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ORÇAMENTO PÚBLICO: UMA ANÁLISE DO DÉFICIT E SUPERÁVIT NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE MACAÍBA/RN 1

Wilson Silvestre da Rocha2


Jadilson Gonçalves de Andrade3

RESUMO - Esse artigo tem por objetivo geral dissertar sobre o orçamento público e objetivo
específico fazer uma análise do déficit e superávit na administração do município de Macaíba/RN no
período de 2006 a 2009. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, descritiva e explicativa. O
Orçamento Público é o principal instrumento de planejamento e execução das receitas e despesas
governamentais. Os componentes do Ciclo Orçamentário são: O Plano Plurianual (PPA) que é
realizado no início de cada governo e defina as diretrizes e as prioridades da gestão para quatro anos
e deve está em conformidade com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na qual ele vai mostrar
quais os objetivos e metas prioritárias para o ano e que deverá esta em conformidades com a Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) que rege sobre finanças e apresenta como princípio básico o
equilíbrio entre receitas e despesas e por fim a Lei Orçamentária Anual (LOA) que podemos dizer que
é o orçamento propriamente dito, pois detalham os orçamentos, prever os recursos para que as
ações preestabelecidas na LDO sejam concretizadas proporcionando benefícios a toda sociedade.
Analisando o resultado do quociente orçamentário conclui-se que o município de Macaíba/RN é
economicamente estável, às vezes ocorrem pequenos déficits, todavia tão logo se consegue o ponto
de equilíbrio econômico.

Palavras-chave: Orçamento Público. Lei de Responsabilidade Fiscal. Plano Plurianual. Lei de


Diretrizes Orçamentárias. Lei orçamentária anual.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo discorre sobre o orçamento público: uma análise do déficit e


superávit na administração pública do município de Macaíba/RN. É senso comum
que a administração pública não visa lucros pois procura estabelecer o mais perfeito
equilíbrio econômico entre suas ações, ou seja, entre suas receitas e despesas,
tendo como um dos principais objetivos o bem-estar coletivo. Quando se trabalha
com planejamento, seriedade e gestão eficaz dos gastos públicos, os resultados
logo acontecem, consequentemente a população recebe melhores serviços, e os
governantes, por sua vez, passam a ter índices elevados de aprovação por parte da
população.
Dessa forma, o que se questiona então é: O orçamento público auxilia a
administração pública do município de Macaíba/RN a manter o equilíbrio
econômico?

1
Artigo apresentado ao Curso de Ciências Contábeis, como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Ciências Contábeis.
2
Graduando em Ciências Contábeis. wilsonsilvestredarocha@yahoo.com.br
3
Orientador Prof. Esp. Jadilson Gonçalves de Andrade. Jadilson.andrade@terra.com.br
2

Este artigo tem por objetivo geral dissertar sobre o orçamento público e
objetivo específico fazer uma análise do déficit e superávit no município de
Macaíba/RN no período de 2006 a 2009. Este estudo é relevante pois trata do
assunto tanto no aspecto teórico como prático oferecendo aos leitores um resultado
objetivo da situação econômica do município no referido período.
O artigo está estruturado da seguinte forma: na primeira parte introduz o
conceito de administração pública, as classificações das receitas e despesas
públicas, em seguida as definições de Planejamento Governamental e Orçamento
Público tendo em vista estarem intrinsecamente ligados e ocorrerem nesta
sequência e posteriormente vêm os conceitos da Lei de Responsabilidade Fiscal
que serve de elo para o Ciclo Orçamentário instituindo-lhes diversos mecanismos
para o PPA, LDO e LOA.
No que diz respeito a metodologia aplicada, a pesquisa é bibliográfica, pois
conforme Lakatos e Marconi (2007, p. 185) “[...] abrange toda bibliografia tornada
pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais,
revistas, livros, pesquisas, monografias [...]”. Quanto aos objetivos pode ser
classificada em descritiva, pois observa, analisa e ordena dados, sem manipulá-los,
isto é, sem interferência do pesquisador (ALMEIDA, 1996). Ainda, pode ser
classificada em explicativa, pois aprofunda o conhecimento da realidade, explica a
razão, o pôrque das coisas (GIL, 2002).
Foi realizada uma coleta de dados a partir de livros técnicos especializados
nos conceitos de administração pública, dissertações, seleção de diversos artigos
científicos, monografias, revistas, internet e principalmente informações contidas nos
Balanços Gerais do município de Macaíba/RN.
Na prática a coleta de dados significa em colocar em andamento os
procedimentos planejados para se atingirem os objetivos do trabalho científico
(SANTOS, 1999). Os dados coletados foram analisados de forma organizada e
sistemática, comparando os diversos documentos, seus conceitos, assuntos,
levantando hipóteses, também foi realizada uma análise do Balanço Orçamentário
Público do município de Macaíba/ RN no período de 2006 a 2009, utilizando-se de
gráficos, quadros e informações contidas no relatório fiscal, documento instituído
pela Lei Complementar 101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Compreende-se por administração pública toda máquina do estado


preordenada a prática das atividades públicas; ou seja; é o conjunto de agentes
atuantes, pessoas físicas e jurídicas com a incumbência de administrar o patrimônio
público, na intenção de satisfazer as necessidades da coletividade e proporcionar o
bem-estar de todos.
O conceito de Meirelles (2004, p. 64) é mais amplo:

Em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos


objetivos do governo; em sentido material é o conjunto das funções
necessárias aos serviços públicos ou geral; em acepção operacional, é o
desempenho perene e sistemático, legal e técnico dos serviços próprios do
Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. Em uma visão
global, a administração é todo o aparelho de Estado preordenado a
realização de serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas.

A prática do gestor público deve seguir a um planejamento, tendo em vista o


desenvolvimento social e a melhor qualidade de vida dos seus munícipes, uma vez
que a administração pública, na condição de gestora do patrimônio público deve
também submeter-se e respeitar certos dispositivos legais tanto no que diz respeito
a obtenção de receitas quanto a execução de despesas.

2.1 RECEITA

A receita pública refere-se a todos os ingressos captados pelo Estado e que


serão usados para atender as necessidades da coletividade, já que a administração
pública não visa auferir lucros. Estas receitas não podem ser restituídas e estão
efetivamente sujeita ao recebimento em virtude da lei (KOHAMA, 2010).
A receita pública está dividida em dois grandes grupos: Receita Orçamentária
e Receita Extraorçamentária. Ambas pertencem ao Balanço Financeiro, enquanto a
primeira pertence ao Orçamento Público a outra é tratada apenas como entradas
compensatórias.
Quanto a Categoria econômica as receitas são classificadas em Receitas
Correntes e Receitas de Capital. As Receitas Correntes estão ligadas a economia e
representa as operações correntes não providas da alienação de bens.
Conforme explica Debus (2010, p. 67) Receita Corrente é:
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[...] quando seu pagamento, pelo contribuinte, e o correspondente ingresso


dos recursos no Tesouro do Estado não causa qualquer impacto em termos
de seu patrimônio, porque se trata de mera transferência de recursos do
privado para o público. O principal exemplo de receita corrente é o tributo
(imposto, taxa, contribuição social, etc.).

Já a Receita de Capital tem impacto direto no Patrimônio Público e seu


recebimento obedece ao regime de caixa, entre estas estão as Operações de
Créditos, Alienações de Bens, Amortizações de Empréstimos, Transferências de
Capital e outras Receitas de Capital (KOHAMA, 2010).

2.2 DESPESA

Na Contabilidade de Custos, as palavras custos e despesas frequentemente


causam confusão na concepção dos leitores desatentos, podendo ser confundidas
com desembolso e investimento. Conforme Martins (2003, p. 17) “Despesa é o bem
ou serviço consumido direto ou indiretamente [...]”. Na Contabilidade Pública sua
definição é mais complexa, e possui um teor essencialmente legal; refere-se a todo
pagamento efetuado a qualquer título pelos agentes pagadores.
Conforme conceitua Kohama (2010, p. 87):

Constituem Despesa Pública os gastos fixados na lei orçamentária ou em


leis especiais e destinados à execução dos serviços públicos e dos
aumentos patrimoniais; à satisfação dos compromissos da dívida pública;
ou ainda à restituição ou pagamento de importâncias recebidas a títulos de
cauções, depósitos, consignações etc.

Portanto, despesa no setor público representa o dispêndio financeiro


realizado na obtenção de bens e serviços, ou ainda um sacrifício econômico do
Estado ou de outra pessoa de direito público que contribuirá para uma melhor
prestação de serviços, e consequentemente proporcionando a satisfação das
necessidades dos seus cidadãos.

2.3 CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA

A despesa pública classifica-se em dois grandes grupos; a saber: Despesa


Orçamentária e Despesa Extraorçamentária, ambas pertencem ao Balanço
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Financeiro, enquanto a primeira é parte integrante do Orçamento Púbico e depende


de autorização legislativa, a outra não.
Conforme explica Carvalho (2005, p. 183):
Despesa Orçamentária: é a Despesa que esta incluída na Lei Orçamentária
Anual e ainda as provenientes dos Créditos Adicionais; Extraorçamentária:
é a despesa que não consta na Lei Orçamentária Anual, compreendendo
as diversas saídas de numerários, decorrentes do pagamento de: Depósitos;
Cauções; Pagamentos de Restos a Pagar, resgate de operações de crédito
por antecipação da receita, quaisquer saídas para pagamentos das entradas
de recursos transitórios, etc.

Quanto à natureza, a Despesa Pública está dividida em três grupos:


Categoria econômica, Grupo da natureza da despesa e Modalidade de aplicação,
esta classificação em níveis de agregação é relevante, pois tem como finalidade
informar os meios utilizados na execução da despesa. Conforme enumera Kohama
(2010, p. 90), “na lei orçamentária, a descriminação de despesa, quanto a sua
natureza, far-se-a no mínimo por categoria econômica, grupo de natureza e
modalidade de aplicação”.

2.4 CATEGORIA ECONÔMICA

Nesta categoria o conceito é abrangente referindo tanto a receita como a


despesa, fornecendo indicativos a despeito dos gastos públicos, e ainda possibilita
fazer uma avaliação do impacto das ações dos governos sobre toda economia, e
classificam-se em Despesas correntes e Despesas de capital.
Conforme explica Lima (2003, p. 59):

Despesa corrente: representa as despesas que não contribuem,


diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital,
respondendo pela manutenção das atividades de cada órgão / entidade;
despesa de capital: representa as despesas que contribuem diretamente
para formação ou aquisição de um bem de capital.

Ainda podemos acrescentar que as Despesas correntes são gastos de


natureza operacional realizadas pelas instituições públicas para manutenção e
funcionamento dos órgãos públicos. Na subcategoria de Despesas Correntes estão
as Despesas de custeio, as Transferências correntes; Pessoal e Reflexos; juros e
encargos da Dívida e outras despesas correntes e na subcategoria Despesas de
capital fazem parte: os Investimentos, as Inversões Financeiras e a Amortização.
(KOHAMA, 2010).
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2.5 GRUPOS NATUREZA DE DESPESA

É um agregador de elementos de despesa com as mesmas características


quanto ao objeto de gasto, podendo relacionar-se facilmente com qualquer categoria
econômica da despesa, informa se a despesa é com pessoal e Encargos sociais,
Juros e Encargos da dívida, outras Despesas correntes, Investimentos, Inversões
Financeiras ou Amortização da dívida. Seu conceito está disposto na portaria
interministerial nº 163, de 04 de maio de 2001.
Conforme Kohama (2010, p. 91) citando a Portaria Interministerial nº 163, de
04 de maio de 2001:
§ 2º Entende-se por grupos de natureza de despesa a agregação de
elementos de despesa que apresentam as mesmas características quanto
ao objeto de gasto. § 3º O elemento de despesa tem por finalidade
identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas,
juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados sob
qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e
material permanente, auxílios, amortização e outros.

Este grupo de despesa é bastante específico e homogêneo, tais


classificações deste grupo trarão incontestáveis benefícios sobre todos os aspectos,
especialmente para o levantamento e análise de informações, tornando-se
facilmente identificável.

2.6 MODALIDADE DE APLICAÇÃO

Compreende-se por modalidade de aplicação as formas pelas quais os gastos


serão realizados, isto é, de que modo serão efetuadas as transferências dos
recursos para os outros órgãos, instituições e entidades (pública ou privada); se
dentro do país ou no exterior, ou se estes recursos serão aplicados diretamente pela
unidade detentora do crédito orçamentário (KOHAMA, 2010).
Segundo Lima (2003, p. 60) explica:
Transferências a União - despesas realizadas pelos Estados, Municípios ou
pelo Distrito Federal, mediante transferência de recursos financeiros da
União, inclusive para suas entidades da administração indireta,
Transferências a Estados e ao DF - despesas realizadas mediante
transferência de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos
Estados e ao Distrito Federal, inclusive para suas entidades da
administração indireta.
Transferências a Municípios - despesas realizadas mediante transferência
de recursos financeiros da união ou dos Estados aos Municípios, inclusive
para suas entidades da administração indireta.
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Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos - despesas


realizadas mediante transferência de recursos financeiros a entidades sem
fins lucrativos que não tenham vínculo com a administração pública [...]

Quanto à classificação da despesa, dá-se por meios de códigos e dígitos,


disposto na seguinte estrutura: xxxx.xx.xx – o código da natureza de despesa é
composto por seis até o nível de elemento ou, opcionalmente, por oito algarismos
com o desdobramento facultativo do elemento.1º - Categoria econômica da despesa,
2º - Grupo de natureza da despesa, 3º - Modalidade de aplicação, 4º - Modalidade
de aplicação, 5º e 6º - Elemento da despesa e por 7º e 8º sendo relativo ao
desdobramento do elemento de despesa (facultativo).

3 PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL

A função de planejar é um processo racional que visa definir objetivos e os


meios para concretizá-los, ou seja, a formulação sistemática de um conjunto de
decisões, devidamente integrado, que expressa os propósitos e condiciona os meios
para atingi-los. O processo de programar é parte integrante da função administrativa.
(Albuquerque, 2002).
No sentido de planejamento governamental, planejar é traçar plano de ação,
visando promover o bem-estar da sociedade, levando em consideração os escassos
recursos em face as necessidades crescente da população, ainda segundo Lafer
(1970, p. 7) “[...] o planejamento é um modelo teórico para ação, sendo a
organização racional e sistemática a partir de hipóteses sobre a realidade”. São três
os instrumentos básicos do Planejamento Governamental ou Orçamentário.
Conforme explica Debus (2001, p. 124):

[...] o Plano Plurianual – PPA, destinados as ações de longo prazo,


coincidindo com duração de um mandato do chefe do executivo; o
orçamento anual, para alencar os gastos de um exercício; a LDO – Lei de
Diretrizes Orçamentárias, para servir de elo de ligação entre os dois
instrumentos. A LRF procura aperfeiçoar a sistemática traçada pela norma
constitucional, atribuída a novas e importantes funções aos dois últimos
documentos.

No caso do município, o uso de tal estrutura deverá se adequar as


particularidades da gestão municipal, em que se evidenciarão nos aspectos
específicos da administração local, refletidos nos programas locais e no orçamento,
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ajustados pela lei orgânica em consonância com as normas estabelecidas na


Legislação Federal.

3.1 ORÇAMENTO PÚBLICO

É o mais importante instrumento de planejamento para a administração


pública onde constam especificadas e detalhadas todas as receitas e despesas que
serão executadas em determinado exercício.
Conforme explica Carvalho (2005, p. 21):

Orçamento é um instrumento de planejamento adotado pela administração


pública – União, Estados, Distrito Federal e Municípios, realizado nas três
esferas de poder – Executivo, Legislativo e Judiciário, o qual prevê ou
estima todas as receitas a serem arrecadadas de fixa as despesas a serem
realizadas no exercício financeiro seguinte, objetivando a continuidade,
eficácia, efetividade e economicidade na qualidade dos serviços prestados à
sociedade.

Na Legislação Brasileira, as características gerais da lei que regula o


Orçamento Público podem ser encontradas no artigo 2º da Lei Federal 4.320/1964, a
qual estabelece que o orçamento constará a discriminação da receita e da despesa,
de modo a evidenciar a política econômico-financeira do governo obedecidos os
princípios orçamentários da legalidade, periodicidade, exclusividade, unidade,
universalidade e ainda os princípios funcionais do equilíbrio, da especificação e da
publicidade (DEBUS, 2001).
Em síntese, o Orçamento Público é a materialização do plano das ações do
governo no qual demonstrará em valores numéricos para onde os recursos
arrecadados serão destinados de forma eficiente e eficaz, e assim proporcionando o
equilíbrio econômico-financeiro das contas públicas.

3.2 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

A Lei de Responsabilidade Fiscal é uma lei complementar, que tem como


finalidade a regulamentação da Constituição Federal, na parte da tributação e do
orçamento, a LRF não veio para substituir a lei n° 4.320/64, que rege sobre finanças
públicas, existente há 46 anos. A LRF apresenta como princípio básico: o equilíbrio
entre as receitas e as despesas.
Seus postulados segundo Debus (2001, p. 122) são:
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Ação planejada e transparente; prevenção de riscos e correção de desvios


que afetam o equilíbrio das contas públicas, a garantia de equilíbrio nas
contas via cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas,
com limites e condições para a remuneração de receitas com pessoal,
seguridade, divida, operações de créditos, concessão de garantia e
inscrições em restos a pagar.

O objetivo principal da LRF está disposto no seu artigo 1º, que consiste em
estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão
fiscal conferindo grande relevância ao acontecimento e fiscalização financeira,
impondo restrições ao poder executivo, dessa forma garantindo o controle dos
gastos públicos.
A LRF converge para o programa de ações planejadas e visíveis com
procedimento de gestão administrativa voltada a credibilidade e a afetividade de
políticas públicas, neste sentido, são três os instrumentos de planejamentos do
gasto público: O Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e
a Lei Orçamentária Anual – LOA, para estes fins são diversos os mecanismos
instituídos pela LRF.
Conforme explica Debus (2001, p. 123):

a) A participação popular na discussão e na elaboração dos planos e


orçamentos,
b) A disponibilidade das contas dos administradores, durante todo o exercício,
para consulta e a apreciação e instituições da sociedade;
c) A emissão de relatórios de gestão fiscal e da execução orçamentária,
igualmente de acesso público e ampla divulgação.

A LRF requer, em síntese: a observação dos princípios: da necessidade de


ser instituído um processo de mudança no âmbito da gestão fiscal; o de ser
priorizada uma política administrativa de redução de despesas; o de se acabar com
certos privilégios existentes no setor público; o de se aumentar as receitas,
principalmente com adoção de uma política fiscal que reduza a sonegação; com
absoluta prioridade ao controle dos gastos e do endividamento.

3.3 CICLO ORÇAMENTÁRIO

3.3.1 Plano plurianual

Conforme dispõe § 1º do Art. 126 da Constituição Federal Brasileira de 1988,


o Plano Plurianual (PPA) é um dos principais instrumentos da administração pública.
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O PPA tem a função de estabelecer, nos casos dos municípios, as diretrizes,


objetivos e metas da administração local para as Despesas de capital e outras
necessidades, abrangendo um período de quatros anos (DEBUS, 2001).
Ainda explica Kohama (2010, p. 35) sobre o PPA:

O Plano Plurianual é um plano de médio prazo, através do qual procura-se


ordenar as ações do governo que levem ao atingimento dos objetivos e
metas fixadas para um período, ao nível federal, e também quatro anos aos
níveis dos governos estaduais e municipais.

De princípio, o texto aprovado pelo Senado Federal prévia a antecipação em


cento e vinte dias do prazo da proposta do PPA ao legislativo da elaboração de uma
política fiscal o que garantiria uma maior unidade entre as esferas federal, estadual e
municipal, todavia esta parte foi vetada pelo presidente da república, assim no
âmbito municipal fica existindo uma flexibilidade, podendo o prefeito em exercício
propor ajustes ao PPA, de acordo com as necessidades locais, desde que a
premissa de lei federal seja observada.

3.3.2 Lei de diretrizes orçamentárias

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é um dos instrumentos de


Planejamento Governamental criado pela Constituição Federal de 1988 para orientar
a elaboração da LOA, e também prescreve sobre o equilíbrio das contas públicas,
determinando as metas fiscais que após sua aprovação passarão a ser
compromisso da administração pública.
Suas prerrogativas segundo Debus (2001, p. 124) são:

a) Dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas;


b) Estabelecer critérios e forma de limitação de empenho, na ocorrência de:
arrecadação inferior ao esperado; de modo a comprometer as metas de
resultado primário ou secundário ou ainda na necessidade de se reduzir a
dívida ao limites estabelecidos.
c) Aprovar normais para o controle de custos de avaliação dos resultados dos
programas financeiros pelo orçamento municipal.
d) Disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e privadas.
e) Definir o resultado primário a ser obtido com vistas à redução do montante
da dívida e das despesas com juros.
f) Limitar a expansão de despesas obrigatórias de caráter continuado.

A LDO é uma lei ordinária, de iniciativa do poder executivo com validade


apenas para cada exercício administrativo; isto é, estabelece e dimensionam as
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prioridades das ações, metas fiscais e financeiras para cada um dos quatro
exercícios considerados no Plano Plurianual.
Ainda, integrará o projeto da LDO anexo das metas fiscais, que tem como
finalidade demonstrar as metas anuais com as respectivas justificações, que avalia o
cumprimento do que foi programado para o ano anterior, também mostra a evolução
do patrimônio líquido e a avaliação da situação financeira, além de outras
informações previstas nos § 2º do Art. 4º (KOHAMA, 2010).
Finalmente, deverá constar na Lei de Diretrizes Orçamentárias o anexo de
riscos, com a avaliação de eventuais passivos contingentes e outros riscos que
possam afetar as contas públicas (DEBUS, 2001).

3.3.3 Lei orçamentária anual

A LOA é igualmente obrigatória com validade para cada exercício fiscal, sua
elaboração e proposição cabe particularmente ao poder executivo segundo as
determinações dispostas na lei orgânica do município e que deve ser submetida a
apreciação do legislativo municipal, obviamente, para que as ações de governo, nela
contidas, seja concretizadas necessita está no orçamento anual.
Conforme explica Kohama (2010, p. 38):

Para viabilizar a concretização das situações planejadas no plano


plurianual, e obviamente, transformá-la em realidade, obedecida a lei de
diretrizes orçamentárias, elabora-se o orçamento anual, onde são
programadas, as ações a serem executadas, visando alcançar os objetivos
determinados.

Então, a LOA consiste no orçamento propriamente dito, pois detalha


pormenorizadamente os orçamentos, prever os recursos necessários para que as
ações preestabelecidas na LDO sejam executadas, sendo assim, a lei orçamentária
anual constitui-se de uma excelente ferramenta de controle do orçamento público.
Segundo Kohama (2010, p. 35) a LOA compreenderá:

I – o orçamento fiscal referente aos poderes executivo, legislativo e


judiciário, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e
indireta inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público,
II – o orçamento de investimento em que o estado, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto; e
III – o orçamento de investimento de seguridade social, abrangendo todas
as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta,
bem como os fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder público.
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A publicação da LOA deverá ser publicada até o último dia do exercício


anterior, é importante frisar que segundo a Lei Orçamentária Anual somente poderá
incluir novos projetos depois de concluir os que estão em andamento e tendo já
honradas as despesas referente a conservação do patrimônio público, portanto o
planejamento e a execução dos programas de governo, consubstanciados no PPA,
LDO e LOA contribuirão para o equilíbrio das contas públicas.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com base nos dados apresentados nos quadros 1 e 2 foi realizada uma
análise da evolução da Receita Corrente Líquida e do Quociente do Resultado
Orçamentário no período de 2006 a 2009. Os gráficos 1 e 2 permite uma melhor
visualização dessas informações facilitando o entendimento e a interpretação dos
resultados analisados.

QUADRO 1 – RECEITA CORRENTE LÍQUIDA (2006 - 2009)


RECEITAS CORRENTES 2006 2007 2008 2009
Receitas Tributárias 2.826.648,64 3.228.328,20 5.067.854,92 5.583.232,11
Receitas de Contribuições 564.412,80 657.897,52 744.702,75 805.644,35
Receita Patrimonial 261.411,78 130.959,24 388.340,23 378.120,26
Transferências Correntes 52.487.533,17 57.855.602,04 69.004.266,81 71.382.881,58
Outras Receitas Correntes 452.483,07 1.832.321,00 813.354,50 893.425,79
(-) Deduções
Ded. de Receita p/ Form. do 4.086.010,50 5.192.113,64 6.667.682,04 7.457.837,63
FUNDEB

Receita Corrente Líquida 52.506.478,96 58.612.994,36 69.350.837,17 71.586.466,46


FONTE: BALANÇOS GERAIS DO MUNICÍPIO DE MACAÍBA/RN
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O gráfico 1 é elaborado com base nos dados do quadro 1, e evidencia a


receita corrente líquida que é o somatório das receitas efetivamente arrecadadas
nas seguintes categorias: a) tributárias; b) de contribuições; c) patrimoniais; d)
transferências correntes; e) e outras receitas correntes deduzidos dos valores que o
município contribui para a formação do FUNDEB. A RCL constitui um elemento
relevante pois seus valores vão refletir diretamente na apuração anual, e também
serve para fixação dos limites para as despesas com pessoal.
Analisando os resultados demonstrados verificamos um crescimento
significante desta receita no período de 2006 a 2007 em volta dos 11,63%, de 2007
a 2008 chegou a 18,31% e de 2008 a 9009 a RCL teve um crescimento de 3,22%,
este incremento ao longo dos anos tem sido preponderante para o objetivo
econômico-financeiro do município de Macaíba.

QUADRO 2 – RECEITAS REALIZADAS E DESPESAS EXECUTADAS (2006 - 2009)


RECEITAS/DESPESAS 2006 2007 2008 2009

Receita realizada 52.746.478,96 60.073.101,86 70.988.354,17 72.830.076,05


Despesa executada 57.191.497,77 57.905.326,69 70.088.844,64 74.249.426,71
FONTE: BALANÇOS GERAIS DO MUNICÍPIO DE MACAÍBA/RN

O gráfico 2 refere-se ao quociente do resultado orçamentário que é resultante


da divisão da receita realizada pela despesa executada e vai indicar a existência de
superávit ou déficit no exercício. A interpretação do quociente orçamentário oferece
três possibilidades: se o quociente for igual a 1 (=1), isso significa que o resultado
econômico é nulo, não houve superávit ou déficit, a segunda possibilidade, sendo o
quociente maior que 1 (>1) isto significa que a receita realizada é maior que a
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despesa executada, portanto, essa diferença representa um superávit orçamentário


e ainda existe a terceira possibilidade, quando o quociente desta divisão for menor
que 1 (<1), significa que a receita realizada é menor que a despesa executada, logo
a diferença vai representar um déficit orçamentário (KOHAMA, 2000).
Analisando a situação econômica do município de Macaíba/RN no período de
2006 a 2009, no exercício de 2006 os resultados apresentados demonstram um
déficit de 0,92 que representa o valor de R$ 4.445.018,81, em 2007 houve um
superávit de 1,03 que deu para pagar as contas restando ainda um saldo de R$
2.167.775,17, em 2008 apesar dos reflexos da crise financeira mundial que começou
em setembro, o município ainda conseguiu manter o superávit de 1,01 com um saldo
positivo de R$ 899.509,53, e em 2009, agravado pela crise financeira mundial o
resultado voltou a ser deficitário em 0,98 que representa um valor de R$
1.419.350,66. Analisando o resultado orçamentário como um todo podemos afirmar
que o município de Macaíba/RN é economicamente estável, e o Orçamento Público
tem realmente auxiliado a manter o equilíbrio econômico, às vezes ocorrem
pequenos déficits, todavia tão logo se consegue o ponto de equilíbrio, pois é
importante relembrar que a administração pública não busca resultados positivos
consecutivos, mas sim como aplicar de melhor maneira os recursos obtidos
mantendo o equilíbrio orçamentário e financeiro.

5 CONCLUSÃO

Esse artigo teve por objetivo abordar sobre do orçamento público fazendo
uma análise do déficit e superávit no município de Macaíba/RN no período de 2006
a 2009. Este estudo é relevante pois permite fazer uma avaliação objetiva da
situação econômica do município de Macaíba/RN no referido período. Para uma
melhor compreensão do tema e do resultado da pesquisa são essenciais e
indispensáveis os elementos conceituais como: Administração Pública, Orçamento
público, Planejamento Governamental, Lei de Responsabilidade Fiscal e os
componentes do Ciclo Orçamentário: PPA, LDO e LOA.
Conforme análise do gráfico da RCL observa-se uma curva ascendente
representando um crescimento sucessivo dessa receita, este incremento é
15

importante pois reflete diretamente no resultado da apuração anual, a Receita


Corrente Líquida serve de base para vários cálculos inclusive para fixação dos
limites para despesa com o pessoal que segundo ainda a LRF não deve ultrapassar
os 60% desta receita.
De acordo com o gráfico 2, os dados revelam que em 2006 ocorre um déficit
de R$ 4.445.018,81 no erário público do município, mas nos anos seguintes de 2007
e 2008 seus resultados foram superavitários em R$ 2.167.775,17 e R$ 899.509,53
sucessivamente, e em 2009 os índices voltaram a cair em virtude da crise mundial
financeira. Com base nos dados apresentados se verifica que a situação econômica
do município de macaíba/RN no período de 2006 a 2009 é estável. Dessa forma
conclui-se que o orçamento público realmente auxilia a administração pública do
município de Macaíba/RN a manter o equilíbrio econômico, todavia, é preciso
vigilância e controle para que os déficits não venham a ser elevados o que causaria
a instabilidade econômica.
Em razão da complexidade da Contabilidade Pública e da matéria do
Orçamento Público, diversos estudos poderão ser realizados como, por exemplo, a
análise pormenorizada dos índices econômicos e financeiros tendo como base os
balanços orçamentário, financeiro e patrimonial e ainda se poderia analisar os
processos estatísticos de melhor previsão das receitas e despesas, etc. Portanto,
esse artigo não tem por pretensão encerrar a discussão a despeito desse assunto.

PUBLIC BUDGET: AN ANALYSIS OF THE DEFICIT AND SURPLUS IN THE PUBLIC


ADMINISTRATION OF THE MACAÍBA/RN CITY

ABSTRACT - This article has for general objective to discourse on budget public and specific
objective to make an analysis of the deficit and surplus in the administration of the city of Macaíba/RN
in the period of 2006 the 2009. One is about a bibliographical, descriptive and explanatory. The Public
Budget is the main instrument of planning and governmental execution of prescriptions and
expenditures. The components of the Budgetary Cycle are: Plan Plurianual (PP) that government is
carried through at the beginning of each and defines lines of direction and priorities of management for
four years and must this in compliance with Law of Lines of Direction Budgetary (LLDB) in which it
goes to show which objectives and goals with priority for year and that this will have in conformity with
Law of Responsibility Fiscal (LRF) that it prevails on finances and presents as principle basic balance
between prescriptions and expenditures and finally Law Budgetary Annual (LBA) that we can say that
is the budget properly said, therefore detail the budgets, to foresee the resources so that the actions
preset in the LLDB are materialize providing benefits to all society. Analyzing the result of the
budgetary quotient it is concluded that the city of Macaíba/RN is economically steady; to the small
times occur deficits, however so soon the economic break-even point is obtained.

Keywords: Public Budget. Law of Fiscal Responsibility. Plurianual Plan. Law of Budgetary Lines of
Direction. Annual Budgetary Law.
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REFERÊNCIAS

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