Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Objetivo geral
Objectivos específicos
Ambiente: conjunto dos sistemas físicos, químicos, biológicos e suas relações e dos factores
económicos, sociais e culturais, com efeito, directo ou indirecto, mediato ou imediato, sobre
os seres vivos e a qualidade de vida dos seres humanos.
Erosão: desprendimento da superfície do solo pela acção natural dos ventos ou das
águas, que muitas vezes é intensificado por práticas humanas de retirada de vegetação.
Evolução: indica a acção ou efeito de evoluir. Uma evolução remete para o aperfeiçoameto,
rescimento, desenvolvimento de uma ideia, sistema, costume ou indivíduo. Na política, a
evoluão remete para um melhoramento gradual de parâmetros sociais, econômicos, e políticos
de uma população.
Legislação Ambiental: abrange todo e qualquer diploma legal que reja a gestão do ambiente.
A educação ambiental, cuja génese pode ser reportada aos anos 60, adveio da tomada de
consciência de que a Revolução Industrial e o progressivo desenvolvimento tecnológico
estavam a colocar em risco não só a nossa sobrevivência, mas também a das gerações
vindouras (Morgado, 2007:12).
De acordo a Maria de Fátima de Souza na sua obra Educação Ambiental: como surgiu e a que
se destina, a humanidade tem experimentado nos últimos dois séculos um grande crescimento
científico e tecnológico. Todavia, o processo de produção industrial contribuiu para mudanças
dos valores, no modo de vida da sociedade e na percepção das pessoas a respeito o meio
ambiente, o qual tem sido tratado como fonte de recursos, cuja utilização em muitos casos,
tem sido praticada sem se estabelecer limites e critérios adequados. Em consequência desse
conjunto de factores, surgiram problemas ambientais de dimensões variaveis ao redor do
planeta.
Como contraponto à crise socioambiental, diversos sectores da sociedade tem se mobilizado
para buscar soluções e mudanças.
Muitos são os estudos que referem que esta temática apenas está vertida em obra escrita
especificamente na década de 60 do século passado, mas, há que referir que já em 1801 tinha
sido publicada nos Estados Unidos da América a obra Man and Nature or Physical
Geography as Modified by Human Action e, essa sim, foi encarada como a primeira chamada
de atenção para a exploração desmedida dos recursos naturais e para as perigosas
consequências que esse tipo de descontrolo poderia acarretar para a sobrevivência do
Homem e do Planeta (Esteves, 1998). Ou seja, tornou-se então imprescindível e inadiável a
sensibilização e modificação de certos comportamentos para tentar responsabilizar cada um
de nós (Morgado, 2007:13).
Posto isto, em 1962, a Bióloga americana Rachel Carson publicou o livro Primavera
Silenciosa poucos, muito poucos, eram os homens que reconheciam a vulnerabilidade da
natureza face à atuação humana e muito menos ainda os que aceitavam a natureza como
meio natural do seu próprio desenvolvimento.
Naquele tempo a humanidade entendia o meio ambiente em que se fixava como uma
ferramenta, um instrumento subserviente aos seus caprichos progressistas e economicistas.
A obra da cientista que veio denunciar os efeitos nefastos na vida animal, vegetal e humana
da aplicação exagerada do inseticida DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano) encontrou
sérios opositores junto de departamentos governamentais americanos, onde a obra foi
inicialmente publicada e, sobretudo, nos sectores económicos da agropecuária, mas
ultrapassou os obstáculos e ficou marcada para sempre como o primeiro grande alerta à
humanidade sobre os males que a acção e intervenção humana estavam a provocar no
ambiente.
De facto, ficamos a dever a esta americana muito mais do que a denúncia dos efeitos
deletérios dos inseticidas que até então se atiravam indiscriminadamente do ar sobre as
enormes plantações agrícolas nos Estados Unidos, e mais até do que a proibição oficial
do uso desse, e de outros, inseticidas, ficamos-lhe a dever a consciencialização pública de
que a Natureza é vulnerável à atuação humana (Weid, 1997).
O seu alerta foi assustador de mais para ser ignorado: a contaminação de alimentos; os riscos
de contração de vários tipos de cancro; as alterações genéticas; a extinção de espécies
inteiras (como as abelhas sem as quais deixaria de haver a polinização) eram agora
realidades palpáveis, até porque de facto os americanos de então deixaram de ouvir os
pássaros cantar pois que estes sucumbiram à força dos inseticidas. Estas eram realidades
que tinham que ser evitadas e todos concordaram que a melhor maneira de começar o
trabalho era regulamentar a produção industrial em função da proteção do meio ambiente e
educar os industriais e os cidadãos para a aceitação das novas leis.
Começava-se então a dissipar a ideia generalizada de que a Natureza era uma fonte
inesgotável de recursos e pela primeira vez na história da humanidade a Organização da
Nações Unidas preparou, em Estocolmo, na Suécia, uma conferência mundial que juntou
113 países e 400 organizações governamentais e não-governamentais para debater,
unicamente, as questões relativas ao ambiente. Pela primeira vez também se determina
como princípio fundamental a necessidade de educar para o ambiente.
Esta resolução veio alterar a maneira economicista de pensar e de estar no mundo, veio
colocar um travão à procura do lucro a qualquer custo, e estipulou, para isso, uma
“reclassificação das prioridades nacionais e regionais” (Carta de Belgrado, 1975)
aconselhando ao questionamento das políticas que procuravam maximizar a produção
económica sem ponderar nas consequências que esses atos traziam para a sociedade e para
os recursos de que depende a melhoria da qualidade de vida.
Tendo então estes pareceres como principio orientador, e com eles também as
considerações avançadas pela Recomendação 96, a Carta de Belgrado adianta que a
reforma “dos processos e sistemas educacionais é central para a constatação dessa nova
ética de desenvolvimento e ordem económica mundial”, (Carta de Belgrado, 1975), e
justifica, adiantando que “os governantes podem ordenar mudanças e novas abordagens de
desenvolvimento e podem melhorar as condições do mundo, mas tudo isto se constituirá
em soluções de curto prazo se a juventude não receber um novo tipo de educação” (Carta
de Belgrado, 1975).
Assim, e ainda de acordo com esta histórica redação, estas novas abordagens de ensino
vão requerer “um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre a
escola e a comunidade, entre o sistema educacional e a sociedade” (Carta de Belgrado,
1975).
O resultado do trabalho desta comissão, que demorou 4 anos a ser elaborado, foi
apresentado em Abril de 1987, em forma de Relatório a que os seus autores chamaram
“Our Common Future” (O Nosso Futuro Comum) mas que o mundo ainda hoje sustenta,
sob a designação de Relatório Brundtland. Este documento veio apresentar uma visão
complexa das causas dos problemas socioeconómicos e ecológicos da sociedade e as inter-
relações entre a economia, a tecnologia, a sociedade e a política, alertando para a
necessidade de adoção de uma nova postura ética, caracterizada pela responsabilidade
tanto entre as gerações como entre os membros da sociedade de então.
Tendo em vista o alcance de tão ambicioso objetivo o trabalho da Comissão proposta pelas
Nações Unidas sugere várias medidas de atuação, tais como a limitação do crescimento
populacional; a diminuição do consumo de energia; o aumento da produção industrial nos
países não-industrializados, o controlo da urbanização desordenada e a redução do uso
de produtos químicos, entre muitas outras, e estas medidas, como facilmente se depreende,
não caíram nas boas graças dos líderes dos setores económicos e produtivos do mundo
pois que iam ao encontro direto das suas maiores fontes de lucro.
Para além da importância em si mesma do trabalho Brundtland é aqui, neste aspeto, que ele se
sobreleva a favor da Educação Ambiental pois que as vozes que lhe foram contraditórias veio
reforçar o que até agora se pensara e dissera sobre a necessidade de acompanhar a
implementação das medidas redutoras do impacto humano no meio ambiente. Os líderes
do mundo tinham agora plena consciência de que nenhuma dessas medidas resultaria com
eficácia total, mesmo que aplicadas sob a força da lei, se as mentalidades humanas não
fossem moldadas desde cedo a favor destes objetivos.
Neste novo encontro faz-se uma avaliação dos avanços da Educação Ambiental deste Tbilisi e
são reafirmados os princípios aí estabelecidos para esta “disciplina”. A novidade do
Congresso de Moscovo prende-se com o facto de aqui se ter assinalado a importância e
a necessidade de pesquisa em Educação Ambiental. No decorrer das sessões de trabalho
desta reunião foi criado um quadro teórico-metodológico para a concretização efetiva da
Educação Ambiental e foi sugerida uma reorientação do processo educacional.
Depois de Moscovo a ONU só voltará a juntar num mesmo evento e com os mesmos
propósitos todos os signatários das conclusões aqui obtidas em 1992, no Rio de Janeiro, no
Brasil, mas antes dessa Conferência de “Cúpula da Terra”, como a apelidaram os anfitriões,
houve espaço para a realização de um primeiro seminário sobre materiais para a Educação
Ambiental, no Chile, o que mostra que a implementação da parte prática da mesma já estava
a ser promovida, e para a divulgação da Declaração de Haia, 1989, agora considerada o
preâmbulo, do encontro brasileiro de 92, que apontava a importância da cooperação
internacional nas questões ambientais.
A quantidade de nomes com que ficou conhecida a importante Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento que decorreu no Brasil entre os dias 3 e
14 de Junho de 1992 é, por si só, expressão do impacto que este encontro sucessor de
Moscovo teve em todo o planeta.
A Eco-92, Rio-92, Cimeira da Terra e até Cúpula da Terra, que tinha na linha da frente da
ordem de trabalhos dos 175 países participantes a procura dos meios de conciliação entre o
desenvolvimento socioeconómico e a conservação e proteção dos ecossistemas da Terra
consagrou o conceito de Desenvolvimento Sustentável e contribuiu para a
consciencialização efetiva de que os danos provocados ao meio ambiente eram
maioritariamente da responsabilidade dos países desenvolvidos.
Algumas das principais determinações da Agenda do século XXI, que quase todos os países
do mundo ratificaram, ainda não tinham sido implementadas e registava-se um sentido de
dificuldade por parte dos países mais desenvolvidos em reconhecerem a responsabilidade
que lhes cabia na implementação das medidas aventadas pela referida Agenda pois que a
sua efetiva adoção resultará na diminuição efetiva da produção industrial e do consumo.
A economia e o lucro ganhavam assim mais uma batalha contra as orquestras de pássaros
que fazem a música da Primavera nas margens do Mississípi. A esperança destes
pequenos músicos da Natureza está depositada nas mãos da Educação Ambiental.
A título de exemplo podemos ver o impacto que teve o movimento e esforço planetário levado
a cabo pelo ex. vice-presidente do EUA, Al Gore, coroado com o documentário
vastamente premiado “An Inconvenient Truth” (Uma Verdade Inconveniente), assim
como a iniciativa levada a cabo neste ano pelo Nobel da Paz, presidente Barack Obama, o
qual assume um papel de liderança mundial nesta área ao levar a um importante encontro
a acontecer em Paris (no final deste ano “A Cúpula do Clima de Paris” 7 ) um dos mais, se
não o mais arrojado plano de redução de emissão de CO2 no setor, no caso em 32% nos EUA,
até 2030, denominado de Plano de Energia Limpa nos Estados Unidos” e que, assim crê o seu
mentor irá ter largo consenso mundial entre pares.
1.1.2 Educação Ambiental formal, não formal e informal.
A educação global de cada indivíduo vai muito para além da académica ou formal,
sendo a formação individual uma construção dos vários contributos educativos formais, não
formais e informais (Palma, 2005). Numa sociedade complexa como a que estamos a viver,
estas distintas formas educativas não são exclusivas, mas complementares. Com a escola,
coexistem outros mecanismos educativos, em interação dinâmica, que não são opostos ou
alternativos, mas antes atuam como complementares na sua educação. Além disso, a educação
não se limita aos anos de escolarização, pois os processos educativos alargam-se a espaços
e grupos muito diversos e podem estender-se ao longo da vida (Palma, 2005).
A importância da Educação Ambiental formal e não formal tem sido reconhecida desde
o início da década de 70 do século passado (Hollweg et al., 2011). Sauvé (1997) salienta a
importância e a complementaridade entre a educação formal, dada na escola, a educação não
formal, concretizada através de diversas organizações da vida social, e a educação informal,
que consiste num processo difuso, circunstancial, que se desenrola no decurso de encontros,
leituras, acontecimentos.
Numa perspetiva metodológica, estas abordagens de ensino poderiam ser encaradas como não
formais. Contudo, a mesma designação é dada a muitas abordagens de Educação
Ambiental que nada têm a ver com a escolarização obrigatória. Assim, com o tempo foi- se
tornando evidente a necessidade de se estabelecer um sistema que permitisse clarificar
os conceitos e foram surgindo diversos estudos nesses sentido, uns dando mais relevância aos
objetivos a atingir, outros a quem controla o processo educativo, outros à metodologia usada
(Heimlich, 1993). Embora com resultados diferentes em função dos aspetos que
consideram centrais para essa classificação, vários autores consideram a existência de
três tipos de educação: educação formal, educação não formal e educação informal (Coombs e
Ahmed, 1974, citados por Tri1la, 1996; Heimlich, 1993; MINUA, 2006):
a) Educação Ambiental formal: educação que é desenvolvida por um período fixo de tempo,
em estabelecimentos escolares próprios, orientada para objetivos específicos e geralmente
implementada por professores ou educadores.
Nos finais do século XX, nasce uma nova perspetiva ecológica que reclama a
consideração indissociável entre a natureza e a sociedade, defendendo um modelo de
desenvolvimento que permite participação equitativa de todos os países, assente numa
tecnologia diferente, e num modelo de vida que não pode basear-se apenas num
crescimento indefinido e ilimitado. A Educação Ambiental inserida neste contexto foi
evoluindo também através da aceitação da existência de um contínuo entre selvagem (quase
isento de intervenção e presença humana) e humanizado (meio em que a presença
humana domina), com os olhos postos na construção de um futuro pensado e vivido numa
outra lógica de desenvolvimento e de progresso, que vem sendo apelidado de
desenvolvimento sustentável. Assim, alguns autores, como Freitas (2000) consideram que
a EA deve ser cada vez mais vista como sinónimo de Educação para o Desenvolvimento
Sustentável ou Educação para a Sustentabilidade.
Para caracterizar as atitudes do homem face ao ambiente, existem várias correntes filosóficas,
de entre as quais se podem salientar o antropocentrismo, biocentrismo e ecocentrismo.
Na perspetiva antropocêntrica, o homem é o centro das preocupações ambientais.
Assim, o antropocentrismo pode ser considerado uma visão das relações existentes entre o
Homem e o Universo, baseada numa ação dominadora (Esteves, 1998). Neste sentido, a
perspetiva sobre o ambiente caracteriza-se por uma visão instrumental da Natureza, ou seja, a
Natureza existe para ser explorada ao nível dos recursos aí existentes, para a obtenção
da satisfação humana que proporciona o seu bem-estar.
O pensamento aristotélico é influenciador, até aos dias de hoje, do pressuposto de que a
natureza foi criada para usufruto humano. Para Almeida (2007b), a perspetiva antropocêntrica
pode ser sistematizada nas seguintes ideias:
A especificidade humana, fruto das suas capacidades, coloca o Homem numa posição de
domínio; O Homem é dono do seu próprio destino, e está nas suas mãos usufruir das
potencialidades ilimitadas que o mundo tem para oferecer; O progresso é inerente à
história da humanidade, e prova disso é a sociedade tecno-industrial. (p. 31)
Esta perspetiva defende a ideia do domínio humano sobre a natureza, mas assume também
medidas conciliadoras com ela. Nenhuns dos direitos humanos básicos, como a liberdade, a
felicidade, a justiça, a qualidade de vida, podem ser assegurados sem um bom ambiente. Por
isso, para ser saudável e seguro, o ambiente precisa dos contributos das diferentes atividades
assumidas pelos ecossistemas (produção de oxigénio, produção de biomassa, depuração
dos materiais, entre outras), pelo que tem de manter as condições para que essas funções
se concretizem (Almeida, 2007b), procurando compatibilizar a centralidade humana com a
utilização sustentável do mundo natural” (p. 32).
Almeida (2007b, citando Schweitzer, 1987) salienta que o homem, “quando se torna um
ser pensante, encara a sua vida com reverência e estende-a a todas as outras formas de vida,
passando a preservação e promoção da vida a constituir os seus valores mais elevados” (p.
61). Rosa (2004) salienta que todos os animais e plantas têm interesses, os quais os
colocam na esfera da consideração moral e refere ainda que autores como Schweitzer e
Taylor defenderam o igualitarismo biocêntrico que se pode sintetizar no seguinte:
a) Todos os seres vivos tem um bem próprio que emana das suas necessidades e
capacidades biológicas, ou seja, podem ser prejudicados ou beneficiados quer, possam
sentir quer não;
b) Os seres vivos são dotados de valor inerente, o qual emana do facto de terem um
bem próprio, e que constitui um pressuposto básico da atitude de respeito pela natureza;
Por último, há ainda a considerar a perspetiva ecocêntrica, a qual coloca o Homem numa
relação diferente com o ambiente natural, abandonando a postura de conquistador e passando
a membro da comunidade biótica, numa atitude de respeito para com os seus constituintes e
para com a própria comunidade, como um todo. A teoria ecocêntrica tem como pressuposto
base que a natureza tem um valor intrínseco e que essa valorização conduz à necessidade de
repensar a postura do Homem para além das relações com os seres vivos e estendendo-a a
outros elementos como as rochas, o solo, e a água, assim como aos próprios processos de
natureza físico-química, geológica e biológica que ocorrem nos ecossistemas.
A Terra tem sido encarada em termos exclusivamente económicos, funcionando como uma
fonte de privilégios, sem as correspondentes obrigações, pelo que, para ultrapassar
todos estes erros, é necessário uma mudança de atitude (Leopold, 1989, citado em
Almeida, 2004). Contudo, inverter essa tendência, no sentido de tentar resolver os
problemas ambientais que a Terra enfrenta, requere muita coragem dos Homens, para
mudarmos as atitudes face ao ambiente que nos rodeia.
É necessária uma nova relação Homem-Natureza, quer do ponto de vista ecológico, quer
moral e económico. Daí a importância da mudança de atitudes para um mundo melhor e a
pertinência de uma ação educativa que permita infletir as tendências que se têm feito sentir
nas sociedades atuais fomentar essa mudança.
1.4 A Escola e a Educação Ambiental
A ação do homem sobre a natureza tem trazido muitas consequências ambientais complexas,
exigindo que a sociedade desenvolvesse estratégias para lidar com o problema. Ao
longo da segunda metade do século passado, foi-se instituindo a Educação Ambiental
em muitos contextos informais, através das ONG, das autarquias, e de outras instituições.
Tal como refere Carvalho (2006), a EA foi “considerada inicialmente como uma
preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de consciencialização, capaz de
chamar a atenção para a má distribuição do acesso aos recursos naturais, assim como
ao seu esgotamento, e envolver os cidadãos em ações sociais ambientalmente
apropriadas.
Formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas
com ele relacionados, uma população que tenha conhecimento, competências, estado de
espírito, motivações e sentido de empenhamento que lhes permitam trabalhar
individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais, e para impedir que eles se
repitam.
Sendo assim, a escola constituiu-se como um espaço onde o aluno pode analisar a natureza
dentro de um contexto de práticas sociais e partindo de uma realidade complexa e
multifacetada. Segundo Alencar (2005), envolvidas em estudos, discussões e projetos
ambientais, as escolas cumprem seu papel, ao lado das empresas e da comunicação
social, ao formar cidadãos críticos, conscientes e também formadores de opinião.
Contudo, tal com adverte Esteves (2013, citando Rowe, 2000) “a escola, tendo um papel
primordial na educação dos alunos, requer professores comprometidos e empenhados
com as problemáticas do ambiente, mas é importante compreender que muitos professores
têm pouca formação neste domínio e foram frequentemente formados tendo por base o
paradigma antropocêntrico, em que a natureza deve ser conquistada para melhorar as
condições de vida humanas, podendo suportar facilmente a poluição e a alteração dos
ecossistemas.
Analisando a educação no seu sentido mais amplo, percebe-se a sua importância e que
é um requisito para promover as mudanças comportamentais de todos os cidadãos,
necessárias ao alcance do desenvolvimento sustentável. Esta educação acontece desde os
primeiros anos de vida, sob a orientação da família, mas cada vez mais na escola, sob a
orientação dos professores. Em todo esse trajeto, são preparados para a profissionalização e
para o exercício da cidadania, ficando prontos para viver em comunidade.
Daí que a transmissão de saberes e de valores, que um indivíduo recebe ao longo do seu
percurso escolar são indispensáveis para o desenvolvimento de atitudes e de
comportamentos que assegurem que essas vivências em comunidade são respeitadoras dos
outros seres humano e dos sistemas naturais.
1.5 A Educação Ambiental como uma recente discussão sobre as questões ambientais e
transformações de conhecimentos
Não basta formular ideias para a construção de um novo ideário comportamental humano, é
necessário também um estudo aplicativo dessas ideias para que se concretize uma real solução
dos problemas ambientais. A sociedade não necessita apenas de consciência, ela precisa
também de práticas que ajudem a solucionar os diversos problemas do mundo (Sato, 2001).
Uma alfabetização científica que tenha como base a relação com a sociedade e o meio
ambiente torna-se uma exigência para a população. Isso não significa transformar todos os
cidadãos em cientistas, mas sim fornecer informações básicas (Gil-Pérez; Vilches, 2004) que
permitam a compreensão, por parte dos cidadãos, das possíveis soluções e de suas melhores
aplicações (Praia; Gil-Pérez; Vilches, 2007, p. 143).
No fim da década de 1960, cria-se uma nova área de estudos, baseada nas relações entre a
ciência e a tecnologia (C&T) com a sociedade, representada pela sigla CTS (Invernizzi;
Fraga, 2007).
O campo CTS também pode ser tratado como CTSA. A expansão dessa sigla representa o
importante impacto socioambiental da educação ambiental no ensino CTS. A educação CTSA
é uma poderosa ferramenta que necessita ser reconhecida internacionalmente para que se
conquistem todos os objetivos do campo CTS e de uma política científica e tecnológica que
busca a modificação do atual desenvolvimento para outro que seja realmente sustentável. O
atual desafio é a integração dessas duas dimensões (educação ambiental e CTS) que devem
constituir o mesmo ensino (Invernizzi; Fraga, 2007).
O ensino de ciências ainda não passa de uma simples revisão dos principais conhecimentos já
descobertos pelo homem, um modelo de ensino tradicional (Marandino; Ianelli, 2012). O
espírito investigativo, de melhorias e descobertas, presente num verdadeiro cientista, e que
deve estar presente também no professor de ciências, é perdido ao longo da importante
formação dos discentes (Gil-Pérez et al., 1999 apud Praia; Gil-Pérez; Vilches, 2007, p. 147).