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XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
1. Introdução
Com o desenvolvimento acelerado da economia mundial, torna-se cada vez mais
necessária a criação e maturação de empresas que possuam um planejamento estratégico
estruturado para que possam competir efetivamente no cenário global. Frente às necessidades
crescentes de buscarem a diminuição dos custos de produção, a eliminação de desperdícios e a
redução da variabilidade nos processos críticos para o negócio, o pensamento e os métodos
estatísticos passaram a ser valorizados como meios vitais para atingir os objetivos estratégicos
de algumas organizações.
Segundo Pinto e Carvalho (2006), vários são os modelos de gestão da qualidade
utilizados nos últimos tempos, entre eles as normas da série ISO 9000, o TQM e o Seis
Sigma. O mais recente é o Seis Sigma, que apresenta algumas características como o
alinhamento entre a estratégia da empresa, os projetos implantados e a relação custo-
benefício desses projetos. Segundo Santos e Martins (2008), ao longo da última década, a
metodologia Seis Sigma vem se consolidando como uma abordagem abrangente capaz de
promover a melhoria do desempenho do negócio, aumentando o potencial competitivo e
impulsionando as ações estratégicas e gerenciais que: (a) priorizem a melhoria contínua do
nível de qualidade de produtos e/ou serviços; (b) incrementem a capacidade de inovação,
mesmo diante da dificuldade de estabelecer vantagens competitivas; e (c) reduzam custos e
desperdícios.
A descrição de vários casos bem sucedidos no Seis Sigma, tais como Motorola e GE,
despertou o interesse sobre o assunto nas organizações dos diversos setores industriais. Em
face de suas implicações, essas ações organizacionais estão ganhando cada vez mais destaque
e atenção, não apenas junto à comunidade acadêmica, mas também no meio empresarial
(SANTOS; MARTINS 2008).
Os mesmos autores afirmam que é possível perceber que o assunto sofreu uma
evolução conceitual, principalmente no que toca a visão e a identificação de quais seriam os
fatores chave que influenciam o sucesso do Seis Sigma na maioria das organizações. Os
autores concluíram após examinar a literatura sobre o tema, que duas abordagens podem ser
identificadas mais claramente: a abordagem estatística e a abordagem estratégica. Na
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primeira, o foco está na quantificação da variação e está fortemente relacionado aos conceitos
de controle estatísticos do processo. A segunda surge a partir do momento onde os reflexos
produzidos no desempenho do negócio ganham mais destaque, fazendo com que os
pesquisadores passassem a incluir aspectos da abordagem estratégica como foco da definição
Seis Sigma.
Diversos autores tais Mello (2005), Pinto e Carvalho (2006) entre outros, buscam
tratar do tema Seis Sigma, o que dificulta o entendimento de qual seria a metodologia mais
adequada para implantação dos programas nas empresas. Neste contexto, este trabalho tem
por objetivo analisar as metodologias de aplicação de programas Seis Sigma e a partir de
critérios previamente definidos, extraídos de revisões bibliográficas, verificar a metodologia
utilizada na implantação do Seis Sigma na empresa objeto deste estudo, uma organização de
grande porte do ramo logístico.
Sendo assim, a partir dos pontos levantados, é possível destacar as seguintes questões
a serem respondidas pelo estudo de caso: Qual a metodologia de implantação mais adequada
para comparação com a utilizada pela empresa objeto desse estudo de caso? Quais conclusões
podem ser retiradas do cruzamento entre a metodologia escolhida neste trabalho e a utilizada
na implantação projeto Seis Sigmas da empresa estudada?
Para expor à temática da análise metodológica da implementação, após a introdução
do assunto, apresenta-se o referencial teórico construído para embasar os resultados deste
estudo. Em seguida, apresenta-se o método de pesquisa, os resultados, as recomendações e a
conclusão.
2. Revisão da literatura
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produtivo, mas também para as áreas do meio, onde aparecem os chamados projetos
transacionais (PANDE et al ,2001).
O Seis Sigma não considera a qualidade em seu sentido tradicional, ou seja, a
conformidade com normas e os requisitos internos da empresa, porém define qualidade como
sendo o valor agregado por um amplo esforço produtivo, buscando atingir objetivos
estratégicos planejados pela companhia (PANDE, 2001; RODONTARO, 2002).
A definição mais utilizada para o método é descrito por Pande (2001): (...) Um sistema
amplo e flexível para alcance, sustentação e maximização do sucesso do negócio.
Santos e Martins (2009) sugerem que com foco na oportunidade de ganhos financeiros
tangíveis, as organizações estão aproximando a implementação do Seis Sigma dos assuntos
estratégicos, com isso, conclui-se que o programa é preponderantemente top-down.
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a) Sponsor: É aquele que irá promover e definir as diretrizes para implementação do Seis
Sigma e garantir o alinhamento com a estratégia da empresa. (WERKEMA, 2004).
d) Black Belts: Lideram equipes na condução dos projetos. Juntamente com os Green
Belts devem ser os agentes da mudança que implementarão a cultura Seis Sigma na
organização. (WERKEMA, 2004)
e) Green Belts: Participam da equipe dos Black Belts, tendo características similares às
do Black Belts, porém com menor ênfase nos aspectos comportamentais. (PANDE et
al.,2001)
Alguns autores como Pande (2001) ainda citam a existência de mais uma categoria, a dos
Yellow e White Belts, que são aqueles profissionais do nível operacional que treinados nos
fundamentos do Seis Sigma, além de dar suporte aos demais envolvidos, também ajudarão na
disseminação das informações sobre as ferramentas e os processos.
Em termos quantitativos a equipe Seis Sigma pode ser definida da seguinte forma,
segundo Mello (2003):
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Não existe consenso entre os autores em relação ao tempo específico para cada
treinamento, porém Pande et al (2001) descrevem um modelo de treinamento gerencial de
Seis Sigma com uma duração estimada entre 20 e 44 dias, dependendo da abordagem dada em
cada um dos componentes do treinamento.
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De acordo com Campos (2003), o Seis Sigma é uma estratégia que busca a satisfação
dos clientes e de menores custos pela redução da variabilidade e, consequentemente, dos
defeitos. Também representa uma medida de desempenho e meta para operação de processos,
com uma taxa de falhas de 3,4 por milhão de atividades ou oportunidades.
Alguns métodos podem ser aplicados no programa Seis Sigma. Andrietta e Miguel
(2007) citam desses métodos a seguir:
DFSS (Design for Six Sigma): ferramentas que podem reduzir custos e melhorar a
qualidade, mas principalmente adicionar valor ao produto através de inovações e do
atendimento das reais necessidades dos clientes;
As etapas do método, juntamente com seus objetivos e ferramentas mais utilizadas são
descritas por Werkerma (2004) e explicitada na Figura 2 abaixo:
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Para Pande et al (2001) e Antony (2003) o M/PCpS, DFSS e o DMAIC, são os mais
utilizados durante a realização do Programa Seis Sigma.
3. Metodologia
A pesquisa se apresenta como exploratória, onde o objetivo é realizar um levantamento de
informações relevantes sobre o tema, de forma a auxiliar na formulação do problema a ser
resolvido. Segundo Gil (2009) esse tipo de pesquisa proporciona maior familiaridade com o
problema (explicitá-lo). Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de
caso.
O estudo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica por meio da coleta de
artigos nos periódicos da CAPES, e nas principais universidades federais do país. Os artigos
foram categorizados por ano, por aplicação estatística e delimitação estratégica, com o
objetivo de cruzar as informações obtidas, a fim de escolher um trabalho específico sobre
metodologia de implantação do Seis Sigma que pudesse ser utilizado para comparar com o
método utilizado na empresa objeto deste estudo.
A metodologia escolhida para comparar com a utilizada na Empresa X foi àquela
desenvolvida por Mello (2003). Após a definição da metodologia escolhida pela revisão
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4. Estudo de Caso
4.1 A Empresa
A empresa objeto deste estudo será caracterizada pela letra “X” por motivos de
confidencialidade das informações aqui discutidas. A empresa pertence a um grupo que têm
suas atividades voltadas para o ramo logístico e transporte marítimo. Nos últimos anos a
empresa vem passando por uma importante reestruturação estratégica para que se torne mais
competitiva nos mercados em que atua. Suas operações estão voltadas tanto para o mercado
da economia doméstica quanto para óleo e gás. Este último é o principal direcionador
estratégico da companhia para os próximos 10 anos, concentrando o maior volume de
investimento da empresa.
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treinamento com a consultoria escolhida para orientá-los durante a execução dos projetos.
Foram realizadas 120 horas de treinamento na fase inicial de instrução e apresentação do time
ao MBB que iria acompanhá-los.
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4.6 Recomendações
Com base no estudo realizado, seguem abaixo as recomendações sugeridas para a
empresa “X” para melhorias no sucesso da implantação. Entendeu-se que:
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2) Deve ser criado um meio de comunicação mais efetivo dos resultados alcançados dos
projetos Seis Sigma. Com isso, pretende-se manter a Alta Direção mais alinhada com
os conceitos e com os resultados obtidos com a metodologia Seis Sigma.
4) Deve ser revisto o treinamento dos Black Belts com uma reformulação total do
processo de treinamento. Inclusive a adoção de Master Black Belt externo deve ser
objeto de um cuidadoso estudo.
6) Deve ser intensificada a participação de pessoal de nível técnico nos projetos a serem
adotados com a metodologia Seis Sigma.
8) Deve ser criado um banco de projetos antes da seleção dos Green Belts. Assim,
consegue-se evitar perda de tempo e retrabalho durante a seleção dos projetos.
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5. Conclusões
Buscou-se analisar através deste estudo o processo de implantação do programa Seis
Sigma na empresa “X”, sob a ótica de uma metodologia pré-definida e, apresentar os pontos
de conformidade e não conformidade deste processo, pra fins de propor melhorias e adquirir
conhecimentos que poderão orientar outras empresas que pretendam investir nessa
metodologia.
O estudo revela as falhas e propõe recomendações referentes aos estágios do processo
de implantação. Algumas das falhas descritas neste estudo fazem parte dos fatores críticos de
sucesso conforme citado por autores tais Rodontaro (2001), Mello (2003), Beppu (2004), e
Santos (2006). Entre esses fatores podem ser citados: o apoio da alta direção, o processo de
treinamento, a comunicação, o processo de medição de desempenho, dentre vários outros.
Desta forma foi possível considerar pontos a serem aperfeiçoados em projetos futuros a serem
desenvolvidos na empresa objeto deste estudo.
Nesse contexto, o Seis Sigma apresenta-se como uma oportunidade de adequação dos
processos da companhia de forma a garantir a otimização dos processos e a diminuição dos
desperdícios.
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