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ANOTAÇÕES SALA DE AULA

TUTELAS DE URGÊNCIA

1. Introdução
1.1. Acesso à justiça e direito de ação
1.2. Obstáculos ao acesso à justiça:
 diferentes possibilidades econômicas das partes, pouca aptidão para reconhecer
direito e buscar proteção em juízo, desconfiança ou temor do Poder Judiciário, custo
financeiro do processo etc.
 Demora do processo: a ineficácia da jurisdição é devastadora, especialmente para
os mais pobres.
1.3. Razoável duração do processo e celeridade processual (CF artigo 5º,
XXXV e LXXVIII).
2. TUTELA DE URGÊNCIA (gênero)
 previsão constitucional: artigo 5º, XXXV, LIV e LXXVIII.
 Aplicação imediata (CF artigo 5º, §1º)
2.1. Tutela antecipada (espécie)
 Conceito: É a efetiva realização do direito reclamado. É a entrega precipitada do
bem da vida (aquilo que se busca através do processo). O pronunciamento que, a
rigor, só adviria ao final do processo de conhecimento é antecipado. O direito é
concedido mais rapidamente àquele que o merece. Ex.: cessação de atividade nociva
ao meio ambiente, retirada de produto defeituoso do mercado etc.
2.2. Tutela Cautelar (espécie)
 Conceito: Serve para viabilizar a realização posterior do direito. É ligada à proteção
do processo principal. Serve para garantir o resultado do processo principal
(conhecimento/execução). A tutela cautelar não se justifica em si mesma. Ex.: busca e
apreensão; arresto; produção antecipada de provas; seqüestro; etc.
2.3. Fungibilidade – Código de Processo Civil artigo 273, § 7º: Toda vez que se pedir
tutela antecipada, quando o certo era pedir tutela cautelar, o juiz julgará como sendo
esta (caráter incidental).
3. Cautelaridade e Satisfatividade
 Cautelaridade é a prevenção, cautela e provisoriedade (processo cautelar).
 Satisfatividade é a satisfação de um direito, com resultado definitivo (processo
principal – conhecimento ou execução ou as medidas cautelares satisfativas).

Artigo 5º, XXXV - “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito”; Artigo 5º, LXXVIII – “... assegurados a razoável duração do processo
e os meios que garantem a celeridade de sua tramitação”.
Princípio do acesso à justiça. O particular pode, a qualquer momento, desde que haja
lesão ou ameaça ao direito, de procurar o Poder Judiciário, a fim de assegurar seus
direitos: acesso amplo e qualificado à justiça.

Acesso à justiça e direito de ação: “Não basta permitir que o jurisdicionado chegue ao
poder judiciário. É preciso dotar as manifestações do Estado-juiz de FORÇA e
EFICÁCIA. Os pronunciamentos judiciais devem ser efetivos. As decisões, além disso,
devem ser JUSTAS. Há, portanto, que se compreender o direito de ação como o direito
ao acesso à ORDEM JURÍDICA JUSTA (acesso à justiça).”
A Constituição Federal garante a tutela jurisdicional efetiva e tempestiva, o que não
ocorre na prática, devido à demora processual e obstáculos ao próprio acesso à justiça
(falta de condições financeiras e esclarecimentos, demora no processo, razoável
duração do processo e celeridade processual, desconfiança da justiça em si etc.).

“O sistema processual estabelecido pela CF prevê como princípio e direito


fundamental a razoável duração do processo. Significa dizer que todos os cidadãos
têm direito de obter tutela jurisdicional em tempo compatível com as suas

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necessidades, sendo dever do Estado em suas três esferas de poder, criar e aplicar,
na prática, mecanismos que garantam a celeridade processual.”
Se o cidadão tem o direito de pedir e obter a tutela judicial tempestivamente, o Estado
tem o DEVER de assegurá-la dentro de seu tempo.
É vedado aos poderes do Estado atrapalhar a razoabilidade e tempestividade do
processo.
Deve o Poder Judiciário pautar-se na celeridade processual.

TUTELA DE URGÊNCIA
“As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”
(artigo 5º, §1º da CF).
Mesmo se estando dentro de um processo cognitivo, pode-se pedir uma tutela de
urgência, pautando-se nos incisos XXXV, LIV e LXXVIII, artigo 5° da CF, pois tais incisos
veiculam os direitos fundamentais que, em conjunto com o §1º do mesmo artigo,
devem ser aplicados IMEDIATAMENTE.
 Toda vez que a tutela a ser prestada após a execução, for prestada antes, há tutela
antecipada, ou liminar.
 A sentença julga, mas não entrega o bem da vida.

PROCESSOS CAUTELARES INOMINADOS


Parâmetro genérico

PETIÇÃO INICIAL

Justificação / Caução
liminar citação Audiência Execução definitiva
- contracautela

Execução provisória Defesa do réu Sentença

recurso

1. Petição Inicial (artigos 282 e 801):


 juiz/ tribunal (art. 800);
 requerente e requerido;
 fatos e fundamentos jurídicos – lide (processo principal), periculum in mora e fumus
boni iuris;
 pedido – medida cautelar (cumulação de pedidos: artigo 292);
 valor da causa;
 indicação das provas que pretende produzir;
 requerimento de citação do réu;
 documentos (art. 283)

2. Resposta (art 802, caput)


 Contestação – inexistência de periculum in mora e fumus boni iuris (revelia e
julgamento antecipado da lide – art. 803, caput);
 Exceção de incompetência (preclusão);
 impugnação valor da causa (art. 261).

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3. Concessão de medida cautelar
 Decisão interlocutória (liminar);
 Substituição (art. 805);
 Sentença

4. Recursos (art. 496)


5. Execução (artigo 475 – I)
6. Propositura da ação principal (artigo 806), apensamento (art.809) e
independência (art. 810)
7. Responsabilidade do requerente pelos prejuízos causados ao requerido (artigo
811).

Os processos cautelares dividem-se em ATÍPICOS e TÍPICOS. Atípicos ou inominados


são aqueles não previstos em lei, que são baseados no Poder Geral de Cautela do
Juiz). Típicos são aqueles previstos no diploma legal.

PETIÇÃO INICIAL: toda petição cautelar deverá respeitar os artigos 282 e 801 do CPC.
O que deflagra o momento da atuação jurisdicional é a petição inicial, esta é
responsável por dar termo ao início da marcha processual.
O processo cautelar, portanto, visa a tutela de urgência de um direito, devendo o juiz
agir de maneira mais célere, não dando tanta importância à fundamentação, bastando
estarem presentes os pressupostos fáticos essenciais para a concessão da tutela
cautelar. Portanto, faz parte do poder de cautela do juiz, a concessão liminar de
cautela (ex oficio).
Poderá, ainda, exigir-se do requerente a prestação de CONTRACAUTELA, ou seja, uma
caução, pois, dado o caráter preventivo e provisório da cautelar, tem-se que, é
possível que a concessão da medida seja indevida, ou que as circunstâncias que a
ensejaram cessem, dando vazão a responsabilidade objetiva do requerente em face
do requerido, eis que, este último, não pode ser prejudicado pela prestação
jurisdicional.

A tutela antecipada em processo cautelar, pode ser concedida previamente


(concessão liminar), sendo concedida esta, terá de ser posta em prática.
Concessão liminar + cumprimento da liminar: a execução/cumprimento da cautelar é
o que marca o termo inicial para a contagem do prazo de interposição da ação
principal (30 dias).
Quanto às resposta do réu em processo cautelar, este poderá contestar, apresentar
Exceções de Incompetência, mas, a RECONVENÇÃO é instituto inexistente no processo
cautelar, pois, no processo cautelar não se entra no mérito do direito material. A
resposta do réu é um ônus. Se desonerará contestando, alegando falta dos
pressupostos essenciais, mas nunca reconvindo.
Se a defesa conseguir impugnar validamente a petição inicial, estará estabelecida a
lide. Resolvida a questão da lide, o processo está maduro para ser sentenciado,
confirmando ou revogando a liminar.
O que é procedente ou improcedente é o PEDIDO.
Sentença (art. 267, 269 do CPC) nunca extinguiu nem extinguirá o processo, o
processo, o processo segue, seja na fase recursal ou de execução, a sentença apenas
termina uma fase processual. O processo termina apenas com o fim da execução da
sentença, ou seja, com a entrega do bem da vida.

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL: deve ser aposta em peça autônoma, não


admite prorrogação, é preclusa se não argüir, o juiz de torna automaticamente
competente para o processo cautelar e para o processo principal. Assim, também
ocorrerá se o processo principal já estiver instaurado.

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PETIÇÃO INICIAL = CAUTELAR OU PRINCIPAL

RESPOSTA DO RÉU

ALEGAÇÃO DE EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA

Se o réu não argüir a exceção de incompetência no momento designado para a sua


resposta, esta não terá mais cabimento futuramente, eis que, a alegação de exceção
de incompetência é uma das modalidades de resposta das quais o réu pode se valer.
O prazo, no processo cautelar, é de 05 dias.
A medida cautelar pode ser concedida por decisão interlocutória (Recurso de agravo
de instrumento) ou sentença (apelação sem efeito suspensivo – não pode suspender
os efeitos do processo dado a natureza da cautelar).
Concedida a medida cautelar, o juiz pode substituí-la por uma menos gravosa ou por
caução.

RECURSOS (art. 496): o autor pode pedir a cautelar, mas esta ser indeferida pelo juiz
por meio de decisão interlocutória, nestes casos caberá Agravo de Instrumento –
quando vai para o relator, ele pode antecipar a tutela recursal, através de liminar,
antecipando os efeitos do acórdão (antecipação da pretensão recursal).

TUTELA E PROCESSO CAUTELAR


1. ARRESTO (arts. 813 a 821) – PALAVRAS CHAVES: QUANTIA CERTA E BENS
INDETERMINADOS.
Conceito: Medida para garantir futura execução por quantia certa; consiste na
apreensão de bens indeterminados do patrimônio do devedor. É admitido o arresto na
fase de execução de sentença?
Resposta: sim, da mesma forma que acontece na ação autônoma de quantia certa, o
devedor também pode pretender liquidar o patrimônio. O receio é o mesmo.
Fumus boni iuris: verossimilhança quanto à existência de credito.
Periculum in mora: receio de dilapidação patrimonial.
Bens arrestáveis – bens penhoráveis (649 do CPC).
Procedimento cautelar comum
Peculiaridades :
• Possibilidade de realizar audiência de justificativa prévia em segredo
(contraria a publicidade dos atos processuais) – 815;
• Concessão independente de justificativa prévia – 816;
• Procedente a principal, o arresto converte-se em penhora – 818;
• Réu paga ou apresenta fiador, suspendendo o arresto – 819;
• Cessa o arresto pelo pagamento, novação, transação – extingue-se por ter
sido satisfeito – 820.
2. SEQUESTRO (art. 822 a 825) PALAVRAS CHAVES: COISA CERTA, OBJETO
DETERMINADO
Conceito: medida cautelar para garantir futura execução para entrega de coisa certa
(art. 621 e ss do CPC); consiste na apreensão de bem determinado, que é ou será

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objeto do litígio, bem este que deverá ser entregue em bom estado ao requerente que
vencer o processo principal.
Artigo 822 – rol meramente exemplificativo;
Processo cautelar comum, com as peculiaridades da medida de arresto (823 do CPC);
Nomeação de depositário (824) e entrega do bens (ou bens), em caso de recusa, pode
utilizar-se força policial (825).
Para se conseguir o arresto, não pode-se apenas se ater a letra de lei (813, 814, 822).
Não é necessário seguir ao pé da letra as hipóteses legais. Deve-se usar o periculum
in mora e o fumus boni iuris para se conseguir o arresto. Tendo-se receio de
dilapidação do patrimônio, existindo o direito de crédito a ser perseguido, tem-se o
direito de ingressar com o pedido de seqüestro.
Arresto e seqüestro garantem resultado de uma ação de execução.

3. Caução (arts. 826 a 838)

Conceitos:

a) Caução → “garantia do cumprimento de um dever ou de uma obrigação consistente


em colocar à disposição do juízo bens ou dar fiador idôneo que assegure tal finalidade.
(...) A caução é a contracautela por excelência. Toda vez que medida cautelar possa,
por sua vez, causar prejuízo, a garantia contra esse prejuízo é feito mediante caução”
(Vicente Greco Filho)
b) Caução não-cautelar → não relacionada ao afastamento de um perigo iminente;
provém de negócio jurídico, lei ou sentença proferida em processo de cognição
exauriente
c) Caução cautelar → determina pelo juiz como forma de afastar uma situação de risco
(prevenção de prejuízo); ex.: CPC, arts. 840, 925, 1.051 (contracautela incidental),
1.280 e 1.281 (cautelar preparatória)

d) Caução real → afeta determinado bem como forma de garantir posterior


adimplemento de dívida (CC, art. 1.419); manifesta-se pelos direitos reais de garantia
(penhor, hipoteca, anticrese e alienação fiduciária em garantia – CC, arts. 1.431 a
1.472; 1.473 a 1.505; 1.506 a 1.510; e 1.361 a 1.368, respectivamente) ; tem eficácia
erga omnes

e) Caução fidejussória → dá-se pela constituição de fiança, através da qual um


terceiro, não devedor, assume a responsabilidade pelo cumprimento da obrigação,
caso o devedor não o faça; é pessoal e permite a responsabilização patrimonial do
fiador até o limite do débito

- A caução deve ser idônea e suficiente (art. 827); pode ser prestada por terceiro (art.
828)

- Peculiaridades procedimentais:

a) Instauração por iniciativa daquele que deve prestar (art. 829) ou do beneficiário
(art. 830)

b) Citação para aceitar ou contestar (art. 831)

c) Julgamento antecipado → não contestação, aceitação ou desnecessidade de


produção probatória (art. 832)

d) Contestação → audiência de instrução (art. 832)

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e) Sentença de procedência → determinação da caução e fixação de prazo para
prestação (art. 834, caput), sob pena de ser declarada não prestada (art. 834 par. ún.,
I c/c. art. 829) ou ser efetivada a sanção (art. 834, par. ún., II c/c. art. 830)

- Caução prestada por domiciliado no exterior (art. 835)

3. BUSCA E APREENSÃO (art. 839 a 843 do CPC) – PALAVRAS CHAVES –


LOCALIZAÇÃO DE BENS, APREENSÃO.
Distinção do arresto e do seqüestro (caráter acessório):
• Caráter satisfativo e executivo;
• Dispensa dívida ou litigiosidade – pode ser interposta como ação
principal;
• Idéia principal – buscar e localizar objeto;
• Pode ter pessoa como objeto.
Arresto e seqüestro são medidas cautelares, mas não podem ser satisfativas, ao
contrário da busca e apreensão, que pode ser medida satisfativa, dispensando a
interposição da ação principal.
 Possibilidades:
• Antecipação dos efeitos da tutela (273 e 461, §3º);
• Efetuação da sentença executiva ou mandamental (461, §§4º, e 461-A, §3º);
• Ação especial (dec-lei 911/69)
 Casuística:
• Antecipação dos efeitos da tutela: o autor, tendo formulado em ação de
conhecimento pedido de alteração de guarda, requer e obtém “in initio litis”
(liminar) a Busca e apreensão de seu filho;
• Concretização da decisão: julgado procedente pedido de alteração de guarda, o
réu sucumbente não cumpre espontaneamente o julgado o que já basta para a
determinação da Busca e Apreensão do filho (diferença 1º item: o pai ainda não
obteve a guarda);
• Cautelaridade: o autor, antes de propor a ação principal, propõe a ação cautelar
de B.A., pois teme pela integridade física de seu filho, o qual vem sofrendo
maus-tratos; a ação cautelar tem objeto distinto da ação principal.
• Satisfatividade: o autor já detém a guarda de seu filho, que, todaviam encontra-
se com a mãe, recusando-se esta a devolver a criança, pode o pai propor ação
de B.A. independentemente de uma posterior ação principal.
BUSCA E APREENSÃO pode ser concedida no processo cautelar (como medida
acessória) ou pode ainda antecipar os efeitos da tutela, servindo como ação principal.
Ex.: pretensão que se quer alcançar no processo principal, mas concede-se a BA para
garantir que se obtenha a mesma antes do previsto.
Portanto, pode ser proposta em processo autônomo, ou acessória, dependente do
processo principal.
Efetiva a sentença (BA de bens penhorados) – medida executiva, dá eficácia à
sentença proferida no processo de conhecimento ou de execução. Não é qualquer
sentença, apenas ocorrerá nas sentenças executivas ou mandamentais.

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