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2013

IME
Questão 01
"A matemática é o alfabeto com que Deus escreveu o mundo"
Galileu Galilei

a
2
Considere log b
 4 , com a e b números reais positivos. Determine o valor de m , número real, para que a

equação x 3  18 x 2   log b  ab   8  m  x  log b  a   0 tenha três raízes reais em progressão aritmética.


m 2m
 

Resolução:
 b
4
a
2
Dado que log b
 4 , vem  a 2 e, como a e b são positivos, temos a  b.

Dessa forma log b  ab   log b  b 2   2m e log b a 2 m  log b b 2 m  2m. Portanto a equação dada equivale a
m m

x3  18 x 2   m  8  x  2m  0
Como as três raízes estão em PA podemos denominá-las x2  r , x2 , x2  r em que r é a razão de PA.
Pela 1ª relação de Girard, temos
 x2  r   x2   x2  r   18  x2  6
Da 2ª relação de Girard, temos
 6  r   6   6  r  6  r   6  6  r   m  8
36  6r  36  r 2  36  6r  m  8
r 2  100  m (I)
Da 3ª relação de Girard:
 6  r   6   6  r   2m
m m
36  r 2   r 2  36   II 
3 3
Igualando  I  e  II  , vem:
m
100  m  36   m  96
3

Questão 02
Considere a , b e c números inteiros e 2  a  b  c. Determine o(s) valor(es) de x , y e z , que satisfaçam o sistema
ax  2by  3cz  2abc
3ax  4by  abc

de equações 
by  cz  0
 xyz  20132

Resolução:

Da 3ª equação, temos by  cz
Substituindo nas duas primeiras temos:
ax  2cz  3cz  2abc
 
 3ax  4cz   abc
ax  cz  2abc (I)

3ax  4cz   abc (II)

Fazendo 4  I    II  , vem
a0
7 ax  7 abc  x  bc
Substituindo em (I) , temos:
c0
abc  cz  2abc  z  ab
Finalmente como by  cz temos by  cab ou y  ac
Na última equação do sistema tínhamos
xyz  20132 , que equivale a
 bc    ac    ab   20132  abc  2013
Da decomposição em fatores primos de 2013 , temos
abc  3  11  61 e, como 2  a  b  c com a , b , c inteiros
podemos fazer a  3 , b  11 e c  61
Portanto, x  671 , y  183 e z  33

Questão 03
2 1 n
Considere a matriz A    . Seja a matriz B   Ak , com k e n números inteiros. Determine a soma, em função de
0 2 k 1

n , dos quatro elementos da matriz B.

Resolução:

 2k k 2k 1 
Mostremos, por indução, que Ak    . Isto é verdade para k  1 pois:
0 2k 
 21 1  20   2 1 
A1    
0 21   0 2 
Supondo verdadeiro para k temos:

Ak 1  
 2 1   2k k  2k 1   2  2k  1  0 2k  2k 1  1  2k   2k 1  k  1 2k  ,
   
0 2  0 2k  0  2k  2  0 0  k  2k 1  2  2k   0 2 k 1 
o que mostra nossa tese.
Assim:
n
b b 
B   Ak   11 12  com:
k 1 b21 b22 
n 2  2n  1
b11  b22   2k   2 n 1  2
k 1 2 1
n
b21   0  0
k 1
n
b12    k 2k 1 , que forma a soma dos termos de uma “PAG”. Temos:
k

2b12  b12  2 1  2  21  3  22  ...  n 2n 1   1  2  21  3  22  ...  n 2n 1 

b12  1   2  2  21    2  22  3  22    3  23  4  23   ...    n  1 2n 1  n  2n 1    2n  2n 1


b12  1   2  4  8  ...  2n 1   n  2n
 2  2n 1  1 
b12  1     n  2n
 2  1 
b12   n  1 2n  1
Portanto a soma dos elementos de B é:
b11  b12  b21  b22  2n 1  2   n  1 2n  1  0  2n 1  2
 2n  2   n  1 2n  3   n  3 2n  3

2
Questão 04
45
  k   n
Considere P   1  tg    , com  representando o produto dos termos desde k  0 até k  n , sendo k e n
k 0   180   k 0

números inteiros. Determine o(s) valor(es) de m , número real, que satisfaça(m) a equação P  2m.

Resolução:

45  cos k 
P   180 
 sen k 
180   
k 0

 cos k180  


 k   90  k  
Como o cosseno de um ângulo é o seno do complementar e   , temos:
2 180 180
45  sen  90  k  
P   
  sen k 
180  180 
  
k 0

 cos k 
180  



Pela fórmula de prostaférese, temos:

45  2  sen 
P  
 
4
 cos  45  k  


180   
k 0

 cos k 
180  



cos 45 
cos 44 
cos    
  cos 0
46
  2sen    180  180  180 
 4  cos 0 cos 
180
cos 44 180 
cos 45 
180   
Simplificando:
46
 2
P   2    2
23

 2 
Assim na igualdade P  2m temos m  23

Questão 05
Considere, Z1 e Z 2 , complexos que satisfazem a equação x 2  px  q  0 , onde p e q são números reais diferentes de
zero. Sabe-se que os módulos de Z1 e Z 2 são iguais e que a diferença entre os seus argumentos vale  , onde  é

diferente de zero. Determine o valor de cos 2   em função de p e q .
2

Resolução:

Como Z1 e Z 2 são raízes de uma equação do segundo grau com coeficientes reais, temos que um é conjugado do outro, daí
podemos escrever Z1  r cos   i  sen  e Z 2  r cos 360º   i  sen 360º  , em que, sem perda de generalidade,   360º  .

Desta forma temos:


  360º       360º 2 
  360º 2 
cos    cos 
2    cos 180º     cos 
2
Como Z1  Z 2  2r  cos  e Z1  Z 2  r 2 , segue que:
r2  q  r  q
e
p
2r cos   p  cos  
2 q

  p
2
p
Portanto cos     , logo cos 2    .
2 2 q  2  4q

3
Questão 06
Considere um triângulo ABC com lado BC igual a L . São dados um ponto D sobre o lado AB e um ponto E sobre
DA EC
o lado AC , de modo que sejam válidas as relações   m , com m  1 . Pelo ponto médio do segmento DE ,
DB EA
denominado M , traça-se uma reta paralela ao lado BC , interceptando o lado AB no ponto F e o lado AC no ponto
H . Calcule o comprimento do segmento MH , em função m e L .

Resolução:

Traçando uma paralela à BC passando por D que intercepta o lado AC no ponto I , temos a formação do triângulo ADI que é
semelhante ao triângulo ABC , daí:

DI AD DI AD DI mBD DI m Lm
        DI 
BC AB BC AD  BD BC mBD  BD L m 1 m 1

Como o segmento MH é base média do triângulo EDI , temos:

Lm
MH 
2  m  1

Questão 07
Considere um círculo com centro C , na origem, e o raio 2. Esse círculo intercepta o eixo das abscissas nos pontos A e
B , sendo a abscissa de A menor do que a abscissa de B . Considere P e Q , dois pontos desse círculo, com

ordenadas maiores ou iguais a zero. O ângulo formado entre o segmento CP e CQ vale rd . Determine a equação
3
do lugar geométrico descrito pelo ponto de interseção dos segmentos AP e BQ internos ao círculo.

Resolução:

4
0    60º
0  tg   3
Seja t  tg 
 
Reta AP Reta BQ
m   tg 60º 
m  tg   3  tg  
y  0     x  2
y  0  tg    x  2  1  3 tg  
y   tg  x  2  3  tg  
y     x  2
y  t   x  2  1  3 tg  
y t 3
t
x2 y   x  2
 1  3t 

Eliminando o parâmetro:
y
 3
y x  2   x  2
y
1 3 
x2
 y  3x  2 3 
y   x  2
 x  2  3y 

xy  2 y  3 y 2  xy  2 y  3 x 2  2 3 x  2 3 x  4 3
2 y  3 y 2  2 y  3 x 2  4 3
3x 2  3 y 2  4 y  4 3
4
x2  y2  y4
3
2
 2 3  16
 x2   y  
 3  3

 2 3 4 3
Circunferência de centro C  0,   e raio R  .
 3  3
Considere os limites para o parâmetro t :
t  0 , tem-se interseção em 2, 0
t  3 , tem-se interseção em 2, 0 .

 2 3 4 3
Logo, o lugar geométrico descrito é o arco de circunferência de centro  0,   e raio , do ponto 2,0 ao 2,0 no sentido
 3  3
anti-horário.

Como o enunciado se refere a pontos internos ao círculo os pontos 2,0 e 2,0 não participam do L.G.

5
Questão 08
 5 11   x 14 
São dadas duas matrizes A e B tais que A.B    e B.A    , com x e y reais e x  y .
11 25 14 y 
Determine:
A) o(s) valore(s) de x e y ;
B) as matrizes A e B que satisfazem as equações apresentadas.

Resolução:

a) i) Lembremos que det  AB   det  BA :


5 11 x 14

11 25 14 y
125  121  x  y  196
x  y  200
ii) Sabemos ainda que
tr  BA  tr  AB  , em que:
tr x é o traço da matriz x .
Assim:
x  y  30

De i e ii vem:
 x  y  200

 x  y  30
Como x  y temos:
x  20 e y  10 .

b) Multiplicando por A pela direita a primeira relação vem


 5 11 
ABA   A
11 25

 20 14 
Como BA    , temos:
14 10 
 20 14   5 11 
A   A
14 10  11 25

a b 
Fazendo A    , vem
c d 
 a b   20 14   5 11   a b 
 c d   14 10   11 25   c d 
       

Que equivale ao sistema

20a  14b  5a  11c


14a  10b  5b  11d


20c  14d  11a  25c
14c  10d  11b  25d
15a  14b  11c  0
14a  5b  11d  0


11a  5c  14d  0
11b  14c  15d  0

15a  14b  11c  0


121b  154c  165d  0


154b  196c  210d  0
11b  14c  15d  0

6
15a  14b  11c  0
11b  14c  15d  0


11b  14c  15d  0
11b  14c  15d  0

Eliminando as duas últimas equações e fazendo c  α e d  β , com α,β  e α  β  0 vem


14α  15β 5α  14β
b e a
11 11
 5α  14β 14α  15β 
Assim: A   11 11 
 
 α β 

Calculando a inversa de A :
 14α  15β 
1 11 β 11 
A   
14α 2  10αβ  14β 2   α 5α  14β 
 11 
 20 14  1
Voltando no produto BA    e multiplicando a direita por A temos:
14 10 
 20 14  1
B  A
14 10 
 350α  496β 
11  20β  14α 11 
B  
14α  10αβ  14β 14β  10α 246α  350β 
2 2

 11 

Questão 09
Considere um tetraedro regular ABCD e um plano π , oblíquo à base ABC . As arestas DA, DB e DC , desse tetraedro
são seccionadas, por este plano, nos pontos E, F e G , respectivamente. O ponto T é a interseção da altura do
1 1 1 1
tetraedro, correspondente ao vértice D , com o plano π . Determine o valor de DT sabendo que    .
DE DF DG 6

Resolução:

Sejam DE  a, DF  b, DG  c, DT  x e AB  L :
1 1 1 1 abc
     6
a b c 6 bc  ac  ab

7
O volume da pirâmide EFGD é igual à soma dos volumes das pirâmides de bases DEF ,DFG e DGE com vértices em T , ou seja:
1 bc sen 60º 1 ab sen 60º 1 ac sen 60º 1 bc sen 60º
H  h h h
3 2 3 2 3 2 3 2
bc  H   ab  ac  bc  h 1 , em que H é a distância de E até a base DFG e h é a distância de T até as bases das pirâmides
menores, em particular tomemos também a base DFG .

Cálculo de H e h :

L 3
AM  DM 
2
1 L 3
OM  AM 
3 6
L 3 
OM 1 
sen α   6  
DM L 3 3  h 1 x
  h
2  x 3 3
h 
sen α  
x 

1 L
DA
2 3
No triângulo isósceles DAM temos cosβ   2 
DM L 3 3
2
Da relação fundamental:
3 6
sen 2 β  cos 2β  1 sen 2 β   1 sen 2β 
9 9
Como β é agudo temos:
6
sen β 
3
No triângulo retângulo de hipotenusa DE da figura:
H 6
senβ   H  a
a 3
Voltando em 1 :
bc H   ab  ac  bc   h
6 x
bc a    ab  ac  bc  
3 3
abc
x 6
ab  ac  bc
abc
Lembrando que  6 vem
ab  ac  bc
x 6 6
x6

8
Questão 10
Considere a seguinte definição:
“dois pontos P e Q, de coordenadas (xP, yP) e (xq, yq), respectivamente, possuem coordenadas em comum se e somente
se xp = xq ou yp = yq ”

Dado o conjunto S   0 , 0  , 0 ,1 , 0, 2  ,1, 0  ,1,1 ,1, 2  , 2, 0  , 2 ,1 , 2 , 2  . Determine quantas funções bijetoras
f : S  S existem, tais que para todos os pontos P e Q pertencentes ao conjunto S , f  P  e f  Q  possuem
coordenadas em comum se e somente se P e Q possuem coordenadas em comum.

Resolução:

Consideremos inicialmente os conjuntos:


A   0 ,0  , 0 ,1 , 0 ,2 
B  1,0  ,1,1 ,1,2 
C   2 ,0  , 2,1 , 2 , 2 

Notemos que eles têm as seguintes propriedades:


P1 : quaisquer dois elementos de um mesmo conjunto têm coordenadas em comum.
P2 : quaisquer dois elementos de conjuntos distintos têm, no máximo, uma coordenada comum.

Como quaisquer dois elementos de A têm coordenadas comuns, suas imagens também devem ter coordenadas comuns. Assim a
imagem de A , f  A , também deve gozar da propriedade P1 . Outros três conjuntos são adequados:
D   0,0  ,1,0  , 2 ,0 
E   0 ,1 ,1,1 , 2 ,1
F   0 ,2  ,1, 2  , 2, 2 

Assim uma primeira etapa é associar a cada A,B,C um conjunto imagem distinto dentre A,B,C ou dentre D,E,F . Há 3!  3!  12
maneiras de fazê-lo.

Já escolhida a ordem dos conjuntos acima, existem 3!  6 ordens para associar os 3 elementos de f  A aos elementos
 0,0  , 0,1 , 0,2  :
3 2 1
6
imagem imagem imagem
do  0 ,0  do  0 ,1 do  0,2 

Finalmente, considere a associação de exemplo, sem perda de generalidade:


 0,0  
  k ,a 

 0,1   k ,b 

 0,2  
  k ,c 

1,0  
  w,α 

1,1   w,β 

1,2  
  w, γ 

Em que k  w.

Note que a ordem das ordenadas  a,b,c  deve ser exatamente a mesma de  α,β, γ  .

Pois se assim não fosse, seria possível obter P e Q violando as condições do enunciado.
Desta forma, escolhida a ordem das imagens f  A , f  B  , f  C  e a função que associa A a f  A , não há mais possibilidade de
escolha.

A quantidade n de funções é:
n  12  6  72 funções.

9
Professores

Bruno Fraga
Douglas
Lafayette
Marcelo Moraes
Marco Miola
Ney Marcondes

Colaboradores
Aline Alkmin
Fernanda Silva
José Diogo
Lilian Resende

Digitação e Diagramação
Daniel Alves
João Paulo de Faria
Valdivina Pinheiro

Desenhistas
Luciano Lisboa
Vinicius Ribeiro

Projeto Gráfico
Vinicius Ribeiro

Assistente Editorial
Valdivina Pinheiro

Supervisão Editorial
José Diogo
Rodrigo Bernadelli
Marcelo Moraes

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