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ANALISTA DE TRIBUNAIS DO TRABALHO

Direito Civil - Aula 09


Luciano Figueiredo

Responsabilidade Civil
Tema XII. Há um mecanismo para a responsabilidade civil?

Material para o Curso Módulo Básico dos Tribunais. 2. Modalidades da Responsabilidade Civil
1
Elaboração: Luciano L. Figueiredo .
2.1 A depender da norma jurídica violada a res-
1. Conceito da Responsabilidade Civil ponsabilidade civil poderá ser:

“Toda manifestação humana traz em si o problema da - Contratual x Extracontratual ou Aquiliana:


responsabilidade.” (José de Aguiar Dias).
2.2 A depender da necessidade de culpa
Dentro da responsabilidade jurídica, fala-se em uma
diferenciação entre a responsabilidade civil e penal, Subjetiva x Objetiva
diferenciada quanto aos efeitos e bem da vida tutela-
do. a) Responsabilidade civil subjetiva, decorrente de um
ato ilícito culposo, havendo de indenizar.
Sobre essa independência entre os campos civil e
penal, interessante verificar os artigos 200 e 935, Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
ambos do Código Civil: negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, co-
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva mete ato ilícito.
ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescri-
ção antes da respectiva sentença definitiva. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da
criminal, não se podendo questionar mais sobre a b) Responsabilidade Civil Objetiva (parágrafo único
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, do art. 927, parágrafo único, 197 e 931 do CC ).
quando estas questões se acharem decididas no
juízo criminal. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especifica-
Qual a função da responsabilidade civil e limite da dos em lei, ou quando a atividade normalmente de-
reparação? senvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natu-
reza, risco para os direitos de outrem.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas
em lei, as perdas e danos devidas ao credor abran- b1) Por previsão em Lei Específica (art 927, p.u):
gem, além do que ele efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especifica-
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dos em lei, ou quando a atividade normalmente de-
dano. senvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natu-
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção reza, risco para os direitos de outrem.
entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
reduzir, equitativamente, a indenização.
- Responsabilidade civil do transportador (art. 734,
1 Advogado. Sócio do Figueiredo & Figueiredo Advocacia CC)
e Consultoria. Graduado em Direito pela Universidade
- Responsabilidade civil do estado (art. 37, § 6º, CF)
Salvador (UNIFACS). Especialista (Pós-Graduado) em
Direito do Estado pela Universidade Federal da Bahia - Responsabilidade Ambiental (Lei 6938/81, art. 14)
(UFBA). Mestre em Direito Privado pela Universidade
Federal da Bahia (UFBA). Professor de Direito Civil. Pales- - Responsabilidade por Dano Nuclear (art.21, XXIII,
CF)
trante. Autor de Artigos Científicos e Livros Jurídicos.
Periscope: @lucianofigueiredo. Instagram: - Responsabilidade Civil do Seguro Obrigatório
@lucianolimafigueiredo. Periscope: @lucianofigueiredo. (DPVAT)
Fan Page: Luciano Lima Figueiredo. Twitter:
@civilfigueiredo. b.2) Por Atividade de Risco (art. 927, p.u).

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Enunciado 38 do CJF: Civil / Direito das Obrigações - Responsabilidade


Civil)
E. 38 – Art. 927: a responsabilidade fundada no risco Estão obrigados a reparação civil, exclusivamente
da atividade, como prevista na segunda parte do pa- pelo regime da responsabilidade subjetiva,
rágrafo único do art. 927 do novo Código Civil, confi-
gura-se quando a atividade normalmente desenvolvi- A) aqueles que, por ato ilícito, causarem dano a ou-
da pelo autor do dano causar a pessoa determinada trem.
um ônus maior do que aos demais membros da cole- B) os donos de hotéis, pelos atos de seus hóspedes.
tividade C) os tutores e curadores pelos atos dos pupilos e
curatelados.
Exemplo de atividade de risco que gera responsabili- D) aqueles que habitarem prédio pelo dano proveni-
dade objetiva é aquela ligada ao dano nuclear. ente das coisas que dele caírem.
E) os pais pelos atos dos filhos menores que estive-
# Como fica a questão do acidente de trabalho? rem sob sua autoridade e em sua companhia.

3. Elementos Gerais da Responsabilidade Civil


1º CORRENTE (Rodolfo Pamplona) e E. 377, CJF:
E. 377 - O art. 7º, inc. XXVIII, da Constituição Federal - Conduta Humana
não é impedimento para a aplicação do disposto no - Nexo de Causalidade
art. 927, parágrafo único, do Código Civil quando se - Dano ou Prejuízo
tratar de atividade de risco.
3.1 Conduta Humana
2º CORRENTE (Pablo Stolze) e art. 7, XXVIII da CF:
Ato, ação e comportamento humano, seja positivo ou
Art 7 [...] negativo.
[...]
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo Precisa ser voluntária?
do empregador, sem excluir a indenização a que este
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; Ser voluntária é sinônimo de ser dolosa?

b.3) Abuso de Direito 3.2 Dano ou prejuízo:

Art 187 do CC e E. 37 do CJF: Traduz a violação a um interesse jurídico patrimonial


ou moral. O dano para ser indenizável tem que ser
certo, não podendo ser hipotético.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os Quantificação do dano - Art 944 do CC e Enunciado
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, 46 do CJF
pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do
E. 37 – Art. 187: a responsabilidade civil decorrente dano.
do abuso do direito independe de Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção
culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo- entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
finalístico. reduzir, eqüitativamente, a indenização.

b.4) Responsabilidade Objetiva pelos Riscos do De- 3.3 Nexo de Causalidade


senvolvimento:
É o liame (cano) que une o agente ao dano.
Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei
especial, os empresários individuais e as empresas I. TEORIA EQUIVALÊNCIA DE CONDIÇÕES (da
respondem independentemente de culpa pelos danos Condicio Sine qua)
causados pelos produtos postos em circulação (=
RISCOS DO DESENVIOLVIMENTO). II. TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA:

Na hora da prova? III TEORIA DA CAUSALIDADE DIRETA OU IMEDIA-


TA
1. (FCC - 2006 - TRT-20R - Analista Judiciário -
Área Judiciária - Execução de Mandados / Direito

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Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do


devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos 5. Responsabilidade Civil Indireta
efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e
imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. É indireta quanto ao agente, e objetiva quanto ao
fundamento.

4. Causas Excludentes da Responsabilidade Civil 5.1 Responsabilidade civil pelo fato da coisa ou
de animal
Hipóteses nas quais há o rompimento do nexo causal.
a) A responsabilidade pelos animais (art. 936)
4.1 Caso Fortuito e Força Maior (art. 393 CC):
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos dano por este causado, se não provar culpa da vítima
resultantes de caso fortuito ou força maior, se expres- ou força maior.
samente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior b) a responsabilidade por ruína de edifício ou cons-
verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era trução (Art. 937)
possível evitar ou impedir.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde
# Qual a diferença entre fortuito interno e externo? pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse
4.2 Estado de Necessidade e Legítima Defesa (art. manifesta.
188 do CC)
c) a responsabilidade por objetos lançados ou caídos
# Atenção aos arts. 929 e 930: (art 938).

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele,
caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do responde pelo dano proveniente das coisas que dele
perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuí- caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
zo que sofreram.
5.2 Responsabilidade Civil Por Ato De Terceiro
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo (art. 932):
ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor
do dano ação regressiva para haver a importância Art. 932. São também responsáveis pela reparação
que tiver ressarcido ao lesado. civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob
4.3 Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercí- sua autoridade e em sua companhia;
cio Regular de Direito (art. 188 do CC): II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados,
que se acharem nas mesmas condições;
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: III - o empregador ou comitente, por seus emprega-
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício dos, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho
regular de um direito reconhecido; que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou esta-
4.4 Culpa Exclusiva da Vítima belecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, morado-
E se for culpa concorrente? res e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente produtos do crime, até a concorrente quantia.
para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em con- Observações quanto ao dispositivo:
fronto com a do autor do dano.
# Responsabilidade Objetiva:
4.5 Fato de Terceiro:
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do
Súmula 187, STF: A responsabilidade contratual do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua
transportador, pelo acidente com o passageiro, não é parte, responderão pelos atos praticados pelos tercei-
elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação ros ali referidos.
regressiva.

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# A redação do Inc. III derrubou a Súmula 341 do Na hora da prova?


STF:
2. Prova: (FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) -
Súmula 341, STF: É presumida a culpa do patrão ou Analista Judiciário - Execução de Mandados; Dis-
comitente pelo ato culposo do empregado ou prepos- ciplina: Direito Civil | Assuntos: Direito das Obri-
to. gações - Responsabilidade Civil;)

Cabe ação em regresso? Luiz, dirigindo sozinho um veículo de seu empre-


gador, atropelou um pedestre, causando-lhe feri-
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por mentos graves. Nesse caso,
outrem pode reaver o que houver pago daquele por
quem pagou, salvo se o causador do dano for des- A) a culpa do empregado, autor do dano, acarretará a
cendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. responsabilidade objetiva do empregador.
B) o empregador responderá pelos danos causados
# Questão de concurso: O incapaz pode ser res- independentemente da existência de culpa do empre-
ponsabilizado civilmente? gado.
C) o empregador só responderá pelos danos causa-
- Art 928 do CC dos se ficar demonstrado que sabia que o empregado
não dirigia com cautela.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que D) somente o empregado responderá pelos danos
causar, se as pessoas por ele responsáveis não tive- causados, pois o empregador não estava presente na
rem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de mei- ocasião do evento.
os suficientes. E) o empregador só responderá pelos danos causa-
dos se ficar demonstrado que infringiu o dever de
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, vigilância.
que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do
necessário o incapaz ou as pessoas que dele depen-
dem. 6. Repetição de Indébito

E. 39 – Art. 928: a impossibilidade de privação do Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de
necessário à pessoa, prevista no art. 928, traduz um vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permi-
dever de indenização eqüitativa, informado pelo prin- ta, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para
cípio constitucional da proteção à dignidade da pes- o vencimento, a descontar os juros correspondentes,
soa humana. Como conseqüência, também os pais, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.
tutores e curadores serão beneficiados pelo limite
humanitário do dever de indenizar, de modo que a Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no
passagem ao patrimônio do incapaz se dará não todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebi-
quando esgotados todos os recursos do responsável, das ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a
mas se reduzidos estes ao montante necessário à pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que
manutenção de sua dignidade. houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que
O art. 116 do ECA disciplina que dele exigir, salvo se houver prescrição.

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com refle- Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não
xos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se se aplicarão quando o autor desistir da ação antes de
for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promo- contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver in-
va o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, denização por algum prejuízo que prove ter sofrido.
compense o prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, 7. Transmissibilidade da Obrigação de Indenizar
a medida poderá ser substituída por outra adequada.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação
E. 40 – Art. 928: o incapaz responde pelos prejuízos de prestá-la transmitem-se com a herança.
que causar de maneira subsidiária ou excepcional-
mente como devedor principal, na hipótese do ressar- Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa
cimento devido pelos adolescentes que praticarem continua a correr contra o seu sucessor.
atos infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto
da Criança e do Adolescente, no âmbito das medidas 8. Questões Jurisprudenciais Freqüentes
sócio-educativas ali previstas.
a) Veículo Locado - STF

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S. 492: A empresa locadora de veículos responde,


civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por
este causados a terceiro, no uso do carro locado.

b) Veículo Alienado sem Registro da Transferência no


DETRAN - STJ

“Súmula 132. A ausência de registro da transferência


não implica a responsabilidade do
antigo dono resultante de acidente que envolva o
veículo alienado”.

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GABARITO

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