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Professor Assistente da Universidade Federal do Tocantins e Doutorando em História das Ciências –
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jovem rural nos Clubes 4-S, SC (1970-1985). Florianópolis: UFSC, 2002. (Dissertação de Mestrado em
História).
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Apesar da atribuição à AIA enquanto a primeira agência a implantar o modelo extensionista no Brasil,
outras agências atuaram na promoção de serviços de Extensão Rural tanto no Brasil e na América Latina
a partir do final da segunda guerra mundial.
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JUNQUEIRA, Mary Anne. Representações políticas do território latino-americano na revista Seleções.
In: Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 21, nº 42, 2001. p. 323.
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aqueles que não representam a Extensão Rural (os outros). Já a juventude rural é
representada como um instrumento privilegiado para romper com as técnicas primitivas,
por exemplo, mesmo que estejam “sob o influxo permanente da herança cultural dos
pais, a qual, geralmente, é constituída de conhecimentos limitados e compreende
técnicas primitivas e rotineiras”,7
Neste sentido, as representações sobre o Brasil, a partir dos olhares de agências
internacionais de Extensão Rural, especialmente norte-americanas, recorreram a
imagens ambíguas, pois procuraram interpretar o meio rural – tanto brasileiro quanto
das América Central e Latina, geralmente – enquanto espaço de, por um lado, técnicas
primitivas e rotineiras de cultivo e, por outro, espaço em franca melhoria ou a ser
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como presidente. Paulo disse a esses jovens que cada um deles poderia
escolher um projeto ao qual dedicar-se no ano seguinte e que, após
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ABCAR. Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural. Manual dos Clubes 4-S. Rio de
Janeiro: ETA-ABCAR, 1959. p. 7.
8
FUNDAÇÃO FORD. Anuário para a Juventude Rural das Américas. São Paulo: Ford Motor do
Brasil S/A, 1960. p. 8.
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Idem. p. 28.
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Olinto teria optado pela experimentação do “novo milho híbrido”. Desta forma,
“semeou Olinto então uma área de mil e quinhentos metros quadrados, ajudado por seu
pai e pelo agente do Clube 4-S, e todas as semanas, enquanto crescia o milho, Paulo
vinha de ‘Jeep’ verificar o progresso da plantação.”11
À imagem que se pretende de Olinto, no mesmo anuário12, aliam-se outros jovens
mais ao fundo, num total de cinco pessoas. A descrição não nomeia-os, deixando para a
análise, no mínimo, duas alternativas. A primeira e mais provável, pode-se sugerir,
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demonstra que os jovens mais ao fundo sejam os membros da família De Morais, assim
dispostos: Olinto, em primeiro plano; o pai logo atrás de Olinto, seguido por três
irmãos. Em uma outra alternativa, poder-se-ia sugerir que a pessoa atrás de Olinto, na
faixa dos 20 anos, aparenta-se à descrição de Paulo. Mas Olinto, o jovem inovador,
estampa um sorriso tímido ao segurar espigas de milho nas duas mãos, e, agachado,
demonstra tê-las retirado de um cesto de palha que transbordava a colheita. Ao fundo,
os demais também demonstram um sorriso, mais ou menos tímido.
O milho provindo de uma colheita operacionalizada por Olinto gerou, de acordo
com a narrativa, aproximadamente mil e duzentos quilos acima da safra de Geraldo, por
ocasião da utilização de semente de milho híbrido, introduzida pelo serviço de Extensão
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Idem. Ibidem.
11
Idem. Ibidem.
12
Idem. Ibidem.
13
Idem. p. 28-29.
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mediador entre a tradição e o atraso – ou pelo menos aqueles que não romperam
totalmente com a tradição. Em outras palavras, independente da presença de Geraldo
(pai de Olinto) ou do extensionista Paulo, uma leitura possibilitada pelas imagens indica
que os outros – aqueles que não romperam totalmente com a tradição – ocupam um
segundo plano, de menor prestígio social. A modernidade, obviamente, ocupa o
primeiro plano com Olinto.
Mas esta idéia pode ser complementada em um segundo exemplo (ver imagem 02
em anexo), onde os outros são citados na narrativa, embora completamente ocultados da
fotografia. Desta forma, narrou-se a experiência de um jovem chamado Odair Coelho da
Rocha, sócio do Clube 4-S “Padre Cristiano Pena” na vila de quilombo, perto de
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RIBEIRO, José Paulo. A Saga da Extensão Rural em Minas Gerais. São Paulo: Annablume; Minas
Gerais: CPP/Emater, 2000. p. 96.
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às reuniões” dos Clubes 4-S. “Disse”, então, “ao líder do clube, Miguel José Alfonso
Neto, que “Odair é o meu braço direito aqui na fazenda e não posso dispensá-lo.”15
A principal inovação introduzida por este jovem, de acordo com a narrativa, seria
uma “bomba” utilizada contra as formigas que assolavam a região16. Desta forma,
Considerações Finais
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15
FUNDAÇÃO FORD. p. 30.
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A narrativa continua nas páginas 30 e 31: “Odair, porém, trouxe do clube idéias novas – milho híbrido,
araduras em curvas de nível, pulverizantes, fertilizantes–e a produção da fazenda da família aumentou.
Certo dia, Miguel trouxe a uma reunião do Clube 4-S uma pequena bomba de latão. ‘O que é isso?’,
perguntou Odair. ‘É uma bomba que injeta no solo um veneno para matar formigas’, respondeu Miguel.
‘Custa muito?’, perguntou Odair. ‘Duzentos cruzeiros’, disse Miguel. Na região do Brasil em que vive
Odair, muitas das plantações são atacadas por formiga voraz que come por completo a vegetação e
transforma em verdadeiros desertos essas plantações. Duzentos cruzeiros, porém, é muito dinheiro na vila
e Odair, por conseguinte, pediu emprestada a bomba de Miguel para experimentá-la. Seguido as
instruções de Miguel, Odair injetou o veneno contra formigas nos campos de seu pai.”
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Idem. p. 31.
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Referências Bibliográficas
revista Seleções. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 21, nº 42, 2001.
KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo: Ática, 1988.
MOREIRA LEITE, Miriam. Retratos de Família: leitura da fotografia histórica. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1993.
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ANEXOS
Imagem 01 - Olinto
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Imagem 02 – Odair
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