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Contraditoriamente afirmo, com certa indolência, que a consciência é a configuração de

experiência mais interessante do cosmos. Contradição, afinal não poderia afirmar que existem
outras. No entanto percebo que a amplitude desta experimentação é passível de
entendimento. Ao observar a vida ampliamos nossa visão até as moléculas, mapeamos a
programação que as compõe, o metabolismo, o cataclismo inconstante da atmosfera terrestre,
nós fomos capazes até mesmo de distinguir através da lógica a dinâmica macrocósmica de
estruturas absurdamente maiores que nosso mundo. Mas ainda nos encontramos incapazes
de expandir nossa perspectiva de observador-tempo-espaço, para além as limítrofes limitações
da cultura. Olha vejamos a moralidade, esta dádiva espiritual, nos serviu apenas para
domesticarmo-nos os sentidos frente a um grande outro invisível e social, que na realidade
não existe. Somos criaturas operadas pela falsa ilusão de um eu que insiste em distinguir-se do
campo no qual é parte integrante, para afirmar-se e dar-se um lugar frente aos seus
semelhantes. Dessa maneira construímos dispositivos complexos regidos por leis imateriais e
completamente incompreensíveis para a enorme maioria da espécie. Se virmos uma criança a
brincar e experimentar, e constantemente dirigir-se aos pais questionando-os sobre coisas
óbvias como o sentido da vida, ou até mesmo por que razão ela precisa ir a escola ou seguir
protocolos que agridem seu prazer de viver, damos de frente com paradoxos e leis complexas
pelas quais somos regidos e guiamos nossas vidas, ainda violentamente.

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