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A’P OLITÉCNICA Engenharia Civil

3.2 MATERIAIS PARA PAVIMENTAÇÃO

Os solos para além de serem usados nas terraplanagens também podem ser aplicados nas diferentes
camadas dos pavimentos. Em estradas com solicitações elevadas os solos são usados só nas sub-bases.
Em estradas com pouca intensidade de tráfego poder-se-ão utilizar os solos também para a base
chegando até a situações que é utilizado em camadas de desgaste, que são as estradas de terra.

Para além de se utilizar solos naturais, que são solos obtidos duma câmara de empréstimo ou
reaproveitados, pode-se ainda recorrer a solos estabilizados, que são misturas com outros materiais, para
melhorar as suas características ou ainda material britado que são os conseguidos através de britagem.

3.2.1 Solos estabilizados

Os tipos mais frequantes são:


- Mistura com outros solos (estabilização mecânica) – iremos desenvolver com exercícios práticos;
- Mistura com cal;
- Mistura com cimento (solo-cimento) – é o mais usado;
- Mistura com produtos betuminosos.

i) Mistura com outros solos (Estabilização Mecânica) – Trataremos na aula 3.3


Tem por objectivo conseguir um solo novo com características granulométricas e de consistência melhor
que os solos originais. Se o solo é muito plástico e fino, adiciona-se material incoerente (areia ou brita)
que forneça a resistência necessária e diminua a percentagem de argila. Esta mistura é normalmente feita
“in situ” com uma niveladora ou outro dispositivo que permita a mistura seguindo-se a rega e a
compactação.

ii) Mistura com cal


De parceria com a estabilização com cimento, esta constitui uma das formas de melhoramento da
qualidade de solo com mais larga aplicação. A grande vantagem é conseguirem-se obter resistências
muito altas comparativamente a mistura entre solos (i) e essas resistências se mantêm mesmo com a
mistura húmida ao longo do tempo.

É desaconselhável a utilização de solos muito orgânicos (materia orgânica máx 2%) e solos com
composição química tal que reajam desfavoravelmente com a cal e com o cimento. Contudo, convém
que os solos sejam fáceis de se desagregar para que as misturas se façam como deve ser e que a
granulometria seja relativamente estável (Cu > 5, preferencialmente > 10) Cu=coeficiente de uniformidade.

Na estabilização com cal reduz-se a plasticidade dos solos argilosos. Cal reage com a água contida na
argila (solo) e envolve as particulas de argila tornando-as menos sensíveis à água. Como consequência
há modificação da granulometria e da plasticidade incrementando a trabalhabilidade do solo. Consegue-
se também o efeito de cimentação das particulas o que se traduz no aumento da resistência do solo
compactado com o tempo.

Vias de Comunicação II Engº. Célio Rapieque


A’P OLITÉCNICA Engenharia Civil

Para a adopção da melhor mistura fazem-se várias misturas com teores de cal diferentes e monitora-se a
acção da cal nas seguintes características:

- Granulometria – geralmente mais grossa;


- Limites de consistência baixam, baixa o LL com o IP;
- Na resistência – CBR aumenta consideravelmente.

Os solos a serem estabilizados com cal devem ter pelo menos 15% de material passado no peneiro nr. 40
(4.76 mm) e um IP > 10%, sendo os teores de cal que mais se usam variados de 3 a 7%.

A mistura é feita in situ com uma niveladora ou grades de discos. Após a compactação a mistura é
deixada durante pelo menos um dia para a cura e deve ser mantido o teor de humidade que pode ser com
areia espalhada e que é regada de quando em vez, como também por emulsão betuminosa.

iii) Estabilização com cimento


É muito aplicada em áreas ou regiões com carência de pedra. Aplica-se tanto para solos coesivos como
incoerentes, obtendo-se melhores resultados nos incoerentes.

Pode-se fazer uma mistura de solo com baixos teores de cimento (3 a 5%) com objectivo de diminuir a
plasticidade e aumentar ligeiramente a resistência. Chama-se isto SOLO TRATADO COM CIMENTO e
é utilizado em estradas pouco carregadas ou solicitadas.

A outra forma é a utilização de percentagens de cimento que resulta em muita resistência. Esta mistura
chama-se SOLO-CIMENTO e é usado em pavimentos com solicitação considerável.

As misturas são feitas in situ, na plataforma. Para o solo-cimento também pode-se fazer a mistura com
auxílio de uma betoneira para se poder garantir melhor homogeneidade e qualidade.

A fixação de teor de cimento óptimo é feita em laboratório, seguindo-se as seguintes etapas:


1º - Identificação do solo, por forma a prever o teor de cimento adequado;
2º - Preparação da mistura com vários teores de cimento;
3º - Ensaios de compactação para a determinação de teor de água e baridade máxima de cada
mistura;
4º - Preparar os provetes, compactados, de cada mitura para submete-los a ensaios de resistência
ao fim de pelo menos 7 dias e 28 dias.

Os ensaios mais utilizados são os de CBR (exige-se 100 a 120% aos 7 dias para solo-cimento e valores
muito menores para solos tratados com cimento) e o ensaio de compactação simples, onde se exige aos 7
dias resistência de 2 a 3 Mpa para solo-cimento.

5º - Sobre provetes análogos aos da compressão simples, fazem-se ensaios de secagem e molhagem para
ver a desagregação do provete. Os provetes são submetidos a 12 ciclos de imersão em água durante 5
horas e secagem em estufa a 70ºC durante 42 horas, sendo pesados e medidos no fim de cada operação.

Vias de Comunicação II Engº. Célio Rapieque


A’P OLITÉCNICA Engenharia Civil

A perda de massa deve ser:

<14% para A-1, A-3 e A-2-4 e A-2-5;


<10% para A-2-6, A-4 e A-5;
<7% para A-6 e A-7.

Os bons solos para realizar solo-cimento devem ter:


- Teor de matéria orgânica < 7%;
- Teor de sulfatos < 0,2%;
- Diâmetro máx das partículas = 76,1 mm.

Aconselha-se que:
- Material passado no peneiro de 4,76 mm >= 45%;
- Material passado no peneiro 50,8 mm >= 80%;
- LL <= 45%.

As dosagens mais correntes de cimento em função ao tipo de solo são as seguintes:


A-1-a – 3 a 5%;
A-1-b/A-2 – 5 a 9%;
A-3/A-a – 7 a 12%;
A-5 – 8 a 13%;
A-6 – 9 a 15%;
A-7 – 10 a 16%.

iv) Estabilização com materiais betuminosos


São mais utilizados para a estabilização de solos incoerentes e têm como função de dar ao solo a coesão
que lhes falta. Os solos mais apropriados são os não plásticos, com percentagens passadas no peneiro nr.
200 (0,076 mm) < 10% e granulometria não uniforme.

É geralmente utilizado sob a forma fluida, betume fluidificado ou cut-back ou então como emulsão.

Os teores de betume variam de 4 a 6% do solo seco, sendo fixado em função dos resultados de um
ensaio de resistência e das variações vulométricas após a imersão em água.
Nas zonas húmidas usa-se solo com humidade natural e junta-se cerca de 2% de cal hidratada para
aumentar a adesividade do betume às particulas do solo. Em zonas secas usa-se só betume fluidificado
ou emulsão.

Vias de Comunicação II Engº. Célio Rapieque

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