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Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar a imaginação e a brincadeira de faz de conta enquanto
propulsoras de processos de desenvolvimento da criança. A partir da Perspectiva Histórico-Cultural,
com foco nos trabalhos de Vigotski, Leontiev e Mukhina, buscamos sinalizar que a emergência dos
processos imaginativos está vinculada às condições sociais específicas, pois o que se imagina e como
se imagina, está determinado pelas condições de produção da expressão criadora infantil e por seu
contexto cultural. Defendemos que a brincadeira é a principal atividade da criança e que ela engendra
mudanças significativas no psiquismo e revelam formas de desenvolvimento do simbolismo. Por meio
de um olhar sensível para as formas como as crianças brincam pode-se entender como interpretam,
sentem, vivenciam, interagem e (re)produzem a cultura e o próprio conhecimento.
* Fabrício Santos Dias de Abreu é Pedagogo (UnB), mestre e doutorando em Desenvolvimento Humano e Saúde (Instituto de
Psicologia UnB). Professor do Ensino Especial da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Contato: fabra201@hotmail.com.
** Marina Teixeira Mendes de Souza Costa é Pedagoga (UnB), mestre e doutoranda em Desenvolvimento Humano e Saúde (Ins-
tituto de Psicologia UnB). Professora de Educação Infantil e Séries Iniciais da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Contato:
mtmscosta@gmail.com.
*** Daniele Nunes Henrique Silva é Pedagoga, mestre em Psicologia da Educação e doutora em Educação pela Universidade de
Campinas. Professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília. Contato: daninunes74@gmail.com.
Notas
1
Vigotski formula que o desenvolvimento humano se dá em planos genéticos que se integram entre si, a filogênese diz respeito a história evolutiva da espécie humana, a ontogênese a história
pessoal de cada um, sociogênese a história de determinado grupo social a qual o sujeito pertence e, por fim, a microgênese é a história dos processos psicológicos específicos dos indivíduos.
2
Aqui usamos a palavra homem, tal como Vigotski, relacionado à espécie e não ao gênero.
3
Os episódios aqui apresentados foram retirados do diário de campo da pesquisa de Costa (2012) e consta no banco de dados do Grupo de Pesquisa Diálogos em Psicologia (Universidade de
Brasília).
4
Em Obras Escogidas IV - Psicologia Infantil, Vigotski (2006) elenca a idade pré-escolar como sendo entre três e sete anos. Zoia Prestes, tradutora do Imaginação e criação na infância (Vigotski, 2009)
explica que a primeira infância nas obras russas, desse período, são entendidas a criança até três anos de idade, já a pré-escolar abrange dos três até os sete anos.
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