar a localizados no interior da Bahia, pertencentes a 13ª
saúde mental e um questionário sóciodemográfico Diretoria Regional de Saúde (DIRES).Em relação aos
para avaliar fatores relacionados a informações pes- aspectos éticos e legais, o trabalho não precisou
soais, atividade física, histórico médico e questões passar pelo comitê de ética, pois não trabalhou com
sobre o projeto. Utilizaram-se análises estatísticas coleta de dados direta com seres humanos. Para cole-
descritivas, o quiquadrado com p<0,05 e cálculos da ta de dados da pesquisa, foi utilizado um formulário
razão de chances (OR) com intervalo de confiança de observação, com questões norteadora, referente
de 95%. RESULTADOS: Observou-se que a maioria á temática. Quanto á análise de dados foi utilizado
apresentou 10 ou mais anos de estudo (71,4%), são o método de categoria simples.RESULTADOS:No
casadas (38,6%), possuem problemas de saúde primeiro município pesquisado, o estudo foi rea-
(80,4%), gostam de atividade física (98,2%) e históri- lizado em duas unidades de saúde da família e no
co familiar de doença (80,4%). A frequência de TMC programa de saúde mental. O atendimento á pessoas
foi de 17,9%. Na associação entre a presença de TMC portadoras de transtornos mentais ocorre em duas
e variáveis sóciodemográficas investigadas no es- modalidades:os portadores de transtornos leves e
tudo, não se observaram associações significativas moderados são referenciados á atenção primária
entre as variáveis selecionadas, demonstrando que e aqueles com transtornos severos e persistentes
o projeto da UATI está sendo benéfico para essa po- são atendidos no programa específico.Pudemos
pulação. CONCLUSÃO: Os resultados evidenciam a perceber um atendimento rápido, superficial e
importância das atividades desenvolvidas no projeto principalmente, carente de acolhimento, fator im-
UATI, já que a prática de atividade física quando rea- prescindível para lidar com as demandas de saúde

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 383
mental e que não foi identificado no município. No definidas pelo campo médico-psiquiátrico a partir
que diz respeito ao segundo município estudado, a do uso do Manual Diagnóstico e Estatístico de Trans-
assistência em saúde mental acontece exclusiva- tornos Mentais (DSM) – instrumento de triagem
mente no CAPS.Não podemos deixar de ressaltar a dos usuários do Centro. Os dados levantados para a
assistência no primeiro município estudado, onde os discussão aqui proposta correspondem à observação
portadores de transtorno mental além do atendimen- participante em reuniões entre a equipe multidisci-
to especializado, também são assistidos pela ESF, plinar de um CAPSi e reuniões entre essa equipe e
que é algo primordial para se caminhar em direção á equipes extra-CAPSi, que formam a rede de atendi-
uma assistência integral.CONCLUSÃO:É importante mento de saúde mental de um município; visando
oferecer capacitações para os profissionais, a fim de compreender a relação política-administrativa e
prepará-los para lidar com as demandas de saúde científica-médica e multiprofissional nos cuida-
mental.Os gestores dos municípios devem entender dos aos infantojuvenis portadores de transtornos
a necessidade dessas ações que qualificam a atenção mentais. O que se tem como pano de fundo entre as
à saúde mental e também, a participação da comu- disputas e ações ativas e passivas dos agentes que fa-
nidade é fundamental para fomentar a inclusão da zem o CAPSi funcionar é que suas ações interferem
pessoa em sofrimento psíquico na sociedade. nas vivências de crianças e adolescentes e daqueles
que com esses convivem, levando a necessidade
SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL: POLÍTICA, de atenção e reflexão e novas abordagens sobre a
CIÊNCIA E MULTIPROFISSIONALIDADE temática. Assim, o objetivo geral deste trabalho é
Arieli Januzzi Buttarello / Buttarello, A.J. / UFS- suscitar questionamentos e debates que considerem
Car; Thales Haddad Novaes de Andrade / Andrade, ações institucionais entremeadas por campos que
T.H.N. / UFSCar; se interferem e impõe formas de agir, lidar, compre-
Este trabalho inclui-se em uma pesquisa em an- ender e administrar.
damento, acerca da ciência e técnica psiquiátrica.
Pauta-se em investigar como o campo da Psiquiatria SENTIDOS DO CONSUMO DE DROGAS POR PES-
infantojuvenil vem impondo-se através da Política SOAS COM QUADROS CLÍNICOS PSIQUIÁTRICOS
Nacional de Saúde Mental corporificada nos Centros Fernanda de Sousa Vieira / Vieira, F.S. / USP;
de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), a Eduardo Augusto Leão / Leão, E.A. / USP; Clarissa
partir de um estudo de caso com foco nas ações da Mendonça Corradi-Webster / Corradi-Webster,
equipe multidisciplinar do Centro e nas pautas cien- C.M. / USP;
tíficas determinadas pelas diretrizes da Associação Introdução: O consumo de drogas por pessoas com
Brasileira de Psiquiatria (ABP) que vem ocorrendo diagnóstico de transtornos mentais tem sido muito
atualmente. O aporte teórico desta pesquisa baseia- comum, sendo considerado um desafio para manejo
-se nos conceitos sociológicos de Pierre Bourdieu e no cotidiano dos serviços de saúde mental. A litera-
sua teoria de campo-habitus que evidencia a relação tura qualitativa no campo tem buscado conhecer
da estrutura social com as ações individuais que sentidos do consumo, que tem sido comumente
constituem um campo específico, no caso de nosso associado à estratégia de automedicação diante
interesse, o campo científico. Assim, tomando a dos sintomas psiquiátricos. Objetivo: Este trabalho
Psiquiatria como movimentada e atualizada a partir tem por objetivo investigar sentidos do consumo
de disputas e alianças com campos externos a seu de drogas produzidos por pessoas com quadros
saber, temos os trabalhadores da saúde mental como clínicos psiquiátricos. Método: Pesquisa de carac-
agentes empoderados de transformar esse campo. terística qualitativa e exploratória, em que foram
Os multiprofissionais atuantes em um CAPSi sofrem entrevistadas 20 pessoas por meio de entrevistas de
ações do campo político, representado pelas leis e história de vida temática, além disso, foram anota-
Portarias que regem seus modos de lidar, e do campo das observações advindas do contato com o campo.
científico, representado pelas suas multiprofissões Os participantes são homens e mulheres usuários
relacionadas aos critérios de saúde/doença mental de serviços de saúde mental e de tratamento para o

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 384
consumo de drogas de uma cidade de médio porte a loucura e à percepção médica da doença mental,
do interior de São Paulo. Resultados:O consumo de respaldado, por sua vez, nas noções jurídicas de
drogas foi descrito por vezes como problemático, incapacidade, periculosidade e transtorno mental.
mas em outras situações não foi percebido dessa Para interagir nas esferas da vida civil, a pessoa
maneira. Os sentidos atribuídos ao consumo podiam interditada depende de um curador, e em vários
assumir função de manejo do sofrimento cotidiano, hospitais psiquiátricos é comum a prática dos
como por exemplo, relaxamento diante de tensões donos da instituição assumirem as curatelas dos
e da sensação de impotência frente às frustrações moradores internos. Em Sorocaba-SP, conhecida
cotidianas e dos sofrimentos que advinham dos como pólo manicomial, e que passa atualmente pelo
sintomas psiquiátricos. Além disso, assumiam processo de desinstitucionalização após Termo de
características de estratégia de socialização, lazer, Ajustamento de Conduta - TAC, é de conhecimento
promoção de sensações diversas que de outra manei- público que três pessoas ligadas aos manicômios
ra, segundo os entrevistados não eram possíveis de mantém a curatela de mais de 150 pessoas, a maior
serem alcançadas. Os sentidos do consumo variavam parte delas recebendo o Benefício de Prestação
não só quanto ao tipo de droga, o padrão de consumo Continuada. Em 2014, em uma reunião de acom-
e o uso de múltiplas drogas, mas também à situação panhamento, o grupo gestor do TAC fez a proposta
em que esse consumo era feito. Foi possível perce- verticalizada de que profissionais e militantes do
ber que o consumo de drogas pode ser interpretado movimento social assumissem as curatelas como
estratégia de enfrentamento dessas curatelas em
como uma prática cotidiana desenvolvida no meio
massa”. O Fórum da Luta Antimanicomial de So-
de relações interpessoais e institucionais em que os
rocaba – FLAMAS criticou duramente a sugestão
entrevistados eram costumeiramente convidados a
do grupo gestor, entendendo que estratégias desta
participar. O consumo de múltiplas drogas pareceu
natureza não apenas sobrecarregam trabalhadores e
servir como contrabalanceamento entre efeitos de-
movimento social, como não promovem a autonomia
sejados e indesejados. Conclusão: Além da estratégia
dessas pessoas, tampouco a superação do Paradigma
de automedicação, o consumo de drogas também
Tutelar. As críticas não foram bem recebidas, mas
possui significado associado ao contexto onde os
nestes momentos – quando convocado pela gestão
participantes se inserem, assumindo contornos
para uma ação bem-intencionada, mas equivocada
diversos. Considera-se que muitos dos modos dos –, o movimento deve ter muito claro seu papel e não
participantes lidarem com sintomas psiquiátricos pode deixar-se confundir com a gestão: deve manter
e sofrimentos cotidianos vêm de práticas que são seu lugar de controle social e buscar a radicalização
desenvolvidas no dia a dia e que o uso de drogas da luta antimanicomial. Ações sob o Paradigma
faz parte desse repertório, mas não se resume a ele, Tutelar não garantem o acesso pleno à cidadania,
estando ligadas ao território onde relações interpes- direitos e ao exercício da autonomia das pessoas in-
soais e institucionais se desenvolvem. terditadas; além de potencializarem abusos e explo-
rações. O Brasil é signatário da Convenção sobre os
SOROCABA PELO AVESSO: DESINSTITUCIONA- Direitos das Pessoas com Deficiência, que ingressou
LIZAÇÃO, MORTE CIVIL E PARADIGMA TUTELAR no Sistema Jurídico brasileiro com força de emenda
Thiago Marques Leão / LEÃO, Thiago Marques constitucional (Decreto 6.949/2009). Em respeito à
/ FSP/USP; Carine Sayuri Goto / GOTO, Carine Convenção, o Brasil deve criar mecanismos para que
Sayuri / UNESP; as pessoas que têm impedimentos de longo prazo de
Na Saúde Mental não raramente deparamo-nos natureza física, mental, intelectual ou sensorial”
com a interdição jurídica de pessoas por conta do (art. 1º) – nestas incluídas as chamadas pessoas com
diagnóstico. Muitas vezes, independente da autono- transtorno mental – gozem de capacidade legal em
mia subjetiva para o exercício da vida, a interdição igualdade de condições com as demais pessoas em
jurídica vem para formalizar o senso comum sobre todos os aspectos da vida” (art. 12, 2).

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 385
TRATAMENTO DE UMA PACIENTE COM ESQUI- co. Também tem cuidado adequadamente da casa e
ZOFRENIA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA de seu filho, e deseja encontrar um namorado. Tem
Michelle Barbosa / Barbosa, M. / Prefeitura Muni- consciência de que não há previsão para a suspensão
cipal de Jacareí; da medicação, mas relata que notou que desde o iní-
Embora o tratamento da esquizofrenia exija conhe- cio do tratamento não precisou ir mais ao hospital,
cimentos específicos da área da Psiquiatria, os pro- razão pela qual aceitava mantê-lo.
fissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF)
devem estar preparados para sua abordagem. Muitos UNIVERSIDADE E SOCIEDADE: DEVOLUTIVA DE
pacientes não aderem ao tratamento proposto nos PRODUÇÃO ACADÊMICA COMO ESTRATÉGIA PARA
serviços de referência em saúde mental, o que leva TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
à necessidade de intervenção por parte das equipes Kátia Liane Rodrigues Pinho / PINHO, K. L. R.
de ESF. Esse trabalho objetiva relatar o tratamento / Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira; Maria
de uma paciente portadora de transtorno psicótico Lúcia Teixeira Machado / MACHADO, M. L. T. /
grave que não aderia aos cuidados proposto pelo UFSCar;
serviço de referência, no caso o Centro de Atenção Introdução: A pesquisa de mestrado Economia so-
Psicossocial (CAPS). AF, 53 anos, possuía hipóteses lidária e a produção de cidadania na saúde mental:
diagnósticas de transtorno bipolar e esquizofrenia um estudo dos dispositivos de inclusão social pelo
em seu prontuário no CAPS. Havia sido internada trabalho no estado de São Paulo” foi defendida no
várias vezes desde a juventude e não aderia a ne- Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia
nhum tratamento via oral. Tentara matar seu pai e Sociedade da UFSCar em fevereiro de 2015 e bus-
enquanto dormia há alguns dias, dizendo que uma cou analisar as experiências de sete dispositivos
voz lhe disse que ele ia vender a sua casa. Estava do Estado de São Paulo, apontando seus principais
agressiva com a família e andava a esmo pelo bairro desafios, limites e/ou avanços. Por se tratar de
por dias seguidos. Foram tentadas visitas em domi- uma pesquisa qualitativa, provocou apontamen-
cílio, sem sucesso. Foi feito contato com o hospital tos, reflexões, sugestões para novas pesquisas e
municipal solicitando internação para estabilização políticas públicas, e também possibilitou alguns
do quadro e retorno do caso para a unidade de saúde. desdobramentos e encaminhamentos. Um deles é
A paciente retornou após três dias de internação, a continuidade da pesquisa no mesmo Programa
menos agitada, e recebeu a visita da equipe de ESF. de Pós-Graduação em nível de Doutorado e outro é
Na entrevista, disse que não queria tomar alol”, sem o processo que levou, por exemplo, à constituição
especificar porquê. Como a proposta era o uso de de um Grupo de trabalho, a ser apresentado nesse
Haldol decanoato (devido ao histórico de não adesão evento. Objetivo: Refletir sobre a realização de de-
ao tratamento por via oral), foi dito a ela que se tra- volutiva coletiva referente aos resultados de uma
tava de uma vitamina para fortalecê-la. A paciente pesquisa, aos seus sujeitos/participantes/atores e
aceitou a intervenção, e foi combinada com ela a os desdobramentos dessa ação. Método: Agenda-
realização da injeção a cada vinte dias em seu do- mento de reunião com membros dos dispositivos
micílio. A estabilização ocorreu gradualmente, com estudados na referida pesquisa qualitativa, com a
remissão dos sintomas psicóticos em dois meses. A proposta de apresentação e reflexão coletiva sobre
partir do relato da família e das entrevistas com a seus resultados. Outros dois encontros presenciais
paciente, firmou-se o diagnóstico de esquizofrenia foram realizados com os participantes. Resultados:
paranóide. Atualmente, cinco anos anos após o início Nesse período foram confeccionados dois documen-
do tratamento, a paciente encontra-se estável. Vai tos (termos de referências conceituais) que servirão
à unidade mensalmente para receber a medicação, de subsídio ao Comitê Gestor do Programa Nacional
está trabalhando para sua mãe (que encontra-se de Apoio ao Associativismo e Cooperativismo Social
enferma) e realiza acompanhamento clínico e gine- (Pronacoop Social), do qual a pesquisadora é membro
cológico regularmente. Tem apresentado demanda representando a Associação Brasileira de Saúde
para cessar tabagismo e controle de quadro asmáti- Mental (ABRASME), cujas atribuições são: planejar,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 386
coordenar, executar e monitorar as ações voltadas lios e tem como objetivo oferecer maior equidade da
ao desenvolvimento das cooperativas sociais e dos assistência. Método: Revisão bibliográfica, as bases
empreendimentos econômicos solidários sociais. de dados utilizadas foram Scielo e BvS, descritores
Além disso, foi constituído um Grupo de trabalho usados foram Visita domiciliar” e Home Care” com-
composto por trabalhadores de serviços de saúde, binados com saúde mental” e CAPS”. No Scielo foram
gestores de dispositivos de inclusão social pelo encontrados 9 artigos e utilizado 2, na BvS foram
trabalho na área da saúde mental e militantes da encontrados 73, e utilizado apenas 1, ou seja, foi
economia solidária, que está organizando uma ati- usado 3 artigos. Resultados: Os Artigos analisados
vidade para órgãos representativos do governo, na mostram fortemente algumas questões sobre a VD,
qual os dispositivos irão se apresentar com o obje- como: VDs possibilitam ao profissional entender a
tivo de apontar os limites e desafios que enfrentam forma de cuidar desenvolvida pelos familiares e nela
cotidianamente frente à tarefa de gerar trabalho e intervir (promoção e educação em saúde); facilita
renda. CONCLUSÃO: Realizar devolutivas coletivas criação de vínculo e parceria com a família; possi-
das produções acadêmicas e seus produtos aos su- bilita averiguar se o tratamento está ocorrendo de
jeitos/participantes/atores diretamente envolvidos forma adequada, se as relações e o vínculo entre os
pode se constituir em estratégia para transformação familiares são suficientemente fortes para melhorar
social, reforçando a importância e o compromisso o quadro dos sujeitos; conhecer a dinâmica familiar
da universidade com a sociedade. e compreender como ela se relaciona no seu meio.
Conhecer de fato o ambiente onde o sujeito habita
VISITA DOMICILIAR NO PROCESSO DE REABILITA- e suas condições de vida faz que o profissional
ÇÃO PSICOSSOCIAL NO SERVIÇO DO CENTRO DE desperte em si mesmo um olhar amplo e singular
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL II (CAPSII) com relação ao paciente e suas particularidades.
Magno Nunes Farias / FARIAS, M.N. / UnB - FCE; A VD é um dispositivo para reconhecer a rede de
Letícia Alcântara Ribeiro / RIBEIRO, L.A. / UnB- serviços oferecidos na organização social e assim
-FCE; poder ajudar a pensar em novas possibilidades de
Introdução: O Centro de Atenção Psicossocial II inserção. Esse procedimento é fundamental para
(CAPS II) é um serviço territorial que surge no con- oferecer novos caminhos para a intervenção, e traçar
texto de Reforma Psiquiátrica, essencialmente com novas rotas para o processo de inserção do sujeito
o papel de substituir os Hospitais Psiquiátricos, ofe- na comunidade. A VD favorece uma reavaliação e a
recendo uma atenção para o sujeito em sofrimento visão da possível evolução do paciente em seu con-
mental para se reabilitar em comunidade. Segundo texto, sendo possível identificar progressões que não
a portaria nº 336 de 2002, que o orienta, determina constavam no prontuário. Conclusões: A literatura
que serviços com essa modalidade devem oferecer afirma a constatação na prática sobre a importância
a atividade de Visita Domiciliar (VD), entre muitas da VD no processo de reabilitação Psicossocial, e
outras. A VD é uma atenção em Saúde voltada para o como instrumento fundamental para construir uma
atendimento aos sujeitos, que é prestada nos domicí- ponte entre cuidado familiar e profissional.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 387
Trabalho, Formação e Educação em Saúde
A AÇÃO COLETIVA DAS CATEGORIAS DE ENFER- sustenta a gestão da força de trabalho baseada na
MAGEM: O SUBPROLETARIADO ENTRE O EMPREGO insegurança e a assimetria de poder entre trabalha-
E A PRECARIZAÇÃO dores e direção da empresa conduz ao despotismo
Helton Saragor de Souza / SOUZA, H.S / Universi- permeado por relações arbitrárias. A autonomia do
dade de São Paulo; trabalhador é maior no setor público, sendo que o
alicerce é a estabilidade. Referente à ação coleti-
Introdução A investigação analisou a relação entre
va, o vínculo empregatício tem maior relevância
a origem social dos profissionais, os regimes de
do que a predominância feminina, pois qualquer
trabalho condicionados centralmente pelos víncu-
tentativa de mobilização nos hospitais privados e
los empregatícios e as formas de ação coletiva das
terceirizados é fortemente coibida. Outros fatores
categorias de enfermagem (enfermeiros, técnicos
tais como: histórico profissional, pessoalidade, a
e auxiliares), após a década de 1990 sob diferentes
pré-noção de submissão dificultam a ação coletiva
formas de gestão. OBJETIVOS Abordar a relação
dos trabalhadores.
entre o tipo de vínculo empregatício e a conformação
de regimes de trabalho diferenciados; Relacionar a
origem social dos profissionais através da análise
A CONSULTA COMPARTILHADA COMO AÇÃO IN-
das atividades laborais pregressas e a ação coletiva. TERPROFISSIONAL NO CONTEXTO DA APS
MÉTODOS Os meios de pesquisa consistiram nas Carla Aguiar / Aguiar, C. / OS Associação Congre-
técnicas etnográficas, nas entrevistas semiestru- gação de Santa Catarina; Marina Peduzzi / Pedu-
turadas e conversas informais. A pesquisa ocor- zzi, M. / Escola de Enfermagem da USP; Aline Ma-
reu durante o primeiro semestre do ano de 2014. ciel / Maciel, A. / Escola de Enfermagem da USP;
Escolhemos três unidades hospitalares na Região Introdução: No Brasil, a Estratégia Saúde da Família,
Metropolitana de São Paulo (RMSP), sendo essas de que tem o trabalho em equipe como um dos seus
administração pública, de gestão terceirizada por principais pilares, foi implantada com a finalidade
Organizações Sociais e Privada. RESULTADOS A de re-orientar o modelo assistencial na atenção bá-
origem social dos trabalhadores é pressuposto para sica. Com o objetivo de ampliar o escopo das ações
a compreensão das formas de ação coletiva. Depre- de saúde das equipes de saúde da família (eSF),
endemos do relato dos profissionais que a decisão foi criado o Núcleo de Apoio a Saúde da Família
de ingresso na enfermagem ocorreu pelo emprego (NASF), composto por profissionais de diferentes
formal (um avanço comparado às atividades laborais categorias que desenvolvem suas ações com base
anteriores). Esses profissionais configuram um se- no apoio matricial. O apoio matricial consiste em
tor da força de trabalho com raízes na precarização suporte assistencial e técnico-pedagógico aos pro-
de direitos e na informalização. Os profissionais fissionais que compõe eSF e tem sido considerado
apresentaram a noção difusa de que as categorias um mecanismo facilitador do trabalho interprofis-
de enfermagem seriam submissas; manifestavam sional. Objetivo: Analisar a consulta compartilhada
baixa adesão sindical. Os trabalhadores não en- entre os profissionais da eSF e equipe NASF como
caram sua relação de trabalho coletivamente, mas ação interprofissional. Metodologia: Este estudo
individualmente. Os conflitos pessoais predominam apresenta um recorte de um estudo de caso instru-
sobre os laborais. Outro aspecto de entendimento mental, realizado em uma unidade básica de saúde
é a falsa consciência de que o fato do setor ser (UBS) na região sul do município de São Paulo. Após
majoritariamente feminino significa docilidade na a aprovação pelos Comitês de Ética em Pesquisa da
ação coletiva. Conclusão Caracterizamos as rela- Escola de Enfermagem da USP e do Município, foram
ções trabalhistas como distintas nos três hospitais realizadas sessões de observação direta do trabalho
investigados. A instabilidade do regime celetista das equipes e entrevistas com 15 profissionais de

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 388
uma eSF e eNASF, com base na técnica de incidente de medicina, de 1º a 6º série no ano de 2012. Os
crítico (IC). Procedeu-se a análise te-mática dos dados foram digitados e organizados por meio de
registros e das narrativas e sua triangulação. Re- um programa computacional. Posteriormente foi
sultados: Foram identificadas atividades conjuntas selecionado aleatoriamente uma amostra de 5%
entre os profissionais do NASF e da eSF com o pre- dos estudantes para realização de grupo focal. A
domínio da consulta compartilhada, orientada por análise dos dados obtidos foi por meio da análise
duas lógicas que também fundamentam o conjunto de conteúdo. Os resultados apontaram as potencia-
das ações interprofissionais: a das necessidades de lidades da academia, nas quais observaram-se altos
saúde do usuário e a de agilidade no atendimento, ou índices de aprovação pelos estudantes quanto ao
a combinação de ambas. A consulta compartilhada preparo adequado para desenvolver o processo de
também consiste um dispositivo de apoio técnico trabalho em território definido (74,93%); reconhecer
pedagógico, pois tanto representa a extensão da as necessidades de saúde da população (77,66%);
abordagem das necessidades de saúde de usuários, realizar o atendimento com acolhimento e respon-
como a educação permanente dos envolvidos, pro- sabilização (87,61%) e desenvolver um trabalho em
movendo o aprendizado dos profissionais de modo equipe multidisciplinar (78,33). No que diz respeito
interativo e compartilhado. Conclusão: A consulta às fragilidades, apesar da satisfação de 77,66% dos
compartilhada entre profissionais da eSF e eNASF estudantes quanto as necessidades de saúde, gran-
mostra que, em conjunto, os profissionais respon- de parte deles mostraram-se insatisfeitos quanto à
dem de modo mais abrangente às necessidades abordagem destas necessidades no âmbito coletivo.
de saúde dos usuários buscando orientar a ação Outras fragilidades foram apontadas com porcenta-
interprofissional na perspectiva da integralidade. gens consideráveis: preparo insuficiente para atuar
na demanda espontânea e primeiro atendimento na
A CONTRIBUIÇÃO DO CURSO DE MEDICINA PARA urgência/emergência (32,51%); como também para
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL NA ATENÇÃO PRI- trabalhar e desenvolver ações educativas (37,46%),
MÁRIA: NA PERSPECTIVA DO ESTUDANTE de gestão (51,38%) e participação social (41,80%).
Ana Claudia Heiras de Oliveira / Oliveira, A.C.H. / Esta pesquisa possibilitou trazer maior visibilidade
Famema; Alexander Bocchi Bacco / Bacco, A.B.B. das potencialidades e limites do processo de forma-
/ Famema; Flávia Cristina Caracio / Caracio, F.C. ção na perspectiva dos discentes, para atuação junto
/ Famema; Maria Amélia Campos de Oliveira / a AB, considerando a Política Nacional de Ensino em
Oliveira, M.A.C. / USP São Paulo; Luzmarina Ap. Saúde e as Diretrizes para o SUS, bem como poderão
Doretto Braccialli / Braccialli, L.A.D. / Famema; servir de subsídios para futuras mudanças curricu-
O papel do médico na sociedade é historicamente de- lares em consonância com as Diretrizes Curriculares
terminado, sendo este responsável por identificar e Nacionais.
atuar sobre necessidades presentes na esfera psicos-
social que envolve os indivíduos. Neste contexto, a A EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL NO CONTEXTO
Atenção Primária em Saúde mostra-se fundamental DOS NÚCLEOS DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA
para a formação de profissionais médicos capazes (NASF)
de realizar um atendimento integral ao paciente José Rodrigues Freire Filho / Freire Filho, J.R. /
sustentado pelos princípios e diretrizes do Sistema Universidade de São Paulo; Aldaísa Cassanho
Único de Saúde (SUS). O objetivo deste estudo é reali- Forster / Forster, A.C. / Universidade de São Paulo;
zar uma investigação sobre a formação do estudante A pesquisa objetivou verificar princípios da Edu-
de medicina para atuação no processo de trabalho cação Interprofissional (EIP) nas estratégias de
em saúde na Atenção Básica (AB), reconhecendo formação para o trabalho em equipe no âmbito dos
as potencialidades e os desafios da graduação do Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Estu-
Curso de Medicina de uma faculdade do interior do do exploratório, qualitativo, com 21 profissionais
Estado de São Paulo. Foi aplicado um questionário componentes de equipes NASF da Microrregião de
com escala de Likert aos 323 estudantes do curso Saúde de Passos/Piumhi, MG. A coleta de dados foi

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 389
efetivada por grupos focais realizados em fevereiro da hanseníase. O trabalho em grupo realizado
de 2014. Os dados pertinentes à caracterização da pelos voluntários do Núcleo tem como objetivo de
amostra foram tratados por estatística descritiva e manter a instituição atuante. As reuniões são rea-
os depoimentos por análise de conteúdo temática. lizadas duas vezes por mês e promovem discussões
Como resultados emergiram quatro categorias de acerca da hanseníase, seus aspectos biológicos,
análise: O trabalho em equipe: conceitos e signi- históricos, sociais e culturais. Estes encontros são
ficações; Interfaces do trabalho em equipe: forças coordenados por duas enfermeiras, integrantes do
propulsoras e limitantes; Processos acadêmicos de Núcleo do MORHAN de Ribeirão Preto, e contam
formação em saúde: preparação para o trabalho em com a participação de pessoas que tiveram han-
equipe?; Processos de formação em serviço para seníase há muitos anos e outras em tratamento
o trabalho em equipe. Conclui-se que não ficaram desta doença, além de voluntários, como alunos de
evidenciados princípios da EIP nas experiências graduação e pós-graduação da EERP e também de
decorrentes dos processos de formação acadêmicos, outros cursos, incluindo a Odontologia. Descrição
já que se estruturam num modelo pedagógico que Os encontros são muito enriquecedores e sempre
fragmenta o cuidado. Depreendeu-se, ainda, que há a contribuição dos pacientes que residiram em
inexistem processos formais de educação no âmbito antigos hospitais-colônia. Estes viveram sob um
do serviço, sobretudo com vistas à aquisição de ha- modelo de discriminação social na época em que a
bilidades para o trabalho em equipe. Não obstante, hanseníase não tinha cura e nota-se o quanto as se-
as reuniões de equipe destacam-se como um meca- quelas físicas e psicológicas, deixadas pela doença,
nismo propício para o aprendizado interprofissional, ainda encontram-se presentes nestas pessoas. Os
viabilizadas a partir dos pressupostos da Educação pacientes que hoje estão realizando tratamento, ex-
Permanente em Saúde. põem seus relatos e experiências do dia a dia. A con-
vivência com esta doença milenar e seus estigmas
A EXPERIÊNCIA DE GRADUANDOS E PÓS-GRA- ainda estão presentes, tanto no ambiente familiar
DUANDOS DE ENFERMAGEM EM UM NÚCLEO DO como de trabalho, somadas ao desconhecimento dos
MORHAN aspectos biológicos e sociais pelos profissionais da
Mark Fernando da Silva Raboni / Raboni, M.F.S / saúde, o que dificulta a diminuição do preconceito.
ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRE- Lições Aprendidas Através da vivência no MORHAN
TO; Karen da Silva Santos / Santos, K.S / ESCOLA pudemos identificar vários elementos que contri-
DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO; Marcela buem significativamente para a formação de futuros
Gonçalves / Gonçalves, M / ESCOLA DE ENFER- profissionais de enfermagem. A participação de
MAGEM DE RIBEIRÃO PRETO; Clodis Maria graduandos e pós-graduandos de enfermagem tem
Tavares / Tavares, C.M / Universidade Federal de modificado a visão dos mesmos sobre a hanseníase
Alagoas; Isabela Fernandes de Aguiar Tonetto / e auxiliado na construção do aprendizado sobre a
Tonetto, I.F.A / ESCOLA DE ENFERMAGEM DE doença e também no desenvolvimento de estraté-
RIBEIRÃO PRETO; Jociele Cristina da Silva / Silva, gias de ensino e técnicas de comunicação, uma vez
J.C / ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO que nas reuniões há discussões sobre o tema com
PRETO; Eliana Maria Fernandes de Aguiar To- pacientes, familiares, profissionais e pessoas que
netto / Tonetto, E.M.F.A / Morhan Ribeirão Preto; apoiam a causa. Recomendações O foco da atenção
Terezinha Yano / Yano, T / Morhan Ribeirão Preto; de enfermagem deve ser o ser humano com um
Cinira Magali Fortuna / Fortuna, C.M / ESCOLA olhar mais integral para com o paciente hansenia-
DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO; no, sua história de vida, sua família, suas dúvidas
Caracterização do Problema O Núcleo do Movimento e questionamentos. A formação crítico-reflexiva de
de Reintegração das pessoas Atingidas pela Hanse- alunos de graduação se impõe como necessidade
níase (MORHAN) de Ribeirão Preto é um movimento para mudanças das práticas e da consolidação do
social, sem fins lucrativos que busca a eliminação Sistema Único de Saúde.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 390
A FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS PARA acerca das mudanças ocorridas na gestão de traba-
O SUS X RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM lhadores para SUS, os desafios e limites no processo
SAÚDE: REFLEXÕES INTRODUTÓRIAS de trabalho multiprofissional comprometido com
Marta Regina Farinelli / Farinelli, M.. / UFTM; Ana os princípios do SUS, bem como apontou desafios
Jecely A. P. Lima / Lima, A.J.A.P. / UFTM; Priscila para a concretização da educação permanente em
Maitara A. Ribeiro / Ribeiro, P.M.A. / UFTM; saúde. A referida pesquisa é significativa, visto que
as temáticas escolhidas neste estudo teórico, tem
INTRODUÇÃO: Este trabalho é decorrente da pri-
sido pouco exploradas em paralelo com a Residência
meira etapa da pesquisa: O impacto dos programas
Multiprofissional em Saúde.
de Residência Multiprofissional implantados No
Estado de Minas Gerais na formação de especia-
listas em saúde para o Sistema Único de Saúde”, A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO E SUA INSERÇÃO
financiada pelo CNPQ. Os programas de Residência NA SAÚDE PÚBLICA: UMA REVISÃO NARRATIVA
Multiprofissional constitui-se numa das políticas de Renata Moura da Silva Vidal / Vidal, R. M. da S. /
formação de recursos humanos para o SUS, como UFSCar; Viviane da Silva Barbosa / Barbosa, V. da
enfoque nas estratégias para a mudança do modelo S. / UFSCar;
tecnoassistencial e de atenção à saúde. OBJETIVO: O trabalho apresenta uma revisão narrativa da
Identificar e analisar a produção científica acerca literatura científica acerca do tema formação do
da temática da formação em saúde no Brasil nos psicólogo e sua inserção na saúde pública. Pelas
últimos 10 anos. MÉTODO: Na primeira aproxima- bases LILACS, SciELO e PEPsic, foram seleciona-
ção foi realizada revisão da literatura nas bases de dos artigos indexados entre 2010-2015, com texto
dados: lilacs, medline, scielo e CAPES, tendo como disponível integralmente online e em português e
descritores – educação continuada em saúde, forma- o periódico ser classificado como qualis A1 ou A2
ção continuada, recursos humanos em saúde, capa- em Psicologia. Com base nos critérios de seleção,
citação de recursos humanos em saúde, filtragem foram selecionados 12 publicações. Os tópicos mais
e idioma em português, com o recorte temporal de abordados nos artigos selecionados são referentes
2003 a 2013. A partir da leitura dos resumos foram as alterações curriculares, distanciamento da for-
definidos os trabalhos para análise. RESULTADOS: mação teórica com a prática, trabalho em equipe e
Neste trabalho serão apresentados os resultados práticas que favorecem a formação profissional. As
identificados no portal da CAPES. Com a palavra mudanças ocorridas na grade curricular dos cursos
chave educação continuada em saúde, identificaram- de psicologia, apresentam mudanças favoráveis a
-se 69 resultados. Para formação continuada, 31 formação do curso de Psicologia. Entretanto, alguns
trabalhos. Com recursos humanos em saúde, foram fatores ainda são deficitários, como a distância
79 artigos. E com capacitação de recursos humanos entre a teoria e prática. Constatou-se que ainda são
em saúde foram 15 resultados sem filtros dos quais, necessárias mudanças para que o profissional de
após a filtragem ressalta-se nenhuma produção psicologia tenha uma formação que contemple os
relacionada à Residência no quesito capacitação de princípios norteadores do SUS e possa atuar a partir
recursos humanos para a saúde. Constatou-se que deles. Por outro lado algumas práticas tem favoreci-
o termo educação na área da saúde sofre alterações do essa formação como o exemplo do Projeto Integra
em suas concepções e conceitos e a produção rela- SUS-Educação e a proposta de educação interprofis-
cionada à Residência Multiprofissional é baixa con- sional e interdisciplinar do curso de Psicologia da
siderando ser um dos eixos norteadores dos projetos Universidade Federal de São Paulo. É importante
pedagógicos. A área de recursos humanos é alvo de que essas e outras práticas sendo compartilhadas
iniciativas para viabilizar os processos da reforma com o intuito de serem implementadas também
sanitária, mas evidencia-se a necessidade de ações em outros cursos de Psicologia e que sirvam de
mais articuladas, para a efetivação do modelo de reflexão para o desenvolvimento de novas práticas
saúde, integrado, humanizado e multiprofissional. de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: formação
CONCLUSÕES: O estudo propiciou o entendimento psicologia, formação psicólogo, SUS, saúde pública.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 391
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO Franca desde 2014 e que ainda está em andamento,
OLHAR DOS GRADUANDOS DE ENFERMAGEM demonstram que o trabalho do assistente social na
Ana Lucia Batista Aranha / Aranha, A.L.B / FALC; saúde é desafiador, e um dos maiores desafios são
Raquel Nunes Jucá / Jucá, R.N / FALC; Danielle os limites tanto da instituição de trabalho, como
Freitas Alvim de Castro / Castro, D.F.A / FALC; João das políticas sociais existentes para a efetivação
Pereira Neto / Neto, J.P / FALC; dos direitos dos usuários. Objetivos: compreender o
Introdução: analisando o campo de práticas das trabalho do assistente social na saúde e as possibi-
ações educativas em saúde, consegue-se observar lidades de atuação profissional do serviço social da
uma grande variedade de modelos de educação em Santa Casa de Franca para a efetivação de direitos
saúde sob diferentes perspectivas. Nesse contexto, da população. Metodologia: Trata-se de pesquisa
é interessante perceber como é o conhecimento dos qualitativa com análise bibliográfica e documental,
futuros profissionais, que são detentores e pratican- além de entrevistas com as assistentes sociais da
tes de transmissão da continuidade dessa prática. Santa Casa de Franca. Resultados e Considerações:
Objetivo: identificar no olhar dos graduandos de Os resultados parciais apontam até o momento que
enfermagem a importância do papel do enfermeiro o trabalho do assistente social com uma postura
como educador em saúde, visto que há certa falta crítica e reflexiva, direcionado no Projeto Ético
de esclarecimento sobre o assunto. Método: revisão Político Profissional e nos princípios da Reforma
integrativa, como referência das características Sanitária Brasileira, contribui para a efetivação de
exploratório-descritivas de artigos na área da saú- direitos da população. Palavras chave: Política de
de. Conclusão: Diante da exploração dos artigos, os Saúde; Serviço Social; Direitos.
resultados mostraram que existe uma grande neces-
sidade de preparar mais o acadêmico de enfermagem A PRODUÇÃO DE ATIVIDADES COLETIVAS NUM
sobre sua visão como futuro educador em saúde, pois PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO
o modelo tradicional de educação ainda é muito fre- FORMA DE CRIAÇÃO DE PENSAMENTO E TEC-
quente, enfatiza que haja necessidade de mudanças NOLOGIA
nas práticas de ensino nas universidades, e que está Patricia Beretta Costa / Costa, P.B. / IP-USP;
seja modificada pelo sistema dialógico, proporcio- Cézar Donizetti Luquine Júnior / Luquine Jr., C.D.
nando que o graduando torne-se um profissional / IP-USP; Gabriela Milaré Camargo / Milare, G.C.
atuante, crítico e responsável pela implementação / IP-USP; Aline Costa Carrenho / Carrenho, A.C.
de práticas educativas em saúde. / IP-USP; Projeto Bandeira Científica / Projeto
Bandeira Científica / USP;
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SO- Caracterização do problema: O Projeto Bandeira
CIAL NA SAÚDE PARA A EFETIVAÇÃO DE DIREITOS Científica é uma atividade de extensão universi-
Gabriela Cristina Braga Bisco / Bisco, G. C. B. / tária que envolve diversos cursos da Universidade
Unesp Franca; Fernanda de Oliveira Sarreta / Sar- de São Paulo. Procura combinar atenção integral
reta, F. O. / Unesp Franca; à população de municípios vulneráveis do Brasil
Introdução: O SUS é organizado com os princípios com formação social, acadêmica e profissional
da universalidade, descentralização, equidade, dos alunos no campo da saúde, tendo a interdisci-
participação e integralidade, e vem enfrentado plinaridade como proposta. Dentre as atividades
desafios para sua efetivação frente o avanço das desenvolvidas pelo Projeto, há as coletivas, as quais
ideias neoliberais e do projeto privatista que desvia consistem num espaço de trabalho onde se busca
recursos que seriam utilizados no SUS para planos reconhecer, valorizar e fortalecer a criação coletiva
privados de saúde. Os estudos e reflexões propor- de novas práticas e tecnologias em Saúde. Conside-
cionados pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre ramos que a vivência em coletivo possibilita troca
Saúde, Qualidade de Vida e Relações de Trabalho de experiências, ampliando o modo de compreensão
- QUAVISSS da UNESP de Franca/SP e também o das práticas e problemáticas existentes no contexto
estágio supervisionado realizado na Santa Casa de sociocultural do município e, a partir disso, expan-

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dindo as condições para movimentação, mobilização as instituições formadoras incluam conteúdos nos
e novas construções de práticas sociais. Descrição: currículos de graduação, dando ao assunto um cará-
Esse exercício do fazer coletivo estende-se por duas ter de urgência para sua discussão no seio das esco-
vias principais: 1) em seu processo de estruturação, las. OBJETIVO: Identificar se o tema segurança do
convocando um trabalho interdisciplinar entre alu- paciente tem sido abordado nos cursos de graduação
nos de diferentes áreas do Projeto; 2) a consideração em saúde de uma universidade pública do interior do
de saberes dos munícipes para seu planejamento e estado de São Paulo. MÉTODO: Pesquisa explorató-
realização. Em 2014, foram desenvolvidas seis ativi- ria e descritiva. A população do estudo foram alunos
dades coletivas em torno das temáticas: espaços de de todos os cursos da área da saúde de uma univer-
lazer, sexualidades, gestação, álcool e drogas, os de- sidade pública do interior do estado de São Paulo.
safios dos agentes comunitários de saúde e inclusão Os alunos responderam um questionário online
escolar. Lições aprendidas: Por meio dessa prática, composto por variáveis referentes à caracterização
abre-se a possibilidade de espaços de construção e dos alunos e as questões que visavam identificar se
convergência entre os saberes dos diversos cursos os alunos tiveram contato com o tema segurança do
envolvidos. Essa integração permite a elaboração de paciente durante o curso de graduação. Resultados:
tecnologias que viabilizem o trabalho e o fortaleci- Compuseram a amostra do estudo 161 alunos de to-
mento da comunidade local. Isso pois entendemos dos os seis cursos consultados (Educação física (14);
o estabelecimento de relações verticais segundo Enfermagem (44); Fisioterapia (13); Gerontologia
regras de ações específicas, que privilegiam tipos de (23); Medicina (38); e Terapia ocupacional (29)). O
saberes e condutas também específicos, muitas ve- ano cursado pelos alunos participacipantes foram
zes deixa de lado particularidades locais, excluindo distribuidos da seguinda maneira: 1º ano (19); 2º
também o repertório teórico, técnico e assistencial ano (37); 3º ano (46); 4º ano (33); 5º ano (15); e 6º
dos sujeitos envolvidos nesses campos, acarretando ano (11). Quando questionados se o tema investigado
ao empobrecimento da nossa concepção acerca da havia sido abordado em alguma disciplina no curso,
sociedade. Recomendações: Enquanto alunos, o tra- 43% dos alunos responderam que não. O curso que
balho coletivo - tanto entre discentes quanto entre teve mais respostas não foi a Terapia ocupacional
esse grupo e populações do município - permitiu o (62%) e o que teve o menor percentual de respostas
exercício do conhecimento das Universidades. Isso negativas foi a Enfermagem (11%). Ao questionar
produz, no aluno, uma postura política mais crítica se esses alunos conheciam os 10 passos para a se-
em relação à formação e à própria atuação profis- gurança do paciente, 66% dos alunos responderam
sional, bem como à constituição da estrutura social. negativamente. O curso que teve o maior quantidade
Nesse processo, permite-se expandir as condições de de respostas negativas foi a Fisioterapia (91%) e o
movimentação, mobilização e novas construções de que teve a menor quantidade de respostas não foi
práticas sociais no município. Enfermagem (16%). Conclusão: Apesar da conheci-
da importancia do tema segurança do paciente, o
A SEGURANÇA DO PACIENTE NOS CURSOS DE estudo permitiu identificar que o ensino desse tema
GRADUAÇÃO EM SAÚDE nos cursos de graduação em saúde da universidade
Chris Mayara dos Santos Tibes / Tibes, C. M. S / estudada ainda é incipiente. Maiores esforços devem
EERP/USP; Pamela Caroline Franco de Oliveira / ser despendidos para subrir essa demanda atual.
Oliveira, P.C.F. / UFSCar; Silvia Helena Zem-Mas- Como trabalhos futuros propõe-se a criação de um
carenhas / Zem-Mascarenhas, S. H. / UFSCar; material educativo online a ser disponibilizado para
INTRODUÇÃO: Atualmente, em virtude da magni- os cursos estudados como material complementar
tude e da frequência de erros e eventos adversos, o na temática de segurança do paciente.
tema de segurança do paciente tem se destacado.
Fato que exige esforços para introdução desse conte- AÇÕES AFIRMATIVAS NO ENSINO SUPERIOR BRA-
údo ainda no processo de formação dos profissionais SILEIRO: DEZ ANOS DE PROUNI
da área da saúde. Nesse sentido, é fundamental que Patrícia Martins Montanari / Montanari, P. M.

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/ Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa pre contemplam as necessidades e interesses dos
de São Paulo; Regina Maria Giffoni Marsiglia / alunos. Conclusão: A área da saúde correspondia
Marsiglia, R. M. G. / Faculdade de Ciências Médi- a 20% do total de bolsistas Prouni em 2012, sendo
cas da Santa Casa de São Paulo; Juliana Carvalho que o curso de medicina é o que apresenta menor
Araújo Leite / Leite, J. C. A. / Faculdade de Ciências número. O campo da Educação é o que mais tem
Médicas da Santa Casa de São Paulo; pesquisado sobre o assunto, embora os estudiosos
Introdução: As políticas públicas brasileiras nas da saúde também reconheçam a importância de
últimas décadas têm adotado medidas redistributi- maior reflexão para que os princípios das ações
vas ou assistenciais contra a pobreza baseadas em afirmativas não se percam.
concepções de igualdade. Com a redemocratização
do país, começou-se a exigir uma postura mais ativa AÇÕES DE PROMOÇÃO E INCENTIVO AO ALEITA-
do Poder Público diante de questões como gênero MENTO MATERNO: EXPERIÊNCIAS ACADÊMICAS
e etnia, culminando na adoção de cotas no ensino EM SAÚDE DA MULHER
superior. Nesse processo de ampliação que começa Nayanna Cristina Ferreira de Souza / Souza, N. C.
nos anos 1990, em que assume uma característica F. / UFG/RC; Vannucia Karla de Medeiros Nóbrega
tecnológica e voltada para as necessidades de mer- / Nóbrega, V. K. M. / UFG/RC; Inaina Lara Fer-
cado, tem-se a criação de universidades federais em nandes / Fernandes, I. L. / UFG/RC; Bárbara Rosa
todo o país e novos mecanismos de ingresso, como Correia Leandro / Leandro, B. R. C. / UFG/RC; João
o PROUNI e o ENEM, que também são parte desse Mário Pessoa Júnior / Pessoa Júnior, J. M. / UFRJ;
contexto de inclusão. Objetivo: Discutir aspectos Ligia Maria Maia de Souza / Souza, L. M. M. /
das políticas de inclusão social no ensino superior, UFG/RC;
especialmente o ProUni, na formação em saúde. Me- Caracterização do problema: Entendemos que
todologia: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, a prática do aleitamento materno é baseada no
a partir do cruzamento dos unitermos: AÇÃO AFIR- aprendizado e experiências vividas pelas mulheres,
MATIVA, ENSINO SUPERIOR, INCLUSÃO SOCIAL, vinculada a fatores de ordem física, psicológica,
PROUNI. As fontes pesquisadas foram GOOGLE cultural e social, sendo reconhecida a influência dos
ACADÊMICO, SCIELO, LILACS, BVS, MEC/INEP, profissionais de saúde envolvidos nesse processo.
Folha de são Paulo, Universia e o material dessa aná- No entanto, apesar dos benefícios do aleitamento
lise consiste em: 13 artigos, publicados entre 2000 e materno (AM) e da criação de programas de incentivo
2012, sendo 2 de revisão; documentos oficiais (2011; à essa prática, observamos que o desmame precoce
2012) e notícias de jornal (2005 e 2011). Resultados: é uma realidade predominante. Por essa razão, o
De forma geral os artigos têm como base teórica os fortalecimento das ações de promoção e apoio ao
autores Verás, M. (1999); Sposati, A (2001); Martins, AM é de fundamental importância no ciclo gravídico-
JS (2002); Pochmann, M. (2003); Telles, V. (2006); -puerperal. Diante do exposto, objetivamos relatar a
Silva (2010), que são reconhecidos no campo dos experiência sobre amamentação junto as gestantes
estudos de pobreza e desigualdade social no Brasil, e puérperas acompanhadas no campo prático da
temas que dão suporte às ações afirmativas. Enten- disciplina Saúde da mulher II. Descrição: A ativi-
dem a educação como fator/articulador da inclusão dade foi realizada no alojamento conjunto de uma
social dos indivíduos mais vulneráveis no mundo do maternidade em Catalão–GO e nas Unidades Básicas
trabalho. O Prouni é identificado como uma política de Saúde em Goiandira/GO no período de 26 de abril
importante de acesso desses indivíduos ao ensino a 22 de junho de 2015. Os sujeitos envolvidos foram
superior, porém parte dos autores refere que não gestantes, puérperas e acompanhantes. Os temas
existem mecanismos ou políticas de permanência, abordados foram: aleitamento materno, cuidados
o que acarreta velhos problemas conhecidos na com o RN e orientações puerperais. Assim, na ma-
educação brasileira, como a evasão escolar. Os tipos ternidade, além da sistematização da assistência
de IES, privada ou filantrópica, definem diferentes de enfermagem junto a puérpera e RN, realizamos
tipos de isenção fiscal e rearranjos que nem sem- orientações leito a leito, com demonstração e

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avaliação da pega e posicionamento corretos. Nas Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Onli-
Unidades Básicas de Saúde utilizamos um formato ne e (SciELO). As bases eletrônicas foram acessadas
interativo de um jogo do certo ou errado sobre a através do portal da Biblioteca Virtual em Saúde
amamentação, a fim de apreendermos o conheci- (BVS). Os critérios de inclusão foram: Trabalhos es-
mento pré-existente, onde as participantes sorteiam critos na íntegra, em português, no período de 2004
afirmativas ou questionamentos seguida de discus- a 2014, que continham, pelo menos, um descritor
são sobre as assertivas, posteriormente realizamos no título e três no texto, diretamente relacionadas
as orientações necessárias. Lições aprendidas: A com as ações educativas no Pré-natal. Critérios de
importância de realizar um cuidado humanizado, exclusão: estudos anteriores a 2004; que não fosse
sistematizado e individualizado ao binômio mãe- das línguas citadas. Resultados: Foram encontrados
-filho; A relevância da temática junto ao alojamento 5 artigos, publicados entre os anos 2007 e 2011.
conjunto; A valorização do saber popular e o uso de Resultados: A educação em saúde nesses artigos
metodologias participativas nas ações de educação foi mostrada de forma prejudicada, ressaltando que
em saúde. Recomendações: Diante da experiência as ações desempenhadas pelos enfermeiros, estão
vivida, reconhecemos a relevância das ações de pro- voltadas mais para a parte biológica, sendo limitado
moção e incentivo à amamentação em todo período a possibilidades de se estabelecer uma comunicação
gravídico-puerperal. Assim, sugerimos: abordagem efetiva que possa contribuir para o entendimento
da temática nas consultas de pré-natal; formação de da mulher sobre sua condição de saúde. Conclusão:
grupos com intuito de fortalecer e apoiar gestantes Existem poucos estudos sobre a temática, e que é
e nutrizes; treinamentos e atualização sobre a temá- evidente a necessidade de investigação cientifica
tica à profissionais de saúde, em especial àqueles envolvendo as ações educativas no pré-natal.
que atuam na maternidade; garantia de um cuidado
longitudinal ao binômio mãe-filho. AÇÕES EDUCATIVAS DO ENFERMEIRO AO PACIEN-
TE DIABÉTICO
AÇÕES DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA PRÉ- Adriana Aparecida Cerqueira / Cerqueira, A.P /
-NATAL: UM ESPAÇO PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE FALC; Maria Aparecida Pimentel Silva / Silva,
leandro abade dos santos / scielo / faculdade M.A.P / FALC; Ana Lucia Batista Aranha / Aranha,
aldeia de carapicuiba; A.L.B / FALC; Danielle Freitas Alvim de Castro /
Introdução: O Pré-natal constitui um conjunto de Castro, D.F.A / FALC; João Pereira Neto / Neto, J.P
procedimentos clínicos e educativos que tem como / FALC;
objetivo promover a saúde e identificar precocemen- Introdução: ações educativas são ferramentas
te os problemas que possam colocar em risco a saúde utilizadas pelo enfermeiro para o fortalecimento
da gestante e do feto. A atenção ao pré-natal qualifi- de vínculos com os pacientes, em especial, aqueles
cada e humanizada se dá por meio da incorporação com diagnóstico de Diabetes mellitus. O DM é uma
de condutas acolhedoras e sem intervenções des- síndrome de etiologia múltipla decorrente da falta
necessárias, do fácil acesso a serviços de saúde de de insulina ou da incapacidade da insulina exercer
qualidade, com ações que integrem todos os níveis da adequadamente seus efeitos. Objetivo: identificar
atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde as ações educativas realizadas pelo enfermeiro e
da gestante e do Recém Nascido, a consulta pré-natal analisar as estratégias utilizadas como ferramen-
envolve procedimentos simples, podendo o profissio- tas para as ações educativas. Método: estudo de
nal de saúde dedicar-se a escutar as demandas da levantamento bibliográfico, por meio de uma revisão
mulher, transmitindo confiança para conduzir com integrativa da literatura. Os dados foram coletados
autonomia a gestação e o parto. Objetivo: avaliar se de artigos da Lilacs e da Scielo nos10 últimos anos,
a assistência pré-natal realizada pelos enfermeiros entre 2004 e 2014. Resultado: foram pesquisados 126
inclui ações sobre educação em saúde. Metodologia: artigos nas bases de dados citados anteriormente,
Trata-se de uma revisão sistemática nas bases de sendo selecionados 24 artigos, 5 livros com critério
dados Latino Americana e do Caribe em Ciências de de inclusão na língua portuguesa e abordagens de

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ações educativas para o DM. Destes na Lilacs foram Saúde, e requisito indispensável para estruturar os
encontrados 7 artigos, 12 na Scielo e 5 nas revistas serviços e a atenção à saúde da população. A curva
digitais, Ações educativas são como parte integrante de crescimento é visível para todos os profissio-
do cuidado de Enfermagem objetivando a constru- nais analisados, de 2001 a 2014, mas destaca-se o
ção de um saber compartilhado sobre o processo incremento da oferta de médicos em quase 40 mil
saúde-doença-cuidadopercebemos que a educação profissionais, no período. O número de enfermeiros
em saúde é fundamental para as ações preventivas quase triplicou na série analisada, em decorrência
no âmbito comunitário sobre tudo no que se refere de políticas que estimularam a formação superior
às doenças crônicas. A educação faz parte da as- para técnicos de enfermagem, ocupação de nível mé-
sistência de enfermagem, o que faz do enfermeiro dio. No geral, as tendências ascendentes devem-se
um educador em saúde permanente. Conclusão: a fatores tais como a implementação das políticas
Diante dos resultados obtidos durante a pesquisa, públicas, no Estado de São Paulo, e à expansão no
chegamos à conclusão que é de suma importância número de instituições de ensino superior, vagas e
que seja desenvolvido e implantado um trabalho de matrículas nos cursos da área da saúde. Segundo
Ações Educativas que vise a oferecer conhecimen- os dados do Sistema Informações dos Municípios
to e capacidade aos indivíduos, aperfeiçoando um Paulistas (IMP), da Fundação Seade, os coeficientes
olhar crítico sobre seu estado de saúde com base desses profissionais, calculados por mil habitantes,
na percepção de sua doença.Deste modo, a ação do registraram significativo incremento. A taxa de en-
Enfermeiro no tratamento de pacientes com DM é fermeiros, registrou acréscimo de 229%, no período,
essencial, desde a orientação, acompanhamento e enquanto os indicadores de médicos, psicólogos e
acolhimento, efetivando o constante monitoramento dentistas registraram incremento de 30%, 43% e
das atividades realizadas pelos pacientes frente à 28%, respectivamente. Essas taxas confirmam a
proposta de melhoria de sua qualidade de vida, por efetiva ampliação da oferta dos profissionais de saú-
meio da concordância e convivência com o Diabetes. de analisados, no Estado de São Paulo. Conclusão:
A dinâmica crescente do número de profissionais
AMPLIAÇÃO DA OFERTA DE PROFISSIONAIS DE registrados nos conselhos regionais está relaciona-
SAÚDE NO ESTADO DE SÃO PAULO da a alguns fatores bastante evidentes. A primeira
Irineu Francisco Barreto Junior / BARRETO JU- delas, a expansão dos serviços de atenção básica em
NIOR, Irineu Francisco / Fundação Seade; Tere- saúde e do Programa de Saúde da Família ao longo
sinha Sanae Shimabukuro Ohi / OHI, Teresinha do Estado de São Paulo, comprovada pelo incremento
Sanae Shimabukuro / Fundação Seade; de 167,2% nos enfermeiros registrados no Corem. A
Introdução: A base de dados dos conselhos regionais expansão do aparelho formador é outro fator asso-
de exercício profissional na área da saúde é impor- ciado a esta dinâmica, assim como o aumento da sua
tante fonte de registros administrativos que pode capilaridade no território do Estado de São Paulo.
auxiliar na análise da oferta de recursos humanos,
sua dinâmica de expansão e cobertura regional. ANÁLISE DE BARREIRAS E FACILITADORES DAS
Método: A Fundação Seade coleta, consiste e divulga RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS PARA A EDU-
dados dos inscritos nos conselhos regionais desde CAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE
o final da década de 1980. A partir de 2000, os da- Manoel Vieira de Miranda Neto / Miranda Neto,
dos estão disponíveis no sítio eletrônico do órgão, M.V. / Escola de Enfermagem da USP; Valéria
desagregados ao nível municipal e acompanhados Marli Leonello / Leonello, V.M. / Escola de Enfer-
dos coeficientes populacionais. Resultados: O con- magem da USP; Maria Amélia de Campos Oliveira
tingente dos principais profissionais da área da / Oliveira, M.A.C. / Escola de Enfermagem da USP;
Saúde aumentou significativamente, no Estado de Introdução: Este estudo tem como objeto a formação
São Paulo, nos últimos 14 anos. A oferta de médicos, interprofissional em programas de residência multi-
dentistas, enfermeiros e psicólogos é imprescindível profissional em saúde (PRMS) por meio da educação
para assegurar os princípios do Sistema Único de interprofissional (EIP). Objetivos: compreender as

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barreiras e facilitadores das residências multipro- APOIO INSTITUCIONAL EM PAIDÉIA: CONSTRU-
fissionais em saúde para a EIP; descrever os PRMS ÇÃO DE UMA CARTILHA COLABORATIVA
do estado de São Paulo; identificar um programa de Anna Cristina Rodopiado de Carvalho Ribeiro /
PRMS com um cenário altamente favorável para a Ribeiro, A.C.R.C. / Faculdade de Medicina de Bo-
EIP e analisar a percepção dos residentes a respeito tucatu UNESP; Bruna Pedroso Canever / Canever,
das barreiras e facilitadores desse PRMS para a EIP. B.P. / Associação Saúde da Família (ASF); Paulo
Método: Estudo exploratório, descritivo, de aborda- Fernando Capucci / Capucci, P.F. / Associação
gem qualitativa. Realizou-se a análise documental Saúde da Família (ASF); Renato Antunes Ribeiro /
de seis projetos político-pedagógicos (PPP) dos sete Ribeiro, R.A. / Faculdade de Medicina de Botucatu
PRMS oferecidos no estado de São Paulo para identi- UNESP;
ficar o mais favorável à EIP. Em seguida, realizou-se O objetivo deste trabalho é divulgar a construção de
um grupo focal com os residentes do programa sele- uma cartilha colaborativa sobre o Apoio Institucio-
cionado. O material empírico resultante da transcri- nal em Paidéia. A cartilha será apresentada no dia
ção do grupo focal foi submetido à técnica da análise do evento, já que neste momento não é possível ane-
de discurso. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de xar o arquivo. O APOIADOR NO MÉTODO PAIDEIA
Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da USP Função - criação de espaços coletivos, de interação
e obedeceu todas as recomendações da resolução inter-sujeitos, que propiciem análise de situações,
466/2012. Resultados: A análise documental revelou processos e tarefas e tomadas de decisão e correções
elementos relacionados à colaboração como finali- de rota. -Inclusão das relações de poder, de afeto e
dade do processo ensino e aprendizagem, objetivos a circulação de conhecimentos em análise, na roda,
da formação, organização didático-pedagógica, com a inserção do próprio Apoiador, explicitando o
matrizes pedagógicas, proposta curricular, adoção lugar e o modo de vinculação de cada um. -Coordena-
do modelo de competências e formatos de avalia- ção, planejamento, supervisão e avaliação de forma
ção institucional e do ensino. O material empírico a qualificar a ação institucional para o cumprimento
proveniente da transcrição do grupo focal com os de ações, para a defesa e reconstrução da própria
residentes possibilitou identificar barreiras rela- organização e para assegurar o desenvolvimento e a
cionadas as relações pessoais e interprofissionais, realização pessoal e profissional do grupo apoiado.
necessidade de apoio institucional e fragilidades na -Trabalho com metodologia dialética, a roda, que
integração ensino-serviço. Em relação aos facilitado- traga ofertas externas e que ao mesmo tempo valo-
res, destacaram-se a transformação provocada pelo rize as demandas do grupo, recolhendo demandas
apoio institucional, a reorganização do programa e do grupo e daqueles com quem ele está interagindo.
dos cenários de prática profissional e a integralidade -Construção de objetos de investimento: gostar do
como foco das práticas profissionais. A EIP mostrou- que se faz, apostar em projetos, na construção de
-se uma abordagem adequada ao contexto da RMS, novas relações de afeto e de poder. -Pensar e fazer
reorientando a formação em saúde e contribuindo junto com as pessoas e não em lugar delas -Amplia-
para fortalecer a identidade profissional, descon- ção dos espaços onde se aplica o Método Paideia.
truir estereótipos profissionais, além de favorecer Perguntar-se sempre: onde e quando é potente atuar
o reconhecimento de competências comuns e espe- de modo Paidéia? O fazer reflexivo é muitas vezes
cíficas e perceberem-se produzindo práticas inter- um modo eficaz para quebrar resistências e inse-
profissionais colaborativas, com impactos positivos guranças que o diálogo teórico jamais resolveria.
na qualidade da assistência. Conclusão: a efetivação -Autorização aos grupos e nas rodas do exercício da
da EIP no contexto da residência multiprofissional crítica-generosa e do desejo de mudanças. O QUE É O
estudada requer medidas de ajuste relacionadas à APOIO INSTITUCIONAL NO MÉTODO PAIDEIA? -Re-
sua implantação, condução e avaliação, de forma ferencial pedagógico para a formação em saúde, em
articulada entre os níveis individual, organizacional cogestão - Modo interativo, um modo que reconhece
e político. a diferença de papéis, de poder e de conhecimento,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 397
mas que procura estabelecer relações construtivas atenção à saúde, como a clínica ampliada, vínculo
entre distintos atores sociais”. (CAMPOS, 2003, e corresponsabilização. Na prática, constitui-se a
p.86) - pressupõe cogestão -Articulação dos aspectos partir dos interesses de cada território, dos gestores
políticos, pedagógicos e subjetivos que fazem parte e, principalmente, dos profissionais, não sendo pos-
da constituição dos processos de trabalho, objetivan- sível generalizar um modo predominante e comum
do a produção de bens ou serviços, mas também a de realizá-la em todo o município. Recentemente, a
produção de sujeitos e coletivos. -Pressão externa constituição dos NASF coloca outra perspectiva para
ao grupo que opera os processos de trabalho ou a execução do apoio matricial, e apresenta-se como
que recebe bens ou serviços. Quem apoia, sustenta ameaça às equipes que já desenvolvem a prática de
e empurra o outro - Integração de três dimensões: apoio matricial nas unidades básicas de saúde, nos
liberdade, cidadania, saúde, focado na capacidade de CAPS e nas Policlínicas. Conclusões: As conclusões
lidar com afetos, com saberes e com o poder. iniciais apontam o apoio matricial como uma forma
burocratizada de encaminhamento, nem sempre
APOIO MATRICIAL E A PRODUÇÃO DE PROCES- promovendo a constituição de parcerias efetivas
SOS DE TRABALHO NÃO ALIENADO EM SAÚDE: entre especialistas e profissionais da atenção básica,
PERCEPÇÕES DOS TRABALHADORES DO SUS- mantendo uma relação hierárquica e de dependên-
-CAMPINAS cia. Experiências isoladas, entretanto, mostram
que é possível o fortalecimento de autonomia e a
Daniel Goulart Rigotti / Rigotti, D.G. / UNICAMP;
constituição de corresponsabilidade no cuidado.
Daniele Sacardo Nigro / Sacardo, D.P. / UNICAMP;
Não é possível afirmar que apenas a existência da
Introdução: Desde a institucionalização do SUS,
prática de apoio matricial favoreça o trabalho não
a manutenção de práticas de gestão identificadas
alienado em saúde.
com o modelo privado, sustentadas no modelo
taylorista, produz conflitos com a proposta de um
APRIMORAMENTO PROFISSIONAL: O PAPEL DO
sistema de saúde público e de acesso universal. Tais
conflitos influenciam nas práticas dos trabalhado- ENFERMEIRO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍ-
res, impedindo o desenvolvimento da autonomia LIA NO ACOMPANHAMENTO DA RESIDÊNCIA EM
na gestão do próprio trabalho e o reconhecimento ENFERMAGEM CLÍNICO-CIRÚRGICA DO IEP/HSL
deste como parte de si. Objetivos: Compreender as Alessandra dos Santos Minervini / Minervini,
percepções de trabalhadores e gestores acerca da A.S. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio
influência do apoio matricial sobre a produção de Libanes; Diego Fabrício Edamatsu / Edamatsu,
processos de trabalho em saúde não alienados e para D.F. / Instituto de Responsabilidade Social Sirio
a ampliação da autonomia no trabalho em saúde Libanes; Patricia Mantovani / Mantovani, P. / Ins-
em Campinas, SP. Métodos: Compõem os dados tituto de Responsabilidade Social Sirio Libanes;
dessa investigação três grupos focais realizados Flávia Ferreira dos Reis / Reis, F.F. / Instituto de
com trabalhadores do SUS-Campinas matriculados Responsabilidade Social Sirio Libanes; Eny Soares
no Curso de Especialização em Apoio Matricial – Ferreira / Ferreira, E.S. / Instituto de Responsabili-
UNICAMP, além de entrevistas semiestruturadas dade Social Sirio Libanes; Juliana Marques Soares
a serem realizadas com gestores das unidades às Gomes / Gomes, J.M.S. / Instituto de Responsabili-
quais aqueles trabalhadores estão vinculados. A dade Social Sirio Libanes;
análise seguirá a metodologia da elaboração de Caracterização: aos enfermeiros da Atenção Básica
narrativas por triangulação dos dados. Observamos que atuam na assistência direta e organização dos
que a pesquisa se encontra em andamento, sendo, serviços se apresenta o desafio de acompanhar e
portanto, utilizados dados parciais para o estudo colaborar para o desenvolvimento das competências
apresentado por ora. Resultados: Como resultados profissionais de residentes em enfermagem. Torna-
preliminares, os participantes dos GF consideram -se necessário estabelecer uma estratégia onde haja
que são isoladas as experiências de apoio matricial conciliação das atividades cotidianas, manutenção
condizentes com os pressupostos das políticas de da produtividade esperada com acompanhamento

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desse grupo. Descrição: O Programa de Residência Mayara Perna Assoni / Assoni, M. P. / UFSCar;
em Enfermagem Clínico- Cirúrgica do Instituto Maria Lúcia Teixeira Machado / Machado, M.L.T.
Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa, tem por objetivo / UFSCar; Márcia Niituma Ogata / Ogata, M.N. /
formar profissionais competentes com a prática de UFSCar;
excelência, sob a ótica do desenvolvimento de compe- Introdução: O nutricionista é um profissional
tências no campo do atendimento individual e coleti- generalista e atua em todas as áreas do conheci-
vo, tendo como premissa os princípios e diretrizes do mento em que a alimentação e a nutrição sejam
Sistema Único de Saúde. Utiliza metodologia ativa de fundamentais para a promoção, manutenção e
ensino-aprendizagem e entre os cenários de prática recuperação da saúde e para prevenção de doenças
está a Unidade Básica de Saúde Nossa Senhora do de indivíduos ou grupos populacionais. De acordo
Brasil e Humaitá, na região central da cidade de São com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do
Paulo. Ao ingressar no cenário cada residente faz um Curso de Graduação em Nutrição, é preciso construir
diagnóstico local, percorrendo todos os setores do perfil acadêmico e profissional com competências,
serviço e o território. Executa com supervisão todas habilidades, conteúdos, dentro de perspectivas e
as atividades inerentes à prática do profissional abordagens contemporâneas, possibilitando atua-
enfermeiro da ESF: visita domiciliária, consulta, ção com qualidade, eficiência e resolutividade no
acolhimento, reunião de equipe, escala de enferma- Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivo: Analisar os
gem, supervisão, participação em comissões, conse- Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC) de Nutrição
lho gestor e procedimentos assistenciais junto aos de Instituições de Ensino Superior (IES) do Estado
auxiliares de enfermagem. Após diagnóstico realiza de São Paulo (SP) à luz das DCN. Método: Pesquisa
devolutiva para o enfermeiro e com priorização dos do Mestrado Profissional em Gestão da Clínica/
problemas sugere uma intervenção para organizar o UFSCar, de natureza qualitativa, junto a cursos de
processo de trabalho. Nessa etapa compete ao enfer- Nutrição das IES/SP, iniciados até a década de 1980.
meiro avaliar o diagnóstico, a intervenção proposta Nove cursos se adequaram aos critérios de inclusão,
e mediar para que haja realização do proposto. Essa sendo excluídos os não ativos em 2014. As DCN
atividade é realizada por 3 enfermeiros da ESF desde para Graduação em Nutrição e os PPC foram ana-
2012, que acompanham anualmente entre 2 a 3 resi- lisados através de matriz de categorias analíticas,
dentes. Lições Aprendidas: o êxito da passagem do dividida em dois eixos: currículo (organização do
residente depende de um processo de valorização des- curso, processo ensino-aprendizagem e processo de
sa prática por todos os profissionais do serviço, há avaliação do estudante) e perfil profissional (perfil
investimento adicional do profissional enfermeiro, geral, atenção à saúde, gestão em saúde e educação),
tanto em horas suplementares para organização de bem como foram analisados em relação à formação
atividades de ensino quanto em atualização técnica para atuação no SUS e sobre necessidades sociais de
para que o trabalho desenvolvido pelos residentes saúde. Resultados: Dos 9 cursos referidos, somente
não seja insipiente. Recomendações: que sejam es- seis disponibilizaram seus PPC, sendo que o mais
tabelecidos indicadores de acompanhamento como antigo foi implantado em 1940 e o mais recente, foi
instrumento de avaliação dos enfermeiros, revisão criado em 1988. Todos os cursos apresentam moda-
dos indicadores de produtividade em consultas para lidade presencial e atingem a carga horária mínima
os profissionais que acompanham graduandos e pós de 3200 horas, variando entre 3200 e 4060 horas e
graduandos em serviço, introdução de processo de o tempo mínimo de integralização do curso variou
aprimoramento profissional em educação para os entre 8 ou 10 semestres. A análise demonstrou ade-
profissionais da assistência. quação dos documentos, com algumas observações
em relação às formas de avaliação e maior ênfase
APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS DE PRO- às competências de atenção à saúde em detrimento
JETOS PEDAGÓGICOS À LUZ DAS DIRETRIZES das relacionadas à gestão e à educação, que foram
CURRICULARES NACIONAIS PARA A GRADUAÇÃO incorporadas aos PPC de forma superficial. Todos
EM NUTRIÇÃO os PPC analisados contemplam as necessidades

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 399
de saúde e a formação do nutricionista com ênfase Família, proporciona um cenário privilegiado para
no SUS. Conclusão: Observa-se a adequação dos a implantação efetiva das medidas necessárias ao
PPC às DCN, segundo os eixos do currículo e perfil trabalho com o desenvolvimento infantil. Conside-
profissional avaliados, destacando que se encontra rando os determinantes do desenvolvimento infan-
em andamento a análise de entrevistas com os coor- til, acredita-se que sensibilizar os profissionais de
denadores dos respectivos cursos sobre a efetivação saúde para uma maior integração, pode fortalecer
dos PPC no cotidiano do ensino-aprendizagem em a implantação de uma linha de cuidado para saúde
cenários e contextos concretos. da criança. Este estudo tem como objetivo avaliar a
efetividade de uma intervenção junto a equipes de
AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS E OS Saúde da Família, com foco no desenvolvimento in-
PROJETOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE ENFER- fantil, para melhorar as práticas voltadas à Atenção
MAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO: CONQUISTAS a Saúde da Criança na microrregião do Capão Redon-
E DESAFIOS do – São Paulo. Trata-se de um estudo de intervenção,
controlado, randomizado, com abordagem quanti-
Graciane Netto Cardoso Arruda / Arruda, G.N.C /
-qualitativa, em que um grupo de profissionais que
UFSCAR; Sueli Fatima Sampaio / Sampaio, S.F. /
UFSCAR; Fernando Teles de Arruda / Arruda, F.T. / prestam assistência a crianças, cadastradas na Es-
UFSCAR; tratégia Saúde da Família, receberá uma intervenção
e será comparado a outro grupo que não recebeu,
As Diretrizes Curriculares Nacionais 2001(DCN) tem
envolvendo 33 Equipes de Saúde da Família. Foram
um papel de proporcionar e auxiliar as Instituições
sorteadas de forma aleatória, 3 Unidades Básicas
de Ensino Superior (IES) na construção dos Projetos
de Saúde para participarem da intervenção e os
Politico-Pedagógicos (PPP), afixando autonomia
profissionais destas unidades de trabalho compo-
na sua construção, implantação e implementação.
rão o grupo intervenção. A intervenção consiste em
O estudo teve como objetivo analisar os Projetos
oferecer uma capacitação aos médicos, enfermeiros,
Político-Pedagógicos dos Cursos de Graduação de
auxiliares de enfermagem e agentes comunitários
Enfermagem das Instituições Públicas do Estado de
que prestam atendimento às crianças cadastradas
São Paulo, segundo as DCN. Para se atingir o objetivo
na Estratégia Saúde da Família. A capacitação terá
proposto foi construído e validado um instrumento
uma carga horária de 8 horas, os conteúdos serão
nomeado Matriz Comparativa”, assegurando uma
distribuídos em 3 módulos, onde os profissionais
analise das conquistas e desafios dos PPP frente
serão sensibilizados para um olhar ampliado para
às DCN de Enfermagem 2001. A presente pesquisa
Atenção à Saúde da Criança para que tenham seus
realizou analise documental dos dados constantes
conhecimentos e práticas aperfeiçoadas a fim de
no PPP. Os resultados parciais evidenciaram uma
que suas ações sejam direcionadas para a vigilân-
aproximação maior dos documentos analisados
cia do desenvolvimento infantil, garantindo maior
em relação ao perfil profissional e menor sobre o
qualidade na assistência prestada, identificando
currículo. Considera-se que nesta avaliação parcial
problemas que necessitam de ações específicas para
dos dados, as IES e seus Cursos apresentam desafio
o melhor acompanhamento e desenvolvimento de
de vincular seus currículos de forma mais implicada
crianças na primeira infância. Esta capacitação terá
com as DCN.
como produto um guia de seguimento, ou roteiro de
dispersão, para que se possa avaliar se o conteúdo
ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA: DIRECIONA-
do curso está sendo praticado pela Equipe de Saúde.
MENTO DA PRÁTICA PARA A VIGILÂNCIA DO Para esta intervenção serão adotadas metodologias
DESENVOLVIMENTO INFANTIL crítico-reflexivas que promovam não apenas a in-
Caroline Carapiá Ribas Lisboa / Lisboa, C.C.R. / corporação de novos conhecimentos, mas a trans-
CEJAM; Sonia Isoyama Venancio / Venancio, S.I. / formação da realidade local, voltada ao cuidado da
Instituto de Saúde do Estado de São Paulo; Primeira Infância. Até o presente momento, 15 das
O modelo assistencial atual, Estratégia Saúde da 18 equipes selecionadas passaram pelo primeiro e

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 400
segundo módulo de capacitação. Posteriormente ATENDIMENTO DE PRÉ-NATAL NA FORMAÇÃO
serão apresentados os resultados da avaliação pré ACADÊMICA: UMA EXPERIÊNCIA DE GRADUAN-
e pós intervenção. DOS EM ENFERMAGEM
Maria Viviane Gomes Oliveira / Oliveira, M. V. G. /
ATENÇÃO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO VIDA Universidade Federal de Goiás-RC; Michelly Souza
E MORTE Teodoro / Teodoro, M. S. / Universidade Federal
Fábio Jose Rodrigues / Rodrigues, F.J / Falc - Facul- de Goiás-RC; Yonara Vieira Silva / Silva, Y. V. /
dade da Aldeia de Carapicuiba; Janeide Honório Universidade Federal de Goiás-RC; Inaína Lara
da Silva / Silva, J.H / Falc - Faculdade da Aldeia de Fernandes / Fernandes, I. L. / Universidade Federal
Carapicuiba; Andréia Cristina Onofre da Silva / de Goiás-RC;
Silva, A.C.O. / Falc - Faculdade da Aldeia de Carapi- CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: Contemplan-
cuiba; Ana Lúcia Batista Aranha / Aranha, A.L.B. / do a disciplina de Saúde da Mulher II, do curso de
Falc - Faculdade da Aldeia de Carapicuiba; Enfermagem, os discentes desenvolveriam o Pré-
Introdução: analisando as práticas e o conhecimento -natal de baixo risco no Hospital Materno Infantil
voltado para a temática Atenção do Enfermeiro no da região do sudeste de Goiás, conforme o proposto
processo vida e morte, consegue-se observar através no Caderno de Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco
da pesquisa vigente nos artigos levantados que há do Ministério da Saúde, inicialmente a instituição
consciência de que se necessita aprofundar mais mostrou portas abertas para o desenvolvimento das
o assunto. Nesse contexto, é interessante perceber atividades. Com a adesão das gestantes e aumento
como é o saber/conhecimento dos enfermeiros e na demanda de ácido fólico e sulfato ferroso pres-
futuros profissionais, que serão detentores, propa- critos pelos discentes sob orientação da professora,
gadores e atuarão diretamente com os pacientes me- iniciou-se resistência por parte dos funcionários
diante as inúmeras situ-ações de vida e morte com da Assistência Farmacêutica do Município, que
seus agravantes e patologias. Objetivo: Identificar a acionaram a Secretaria de Saúde, e por uma ordem
produção literária sobre a atenção da enfermagem superior, os discentes não poderiam conduzir o
no pro-cesso vida e morte. Método: revisão integrati- Pré-Natal como combinado. Contudo, a docente
va, com referências das características exploratória responsável e a coordenadora de estágio do curso,
descritívas de artigos na área da saúde, no período reuniram com as autoridades para apresentar as
dos últimos 5 anos compreendendo 2010 e 2015, no Portarias que respaldam a condução do Pré-Natal
qual foram coletados entre fevereiro de 2014 a feve- pelo enfermeiro. Após a reunião, ficou acordado que
reiro de 2015. Resultados: Os mesmos mostraram agendariam para os discentes, Pré-natal de mulheres
que há uma grande necessidade de preparar mais após o 2º trimestre de gestação, porém as gestantes
o acadêmico de enfermagem no que se refere à vi- passariam ainda por consulta médica. DESCRIÇÃO:
são, compreensão e atenção nas questões da vida e As aulas práticas se iniciaram no dia 27 de abril de
morte, fato é que a mentalidade atual ainda segue 2015 e finalizaram 23 de junho de 2015. Apesar do
um modelo de arquétipos mentais e psicológicos combinado, dez dias após a reunião, os agendamen-
do pas-sado que já não servem mais. Conclusão: tos não foram feitos, os discentes tiveram que reali-
Mediante a pesquisa e estu-do dos artigos, conclui- zar busca ativa de gestantes em visitas domiciliárias
-se que há ênfase na necessidade de implantar e ou abordavam-nas na sala de espera, o que acarretou
melhorar as práticas de ensino nas universidades, consultas pouco satisfatórias em razão do curto
no qual proporcio-narão que o graduando torne-se tempo. Diante das dificuldades, a docente optou pela
um profissional atuante-consciente, pre-parado, realização da atividade em outra instituição, uma
crítico e responsável na atuação das práticas em UBS em município a 18 km de distância; notável foi
saúde e prin-cipalmente na temática da atenção da a diferença da recepção da equipe da UBS e o quanto
enfermagem na vida e morte. Descritores: Enferma- foram proveitosas as visitas realizadas, o que possi-
gem. Vida. Morte. bilitou suprir o déficit vivido anteriormente. LIÇÕES

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APRENDIDAS: Apesar das dificuldades em relação térios de avaliação utilizados nas diferentes séries
ao desenvolver o Pré-natal, atividade de competência dos dois cursos. A partir da discussão em pequenos
do enfermeiro, o pouco contato com as gestantes grupos, elaboraram uma síntese e apresentaram
proporcionou grande aprendizado para os discentes em plenária. No último encontro trabalhou-se com
e a certeza de que os serviços de saúde devem ser duas questões norteadoras: a) frente as reflexões
aprimorados continuamente. RECOMENDAÇÕES: como posso mudar minha prática de avaliação de
É de extrema importância que as instituições de atitudes do estudante? b) como posso contribuir e o
saúde incluam e apoiem os discentes de enfermagem que me motiva fazer esta mudança? Em plenária os
na condução de atividades que são/serão de sua grupos socializaram o seu trabalho e observou-se
competência, e possam colaborar com inovações do o empenho e o envolvimento dos participantes nas
trabalho em saúde, fortalecimento da Educação em estratégias propostas e na elaboração de um produ-
Saúde e Educação Permanente, contribuindo para to, o que reafirma a possibilidade de reprodução da
uma formação acadêmica diferenciada e trilhando oficina para outros grupos de professores. Finalizou-
um caminho mais acessível à Humanização. -se com a avaliação oral e escrita da oficina.

ATITUDES DE ESTUDANTES: COMO EU AVALIO? ATITUDES E PRÁTICAS DE ALUNAS DA ÁREA DA


Magali Ap. Alves de Moraes / Moraes, M.A.A. / Fa- SAÚDE FRENTE AO RISCO DE CONTAMINAÇÃO
mema; Maria Cristina Guimarães da Costa / Costa, POR HEPATITES AO FAZER AS UNHAS
M.C.G. / Famema; Silvia Franco Rocha Tonhom / Ana Lúcia Monaro Barboza / Barboza, A.L.M. /
Tonhom, S.F.R. / Famema; Cléber José Mazzoni / Unesp; Marli Teresinha Cassamassimo Duarte /
Mazzoni, C.J. / Famema; Luzmarina Ap. Doretto Duarte, M.T.C. / UNESP; Margareth Aparecida San-
Braccialli / Braccialli, L.A.D. / Famema; Márcia tini de Almeida / Almeida, M.A.S. / UNESP;
Oliveira Mayo Soares / Soares, M.O.M. / Famema; As Hepatites virais B e C representam um grande
A necessidade de aprofundamento da avaliação problema de saúde pública no mundo e no Brasil
atitudinal nos cursos de graduação em enfermagem devido às características clínicas, alta morbidade
e medicina, advém do risco da subjetividade do pro- e mortalidade. São doenças transmitidas princi-
cesso avaliativo, mesmo com critérios previamente palmente por via parenteral, através do sangue de
estabelecidos e preconizados nas Diretrizes Curricu- indivíduos contaminados. A transmissão pode-se
lares Nacionais. Somado a isso, tem-se a dificuldade dar mediante procedimentos estéticos que utilizam
do estudante e do professor de compreender como se materiais perfurocortantes como tatuagens, pier-
dá esta avaliação nos currículos com metodologias cings e material de manicure, se não tiver o devido
ativas. Para tanto foi proposto um planejamento preparo de limpeza e esterilização. O objetivo deste
conjunto entre o Grupo de Avaliação e da Educação estudo foi analisar o conhecimento sobre hepatites
Permanente que envolveu atores (professores e cola- virais e influencia da formação acadêmica nas
boradores dos serviços de saúde) que realizam o pro- atitudes e práticas de prevenção relacionadas ao
cesso avaliativo. Proposto três encontros de quatro cuidado com as unhas entre alunas de graduação da
horas semanalmente. No primeiro, foram utilizados área da saúde. Trata-se de um estudo analítico com
dois filmes como disparadores (Clube do Imperador abordagem qualitativa desenvolvido com alunas
e Monsieur Lazhar) e cada participante registrou em concluintes dos cursos de Enfermagem e Medicina
tarjetas os sentimentos e impressões despertadas. de universidade do interior paulista, no ano letivo de
Estes foram agrupados e categorizados em quatro 2013. Foram incluídas 24 alunas concluintes, sendo
núcleos de sentido: papel do professor, avaliação, 13 alunas do curso de enfermagem e 11 alunas do
limites e sentimentos. No segundo encontro foi uti- curso de medicina, convidadas, de forma aleatória,
lizada a dinâmica “do colar” para a formação de gru- com idade variando entre 21 e 27 anos. A quantidade
pos com maior diversidade possível. Cada subgrupo de alunas de cada curso a serem entrevistadas foi
recebeu material sobre avaliação atitudinal (artigos determinada pelo ponto de saturação. O conheci-
e capítulos de livros) e os formatos contendo os cri- mento teórico a respeito das Hepatites B e C foi

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incorporado ao longo da formação acadêmica, seja sendo os seguintes: Tema I: A avaliação no processo
em relação às formas de prevenção, transmissão ou de ensino e aprendizagem e Tema II: O ensino e a
mesmo na definição. Ao se aprofundar a questão do avaliação de conteúdos atitudinais. Os professores
conhecimento com as atitudes e práticas em relação referem muita dificuldade em trabalhar e avaliar os
ao cuidado com as unhas, observou-se a existência conteúdos atitudinais pois não se sentem prepara-
de uma percepção de risco em relação a frequentar dos. Conclusões: Considera-se importante a reflexão
salão/manicure pela falta de cuidados e higiene ou coletiva do grupo de professores quanto ao ensino
pelo não uso de equipamentos de proteção. Contudo, e avaliação dos conteúdos atitudinais. Para uma
observou-se na prática das alunas a presença de próxima etapa, haverá uma proposta de construção
fatores que podem contribuir para a existência de conjunta de um instrumento de avaliação, conten-
uma lacuna entre o que é correto e as necessidades do critérios de avaliação atitudinal considerados
e demandas no cotidiano. A criação de regras como importantes para a formação de profissionais de
o fazer as próprias unhas, uso do próprio material, enfermagem de nível médio.
demonstram formas de prevenção, mas a confiança
em compartilhar o material, a falta de coragem de BUSCA ATIVA E ORIENTAÇÕES SOBRE HANSENÍA-
negar empréstimo em função do laço de parentesco SE: EXPERIÊNCIA ENTRE SERVIÇO-UNIVERSIDADE
ou amizade podem levar a exposição e consequente- NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO-SP
mente aos riscos inerentes a essa prática. Para além
Mark Fernando da Silva Raboni / Raboni, M.F.S /
da formação técnica é importante que os futuros
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto; Karen
profissionais de saúde tenham espaço para abordar
da Silva Santos / Santos, K.S / Escola de Enferma-
temas difíceis, impregnados de valores, mas que gem de Ribeirão Preto; Fabiana Catani / Catani,
também são fundamentais para adoção de compor- F / SMS-RP; Maria Luiza Freires / Freires, M.L /
tamentos preventivos. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto; Regina
Abadia / Abadia, R / SMS-RP; Lis Aparecida de
AVALIAÇÃO ATITUDINAL: IMPLICAÇÕES NO Souza Neves / Neves, L.A.S / SMS-RP; Ana Nunes
PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DO / Nunes, A / SMS-RP; Vanessa dos Santos Ribeiro
PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM / Ribeiro, V.S / Escola de Enfermagem de Ribei-
Maria Aparecida Soares Viana / Viana, M.A.S. rão Preto; Angelica Tulioli / Tulioli, A / SMS-RP;
/ EERP - USP; Cinira Magalí Fortuna / Fortuna, Mercedes de Jesus de Souza Rea / Rea, M.J.S /
C.M. / ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO SMS-RP; Maria Helena Stela / Stela, M.H / SMS-
PRETO - USP; -RP; Marcela Gonçalves / Gonçalves, M / Escola
Introdução: O tema da pesquisa surgiu a partir da de Enfermagem de Ribeirão Preto; Cinira Magali
vivência na prática como docente de ensino profis- Fortuna / Fortuna, C.M / Escola de Enfermagem de
sional em enfermagem, na instituição de ensino Ribeirão Preto;
onde o estudo foi realizado. Objetivo: O objetivo Caracterização do problemaO município de Ribeirão
desta pesquisa foi analisar como têm sido realizados Preto(2013),apresentou um coeficiente de detecção
o ensino e a avaliação dos conteúdos atitudinais na de hanseníase de 9,8/100.000 habitantes com 61
formação de profissionais de enfermagem de nível casos novos, sendo 86% de casos multibacilares.
médio, em uma escola privada do interior de São Muitos são procedentes de estados endêmicos, uma
Paulo. Método: Trata-se de uma pesquisa de abor- vez que a cidade atrai migrantes de todo o país,
dagem qualitativa. Para a coleta dos dados, foram que se concentram em bolsões. Um desses bolsões
realizadas a análise documental, previamente e está localizado no distrito sul da cidade, uma área
posteriormente, e duas sessões de grupos focais invadida há anos, atualmente urbanizada, mas com
com os sete professores participantes. As reuniões condições socioeconômicas e de moradia precárias.
foram gravadas, transcritas e analisadas através da DescriçãoEm parceria com os alunos de enfermagem
Análise de Conteúdo com a modalidade de análise e membros da Liga de Hanseníase da EERP-USP,
temática e Resultados: obtiveram-se dois temas foi realizado uma atualização dos agentes comu-

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nitários de saúde (ACS) de duas Unidades Básicas Sorri: Emoções Vivi!”, baseado na fenomenologia de
de Saúde do distrito Sul com o principal objetivo de Merleau-Ponty. O projeto-piloto demandou a criação
sensibilizá-los em relação à hanseníase, de forma de apostila temática de 80 pp. e foi composto de 8
a incorporar nas atividades diárias um novo olhar aulas. O curso ocorreu no NAPS I (Santos) e reuniu
em relação à doença. A equipe de controle de veto- técnicos, familiares e usuários num mesmo espaço
res também contribui. Foi elaborado o esquema de de aprendizado e dialogia, sendo ministrado por
visitação casa a casa, com participação dos ACS, alunos e docente da Universidade durante os meses
estudantes e enfermeiras da vigilância epidemioló- de setembro a outubro de 2013. Lições Aprendidas: O
gica. Os moradores que apresentavam algum sinal curso proporcionou reflexões sobre o protagonismo
ou sintoma dermato-neurológico, sugestivo de han- dos participantes através da compreensão dos pro-
seníase, foram encaminhados para avaliação clínica cessos fenomênicos relacionados às terapêuticas
no ambulatório especializado. O trabalho de campo e saberes acerca do sofrimento psíquico, dentre
foi desenvolvido nos dois períodos (manhã e tarde) eles: percepção, sensação, atenção, juízo, campo e
entre os dias 11 a 14 de agosto de 2014. Foram visita- horizonte, relação e contato eu-outro, em uma abor-
dos 2047 imóveis, sendo que 990 estavam fechados dagem interdisciplinar entre Filosofia, Psicologia e
e neste caso, foi deixado folhetos de orientações; Saúde Mental, tematizando a fenomenologia a partir
nos demais, foi feito orientação individual a 1045 das demandas de acolhimento e cuidado, evocadas
indivíduos e triagem inicial dos sinais e sintomas de pelas vivências, interrogações e angústias dos par-
hanseníase no próprio domicílio. Destes, 46 foram ticipantes perante as atividades do equipamento de
encaminhados para avaliação clínica. Lições Apren- saúde mental. Recomendações: Verificou-se que a
didas A sensibilização da população, profissionais formação permanente é elemento central na consoli-
de saúde e estudantes em relação à hanseníase bem dação do Humaniza-SUS, na medida em que permite
como a incorporação do questionamento e divulga- a escuta dos múltiplos sujeitos atuantes na produção
ção de sinais e sintomas na rotina do ACS foi um dos de cuidado, mobilizando a reflexão crítica sobre
principais legados desta atividade; possibilitou a seus fazeres e viveres cotidianos, principalmente a
descoberta precoce dos casos, aumentando a chance respeito da temática da emergência dos sentidos na
de vínculo com o paciente e a apropriação dos casos relação intersubjetiva, constituída pelos partícipes
pela equipe. Para os estudantes que participaram da nos espaços de exercício das atividades de saúde
atividade houve um aprendizado ímpar na formação mental (CNPq).
em relação à hanseníase e a trabalhar com outras
demandas da população fazendo-os compreender a CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS NA GRADUAÇÃO
importância da intersetorialidade e a estreita rela- EM SAÚDE – REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊN-
ção entre saúde e condição de vida. Recomendações CIA DO CURSO DE OBSTETRÍCIA DA USP
Espera-se que estas e outras parcerias possam surgir Elisabete Franco Cruz / Cruz, Elizabete Franco /
entre serviço-universidade para que os casos de EACH - USP; Edemilson Antunes Campos / Cam-
hanseníase sejam diagnosticados de forma precoce pos, Edemilson Antunes / EACH - USP; Cláudia
e que ocorra divulgação de informações relacionadas Medeiros de Castro / Castro, Cláudia Medeiros /
a doença. EACH - USP; Nádia Zanon Narchi / Narchi, Nádia
Zanon / EACH - USP;
CHOREI, SORRI: EMOÇÕES VIVI! A CONSTITUIÇÃO Caracterização do Problema - No Brasil, as políticas
DA PERCEPÇÃO DO SUJEITO DA SAÚDE PARA A voltadas para atenção obstétrica e o acesso univer-
FORMAÇÃO PERMANENTE NA SAÚDE MENTAL sal à saúde proporcionado pelo SUS resultaram em
Fernando de Almeida Silveira / Silveira, F.A. / aumento da cobertura pré-natal e do acesso ao parto
UNIFESP; hospitalar. Entretanto, os indicadores relativos à
Caracterização do Problema e Descrição: Este relato saúde materna e perinatal mostraram a importân-
de experiência apresenta a elaboração e o desenvol- cia do desenvolvimento de ações para a mudança
vimento do curso de formação permanente Chorei, do modelo de atenção. A necessidade de formação

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 404
de profissionais de saúde que compartilhassem Adriana Barbieri Feliciano / Feliciano, A. B. / UFS-
um novo modelo levou a propostas de adequação Car; Andrea Fermiano / Fermiano, A. / SMS - São
dos currículos já existentes e à criação em 2005 do Carlos/SP; Luciana Nogueira Fioroni / Fioroni, L.
Curso de Obstetrícia da USP, em cujo projeto peda- N. / UFSCar; Caroline dos Santos Pereira / Pereira,
gógico os campos de saberes das ciências humanas C. S. / Denf/UFSCar; Daiane Bernardi de Assis /
e sociais têm igual valorização com o das ciências Assis, D. B. / DENF/UFSCar; Mariana Rigolon / Ri-
biológicas. Contudo, ainda há tensionamentos liga- golon, M. / DEnf/UFSCar; Ligia Helena Ferraz Lins
dos à pluralidade das concepções sobre obstetrícia / Lins, L. H. F. / DEnf/UFSCar; Nathalia Cristina
e saúde, à dificuldade do trabalho interdisciplinar do Carmo da Silva / Silva, N. C. C. / DEnf/UFSCar;
e à resistência às ciências humanas e sociais como Stefany da Silva / Silva, S. / DEnf/UFScar; Vanessa
componente igualmente relevante da formação em Pordoti / Pordoti, V. / DEnf/UFSCar; Viviane Ro-
saúde. Descrição - Disciplinas das ciências humanas dolpho de Oliveira / Oliveira, V. R. / DEnf/UFScar;
e sociais são articuladas para desenvolver a forma- Fernanda Soares Cordeiro / Cordeiro, F. S. / DPsi/
ção como processo de construção de conhecimento UFSCar; Carolina Bruschi / Bruschi, C. / DPsi/
teórico-pratico-ético-político que inclui problemati- UFSCar;
zação, reflexão, encontro com usuária(o)s, produção No Brasil, o benzodiazepínico (BZD) é a terceira
de materiais educativos, dramatizações, debates, in- classe de drogas mais prescritas, sendo utilizada
terpelações do já vivido e do instituído, entre outras por aproximadamente 4% da população hoje em
estratégias. Até o momento, foram formadas 254 dia, apesar disto, ainda se carece de informação a
Obstetrizes e temos avançado no aprimoramento respeito da utilização de BZD. Uma equipe de Saúde
do currículo de tal modo que a(o)s profissionais da Família, de um município do interior paulista,
concebam as práticas em obstetrícia como o entrela- recebeu graduandos de enfermagem e psicologia
çamento de diferentes e relevantes saberes de várias para uma atividade prática e propôs o desafio de
áreas de conhecimento, todos necessários para um caracterizar o perfil de pessoas que fazem uso de
cuidado integral das mulheres, família e comunida- BZD e que são acompanhadas pela equipe, a fim de
de. Lições Aprendidas. Observamos que um dos ga- qualificar o cuidado a estes usuários. Descrição: Por
nhos da formação é o conhecimento teórico-prático meio da técnica de estimativa rápida participativa
e a abertura para a dimensão subjetiva, social e cul- os estudantes utilizaram como etapas, a observação
tural, bem como para a reflexão sobre a alteridade na do processo de trabalho da equipe, observação do
relação profissional-usuária(o). Entretanto, temos território da USF, entrevistas com os profissionais,
que avançar na interdisciplinaridade e na reflexão entrevistas com 22 usuários identificados nesta
que possa romper as fronteiras entre os conjuntos de condição e consulta a outras fontes de informação
disciplinas e saberes. Recomendações- A experiência como dados do E-SUS. Os resultados mostraram que
que temos desenvolvido nos leva a considerar que se trata de 77% de mulheres e 23% homens. 14% dos
é importante, para uma formação que contemple entrevistados nunca frequentou a escola sendo todos
a saúde e os sujeitos de modo integral, incluir nos do sexo masculino e 55% frequentou até a 4a série
cursos de graduação em saúde os saberes das ciên- e 77% destes não trabalham. Quando questionados
cias humanas e sociais, não somente como satélites sobre o uso de outras drogas, 45% afirmaram utili-
mas, especialmente, como elementos fundamentais zar algum tipo, sendo que destes 50% usam cigarro
e constituintes. Podemos avançar teórica e concei- comum, 20% ingerem bebida alcoólica aos finais
tualmente, mas, avaliamos que o ponto no qual nos de semana, 10% ingerem bebida destilada todos os
encontramos já faz uma diferença na formação. dias e 20% fazem uso de maconha e crack. Dos en-
trevistados, 50% disse ter algum familiar envolvido
COM A VOZ OS USUÁRIOS DE BENZODIAZEPÍNI- com drogas ilícitas. 91% referem algum sofrimento
COS DO TERRITÓRIO DE UMA EQUIPE DE SAÚDE emocional, como problemas com filhos e familiares
DA FAMÍLIA: INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NA (35%), depressão, angústia e solidão (40%), traumas
PERSPECTIVA DA INTERDISCIPLINARIDADE emocionais (15%) e dificuldades financeiras (5%).

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27% fazem tratamento com psiquiatra ou psicólogo, privada do interior paulista. Um terço do conteúdo
dos quais 67% são mulheres. 14% dos entrevistados desta disciplina foi ministrado na modalidade à dis-
não fazem nenhum acompanhamento médico e tância, através do moodle, software livre, utilizado
59% são acompanhados pelo médico da USF. 45% em diversas instituições educacionais. O moodle é
dos usuários tomam o medicamento há mais de amplamente usado na educação online e permite
cinco anos e entre estes 60% fazem uso há mais uma forma não tradicional de troca e construção
de 10 anos. Lições aprendidas: o tratamento com do conhecimento. Além disso, ele requer uma par-
BZD se constituiu na principal oferta de cuidado ticipação efetiva dos diversos atores envolvidos no
que se faz a pessoas com sofrimentos emocionais processo. Lições aprendidas: A inserção de parte da
e ainda há fragilidade no acompanhamento, sendo disciplina em Educação à distância (EAD) possibi-
este um grande desafio. Aproximar as atividades de litou maior participação nas discussões de artigos
ensino de graduação das necessidades das equipes e estudos de caso pertinentes ao tema. Durante o
torna as parcerias ensino-serviço mais efetivas. período, os alunos puderam se aproximar e utilizar
Recomendações: Manter a parceria ensino-serviço a plataforma sem dificuldades. Avaliaram como po-
para além das atividades de graduação buscando sitiva essa modalidade na disciplina. A flexibilidade
fortalecer a equipe de saúde da USF na oferta de e interatividade que a EAD permite, possibilitou que
outras possibilidades de cuidado e de fortalecimento todos os alunos fossem sujeitos ativos em sua pró-
desta comunidade para enfrentar as questões do pria aprendizagem, na medida em que discutiam os
sofrimento emocional. temas nos fóruns e trocavam saberes e experiências
no ambiente virtual. Recomendações: As tecnologias
COMPARTILHANDO CONHECIMENTOS DE GESTÃO digitais permitem novos modos de discussão, cons-
EM ENFERMAGEM ATRAVÉS DE UMA DISCIPLINA trução e reconstrução do conhecimento sendo mais
NA MODALIDADE EAD aceitas e utilizadas por docentes e alunos do ensino
Ursula Marcondes Westin / Westin, U. M. / EERP/ superior. A forma com que o conteúdo é abordado no
USP; Tãnia Maria Marcondes / Marcondes, T. M. moodle e o modo pelo qual o professor-tutor conduz
/ UNICEP; Chris Mayara S. Tibes / Tibes, C.M.S. as discussões, bem como a construção do material
/ EERP/USP; Lilian Regina Carvalho / Carvalho, a ser utilizado, torna a modalidade efetiva ou não.
L. R. / UFSCar; Silvia Helena Zem-Mascarenhas / Dessa forma, o cuidado na elaboração do material e
Zem-Mascarenhas, S. H. / UFSCar; a condução de discussões pertinentes que possibi-
Caracterização do problema: A demanda por novas litem a construção do conhecimento são relevantes
formas ativas e virtuais de ensino-aprendizagem e devem ser aprendidas e compreendidas por todos
aumentou significativamente, tornando-se alta- os sujeitos envolvidos no processo.
mente eficaz em diversos contextos. A utilização
de tecnologias digitais pelos alunos permite uma COMPETÊNCIAS EM GENÉTICA DE PROFISSIONAIS
reflexão acerca da docência em novos espaços de DE NÍVEL MÉDIO E DE AGENTES COMUNITÁRIOS
interação, convivência e compartilhamento dos sa- DE SAÚDE QUE ATUAM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
beres. Neste sentido, a educação online, por meio de À SAÚDE EM SÃO CARLOS, SÃO PAULO
ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), permite Hendrick Henrique Fernandes Gramasco / Gra-
uma interatividade constante, produzindo novos masco HHF. / UFSCar; Flávia Hashizume Baptista
modos de pensar e agir e de construção do conheci- / Baptista FH. / UFSCar; Lucimar Retto da Silva de
mento, fazendo convergir saberes epistemológicos, Avó / Avó LRS. / UFSCar; Carla Maria Ramos Ger-
didáticos e tecnológicos, em que sujeitos disper- mano / Germano CMR. / UFSCar; Débora Gusmão
sos geograficamente podem se conectar e dividir Melo / Melo DG. / UFSCar;
experiências e informações. Descrição: Relato de Introdução. A Política Nacional de Atenção às Pes-
experiência a respeito da docência da disciplina Ge- soas com Doenças Raras no SUS preconiza que a
renciamento aplicado a enfermagem I”, do curso de Atenção Primária à Saúde (APS) é responsável pela
Bacharelado em Enfermagem, de uma universidade coordenação do cuidado e seguimento de pacientes

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com doença genética e/ou defeito congênito sob sua COMPREENSÃO DE ALUNOS DO CURSO DE GRA-
responsabilidade. Atribuições específicas da APS DUAÇÃO EM ENFERMAGEM SOBRE SEGURANÇA
incluem mapeamento de pessoas com ou sob risco DO PACIENTE
de desenvolver doenças genéticas, educação com ob- Chris Mayara dos Santos Tibes / Tibes, CMS /
jetivos de prevenção, e seguimento após diagnóstico EERP/USP; Pamela Caroline Franco de Oliveira /
e aconselhamento genético. Objetivos. Esse estudo Oliveira, PCF / UFSCar; Silvia Helena Zem-Masca-
analisou competências em genética de profissio- renhas / Zem-Mascarenhas, SH / UFSCar;
nais de saúde que atuam na APS em São Carlos, SP.
Introdução: para profissionais da saúde o erro os
Método. Estudo descritivo, previamente aprovado
afeta negativamente, pois são formados nos princí-
pelo Comitê de Ética, no qual profissionais de nível
pios éticos e morais para não causarem danos aos
médio e agentes comunitários de saúde responde-
pacientes. Os profissionais de saúde não são pre-
ram questionário com 10 perguntas, desenvolvido
parados para lidar com erros e com os sentimentos
com base nas Competências essenciais em genética
desagradáveis advindos destes. Diante da ocorrência
para profissionais da saúde” estabelecidas pela Na- de um erro, a conduta adequada do profissional é
tional Coalition for Health Professional Education imprescindível na prevenção de complicações do
in Genetics”. Foi realizada estatística descritiva dos mesmo. Objetivo: identificar a compreensão de alu-
dados. Resultados. Participaram 52 profissionais (12 nos do curso de enfermagem de uma universidade
auxiliares e 8 técnicos de enfermagem, 5 auxiliares pública do interior do estado de São Paulo sobre
de saúde bucal e 27 agentes comunitários de saúde), segurança do paciente. Método: pesquisa prospec-
92,3% do sexo feminino e 21,1% com ensino superior. tiva e exploratória. A população do estudo foram
Em relação aos conhecimentos, houve equívocos nos alunos de todos os anos do curso de enfermagem
conceitos “genético” e “hereditário”. Além disso, de uma universidade pública do interior do estado
75% caracterizaram um doença hereditária como de São Paulo. O instrumento de coleta de dados foi
sendo transmitida ao longo das gerações, mas ape- composto por variáveis referentes à caracterização
nas 21,1% concordaram que a transmissão poderia dos alunos e assertivas referentes a aspectos atitu-
ser por ambos os pais, ou somente pelo pai ou mãe. dinais e conceituais sobre segurança do paciente.
Quanto à prevenção de defeitos congênitos, 100% Resultados: compuseram a amostra do estudo 44
valorizaram o pré-natal e 92,6% consideraram im- alunos (quatro – 1º ano, quinze – 2º ano, nove – 3º ano,
portante abstenção total de álcool. Cerca de 92,3% nove – 4º ano e sete – 5º ano). Quando questionados
reconheceram que a triagem neonatal identifica se o tema investigado havia sido abordado no curso,
doenças congênitas e que resultados alterados as respostas negativas foram: quatro alunos do 1º
exigem intervenção precoce, mas 13,5% considera- ano e um aluno do 4º ano. Ao questionar se conhe-
ram possível diagnosticar síndrome de Down pelo ciam os 10 passos para a segurança do paciente, as
rastreio. Numa história familiar, 94,2% valorizaram respostas negativas foram: três alunos do 1º, três
a distribuição da doença ao longo das gerações, alunos do 2º e um aluno do 4º ano de enfermagem.
88,5% consanguinidade, 50% presença de aborto Das afirmativas referentes a aspectos atitudinais
espontâneo e 78,8% reconheceram que existem fa- e conceituais pode-se destacar: Cometer erros na
mílias com risco aumentado para cânceres. Quanto área da saúde é inevitável, os alunos que concor-
às habilidades, 92,4% reconheceram dismorfias dam ou concordam fortemente somaram oito (18%)
faciais e 63,5% demonstraram predisposição para e 30 (68%) discordam ou discordam fortemente. A
reunir informações familiares. Do ponto de vista maior parte dos alunos (75%) afirmam comunicar ao
atitudinal, 65,4% consideraram importante aborda- professor sobre a presença de condições favoráveis
gem interdisciplinar e 34,6% revelaram capacidade a ocorrência de erros no campo de estágio e 70%
para individualizar o paciente e suas necessidades. dos alunos afirmam comunicar ao professor sobre
Conclusão. Esses resultados podem contribuir para a ocorrência de um erro. Observou-se uma maior
educação permanente de profissionais da APS, cola- variação frente a assertiva Alunos comprometidos
borando para inclusão da genética no SUS. não cometem erros que causam danos aos pacientes,

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10 (23%) concordam ou concordam fortemente, 18 de duração, semanalmente, com carga horária de
(41%) não opinaram e 16 (36%) discordam ou dis- 24 horas. LIÇÕES APRENDIDAS: Aprofundamento
cordam fortemente. Conclusão: os alunos em sua em CNV oferecido pela UNILUZ em Nazaré Paulista
maioria afirmaram ter familiaridade com o tema e com o mesmo professor do Curso Básico em CNV
é possível identificar que estes compreendem sobre oferecido pelo CETS. Estudo de outros autores para
à possibilidade da prevenção das ocorrências dos complementação e entendimento das ferramentas
erros na área da saúde. No entanto, ainda é neces- de Comunicação Não Violenta. Essa experiência
sário mais discussões sobre o tema para que esses proporcionou um espaço de escuta e criatividade aos
alunos aprendam a lidar com situações de erros em trabalhadores de saúde. Os resultados tem sido a mu-
sua prática profissional. dança de postura dos trabalhadores e de processos
de trabalho, tornando os serviços mais acolhedores e
COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA: UMA ESTRATÉ- humanizados. RECOMENDAÇÕES: A CNV é uma for-
GIA PARA CULTURA DE PAZ EM SAÚDE ma sistematizada para o enfrentamento de conflitos,
Marcia Helena Amaral / Amaral,M.H. / PREFEI- desenvolvimento de parcerias e compartilhamento
TURA MUNICIPAL DE CAMPINAS; Doris Costa de poder. É um conhecimento para qualificar as
Gouveia / Gouveia, D.C. / PREFEITURA MUNICI- relações com os usuários, trabalhadores e gestores,
PAL DE CAMPINAS; Merian Munhoz / Munhoz, M. e enfrentar a violência institucional. Sua prática é
/ PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS; uma potente estratégia para o fortalecimento das
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA A Secretaria relações dentro dos serviços de saúde, e manejo de
Municipal de Saúde (SMS) de Campinas, desde conflitos entre os diversos atores, humanizando as
o início dos anos 2000 tem buscado desenvolver relações, e consequente qualificando a assistência
ações de mobilização de trabalhadores e gestores aos usuários do SUS.
em prol da defesa da Não Violência e Cultura de Paz.
Constituído um Núcleo de Prevenção de Violências e COMUNIDADES DE PRÁTICA EM SAÚDE MENTAL:
Acidentes e Promoção da Saúde – NPVAPS. Que tem, REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA
entre outros, o objetivo de tornar a Não Violência e Eliane Nascimento Fantinatti / FANTINATTI, E. N.
Cultura de Paz uma política institucional no municí- / UFSCar; Taís Quevedo Marcolino / MARCOLINO,
pio. Em conjunto com o Centro de Educação dos Tra- T. Q. / UFSCar; Alana de Paiva Nogueira Fornereto
balhadores da Saúde – CETS contratou o instrutor Gozzi / GOZZI, A. P. N. F. / UFSCar;
Sven F. Archangelo, credenciado internacionalmente A Comunidade de Prática (CoP) é um referencial
em Comunicação Não Violenta (CNV), teoria de teórico-metodológico que se desenvolve a partir do
Marshall Rosenberg, desenvolvida na década de 60 engajamento mútuo de um grupo que possui um ou
nos Estados Unidos. Que no período de11/2012 a 03/ mais interesses comuns em processos de negociação
2013 realizou o módulo básico em CNV e Mediação de conhecimentos, informações, modos de fazer,
de Conflitos, formando 47 servidores, onde, alguns, buscando a construção de novos sentidos e novas
mobilizaram-se para multiplicar essas ferramentas, formas de participação em uma prática. O presente
realizando oficinas e sensibilização. DESCRIÇÃO: trabalho tem como objetivo discutir o uso deste re-
Uma experiência iniciada em 2015. A primeira turma ferencial no contexto de serviços no campo da Saúde
do Curso de Introdução à Comunicação Não Violenta, Mental. Realizou-se Revisão Sistemática de Literatu-
realizado em parceria com o CETS. Ocorreu de 14/05 ra no Portal de Periódicos da Capes e na Biblioteca
a 25/06/2015, com a participação de 21 trabalhadores Virtual em Saúde com os descritores: community of
de diversas categorias profissional, de diferentes practice AND mental health. Foram encontrados 19
unidades de saúde do município. Está ancorado nas artigos, e 9 foram selecionados para análise nesta
metodologias ativas de aprendizagem, trabalhan- pesquisa. Seis artigos eram provenientes de peri-
do em roda, mesclada com vivências, objetivando ódicos da área de Saúde Mental, 2 da Saúde e 1 da
trabalhar emoções e sentimentos. Organizado em Educação. A CoP foi utilizada para: 1. obter melhoria
06 (seis) oficinas teórico/ vivenciais, com 4 horas nos serviços oferecidos à população; 2. propiciar

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capacitação com especialistas e experts; e 3. imple- serviço, educação continuada e educação permanen-
mentar ou sistematizar métodos de trabalho. A CoP te; disponível no domínio público com texto comple-
foi considerada como um referencial efetivo para to, publicado em língua portuguesa e que tivesse
todas as proposições supracitadas. Alguns artigos relação com a saúde. A coleta de dados aconteceu no
indicaram dificuldades para o desenvolvimento da mês de agosto e setembro de 2014. A amostra para
CoP: falta de recursos financeiros para organização análise contou com 12 textos científicos, nos crité-
de encontros presenciais e convite a palestrantes; rios de autenticidade, qualidade metodológica, e a
a frustração de alguns membros com as temáticas importância das informações e representatividade
propostas; conflitos grupais, entre outros. As poten- para a questão de pesquisa. Resultados: Os estudos
cialidades indicadas abarcam a capacidade desse re- evidenciam que a educação em serviço é um conjun-
ferencial para o engajamento real dos participantes; to de práticas educacionais planejadas com a finali-
a facilidade de ser organizada por meios virtuais, dade de ajudar o funcionário a atuar mais efetiva e
potencializando sua ação na educação permanente eficazmente, para atingir diretamente os objetivos
de profissionais que não possuem fácil acesso a da instituição. Em relação à educação continuada,
especialistas, embora realizem práticas complexas essa deve envolver as atividades de ensino após a
no cuidado em Saúde Mental; a característica de graduação, possui duração definida e utiliza meto-
poder reunir profissionais, pacientes e familiares dologia tradicional que visa aumentar ou melhorar a
em um espaço único de aprendizagem, favorecendo competência profissional, para que seja compatível
a adesão ao tratamento e o melhor planejamento com o desenvolvimento de suas responsabilidades
do mesmo a partir da compreensão mais ampla do no ambiente de trabalho. Para a educação perma-
contexto de atuação. nente seu objeto de transformação é o processo de
trabalho, pois orienta para a melhor qualidade dos
CONCEITOS E IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DA EDUCA- serviços e para a equidade no cuidado e no acesso
ÇÃO EM SERVIÇO, CONTINUADA E PERMANENTE aos serviços de saúde. Parte, portanto, da reflexão
EM SAÚDE sobre o que está acontecendo no serviço e sobre o
Ronayane Liticia da Silva Quinteiro / QUINTEIRO, que precisa ser transformado. Conclusão: O impac-
R.L.S. / UNEMAT; Priscila Correa da Luz / LUZ, to resultante da inserção da educação permanente
P.C.L. / UNEMAT; Noabia Cristina Rodrigues Mar- no cenário da educação do profissional de saúde é
ca / MARCA, C.R. / UNEMAT; Thalise Yuri Hattori / visto de forma positiva, pois torna o profissional
HATTORI, T.Y. / UNEMAT; Larissa Marchi Zaniolo critico reflexivo sobre suas ações, fazendo com que
/ ZANIOLO, L.M. / UNEMAT; Josué Souza Gleriano o mesmo conheça a situação e compreenda que está
/ GLERIANO, J.S. / UNEMAT; ligado diretamente à situação, tornando capaz de
Introdução: A constante evolução técnica e cientifica criar estratégias de soluções que são permeáveis ao
na área da saúde cobra dos profissionais o aprimo- alcance de metas ou de indicadores para o serviço
ramento de seu conhecimento para que possam de qualidade.
atender as responsabilidades da sua função. Neste
contexto surgiram contextualizações da forma de CONCEPÇÕES ACERCA DO APOIO MATRICIAL E DO
proporcionar formação a esses profissionais, sendo NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA
amplamente discutido nos dias atuais. Objetivo: Patrícia Martins Montanari / Montanari, P.M. /
Apresentar os conceitos de educação em serviço, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
continuada e permanente em saúde. Metodologia: São Paulo; Marina Peduzzi / Peduzzi, M. / Escola
Tratou-se de uma pesquisa descritiva por meio de re- de Enfermagem da USP; Carla Aguiar / Aguiar, C. /
visão da literatura através de publicações científicas OS Associação da Congregação de Santa Catarina;
no período 2003 a 2014, acessando a base de dados Aline Maciel / Maciel, A. / Escola de Enfermagem
BIREME e SciELO, todas as fontes, como critérios da USP;
pré-estabelecidos de inclusão: presença no resumo Introdução: O Núcleo de Apoio a Saúde da Famí-
de ao menos uma das palavras chave: educação em lia, o NASF, foi criado em 2008 como mecanismo

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facilitador da integração das diversas práticas de CONCEPÇÕES DA POLÍTICA NACIONAL DE HU-
saúde, em especial as da equipe saúde da família MANIZAÇÃO DE TRABALHADORES EM SAÚDE DA
(esf) e as demais equipes e profissionais da Aten- FAMÍLIA DE MUNICÍPIO DO NORDESTE DO PAÍS
ção Primária (APS). Composta por profissionais de Paula Regina Tavares Vieira / Vieira, P.R.T. /
diversas áreas, as ações da equipe NASF (eNASF) UFSCar; Márcia Niituma Ogata / Ogata, M.N. /
tem como norteador o apoio matricial ou matricia- UFSCar;
mento que se caracteriza como suporte assistencial
Introdução: Com a criação do SUS na Constituição
e técnico-pedagógico de profissionais especialistas
de 1988 um novo modelo de atenção à saúde foi
aos componentes da eSF e tem sido considerado um
instituído. Para que possa atender de forma integral
potente dispositivo de reorganização do trabalho in-
à população, são necessárias políticas de saúde
terprofissional em saúde. Objetivo: Compreender os
fortes e participativas. Assim, a demanda por um
conceitos que orientam o entendimento e a prática
cuidado integral humanizado e menos fragmentador
do apoio matricial dos diversos profissionais na APS.
emergiu e a PNH ocupou o lugar de política trans-
Metodologia: Trata-se de um estudo bibliográfico,
versal envolvendo os sujeitos nesse processo cuidar.
que considerou as produções do período de 2008 a
Objetivos: analisar as concepções de trabalhadores
2013. Foram identificados artigos, teses, monogra-
de Saúde da Família da PNH, a presença de seus
fias, trabalhos apresentados em congressos na área
dispositivos no trabalho e as percepções quanto
de saúde que discutem as características, objetivos
ao cuidado em saúde a partir da implementação
e alcance das ações do NASF. Resultados: O material
desses dispositivos. Métodos: estudo qualitativo
foi analisado e classificado de acordo com algumas
de abordagem exploratória analítica, realizado em
categorias recorrentes: histórico do NASF, princi-
unidades de saúde da Estratégia de Saúde da Família
pais ferramentas utilizadas, a integralidade nessas
num município da região nordeste do país, tendo
ações, práticas colaborativas e interprofissionais,
como sujeitos de pesquisa os trabalhadores que
com destaque para as ações de matriciamento em
atuavam em 13 USF. Utilizou-se para coleta de dados
todos os tipos de publicação pesquisados. Sobre o
o grupo focal e, após a aprovação do CEP/UFSCar e
histórico, os trabalhos se baseiam nos documentos
assinatura do TCLE, os encontros foram gravados e
oficiais e nas experiências locais de implantação e
transcritos. Resultados: após a sistematização dos
nesse sentido é interessante perceber as regionali-
dados no software ALCESTE, apontou-se 416 UCE,
dades e como o compromisso da municipalidade é
divididas em duas classes assim denominadas:
fundamental para a efetivação dessa Estratégia. No
Classe 1 - Conhecimento e identificação da PNH e
cotidiano da atenção em saúde, o apoio matricial se
seus dispositivos no cotidiano dos trabalhadores de
traduz em consultas compartilhadas e em discussão
saúde e Classe 2 - Humanização do cuidado em saúde
de casos em fóruns específicos, como em reuniões
X desumanização do trabalho em saúde. Os sujeitos
de equipe e também em discussões informais, entre
referem um contato superficial com a PNH, a falta
os profissionais da eSF e eNASF. Cada categoria pro-
de formação adequada repercute negativamente no
fissional apresenta seu entendimento e seu escopo
andamento das atividades. Há a necessidade de qua-
de ação no âmbito da eNASF que remete à interpro-
lificar o serviço para a PNH. Ocorre uma descrença
fissionalidade. Os campos da Educação Física e da
no trabalho da gestão, o processo de integração entre
Saúde Mental são os mais destacados, pela grande
as equipes está prejudicado, reconhecendo o adoe-
inserção dos profissionais no primeiro caso, e pela
cimento físico quando o cuidado de forma integral
falta e dificuldade de trabalhar no segundo caso.
não se faz recíproco. Conclusões: Os trabalhadores
Conclusão: O apoio matricial tem sido entendido
ainda não tem clareza sobre como implementar os
como fundamental para a efetivação da integralida-
dispositivos da PNH no processo de trabalho, identi-
de das ações e para a formação de redes de atenção,
ficam alguns movimentos no sentido do acolhimento
em que pese ainda o desconhecimento ou a dificul-
e do apoio institucional, apreendendo os sentidos de
dade de entendimento de alguns profissionais.
humanizar e da própria política de saúde como meio

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de cuidado integral. A articulação entre os gestores de Medicina. A maioria dos alunos soube responder
e os trabalhadores deve ser mais efetiva. A PNH corretamente sobre o agente etiológico (88,9%);
pode e deve ser utilizada nesse processo provocando diagnóstico (74,04%); sinais e sintomas (100%);
discussões e reflexões em novos modos de cuidar, duração do tratamento (74,0%) e vacinação (59,3%).
propondo modificações nos ambientes das equipes, Todavia a maioria não respondeu satisfatoriamente
exercendo explicitamente o direito à saúde de forma sobre multirresistência (96,2%); meio de transmissão
qualificada e ativa.ercendo explicitamente o direito (62%), interrupção da transmissibilidade (92,6%)
à saúde de forma qualificada e ativa. e medicamentos utilizados no tratamento (59,3%).
Ao serem questionados sobre o conhecimento
CONHECIMENTO DOS ACADÊMICOS DE MEDICINA transmitido acerca da TB no seu curso, alguns rela-
SOBRE TUBERCULOSE EM UMA UNIVERSIDADE tos refletiram descontentamento (A6:Acho que seu
PUBLICA DO ESTADO DO AMAZONAS ensino na faculdade deveria ser mais enfatizado/
Amélia Nunes Sicsú / Sicsu, A.N. / EERP/UEA/ A7: Acho bom, porem deveria ser melhor explorado/
FAPEAM; Adailson Antônio de Souza Silva / Silva, A8: Os professores deveriam ter direcionado mais a
A.A.S / UEA/FAPEAM; Marcos Fonseca Barbosa nossa atenção em relação a este assunto/A11: Pouco
/ Barbosa, M.F. / UEA; Ana Paula de Carvalho discutido/ A12: Básico e dada pouca importância/
Portela / Portela, A.P.C. / UEA; Fernando Mitano A17:Deve ser abordado em outras disciplinas/ A18:
/ Mitano, F. / EERP; Luciana de Oliveira Souza / Foi transmitido superficialmente / A21: foi insufi-
Souza, L.O. / EERP; Pedro Fredemir Palha / Palha, ciente). Conclusão: Conclui-se que apesar de possuir
P.F. / EERP; conhecimento na maioria dos aspectos relacionados
Introdução: A concretização do conhecimento teórico a TB, os acadêmicos demonstraram não possui in-
da tuberculose (TB) deve ser trabalhada para que pos- formações em aspectos de grande importância para
sa viabilizar a correta atitude frente ao atendimento atuação no controle da tuberculose.
ao paciente. É importante ressaltar que os profis-
sionais de saúde necessitam estar embasados com CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE GRA-
conhecimentos e artifícios sólidos adquiridos no de- DUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE SOBRE A
correr de sua graduação, para argumentarem de uma TUBERCULOSE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA
maneira clara acerca da importância da busca ativa, LITERATURA
de diagnósticos precoces e precisos, da continuidade Keyla Ponciano Ornella / Ornella, K.P. / EERP-
e conclusão do tratamento da TB. Objetivo: Analisar -USP; Amélia Nunes Sicsú / Sicsú, A.N. / EERP-
o conhecimento dos acadêmicos de Medicina sobre -USP; Ana Carolina Scarpel Moncaio / Moncaio,
TB de uma Instituição Pública de Ensino Superior A.C.S. / EERP-USP; Pedro Fredemir Palha / Palha,
do Estado do Amazonas. Métodos: Trata-se de um P.F. / EERP-USP;
estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética Introdução:Há uma crescente preocupação com
e Pesquisa com Seres Humanos da universidade do a educação e a competência dos profissionais de
Estado do Amazonas, CAAE n. 26192114000005016. saúde para lidar com questões especializadas
Os participantes do estudo foram alunos do curso de inerentes a tuberculose. Para que os profissionais
Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde de saúde ofereçam uma assistência qualificada
(ESA), Universidade do Estado do Amazonas (UEA). aos pacientes com TB, é necessário que tenham
A avaliação do conhecimento foi realizada por meio adquirido conhecimentos durante a sua formação.
de um instrumento com perguntas sobre os vários Objetivo:Identificar as produções científicas dos
aspectos da tuberculose (etiologia, transmissão, conhecimentos sobre Tuberculose de alunos de
diagnóstico, tratamento, prevenção). Os dados fo- graduação em Ciências da Saúde e categorizar
ram analisados por meio da Analise de conteúdo de os enfoques utilizados pelos autores para avaliar
Bardin. Foi atribuída a letra A (acadêmico) seguida esse conhecimento.Método:Trata-se de uma Revi-
de um número para apresentar os participantes. são Integrativa da Literatura, realizada nas bases
Resultados: Participaram do estudo 27 acadêmicos de dados LILACS e MEDLINE. Para a seleção dos

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estudos, foram utilizadas as bases de dados Litera- Introdução: O conhecimento referente às etapas
tura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da da aquisição e desenvolvimento da linguagem da
Saúde (LILACS) e Medical Literature Analyses and criança pelos profissionais da Equipe Estratégia
Retrieval Sistema online (MEDLINE) via Nacional Saúde da Família favorece nas ações de cuidados à
Library of Medicine (PUBMED). Utilizou-se descri- atenção integral à saúde da criança. O objetivo do
tores controlados (nos idiomas inglês/ português) estudo foi investigar o conhecimento que os médicos
indexados nas bases de dados desta revisão. Os des- e enfermeiros da Equipe Estratégia Saúde da Família
critores utilizados foram: Tuberculose, Estudantes têm sobre aquisição e desenvolvimento da lingua-
de Enfermagem, Estudantes de Ciências da Saúde, gem infantil nos primeiros anos de vida. Métodos:
Estudantes de Medicina, Estudantes de Odontologia, desenvolveu-se um estudo de corte qualitativo me-
Estudantes de Farmácia, Pré-médicos, Estudantes diante entrevistas semiestruturadas, numa amostra
de Saúde Pública, Conhecimentos, Conhecimentos, intencional de 16 médicos e 11 enfermeiros das Equi-
atitudes e prática em saúde, Ensino, Educação em pes Estratégia Saúde da Família do Distrito Oeste
Saúde, Educação, Ensino Superior, Instituições do Município de Ribeirão Preto, SP. Empregou-se a
de Ensino Superior e seus respectivos termos em técnica da análise temática de discurso utilizando-
inglês. Foram definidos os seguintes critérios de -se três figuras metodológicas: a Ideia Central, as
inclusão: artigos disponíveis na integra nos idiomas Expressões-chave e o Discurso do Sujeito Coletivo.
português, inglês e espanhol; com resumos disponí- O projeto foi aprovado pelo comitê de Ética em Pes-
veis nas bases de dados; artigos originais; artigos quisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
publicados nos últimos 10 anos (2004-2014) e que da Universidade de São Paulo (Protocolo 814.516).
respondesse a questão proposta para este estudo. A Resultados: As ideias centrais presentes no discurso
revisão foi constituída por 8 artigos.Resultados:Os foram: conhece algum marcos do desenvolvimento
resultados evidenciaram escassez de estudos sobre da linguagem da criança; o desenvolvimento da
conhecimentos dos estudantes da área de saúde linguagem está relacionado com a integralidade
sobre a tuberculose, restringindo as publicações da audição e o estímulo do meio; sabe muito pouco.
principalmente aos estudantes de Medicina e Enfer- Conclusões: os profissionais da saúde apresentaram
magem. Os enfoques de atenção dos pesquisadores conhecimento pouco aprofundado sobre o assunto
para avaliar o conhecimento dos estudantes foram: abordado. Formas de ampliar o conhecimento dos
Mecanismos de transmissão, Medidas preventivas, profissionais da Equipe Estratégia Saúde da Família
Diagnóstico, Tratamento e Quadro clínico. O nível de sobre aquisição e desenvolvimento da linguagem
conhecimento foi considerado insuficiente para as infantil devem ser implementadas por meio da
categorias medidas preventivas, tratamento, diag- educação permanente e com a interdisciplinaridade
nóstico e quadro clínico e satisfatório em relação à entre a área da Fonoaudiologia.
transmissão. Conclusão:Conclui-se que existe uma
lacuna no conhecimento dos estudantes da área de CONHECIMENTO SOBRE TUBERCULOSE E PREVA-
saúde sobre a tuberculose, e que o ensino nas univer- LÊNCIA DA INFECÇÃO EM ESTUDANTES DE ENFER-
sidades de ciências da saúde precisa ser fortalecido. MAGEM DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E
DA SAÚDE DA PUC-SP
CONHECIMENTO DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS Raíssa de Campos / Campos, R. / PUC/SP; Raquel
DA EQUIPE ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA Aparecida de Oliveira / Oliveira, R.A. / PUC/SP;
QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM A introdução dos estudantes de enfermagem do
DA CRIANÇA Curso de Enfermagem da PUC/SP, no início do cur-
Raquel Aparecida Pizolato / Pizolato, R.A. / FOB- so na comunidade e posteriormente no contexto
-USP; Luciana Mara Monti Fonseca / Fonseca, hospitalar permite a articulação do conhecimento
L.M.M. / EERP-USP; Fernando Lefévre / Lefévre, F. teórico com a prática e o desenvolvimento de habi-
/ FSP-USP; Luciana Paula Maximino / Maximino, lidades, mas isso implica em uma maior exposição
L.P. / FOB-USP; a patógenos como o Mycobacterium tuberculosis, o

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que representa maior risco de transmissão dos mes- de saúde a atuação direta com esses pacientes,
mos. Este estudo buscou conhecer a taxa de infecção seja na prevenção ou promoção de saúde, de forma
pelo bacilo da tuberculose (TB) entre estudantes de individualizada ou coletiva, visando contribuir
enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas e da para o diagnóstico precoce e tratamento efetivo.
Saúde da PUC-SP, bem como o nível de conhecimento Ressalta-se que a prevenção e a educação em saúde
destes acerca da doença. Incluiu-se no estudo, 10 es- constituem-se em meios inquestionáveis para evitar
tudantes do 1o e 18 do 8o semestre, ou seja, períodos o surgimento de novos casos, sendo também veículo
inicial e final do curso respectivamente. Trata-se de conscientização e informação. Objetivo: Analisar
de um estudo transversal, quantitativo-descritivo, o conhecimento sobre TB entre os alunos do último
onde os dados foram obtidos através da realização ano de Enfermagem de uma Instituição Pública de
do Teste de Mantoux e aplicação de um questionário, Ensino Superior do interior do Estado de São Paulo.
uma Escala de Likert envolvendo questões sobre a Métodos: Trata-se de um estudo transversal, aprovado
TB relacionadas a agente etiológico, etiologia, trans- pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos
missão, fatores de risco, sintomas e prevenção da da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (CAAE.
doença. Os dados foram tabulados e analisados pela 37890814.4.0000.5393). Os participantes do estudo
estatística descritiva. Os resultados demonstraram foram alunos do curso de Bacharelado e Bacharelado/
uma baixa taxa de infecção pelo Mycobacterium Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enferma-
Tuberculosis por parte dos alunos, sem diferenças gem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
estatísticas significativas entre os dois semestres. A avaliação do conhecimento foi realizada por meio
Todavia, identificaram-se falhas no conhecimento de um instrumento com perguntas sobre os vários
sobre a doença, em aspectos que dizem respeito à aspectos da tuberculose (etiologia, transmissão,
proteção do aluno, futuro profissional da saúde, no diagnóstico, tratamento, prevenção). Resultados: Par-
contato com o doente de tuberculose. Sendo assim, ticiparam do estudo 89 acadêmicos de Enfermagem,
surge a necessidade de se implementar medidas es- sendo 56 (62,92%) do Curso de Bacharel e 33 (37,08%)
pecíficas e eficientes na prevenção da infecção ocu- do Curso de Bacharel e Licenciatura. A maioria era
pacional pelo bacilo da doença. Sugere-se avaliar de do sexo feminino (82,02%), faixa etária de 26 a 30
forma progressiva o conhecimento sobre a doença e anos (85,39), com renda superior a 3 salários mínimo
da infecção pelo bacilo, ambos os testes deveriam ser (34,83%), etnia branca (75,28%). Apesar dos acadê-
repetidos anualmente, no contexto dos quatro anos micos afirmarem terem recebido informações sobre
de graduação do curso. Palavras chaves: estudantes, a tuberculose seja por meio de palestras (44,94%),
enfermagem, tuberculose, educação em saúde disciplinas (84,27%), estágios (77,53%), discussão em
sala de aula (57,30%), etc., os resultados demonstra-
CONHECIMENTO SOBRE TUBERCULOSE NO ENSI- ram que os mesmos possuem um conhecimento não
NO SUPERIOR: A EXPERIÊNCIA ENTRE OS ALUNOS satisfatório sobre a tuberculose. A maioria dos alunos
DE ENFERMAGEM não soube responder corretamente sobre: agente etio-
Keyla Ponciano Ornella / Ornella, K.P / EERP-USP; lógico da tuberculose (56,2%); sobre MDR-TB (91,0%);
Amélia Sicsú Nunes / Sicsú, A.N / EERP-USP; Ja- transmissão da TB (58,4%); medicamentos utilizados
queline Garcia de Almeida Ballestero / Ballestero, no tratamento (92,1%); quantos dias cessa a transmis-
J.G.A / EERP-USP; Catiúcia de Andrade Surniche são após tratamento (65,2%); risco de interrupção do
/ Surniche, C.A / EERP-USP; Mônica Cristina Ri- tratamento (57,0%) e existência de vacina contra TB
beiro Alexandre d´Auria de Lima / Lima, M.C.R.A / pulmonar (52,8%). A maioria apresentou conhecimen-
EERP-USP; Laís Mara Caetano da Silva / Silva, L. to sobre o diagnóstico da TB (87,65); duração do tra-
M. C / EERP-USP; Pedro Fredemir Palha / Palha, tamento (53,9%), sabem que a TB tem cura (96,6%) e
P.F / EERP-USP; que não pode diminuir o tratamento, independente de
Introdução: O conhecimento teórico e científico sobre melhoras (83,1%). Conclusão:Verificou-se a fragilida-
TB é fundamental para os alunos de Enfermagem, de do conhecimento dos acadêmicos de Enfermagem
uma vez que caberá a esses futuros profissionais sobre a tuberculose.

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CONSTRUINDO SENTIDOS PARA O TRABALHO: emergiram nos encontros e construção coletiva dos
UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO COM RECEP- termos de referência e programação dos encontros.
CIONISTAS E OFICIAIS ADMINISTRATIVOS DA A partir desta formação foi possível compreender
REDE PÚBLICA DE SAÚDE que não há transformação dos trabalhadores por
este ou qualquer curso (como foi a encomenda ini-
Luciana Soares de Barros / Barros, L.S / UNIFESP;
cial da gestão), mas é através da reflexão crítica do
Mariana Fonseca Paes / Paes, M.F. / Ministério da
fazer, possibilitada por esta formação foi possível
Saúde;
potencializar os processos de mudança no trabalho
Este é um relato de experiência sobre um processo
e com os usuários. Este modo de fazer possibilitou
formativo para recepcionistas e oficiais adminis-
que processualmente os trabalhadores em formação
trativos do SUS de um município da região me-
começassem a discutir casos; construírem rede com
tropolitana de SP, demanda construída a partir de
trabalhadores de outros serviços e a se reconhece-
recorrentes críticas dos usuários do SUS local sobre
rem como produtores de cuidado.
o mau-atendimento e falta de humanização” por
parte destes trabalhadores. Para esta formação, não
Contribuições construcionistas sociais para a
se pretendia realizar uma capacitação técnica e sim
trabalhar a partir do modo como estes trabalhado- realização de processos de Educação Perma-
res se relacionavam com os usuários. A construção nente em Saúde
do projeto pedagógico foi feita em co-gestão entre Gabriela Martins Silva
a secretaria municipal de saúde e a instituição Introdução: A Educação Permanente em Saúde (EPS)
de ensino e optou-se por metodologias ativas, na é um processo de educação em serviço proposta
perspectiva da Educação Permanente (EP), reco- pelo Ministério da Saúde brasileiro para qualificar
nhecendo a necessidade da formação de um profis- o cuidado e transformar as práticas desenvolvidas
sional crítico-reflexivo, voltada para ampliação da no Sistema Único de Saúde. Organiza-se a partir da
autonomia e corresponsabilização, estimulando reunião de profissionais de saúde que se dedicam à
que os saberes prévios, práticas e os repertórios reflexão sobre suas práticas e contextos de trabalho,
dos participantes fossem explicitados para a cons- com o objetivo de, em conjunto, propor soluções para
trução de novos saberes e fazeres. Participaram da o seu cotidiano de trabalho. No entanto, a consulta
formação aproximadamente 800 trabalhadores, à literatura é indicativa de uma escassez de orien-
distribuídos em turmas de até 20 pessoas de dife- tações práticas para o desenvolvimento da EPS.
rentes serviços de saúde. Os encontros quinzenais Este trabalho tem como objetivo, então, relacionar
de 8h de duração abordaram questões centrais proposições do construcionismo social para reali-
para SUS como: a história e construção do SUS na zação de práticas grupais com o desenvolvimento
perspectiva da cidadania e direito; seus princípios de processos de EPS, a partir do método de análise
e diretrizes; relação público-privado; modelos de teórica. Os resultados indicam que as considerações
atenção; processo saúde-doença e determinantes construcionistas sobre o diálogo generativo, sobre
sociais da saúde; redes de saúde; humanização, suas a organização de contextos grupais e as prescrições
diretrizes e dispositivos; informação e processos de estimular o uso da autocrítica reflexiva, evitar o
regulatórios. Foram realizadas reuniões mensais uso das ideias abstratas, promover o uso da imagi-
com o grupo condutor da SMS, composto por gesto- nação, desenvolver a postura do não-saber, promover
res dos diferentes serviços envolvidos para alinha- a responsabilidade relacional e focar-se nas poten-
mento dos temas e desdobramento das atividades cialidades, são ferramentas que podem facilitar o
com as turmas. Os encontros de EP mensal entre promoção de processos de aprendizagem e colabo-
coordenação pedagógica e facilitadores contrata- ração com coletivos de trabalhadores. Conclui-se
dos também foi um potente dispositivo, momento que o construcionismo social pode contribuir para
de análise da função facilitador, das questões que a organização de processos de EPS.

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CONTRIBUIÇÕES DE UM DISPOSITIVO DE ATEN- serão trabalhadas por meio de análise de conteúdo
ÇÃO EM SAÚDE MENTAL PARA FORMAÇÃO INTER- temática. RESULTADOS PARCIAIS: Convidamos
DISCIPLINAR DE ESTUDANTES NA PERSPECTIVA 52 sujeitos, sendo que 28 responderam à primeira
DA REFORMA PSIQUIÁTRICA rodada de questões via internet, sendo: 14 terapeu-
tas ocupacionais, 9 enfermeiros, 3 psicólogos e 2
Ana Claudia Baldani / Baldani, A.C. / Universidade
estudantes de Serviço Social.. Os dados coletados
de São Paulo; Fátima Corrêa Oliver / Oliver, F.C. /
estão em processo de análise para a formulação da
Universidade de São Paulo;
segunda rodada. Identificamos e serão considerados
INTRODUÇÃO: A formação dos profissionais da
na análise final alguns relatórios de estágio realiza-
saúde é fundamental para a transformação das
dos pelos estudantes no período.
práticas de cuidado, no sentido da consolidação dos
princípios e diretrizes do SUS, a partir do trabalho
CONTRIBUIÇÕES DOS RESIDENTES EM ENFER-
em equipe multiprofissional e interdisciplinar.
Investir na formação dos profissionais da Saúde MAGEM CLÍNICO-CIRÚRGICA: EXPERIÊNCIA NA
Mental para que possam atuar na perspectiva da Re- ATENÇÃO BÁSICA
forma Psiquiátrica, torna-se relevante para a Saúde Diego Edamatsu Fabricio / Fabricio, D.E. / Insti-
Pública para a construção e fortalecimento da Rede tuto de Responsabilidade Social Sirio Libanês;
de Atenção Psicossocial e a transformação do modo Patricia Mantovani / Mantovani, P. / Instituto
de compreender e de relacionar-se com a loucura. de Responsabilidade Social Sirio Libanês; Flavia
Pretende-se com este projeto pesquisar o ponto de Ferreira dos Reis / Reis, F.F. / Instituto de Respon-
vista dos estudantes sobre sua formação (terapia sabilidade Social Sirio Libanês;
ocupacional, psicologia, enfermagem e serviço so- Caracterização do Problema: o enfermeiro residen-
cial) durante estágio acima de 130 horas, realizado te em Enfermagem Clínico-Cirúrgica do Instituto
em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) III do Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa tem a Unidade
município de São Paulo, no período de 2009 a 2014. Básica de Saúde (UBS) como um campo de prática
OBJETIVO GERAL: Investigar e refletir a experiên- onde vivencia os princípios e diretrizes do Sistema
cia dos estagiários no CAPS no tocante à formação Único de Saúde (SUS). Para alguns, esse momento
profissional em Saúde Mental na perspectiva da do curso é visto como dissociação de suas ativi-
Reforma Psiquiátrica. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: dades, já que seu intuito de formação é a atuação
Identificar os aspectos da formação nas experiên- hospitalar. O desafio para o enfermeiro assistencial
cias que tiveram no contexto deste serviço; analisar em Atenção Básica (AB) é estabelecer estratégia
as questões referentes à formação para o trabalho que propicie ao residente entender como a atuação
em equipe interdisciplinar e o trabalho intersetorial; efetiva em AB interferirá na condição do paciente
compreender como esta experiência ressoa (ou não) clínico-cirúrgico e, como seu estágio pode auxiliar
nas práticas profissionais atuais dos graduados; na melhoria do serviço em AB. Descrição: cada re-
problematizar desafios e mudanças necessárias sidente passa cerca de 400 horas na AB, sendo 50%
para potencializar a formação de novos estagiários na AMA (Assistência Médica Ambulatorial) e 50%
neste serviço. MÉTODO: A abordagem é qualitativa na UBS. Ao ser recebido constrói com o enfermeiro
e a coleta de dados será realizada com o estudo dos sua rotina de trabalho e estabelece cronograma para
relatórios dos estudantes arquivados no serviço, e percorrer o serviço com diagnóstico para construir
com dois questionários sobre as questões referen- sua intervenção, e foi priorizada a participação
tes aos estágios, apresentadas aos participantes dos residentes nas consultas de enfermagem para
conforme o método Delphi. As questões abordaram: realização da Sistematização da Assistência de
motivos; expectativas; forma e qualidade de parti- Enfermagem (SAE). Entre os trabalhos realizados
cipação nas atividades; temas e estudos; trabalho destacamos: participação no processo de territoria-
em equipe; situações vivenciadas; influência na lização ocorrido em 2012, com elaboração de novo
atuação profissional; apresentação do estágio e mapa da área de abrangência; organização e realiza-
sugestões de alterações. As informações colhidas ção do treinamento de Suporte Básico de Vida para

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Agentes Comunitários, Auxiliares de Enfermagem sociais do território identificamos um bar com assí-
e Enfermeiros em 2013; montagem e alimentação de dua frequência destes usuários. Descrição: A partir
quadro dinâmico de informações das prioridades da da necessidade de se conhecer as demandas, desejos
ESF com dados do SIAB em 2014. Lições Aprendidas: e dúvidas dos frequentadores daquele espaço em
quando o enfermeiro da AB, no pouco tempo de está- relação a sua saúde e realizar ações de promoção,
gio, consegue demonstrar que seu trabalho, mesmo prevenção e educação em saúde, foram desenvol-
com recursos escassos, é tão importante quanto o vidas atividades utilizando-se da metodologia de
que prestado na atenção terciária observa-se que há roda de conversa entre os frequentadores do bar e a
um comprometimento maior do residente no projeto equipe da USF. Para tanto se realizou contato prévio
de intervenção no serviço. Fica evidente que ainda com o dono do estabelecimento que cedeu o espaço,
na formação profissional pouco tempo é destinado orientou o horário e apoiou a divulgação das datas.
à AB. Para os residentes, o ponto alto do estágio é a Desenvolveram-se nestas rodas ações de educação
autonomia que o enfermeiro exerce no atendimento em saúde numa perspectiva dialógica, a fim de con-
das consultas. Recomendações: há necessidade de tribuir para a autonomia no que diz respeito à saúde.
rever com atenção os currículos de graduação para O primeiro encontro foi impulsionado pelo Novembro
maior investimento em informações da AB, insti- Azul” e os temas subsequentes foram desenvolvidos
tuições de ensino deveriam articular a formação a partir do desejo dos participantes, num total de
da especialização tendo o usuário como foco do cinco encontros. Lições aprendidas: Houve aceitação
cuidado, permitindo que, a partir de um ponto do e participação por parte dos homens, que se sentiram
sistema os residentes pudessem conhecer qual foi valorizados e seguros em compartilhar experiências
o caminho percorrido em cada caso, nos diferentes livremente por estarem em ambiente que os mantinha
níveis do atendimento. em sua zona de conforto. A intervenção consolidou-se
como espaço de educação em saúde, observando-se
CONVERSA DE BOTECO: UM RELATO DE EXPERI- uma efetiva (re)construção e troca de saberes entre os
ÊNCIA SOBRE EDUCAÇÃO EM SAÚDE participantes. Alguns participantes aproximaram-se
Diana Carla Romano / Romano, D.C. / Secretaria do serviço de saúde para acompanhamento de pro-
Municipal de Saúde de São Carlos; Luciana Rodri- blemas identificados nestas rodas, principalmente
gues Placeres Araujo / Araujo, L.R.P / Secretaria doenças crônicas não transmissíveis. Interessaram-
Municipal de Saúde de São Carlos; Luize Maximo -se também por discussões sobre calvície, alimenta-
e Melo / Melo, L.M. / UFSCar; Thalita Hellen de ção e atividade física. Recomendações: Atividades
Faria / Faria, T.H. / UFSCar; Ana Carolinne Portela extramuros que envolvam os equipamentos sociais
Rocha / Rocha, A.C.P. / UFSCar; Luciana da Costa do território podem ser importantes espaços de in-
Oliveira / Oliveira, L.C. / UFSCar; Daiana Ferraz / tervenção para promoção da saúde e prevenção de
Ferraz, D. / UFSCar; Márcia Regina Cangiani Fa- doenças, por promoverem uma aproximação singular
bbro / Fabbro, M.R.C. / UFSCar; Conrado Augusto e significativa para os participantes, sem a formali-
Ferreira de Oliveira / Oliveira, C.A.F. / UFSCar; dade dos equipamentos de saúde. Estas atividades
Caracterização do problema: A Unidade de Saúde da contribuem para a sensibilização de subpopulações
Família (USF) Jardim São Carlos está localizada no culturalmente distantes dos serviços, como os ho-
município de São Carlos, próxima a antiga Estação mens, adolescentes, entre outros.
Ferroviária, com expressivo número de adultos e
idosos dentre as 819 famílias cadastradas. Segundo CRIAÇÃO, APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE UM CUR-
dados do Sistema de Informação da Atenção Básica, SO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA
os cadastrados de ambos os sexos na faixa etária dos Marco Akerman / Akerman, M. / USP; Lara Paixão
adultos são equivalentes, havendo declínio da popu- / Paixão, L. / FMABC;
lação masculina a partir de 60 anos. Percebe-se que Objetivos: Criação, aplicação e avaliação de um curso
estes homens não frequentam a USF com a mesma de Especialização em Estratégia Saúde da Família
regularidade das mulheres. Dentre os equipamentos (ESF), numa parceria entre o Núcleo de Pesquisa e

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Ensino em Educação e Saúde (NEPES), da FMABC, Básica de Saúde do município de Itapevi, com foco
e a Secretaria Municipal de Saúde da Cidade de São em saúde do trabalhador. DESCRIÇÃO Foi realizado
Bernardo do Campo (SBC). Além do fortalecimen- entre setembro de 2013 e abril de 2014, com a propos-
to dos conteúdos referentes à ESF, o curso visou ta de participação de profissionais que atuassem na
aproximar trabalhador e a rede de saúde onde está unidade básica de saúde nas categorias de enferma-
inserido. Pretendeu-se um percurso de formação gem, psicólogos, gestor, administrativo, recepção,
permanente, onde se propôs a construção teórica auxiliar de dentista e médicos. Após a aprovação
e de ações partindo de contextos locais concretos, do projeto pelas instâncias competentes, os funcio-
articulando serviços de forma territorial e interse- nários foram convidados para a participação, sendo
torial. Métodos: O curso atendeu profissionais de a presença facultada. Foram realizados oito encon-
saúde de nível superior atuando na ESF de SBC e teve tros ao total, sendo um a cada mês. No primeiro, foi
205 matriculados. Desenvolveu-se em dois eixos: realizado levantamento da demanda institucional,
Integrador (4 módulos) e Produção do Cuidado (6 em que se apresentaram: melhoria na comunicação,
módulos). Um contemplou questões de Saúde Cole- fortalecimento da equipe, mudança na estrutura
tiva em ambiente virtual moodle; outro do cuidado à física da instituição, capacitação permanente, saúde
saúde nas fases da vida, saúde mental e urgências/ do trabalhador, atividades voltadas para o bem-estar
emergências. Teve atividades presenciais de concen- e embelezamento. Sendo assim, cada demanda
tração, em turmas de campo (multiprofissionais) e foi contemplada nos encontros subsequentes, por
núcleo (formação na mesma área); e de dispersão nas meio de atividades voltadas ao corpo e bem-estar;
UBS. Houve um estágio obrigatório em promoção trabalho em equipe; dia da beleza; cuidado com o
da saúde e de integração de rede, consolidado em ambiente de trabalho e, rodas de conversa. LIÇÕES
Trabalho de Conclusão de Curso referente às expe- APRENDIDAS Observou-se que embora todos os
riências dos especializandos. Resultados: O curso profissionais atuantes na unidade fossem convi-
formou 112 alunos, com avaliação positiva superior dados e cartazes ficassem afixados, em nenhum
a 75%. Além das intervenções em seus locais, foi dos encontros a categoria médica participou. Além
construído um livro que detalha a estrutura do cur- disso, não havia uma paralisação total da unidade,
so, conteúdos ministrados e as narrativas e relatos mas sim um revezamento dos funcionários, o que
de alunos e tutores sobre os casos e intervenções. não permitiu a ampla comunicação entre os pares.
O livro constitui material de consulta para profis- Houve maior participação em atividades voltadas ao
sionais da saúde que atuem no ESF ou que desejem embelezamento, em comparação às que discutiam
utilizar os conhecimentos e estratégias pedagógicas a implicação pessoal na melhoria nas condições de
ora propostas. Conclusão: O material obtido dos trabalho. Percebeu-se que a responsabilidade tanto
TCCs indica o cumprimento dos objetivos, tanto na pelo andamento do projeto quanto pelo planejamen-
proposta de integração multiprofissional, como na to das atividades, ficavam única e exclusivamente
reflexão sobre a prática dos profissionais. O livro a cargo das psicólogas, idealizadoras do trabalho.
está disponível gratuitamente online. Embora os profissionais citassem a necessidade de
haver cooperação, trabalho em equipe e melhoria
CUIDANDO DO CUIDADOR: UMA EXPERIÊNCIA DE na comunicação, seus comportamentos não con-
HUMANIZAÇÃO COM PROFISSIONAIS QUE ATUAM diziam com o discurso apresentado, questão que
NA ATENÇÃO BÁSICA foi apontada para a equipe. RECOMENDAÇÕES O
Thais Aparecida Eustáquio Rodrigues de Oliveira projeto pôde proporcionar a melhoria do bem-estar
/ Oliveira, T. A. E. R. De / Prefeitura Municipal de dos funcionários, bem como do ambiente de traba-
Itapevi/ USP; Rosana Marcílio de Freitas / Freitas, lho, por conta das modificações implementadas,
R. M. / Prefeitura Municipal de Itapevi; dentre elas a instauração de um espaço de conversa
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA O Projeto Cui- institucional e, acesso ao gestor para modificações
dando do Cuidador tinha como objetivo implantar das relações de trabalho, já que este participava
o projeto de humanização do SUS em uma Unidade ativamente das reuniões.

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CURSO DE PORTUGUÊS PARA OS MÉDICOS DO estudar com mais profundidade e qualidade, pois
PROGRAMA MAIS MÉDICOS PARA O BRASIL EM têm mais fontes de pesquisa que podem buscar in-
AMERICANA/SP formações. Eles estão mais preparados para a leitura
Patricia Helena Breno Queiroz / Queiroz PHB / e compreensão de textos. Por ser uma experiência
Faculdade de Enfermagem da UNICAMP/SP; nova e única no Brasil e por trazer benefícios para
os médicos, profissionais envolvidos no projeto e a
Caracterização do Problema O Programa Mais Médi-
população local, nos sentimos enriquecidos e reali-
cos para o Brasil”, lançado em 2013 com o objetivo de
zados com o trabalho.
suprir a carência de médicos nos municípios do inte-
rior e nas periferias das grandes cidades do Brasil,
trouxe para Americana profissionais bolivianos que
DESIGN DE SERVIÇOS COMO MÉTODO DE INTER-
desconheciam a língua portuguesa. Os médicos nas- VENÇÃO NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA
ceram na Bolívia e mudaram para Cuba para estudar Caroline Carapiá Ribas Lisboa / Lisboa, C.C.R. /
medicina. Consideram a oportunidade de trabalhar CEJAM; Sonia Isoyama Venancio / Venancio, S.I. /
no Brasil importante, pois além de ter interesse na Instituto de Saúde do Estado de São Paulo; Roger
medicina de família, acreditam que a profissão no Franca / Franca, R. / CEJAM;
país é mais rentável e sólida. Descrição O projeto Design de Serviços é uma técnica interdisciplinar
das aulas de português foi criado por inciativa para auxiliar na inovação/aperfeiçoamento de ser-
Subsecretaria da Atenção Básica do município para viços a fim de torna-los mais eficientes e eficazes.
acolher os médicos e integrá-los com a nossa língua Com ele busca-se inicialmente identificar o contex-
e cultura. Como os profissionais não dominavam a to de um serviço para compreender o que se quer
língua portuguesa, funcionários e usuários das uni- melhorar e quais as necessidades dos envolvidos. A
dades onde estavam lotados referiam dificuldades de partir desta avaliação, o design de serviços auxilia os
entendimento recíproco. As aulas, ministradas por profissionais a compreender a proposta de valor de
uma professora de português que trabalhava em uma um serviço, gerar ideias e desenvolver soluções para
das UBS, abrangeram o estudo da língua portuguesa um determinado contexto. O objetivo deste estudo
desde o nível mais básico e a cultura do Brasil. Além foi avaliar se uma intervenção utilizando o método
disso, o SUS no Brasil e especialmente a estrutura de design de serviços foi capaz de transformar a
da saúde pública em Americana. Lições Aprendidas prática de profissionais em relação à vigilância dos
É possível perceber que as aulas contribuíram com marcos dos desenvolvimento infantil das crianças
uma maior aproximação entre os médicos e os usuá- acompanhadas em Unidades Básicas de Saúde. Par-
rios das unidades de saúde. Embora muitas pessoas ticiparam desta intervenção médicos, enfermeiros,
acreditem que o espanhol é similar ao português, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários
estas são línguas distintas, que requerem estudo de saúde que prestam atendimento às crianças ca-
detalhado para haver uma comunicação eficaz dastradas na Estratégia Saúde da Família. Foram
Aprender a cultura e a língua portuguesa foi uma realizadas oficinas utilizando o método de design
oportunidade de crescimento profissional para os de serviços com carga horária de 8 horas, divididas
médicos, tornando-os mais preparados para atender em duas sessões de 4 horas. Os conteúdos das duas
as necessidades da população. Conversar com os sessões foram distribuídos de forma que na primeira
usuários em sua língua nativa faz toda a diferença, sessão os profissionais foram sensibilizados para
pois há mais confiança entre ambas as partes. O um olhar ampliado no que tange a Atenção à Saúde
aprendizado da língua portuguesa contribuiu para da Criança e na segunda sessão o conteúdo estava
a realização profissional, pois eles puderam se co- relacionado com o que se pretende que cada profis-
nectar com as pessoas e desenvolver respeito por sional desenvolva em sua prática cotidiana. Após a
outras culturas e tradições. Além disso, se sentem sensibilização, os profissionais foram desafiados
mais autossuficientes e motivados para lidar com os a melhorar, em pouco tempo, o preenchimento os
desafios encontrados no Brasil. Recomendações Os marcos do desenvolvimento infantil nas cadernetas
médicos que falam mais de um idioma conseguem de saúde da criança. Para isso, todos realizaram

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uma atividade de empatia, com o objetivo foi de co- relação entre os níveis de saúde da população com
nhecerem o problema através da observação direta, as condições de vida e trabalho. A pesquisa teve
testando o próprio serviço onde estão inseridos. A como objetivo investigar a trajetória percorrida pelo
segunda sessão é composta por quatro fases: Des- conceito de saúde até o reconhecimento dos DSS,
cobrir – identificar o problema real, obtendo um evidenciando os marcos históricos que contribuí-
entendimento claro da situação; Definir – testar ram para o desenvolvimento do conceito ampliado,
as ideias e conceitos, o ponto crucial é identificar e analisar para qual direção caminha. Método: A
precocemente qual o erro dentro do processo antes partir da contribuição do método dialético-crítico,
de adotar novos conceitos; Desenvolver – tem como referenciado no materialismo histórico, a pesquisa
principal desafio lidar com a intangibilidade do bibliográfica e documental adota a abordagem quali-
serviço a ser feito; e Entregar – é a implementação tativa para análise de dados. Os resultados mostram
da mudança, a reconstrução do processo por seus que o conceito de determinação social da saúde
atores, que exigirá uma ação exploratória posterior, amplia o horizonte apresentado pela noção dos
com objetivo de avaliar seu progresso. Desta forma determinantes, isso porque opera de forma crítica
pretende-se que a utilização design de serviços ao modelo de sociabilidade vigente, contraditória e
promova não apenas a incorporação de novos conhe- restrita. Essa perspectiva vincula-se ao referencial
cimentos, mas a transformação da realidade local, marxista e revela que a mesma não se circunscreve
voltada ao cuidado da Primeira Infância. apenas ao setor saúde. Trata-se de reconhecer a
permanente tensão entre os interesses do capital
DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE: PESQUISA e as reais necessidades da classe trabalhadora, e o
AMPLIA O DEBATE NO SERVIÇO SOCIAL antagonismo entre o Projeto de Reforma Sanitária
Danielle de Oliveira Nogueira / Nogueira, D.O. / e o Projeto Privatista. Considera-se que o conheci-
Aluna do Mestrado - Programa de Pós-Graduação mento e reflexão do tema fundamentam a adoção
em Serviço Social da Faculdade de Ciências Huma- de um posicionamento crítico em defesa do direito
nas e Sociais - UNESP. Membro e Pesquisadora do a saúde pública de qualidade e referenciada no po-
Grupo Quavisss. Assistente Social da Santa Casa sicionamento ideopolítico que defende o conceito
de Franca.; Fernanda de Oliveira Sarret / Sarreta, ampliado de saúde, a luta pela garantia do acesso
F.O. / Profa. Dra. do Programa de Graduação e universal à saúde e contra as formas de mercantili-
Pòs-Graduação em Serviço Social, da Faculdade de zação da mesma. Sobretudo, que esta pesquisa para
Ciências Humanas e Sociais, UNESP Franca. Líder o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) evidenciou
do Grupo Quavisss - Grupo de Estudos e Pesquisas a relevância do tema e motivou a sua continuidade
sobre Política de }Saúde e Serviço Social.; dos estudos no Programa de Pós-Graduação, já que
Introdução: O estudo parte da ideia de que o trabalho o Serviço Social deve apropriar-se deste debate para
com os Determinantes Sociais da Saúde (DSS), ape- o fortalecimento da luta pela efetivação do Projeto
sar de estar presente na pauta da agenda global, tem de Reforma Sanitária, o qual está afinado ao Projeto
sido discutido de forma fragmentada, com enfoque Ético-Político Profissional.
nos conceitos de grupos de risco e vulnerabilidade.
Não questiona a forma como a sociedade se organi- DISPOSITIVOS DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DO
za e como é promotora de profundas desigualdades PROJETO VER-SUS/BRASIL: A MOCHILA DE ARTE-
sociais, que só podem ser superadas mediante a -FATOS
construção de uma nova ordem societária. O debate Mariana Bertol Leal / LEAL, M. B. / FSP USP; Em-
sobre a determinação social da saúde evidencia o manuela Mendes Amorim / AMORIM, E. M. / FSP
fortalecimento da luta, mundial e nacional, pela USP; Ana Cristina Lima Pimentel / PIMENTEL, A.
efetivação do direto à saúde. Ainda, fortalece o C. L. / Fiocruz; Aline Gomes Fernandes / FERNAN-
compromisso do Serviço Social, como profissão que DES. A. G. / SESAB; Silvia Cypriano Vasconcelos /
compõe as equipes de saúde no país e reconhece a VASCONCELOS, S. C. / GHC;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 419
Os estágios e vivências constituem importantes dis- processo é positivo e já reconhecido pelos estudantes
positivos que permitem o estudante experimentar envolvidos.
um novo espaço de aprendizagem possibilitando a
formação de profissionais comprometidos ético e DIVISOR DE ÁGUAS: POTENCIALIDADES DO PRO-
politicamente com as necessidades de saúde da po- JETO VER-SUS NA FORMAÇÃO DE ATORES COM-
pulação. Dentro da proposta do VER-SUS, a proposta PROMETIDOS COM O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
de construção de uma mochila de arte-fatos” surgiu a Beatriz Cabral de Vasconcellos Vinhas / Vinhas, B.
partir da concepção metodológica da caixa de ferra- C. V. / UNIFESP; Allan Gomes de Lorena / Lorena,
mentas” de Emerson Elias Merhy (2002), em que as A. G. / FSP/USP;
teorias e conceitos são elementos que nos ajudam a
Caracterização do problema. O VER-SUS promove
interpretar e propor mudanças na realidade. Assim,
imersão para os viventes, na realidade de diferentes
tal como um artesão, sujeito criador de um objeto
atores e espaços, que constroem a rede do Sistema
manufaturado, um profissional da saúde torna os
Único de Saúde. Os estágios e vivências do VER-
conceitos instrumentos de interpretação e mudan-
-SUS são realizados em edições semestrais: inverno
ças de cenários de trabalho em saúde. Essa idéia foi
e verão. Descrição. O VER-SUS em São Paulo tem
então adaptada para do estágio de vivência onde o
guiado suas construções pelas práticas de educação
estudante é um interlocutor singular que carrega
permanente em saúde, gestão do trabalho em saúde,
em sua mochila instrumentos que o ajudem a olhar,
participação social, prática do cuidado baseada no
sentir e pensar essas diferentes realidades, organi-
território e formação para atuação nos contextos de
zações e pessoas do SUS. Essa mochila recheada”
saúde pública/saúde coletiva. Construído por estu-
de materiais para vivência forneceu aos estudantes
dantes de Saúde Pública da FSP-USP, estudantes da
um guia que tanto vislumbrava disparar reflexões
acerca de cada vivência, apontando possíveis ques- UNIFESP-Baixada Santista e parceiros, o VER-SUS
tionamentos para serem abordados e melhor obser- São Paulo, busca trazer para construção da vivências
vados, quanto fornecia conceitos e definições sobre questões que tocam tanto a importância da gestão
temas que seriam objeto de observação, facilitando do SUS, como da complexidade dos processos de
o processo de aprendizado. Além disso, a mochila subjetividade, cuidado e relações humanas na cons-
símbolo do estágio foi proposta aos estudantes trução da rede. Lições aprendidas. O projeto tem
para que estes deixassem as mãos livres para dar sido considerado divisor de águas”, no processo de
as mãos aos colegas na caminhada de construção do graduação, por um grande número de viventes. For-
conhecimento coletivo e um aperto de mãos diante ma novos atores para o SUS, assim como, fortalece o
de um trabalhador e usuário dos serviços, e levas- engajamento de sujeitos que já acreditam nesse Sis-
sem na bagagem apenas o necessário em termos de tema de Saúde Universal. Norteada por práticas de
pré-conceitos (a serem problematizados em atos e metodologias participativas, construída com grupos
encontros). A mochila de arte-fatos” representa o heterogêneos de formação, promove experiências
convite ao olhar curioso e astuto do viajante que em diversos cenários e contato com diversos atores
quer descobrir e desbravar, sem ter a pretensão de e discussões reflexivas. Assim, toca os corpos, cau-
ser superior que o diferente, mas aprender com esse sa incômodos à medida que cria questões, constrói
diferente, através do encontro e da aprendizagem vínculos reais, atravessando a vida de cada sujeito,
significativa. Após alguns processos avaliativos potencializando a formação crítica, propositiva,
já realizados considera-se que a metodologia dos de construtores da Saúde Pública/Saúde Coletiva,
estágios e vivencias bem como as ferramentas dis- vindos de diversas graduações. Recomendações.
ponibilizadas, nesse caso, a mochila de arte-fatos”, Esse projeto de estágio tem grande potencialidade
é significante para apoiar os processos pedagógicos na formação de atores para o SUS, que compreendem
propostos. A intensidade dos encontros disparados consideravelmente: a rede, a necessidade do trabalho
é tamanha que poder contar com o apoio das ferra- multiprofissional, a construção de micro e macro
mentas e das metodologias ativas para permear o políticas e a complexidade dos territórios.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 420
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS: EDU- Kênia Lara Silva / SILVA, K.L. / UFMG; Fernanda
CAÇÃO EM SAÚDE NO AMBIENTE ESCOLAR Lopes de Araújo / ARAÚJO, F.L. / UFMG; Roseni
Danielle Nunes Graça de Oliveira / Oliveira, D.N.G de Rosângela de Sena / SENA, R.R. / UFMG; Nayara
/ PMS; Érika Castro Matozinho / Matozinho, E.C. / Caldeira Basílio / BASÍLIO, N.C. / UFMG; Fernan-
PMS; Aparecida Pereira Sandes / Sandes, A.P. / PMS; da Batista de Oliveira Santos / SANTOS, F.B.O. /
UFMG;
As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST´s)
podem ser causadas por vírus, bactérias, fungos ou Introdução: Este estudo aborda domínios de com-
protozoários. Adolescentes, profissionais do sexo, petências para a promoção da saúde (PS) definidos
homossexuais, bissexuais e travestis compõem o em consensos internacionais: comunicação; lide-
grupo prioritário no contexto da atenção às DST´s rança; catalisação de mudanças; parceria; advocacia
no país. Alguns fatores contribuem para o aumento em saúde e planejamento, avaliação e pesquisa.
do número de casos na adolescência, como promis- Acredita-se que esses devem ser norteadores do
cuidade, informação superficial ou incompleta, ensino em PS. Objetivos: analisar domínios de
dificuldade de acesso aos serviços de saúde e falta de competências em PS desenvolvidos em cursos de
profissionais habilitados para lidar com essa faixa graduação em enfermagem no Brasil e identificar
etária. Considerando as possibilidades de prevenção os momentos do curso em que esses domínios são
no ambiente escolar, este trabalho visa descrever desenvolvidos. Método: Os dados foram obtidos de
uma ação educativa com o intuito de informar e um questionário on line enviado a todos os 533 cur-
esclarecer dúvidas relacionadas às DST’s em uma sos de enfermagem registrados na base de dados do
escola estadual do bairro Jardim Castelo, na cidade de e-MEC. Destes, 173 responderam, a maior parte do
Santos-SP. A ação foi realizada pela Unidade de Saúde Sudeste (86) e Nordeste (31). Os Estados com maior
da Família do mesmo bairro, junto a 116 alunos de 1º, número de respostas foram Minas Gerais (39) e São
2º e 3º ano do Ensino Médio do período noturno, nos Paulo (31). Os dados foram analisados a partir da
dias 30/04 e 05/05/2015, sendo 67 do sexo feminino estatística descritiva simples. Resultados: Entre
e 49 do masculino. Uma palestra intitulada Doenças os domínios de competências, 100% das Escolas
sexualmente transmissíveis e métodos contracep- afirmam desenvolver na graduação a Comunicação
tivos” foi ministrada, abordando o tema junto aos para a promoção da saúde; seguido de Liderança e
adolescentes. Em seguida, foi proposto aos alunos Catalisação de mudanças para a promoção da saúde.
que escrevessem suas dúvidas anonimamente, as Quase totalidade dos cursos afirma que ensinam du-
quais foram sorteadas e, de forma aleatória, respon- rante a graduação estratégias de Parceria, Advocacia
didas. Foram escritas 30 perguntas no total, estas em saúde e Planejamento, avaliação e pesquisa em
foram separadas em 3 categorias: 1. Campanhas e promoção da saúde. Os domínios de competência são
serviços de saúde” (16,7%); 2. DST´s e suas formas desenvolvidos principalmente ao longo do curso em
de contágio” (56,6%); 3. Métodos contraceptivos e 84,61% das escolas respondentes. Conclusões: Os
gravidez” (26,7%). Estes resultados permitem per- cursos de Enfermagem do país afirmam trabalhar
ceber o alcance das informações por parte dos ado- os domínios de competências para a PS ao longo
lescentes, considerando que abordar as doenças em do curso, o que sugere uma formação profissional
si, falar sobre suas formas de contágio, tratamento abrangente e condizente com as necessidades de
e prevenção, despertou maior curiosidade para que mudança no modelo de atenção à saúde.
dúvidas emergissem e fossem trabalhadas pelo grupo
de alunos e profissionais, possibilitando a criação DOUTOR, EU SOU NORMAL? A CONSTITUIÇÃO
de um vínculo entre os adolescentes e o serviço de HISTÓRICA DO SUJEITO DA SAÚDE E A FORMAÇÃO
saúde, tornando-o mais acessível. PERMANENTE NA SAÚDE MENTAL
Fernando de Almeida Silveira / Silveira. F.A. /
DOMÍNIOS DE COMPETÊNCIAS PARA A PROMO- UNIFESP;
ÇÃO DA SAÚDE EM CURSOS DE GRADUAÇÃO EM Caracterização do Problema e Descrição: Este relato
ENFERMAGEM NO BRASIL de experiência apresenta a elaboração e o desenvol-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 421
vimento do curso de formação permanente Doutor, Maria Clara Moreira Matias / Matias, M.C.M. /
Eu sou Normal?”, baseado na arqueogenealogia de UNICAMP; Edgar Amatuzzi / Amatuzzi, E. / UNI-
Foucault sobre a loucura, na história recente da CAMP; Odair José da Silva / Silva, O.J. / UNICAMP;
luta antimanicomial e dos processos políticos e Eliete Maria Silva / Silva, E.M. / UNICAMP;
sociais de constituição do sujeito de saúde mental. Caracterização do Problema: Durante as atividades
O projeto-piloto demandou a criação de apostila te- práticas da disciplina de Graduação em Enferma-
mática de 80 pp. e foi composto de 8 aulas. O curso gem – Enfermagem na Organização do Sistema de
ocorreu no NAPS I (Santos) e reuniu técnicos, fami- Saúde, participamos do cotidiano dos profissionais
liares e usuários num mesmo espaço de aprendizado do Centro de Saúde (CS) Costa e Silva em Campinas,
e dialogia, sendo ministrado por alunos e docente São Paulo. Ao acompanharmos os Agentes Comu-
da Universidade durante os meses de novembro nitários de Saúde (ACS) e os Auxiliares e Técnicos
a dezembro de 2013. Lições Aprendidas: O curso em Enfermagem (ATE) identificamos uma restrita
proporcionou reflexões sobre o protagonismo dos apropriação quanto às atribuições na perspectiva
participantes através da compreensão dos proces- da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Em
sos sócio-históricos relacionados às terapêuticas e suas falas sobre as ações no trabalho, referiam não
saberes acerca do sofrimento psíquico, dentre eles: reconhecer importância e, inclusive, alguns ques-
a história da loucura, o advento da luta antimanico- tionavam a participação e efetivação da Estratégia
mial, a compreensão do DSM e dos estudos dos pro- Saúde da Família, cuja matriz se dá no trabalho em
cessos de subjetivação dos sujeitos da saúde coletiva equipe e participação multiprofissional. Descrição:
e mental, em uma abordagem interdisciplinar entre Após levantar dados com a aplicação de um roteiro
Filosofia, Psicologia e Saúde Mental, tematizando de entrevista baseado nas atribuições desses pro-
a constituição histórica do sujeito de saúde mental fissionais segundo a PNAB, alcançamos 90% do
a partir das demandas de acolhimento e cuidado, quadro total de trabalhadores do CS. Foi possível,
evocadas pelas vivências, interrogações e angústias então, fazer um diagnóstico em relação à apropria-
dos participantes perante as atividades do equipa- ção e reconhecimento de suas funções. Os resultados
mento de saúde mental, seja em seus efeitos locais foram discutidos juntamente à coordenação do CS.
e relacionais, e com especial destaque, a partir da Os casos mais expressivos se deram, com os ACS,
análises dos processos políticos de implementação sobre a dificuldade em promover atos de integração
de políticas públicas – locais, regionais e nacio- entre equipe de saúde e população, havendo pouco
nais – os quais nos constituem enquanto sujeitos reconhecimento de ações nesta direção, apesar de
de cuidado mental. Recomendações: Verificou-se ser uma das mais relevantes atribuições do ACS.
que a formação permanente é elemento central na No caso dos ATE o maior destaque foi sobre a desa-
consolidação do Humaniza-SUS, na medida em que propriação de conceitos como Educação em Saúde”
permite a escuta dos múltiplos sujeitos atuantes na e a desvalorização de ações de Educação Perma-
produção de cuidado, mobilizando a reflexão crítica nente (EP) realizadas no CS, além de limitações na
sobre seus fazeres e viveres cotidianos, principal- participação em reuniões de equipe, o que também
mente a respeito da temática da produção de subje- dificulta a integração. Lições Aprendidas: Durante
tividades através do enredamento dos partícipes em todo o processo foi possível entender como as pers-
amplas redes de saberes e poderes historicamente pectivas de quem está na liderança, na gestão ou na
situados, bem como sobre as hipotéticas estratégias execução podem ser diferentes. É preciso participar
de resistências, emergentes de tais tramas, as quais e criar vínculos para que as diferentes perspectivas
atravessam os partícipes nos espaços microfísicos sejam compartilhadas. Além disso, a visão e a pró-
de exercício das atividades de saúde mental (CNPq). -atividade de trabalhadores e gestores podem variar
conforme suas oportunidades e formações, devendo
EDUCAÇÃO PERMAMENTE: UM SUBSÍDEO PARA ser constantemente estimuladas para a efetivação
AMPLIAÇÃO DA VISÃO SOBRE O PROCESSO DE de boas práticas na atenção básica. Recomendações:
TRABALHO É preciso participar da rotina dos trabalhadores da

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 422
equipe e viabilizar a participação e entrosamento, interlocução dialógica com a equipe, superando uma
além de conhecer suas principais necessidades de postura normativa e adotando uma postura interati-
trabalho. Tanto trabalhadores quanto acadêmicos e va na relação gestor-equipe. A capilarização da EPS
gestão têm a aprender com a experiência vivida e o para as unidades de saúde se deu deforma singular
trabalho em equipe deve ser valorizado, bem como sendo que o enfoque recaiu mais no modo de operar
atentar-se em intervir com conceitos e ações de EP do que na tentativa de reprodução do vivido. Embora
mais constantes e efetivas, uma medida essencial. a abordagem metodológica tenha partido da leitura e
problematização da realidade, os gestores sentiram
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE PARA GES- falta de um aporte teórico que desse suporte, junto
TORES: QUALIFICAÇÃO DO CUIDADO E GESTÃO com a troca de experiências para solucionar os pro-
DEMOCRÁTICA blemas da prática gestora. Conclusão: Destacamos
Renata Lúcia Gigante / Gigante, R.L. / UNICAMP; ao final o reconhecimento de todos os atores parti-
Gastão Wagner de Souza Campos / Campos, G. W. cipantes do estudo da importância dos processos
S. / UNICAMP; educativos realizados para preservação de espaços
coletivos com vistas a qualificação do cuidado e
A responsabilidade da gestão do SUS com a forma-
democratização da gestão.
ção e o desenvolvimento de recursos humanos em
saúde está formalizada tanto nos textos legais de
institucionalização do sistema como nos relatórios EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE POTENCIA-
das Conferências Nacionais de Saúde. Em 2004, o LIZA A INTEGRAÇÃO ENSINO-PESQUISA-SERVIÇO
Ministério da Saúde institui, a Política Nacional de NO SUS
Educação Permanente em Saúde como estratégia do Fernanda de Oliveira Sarreta / Sarreta, F.O. / Profa.
Sistema Único de Saúde para a formação e o desen- Dra. do Programa de Graduação e Pós-Graduação
volvimento de seus trabalhadores (BRASIL, 2004). em Serviço Social e Líder do Grupo Quavisss - Gru-
Objetivos: A pesquisa objetivou analisar processos po de Estudos e Pesquisas sobre Política de Saúde
de Educação Permanente em Saúde (EPS) para e Serviço Social. Faculdade de Ciências Humanas
gestores dos serviços da rede municipal de saúde e Sociais, UNESP-Franca/SP; Fumie Eto / Eto, F. /
de Campinas/SP, com a intenção de verificar as Profa. Dra. da UNIFEG, Serviço Social e Políticas
contribuições da EPS, percebidas pelos envolvidos, Públicas e Pesquisadora do Grupo Quavisss. Assis-
na qualificação de suas práticas gestoras. Teve como tente Social da Unidade de Saúde, FCHS - UNESP
universo da pesquisa os serviços públicos de saúde de Franca/SP; Gabriela Cristina Braga Bisco /
de Campinas, particularmente o Distrito de Saúde Bisco, G.C.B. / Graduanda de Serviço Social e
Sul. Metodologia: O estudo foi desenvolvido com Bolsista PIBIC. Membro e Pesquisadora do Grupo
abordagem metodológica qualitativa, composto com Quavisss;
três estratégias metodológicas: análise documental, Introdução: A pesquisa foi desenvolvida pelo Grupo
observação participante do processo de EPS e grupo Quavisss - estudantes da graduação e pós-graduação,
focal com os envolvidos. Os materiais produzidos trabalhadores de saúde e docentes. O seu objeto
em campo foram analisados através da construção abrange a reflexão e análise da política de saúde na
de narrativas. Utilizou-se abordagem construtivista sociedade contemporânea, tendo como mediação
que buscou não somente compreender o contexto, central o desenvolvimento local e regional do SUS,
mas também propor alternativas e buscar soluções. combinando a pesquisa com o trabalho do assistente
Resultados: O conjunto do material mostra que os social, na perspectiva interdisciplinar e socioeduca-
programas de educação permanente em saúde para tiva. A pesquisa teve o objetivo central de propiciar
gestores desenvolvidos, tanto este como os anterio- espaços de reflexão para analisar o desenvolvimento
res, contribuíram com a continuidade do processo da política de saúde e da estratégia da educação per-
de amadurecimento dos gestores. Com relação à in- manente em saúde para formação no SUS de Franca/
corporação da prática da educação permanente nas SP e região. Método: A investigação desenvolvida no
unidades, os gestores percebem-se mais potentes na período de 2013-2014, contou com apoio do CNPq pro-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 423
cesso 406432/2012 e UNESP Proex, adotou o método saúde no município de Sorocaba, na perspectiva dos
crítico dialético e foi construída mediante pesquisa profissionais em cargos de gestão e assistência. Me-
bibliográfica e de campo, com abordagem qualitativa todologia: Adotamos a pesquisa-ação, considerada
e triangulação de técnicas - grupo focal e observa- uma pesquisa social de cunho qualitativo e por sua
ção em campo para coleta de dados, sobretudo, das coerência com os pressupostos da educação perma-
experiências dos sujeitos: trabalhadores de saúde nente em saúde. Realizamos 17 entrevistas, pautadas
e estudantes de Serviço social, no cenário local e em questões norteadoras, com sete gestores e dez
regional. Os resultados evidenciam que a EPS é de profissionais de saúde que atuam na assistência
difícil exercício, já que busca a ruptura com práticas direta à população, incluindo médicos, dentistas,
verticalizadas e centralizadas na doença, e ao adotar enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes
a metodologia ativa para problematizar a formação comunitários de saúde; os relatos foram submetidos
e o trabalho em saúde, estimula nos sujeitos a par- à analise de discurso do sujeito coletivo. Resultados:
ticipação ativa e crítica e a construção de espaços Os principais resultados apontam que a percepção
democráticos e o compromisso ético e político com a de educação permanente em saúde diverge entre os
saúde pública, ainda, coloca em reflexão os valores e gestores e os trabalhadores; o movimento de edu-
concepções sobre o contexto onde se gestam as polí- cação permanente está acontecendo no município,
ticas públicas, o sistema capitalista. A parceria com embora, sem a legitimação necessária para o seu
o Centro de Desenvolvimento e Qualificação para o reconhecimento, entretanto, o cenário atual favorece
SUS (CDQ), do DRS VIII, fortaleceu o diálogo e alter- a sua ampliação. Existem desafios para consecução
nativas coletivas para compreensão da saúde como da educação permanente, tais como a necessidade
direito universal e integral. Considerações: A partir de superar a coexistência de paradigmas educativos
das falas, a EPS é uma estratégia que potencializa contraditórios e de mobilizar potências nas pesso-
a integração ensino-serviço e a busca de respostas as envolvidas. Considerações Finais: A educação
coletivas aos problemas, provoca interesses em permanente é uma prática possível no campo es-
temáticas de novas pesquisas, publicações, eventos tudado, visto que seus princípios e objetivos têm
científicos etc. A oficina temática foi o espaço que acontecido de maneira informal e porque encontra,
materializou o seu exercício, problematizando in- na atual organização administrativa, espaço formal
quietações, necessidades, sentimentos e integrando de reconhecimento. Para concretizar esta prática, é
os sujeitos a partir do diálogo sobre formação e tra- preciso, daqui para frente, superar a contradição dos
balho em saúde. Palavras-chave: Política de Saúde. paradigmas coexistentes e avançar nos movimentos
Serviço Social. Educação Permanente em Saúde. de sensibilização para valorização e legitimação do
espaço do trabalho como um espaço de educação.
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: PERCEPÇÃO
DE GESTORES E TRABALHADORES ASSISTENCIAIS EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: REPRESEN-
Gabriela Rodrigues Zinn / Zinn, G.R. / USP; Vera TAÇÕES SOCIAIS DE ENFERMEIROS DA SAÚDE DA
Lucia Mira / Mira, V.L. / USP; Carla Garcia Gomes FAMÍLIA
Lecca / Lecca, C.G.G. / USP; Melissa Messias / Yaisa França / FRANÇA, Y. / UFSCar; Márcia Niitu-
Messias, M. / USP; Patricia Tavares dos Santos / ma Ogata / OGATA, M.N. / UFSCar;
Santos, P. T. / USP; Introdução: Um dos principais desafios enfrentados
A construção da educação permanente em saúde pela Estratégia Saúde da Família para mudança do
ultrapassa a existência de uma política de indução, modelo de atenção é a falta de profissionais com
pois essa prática educativa é parte constitutiva do formação adequada para atuar no SUS. A Educação
trabalho em todas as dimensões que o compõe: a Permanente em Saúde (EPS) se constitui uma fer-
política, a organização e o cuidado. Ela ocorre no ramenta que pode levar à qualificação da atenção à
campo da micropolítica do encontro e, portanto, saúde e à uma nova lógica de gestão e no processo
nas relações do trabalho vivo em ato. O objetivo foi de trabalho em saúde. Neste contexto, a dimensão
conhecer o processo de educação permanente em educativa do enfermeiro é reforçada, sendo relevante

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 424
a identificação das Representações Sociais (RS) de Saúde (PNEPS) tem como objetivo induzir mudanças
educação que permeiam suas práticas educativas na formação para o SUS e uma das suas vertentes
enquanto disparadoras de transformações ou perma- direciona-se aos profissionais de saúde já inseridos
nências no cuidado à saúde. Objetivos: compreender no sistema. Tem como pressuposto que estes neces-
as RS de Educação Permanente dos enfermeiros da sitam de permanente aquisição de informações, de
Saúde da Família; analisar como suas ações edu- todo e qualquer conhecimento, por educação formal,
cativas influenciam nos processos de trabalho e vivências, experiências laborais e emocionais, no
identificar potencialidades e fragilidades nas ações âmbito institucional e fora dele, além de ser fonte de
destes enfermeiros. Metodologia: pesquisa qualita- produção de inovação tecnológica e novos conheci-
tiva que realizou entrevistas semi-estruturadas com mentos, a partir da reflexão das práticas em saúde
24 enfermeiros da Saúde da Família dos municípios e da identificação das necessidades prioritárias no
de pequeno porte da Região Coração da DRS III Ara- cotidiano do trabalho. Constitui-se então necessá-
raquara – SP. Após transcrição, os conteúdos foram ria a identificação de ferramentas que auxiliem a
analisados através da comparação das análises ca- reflexão dessa produção de conhecimento. Um dos
tegorial temática e lexical pelo software ALCESTE, objetivos do estudo é estabelecer as relações entre
à luz dos referenciais da EPS, Processo de Trabalho os dispositivos da PNEPS e os pressupostos do re-
e RS. Resultados: Constituíram-se quatro categorias: ferencial da Gestão do Conhecimento (GC).Trata-se
1) Influência da Educação Permanente no processo de um estudo qualitativo que por meio do levanta-
de trabalho em que a fragmentação e a especialida- mento das produções científicas sobre Educação
de profissional continuam sendo o foco das ações Permanente em Saúde (EPS) foi possível estabelecer
educativas; 2) Centralidade do enfermeiro nas ações relações entre os seus dispositivos e os pressupos-
de Educação Permanente em que esta função é vista tos do referencial da Gestão do Conhecimento. Há
de duas formas, um grupo reconhece que este é seu poucos relatos sobre EPS e a GC na literatura da
papel e outro que ela deveria ser compartilhada com saúde brasileira. Um referencial que auxilia a pen-
a equipe; 3) Diferentes concepções de Educação Per- sar neste movimento de produção de conhecimento
manente em que a concepção de educação para atua- que ocorre na EPS é o da GC, em que a realidade
lização de conhecimentos é hegemônica, aparecendo vivida oferece dados, que ao ganhar significado se
alguns movimentos em direção à uma concepção de tornam informações. Ao serem apreendidas, passam
educação para mudança do processo de trabalho; e a fazer parte do intelecto, transformando-se em
4) Dificuldades na realização das ações educativas conhecimento e permitindo a tomada de decisões e
caracterizadas pela baixa de motivação da equipe e uma ação propriamente dita. Os profissionais que
na falta de tempo para a realização das atividades. participam destas ações têm oportunidade de com-
Conclusão: A RS de Educação Permanente para partilhar suas vivências práticas, associam-nas com
este grupo está ancorada na noção da educação as demais experiências colocadas na roda e, juntos,
tradicional, embora se identifique movimentos que aprendem novas formas de fazer em suas próprias
se aproximam da lógica da EPS, que poderá levar a realidades. Um fator interessante nesta experiência
uma transformação da representação.
é a potência do aprendizado conjunto pelo grupo.Foi
importante nomear os passos deste exercício de esta-
EDUCAÇÃO PERMANENTE ENQUANTO FERRA- belecer as relações entre os referenciais da EPS e GC
MENTA DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO: assim como do seu fortalecimento no âmbito do que
GESTÃO DO CONHECIMENTO COMO APORTE PARA acontece nos micro espaços de produção de saúde. A
REFLEXÃO Gestão do Conhecimento nos permite observar que
Alana de Paiva Nogueira Fornereto Gozzi / Gozzi, isto é possível, do ponto de vista de suas aplicações:
A. P. N. F. / UFSCar; Márcia Niituma Ogata / Ogata, tomada de decisão, geração de inovação e produtos
M. N. / UFSCar; Wanda Aparecida Machado Hoff- baseados no conhecimento, gestão de pessoas por
mann / Hoffmann, W. A. M. / UFSCar; competências, mapeamento de conhecimentos já ge-
A Política Nacional de Educação Permanente em rados, gestão do relacionamento com os usuários, e

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 425
assim, produz conhecimento que qualifica o cuidado, citados na bibliografia. CONCLUSÃO: Após análise
de forma coletiva e consolidando a PNEPS e o SUS. dos artigos, concluiu-se que a Educação Permanente
é um processo essencial na formação, capacitação
EDUCAÇÃO PERMANENTE NA ENFERMAGEM e atualização do profissional da área de saúde; e a
Gisele Kovalek / Kovalek, Gisele / FALC; Ana Lucia percepção do enfermeiro educador com relação às
Batista Aranha / Aranha, A.L.B / FALC; Danielle necessidades de sua equipe é primordial para uma
Freitas Alvim de Castro / Castro, D.F.A / FALC; Joao transformação efetiva. Todos ganham com isso, a
Pereira Neto / Pereira, J.N / FALC; Flavia Maria da instituição, o cliente e o próprio profissional que se
Silva / Silva, F. M / FALC; Adriana Alves Pasin / vê com maior autonomia de pensamento e atitudes.
Pasin, A. A / FALC; Palavras-chave: Educação Permanente. Capacitação
INTRODUÇÃO: O processo ensinar e aprender envol- Profissional. Enfermagem e Educação e Saúde.
ve grandes e, às vezes, difíceis transformações. Nem
sempre o profissional sabe o quanto é importante EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE: RELATO DE EX-
fazer um aprimoramento de seus conhecimentos. PERIÊNCIA DE CURSOS OFERECIDOS A AGENTES
Cabe ao enfermeiro educador e à instituição mostrar COMUNITÁRIOS
incentivo para capacitar sua equipe e conseguir Andrea Cadena Giberti / Giberti, A. C. / FSP/USP;
maior qualidade no atendimento. A atualização Caracterização do Problema A formação em Educa-
em práticas, em tecnologias, a conscientização do ção Popular em Saúde (EdupopSUS) foi iniciada em
aprender e dividir conhecimento, o compromisso, o novembro de 2013 com a constituição de grupos de
comprometimento, a ética, reflexão e responsabili- formadores em nove estados do país, tendo como
dade formam um profissional mais crítico, hábil e base material próprio elaborado para mediadores/
com autonomia para decisões e soluções de proble- as, educadores/as e educandos. Os encontros com
mas e dificuldades em seu cotidiano. A educação educandos/as - agentes comunitários de saúde (ACS)
Permanente está inserida em qualquer momento da e agentes de controle de zooneses (ACZ) - iniciaram
vida, em qualquer idade. É uma estratégia que exige também esse mês. Descrição Fui Mediadora de
mudanças no modo de pensar e agir. A educação e o duas turmas em que participaram ACS e ACZ. As
conhecimento transformam, integram e estimulam Unidades de Aprendizagem trabalhadas em encon-
o convívio social. Ela é feita pensando no coletivo, tros presenciais e virtuais foram Educação Popular
nas mudanças sociais, emocionais e intelectuais em Saúde e o Protagonismo dos Sujeitos Sociais”,
que virão com base nela. OBJETIVO: Identificar a Saúde e a Nossa Sociedade”, Cultura, Arte e Saúde
importância da Educação Permanente para o serviço e Saúde” e Equidade e Participação Social”. Todo o
de enfermagem. METÓDO: Este estudo é uma revisão conteúdo foi abordado com metodologia problemati-
bibliográfica integrativa de artigos sobre Educação zadora, com dinâmicas participativas e tendo como
Permanente, realizada na base de dados do portal base o material didático citado, rico em citações,
BVS, Meddline, Lilacs, Coleciona SUS, Coren SP, propostas e exemplos de atividades inspiradas na
Coren PE, Biblioteca da USP. Os critérios usados Educação Popular em Saúde. A partir das trocas
para inclusão foram: trabalhos escritos na íntegra com educandos destaco a existência de pessoas
em língua portuguesa entre 2006 e 2014, títulos com bastante comprometidas com seu trabalho e satis-
o objetivo em questão, leitura parcial dos artigos feitas em poderem atuar na região em que moram.
selecionados relacionados ao assunto do estudo. Há muita facilidade em se falar de aspectos negati-
Os critérios de exclusão foram artigos com período vos, deixando de lado os positivos e o potencial de
anterior a 2006, em língua estrangeira, títulos sem parcerias existentes. Há também a tendência dos/
relação com o estudo pesquisado e artigos incom- as agentes em reproduzirem ações verticalizadas e
pletos. RESULTADOS: A busca foi realizada na base informativas aos munícipes, sem espaço para a re-
dos descritores em ciência da saúde da Biblioteca flexão conjunta. Ao falarmos de diversidade cultural
Virtual em Saúde. No total, selecionados 1202 arti- várias educandas contaram situações complexas de
gos, refinando em um total de 19 artigos que foram interculturalidade, inclusive com casos de precon-

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ceito e recusa de profissionais em adentrarem na METROPOLITANA DE CAMPINAS (RMC) A PARTIR
casa de pessoas praticantes de religiões de matri- DE AVALIAÇÃO DAS POLITICAS E INICIATIVAS
zes africanas. Há, de forma geral, estranhamento REALIZADAS
em conviver com práticas de saúde orientadas por Maria Teresa Porto / Porto, M.T.D.F.P.M. / UNI-
preceitos religiosos e dificuldade em reconhecer e CAMP; Domenico Feliciello / Feliciello,D. / UNI-
valorizar práticas populares. Lições Aprendidas Ape- CAMP;
sar de alguma resistência e discordância na forma
Essa experiência teve como objetivo analisar docu-
como o curso lhes foi indicado – às vezes de forma
mentos sobre implantação das políticas de EP e AB
imposta – houve interesse durante a realização das
na Região Metropolitana de Campinas, identificar
atividades, com alguma dificuldade nos momentos
aspectos que contribuíram para a qualificação dos
virtuais. A troca entre todo/as foi riquíssima, sendo
processos de EP,mapear necessidades de processos
possível trabalhar o conteúdo sugerido dentro das
de formação ,e propor iniciativas de EP com defini-
realidades locais. Recomendações É importante a
ção de ementa,estratégias educacionais e material
continuidade e maior abrangência do curso, não
de apoio para compor um plano especifico para a
somente por propiciar aproximação com aspectos
qualificação da gestão e do cuidado ofertado na
sociais e culturais da população brasileira, mas por
AB da RMC. Para tanto utilizou-se metodologia
mostrar-se como estratégia de Educação Perma-
participativa na qual os pesquisadores atuaram
nente, já que proporciona reflexão e autocrítica do
como apoiadores no levantamento de dados e faci-
trabalho realizado no dia-a-dia.
litadores na análise e elaboração de propostas de
intervenção em conjunto com os gestores da RMC.
EDUCAÇÃO PRE-NATAL E PERINATAL COM Foram realizados levantamento documental, ob-
UTILIZAÇÃO DE RECURSSOS EXPRESSIVOS NA servação sistemática dos documentos,entrevistas
ATENÇÃO BÁSICA semi-estruturadas e individuais e grupo focal.As
Maria Augusta Silvestre de Melo / Melo MAS / Cli- informações obtidas foram sistematizadas e ana-
nica de Psicologia; Silvia Helena Bastos de Paula / lisadas para subsidiar a definição e priorização
Bastos de Paula SH / Instituto de Saúde SES SP; das iniciativas de EP,voltadas a qualificação da AB
Caracterização do Problema: Refletir sobre a comple- na região.A equipe composta pelos técnicos ,com
xidade do ciclo gravídico puerperal, e seu percurso apoio do grupo de acompanhamento constituído por
nas unidades básicas de saúde Descrição: Atuar com representantes dos gestores,identificaram,organi
profissionais para reflexão sobre o processo de edu- zaram,sistematizaram e detalharam as principais
cação em saúde no pré-natal questionado-os sobre: demandas e necessidades de EP da região,a partir
quem são as pessoas que chegam no serviço? Quem de diagnostico elaborado por meio de analises docu-
são as pessoas que vocês atendem? O que elas estão mentais e grupo focal com profissionais envolvidos
sentindo? O que elas precisam/ O que elas querem com a gestão Atenção Basica .A partir de todo o
deste serviço? Qual a história delas? Lições Apren- processo diagnostico , foram propostas e detalhada
didas : A necessidade de promover o deslocamento 5 grandes iniciativas sugeridas para comporem o
da fala e decriar meios de expressão utilizando arte plano que foram validados na Câmara Temática de
e cultura. Discutir o conceito de conserva cultural e Saúde da RMC.Esse processo buscou aumentar o
os modos de viver uma gravidez..planejada ou não. grau de compreensão dos processos relacionados
Recomendações.A cultura e a arte são elementos às necessidades e à operacionalização de iniciativas
fundamentais na transformação do processo de que envolvam EP. Desse modo foi possível identificar
comunicação entre usuárias e usuários e profissio- informações relevantes sobre o tema ,possibilitando
nais e sobretudo na promoção das trocas entre os os a apreensão do que pensam participantes e os prin-
participantes de atividades de educação pre-natal. cipias pontos críticos existentes na formulação e
desenvolvimento das iniciativas analisadas.Isso
ELABORAÇÃO DO PLANO DE EDUCAÇÃO PER- permitiu a sistematização e o detalhamento do
MANENTE PARA ATENÇÃO BASICA NA REGIAO plano a partir da definição de processos instrucio-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 427
nais e conteúdos educativos A inclusão da Política presentes na rede de saúde em que os ACS estão
Nacional de Educação Permanente na pauta da re- inseridos. Nas situações de conflito, ao invés de
gionalização é fator determinante para a garantia identificar quem está com a razão, a tarefa do agen-
do desenvolvimento integrado de recursos humanos te é de atuar como mediador e buscar meios para
com a proposta de estruturação de Redes de Atenção reconstruir a aproximação entre usuários e equipe.
à Saúde.O planejamento da força de trabalho evoca O mesmo vale para o modo como o ACS lida com as
a participação de vários atores com a necessidade dificuldades dos usuários nas relações familiares:
de que as instancias de gestão regional assumam conflitos, experiências de negligência e abandono
a responsabilidade pela articulação/execução dos fazem parte dessa realidade. Lições Aprendidas e
planos de EP, particularmente para AB. Recomendações. Muitas outras situações poderiam
ser mencionadas para fundamentarmos o argumen-
ELEMENTOS PARA A REFLEXÃO SOBRE A ATUAÇÃO to de que o objeto prioritário da atuação dos ACS
DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE A PAR- não é o corpo biológico, mas o complicado campo
TIR DA REALIZAÇÃO DE ENCONTROS DE ESCUTA das relações humanas e das experiências existen-
COM ESSES TRABALHADORES ciais. Nesse sentido, a formação dos ACS precisa
Teo Weingrill Araujo / Araujo, T. W. / IRSSL; Haral- ser pensada prioritariamente como uma formação
do Cesar Saletti Filho / Saletti Filho, HC / IRSSL; humanística, e não técnica. A realização de grupos
Ana Paula Pinho / Pinho, AP / IRSSL; de escuta, mediados por um profissional externo
Caracterização do Problema Cada vez mais, a à unidade de saúde, que abram espaço para que os
perspectiva de que o ACS é alguém que atua para ACS possam falar sobre as questões e dificuldades
favorecer a comunicação em mão dupla entre a uni- no trabalho, pode ser visto como uma proposta para
dade de saúde e os usuários vem sendo substituída essa modalidade de formação.
pela ideia de que esse trabalhador tem a função de
difundir para a população, em mão única, as infor- ENSINO DE ANAMNESE CLÍNICA E PSICOSSOCIAL
mações científicas necessárias sobre as doenças COM PRÁTICAS NA COMUNIDADE
e as estratégias de controle e prevenção. Assim, Jaqueline Santos Barboza / BARBOZA, J. S. /
de um facilitador da comunicação, o ACS passou UNIFENAS; Miriam Monteiro de Castro Graciano
a ser visto como mensageiro de um saber técnico- / GRACIANO, M. M. C. / UNIFENAS; Maristela
-especializado. Descrição A partir da realização de Marinzeck Bueno Bareiro / BAREIRO, M. M. B. /
encontros de escuta com os ACS de duas unidades UNIFENAS;
básicas de saúde localizadas na região central do Caracterização do problema: A Medicina é uma
município de São Paulo, com periodicidade quinze- profissão a serviço da saúde humana e da coletivi-
nal, foi possível aproximarmo-nos juntos das espe- dade. Seu desenvolvimento científico culminou na
cificidades da atuação desses trabalhadores. Dentre adesão a um modelo explicativo de doença (modelo
as situações com as quais se deparam no dia-a-dia, biomédico), caracterizado pela incorporação das ci-
destacamos, por exemplo, a necessidade de lidar com ências básicas e de variáveis biológicas mensuráveis
usuários sentindo-se desamparados, negligenciados na compreensão e explicação das patologias. Esta
ou agredidos e atribuindo esses sentimentos ao perspectiva exclui as dimensões social, psicológica
modo como são tratados pelo médico ou enfermeiro e comportamental da doença, o que afeta negativa-
da equipe de saúde ou à demora na marcação de mente a prática médica (e seu ensino), visto que não
consultas ou exames. A leitura desses sentimentos toma em conta a subjetividade dos pacientes. Des-
é sempre complexa. O cuidado em saúde é palco crição: Anamnese Clínica e Psicossocial na Comu-
para a projeção de grandes expectativas por parte nidade é uma disciplina teórico-prática, introduzida
dos pacientes, aliadas, muitas vezes, a sentimentos em 2012 do curso de Medicina da Unifenas, campus
intensos de impotência, desamparo, causados pela Alfenas-MG, que associa a prática de entrevista
própria doença ou condição limitante. Isso sem falar médica a conceitos, princípios e técnicas de escuta
das dificuldades e problemas objetivos, que estão psicológica, no contexto da Estratégia da Saúde

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 428
da Família. O objetivo é compreender as questões possibilitando a experimentação de metodologias
psicossociais entrelaçadas aos aspectos clínicos ativas de ensino-aprendizagem. Objetivo. Vivenciar
do paciente, bem como desenvolver habilidade co- o uso de estratégias ativas no processo ensino/
municacional para uma relação médico-paciente aprendizagem sobre temáticas de gerenciamento em
eficaz. Com base num processo de escuta dos aca- enfermagem em um Curso de Graduação em Enfer-
dêmicos e de avaliação metodológica constantes, magem. Experiência. A organização inicial ocorreu
tem sido (re)construída a cada período, buscando pela divisão de um grupo de 22 alunos em 03 peque-
atender ao seu princípio norteador: a medicina, nos grupos, com a presença de uma docente em cada
embora científica, é a arte de perscrutar a alma do um deles, denominadas facilitadoras. A partir de
paciente antes de tocar seu corpo ou invadi-lo com disparadores na modalidade de situações-problema
aparelhos e procedimentos. Lições aprendidas: a ou narrativa, os alunos a partir de conhecimentos
principal mudança empreendida na disciplina foi prévios discutiam e refletiam, construindo hipóte-
seu formato. As práticas, que antes aconteciam em ses e questões de aprendizagem. Sequencialmente,
visitas domiciliares e com aplicação de Instrumen- vivenciaram momentos de auto-aprendizagem
tos de Abordagem Familiar, atualmente ocorrem com a busca de referenciais teóricos e as sínteses
na própria USF, com os pacientes que aguardam a reflexivas destes, para compartilhamento posterior
consulta médica, em formato de entrevistas médicas junto ao grupo, ocasião em que construíam novas
(anamnese), supervisionadas por docentes psicólo- sínteses junto ao problema inicialmente elencado. A
gas. Isto oportunizou ao aluno aprendizagem das avaliação formativa foi vivenciada a cada encontro,
técnicas de condução de entrevistas, por meio de tendo como eixo a participação, com o apontamento
uma escuta ativa e empática. Há a construção de de uma auto-avaliação, avaliação do grupo e avalia-
história clínica com elementos psicológicos, fami- ção da facilitação. E a avaliação somativa ao final
liares, sociais e clínicos do processo saúde-doença; do processo, com os mesmos critérios. Conclusão.
a construção de hipóteses psicodinâmicas e sistê- A avaliação do processo ensino/aprendizagem
micas; incremento da habilidade comunicacional e aponta para o reconhecimento de deslocamentos
relacional com o paciente, comunidade e equipe de importantes na perspectiva de uma participação
saúde. Recomendações: a prática na comunidade ativa e reflexiva no processo, com destaque para
enriquece o conhecimento do aluno sobre o paciente a apreensão de forma significativa nas dimensões
e seu contexto. Este conhecimento permite atuar no cognitiva e atitudinal.
nível primário de atenção à saúde, promovendo saú-
de integral do ser humano. Desta forma, é possível ESTUDANTES DA GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLI-
ao futuro médico demonstrar-se agente de saúde CA: QUEM SÃO E PARA ONDE VÃO?
acessível, com senso de responsabilidade social e Sandra Costa de Oliveira / Oliveira, S.C. / FSP/
compromisso com a cidadania. USP; Roberta Andrea de Oliveira / Oliveira, R.A.
/ FSP/USP; Ludmila Ramos Carvalho / Carvalho,
ESTRATÉGIA ATIVA PARA O ENSINO DO GE- L.R. / FSP/USP;
RENCIAMENTO EM ENFERMAGEM: RELATO DE Caracterização do Problema: Discutir a formação
EXPERIÊNCIA em saúde implica numa reflexão aprofundada sobre
Sueli Fátima Sampaio / Sampaio,S.F / UFSCar; como o ensino, particularmente na graduação em
Érika Fonseca / Fonseca,E. / UFSCar; Jaqueline Al- saúde, tem conseguido formar para além do proces-
cântara Marcelino da Silva / Silva,J.A.M. / UFSCar; so saúde-doença, também pensando a promoção e
Graciane Netto Cardoso Arruda / Arruda, G.N.C. / prevenção da saúde, bem como a humanização no
UFSCar; atendimento. Em se tratando de políticas educa-
Introdução. A partir do século XX, a produção de cionais, algumas graduações em saúde como, por
novos conhecimentos sobre cultura, mente, cérebro exemplo, a Graduação em saúde Pública” não tem
e aprendizagem passaram a questionar o modelo ainda uma integração entre ensino e trabalho. O
hegemônico da transmissão de conhecimentos, Curso está no mercado, porém, há que se questionar

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que mercado é esse? Descrição: O contato com estu- A Economia Solidária (ES) é outra e inovadora
dantes de uma Faculdade Pública da cidade de São forma de pensar e viver, de gerar trabalho e renda
Paulo nos propiciou observar como eles vivenciam e alguns de seus pilares são: autogestão, coope-
este dilema de não saberem ao certo onde e quando ração, solidariedade e dimensão econômica. Um
serão absorvidos pelo mercado de trabalho. Outra Empreendimento Econômico Solidário (EES) para
queixa constante desses estudantes que pudemos se inserir e se manter no mercado, pode precisar
reconhecer é em relação ao Trabalho de Conclusão de apoio e assessoria, por exemplo, de Incubadoras
de Curso”, o chamado TCC. Esses alunos, ao longo da universitárias e um dos seus objetivos é oferecer
experiência vivida em apresentação de seminários, formação para os trabalhadores da ES sobre temas
trabalhos em grupo, na escrita de trabalhos indivi- relevantes para seu trabalho e suas vidas. Objetivos:
duais, trouxeram queixas em relação aos seus orien- - Levantar conhecimentos prévios dos participantes
tadores, que acabam por não orientá-los da maneira de EES sobre: Sistema Único de Saúde (SUS), Saúde
como gostariam, até no que se refere à formulação e Segurança alimentar e Nutricional (SAN); - Levan-
de um tema a ser desenvolvido para o processo de tar práticas educativas realizadas por Incubadoras
entrada em uma pós-graduação. Lições Aprendidas: universitárias sobre esses temas e - Compreender
É possível notar que há uma necessidade de se olhar a relação entre conhecimentos e práticas nos EES,
para esse profissional, que sai da Universidade com enquanto compromisso da Universidade na produ-
uma qualificação importante, mas com dificuldade ção de conhecimento socialmente relevante. Método:
de inserção no mercado profissional. Também foi Trata-se de uma pesquisa de Iniciação Científica
possível refletir acerca das relações estabelecidas (CNPq/UFSCar), de abordagem qualitativa, em duas
entre orientador e orientando, que nem sempre etapas: 1a- 14 incubadoras da Rede Universitária de
prezam pela humanização, e fazem com que o aluno Cooperativas Tecnológicas responderam um questio-
sinta-se desamparado nesse momento tão sensível nário online e 2a- uma entrevista semiestruturada
e importante que é a conclusão de curso, e o possí- foi feita com seis membros de uma Feira de ES.
vel ingresso na pós-graduação. Recomendações: O Resultados: As 14 Incubadoras afirmaram realizar
profissional graduado em Saúde Pública pode vir a formações sobre ES e 13 sobre outros assuntos
ser um ator importante para a garantia de direitos abordados de acordo com realidade local. Quanto
de uma Saúde Pública de qualidade, humanizada, à capacitação sobre SUS, Saúde e SAN, 12 relatam
com atenção integral e acesso universal, e que não desenvolver sobre um ou mais de um tema. Quanto
se paute apenas pelo processo saúde-doença, mas aos métodos utilizados para as formações 10 defi-
também pela Promoção e Prevenção. Porém, as nem de acordo com seus objetivos e também com a
políticas públicas e os serviços precisam ser repen- realidade local. Em relação aos métodos avaliativos,
sados para absorverem esses profissionais de forma 7 os efetivam com abordagens diversas. Na 2a etapa
digna e coerente com sua formação. Há também que da pesquisa, os entrevistados ao serem indagados
se repensar as relações orientando-aluno, para que sobre o que entediam por saúde responderam, por
estes não se sintam tão desamparados durante a exemplo: que é tudo aquilo que influencia em suas
elaboração dos trabalhos de conclusão de curso, e vidas. Sobre o SUS, ficou claro que não compreen-
para que sejam estimulados a prosseguirem na pós- dem seus princípios e objetivos; sobre SAN, só duas
-graduação, ajudando a fomentar a área de Pesquisa pessoas relacionaram alimentação desde a produção
e Desenvolvimento, tão carente em nosso país. ao consumo final e somente duas pessoas associa-
ram com SUS, Saúde e SAN. Quando observamos
EXPERIÊNCIAS ECONÔMICAS SOLIDÁRIAS: CONHE- os dados obtidos nas duas etapas são perceptíveis
CIMENTOS E PRÁTICAS EDUCATIVAS SOBRE SUS, as diferenças entre o que as Incubadoras afirmam
SAÚDE E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL e os relatos de membros de EES. Conclusão: A ES e
Valéria Ribeiro Quaresma Gomes / Gomes, V. R. Q. suas iniciativas precisam de mais apoio, não só das
/ UFSCar; Maria Lúcia Teixeira Machado / Macha- Incubadoras, mas também dos movimentos sociais
do, M. L. T, / UFSCar; e gestores públicos. Os temas SUS, Saúde e SAN,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 430
deveriam receber mais atenção e terem outras es- esse é considerado ator importante na produção de
tratégias de abordagem, pois podem contribuir para Saúde. Para isso, valoriza a aproximação com dois
melhor qualidade de vida e condições de trabalho principais conjuntos de personagens que compõem a
para membros de iniciativas de ES. rede de serviços e equipamentos: a população e seus
grupos sociais e culturais, e as instituições públicas
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, PSICOLOGIA E PRO- de Saúde, Educação e Assistência Social, junto às
JETO BANDEIRA CIENTÍFICA: ENCONTRO ENTRE suas equipes profissionais. Recomendações: No
TEORIA E PRÁTICA Bandeira Científica, apresentam-se desafios para a
Patricia Beretta Costa / COSTA, P.B. / IP- USP; realização do trabalho interdisciplinar, devido à di-
Aline Carrenho Costa / CARRENHO, A.C. / IP-USP; ficuldade de desconstrução da atuação muitas vezes
Lívia Penteado Pinheiro / PINHEIRO, L.P / IP-USP; fragmentada e normativa dos alunos de cada área
Gabriela Milaré Camargo / MILARE, G.C / IP-USP; de saber; como também há a necessidade de cuidado
Julia Fernanda Camara Gampietro / Gampietro, para evitar que os municípios visitados se tornem
J.F.C. / IP-USP; Projeto Bandeira Científica / Proje- apenas objeto de formação, exigindo uma permanen-
to Bandeira Científica / USP; te reflexão acerca da estrutura e funcionamento do
Caracterização do problema: A realidade da forma- projeto e dos efeitos que ele produz. Em um âmbito
ção universitária atual se faz de modo distanciado maior, reconhece-se a necessidade da valorização da
das práticas sociais e da comunidade. Prioriza-se extensão universitária para a formação acadêmica.
uma produção de conhecimento voltada à pesquisa
acadêmica e à atuação clínica particular. Em con- FORMAÇÃO ACADÊMICA E O TRABALHO NA ES-
trapartida, há poucas possibilidades de trabalhos TRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM UMA CIDADE
a serem desenvolvidos e realizados em conjunto DO SUL DE MINAS GERAIS
com a comunidade. O projeto Bandeira Científica Amanda Batista Da Silva Lemos / LEMOS, A. B. S.
da Universidade de São Paulo surge como projeto de / UNIFENAS; Bruna Fraga Guimarães Barreiro /
extensão, por meio do qual se promove o encontro BARREIRO, B. F. G. / UNIFENAS; Ciro Bernardes
entre teoria e prática. Descrição: O Projeto Bandeira Pereira Júnior / PEREIRA JÚNIOR, C. B. / UNIFE-
Científica consiste num projeto formado e gerido NAS; Evandro Simões De Souza Júnior / SOUZA
por alunos de diversos cursos da área da Saúde, JÚNIOR, E. S. / UNIFENAS; Jaqueline Santos
Engenharia e Comunicação. No cenário do projeto, Barboza / BARBOZA, J. S. / UNIFENAS; Gabriela
a Psicologia se insere com o objetivo de conhecer Bernardes Martins Peixoto / PEIXOTO, G. B. M. /
as demandas em saúde do município a partir de UNIFENAS;
seu contexto sociopolítico e cultural, visando à Introdução: A Estratégia de Saúde da Família (ESF)
compreensão da gestão das políticas públicas e é prioritária na estruturação da Rede de Atenção à
propostas de saúde coletiva aplicadas. Isso se dá Saúde do SUS e o médico é um elemento fundamen-
por meio de entrevistas, atendimentos individuais, tal nestas equipes de saúde. Neste contexto os pro-
visitas domiciliares, atividades coletivas e visita aos cessos de trabalho são distintos dos modelos assis-
equipamentos da rede de Saúde e Assistência Social. tencialistas exclusivamente curativos. Identificar-se
Lições aprendidas: A aproximação com diferentes com este modelo, possuir qualificação ou ter sido
cenários sociais e seus personagens cria condições adequadamente preparado são questões pertinentes
para que os alunos envolvidos entrem em contato neste campo, onde a interlocução entre teorias e prá-
com diferentes saberes (científicos, populares, ticas de trabalho é determinante na qualidade das
culturais etc.) e para que possa ressignificar sua ações. Objetivos: avaliar as percepções dos médicos
forma de se relacionar com o outro para além da atuantes na Estratégia de Saúde da Família da cida-
atuação profissional; além disso, promove espaço de de Alfenas, MG, sobre a eficácia da sua formação
para o trabalho interdisciplinar. O projeto propor- para este campo de atuação. Método: trata-se de
ciona meio para a valorização e reconhecimento um estudo de abordagem qualitativa, exploratório
do fazer junto com o usuário da rede, uma vez que e descritivo. A coleta de dados ocorreu através de

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 431
entrevistas semiestruturadas realizadas durante o SUS municipal, conforme Constituição Federal e
turno habitual de trabalho dos médicos participan- Lei 8080/90. Em 2013, o Centro de Educação dos
tes, entre os meses de maio e junho de 2015. O roteiro Trabalhadores da Saúde, órgão responsável pela
de entrevistas continha questões sobre a presença coordenação da Política de Integração Ensino Ser-
de conteúdos referentes a APS/ESF na graduação, viço (PIES), iniciou a formação de profissionais para
assim como as concepções destes médicos sobre atuarem como articuladores da PIES nos cenários de
o impacto de suas formações na atuação na rede prática, de forma a, em parceria com o coordenador
pública de saúde. A pesquisa encontra-se em fase de do serviço, qualificar as ações de ensino serviço de-
análise dos dados, com término previsto para agosto senvolvidas nas unidades. II. Objetivos: Acolhimento
de 2015. Resultados preliminares: 80% (de um total adequado dos estudantes nos cenários de prática;
de 12 participantes) dos médicos entrevistados têm Qualificar o Plano Educacional construído com as
idade abaixo dos 30 anos e são participantes do escolas; Participação efetiva do gestor e equipe no
PROVAB. Os relatos indicam que os entrevistados processo e avaliação dos estágios; Qualificar a PIES
estão satisfeitos em relação à sua formação para a em todos os níveis da gestão municipal e Atuar com
APS/ESF. Os entrevistados apontam aspectos po- protagonismo no processo de formação de profissio-
sitivos da APS, tais como a rotina diária, com uma nais em saúde. III. Método: Programa Formativo com
carga horária menos exaustiva do que outras áreas, Carga Horária de 32 horas (28 presenciais e 04 EaD),
o vínculo médico/paciente e a disponibilidade de Metodologias Ativas. Conteúdo Programático: Arca-
tempo para melhor realizar as consultas. Em relação bouço legal que embasa a PIES; Diretrizes e fluxos
às dificuldades no campo, há relatos de problemas estabelecidos no município; Diretrizes Curriculares
na relação médico-paciente, referidos como resis- Nacionais dos Cursos da área de Saúde. Público
tências e baixa adesão dos pacientes à proposta da Alvo: profissionais técnicos de nível universitário e
APS e terapêutica propostas. Há, ainda, relatos de coordenadores dos serviços. IV. Resultados: Forma-
discrepâncias entre teoria e prática. Conclusão: os ção de 57 profissionais de 45 unidades. Realização
dados indicam que o incipiente investimento em de Oficinas de Trabalho nos colegiados distritais,
políticas de formação para o trabalho na rede tem pactuação das atribuições dos articuladores da
obtido resultados positivos. É perceptível um novo PIES nos cenários de prática: Preparar a unidade
para recebimento dos estagiários; Acolhimento dos
perfil do médico de ESF entre participantes da pes-
docentes e estudantes; Recebimento de documentos
quisa, considerando a faixa etária preponderante e a
de estágio e material; Elaborar Plano Educacional
satisfação referida (em relação ao trabalho). É possí-
com a Escola; Mediar conflitos entre as partes; Atuar
vel que a graduação desperte o interesse dos futuros
nas intercorrências; Desdobrar as informações junto
profissionais médicos pela APS/ESF, capacitando-os
aos profissionais; Avaliar os estágios ocorridos na
para a execução de ações qualificadas e consonantes
Unidade; Acompanhar desenvolvimento de Pesqui-
aos princípios deste modelo.
sas e Visitas Técnicas nas Unidades; V. Conclusões:
O processo revelou a importância da aproximação
FORMAÇÃO DE ARTICULADORES DE ENSINO SER- da coordenação da PIES com os profissionais que
VIÇO: INVESTINDO EM DISPOSITIVOS PARA A atuam no nível local para que realmente ocorra
QUALIFICAÇÃO DA INTEGRAÇÃO ENSINO SERVIÇO uma qualificação da integração ensino serviço nos
NOS CENÁRIOS DE PRÁTICA cenários de prática; Reconhecimento do papel prota-
ALOIDE LADEIA GUIMARÃES / GUIMARÃES, A.L. gonista do gestor do SUS no processo de formação,
/ SECRETARIA DE SAÚDE DE CAMPINAS/SP; tendo em vista que o SUS é o maior empregador
I. Introdução: Os serviços de saúde, em especial na do setor saúde; Compreensão de que é necessário
Atenção Básica são potentes cenários para a forma- ampliar os espaços de diálogo com as instituições
ção de profissionais de saúde e, a oferta de estágios de ensino, visando a implementação dos princípios
deve ser criteriosamente regulada pelo gestor do e das diretrizes constitucionais do SUS;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 432
FORMAÇÃO DE TERAPEUTAS OCUPACIONAIS E afeto no encontro entre profissional e usuário, as-
OS CAMPOS DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO sim o desafio é encontrar uma síntese das direções
EM SAÚDE divergentes no interior do ato de cuidar, onde as
RODRIGO ALVES DOS SANTOS SILVA / SILVA, tecnologias de escuta e de negociação das regras
R.A.S. / Universidade Federal de São Carlos; FÁ- comportamentais e organizacionais são fundamen-
TIMA CORRÊA OLIVER / OLIVER, F.C. / Universi- tais para o trabalho multiprofissional e intersetorial
dade Federal de São Carlos e Universidade de São na APS. Conclusão: os conteúdos dos campos da
Paulo; educação e comunicação em saúde apreendidos na
disciplina demonstram-se sensíveis à compreen-
O diálogo entre a formação de Terapeutas Ocupa-
são e construção de referenciais teóricos para TO
cionais (TO) para Atenção Primária à Saúde (APS) e
intervir na APS, considerando que a APS lida com o
os Campos de Educação e Comunicação em Saúde é
contexto cotidiano da pessoa.
fundamental para compreensão do trabalho do pro-
fissional na APS. Objetivo: identificar nos conteúdos
trabalhados na disciplina: Comunicação, Saúde e FORMAÇÃO DO EU PROFESSOR NA ABORDAGEM
Educação do Programa de Pós-graduação em Saúde WALLONIANA
Coletiva da UNESP/Botucatu, referenciais teóricos Ana Lucia Batista Aranha / Aranha, A.L.B / USP;
para TO na APS. Método: as reflexões e estudos Maria de Fatima Prado Fernandes / Fernandes,
a partir dos conteúdos da disciplina (Educação e M.F.P / USP; Danielle Freitas Alvim de Castro /
Comunicação na história das práticas de Saúde Castro, D.F.A / USP; João Pereira Neto / Neto, J.P /
Pública; Modelos de Comunicação e Educação nas FALC;
práticas de Saúde; Promoção e Prevenção de doen- Introdução: Ser professor é estar em permanente
ças: o papel da Educação e Comunicação) permitiram processo de construção como pessoa, a partir dos
estruturar referenciais teóricos: para a compreensão recursos internos e externos que se dispõem em
da APS e para a formação e trabalho da TO na APS. espaços educacionais e sociais. O professor em
Resultados: compreensão da APS: o território da APS seu percurso de formação pode conhecer como as
é uma rede de participação e interação das pessoas e pessoas se constroem, e direcionar seu olhar para
o seu contexto é a mensagem de comunicação para o como se dá o convívio consigo mesmo e com o
pensar as práticas de cuidado. Para compreensão do outro. Tendo ciência que ele não constrói o seu Eu
contexto da APS há necessidade de análise da socie- Professor isoladamente e sim com outras pessoas.
dade e entender que o estilo de vida é socialmente Objetivos: analisar como o professor percebe a
determinado. A APS é um campo privilegiado pela construção do seu Eu Professor na perspectiva de
capilaridade e extensão do cuidado, pela atuação Wallon e conhecer como o professor vivencia o seu
referida às demandas de saúde mais frequentes, cotidiano na escola na condição de ser o si mesmo
que se encontram muitas vezes na fronteira entre e o outro. Método: estudo exploratório, descritivo
os problemas da vida” e a patologia. Formação e na vertente qualitativa. Foram realizadas treze
trabalho da TO na APS: a função do técnico em saú- entrevistas com professores que ministram aulas
de é humanista porque é concreta, rigorosamente em curso de enfermagem, em instituição de ensino
científica e não abstrata, além de rejeitar toda forma privado de nível técnico superior. A técnica de aná-
de manipulação. É relevante construir processos de lise de conteúdo utilizada neste estudo foi análise
educação em saúde a partir do saber prático do outro temática. Desta análise surgiram três categorias: 1.
enquanto um polo de conhecimento, das dimensões Construção do Eu Professor; 2. Viver o cotidiano a
do cotidiano de adoecimento e da interface com o partir de si mesmo e do outro e 3. Componentes da
cuidado de si, da rede social e dos profissionais de construção do Eu Professor. Resultados: as falas
saúde. Aquisição dessas competências na formação dos professores mostraram a relação e interação
proporciona a capacidade de mobilizar saberes para entre todas as categorias, abarcando aspectos do
dominar situações concretas na APS. Compreender cognitivo e do social em seu contexto de trabalho,
também que o cuidado maior na APS é a troca de com atenção voltada para o afetivo, no sentido do

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 433
cuidado. Destaca-se abertura para conscientização possibilitou múltiplas visões, sobre as realidades
e valorização do si mesmo e do outro por meio de do SUS, contribuindo para a qualificação de futuros
troca de experiências, permeada pela possibilidade profissionais, considerando a saúde como campo de
do professor torna-se outra pessoa, transformando atuação que agrega diversos profissionais, carregan-
a si mesmo. Conclusões: O professor deve buscar do o aspecto multidisciplinar. Acreditamos que os
conhecer a si mesmo para se construir como pessoa. graduandos que têm a possibilidade de participar
Perceber o modo como se constrói no convívio com do VER-SUS e que são futuros profissionais do SUS,
o outro, mediante o diálogo e a interação; reconhe- poderão se apropriar melhor do sistema de saúde
cendo o si mesmo em diferentes movimentos da pública, com noção de suas múltiplas vertentes, suas
internalização do eu. atribuições. Não fomos convidados a apenas receber
informações, mas de nos apropriarmos do processo
FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE, RELATO de construção do nosso conhecimento, de praticar-
DE UMA EXPERIÊNCIA NO PROJETO VIVÊNCIAS mos a autonomia. Incentivamos os debates através
E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO das visitas institucionais, das rodas de conversa,
DE SAÚDE partindo da contribuição singular que cada inte-
Francisca Camila de Oliveira Cavalcante / Caval- grante acrescenta, edificando nosso pensamento
cante, F.C. / UECE; a respeito do SUS. Recomendamos aos estudantes
O projeto Vivências e Estágios na Realidade do Sis- que tem curiosidade na temática, que participem
tema Único de Saúde (VER-SUS) foi pensado pela desse projeto, aprimorado a cada versão, dando
Rede Unida e é financiado pelo Ministério da Saúde continuidade a experiência que enriquece o campo
e pela Organização PanAmericana de Saúde, sendo de conhecimento de cada integrante.
realizado com o apoio das Secretárias de Saúde
Estadual e Municipal. O projeto tem como intuito FORMAÇÃO E REGULAÇÃO DO TRABALHO MÉDI-
proporcionar espaços para graduandos que querem CO: A ATUALIDADE DO PENSAMENTO DE CARLOS
vivenciar o SUS para que, posteriormente, em sua GENTILE DE MELLO
atuação profissional, tenham compreensão sobre a Vanessa Nolasco Ferreira / FERREIRA, V. N. / Casa
complexidade do seu funcionamento. Atualmente, de Oswaldo Cruz - FIOCRUZ; Carlos Henrique
além de graduando, participam movimentos sociais, Assunção Paiva / PAIVA, C.H. A. / Casa de Oswaldo
residentes e estudantes tecnológicos. Problematiza- Cruz - FIOCRUZ;
-se aqui a necessidade de formação dos alunos de Introdução: As discussões em torno da educação e
graduação interessados em atuar na saúde antes gestão do trabalho médico segundo alguns analis-
de ingressarem como profissionais do SUS, pois tas, remontam ao Pós-Guerra e confundem-se com
se faz necessário compreender a estrutura de tal o próprio processo de inserção das ciências sociais
sistema, além de seu funcionamento e dos serviços no campo da saúde, como também se situam em
disponíveis. Na referida vivência participam cerca empreendimentos que tinham em vista a reorienta-
de trinta estudantes em cada edição, a principal ção das políticas de atenção à saúde no Brasil e nas
intenção é de integração, socialização, ampliação Américas. Este estudo aprofunda-se na perspectiva
de olhares e de concepções. Os estudantes são de de um dos precursores da Reforma Sanitária, o médi-
distintos municípios do Ceará e de diversas áreas co Carlos Gentile de Mello, que dedicou-se a debater
de estudo, pautando a singularidade dos indivíduos a formação e a regulação do trabalho médico e levou
e dos conhecimentos. Considerou-se na escolha dos tal discussão a sanitaristas e ao público em geral a
estudantes a heterogeneidade de cursos, as especi- partir de suas colunas publicadas semanalmente
ficidades dos sujeitos, entendendo que dessa forma em dois jornais de grande circulação. Objetivo: dis-
enriqueceria os debates e ampliaria a percepção cutir, com base no pensamento de Carlos Gentile de
dos grupos, devido os diferentes campos da ciência. Mello, questões relativas à formação e regulação do
Participamos da vivência do VER-SUS entre 20 de trabalho médico tendo como base seus textos disse-
julho a 03 de agosto de 2013. Uma experiência que minados nos jornais Folha de São Paulo e Opinião.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 434
Método: Esta pesquisa configurou-se como um estu- desloca-se no campo da saúde coletiva e a formação
do qualitativo exploratório de acordo com o modelo e inserção do profissional de saúde é repensada para
de Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1999). Como a atuação na clínica integral. O objetivo deste estudo
referencial para interpretação de dados, optou-se foi apresentar o perfil, a formação e o vínculo de
pela análise de conteúdo, na perspectiva de Bardin profissionais médicos e enfermeiros que atuam na
(1977, 2009), almejando-se privilegiar, no trabalho, Atenção Primária à Saúde, no município de Guarujá,
a interpretação de materiais textuais que remetem SP. Tratou-se de um estudo transversal, aprovado
ao discurso de opinião de Carlos Gentile de Mello (nº452.727/2013), realizado através de questionário
sobre formação e regulação do trabalho médico. estruturado e auto-aplicado a enfermeiros e médi-
Resultados: A partir da análise do Fundo Carlos cos de Unidades de Saúde que possuíam vínculo no
Gentile de Mello, salvaguardado pelo Departamento nível primário de atenção. Foi realizada a análise
de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo descritiva, teste de Qui-quadrado, e teste U Mann-
Cruz, foram selecionadas no Grupo Formação e -Whitney, o nível de significância de 5%. Houve
Administração da Carreira, as colunas publicadas uma prevalência de enfermeiros brasileiros, do sexo
pelo sanitarista nos jornais Folha de São Paulo e
feminino, amarelos, casados/união estável que pos-
Opinião. A principal categoria emersa foi Formação
suem filho, com vínculo empregatício no regime de
e Regulação do Trabalho Médico na qual o autor de-
CLT (p<0,05) na estratégia saúde da família porém,
fendia a complexidade do problema da assistência
possuem maior vínculo de tempo de serviço no mu-
médica, bem como a saúde como uma questão social
nicípio quando estão em unidades básicas de saúde.
e econômica que, por conseguinte, demandava um
A formação realizada em instituição privada com
novo modelo de formação de médicos a ser pensado
a partir da interdependência das questões que se intervalo de três anos e com área de especialização
relacionavam ao desenvolvimento econômico e os em saúde pública/saúde da família. Já entre os Mé-
problemas de saúde. Conclusão: Entre os anos de dicos observou-se uma prevalência de brasileiros,
1979 e 1981, Gentile de Mello foi parte de um intenso sexo masculino, brancos, solteiro e sem filhos, com
debate sobre a necessidade de se repensar a forma- vínculo empregatício no regime CLT (p<0,05) na
ção e regulação do trabalho médico no Brasil a partir estratégia saúde da família porém, possuem maior
do pressuposto de que seria impossível produzir a vínculo de tempo de serviço no município quando
interiorização de médicos e sua fixação sem se levar estão em unidades básicas de saúde (p<0,05). Ao
em conta as diferenças e necessidades regionais de contrário dos enfermeiros observou que a maior
um país com dimensões continentais e marcantes representação da categoria médica estudou em ins-
distinções no que concerne ao desenvolvimento tituição pública com intervalo de formação de cinco
econômico e social. anos e com área de especialização em medicina do
trabalho. Atenta-se que nenhum médico apresentou
FORMAÇÃO E VÍNCULO DE ENFERMEIROS E MÉ- a área de saúde da família ou afins como escolha
DICOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE para especialização. Salienta que a não fixação dos
Josué Souza Gleriano / Gleriano, J.S. / UNEMAT; profissionais constitui um empecilho na integração
Thalise Yuri Hattori / Hattori, T.Y. / UNEMAT; An- da equipe, formação do trabalho e a efetivação do
gélica Pereira Borges / BORGES, A.P. / UNEMAT; cuidado. Há necessidade de repensar no cenário
Vagner Ferreira do Nascimento / Nascimento, atual as práticas direcionadas à formação e sua
V.F.do / UNEMAT; Ana Cláudia Pereira Terças / interseção com o quadrilátero da saúde, formação,
Terças, A.P. / UNEMAT; Juliana Benevenuto Reis / atenção, gestão e participação social. A reflexão
Reis, J.B. / UNEMAT; Lourdes Conceição Martins / da clínica ampliada deve ser tratada, em questão,
Martins, L.C. / UNISANTOS; como uma política de recursos humanos, em que os
O treinamento prático em procedimentos e diag- espaços de atendimento não são apenas específico
nósticos, centrado nos conteúdos biomédicos, do olhar clínico patológico.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 435
FORMAÇÃO MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE CO- diversificada, incluindo enfermeiros, psicólogos,
LETIVA - EXPERIÊNCIA DOS APRIMORANDOS DO nutricionistas, obstetrízes e cientistas sociais, o
INSTITUTO DE SAÚDE NA APLICAÇÃO DA AMAQ que propiciou troca de saberes diferenciados, uma
NO MUNICÍPIO DE SANTOS, SP maior compreensão do campo da saúde coletiva
e do processo de avaliação. Portanto, a educação
Ana Paula de Lima Santos / Santos, A.P.L. / Uni-
multiprofissional no campo da saúde coletiva e a
versidade de São Paulo; Carolina Simone Souza
construção multiprofissional de estratégias para
Adania / Adania, C.S.S. / Universidade de São Pau-
a melhoria do SUS, particularmente na AB, é uma
lo; Felipe Jarrusso Hidalgo de Almeida / Almeida,
inovação e uma forma de trabalho que proporciona o
F.J.H. / Universidade de São Paulo; Natália de Cas-
tro Nascimento / Nascimento, N.C. / Universidade alcance dos princípios e das diretrizes do SUS. Além
de São Paulo; Sonia Isoyama Venancio / VENAN- disso, é evidente a importância da formação de futu-
CIO, S. I. / Instituto de Saúde da SES/SP; ros gestores e profissionais para o fortalecimento e
melhoria do SUS. No tocante à aplicação da AMAQ,
O objetivo do Programa de Aprimoramento Profissio-
a presença dos aprimorandos facilitou e contribuiu
nal (PAP) em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde
para o processo de autoavaliação das equipes, uma
(IS) é a formação de profissionais para atuarem no
vez que estes esclareceram, mediaram e nortearam
Sistema Único de Saúde (SUS), desenvolvendo a
o processo de acordo com a formação que tiveram.
competência para posicionar-se criticamente em
relação às políticas públicas de saúde. Consiste
em uma formação multiprofissional embasada na
GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA EM SAÚDE CO-
concepção de saúde coletiva a fim de responder as LETIVA E A FORMAÇÃO DO PÓS-GRADUANDO:
demandas do SUS no tocante à formação de ges- UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA
tores, profissionais e pesquisadores qualificados Flavia TiemI Muramoto / Muramoto, F.T. / Escola
para a garantia do direito à saúde. Assim, os alunos de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP; Flávio
são inseridos em projetos definidos em parceria Adriano Borges / Borges, F. A. / Escola de Enfer-
com gestões municipais. Em 2012 estabeleceu-se magem de Ribeirão Preto - USP; Karen da Silva
uma parceria entre o IS e a Secretaria Municipal de Santos / Santos, K. S. / Escola de Enfermagem de
Saúde de Santos-SP para a qualificação da Atenção Ribeirão Preto - USP; Luana Pinho de Mesquita /
Básica (AB). Os alunos do PAP participaram como Mesquita, L. P. / Escola de Enfermagem de Ribei-
apoiadores na aplicação da ferramenta de Autoa- rão Preto - USP; Karemme Ferreira de Oliveira /
valiação para a Melhoria do Acesso e da Qualidade Oliveira, K. F. / Escola de Enfermagem de Ribeirão
(AMAQ), proposta pelo Ministério da Saúde para Preto - USP; Silvia Matumoto / Matumoto, S. /
apoiar os municípios na implantação do Programa Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP;
para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Cinira Magali Fortuna / Fortuna, C. M. / Escola de
Básica (PMAQ). Para isto, os aprimorandos estuda- Enfermagem de Ribeirão Preto - USP; Anna Maria
ram os conceitos de avaliação em saúde, a Política Meyer Maciel Rodriguez / Rodriguez, A. M. M. M.
Nacional de Atenção Básica (PNAB) e a AMAQ, assim / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP;
como o contexto de aplicação e o desenvolvimento Maria José Bistafa Pereira / Pereira, M. J. B. / Esco-
de estratégias para uma atuação segura e assertiva la de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP; Silvana
nos encontros com as equipes das Unidades Básica Martins Mishima / Mishima, S. M. / Escola de
de Saúde (UBS). O apoio na aplicação da AMAQ foi Enfermagem de Ribeirão Preto - USP; Leandra
realizado em 24 UBS. Foram realizadas em torno Andréia de Sousa / Sousa, L. A. / Escola de Enfer-
de 75 oficinas no período de outubro a dezembro magem de Ribeirão Preto - USP;
de 2013. O método de análise adotado na AMAQ Caracterização do problema: Em meio a um contexto
permite aos respondentes avaliar o grau de ade- indutor de um produtivismo acadêmico no qual as
quação das suas práticas aos padrões de qualidade pós-graduações do país se encontram inseridas,
apresentados. O aprimorandos tinham formação adotamos a concepção de uma avaliação da forma-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 436
ção do pós-graduando em saúde de maneira mais IMPLANTAÇÃO DO NÚCLEO DE PESQUISA E ENSI-
ampla (SORDI, 2012) sobretudo, no que tange a sua NO EM EDUCAÇÃO E SAÚDE (NEPES) NA FMABC
possibilidade de desenvolver ações não apenas Marco Akerman / Akerman, M. / FMABC; Erik
vinculadas à pesquisa, mas também ao ensino em Montagna / Montagna, E. / FMABC; Leonardo Gon-
saúde. Neste sentido, a participação em grupos de zalez / Gonzalez, L. / FMABC; Marcela Bernardi
pesquisa tem exercido função fundamental e não Mesquita Pinto / Pinto, M.B.M. / FMABC; Adriana
menos relevante no processo de formação dos futu- Medeiros Sales de Azevedo / Azevedo, A.M.S. /
ros docentes de cursos da saúde. É nessa direção que FMABC; Magda Leite de Medeiros / Medeiros, M.L.
o Núcleo de Pesquisa e Estudos em Saúde Coletiva / FMABC;
(NUPESCO) da Escola de Enfermagem de Ribeirão Oportunidade: Instalação do Núcleo de Pesquisa e
Preto da USP tem atuado, a partir da integração Ensino em Educação e Saúde (NEPES), para pesqui-
docente-discente, pela troca de experiências em sa na interface ensino-saúde na FMABC (Processo
pesquisa e por meio de uma articulação democráti- 2238/2010), que visa: • viabilizar projetos em ensino,
ca e dialógica. Descrição: O NUPESCO possui uma pesquisa e extensão na interface educação-saúde,
perspectiva autogestionária no que diz respeito à envolvendo a comunidade FMABC; • promover uso
eleição de temáticas vinculadas à Saúde Coletiva das tecnologias da informação e comunicação no
a serem discutidas e aprofundadas nas discussões ensino; • ampliar a produção científica, tecnológica
em grupo. Trata-se de um Núcleo aberto a todos e inovação frente aos desafios da consolidação das
os pós-graduandos que utiliza como referenciais políticas públicas em saúde e educação; • promover
teóricos de base o materialismo histórico dialético formação e qualificação de recursos humanos para
e o processo de trabalho em saúde, ambos de cunho atuação na pós-graduação, graduação, serviços
marxista. Os encontros acontecem mensalmente, de saúde e educação; • estimular o intercâmbio
por um período de três horas, onde são discutidas de profissionais da FMABC e outras instituições;
questões vinculadas ao mundo do trabalho em saú- Indicadores: São duas bolsas de doutorado; quatro
de, etapas da elaboração de um projeto de pesquisa, de mestrado; um de pós-doutorado. Sem bolsa, dois
avaliação de projetos de pesquisa já elaborados pe- mestrados, dois doutorados, um pós-doutor. Pro-
los membros do NUPESCO com intuito de atribuir moveu Simpósio em Acompanhamento Terapêutico
visibilidade prática aos conceitos trabalhados na e em Intersetorialidade e Interdisciplinaridade,
teoria, além do adensamento no referencial teórico Encontro de Saúde Coletiva e Educação. Ofereceu
base do grupo. Lições aprendidas: As estratégias curso de Especialização em Saúde da Família junto
de trabalho desenvolvidas de maneira dialógica, à Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo,
adotadas pelos membros deste Núcleo, proporciona formando 112 especialistas; gerou livro com o mate-
aprendizado teórico-prático por meio da ludicidade rial didático, estrutura do curso e relatos de casos.
e informalidade sem perda da seriedade e do prazer, Tem oito artigos aceitos; em fase de produção do
contribuindo para que o aprendizado aconteça de volume especial no periódico indexado ABCS Health
maneira significativa. A postura adotada pelos Sciences, com produtos acadêmicos NEPES, quinze
docentes do NUPESCO, pactuando a liberdade de artigos submetidos por convidados e doze confirma-
que todos possam expressar o desconhecimento dos. Em produção o livro Letramento Científico para
acerca de algo e do aprendizado que se dá a partir formação em saúde e uma série em streaming de
de cada encontro é algo merecedor de enfoque. Tal acesso livre sobre Métodos de Pesquisa em Ensino
fato é capaz de desencadear reflexão e servir como em Saúde. Impacto: Reconhecimento institucional
modelo, associando à relação dialógica estabelecida do potencial de produção acadêmica; aumento da
com os alunos. Recomendações: Compreende-se que atuação em disciplinas de Pós-Graduação que ins-
a participação em grupos de pesquisa que possuem trumentalizam docentes e alunos para pesquisa em
uma abordagem dialógica e participativa é um gran- ensino e aumento da participação de pesquisadores
de aliado no desenvolvimento da prática docente e da FMABC. A colaboração com cidade vizinha indica
formação do pós-graduando em saúde. comprometimento regional; produção de material

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 437
instrucional de distribuição livre promove difusão 5 categorias de mudança de comportamento: a) am-
do conhecimento. Conclusão: os recursos investidos pliação da clínica dentro da prática da consulta; b)
foram fundamentais para a instalação do NEPES, utilização do Caderno da Família em sua prática; c)
reconhecimento institucional e envolvimento de incorporação em sua prática de conceitos teóricos
pesquisadores da instituição; o cumprimento de relacionados a família; d) organização do trabalho
objetivos iniciais respalda a continuidade do projeto. e e) estímulo da família para apropriação da tecno-
logia. Foram também identificadas 4 dimensões
INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA DO PROJETO relacionadas com a incorporação de tecnologia: a)
NOSSAS CRIANÇAS: JANELAS DE OPORTUNIDA- dimensão ética, técnica, política e econômica da
DES, A PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS tecnologia em si; b) dimensão aceitação e satisfação
Danielle Freitas Alvim de Castro / Castro, D.F.A. / do paciente; c) dimensão características do serviço
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de de saúde e d) dimensão processo de trabalho. Con-
São Paulo; Lislaine Aparecida Fracolli / Fracolli, clusões: A incorporação das tecnologias do Projeto
L.A. / Escola de Enfermagem da Universidade Janelas mostrou-se estritamente relacionada com o
de São Paulo; Anna Maria Chiesa / Chiesa, A.M processo de educação permanente dos profissionais
/ Escola de Enfermagem da Universidade de São de saúde do Projeto Região Oeste. A análise do coti-
Paulo; diano do trabalho dos profissionais fornece pistas
Introdução: Muitos programas de intervenção na a respeito das tecnologias já em uso pelas Equipes
primeira infância vêm mostrando-se eficazes na e das necessidades de incorporação do uso de uma
melhoria do desenvolvimento das crianças, sendo nova tecnologia.
necessária sua implantação em uma realidade coma
a brasileira. A Estratégia Saúde da Família é um INIQUIDADES NA QUALIFICAÇÃO EDITORIAL DA
espaço que possibilita a ampliação das ações dos PRODUÇÃO NAS ÁREAS EDUCAÇÃO X SAÚDE
profissionais de saúde para além do biológico, pois COLETIVA
atua no lócus familiar. Neste contexto a implantação Magda Leite Medeiros / Medeiros, M. L. / Faculda-
de tecnologias como a do projeto Nossas Crianças: de de Medicina do ABC; Adriana Medeiros Sales
Janelas de Oportunidades torna-se favorável para de Azevedo / Azevedo, A. M. S. / Faculdade de
ampliar e qualificar a atenção à criança, com ênfase Medicina do ABC; Erik Montagna / Montagna, E. /
no fortalecimento do desenvolvimento infantil. Com Faculdade de Medicina do ABC; Marco Akerman /
a introdução de novas tecnologias na prática dos pro- Akerman, M. / Faculdade de Medicina do ABC;
fissionais de saúde a avaliação das mesmas torna-se A pesquisa, realizada em Instituições de Ensino
necessária, pois é um processo contínuo de análise Superior e/ou de Pesquisa, em Saúde Coletiva e em
e síntese de seus benefícios. Objetivo: Avaliar a Saúde Pública ganham destaque e força quando
incorporação das tecnologias do Projeto Janelas apresentadas aos pares através de publicações
pelos profissionais de saúde. Metodologia: Trata-se científicas. A avaliação de tais Instituições, reali-
de uma pesquisa avaliativa com triangulação de zadas pela CAPES/CNPq é complexa e considera a
métodos utilizando os quatro níveis de avaliação qualidade dos periódicos nos quais tais trabalhos
de Kirkpatrick. Os sujeitos de estudos foram 9 mé- são publicados. O rol de assuntos abordados pela
dicos e 17 enfermeiros de 18 Equipes das Unidades Saúde Pública é vasto e inclui a Educação / Ensino.
Básicas de Saúde do Projeto Região Oeste que foram Assim, pesquisas realizadas em Educação em Saúde
capacitados com a 2a edição do Projeto Janelas. Pública se enquadrariam em revistas que possuem
Resultados: 3 Equipes incorporaram a tecnologia, 9 vocação editorial para Saúde Pública/ Saúde Co-
incorporaram parcialmente e 6 não incorporaram a letiva e Educação. A pergunta que o pesquisador
tecnologia. 3 enfermeiros e dois médicos incorpora- da área pode fazer então, é: em que revista é mais
ram a tecnologia, 9 enfermeiros e 5 médicos incorpo- interessante apresentar os resultados? Assim, o
raram parcialmente e 5 enfermeiros e dois médicos objetivo do trabalho foi verificar quais os periódi-
não incorporaram a tecnologia. Foram identificadas cos catalogados no sistema WebQualis, utilizando

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 438
como descritor educação” são melhor qualificados discente de medicina em atividades relevantes à sua
(Qualis A1/ A2/ B1 e B2) e se essa qualificação per- atuação profissional futura. Para o presente estudo
manece quando se considera como descritor saúde foi realizada uma pesquisa qualitativa. O tipo do es-
coletiva”. Foram identificados 179 periódicos que tudo foi interpretativo-descritivo, uma vez que visa
aceitam publicações tanto de Educação quanto de explicar as causas de um fenômeno, identificando as
Saúde Coletiva, com qualis que variaram de A1 a C em interações que o produzem.Em relação à publicação
Saúde Coletiva. Desses, foram identificados somente dos PPC, o tempo de publicação foi em médica de
9 com qualificação A1 em Educação, e a qualificação 3,9 anos, variando entre um e oito anos de publica-
máxima desses periódicos, considerando Saúde Co- ção com desvio padrão de 2,27 anos. A composição
letiva, foi A2. No outro extremo, foram encontrados média de páginas foi de 161, variando de 14 a 338.
90 periódicos com qualificação B2 em Educação, e Os projetos analisados apresentaram, de maneiras
desses a qualificação máxima também foi B2, em absolutamente diferentes, o modo de trabalhar a
Saúde Coletiva. Já os periódicos considerados A1 inserção precoce de discentes nas práticas assisten-
em Saúde Coletiva são no máximo B1 em Educação ciais. Contudo, notou-se um movimento para que a
e há, ainda, quatro periódicos considerados B2 em inserção ocorra, principalmente de forma articulada
Saúde Coletiva, mas que apresentam qualis A1 em e contextualizada com o restante da formação, tal
Educação. Conclui-se que os artigos com foco em fato pode ser observado em 75% projetos analisados
Educação em Saúde Coletiva acabam por ter uma . Em contra partida, passados 14 anos da publicação
queda em sua qualificação quando publicados em da DCN-2011, foi possível verificar que 25 % das Ins-
periódicos da área correlata, ou seja, Educação, o tituições promovem a inserção do discente apenas
que pode desestimular o desenvolvimento de pes- a partir do 4º ano ou permitem a inserção porém de
quisa em estratégias de Ensino/Educação na área forma pontual e desarticulada com os conteúdos
de Saúde Coletiva. que se seguirão durante a formação.Certamente, a
simples publicação das diretrizes, não garantem sua
INSERÇÃO PRECOCE DO ALUNO DE MEDINA NA aplicabilidade e execução, assim, são necessárias
ATENÇÃO BÁSICA SOB A PERSPECTIVA DOS PRO- novas formas de avaliação para melhor avaliar se
JETOS POLÍTICOS DE CURSO os PPC´S são traduzidos nas práticas dos egressos.
Fernando Teles de Arruda / Arruda, F.T. / UFSCAR; A presente pesquisa apontou para a necessidade
Graciane Netto Cardoso Arruda / Arruda.G.N.C. de criação de ambientes de discussão dos PPC´s
/ UFSCAR; Valéria Vernaschi Lima / Lima, V.V. / pelas IES, estimulando o compartilhamento de
UFSCar; experiências, conquistas e desafios, aproximações
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso e distanciamentos, respeitando a singularidade de
de Medicina de 2001, DCN-MED, constituem um cada Instituição, mas estimulando o avanço comum.
padrão geral de orientação para a elaboração dos
currículos e dos projetos políticos de curso (PPC) LIDANDO COM CONFLITOS NAS RELAÇÕES IN-
que devem ser adotados por todas as instituições TERPESSOAIS NAS EQUIPES DE ESTRATÉGIA DE
de ensino superior-IES. No artigo 12º, as DCN SAÚDE DA FAMÍLIA
apontam como estratégia de reformulação curri- Teo Weingrill Araujo / Araujo, TW / IRSSL; Haral-
cular e a Inserção do aluno precocemente, em ati- do Cesar Saletti Filho / Saletti Filho, HC / IRSSL;
vidades práticas relevantes para a sua futura vida Ana Paula Pinho / Pinho, AP / IRSSL;
profissional, descrevendo a atenção básica como Caracterização do problema Vários fatores pertur-
o cenário ideal para esta ação. O Objetivo Geral da bam as relações interpessoais entre os membros das
presente pesquisa foi analisar o projeto pedagógico equipes da Estratégia de Saúde de Família e, muitas
dos cursos – PPC de graduação em medicina das vezes, causam conflitos, situações de impasse e
Universidades Federais da região Sudeste do Bra- adoecimentos em seus membros. Em vista disso, foi
sil, identificando conquistas e desafios, à luz das proposta uma intervenção para melhorar as relações
DCN-MED 2001, em relação à inserção precoce do em uma equipe ESF. Descrição A intervenção consis-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 439
tiu na participação de um psicanalista nas reuniões do Cesar Saletti Filho / Saletti Filho, HC / IRSSL;
dessa equipe por 12 semanas. Nesses encontros, os Melissa de Souza / Souza, MLP / IRSSL; Ana Paula
participantes foram solicitados a relatar casos de Pinho / Pinho, AP / IRSSL;
pacientes que tivessem gerado conflitos ou diver- Caracterização do Problema As equipes NASF estão
gências na equipe, ou casos em que eles tivessem em constante tensão entre a demanda para que
se percebido sem o amparo dos demais membros atuem segundo a lógica tradicional, dando vazão à
da equipe. Na discussão dos casos, foi solicitada a necessidade de encaminhamento para atendimento
descrição das visitas e consultas realizadas, além especializado por parte das Equipes ESF e a lógica
de ser realizada a leitura coletiva do prontuário. de apoio matricial, baseada na estratégia de organi-
Em síntese, algumas questões vieram à tona. Em zação da clínica e do cuidado em saúde a partir da
situações em que os usuários manifestavam para integração e cooperação entre as equipes responsá-
os agentes comunitários insatisfações com os cui- veis por um determinado território. A lógica tradi-
dados oferecidos, foi possível compreendê-las não cional, que fragmenta o cuidado nas diversas áreas
apenas como leituras ‘objetivas’ da realidade, nem do saber, preserva o profissional em uma situação
como decorrentes da incompetência ou descaso dos que lhe é mais familiar, enquanto a lógica do apoio
demais trabalhadores. Por exemplo, a infelicidade matricial expõe os profissionais a terem que com-
ou sentimento de impotência do usuário com a partilhar saberes e incertezas por meio de consultas
sua própria doença ou condição podia estar sendo compartilhadas, discussão de caso etc. Levando em
transferida para a equipe da unidade. Nesses casos, consideração essa tensão, foi desenvolvida estraté-
fazia-se necessário tomar distância da situação para gia para a discussão aprofundada de casos com uma
que o motivo da infelicidade fosse remetido de volta equipe NASF que atua na região central do município
a sua causa, para que o usuário pudesse ser satis- de São Paulo. Descrição Em março de 2015, as reu-
fatoriamente acolhido e para que as desconfianças niões dessa equipe NASF passaram a contar com a
entre os membros da equipe diminuíssem. Além presença de um psicanalista, que durante uma hora,
disso, foram salientadas as dificuldades inerentes assumia a função de facilitador da discussão. Em
à atuação de cada um dos membros da equipe. Por cada reunião, um dos profissionais do NASF ficava
exemplo, em uma situação em que um membro da responsável por trazer o caso de um paciente ou
equipe condenava a atitude do ACS em uma das visi- família atendida por ele, que era apresentado e dis-
tas, pudemos nos aproximar da situação em que se cutido por toda a equipe. A atuação do psicanalista,
deu essa atitude: o ACS tinha sido pego de surpresa nessas discussões, era inspirada na proposta dos
por uma solicitação inesperada, estava acossado grupos Balint, segundo a qual o facilitador não é
por um sentimento agudo de ansiedade por parte do aquele que detém as respostas corretas, mas aquele
usuário e precisava responder a tudo isso ali, de im- que faz a palavra circular e propõe questões com vis-
proviso. Lições aprendidas e recomendações Muitas tas a ampliar o olhar. A partir das discussões de caso,
vezes, os conflitos e dificuldades dos usuários com alguns temas para aprofundamento e estudos eram
a sua doença ou condição são ‘transferidos’ para levantados. A título de exemplo, podemos mencionar
a equipe, que passa atuá-los por meio de conflitos o caso de uma paciente homossexual, que suscitou a
nas relações interpessoais. Além disso, é frequente discussão sobre a questão das novas configurações
que os trabalhadores da equipe desconheçam as familiares. Ou o caso de uma paciente com dores
dificuldades inerentes a atuação dos demais, o que crônicas, que suscitou a discussão sobre a questão
faz com que julguem as atitudes do outro ‘de fora’. da dor crônica. Lições aprendidas e recomendações
Trazer essas questões à tona contribui para a saúde Abordar o paciente de maneira integral, por meio do
dos trabalhadores e das equipes ESF. compartilhamento de saberes e de responsabilida-
des, expõe os profissionais de saúde à dúvida, à in-
MATRICIANDO OS MATRICIADORES: UMA ESTRA- certeza e à necessidade de compartilhar saberes com
TÉGIA DE SUPERVISÃO DA EQUIPE NASF profissionais de outras categorias profissionais. A
Teo Weingrill Araujo / Araujo, T. W. / IRSSL; Haral- discussão aprofundada de casos, com a identifica-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 440
ção de temas para aprofundamento, pode ser uma aumentar a participação dos alunos. Houve também
estratégia de suporte aos profissionais, para que eles uma grande necessidade de infraestrutura (salas
possam se arriscar nessa difícil tarefa. Isso se torne de aula e laboratório de informática) e material
especialmente importante para os profissionais do didático, pois a Universidade está em período de
NASF, cuja atuação está pautada prioritariamente estruturação e, devido a isso, muitas vezes o monitor
pela lógica de apoio matricial. era quem custeava o material de consumo utiliza-
do. Apesar de todas as dificuldades encontradas, o
MONITORIA DE NIVELAMENTO: UMA EXPERIÊN- programa de monitoria conseguiu atingir o objetivo
CIA NO CURSO DE SAÚDE COLETIVA proposto, trouxe retorno para o Aluno/monitorado
Álvaro Ferreira da Silva / Silva, A.F. / Unifesspa; e Aluno/monitor, para o Curso de Saúde Coletiva e
Myllena Ferreira Peixoto / Peixoto, M.F. / Unifess- para a Universidade. Espera-se que este relato de
pa; Eric Renato Lima Figueiredo / Figueiredo, E.R.L. experiência possa servir para a difusão do programa
/ Unifesspa; Alessandra Carla Santos de Vasconce- – ainda pouco conhecido – e reafirme a importância
los Chaves / Chaves, A.C.S.V. / Unifesspa; Samantha de trabalhar o nivelamento desde o início da gradua-
Hasegawa Farias / Farias, S.H. / Unifesspa; ção para atingir um melhor desempenho acadêmico
A Monitoria de Nivelamento é uma modalidade de e, consequentemente, colaborar para uma melhor
ensino-aprendizagem com a finalidade de ofertar formação e atuação profissional. Palavras-chave:
atividades relacionadas à conteúdos do ensino mé- Saúde Coletiva. Ensino. Aprimoramento.
dio para alunos ingressantes no ensino superior, de
forma a possibilitar um melhor aproveitamento nas MONITORIA EM EPIDEMIOLOGIA NO CURSO DE
disciplinas dos cursos de graduação que dependam MEDICINA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA
dos mesmos. Na Universidade Federal do Sul e Su- DISCENTE DE ENFERMAGEM
deste do Pará (Unifesspa), esta atividade foi ofertada Aline Lino Balista / Balista, A.L. / Universidade
a discentes ingressantes no curso de Saúde Coletiva de Taubaté; Pamella Cristina de Carvalho Lucas /
com dificuldades de domínio do uso da linguagem e Lucas, P.C.C. / Universidade de Taubaté;
ferramentas tecnológicas. O conhecimento na área Caracterização do Problema: Monitoria constitui-se
se faz necessário desde o início da graduação, pois em uma proposta de cooperação com o docente em
o curso prevê uso de softwares para análise estatís- suas atividades, de forma significativa; apoiando
tica, formatação de textos e criação de gráficos e nas etapas do processo de ensino e aprendizagem,
tabelas, até a prática profissional – tendo em vista proporcionando ao monitor a possibilidade de
que há uma crescente dependência de plataformas conhecer melhor uma disciplina, aproximar-se da
digitais de informação no campo da saúde, no que realidade da docência, aprimorar práticas peda-
diz respeito à tomada de decisões e colaboração. Esta gógicas e auxiliar no processo de aprendizagem
experiência auxiliou significativamente os monito- de estudantes. Objetivo: descrever experiências de
rados, de forma a aproximar os conhecimentos teóri- uma discente da última série do curso de Enferma-
cos de sala de aula com a prática e, através do relato gem, monitora da disciplina de Epidemiologia em
das professoras do curso e das avaliações realizadas, Saúde Coletiva do Curso de Graduação em Medicina
constatou-se avanço significativo na superação de da Universidade de Taubaté, coordenada por uma
dificuldades nas disciplinas que dependiam deste docente de formação em enfermagem e Saúde da
conhecimento. Durante a monitoria foi observada a Família e uma docente médica e Medicina Preventi-
necessidade de se criar novos mecanismos para que va. Descrição: A monitoria se deu em março de 2015
pudesse abranger todos os alunos, pois o curso de e teve como objetivos: inserir o aluno no ambiente
Saúde Coletiva é noturno e a maioria destes estudan- acadêmico e compreender o papel do professor
tes são trabalhadores, os quais acabam conciliando universitário na formação de alunos; apoiar as
trabalho, família e estudo, ficando sem tempo para atividades de aulas teóricas e práticas, auxiliando
atividades fora do horário do curso; diante da situ- nas atividades burocráticas que competem o planeja-
ação, foram realizadas atividades aos sábados para mento das aulas, como elaboração de cronogramas,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 441
idealização de seminários, confecção de documentos a indissociabilidade entre a produção do cuidado, a
e ofícios, além de apoiar às atividades que competem formação de pessoas, a produção de conhecimento e
o planejamento de eventos de extensão. Em todas a gestão. Descrição: Desde 2006 vem diversificando
estas atividades a aluna monitora teve participa- seus campos de prática dos residentes com o objetivo
ção ativa, seja em aulas determinadas pelo docente de ampliar a compreensão destes sobre o sistema
supervisor ou auxiliando nas demais atividades: público de saúde, com a identificação dos recursos
elaboração de atividades didáticas em sala de aula, assistenciais disponíveis, reconhecimento das ne-
preparo de materiais didáticos, orientação de alunos cessidades de saúde da população e de sua inserção
em tarefas intra e/ou extraclasse, orientação de no cuidado em rede. Neste sentido, a adoção do Apoio
grupos de estudo e participação em reuniões entre Matricial como estratégia educacional, organizada
professores da disciplina. Lições Aprendidas: A de modo que profissionais das Unidades Básicas de
monitora desenvolveu um olhar crítico e inovador, Saúde (UBS) e do HMMG desenvolvam conjuntamen-
disposto a conhecer a realidade docente, comparti- te ações do cotidiano do cuidado, vem promovendo
lhar conhecimentos pré-existentes, aproximar-se a aproximação destes profissionais sob a ótica
de outros profissionais e criar laços com este novo do trabalho multiprofissional e interdisciplinar,
trabalho. Puderam-se realizar diversas atividades qualificando o cuidado. Estas atividades ocorrem
que levaram a monitora a pensar sobre o papel do principalmente nas UBS do território onde o hos-
educador na sociedade. O contato direto com profes- pital está inserido. Sua concepção, planejamento e
sores e alunos propiciou situações interessantes e operacionalização são construídas e monitoradas
únicas, que contribuíram pedagogicamente para o pela parceria entre os envolvidos. Lições Aprendidas:
seu processo de aprendizado, principalmente pela A adoção da estratégia do Apoio Matricial trouxe
oportunidade de troca de experiências entre aluno- contribuições nas dimensões da atenção, gestão
-monitor-professor. Recomendações: Recomenda-se e educação. Na educação foi possível observar ga-
que os estudantes interessados em seguir carreira nhos na formação dos residentes que passaram a
docente, vivenciem todo este processo de iniciação, ter uma vivencia efetiva do sistema e dos demais
reflitam sobre os princípios que norteiam práticas serviços. Na atenção a qualificação do cuidado se
pedagógicas, aproximem-se da realidade docente e deu pela interdisciplinaridade, aplicação dos dife-
experimentem esta troca de saberes. rentes saberes no exercício do cuidado e ensejando
revisões de protocolos e padronizações de materiais
MOVIMENTOS DE APROXIMAÇÃO ENTRE HOSPI- e medicamentos. Na gestão o fortalecimento se deu
TAL E ATENÇÃO BÁSICA: O APOIO MATRICIAL E na formação das redes, na ampliação da autonomia
A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS NO SUS dos profissionais e eficiência no uso de recursos e
Edson Malvezzi / Malvezzi, E. / Hospital Munici- serviços. A vivência deste processo mostrou que é
pal Dr. Mário Gatti, Campinas-SP; Renata Lúcia possível a sua continuidade. Recomendações: A con-
Gigante / Gigante, R.L. / Hospital Municipal solidação de uma iniciativa desta natureza depende
Dr. Mário Gatti, Campinas-SP; José Maurício de elementos que se mostraram estruturantes, tais
de Oliveira / Oliveira, J.M. / Hospital Municipal como: i) a garantia de agenda de encontros das equi-
Dr. Mário Gatti, Campinas-SP; Everton Soeiro / pes; ii) a superação do foco preponderante a partir
Soeiro, E. / Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, do olhar do especialista; iii) a apropriação dos en-
Campinas-SP; volvidos no Apoio Matricial como prática rotineira
Caracterização: O Hospital Municipal Dr. Mário em seu trabalho; iv) a ampliação do projeto com a
Gatti (HMMG) é um dos principais prestadores de incorporação de outras especialidades e de outras
serviços assistências da rede de atenção à saúde do ferramentas de comunicação.
Sistema Único de Saúde (SUS) para região de Campi-
nas. Certificado desde 2002 como Hospital de Ensino NOVOS CONTORNOS DO AT: A INAUGURAÇÃO
desenvolve programas próprios de residência médi- DE UMA DISCIPLINA ACADÊMICA
ca, odontológica e multiprofissional, reconhecendo Leonardo Gonzalez / Gonzalez, L. / FMABC; Marco

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 442
Akerman / Akerman, M. / USP; haja vista as atribuições que lhe são exigidas. Para
Oportunidade: alavancar a prática do Acompanha- tanto, há nas Unidades de Saúde da Família (USF) os
mento Terapêutico (AT) como disciplina acadêmica coordenadores, que têm como uma das atribuições
e objeto de pesquisa, bem como a difusão do conhe- acompanhar a prática do ACS. A opção em compre-
cimento gerado a partir da interação de instituições ender a visão desses profissionais foi motivada pelo
que têm cooperado para a instalação do AT no pano- fato dos coordenadores estarem diariamente em
rama da saúde mental no Brasil. A estrutura ofereci- contato e serem responsáveis pelo referido acom-
da pelo NEPES – FMABC sob os auspícios do Projeto panhamento do agente comunitário. Esta pesquisa
Pró-Ensino na Saúde propiciaram a realização do é resultado de mestrado e foi desenvolvida em uma
primeiro Simpósio de Acompanhamento Terapêu- Administração Regional de Saúde (ARES) no muni-
tico da Faculdade de Medicina do ABC em parceria cípio de São Carlos, interior de São Paulo. Objetivos
com Habitat (Núcleo de Formação de Acompanhan- O estudo analisou as concepções dos coordenadores
tes Terapêuticos) e o Núcleo de Pesquisa Prosopon, das USFs sobre o trabalho do agente comunitário de
do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto saúde, e buscou desvelar possíveis dificuldades de
de Psicologia da USP. Indicadores: o evento contou acompanhamento e orientação acerca do trabalho re-
com a participação de palestrantes convidados alizado pelos mesmos. Método Utilizou-se a pesqui-
oriundos da PUC-SP, Instituto de Psicologia – USP sa qualitativa, com análise temática e realização de
e Faculdade de Saúde Pública – USP, cuja expertise entrevista semiestruturada com oito coordenadores
e produção acadêmica estão na vanguarda da área. (médico, dentistas e enfermeiros) de quatro unidades
O evento ocorreu na FMABC, teve lotação esgotada de saúde do ARES. Obteve-se quatro categorias: (1)
a identidade do agente comunitário de saúde; (2) o
e propiciou publicação acadêmica em periódico
trabalho do ACS: a visão dos coordenadores; (3) Os
especializado. Também propiciou o lançamento do
desafios das atividades de coordenação; e (4) ACS:
curso de especialização em AT na FMABC, o que
dilemas profissionais. Resultados 1 - Compreensão
atende aos propósitos de instalação da prática como
ampla baseada em referenciais teóricos, discurso
disciplina acadêmica. Impacto: foi firmada parceria
construído socialmente, distância do perfil inicial
com o Instituto de Psicologia da USP, que se mantém
do ACS comparado aos dias atuais; 2 - Avaliações
pelo intercâmbio de alunos e reuniões científicas
positivas: comprometimento com o trabalho, res-
mensais; implantação, lançamento e divulgação
ponsabilidade frente às funções e envolvimento.
do Curso de Especialização em acompanhamento
Avaliações negativas: desvio de função, acúmulo de
terapêutico; difusão do conhecimento para profissio-
funções administrativas, não cumprimento de edi-
nais de saúde que atenderam ao evento em âmbito
tais e legislações, fuga e despreparo; 3 - Desmotiva-
regional. Conclusão: somente com o apoio do NEPES
ção e descrédito do papel de coordenador na equipe,
– FMABC pelo projeto Pró-Ensino na Saúde tem sido
estratégias de mobilização da equipe, garantir apoio
possível consolidar a prática do AT como disciplina institucional, atenção e cuidado, comunicação entre
acadêmica na FMABC e a manutenção da perspecti- os níveis de gestão municipal e diferentes tipos de
va de continuidade do trabalho ora iniciado. organização do trabalho nas unidades; 4 - Repensar
a exigência do Ministério da Saúde (MS) em morar e
O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE: SOB AS trabalhar no mesmo bairro, melhoria na formação e
LENTES DE COORDENADORES DE UNIDADES DE remuneração do ACS e olhar ampliado para o traba-
SAÚDE DA FAMÍLIA lhador. Conclusão A pesquisa aponta a fragilidade
Juliana Morais Menegussi / Menegussi, J.M. / USE do acompanhamento exigido pelo MS e evidencia a
- UFSCar; Maria Lucia Teixeira Machado / Macha- necessidade de fortalecimento dos coordenadores,
do, M.L.T / DEnf - UFSCar; Márcia Niituma Ogata / de modo a fomentar a Educação Permanente em
Ogata, M.N. / DEnf - UFSCar; Saúde e apoio institucional. Por fim, acredita-se
Introdução O trabalho do Agente Comunitário de que coordenadores sem preparo e apoio sinalizam
Saúde (ACS) em uma equipe de saúde é complexo, equipes sem suporte e cuidado.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 443
O APRENDIZADO DE FERRAMENTAS DE GESTÃO estratégia aprendida nas equipe. O grupo utilizan-
E CUIDADO NO CENÁRIO DO TRABALHO: CON- do a Matriz Decisória elegeu a Saúde Mental como
TRIBUIÇÃO DA ATIVIDADE CURRICULAR DE UM uma linha prioritária para aprofundar a reflexão,
MESTRADO PROFISSIONAL foi construída a árvore explicativa de problemas e
realizada oficina de atores sociais. A saúde mental,
Adriana Barbieri Feliciano / Feliciano, A. B. / UFS-
como uma linha de cuidado prioritária, foi discutida
Car; Regina Helena Vitale Torkomian Joaquim /
por uma equipe de saúde da família, uma equipe de
Joaquim, R. H. V. T. / UFSCar; Adriano André Silva
CAPS mental e uma equipe de hospital. A vivência
/ Silva, A. A. / UFSCar; Anita de Cássia Melinski /
da AC e o processo disparado entre as equipes pos-
Melinski, A. C. / UFSCar; Gabriela Perussi Cari-
zani Rossi / Rossi, G. P. C. / UFSCar; Ana Paula sibilitou uma identificação dos nós críticos da rede
Fernades Pereira / Pereira, A. P. F. / UFSCar; Diana de saúde mental. A dinâmica utilizada permitiu que
Carla Romano / Romano, D. C. / UFSCar; Juliana os mestrandos se apropriassem de ferramentas que
Aparecida Henrique / Henrique, J. A. / UFSCar; Lu- contribuem para a leitura da realidade e ao mesmo
ciana Rodrigues Placeres de Araújo / Araújo, L. R. tempo contribuiu para produzir reflexão nas equipes
P. / UFSCar; Samuel Roosevelt C. dos Reis / Reis, S. onde os mesmos se inseriam. Utilizar estratégias
R. C. / UFSCar; ativas no âmbito do mestrado profissional contribui
para o aprendizado e promove coletivos de reflexão
As mudanças na prática pedagógica em sala de aula
em ato, dando legitimidade ao programa de mestra-
são movidas pelas transformações na sociedade
do profissional.
contemporânea, portanto, tal prática precisa ser
dinâmica, devido às alterações na relação do sujeito
que aprende e os objetos de conhecimento. Algumas O CUIDADO DE HIPERTENSOS E DIABÉTICOS NA
políticas indutoras de parceria entre os Ministérios ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE
da Educação e Saúde buscam maior aproximação UM PROJETO DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO
entre as instituições formadoras e os cenários reais Ana Clara Ferreira Maia / Maia, A.C.F. / UNIFESP;
de produção de saúde no SUS, de forma a romper Larissa Baraçal Bordon / Bordon, L.B. / UNIFESP;
com os paradigmas fragmentadores dos saberes. Fernanda Rodrigues / Rodrigues, F. / UNIFESP;
O Programa de Mestrado Profissional em Gestão Milena Batalha / Batalha, M. / UNIFESP; Maria
da Clínica – PPGGC da Universidade Federal de São Fernanda Petroli Frutuoso / Frutuoso, M.F.P. /
Carlos foi concebido segundo essas diretrizes. A UNIFESP;
maioria de seus mestrandos tem inserção e atuação Caracterização do Problema: O cuidado a indivíduos
na rede de saúde do SUS. Neste sentido, um grupo diabéticos e hipertensos na atenção primária à saú-
de mestrandos do PPGGC, foi desafiado a aplicar os de, com vistas ao controle da glicemia e/ou pressão
conhecimentos produzidos, na realidade concreta de arterial e prevenção de complicações constituem
cuidado à saúde, nos serviços dos quais participava, desafios para os profissionais de saúde. Trata-se de
ao cursar a atividade curricular - AC Linhas de Cuida- tema relevante tanto para a formação como para a
do e Apoio Matricial que tem por objetivo identificar educação permanente em saúde em busca de con-
os desenhos e os arranjos de matriciamento em dutas profissionais que se distanciem de propostas
implementação no âmbito do SUS; Elegendo uma prescritivas. Descrição: Este trabalho é um recorte do
linha de cuidado e por meio do uso de ferramentas Projeto de Educação pelo Trabalho Redes de Atenção
de gestão e de indicadores, fazer uma análise de às Urgências e Emergências na Linha de Cuidado da
processo e cuidado. Para esta análise percorreu-se Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus
algumas etapas na AC, como: discussão sobre linhas (PETRUE) que identificou o percurso e os nós do
de cuidado, disparada por uma situação problema e cuidado de diabéticos e/ou hipertensos moradores
nos encontros seguintes foram trabalhadas algumas da área de abrangência de uma Unidade Saúde da
ferramentas que permitiram que o grupo aprofun- Família (USF) de região de elevada vulnerabilidade
dasse as dicussões com suas equipes de trabalho. A social de Santos-SP que deram entrada no Pronto
cada encontro da AC os mestrandos reproduziam a Socorro com crise hipertensiva e/ou glicemia des-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 444
compensada. Com base nas dificuldades relatadas da saúde. Identificar as facilidades e dificuldades
(uso inadequado de insulina/medicamentos, manu- no trabalho interdisciplinar no serviço de Saúde.
tenção da dieta e comparecimento às consultas na Metodologia: O caminho metodológico escolhido
USF), alunos dos cursos de Fisioterapia, Nutrição, foi a pesquisa qualitativa que por sua vez, trata-se
Educação Física e Serviço Social propuseram, junto de uma atividade da ciência, que visa à construção
com a equipe da USF, a realização de projetos tera- da realidade, mas que se preocupa com as ciências
pêuticos singulares pautados no cuidado interdisci- sociais em um nível de realidade que não pode
plinar, a partir de demandas dos usuários/famílias ser quantificado, trabalhando com o universo de
e na perspectiva da clínica ampliada, abordando crenças, valores, significados e outros constructos
a saúde do cuidador, o resgate da história de vida profundos das relações que não podem ser reduzidos
dos indivíduos, a ressignificação da alimentação, à operacionalização de variáveis (Minayo 2003).
bem como práticas corporais. Lições Aprendidas: Foram realizada entrevista com os profissionais de
Na perspectiva do cuidado, os graduandos puderam saúde com perguntas semi-estruturada em uma Uni-
vivenciar a dinâmica de funcionamento da atenção dade básica de Saúde na região da Zona Leste após
básica à saúde e seus desafios, bem como a reflexão aquiescência dos mesmos Resultados: Os resultados
sobre estratégias interdisciplinares de cuidado a da tematização que emergiram nos discursos do
doentes crônicos, construídas conjuntamente tanto participantes foram; ausência de foco nas ações de
com os hipertensos e/ou diabéticos como com a prevenção e promoção de Saúde neste sentido está
equipe da USF, constituindo experiência importan- centrado na doença.Educação permanente Interdis-
te de formação e educação permanente em saúde. ciplinar desencontro das partes na especificidade da
Discussões teóricas a partir da vivência na USF con- categoria profissional no diálogo.Dimensionamento
tribuíram para lidar com os desafios do cotidiano de de Equipe de acordo com demanda do Território, ou
trabalho em região de elevada vulnerabilidade, bem seja, discrepância e incompatibilidade. Aumentar o
como com as dificuldades inerentes ao cuidado em espaço e tempo para construção do Projeto terapêu-
rede. Ressalta-se a relevância do PET como política tico.Perfil dos profissionais no que tange ao perfil
indutora para fortalecimento da integração ensino- formativo. Conclusões/Considerações: Os resultados
-serviço-comunidade. Recomendações: A necessidade deixam claro que a equipe de saúde, ainda desarti-
da construção de estratégias de produção do conheci- culada com as demais categorias da saúde e demais
mento e produção de cuidado nos cenários de práti- setores reduzindo suas ações para atividades pontu-
cas profissionais permitindo a reflexão de discentes, ais, centrados mais na atenção curativa, mas do que
docentes e profissionais de saúde sobre condutas que preventiva e de promoção e com crise de identificar
considerem as singularidades dos usuários. os contornos de atuação na equipe gerando um mal
estar no cotidiário a interdisciplaridade tem um
O DIALOGO INTERDISCIPLINAR NA EQUIPE DE papel de religare o dialogo entre a convergência e
ESTRATEGIA SAÚDE DA FAMÍLIA E NÚCLEO DE divergências no contexto complexo.
APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA
Fledson de Sousa Lima / Lima,F.S / Faculdade de O ENSINO DA TUBERCULOSE NOS CURSOS DE
Medicina ABC; Vânia Barbosa do Nascimento / GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM NO ESTADO DO
Nascimento,V.B. / Faculdade de Medicina ABC; AMAZONAS: UMA ANÁLISE DOS PLANOS DE
Apresentação: O presente estudo originou da vivên- ENSINO
cia como discente de psicologia e profissional de Amélia Nunes Sicsú / Sicsu, A.N. / EERP/UEA;
Enfermagem buscou-se analisar as experiências Rosana Santos Brandão de Assis / Assis, R.S.B.
interdisciplinares e os seus desafios no cenário da / UEA; Ana Paula de Carvalho Portela / Portela,
saúde e os possíveis desencontros na atuação na A.P.C / UEA; Adriany da Rocha Pimentão / Pimen-
Atenção Primaria à Saúde em que os atores são Equi- tão, A.R / UEA; Jaqueline Garcia de Almeida Balles-
pes da ESF e NASF. Objetivos: Analisar as experiên- tero / Ballestero, J.G.A. / EERP; Pedro Fredemir
cias interdisciplinares os seus desafios no cenário Palha / Palha, P.F. / EERP;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 445
Introdução: O conhecimento sobre a Tuberculose dos enfermeiros apresenta fragilidades referentes
(TB) é essencial para os alunos de Enfermagem, pois ao ensino da Tuberculose. A universidade não está
se trata de uma população que durante as diversas oferecendo/ensinando conteúdos de Tuberculose
práticas no serviço presta assistência aos pacien- conforme demanda necessária, consequentemente, o
tes suspeitos e doentes de TB. Assim, destaca-se profissional formado poderá não ter condições para
a importância das instituições de ensino superior atuar e intervir na assistência a esses pacientes.
da área da saúde, como espaço potencializado de
difusão do conhecimento geral, formação de pro- O ENSINO DE POLÍTICAS PÚBLICAS COMO DIS-
fissionais em conhecimentos, valores e formas de POSITIVO E AGENTE TRANSFORMADOR DA REA-
pensar e agir. Objetivo: Analisar o ensino da tuber- LIDADE: DA UNIVERSIDADE PARA A SOCIEDADE
culose nos Cursos de Graduação em Enfermagem Juliana Isabel Teixeira da Rocha / Rocha, J.I.T /
em Universidades Públicas de Manaus-Amazonas. Universidade Metodista de Piracicaba;
Método: Trata-se de uma pesquisa de campo do tipo O presente estudo tem como objetivo destacar a ex-
exploratório, descritiva, aprovada pelo Comitê de periência de monitoria dentro da disciplina de Saúde
Ética em pesquisa da universidade do Estado do Mental e Contemporaneidade realizada no último
Amazonas, CAAE n. 26192114000005016. O estudo semestre, na Universidade Metodista de Piracicaba ,
foi desenvolvido na Escola Superior de Ciências da ministrada pela docente Me. Disete Devera. Conside-
Saúde (ESA), Universidade do Estado do Amazonas rando o cenário atual, é relevante considerar o com-
(UEA) e na Escola de Enfermagem de Manaus (EEM), promisso que as Universidades têm assumido com a
da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Os da- formação de futuros profissionais, visto que o setor
dos foram coletados no período de janeiro a maio de público apresenta-se como uma das maiores áreas
2015. Para realizar a análise, os planos de ensino das de atuação do psicólogo, correspondendo segundo
disciplinas com potencial para abordar o conteúdo BASTOS E GONDIM( 2010) a 40,3%, distribuídos nas
da tuberculose foram solicitados à coordenação do instituições ligadas as políticas públicas do Brasil,
curso de ambas as instituições. Estes foram analisa- do SUS e do SUAS, ou seja, da saúde e da assistência
dos no conjunto de suas partes: objetivo geral, objeti- social. Durante a experiência da referida monitoria,
vos específicos, conteúdo programático, estratégias ficara evidente a afirmativa de Bleger (1.984)na qual
de ensino e aprendizagem, avaliação do processo relata que é preciso compreender para intervir e
de ensino e aprendizagem, recursos necessários e intervir para compreender, salientando a relevância
bibliografia. Resultados: A Estrutura Curricular do da apropriação das políticas públicas, enquanto um
Curso de Enfermagem na UEA é composta por 47 processo histórico que vem sendo construído no
disciplinas e na UFAM por 41 disciplinas. Verificou- Brasil, nas últimas décadas, a partir da intervenção
-se que na UEA, apenas uma disciplina apresentava direta da sociedade Civil, trabalhadores e Estado,
o conteúdo de TB no plano de ensino (Enfermagem bem como a emergência de uma condição desejante
no Processo do cuidar da Saúde da Família e da Co- do profissional enquanto ator político na qual o con-
letividade), com o conteúdo Programa de Controle voca à uma posição ético política no manejo das suas
da Tuberculose”. Já na UFAM, três disciplinas: Saúde ações no coletivo. Portanto, qualificar a formação do
Coletiva II, Processos Patológicos, Enfermagem em futuro psicólogo é dar condição de potência para a
Doenças Transmissíveis, contemplaram conteúdos função do trabalhador, o que implica permitir que o
sobre a TB. Os conteúdos abordados por estas disci- mesmo adquira conhecimentos significativos para
plinas, respectivamente, são: Ações de Enfermagem o processo emancipatório e desalienante, no qual o
no controle da TB”, Doenças Oportunistas I: Tuber- coloca numa posição subjetivante tornando-o potente
culose” e Doenças Granulomatosas: Tuberculose”. na cena micro revolucionária das suas intervenções
Conclusão: Conclui-se que o processo de formação cotidianas enquanto agente de transformação social.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 446
O ESTADO E A ANTIPOLÍTICA DOS RECURSOS servidores públicos, terceiriza a gestão, estimula o
HUMANOS NO SUS: OS PRESSUPOSTOS ECONÔ- setor privado em detrimento do público e, sobretu-
MICOS E INSTITUCIONAIS DA PRECARIZAÇÃO do, gera vínculos precários, sobrecarga de trabalho
Helton Saragor de Souza / SOUZA, H.S / Universi- para os profissionais e atendimento de qualidade
dade de São Paulo; deficitária para os usuários.
Introdução A partir do conceito política e do seu
caráter inerente de disputa de interesses e do poder
O ESTÁGIO CURRICULAR NOS NOVOS CURSOS DE
entre frações de classes e grupos sociais, interpreta- GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA
mos a política pública não como aplicação técnica. Michele Gonçalves da Costa / Costa MG da / Univer-
A pesquisa analisa os pressupostos institucionais e sidade de São Paulo;
econômicos do Estado nacional no estabelecimento Introdução: O curso de Graduação em Saúde Pú-
dos parâmetros diretos e indiretos para a gestão da blica da FSP/USP, iniciado em 2012, desenvolverá
força de trabalho em saúde e, consequentemente, a atividade de estágio para sua primeira turma em
como estes contribuem para a terceirização, preca- 2015. Assim, conhecer a experiência desenvolvida
em outros cursos de graduação de saúde pública/
rização dos direitos trabalhistas, baixos salários,
coletiva trará subsídios para a preparação dessa
intensificação do trabalho etc. Objetivos • Apresen-
atividade. Objetivo: Elaborar um painel sobre como
tar como a legislação do Estado nacional condiciona
estão organizados os estágios curriculares dos diver-
a gestão do trabalho em saúde. Métodos Trata-se
sos cursos de Saúde Pública/Coletiva no Brasil, em
de estudo de caráter teórico, os meios de pesquisa
termos de campos de prática utilizados, distribuição
consistiram na revisão bibliográfica, relacionando
da carga horária, programa, supervisão, suporte
abordagens sociológicas, econômicas e da saúde
administrativo, avaliação de alunos e de professo-
coletiva. Resultados Os serviços de saúde tornaram-
res. Métodos: Foi realizada pesquisa documental
-se espaços mais propícios ao capital privado após
na web abarcando os projetos político-pedagógicos
a orientação” de desregulamentação e privatização
dos diversos cursos e outros documentos e desen-
dos órgãos econômicos internacionais (GATT-OMC).
volvido dois questionários eletrônicos que serão
Nesse sentido, analisamos como o Estado, por um aplicados aos coordenadores dos cursos e alunos
lado, aplicou uma política econômica que subfi- e graduados. Resultados: Foram identificados 21
nanciou o SUS, por outro, construiu um arranjo cursos de graduação em Saúde Coletiva/Pública
institucional com a Lei de Responsabilidade Fiscal distribuídos em todas as macrorregiões do país.
(2000) e a reforma gerencial (1995). Essas medidas A maioria está vinculada a universidades púbicas,
significaram a definição do teto que o ente federativo majoritariamente federais e mais da metade dos
disponibiliza para a folha de pagamento; fundou cursos foram criados a partir de 2010. Foram obti-
novas formas institucionais: as agências executivas, dos os Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) de 11
agências reguladoras e as organizações sociais, im- cursos e grades curriculares de outros 6. Nestes 17
plicando em processos de transferência de gestão do cursos houve grande variação na carga horária do
público para Organizações de direito privado. Ade- estágio, 120 a 720 horas, sendo que metade deles tem
mais, na política pública de saúde, a possibilidade carga inferior a 600 horas, na maioria dos cursos o
de complementaridade da saúde privada, prevista no estágio ocorre nos 7º. e 8º. semestres. Os PPPs não
artigo 199 da Constituição Federal, ganhou prima- apresentam muitas informações sobre os estágios.
zia. Conclusão Na realidade da gestão dos serviços Poucos cursos detalharam a organização em eixos,
de saúde, esses pressupostos institucionais e eco- campos de estágio e definiram que a avaliação será
nômicos se entrecruzam. Em síntese, frisamos que feita através de relatório ao final do estágio. A pes-
as modificações na regulação do capital e o arranjo quisa com os coordenadores e alunos poderá trazer
institucional por parte do Estado para a provisão informações mais detalhadas sobre a organização
dos serviços inviabiliza a contratação necessária de dos estágios nesses cursos.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 447
O FLUXO DE ATENDIMENTOS NUM PROJETO DE uma mesma pessoa, dificulta a comunicação entre
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA VISTO A PARTIR DE os profissionais, configurando trabalho multipro-
UMA FORMAÇÃO PROFISSIONAL ALINHADA ÀS fissional e não interdisciplinar. Recomendações:
PROPOSTAS DO SUS Considerando-se que o Projeto Bandeira Científica é
uma modalidade de extensão universitária que visa
Cézar Donizetti Luquine Júnior / Luquine Jr., C.
à formação de alunos para o campo da saúde, seria
D. / IP-USP; Giovana Telles Jafelice / Jafelice, G. T.
interessante que o fluxo de atendimento dos postos
/ UNIFESP; Julia Fernanda Camara Gampietro /
pudesse ser reformulado de modo a se aproximar
Gampietro, J. F. C. / IP-USP; Lívia Penteado Pinhei-
das propostas do SUS, especialmente da integrali-
ro / Pinheiro, L. P. / IP-USP; Patrícia Beretta Costa
/ Costa, P. B. / IP-USP; dade e da interdisciplinaridade. Além da formação
de futuros profissionais para o SUS, seria possível
Caracterização do problema: O Projeto Bandeira
oferecer uma atenção mais integrada e eficiente
Científica é uma atividade de extensão universitária
aos usuários.
que envolve diversos cursos da Universidade de São
Paulo. Procura combinar atenção integral à popula-
ção de municípios vulneráveis do Brasil com forma-
O IMPACTO DA DENGUE COMO CENÁRIO DE PRÁ-
ção social, acadêmica e profissional dos alunos no TICA NO CURSO DE MEDICINA
campo da saúde, tendo a interdisciplinaridade como ELIZABETH REGINA DE MELO CABRAL / CA-
proposta. Dentre as atividades realizadas, destacam- BRAL, E. R. M. / Faculdade São Leopoldo Man-
-se os atendimentos à população, que se dão em dic - S.L.Mandic; Fernanda de Almeida Silveira
postos montados pelos alunos. A partir de nossa / Silveira, F.A. / Faculdade São Leopoldo Mandic
experiência, formula-se a hipótese de que o fluxo de - S.L.Mandic; Giuliano Dimarzio / Dimarzio, G.
organização destes postos reflete um certo modo de / Faculdade São Leopoldo Mandic - S.L.Mandic;
entender e produzir formação e cuidado em saúde Sandra de Fátima A. Ferreira / Ferreira, S.F.A. /
afastados das atuais propostas do SUS. Descrição: Secretaria de Saúde do município de Campinas;
O fluxo de atendimentos nos postos tem início na Edson Pavarini / Pavarini, E. / Secretaria de Saúde
abertura de fichas”, onde os usuários são cadastra- do município de Campinas; Bruno Yamanaka /
Yamanaka, B. / Faculdade São Leopoldo Mandic
dos e passam por caracterização sociodemográfi-
- S.L.Mandic; Livia C. Benavente Krützfeldt / Krut-
ca, antropometria e triagem (aferição da pressão
zfeldt, L.C.B. / Faculdade São Leopoldo Mandic
arterial e dos níveis de glicemia). Na sequência,
- S.L.Mandic; Ivana Daniela César / César, I. D. /
são atendidos por alunos de medicina, que podem
Faculdade São Leopoldo Mandic - S.L.Mandic;
realizar encaminhamentos para as demais áreas.
Há a possibilidade, ainda que menos frequente, de Caracterização do Problema: A experiência exitosa
atendimento direto pelas demais áreas, caso o usuá- teve início a partir de uma disciplina de Saúde da
rio peça explicitamente. Desta maneira, na maioria Família e Comunidade, realizada por estudantes e
das vezes, os alunos de medicina ficam no papel de professores do segundo ano do curso de Medicina da
coordenadores do cuidado. Além disso, cada pessoa Faculdade São Leopoldo Mandic, em parceria com a
que procura o posto é atendida sob a perspectiva das Atenção Básica do municipal. O objetivo foi descre-
diferentes especialidades. Por exemplo, se um usu- ver o processo de inserção dos estudantes no fluxo
ário traz duas queixas será atendido em momentos de atendimento, de educação em saúde e de gestão
distintos por alunos das respectivas áreas. Lições do cuidado dos pacientes com suspeita de dengue em
aprendidas: Este modo de organizar a atenção ao uma unidade de Atenção Primária em Saúde do mu-
usuário pode ser considerado distante das propos- nicípio de Campinas/SP. Descrição: Os estudantes
tas atuais do SUS, uma vez que ainda se dá em uma observaram, registraram e auxiliaram no fluxo de
perspectiva centrada na figura do médico e num atendimento dos pacientes com suspeita de dengue,
viés das especialidades, que fragmentam o cuidado, além de realizarem atividades de sala de espera,
comprometendo o princípio da integralidade. Além ações de educação em saúde e notificações dos ca-
disso, por funcionar com diferentes atendimentos a sos. O desenvolvimento das atividades foi realizado

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 448
por um grupo de dez alunos, mais dois docentes e um prática profissional. Trata-se de um estudo de caso
técnico pedagógico. Os atendimentos na unidade de de caráter qualitativo, do qual participaram nove
saúde e atividades na faculdade duraram um semes- fisioterapeutas egressos deste programa de residên-
tre. Lições Aprendidas: A Atenção Primária a Saúde cia. Para a coleta de dados empregou-se a técnica
teve papel importante na epidemia de dengue, sendo de História Oral (HO). Para tanto, elaborou-se uma
principal local de atendimento e acompanhamento pergunta desencadeadora visando explorar o cami-
dos casos suspeitos e confirmados. Os estudantes ob- nho histórico da atuação do fisioterapeuta. Assim,
servaram que o usuário encaminhava-se à recepção as entrevistas foram transcritas e transcriadas para
para identificação de sintomas de dengue. Se posi- realização da análise, na qual foi utilizado o método
tiva, acompanhariam o paciente para uma triagem. da interpretação dos sentidos. Foram definidos os
Seguia-se o protocolo de Dengue. Foram realizadas seguintes temas: 1) Diferentes trajetórias - vindos
notificações dos casos suspeitos, orientações dos de seus diferentes pontos da partida, foram navegar
sinais de alerta, reidratação oral e solicitação do em mares nunca dantes navegados” e 2) O mundo do
hemograma para cada atendimento. A inserção dos trabalho: novos desafios e perspectivas - os fisiote-
estudantes no fluxo propiciou que tivessem contato rapeutas revelaram por meio de suas experiências
com pontos das novas diretrizes curriculares rela- profissionais uma vida como ela é” Constatou-se que
cionadas à atenção à saúde, tanto individual quanto a residência teve um papel importante na formação
coletivamente. Recomendações: Ressalta-se a im- profissional dos fisioterapeutas egressos, principal-
portância da inserção dos estudantes de medicina, mente na aquisição de uma visão ampliada do cuida-
desde o primeiro ano do curso, na Atenção Primária do em saúde na atenção primária, ao interagir com
à Saúde visando despertar uma formação integral, outros profissionais e poder trabalhar em equipe. É
ética e técnica; a oportunidade oferecida pela Saúde necessário continuar investindo nessa formação em
da Família e Comunidade propicia reflexão sobre saúde, assim como em mudanças no perfil profissio-
conceitos como: integralidade, coordenação do cui- nal segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais.
dado e das ações de territorialização, a vigilância
em saúde, trabalho em equipe, estes, fundamentais O PAPEL FORMATIVO DO PROCESSO DE SELEÇÃO
para a formação em medicina. EM PROGRAMAS DE PÓS GRADUAÇÃO
Bárbara Grazielle Ramos / Ramos, B. G. / Coletivo
O PAPEL DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL Viramente;
EM SAÚDE E A FORMAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA O desejo de um estudante que pretende ingressar
Mariana Lisboa Costa / Costa, M.L. / SESAB; Rose- em um programa de pós graduação caminha entre
li Ferreira da Silva / Silva, R.F. / UFSCAR; Valéria a ciência e a docência, porém há algo em comum
Vernaschi Lima / Lima, V.V. / UFSCAR; Márcia entre os dois objetivos: aprimorar-se. Já para os pro-
Niituma Ogata / Ogata, M.N. / UFSCAR; grama de pós graduação, o desejo em conquistar os
Para uma formação em saúde que atenda as reais melhores estudantes e desenvolver processos sele-
necessidades da população é necessário que as tivos capazes de identificar futuros profissionais de
Instituições de Ensino Superior (IES) e o Siste- referencia muitas vezes culminam em vagas de pro-
ma Único de Saúde (SUS) assumam relações de gramas públicos de pós graduação ociosas caso não
compromisso, cooperação e responsabilidade pela se encontrem candidatos de interesse. Ao ingressar
formação profissional. A Residência Multiprofis- na pós graduação, estudantes e docentes/pesquisa-
sional em Saúde configura-se como uma potente dores firmam um compromisso, iniciando o processo
estratégia de capacitação e formação profissional de formação do pós graduando, entretanto as etapas
para o SUS. Este estudo teve o objetivo de analisar de preparação e realização da seleção costumam ter
as experiências de fisioterapeutas que cursaram um sua potência formativa negligenciada. Neste senti-
programa de residência multiprofissional em saúde do, qual o impacto na carreira de um profissional,
da família e comunidade - RMSFC de uma universi- considerando os processos seletivos atuais no Brasil
dade pública, visando verificar as repercussões na que, em sua maioria, apenas apresentam uma nota

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 449
final, sem problematizar com o candidato possíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), porém o perfil
melhorias? Ou ainda sem uma orientação ao candi- dos egressos ainda não atende às necessidades da
dato não aprovado, de maneira franca e livre da com- sociedade brasileira. Precisamos de médicos que
petição, que contribua de forma construtiva tanto contribuam para o fortalecimento de um sistema
a ele quanto à própria Universidade? Ao vivenciar o de saúde público universal e equânime, que desem-
processo seletivo para um programa de doutorado, penhem papeis mais ativo na política de saúde e
percebi a contradição de algumas Instituições que, que reconheçam o cuidado como objeto cerne de
mesmo reconhecidas pela expertise em educação, sua ação profissional. Caracterização. Objetiva-se
não se preocupam com o caráter formativo do pró- descrever uma experiência pedagógica inovadora,
prio processo seletivo, apresentando uma postura ainda que circunscrita ao espaço microinstitucional.
que desconstrói possíveis parcerias ao diminuir o A disciplina de saúde coletiva III, destinada aos dis-
potencial criativo de candidatos expostos e abertos centes do 3º ano médico da Faculdade de Medicina
a contribuições. Como lição, entendi que o profissio- de Botucatu, desenvolve-se em núcleos temáticos
nal, ao participar da seleção em um programa de pós executados em cinco módulos. Em 2015, os módulos
graduação, deve considera-lo parte de seu processo orientados pelo método da problematização (Pla-
nejamento de intervenções em problemas de saúde
formativo, utilizando as fases de preparação e rea-
pública e organização da atenção à saúde) ficaram
lização das provas, análise do resultado e retorno
sequenciais. Assim, a turma de 90 foi dividida em
dos avaliadores para seu aprimoramento pessoal
oito grupos, cada grupo trabalhou um problema de
e profissional. A Universidade, por sua vez, deve se
saúde pública. O final dos módulos, os discentes
preparar para receber um profissional, sempre em
partilharam suas vivências com demais colegas em
formação, que merece ter a candidatura respeitada
grupos mistos. Apresentar-se-á o percurso do grupo
e a avaliação realizada com critérios claros e com
que estudou deficiências. Descrição. A aproximação
garantia de devolutiva sobre seu desempenho. Como
com a realidade deu-se pelo desenvolvimento de um
sugestões, acredito que os critérios de seleção devam caso, entrevistas com deficientes, discussão de vídeo
ser mais detalhados; que a arguições de projetos e e visita em serviço que atende pessoas com condi-
entrevistas devam ser realizadas de forma ética e ções neurodegenerativas. A teorização simultânea
construtiva; e que ao final do processo seletivo seja fundamentou o planejamento estratégico voltado
oferecido ao candidato um retorno a respeito de seu à dificuldade de acessibilidade dentro do campus.
desenvolvimento. A fim de formarem-se pós gradu- No segundo módulo discutiram-se políticas públi-
andos qualificados e confiantes em seu trabalho e cas e participação social, resultando em uma mesa
nas instituições que representam, fortalecendo a redonda com pesquisadores e conselheiros munici-
pesquisa e o ensino superior do país. pais de saúde. A seguir, introduziram-se questões
específicas da política de saúde dos deficientes; os
O POTENCIAL DA PROBLEMATIZAÇÃO NA GRA- discentes puderam visitar e reconhecer os serviços
DUAÇÃO DE MEDICINA: RELATO DE EXPERIÊNCIA que compõem a rede de atenção, identificar e cons-
Natalia Silva Braz / Braz, N. S. / Faculdade de truir a linha de cuidado relacionada ao caso. Por fim,
Medicina de Botucatu - UNESP; Natalia Bortoletto realizaram uma intervenção educativa dialógica e
D‘Abreu / D‘Abreu, N. B. / Faculdade de Medicina propuseram a criação de uma disciplina de comuni-
de Botucatu - UNESP; Paulo Henrique Furukawa cação assistiva. Lições aprendidas. O percurso meto-
Gadani / Gadani, P. H. F. / Faculdade de Medicina dológico propiciou aos discentes: envolvimento com
de Botucatu - UNESP; Raphael Antonio Medeiros o problema estudado; sensibilização para questões
de Castro / Castro, R. A. M. / Faculdade de Medi- que ultrapassam o contexto da clínica; reconheci-
cina de Botucatu - UNESP; Suelen Alves Rocha / mento de sua inserção social; reconhecimento da
Rocha, S. A. / Faculdade de Medicina de Botucatu rede e linha de cuidado; realização de atividade de
- UNESP; promoção à saúde e proposição de intervenção que
Problema. A maioria dos médicos formados atua visa mudança na realidade social acadêmica.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 450
O PROCESSO DE TRABALHO EM ENFERMAGEM SOB tensionado e com a pressão generalizada sobre o in-
O FLUXO TENSIONADO divíduo. A conversão dos serviços de saúde em áreas
Helton Saragor de Ousa / SOUZA, H. S. / Universi- de valorização do capital e o subfinanciamento do
dade de São Paulo; Estado configuram a relação desproporcional entre
Introdução A pesquisa analisou o processo de tra- a demanda de usuários e a quantidade incipiente
balho das categorias de enfermagem perante três de trabalhadores sendo esse o modus operandis
formas de gestão: administração direta, terceirizada do trabalho em enfermagem, gerando sobrecarga e
sob gestão de Organizações Sociais de Saúde (OSS) intensificação sobre os trabalhadores.
e iniciativa privada no contexto do capitalismo
financeirizado e da organização do trabalho pós- O TRABALHO DE CUIDADO: UMA ANÁLISE PRE-
-fordista. Objetivos • Contestar a interpretação taylo- LIMINAR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO
rista da racionalização do trabalho em enfermagem, TRABALHO DE CUIDADORES DE PESSOAS IDOSAS
sustentando a leitura do processo de trabalho nos Angélica Fabiana Gomes / Gomes, A.F. / UFSCAR;
moldes pós-fordistas. • Apresentar os resultados Wilson José Alves Pedro / Pedro, W.J.A. / UFSCAR;
sobre o processo de trabalho da enfermagem nos Rosemeire Aparecida Scopinho / Scopinho, R. A. /
hospitais investigados. Metodologia Os estudos de UFSCAR;
caso concentraram-se em três hospitais localizados O estudo do trabalho do cuidador em ILPI é, pois, um
na Região Metropolitana de São Paulo com gestões fenômeno social que deve ser esclarecido, pois, ele
distintas: administração pública; administração ter- depende da condição individual dos que o executam.
ceirizada para Organização Social de Saúde (OSS); O estudo científico do trabalho de cuidado se torna
e administração privada. Os meios de pesquisa cada vez mais relevante para melhorar as condições
consistiram em técnicas etnográficas e entrevis- de trabalho propiciadas por avanços tecnológicos e
tas semiestruturadas. Resultados Em síntese, as científicos. O objetivo da pesquisa é caracterizar as
tendências econômicas submetem o processo de representações sociais elaboradas por cuidadores de
trabalho das categorias da enfermagem na medida pessoas idosas sobre o seu trabalho, em uma ILPI.
em que, para a diminuição de custos, constrangem Para realização do trabalho optou-se por adotar uma
a contratação do número adequado de profissionais. abordagem metodológica qualitativa de caráter des-
Nesse sentido, todas as formas de gestão da força critivo. Num primeiro momento foi realizada uma
de trabalho da enfermagem instituem a relação pesquisa bibliográfica, assumindo a forma de estudo
desproporcional que se baseia na inequação entre exploratória. Além disso, esta sendo realizado um
demanda do número de pacientes e quantidade estudo de campo, no município do interior do Estado
incipiente de profissionais, ou seja, à moda do tra- de São Paulo, que faz parte da DRSIII – Araraquara.
balho em cuidado, institui-se sistema análogo ao Através de entrevistas reflexivas propõe-se explorar
just-in-time consagrado no toyotismo e emprestado” aspectos qualitativos dos discursos dos participan-
para diversas atividades de serviços. Essa relação é tes, fundamentado na Teoria das Representações
demonstrada pelo não atendimento da maioria dos Sociais. O estudo encontra-se em andamento, com
estabelecimentos de saúde do dimensionamento de dados preliminares. A partir da leitura flutuante dos
profissionais da enfermagem, conforme resolução textos produzidos, as unidades de análise emergi-
do COFEN 293/2004. Sendo assim, a dinâmica do das serão agrupadas e, a seguir, submetidas a uma
fluxo tensionado é fundamental para a compreen- exploração para melhor compreensão do objeto da
são da organização do trabalho em enfermagem. pesquisa, mediante conteúdos considerados mais
Os turnos de trabalho atuam pela reatividade da significativos em cada texto, de forma a se consolida-
demanda, sem possibilidade de contraposição por rem em unidades temáticas. Aborda-se com o cuida-
parte dos profissionais ao fluxo que determina o seu dor inicialmente a sua trajetória profissional e então
cotidiano. Conclusão A intensificação do trabalho se parte para a definição do conceito do trabalho de
em enfermagem desenvolve-se na dinâmica dos ser- cuidado, passando por concepções como o que é o
viços relacionais sob a lógica pós-fordista do fluxo trabalho, qual seria o trabalho ideal, o que pode ser

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 451
considerado positivo e negativo em seu trabalho de de pesquisa, o programa de mestrado profissional
cuidado, como seria o trabalho ideal dentro de uma contribuiu para as práticas de atenção à saúde e
ILPI. PALAVRAS-CHAVE: Representações Sociais. análise dos processos de trabalho da pesquisadora.
Trabalho de Cuidado. ILPI. Envelhecimento. O curso ainda está em andamento e a dissertação em
desenvolvimento intitula-se O trabalho do médico na
O TRABALHO DO MÉDICO NA ESTRATÉGIA DE Estratégia de Saúde de Família: limites e possibili-
SAÚDE DA FAMÍLIA: UMA INVESTIGAÇÃO DE dades na região de Cidade Ademar no município de
MESTRADO PROFISSIONAL São Paulo”. Recomendações: O engajamento em um
Renata Junqueira Mosterio / Mosterio, R.J. / mestrado profissional, em especial de Saúde Cole-
Instituto de Saúde de São Paulo; Luiza Sterman tiva, pode contribuir com a formação dos profissio-
Heimann / Heimann, L.S. / Instituto de Saúde de nais de saúde no que se refere aos componentes de
São Paulo; planejamento, organização e avaliação de sistemas
Caracterização do Problema: A Constituição Fede- e serviços de saúde para a tomada de decisões que
ral de 1988 define três grandes referenciais para o visem à qualificação dos processos de trabalho e
sistema de saúde do Brasil: conceito ampliado de processos gerenciais nos diferentes níveis de gestão.
saúde, saúde como direito do cidadão e dever do Es-
tado e a instituição de um Sistema Único de Saúde. O TRABALHO EM SAÚDE NA EQUIPE DE SAÚDE
Diversas linhas de pesquisa reforçam a importância DA FAMÍLIA
de priorizar a Atenção Primária à Saúde (APS) como Juliana Delalibera Thobias Mendes / Mendes, J.D.T
cerne estrutural dos sistemas de saúde. No contexto / Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa; Ro-
brasileiro, a nova Política Nacional de Atenção Bási- berto de Queiroz Padilha / Padilha, R.Q / Instituto
ca delega à APS a ordenação das Redes de Atenção, Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa; Roseli Ferrei-
centralizando na ESF a estratégia prioritária para ra da Silva / Silva, R.F / Universidade Federal de
sua expansão e consolidação. No Brasil, a ESF vem São Carlos;
ampliando sua cobertura em todo território desde Introdução: Neste estudo o trabalho em saúde
1990, mas existe uma crônica falta de médicos nas baseou-se na interdisciplinaridade, na comunicação
equipes de ESF, o que tem se mostrado um entrave horizontal e permanente entre os membros da equi-
para o bom funcionamento do SUS. A partir da di- pe. Nas Equipes de Saúde da Família – eSF o processo
ficuldade de provimento e fixação de médicos para de trabalho deve se dar através da interação entre os
atuação na ESF, despertou-se o interesse de inves- profissionais de saúde, na combinação das suas ati-
tigar o trabalho do médico em sua atuação na ESF. vidades, pressupondo a possibilidade da prática de
Descrição: Com o intuito de investigar e analisar o um profissional se reconstruir na prática do outro,
problema de provimento e fixação de médicos na ambos sendo transformados para a intervenção na
ESF, a pesquisadora (MFC em exercício no município realidade em que estão inseridos (ARAÚJO e ROCHA,
de São Paulo) iniciou um programa de mestrado: 2007). O estudo possibilitou aos profissionais de
Mestrado Profissional em Saúde Coletiva do Insti- saúde reflexões sobre a prática e como o processo
tuto de Saúde de São Paulo. O programa tem como de trabalho está sendo produzido em suas eSF. Ob-
área de concentração a Gestão e Prática de Saúde jetivo: Analisar os processos de trabalho nas eSF, na
e como objetivo a formação de profissionais para perspectiva dos profissionais enfermeiros, dentistas
uma prática transformadora por meio da produção e médicos. Método: Realizou-se um estudo explorató-
e aplicação do conhecimento científico, visando à so- rio de caráter qualitativo para investigar o processo
lução de problemas ou proposição de inovações para de trabalho em 05 eSF, em um município no interior
a qualificação dos processos de atenção e gestão do de São Paulo, sendo o critério de inclusão as equipes
sistema de saúde. Lições Aprendidas: Através de mais antigas. Os sujeitos do estudo foram os profis-
aulas expositivas, dinâmicas participativas, aborda- sionais enfermeiros, dentistas e médicos. A coleta
gens interdisciplinares, delimitação de um objeto de de dados se deu por meio de entrevistas centradas
estudo a ser investigado e construção de um projeto no sujeito, que foram gravadas, transcritas e anali-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 452
sadas por meio da Análise de Conteúdo, na modali- (UBS) do Embaré na cidade de Santos-SP, na linha de
dade temática, tomando como categoria analítica o cuidado materno infantil. Os estagiários de Terapia
Processo de Trabalho. O trabalho foi aprovado pelo Ocupacional e Nutrição atuaram conjuntamente,
Comitê de Ética para Pesquisa em Seres Humanos, visando a integralidade do cuidado, priorizando a clí-
parecer 221/2012. Resultados: Por meio da categoria nica ampliada, o atendimento humanizado e assim
analítica Processo de Trabalho identificou-se três buscando desconstruir o modelo médico centrado.
categorias empíricas: Trabalho e Comunicação em Lições Aprendidas: Com as gestantes que passam
Equipe; Fluxo e Planejamento do Trabalho e Ferra- pelo pré-natal realizou-se rodas de conversa com
mentas para a Organização do Trabalho. Foi possível finalidade de orientar as mesmas sobre um saudável
observar que os profissionais enfermeiro, dentista e período de gestação e puerpério e também propiciar
médico, apresentaram dificuldades em desenvolver um espaço apropriado para trocas de experiências,
o trabalho em equipe, e em balancear eficazmente o demandas, queixas e dificuldades enfrentadas neste
tempo entre o atendimento direto à demanda e em período. Nos encontros que se dão semanalmente
outras atividades que também compõem seu escopo são abordados diferentes temáticas. Os RNs são
de trabalho. Conclusão: O trabalho nas eSF acontece acompanhados nos grupos de aleitamento materno,
de forma fragmentado, os profissionais de saúde tem desde a primeira semana de vida. As estagiárias
dificuldade em planejar o trabalho conjuntamente, o da Terapia Ocupacional ficam responsáveis por
que consequentemente compromete a organizaçao acompanhar os bebês executando e avaliando
do trabalho. O que poderia ser viabilizado através os reflexos primitivos, as reações, os marcos do
de uma melhor organização do processo de tomada desenvolvimento infantil e observando o vínculo
de decisão, de uma efetiva comunicação em equipe, mãe-filho. Em reunião com a equipe local decidiu-
e, finalmente, através do claro estabelecimento de -se por montar algo que fosse possível visualizar as
atividades e metas para cada um dos integrantes gestantes e RNs da UBS, contendo os três bairros
da equipe. Tais práticas tornariam o processo de de abrangência, assim os estagiários criaram duas
trabalho nas eSF mais eficaz, embora a efetiva im- grandes arvores e colocaram na parede da sala de
plementação deste seja um grande desafio. grupo, onde são colocadas lagartas, simbolizando
as gestantes e borboletas os RNs. Quando comple-
OLHAR AMPLIADO NO CUIDADO À SAÚDE DE tam seis meses as crianças deixam de participar do
MULHERES E CRIANÇAS NA REDE DE ATENÇÃO grupo de aleitamento, passando ser acompanhadas
BÁSICA EM UBS NA CIDADE DE SANTOS - SP na pediatria e a mãe então leva a borboleta para si
Gabriela Souza dos Santos Demarchi / Demarchi, como lembrança. Recomendações: A proposta de
G.S.S. / UNIFESP - BS; Natália dos Santos Vieira / construir conjuntamente com a unidade e a equipe
Vieira, N.S / UNIFESP - BS; Lúcia da Rocha Uchôa local formas diferentes de trabalhar em saúde foi
Figueiredo / Uchôa-Figueiredo, L. R / UNIFESP - BS; gratificante para o usuário que se sentiu ativo, po-
tente e principalmente acolhido pela unidade. Para
Caracterização do Problema: O Programa Rede Cego-
os estagiários foi um aprendizado diferenciado,
nha” foi lançado em 2011, pelo ministério da saúde
pois eles conseguiram construir um novo olhar para
como uma política pública e surge com a finalidade
trabalhar na área da saúde pública.
de complementar a linha de cuidado da saúde da
mulher. A Secretária Municipal de Saúde de Santos
lançou em maio de 2013, o Programa Mãe Santista”
OLHARES SOBRE FORMAÇÃO E TRAJETÓRIA DOS
garantindo a cobertura e assistência integral e hu- PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ATUANTES
manizada da mulher e da criança atendidas na rede NA CIDADE DE SANTOS-SP
municipal de saúde. Às gestantes cadastradas são as- Alessandro Demel Lotti / Lotti, A.D. / UNIFESP -
segurados diversos benefícios. Descrição: O estágio Baixada Santista; Eunice Nakamura / Nakamura,
interdisciplinar em Saúde Coletiva da Universidade E. / UNIFESP - Baixada Santista;
Federal de São Paulo (UNIFESP), Campus Baixada A inserção do profissional de Educação Física (EF) no
Santista aconteceu na Unidade Básica de Saúde Sistema Único de Saúde (SUS), bem como a formação

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 453
para o trabalho em saúde tem sido objeto de uma Dos periódicos indexados no Portal Capes quantos
discussão complexa e atual. As relações da profissão são voltados para a divulgação das pesquisas reali-
com o SUS se iniciam em 1997, quando é legalmente zadas em Ensino em Saúde? A partir desse questio-
reconhecida como pertencente à área da saúde. No namento foi realizada uma busca por tais periódicos
entanto sua inserção nas equipes dos serviços de por meio da ferramenta Busca por periódico” do
saúde apenas ocorre em 2008, com a criação do Portal Capes, com o cruzamento das palavras chaves:
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Na for- ensino”, aprendizado”, aprendizagem” e educação”
mação do profissional de EF, embora a promulgação com a área do conhecimento Ciências da Saúde”. Só
das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) a partir houve resultado positivo para a palavra chave educa-
de 2001 tenham sido um marco, há um debate sobre ção”, com 12 revistas. Somente 4 revistas declaram
o lugar da formação na atuação do profissional na vocação editorial para a área ensino de saúde no seu
saúde e mais especificamente no SUS. Esse debate escopo. Contudo, não há uma revista indexada no
é a questão norteadora da pesquisa que tem como Portal Capes exclusivamente destinada às publica-
objetivo compreender a relação entre formação e tra- ções na área de ensino em saúde. A divulgação dos
jetória profissional dos profissionais de EF na área resultados das pesquisas realizadas em institutos
da saúde. O objetivo deste trabalho é compreender e unidades de ensino é um dos resultados finais
a relação entre formação e trajetória profissional do trabalho acadêmico.Esse trabalho acadêmico,
de um grupo de profissionais de EF atuantes no reconhecido como produção do conhecimento na
serviço público de saúde na cidade de Santos. Re- área específica, servirá de referência para os demais
alizamos uma pesquisa qualitativa, priorizando o interessados, tais como professores, estudantes e
discurso dos profissionais entrevistados, por meio pesquisadores, orientando o rumo de suas próprias
de entrevistas em profundidade, com roteiro semi- pesquisas futuras.Uma das formas utilizadas para
-estruturado. Foram entrevistados 3 profissionais disseminar o conhecimento produzido é por meio de
que atuem a pelo menos um ano nas unidades de artigos científicos, que são publicados em revistas
saúde de Santos. No roteiro de entrevistas, buscou- especializadas, também chamadas de periódicos. O
-se explorar o discurso livre dos profissionais de EF Portal de Periódicos CAPES (Coordenação de Aper-
sobre o lugar da formação e o preparo para a atuação feiçoamento de Pessoal de Nível Superior), lançado
no SUS, suas trajetórias e experiências profissio- em 2000, tem por finalidade facilitar e disseminar
nais, bem como a rotina profissional nos serviços o livre acesso a trabalhos científicos produzidos em
de saúde. Nas entrevistas, os profissionais aponta- diversas localidades do globo, com o propósito de
ram aspectos positivos e negativos da formação e fortalecer os cursos de pós-graduação. A avaliação
orientação para atuar na área da saúde e no SUS. Por dos artigos científicos se dá por meio da avaliação
meio dos relatos sobre suas trajetórias profissionais por pares, na qual outros pesquisadores da mesma
e atual inserção nos serviços de saúde foi possível área leem e fazem críticas ao trabalho. Portanto,
aprofundar aspectos importantes à compreensão procura-se a divulgação dos trabalhos em revistas
dessa relação, contribuindo para ampliar o debate científicas dedicadas às respectivas áreas de de-
sobre o tema da formação e atuação profissional senvolvimento dos mesmos, buscando pares que
para o SUS. estejam mais familiarizados com o tema do trabalho
e que sejam mais aptos para tal. Mas, e se a área de
PERFIL DOS PERIÓDICOS INDEXADOS NO PORTAL pesquisa for ensino em saúde, há onde publicar, em
CAPES QUE POSSUEM VOCAÇÃO EDITORIAL EM âmbito nacional?
ENSINO EM SAÚDE
Magda Leite Medeiros / Medeiros, L.M. / FMABC; PESQUISA MULTIDISCIPLINAR ENTRE PROFISSIO-
Adriana Medeiros Sales de Azevedo / Azevedo, NAIS DE ENFERMAGEM E DE COMPUTAÇÃO
A.M.S. / FMABC; Erik Montagna / Montagna, E. Chris Mayara S. Tibes / TIBES, C.H. / EERP/USP;
/ FMABC; Marco Akerman / Akerman, M. / FSP - Lilian Regina Carvalho / CARVALHO, L. R. / UFS-
USP; Car; Ursula Marcondes Westin / WESTIN, U.M.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 454
/ EERP/USP; Everton Alvares Cherman / CHER- Recomendações: O trabalho multidisciplinar possi-
MAN, E.A. / ICMC/USP; Vania Paula de Almeida bilita o desenvolvimento de tecnologias para a área
Neris / NERIS, V.P.A. / UFSCar; Silvia Helena da saúde integrando conhecimentos das duas áreas.
Zem-Mascarenhas / ZEM-MASCARENHAS, S.H. / Recomenda-se, que os profissionais envolvidos em
UFSCar; projetos multidisciplinares insiram-se em ambien-
Caracterização do problema: A incorporação cres- tes de trabalhos de áreas que não é de seu domínio,
cente da computação nos serviços de saúde tem utilizem de linguagem de fácil compreensão e apro-
exigido um maior conhecimento sobre o uso dessas fundem seus conhecimentos nas diferentes áreas,
ferramentas pelos profissionais da saúde. Para fa- a fim de aprender a linguagem e modo de trabalho.
cilitar sua implantação e adesão é essencial que as
necessidades do usuário final sejam consideradas PLANTAS MEDICINAIS: O CONHECIMENTO E USO
em todo o processo de desenvolvimento e avalia- POPULAR
ção desses sistemas. Nesse escopo, destaque-se a Renata Giamlourenço Lante Alcantara / ALCANTA-
necessidade do trabalho multidisciplinar entre os RA, R.G.L. / UFSCar; Regina Helena Vitale Torko-
profissionais da computação e da saúde. Porém, o mian Joaquim / JOAQUIM, R.H.V.T. / UFSCar; Sueli
desenvolvimento de trabalhos entre profissionais de Fatima Sampaio / SAMPAIO, S.F. / UFSCar;
áreas tão distintas muitas vezes torna-se um obstá- Os saberes populares e os conhecimentos científicos
culo. Descrição: Trata-se de um relato de experiência estão interligados por uma ponte acessível a todos os
sobre o trabalho multidisciplinar desenvolvido no profissionais da saúde, nesse sentido essa pesquisa,
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gerenciamento teve como principal objetivo articular esses saberes
e Informática em Enfermagem (NEPEGIEnf)” da e propagar o conceito de que o conhecimento é uma
Universidade Federal de São Carlos. As pesquisas construção de mão dupla. Pesquisa populacional-
desenvolvidas nesse grupo têm por objetivo unir os -territorial, descritiva e transversal, cujo objetivo
conhecimentos especializados de pesquisadores de geral foi descrever o conhecimento popular em
computação e enfermagem da área computacional relação às plantas medicinais junto a três Unidades
e da enfermagem para a resolução de demandas da de Saúde da Família (USF) no interior do Estado de
área da saúde. Durante as reuniões realizadas para o São Paulo, no ano de 2013. Os objetivos específicos
desenvolvimento de projetos foi possível identificar se detiveram em relacionar essas plantas medicinais
a dificuldade de comunicação entre os profissionais quanto ao nome popular, partes usadas, modo de
das áreas supracitadas. Acredita-se que está dificul- preparo, conservação, finalidade terapêutica, frequ-
dade está associada ao fato dos pesquisadores de ência e a origem do uso. A coleta de dados ocorreu
enfermagem e computação terem perfis diferentes por meio de entrevistas estruturadas, totalizando
quanto ao método de conduzir seu trabalho. Lições 25 participantes indicados pelas equipes das USFs.
aprendidas: O desenvolvimento de sistemas com- A caracterização dos participantes aponta que o
putacionais com uma equipe multidisciplinar é maior número é do sexo feminino, 19 (76%) e 6 do
de grande importância, pois os conteúdos tendem sexo masculino (24%), com idade entre 32 e 80 anos.
a ser analisados e testados por profissionais que Os resultados revelam que o início desta prática,
conhecem as reais necessidades dos usuários. No para a maioria dos participantes, aconteceu a partir
entanto, a comunicação no trabalho multidiscipli- de um aprendizado com os pais. Dentre as plantas
nar pode representar um obstáculo. Desse modo, apontadas, mais de 100 são para uso medicinal,
tornou-se necessário que os envolvidos procuras- caracterizando-se desde algumas frutas até resina e
sem compreender conceitos de ambas as áreas e resíduos de madeira. As mais citadas foram o guaco,
utilizassem uma linguagem de fácil compreensão. a hortelã, o boldo e o rubim. Em relação à finalidade
Além disso, as pesquisadoras de enfermagem se de uso, a mais citada, o guaco é usado para afecções
inseriram em disciplinas e laboratórios da área do trato respiratório (como tosse, expectoração,
computacional para que pudessem se aproximar rinite, sinusite, estado gripal), fato em consonância
da realidade e dos conhecimentos de computação. com a literatura científica.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 455
POLÍTICA DE SAÚDE E O DEBATE NO SERVIÇO debate teórico e político orientado pelo Projeto da
SOCIAL: DESAFIOS PARA A EFETIVAÇÃO DO SUS Reforma Sanitária e Projeto Ético-Político do Servi-
CONSTITUCIONAL ço Social que aproximem o entendimento de saúde
Daiane Cristina dos Santos Brentini / Brentini, como direito humano universal para a concepção
D.C.S. / Graduanda do Curso de Serviço Social e de qualidade de vida. Acredita-se que os resultados
Membro do Grupo Quavisss - Grupo de Estudos contribuam para entender a construção histórica
e Pesquisas sobre Política de Saúde e Serviço do SUS como política do Estado brasileiro, e a sua
Social. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais desconstrução nas últimas décadas como opção do
da UNESP, Campus Franca; Fernanda de Oliveira setor privado. Considera-se que esta pesquisa inte-
Sarreta / Sarreta, F.O. / FACULDADE DE CIENCIAS gra ensino e extensão, ao pensar o direito à saúde na
HUMANAS E SOCIAIS - UNESP FRANCA; sua totalidade, e buscar respostas que contribuam
Introdução: O tema da pesquisa é sobre o Sistema para o fortalecimento da Reforma Sanitária e resis-
Único de Saúde brasileiro público e universal, e as tam à mercantilização da saúde.
consequências da orientação neoliberal, da não con-
solidação da Reforma Sanitária e das ações fragmen- POR QUE FAZER PESQUISA EM ENSINO NA ÁREA
tadas e focalizadas na saúde. Na sociedade capitalis- DE SAÚDE?
ta predomina o econômico, o mercado dita as normas Adriana Medeiros Sales de Azevedo / Azevedo,
e os direitos constitucionais são desconstruídos. O A.M.S. / FMABC; Magda Leite Medeiros / Medei-
Serviço Social é uma profissão que defende o SUS ros, M.L. / FMABC; Erik Montagna / Montagna,
constitucional e tem uma atuação expressiva nas E. / FMABC; Marco Akerman / Akerman, M. / FSP
equipes de saúde, sobretudo, na luta pela garantia - USP;
do acesso universal e de qualidade. Nesse sentido, O sistema de avaliação de programas de pesquisa e
a pesquisa é fundamental na formação acadêmica, pós-graduação no Brasil, desenvolvido pela Capes/
instiga o desejo de aprender e dialogar com o ensino Cnpq, é baseado em parâmetros de produtividade,
e a extensão. Esta foi a motivação para construir este considerando-se quantidade e qualidade das publica-
projeto de pesquisa, que nasceu das inquietações ções científicas por área de concentração. É natural
e vivências da aluna como Bolsista de Monitoria que a pesquisa acadêmica seja publicada/divulgada
em 2014 e Membro do Grupo Quavisss desde 2013. no âmbito da sua área de concentração, contemplan-
Objetivos: Analisar a política de saúde no contexto do inclusive áreas correlatas. Existe uma sinalização
neoliberal e refletir os desafios para a efetivação do de que colaborações interdisciplinares tendam a
SUS constitucional e da Reforma Sanitária e forta- ser valorizadas por esse sistema de avaliação. São
lecer o debate no Serviço Social para a produção do raros no Brasil institutos de pesquisa onde não
conhecimento na perspectiva da universalidade do haja qualquer forma de ensino, assim a existência
acesso à saúde. Método: A partir do método dialéti- de um programa de indução como o Pró-Ensino na
co, que contribui para desvendar e compreender o Saúde revela um potencial de produção acadêmica
movimento da realidade, a pesquisa bibliográfica e que pode unir as áreas Educação” e Medicina”. Ob-
documental adota a abordagem qualitativa e situa jetivo: identificar oportunidades de produção na
como referência de análise da política de saúde a área de pesquisa em ensino em saúde, em revistas
partir de 2010, momento que o Conselho Federal de educação e medicina. Método: no WebQualis
de Serviço Social fortalece o debate da categoria pesquisou-se as revistas melhor qualificadas (A1
profissional para reflexão coletiva dos Parâmetros e A2) na área de educação”. Para as revistas encon-
para Atuação do Assistente Social na Política de tradas verificou-se suas respectiva qualificação na
Saúde, momento de grande debate também sobre a áreas da saúde Medicina (I, II e III). Resultados:
privatização da saúde e a desconstrução da universa- As revistas melhor qualificadas em Educação” são
lidade. A pesquisa é desenvolvida no Grupo Quavisss classificadas no máximo como B1 nas diferentes
e faz parte da linha de pesquisa Política de Saúde e áreas da Medicina. Conclusões: fazer pesquisa em
Serviço Social”, visando estudos que contribuam no ensino de saúde significa então produção de arti-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 456
gos científicos de nota significativamente alta no mento nutricional foi destacado como necessário
Webqualis para a área educação”, porém com baixa para readequar a alimentação em busca de padrões
avaliação na área Medicina”, o que acaba por deses- mais saudáveis, ação interferente na cultura e
timular as pesquisas e publicações de educação em crenças alimentares. Os benefícios das práticas
saúde. Essa produção acadêmica pode ser relevante, educativas vão desde aumento no conhecimento
oferecendo oportunidades de pesquisa em ensino sobre a doença e seu tratamento, até o incentivo para
em saúde, devendo ser estimulada, bem como a boa reflexão e motivação. Esses benefícios refletem em
prática docente. Essa situação poderia ser revertida melhores atitudes de autocuidado e maior controle
com a criação de uma área específica de ensino na glicêmico. Conclusão: É essencial que se considere o
saúde, podendo ser melhor avaliada por seus pares contexto dos diabéticos e que seja valorizada a troca
e obtendo crescente números de publicações e, con- de experiências nas práticas educativas, desviando-
sequentemente, melhores avaliações Qualis/Capes. -se de orientações impositivas. O grande desafio
da educação em saúde está vinculado à formação
PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO EM DIABETES NO SISTE- profissional, sendo essencial o papel de gestores
MA ÚNICO DE SAÚDE NO BRASIL: UMA DISCUS- no estímulo à capacitação dos profissionais para
SÃO DA LITERATURA o desenvolvimento de habilidades de comunicação
Luana de Oliveira Souza / Souza, L.O. / UFSCar; voltadas para a interação dialógica e participativa.
Wagner dos Santos Figueiredo / Figueiredo, W.S. /
UFSCar; Maria Lúcia Teixeira Machado / Macha- PRÁTICAS EDUCATIVAS COMO ESTRATÉGIA PARA
do, M.L.T. / UFSCar; SAÚDE DO IDOSO
Introdução: No Brasil e no mundo o diabetes melli- Luzineide Cirilo dos Santos / Santos, L.C / FALC;
tus está cada vez mais prevalente e suas complica- Ana Lucia Batista Aranha / Aranha, A.L.B / FALC;
ções geram impacto direto na qualidade e expecta- Danielle Freitas Alvim de Castro / Castro, D.F.A /
tiva de vida da população. Para um bom controle da FALC; João Pereira Neto / Neto, J.P / FALC; Alessan-
doença são necessárias mudanças no estilo de vida, dra Pereto Cabral / Cabral, A.P / FALC;
com foco na alimentação saudável e atividade física. Introdução: O envelhecimento humano é um proces-
No âmbito da saúde pública, práticas educativas so universal, contínuo e gradual. Trata-se de uma
que incentivem o autocuidado são essenciais para experiência diversificada entre os indivíduos, qual
fortalecer a assistência prestada aos diabéticos. a múltiplos fatores sejam eles de ordem genética,
Objetivo: Apresentar as práticas de educação em biológica, social, ambiental, psicológica e cultural.
saúde direcionadas aos portadores de diabetes Não há uma correspondência linear entre idade
produzidas no Brasil a partir da criação do Sistema cronológica e idade biológica. Em todo o mundo,
Único de Saúde. Metodologia: Por meio de pesquisa e especialmente nos países periféricos marcados
bibliográfica foram selecionados 22 estudos que por acentuada pobreza e desigualdades a busca de
descreveram processos educacionais, sendo 18 na qualidade de vida dos idosos emerge como desafio.
Atenção Primária à Saúde e 04 em outros níveis de Objetivo: Identificar as práticas educativas voltadas
atenção. Foram localizadas tanto práticas coletivas para a saúde do idoso.Método: Trata-se de uma revi-
grupais, quanto práticas individuais, como consul- são integrativa nas bases de dados Latino Americana
tas, visitas domiciliares e monitoramento telefônico. e do Caribe em Ciências de Saúde (LILACS) e Scien-
Resultados: A maior parte das vivências baseou-se tific Electronic Library Online e (SciELO). As bases
na relação dialógica, na abordagem educacional eletrônicas foram acessadas através do portal da
construtivista e na concepção pedagógica de Paulo Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os critérios de in-
Freire, porém ainda foram encontradas práticas clusão foram: Trabalhos escritos na íntegra, em por-
prescritivas baseadas no modelo educacional tradi- tuguês, no período de 2009 a 2015, que continham,
cional. Predominaram atividades multiprofissionais pelo menos, um descritor no título, diretamente
com idosos e que enfatizaram os temas: alimentação relacionadas com as práticas educativas na Saúde
saudável, exercício físico e medicamentos. O trata- do Idoso. Critérios de exclusão: estudos anteriores a

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 457
2009 que não fosse das línguas citadas. Resultados: o Programa de Educação para o Trabalho (PET), sig-
Foram encontrados 8 artigos, publicados entre os nificaram um campo de possibilidades para espaços
anos 2008 e 2014. Conclusão: Evidenciou-se que as de discussão. O contato direto com a universidade e
práticas educativas envolvendo a pessoa idosa é de com os serviços de saúde viabilizaram a aproxima-
extrema importância, pois propicia a qualidade de ção de graduandos e profissionais discutidores, os
vida permeada pelas terapias em grupo, oficinas e quais participaram de reuniões de planejamento,
socialização da pessoa idosa. O estudo também traz coordenando visitas monitoradas a campo, acom-
a torna a importância da interação multiprofissional panhando os alunos em ações no serviço de saúde
e da reflexão sobre novas estratégias de práticas em questão e ampliando discussões sobre o que era
educativas para a saúde da pessoa idosa. aprendido na produção do cuidado conjunto. O pro-
fissional em saúde inserido no âmbito acadêmico se
PROCESSOS DE APRENDIZAGEM: COMPREENDEN- depara diversas vezes no papel de discutidor para
DO O PAPEL DO DISCUTIDOR com os alunos da graduação. Assim, ele atua como
Laís Vignati Ferreira / Ferreira, L.V. / Universidade um direcionador do raciocínio clínico do aluno, va-
de São Paulo; Caroline Hermógenes Costa / Costa, lorizando suas ideias e percepções. Cabe ressaltar a
C.H. / Universidade de São Paulo; Caio Marins importância da e educação continuada e auto crítica
Tomás / Tomás, C.M. / Universidade de São Paulo; profissional para que o processo de aprendizagem
O processo de saúde e doença compreende, entre ou- seja benéfico.Após a escuta, soma ao aspectos já
tros aspectos, a díade usuário e profissional abrindo levantados conhecimentos específicos da área e
espaço para o uso de diferentes tipos de tecnologias auxilia no uso de tecnologias leves para aprimorar
tecnologias duras –equipamento e medicamentos; o atendimento.
tecnologias leve-duras – os saberes científicos da
clínica e da epidemiologia; tecnologias leves – as PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE ESTRESSE EM
tecnologias relacionais por meio das quais se pro- TRABALHADORES DO SUS: REVISÃO INTEGRATIVA
duz o cuidado: escuta, vínculo, responsabilização, Ana Laura Costa Menezes / Menezes, A. L. C. /
singularização entre outras” ¹. Portanto, existe a UFSCar; Daniela Dalpubel / Dalpubel, D. / UFSCar;
necessidade de abordar na formação os espaços Heloisa Helena Robles Penha / Pena, H. H. R. /
potentes para utilização desses arranjos e, prin- UFSCar;
cipalmente, para que as tecnologias leves serem Introdução: o estresse é um importante agente
melhores compreendidas e abordadas no espaço facilitador no estabelecimento de doenças, apresen-
de ensino.A formação durante a graduação tem se tando-se como risco para a saúde física e mental. As
configurado de uma maneira enciclopédica, visando situações estressantes são muito vivenciadas pelos
a doença e reabilitação com escassas discussões profissionais de saúde nos dias atuais e prejudicam
envolvendo as tecnologias leves e as potencialidades sua qualidade de vida refletindo claramente na
que estas favorecem ao processo de cuidado².Nesse atuação profissional. Os profissionais atuantes no
espaço de encontro surge a proposta do profissional SUS (Sistema Único de Saúde), vivenciam com maior
discutidor, com objetivo de fomentar a reflexão do frequência situações de estresse, devido ao enfrenta-
aluno quanto ao raciocínio clinico, orientar uma mento de dificuldades (materiais, recursos humanos
escuta qualificada, mostrar uma visão de saúde capacitados, estrutura física) presentes na rotina de
ampliada para além da queixa daquele paciente. E trabalho. Objetivo: analisar a produção cientifica
por fim, realizar apontamentos objetivos quanto à dos últimos 5 anos sobre estresse em trabalhadores
prática profissional³.Dentro desta ótica, este relato do SUS. Método: tratou-se de um estudo de revisão
tem como objetivo compartilhar resumidamente integrativa da literatura. A pesquisa foi realizada
as experiências de três profissionais de saúde com no mês de maio de 2015, nas bases de dados eletrô-
diferentes vivências sobre o papel do discutidor. nicas PubMed, Lilacs, SciELO e Scopus, através da
Programas de incentivo à relação ensino-pesquisa e consulta pelos descritores: estresse”, trabalhadores”
assistência como Residências Multiprofissionais e e SUS”. Procurou-se por artigos apresentados na

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 458
íntegra, escritos em Português, inglês e espanhol, plinar, no qual são propostas atividades de cunho
de 2010 à 2015, com a exclusão de artigos de revisão. educativo, lúdico, e de integração. As atividades são
Resultados: a partir de dez artigos selecionados após voltadas para conhecer o comportamento lúdico,
leitura na íntegra, foram encontrados artigos que os interesses, as capacidades e as dificuldades das
os fatores estressantes estão ligados a insatisfação crianças, contribuindo para intervenções visando
salarial, condições de trabalho, gerando problemas à saúde e o desenvolvimento infantil saudável. A
de saúde, tanto física quanto emocional. Conclusão: partir do projeto é possível estimular a coordena-
verifica-se que os estudos analisados evidenciam a ção motora, habilidades, manuais, a criatividade, a
necessidade de maior atenção aos profissionais que concentração, o raciocínio, a linguagem, o respeito
atuam no SUS, visto que há uma grande exposição às regras, e a interação social das crianças através
destes aos fatores estressores, causando graves da brincadeira. É importante também destacar que
prejuízos na saúde dos trabalhadores. tem sido muito importante a participação dos pais
ou responsáveis durante Hora do brincar”, pois
PROJETO HORA DO BRINCAR PRIORIZANDO O assim eles tomam ciência do quanto é necessário e
CUIDADO INTEGRAL À CRIANÇA NA ATENÇÃO fundamental além dos cuidados básicos estimular
BÁSICA, EM UBS NA CIDADE DE SANTOS e incentivar a criança a brincar. Recomendações: O
Gabriela Souza dos Santos Demarchi / Demarchi, brincar está diretamente associado ao desenvolvi-
S.S.G. / UNIFESP - BS; Natália dos Santos Vieira / mento social, afetivo, motor e cognitivo das crianças,
Vieira, S.N. / UNIFESP - BS; Lúcia da Rocha Uchôa tornando-se também uma importante ferramenta
Figueiredo / Uchôa-Figueiredo, L. R. / UNIFESP - BS; para promover a socialização entre elas, sendo possí-
Caracterização do Problema: A criança precisa de vel observar suas personalidades e habilidades.Este
tempo, espaço e condições favoráveis para se de- projeto trouxe novas oportunidades para as crianças
senvolver bem, as características do ambiente que que ficavam sem fazer nada enquanto esperavam a
convive são decisivas para favorecer ou dificultar o consulta médica.
alcance de todo seu potencial de desenvolvimento.
Colaborando com um saudável desenvolvimento PROJETO VER-SUS/BRASIL: UM PANORAMA
a criança necessita de cuidado integral que vai SOBRE SUA DISTRIBUIÇÃO NACIONAL E SEUS
além do atendimento às necessidades biológicas. PARTICIPANTES
O Ministério de Saúde propõem a integralidade do Thaís Maranhão / MARANHÃO, T. / Associação
cuidado em qualquer nível de atenção.Descrição: O Brasileira da Rede Unida / Rede Governo Cola-
projeto Hora do Brincar” executado por estagiários borativo em Saúde; Guilherme Pereira Peixoto /
dos cursos de Terapia Ocupacional e Nutrição, da PEIXOTO, G.P. / UFRGS / Associação Brasileira da
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) - Cam- Rede Unida / Rede Governo Colaborativo em Saú-
pus Baixada Santista na Unidade Básica de Saúde de; Alcindo Antônio Ferla / FERLA, A. A. / UFRGS
(UBS) do Embaré na cidade de Santos. Os estagiários / Associação Brasileira da Rede Unida / Rede Go-
conjuntamente com os funcionários da unidade, verno Colaborativo em Saúde; Sueli Terezinha Goi
convidam as crianças que estão em sala de espera Barrios / BARRIOS, S. T. G. / Associação Brasileira
para brincar em um local planejado para esta ação. da Rede Unida; Vera Maria da Rocha / ROCHA, V.
O projeto com finalidade de propiciar diferentes M. / Associação Brasileira da Rede Unida;
experiências lúdicas, consegue a interação social Introdução: A temática sobre a formação de profis-
entre as crianças, acompanha as fases do desenvol- sionais comprometidos ética e politicamente com os
vimento infantil e observa o vínculo estabelecidos princípios do Sistema Único de Saúde está presente
entre mãe-filho.Lições Aprendidas: O projeto Hora em diversos espaços da sociedade. As Vivências e
do Brincar” tem foco no trabalho humanizado, com Estágios na Realidade do SUS (VER-SUS), política
ações para estimular crianças por meio de brinca- pública do Ministério da Saúde com um conjunto
deiras. O cronograma de atividades é previamente de parceiros, trata-se de mais um dispositivo nessa
elaborado pelos estagiários de forma interdisci- direção. Em três anos e meio desde a retomada

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 459
desta política, estudantes, gestores, trabalhadores, M.C.C. / Faculdade de Saúde Pública/USP; Beatriz
movimentos sociais, entre outros, se envolveram Simmerman / Simmerman, B. / Faculdade de Saú-
na organização e participação. Objetivos: Este tra- de Pública/USP; João Luiz Assis / Assis, J.L. / Fa-
balho tem como objetivo apresentar alguns dados culdade de Saúde Pública/USP; Tiago Lobo / Lobo,
atualizados sobre a execução do VER-SUS/Brasil, T. / Faculdade de Saúde Pública/USP; João Rafael
de 2012 a 2015. Método: Trata-se de uma pesquisa Lincoln Azevedo / Azevedo, J.R.L. / Faculdade de
quantitativa. Utilizou-se o banco de dados do VER- Saúde Pública/USP; Jéssica Ribeiro Quintieri /
-SUS/Brasil, elaborado pela Secretaria Executiva do Quintieri, J.R. / Faculdade de Saúde Pública/USP;
Projeto (Rede Unida) em conjunto com o Observató- Jéssica Cristine Augusto / Augusto, J.C. / Facul-
rio de Tecnologias em Informação e Comunicação dade de Saúde Pública/USP; Rebeca Nascimento
em Sistemas e Serviços de Saúde (OTICS). Os dados Magrino / Magrino, R.N. / Faculdade de Saúde Pú-
são referentes aos anos de 2012 a 2014 (edições verão blica/USP; Fausto Soriano Estrela Neto / Estrela
e inverno) e 2015 (verão). A pesquisa ocorreu em Neto, F.S. / Faculdade de Saúde Pública/USP;
Junho de 2015. Resultados: No período estudado, o Há debates atuais sobre as interfaces entre promo-
VER-SUS/Brasil foi realizado em 180 municípios, ção da saúde (PS) e vigilância em saúde (VS). Alguns
distribuídos em 20 UF, nas 5 regiões do país. Quanto autores veem como campos distintos, outros como
ao número de participantes (viventes e facilitado- complementares e há também quem entenda a vi-
res) somam-se 22.350 inscritos para as vivências e gilância em saúde como um guarda-chuva protetor
10.057 selecionados e concluintes. Os 5 cursos de com vários campos, dentre eles, a promoção. Inclu-
graduação com maior número de participantes são: sive, há movimentos no SUS para a formulação de
Enfermagem, Psicologia, Fisioterapia, Medicina e uma Política Nacional de VS que inclui a promoção
Serviço Social, que somados, correspondem a 65% da saúde, a saúde do trabalhador, as zoonoses, a
do total de participantes dos 72 cursos de graduação vigilância ambiental, a vigilância sanitária e a vigi-
registrados. Conclusão:Os dados apontam para o lância epidemiológica. Este estudo explora o tema a
crescente aumento de estados e municípios que tem partir de dois Congressos de Secretários Municipais
se envolvido com esta proposta. Pode-se constatar de Saúde de São Paulo, Marília (2012) e Ubatuba
que o número de pessoas interessadas em participar (2014). Os trabalhos desta temática submetidos no
é duas vezes maior do que a oferta de vagas, o que Congresso de Marília (33) foram classificados no
sinaliza para a necessidade de ampliação. Quanto eixo proteção, promoção e vigilâncias em saúde”, e
aos participantes, percebe-se que o projeto tem os submetidos no congresso de Ubatuba (141) foram
oportunizado ampla participação para estudantes alocados em dois eixos: promoção da saúde” (87) e
da área da saúde, com destaque para determinados vigilância em saúde” (54). Os trabalhos foram ana-
cursos, e, ao mesmo tempo, tem oportunizado esta lisados pelos estudantes do 4º ano do Curso de Gra-
experiência para estudantes de graduação em geral. duação de Saúde Pública da FSP da USP, como uma
Por fim, entendemos que o SUS tem cumprido com atividade da Disciplina de Vigilância em Saúde. Os
sua responsabilidade constitucional de participar títulos dos 174 trabalhos subdivididos pelos três ei-
da formação de profissionais para atuarem nas dife- xos dos respectivos Congressos foram projetados em
rentes instancias do SUS. Neste sentido, a presença tela na sala de aula e procedeu-se a leitura coletiva
de estudantes nestes espaços tem contribuído com de documentos do MS que caracterizavam cada um
importantes debates envolvendo os segmentos que dos campos. Levando em conta tanto a leitura desse
fazem o SUS. material como conhecimento prévio dos temas, os
estudantes foram estimulados a pactuar PS ou VS
PROMOÇÃO DA SAÚDE E VIGILÂNCIA EM SAÚDE: para cada um dos títulos. Para Marília os estudantes
HÁ DISSONÂNCIA ENTRE GESTORES E ACADEMIA? classificaram 14 trabalhos como PS, 18 como VS e
Fabiana Alves do Nascimento / Nascimento, F.A. um sem classificação. A seguir, os estudantes leram
/ FSP/USP; Marco Akerman / Akerman, M. / FSP/ os resumos dos 33 trabalhos para procederem a uma
USP; Maria Cristina da Costa Marques / Marques, segunda rodada e apenas sete resumos não tiveram

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 460
a mesma classificação da primeira rodada. Para os o usuário para o manejo do controle das condições
trabalhos do eixo de PS em Ubatuba os estudantes crônicas e alterações na pele dentro da rede de apoio
não concordaram com a inclusão de 14 trabalhos do SUS. Estas mudanças ocorrem de forma integra-
neste eixo classificando-os como VS, ao passo que da, conectadas, recíprocas, por meio de uma ação
no eixo de VS discordaram de seis trabalhos como educativa problematizadora, embasada na aborda-
parte deste eixo. Os achados de Marília sugerem que gem educativa de Paulo Freire. Lições aprendidas:
este tipo de análise pode-se valer apenas dos títulos, a potencialidade da troca do saber popular, técnico,
já que a leitura dos resumos não agregou mudança da formação crítica e reflexiva, engaja os estudantes
significativa na classificação. Os resultados de a reinventar os modos de cuidar, refletindo sobre os
Ubatuba mostram algum grau de dissonância na determinantes do processo saúde, doença e cuidado
classificação dos trabalhos que fizeram os gestores com ênfase na transformação social do educador,
nos seus congressos em comparação com aquelas usuário e do estudante. O cuidado é baseado na
realizadas pelos estudantes levando em conta seu Clínica Compartilhada e no Projeto Terapêutico
aprendizado de competências nas duas áreas de PS Singular, é valorizado e proporcionam autonomia
e VS. Estudos futuros precisam ser realizados para do usuário para co-gestão de si próprio. Recomenda-
aprofundar a compreensão desta dissonância. ções: intensificar e fortalecer ações com abordagem
integral na rede de apoio do SUS, preparando atores
PROMOÇÃO DE SAÚDE: UMA PRÁTICA DA CO- para produzir saúde de forma coletiva a partir de
GESTÃO DO CUIDADO ÀS PESSOAS COM ALTE- vivências, rodas de conversas do agir cuidadoso,
RAÇÕES NA PELE solidário centrado na pessoa e não na doença.
Flávia Cristiane Kolchraiber / Kolchraiber, F. C
/ Universidade Federal de São Paulo; Giovana PSICOLOGIA SOCIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS DE
Andrade Frederico / Frederico, G. A / Universidade SAÚDE: A FORMAÇÃO COMO QUESTÃO EMBLE-
Federal de São Paulo; Larissa Sayuri Miyahara / MÁTICA
Miyahara, L. S / Universidade Federal de São Pau- Ianni Regia Scarcelli / Scarcelli, I.R. / Universida-
lo; Maria Luiza de Medeiros Trivellato / Trivella- de de São Paulo - Instituto de Psicologia;
to, M. L. M / Universidade Federal de São Paulo; Introdução: Este trabalho apresenta parte das refle-
Dayse Christielle Alves Martins Morales / Mora- xões que estão em debate na Universidade de São
les, D. C. A. M / Universidade Federal de São Paulo; Paulo, em trabalho de Ensino/Pesquisa/Extensão.
Mônica Antar Gamba / Gamba, M. A / Universida- As atividades, que agregam alunos de graduação,
de Federal de São Paulo; pós-graduação, profissionais de serviços públicos
Caracterização do Problema: a inserção do estudante de saúde e docentes de Universidades públicas e
na atenção do cuidado em saúde nos espaços coleti- privadas, articulam-se a partir de subprojetos que
vos na universidade constitui o eixo norteador para permitem problematizar a questão da formação em
este módulo de extensão e relato de experiência. Os Psicologia para/e na Saúde e nas Políticas Públicas,
princípios que norteiam e sustentam o SUS devem já que as repercussões destes campos têm-se mos-
contemplar a integralidade e a proposição de auto trado significativas na constituição identitária do
gestão dos cuidados de pessoas com alterações na psicólogo e nos seus âmbitos de influência. A inser-
pele decorrentes de condições crônicas. Descrição: ção crescente de psicólogos nos serviços públicos de
as avaliações, o diagnóstico tardio, descontinuidade saúde é fruto de processo que vem se dando no Bra-
terapêutica e o modelo de atenção centrado na do- sil, principalmente, a partir da década de 1970 com
ença, reduz as chances de resolutividade do cuidado a luta pela redemocratização do país. Isso exigiu a
da saúde da pele. O CUIDAR-TE grupo de extensão/ mobilização de psicólogos junto a outros profissio-
pesquisa vinculado a UNIFESP tem desenvolvido nais e movimentos sociais em processos que culmi-
ações que permitem compreender os modelos de naram na promulgação da Constituição Brasileira,
atenção à saúde oferecidos pelo sistema e provocar em 1988, e lançou as bases para a implantação do
reflexões sobre o agir reflexivo prático, preparando Sistema Único de Saúde e da Reforma Psiquiátrica,

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ambos vigentes no território brasileiro. Objetivos: abrangência, pois tem um custo baixo e esse custo
Apresentar síntese de problematizações e proposi- não está relacionado ao número de participantes da
ções sobre processos de formação, em seu sentido pesquisa. Objetivo: Desenvolver um questionário on-
amplo e por isso emblemático. Método: Meta-análise line que visa identificar as necessidades formativas
de pesquisas, projetos de extensão e avaliações de de graduandos da área da saúde sobre segurança
cursos e disciplinas ministrados nos últimos dez do paciente. Método: Utilizou-se a ferramenta para
anos, vinculados às atividades ensino-pesquisa- construção e aplicação de pesquisa online Google
-extensão na referida Universidade. Resultados: Forms”. O questionário online desenvolvido é forma-
Foram identificados dois aspectos importantes no do por questões que visam caracterizar o indivíduo e
processos de formação em saúde, no que se refere por questões relacionadas à segurança do paciente.
ao trabalho e ao ensino de graduação: a discussão Resultados: Os resultados obtidos podem ser dividi-
sobre desenvolvimento de atividades reflexivas e dos em duas etapas: 1) Desenvolver o questionário
interventivas para enfrentamento da questão social online: o questionário é composto por treze questões
e a problematização do campos da psicologia social disponibilizadas em duas principais vertentes. A
e das políticas públicas. Na perspectiva da forma- primeira contém questões que visam caracterizar
ção destacaram-se como pontos importantes: (1) os participantes como: idade, gênero, curso e ano
desenvolvimento de postura indagativa e criativa no em que está matriculado. A segunda é composta
trabalho; (2) inclusão de temas indagadores sobre po- por assertivas de aspecto conceituais e atitudinais
líticas públicas no ensino de graduação e nos proces- sobre segurança do paciente. 2) Validar o conteúdo
sos de educação permanente para profissionais de do questionário online: para a validação de conteúdo
saúde; (3) criação de espaços que propiciem o diálogo formou-se um comitê com sete especialistas da área
entre saberes da prática sistematizada produzidos da saúde. A validade de conteúdo foi realizada por
em serviços e do conhecimento científico acadêmico. uma análise qualitativa. A avaliação foi aplicada ini-
Conclusão: Fundamentando-se nos ensinamentos cialmente de forma individual e independente pelos
e princípios de Paidéia, sublinha-se a importância juízes, seguida por uma discussão em grupo para
do tripé ensino/pesquisa/extensão como princípio identificar pontos controversos. Após a discussão
fundamental na Universidade estendendo-o para o em grupo, as mudanças sugeridas de acordo com
âmbito do trabalho em saúde no formato educação a maioria dos avaliadores foram realizadas. Con-
permanente / pesquisa em serviço / atenção à saúde. clusão: O PNSP mostra-se como um estímulo para
abordar o tema segurança do paciente nos cursos de
QUESTIONÁRIO ONLINE PARA IDENTIFICAR AS graduação em saúde. Entende-se que há a necessida-
NECESSIDADES FORMATIVAS SOBRE SEGURANÇA de de desenvolver e aplicar instrumentos para veri-
DO PACIENTE ficar como é abordado esse tema e se há lacunas na
Pamela Caroline Franco de Oliveira / Oliveira, PCF formação profissional. O questionário desenvolvido
/ UFSCar; Chris Mayara dos Santos Tibes / Tibes, foi considerado adequado e apto para ser aplicado.
CMS / EERP/USP; Ursula Marcondes Westin / Este questionário é capaz de traduzir a aproximação
Westin, UM / EERP/USP; Silvia Helena Zem-Mas- dos estudantes com o tema segurança do paciente,
carenhas / Zem-Mascarenhas, SH / UFSCar; bem como, identificar as lacunas presente na for-
Introdução: O Programa Nacional de Segurança mação profissional. Como trabalho futuro prevê-se
do Paciente (PNSP) incentiva a formação quanto a aplicação do questionário em uma universidade
à segurança do paciente. Nesse sentido, percebe- pública do interior do estado de São Paulo.
-se a necessidade de entender como esse tema tem
sido abordado nas instituições de ensino e quais as RELAÇÃO DA SAÚDE COLETIVA COM AS LINHAS
necessidades formativas nos cursos de saúde. Para DE PESQUISA DOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO
auxiliar nessa tarefa os questionários online se apre- DA SUBÁREA ‘BIOLOGIA GERAL’: EM BUSCA DE
sentam como um importante aliado. A utilização UMA INTERLOCUÇÃO
deste tipo de questionário permite estudos de grande Leonardo Carnut / Carnut, L. / UPE; Lúcia Dias

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da Silva Guerra / Guerra, L.D.S. / FSP-USP; Celso com a saúde coletiva foi a ‘biologia aplicada à saúde’.
Zilbovicius / Zilbovicius, C. / FO-USP; Paulo Capel Recomenda-se que, para uma efetiva interlocução
Narvai / Narvai, P.C. / FSP-USP; entre ambas, sejam necessários esforços de intera-
Introdução – A saúde coletiva como um campo in- ção entre os pesquisadores da saúde coletiva com
terdisciplinar, carece da ampliação do contato entre aqueles que se dedicam ao estudo destes conteúdos.
as áreas do conhecimento, especialmente com as
que se configuram como a ‘grande área da saúde’. RELATO DE EXPERIÊNCIA: A EPS EM MOVIMENTO
Para a formação acadêmica, um dos desafios dos COMO FERRAMENTA DISPARADORA DE PROCES-
pesquisadores deve ser identificar a intersecção dos SOS DE MUDANÇA NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
conteúdos de investigação entre áreas distintas que DA ÁREA DA SAÚDE
possibilitem uma melhor interação entre campos, Diana Carla Romano / Romano, D.C. / Secretaria
facilitando o acesso de estudantes e professores a Municipal de Saúde de São Carlos; Ana Claudia
outras áreas, especialmente àquelas para além da Pedroso De Barros / Barros, A.C.P. / UNESP - Ara-
sua especialidade, gerando assim, conhecimentos raquara;
interconectados. Objetivo – Descrever a frequência Caracterização do Problema: Rotineiramente
e distribuição das linhas de pesquisa existentes observa-se a falta de profissionais capacitados para
nos programas de pós-graduação stricto sensu per- o cuidado integral e resolutivo, com conhecimento
tencentes à subárea ‘biologia geral’ (área ´ciências sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Para suprir
biológicas I’) e sua relação com temas de interesse à necessidades como esta, estão ocorrendo mudanças
saúde coletiva. Método – Pesquisa quantitativa, ex- curriculares pontuais em alguns cursos da área da
ploratória, descritiva cuja unidade análise foram as saúde, mas sair da zona de conforto ainda é muito
´linhas de pesquisa´. Foi realizado a coleta de todos difícil. Em busca de qualificar minha formação
os cursos da subárea de ‘biologia geral’ na lista dos profissional iniciei um Curso de Aperfeiçoamento
cursos recomendados pela Coordenação de Aperfei- em Educação Permanente em Saúde (EPS) em Mo-
çoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no vimento, e a partir dele reconheci novas formas de
período de junho de 2015. Coletou-se nome, institui- ensinar e apreender. Descrição: Enquanto gradu-
ção, nota do curso e o site no qual o programa dispo- anda de Odontologia, usando dos conhecimentos
nibilizava suas informações específicas. Visitou-se e experiências que venho construindo durante o
o site de todos os cursos listados, identificando-se curso de EPS em movimento, percebo que os pro-
as linhas de pesquisa nos quais os cursos desenvol- fissionais egressos da Universidade, muitas vezes,
viam em seus programas de mestrado, doutorado e/ não atendem ao proposto pelas Diretrizes Nacionais
ou mestrado profissional. Os dados foram tabulados Curriculares, e que a metodologia de ensino ainda
em Excel versão 7.0, fase na qual foram obtidas as encontra-se ‘engessada’, não permitindo ao aluno o
medidas de tendência central que se aplicavam às desenvolvimento de competências (conhecimentos,
variáveis anteriormente descritas. Resultados – A habilidades e atitudes) para lidar com os desafios da
subárea ‘biologia geral’ apresentou um total de 34 prática profissional. Lições Aprendidas: A EPS em
(54,0%) cursos de mestrado, 28 (44,4%) cursos de movimento me fez enxergar o processo de ensino-
doutorado e 1 (1,6%) curso de mestrado profissional, -aprendizagem de uma forma diferente, tendo em
distribuídos em 35 programas. Destes programas, vista que a teoria e a prática devem andar juntas
totalizou-se 176 linhas de pesquisas, das quais 26 de forma dinâmica para que haja confiabilidade e
(14,7%) são linhas relacionadas à saúde coletiva. resolutividade nas ações curativas e/ou preventivas.
Dentre estas, os conteúdos mais frequentes foram Também aprendi que ser maleável, empático, consi-
àqueles relacionados à ‘biologia aplicada à saúde’ derar o contexto, enxergar as habilidades do outro,
(11) (42,3%), ‘tecnologia/biotecnologia’ (9) (34,6%), ouvir diferentes pontos de vista e dar bons exemplos
e, por fim, ‘ambiental’ (3) (11,5%) e a ‘área de ensino são imprescindíveis, e que devemos (re)construir
em biologia’ (3) (11,5%). Conclusão – O principal constantemente, de forma a impedir julgamentos e
conteúdo no qual repousa a interface desta subárea motivar o autocuidado e a autonomia dos usuários.

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Recomendações: O campo da saúde é imprevisível, A monitoria visa despertar o interesse da docência
e é por isso que a EPS deve ser cada vez mais difun- no monitor e fortalecer a troca interpessoal entre
dida, pois está explícita a necessidade de constante docente-monitor-aluno, ampliando o processo de
mudança no pensamento crítico reflexivo dos profis- ensino-aprendizagem. Para o monitor, essa expe-
sionais. A educação deve estar em movimento tanto riência representou um crescimento pessoal e aca-
no ambiente de trabalho quanto no acadêmico, para dêmico além de despertar o interesse pela docência.
que a formação do profissional seja mais coerente Para os alunos monitorados observou-se uma melho-
com as Políticas Públicas de Saúde, de forma que ra de rendimento, relatado pelos próprios discentes e
os profissionais possam desenvolver autonomia e professores. Apesar de algumas dificuldades, como a
competências para proporcionar o cuidado integral da evasão dos alunos e falta de materiais de consumo
atendendo as necessidades de saúde da população. (pincéis e apagadores), a monitoria de nivelamento
Para tanto é necessário que as Instituições respon- se mostra uma importante ferramenta no processo
sáveis pela formação desses profissionais revejam ensino-aprendizagem, mas o seu sucesso não depen-
e reestruturem seus projetos políticos-pedagógicos. de apenas do Projeto Pedagógico, implica também do
engajamento de professores, alunos e alunos-moni-
RELATO DE EXPERIÊNCIA: A IMPORTÂNCIA DA tores para superar as adversidades, cooperando para
MONITORIA DE NIVELAMENTO EM PORTUGUÊS o melhor desempenho não somente nas disciplinas
INSTRUMENTAL PARA OS CURSOS DE SAÚDE E aqui citadas, mas em outras áreas do conhecimento,
BIOLÓGICAS contribuindo efetivamente para que sua formação
Eric Renato Lima Figueiredo / Figueiredo, E.R.L seja integral, interdisciplinar. Palavras-chave: Saúde
/ Unifesspa; Álvaro Ferreira da Silva / Silva, A.F. / Coletiva. Ensino. Aprimoramento.
Unifesspa; Myllena Ferreira Peixoto / Peixoto, M.F.
/ Unifesspa; Alessandra Carla Santos de Vasconce- RESUMO DESCRITIVO DO VÍDEO: REVELAÇÃO
los Chaves / Chaves, A.C.S.V. / Unifesspa; Samantha DIAGNÓSTICA DO HIV – A ARTE DE COMUNICAR
Hasegawa Farias / Faria, S.H. / Unifesspa; MÁS NOTÍCIAS
Visando preencher uma lacuna de um ensino funda- Tânia Regina Corrêa de Souza / Souza, T.R.C. /
mental e médio precário, a monitoria de nivelamento Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo;
em português instrumental vem como estratégia Karina Wolfenbutel / Wolfenbutel, K. / Programa
pedagógica com a função de auxiliar o discente na Estadual de DST/Aids de São Paulo; Marcia T.
sua formação, proporcionando condições ao aluno Fernandes dos Santos / Santos, M.T.F. / Programa
de aprender e/ou relembrar conceitos referentes à Estadual de DST/Aids Sã Paulo;
leitura, escrita e interpretação de forma rápida e O processo de implantação de testes rápidos de
dinâmica, contribuindo para a melhoria do ensino e HIV como método diagnóstico iniciado em 2006
aprendizado, atenuando os níveis de reprovação por no estado de São Paulo contou com a realização de
conta desses conceitos e a melhora no rendimento capacitações realizadas por uma equipe de multipli-
dos alunos nas disciplinas dos cursos de saúde e cadores vinculada à Coordenação Estadual de DST/
biológicas. A monitoria de português instrumental AIDS (CE DST/AIDS-SP). A partir de 2013 inicia-se a
para os cursos de saúde e biológicas contempla o do- descentralização das capacitações com a formação
cente, alunos e alunos-monitores. Deu-se a partir da de multiplicadores. Atualmente são aproximada-
revisão expositiva e dialogada de conteúdos básicos mente 500 multiplicadores nas 5 macrorregiões que
referentes à leitura, interpretação e noção de língua realizam capacitações segundo modelo proposto
portuguesa, conteúdos estes que serão importantes pela CE DST/AIDS-SP . No período de 2007 a 2014
para a aprendizagem nas mais variadas disciplinas foram capacitados 9 mil profissionais de saúde de
dos cursos de biologia e saúde. A experiência da nível superior, majoritariamente enfermeiros tra-
monitoria de português instrumental proporcionou balhadores da rede de serviços da Atenção Básica.
maior conhecimento na área, e foi um exercício de As capacitações são presenciais e preveem dois
aprimoramento de conhecimento teórico e prático. momentos: parte teórica e prática, incluindo a testa-

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gem e atendimento pré e pós-teste, e organização de necessários para ação educativa da enfermeira em
serviço necessária a implantação desta estratégia. seu processo de trabalho assistencial e gerencial.
Atualmente estão disponíveis vídeos produzidos Utilizou o materialismo histórico e dialético como
pelo Ministério da Saúde basicamente enfocando o base teórico-metodológica. Compuseram os locais de
procedimento de realização do teste, mas nenhum estudo 11 unidades básicas de saúde com ESF do mu-
material audiovisual sobre o atendimento das pesso- nicípio de Embu das Artes, do estado de São Paulo.
as que realizam os testes e recebem os resultados dos Participaram do estudo 15 enfermeiras de ESF, por
exames. A partir do diagnóstico da existência desta meio de entrevistas individuais e semi-estruturadas.
lacuna, das solicitações dos próprios multiplicado- O material empírico foi submetido à técnica de Aná-
res e das demandas surgidas em reuniões regionais lise de Discurso. Resultados: Na dimensão assisten-
de monitoramento da implantação de testes rápidos cial, os saberes elencados relacionam-se ao atendi-
realizadas nas 5 macrorregiões do estado em 2014 mento das necessidades de saúde dos sujeitos, com
desenvolvemos um material que abordasse essa base na participação, interação com os usuários,
questão, enfocando principalmente a revelação do utilizando-se para isso de técnicas de comunicação
diagnóstico do HIV. Profissionais capacitados para e escuta e valorizando o conhecimento prévio. O
a realização e implantação de testes rápidos referem trabalho com grupos também foi identificado como
não se sentir preparados para revelar o diagnóstico etapa importante das atividades educativas sendo
de HIV. Para apoiar a atuação dos multiplicadores necessário conhecimentos específicos de técnicas
publicamos um artigo sobre revelação diagnóstica, grupais e estratégias educativas. No que se refere a
realizamos uma videoconferência de atualização dimensão gerencial, destacou-se a necessidade da
sobre o tema, preparamos um power-point e por fim enfermeira valorizar e respeitar os profissionais
gravamos uma aula legendada para ser utilizada nas e o trabalho em equipe, reconhecendo os papéis
capacitações. Nele abordamos que não existe uma específicos de cada profissional que a compõe; o
receita para esse momento, mas apresentamos dicas exercício da liderança, planejamento, comunicação
e recomendações que podem auxiliar profissionais e a capacidade de negociação. Considerações: Os
nos serviços, abordando no vídeo: 1) Quanto à forma- diversos saberes apresentados quando articulados e
ção e habilidades do profissional 2) Sobre o preparo integrados numa perspectiva de educação dialógica
do espaço/ambiente 3) Estar atento aos limites de e participativa, podem promover espaços de discus-
cada um – avaliação do usuário 4) Sobre a expressão são e aproximação entre usuários e equipe de saúde
de sentimentos 5) Sobre a rede de apoio social 6) e entre os profissionais que compõe as equipes. É ne-
Sobre a relação da pessoa com o serviço de saúde. cessário romper com a visão reducionista e vertical
link Parte 1 http://youtu.be/p2ABZUmYlt8 Parte 2 da prática educativa para uma visão ampla e crítica,
http://youtu.be/FV5EEkKGgkQ Parte 3 http://youtu. que proporcione além da prevenção e promoção da
be/AKQSJj-JzoY saúde, um processo de reflexão individual e grupal
sobre o processo saúde-doença.
SABERES NECESSÁRIOS PARA A PRÁTICA EDU-
CATIVA DA ENFERMEIRA NA ESTRATÉGIA SAÚDE SÃO MUITOS EM NÓS: IDENTIDADES E NAR-
DA FAMÍLIA RATIVAS DE UM GRUPO DE SANITARISTAS EM
Valéria Marli Leonello / Leonello, VM. / EEUSP; FORMAÇÃO
Thalita Cristine Ramirez Duarte / Duarte, TCR / Allan Gomes de Lorena / Lorena, A.G. / FACULDA-
EEUSP; Juliana Schroeder Munhoz / Munhoz, JS / DE DE SAÚDE PÚBLICA/USP; Marco Akerman /
EEUSP; Akerman, M. / FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA/
Trata-se de um estudo exploratório, qualitativo, USP;
tomando como objetoas ações educativas desenvol- A graduação em saúde pública da USP é uma realida-
vidas no processo de trabalho assistencial e geren- de no campo de saberes e práticas da saúde pública
cial de enfermeiras em equipes da Estratégia Saúde desde 2012, a partir de sua primeira turma. Assim,
da Família (ESF). Objetivo: identificar os saberes no cenário da política e gestão, da epidemiologia, da

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saúde ambiental e das ciências humanas e sociais Federal de Goiás;
tem se discutido que tipo de profissionais os alunos Caracterização do problema: a integralidade é
de saúde pública serão?” em virtude dos limites e um dos princípios orientadores para o exercício
possibilidades de inserção do sanitarista no mundo da função docente e para o debate acerca de uma
do trabalho. O objetivo geral deste relato de pesquisa formação pedagógica para professores do ensino
é de investigar as distintas percepções dos estudan- universitário no setor da saúde. Vem sendo adotada
tes em saúde pública sobre suas identidades profis- como conceito-chave/eixo de mudanças no cenário
sionais a partir da produção de narrativas. Trata-se das Políticas de Saúde indutoras para uma formação
de uma investigação qualitativa e exploratória. O profissional em saúde mais integrada ao Sistema
relato de pesquisa está organizado sob o eixo nar- Único de Saúde. Descrição: para refletir-se sobre
rativas e sujeitos implicados”, buscando a garantia esta problemática, realizou-se um Seminário sobre
de um método cientifico inovador de co-gestão do Integralidade no Ensino na Saúde, desenvolvido
processo de trabalho colaborativo, compartilhando pela Disciplina Formação Didático-Pedagógica em
saberes, produzindo conhecimento e intervenção, Saúde” durante o curso de Mestrado Profissional
ou seja, um eixo vivo da pesquisa cientifica. É des- em Ensino na Saúde da Universidade Federal de
tinado para os estudantes construírem suas nar- Goiás. Buscou-se problematizar a discussão a partir
rativas, buscando explorar aspectos de interesse e da legislação concernente: Constituição Federal de
que façam sentido para os alunos em saúde pública 1988, Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) Di-
como: trajetória de vida na universidade, atividades retrizes Curriculares Nacionais para os cursos de
realizadas na faculdade e experiências vividas na graduação na saúde e Programa de Reorientação
graduação. O contexto institucional que a graduação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde).
está inserida e o incentivo de uma formação próxima O debate foi aprofundado em metodologia de roda
dos serviços de saúde e dos territórios, bem como, de conversa, com duração de quatro horas. Parti-
o protagonismo estudantil dos alunos do curso de ciparam profissionais de diversas áreas da saúde:
saúde pública movimentam histórias e trajetórias Farmácia, Medicina, Odontologia, Nutrição, Fonoau-
de um grupo de sanitaristas em formação. A escolha diologia e Enfermagem. Utilizaram-se as seguintes
pela saúde pública se dá de forma complexa e mul- perguntas disparadoras: O que é integralidade?” e O
tifacetada, sempre inseparável da experiência da que é integralidade no ensino na saúde?”. As falas
dúvida e da incerteza. Ainda, as narrativas apontam dos participantes eram anotadas por relatores, a
que a formação interdisciplinar é enriquecedora e fim de compor-se um texto coletivo ao final do se-
desafiadora por abordar tantos campos do conheci- minário. Lições aprendidas: buscar a integralidade
mento em um mesmo curso e diferente se estivessem no ensino na saúde é dever do educador e direito do
em uma graduação com olhar técnico e fragmentado. educando. Na visão dos participantes do seminário,
Pensar sobre a identidade de algo ou de alguém como a integralidade no ensino se dá pela satisfação nas
sujeitos protagonistas de suas próprias histórias, relações que se estabelecem no ambiente formador,
implica em um intenso interrogatório” de nós mes- entre professores e alunos, instituições e também
mos. Assim como o humor e a dor, todos nós somos pacientes, bem como nas condições físicas ofereci-
invenções dos que fazem da narrativa o lugar do das neste ambiente. O ensino integral relaciona-se
existir. Finalizo com as palavras de Emerson Merhy às práticas pedagógicas, ao currículo, à avaliação e
(2007), não há nunca uma identidade individual ou à interdisciplinaridade, com vistas à autonomia do
coletiva, que fica para sempre no tempo em nós. educando/profissional egresso, de forma a ser um
Esta, está sempre em produção. Partindo de um certo ensino educando-centrado, ou seja, tendo em vista
território, abrindo-se para outros possíveis. as necessidades do educando, porém fundamentado
nas necessidades dos usuários dos serviços de saú-
SEMINÁRIO SOBRE INTEGRALIDADE NO ENSINO de. Recomendações: aconselha-se aos atores envol-
NA SAÚDE vidos com a formação profissional na área da saúde
Leonardo Essado Rios / Rios, L.E. / Universidade que busquem cada vez mais promover a reflexão e o

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debate acerca da integralidade no ensino na saúde, é melhor que todo mundo. Não é? Ninguém é melhor
visando-se uma formação discente mais preparada que ninguém no mundo. Fala esta que aponta pos-
e comprometida para o enfrentamento da realidade sível comparação com outros atendimentos no qual
da saúde pública brasileira. parece ter sido utilizada linguagem não acessível à
usuária, pelo contraponto relatado, podemos infe-
SER ATENDIDO POR ESTUDANTES DE ENFERMA- rir que o estudante se fez entender, indicando boa
GEM: A SATISFAÇÃO DO USUÁRIO PELA ATENÇÃO comunicação. Assim, como visa à contribuição, em
Priscila Norié de Araujo / Araujo, P.N / Escola de relação ao SUS, com as propostas da integralidade e
Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Roberta Oto- da humanização. Conclusão Todas as entrevistadas
ni / Otoni, R / Escola de Enfermagem de Ribeirão apontam satisfação pelo acesso e pela atenção dos
Preto-USP; Karen da Silva Santos / Santos, K.S estudantes, o que indica boa comunicação, escuta
/ Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; qualificada e resolutividade. Sugerimos a neces-
Cinira Magali Fortuna / Fortuna, C.M / Escola de sidade de aprofundamentos teórico-práticos que
Enfermagem de Ribeirão Preto-USP; Karemme possibilitem avançar nos desafios relacionados à
Ferreira Oliveira / Oliveira, K.F / Escola de Enfer- subjetividade da relação estudante-usuário.
magem de Ribeirão Preto-USP; Fabiana Ribeiro
Santana / Santana, F.R / Escola de Enfermagem de SIMULAÇÃO EM ENFERMAGEM: ESTUDO DE CASO
Ribeirão Preto-USP; Heloisa Helena Robles Penha / Penha, H. H. R. /
Introdução Reconhecendo que o ensino em Enferma- UFSCAR; Daniela Dalpubel / Dalpubel, D. / UFS-
gem no Brasil vem buscando, uma formação crítica, CAR; Ana Laura Menezes / Menezes, A. L. / UFS-
humanista e reflexiva, o conhecimento dos usuários CAR; Silvia Helena Zem Mascarenhas / Mascare-
sobre o atendimento realizado por graduandos em nhas, S. H. Z. / UFSCAR;
enfermagem, faz-se necessário. Objetivo Apresentar Nos dias atuais o conceito e dinamismo em educa-
um dos aspectos da visão dos usuários de um serviço ção vem sendo modificados. Para os graduandos de
de atenção básica quanto a atuação de estudantes enfermagem o curso gera grande ansiedade e stress
de enfermagem. Método Trata-se de um estudo de relacionado a inexperiência, a responsabilidade com
abordagem qualitativa – descritiva. A coleta foi o paciente e avaliação do professor. Os professores,
realizada no período de maio, junho e outubro de por sua vez, passam por situações complexas nesta
2014, em uma UBS de Ribeirão Preto, SP. A amostra processo de ensino-aprendizagem devido aos dife-
foi constituída por 11 usuários da UBS. Para a coleta rentes níveis de formação e experiência profissional.
foi realizado entrevista semi-estruturada, gravadas Estas simulações devem ser mais próxima possível
em aparelho digital, transcritas na íntegra e anali- da realidade para contribuir para a formação do
sadas conforme a modalidade temática da análise estudante, uma vez que deve ser considerado a
de conteúdo, com referencial teórico da Formação segurança do paciente como fator primordial A
de Trabalhadores para o SUS. O projeto foi aprovado simulação tem cinco principais fatores que são:
pelo CEP, parecer 639.036. Resultados e Discussão objetivos, fidelidade, solução do problema, apoio e
Todas as entrevistadas foram do sexo feminino, feedback, que permitem ao estudante o desenvol-
com idades entre 21 e 80. Na análise um dos temas vimento da habilidade que irá refletir na prática
identificados foi a Satisfação pela atenção: (...) Mas profissional. O objetivo deste artigo é descrever uma
assim o jeito que ela me atendeu foi como uma pro- unidade de simulação para área da saúde utilizada
fissional mesmo. (E1) Foi bom. Gostei bastante (...) em uma universidade federal do interior do Estado
Ela (estudante) conversou (...) explicou o que ia fazer. de São Paulo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa,
Eu gostei do atendimento dela (estudante). Bastante descritiva, com o desenvolvimento de um estudo de
(atenção) (E6). Na fala da E7 a mesma classifica o caso. Após consentimento da coordenação local, foi
atendimento como ótimo, aponta uma questão inte- realizado uma visita em um centro de simulação de
ressante: As pessoas assim que conversam esquisito, uma universidade federal do interior do estado de
eu não gosto disso (...) Umas pessoas que acham que São Paulo, no mês de outubro de 2014. Verificou-se

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 467
que o centro de simulação estudado é composto por na Biblioteca da Faculdade da Aldeia de Carapicuíba
5 consultórios (atenção primária), uma unidade de e artigos científicos selecionados através de busca
internação adulto, neonatal e obstétrica, uma repre- no banco de dados da Scielo e da Bireme, a partir das
sentação de central de materiais e centro cirúrgico. fontes Medline e Lilacs. Os critérios de inclusão para
Observou-se que o centro de simulação é utilizado os estudos encontrados foram a língua portuguesa.
por 75% por graduandos de Medicina e os outros 15% Foram excluídos estudos que encontravam-se em
pelos demais cursos da área da saúde, incluindo a língua estrangeira. Logo em seguida, realizou-se a
enfermagem e são utilizados simuladores de baixa leitura extensiva dos artigos encontrados. A busca
tecnologia e simuladores de pacientes para desen- nos bancos de dados foi realizada utilizando às ter-
volvimento de habilidades, mesmo contando com os minologias cadastradas nos Descritores em Ciências
simuladores de alta complexidade. Conclui-se que da Saúde criados pela Biblioteca Virtual em Saúde..
a utilização das oficinas simuladas são de extrema As palavras-chave utilizadas na busca foram educa-
importância na área da saúde e em especial na enfer- ção em saúde; terapia de grupo, Idoso. Foi realiza a
magem, haja visto a necessidade do aluno em desen- leitura dos resumos, logo após sua leitura na integra
volver as habilidades manuais, além de desenvolver de cada um, analisando criticamente, verificando a
secundariamente outros comportamentos que autenticidade do estudo, a qualidade de metodologia
complementarão a formação do profissional, uma e a confiabilidade das informações, para então ser
vez que o processo de aprendizado será contínuo na possível produzir as fichas de leitura organizadas
atuação profissional. Verificou-se ainda a expansão e detalhadas de cada artigo que foram analisadas
desta metodologia pelas instituições educacionais e submetidas à averiguação dos pesquisadores,
no Brasil, o que é ainda reduzido, talvez devido ao com atenção para que as informações que eram de
alto custo de ferramenta de ensino. grande relevância não passassem despercebidas, e
que também fossem conservadas, permitindo sua
TERAPIA COMUNITÁRIA: ESTRATÉGIA DE EDUCA- análise posteriormente. Resultados: Ficou eviden-
ÇÃO EM SAÚDE PARA IDOSOS te que essas ações são ferramentas importantes
Maria Luciene Alves Leite Sousa / Sousa, M.L.A para o estabelecimento de vínculos, o que propicia
/ FALC; Ana Lucia Batista Aranha / Aranha, ao profissional e seus usuários a cumplicidade na
A.L.B / FALC; Danielle Freitas Alvim de Castro / efetivação do tratamento proposto. Sabe-se que a
Castro,D.F.A / FALC; João Pereira Neto / Neto, J.P / Terapia Comunitária contribui para o atendimento
FALC; integral aos seus participantes, estendendo-se esse
Introdução: O profissional Enfermeiro assiste ao olhar a família e a comunidade, respeitando cada ser
paciente de maneira integral em todo o âmbito da como único com suas subjetividades.
saúde, atuando na promoção em todos os níveis da
atenção desde a primária até a curativa e de reabi- TRABALHO EM EQUIPE NA ATENÇÃO HOSPITALAR:
litação. É por excelência um educador em saúde o UMA REVISÃO INTEGRATIVA
que o insere no cenário de ser social engajado nas Larissa Roberta Alves / Alves, L. R. / Escola de
políticas públicas de saúde, isso o determina como Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de
ser transmissor de conhecimento, transformador São Paulo; Lucieli Dias Pedreschi Chaves / Chaves,
de ideias, mas acima de tudo como co- participante L.D.P. / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
do processo de autonomia da identidade da pessoa da Universidade de São Paulo; Bethania Ferreira
idosa a qual sua senescência traz a senilidade como Goulart / Goulart, B.F. / Centro de Graduação em
companheira. Objetivo: Identificar a eficiência da Te- Enfermagem da Universidade Ferderal do Triân-
rapia Comunitária como estratégia de educação em gulo Mineiro/ Escola de Enfermagem de Ribeirão
saúde para idosos. Método: Este estudo constitui-se Preto da Universidade de São Paulo; Silvia Helena
de uma revisão da literatura especializada, realizada Henriques Camelo / Camelo, S.H.H. / Escola de
entre março de 2015 e junho de 2015, no qual reali- Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de
zou-se uma consulta a livros e periódicos presentes São Paulo; Ana Maria Laus / Laus, A.M. / Escola

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 468
de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade realizadas com maior frequência na atenção básica
de São Paulo; Priscila Balderrama / Balderrama, à saúde. Assim, os resultados dessa investigação
P. / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da poderão subsidiar uma apreensão do trabalho em
Universidade de São Paulo; equipe no cenário hospitalar. É inegável, que são
Introdução: O trabalho em equipe pode ser entendido dois cenários que possuem particularidades quanto
como possibilidade de reconstrução do modo fazer à organização do trabalho, requerendo um olhar
saúde, na perspectiva da integralidade. Porém, o co- diferenciado sobre a temática.
tidiano é permeado por conflitos e dilemas, entre as-
pectos que estimulam a organização do trabalho em TRABALHO EM EQUIPE: ASPECTOS FACILITADORES
equipe e de outro, existem questões que dificultam E DIFICULTADORES EM UNIDADE HOSPITALAR DE
sua concretização. Objetivos: Analisar, na literatura URGÊNCIAS TRAUMÁTICAS: *
nacional e internacional, a produção científica sobre Ana Lídia Castro Sajioro Azevedo / Azevedo, ALCS
aspectos que facilitam e dificultam o trabalho em / EERP-USP; Denize Boutellet Munari / Munari,
equipe na atenção hospitalar, no período de 2000 DB / FEN-UFGoias; Silvia Helena Henriques Ca-
a 2013. Método: Revisão integrativa de pesquisas, melo / Camelo, SHH / EERP-USP; Ana Maria Laus
com critérios de inclusão da amostra: artigos pri- / Laus, AM / EERP-USP; Ana Carolina Guidorizzi
mários publicados, indexados nas bases de dados Zanetti / Zanetti, ACG / EERP-USP; Lucieli Dias
eletrônicos, LILACS; PUBMED e CINAHL; artigos Pedreschi Chaves / Chaves, LDP / EERP-USP;
primários disponíveis na íntegra em bibliotecas Introdução: O atendimento hospitalar a urgências
físicas e/ou digitais, em versões de livre acesso ou traumáticas é complexo. Aspectos demográficos
mediante pagamento, que retratem a temática de e epidemiológicos das urgências traumáticas na
estudo; indexados com os descritores: equipe de sociedade brasileira e mundial, diretrizes políticas
assistência ao paciente, pessoal de saúde, hospitais; nacionais acerca da atenção as urgências, a especi-
publicados no período de janeiro de 2000 a dezembro ficidade e complexidade das ações assistenciais e
de 2013; publicados nos idiomas português, inglês gerenciais desenvolvidas no âmbito da sala de trau-
e espanhol, nas bases de dados selecionadas. Re- ma, as potencialidades e limitações da organização
sultados parciais: A busca totalizou 1426 artigos, do trabalho em equipe para favorecer o cuidado, a
compuseram a amostra final, 13 artigos que atende- escassez de estudos científicos que focalizem o
ram aos critérios de inclusão. O trabalho em equipe trabalho em equipe nesses cenários justificaram
varia conforme o tamanho hospital, as percepções do essa investigação. Objetivo: analisar aspectos que
quantitativo de pessoal, papel dos profissionais e os facilitam e dificultam o trabalho em equipe de
horários de trabalho. Em contrapartida não houve assistência ao paciente em unidade hospitalar de
diferença no trabalho em equipe levando em conta o urgências traumáticas. Método: Estudo descritivo,
tempo de experiência, o absenteísmo, e a jornada de utilizando a Técnica do Incidente Crítico, realizado
trabalho. Embora o enfoque seja equipe multiprofis- com a equipe multiprofissional da sala de trauma de
sional 12 artigos polarizam o trabalho médico e de um hospital público, de ensino, de nível terciário,
enfermagem, evidenciando fragilidades nas equipes. referência para atendimento de urgências. Partici-
Alguns fatores foram apontados como facilitadores param 64 profissionais. Os dados primários foram
do trabalho em equipe como: a comunicação efetiva, coletados por meio de entrevista semiestruturada.
a compreensão do processo de trabalho, a satisfação A análise dos dados fundamentou-se em análise de
no trabalho, qualificação e atitude profissional, conteúdo. Resultados: Emergiram 107 situações,
instituições abertas ao trabalho colaborativo. Como sendo 56 positivas e 51 negativas, envolvendo 614
dificultadores foram apontados: equipes compostas comportamentos e 267 consequências vinculadas ao
por grande número de profissionais, tamanho do trabalho em equipe. A análise destacou que a dinâmi-
hospital, a pouca cooperação interdisciplinar e a ca do trabalho em equipe é percebida como positiva
comunicação inconsistente. Conclusão: Constatam- no cenário, na perspectiva de diferentes agentes em
-se outras revisões acerca do trabalho em equipe realizar ações articuladas e compartilhadas, base-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 469
adas na complementariedade de saberes, busca de desde o início de 2013, interessada em compreender
objetivos comuns que atendam as necessidades de aspectos gerais e particulares da prática em terapia
saúde do politraumatizado. Entende-se que isso pode ocupacional na ABS, em especial no cuidado em
decorrer de esforços multissetoriais na capacitando saúde mental, bem como, inserir espaço de reflexão
profissionais, os quais reconhecem a finalidade que para consolidação e construção de novas formas
orienta o processo de trabalho e o atendimento de de cuidado. Pela análise temática dos 16 encontros
casos de alta gravidade, que requerem tecnologia presenciais realizados até o momento e pela cons-
específica, pessoal com formação e competência trução da linha do tempo do grupo, destacamos: 1)
técnica/científica/relacional para assistir, de forma as principais temáticas trabalhadas até o momento:
integrada e assertiva. Conclusão: A interação, articu- importância do espaço de reflexão sobre o trabalho;
lação e comunicação entre a própria equipe e entre dilemas (co-responsabilização da equipe; questões
os setores intra e extra-hospitalares favorecem a éticas no compartilhar problemas de saúde mental
continuidade e integralidade do cuidado. É inegável dos usuários) e potências (inserção na comunidade;
a relevância e a clareza que os participantes dão ao proximidade do cotidiano dos sujeitos e da rede de
trabalho em equipe nessa unidade, em especial as serviços intersetoriais; possibilidade de interven-
ações articuladas e integradas durante os atendi- ções mais pontuais) do trabalho na ABS; necessidade
mentos a politraumatizados graves/moderados. Fra- de aperfeiçoar o discurso público (discussão de ca-
gilidades na articulação, integração e comunicação, sos, escrita de prontuário) sobre as especificidades
além da imprevisibilidade da demanda e o desprepa- das ações em terapia ocupacional; o processo de
ro de alguns profissionais foram destacados como identificação de necessidades em terapia ocupacio-
dificultadores do trabalho em equipe no cenário. nal na ABS; 2) as estratégias/ferramentas utiliza-
das: encontros presenciais gravados e transcritos;
TRAJETÓRIA DE UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA: crônicas do grupo; emails semanais com temáticas
EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA TERAPEUTAS para reflexão; entrevistas nos locais de trabalho;
OCUPACIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE apresentação de análises temáticas preliminares;
COM FOCO EM AÇÕES DE SAÚDE MENTAL análise colaborativa; questionário em escala Likert;
Taís Quevedo Marcolino / MARCOLINO, T. Q. / 3) as dificuldades encontradas até o momento para
UFSCar; Alana de Paiva Nogueira Fornereto Gozzi sua manutenção: atividades realizadas fora do ser-
/ GOZZI, A. P. N. F. / UFSCar; Siliani Martinelli / viço; atividades online nem sempre ágeis; mudança
MARTINELLI, S. / Prefeitura Municipal de São da gestão municipal, causando despotencialização
Carlos; Eliane Nascimento Fantinatti / FANTI- do trabalho; relação prefeitura-universidade na rea-
NATTI, E. N. / UFSCar; Natália Moreno Ulrich / lização das ações de preceptoria, influenciando rela-
ULRICH, N. M. / UFSCar; Ana Julia Arnoni Thomaz ções com a universidade. Estes aspectos evidenciam
Pereira / PEREIRA, A. J. A. T. / UFSCar; Sabrina potencialidades e fragilidades da CoP enquanto
Helena Ferigato / FERIGATO, S. H. / UFSCar; referencial para EP na ABS, abrindo-se para discus-
A Rede de Atenção Psicossocial estrutura-se em pon- são em temáticas importantes para a saúde mental
tos de atenção, dentre os quais está a atenção básica na ABS e para a consolidação das ações de terapia
em saúde (ABS). Terapeutas ocupacionais vêm sendo ocupacional nesse nível de atenção em saúde.
incorporados à ABS, para ações de cuidado e apoio
matricial, o que demanda criação e sistematização UM OLHAR PARA O SOCIAL: PRÁTICA DE ALU-
de formas resolutivas de atuação nesse contexto, NOS DE PSICOLOGIA NO PROJETO BANDEIRA
bem como, estratégias formativas que sustentem CIENTÍFICA
este processo. Este trabalho apresenta a trajetória Cézar Donizetti Luquine Júnior / Luquine Jr.,
de uma comunidade de prática (CoP) como Educa- C. D. / IP-USP; Flávia de Almeida Prado Cézari /
ção Permanente (EP) para terapeutas ocupacionais Cézari, F. A. P. / UNIFESP; Giovana Telles Jafelice
da ABS, de um município do interior de São Paulo, / Jafelice, G. T. / UNIFESP; Julia Fernanda Camara
inserida em uma pesquisa-ação. A CoP se reúne Gampietro / Gampietro, J. F. C. / IP-USP; Tereza

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 470
Cristina de Cala / Cala, T. C. / FM-USP; Projeto culturais e econômicas das pessoas que buscam
Bandeira Científica / Projeto Bandeira Científica cuidado. Como isso não ocorreu durante o projeto,
/ USP; a Psicologia assumiu esse papel, que, se espera,
Caracterização do problema: Na atuação dos alunos possa ser compartilhado entre as especialidades
de Psicologia em atendimentos durante as ativi- em expedições futuras e, analogamente, durante a
dades do Projeto Bandeira Científica, modalidade formação de todo profissional do campo da Saúde.
de extensão universitária da Universidade de São
Paulo, percebeu-se a necessidade de um olhar mais UM OLHAR SOBRE O SUS COMO CENÁRIO DE
atento dessa área para as condições sociais da vida INSERÇÃO LONGITUDINAL DA GRADUAÇÃO EM
dos usuários em função da desatenção das outras MEDICINA
áreas da saúde a esses fatores durante seus aten- Maristela Schiabel Adler / Adler, M.S. / UFSCar;
dimentos. Descrição: O projeto é constituído por Dante Marcello Claramonte Gallian / Gallian,
diversos cursos de graduação da USP atuando no D.M.C. / UNIFESP;
campo da saúde em variados modelos de atividade. Resumo Introdução: A Universidade Federal de São
Aqui cabe ressaltar seu caráter de recuperação e Carlos (UFSCar) ao criar sua graduação em Medici-
reabilitação, caracterizado por atendimento em na, trouxe no Projeto Político Pedagógico (PPP) a in-
postos montados pelo projeto na cidade de atuação. serção longitudinal dos estudantes no SUS. Objetivo:
Nestes, sete áreas profissionais prestam assistência Apresentar olhares sobre a inserção da graduação da
à população por meio de atendimento, muitas vezes Medicina-UFSCar no SUS de São Carlos, com base
realizados em conjunto pelas áreas. Contudo, uma em narrativas de formandos e docentes que parti-
vez que o fluxo de encaminhamentos de uma área ciparam do processo. Método: Trata-se de pesquisa
para outra se dá de maneira fragmentada por espe- qualitativa sob a metodologia da História Oral (HO)
cialidades da saúde, muitos atendimentos chegaram que consiste em coletar narrativas e obter material
à área da Psicologia sem que as condições sociais da para análise de determinado processo social do
vida dos usuários fossem levadas em consideração. presente. Foram entrevistados oito formandos e
Desta maneira, percebeu-se que muitas vezes foram nove docentes presentes na Medicina-UFSCar desde
os alunos desta área que possibilitaram tal olhar e seu início. Resultados: A Medicina UFSCar propôs
realizaram os encaminhamentos necessários diante a formação voltada para o mundo do trabalho, com
das demandas sociais apresentadas, levando-se em inserção longitudinal do ensino prático no SUS de
considerando o princípio da integralidade em saúde. São Carlos, através de parceria com o município. Do-
Lições aprendidas: Para além da fragmentação nos centes e alunos integrariam o serviço, participando
atendimentos e encaminhamentos realizados no de sua construção através de gestão compartilhada,
posto de saúde, percebe-se que as áreas da saúde capacitação profissional e integrando equipes de
têm a formação pouco voltada à atenção aos determi- trabalho. Como resultados, constatou-se que o SUS
nantes sociais da vida dos usuários, cujas questões local carece de investimento financeiro e de pessoal.
muitas vezes acabam sendo delegadas ao Serviço Faltam preceptores. Parte das unidades de saúde
Social em sua atuação nesse setor. Quando em sua trabalham de forma desarticulada. O número de
ausência, como no caso desta experiência, tais ques- cenários é insuficiente para o ensino. Como conse-
tões não raro são negligenciadas. Nas atividades de quência há um aumento de estudantes por unidade,
2014, viu-se que a Psicologia acabou se tornando diminuindo o aprendizado. O curso previu o acom-
responsável por essas demandas no projeto, ainda panhamento do ensino por preceptores e docentes
que sejam de responsabilidade de todo profissional. para o fortalecimento de ações conjuntas. Porém,
Recomendações: Num cenário ideal de atuação, a maioria dos docentes não assumiu este papel. A
pensando as políticas públicas de saúde do Brasil, criação de um Curso de Especialização Multiprofis-
as áreas da saúde deveriam considerar em suas for- sional auxiliou na qualificação de profissionais do
mações a importância da integralidade do cuidado, SUS. Desacordos políticos prejudicaram a parceria
podendo voltar seu olhar para as questões sociais, academia serviço, tendo por causas a não adequação

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 471
das unidades do SUS, a falta de investimento e de do estudo 20 servidores, entre docentes e técnicos
gestão compartilhada, entre outros. O curso elegeu administrativos que possuíam vínculo formal com
como cenário principal de formação Unidades de a USE e gestores da Unidade. A coleta dos dados foi
Saúde da Família (USF), onde a graduação se insere realizada por meio de entrevista semi-estruturada.
de primeiro a sexto ano. Em número reduzido, são Para a análise dos dados foi utilizada a técnica
as unidades que mais contribuem para o ensino do da análise temática. Para alguns participantes o
cuidado integral, multiprofissional e humanizado fenômeno da indissociabilidade pressupõe que as
ao paciente. Conclusão: A inserção longitudinal da atividades de ensino, pesquisa e extensão devam
Medicina UFSCar no SUS possibilitou a aprendi- se retroalimentar, enquanto outros compreendem
zagem nesta realidade, onde os cenários das USF como a realização das atividades do tripé em
mostraram-se importantes formadores para o cui- conjunto. Os resultados apontam que os gestores
dado integral ao paciente. Investimento financeiro, consideram a USE um local de excelência para a
de pessoal e a co-gestão entre Universidade e Serviço efetivação da indissociabilidade, mas esta ainda
Público são fundamentais para a efetividade de não acontece de forma efetiva. Compreendem que a
parcerias. equipe de profissionais, tanto docentes quanto téc-
nicos administrativos, favorece o desenvolvimento
UNIDADE SAÚDE ESCOLA: CONCEPÇÕES ACERCA do princípio da indissociabilidade. Esperamos que o
DA INDISSOCIABILIDADE ENTRE ENSINO, PESQUI- estudo contribua para a reflexão e apresente subsí-
SA E EXTENSÃO DOS DIFERENTES ATORES dios para a indissociabilidade entre ensino, pesquisa
Cláudia Maria Moura Resende / Resende, C.M.M e extensão não somente na Unidade Saúde Escola e
/ UFSCAR; Isabela Aparecida de Oliveira Lussi / na UFSCar, mas também em outras universidades,
Lussi, I.A.O / UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO proporcionando uma relação transformadora entre
CARLOS; universidade e sociedade.
A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e exten-
são é um princípio estabelecido pela Constituição USO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMU-
Federal e está presente nos documentos que orien- NICAÇÃO NO ENSINO EM SAÚDE: UM RELATO DE
tam as Políticas Públicas para a Educação Superior EXPERIÊNCIA
no Brasil. O tripé ensino, pesquisa e extensão é o Aline Natalia Domingues / Domingues, A.N. /
eixo fundamental da universidade brasileira e, desta Universidade Federal de São Carlos; Andreia Cris-
forma, não pode ser fragmentado. Propomos neste tina Barbosa Costa / Costa, A.C.B. / Universidade
estudo aprofundar os conhecimentos sobre o fenô- de São Paulo; Elaine Cristina Vilioni de Souza /
meno da indissociabilidade entre ensino, pesquisa Souza, E.C.V. / Universidade de São Paulo; Fabiana
e extensão na universidade, especialmente, em uma Cristina dos Santos / Santos, F.C. / Universida-
unidade de ensino em saúde. O estudo teve como de de São Paulo; Jéssica David Dias / Dias, J.D. /
objetivo investigar a concepção acerca do fenôme- Universidade de São Paulo; Karen da Silva Santos
no da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e / Santos, K.S. / Universidade de São Paulo; Kátia
extensão dos atores envolvidos no trabalho de uma Pereira de Borba / Borba, K.P. / Universidade de
Unidade Saúde Escola. Elegemos como campo do São Paulo; Letícia Lopes Dorneles / Dorneles, L.L.
estudo a Unidade Saúde-Escola (USE) da Universida- / Universidade de São Paulo; Mariana Bezzon Bi-
de Federal de São Carlos, que desenvolve entre suas calho / Bicalho, M.B. / Universidade de São Paulo;
atividades o ensino, a pesquisa, a extensão e a as- Mirelle Inácio Soares / Soares, M.I. / Universidade
sistência numa perspectiva inter e multidisciplinar de São Paulo; Nélida Beatriz Caldas Reis / Reis,
em saúde, tendo em sua equipe professores, técnicos N.B.C. / Universidade de São Paulo; Nilce Gonçal-
administrativos e estudantes de diferentes cursos ves / Gonçalves, N. / Universidade de São Paulo;
de graduação e pós-graduação da área da saúde. Luciana Mara Monti Fonseca / Fonseca, L.M.M. /
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, tipo Universidade de São Paulo;
transversal descritivo e exploratório. Participaram Caracterização do Problema: As tecnologias pró-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 472
-ativas e inovadoras no ensino em saúde, também impactando favoravelmente o ensino e mostrou-se
denominadas Tecnologias de Informação e Comu- um instrumento de aprendizado inovador passível
nicação (TICs), são estratégias de ensino e aprendi- de ser aplicado em qualquer cenário da educação.
zagem que favorecem a criatividade e autonomia do
discente, bem como auxiliam no seu desenvolvimen- VERSUS - CAMINHOS PARA EDUCAÇÃO PERMA-
to profissional no processo ensino-aprendizagem. NENTE EM SAÚDE
Atualmente, há uma grande expectativa de que as Milena Bezerra de Oliveira / Oliveira, M. B. /
TICs tragam soluções rápidas para a melhoria da UECE; Luis Fernando de Souza Benicio / Benicio,
qualidade da educação em saúde, uma vez que se vive L. F. S. / FANOR; Charlliane Fernandes Gonçal-
na era tecnológica. Contudo, a tecnologia não deve ves Ribeiro / Ribeiro, C. F. G. / ESP/RIS; Suziane
sobrepor-se à educação. Em conjunto com o uso de Cosmo Fabricio / Fabricio, S. C. / UECE; Paula
TICs os centros formadores necessitam desenvolver Jordânia Paixão de Souza / Souza, P. J. P. / ESP/
no ensino em saúde o processo ação-reflexão-ação RIS; Itanna Vytoria Sousa Serra / Serra, I. V. S. /
a fim de proporcionar uma aprendizagem signifi- ESP/RIS; Maiara Mota de Andrade / Andrade, M.
cativa. Nesse sentido, este estudo objetiva relatar M. / FANOR; Tila Carolina Bezerra Goes / GOES, T.
a experiência de um grupo de discentes quanto ao C. B. / FIC;
uso de uma simulação articulada por TIC como es- O projeto VERSUS (Vivências e Estágios na Reali-
tratégia de ensino de uma aula em uma disciplina dade do Sistema Único de Saúde) nasceu de uma
de pós-graduação da Universidade de São Paulo. política pública no âmbito da proposta da educação
Descrição: Utilizou-se uma simulação construída permanente, instituída no ano de 2004, pelo Minis-
no software Articulate Storyline para aplicação tério da Saúde. Tal política pauta a necessidade de
prática em uma disciplina de pós-graduação visan- possibilitar formações permanentes e interligadas
do apresentar uma nova ferramenta educacional com os lócus de trabalho dos profissionais, respei-
para uso com discentes de forma significativa e tando a lei Orgânica da Saúde (nº8080), superando
motivadora do ensino. O Articulate Storyline possui as formações continuadas. Compreendendo que
ferramentas com recursos de interatividade que alguns profissionais estão despreparados para
ajudam a construir de maneira dinâmica e com atuação na saúde por não estarem sensibilizados as
conteúdo envolvente. Posteriormente, a simulação ações que deve desempenhar, por não conhecer as
gerada foi hospedada na plataforma moodle. Lições políticas ou por não acompanhar as transformações
Aprendidas: A simulação demonstrou ser uma forma no campo da saúde, etc. O VERSUS trás a proposta
atual e inovadora do uso de TICs dentro do processo de vivências no cotidiano do SUS, refletindo sobre
de ensino e de aprendizagem em tempo real, aten- as potencialidades dos territórios e a efetivação
dendo as expectativas dos participantes e trazendo dos princípios doutrinários, contribuindo para a
uma interação rápida e eficaz dos discentes com a formação profissional de estudantes de diversas
mesma. 29 alunos participaram da simulação, 25 áreas, desde o exercício do trabalho em equipes
alunos (86,2%) acertaram todos os itens e a média até o diálogo com outros protagonistas do cuidado,
de acertos na atividade foi de 95,6%. A simulação desconstruindo concepções limitadas da saúde pú-
permitiu observar em quais itens os alunos tiveram blica. Entendendo a necessidade de articulação de
mais dificuldade em executar as tarefas propostas saberes, de interesse para atuação no SUS. O projeto
e ao final gerou tabelas e gráficos com as respostas. surge como proposta da Rede Unida, funcionando a
Notou-se intenso interesse e interação com a simu- partir de submissões para financiamento em editais
lação, bem como um grande índice de acertos nas junto a Organização Pan-Americana de Saúde. Em
tarefas. Ademais, a ferramenta elaborada foi bem Fortaleza, o projeto acontece em parceria com as
aceita tanto pelos docentes quanto pelos alunos da gestões municipal e estadual de saúde e com a Esco-
disciplina. Recomendações: A simulação proporcio- la de Saúde Pública (ESP). São formadas Comissões
nou fácil acesso e compreensão, contribuindo para a Organizativas (CO), responsáveis pela execução do
formação e capacitação dos profissionais de saúde, VERSUS e pela submissão dos projetos, enviando-os

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 473
para a coordenação nacional, Rede Unida. A CO é, importância da família e da sociedade no trato
normalmente, composta por estudantes de gradu- com os fatores de risco e proteção da exposição de
ação, residentes, movimentos sociais. As vivências adolescentes ao uso de substancias e a violência,
acontecem no sistema de imersão total, entre 7 e 15 sendo imprescindível investimento em comunicação
dias, para isso é custeado hospedagem, alimenta- socioeducativa no tocante a tipificação e formas de
ção e transporte para os campos de visita. A ideia violência. O ambiente escolar é privilegiado para a
é que esses sujeitos experenciem integralmente abordagem de adolescentes, porém tal contexto não
o processo, socializando experiências, comparti- privilegia adolescentes evadidos, podendo ser esta
lhando conhecimentos, a partir das metodologias evasão derivada de causas, como violências, proble-
participativas das rodas de conversas, dos relatos, mas familiares, envolvimento com uso, abuso ou trá-
da cenopoesia, das colchas de retalhos, de devolu- fico de drogas entre outras. Os estudos são unanimes
tivas para os campos. Compreendemos enquanto diante do álcool ser a droga mais consumida entre
CO importância de divulgação e de afirmação do adolescentes e aponta o etilismo dos pais enquanto
VERSUS como estratégia de educação em saúde associação direta. Conclusões Os dados apontam
que vem (des)construindo diversos olhares em prol para a necessidade da educação em saúde prevenin-
do SUS. Conclui-se que é necessário visualizar re- do episódios envolvendo adolescentes, violência e
alidades diversas, compreender a totalidade de um substancias psicoativas. As ações devem considerar
individuo inserido na realidade para produzir saúde a questão social a partir da lógica da intersetoria-
de qualidade, pois é impossível articular ações com lidade, interdisciplinaridade e transversalidade no
base em realidades desconhecidas. seu enfrentamento. Os jovens possuem informações
distorcidas das consequências do uso de drogas e da
VIOLÊNCIA, DROGAS E ADOLESCÊNCIA: REVISÃO própria exposição a violência, uma vez que não as
DA LITERATURA SISTEMÁTICA conhecem em sua totalidade.
Ícaro Caresia Lopes / Lopes, I.C. / Unesp; Water
Vitti Junior / Vitti Junior, W. / Unesp; Nathalia da VIVÊNCIAS E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SUS
Silva Carriel / Carriel, N.S. / Unesp; Eduarda Gime- DE SÃO PAULO: O QUE ISSO MUDOU DE UM ANO
nes Correa / Correa, E.G. / Unesp; PRA CÁ?
Introdução Os adolescentes passam por um senti- Carolina da Silva Buno / BUNI, C.S. / Universidade
mento de invulnerabilidade para justificar a atração de São Paulo; Allan Gomes de Lorena / LORENA,
por condutas de alto risco. Na adolescência ocorre A.G / Universidade de São Paulo; Gabriela Braga
o consumo de substancias e sua experimentação. O Bordon / BORDON, G.B / Universidade de São Pau-
uso de álcool e/ou outras substâncias psicoativas lo; Beatriz Cabral Vasconcellos Vinhas / VINHAS,
podem desencadear outros tipos de riscos como a B.C.V. / Universidade Federal de São Paulo;
violência, diante desse contexto, é necessário apro- O projeto Vivências e Estágios da Realidade do Sis-
fundar a compreensão entre a adolescência, drogas tema Único de Saúde (VER-SUS) do Ministério da
e violência. Objetivos Identificar as principais ca- Saúde (MS) em parceria com Associação Brasileira
racterísticas referentes ao uso de drogas e violência Rede Unida têm como pressuposto estimular a for-
na adolescência e apresentar os resultados dispo- mação de trabalhadores/as para o Sistema Único de
níveis na literatura recente acerca da drogadição Saúde (SUS). No Estado de São Paulo, o VER-SUS é
e violência na adolescência. Metodologia Pesquisa organizado por uma comissão local, formada por
bibliográfica sistemática através do banco de dados estudantes de graduação, sob a ótica da educação
eletrônico Scielo, analisando os estudos realizados permanente, gestão do trabalho em saúde e do co-
no Brasil publicados nos últimos cinco anos (2010- nhecimento vivo do território. Assim, por meio de
2015), em língua portuguesa que se refiram ao con- uma investigação qualitativa e exploratória, nosso
texto que envolve a relação adolescência, drogadição objetivo com este relato de experiência é descrever
e violência com os unitermos adolescência, drogas as experiências do VER-SUS/São Paulo acerca do
e violência. Resultados Os estudos mostraram a cotidiano do trabalho dos serviços de saúde no

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 474
período de 2014-2015. Em julho/2014 realizamos a de Heliopólis e o encontro paulista do VER-SUS (EP-
primeira vivência no município de São Bernardo do -VERSUS) em São Paulo e em Santos. Finalizamos
Campo. Apostamos na mobilização e sensibilização esta síntese com uma citação a cerca dos processos
dos estudantes com o SUS enquanto dispositivo da de desterritorialização que as vivências de São Pau-
aproximação entre o campo de saberes e práticas lo vêm passando, e por ser um movimento intenso
da saúde pública. Em Janeiro/2015 ampliamos as sempre próximo da criação e da inovação de novos
vivências para os municípios de Mauá, Guarulhos, sujeitos e que não se esgota com esse trabalho. (...)
Santos e São Paulo com o intuito de fortalecer e po- precisamos às vezes inventar uma palavra bárbara
tencializar os serviços de saúde com as atividades para dar conta de uma noção com pretensão nova.
que o VER-SUS propõe. Por fim, para a edição a ser A noção com pretensão nova é que não há território
realizada em julho/2015, redefinimos nossos objetos sem um vetor de saída do território, e não há saída
e contamos com uma formação política na Escola do território, ou seja, desterritorialização, sem, ao
Nacional Florestan Fernandes (ENFF) do Movimento mesmo tempo, um esforço para se reterritorializar
Sem Terra (MST), estágio de vivência na comunidade em outra parte. (Gilles Deleuze).

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 475
Vigilância à Saúde
A ATUAÇÃO DAS COMISSÕES DE CONTROLE a associação entre porte hospitalar e atuação da
DE INFECÇÃO HOSPITALAR NOS HOSPITAIS DE CCIH mostrou diferença significativa (p<0,01). As
PEQUENO PORTE SOB O PONTO DE VISTA DA chances de um hospital com mais de 50 leitos em
VIGILÂNCIA SANITÁRIA apresentar uma CCIH atuante muito maior que um
HPP - OR (IC): 2,74 (1,69- 4,45). Conclusão: Os dados
Nea Miwa Kashiwagi / Kashiwagi, N.M. / CVS/
corroboram com a literatura, na qual a atuação da
CCD/SES-SP; Rachel Helena de Paula Leite / Leite,
CCIH foi menor em HPP. Na busca do equilíbrio entre
R.H.P. / CVS/CCD/SES-SP; Caroline Rolim Chaves
custo e benefícios para o paciente, a finalidade dos
/ Chaves, C.R. / CVS/CCD/SES-SP; Lívio Augusto
HPP devem ser revistas e integradas com as neces-
Andrade Vilela Dias / Dias, L.A.A.V. / CVS/CCD/
SES-SP; Sueli Titsuko Suyeda Tanomaru / Tano- sidades da região.
maru, S.T.S. / CVS/CCD/SES-SP; Márcia Correa de
Araújo / Araújo, M.C. / CVS/CCD/SES-SP; A EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS ASSOCIADOS A
Introdução: A produção de novos conhecimentos e CASOS DE SUICÍDIO: REVISÃO DA LITERATURA
tecnologias geram recomendações aos Serviços de Renato Maciel Dantas / Dantas, R. M. / Fundação
saúde com o intuito de garantir a qualidade na assis- Oswaldo Cruz - Fiocruz; Leila Lemos / Lemos, L. /
tência à Saúde Diante desse contexto, os Hospitais Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ;
precisam se adequar às exigências cada vez maiores O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para
das legislações vigentes e os custos de sua operação. Defesa Vegetal (SINDIVEG) formado por quarenta e
Define-se Hospitais de Pequeno Porte (HPP), os esta- nove indústrias produtoras de agrotóxico no Brasil
belecimentos de saúde com internação e menos de afirma que no ano de 2013 as vendas com inseticidas
50 leitos e, apesar de serem estratégicos na assistên- e herbicidas atingiu US$ 8,293 bilhões. Mostrando
cia loco-regional, estudos apontam pouca resolutivi- assim uma larga escala no consumo desses produtos
dade e eficiência, na qual os HPP apresentam baixas cujos resíduos são dispersos poluem a água, solo e
taxas de ocupação, internações desnecessárias e ar causando danos ao ecossistema e principalmen-
dificuldades em garantir a estrutura física adequada te malefícios a saúde humana. Entre a população
à assistência prestada. As Comissões de Controle de rural existe um número significativo de casos de
Infecção Hospitalar (CCIH) destacam-se na redução suicídio.Nesse trabalho foi feita uma revisão na
de riscos de infecções hospitalares e na segurança literatura buscando artigos cujo objetivo principal
do paciente. Objetivo: Descrever o perfil dos HPP era identificar os estudos que discutem a relação
do Estado de São Paulo e avaliar se há relação entre entre a exposição aos agrotóxicos e os casos de
a situação sanitária e CCIH atuante. Metodologia: suicídio, mostrando pontos como a idealização de
Levantamento de dados dos hospitais proveniente ou tentativa de suicídio. Foram utilizados os descri-
da base de dados do Programa de Monitoramento da tores entre aspas com termos em inglês e português:
Situação Sanitária dos Hospitais do Estado de São [agrotóxico]; [pesticida]; [suicídio] ou [agrotoxic];
Paulo do CVS-SP. Resultados: Os HPP representam [pesticides]; [suicide] em buscas avançadas nas
35,6% dos Hospitais do ESP, totalizando 313 estabe- plataformas PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde
lecimentos. Quanto à natureza jurídica: 25,9% são no período de 2004 a 2014. Seguindo os critérios de
públicos, 37,4% Privados com convênio SUS e 36,7% busca foram selecionados nove estudos sendo, três
Privados. Em relação à situação sanitária, 30% do tipo Ecológico, três do tipo Transversal, dois do
apresentaram-se satisfatórios, 67,8%, satisfatório tipo Longitudinal e um Caso-controle. Sete desses
com restrição e 2,1% insatisfatórios e tal distribui- estudos apontam para uma relação entre a exposição
ção não apresentou diferença significativa, quando de trabalhadores agrícolas a agrotóxicos e sofrimen-
comparado os HPP aos outros hospitais. No entanto, to psíquico incluindo idealização suicida. Os outros

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dois trabalhos apontam para a necessidade novas (29,3%), sendo que, do total de casos confirmados,
pesquisas pois não conseguem sustentar tal relação. 7.448 (50,6%) apresentaram Incapacidade Grau 0 e
Os estudos em sua maioria apontam para que ações 1.560 (10,6%) Grau de incapacidade II. Verificou-se
em conjunto de várias instâncias como a vigilância que 13.390 (90,9%) dos casos residem em área urbana
ambiental, área de Saúde Pública devem ser implan- e a distribuição dos casos pelo território mostrou
tadas e planejadas buscando atingir toda população uma concentração de casos nas regiões sudoeste e
rural. Nos casos de suicídio devem considerar que a noroeste do estado e também em alguns municípios
população rural que diretamente trabalha com este do litoral paulista. Conclusão: Observou-se a queda
tipo de produto sofre pressão de inúmeros compo- no número de casos de hanseníase nos últimos anos
nentes sociais, econômicos e culturais que devem do estado de São Paulo. Verificou-se predomínio da
ser levados em consideração, principalmente por se forma clínica Virchowiana, com maior proporção de
tratar na maioria dos casos o meio de sobrevivência casos no sexo masculino em relação ao feminino.
destes trabalhadores e seus familiares. Apesar da maior proporção de Grau de Incapacidade
0 é notório o alto percentual de Grau de incapacidade
A HANSENÍASE NO ESTADO DE SÃO PAULO II. O comportamento espacial da doença verificado
(2008-2014): UM ESTUDO ECOLÓGICO no estado de São Paulo apresenta alta incidência da
Antônio Carlos Vieira Ramos / Ramos, A.C.V. / doença nas regiões sudoeste e noroeste do estado, re-
EERP; Michelle Mosna Touso / Touso, M.M. / giões comprovadamente com maior número de casos.
EERP; Juliane de Almeida Crispim / Crispim, J.A. /
EERP; Marcela Paschoal Popolin / Popolin, M.P. / A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL TÉCNICO EM
EERP; Aylana de Souza Belchior / Belchior, A.S. / VIGILÂNCIA EM SAÚDE NA UNIDADE BÁSICA DE
EERP; Maria Concebida da Cunha Garcia / Garcia, SAÚDE
M.C.C. / EERP; Luiz Henrique Arroyo / Arroyo, L.H. Luciana Cristine de Azevedo Ribeiro / Ribeiro, L.C
/ EERP; Ricardo Alexandre Arcêncio / Arcêncio, A. / Prefeitura Municipal de São Paulo; Nivaldo
R.A. / EERP; Moura do Nascimento / Nascimento, N. M. / Pre-
Título: A hanseníase no Estado de São Paulo (2008- feitura Municipal de São Paulo; Wesley Antonio
2014): Um estudo ecológico Introdução: A hanseníase Correa / Correa, W.A. / Prefeitura Municipal de
no Brasil apresenta-se como um grave problema de São Paulo; Caroline Cotrim Aires / Aires, C.C. / Pre-
saúde pública. Apesar do declínio da doença de 2,37 feitura Municipal de São Paulo; Renato Sinnhofer
casos por 10.000 habitantes em 2006 para 1,57 por Sugimoto / Sugimoto, R. S. / Prefeitura Municipal
10.000 habitantes em 2010, o país é o único na Amé- de São Paulo; Ana Paula Pereira Teixeira / Teixei-
rica que não conseguiu eliminar a doença segundo as ra, A.P.P. / Prefeitura Municipal de São Paulo; Iara
diretrizes da OMS (< 1 caso por 10.000 habitantes). Maria Ferreira / Ferreira, I.M. / Prefeitura Munici-
Objetivos: Analisar a situação epidemiológica da pal de São Paulo;
hanseníase no Estado de São Paulo. Métodos: Trata- No ano de 2013, a Prefeitura do Município de São
-se de um estudo epidemiológico descritivo realizado Paulo, implementou o Curso Técnico de Vigilância
no Estado de São Paulo. Os casos confirmados de em Saúde (TVS), visando capacitar seus profissio-
hanseníase, entre 2008 a 2014, foram identificados nais que atuam na área da Vigilância em Saúde.
por meio do Sistema de Informação de Agravos de Neste âmbito, o presente estudo foi desenvolvido
Notificação (SINAN). Estimou-se a Taxa de Detec- como trabalho de conclusão de curso, vislumbrando
ção anual, sendo suavizada pelo método bayesiano como interesse primário elaborar um plano de ação
empírico local. Foi construído o mapa temático das que prima à efetiva disposição de um profissional
incidências com auxílio do software Quantum Gis Técnico em Vigilância em Saúde nas Unidades Bási-
2.4. Resultados: Foram identificados 14.731 casos cas de Saúde, com a responsabilidade de coordenar
confirmados de hanseníase dos quais 8.556 (58,1%) e supervisionar as ações realizadas pelo Programa
era masculino e 6.175 (41,9%) do sexo feminino. A for- de Combate a Dengue. Tendo em vista que a dengue
ma clínica predominante foi a Virchowiana com 4.315 é uma doença infecciosa causada por um vírus trans-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 477
mitido para o homem por meio do mosquito Aedes qualquer mudança nos fatores determinantes e
aegypti, onde as condições do meio ambiente são condicionantes de saúde individual ou coletiva. A
determinantes para seu desenvolvimento, o combate vigilância epidemiológica deve fornecer orientação
ao vetor da doença requer esforços contínuos de pla- técnica permanente para os profissionais de saúde
nejamento de ações territoriais, sendo neste cenário e constitui-se um importante órgão para o planeja-
que surge a necessidade do profissional habilitado mento, organização e operacionalização dos servi-
para atuar com capacidade de analisar, planejar e ços de saúde. Neste escopo, a educação permanente
executar ações que tenham como alvo o combate do em saúde age como uma potência para transformar
vetor. Como método para o desenvolvimento estudo processos a partir da identificação de fragilidades e
proposto, foi escolhido o bairro Jardim Flor de Maio, planejamento. Objetivos: Desenvolver uma atividade
no município de São Paulo, dada sua representativi- educativa sobre imunização com os profissionais
dade considerando o número de casos confirmados de saúde da rede básica baseado nas dificuldades
de dengue entre os anos de 2010 e 2013, conforme encontradas nos serviços. Método: Trata-se de um
levantamento feito a partir do banco de dados da estudo exploratório com abordagem quantitativa.
SUVIS Jaçanã/Tremembé. Também foi realizada Foi utilizado um questionário estruturado, que visou
uma entrevista com a liderança local, bem como identificar as principais dificuldades dos profissio-
uma análise de suas características demográficas e nais dos serviços acerca da imunização e sala de
outros fatores sócio-ambientais, por meio de mapas vacina, a fim de pontuar, discutir e posteriormente
e dados do CENSO 2010, a fim de verificar a eficácia desenvolver uma ação educativa com base nos pon-
e aplicabilidade do plano na prevenção, diminuição tos identificados. Resultados: Entrevistou-se nove
e/ou eliminação de riscos à saúde da população lo- enfermeiras, sete técnicas e dez auxiliares de enfer-
cal. Neste âmbito, a análise dos dados resultou na magem, divididas em 14 Unidades de Saúde da Famí-
elaboração do Plano de Ação de Combate a Dengue, lia (USF) e 12 Unidades Básicas de Saúde (UBS). Das
no qual foram traçadas as estratégias necessárias entrevistadas, 53,8% referiu não ter dificuldades em
para que o Técnico de Vigilância desenvolva inicia- relação à sala de vacinas e imunização, enquanto
tivas de prevenção e promoção à saúde, inseridos na 46,2% demonstraram certa dificuldade. 11,5% não faz
Unidade Básica de Saúde. De acordo com a proposta, ficha Registro, 11,5% não sabe o Calendário Vacinal,
foram definidas prioridades e metas para as ações 11,5% das salas tem pequeno espaço Físico e 11,5%
propostas, visando intensificar as atividades edu- pessoal novo não sabe a rotina da sala de vacina.
cativas e intervenções ambientais pertinentes ao Frente às lacunas encontradas a partir dos ques-
controle do vetor, em especial no que tange a limpeza tionários, realizou-se uma intervenção educativa a
pública. Assim sendo, o trabalho primou pela criação respeito da imunização. As lacunas foram supridas
de um Plano de Ação que possa ser efetivamente através de uma capacitação realizada na vigilância
implementado, a fim de gerar ganhos locais para a epidemiológica. Conclusão: Intervenções são neces-
saúde pública da população vulnerável a possíveis sárias quando se fala em educação permanente em
epidemias de dengue. saúde como meio transformador de pensamentos e
processos formativos estruturados a partir de uma
AÇÃO EDUCATIVA ACERCA DA IMUNIZAÇÃO EM problematização, fornecendo um aporte teórico,
UM SERVIÇO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA científico e metodológico recentes para a mudança
Ursula Marcondes Westin / WESTIN, U. M. / e contribuindo para a formação de atores ativos.
EERP/USP; Tânia Maria Marcondes / MARCON- No entanto, para que essa aprendizagem seja sig-
DES, T. M. / UNICEP; Chris Mayara S. Tibes / TI- nificativa, é de fundamental importância que seja
BES, C.M.S. / EERP/USP; Lilian Regina Carvalho / previamente identificado os pontos vulneráveis.
CARVALHO, L.R. / UFSCar; Como trabalho futuro, propõe-se realizar o levan-
Introdução: Compreende-se por vigilância epide- tamento pós treinamento para identificar se houve
miológica, um conjunto de ações que proporcio- melhoras a logo prazo no conhecimento e ações dos
nam o conhecimento, a detecção ou prevenção de funcionários desse serviço.

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 478
AÇÕES PARA DESRATIZAÇÃO DO CÓRREGO PI- mais palatável e atrativo. Foi preconizado o uso de
QUERI (ALTO ÍNDICE DE INFESTAÇÃO) NA REGIÃO 75g por toca no primeiro ciclo, 50g no segundo ciclo
DA SUVIS JAÇANÃ- TREMEMBÉ e 25g no terceiro ciclo, nas tocas com consume. Na
quinta semana foi realizado a contagem de tocas
Caroline Cotrim Aires / Aires, C. C. / Prefeitura
ativas (avaliação). As ações foram realizadas em
Municipal de São Paulo; Rodolfo Romaioli Ribeiro
cinco (5) semanas em um trecho de 800m do córrego
de Jesus / De Jesus, R.R.R. / Prefeitura Municipal
Piqueri nos meses de julho a agosto de 2013. Houve
de São Paulo; Jadson Taianny Dantas Xavier /
redução do número das tocas e das solicitações rela-
Xavier, J.T.D. / Prefeitura Municipal de São Paulo;
cionadas à roedores na de abrangência. No entanto,
Luciana Cristine de Azevedo Ribeiro / Ribeiro,
L.C.A. / Prefeitura Municipal de São Paulo; Renato problemas na quantificação dos dados não permiti-
Sinnhofer Sugimoto / Sugimoto, R.S. / Prefeitura ram avaliar a significância desta redução. Notou-se
Municipal de São Paulo; Ana Paula Pereira Teixei- que a partir de ajustes na avaliação será possível
ra / Teixeira, A.P.P. / Prefeitura Municipal de São validar a utilização do rodenticida parafinado que,
Paulo; Iara Maria Ferreira / Ferreira, I.M. / Prefei- de forma quantitativa, já demonstrou sua eficiência.
tura Municipal de São Paulo; Edna Alves da Silva Além dos benefícios no controle químico, juntam-se
de Toledo / De Toledo, E.A.S. / PRE; a este maior seguridade para o trabalhador.
Os córregos oferecem aos roedores condições perfei-
tas de abrigo, água, acesso, alimento e reprodução ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS BACILOSCOPIAS
e, sendo os roedores os principais agentes na trans- DE PACIENTES COM HANSENÍASE EM UM LABO-
missão da Leptospirose, o controle da população de RATÓRIO DE REFERÊNCIA REGIONAL NO MUNI-
roedores em córregos é uma das principais vertentes CÍPIO DE SERRINHA - BA
do Programa de Controle da Leptospirose e Roedores Ana Paula de Araújo Oliveira / Oliveira, A. P. A.
(PCLR) do município de São Paulo. Segundo o PCLR / Faculdade Nobre de Feira de Santana; Cláudia
as ações de controle no córrego baseiam-se apenas Kássia Cunha Martins / Martins, C. K. C. / Facul-
na aplicação de rodenticida formulação pó em tocas dade Nobre de Feira de Santana; Camilla da Cruz
e formulação parafinada em muros de gabião. A Martins / Martins, C. C. / Faculdade Nobre de
área da SUVIS (Supervisão de Vigilância em Saúde) Feira de Santana; Rodolfo Macedo Cruz Pimenta
Jaçanã-Tremembé abrange uma das maiores bacias / Pimenta, R. M. C. / Faculdade Nobre de Feira de
hidrográficas da cidade de São Paulo com 17 córre- Santana; Misael Silva Ferreira Costa / Costa, M. S.
gos, incluindo o córrego Piqueri com extensão total F. / Faculdade Nobre de Feira de Santana; Walker
de 2350m. Desde 2010 a 2013 a região de entorno Nonato Ferreira Oliveira / Oliveira, W. N. F. / Facul-
deste córrego mostrou-se com alta incidência de in- dade Nobre de Feira de Santana;
festação de roedores e com casos esporádicos de lep- A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, cau-
tospirose, apesar do tratamento sistemático a partir sada pelo Mycobacterium leprae, bacilo que afeta
das premissas do PCLR. Sendo assim, este córrego principalmente os nervos periféricos e a pele. Sua
foi o objeto de um Plano de Ação diferenciado base- transmissão ocorre através do contato prolongado
ado no conceito de manejo integrado de pragas. Este com indivíduos multibacilares, sem tratamento.
termo compreende um conjunto de ações voltadas O diagnóstico laboratorial é importante para clas-
direta e indiretamente à praga alvo a ser combatida sificar as formas clínicas da doença e definir o
e ao meio que a cerca, praticadas de forma conjunta tratamento. A baciloscopia é o método comumente
seguindo os componentes: i) inspeção do local infes- utilizado como auxílio diagnóstico, por ser pouco
tado; ii)- identificação da espécie(s) infestante(s); invasivo e de baixo custo. A poliquimioterapia é
iii) adoção de medidas preventivas e corretivas; iv) oferecida pelo Sistema Único de Saúde, na Atenção
adoção de medidas de controle; v) monitoramento Básica. Problema de saúde pública nos países em
da infestação e vi)avaliação dos resultados. Como desenvolvimento, é caracterizada como uma doença
diferencial no controle químico foi utilizado o ro- infecciosa tropical negligenciada. Em 2012, sua pre-
denticida formulação granulada sendo este insumo valência no Brasil foi de 15,1 casos/100 mil habitan-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 479
tes. A Bahia apresentou 19 casos/100 mil habitantes cola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP/RP;
em 2013, sendo que, dos 417 municípios do estado, Ana Angélica Rêgo de Queiroz / Queiroz, A. A. R.
38 são considerados hiperendêmicos. Serrinha, em / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP/
2010, obteve a média de 15,84 casos/100.000 habi- RP; Pedro Fredemir Palha / Palha, P. F. / Escola de
tantes, sendo considerado de alta endemicidade. O Enfermagem de Ribeirão Preto - USP/RP; Ricardo
presente estudo objetiva analisar os resultados das Alexandre Arcêncio / Arcêncio, R. A. / Escola de
baciloscopias de pacientes com hanseníase em um Enfermagem de Ribeirão Preto - USP/RP;
laboratório de referência regional no município de Introdução: Mesmo após 50 anos de conhecimento
Serrinha – BA, no período de julho de 2014 a feverei- de seu diagnóstico e tratamento, a tuberculose ainda
ro de 2015. Trata-se de um estudo piloto, realizado permanece como a segunda causa de morte entre as
através de pesquisa descritivo-exploratória, com doenças infectocontagiosas. A desigualdade social,
abordagem quantitativa. As informações foram co- por sua vez, compromete políticas de eliminação
letadas do banco de dados do setor de microbiologia e controle da tuberculose, acarretando em casos
do laboratório. Foram considerados o resultado da mais complexos e a maior ocorrência de óbitos pela
baciloscopia, índice baciloscópico, gênero, idade e doença. Objetivos. Propôs-se analisar a relação es-
local de residência. Realizou-se análise de frequên- pacial entre indicadores sociais e mortalidade por
cias simples e bivariada. Foram analisados 33 casos: tuberculose em Ribeirão Preto. Método. Trata-se de
a faixa etária mais atingida pela doença foi a de um estudo ecológico em que foram considerados os
adultos jovens (18 a 39 anos), com total de 17 indiví- casos de óbitos, tendo como causa básica a tubercu-
duos (51,5%); quanto ao gênero, observou-se que 19 lose (CID A15.0 a A19.9) ocorridos na zona urbana de
indivíduos eram do sexo masculino (57,6%); sobre o Ribeirão Preto, disponíveis no Sistema de Informa-
local de residência, Serrinha obteve destaque, com 16 ção sobre Mortalidade. Inicialmente foi realizada a
casos (48,5%); houve um maior índice de bacilosco- análise univariada das variáveis sociodemográficas
pias negativas, com 17 casos (51,5%). Os resultados e operacionais dos óbitos. Para construção dos indi-
evidenciam a importância da baciloscopia como cadores sociais utilizou-se a análise de componentes
exame complementar para o diagnóstico da doença principais, sendo selecionados dados das áreas de
e ressalta que o resultado negativo não exclui a sua abrangência do município. Recorreu-se à regressão
ocorrência. Indica-se, portanto, a necessidade de linear múltipla, pelo método dos mínimos quadrados
ações preventivas de saúde, de aprimoramento das e à regressão espacial para análise da relação de
políticas de vigilância epidemiológica no intuito dependência espacial entre os indicadores sociais
diminuir a subnotificação, de educação continuada e as taxas de mortalidade. Para o diagnóstico do
para os profissionais e de ações educativas para a melhor modelo de regressão espacial, utilizou-se
população. A partir dos achados desse estudo piloto, o teste Multiplicador de Lagrange. Em todos os
pretende-se realizar uma pesquisa de campo com testes, foi fixado o nível de significância em alfa
maior amostra e análise mais robusta. de 5% (p< 0,05). Resultados: Foram geocodificados
100% dos óbitos no município, sendo identificados
ANÁLISE ESPACIAL DA RELAÇÃO ENTRE INDICA- 50 casos de óbitos por tuberculose de todas as for-
DORES SOCIAIS E MORTALIDADE POR TUBERCU- mas. A maioria dos óbitos ocorreu em pessoas do
LOSE EM RIBEIRÃO PRETO/SP sexo masculino (n= 41; 82%); com idade mediana
Luiz Henrique Arroyo / Arroyo, L. H. / Escola de de 65 anos e escolaridade predominante de ensino
Enfermagem de Ribeirão Preto - USP/RP; Mellina fundamental (n=12; 24,0%). Na construção dos indi-
Yamamura / Yamamura, M. / Escola de Enferma- cadores sociais, surgiram três novas variáveis, que
gem de Ribeirão Preto - USP/RP; Marcelino Santos apresentaram variância de 79,6%. As componentes
Neto / Santos Neto, M. / Universidade Federal do formadas foram denominadas respectivamente de
Maranhão; Francisco Chiaravalloti Neto / Chiara- indicadores de riqueza (46,2%), de iniquidade social
valloti Neto, F. / Faculdade de Saúde Pública - USP; (18,8%) e equidade social (14,6%). Em Ribeirão Preto,
Antônio Carlos Vieira Ramos / Ramos, A. C. V. / Es- verificou-se que a equidade social foi indicador esta-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 480
tisticamente significativo (p=0,0013) com relação ne- seguintes indicadores: proporção de cura dos casos
gativa a mortalidade, sendo o Modelo da Defasagem novos de hanseníase diagnosticados, proporção de
Espacial o melhor método para testar a dependência contatos intradomiciliar de casos novos de han-
espacial, com valor de ρ (rho) estimado em 0,53 e seníase examinados e avaliação de incapacidades
altamente significativo (p = 0,0014). Conclusão: O físicas. A análise se deu através do levantamento
estudo contribuiu no avanço do conhecimento de de fontes secundárias do Sistema de Informação
que a mortalidade por tuberculose é um evento so- disponíveis, sob a ótica da clínica da hanseníase,
cialmente determinado, identificando ainda, áreas realidade do município o qual o programa está in-
prioritárias para controle da doença. serido e sob os aspectos sociais acerca da moléstia.
Lições Aprendidas: A hanseníase merece destaque
AVALIAÇÃO DE INDICADORES EM HANSENÍASE: no município nos dois últimos anos, pelo aumento
E EXPERIÊNCIA DE UM MUNICÍPIO DO INTERIOR no número de casos novos. No ano de 2013, foram
PAULISTA detectados 74 casos novos, já a proporção de cura
Flavia Tiemi Muramoto / Muramoto F.M. / EERP- dos casos novos de hanseníase foi de 90%, enquanto
-USP; Karen da Silva Santos / Santos, K.S. / EERP- a proporção de contatos intradomiciliares de casos
-USP; Bruna Cardoso Pinheiro / Pinheiro B. C. / novos de hanseníase foi de 54,6%. Os resultados
EERP-USP; Ariadne Pinheiro Nazário / Nazário, revelam que município em questão alcançou, em
A.P. / EERP-USP; Luciana de Oliveira Sousa / Sou- parte, a meta dos indicadores pactuados, assim
sa, L. O. / EERP-USP; Mariana Vitor Peppe / Peppe, enfrenta grandes dificuldades em relação à busca
M.P. / EERP-USP; Suzana Stefanini C. Almeida / ativa de casos novos, deficiências na articulação
Almeida, S.S.C. / EERP-USP; Fabiana Ribeiro San- da rede; educação permanente dos profissionais
tana / Santana, F.R. / EERP-USP; Cinira Magali que prestam assistência direta ao paciente de han-
Fortuna / Fortuna, C.M. / EERP-USP; Tereza Cris- seníase; financiamento e planejamento; educação
tina Scatena Villa / Villa,T.C.S / EERP-USP; Pedro em saúde em relação à sensibilização ao estigma.
Fredemir Palha / Palha,P.F. / EERP-USP; Silvia Recomendações: Recomenda-se que a universidade
Matumoto / Matumoto,S. / EERP-USP; proporcione maiores experiências para os alunos
Caracterização do problema Este trabalho é um de pós-graduação, em especial da área da saúde,
relato de experiência de discentes na disciplina de para que este possa ampliar seus olhares sobre as
Políticas de Saúde do Programa de Pós-Graduação propostas de políticas de saúde através de progra-
Enfermagem em Saúde Pública da Escola de Enfer- mas para atender as metas pactuadas de doenças
magem de Ribeirão Preto da Universidade de São negligenciadas, tais como a hanseníase e outras.
Paulo (EERP/USP) em 2015. Descrição: A disciplina
teve como um dos objetivos discutir a participação E VOCÊ, JÁ FEZ SEU TESTE HOJE? PERFIL DA
e contribuição dos profissionais da saúde, represen- POPULAÇÃO QUE REALIZOU O TESTE RÁPIDO
tantes da sociedade civil e Estado, na formulação EM UM MUNICIPIO DO INTERIOR DO ESTADO DE
e direcionamento das políticas de saúde. Ela foi SÃO PAULO
organizada em três unidades, com eixos temáticos Amanda Alessandra dos Reis / Reis, A.A. / UFSCar;
específicos. Este trabalho apresentará experiências Cíntia Martins Ruggiero / Ruggiero, C.M. / PMSC;
acerca da Unidade III, referente ao Setor Saúde no Isabella Gerin de Oliveira / Oliveira, I.G. / PMSC;
Brasil Contemporâneo - Pactos pela Saúde e Polí- Tatiana Ferraz de Araújo Alecrim / Alecrim, T.F.A.
tica Nacional de Atenção Básica”. Neste eixo, os / UFSCar; Simone Teresinha Protti / Protti,S.T. /
alunos realizaram uma análise dos indicadores de UFSCar;
avaliação das políticas de saúde, das prioridades A síndrome de imunodeficiência adquirida (Aids) é
pactuadas por um município. Foi escolhido como considerada um grande problema de saúde pública.
unidade de análise o Programa de Hanseníase de O número de pessoas infectadas pelo vírus da imuno-
um município do interior paulista, com base nos deficiência humana (HIV), o modo de transmissão e

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 481
o impacto gerado na sociedade caracterizou a AIDS EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PRÉ-ESCOLA SOBRE
como uma doença de grande dimensão social. Na TUBERCULOSE/HANSENÍASE: ADQUIRINDO NO-
América Latina, 1,7 milhões de pessoas estão infec- ÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
tadas pelo HIV. No Brasil a prevalência de infecções Luciana Rodrigues Placeres Araujo / Araujo, L.R.P.
é estimada em 630.000, com aproximadamente / Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos;
34.500 novos casos de Aids ao ano. No estado de São Diana Carla Romano / Romano, D.C. / Secretaria
Paulo no período de 1980 a 2014 foram notificados Municipal de Saúde de São Carlos; Kelly Bondezam
236.507, sendo que 122.009 foram a óbito. São regis- / Bondezam, K / UFSCar; Julia Marioti / Marioti, J.
trados mo estado cerca de 8 mil casos novos a cada / UFSCar; Ana Carolina Mobricci / Mobricci, A. C. /
ano. Diante disso, o Ministério da Saúde por meio UFSCar; Vanessa Tieko / Tieko, V. / UFSCar;
da Secretaria de Vigilância em Saúde, regulamentou Caracterização do problema: A USF Jardim São
a utilização do teste rápido para HIV por meio da Carlos, no município de São Carlos, possui em sua
Portaria N° 34/2005. A possibilidade de realização área de abrangência o centro de educação infantil
do diagnóstico da infecção pelo HIV em uma única que atende aproximadamente 120 crianças de 4 e 5
consulta, com a realização do teste rápido, elimina anos, provenientes de vários territórios de saúde do
a necessidade de mais de uma vinda do usuário ao município. Através da contratualização do Progra-
serviço de saúde para conhecer seu status soroló- ma Saúde na Escola (PSE), e do desenvolvimento
gico, bem como, possibilita a acolhida imediata aos de suas ações programáticas, a proposta do PET-
portadores do HIV dentro da estrutura assistencial -Vigilância Tuberculose (TB)/Hanseníase (HAN)
do SUS. Além disso, esses testes não demandam foi desenvolver uma forma de abordar ambos os
estrutura laboratorial e pessoal especializado. O temas com este público, considerando seu desen-
objetivo deste estudo foi o de analisar o perfil sócio volvimento cognitivo e a grande capacidade de
demográfico e comportamental dos usuários aten- aprendizado e socialização deste com as famílias.
didos no município de São Carlos/SP no período de Descrição: Foram realizadas rodas de educação em
novembro de 2013 a junho de 2015. Os dados secun- saúde abordando questões sanitárias de higiene
dários foram extraídos do questionário padronizado para o controle da transmissão de TB e aspectos
utilizado durante o aconselhamento pré e pós teste de vigilância para o precoce diagnóstico da HAN.
HIV cujo faz parte da rotina dos serviços de saúde A metodologia do trabalho consistiu na elaboração
do município em questão. Realizou-se uma análise de atividades envolvendo os dois temas. Para a TB
exploratória das variáveis sócio demográficas e foram realizadas atividades de conscientização para
comportamentais, descrevendo a distribuição da a higiene respiratória/etiqueta da tosse”, lavagem
frequência entre os usuários acompanhados neste de mãos e cuidados com o ambiente doméstico. Em
período. Com relação aos aspectos sócio demográfi- relação à HAN, as ações foram desenvolvidas de
co dos 1129 usuários 55,2% foram do sexo masculino, forma lúdica para a identificação de manchas no
entre 18 e 30 anos, com escolaridade de 12 anos ou corpo e teste de sensibilidade em todas as crianças.
mais (52,4%). 65,3% eram heterossexuais e 68,5% Lições aprendidas: As crianças mostraram-se muito
deste recorte populacional tiveram nos últimos receptivas às informações, questionando o grupo de
doze meses relação sexual sem o uso de camisinha. trabalho e problematizando suas vivências frente
Os resultados desta investigação nos apontam às informações recebidas: Tia, olha como eu coloco
a necessidade urgente e contínua do desenvolvi- a mão na boca pra tossir”; Tossi e agora vou lavar a
mento de ações de promoção de saúde, bem como, mão”; Minha avó tem manchas, eu também tenho”;
prevenção de doenças voltadas à temática do HIV e Cachorro pega hanseníase?”; Tem um cachorro em
doenças sexualmente transmissíveis. Sabe-se que casa com manchas sem pelo”. Também foi identifi-
a Atenção Básica tem um papel fundamental neste cada a capilarização das informações pelo relato de
processo tanto no caráter individual quanto coleti- algumas famílias do território. Recomendações: O
vo, ampliando e garantindo o acesso do cidadão ao desenvolvimento das atividades com foco em TB/
serviço de saúde. HAN para crianças nesta faixa etária, em grupos

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 482
de Educação em Saúde na escola, mostrou-nos que da região central do município de São Paulo, para a
é possível abordar variados temas pertinentes a cura da tuberculose. Trata-se de uma pesquisa qua-
Saúde Coletiva respeitando as peculiaridades de litativa, com fundamentação teórico-metodológica
cada grupo e utilizando estratégias pedagógicas a partir dos postulados da Análise de Discurso de
adequadas para cada faixa etária. Acreditamos que matriz francesa. Foram realizadas entrevistas semi
a grande receptividade e participação das crianças dirigidas áudio gravadas, transcritas e analisadas
nas atividades foi reflexo de um processo pedagógico com enfermeiros, gerentes e coordenador dos ser-
assertivo, e que este deve ser um exercício contínuo viços das eCR da região central do município de
e envolver todos os profissionais da Educação In- São Paulo. O estudo demonstra que as pessoas que
fantil e das equipes de saúde, que podem planejar e vivem em situação de rua, estão expostas a miséria,
desenvolver ações de forma conjunta. a exclusão social e alta fragilidade para o adoeci-
mento. A atuação das eCR, contribui para a garantia
EQUIPES DE CONSULTÓRIO NA RUA UMA ESTRA- do direito do acesso dessa população aos serviços
TÉGIA NO CUIDADO À TUBERCULOSE de saúde, amplia a detecção precoce, tratamento e
Tatiana Ferraz de Araújo Alecrim / Alecrim, T.F.A. acompanhamento da pessoa com TB; por meio de
/ UFSCAR; Amanda Alessandra dos Reis / Reis, um trabalho integral e humanizado. Dados parciais
A.A. / UFSCAR; Simone Terezinha Protti / Protti, desta pesquisa revelam que o modelo de cuidado
S.T. / UFSCAR; Cintia Martins Riggiero / Riggiero, utilizado pelas eCR na região central do município
C.M. / PMSC - CAIC; Isabella Gerin de Oliveira / de São Paulo, contribuem significativamente para
Oliveira, I.G. / PMSC - CAIC; que a meta de cura da tuberculose seja atingida,
Estima-se que 30% da população mundial esteja mesmo em condições de saúde e sociais complexas,
infectada pela tuberculose (TB), caracterizada como dinâmicas e intensamente vulneráveis.
doença infecto contagiosa grave e que acomete as
regiões mais pobres do mundo. Dentre os 22 países ESTRATÉGIAS PARA O CONTROLE DA TUBERCU-
prioritários pela Organização Mundial de Saúde por LOSE NO SISTEMA PRISIONAL: REVISÃO INTE-
concentrar 80% dos casos da doença no mundo, o GRATIVA DA LITERATURA
Brasil ocupa a 16ª posição em números absolutos Mônica Cristina Ribeiro Alexandre d’ Auria de
de casos. O Ministério da Saúde (MS), aponta que a Lima / LIMA, M.C.R.A.A. / EERP/USP; Tatiana
população em situação de rua tem de 48 a 67 vezes Ferraz de Araújo Alecrim / ALECRIM, T.F.A. /
mais chance de adoecer por TB quando comparada UFSCAR; Carolina Scarpel Moncaio / MONCAIO
à população em geral. A população em situação de C.S. / EERP/USP; Amélia Nunes Sicsú / SICISU,
rua possui em comum a pobreza extrema, vínculos A.N. / EERP/USP; Catiucia de Andrade Surniche /
familiares interrompidos ou fragilizados e a inexis- SURNICHE, C.A. / UNINORTE; Fernando Mitano
tência de moradia convencional regular, se utiliza / MITANO, F. / EERP/USP; Jaqueline Garcia de
dos logradouros públicos e áreas degradadas para es- Almeida Ballestero / BELLESTERO, J.G.A. / EERP/
paço de moradia e sustento. Em 2011 o MS organizou USP; Simone Terezinha Protti / Protti, S.T. / UFS-
e implementou Equipes de Consultório na Rua (eCR), CAR; Pedro Fredemir Palha / PALHA, P.F. / EERP/
vinculada à Atenção Primária, visando abordar as USP;
necessidades de saúde dessa população, ampliando o Introdução: As instituições prisionais são tidas
acesso aos serviços de saúde. As equipes ofertam in como um reservatório para doenças transmissíveis,
locu e de forma itinerante a atenção integral a saúde entre estas a tuberculose, cujo controle se mantém
às pessoas que vivem em situação de rua, dentre as como um grande desafio em saúde pública.Objetivo:
atividades das eCR está o diagnóstico, tratamento Analisar na produção cientifica as estratégias para
e acompanhamento de pacientes portadores de TB. o controle da tuberculose no sistema prisional.
Este trabalho tem como objetivo identificar as estra- Método: Revisão integrativa da literatura a qual
tégias de cuidado junto aos pacientes em situação de se deu com a busca de artigos científicos originais
rua, utilizadas pelas equipes de consultório na rua nas bases de dados PubMed, Literatura Latino-Ame-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 483
ricana em Ciências de Saúde, Cumulative Index to C. / UNESP; Milena Temer Jamas / Jamas, M. T. /
Nursing and Alied Health Literature, Web of Science UNESP; Ivana Regina Gonçalves / Gonçalves, I.
e Scopus, lançando mão de diferentes estratégias de R. / UNESP; Tamiris Élen de Souza / Souza, T. E. /
buscas com a utilização de descritores controlados e UNESP;
não controlados, cuja seleção dos artigos foi pauta- Introdução: Apesar dos avanços ocorridos nas últi-
da em critérios de inclusão e exclusão. Resultados: mas décadas, as atuais taxas de mortalidade infantil
Após as buscas nas bases de dados com a leitura de e fetal brasileiras ainda são consideradas elevadas
título e resumo das publicações, foi possível pré- e incompatíveis com o desenvolvimento do país.
-selecionar para esta revisão 33 artigos científicos Estratégia para avançar nesta redução é a análise
originais e, conseqüente à leitura na íntegra dos dos óbitos, classificando-os sob enfoque de evitabi-
mesmos chegou-se à amostra final de 22 artigos. lidade, para a prevenção destes desfechos negativos
Pela leitura dos artigos foi possível identificar 11 no futuro. Essa ação é especialmente relevante entre
estratégias visando o controle da tuberculose, todas os óbitos fetais, tradicionalmente subnotificados e
direcionadas à detecção da doença, vide: Busca Ativa subinvestigados. Objetivo: Classificar os óbitos de
dos sintomáticos respiratórios para tuberculose fetos com peso superior a 1000g, segundo causas
por meio da coleta de três amostras de escarro”, de evitabilidade. Métodos: Estudo transversal, de-
Busca Ativa dos sintomáticos respiratórios para senvolvido em município de médio porte do interior
tuberculose nos privados de liberdade com HIV”, paulista. Foram incluídos os casos ocorridos entre
Busca Ativa dos sintomáticos respiratórios para 2012 e 2014, sendo os dados obtidos por consulta
tuberculose por meio da coleta de duas amostras de às fichas de investigação de óbito fetal do Núcleo
escarro”, Busca Ativa dos sintomáticos respiratórios Hospitalar de Epidemiologia. Para classificação dos
para tuberculose por meio da coleta de amostras de casos empregou-se a lista atualizada de causas de
escarro”, Realização do teste tuberculínico e aplica- mortes evitáveis por intervenções do SUS, proposta
ção do questionário da OMS”, Realização do teste por Malta e colaboradores em 2010. Resultados:
tuberculínico na admissão”, Realização do teste Ocorreram 57 óbitos fetais com peso acima de 1000g
tuberculínico”, Realização do teste tuberculínico em no período estudado, sendo excluídos 12 casos por
profissionais”, Realização do teste tuberculínico em apresentarem causa de morte mal definida. Foram
privados de liberdade de contatos e não contatos”, classificados quanto à evitabilidade 45 casos: 18
Realização de radiografia de tórax”, Realização de (40,0%) reduzíveis por adequada atenção à mulher
radiografia de tórax na admissão”. Assim, as estra- na gestação; 13 (28,9%), reduzíveis por adequada
tégias foram agrupadas em três categorias Busca atenção à mulher no parto e 2 (4,4%), reduzíveis por
Ativa como estratégia para o controle da tuberculo- ação adequada de diagnóstico e tratamento; foram
se”, Busca Ativa como estratégia para identificação classificados como inevitáveis 12 casos (26,7%), por
de tuberculose latente” e Utilização de imagem para malformações incompatíveis com a vida. Conclusão:
diagnóstico da tuberculose”. Conclusão: A partir dos Os resultados indicam que, para redução de óbitos
estudos incluídos nesta revisão pode-se evidenciar fetais, o município estudado deverá qualificar sua
que quando as estratégias são desenvolvidas como atenção pré-natal e ao parto. Espera-se subsidiar
complementares e realizadas periodicamente pro- gestores na tomada de decisão voltada a essa qua-
porciona maiores chances para o controle efetivo lificação.
da tuberculose no sistema prisional.
EVITABILIDADE E ÓBITO:CLASSIFICAÇÃO DE ÓBI-
EVITABILIDADE DE ÓBITOS FETAIS OCORRIDOS EM TOS FETAIS INVESTIGADOS PELO NÚCLEO HOSPI-
HOSPITAL DE REFERÊNCIA MATERNO-INFANTIL TALAR DE EPIDEMIOLOGIA EM UM HOSPITAL DE
Laura Maria Sene Carelli Barreto / Barreto, REFERÊNCIA MATERNO-INFANTIL
L.M.S.C / UNESP; Cristina Maria Garcia de Lima Ivana Regina Gonçalves / Gonçalves, I. R. / Uni-
Parada / Parada, C. M. G. L. / UNESP; Marli versidade Estadual de São Paulo; Cristina Maria
Teresinha Cassamassimo Duarte / Duarte, M. T. Garcia de Lima Parada / Parada, C. M. G. L. / U;

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 484
Marli Teresinha Cassamassimo Duarte / Duarte, Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo;
M. T. C / Universidade Estadual de São Paulo; Samantha Moreira Lamastro / Lamastro, S. M /
Milena Temer Jamas / Jamas, M. T. / Universidade Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo; Ma-
Estadual de São Paulo; Laura Maria Sene Carelli ria Aparecida Silva / Silva, M. A. / Programa Esta-
Barreto / Barreto, L.M.S.C. / Universidade Estadu- dual de DST/Aids de São Paulo; Marcia Terezinha
al de São Paulo; Tamiris Élen de Souza / Souza, T. Fernandes dos Santos / Santos, M.T.F. / Programa
E. / Universidade Estadual de São Paulo; Estadual de DST/Aids de São Paulo; Luiza H.
Introdução:¬¬ o Brasil reduziu significativamente Matida / Matida, L.H / Programa Estadual de DST/
o número de óbitos infantis e fetais nas últimas Aids de São Paulo; Alberto Novaes Ramos Junior /
décadas. Apesar disso, os níveis atuais ainda são Junior, A.N.R. / Programa Estadual de DST/Aids de
considerados elevados e incompatíveis com o de- São Paulo; Wedja Sparinger / Sparinger, W. / Pro-
senvolvimento do país. Estratégia para avançar grama Estadual de DST/Aids de São Paulo; Maria
nesta redução é a análise de cada óbito ocorrido, Cristina T. Lattari / Lattari, M.C.T. / Secretaria da
classificando-o sob o enfoque de evitabilidade, a Administração Penitenciária; Anna Luiza Placco
fim de promover reflexão construtiva e ativa para / Placco, A.L. / Programa Estadual de DST/Aids de
a prevenção destes desfechos no futuro. A ação de São Paulo;
vigilância é especialmente relevante entre os óbitos Introdução – Esta intervenção foi realizada numa
fetais, tradicionalmente subnotificados e subinves- parceria entre as Secretarias de Saúde e da Admi-
tigados. Objetivo: classificar os óbitos de fetos com nistração Penitenciária do Estado de São Paulo con-
peso, ocorridos em hospital terciário do interior juntamente com 13 Programas Municipais de DST/
paulista, segundo a classificação de Wiggleswor- Aids, onde estão localizados os serviços prisionais
th. Método: estudo transversal, desenvolvido no femininos. Objetivo - Estimar a soroprevalência de
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de HIV e da Sífilis, caracterizar o perfil social e epi-
Botucatu. Foram incluídos os casos ocorridos entre demiológico das mulheres privadas de liberdade
2012 e 2014. Os dados foram obtidos por consulta e implementar e articular as ações de assistência,
às fichas de investigação hospitalar do Núcleo Hos- prevenção e vigilância das DST/HIV/Aids com os
pitalar de Epidemiologia do referido hospital. Para serviços de saúde Municipais. Método - A inter-
classificação dos casos empregou-se a classificação venção ocorreu entre agosto de 2012 a dezembro
de Wigglesworth expandida realizada em 2005. de 2013 participaram todas as unidades prisionais
Resultados: Ocorreram 111 óbitos fetais no período femininas do estado. Foram oferecidos testagem
estudado e, destes, foram excluídos 21 casos, por rápida diagnóstica do HIV (Teste 1 e 2) e teste de
apresentarem causa de morte desconhecida. Assim, triagem do T. pallidum com confirmação dos casos
90 casos foram classificados quanto à classificação reagentes no laboratório do CRT-SP. Os testes foram
de óbitos: 30 casos (33,3%) morte fetal anteparto, 26 oferecidos mediante aconselhamento e assinatura
casos (28,9%) morte intraparto (asfixia”, anóxia”, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os
sofrimento fetal aguda agudo ou trauma ”), 24 ca- resultados foram entregues durante aconselhamen-
sos (26,6%) eram de malformação congênita (grave to individual. Os casos diagnosticados de sífilis e/ou
ou letal/ potencial letal) e 10 casos (11,2%) infecção. HIV foram encaminhados aos serviços de referência
Conclusão: pode-se apontar a necessidade gestores para atendimento e tratamentos. Estabeleceu-se
e profissionais de saúde na definição de estratégias uma amostra de mulheres de cada unidade e um
de enfrentamento relacionadas a prevenção do óbito questionário com perguntas sócio-demográficas. Os
fetal tanto no pré-natal como no parto. dados foram analisados através do software STATA/
SE. Resultados - Participaram 17 unidade prisionais,
INQUÉRITO DE HIV E SIFILIS NA POPULAÇÃO sendo 12 do interior e 5 da Capital, totalizando
FEMININA DO SISTEMA PRISIONAL DO ESTADO 9936 mulheres privadas de liberdade. 89% (8914)
DE SÃO PAULO realizaram a testagem. A Prevalência para o HIV
Tânia Regina Corrêa de Souza / Souza, T.R.C. / foi de 2,8% (248) e Sífilis 7% (617). Da amostra de

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 485
mulheres entrevistadas (1099), 32,7% tinham entre As ações de Visa encontram-se fragmentadas das
30 e 39 anos; 52,3% eram solteiras; 8,2% eram de demais práticas do SUS e por vezes é identifica-
fora do país e 84% delas possuíam filhos. Conclusão da apenas como prática fiscalizatória e punitiva,
– Destacamos como aspectos relevantes os relatos principalmente por gestores da saúde da mulher,
de experiência com aconselhamento em unidades ou seja, há uma ideia equivocada sobre o seu papel.
prisionais; melhor controle da transmissão verti- Conclusão: O estudo permitiu demonstrar que per-
cal do HIV e da Sífilis; maior aproximação entre siste o isolamento da Visa das demais práticas de
os profissionais do presídio e serviços de saúde; e saúde no SUS. As práticas assistenciais e de Visa
produção do relatório: O HIV e a Sífilis no sistema ainda são muito fragmentadas. A organização e
prisional feminino do Estado de São Paulo”, como gestão dos serviços de Visa e de saúde da mulher
produção de conhecimento. necessitam de qualificação e melhor definição do
papel dos gestores destes serviços, pois estes são
INTEGRAÇÃO DE PRÁTICAS DE VIGILÂNCIA SANI- atores importantes para operar mudanças no pro-
TÁRIA E PRÁTICAS ASSISTENCIAIS NA REDE CEGO- cesso de trabalho no espaço de microgestão com
NHA: A BUSCA PELA INTEGRALIDADE DO CUIDADO vistas ao planejamento e prática integradas entre
Roberta Zanelli Sartori Fernandes / Fernandes, assistência e Visa. Faz-se essencial a inserção da
R.Z.S / UNICAMP; Maria Filomena de Gouveia Visa nos espaços coletivos de gestão como estraté-
Vilela / Vilela, M.F.G. / UNICAMP; gia em potencial para o planejamento e execução
das ações de saúde no contexto estudado. Palavras-
Introdução: As mortalidades materna e infantil têm
-chaves: Integralidade, Vigilância Sanitária, Saúde
sido objeto de análise ao longo da história da saúde
Materno-Infantil, Gestão em Saúde.
coletiva no Brasil e diversas têm sido as estratégias
de enfrentamento propostas para sua redução. O
Ministério da Saúde tem trabalhado neste sentido, INTEGRALIDADE DO CUIDADO NA ATENÇÃO DA
sendo a estratégia da Rede Cegonha a mais recente GESTANTE HIV POSITIVO
política relacionada. Tendo em vista o princípio da Rodrigo Milan Torres / Torres, Rodrigo / UNICID;
integralidade e a conformação do Sistema Único de Rudney Augusto Luciano Icardo / Icardo, Rudney
Saúde (SUS) em Redes de Atenção a saúde faz-se / UNICID; Elaine Quedas de Assis / Assis, Elaine /
necessário efetivar a integração das práticas em UNICID;
saúde, dentre elas as ações de vigilância sanitária O estabelecimento de diretrizes para aprimorar o
(Visa). Considerando que a integração das práticas atendimento de gestantes HIV positivo possui be-
assistenciais e de Visa pode contribuir para melhor nefício para estas e sua prole, uma vez que as ações
os indicadores de mortalidade citados, propôs-se impactam na qualidade de vida e na redução da
a realização deste estudo. Objetivos: Identificar e transmissão vertical dessa doença. Nesse sentido,
analisar os processos de integração das práticas de o fortalecimento da atenção primária como eixo
Visa e de assistência na Rede Cegonha, em secreta- eficaz da rede, articulada com as demais referências,
rias municipais de saúde. Método: tratou-se de uma é determinante para o sucesso na prevenção do HIV.
pesquisa qualitativa que analisou a integração das Verificar os protocolos e diretrizes para a atenção e a
práticas assistenciais e de Visa na Rede Cegonha em integralidade do cuidado de gestantes HIV positivo,
quatro municípios pertencentes à Rede de Atenção à e o fluxo do cuidado na Atenção Primária, Ambulató-
Saúde 15 do Estado de São Paulo. Foram realizadas rio de Especialidades e Vigilância Epidemiológica.
entrevistas semi-estruturadas com gestores de Visa Analisar os principais indicadores. Estudo explo-
e de saúde materna a fim de obter suas motivações, ratório, qualitativo e quantitativo. Realização de
opiniões e atitudes (Minayo; Deslandes; Gomes, revisão bibliográfica em bases como: PubMed, Scielo
2010) a respeito da integração das ações de Visa e e documentos obtidos no site do Ministério da Saúde
assistência na Rede Cegonha. Resultados: Os resul- com as palavras chaves: gestante, HIV, Vigilância
tados convergem com outros estudos, identificando Epidemiológica, Atenção Primária. Coleta e análise
o isolamento das práticas assistenciais e de Visa. de dados obtidos no SIAB, Sistema do Ambulatório

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 486
de Especialidades e Vigilância Epidemiológica, com Objetivos: Relatar a experiência bem sucedida de
o intuito de identificar os avanços e desafios na inte- um Comitê de Surto de Diarreia que foi construído
gralidade do cuidado.A transmissão vertical do HIV pela Secretaria Municipal de Saúde de Sete Lagoas
sem Terapia Antirretroviral (TARV) é de 20%, sendo e Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais na
que esta pode ser reduzida para 2% com a TARV, se condução da investigação de um surto ocorrido na
iniciada na 14ª semana. Segundo dados do SIAB, cidade de Sete Lagoas, Minas Gerais. Metodologia:
cerca de 57% das gestantes de Guarulhos iniciam Após a identificação do surto de diarreia pela Vi-
o pré-natal no 1º trimestre, com acompanhamento gilância Epidemiológica iniciou o monitoramento
efetivo de 85%, dessas, 16% tem idade menor de 20 dos casos. Foram realizadas análises de água (rede
anos. Em 2008, o município apresentava 59 casos pública, cisternas, bicas, caminhão pipa e poços
de gestantes infectadas. Em 2011, essa proporção artesianos), análise de fezes para bactéria (swab
foi reduzida para 16 casos. A estratégia da testagem fecal) e análise de fezes para vírus (fezes in natu-
rápida foi a principal causa da redução. Verifica-se ra congeladas - 20°C). Foi confeccionado material
redução da incidência de HIV em menores de 5 anos com orientações de prevenção à diarreia: enviados
em comparação com o Estado, resultado da adoção para meios de transporte público, escolas e para
de protocolos de TARV e pela obrigatoriedade da Unidades de Saúde. Preenchimento da planilha
testagem rápida no parto. Assim concluímos que a de monitoramento, com os pacientes com quadro
importância das ações de prevenção e integração de diarreia. Realizada busca ativa retrospectiva
da rede de atenção. A adoção de protocolos; campa- (semana epidemiológica - SE 36 e 37) e dos casos
nhas com populações de risco; aumento cobertura novos de diarreia e/ou vômito para intervenções.
do pré-natal; estabelecimento de metas regionais. Distribuído frascos de Hipoclorito de Sódio a 2,5%
Desafios: o aumentar o percentual de gestantes para as todas as Unidades de Saúde. Realizado a
captadas no 1º trimestre; acesso aos exames com- divulgação das medidas de prevenção por meio de
plementares; intensificação de campanhas a nível carro de som em todos os bairros. Os resultados
local e com apoio do Ministério da Saúde laboratoriais identificaram como causa a água e
todas as ações foram voltadas para a prevenção,
INVESTIGAÇÃO DE SURTO DE DIARREIA: ARTICU- acondicionamento de água. Realizou capacitação
LAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE MUNICIPAL E para a Atenção Primária no âmbito da identificação
ESTADUAL dos casos graves da diarreia, medidas de prevenção
Bianca Santana Dutra / Dutra, B. S. / UNIVERSI- e tratamento. Resultado: O surto de diarreia iniciou
DADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Márcia Cris- na SE 36 (01/09 a 07/09/13) com 166 casos notifica-
tina Vasconcellos Benicio Costa / Costa, M. C. V. B. dos, os casos estavam concentrados em 04 bairros e
/ Secretaria Municipal de Saúde de Sete Lagoas; encerrou na SE 43 (20/10 a 26/10) com 3.594 casos
Mirtes da Conceição Viana / Viana, M. C. / Secre- notificados de diarreia. Os casos começaram a au-
taria Municipal de Saúde de Sete Lagoas; Myrian mentar e atingir outros 06 bairros. SE 37 (08/09 a
França Abreu / Abreu, M. F. / Secretaria Municipal 14/09) = 616 casos, SE 38 (15/09 a 21/09) = 812 casos,
de Saúde de Sete Lagoas; Priscila Galdiere dos SE 39 (22/09 a 28/09) = 940 casos e na SE 40 os casos
Santos Pereira / Pereira, P. G. S / Secretaria Mu- de diarreia já estavam dispersos em vários bairros
nicipal de Saúde de Sete Lagoas; Moacyr Geraldo em Sete Lagoas. Após a intensificação das ações
Pereira Lopes / Lopes, G. P. L. / Secretaria Munici- elencadas no Plano de Ação realizado e monitorado
pal de Saúde de Sete Lagoas; Vanessa Valladares pelo Comitê Surto de Diarreia, o número de casos
Bahia / Bahia, V. V. / Secretaria Municipal de de diarreia diminuiu em todos os bairros: Semana
Saúde de Sete Lagoas; Adriana Menezes Resende / 40 (29/09 a 05/10): 461 casos, SE 41 (06/10 a 12/10):
Resende, A. M. / Secretaria Municipal de Saúde de 236 casos, SE 42 (13/10 a 19/10): 197 casos e SE 43
Sete Lagoas; Júlio César Batista Santana / San- (20/10 a 26/10): 139 casos. Conclusão: a atuação em
tana, J. C. B. / Pontifícia Universidade Católica de conjunto da SMS-SL e SRS-SL foi essencial para a
Minas Gerais; diminuição dos casos e evitar internações no muni-

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 487
cípio, essa experiência contribuiu para fortalecer a registros de consultas públicas, dados da ouvidoria
integração das vigilâncias com a atenção primária e editais) avaliados a população aparece apenas
e demais setores da saúde pública. como sujeita da ação. Inexiste a incorporação de
tecnologias que envolvam a população para conhecer
MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA e assim modificar as situações de riscos e agravos
CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA DE VIGILÂNCIA EM a que esta exposta. Conclusão Conclui que apesar
SAÚDE AMBIENTAL dos avanços, muitos desafios devem ser enfrentados
Maria Ermínia Ciliberti / Ciliberti, M. E. / SMSSP; para que uma nova cultura institucional incorpore
os princípios da participação social como direito
Introdução A Constituição Brasileira de 1988 inovou
fundamental e como valor democrático à política
ao agregar elementos de democracia participativa
de vigilância em saúde ambiental.
ao ordenamento jurídico do país. No Ministério da
Saúde (MS) o novo ordenamento institucional se
propõe a efetivar a participação social na gestão da NOTIFICAÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS E REGISTROS
saúde. A Política de Vigilância em Saúde Ambiental CLÍNICOS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REVELAM
(PVSA), tem entre suas premissas a promoção da CONTROVÉRSIAS DE RECIDIVAS EM HANSENÍASE
saúde, numa perspectiva ampliada de vigilância da Ana Beatriz Paschoal / Paschoal, A.B. / Pontifícia
saúde que supera o modelo hegemônico assisten- Universidade Católica de Campinas; Aguinaldo
cial-sanitarista. Objetivos Conhecer como a PVSA Gonçalves / Gonçalves, A. / Pontifícia Universida-
vem implementando mecanismos de participação de Católica de Campinas;
da comunidade e como as instâncias de controle Introdução: Apesar de basear-se nas metas da
social do MS vêm acompanhando e influindo na Assembléia Mundial de Saúde, o Brasil ainda não
implantação da área. Método Levantamento biblio- conseguiu eliminar a hanseníase pela implantação
gráfico na Biblioteca Virtual de Saúde e documentos da poliquimioterapia, fato que acaba por associar-se
localizados em sites de órgãos governamentais. fortemente com a ocorrência de casos de recidiva.
Resultados O CNS possui a Comissão Intersetorial Objetivos: Rever e avaliar características de casos
de Saneamento e Meio Ambiente – CISAMA. Em registrados como de recidiva em hanseníase, aten-
2003 promove o I Seminário de Saúde e Ambiente didos por hospital terciário em período consecutivo
com Controle Social. Em 2007, em parceria com a plurianual e, comparando os resultados alcançados
CGVAM, lançou o documento Subsídios para a cons- com os conhecidos na literatura técnica pertinente,
trução da Política Nacional de Saúde Ambiental”, buscar o entendimento entre respectivas convergên-
fruto do I Seminário da Política Nacional de Saúde cias e divergências. Métodos: Estudo comparativo,
Ambiental/2005. Em 2009 usuários, trabalhadores de extração quali-quantitativa, multifásico, obser-
e gestores mobilizaram-se para a realização da 1ª vacional, transversal, descritivo de retro-análise,
Conferência Nacional de Saúde Ambiental. A PNSA a partir das fichas de notificação epidemiológica
contempla a diretriz da participação popular e do do Sistema de Informação de Agravos de Notifica-
controle social, reforçando estas como condição ção, de 2007 a 2015, complementada com registros
para o atendimento ao principio da justiça social clínicos. Posterior análise e crítica dos dados co-
e da ética. Na formulação de seu objetivo o papel letados, no sentido de confirmar ou interrogar os
da sociedade civil esta destacado, considerando diagnósticos já postos, seguidas de construção de
que apenas com esta é possível o enfrentamento painel comparativo do apurado e do discutido, com
dos determinantes socioambientais e a prevenção devidas justificativas embasadas em textos corren-
dos agravos decorrentes da exposição humana a tes. Resultados: No conjunto das 110 observações
ambientes adversos. Em que pese os avanços do consecutivas coletadas, atingiram-se 10 casos ca-
MS na utilização de instrumentos e mecanismos de racterizados como de recidiva. Os dados pós-revisão
participação, ainda não conseguimos identificar tal permitem revelar 19 (100%) controvérsias clínicas
principio traduzido no cotidiano da formulação da relevantes levando-se em conta os recidivantes,
PVSA. Nos diversos documentos (relatório de gestão, com frequências que expressam-se por: 6 (31,59%)

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controvérsias de recidiva em relação a reação tipo do sexo masculino, 43,5% (40) com faixa etária entre
I; 3 (15,78%) de recidiva em relação a reação tipo II; 40 e 59 anos, 61,4% escolaridade menor de 8 anos.
4 (21,05%) de tempo de aparecimento; 4 (21,05%) de Em relação à comorbidades: 9,8% (9) com diabetes,
possível imprecisão diagnóstica de forma clínica e 26,1% (24) etilistas, 3,3% (3) com doença mental e
2 (10,53%) de tratamento inconsistente com forma 3,3% (3) usuários de drogas. Em relação à doença:
clínica. Conclusões: As evidências acumuladas apon- 88,0% (81) forma pulmonar, 83,7 (77) casos novos,
tam para a oportunidade de revisões clínicas mais 17,4 (16) descobertos após óbito. O tempo médio de
numerosas de casos de hanseníase identificados tratamento até o óbito 31 dias, sendo que 18 (19,6%)
como recidivas, sobretudo no referente à distinção não iniciaram tratamento. Dos 74 casos que inicia-
com os quadros reacionais (quase metade da casuís- ram o tratamento somente 1 realizou tratamento
tica), na direção de se colherem melhores elementos supervisionado. Conclusões: A média do CM de TB
para as avaliações e controle das políticas setoriais da região é inferior ao município, os óbitos atingem
de combate à endemia. mais homens na faixa etária produtiva, de baixa es-
colaridade. A forma pulmonar e os casos novos foram
ÓBITOS POR TUBERCULOSE: PERFIL EPIDEMIOLÓ- prevalentes, sendo o tempo médio de tratamento de
GICO DOS RESIDENTES EM UMA REGIÃO ADMI- um mês, o que indica estágio avançado da doença no
NISTRATIVA DE SÃO PAULO/SP momento da procura pelos serviços de saúde. Sendo
Norma Fumie Matsumoto / Matsumoto, N.F / assim aponta-se a necessidade de diagnóstico pre-
Centro Universitário São Camilo; Rosângela coce com imediato inicio do tratamento, no sentido
Elaine Minéo Biagolini / Biagolini, R.E.M. / SMS de prevenir os óbitos.
do município de São Paulo, Escola de Enfermagem
da USP e Universidade Nove de Julho; Roudom Fer- PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DOS USUÁRIOS
reira Moura / Moura, R.F. / Secretaria da Saúde do COM DIAGNÓSTICO DE SÍFILIS ATENDIDOS NO
Estado de São Paulo, Universidade Nove de Julho; AMBULATÓRIO DE DST DO CENTRO DE REFERÊN-
INTRODUÇÃO: Muito embora os óbitos por tuber- CIA E TREINAMENTO DE DST/AIDS-SP
culose (TB) tenham diminuído nos últimos anos, o Amanda Miyako Ueno / Ueno AM / Escola de
Coeficiente de Mortalidade (CM) por TB na cidade Enfermagem USP; Leticia Cesário / Cesário L /
de São Paulo em 2013 foi de 3,2/100.000 habitantes, Escola de Enfermagem USP; Beatriz Suter / Suter
maior que as taxas do Brasil e do Estado de São B / Escola de Enfermagem USP; Anna Maria
Paulo. Sendo assim é importante conhecer o perfil Kamimura dos Santos / Santos AMK / Escola de
epidemiológico dos que morrem pela doença, segun- Enfermagem USP; Solange Chabu Gomes / Gomes
do local de residência, de forma a propor medidas SC / Centro de Referência e Treinamento em DST/
de intervenção. OBJETIVO: Caracterizar o perfil dos Aids; Carla Gianna Luppi / Luppi CG / Centro de
óbitos por TB entre os residentes em uma região Referência em Tratamento DST/Aids-SES-SP;
administrativa de São Paulo/SP, no período de 2006 Angela Tayra / Tayra A / Centro de Referência em
a 2013. MÉTODO:Trata-se de estudo transversal, des- Tratamento DST/Aids-SES-SP; Wong Kuen Alencar
critivo, quantitativo. Para a coleta de dados, utilizou- / Alencar WK / Centro de Referência em Tratamen-
-se o banco de dados TBWeb (Sistema de Controle to DST/Aids-SES-SP;
de Pacientes com Tuberculose), identificando-se 92 Introdução: A sífilis adquirida foi incluída na lista
doentes que tiveram como causa básica de morte de agravos de notificação compulsória no Brasil em
TB, entre os residentes de uma região administra- 2010. No entanto, não foi implantado um instrumen-
tiva de São Paulo, em uma série histórica de 2006 a to para investigação específico para doença, e sim
2013. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da apenas informações sociodemográficas. A classifi-
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Resul- cação clínica da sífilis e as principais situações de
tados: O CM no período estudado variou de 1,3 a 2,7 vulnerabilidade são imprescindíveis para estimar
óbitos/100.000 habitantes, com média de 2,4/100.00 a incidência da doença, assim como investigar os
habitantes. Características pessoais: 78,3% (72) são seus principais determinantes, e consequentemente

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subsidiar as estratégias de prevenção. Objetivos: epidemiológicos. Sistemas de telemonitoramento
Descrever o perfil dos pacientes com diagnóstico de podem ser usados para o acompanhamento de pa-
sífilis atendidos no ambulatório de DST do Centro cientes em suas residências reduzindo custos em
de Referência e Treinamento de DST/Aids localizado hospitalização, garantindo atendimento e evolução
município de São Paulo, em 2014. Métodos: Estudo adequados a estes pacientes. OBJETIVOS: Relatar
descritivo de corte transversal. Foram incluídos a experiência exitosa no enfrentamento da dengue
os casos notificados de sífilis no ambulatório de no Hospital e Pronto Socorro Central do Município
DST com diagnóstico no ano de 2014. O Núcleo de São Bernardo do Campo, unindo o fluxograma
de vigilância epidemiológica do serviço passou a implantado, rastreamento do Prontuário Eletrônico
utilizar a ficha de investigação e notificação (FIN) e telemonitoramento dos pacientes. MÉTODOS: Os
com aspectos clínicos, comportamentais e vulnera- casos suspeitos de dengue atendidos no primeiro
bilidades para as DST. Resultados: Dos 362 casos semestre de 2015 formaram a população deste
97% eram do sexo masculino, cor da pele branca estudo. Foi implantado um fluxo de atendimento
(54%), de 20 a 29 anos de idade (56%) e com ensino da dengue no HPSC, utilizando um formulário de
superior (44%). Dentre os fatores de vulnerabilidade identificação do paciente e coleta de sinais e sinto-
destacam-se os referentes às múltiplas parcerias mas relacionados à doença, para o treinamento da
sexuais (71%), relações sexuais com homens (88%) Prova do Laço, foram confeccionados cartazes com a
e uso de drogas não injetáveis (50%). A classificação descrição da técnica e o QRCode do vídeo educativo
clínica mais frequente no ambulatório de DST foi desta técnica para que cada colaborador pudesse
à sífilis assintomática (54%), secundária (32%) e visualizar a vídeo-aula no seu próprio smartphone.
primária (14%). 23% dos casos de sífilis adquirida Foi realizado um rastreamento diário de todos os
atendidos apresentaram sorologia reagente para prontuários no PEP, verificando a evolução médica,
HIV. Conclusão: As principais situações de vulne- de enfermagem e resultados laboratoriais, sendo
rabilidade evidenciam a necessidade de ações de selecionados os que apresentavam dengue, febre,
prevenção e controle da sífilis, como o diagnóstico dor retroorbitária, cefaleia, mialgia ou artralgia. Foi
precoce e tratamento oportuno e ampliar as ações de realizado o monitoramento telefônico, com informa-
prevenção de doenças sexualmente transmissíveis ções sobre a evolução do caso, coleta oportuna das
na população geral. sorologias e orientações gerais como a necessidade
de hidratação adequada durante o curso da doença,
RELATO DE EXPERIÊNCIA: ASSOCIAÇÃO ENTRE além de alertar os pacientes para que retornassem
FLUXOGRAMA, PEP E TELEMONITORAMENTO em sinais de agravamento da doença. RESULTADOS:
NO ÊXITO DO ENFRENTAMENTO DA DENGUE NO Foram atendidos 1298 casos suspeitos de dengue.
HOSPITAL E PRONTO SOCORRO CENTRAL DE SÃO Os sintomas apresentados foram febre, em 99% dos
BERNARDO DO CAMPO, SP casos, mialgias 89%, cefaleia 82%, dor retroorbitária
Andrea Mathias Losacco / Losacco, A.M. / USP/ 71%. Os sintomas mais relacionados com as formas
CVE/HPSC; Eliana Vieira da Cunha Miranda / graves foram os vômitos, e os sangramentos. CON-
Miranda, E. V. C. / HPSC; CLUSÕES: O telemonitoramento foi utilizado para
INTRODUÇÃO: A dengue permite que o paciente orientar as medidas cabíveis em relação à doença,
evolua de um estágio a outro rapidamente. O ma- diminuindo os retornos, facilitando o sucesso do tra-
nejo adequado dos pacientes depende do reconhe- tamento. Todos foram notificados em tempo oportu-
cimento precoce de sinais de alerta, do contínuo no, evitando complicações e mantendo o óbito zero.
monitoramento e re-estadiamento dos casos e da
pronta reposição hídrica. O uso da telemedicina e REPENSANDO A SÍFILIS CONGÊNITA EM AMERI-
prontuário eletrônico do paciente (PEP) auxiliam CANA/SP
a vigilância epidemiológica hospitalar permi- Patricia Helena Breno Queiroz / Queiroz PHB / Fa-
tindo associação da assistência e base de dados culdade de Enfermagem da Universidade Estadual
para a gestão de informação e acompanhamento de Campinas/SP; Nanci de Lourdes Centamori

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 490
Mello / Mello NLC / Vigilância Epidemiológica de informações pertinentes. Recomendações Desafios
Americana / Secretaria de Estado da Saúde; Leda em saúde pública são diários e frequentes. Em rela-
Maria Ribeiro de Almeida / Almeida LMR / Vigi- ção ao controle e tratamento da Sífilis Congênita se
lância Epidemiológica de Americana / Secretaria faz necessário aumentar a cobertura e a qualidade do
de Estado da Saúde; Ethel Lacava / Lacava E / Vigi- pré-natal, ampliar o diagnóstico laboratorial e o tra-
lância Epidemiológica de Americana / Secretaria tamento durante o pré-natal e no momento do parto.
de Estado da Saúde; Marcelo Dias Ferreira Neves Todas as ações de promoção prevenção e tratamento
/ Neves MDF / Laboratório do Hospital Municipal tornam-se mais factíveis com o trabalho coletivo
Waldemar Tebaldi de Americana/SP; de profissionais instrumentados diretamente pelo
Caracterização do Problema Passados quase 30 anos trabalho comprometido de todos e em especial os do
da obrigatoriedade da notificação de casos de Sífilis serviço de Vigilância Epidemiológica.
Congênita no Brasil, este agravo à saúde apresenta-
-se como um evento de alta magnitude e representa RODA DE CONVERSA EXPRESS NO DEPARTAMEN-
indicadores desfavoráveis em termos do seu contro- TO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE SANTO ANDRÉ
le, gerando a necessidade de uma prioridade política Sandra Padovani / Padovani, Sandra / Prefeitura
para a sua abordagem. Este é um relato de experi- de Santo André; Priscila Nichioka / Nichioka,
ência sobre a experiência integrada de serviços de Priscila / Prefeitura de Santo André; Roseane F.
atenção à saúde na vigilância da sífilis congênita no Improta / Improta, Roseane F / Prefeitura de San-
município de Americana/SP. Descrição Em 2007, o to André; Nancy Yasuda / Yasuda, Nancy / Prefei-
governo do Estado de São Paulo, lançou um plano tura de Santo André; Ana Lucia Mello / Mello, Ana
de erradicação da Sífilis Congênita, onde imaginou- Lucia / Prefeitura de Santo André;
-se que até 2012, a doença estaria sob controle. Na Caracterização do Problema Implementar a educa-
contra- mão das ações, dia a dia os números de casos ção permanente nos serviços de saúde passa pelo
aumentarem e muitos esforços são sendo realizados desafio de perceber situações que possibilitam
para que regridam. Em Americana, iniciou-se um momentos de reflexão e discussão no trabalho. A Se-
trabalho atendendo ao chamado do governo, com a cretaria de Saúde de Santo Andre tem sido investido
realização um evento regional no município (2010), na formação das equipes para essa tarefa e no DVS
em parceria com o CRT/AIDS, para treinamento dos surgiu a proposta de rodas de conversa EXPRESS”,
profissionais envolvidos, trazendo técnicos para a o incremento da discussão que já ocorre natural e
realização de palestras e ampla divulgação de mate- cotidianamente entre os técnicos nos grupos meno-
rial específico, bem como do protocolo para conduta res. O tempo entre a chegada ao local de trabalho e
e tratamento dos casos de Sífilis em Adulto, Sífilis o inicio das atividades programadas seria utilizado
em gestante e Sífilis Congênita. Definir o papel dos para essa atividade e outros trabalhadores seriam
serviços de assistência perinatal foi de primordial convidados a participar desse momento, cujas
importância, uma vez que o vínculo que a cliente premissas e os objetivos eram valorizar o conheci-
tem é com o serviço de saúde onde é atendida. mento pré- existente e a troca de saberes entre os
Nessa unidade é onde ela e parceiro são acolhidos, participantes, desenvolver habilidades e estimular
informados de resultados de exames, recebem tra- os participantes a adquirir novos conhecimentos e
tamento e acompanhamento e quando necessário, melhorar o relacionamento inter-pessoal e o traba-
encaminhados para serviços especializados. Lições lho em equipe. Descrição Uma profissional da equi-
Aprendidas A partir do reconhecimento da rede de pe ficou encarregada de organizar a proposta com
serviços de saúde do munícipio foi possível mensu- os demais trabalhadores, foram elencados temas
rar as dificuldades e gradativamente resolvê-las à de interesse e os técnicos que iriam abordá-los. A
medida em que os esforços para uma ação conjunta proposta foi discutida em reunião com os gestores
destes serviços para a recomendação e a promoção do Departamento. O cronograma com os temas foi
de medidas de controle apropriadas, avaliação da divulgado e a primeira fase do projeto aconteceu
eficácia e efetividade destas medidas e divulgação de entre 28/4/15 a 14/5/15., com 3 rodas por semana,

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 491
num total de 9 encontros, sendo um de avaliação. A cionais, pró-reitoria de graduação, ações afirmativas
média de participantes foi 9, sendo o máximo 18 e o e gestão de pessoas) e a integração multissetorial
mínimo, 8 participantes. Na avaliação, o esclareci- trouxe resultados positivos. Em 2015, a carteira
mento de dúvidas e o compartilhamento de saberes de vacinação passou a fazer parte dos documentos
e informação apareceram como as contribuições de matrícula para os ingressantes nos cursos de
mais importantes das rodas. Todos os participantes graduação presenciais e paralelamente realizadas
declararam que a informação e conhecimento adqui- durante o acolhimento dos alunos indígenas e do
rido melhoram a qualidade do trabalho e ofereceram Programa de Alunos-Convênio de Graduação (PEC-
sugestões para a continuidade das rodas. Lições -G) orientações sobre saúde e situação vacinal. Na
Aprendidas e Recomendações A responsabilidade análise da situação vacinal dos 1797 ingressantes,
compartilhada na organização das rodas fortaleceu no campus São Carlos, até o momento foram anali-
o grupo e os trabalhadores individualmente, pela sadas 1301 carteiras. Destas, 961 estão incompletas
valorização da experiência de cada um. Reforçou e 365 completas. As vacinas contra Febre Amarela
no grupo a importância das reuniões de equipe, e (729 alunos) e a Dupla Adulta (357) são as que têm
levantou pontos a serem discutidos. Possibilitou menor cobertura, seguidas contra Hepatite B (296)
maior entrosamento das equipes e maior interesse e SCR (275). No segundo semestre serão realizados
na discussão coletiva de temas. Este formato rápido encontros presenciais nos cursos, onde será abor-
mostrou-se eficiente para o esclarecimento das du- dada a importância das vacinas e prevenção das
vidas e no fortalecimento do sentido do trabalho da doenças infecto contagiosas. Para o próximo ano
equipe. As rodas de conversa EXPRESS” mostraram- letivo, pretende-se que o edital de matrícula explicite
-se um potente espaço de reflexão dos trabalhadores, as vacinas do calendário do Estado de São Paulo,
num exercício de empoderamento e autonomia. para que os alunos possam atualizar sua situação
vacinal, em seus municípios antes da matrícula. Na
SITUAÇÃO VACINAL DOS ACADEMICOS DE UMA análise, também foram observados o preenchimento
UNIVERSIDADE PUBLICA NO MUNICIPIO DE SÃO incompleto dos dados da vacina administrada, da
CARLOS-SP identificação do profissional e da unidade de saúde,
CURY / MARTA MARIA TROIANO CURY / DeAS/ assim como desorganização no preenchimento dos
DiSaE/ProACE/UFSCar; Claudia Aparecida Stefa- espaços. Outro fator relevante foi à identificação
ne / Stefane, C.A. / DiSaE/ProACE/UFSCar; Luis de que alguns alunos estiveram em unidades de
Eduardo Andreossi / Andreossi,L.E. / DeAS/DiSaE/ saúde para atualização e não receberam todas as
ProACE/UFSCar; Lilian Fantato Noronha da Costa vacinas faltantes, o que evidencia a necessidade
/ Costa,L.F.N.da / DeAS/DiSaE/ProACE/UFSCar; de estratégias de divulgação e conscientização da
Em 2012, a partir de um caso de doença infecto necessidade de aumentar a cobertura vacinal de
contagiosa na moradia estudantil, a equipe do adultos na rede básica.
Departamento de Atenção à Saúde realizou ações
de bloqueio vacinal, que evidenciou uma cobertura TENDÊNCIA TEMPORAL DA MORTALIDADE POR
vacinal incompleta entre os alunos.No ano seguinte, DOENÇAS INFECCIOSAS INTESTINAIS EM CRIAN-
os alunos bolsistas assistenciais apresentaram car- ÇAS MENORES DE CINCO ANOS, ESTADO DE SÃO
teira de vacinação, que foram analisadas baseadas PAULO, 2000-2012
no calendário vacinal do Centro de Vigilância Epide- Renata Soares Martins / Martins, R. S. /
miológica do Estado de São Paulo. Dos 970 bolsistas, FCMSCSP; Maria Bernadete de Paula Eduardo /
567 entregaram a carteira; 396 incompletas, 171 Eduardo, M.B.P. / CVE/SES; Andréia de Fátima
completas e 403 apresentaram declaração da opção Nascimento / Nascimento, A.F. / FCMSCSP;
de não vacinação. Os alunos foram orientados, por Objetivo: Avaliar a tendência temporal da mortali-
email, a completar o esquema vacinal ou congratu- dade por doenças infecciosas intestinais (DII) em
lados pelo cuidado com a saúde. Neste cenário foram crianças menores de cinco anos de idade, no estado
acionados setores da Universidade (relações interna- de São Paulo e suas Redes Regionais de Atenção a

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 492
Saúde (RRAS), no período de 2000 a 2012. Método: TUBERCULOSE NO GVE XII- ARARAQUARA:
Foi realizado um estudo ecológico de séries tempo- INCIDÊNCIA E CARACTERÍSTICAS DOS CASOS
rais utilizando dados secundários do Sistema de NOTIFICADOS
Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Instituto Daiane Alves da Silva / SILVA, D.A. / Ufscar; Meli-
Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE). O local na Yamamura / YAMAMURA, M. / USP- Ribeirão
de estudo foi o estado de São Paulo e suas 17 RRAS. Preto; Rosely Moralez de Figueiredo / FIGUEIRE-
Foram incluídos os óbitos de crianças menores de DO, R.M / Ufscar;
cinco anos com causa básica, antecedente ou con-
Mesmo após 50 anos de conhecimento no diag-
tribuinte de morte DII (código A00 a A09 CID10).
nóstico e tratamento da Tuberculose (TB) a doença
Para análise da tendência foi calculado o logaritmo
ainda permanece como um dos principais agravos
natural das taxas de mortalidade e construídos
à saúde em âmbito global, principalmente entre os
modelos de regressão linear (log(taxa) = α + β (ano)
indivíduos mais pobres em países de baixa e média
+ ε). Foi feita a exponenciação do coeficiente β e a
renda, e entre outras populações marginalizadas. O
seguir calculada a variação anual percentual da
Brasil está entre os 22 países que concentram 80%
taxa. A mortalidade proporcional por causas mal
de casos da doença no mundo, e ocupa a posição de
definidas foi utilizada como marcador da qualidade
16º em números de casos. Em 2013 foram diagnosti-
da informação do SIM. Admitiu-se nível de signifi-
cados 71.123 casos novos de TB, com um coeficiente
cância estatística p < 0,05. Resultados: Ocorreram
de incidência de 35,4/100.000 habitantes, sendo o
2074 óbitos com causa básica DII. A partir da análise
coeficiente de mortalidade de 2,3/100.000. Parale-
das linhas de causas antecedentes ou contribuintes
lamente, no Estado de São Paulo a taxa de incidên-
da declaração de óbito observou-se que mais 814
cia em 2012 foi de 38,2 e a taxa de mortalidade de
óbitos tinham menção a DII (incremento de 39,0%).
2,1/100.000. Contribuindo para o conhecimento
Assim, o número de óbitos total por DII foi 2886. A
da dimensão desse problema, na região do estudo,
maioria dos óbitos foi do sexo masculino (55,6%) e
é que se propôs descrever a incidência da TB e as
de crianças menores de um ano de idade (79,0%). A
características dos casos novos notificados na GVE
taxa de mortalidade por DII em menores de cinco
XII- Araraquara. Trata-se de um estudo descritivo
anos de idade apresentou diminuição significati-
realizado com dados do Sistema de Informação de
va no estado e em 14 das 17 RRAS. Essa queda foi
TB do Estado de São Paulo (TB-Web) referente ao
mais acentuada nas RRAS 3 (Franco da Rocha) e 4
período de 2009 a 2013; foi calculada a incidência
(Mananciais). Houve grande variabilidade na taxa
por 100.000 habitantes e a distribuição percentual
de mortalidade, em especial nas RRAS 10 (Assis,
dos casos segundo variáveis de interesse. Foram
Marília) e 11 (Alta Paulista). No estado de São Paulo a
notificados no período 872 casos novos de TB; sen-
taxa de mortalidade apresentou diminuição de 11,4%
do a maior incidência no ano de 2011 (19,5/100mil
ao ano (IC95%: 8,4 a 14,2%; p = 0,001). E a RRAS 3
habitantes); a maioria dos casos ocorreu entre
(Franco da Rocha) foi a que apresentou maior redu-
homens (72,6%); a forma clinica predominante foi
ção anual percentual da mortalidade por DII nesse
a pulmonar (83,3%) e a média de idade de 42,3 anos.
período (17,6% ao ano, IC95%: 7,6 a 26,5%; p=0,004).
Em relação ao tipo de tratamento 72,5% foram super-
Conclusão: Os resultados encontrados nesse estudo
visionados. Quase metade dos indivíduos apresenta-
indicam diminuição da mortalidade por DII no esta-
ram outros agravos associados a TB (49,8%), dentre
do e em 14 das RRAS. No entanto, houve diferença de
eles os mais prevalentes foram o alcoolismo (23,19%)
comportamento das taxas de acordo com as RRAS, o
seguidos de outras comorbidades (11%) e aids (9,7%).
que pode ser um indicador da qualidade da atenção
Quanto ao resultado de tratamento a cura variou de
à saúde do território e dessa forma subsidiar essas
77,6% a 84,2%, a média de abandono foi de 7,2% e a
regiões no que diz respeito ao delineamento de es-
de óbito por TB de 4,2%. O tipo de descoberta foi de
tratégias para o enfrentamento das DII no que tange
58,8% em nível ambulatorial e de 34,9% em Pronto
às ações no âmbito da atenção primária.
Socorro/Hospital. O tempo para iniciar o tratamento

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 493
em relação ao inicio dos sintomas foi em média de 83 da cidade de São Paulo/SP, com amostra definida
dias, variando de 0 a 944 dias. Em 29,6% dos casos para 0,5% da população residente, totalizando 1702
houve hospitalização com média de permanência entrevistados. Foi utilizado um formulário composto
hospitalar de 47,2 dias, entre os principais motivos por 24 questões. O projeto foi aprovado pelo Comitê
de internações estavam a elucidação diagnóstica de Ética em Pesquisa da Universidade Nove de Julho
(38,8%), a insuficiência respiratória aguda (20,2%) parecer no 273.281 e Comitê de Ética da Secretaria
e as causas sociais (12,4%). Os resultados apresen- Municipal de Saúde de São Paulo parecer n0 28/13.
tados contribuem para o conhecimento da TB ao Resultados: Dos entrevistados 74,0% (1260) são do
longo dos anos nessa área, oferecendo subsídios á sexo feminino, sendo predominantes os menores
tomada de decisões relacionadas principalmente ás de 39 anos (41,1%). Declararam-se brancos 49,4%
ações de prevenção e controle da doença neste GVE. (841); 24,8% (422) declararam ter ensino superior,
42,0% (715) informaram ter rendimentos suficien-
UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DO SUS E PERFIL EPI- tes para viver e 50,6% (862) estavam trabalhando
DEMIOLÓGICO DOS USUÁRIOS: ESTUDO REALIZA- no momento da pesquisa. No tangente a utilização
DO NAS UBS DE UMA REGIÃO ADMINISTRATIVA dos serviços do SUS, 43,5% estavam nos serviços de
DE SÃO PAULO/SP saúde para consulta médica, 33,3% (567) referiram
dificuldades em utilizar o SUS, dentre estas a falta de
Rosângela Elaine Minéo Biagolini / Biagolini,
agendamento para consultas médicas. 79,4% (1351)
R.E.M. / Secretaria da Saúde do Município de São
Paulo e Universidade Nove de Julho - UNINOVE; referiram ter utilizado qualquer tipo de serviço de
Roudom Ferreira Moura / Moura, R. F. / Secretaria saúde nos últimos 12 meses e busca predominante
do Estado de São Paulo. Coordenação de Controle da assistência na Assistência Médica Ambulato-
de Doenças. Centro de Vigilância Epidemiológica rial (AMA). Conclusões: Houve predomínio do sexo
e Universidade Nove de Julho - UNINOVE; Shirley feminino, sendo a maior parte adultos jovens, com
Sampe / Sampe, S. / Secretaria da Saúde do Muni- elevada escolaridade. A consulta médica foi motivo
cípio de São Paulo e Universidade Nove de Julho de maior utilização dos serviços. Os dados apontam
- UNINOVE; Antônio Rojo / Rojo, A. / Secretaria da para necessidade melhorar o acesso aos serviços da
Saúde do Município de São Paulo; Paulo Roberto atenção básica, afim de não permitir a progressão
Marvulle / Marvulle, P.R. / Universidade Nove de das iniquidades em saúde.
Julho - UNINOVE; Andrea Cristina Caseiro / Casei-
ro, A.C. / Universidade Nove de Julho - UNINOVE; VIGILÂNCIA EM SAÚDE NA ESTRATÉGIA SAÚDE
Andreia Luciana dos Santos Silva / Silva, A.L.S. / DA FAMÍLIA: INTERFACE COM MODELO ASSIS-
Universidade Nove de Julho - UNINOVE; TENCIAL BIOMÉDICO
Introdução: Passados 25 anos da implantação do Ligia Lopes Devóglio / Devóglio, L.L. / Faculdade
Sistema Único de Saúde (SUS), o cotidiano da assis- de Medicina de Botucatu - UNESP; Maria Helena
tência à saúde encontra dificuldades em distribuir Borgato / Borgato, M.H. / Faculdade de Medicina
de maneira equânime os serviços em todas as regi- de Botucatu - UNESP;
ões do país. Conhecer, portanto, que características Introdução O conceito de Vigilância em saúde (VS)
têm a população que utiliza o SUS, bem como que vem evoluindo no Brasil, tornou-se instrumento para
utilização faz desses serviços, é imprescindível, intervenção nos determinantes sociais da saúde e
para adequar a atenção à saúde às necessidades da passou a ser entendido como modelo assistencial,
população. Objetivo: Caracterizar o perfil e a uti- com ênfase na vigilância em fatores de risco de do-
lização que os usuários fazem do SUS, sob a ótica enças e agravos não transmissíveis.. Recentemente,
dos frequentadores das Unidades Básicas de Saúde há uma aparente conformação em política pública,
(UBS) pertencentes a uma região administrativa do fundamentada nos processos de regionalização e
município de São Paulo. Método: Estudo transver- descentralização. Objetivo Compreender de que
sal, descritivo, quantitativo, realizado em todas as forma a vigilância em saúde tem sido entendida e
21 UBS, que integram uma região administrativa realizada por profissionais da Estratégia de Saúde

Anais 14o Congresso Paulista de Saúde Pública Saúde Soc. São Paulo, v.24, supl.1, 2015 494
da Família (ESF). Método Estudo qualitativo. Em magem de Ribeirão Preto – Universidade de São
2012 foram entrevistados 37 profissionais de nível Paulo (EERP/USP); Mayara Fálico Faria / Faria,
superior das 12 equipes de ESF em Botucatu (SP). M.F. / Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto –
Para tratamento dos dados utilizou-se a análise de Universidade de São Paulo (EERP/USP); Glaucia
conteúdo, proposta por Bardin. A literatura em VS Morandim Ravanholi / Ravanholi, G.M. / Escola de
constituiu quadro teórico. O projeto foi aprovado Enfermagem de Ribeirão Preto – Universidade de
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de São Paulo (EERP/USP); Aline Aparecida Monroe /
Medicina de Botucatu. Resultados Emergiram qua- Monroe, A.A. / Escola de Enfermagem de Ribeirão
tro categorias: Organização da VS municipal: a coor- Preto – Universidade de São Paulo (EERP/USP);
denação permanece centralizada em departamentos Introdução: Décadas se passaram após o surgimento
específicos na secretaria de saúde (epidemiológica, da Síndrome Imunodeficiência Adquirida, a Aids
ambiental e sanitária) e as ESF articulam-se melhor e, ainda hoje, é considerada um dos mais sérios
com a Vigilância Epidemiológica, por meio da equi- problemas de saúde pública que desafia as autori-
pe de enfermagem; Construção e desconstrução: a dades sanitárias devido a constante mudança no
práxis no modelo ESF: a contradição entre o modelo perfil dos diagnósticos e pessoas em tratamento,
assistencial proposto e a realidade da prática é ex- por isso faz-se necessário monitorar e acompanhar
plicada pela dissonância entre educação e trabalho o perfil epidemiológico dos novos casos e pessoas em
em saúde associada à modalidade de gestão muni- acompanhamento nos serviços de saúde. Objetivo:
cipal por produção” e pouca participação política da Analisar o perfil epidemiológico das notificações por
comunidade; VS na ESF: dificuldades e facilidades: HIV/AIDS no município de Franca-SP. Materiais e
algumas características da ESF são entendidas como Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, des-
facilitadoras das ações de VS (território definido, critivo, retrospectivo com abordagem quantitativa,
população adscrita, equipe multiprofissional e visi- no município de Franca-SP. Os dados são referentes
tas domiciliares). Por outro existem as dificuldades ao período de janeiro/2007 a junho/2015. Foram co-
(grandes extensões territoriais, alta rotatividade letados de fonte secundária, através do Sistema de
populacional e do profissional enfermeiro, recur- Informação de Agravos de Notificação (SINAN), em
sos físicos/humanos inadequados); As dimensões julho de 2015 junto a Secretaria Municipal de Saúde.
intersetorial e multiprofissional do trabalho: in- Para a análise dos dados utilizou-se o programa TA-
terface com ações promocionais e preventivas: Os BWin por meio de técnicas de estatística descritiva.
profissionais percebem-se presos aos atendimentos Resultado: Foram registradas 1000 notificações de
na ESF, apenas os dentistas relatam conseguir de- AIDS, sendo que em 2008 apresentou maior percen-
sempenhar atividades promocionais e preventivas tual de notificações 27,8% (278) e em 2009 menor
com regularidade. Conclusão Embora o modelo ESF percentual 4,8% (48). 64,2% eram do sexo masculino,
ofereça estruturas organizacionais facilitadoras apresentando a razão por sexo (masculino/femini-
da descentralização da VS, a lógica do trabalho – no) - 1,8:1. Esta razão apresentou mudanças: 2007
fundamentada no modelo biomédico − dificulta a – 1,06:1; 2008 – 1,44:1; 2009 – 2,42:1; 2010 – 1,32:1;
incorporação de um modelo ampliado de VS. 2011 – 1,9:1; 2012 – 2,66:1; 2013 – 2,84:1; 2014 – 2,54:1
e 2015 – 2,6:1. Quanto à faixa etária, apenas em 2007
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO HIV/AIDS NO houve predomínio (67,8%) dos 35 a 49 anos; em
MUNICÍPIO DE FRANCA-SP 2010 (53,9%), 2011 (53,0%) e 2014 (55,5%) a maioria
Lívia Maria Lopes / Lopes, L.M. / Escola de Enfer- estava na faixa etária dos 20 a 34. Em relação a raça/
magem de Ribeirão Preto – Universidade de São cor 51,0% brancas, 19,9% pardas; 12,4% pretas. Em
Paulo (EERP/USP); Isabela Moreira de Freitas / relação à categoria de exposição em todo período a
Freitas, I.M. / Secretaria Municipal de Franca; maior prevalência 57,5% foi entre heterossexuais,
Rosane Moscardini Alonso / Alonso, R.M. / Se- 17,1% homossexuais e 11,8% sem informação. Con-
cretaria Municipal de Franca; Gabriela Tavares clusões: Os resultados mostram o predomínio de
Magnabosco / Magnabosco, G.T. / Escola de Enfer- homens, cor branca e faixa etária mais acometida

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de 20 a 34 anos. Percebe-se que delinear o perfil de dos participantes, visando com isso a mudança dos
vulnerabilidade ao HIV/aids representa uma etapa hábitos. Assim, foram introduzidas 3 dinâmicas
crucial para o planejamento e operacionalização de (lavagem de mãos, presença de micro-organismos
estratégias de intervenção, tanto para a prevenção nas mãos e Dinâmica da cozinha) e uma Roda de
do HIV/aids, como para a detecção precoce e manejo problematização, na qual os participantes discutem
oportuno da doença. os problemas mais freqüentemente observados
em um estabelecimento produtor de alimento e a
VIGILÂNCIA SANITÁRIA E APRENDIZAGEM SIGNI- resolução desses problemas. Lições Aprendidas e
FICATIVA - REESTRUTURAÇÃO DE CURSO PARA O Recomendações. Este formato estimula uma maior
SETOR DE ALIMENTOS EM SANTO ANDRÉ participação e interação do grupo, com troca de ex-
Nancy Yasuda / Yasuda, N / Prefeitura de Santo periência, valorização do saber prévio e, ao mesmo
André; Sandra A.S. Azevedo / Azevedo, S.A.S / Pre- tempo, percepção e vivencia de novas experiências
feitura de Santo André; Sandra Padovani / Pado- sobre suas atividades cotidianas. O processo propi-
vani, Sandra / Prefeitura de Santo André; Priscilla ciou a discussão no próprio Departamento sobre a
Nichioka / Nichioka, Priscila / Prefeitura de Santo importância da atividade educativa como ação de
André; Roseane F. Improta / Improta, Roseane F vigilância, como estratégia para qualificar as prá-
/ Prefeitura de Santo André; Sonia A. Rodrigues ticas e o cumprimento da legislação sanitária. Já foi
/ Rodrigues, Sônia A / Prefeitura de Santo André; possível verificar em vistorias a melhoria significa-
Debora C.F.Vicente / Vicente, Débora C.F / Pre- tiva na condição sanitária dos estabelecimentos que
feitura de Santo André; Marli Martins / Martins, passaram pelo curso reformulado, com pontuação
Marli / Prefeitura de Santo André; Maria Luiza excelente” no laudo de inspeção e o depoimento do
L.S.Malatesta / Malatesta, Maria L.L.S / Prefeitura responsável de que ¨ele colocou em pratica o que
de Santo André; Ana Lucia Mello / Mello, Ana L / aprendeu no curso”.
Prefeitura de Santo André;
Caracterização do Problema, A Vigilancia Sanitária VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO: UMA REALIDADE DO
de Santo André ministra curso para emissão de Li- COTIDIANO
cença Sanitária que abordam legislação sanitária Luzmarina Ap. Doretto Braccialli /
e boas práticas no setor de alimentos. A partir da Braccialli,L.A.D. / Famema; Airi Harada /
reflexão no Departamento de Vigilancia à Saúde o Harada,A. / Famema; Alexander Bocchi Bacco /
quanto a aprendizagem significativa e a metodolo- Bacco,A.B. / Famema; Carine Silveira Coelho /
gia participativa são fundamentais na prática das Coelho,C.S. / Famema; Joao Lucas Ferrareto Bacca-
vigilâncias, iniciou-se um processo de reestrutura- relli / Baccarelli, J.L.F. / Famema; Karoline Lopes
ção desse curso, cuja avaliação era de que, apesar Silva / Silva, K.L. / Famema; Maria Luiza Guidinho
dos responsáveis terem acesso a todo o conteúdo Bernardes / Bernardes, M.L.G. / Famema; Stepha-
legal e técnico, numa carga horaria de 9h, não eram nie Ribeiro Lacerda / Lacerda, S.R.L. / Famema;
observadas as melhorias esperadas nos ambientes Thainá Inoue / Inoue, T. / Famema; Margarete
e nos processos de manipulação de alimentos. Beloni / Beloni, M. / Secretaria Estadual de Saúde
Descrição Inicialmente houve uma breve formação - Vigilância Sanitária; Carina Rejane Fernandes
dos técnicos e gestores, que versou sobre metodo- Biffe / Biffe, C.R.F. / Secretaria Municipal de Saú-
logias participativas, aprendizagem significativa, de - Vigilância Epidemiológica;
desenvolvimento de rodas de conversa e dinâmicas Introdução: O impacto socioeconômico dos aciden-
de grupo. O objetivo foi o de sensibilizar e oferecer tes de trânsito cresceu nas últimas décadas, conjun-
suporte pedagógico para a mudança no formato do to ao crescimento da frota não acompanhado pela
curso. O conteúdo a ser desenvolvido foi reavaliado reestruturação dos centros urbanos e deficientes
e as estratégias e ferramentas pedagógicas a serem investimentos em transportes públicos, fiscalização
utilizadas foram definidas considerando-se a im- e educação. Objetivo: Avaliar os acidentes de trânsi-
portância da valorização do conhecimento prévio to, suas condições e o perfil dos envolvidos em um

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município do interior do Estado de São Paulo. Mé- VIVENDO COM HIV/TB:DISCURSO DO DOENTE
todo: Estudo epidemiológico descritivo transversal Amanda Alessandra dos Reis / Reis, A.A. / UFSCar;
quantitativo, analisado 1537 Boletins de Ocorrência Tatiana Ferraz Araújo Alecrim / Alecrim,T.F.A. /
de acidentes de trânsito em 2012, com 3257 envolvi- UFSCar; Isabella Gerin de Oliveira / Oliveira, I.G.
dos. Resultados: Jovens do sexo masculino, entre 20 / PMSC; Cíntia Martins Ruggiero / Ruggiero, C.M.
e 29 anos, com ensino médio completo, do comércio / PMSC; Alcione Pereira Biffi Fusco / Fusco, A.P.B.
e serviços, motocicletas e cruzamentos predominam / UFSCar; Simone Teresinha Protti / Protti, S.T. /
em envolvimento nos acidentes de trânsito. Estes UFSCar;
prevalecem nas quintas-feiras, e às 8, 13 e 19 horas. A tuberculose continua sendo um grande problema
Conclusão: Medidas preventivas como a melhoria na área da saúde pública de relevância nacional
da iluminação, sinalização das ruas e avenidas, como internacional. De acordo com a Organização
manutenção das vias públicas, ações educativas nas Mundial de saúde esta doença é classificada como
escolas, campanhas e programas poderiam mudar a segunda causa de morte por doença infecciosa em
o comportamento do motorista diminuindo os aci- todo o mundo depois do vírus da imunodeficiência
dentes de trânsito. Trabalho derivado do Projeto PET humana (HIV). A tuberculose é considerada uma
Vigilância à Saúde do MS doença negligenciada e representa uma importan-
te causa de morbidade e mortalidade no mundo,
VIVÊNCIAS DA PSICOLOGIA NO CENTRO EPIDE- principalmente após o advento da Síndrome da
MIOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE PORTO FERREIRA: Imunodeficiência Adquirida (AIDS) em 1981. Assim,
CONSTRUINDO UM SERVIÇO DE QUALIDADE um indivíduo infectado pelo HIV é 25 vezes mais
Marcos Felipe Chiaretto / CHIARETTO, M. F. / susceptível à TB em relação aos não infectados e o
Prefeitura Municipal de Porto Ferreira; risco de morte em pacientes coinfectados pelo HIV
Desde Fevereiro de 2014 houve a introdução do psicó- e pelo Mycobacterium tuberculosis é duas vezes
logo na Vigilância Epidemiológica, para realização maior que em paciente soropositivo para HIV sem
de atendimento individual, em formato semanal. tuberculose. Este cenário modificou o desenvolvi-
Pode-se observar que a presença do profissional mento epidemiológico dessas afecções, tornando o
da Psicologia colabora com a equipe que lá atua, controle e tratamento mais complexo, reforçando
ou seja, uma enfermeira coordenadora da Unidade, que os sujeitos com coinfecção TB-HIV requerem
uma técnica em enfermagem, uma atendente, um atenção especial em todos os níveis de saúde. Gra-
médico ginecologista e um médico infectologista. Os nich et al (2010) afirma que a tuberculose tem um
atendimentos de maiores fluxos são para pacientes importante impacto sobre a morbidade e sofrimento
com HIV/AIDS, hepatites virais e outras Doenças entre pessoas com HIV e seus familiares. Este estudo
Sexualmente Transmissíveis. No local, ocorrem buscou compreender os sentidos produzidos por
discussões em equipe semanalmente, para melhor meio do discurso do sujeito vivendo com o HIV/TB.
manejo no sentido de clínica ampliada, olhando para Trata-se de um estudo com a abordagem qualitativa,
o indivíduo, não tão somente para sua doença. Além sustentado no referencial teórico Análise de Discur-
disso, o psicólogo oferece rodas de conversa no local so de matriz francesa, o qual busca compreender
e Unidades Básicas do município, com apoio da en- os processos de produção de sentidos na relação da
fermeira e demais membros da equipe. É necessário língua com sua exterioridade histórica e social do
destacar que, o serviço tem pouco mais de um ano, sujeito. Foram realizadas entrevistas semiestru-
fortalecendo sua existência somente agora, pois tem turadas, áudio-gravadas, transcritas e analisadas
apoio da gestão administrativa da saúde, bem como com doentes coinfectados de um município do
dos outros setores (trabalho intersetorial), como interior do estado de São Paulo. Os dados parciais
por exemplo da Educação, que possui parceria com deste estudo demonstram que alguns sujeitos na
o serviço, no sentido de orientação à adolescentes posição de entrevistados e doentes, assumem uma
nas escolas municipais. concepção padrão da sociedade de que o HIV está

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intrinsecamente ligado a comportamentos de risco afecções dos sujeitos em questão. Reforça-se a neces-
(uso de drogas e relações sexuais sem proteção) que sidade do fortalecimento das recomendações sobre
propiciam a infecção por este vírus. Além disso, essas doenças utilizando-se de estratégias ou ações
foi possível observar o papel da família na adesão, de saúde, direcionado não somente para os doentes,
fortalecimento e continuidade do tratamento destas mas que incluam os familiares e cuidadores.

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