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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Departamento de Engenharia de Minas


Geologia de Engenharia I

Mineralogia - Estudo dos Minerais

Prof. Rodrigo Peroni


Abril 2003
1. MINERALOGIA DESCRITIVA
Minerais Essenciais (Principais): São grupos de minerais que compõem a maioria da
mineralogia das rochas. São aqueles minerais que definem, classificam e caracterizam uma rocha.
Minerais Acessórios: São grupos de minerais que participam das rochas como elementos
menores ou traços. Geralmente são os minerais que definem características tecnológicas e
econômicas específicas de uma formação rochosa. Ocorrem em percentagem pouco significativa e
não influem na classificação da rocha.
A classificação dos minerais é baseada comumente na composição química.
Classes:
Elementos nativos - 20 elementos que ocorrem não combinados;
Sulfetos - combinação de metais com S, maioria dos min metálicos;
Sulfatos - combina elementos com S e O2;
Óxidos e/ou hidróxidos - combina metais c/Oy ou (OH)y;
Silicatos - combina elementos com Six . Oy;
Halóides - inclui cloretos, fluoretos, brometos e iodetos;
Carbonatos - inclui a presença de CO3;
Fosfatos - inclui a presença de PO4;
Outros - molibdenatos, tungstatos, nitratos e boratos.

1.1. ELEMENTOS NATIVOS


Excetuando-se os gases livres da atmosfera, encontra-se no estado nativo somente cerca de
vinte elementos, que podem ser divididos em metais, semimetais e não-metais. Os metais nativos
mais comuns constituem três grupos isoestruturais:
i. o grupo do ouro: ouro, prata, cobre e chumbo;
Os elementos do grupo do ouro pertencem à mesma família na classificação periódica dos
elementos e portanto possuem propriedades químicas semelhantes, todos são suficientemente
inertes para ocorrerem livres na natureza. Quando não estão combinados com outros elementos os
átomos desse grupo estão unidos em estruturas cristalinas por ligações metálicas (relativamente
fracas).
As propriedades semelhantes dos membros desse grupo originam-se da estrutura comum.
Todos são apresentam dureza relativamente baixa, são maleáveis, dúcteis e sécteis. Todos são
excelentes condutores de calor e eletricidade, tendo pontos de fusão bem baixos. Possuem
densidades elevadas.
ii. o grupo da platina: platina, paládio, irídio e ósmio;
Os elementos do grupo da platina são elementos mais duros e têm pontos de fusão mais
elevados do que o do grupo do ouro.
iii. o grupo do ferro: ferro e ferro-níquel.
Os cristais dos metais do grupo do ferro, embora isométricos, têm um retículo cúbico de corpo
centrado em que cada átomo toca os outros oito átomos circundantes.
Os semimetais nativos formam dois grupos iso-estruturais, são comparativamente frágeis e
piores condutores de calor e de eletricidade do que os metais nativos. Estas propriedades refletem
um tipo de ligação intermediária entre a metálica e a covalente.
i. classe escalenoédrica hexagonal: arsênio, antimônio e o bismuto;
ii. Classe trapezoédrica-trigonal: selênio e telúrio.
Os não-metais mais importantes são o carbono, sob forma de diamante e grafita e o enxofre.
Principais elementos nativos: Ouro, Prata, Cobre, Platina, Ferro, Enxofre, Diamante e a Grafita.
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Ouro: D=2.5 a 3, d=19.3, Au , Brilho = Opaco, Cor = Amarelo dependendo da pureza Uso =
Joalherias instrumentos científicos, Ocorrência = Ocorre em pequenas quantidades e é muito comum
em filões.
Prata: D=2.5 a 3, d=10, Ag , Brilho = Metálico, Cor = Branco da prata, Uso = Minério de prata e
também com propósitos ornamentais. Ocorrência = A prata nativa é distribuída em pequenas
quantidades principalmente na zona oxidada dos depósitos do minério.
Cobre: D=2.5 a 3, d=8.9, Cu , Brilho = Opaco, Cor = Vermelho do cobre, Uso = Minério
secundário de cobre. Ocorrência = Encontra-se amplamente em filões de cobre, mas geralmente em
pequenas quantidades.
Platina: D=4 a 4.5, d=2.1 a 4.5, Pt , Brilho = Reluzente, Cor = Cinzento do aço, Uso = Em
aparelhos químicos, equipamentos elétricos e joalheria. Ocorrência = É um metal raro que ocorre
quase sempre no estado nativo.
Ferro: D=4.5, d=7.3 a 7.9, Fe , Brilho = Opaco, Cor = Cinzento do aço ao negro, Uso = Muito
utilizado pela indústria. Ocorrência = Ocorre, escassamente, como ferro terrestre e nos meteoritos.
Arsênio: D=3,5, d=5.7 a 4.5, Pt , Brilho = quase metálico (em superfície recente), Cor = branco
do estanho (na fratura recente).
Enxofre: D=1.5 a 2.5, d=2.05 a 2.09, S , Brilho = Resinoso, Cor = Amarelo do enxofre, Uso =
Principalmente na indústria química na fabricação de ácido sulfúrico. Ocorrência = Ocorre
normalmente nas bordas das crateras dos vulcões extintos e ativos, ou próximo delas, onde se
depositou dos gases emanados das fumarolas.
Diamante: D=10, d=3.5, C , Brilho = Adamantino, Cor = Amarelo-pálido ou incolor, Uso = Na
indústria e também em pequenos cristais para cortar o vidro. Ocorrência = Encontra-se diamantes
geralmente nas areias e cascalhos dos leitos dos rios.
Grafita: D=1 a 2, d=2.2, C , Brilho = Metálico, Cor = Negro a cinzento do aço, Uso = Fabricação
de cadinhos refratários para as indústrias do aço. Ocorrência = Ocorre normalmente em rochas
metamórficas como os calcários cristalinos, xistos e gnaisses.

1.2. SULFETOS
Os sulfetos formam importante classe de minerais que incluem a maioria dos minérios
metálicos. Os sulfetos podem ser divididos em pequenos grupos estruturais, não sendo possível
generalizar-se amplamente com relação à sua estrutura. Muitos sulfetos têm ligação iônica, ao passo
que outros, exibindo as propriedades dos metais têm ligação metálica. Reúnem-se nesta classe
aqueles minerais cuja composição é a combinação não oxigenada de metais e metalóides com S, As,
Sb, Bi, Se e Te; compreende os sulfetos simples e duplos e os sulfossais. Fisicamente caracterizam-
se por seu aspecto metálico, pesos específicos elevado e pela sua opacidade.
Principais minerais: Galena, Esfarelita, Calcopirita, Estanita, Pirrotita, Nicolita, Covelita,
Estilbita, Pirita, Molibdenita e a Bornita.
Galena (PbS2): D=2.5, d=7.4 a 7.6, PbS , Brilho = Metálico reluzente, Cor = Cinza do chumbo,
Uso = minério de chumbo e um minério importante de prata, Ocorrência = É um sulfeto metálico muito
comum, encontrado em veios, associada a esfarelita, pirita, marcassita, calcopirita, dolomita, calcita,
quartzo, barita e fluorita.
Esfarelita (ZnS): D=3.5, d=3.9 a 4.1, ZnS , Brilho = Não-metálico, Cor = Geralmente amarela,
indo castanho para o negro, Uso = Minério de Zinco. Ocorrência = Geralmente associada a galena,
pirita, calcopirita, calcita e dolomita. É encontrada também em filões de rochas ígneas e nos
depósitos metamórficos de contato.
Calcopirita (CuFeS2): D=3.5 a 4, d=4.1 a 4.3, CuFeS2 , Brilho = Metálico, Cor = Amarelo do
latão, Uso = minério de cobre, Ocorrência = Encontra-se distribuído em veios metálicos e associado a
pirita, pirrotita, esfarelita, galena, quartzo, calcita, dolomita, siderita, e vários minerais de cobre.
Estanita: D=4, d=4.4, PbS , Brilho = Metálico, Cor = Cinza do aço ao negro do ferro, Uso =
minério secundário de estanho, Ocorrência = Ocorre nos veios contendo estanho com a cassiterita,
calcopirita, wolframita, pirita e quartzo.
Pirrotita (FexS): D=4, d=4.58 a 4.65, Fe1-xS, Brilho = Metálico, Cor = Bronze pardacento, Uso =
é explorada por causa do seu níquel associado, Ocorrência = Ocorre associada a pentlandita,
calcopirita e outros sulfetos na rochas ígneas básicas.

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Nicolita: D=5 a 5.5, d=7.78, NiAs , Brilho = Metálico, Cor = Vermelho do Cobre, pálido, Uso =
minério de níquel de menor importante, Ocorrência = A nicolita, com outros arsenietos e sulfetos de
níquel, pirrotita e calcopirita.
Covelita (CuS): D=1.5 a 2, d=4.6 a 4.76, CuS , Brilho = Metálico, Cor = Azul anil ou mais
escura, Uso = minério secundário de cobre , Ocorrência = Não é um mineral muito abundante,
geralmente associada a calcocita, calcopirita, bornita e enargita sendo derivada dela por alteração.
Estilbita: D=2, d=4.52 a 4.62, Sb2S3 , Brilho = Metálico, Cor = Cinza do chumbo a preto, Uso =
Minério de Antimônio, Ocorrência = Associada com rochas intrusivas e a outros minerais como a
galena, esfarelita, barita, ouro.
Pirita (FeS2): D=6.5, d=5.02, FeS2 , Brilho = Metálico reluzente, Cor = Amarelo do latão, Uso =
Geralmente explorada pelo ouro ou pelo cobre associado, Ocorrência = Associada com a calcopirita,
esfarelita e a galena.
Molibdenita (MoS2): D=1 a 1.5, d=4.62 a 4.73, MoS3 , Brilho = Metálico, Cor = Cinza do
chumbo, Uso = Minério de Molibdênio, Ocorrência = Ocorre com os minérios de estanho e tungstênio
nos depósitos de alta temperatura.
Bornita (Cu5FeS4): D=3, d=5.06 a 5.08, Cu5FeS4 , Brilho = Metálico, Cor = Bronze pardacento,
Uso = Minério de Cobre, Ocorrência = Encontra-se usualmente associada a outros minerais de cobre
em depósitos hipógenos.

1.3. SULFATOS
Um grande grupo de minerais ocorrem como sulfatos, porém poucos são comuns. São
minerais que possuem em sua fórmula química o radical SO4.
Os sulfatos dividem-se em: anidros, básicos e hidratados.
Os anidros mais importantes e comuns são os do grupo da barita, que possuem densidade
relativa diretamente proporcional ao peso atômico.
Entre os sulfatos hidratados o gipso é o mais importante e abundante.
Principais minerais: Barita, celestita, anglesita, gipso e epsomita.
Barita: D=3 a 3.5, d=2.32, BaSO4, Brilho = Vítreo, Cor = Branca com matrizes claras, azul,
vermelho, Incolor, Uso = Principal fonte de bário utilizado na produção de substância., Ocorrência =
Ocorre geralmente como mineral de ganga nos filões metálicos, associada especialmente com
minérios de prata, chumbo, cobre, cobalto, manganês e antimônio. Encontrada em veios no calcário,
junto à calcita, ou como massas residuais na argila que recobre o calcário.
Celestita: D = 3 a 3,5, d = 4,5, SrSO4, Brilho = Vítreo a nacarado, Cor = Incolor, branca, Azul
pálido, Uso = Empregado na preparação de nitrato de estrôncio para fogos de artifício e balas
traçadoras, Ocorrência = Encontra-se no calcário ou arenito, ou em ninhos e cavidades revestidas
nessas rochas. Associada com a calcita, dolomita, gipso, halita, enxofre, fluorita.
Anglesita: D = 3, d = 6,2 a 6,4, PbSO4, Brilho = Adamantino quando pura e opaco quando
terrosa, Cor = Incolor, branca, cinzenta, matizes pálidos de amarelo, Uso = Minério secundário de
chumbo, Ocorrência = Encontrada nas porções superiores, oxidadas, dos veios de chumbo,
associada com a galena, cerussita, esfarelita, hemimorfita e óxido de ferro.
Gipso: D = 2, d = 2,32, CaSO4.2H2O, Brilho = Usualmente vítreo; também nacarado e sedoso,
Cor = Incolor, branco, cinzento, vários matizes do amarelo, vermelho, castanho por causa das
impurezas, Uso = Usado principalmente na produção de gesso, Ocorrência = Mineral comum
amplamente distribuído nas rochas sedimentares, muitas vezes em camadas espessas.
Epsomita: D= 2 a 2,5, d = 1,68, MgSO47H2O, Brilho = Vítreo a terroso. Cor = Incolor a branca,
transparente a translúcido, Uso = O mineral epsomita tem pouco uso, pois o sal de epsom comercial
é fabricado a partir de outros minerais magnesianos, Ocorrência = Está depositada, usualmente,
como uma eflorescência sobre as rochas, nas galerias das minas e sobre as paredes das cavernas.

1.4. ÓXIDOS E HIDRÓXIDOS


Os óxidos classificam-se em óxidos simples, óxidos múltiplos, óxidos contendo hidroxila e
hidróxidos. Dentro da estrutura da classificação, existem grupos minerais importantes, notadamente,

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os grupos da hematita, do espinélio e do rutilo. Cada um destes grupos contém um ou mais minerais
de importância econômica.
Dentro da classe dos óxidos estão os principais minérios de ferro (hematita e magnetita), de
cromo (cromita), de manganês (pirolusita, manganita e psilomelana), de estanho (cassiterita) e de
alumínio (bauxita).
Principais minerais: Óxidos - Zincita, Hematita, Ilmenita, Rutilo, Pirolusita, Cassiterita, Goethita,
Magnetita, Cromita, Columbita-Tantalita, Hidróxidos – Psilomelana, Limonita, Bauxita.
Zincita: D=4 a 4.5, d=5.6, ZnO , Brilho = Sub-adamantino, Cor = Vermelho intenso a amarelo
alaranjado, Uso = minério de zinco, Ocorrência = Geralmente associada a franklita e a willenita.
Hematita: D=5.5 a 6.5, d=5.26, Fe2O3 , Brilho = Metálico, Cor = castanho avermelhado a preto,
Uso = minério de ferro, Ocorrência = Ocorre nos depósitos metamórficos de contato e nas rochas
ígneas feldspáticas como o granito.
Ilmentita : D=5.5 a 6, d=4.7, FeTiO3 , Brilho = Metálico a sub-metálico, Cor = preto do ferro,
Uso = minério de Titânio, Ocorrência = Ocorre em camadas e em massas lenticulares em gnaisses e
associada a magnetita.
Rutilo: D=6 a 6.5, d=4.18 a 4.25, TiO3 , Brilho = Adamantino a sub-metálico, Cor = Vermelho,
castanho avermelhado a preto, Uso =revestimento de hastes de solda, Ocorrência = Encontra-se o
rutilo nos granitos, pegmatitos, gnaisses, mica xistos e associados a magnetita, zircão e monazita.
Pirolusita: D=1 a 2, d=4.75, MnO2 , Brilho = Metálico, Cor = preto do ferro, Uso = minério de
manganês, Ocorrência = Encontrado em filões com quartzo e vários minerais metálicos.
Cassiterita: D=6 a 7, d=6.8 a 7.1, SnO2 , Brilho = adamantino a sub-metálico e fosco, Cor =
Castanho ou preto, Uso = minério de estanho, Ocorrência = Encontrado em veios com cassiterita,
turmalina, topázio, a fluorita e a apatita.
Goethita: D=5 a 5.5, d=4.37, HFeO2 Brilho = Adamantino a opaco, Cor = Castanho amarelado
a castanho escuro, Uso = minério de ferro, Ocorrência = Encontra-se grandes quantidades de
goethita como mantos lateríticos residuais.

1.5. SILICATOS
São minerais que contém o radical SiOY em sua estrutura.
Essa é a classe mineral mais importante e de maior ocorrência na natureza. Cerca de 25% dos
minerais conhecidos e 40% dos minerais comuns são silicatos. Praticamente todos os minerais que
formam as rochas ígneas são silicatos, constituindo, então mais de 90% da crosta terrestre. Assim,
principalmente a crosta terrestre continental é formada por uma estrutura básica de Si, O e Al, cujos
interstícios são preenchidos por outros elementos como Fe, Ca, Mg, Na, K,...
Minerais formados essencialmente por grupos tetraédricos SiO2, que estão unidos entre si
diretamente ou por meio de cationtes. São os componentes mais importantes das rochas e
constituem, com o quartzo, 95% da parte conhecida da crosta terrestre; é a parte mais rica em
espécies, e devido à facilidade de sua investigação óptica, constitui uma das classes melhor
conhecidas. Fisicamente são reconhecidos com muita facilidade pela sua falta de cor própria, brilhos
não metálicos, risco branco, elevado índice de dureza e pelo seu aspecto geral bastante
característico.
A maioria dos silicatos é encontrada como constituintes das rochas eruptivas, formados a
temperaturas e pressões elevadas, via de regra, em amplas zonas de variação de ambas, com
estruturas densas e carentes de água.
Pelo contrário, nas rochas sedimentares devido a ação do ácido carbônico que, nas condições
ambientais, destrói os silicatos, não existe formação destes minerais, senão que há fases de
transformação dos mesmos, de estruturas geralmente em camadas, com grande quantidade de água
de constituição e embebição. Exemplo disto o encontramos nas argilas.
As propriedades cristaloquímicas dos minerais devem-se, às especiais características do grupo
SiO4 e ao tipo de arcabouço que resulta de suas uniões ou junções. Sintetizando, podemos
considerar todo silicato como sendo um esqueleto de tetraedros SiO4, cheio de cationtes, em alguns
casos, com cationtes e água, em outros, sem nada, como acontece com o quartzo.
A disposição dos grupos SiO4 pode se referir a cinco esquemas gerais:

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Principais formadores de rochas são: quartzo, feldspatos, micas, piroxênios e anfibólio.


Quartzo: D = 7, d = 2.65, SiO2, Brilho = Vítreo às vezes gorduroso em algumas variedades, Cor
= A cor da origem a diferentes variedades (cristal de rocha, ametista, quartzo rosa, quartzo
enfumaçado, citrino, quartzo leitoso, olho-de-gato), Uso = O quartzo tem muitos e variados usos.
Suas formas coloridas são largamente usadas como gemas e pedras ornamentais, Ocorrência = Um
dos principais constituintes das rochas ácidas.
Micas: As micas cristalizam no sistema monoclínico, os cristais são, de ordinário, tabulares,
com planos basais bem desenvolvidos e com um contorno rômbico ou hexagonal tendo ângulos de
60o a 120o , aproximadamente. As micas caracterizam-se por uma clivagem {001} altamente perfeita.
Existe substituição iônica limitada entre os diferentes membros. Todavia, é freqüente que dois
membros do grupo cristalizem juntos em posição paralela na mesma placa do cristal, com a clivagem
estendendo-se através de ambos. Tem como principais variedades: a muscovita, biotita, lepidolita,
marganita, flogobita.
Piroxênios: Os piroxênios incluem um número de espécies que se cristalizam nos sistemas
ortorrônbico e monoclínico, sendo, entretanto, estreitamente relacionados na estrutura cristalina. Os
piroxênios formam uma série, na qual os membros são estritamente análogos, do ponto de vista
químico, aos da família dos anfibólios. Principais minerais são: família da enstatita, diopsídio,
espodumênio, jadeíta, egirita, augita.
Anfibólios: Os minerais mais comuns da família dos anfibólios cristalizam-se nos sistemas
ortorrômbico e monoclínico. Quimicamente formam um grupo paralelo à família dos piroxênios,
todavia os anfibólios contêm a hidroxila. Os anfibólios e piroxênios assemelham-se muito entre si e
distinguem-se pela clivagem. Os principais minerais são: antofilita, tremolita, hornblenda,
arfvedsonita.
Feldspatos: Os feldspatos formam um dos grupos minerais mais importantes. São silicatos de
alumínio com potássio, sódio e cálcio e, raramente, bário. Podem pertencer aos sistemas monoclínico
ou triclínico, mas os cristais dos diferentes sistemas assemelham-se entre si estritamente nos ângulos
e nos hábito cristalino. Todos eles apresentam clivagens boas em duas direções que fazem entre si
um ângulo de 90o ou próximo de 90o. A dureza é em torno de 6 e a densidade relativa vai de 2,55 a
2,76.
OUTROS SILICATOS IMPORTANTES
Sodalita: D = 5.5 A 6, d = 2.15 A 2.3, Na4(AlSiO4)3Cl Brilho = Vítreo, Cor = Azul, Branco, Verde,
Uso = Corante de roupa, Ocorrência = É um mineral formador de rocha e á associado com a nefelina,
cancrinita, e outros feldspatóides.
Caulinita: D = 2 a 2.5, d = 2.6 a 2.63, Al4(Si4O10)(OH)8 Brilho = Terroso, opaco, Cor = Branco,
Uso = É uma substância industrial, natural e de muita importância na fabricação de tijolos ,
Ocorrência = É de ocorrência ampla, principal constituinte do caulim.
Turmalina: D = 7 a 7.5, d = 3 a 3.25, XY3Al6(Bo3)3 X=Na, Ca, Y=Al, Fe3+, Li, Mg, Brilho = Vítreo
a resinoso, Cor = Preta, Parda, Matizes do vermelho, rosa azul e amarelo, Uso = Pedra semi-
preciosa, Ocorrência = Em pegmatitos graníticos e nas rochas que circundam, imediatamente, esses
depósitos. Associadas principalmente com albita, microclínio, muscovita, quartzo.
Berilo: D = 7.5 a 8, d = 2.75 a 2.80, Be3Al2(Si6O18) Brilho = Vítreo , Cor = Verde azulado,
amarelo do ouro, rosa branco ou incolor, Uso = Gema de várias cores e também grande fonte de
berílio, Ocorrência = Em rochas graníticas tanto em drusas como em diques pegmatíticos com micas,
xistos associado com minério de estanho. O berilo possui também a variedade esmeralda.
Olivina: D = 6.5 a 7, d = 3.27 a 4.37, (Mg.Fe)1(SiO4) Brilho = Vítreo , Cor = Verde de oliva a
verde acinzentado, castanho, Uso = Como a variedade verde clara, o peridoto, a olivina tem um
emprego como gema , Ocorrência = Mineral formador de rocha bastante comum, encontrado
principalmente em rochas ígneas ferromagnesianas escuras como o gabro, o peridotito e o basalto.
Granada: D = 6.5 a 7.5, d =3.5 a 4.6, A3B2 (SiO4)3 A=Ca, Mg, Fe ferroso e Mg bivalente, B= Al,
Fe férrico, Ti ou Cr, Brilho = Vítreo a resinoso , Cor = Vermelho, castanho, amarelo, branco e verde
escuro, Uso = Gema relativamente barata, Ocorrência = Ocorre como constituinte acessório de
algumas rochas metamórficas e ígneas. É geralmente encontrado com mica xisto, hornblenda xisto e
gnaisse.
Epidoto: D = 6 a 7, d = 3.35 a 3.45, Ca2(AlFe)Al2O(SiO4)(Si2O7)(OH) Brilho = Vítreo , Cor =
Verde amarelo a verde escuro, cinza ou preto, Uso = Gema, Ocorrência = Em rochas cristalinas como
gnaisse e anfibolito e vários xistos.

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Topázio: D = 8, d = 3.04 a 3.05, Al2(SiO6)(F,OH)2 ,Brilho = Vítreo , Cor = Incolor, amarelo,


roseo, amarelo do vinho, azulado e esverdeado, Uso = Gema, Ocorrência = Encontrado nas
cavidades das larvas riolíticas e nos granitos.
Cianita: D = 5, d = 3.55 a 3.66, AlAlO(SiO4) ,Brilho = Vítreo a nacarado , Cor = Azul, branco,
cinzento ou verde, Uso = Em velas de motores e porcelanas altamente refratados, Ocorrência =
Mineral acessório do gnaisse muitas vezes com a granada, estaurolita e coríndon.
Espodumênio: D = 6.5 a 7, d = 3.15 a 3.20, LiAl9SiO2)6 x Li2O ,Brilho = Vítreo , Cor = Branco,
cinza, róseo, amarelo, verde, Uso = Fonte de Lítio, Ocorrência = Encontrado em diques de
pegmatitos.
Hornblenda: D = 5 a 6, d = 3.2, Ca2Na(Mg,Fe2/)4(Al,Fe3/,Ti)(Al,SiO4)8O22(O,OH)2 ,Brilho =
Vítreo , Cor = Matizes de verde escuro a verde, Ocorrência = Mineral formador de rocha, ocorrendo
tanto nas rochas ígneas, quanto nas metamórficas.
Talco: D = 1, d = 2.7 a 2.8, Mg3(SiO3)2(OH)2 ,Brilho = nacarado a gorduroso , Cor = Verde da
maçã, cinza, branco, verde, Uso = Tampos de mesa de laboratório e aparelhos sanitários. É
conhecido como pedra sabão, Ocorrência = De origem secundária, formado pela alteração dos
silicatos de magnésio; Olivinas, Piroxênios e Anfibólios.
Petalita: D = 6 a 6.5, d = 2.4, Li(AlSiO4O10) ,Brilho = Nacarado , Cor = Incolor, Branco,
Cinzento, Uso = Minério importante de lítio, Ocorrência = Encontrado em pegmatitos, nos quais está
associado ao quartzo e aos minerais portadores de lítio: Espodumênio, Turmalina e lepdolita.

1.6. HALÓIDES
A classe química dos halóides caracteriza-se pela predominância dos íons halogênicos
eletronegativos, Cl-, Br-, F- e I-. Esses íons são grandes, carregados fracamente e de fácil polarização.
Quando se combinam com cátions de baixa valência, relativamente grandes e fracamente
polarizados, cátions e íons comportam-se quase como se fossem corpos perfeitamente esféricos.
Os halóides isométricos têm dureza relativamente baixa, pontos de fusão moderados a altos e
são maus condutores de calor e eletricidade no estado sólido.
Principais minerais. Halita, Silvita, Fluorita e Carnalita.
Halita: D = 2,5, d = 2,16, NaCl, B = Transparente a translúcido, C = incolor ao branco, quando
impura pode exibir tonalidades amarelo, vermelho, azul e púrpura, Uso: Maior uso na indústria
química como fonte de sódio e de cloro. Ocorrência: Ocorre, muitas vezes em camadas e massas
irregulares extensas, precipitadas das águas dos oceanos inter-estratificadas com rochas
sedimentares.
Silvita: D = 2, d = 1,99, KCl, B = Transparente, C = Incolor ou branco, tonalidades de azul,
amarelo ou vermelho quando impura, Uso = Principal fonte de compostos de potássio, usado
largamente como fertilizantes, Ocorrência: Mesmo caso da halita sendo mais rara por se precipitar
depois que a mesma.
Fluorita: D = 4, d = 3,18, CaF2, B = Vítreo, C = verde-claro, amarelo, verde-azulado e
purpúreo, também incolor, branco, rosa, azul e castanho, Uso = Usada principalmente como fluxona
fabricação do aço, na manufatura de vidros opalescentes, na esmaltação de utensílios de cozinha,
Ocorrência = Encontrado em veios nos quais é o mineral principal, seja como mineral de ganga,
associado a minérios de metais.
Carnalita: D = 1, d = 1,6, KMgCl3.6H2O, B = Não-metálico, brilhante, gorduroso, C = Branco-
leitoso, muitas vezes avermelhado, Uso = Fonte de compostos de potássio, e magnésio, Ocorrência =
Associada à halita, à silvita.

1.7. CARBONATOS
Os principais membros dessa classe formam duas séries isomorfas, por exemplo, a calcita e
aragonita, que possuem igual composição química, CaCO3, apresentando exemplo típico de
dimorfismo. São os minerais que contém o íon carbonato em suas estruturas. Constituintes das
rochas calcárias, certos carbonatos decompõem-se em presença de H (efervescência em ácido). Em
cavernas calcárias formam, por precipitação, estalactites e estalagmites.
Principais minerais: Calcita, Dolomita, Magnesita, Aragonita, Witherita, Malaquita e Azurita.

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Calcita: D=3.0, d=2.72, CaCO3 , Brilho = vítreo a terroso, Uso = fabricação de cimento,
Ocorrência = Em massas rochosas sedimentares enormes e espalhadas amplamente, sendo o único
mineral presentes em certos calcários.
Magnesita: D=3.5, d=4.3, MgCO3 , Brilho = vítreo, Cor = branco cinzento a castanho, Uso =
fabricação de tijolos, fonte de magnésia, para fabricação de produtos químicos e minério de magnésio
metálico Ocorrência = geralmente em veios e massas irregulares.
Aragonita: possuem características similares à calcita, porém, cristalizando-se no sistema
ortorrômbico. Ocorrência = encontra-se depositada em fontes termais associadas a camadas de
gipso e depósito de minerio de ferro.
Witherita: D=3.5, d=4.3, BaCO3 , Brilho = vítreo, Uso = fonte de menor importância de bário.
Ocorrência = É um mineral raro, geralmente encontrado em veios associados à galena.
Malaquita: D=3.5 a 4.0, d=3.9 a 4.03, Cu2 (CO3)2(OH)2 , Brilho = Vítreo adamantino, Cor =
verde brilhante, Uso = minério de cobre, Ocorrência = associada a azurita, cuprita, óxido de ferro e
vários sulfetos de cobre e de ferro; encontrada usualmente em veios de cobre que penetram no
calcário.
Azurita: D=3.5 a 4.0, d=3.77, Cu2 (CO3)2(OH)2, Brilho = Vítreo, Cor = azul celeste, Uso =
minério de cobre de menor importância. Ocorrência = geralmente associada a malaquita, mas
também encontrada em forma de cristais.
Dolomita: D=3.5 a 4.0, d=2.85, Ca Mg(CO3)2 , Brilho = Vítreo a nacarado, Cor = branco
cinzento, castanho ou preto. Uso = pedras de construção e minério potencial de manganês.
Ocorrência = Ocorre geralmente sob forma de massas rochosas como calcário dolomítico ou
mármore dolomítico, também encontrado em veios de zinco e chumbo que atravessam o calcário.

2. APLICAÇÕES EM ENGENHARIA DO CONHECIMENTO DOS MINERAIS (MINERALOGIA)


As rochas e minerais industriais (RMI) que se empregam na fabricação de materiais de
construção são, entre outros: areias, cascalhos e toda classe de rochas britadas como agregados;
calcário e argila, gesso e materiais pozolânicos para cimentos; argilas, feldspatos, quartzo, caulim e
outros minerais para a fabricação de telhas, tijolos, louças, porcelana; granitos, mármores, ardósias,
calcários, serpentinas e outras rochas como rocha ornamental; gessos e cal como aglomerantes;
materiais asfálticos; areias silicosas e diversos óxidos e carbonatos na fabricação de vidro; crisotila,
anfibólios, sepiolita, wollastonita e outros minerais na fabricação de fibrocimentos; pedra-pomes,
perlita, vermiculita, argila, ardósia e outras rochas na fabricação de elementos leves ou isolantes.
Nas obras de engenharia, os agregados podem conter determinados minerais que podem
influir na durabilidade da rocha, a composição mineralógica pode ter influência na massa específica
da rocha, na porosidade e na absorção de água.
Conhecimento da reatividade dos minerais para evitar reações químicas indesejáveis com
substâncias químicas do cimento.
Determinados minerais hidrofílicos (quartzo) são prejudiciais à adesividade do concreto
betuminoso, permitindo o descolamento da película de betume do agregado e a conseqüente
deterioração do concreto.
Inalterabilidade dos minerais constituintes resistentes ao intemperismo evitando o desgaste
acelerado do agregado e diminuição de resistência mecânica.
Em placas de revestimento os minerais constituintes das rochas devem possuir alta resistência
ao intemperismo e a agentes químicos agressivos quando usado em revestimento externos, os
minerais devem possuir baixa capacidade de absorção de líquidos, visando evitar manchamentos e
também impedir a sua deterioração, os minerais devem apresentar baixos coeficientes de dilatação
térmica para garantir a estabilidade do revestimento, os minerais devem possuir alta resistência ao
desgaste para serem utilizadas em pisos.
Para não tornar interminável a descrição, pode atribuir-se às matérias-primas para isolantes,
entre as quais se encontram os asbestos e amiantos (fibras de serpentina ou anfibólios), a sepiolita, a
pedra-pomes, a perlita, as argilas e ardósias expandidas e outros materiais. Também os abrasivos,
materiais usados para desgaste, entre os quais se encontram o diamante, o coríndon, as granadas,
os feldspatos, o quartzo, a pedra-pomes e muitos outros minerais, dependendo da dureza do material
a desgastar. Os lubrificantes, que se empregam para diminuir o coeficiente de atrito entre superfícies
sólidas; entre esses o grafite, o talco e o caulim; os pigmentos fabricados a partir de ocres, minerais

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de titânio e outros; os adensadores, como a barita, e as cargas ou enchimentos, como o caulim, o


talco e o carbonato de cálcio.
Denominam-se rochas e minerais industriais (RMI) os materiais naturais (e, ocasionalmente,
resíduos da indústria ou da construção) que são empregados na atividade humana, não para obter
metais ou energia, mas pelas suas propriedades físicas, químicas ou ornamentais, manifestas no
mineral ou rocha tal qual são extraídas ou após uma transformação não metalúrgica. Não existem
limites definidos para a classificação das rochas e minerais industriais, devido a que muitos minerais
(berilo, cromita, rutilo, ilmenita, hematita, zircão) têm usos metalúrgicos e não metalúrgicos, à possível
inclusão ou não dos materiais de construção e do significativo grupo das gemas, etc. Existe uma
enorme polêmica sobre se o termo rochas e minerais industriais é análogo ao de minerais não
metálicos. Uma classificação possível, atribuída a Kuzvart (1984), é a que considera rochas e
minerais industriais:
a) As matérias-primas que se empregam na indústria na sua forma mineral, após diversos
tratamentos (por exemplo, talco, asbesto, diamante) ou na forma de rocha (diatomita, bentonita, ocre).
b) As matérias-primas que são fonte de elementos não metálicos (pirita como fonte de enxôfre,
fluorita como fonte de flúor, apatita como fonte de fósforo, etc.) ou que servem para a fabricação de
compostos simples (boratos para a fabricação de ácido bórico).
c) As matérias-primas de aspecto não metálico de onde são obtidos metais ou seus compostos
(berilo como fonte de berílio, magnesita como fonte de magnésio, espodumênio como fonte de lítio).
d) Os materiais de construção (argila, areia, cascalho, granito, mármore, matéria-prima para a
fabricação de cimentos).
Uma classificação, necessariamente simples, das RMI e seus jazimentos mais comuns, é a
seguinte:
a) Jazimentos magmáticos: Diamante, olivina, apatita, feldspatos, pedra natural para
construção.
b) Jazimentos pegmatíticos: Feldspato, quartzo, monazita, berilo, criolita, muscovita, gemas.
c) Jazimentos metassomáticos de contato (tipo skarn): Berilo, crisoberilo, fenacita, minerais de
boro, grafite, crisotila, talco, granadas.
d) Carbonatitos: Flogopita, apatita, vermiculita.
e) Jazimentos hidrotermais: Apatita, flogopita, quartzo, fluorita, barita, witherita, caulim,
serpentina.
e) Depósitos de sublimação: Enxofre, sassolita.
f) Jazimentos metamórficos: Grafite, esmeril, gemas, andaluzita, sillimanita, cianita, mármores,
ardósias.
g) Jazimentos residuais: Caulim, lateritas, bauxitas, halloysita, bentonita,ocres, magnesita,
zeólita, vermiculita.
h) Jazimentos aluvionares, coluvionares e eluvionares: Diamante, gemas,granada, cromita,
andaluzita, monazita, feldspatos, quartzo, areias,cascalhos, argilas.
i) Jazimentos sedimentares biogénicos ou bioquímicos: Adubo, diatomita,enxôfre, pirita,
fosfatos, dolomita, calcários, nitratos.
j) Jazimentos evaporíticos: Sal gema, sais potássicos, gesso, magnesita,boratos, sais de lítio,
thenardita, glauberita, carbonato de cálcio.

2.1. O QUARTZO

2.1.1. USOS
O emprego do quartzo na indústria é função do conteúdo de impurezas, defeitos no cristal e
outras normas específicas que cada segmento industrial requer. Os cristais de melhor qualidade são
destinados à indústria óptica, eletrônica e de instrumentação, enquanto os de qualidade inferior
destinam-se à indústria em geral (abrasivos, cerâmica, metalúrgica ). Para uso no segmento eletro-
eletrônico, vidros ópticos, tubos para lâmpadas halógenas ou fibras ópticas, têm sido utilizadas como
matéria prima, lascas de alta pureza ou pó de quartzo. Este é obtido a partir do beneficiamento de
lascas de quartzo de qualidade inferior ou do beneficiamento de pegmatito ou alasquito. O cristal

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natural, embora tenha sido substituído, desde o início da década de setenta, pelo quartzo cultivado
em autoclave, ainda é utilizado na confecção de sementes-mãe para o crescimento do quartzo
cultivado. As lascas de quartzo de alta pureza são usadas diretamente na produção de quartzo
cultivado, quartzo fundido, cerâmicas especiais, e filler para microcircuitos de alta integração. A partir
do pó de quartzo obtido de lascas variadas ou da concentração de quartzo de pegmatitos, produz-se
o quartzo fundido. Este é um material não cristalino, transparente e que retém muitas das
propriedades ópticas e de resistência química do quartzo, mas que não possui mais a sua
propriedade piezelétrica, perdida após o processo de fusão. O quartzo fundido possui um mercado
bastante sofisticado, compreendendo uma linha de produtos da maior relevância: indústria óptica,
indústria de equipamentos elétricos, indústria química de base, equipamentos e aparelhagem
científica e de precisão, fibra óptica.

2.1.2. VANTAGEM COMPARATIVA


O Brasil detém grandes reservas de quartzo, sendo possuidor não só dos maiores depósitos
como daqueles de melhor qualidade. É razoável supor que minérios de melhor qualidade resultem em
um custo de produção menor, o que confere ao País uma vantagem na produção desse bem mineral,
traduzida por sua expressiva participação na produção mundial. Segundo estimativas do DNPM, em
1999 o Brasil participou com cerca de 80% do mercado mundial de lascas como nutriente, atendendo
demandas do Japão, Reino Unido, Alemanha e China. No entanto, a vantagem comparativa do Brasil
possuir grandes reservas de quartzo é apenas parcialmente aproveitada, pois o País não dominou
ainda o ciclo de capacitação tecnológica para manufaturar os produtos nas qualidades e purezas
desejadas. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de silício metalúrgico, mas importa todo o
silício de grau eletrônico que consome. Produz-se monocristal de silício, mas a partir da importação
de silício grau eletrônico. Produz-se fibra óptica, mas importa-se o tubo de quartzo fundido de grau
óptico.

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