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Manuela de Barros Rico Estevão – Colégio Mosaico – nov./2020.

A jararaca da ilha Queimada Grande. Ciência Hoje; vol. 31; nº 86.


Setembro de 2020.
Resumo:
O artigo trata da jararaca-ilhoa, espécie endêmica da Ilha da Queimada Grande
no litoral sul de São Paulo, onde convive com 30 espécies de pássaros, duas de
morcegos, duas de anfíbios, três de lagartos, duas de répteis subterrâneos e outra de
serpente, além da jararaca-ilhoa.
A jararaca-ilhoa foi descrita em 1921 pelo herpetólogo Afrânio do Amaral. Em
1959, o biólogo belga Alphonse R. Hoge fez relatos sobre a sexualidade da espécie.
Atualmente, o Instituto Butantã, da USP, e a UNICAMP pesquisam mais
detalhadamente a biologia, a ecologia e o veneno da jararaca-ilhoa.
No continente, a espécie mais aparentada à jararaca-ilhoa é a jararaca comum.
A diferenciação deu-se por especiação alopátrica. As duas espécies foram
geograficamente separadas com o aumento do nível do mar que isolou a ilha do
continente, onde permaneceu a, hoje, jararaca-ilhoa.
Disponibilidade de alimentos e a ausência de predadores provocam uma
superpopulação de jararacas-ilhoas na Ilha da Queimada Grande. Segundo Afrânio do
Amaral, a jararaca-ilhoa tem hábitos arborícolas, embora também utilizem o chão da
mata, e diurnos por se alimentarem basicamente de pássaros, estes hábitos favorecem
a captura de aves. Também se alimentam de lacraias, rãs, pererecas, lagartos e da
outra espécie de serpente (a dormideira). Os pássaros consumidos são migratórios,
parece que os residentes na ilha aprenderam a evitar os ataques da serpente.
Ao contrário de outras serpentes, a ilhoa, com veneno 5 vezes mais potente que
a jararaca comum, retém a ave na boca, para que esta não voe até o efeito do veneno
matá-la, sem deixar rastro de cheiro no chão. Outra diferença é que a jararaca-ilhoa tem
a ponta da cauda escura, imitando uma larva de inseto, usada de isca para atrair anfíbios
e lagartos que buscam alimento.
Elas acasalam-se entre março e julho e os filhotes nascem nos primeiros meses
do ano. Tem baixa taxa de natalidade, em torno de 10 filhotes.
As toxinas da jararaca-ilhoa estão sendo estudadas para aplicações práticas
como remédios, apoiando-se deste modo sua preservação. Hoje, há áreas desmatadas
que estão sendo reconstituídas e evidências de capturas ilegais da jararaca-ilhoa para
o mercado de animais silvestres. A jararaca-ilhoa é uma espécie ameaçada de extinção
pelas pressões citadas associadas ao estar restrita à uma ilha. Para conter a ameaça,
precisa-se estudar detalhadamente sua biologia, uma fiscalização efetiva e um plantel
em zoológicos e criadouros para estudos e manejo da espécie, evitando a necessidade
de capturas no ambiente natural da Ilha da Queimada Grande.

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