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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RO-6004-57.2015.5.09.0000
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A C Ó R D Ã O
SBDI-2
GMAAB/GP
RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO RESCISÓRIA
AJUIZADA NA VIGÊNCIA DO CPC/73. RUMO
MALHA SUL S.A. PRELIMINARES DE NULIDADE
POR CERCEAMENTO DE DEFESA. Preliminares
não analisadas, nos termos do artigo
282, § 2º, do CPC/2015.
INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. NÃO
CARACTERIZAÇÃO. Por força do artigo 836
da CLT, a petição inicial da ação
rescisória deve seguir os requisitos
previstos no artigo 282 do CPC/73.
Compulsando-se os autos, verifica-se
que os fundamentos de fato e de direito
que amparam a pretensão rescisória do
autor encontram-se presentes na peça
inaugural, restando então atendida a
exigência contida no item III do art.
282 do CPC/73. Ressalte-se que a questão
referente à adequação da hipótese de
cabimento apontada para a
desconstituição da sentença
rescindenda é matéria de mérito,
devendo ser apreciada no momento
apropriado. Recurso não provido.
NÃO CABIMENTO DA AÇÃO RESCISÓRIA.
ALEGAÇÃO DE INCIDÊNCIA DO ÓBICE DA
SÚMULA 403, ITEM II, DO TST.
IMPERTINÊNCIA. O pedido de corte
rescisório veio calcado no motivo de
rescindibilidade denominado colusão
entre as partes, enquanto o item II da
Súmula nº 403 desta Corte cuida de
hipótese de cabimento não ventilada na
inicial, a saber, dolo da parte
vencedora em detrimento da vencida, o
que resulta na sua inaplicabilidade à
espécie. Recurso não provido.
NÃO CABIMENTO DA AÇÃO RESCISÓRIA, POR
IRREGULARIDADE NA FORMAÇÃO DO POLO
PASSIVO. SÚMULA 406, I, DO TST. NÃO
OCORRÊNCIA. Não se há falar em falta de
pressuposto processual subjetivo,
notadamente a ausência de citação de
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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litisconsorte passivo necessário, pois
o sindicato profissional sequer
participou da relação processual
formada nos autos da reclamação
trabalhista originária (processo
rescindendo), sendo que a decisão
proferida naqueles autos alcançou
tão-somente as partes que figuraram
naquela lide matriz, a saber, o
reclamante, que compôs o polo ativo da
demanda primitiva, e a empresa
reclamada, que compôs o passivo, não se
havendo falar, tecnicamente, em
terceiro juridicamente interessado.
Recurso não provido.
ILEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO
PÚBLICO DO TRABALHO. Nos termos do art.
967, III, "b", do CPC/15, o Ministério
Público tem legitimidade para propor
ação rescisória quando a decisão
rescindenda "é o efeito de simulação ou
de colusão das partes, a fim de fraudar
a lei". Uma vez que recai a pretensão
desconstitutiva sob o inciso III do
artigo 485 do CPC/73, considera-se
legitimado o autor para o ajuizamento da
demanda. Recurso não provido.
PREJUDICIAL DE MÉRITO. SÚMULA 100, ITEM
VI, DO TST. RESCISÃO DE SENTENÇA
HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO, POR COLUSÃO
DAS PARTES. TERMO INICIAL DA CONTAGEM DO
PRAZO DECADENCIAL PARA O MINISTÉRIO
PÚBLICO. DATA DA CIÊNCIA DA FRAUDE.
1.Nos termos da Súmula 100, VI, desta
Corte, na hipótese de colusão das
partes, o prazo bienal decadencial da
ação rescisória somente começa a fluir
para o Ministério Público, quando não
interveio no processo principal, a
partir do momento em que teve ciência da
suposta fraude.
2. Na sessão do dia 04/08/2020, esta c.
SBDI-2, em sua maioria, na ocasião do
julgamento do
RO-5553-32.2015.5.09.0000, de
relatoria da Exma. Ministra Delaíde
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Miranda Arantes, confirmou o
posicionamento então firmado no
julgamento do
RO-5715-27.2015.5.09.0000 (leading
case), de que a ciência concreta pelo
Ministério Público do Trabalho sobre os
acordos supostamente fraudulentos
realizados pela empresa Rumo Malha Sul
S.A. ocorreu em 2/7/2013, momento em que
editado o memorando TMA/008/2013 pela
Procuradoria do Trabalho do Município
de Joinville – 12ª Região.
3. Assim, ao contrário do que consignou
a Corte de origem, o início da contagem
do prazo decadencial não seu deu apenas
a partir da data da instauração do
Inquérito Civil Público no âmbito do
MPT.
4. Dessa forma, considerando que a ação
rescisória foi ajuizada apenas em
22/10/2015, quando já ultrapassado o
prazo de dois anos, deve ser reconhecida
a decadência do direito de propor a
presente ação. Ressalva de entendimento
do Relator. Recurso ordinário provido
para julgar extinto o feito, com
resolução do mérito, ante a declaração
de decadência, a teor dos arts. 487, II,
e 975 do CPC/15.
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O eg. Tribunal Regional, por meio do v. acórdão de
págs. 2228/2272, rejeitou as preliminares arguidas pela empresa Ré, bem
como a prejudicial de decadência. No mérito, julgou procedente a ação
rescisória para desconstituir a r. sentença homologatória de acordo, com
fundamento no art. 485, VIII, do CPC/73, e declarou extinto o processo
sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, IV, do CPC/73.
Inconformada, a Ré Rumo Malhas Sul S.A interpõe
recurso ordinário às págs. 2276/2320. Alega preliminar de nulidade por
cerceamento do direito de defesa, decorrente de indeferimento de produção
de prova oral: oitiva do reclamante, do juiz que homologou o acordo e
do Procurador do Trabalho, de exclusão dos advogados Roberto Carlos
Goldmann e Yara Ejczis Henrique Goldmann do polo passivo, de não
acolhimento de contradita às testemunhas do reclamante – Dra. Clair da
Flora Martins, Thiado Mendes, Angelo Bortolotti Virtuoso e Rewerton
Cristian Pereira e de indeferimento de perguntas na fase de instrução
processual. Alega, ainda, preliminares de inépcia da inicial, de não
cabimento da ação rescisória em face do óbice da Súmula 403, II, e em
razão de irregularidade no polo passivo (Súmula 406/TST) e, ainda, de
ilegitimidade ativa do Ministério Público do Trabalho. Argui prejudicial
de decadência e, por fim, sustenta a impossibilidade de rescisão da
sentença homologatória de acordo.
Despacho de admissibilidade à pág. 2393.
Contrarrazões apresentadas às págs. 2396/2430 pelo
Ministério Público do Trabalho.
Sem remessa dos autos ao d. Ministério Público do
Trabalho, nos termos do art. 95, § 2º, I, do Regimento Interno deste
Tribunal.
É o relatório.
V O T O
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15/10/2019), à representação processual (págs. 2321/2331) e ao preparo
(custas efetuadas às págs. 2334/2435), conheço do recurso ordinário.
2 – MÉRITO
2.1 – PRELIMINARES DE NULIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO,
POR CERCEAMENTO DE DEFESA
Nas razões de seu recurso ordinário, a Ré Rumo Malha
Sul S/A requer a anulação do acórdão proferido pelo eg. TRT Paranaense,
por cerceio do seu direito de defesa, em síntese, em virtude do (da):
1) exclusão do polo passivo dos advogados Roberto Carlos Goldmann e Yara
Ejczis Henrique Goldmann; 2) indeferimento da produção de prova oral,
compreendendo a oitiva de testemunhas, do reclamante (em processo
distinto), do Juiz do Trabalho e do Procurador do Trabalho; 3) não
acolhimento de contradita à testemunha do autor - Dra. Clair da Flora
Martins - e às demais testemunhas Thiago Mendes, Ângelo Bortolotti
Virtuoso e Rewerthon Cristian Ferreira; 4) indeferimento de perguntas
em audiência na fase de instrução processual.
Na forma do § 2º do art. 282 do CPC de 2015, quando
o julgador puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveitaria
a declaração de nulidade, esta não será analisada, em homenagem aos
princípios da celeridade e economia processuais.
Logo, deixo de analisar a suposta nulidade arguida,
em função da possibilidade de decidir o mérito do recurso favoravelmente
ao ora recorrente, nos termos do artigo 282, § 2º, do CPC/2015,
equivalente ao art. 249, § 2º, do CPC/1973.
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... O artigo 840, § 1º, da CLT, estabelece que a petição inicial deve
conter "uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a
data e a assinatura do reclamante ou de seu representante", tornando evidente
que o processo trabalhista é regido pela simplicidade da forma. Em paralelo,
o art. 295, parágrafo único, do CPC/1973, vigente ao tempo do ajuizamento
da ação (atual art. 330 do CPC/2015), prevê: "Parágrafo único. Considera-se
inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - da
narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; III - o pedido for
juridicamente impossível; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si."
Simples leitura da narrativa exposta na inicial permite a compreensão
do que a parte intenta com a propositura da ação. Há claro pedido de rescisão
da sentença homologatória do acordo firmado, sob o argumento de que
houve colusão entre os advogados do sindicato e a empresa ré com o intuito
de fraudar direitos trabalhistas. O exercício do contraditório e da ampla
defesa não restou prejudicado, com ampla possibilidade de produção de
provas. A configuração ou não das hipóteses de rescindibilidade invocadas
na inicial é matéria de mérito, cujo exame levará à conclusão pelo
acolhimento ou não da pretensão rescisória, hipótese de extinção do processo
com julgamento do mérito.
Não há inépcia a ser declarada.(págs. 2231/2232)
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100, IV, do TST, “diante da ausência de conclusão lógica dos fatos
expostos”.
Não lhe assiste razão.
Por força do artigo 836 da CLT, a petição inicial da
ação rescisória deve seguir os requisitos previstos no artigo 282 do
CPC/73, dispositivo de lei ordinária em cuja vigência a ação foi proposta.
Compulsando os autos, verifica-se que os fundamentos
de fato e de direito que amparam a pretensão rescisória do autor
encontram-se presentes na peça inaugural, restando, então, atendida a
exigência contida no item III do art. 282 do CPC/73.
Ressalte-se que a questão referente à adequação da
hipótese de cabimento apontada para a desconstituição da sentença
rescindenda é matéria de mérito, devendo ser apreciada no momento
apropriado.
Portanto, nego provimento ao recurso no particular.
... A presente ação rescisória está fundada no art. 485, incisos III, parte
final , e VIII, do CPC/1973, a saber: "III- resultar de dolo da parte vencedora
em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de
fraudar a lei;" e "VIII - houver fundamento para invalidar confissão,
desistência ou transação, em que se baseou a sentença;". Não se funda na
existência de "dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida",
mesmo porque na hipótese de celebração de acordo não há falar de
"vencedor" ou de "vencido".
Eventual colusão entre as partes autoriza a rescisão da decisão judicial
que homologou o acordo, conforme entendimento contido na OJ nº 94 da
SDI-II do TST e na Súmula 259 do TST: (...) (págs. 2233/2234)
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A Ré Rumo Malha Sul S.A., nas razões de recurso
ordinário, renova a alegação de impossibilidade desconstituição da
decisão homologatória de acordo, com fundamento no art. 485, III, do
CPC/73, em razão de não haver nessa situação dolo da parte vencedora em
detrimento da vencida. Argumenta com a Súmula 403, II, e com precedente
da SBDI-2 desta Corte.
Ao exame.
A Súmula 403 estabelece em seu item II que:
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2.4 – NÃO CABIMENTO DA RESCISÓRIA, POR IRREGULARIDADE
NA FORMAÇÃO DO POLO PASSIVO. SÚMULA 406, I, DO TST. NÃO OCORRÊNCIA.
O eg. Tribunal Regional ao rejeitar a preliminar em
exame, assim decidiu:
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presente ação, pois “foi ela quem (i) prestou assistência sindical no
ajuizamento das reclamações; (ii) contratou os 2º e 3º réus para lhes
prestar assessoria jurídica; (iii) procurou inúmeros empregados e
ex-empregados da ora defendente para tratar do ajuizamento de ação; e
(iv) recebeu as procurações outorgadas pelos empregados e ex-empregados
da empresa” (pág. 2057). Sustenta que, portanto, houve irregularidade
na formação do polo passivo, nos moldes da Súmula nº 406 do TST.
Passo à análise.
Para melhor elucidar a matéria, vale reproduzir a
íntegra da aludida Súmula 406 deste Tribunal Superior:
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Na hipótese vertente, não se há falar em nulidade deste
processo por falta de pressuposto processual subjetivo, qual seja, a
ausência de citação de litisconsorte passivo necessário.
No que diz respeito ao litisconsórcio, o artigo 47 do
Código de Processo Civil de 1973 exige como requisito para configuração
do litisconsórcio necessário a disposição de lei ou a natureza da relação
jurídica, a exigir do Juiz uma decisão de modo uniforme para todas as
partes, caso em que, com vistas à eficácia da sentença, haverá a citação
de todos os litisconsortes.
Nesse sentido, foi editada a Súmula 406 desta Corte
Superior, segundo a qual, como visto acima, o litisconsórcio, na ação
rescisória, é necessário em relação ao polo passivo da demanda, porque
supõe uma comunidade de direitos ou de obrigações que não admite solução
díspar para os litisconsortes, em face da indivisibilidade do objeto.
No caso dos autos, não se verifica quaisquer desses
requisitos, pois o sindicato profissional sequer participou da relação
processual formada nos autos da reclamação trabalhista originária
(processo rescindendo), sendo que a decisão proferida naqueles autos
alcançou tão-somente as partes que figuraram naquela lide matriz, a
saber, o reclamante, que compôs o polo ativo da demanda primitiva, e a
empresa reclamada, que compôs o passivo, não se havendo falar,
tecnicamente, em terceiro juridicamente interessado.
Assim, nego provimento ao apelo.
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CCB, legitimando o autor para a ação rescisória, na forma prevista no art.
487, III, "b" do CPC, de aplicação supletiva pelo art. 769 da CLT, bem como
o art. 127 e 129 da Constituição Federal.
Nos termos da sua Súmula nº 407, o C. TST entende que a legitimidade
do MPT para a propositura de ação rescisória não se restringe às hipóteses
previstas no art. 487 do CPC: (....)
Rejeito. (págs. 2236/2237)
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evidente interesse público indisponível que lhe impõe o papel de atuar
na fiscalização dos processos, mecanismo utilizado pelas partes para a
composição de conflitos, dado o conteúdo ético que emana destas relações
constituídas, nos exatos termos do art. 127 da Constituição Federal.
Sendo assim, a legitimidade do Ministério Público do
Trabalho, no caso, faz-se inconteste.
Nego provimento.
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que determinou a autuação de Notícia de Fato em virtude de denúncia (via
e-mail, apresentada na data de 29/11/2013) que provocou a instauração de
Procedimento Investigatório perante a PRT da 9ª Região (NF - IC nº
001887.2013.09.000/1-026).
Observo que a acusação veiculada no Memorando da Procuradoria do
Trabalho do Município de Joinville - 12ª Região (TMA 008/2013) é por
demais genérica para o efeito pretendido, pois nem sequer menciona a Vara
do Trabalho em que teriam ocorrido os fatos, nem os nomes dos reclamantes,
nem os números dos autos respectivos. Referida noticia deu origem ao IC
0354.2013.12.001/1, instaurado em razão da necessidade de colher maiores
informações ao caso, sem que se possa aferir em que momento a referida
Procuradoria do Trabalho teve ciência dos fatos referentes a esses processos.
(...) Sob tal ótica e com amparo no item IV da Súmula 100 do TST: "O
juízo rescindente não está adstrito à certidão de trânsito em julgado juntada
com a ação rescisória, podendo formar sua convicção através de outros
elementos dos autos quanto à antecipação ou postergação do "dies a quo" do
prazo decadencial." , fixa-se o início do prazo decadencial em 29/11/2013.
Ajuizada a presente ação rescisória foi ajuizada em 22/10/2015, e em
observância ao §3º, do art. 975, do CPC ("O direito à rescisão se extingue em
2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no
processo. (...) § 3º Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o
prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério
Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que têm
ciência da simulação ou da colusão") e do art. 769 da CLT ("Nos casos
omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito
processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as
normas deste Título"), não há decadência a ser reconhecida.
Rejeito a pretensão. (pág. 2246/2248)
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como termo inicial da decadência. Afirma que, conforme documentos
juntados pelo então réu Roberto, restou comprovado que o MPT tomou ciência
dos fatos no dia 02.07.2013, por meio da Portaria 143, que instaurou o
Inquérito Civil nº 0000354.2013.12.001/1”.
Articula, nessa linha, que “não há nem que se cogitar
que o D. MPT de Santa Catarina tomou ciência e não o D. MPT do Paraná,
vez que, conforme dispõe o art. 127, § 1º, da Constituição, é princípio
institucional do Ministério Público a indivisibilidade”, razão pela qual
“basta para demonstrar que o D. MPT do Paraná estava ciente das supostas
alegações de colusão e fraude no dia 02.07.2013”.
Sustenta que, como a presente ação rescisória foi
ajuizada somente em 22/10/2015, houve decurso do prazo bienal
decadencial, devendo o processo ser extinto, com resolução do mérito,
nos termos dos arts. 487, II, e 975, caput, do NCPC, bem como da Súmula
100, VI, do TST.
Analiso.
Nos termos da Súmula 100, item VI, desta Corte, na
hipótese de colusão das partes, o prazo bienal decadencial da ação
rescisória somente começa a fluir para o Ministério Público, quando não
interveio no processo principal, a partir do momento em que teve ciência
da suposta fraude.
Tenho entendimento de que, em 2/07/2013, o MPT teve
apenas ciência genérica da alegada fraude/colusão praticada nos autos
em que foi proferida a decisão rescindenda, e que, tão somente em
29/11/2013, a partir da notícia que ensejou a instauração do Inquérito
Civil - IC 001887.2013.09.000/1-026, é que ocorreu a efetiva ciência da
ocorrência do ilícito pelo parquet.
No entanto, na sessão de 4/08/2020, após voto-vista
proferido pelo Exmo. Ministro Vice-Presidente Vieira de Mello Filho, nos
autos do processo RO-5553-32.2015.5.09.0000, de relatoria da Exma.
Ministra Delaíde Miranda Arantes, esta c. Subseção confirmou o
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posicionamento então firmado na ocasião do julgamento do
RO-5715-27.2015.5.09.0000 (leading case), de que a ciência concreta pelo
Ministério Público do Trabalho sobre os acordos supostamente
fraudulentos realizados pela Rumo Malha Sul S.A. ocorreu em 2/7/2013,
momento em que editado o memorando TMA/008/2013 pela Procuradoria do
Trabalho do Município de Joinville – 12ª Região.
Eis a ementa do referido julgado:
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observância dos direitos sociais dos trabalhadores). 3. Na hipótese dos autos,
a denúncia de diversos acordos simulados promovidos pela empresa Ré foi
levada ao conhecimento do Parquet em 02.07.2013, resultando na
"Apreciação Prévia - Instauração de Inquérito Civil", datada de 11/7/2013,
com expedição de ofício para obtenção de informações junto a Secretaria da
Vara do Trabalho. 4. Por conseguinte, com a notícia da fraude recebida em
02.07.2013, a presente ação rescisória apenas poderia ser proposta até
02.07.2015. Aforada apenas em 13.09.2015, é manifesta a configuração da
decadência, impondo-se a extinção do processo com resolução do mérito.
Recurso ordinário conhecido e processo extinto com resolução do mérito "
(RO-5715-27.2015.5.09.0000, Subseção II Especializada em Dissídios
Individuais, Redator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT
27/09/2019).
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(...) AÇÃO RESCISÓRIA AJUIZADA PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO DO TRABALHO. BIÊNIO LEGAL (CPC, ART. 495).
INOBSERVÂNCIA. DECADÊNCIA. EXTINÇÃO DO PROCESSO COM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. 1. Nas razões do recurso, reportando-se à
Súmula 406 do TST, a Ré afirma que seria necessário que o sindicato da
categoria profissional também figurasse no polo passivo da ação, pois teria
participado do suposto conluio denunciado na petição inicial, prestando
assistência judiciária aos trabalhadores nas reclamações trabalhistas
propostas. Pondera que é insuficiente a inclusão apenas dos advogados do
sindicato, do reclamante e da própria empresa. 2. A legitimidade para a ação
é verificada sob a perspectiva do interesse afirmado pelo autor e do interesse
que se opõe à pretensão deduzida em juízo. Deve ser analisada a situação
jurídica da parte em relação ao objeto litigioso da demanda, com vistas a
aferir se o autor possui a titularidade do direito postulado, bem como se a
parte ré é a pessoa que irá suportar os efeitos do provimento jurisdicional. 3.
Nos termos da Súmula 406, I, do TST, " O litisconsórcio, na ação rescisória,
é necessário em relação ao polo passivo da demanda, porque supõe uma
comunidade de direitos ou de obrigações que não admite solução díspar para
os litisconsortes, em face da indivisibilidade do objeto ." 4. Em ação na qual
o Ministério Público do Trabalho pleiteia a desconstituição da coisa julgada
com base na alegação de colusão, a pretensão rescisória deve ser dirigida
apenas às partes que foram titulares da relação processual submetida à
sindicância e, excepcionalmente, se for o caso, ao terceiro que será alcançado
pelos efeitos materiais da decisão rescindenda. 5. Por conseguinte, com a
notícia da fraude recebida em 02/07/2013, a presente ação rescisória apenas
poderia ser proposta até 02/07/2015. Aforada apenas em 11/11/2015, é
manifesta a configuração da decadência, impondo-se a extinção do processo
com resolução do mérito. Recurso ordinário conhecido e processo extinto
com resolução do mérito" (RO-6163-97.2015.5.09.0000, Subseção II
Firmado por assinatura digital em 16/12/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.19
PROCESSO Nº TST-RO-6004-57.2015.5.09.0000
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Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Douglas Alencar
Rodrigues, DEJT 29/11/2019).
PROCESSO Nº TST-RO-6004-57.2015.5.09.0000
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provimento para extinguir o processo com resolução do mérito. Prejudicada
a análise dos demais temas, bem como do recurso ordinário adesivo do
Ministério Público do Trabalho" (RO-5731-78.2015.5.09.0000, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Evandro Pereira
Valadão Lopes, DEJT 29/11/2019).
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.21
PROCESSO Nº TST-RO-6004-57.2015.5.09.0000
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(...) PREJUDICIAL DE MÉRITO . HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO
JUDICIAL. CIÊNCIA DA SUPOSTA FRAUDE/COLUSÃO.
ULTRAPASSADO O BIÊNIO LEGAL - ART. 495 DO CPC/1973.
DECADÊNCIA CONFIRMADA. SÚMULA 100, IV, DO TST. Trata-se de
ação rescisória ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho, com
fundamento no art. 485, III e VIII, do CPC/1973, para desconstituir sentença
homologatória de acordo proferida nos autos originários, com fundamento
na existência de simulação/fraude. A pretensão desconstitutiva foi julgada
improcedente pela Corte de origem ante a declaração de decadência do
direito de ação, com fulcro nos arts. 269, II, e 495 do CPC/1973. Nos termos
do item VI da Súmula 100 desta Corte, "na hipótese de colusão das partes, o
prazo decadencial da ação rescisória somente começa a fluir para o
Ministério Público, que não interveio no processo principal, a partir do
momento em que tem ciência da fraude". Esta Subseção-2/TST, na sessão de
julgamento ocorrida em 3/9/2019, por ocasião do julgamento de vários
recursos ordinários envolvendo os mesmos fatos discutidos nesses autos,
concluiu que o início da contagem do prazo decadencial deve dar-se do
recebimento da denúncia dos diversos acordos simulados promovidos pela
empresa ré, e não da data da instauração de procedimento oficial no âmbito
do MPT, tal como antes estava consignado na jurisprudência deste
Colegiado. No caso, o Parquet teve conhecimento da suposta colusão/fraude
objeto da presente rescisória, em 2/7/2013. Assim, não há como afastar a
declaração de decadência da ação desconstitutiva reconhecida pela Corte
Regional, visto que ultrapassado prazo de 2 (dois) anos previsto no art. 495
do CPC/1973 (atual art. 975 do CPC/2015). Ressalva de entendimento
pessoal da relatora. Recurso ordinário conhecido e processo extinto com
resolução do mérito. II - RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO DO AUTOR .
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. VENCEDOR EM AÇÃO
RESCISÓRIA. PEDIDO DE CONDENAÇÃO DA EMPRESA
SUCUMBENTE EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Diante do
provimento do recurso ordinário da empresa ré, com a consequente inversão
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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.22
PROCESSO Nº TST-RO-6004-57.2015.5.09.0000
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dos ônus da sucumbência, julga-se prejudicado o exame do recurso adesivo
do autor, em que se busca a condenação em honorários advocatícios. Recurso
adesivo prejudicado" (RO-6014-04.2015.5.09.0000, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Relatora Ministra Maria Helena
Mallmann, DEJT 29/11/2019).
ISTO POSTO
PROCESSO Nº TST-RO-6004-57.2015.5.09.0000
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no mérito, com ressalva de entendimento do Relator, dar parcial
provimento ao apelo para julgar extinto o feito, com resolução do mérito,
diante da declaração de decadência, a teor dos arts. 487, II, e 975 do
CPC/15. Prejudicado o exame dos demais temas. Custas a cargo do autor,
ora recorrido, de cujo recolhimento é dispensado, nos termos do artigo
790-A, II, da CLT. Indevidos os honorários advocatícios.
Brasília, 15 de dezembro de 2020.
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