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TÉCNICAS PARA DISPOSIÇÃO DE REJEITOS

M. Giovannini
S.A. Mineração da Trindade – SAMITRI
R. D. Amaral
S.A. Mineração da Trindade – SAMITRI

RESUMO: O presente trabalho apresenta soluções geotécnicas para disposição de rejeito adotadas
pela SAMITRI nas Minas de Alegria, Morro Agudo e Córrego do Meio. Devido às particularidades
de cada região quanto a topografia, a geologia e os processos diferenciados para produção de
minério de ferro (flotação, espirais, colunas, etc.), a SAMITRI vem utilizando técnicas de
disposição de rejeitos em barramentos com geometrias e materiais distintos, visando reduzir custos
operacionais e construtivos, procurando manter a qualidade ambiental de toda a área nela inserida.
Neste contexto, são apresentados dados característicos das principais barragens e pilhas de rejeito
quanto à localização, operação, finalidade, tipo de rejeito, tipo de barramento, sistema de transporte
e lançamento de rejeito, vertedouro e dimensões básicas e, também, a seção típica de cada
barramento.

1. INTRODUÇÃO e Ouro Preto, compreende as minas de Alegria,


Conta História, Fábrica Nova, Miguel Congo e
A S.A. Mineração da Trindade – SAMITRI, Morro da Mina. O Distrito Mineiro de Morro
empresa brasileira, privada, é hoje, juntamente Agudo tem suas minas e jazidas situadas em
com a sua subsidiária SAMARCO S.A., a áreas dos municípios de Rio Piracicaba e Santa
segunda maior empresa do setor mineral no Bárbara. O Distrito Mineiro do Andrade,
Brasil em volume produzido e em faturamento localizado no município de Bela Vista de
bruto. Minas, tem como prioridade o abastecimento
Em 1939, a SAMITRI deu início às da Usina Siderúrgica Belgo Mineira, em João
atividades de produção de minério de ferro. Já Monlevade. O Distrito Mineiro de Córrego do
em 1963, sob o controle acionário da Cia. Meio, que tem sua principal mina com o
Siderúrgica Belgo Mineira, a empresa dá início mesmo nome, está localizado na região
a exportações e abriu o capital ao mercado. histórica de Sabará.
Com o intuito de aproveitar suas amplas A SAMITRI possui uma capacidade
reservas de itabiritos, a SAMITRI, em nominal de 17,5 milhões de toneladas de
associação com a Marcona Ore Corporation, minério de ferro por ano. Sendo que a Mina de
foi criada a SAMARCO S.A., que entrou em Alegria produz 10,2 milhões de ton./ano, a
operação em 1977. Mina de Morro Agudo produz 5,0 milhões de
Atualmente, a SAMITRI opera quatro ton./ano, as Minas de Córrego do Meio e
distritos mineiros, na região do Quadrilátero Andrade, 1,5 milhões e 0,8 milhões ton./ano,
Ferrífero em Minas Gerais, a saber: Distrito respectivamente.
Mineiro de Alegria, Morro Agudo, Andrade e O fluxograma básico do processo produtivo
Córrego do Meio. O Distrito Mineiro de da SAMITRI é apresentado no Esquema 1.
Alegria localizado nos municípios de Mariana
133
A preocupação com a questão ambiental é Estas ações classificadas em operacionais e
uma prioridade na SAMITRI. Ciente de seu espontâneas fazem parte do Sistema de Gestão
papel, a empresa instituiu em todas as suas Ambiental – SGA e, incluem desde programas
minas ações para minimizar os impactos sobre de educação ambiental, reabilitação de áreas
o meio ambiente. degradadas até a construção de barragens de
rejeito e pilhas auto-drenantes.

Esquema 1: Fluxograma Básico do Processo Produtivo da SAMITRI

Sondagem
Pesquisa
Análise química
geológica
Estimativas de
reservas
Ensaios em planta
piloto
Geologia das Minas
Planejamento Longo prazo: cava
Método
de lavra final
informatizado
Médio prazo: cava
anual
Curto prazo:
trimestral /
semanal
Tratores Mineração Estéril
Carregadeiras a céu aberto
Caminhões Pilha de estéril
fora-de-estrada
Minério

Lamas
Britagem Usinas
Peneiramento de tratamento 3.1.1.1 Barragem de
Concentração lama

Rejeito silicoso
Produtos

Pilhas
Granulado Trem / Navios
Sinter feed
concentrado

Mercado Interno Clientes Mercado Externo


30% 70%

134
Na Mina de Alegria encontram-se em processo de beneficiamento é totalmente a
operação a Pilha de Rejeito do Xingu e seco. Nesta mina foram construídos diques e
Barragem de Campo Grande. Já na Mina de bacias de sedimentação para drenagem pluvial.
Morro Agudo estão operando a Barragem do O objeto do presente trabalho será apresentar
Monjolo, Diogo e Porteirinha; há ainda a Pilha as características técnicas de todas as barragens
de Rejeito do Monjolo. Em Córrego do Meio de rejeito e pilhas auto-drenantes da
existe a Barragem do Galego. Na Mina do SAMITRI, demonstradas nos Quadros de 1 a
Andrade não existem drenagens, pois o 7.

Quadro 1 - BARRAGEM CAMPO GRANDE


LOCALIZAÇÃO
Município Curso d’Água Bacia Hidrográfica
MARIANA-MG CORR. CAMPO GRANDE RIO DOCE
OPERAÇÃO
Início Final Vida Útil
1998 2011 13 anos
FINALIDADE
Armazenar rejeitos e lamas da flotação das IB`s e baias de produtos.
TIPO DE REJEITO
Rejeito arenoso de granulometria fina e silto argiloso.
TIPO DE BARRAMENTO
Alteamentos com rejeitos a partir da linha de centro.
SISTEMA DE TRANSPORTE E LANÇAMENTO DO REJEITO
Lançamento hidráulico através de ciclones na linha de centro
VERTEDOURO
Não existe. A recuperação da água é feita através de bombeamento para as IB’s
DIMENSÕES BÁSICAS
Situação Altura Compr. Crista Vol. Maciço Vol.Reservatório
3
Atual 40m 250m 200.000m 3x106m3
Final 92m 1.800m 3,5x106m3 20x106m3
PROJETISTA CONSTRUTORA
GEOCONSULTORIA EMBRATERR

SEÇÃO TRANSVERSAL TÍPICA

135
Quadro 2 – PILHA DE REJEITO DO XINGÚ
LOCALIZAÇÃO
Município Curso d’Água Bacia Hidrográfica
MARIANA-MG CORREGO DO XINGÚ RIO DOCE
OPERAÇÃO
Início Final Vida Útil
1989 1998 9 anos
FINALIDADE
Armazenar rejeito advindo das instalações de beneficiamento de minério por flotação.
TIPO DE REJEITO
Rejeito arenoso de granulometria fina
TIPO DE BARRAMENTO
Dique filtrante de partida e alteamentos à montante com o próprio rejeito.trabalhado com trator.
SISTEMA DE TRANSPORTE E LANÇAMENTO DO REJEITO
Bombeamento da polpa e lançamento a partir da crista através de canhões.
VERTEDOURO
Extravasor em tubo de aço Ø 800mm, posicionado de jusante a montante com tomada tipo flauta.
DIMENSÕES BÁSICAS
Situação Altura Compr. Crista Vol. Maciço Vol.Reservatório
Atual 65m 800m 6,5x106m3
Final 63m 800m 6,5x106m3
PROJETISTA CONSTRUTORA
ENGE-RIO EMBRATERR/ TRANSAMIGOS/ TRATENGE

SEÇÃO TRANSVERSAL TÍPICA

136
Quadro 3 - BARRAGEM DO GALEGO
LOCALIZAÇÃO
Município Curso d’Água Bacia Hidrográfica
SABARÁ-MG CORREGO DO GALEGO RIO DAS VELHAS
OPERAÇÃO
Início Final Vida Útil
1993 2001 8 anos
FINALIDADE
Acumulação de rejeitos e clarificação de água para retorno ao curso d`água
TIPO DE REJEITO
Areia siltosa da concentração do itabirito e areia fina da lama do processo de lavagem
TIPO DE BARRAMENTO
Seção homogênea, constituída por solo silto argiloso compactado.
SISTEMA DE TRANSPORTE E LANÇAMENTO DO REJEITO
Bombeamento e lançamento do rejeito à montante do lago através de tubulação de aço.
VERTEDOURO
Em galeria de concreto armado e extravasor tipo tulipa na ombreira direita.
DIMENSÕES BÁSICAS
Situação Altura Compr. Crista Vol. Maciço Vol.Reservatório
3
Atual 25m 63m 32.000m 379.700m3
Final 33m 100m 69.460m3 970.000m3
PROJETISTA CONSTRUTORA
DAM – Projetos de Engenharia Minas Sul / EMBRATERR

SEÇÃO TRANSVERSAL TÍPICA

EIXO DA BARRAGEM
EIXO DA BARRAGEM
EXISTENTE 2.502,50
EL. 908,00
N.A. MÁXIMO NORMAL EL. 905,00

900
EL. 898,00 EL. 898,00
1.75
895
1

2
890
1 EL. 888,00
AREIA AREIA COMPACTADA
885

880
ASSOREAMENTO EL. 878,00
875 1.75

2 1
1
870 3.00

EL. 868,00
AREIA
865
BRITA 0 ENCORAMENTO
ENCORAMENTO

137
Quadro 4 – BARRAGEM DO DIOGO
LOCALIZAÇÃO
Município Curso d’Água Bacia Hidrográfica
RIO PIRACICABA-MG CORREGO DO DIOGO RIO DOCE
OPERAÇÃO
Início Final Vida Útil
1993 INDETERMINADO INDETERMINADA
FINALIDADE
Captação de água industrial. Futuramente poderá ser utilizada para acumulação de rejeitos.
TIPO DE REJEITO
Futuramente poderá receber rejeito proveniente do beneficiamento de minério, areias médias e finas.
TIPO DE BARRAMENTO
Seção homogênea, constituída por solo silto argiloso compactado
SISTEMA DE TRANSPORTE E LANÇAMENTO DO REJEITO
Quando utilizada para deposição de rejeito, este deverá ser bombeado e lançado a montante do lago.
VERTEDOURO
Vertedouro de ombreira escavado em rocha, sem revestimento
DIMENSÕES BÁSICAS
Situação Altura Compr. Crista Vol. Maciço Vol.Reservatório
3
Atual 25m 83m 56.000m 2,4x106m3
Final 65m 337m 965.000m3 61,4x106m3
PROJETISTA CONSTRUTORA
DAM – Projetos de Engenharia FERREIRA JÚNIOR

SEÇÃO TRANSVERSAL TÍPICA

E IXO D A B A R R A G E M
3,50

E L 7 0 0 ,00
700 EL 698,00
690 1 E L 6 9 0 ,00

680
1,8 E L 6 8 0 ,00
2
670 1 E L 6 7 0 ,00

660 EL 660,00
SUPERFÍCIE NATURAL 4,00
650 1 E L 6 5 0 ,00
DO TERRENO
640 1
1,8 E L 6 4 0 ,00
630 1
0,5

4,00 2,00 R E J E ITO G R O S O


SUPERFÍCIE DE
E S C AVA Ç Ã O

138
Quadro 5 – BARRAGEM DO MONJOLO
LOCALIZAÇÃO
Município Curso d’Água Bacia Hidrográfica
RIO PIRACICABA-MG CORREGO DO MONJOLO RIO DOCE
OPERAÇÃO
Início Final Vida Útil
1988 1997 10 anos
FINALIDADE
Conter lama proveniente do processo de deslamagem. Atualmente retém erosões exógenas.
TIPO DE REJEITO
Argila siltosa
TIPO DE BARRAMENTO
Seção homogênea, constituída por solo silto argiloso compactado
SISTEMA DE TRANSPORTE E LANÇAMENTO DO REJEITO
Por gravidade e lançamento a montante do lago.
VERTEDOURO
Em estrutura de concreto armado, constituído de canal, descida d`água em degraus e dissipador.
DIMENSÕES BÁSICAS
Situação Altura Compr. Crista Vol. Maciço Vol.Reservatório
3
Atual 24m 150m 52.500m 450.000m3
Final 24m 150m 52.500m3 450.000m3
PROJETISTA CONSTRUTORA
DAM – Projetos de Engenharia MARTINS LANA

SEÇÃO TRANSVERSAL TÍPICA


E ixo d a B a rra g e m

3 ,0 0 3 ,0 0

660 EL 661,00
N A N o rm a l
2
1
8 ,0 0 EL 6 5 7 ,0 0
1
1 4 ,0 0
2 EL 651,00
1 A reia Fina
650 2
1

A r e ia G r o s s a EL 644,00

1 1
1 1 1
640 1 1
1

E n r o c a m e n to
M a te ria l B rita d o
d e p ro te ç ã o
M a te ria l d e T r a n s iç ã o

139
Quadro 6 – BARRAGEM DA PORTEIRINHA
LOCALIZAÇÃO
Município Curso d’Água Bacia Hidrográfica
RIO PIRACICABA-MG CORR. DA PORTEIRINHA RIO DOCE
OPERAÇÃO
Início Final Vida Útil
1997 2006 9 anos
FINALIDADE
Deposição da lama proveniente do processo de deslamagem
TIPO DE REJEITO
Argila siltosa
TIPO DE BARRAMENTO
Maciço de rejeito grosso (jigue) e vedação à montante com material argiloso compactado.
SISTEMA DE TRANSPORTE E LANÇAMENTO DO REJEITO
Por gravidade e lançamento a montante do lago.
VERTEDOURO
Vertedouro de superfície com soleira livre e calha revestida com concreto
DIMENSÕES BÁSICAS
Situação Altura Compr. Crista Vol. Maciço Vol.Reservatório
Atual 17m 110m 63.000m3 550.000m3
Final 30m 185m 230.000m3 m3
PROJETISTA CONSTRUTORA
ESC – Consultoria e Engenharia ULTIMÁQUINAS/ COSTR. MONLEVADE

SEÇÃO TRANSVERSAL TÍPICA


CL B A R R A G E M
R E J E ITO G R O S S O
J IG U E
7,50
680
R E J E ITO D A EL 677,00
ESPIRAL
2
0,40 4,00 0,80
1
2
S O L O A R G ILO S O
670 C O M PACTADO
1

6,00
15,29 EL 668,00
EL 666,00
R E J E ITO G R O S S O 2
J IG U E 1
6,00
660

ENROCAMENTO

140
Quadro 7 – PILHA DE REJEITO MONJOLO
LOCALIZAÇÃO
Município Curso d’Água Bacia Hidrográfica
RIO PIRACICABA-MG CORREGO DO MONJOLO RIO DOCE
OPERAÇÃO
Início Final Vida Útil
1997 2002 6 anos
FINALIDADE
Armazenar rejeito advindo do beneficiamento de minério por concentração.
TIPO DE REJEITO
-Arenoso na faixa granulométrica das areias médias e finas (< 1,00mm).
TIPO DE BARRAMENTO
Aterro hidráulico com rejeito transportado por via hídrica e alteamentos por montante.
SISTEMA DE TRANSPORTE E LANÇAMENTO DO REJEITO
Transportado por gravidade através de tubulações e lançado a partir da crista por espigotes.
VERTEDOURO
Extravasor em tubo de aço, ∅ 800mm,posicionado de jusante à montante com tomada tipo flauta.
DIMENSÕES BÁSICAS
Situação Altura Compr. Crista Vol. Maciço Vol.Reservatório
6 3
Atual 60m 360m 6x10 m 6x106m3
Final 75m 360m 10x106m3 10x106m
PROJETISTA CONSTRUTORA
GEOCONSULTORIA ULTIMÁQUINAS

SEÇÃO TRANSVERSAL TÍPICA


900
NANORMAL NAMÁXIMO 890
880
876 870
868 1
858 2 860
850
850
839 840
1
830
826
820 2 820
810 810
800ENROCAMENTO
1.5 785
1 781.50
DRENO ENROCAMENTO
TRANSIÇÃO DRENO

141
2. RESULTADOS 3. REFERÊNCIAS

Os barramentos foram implementados de DAM (1993), Mina de Córrego do Meio;


forma a maximizar o potencial topográfico, Barragem do Galego; Relatório do Projeto.
geológico e geotécnico da região, garantindo a DAM (1992), Mina de Morro Agudo;
segurança das estruturas e minimizando os Barragem do Diogo; Relatório do Projeto.
impactos ambientais. Com isto foi possível DAM (1988), Mina de Morro Agudo;
fazer de forma eficiente a disposição dos Barragem do Monjolo; Relatório do Projeto.
rejeitos provenientes das instalações de ENGERIO (1988), Mina de Alegria; Pilha de
beneficiamento de minério, com Rejeito do Xingu; Relatório do Projeto.
reaproveitamento de uma grande parcela de ESC (1997), Mina de Morro Agudo; Barragem
água consumida no processo. Os efluentes são da Porteirinha; Relatório do Projeto.
monitorados periodicamente e apresentam-se GEOCONSULTORIA (1998), Mina de
dentro dos padrões da COPAM. Alegria; Barragem Campo Grande;
Relatório do Projeto.
GEOCONSUTORIA (1997), Mina de Morro
Agudo; Pilha de Rejeito do Monjolo;
Relatório do Projeto.

142

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