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Paródia em Propagandas e Canções

Introdução

Cada vez mais a ideia de que o ensino de língua materna deve se basear em
textos torna-se relevante no contexto educativo atual. Prova disso é que um dos
documentos base da Educação Nacional, os Parâmetros Curriculares Nacionais do
Ensino Médio, ressalta que o estudo dos gêneros proporciona uma visão ampla dos usos
da linguagem (BRASIL, 2000). Além do mais, o documento em questão enfatiza a
necessidade de uma educação que seja interdisciplinar. Pensando nisso, buscar-se-á
neste plano de aula dialogar com uma temática que, não sendo diretamente ligada à
disciplina de Língua Portuguesa, mas sim à área de Geografia, servirá como base para a
construção de uma paródia: a sustentabilidade na escola.
Para elaboração deste plano de aula, se partirá do pressuposto de que é
necessário levar em conta as constantes mudanças sociais, o que acarreta uma
necessidade de reinventar as aulas de português. Assim, crendo que as atividades sociais
têm sido transformadas digitalmente (BARTON; LEE, 2015), buscou-se uma
metodologia que leve em conta as novas tecnologias digitais, em que se incluem as
redes sociais, que “têm permitido e potencializado novas formas de ser e estar no
mundo, de ensinar e de aprender. Aprende-se em todos os lugares e, nesse sentido,
podemos mesmo dizer que há uma escola fora da escola” (GOMES, 2016, p.83)
Tendo esclarecido isso, a seguir, apresenta-se um plano de aula destinado ao 1º
ano do Ensino Médio.

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Tema: Paródia
Público: Alunos do 1º ano do Ensino Médio
Duração: 2 aulas de 50 minutos

1. Conteúdo Programático

Esta aula será de cunho expositivo e nela se abordará a paródia. Entretanto, a


intertextualidade também será tratada como um pré-requisito para a compreensão do
conteúdo.

Objetivos
 Identificar a paródia como um intertexto;
 Conhecer a paródia, suas diferentes funções e seus tipos;
 Produzir uma paródia musical com o tema escola sustentável.

2. Materiais
 Computador;
 Caixa de Som;
 Datashow.

3. Procedimentos metodológicos

Pensar em ensinar é pensar também em diálogo. Portanto, antes da introdução de


qualquer conteúdo, é necessário dialogar com a turma para tentar perceber se esta já traz
algum conhecimento acerca do que será abordado. Assim, antes mesmo de tratar da
temática da paródia, tentar-se-á “garimpar” se os estudantes possuem algum
conhecimento a respeito da intertextualidade e, somente a seguir, dar-se-á uma aula
expositiva sobre intertextualidade e paródia.

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Nesta aula, tendo como intuito utilizar as novas mídias a fim de atender à
necessidade de outras formas de construção de conhecimento (GOMES, 2016), propõe-
se o uso de vídeos e imagens. A aula será dividida em dois momentos:
Primeiro momento

Para iniciar a aula, levanta-se as seguintes questões: Vocês já ouviram falar de


intertextualidade? O que sabem sobre isso? Após a discussão inicial passamos a tratar
da intertextualidade.
Para tanto, partiremos da publicidade1, abaixo, que será projetada no Datashow.

Após projetá-la se fará as seguintes perguntas: Quando vocês veem essa


imagem, vocês se lembram de algo? Do quê?. Com tais perguntas temos intuito de que

1
Disponível em: http://cmt1anocd.blogspot.com.br/2013/11/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html>.
Acesso em: 09 de out. de 2017.

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os alunos se lembrem do filme Tropa de Elite e, eventualmente, relacionem “Se não for
hortifrúti pede pra sair” com a frase “Pede pra sair” que muito bem identifica Capitão
Nascimento, o protagonista da obra cinematográfica. Além do mais, espera-se que os
alunos consigam identificar na parte não verbal a referência ao capitão Nascimento pelo
fato de o tomate estar usando uma boina policial, uma vez que acreditamos que a
imagem da publicidade também deve ser explorada, pois faz parte da construção de uma
leitura multimodal.
No entanto, considera-se a possibilidade de que os alunos não conheçam o filme
com que a publicidade faz intertexto. Dessa forma, também apresentar-se-á o trailer do
Tropa de Elite, dando as informações necessárias a respeito do filme para a percepção
do intertexto e mostrar-se-á o diálogo existente entre a obra de ficção e a publicidade do
hortifruti.
Após termos feito isso, dir-se-á aos alunos que a publicidade apresentada possui
intertexto com o filme. Deste modo, será construído o conceito de intertextualidade que,
segundo Guimarães (2012), é um processo de incorporação de um texto ao outro, sendo
a intenção reproduzir o sentido incorporado ou transformá-lo. Tendo feito isso, se
passará ao segundo momento da aula, que será constituído de uma exposição teórica
sobre a paródia e seu aspecto intertextual.

Segundo momento
Tendo discutido a noção de intertextualidade, se esclarecerá aos alunos que a
paródia é um intertexto que pode ter como intuito a tomada de consciência crítica, ter
caráter contestador, deformador e/ou inverter o sentido de um texto (SANT’ANNA,
2008).
Em seguida, voltar-nos-emos para a paródia musical, destacando que uma de
suas particularidades é visar o humor na letra e/ou na coreografia apresentada baseando-
se em músicas que estão fazendo sucesso no momento. Logo em seguida, será
apresentado um exemplo de paródia: o clipe com a paródia da música 50 reais, de
Naiara Azevedo intitulada Paródia Meio Ambiente2.

2
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kVBctmnPlwI>. Acesso em: 20 nov. 2017.

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Partindo desse vídeo será perguntado aos alunos: Qual música que o vídeo se
baseia para a construção da paródia? Qual o objetivo do vídeo? Causar humor? Criticar
algo? Inverter o sentido do texto original? Contestar o texto original?
Com essas perguntas se objetiva que os alunos não só reconheçam o texto
utilizado como fonte para a construção da paródia como também que apontem que o
propósito do vídeo é causar humor e que identifiquem outras características da paródia
no vídeo.
Todavia, é necessário levar em consideração que, como coloca Sant’Anna
(2008), a identificação da paródia depende do leitor, visto que é necessário um
repertório ou memória cultural para perceber o texto original. Assim, caso os alunos não
consigam detectar os textos parodiados, os originais serão apresentados para que os
estudantes, através de um diálogo reflexivo, compreendam os efeitos de sentidos
esperados pela paródia.

4. Avaliação

Será solicitado que os alunos pesquisem, em casa, textos a respeito da temática


escola sustentável para a realização em sala de aula, de uma discussão, guiada pelo
professor sobre o assunto. Após a discussão, o educador pedirá que os alunos produzam,
em grupo, vídeos com paródias musicais sobre o assunto discutido em aula e que criem
uma página no Facebook para que os vídeos sejam divulgados e os grupos arrecadem
“curtidas” para sua respectiva produção. O vídeo que ganhar mais curtidas será
premiado pela escola, conforme as condições da mesma. No entanto, como isso
dependerá do consentimento dos autores da paródia, perguntar-se-á se todos concordam
com a ideia. Caso concordem, será elaborado um termo de consentimento para que os
pais assinem, já que os alunos são menores de idade. Contrariamente, se proporá que os
vídeos sejam apresentados em sala de aula.

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Considerações finais
A proposta interdisciplinar deste plano buscou apresentar aos alunos a paródia
articulada ao tema escola sustentável. No entanto, por acreditar que não basta, em uma
aula de língua materna, que o professor passe todo o tempo expondo conteúdos, tentou-
se realizar um projeto em que diálogo fosse a palavra-chave: diálogo com os alunos e
com seu mundo.
Assim, nas duas aulas tentou-se levantar os conhecimentos que os alunos
possuiam em relação ao assunto abordado e utilizar exemplos que se conciliassem com
seus conhecimentos. Dessa maneira, ao selecionar as paródias que levaríamos para a
sala de aula, a pergunta que nos guiou foi: o que podemos utilizar que provavelmente
faça parte do conhecimento de mundo dos alunos?
Além disso, outra ideia que nos orientou foi a de que urge a necessidade de
práticas de ensino que visem os multiletramentos a que não só os alunos, mas toda
sociedade está exposta. Dessa forma, tentou-se ao longo desse projeto-aula incorporar
as novas tecnologias, a fim de plantar a sementinha da vontade de mudança de
paradigmas de ensino, que torna-se cada vez mais indispensável à vida em que som,
imagem, informações verbais se complementam, se mesclam e agem sobre nossos
modos de aprender, ensinar e ver o mundo.

Referências
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio): Linguagem, códigos
e suas tecnologias. 2000. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf>. Acesso em: 10 de jun. 2017.
CLIPE-PARÓDIA AQUELE 1% BILIONÁRIO. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=S5NIcBzCwuY. Acesso em: 10 jun. 2017.
FERREIRA, R. L. C. Horta de elite: hortifrúti. Disponível em:
http://cmt1anocd.blogspot.com.br/2013/11/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html.
Acesso em: 10 jun. 2017.
GOMES, L. F. Redes Sociais e escola: o que temos de aprender? In: LEANDRO, D. C
et al. Redes Sociais e ensino de línguas. Parábola: 2016. P. 81-92.
GUIMARÃES, E. Texto, discurso e ensino. SP: Contexto, 2012. p. 133- 168.

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SANT’ANNA, A. R. Paródia, paráfrase & cia. SP: Ática, 2007.
E - TA N O OS PO OS PAR A E N O NO O RO. isponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=dCLJwCihCl8>. Acesso em: 10 jun. 2017.
TRAILLER DO FILME TROPA DE ELITE. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=0jeTL9hC3Wg . Acesso em: 10 jun. 2017.

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