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ANÁLISE DE MODELOS MATEMÁTICOS APLICADOS A BIOREATORES UASB*

Article · December 2007

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3 authors, including:

Esly Ferreira da Costa Junior Andréa Oliveira Souza da Costa


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ANÁLISE DE MODELOS MATEMÁTICOS APLICADOS A
BIOREATORES UASB ∗

Vítor Ribeiro Mota.


Graduando do Curso de Engenharia Sanitária Ambiental - Unileste-MG
Esly Ferreira da Costa Jr.
Professor dos Cursos de Engenharia de Materiais, Engenharia de Produção, Engenharia
Sanitária Ambiental - Unileste-MG.
Professor do Curso de Mestrado em Engenharia Industrial - Unileste-MG.
Doutor em Ciências em Engenharia Química – COPPE/UFRJ.
Andréa Oliveira Souza da Costa.
Professora dos Cursos de Engenharia de Produção, Engenharia Mecânica, Engenharia
Sanitária Ambiental - Unileste-MG.
Professora do Curso de Mestrado em Engenharia Industrial - Unileste-MG.
Doutora em Ciências em Engenharia Química – COPPE/UFRJ.

RESUMO

A modelagem de bioreatores é geralmente subdividida em duas partes: um balanço de


massa ou energia e um modelo cinético que descreve como ocorre o crescimento do
microrganismo. O objetivo deste trabalho é o levantamento e a análise dos diferentes modelos
matemáticos empregados na descrição de reatores biológicos, principalmente aqueles usados
na descrição de reatores UASB. Os reatores UASB são bioreatores anaeróbios usados no
tratamento de esgoto. Modelos matemáticos dinâmicos que descrevem estes equipamentos
formam implementados e os resultados obtidos são analisados.
Palavras-chave: Bioreatores; modelagem matemática, reator UASB.

ABSTRACT
The bioreactors modeling are generally subdivided in two parts: a mass or energy balance,
and a kinetic model that describes microorganism growth. The objective of this work is to
research and to analyze different mathematical models used in the description of biological
reactors, mainly those used in the treatment of residuary or industrial waters. Dynamic
mathematical models that describe UASB reactor has been implemented and the obtained
results are analyzed.
Key-words: Bioreactors, mathematical model, UASB reactor.

INTRODUÇÃO
Os modelos matemáticos são usualmente empregados na descrição de reatores que
envolvem microrganismos (também chamados de bioreatores). Estas ferramentas auxiliam


Investigação desenvolvida com apoio financeiro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica – PROBIC/FAPEMIG
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profissionais na predição do rendimento e do tempo ótimo de reação quando são usados


reatores em batelada.
A proposta de um modelo satisfatório para um dado sistema é uma tarefa custosa e
delicada. Esta dificuldade se justifica, principalmente, na alta especificidade de cada sistema.
Um modelo matemático validado para um determinado bioreator pode não ser suficiente para
descrever coerentemente outro processo. Os parâmetros envolvidos na modelagem de
qualquer sistema (inclusive bioreatores) são usualmente obtidos para o equipamento em
estudo. Sendo assim, a modelagem possui, freqüentemente, uma etapa de ajuste de
parâmetros.
Uma abordagem comum neste tipo de estudo é tomar um modelo matemático, já validado
para um dado processo, e adaptá-lo à realidade a ser estudada.

REVISÃO DE LITERATURA

Os bioreatores são reatores químicos que empregam microorganismos para a execução de


um processo na fabricação de algum produto, sejam eles: produção de água limpa no
tratamento de esgoto, produção de células e tecidos orgânicos na indústria médica, produção
de iogurte e outros produtos na indústria alimentícia, produção de remédios na indústria
farmacêutica, entre outras aplicações. Neste trabalho são especialmente analisados os modelos
matemáticos que descrevem processos relativos à Saneamento Básico e processos que
envolvem o tratamento de águas residuárias. Na área de Saneamento Básico, o
microorganismo age no processo escolhido (o de tratamento de águas residuárias domésticas)
limpado-a da matéria orgânica. A partir daí foi feito um estudo inicial da potencialidade do
uso de modelagem na descrição de bioreatores, em especial aqueles que descrevem o reator
UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket ) descrito a seguir.

Reator UASB ou bioreator UASB

Os reatores UASB são usados nas Estações de Tratamento de Esgotos (ETE) para o
tratamento de águas residuárias. Estes equipamentos empregam bactérias anaeróbias que
promovem reações de oxi-redução dentro do reator. As reações promovidas pelas bactérias
consomem o resíduo (matéria orgânica) transformando-os em gases.
O reator UASB, também chamado de reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente e Manta de
Lodo, foi inicialmente desenvolvido e aplicado largamente na Holanda. Essencialmente, o
processo consiste de um fluxo ascendente de esgotos através de um leito de lodo denso e de
elevada atividade. O perfil de sólidos no reator varia de muito denso e com partículas
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granulares de elevada capacidade de sedimentação, próximas ao fundo (leito de lodo), até um


lodo mais disperso e leve, próximo ao topo do reator (manta de lodo). A Figura 1 mostra um
desenho esquemático do reator UASB.
A estabilização da matéria orgânica ocorre em todas as zonas de reação (leito e manta de
lodo), sendo a mistura do sistema promovida pelo fluxo ascensional do esgoto e das bolhas de
gás. O esgoto entra pelo fundo e o efluente deixa o reator através de um decantador interno
localizado na parte superior do reator. Um dispositivo de separação de gases e sólidos,
localizado abaixo do decantador, garante as condições ótimas para a sedimentação das
partículas que se desgarram da manta de lodo, permitindo que estas retornem à câmara de
digestão, ao invés de serem arrastados para fora do sistema. Embora parte das partículas mais
leves sejam perdidas juntamente com o efluente, o tempo médio de resistência de sólidos no
reator é mantido suficientemente elevado para manter o crescimento de uma massa densa de
microrganismos (bactérias metanogênicas) formadores de gás metano, apesar do reduzido
tempo de detenção hidráulica.

FIGURA 1: Desenho esquemático de um reator UASB

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Os sistemas anaeróbios de tratamento de esgotos, notadamente os reatores de manta de lodo


(UASB), cresceram em maturidade, passando a ocupar uma posição de destaque não só em
nível mundial, mas principalmente no Brasil, face às favoráveis condições ambientais de
temperatura no país. Essa trajetória de aceitação passou de um estágio de descrédito, até o
início dos anos 80, para a fase atual de grande aceitação. Entretanto esta aceitação ainda não
está próxima da unanimidade: há ainda um grande número de profissionais que se posicionam
firmemente contra os processos anaeróbios. Esta rejeição dos profissionais é associada à falta
de conhecimento do processo.
O tratamento anaeróbio de esgotos domésticos torna-se bem mais atrativo para os países de
clima tropical e subtropical que são principalmente os países em desenvolvimento. Os paises
posicionados nessas regiões possuem uma temperatura anual ideal para as bactérias
anaeróbias, que possuem baixa atividade a temperaturas a baixo de 20ºC. Na TAB. 1 são
apresentadas às vantagens e desvantagens do processo.

TABELA 1
Vantagens e desvantagens dos processos anaeróbios (Chernicharo, 1997)

Vantagens Desvantagens
• Baixa produção de sólidos, cerca de 5 a • As bactérias anaeróbias são susceptíveis
10 vezes inferior à que ocorre nos à inibição por um grande número de
processos aeróbios; compostos;
• Baixo consumo de energia, usualmente • A partida do processo pode ser lenta na
associado a uma elevatória de chegada. ausência de lodo de semeadura
Isso faz com que os sistemas tenham adaptado;
custos operacionais muito baixos;
• Alguma forma de pós-tratamento é
• Baixa demanda de área; usualmente necessária;
• Baixos custos de implantação, da ordem • A bioquímica e a microbiologia da
de 20 a 30 dólares per capita; digestão anaeróbia são complexas e
ainda precisam ser mais estudadas;
• Produção de metano, um gás
combustível de elevado teor calorífico; • Possibilidade de geração de maus
odores, porém controláveis;
• Possibilidade de preservação da
biomassa, sem alimentação do reator, • Possibilidade de geração de efluente
por vários meses; com aspecto desagradável;
• Tolerância a elevadas cargas orgânicas;
• Aplicabilidade em pequena e grande
escala;
• Baixo consumo de nutrientes.

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Tipo de Configurações de Reatores UASB


Os reatores UASB primeiramente foram projetados para o tratamento de águas industriais.
A adaptação desses reatores para águas residuárias tem gerado outras configurações (formato)
para o reator. No tratamento de efluente industrial usualmente implantam uma unidade de
equalização a montante do Reator UASB para misturar o lodo afim de torná-lo mais
homogêneo, deixando a carga orgânica e a vazão mais uniforme. O tratamento doméstico não
possui equalização. Assim, existe uma grande variação da carga e da vazão. Neste caso,
aumento da seção transversal do reator na parte do compartimento de decantação, pode ser
uma estratégia necessária no sentido de garantir as baixas velocidades ascensionais (ν)
durante os picos de vazão. Neste caso o reator apresenta a forma de um cone. A Figura 2
apresenta os tipos de configuração de reator UASB.

Retangular Circular Cônica

FIGURA 2. Tipos de configuração dos reatores UASB.

Equacionamento do reator UASB

As estimativas para as principais variáveis de processo do reator UASB (DQO, DBO, SS)
são usadas para a elaboração de projetos (Chernicharo, 1997). Estas relações são usualmente
empíricas, ou seja, são obtidas a partir de resultados experimentais de reatores em operação.
As Equações (1) e (2) fornecem a concentração de DQO e DBO presente no reator UASB. A
Equação (3) descreve a concentração de DQO ou DBO no efluente.

E DQO = 100 × (1 − 0,68 × TDH −0,35 ) (1)

E DBO = 100 × (1 − 0,70 × TDH −0,50 ) (2)

Onde:
E DQO e EDBO : eficiência do reator UASB em termos de remoção (%).

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E × So
S = So − (3)
100
Onde:
S = concentração de DQO ou de DBO efluente (mg/L);
So = concentração de DQO ou de DBO afluente (mg/L);
E = eficiência de remoção de DQO ou de DBO (%);

A estimativa da concentração de Sólidos em Suspensão (SS) no efluente final é dada pela


Equação (4).

250
SS = + 10 (4)
TDH

Onde:
SS = concentração de sólidos suspensos no efluente (mg/L);
TDH = tempo de detenção hidráulica (h);

MODELOS MATEMÁTICOS
Os modelos obtidos em literatura aberta que descrevem reatores UASB são usualmente
modelos simplificados usados apenas para o projeto deste equipamento. Assim, esses modelos
tradicionalmente não descrevem a cinética de reação do reator UASB. O reator UASB tem
um sistema muito complexo e de difícil modelagem, apresentando assim inúmeras variáveis.
Neste trabalho, a principal dificuldade foi encontrar modelos que descreve sua cinética de
reação.
A seguir alguns modelos matemáticos são apresentados e analisados.

• Taxa de crescimento bruto (batelada) (Chernicharo, 1997).


dX
= μX (5)
dt
onde: μ = taxa de crescimento específico (dia-1)
X = concentração de microorganismos (g/L)
t = tempo (dia)

A Equação (5) prediz um crescimento logaritmo para o microorganismo. É considerado


apenas o crescimento bruto do microorganismo, e é empregada na obtenção dos resultados de
simulação apresentados posteriormete.

• Taxa de crescimento específico (Equação de Monod) (Chernicharo, 1997).


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S
μ = μ max (6)
Ks + S
onde: μ = taxa de crescimento específico (dia-1)
μmax = taxa de crescimento bacteriano máxima (dia-1)
S = concentração de substrato (mg/L)
Ks = concentração de saturação para a qual μ = 0,5 μ max (mg/L)

A Equação (6) é aplicada em condições específicas, para substratos bem conhecidos. A


Equação (6) mostra que uma elevada quantidade o substrato (S) não tem efeito significativo
na taxa de crescimento especifico ( μ ), pois o microrganismo chegou ao limite do seu sistema
funcional.

• Taxa de crescimento específico (Equação de Andrews) (Chernicharo, 1997).


1
μ = μ max (7)
K HS
1+ s +
HS Ki
Onde: μ = taxa de crescimento específico (dia-1)
μmax = taxa de crescimento bacteriano máxima (dia-1)
S = concentração de substrato (g/L)
Ks = concentração de saturação para a qual μ = 0,5 μ max (mg/L)
HS = concentração de substrato não ionizado (mg/L)
Ki = constandte de inibição (mg/L)

Alguns substratos podem inibir o crescimento de certos microrganismos, se esta estiver em


quantidade elevadas. Assim a Equação (7) é usado para esse tipo de substrato, também
chamado de substrato de inibição. Observe que com pouca e muita quantidade de substrato
(S) a taxa de crescimento ( μ ) tende a ser baixa. Neste caso existe um equilíbrio entre o
substrato e o microrganismo, onde há uma quantidade de substrato ideal para o crescimento
máximo.

• Taxa de crescimento líquido (batelada) (Chernicharo, 1997).


dX S
= μ max X − KdX (8)
dt Ks + S

Onde: μ = taxa de crescimento específico (dia-1)


μmax = taxa de crescimento bacteriano máxima (dia-1)
S = concentração de substrato (g/L)
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Ks = concentração de saturação (g/L)


Kd = coeficiente de respiração endógena (g/L)

A Equação (8) descreve o crescimento líquido que é uma união das Equações (5), (6), e da
expressão K d X que significa a taxa de decréscimo do microrganismo, ou a quantidade de
microrganismo morto no processo por unidade de tempo. Esta equação é usada em reatores
em batelada (sem fluxo), e não é usada em substratos de inibição, apenas para substratos
limitantes.

• Taxa de crescimento líquido (fluxo contínuo) (Chowdhury & Mehrotra, 2004).


dX ⎛ S ⎞
V = V ⎜⎜ μ max X − K d X ⎟⎟ + Qe X 0 − Qs X (9)
dt ⎝ Ks + S ⎠

Onde: μ = taxa de crescimento específico (dia-1)


μmax = taxa de crescimento bacteriano máxima (dia-1)
S = concentração de substrato (g/L)
Ks = concentração de saturação (g/L)
Kd = coeficiente de respiração endógena (g/L)
Qe e Qs = Vazões de entrada e saída (L/dia)
V = Volume do reatro (L)

A Equação (9) descreve o crescimento do microrganismo dentro de um reator de fluxo


continuo (tem entrada e saída de substrato).

RESULTADOS
Foram feitas simulações matemáticas empregando os modelos descritos anteriormente e os
resultados obtidos são apresentados a seguir.
O tratamento UASB como todos os outros tratamentos anaeróbios seguem uma mesma
seqüência metabólica e ecológica. A FIG. 3 mostra a seqüência metabólica e os grupos
microbianos envolvidos na digestão. Para os testes foram escolhidas duas culturas de bactérias
as acidogências e as metanogênicas, pois estas são as principais bactérias que participam na
digestão anaeróbia. A TAB. 2 mostra os parâmetros cinéticos representativos de culturas
anaeróbias, determinados a 35ºC de acordo com Henze & Harremoes (1983) citado por
Chernicharo (1997). O parâmetro de decrescimento bacteriano (Kd) é fornecido por
Chowdhury & Mehrotra (2004).

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FIGURA 3. Seqüências metabólicas e grupos microbianos envolvidos na digestão anaeróbia

TABELA 2
Parâmetros cinéticos representativos de culturas anaeróbias, determinado a 35ºC
Produção μ máx Ks Y kmáx = μ máx/Y
Bacteriana -1 (gDQO/L) (gSSV/gDQO)
(d ) (gDQO/gSSV.d)

Acidogênica 2,0 0,2 0,15 13

Metanogênica 0,4 0,05 0,03 13

Combinada 0,4 - 0,18 2

Nota: kmáx = taxa especifica máxima de utilização de substrato

Simulação Matemática
Duas configurações (sem fluxo de água) hipotéticas foram propostas inicialmente.
Considerando um substrato (S) limitante, foi considerado um reator operando com bactérias
acidogênicas (X) e outro operando com bactérias metanogênicas (X). As concentrações
iniciais estão descritas abaixo.

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Reator 1 - Bactérias Acidogênicas Reator 2 - Bactérias Metanogênicas


Dados adicionais: Dados adicionais:
S0 = 0,5 g/L S0 = 0,5 g/L
X0 = 0,1 mg/L X0 = 0,1 mg/L
Kd = 0,04 (dias)-1 Kd = 0,04 (dias)-1

Onde:
S0 = concentração inicial de substrato no reator
X0 = concentração inicial de microorganismo no reator

Observa-se que as concentrações iniciais dos reatores 1 e 2 são as mesmas. O que difere um
do outro são as taxas de crescimento bacteriano máximo ( μ máx) (TAB. 2).

O equacionamento empregado nesta simulação é apresentado a seguir.

dX S Onde:
= μ max X − Kd X
dt Ks + S Y = coeficiente de produção de biomassa
(gSSV/gDQOremov)
dS S X
= μ max
dt Ks + S Y CH4 = GAS = quantidade de metano
produzida em gDQOCH4/L
dCH 4
= (1 − Y )
dS
dt dt

Os resultados obtidos são apresentados na FIG. 4.

g/L 0.6 g/L 0.6

0.48 0.48
X X
i i
0.36 0.36
S S
i i
0.24 0.24
Gas Gas
i i
0.12 0.12

0 0
0 2 4 6 8 10 0 4 8 12 16 20
t dias t dias
i i
Gráfico 1 – Bactérias Acidogênicas Gráfico 2 – Bactérias Metanogênicas

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FIGURA 4. Resultados obtidos para os reatores hipotéticos em batelada.

Comparando os GRAF. 1 e 2 (FIG. 4) verifica-se que as bactérias acidogênicas mostram ser


bem mais eficientes quando comparadas com as metanogênicas. Praticamente em 5 dias as
bactérias acidogênicas consumiram com todo o substrato e as metanogênicas gastaram 16 dias
para realizar a mesma tarefa. O que mostra que os reatores que utilizam bactérias
acidogênicas são mais rápidos no consumo do substrato quando comparados a sistemas que
utilizam as metanogênicas. Este resultado é justificado analisando-se as taxas de crescimento
máxima ( μ máx) apresentados na TAB. 2.
De acordo com os gráficos gerados (FIG. 4) as bactérias metanogênicas são mais lentas que
as acidogêncicas em termos de remoção de substrato, todavia, são mais eficientes em termos
de produção de subproduto (gás metano). Vale ressaltar que o subproduto gerado pelas
bactérias acidogênicas são ácidos orgânicos, como o propianato, o butirato, e outros ácidos. A
simulação matemática aplicada neste trabalho considerou a mesma formula ( dCH 4 ) descrita
acima, referente a geração de gás metano, para simular a produção de ácidos orgânicos das
bactérias acidogênicas.

Simulação matemática de um reator de fluxo contínuo com bactéria metanogênica:


Em outro teste, foram considerados dois reatores biológicos (com fluxo de água)
hipotéticos que empregam bactérias metanogênicas (X). As concentrações iniciais adotadas
estão descritas abaixo.

Reator 3 - Bactérias Metanogênicas Reator 4 - Bactérias Metanogênicas


Dados adicionais: Dados adicionais:
S0 = Se = 0,5 g/L S0 = Se = 0,5 g/L
X0 = 0,1 mg/L, Xe = 0 mg/L X0 = 0,01 mg/L, Xe = 0 mg/L
Qe= Qs = 25 L/dia, V = 100 L Qe= Qs = 25 L/dia, V = 100 L
Kd = 0,04 (dias)-1 Kd = 0,04 (dias)-1

Onde:
S0 = concentração inicial de substrato no reator
Se = concentração de substrato que entra no reator

X0 = concentração inicial de microorganismo no reator


Qe = vazão de entrada

Qs = vazão de saída
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Observa-se que as concentrações iniciais do reator 3 se diferem das do reator 4 apenas para
a concentração inicial da bactéria (X0).

O equacionamento empregado nesta simulação é apresentado a seguir.

dX ⎛ S ⎞
V = V ⎜⎜ μ max X − K d X ⎟⎟ + Qe X 0 − Q s X
dt ⎝ Ks + S ⎠
dS S X
= μ max
dt Ks + S Y

Os resultados obtidos são apresentados na FIG. 5


.
0.5 0.5
g/L g/L
0.4 0.4

X X
i 0.3 i 0.3

S 0.2 S 0.2
i i

0.1 0.1

0 0
0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50
t dias t dias
i i
Gráfico 3 – Bactérias Acidogênicas Gráfico 4 – Bactérias Metanogênicas
FIGURA 5. Resultados obtidos para os reatores hipotéticos de fluxo contínuo.

Podemos observar nos GRAF. 3 e 4 (FIG. 5) que o reator 3 (GRAF. 3) teve um maior
consumo de substrato nos primeiros dias que o reator 4. Isso se deu devido à grande
concentração da bactéria no primeiro instante do reator 3 em relação ao reator 4. Observa-se
no reator 3 que com o passar do tempo a concentração da bactéria vai diminuindo até chegar
no tempo de 30 dias, quando o sistema alcançou o estado de equilíbrio. Já para o reator 4
(GRAF. 4) o estado de equilíbrio é alcançado em 20 dias.
Podemos observar também que a variação da concentração inicial da bactéria de um reator
para o outro não altera as concentrações finais obtidas nos dois reatores propostos.

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

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Este trabalho fornece informações básicas a respeito do funcionamento dos reatores UASB.
Suas principais características, vantagens e desvantagens são apresentadas e analisadas. Os
modelos matemáticos empregados são possíveis de serem implementados na descrição de
equipamentos reais, sendo que dados operacionais deverão ser empregados no ajuste dos
parâmetros cinéticos e na validação dos resultados.
Na elaboração de trabalhos futuros recomenda-se:
• validar os resultados de simulação empregando dados reais de operação;
• buscar mais informações cientificas sobre a digestão do tratamento anaeróbio dos
reatores UASB, com o objetivo de melhor descrever a cinética do processo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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residuárias. Belo Horizonte: UFMG, 1997.

CHOWDHURY, R.; MEHROTRA I. Minimization of short-circuiting flow through upflow


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959, 2004.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

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SERIO, M. Di.; TESSER, R., SANTACESARIA, E.. A kinetic and mass transfer model to
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SPERLING, M.V. Princípios básicos do tratamento de esgotos. Belo Horizonte: UFMG,


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YAMAGIWA, Kazuaki; OOHIRA, Yuichi; OHKAWA, Akira. Performace evaluation of a


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