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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

GABRIELE TEIXEIRA DOS SANTOS


LAÍS ANDRESSA NATALLI

DIREITO COMPARADO: CAPACIDADE PARA O CASAMENTO E


IMPEDIMENTOS NAS LEIS DO BRASIL E PORTUGAL

SALVADOR
2020
GABRIELE TEIXEIRA DOS SANTOS
LAÍS ANDRESSA NATALLI

DIREITO COMPARADO: CAPACIDADE PARA O CASAMENTO E


IMPEDIMENTOS NAS LEIS DO BRASIL E PORTUGAL

Trabalho apresentado ao professor Deivid


Carvalho Lorenzo, docente da disciplina de
Direito Civil VI - Família, no curso de Direito, na
Universidade Católica do Salvador, para fins de
obtenção de nota.

SALVADOR
2020
1. INTRODUÇÃO

No Brasil, o casamento é regulado pelo Código Civil brasileiro (Lei


10.406/2002) e em Portugal, pelo Código Civil português (Decreto-Lei nº 47344). No
CC brasileiro, os arts. 1.517 a 1.520 se referem especificamente a capacidade para
o casamento e os arts. 1.521 a 1.524, aos impedimentos ao casamento. Já na lei
portuguesa, a capacidade para casar está disposta no art. 1.600 do CC português e
as hipóteses de impedimentos ao casamento estão dispostos nos arts. 1601 a 1609.
Na lei brasileira, existem os impedimentos ao casamento e as causas suspensivas.
Em Portugal, a lei separa os impedimentos matrimoniais em dirimentes absolutos,
dirimentes relativos e impedientes. Diante do exposto, o presente trabalho tem como
objetivo fazer uma análise comparativa sobre a capacidade para o matrimônio e as
hipóteses de impedimentos no direito brasileiro e no direito português, apontando as
semelhanças e diferenças entre as legislações.

2. CAPACIDADE PARA O CASAMENTO NO BRASIL

São capazes para celebrar o casamento aqueles que atingiram a idade núbil
(idade legal mínima para contrair núpcias) de dezoito anos que é quando alguém
possui capacidade para praticar todos os atos da vida civil, em concordância com o
art. 1.520 do Código Civil brasileiro:

Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o


casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o
disposto no art. 1.517 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
13.811, de 2019)

Assim, é vedado o casamento daquele quem não atingiu a idade núbil, exceto
a hipótese disposta no art. 1.517 do CC:

Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem


casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus
representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se
o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
Havendo divergência entre os pais, aplica-se o § único do art. 1.631 do CC
que afirma que é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do
desacordo. Vale ressaltar que até a celebração do casamento os pais ou tutores
podem revogar a autorização (CC, art. 1.518). Ademais, caso haja denegação do
consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz (CC, art. 1.519).

3. CAPACIDADE PARA O CASAMENTO EM PORTUGAL

Quanto à capacidade para o casamento em Portugal, o art. 1.600 do Código


Civil português prevê que:

Artigo 1600.º
(Regra geral)
Têm capacidade para contrair casamento todos aqueles em
quem se não verifique algum dos impedimentos matrimoniais
previstos na lei.

Portanto, na lei portuguesa, são aptos para casar aqueles que não incidirem
em algum impedimento matrimonial que serão estudados no presente trabalho.

4. IMPEDIMENTOS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA


Os impedimentos matrimoniais são hipóteses que a lei civil impede a
calebração de casamento, ou seja, se trata de casos em que as pessoas não podem
se casar.
O Código Civil brasileiro atual faz referência aos impedimentos ao casamento
e as causas suspensivas do casamento. A diferença é que a infringência de
qualquer impedimento gera a nulidade do casamento, conforme dispõe o art. 1.548
do, inciso II, CC. Enquanto que a infringência de uma causa suspensiva não gera de
imediato a nulidade do casamento, tanto que o § único do art. 1.523 prevê a
possibilidade dos nubentes solicitarem ao juiz que não lhes sejam aplicadas tais
causas. Além disso, diferem-se na legitimidade para arguição de forma que os
impedimentos podem ser opostos por qualquer pessoa capaz e as causas
suspensivas podem ser arguidas apenas pelos parentes previstos no art. 1.524 do
CC.
No antigo Código Civil de 1916, os impedimentos matrimoniais eram
classificados entre impedimentos dirimentes (públicos e privados), impedientes e
proibitivos. Essa classificação tinha respaldo no desdobramento jurídico que cada
impedimento traria ao matrimônio. Dessa forma, caso o impedimento fosse dirimente
público, o matrimônio seria considerado nulo; caso fosse impedimento dirimente
privado, o casamento seria anulável; se o impedimento fosse impediente ou
proibitivo, os contraentes sofreriam sanções, mas o matrimônio não seria invalidado.
Conforme visto anteriormente, o CC atual não adotou essa classificação, mas deu
origem as causas suspensivas do casamento e impôs como consequência da
infringência dos impedimentos a nulidade do casamento.
Ao comparar a legislação civil brasileira pretérita com a que está em vigor,
fica explícito que os impedimentos mais graves da lei anterior foram mantidos no CC
atual como causas impeditivas ao casamento, enquanto que os impedimentos
menos graves se tornaram causas suspensivas.
As hipóteses de impedimentos para o casamento estão previstos no art.
1.521 do Código Civil de 2002:
Dos Impedimentos
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco
natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado
com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até
o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou
tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Conforme informa o art. 1.522 do CC, os impedimentos podem ser opostos,
até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz, devendo o
juiz ou oficial de registro, se tiver conhecimento da existência de algum
impedimento, obrigatoriamente declará-lo (§ único, art. 1.522, CC).
Já as causas suspensivas estão dispostas no art. 1.523 do CC:
Das causas suspensivas
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido,
enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha
aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo
ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da
viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou
decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes,
irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou
curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não
estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que
não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos
incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de
prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e
para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a
nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de
gravidez, na fluência do prazo.
Em conformidade com o art. 1.524 do CC, as causas suspensivas da
celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um
dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau,
sejam também consanguíneos ou afins.

5. IMPEDIMENTOS NA LEGISLAÇÃO PORTUGUESA


A lei civil portuguesa dedica os arts. 1.601 a 1.609 aos impedimentos ao
casamento. Os impedimentos são separados em: I. dirimentes absolutos; II.
dirimentes relativos; III. impedientes; IV. relacionados ao vínculo de tutela, curatela
ou administração legal de bens.
Conforme a redação do art. 1.601 do Decreto-Lei nº 47344:
Artigo 1601.º
(Impedimentos dirimentes absolutos)
São impedimentos dirimentes, obstando ao casamento da
pessoa a quem respeitam com qualquer outra:
a) A idade inferior a dezesseis anos;
b) A demência notória, mesmo durante os intervalos lúcidos, e
a decisão de acompanhamento, quando a sentença respetiva
assim o determine;
c) O casamento anterior não dissolvido, católico ou civil, ainda
que o respectivo assento não tenha sido lavrado no registo do
estado civil.
São impedimentos dirimentes relativos, de acordo com o art. 1.602 do CC
português, obstando ao casamento entre si das pessoas a quem respeitam, os
impedimentos seguintes:
a) O parentesco na linha reta;
b) A relação anterior de responsabilidades parentais;
c) O parentesco no segundo grau da linha colateral;
d) A afinidade na linha reta;
e) A condenação anterior de um dos nubentes, como autor ou cúmplice, por
​ inda que não consumado, contra o cônjuge do outro.
homicídio doloso​, a
Quanto aos impedimentos impedientes, o art. 1.604 Decreto-Lei nº 47344
estabelece:
Artigo 1604.º
(Impedimentos impedientes)
São impedimentos impedientes, além de outros designados em
leis especiais:
a) A falta de autorização dos pais ou do tutor para o casamento
do nubente menor, quando não suprida pelo conservador do
registo civil;
b) (Revogada);
c) O parentesco no terceiro grau da linha colateral;
d) O vínculo de tutela, acompanhamento de maior ou
administração legal de bens;
e) (Revogada);
f) A pronúncia do nubente pelo crime de homicídio doloso,
ainda que não consumado, contra o cônjuge do outro,
enquanto não houver despronúncia ou absolvição por decisão
passada em julgado.
No que tange ao vínculo de tutela, curatela ou administração legal de bens, o
art. 1.608 do CC português i​ mpede o casamento do incapaz com o tutor, curador ou
administrador, ou seus parentes ou afins na linha reta, irmãos, cunhados ou
sobrinhos, enquanto não tiver decorrido um ano sobre o termo da incapacidade e
não estiverem aprovadas as respectivas contas, se houver lugar a elas.
O Código Civil de Portugal prevê ainda hipóteses de dispensa aos
impedimentos matrimoniais em seu art. 1.609:
Artigo 1609.º
(Dispensa)
1. São susceptíveis de dispensa os impedimentos seguintes:
a) O parentesco no terceiro grau da linha colateral;
b) O vínculo de tutela, curatela ou administração legal de bens,
se as respectivas contas estiverem já aprovadas;
c) (Revogada).
2 - A dispensa compete ao conservador do registo civil, que a
concederá quando haja motivos sérios que justifiquem a
celebração do casamento.
3 - Se algum dos nubentes for menor, o conservador ouvirá,
sempre que possível, os pais ou o tutor.

6. COMPARAÇÃO DA LEI NO BRASIL E PORTUGAL QUANTO A


CAPACIDADE E IMPEDIMENTOS AO CASAMENTO

Quanto à capacidade para celebrar o matrimônio, a regra civil brasileira o art.


1.520 dispõe que para contrair núpcias é necessário atingir a idade núbil, com
exceção ao art. 1.517 do CC, que possibilita o casamento de pessoas com
dezesseis anos quando autorizadas por seus pais ou representantes legais. Na lei
portuguesa, o art. 1.600 do CC fala que tem capacidade para o casamento todos
aqueles em que não se verifique impedimentos matrimoniais. Com relação à idade,
em Portugal, conforme o art. 1.601, a, ​e 1.604, a, do CC, podem se casar aqueles
com idade superior a dezesseis anos, sendo que os menores, desde que
autorizados pelos pais, semelhante as regras no Brasil.
Já no que diz respeito aos impedimentos, é possível perceber que, enquanto
o Código Civil do Brasil fala em impedimentos ao casamento e causas suspensivas,
o Código Civil português fala em impedimentos dirimentes absolutos, dirimentes
relativos, impedientes e em razão do vínculo de tutela, curatela ou administração
legal de bens. Insta salientar que as causas suspensivas se diferem dos
impedimentos ao matrimônio, conforme já dito anteriormente, mas que é possível
observar que muitos impedimentos em Portugal correspondem ou se assemelham
ao que no Brasil é causa suspensiva.
A tabela abaixo demonstra a forma com que cada legislação trata a
capacidade para se casar e os impedimentos ao casamento, além das causas
suspensivas no caso do Brasil:

Código Civil Brasileiro Código Civil Português


Capacidade para o - Ter idade núbil (art. 1.520), - Todos aqueles que em que
casamento com exceção ao art. 1.517, não se verifique impedimentos
que possibilita o casamento matrimoniais (1.600)
de pessoas com dezesseis
anos quando autorizadas por
seus pais ou representantes
legais.
- Impedimentos (art. 1.521) - Dirimentes absolutos (art.
- Causas suspensivas (art. 1.601)
1.523) - Dirimentes relativos (art.
Impedimentos ao
1.602)
casamento (e causas
- Impedientes (art. 1.604)
suspensivas)
- em razão do vínculo de tutela,
curatela ou administração legal
de bens (art. 1.608)

Já na tabela abaixo será feita uma comparação entre os impedimentos ao


matrimônio e causas suspensivas no Brasil e impedimentos ao casamento em
Portugal, a fim de analisar as semelhanças e diferenças entre as leis de cada país:
Impedimentos e causas suspensivas no Impedimentos em Portugal
Brasil
Ascendentes com os descendentes, seja o O parentesco na linha reta (art. 1.602, a)
parentesco natural ou civil (art. 1.521, I)
Os afins em linha reta (art. 1.521, II) A afinidade na linha reta (art. 1.602, d)
O adotante com quem foi cônjuge do Este impedimento era previsto no art. 1.607,
adotado e o adotado com quem o foi do b e c do CC, mas foi revogado pela lei
adotante (art. 1.521, III) 143/2015
Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais O parentesco no segundo grau da linha
colaterais, até o terceiro grau inclusive (art. colateral (art. 1.602, c)
1.521, IV) O parentesco no terceiro grau da linha
colateral (art. 1.604, c)
O adotado com o filho do adotante (art. Este impedimento era previsto no art. 1.607,
1.521, V) d do CC, mas foi revogado pela lei 143/2015
As pessoas casadas (art. 1.521, VI) O casamento anterior não dissolvido,
católico ou civil, ainda que o respectivo
assento não tenha sido lavrado no registro
do estado civil (art. 1.601, c)
O cônjuge sobrevivente com o condenado A condenação anterior de um dos nubentes,
por homicídio ou tentativa de homicídio como autor ou cúmplice, por homicídio
contra o seu consorte (art. 1.521, VII) doloso, ainda que não consumado, contra o
cônjuge do outro (art. 1.602, e)
A pronúncia do nubente pelo crime de
homicídio doloso, ainda que não
consumado, contra o cônjuge do outro,
enquanto não houver despronúncia ou
absolvição por decisão passada em julgado
(art. 1.604, f)
O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge Não há esse impedimento
falecido, enquanto não fizer inventário dos
bens do casal e der partilha aos herdeiros
(art. 1.523, I)
A viúva, ou a mulher cujo casamento se Não há esse impedimento
desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até
dez meses depois do começo da viuvez, ou
da dissolução da sociedade conjugal (art.
1.523, II)
O divorciado, enquanto não houver sido Não há esse impedimento
homologada ou decidida a partilha dos bens
do casal (art. 1.523, III)
O tutor ou o curador e os seus O vínculo de tutela, acompanhamento de
descendentes, ascendentes, irmãos, maior ou administração legal de bens (art.
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa 1.604, d)
tutelada ou curatelada, enquanto não cessar O vínculo de tutela, curatela ou
a tutela ou curatela, e não estiverem administração legal de bens impede o
saldadas as respectivas contas (art. 1.523, casamento do incapaz com o tutor, curador
IV) ou administrador, ou seus parentes ou afins
na linha reta, irmãos, cunhados ou
sobrinhos, enquanto não tiver decorrido um
ano sobre o termo da incapacidade e não
estiverem aprovadas as respectivas contas,
se houver lugar a elas (art. 1.608)
Deve obrigatoriamente ter atingido a idade A idade inferior a dezesseis anos (art. 1.601,
núbil (art. 1.520), exceto se tiver dezesseis a)
anos e tenha autorização de ambos os pais A falta de autorização dos pais ou do tutor
ou representante legal (art. 1.517) para o casamento do nubente menor,
quando não suprida pelo conservador do
registo civil (art. 1.604, a)
Não há esse impedimento atualmente, já A demência notória, mesmo durante os
que, após a Lei nº 13.146 de 2015, os intervalos lúcidos, e a decisão de
deficientes podem se casar acompanhamento, quando a sentença
respetiva assim o determine (art. 1.601, b)
Não há esse impedimento A relação anterior de responsabilidades
parentais (art. 1.602, b)

Destarte, foi possível perceber as semelhanças e diferenças entre os Códigos


Civis de cada país referente ao tema impedimentos à celebração de núpcias.
Existem impedimentos no Brasil que não são em Portugal e vice-versa. Além de que
a redação de alguns impedimentos é semelhante, com pequenas diferenças, não
exatamente iguais e outras possuem redação que referem às mesmas coisas.
Além disso, o Código Civil de Portugal prevê em seus artigo 1.609 hipóteses
de dispensa aos impedimentos ao casamento, quais sejam: a) o parentesco no
terceiro grau da linha colateral; b) O vínculo de tutela, curatela ou administração
legal de bens, se as respectivas contas estiverem já aprovadas. No Brasil, não há
hipóteses de dispensa, mas existe a possibilidade do juiz não aplicar as causas
suspensivas ​previstas nos incisos I, III e IV do artigo 1.523 do CC, quando solicitado
pelos nubentes, desde que comprovem a inexistência de prejuízo, respectivamente,
para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; e, no
caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de
gravidez, na fluência do prazo.

7. CONCLUSÃO

Após a análise comparativa sobre a capacidade para o matrimônio e as


hipóteses de impedimentos no direito brasileiro e no direito português, observou-se
que semelhanças e diferenças normativas coexistem.
Foi possível compreender que no Brasil a capacidade é adquirida com a
idade núbil, ou seja, com dezoito anos, salvo na hipótese do nubente ter dezesseis
anos, desde que com autorização de ambos os pais ou representante legal. Já em
Portugal, a capacidade é adquirida se os nubentes não incidirem em algum dos
impedimentos matrimoniais previstos na legislação portuguesa. Quanto a
capacidade, existe uma grande semelhança, ambos países possibilitam o
casamento para aqueles com idade superior a dezesseis anos, desde que sendo
menores sejam autorizados pelos pais ou representantes legais.
No que se tange aos impedimentos, as diferenças se iniciam na forma em
que cada lei civil trata o assunto. No CC brasileiro existem impedimentos ao
casamento e causas suspensivas. No CC português existem os impedimentos
dirimentes absolutos, dirimentes relativos, impedientes e em razão do vínculo de
tutela, curatela ou administração legal de bens. Urge salientar que as causas
suspensivas do casamento se diferem dos impedimentos, porém, após o estudo
comparado da lei civil brasileira e portuguesa sobre esse assunto, é possível
verificar que muitos impedimentos em Portugal se assemelham de algumas causas
suspensivas no Brasil. Ficou claro também que existem impedimentos no Brasil que
não existem em Portugal e alguns que são impedimentos em Portugal e no Brasil,
não.
Portanto, conclui-se que ainda que as legislações brasileiras e portuguesas
sejam distintas, quando se trata de capacidade e impedimentos matrimoniais, as leis
de ambos países coincidem em diversos pontos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: famílias.
12. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2020.

PORTUGAL. Decreto-Lei nº 47344 - Diário do Governo n.º 274/1966, Série I de


1966-11-25. Institui o Código Civil. Disponível em:
<​https://dre.pt/web/guest/legislacao-consolidada//lc/123928118/202009171101/7374
9044/diploma/indice​>. Acesso em: 22 Set. 2020.

BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União,
Rio de Janeiro, 11 jan. 2002. Disponível em: <​http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406compilada.htm​>. Acesso em: 22 Set. 2020.

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