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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR - 101722-58.2016.5.01.0036

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F68CAD004E263D.
A C Ó R D Ã O
2ª Turma
GMJRP/lt/JRP/pr/ks/ac

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA.

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

DIRIGENTE DA CIPA. OCUPANTE DE CARGO EM


COMISSÃO. DIREITO À ESTABILIDADE
PROVISÓRIA.
Cinge-se a controvérsia em verificar se
o empregado ocupante de cargo em
comissão faz jus à estabilidade
provisória prevista no artigo 10,
inciso II, alínea "b", do ADCT, por
ocupar cargo de direção na CIPA. No
caso, é incontroverso que, em 2/9/2015,
o reclamante foi designado para exercer
cargo em comissão na reclamada,
sociedade de economia mista.
Incontroverso, ainda, que o empregado
foi eleito membro da CIPA no período de
14/10/2016 a 30/9/2017. Contudo, em
17/10/2016, o autor foi dispensado sem
justa causa, com fundamento no artigo
37, inciso II, da Constituição Federal.
O artigo 10, inciso II, alínea "a", do
ato das Disposições Constitucionais
Transitórias da Constituição Federal de
1988 consagra a garantia de emprego ao
empregado membro da CIPA: "Art. 10. Até que
seja promulgada a lei complementar a que se refere o
art. 7º, I, da Constituição: (...) II - fica vedada a dispensa
arbitrária ou sem justa causa: a) do empregado eleito
para cargo de direção de comissões internas de
prevenção de acidentes, desde o registro de sua
candidatura até um ano após o final de seu mandato".
Conforme ressaltado pelo Regional, em
que pese o cargo em comissão possuir
natureza precária, demissível ad nutum,
ele não é incompatível com a
estabilidade provisória no emprego.
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Isso porque o mencionado inciso II,
alínea "a", do artigo 10 do ADCT não traz
nenhumas ressalvas ou óbices quanto à
natureza do cargo ocupado pelo
trabalhador eleito membro da CIPA. Com
efeito, a única condição para que o
empregado faça jus a essa modalidade de
estabilidade provisória é a eleição
como membro representante dos
empregados para cargo de direção da
CIPA, condição essa preenchida pelo
reclamante. Esclarece-se que o artigo
37, inciso II, da Constituição Federal,
segundo o qual o servidor público
ocupante de cargo em comissão é
demissível ad nutum, não pode ser
aplicado de forma isolada. Com efeito,
não se pode ignorar que o artigo 10,
inciso II, alínea “a”, do ADCT, que
também tem a mesma estatura
constitucional, assegura garantia de
emprego a todo e qualquer empregado (sem
excepcionar os empregados públicos
ocupantes de cargos de confiança)
eleito como representante de empregados
na CIPA. Conclui-se, assim, que os dois
preceitos constitucionais devem ser
aplicados de maneira conjunta,
harmônica e sistemática. Nesse
contexto, ao contrário do que defende a
reclamada, o fato de o autor ser
exercente de cargo em comissão não
constitui óbice à estabilidade
provisória ora pleiteada. Conclui-se,
portanto, que o reclamante faz jus à
estabilidade provisória no emprego, por
ter sido eleito para cargo de direção da
CIPA, não havendo falar em sua demissão
sem justa causa.
Agravo de instrumento desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n°
TST-AIRR-101722-58.2016.5.01.0036, em que é Agravante COMPANHIA

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MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA - COMLURB e Agravado FILIPE LUCIANO DE
OLIVEIRA.

Trata-se de agravo de instrumento interposto pela


reclamada contra o despacho da Presidência do Tribunal Regional do
Trabalho da 1ª Região, pelo qual se denegou seguimento ao seu recurso
de revista quanto aos seguintes temas: “PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO
REGIONAL POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL”, “ESTABILIDADE
PROVISÓRIA. DIRIGENTE DA CIPA. OCUPANTE DE CARGO EM COMISSÃO. LIVRE
NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO” e “MULTA PELA INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS”.
Contraminuta e contrarrazões apresentadas às págs.
193-196 e 197-207, respectivamente.
Desnecessária a manifestação do Ministério Público do
Trabalho, nos termos do artigo 95 do Regimento Interno do Tribunal
Superior do Trabalho.
É o relatório.

V O T O

O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região denegou


seguimento ao recurso de revista da reclamada, mediante o despacho que
se segue:

“PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o recurso.
Regular a representação processual.
Satisfeito o preparo.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
Processuais / Nulidade / Negativa de prestação jurisdicional.
Alegação(ões):
- violação do(s) artigo 5º, inciso LV; artigo 93, inciso IX, da
Constituição Federal.
- violação d(a, o) (s) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 832.
- divergência jurisprudencial.
A análise da fundamentação contida no v. acórdão recorrido revela que
a prestação jurisdicional ocorreu de modo completo e satisfatório,
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inexistindo qualquer afronta aos dispositivos que disciplinam a matéria. Não
há falar na ocorrência de conflito jurisprudencial, uma vez que a existência
do dissenso pretoriano exige a possibilidade de confronto de teses. No caso
específico da alegação de negativa de prestação jurisdicional, tal conflito é
inexistente, até porque a própria parte recorrente afirma que a questão
jurídica não foi, no seu entendimento, enfrentada no v. acórdão regional.
Desse modo, arestos porventura colacionados para tal finalidade revelam-se
plenamente inúteis e, portanto, não devem sequer ser analisados. Nesse
aspecto, sob a ótica da restrição imposta pela Súmula 459 do TST, o recurso
não merece processamento.
Rescisão do Contrato de Trabalho / Reintegração/Readmissão ou
Indenização / Membro de CIPA.
Contrato Individual de Trabalho / Administração Pública / Contrato
Nulo.
Alegação(ões):
- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 363 do Tribunal Superior do
Trabalho.
- violação do(s) artigo 37, inciso II; artigo 37, §2º, da Constituição
Federal.
- divergência jurisprudencial.
Nos termos em que prolatada a decisão, não se verificam as violações
apontadas. Na verdade, trata-se de mera interpretação dos mencionados
dispositivos, o que não permite o processamento do recurso. Não se
vislumbra, também, nenhuma afronta à jurisprudência sedimentada da C.
Corte.
Os arestos transcritos para o confronto de teses não se prestam ao fim
colimado, seja por se revelarem inespecíficos, vez que não se enquadram nos
moldes estabelecidos pelas Súmulas 23 e 296 do TST, seja ainda por se
revelarem inservíveis, porquanto não contemplados na alínea "a" do art. 896
da CLT. Podem ser, ainda, enquadrados na categoria de inservíveis os
arestos não adequados ao entendimento consagrado na Súmula 337 do TST.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Penalidades
Processuais / Multa por ED Protelatórios.
A Lei 13.015/2014, aplicável aos recursos interpostos das decisões
publicadas a partir de 22/09/2014 (consoante interpretação do TST
estampada no artigo 1º do Ato 491/SEGJUD.GP), inseriu o §1º-A no artigo
896 da CLT, com a seguinte redação:
"Art. 896. (...)
§ 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:
I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista;
II - indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a
dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal
Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional;

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III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os
fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante
demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal,
de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte.
IV - transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de
nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos
embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal
sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional
que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de
plano, da ocorrência da omissão. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)".
Diante deste contexto, não podem ser admitidos recursos cujas razões
não indiquem o "trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia", que não apontem de forma "explícita e
fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou orientação
jurisprudencial do TST" que conflite com a decisão regional ou que não
contenham impugnação de todos os fundamentos jurídicos da decisão
recorrida, com demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da
Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja
contrariedade aponte.
No caso em apreço, não cuidou o recorrente de "indicar o trecho da
decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia
objeto do recurso de revista".
Em razão do exposto, não há como se admitir o apelo, no particular,
face a patente deficiência de fundamentação.
CONCLUSÃO
NEGO seguimento ao recurso de revista” (págs. 175-177).

Na minuta de agravo de instrumento, a reclamada


insiste na admissibilidade do seu recurso de revista, ao argumento de
que foi demonstrado o preenchimento dos requisitos do artigo 896 da CLT.
Afirma que “a tese do despacho agravado que a análise importaria
reexame de fatos e provas é improcedente já que o que se discute é que se TOTALMENTE o contrato do
Autor ingressante na Ré SEM CONCURSO PÚBLICO violaria ou não o § 2º, do art, 37 da Constituição
Federal.” (pág. 183).
No tocante ao tema “Estabilidade Provisória.
Dirigente da CIPA. Ocupante de Cargo em Comissão. Livre Nomeação e
Exoneração” repisam as razões de recurso de revista, afirmando que “a
contratação de servidor público, após a CF/1988, sem previa aprovação em concurso público, encontra
óbice no respectivo artigo, somente lhe conferido direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em
relação ao numero de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores
referentes aos depósitos do FGTS” (pág. 185).
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Reafirma a violação do artigo 37, inciso II, § 2º, da
Constituição Federal, contrariedade à Súmula n° 363 do TST e defende que
a divergência jurisprudencial colacionada no recurso de revista autoriza
o conhecimento do apelo.
Analisa-se.
Inicialmente, verifica-se que a reclamada não renova,
nas razões de agravo de instrumento, seu descontentamento com a decisão
regional que se refere aos temas “preliminar de nulidade do acórdão
regional por negativa de prestação jurisdicional” e “Multa pela
interposição de embargos de declaração protelatórios”, o que revela seu
conformismo, nos aspectos, diante da falta de devolutividade das
matérias.
Na hipótese, o Tribunal Regional reformou
parcialmente a sentença para reconhecer o direito do reclamante à
indenização substitutiva, desde a data da dispensa até um ano após o
término de seu mandato como membro da CIPA.
O acórdão regional foi fundamentado nos seguintes
termos:

“REINTEGRAÇÃO - ESTABILIDADE PROVISÓRIA - MEMBRO


DA CIPA
Pretende o autor a sua reintegração e, sucessivamente, a indenização
substitutiva do período de estabilidade provisória.
Sustenta, em síntese, que se enquadra no disposto do art. 10, inciso II,
alínea "a" do ADCT da CF/88, tendo sido eleito membro da CIPA pelo
período de 14.10.2016 a 30.09.2017 e, assim, arbitrária sua dispensa sem
justa causa em 17.10.2016. Invoca, por analogia, a estabilidade provisória de
gestante, contratada por prazo indeterminado, sem concurso público ou com
cargo comissionado, conforme jurisprudência do STF.
O pleito foi indeferido nos seguintes termos:
Estabilidade. Reintegração.
Em síntese, alega o reclamante que ingressou no quadro de
empregados da reclamada em 01 de setembro de 2015, sendo demitido sem
justa causa em 14 de outubro de 2016.
Alega, ainda, que, por ter sido eleito membro titular da Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) detêm estabilidade provisória no
emprego, razão pela qual pugna pela sua reintegração ou, sucessivamente,
indenização substitutiva.
A ré, em sua defesa, refuta as alegações autorais, aduzindo que o
pedido deve ser julgado improcedente, pois a reclamada é uma sociedade de
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economista mista, e o reclamante foi admitido para exercer cargo de
confiança, com exoneração ad nutum, na forma da exceção prevista no
artigo 37, II da Constituição Federal.
A natureza jurídica da reclamada é incontroversa, e, sendo uma
sociedade de economia mista, condiciona o ingresso de seus empregados
por meio de concurso público, na forma do artigo 37, II, da Constituição
Federal.
Há, contudo, ressalva expressa no mesmo artigo 37, admitindo-se as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração.
No caso, ao ser interrogado, declarou o reclamante que "não fez
concurso público para ingressar na empresa reclamada." A ré, por sua vez,
colacionou aos autos os documentos de fls. (id fe03467) comprovando a
designação do autor para exercer o alegado cargo em comissão.
O tratamento jurídico do cargo em comissão, constitucionalmente
previsto, atribui investidura precária ao seu ocupante. Portanto, não pode
ser interpretado à luz da legislação infraconstitucional, sob pena de
desvirtuamento da natureza do cargo.
Tal interpretação restritiva é consequência do tratamento excepcional
dispensado pelo constituinte ao cargo em comissão, pois a regra é a
obrigatoriedade de concurso público e provimento efetivo de cargos
públicos.
E as normas excepcionais devem ser interpretadas literal e
restritivamente. Não se admite, portanto, a utilização de métodos que
ampliem o seu significado.
Assim, apesar da situação adquirida pelo autor, a reclamada, ao
dispensar o empregado, agiu amparada pela Constituição. Logo, não há que
se falar em nulidade de sua exoneração, em reintegração no cargo e
pagamento de qualquer verba após a exoneração.
Nesse sentido, é jurisprudência: CARGO EM COMISSÃO. LIVRE
NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO. ESTABILIDADE.
IMPOSSIBILIDADE. A norma constitucional que embasa a
contratação do reclamante para cargo em comissão constituiu norma de
exceção e, portanto, deve ser interpretada de maneira restrita. Inconcebível
que a legislação infraconstitucional que preveja a estabilidade provisória
seja interpretada de modo contrário ao ordenamento jurídico constitucional
de maneira a desfigurar o instituto das nomeações excepcionais para os
cargos em comissão, o qual prevê a possibilidade de livre exoneração a
qualquer tempo e de acordo com a discricionariedade da Administração
Pública. (TRT-1 - RO: 00103083320135010052 RJ, Relator: MONICA
BATISTA VIEIRA PUGLIA, Data de Julgamento: 18/03/2015, Quarta
Turma, Data de Publicação: 06/04/2015)
CARGO EM COMISSÃO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA.
Comprovado nos autos que a contratação do reclamante foi efetuada
segundo a exceção prevista no inciso II do art. 37 da C.F., ou seja, em

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caráter de livre nomeação e exoneração, a ele não se aplica a estabilidade
provisória prevista no art. 118 da Lei 8.213/91. (TRT-1 - RO:
1460000820085010075 RJ, Relator: Celio Juacaba Cavalcante, Data de
Julgamento: 07/11/2012, Décima Turma, Data de Publicação: 2012-11-26)
ESTABILIDADE PROVISÓRIA PRÉ-APOSENTADORIA. NORMA
COLETIVA. CARGO EM COMISSÃO. INCOMPATIBILIDADE. DECISÃO
DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. O cargo de confiança previsto no art.
37, II, da CF é incompatível com estabilidade, garantia de emprego e
proteções similares, pois, pela Constituição, seu titular é demissível ad
nutum. Assim, embora, o trabalhador, em tais casos, tenha a vantagem de
poder ser recrutado sem concurso público (exceção criada pela própria
CF), tem a desvantagem correlata de ser demissível ad nutum. Não há como
assegurar o processamento do recurso de revista quando o agravo de
instrumento interposto não desconstitui os termos da decisão denegatória,
que subsiste por seus próprios fundamentos. Agravo de instrumento
desprovido. (Processo: AIRR - 2166-52.2012.5.02.0018 Data de
Julgamento: 10/12/2014, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 3ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 12/12/2014.)
RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO.
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CARGO EM COMISSÃO. Conforme
jurisprudência desta Corte não há falar em garantia de estabilidade
provisória acidentária, porque no cargo em comissão é permitida a
demissão "ad nutum". Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (TST
- RR: 773007820095150099, Relator: Emmanoel Pereira, Data de
Julgamento: 08/04/2015, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/04/2015)
Com efeito, a situação do reclamante se mostra incompatível com qualquer
estabilidade. A norma constitucional que embasa a contratação do
reclamante para cargo em comissão constituiu norma de exceção e,
portanto, deve ser interpretada de maneira restrita. Inconcebível que a
legislação infraconstitucional que preveja a estabilidade provisória seja
interpretada de modo contrário ao ordenamento jurídico constitucional de
maneira a desfigurar o instituto das nomeações excepcionais para os cargos
em comissão, o qual prevê a possibilidade de livre exoneração, a qualquer
tempo e de acordo com a discricionariedade da Administração Pública. No
caso sob exame, a prova documental acostada aos autos não deixa dúvida
que o reclamante foi designado para o Emprego de Confiança de
encarregado e Núcleo de Pessoal, o que leva à conclusão de que sua
contratação foi efetuada segundo a exceção prevista no inciso II do art. 37
da C.F., ou seja, em caráter de livre nomeação e exoneração, e, portanto a
ele não se aplica a estabilidade provisória pleiteada. E, tampouco, faria ele
jus a esta estabilidade, se sua contratação não tivesse o caráter de livre
nomeação, eis que, como acima pontuado, sendo o reclamado um ente de
direito público, este contrato seria nulo, fazendo ele jus somente aos salários
do período trabalhado e aos depósitos do FGTS.

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Portanto, por ter a prerrogativa de ser a demissão ad nutum, o
reclamante não tem direito à estabilidade provisória, sendo improcedente o
pedido, bem como todos os demais correlatos.
Com razão, em parte, o reclamante.
As sociedades de economia mista, como a ré, devem obediência à regra
do artigo 37, inciso II, da Constituição Federal, para o provimento de seus
empregos públicos, ressalvada a nomeação para cargos em comissão,
declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
É incontroverso nos autos que a demandada é sociedade de economia
mista e que o autor, não submetido a concurso público, como admitido em
seu depoimento pessoal (ID e44fb29), foi designado, em 02.09.2015, para
exercer o cargo em comissão de Encarregado de Núcleo de pessoal (ID
fe03467 - Pág. 1).
Inconteste, ainda, que o autor foi eleito como membro da CIPA pelo
período de 14.10.2016 a 30.09.2017 (ID 0b3d07a.) Como é cediço, os cargos
em comissão são aqueles de livre escolha, nomeação e exoneração, de caráter
provisório, destinando-se às atribuições de direção, chefia e assessoramento,
podendo recair ou não em servidor efetivo, não sendo necessária, portanto, a
realização de concurso para sua ocupação.
A questão ora em análise, ao contrário do que argumentou ao autor,
não é idêntica a da empregada em gozo de garantia provisória de emprego
em razão do estado gravídico, pois, nessa hipótese, a proteção é direcionada
diretamente à mulher, ao nascituro e à própria sociedade, razão pela qual são
restritíssimas as hipótese de renúncia pela beneficiária. Contudo,
aproximam-se na medida em que ambas as garantias provisórias visam a
proteção do coletivo, na hipótese da gestante à sociedade e ao nascituro e, no
caso dos autos, ao meio ambiente do trabalho.
A garantia provisória dos representantes dos empregados eleitos para
ocuparem cargos de direção na CIPA se direciona a proteção, autonomia e
segurança na defesa dos interesses dos trabalhadores, em especial no
combate e na prevenção dos acidentes de trabalho e das doenças
ocupacionais, que seria, por óbvia, inócua caso não tivesse sua atuação
protegida.
O inciso II, alínea "a", do artigo 10 do Ato das disposições
constitucionais transitórias dispõe expressamente que:
Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o
art. 7º, I, da Constituição:
(...)
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: a) do
empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção
de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de
seu mandato;
Depreende-se, assim, pela leitura acurada do citado dispositivo do
ADCT, que o direito à estabilidade pressupõe uma condição e um limite.

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A condição ali estabelecida é apenas uma, ser eleito para cargo de
direção de comissões internas de prevenção de acidentes.
O limite, por sua vez, é o registro da candidatura até um ano após o
final do mandato.
Destarte, observa-se que a eleição como membro representante dos
empregados para cargo de direção da CIPA é a única condição para que o
detentor faça jus à estabilidade disposta no ADCT. Pois oportuno, convém
frisar que o texto legal não apresenta nenhuma ressalva, excludente,
tampouco diferencia tipos de empregado, se exerce cargo de gestão ou não,
se é servidor público concursado ou ocupante de cargo em comissão, razão
pela qual impõe concluir que a natureza do cargo ocupado pelo reclamante
não constitui qualquer óbice à estabilidade pleiteada.
Não se está a questionar que os cargos em comissão, por excelência,
são de livre nomeação e exoneração ad nutum, contudo, no meu entender, o
direito de dispensa deve observar, sempre que houver, as limitações legais,
previstas em lei, como, por exemplo, as garantias provisórias de emprego.
E, embora se saiba que a fidúcia é requisito essencial para o exercício
do cargo em comissão, não se esta aqui, por óbvio, pretendendo inviabilizar
o direito potestativo da dispensa, nessa situação específica. Contudo, não se
pode perder de vista que a dispensa de empregado em situação de garantia
provisória de emprego pressupõe o dever de indenizar o período
correspondente.
Ora, o que se pretende não é o enriquecimento ilícito de uma das
partes, mas apenas preservar a intenção do legislador constituinte e, acima de
tudo, o espírito da lei em assegurar o livre exercício da função de empregado
que ocupa cargo de direção em comissões internas de prevenção de acidente.
Como dito alhures, a importância da CIPA no combate e prevenção de
acidentes de trabalho e doença ocupacional é inquestionável, sendo certo que
somente haverá atuação legítima e compromissada quando sua direção não
precisar temer pelo seu próprio emprego.
A hipótese vertente é um grande exemplo da necessidade de proteger e
preservar a estabilidade dos membros ocupantes de cargo de direção da
CIPA, sob pena de precarizar a própria CIPA e, assim impactar, por via
transversa, todos os demais empregados da reclamada. Veja-se que a
dispensa do autor ocorreu em 17.10.2016, logo após sua eleição como
membro da CIPA, em 14.10.2016, como representante dos empregados.
Assim, há que se concluir que a dispensa em comento teve o nítido caráter de
represália, até porque o reclamante exercia o cargo em comissão desde
setembro de 2015, o que, a meu ver, demonstra que a alegada perda da
fidúcia no demandante simplesmente se deu em virtude de ter sido eleito
membro de direção da CIPA.
Releva ressaltar, ainda, que a ré tinha ciência de que o demandante se
inscreveu para concorrer às eleições como componente da CIPA, em
23.08.2016 (ID 1144884), não criando quaisquer obstáculos ou apresentando
qualquer inviabilidade para a sua candidatura.

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De igual sorte, não se observa que, quando de sua contratação tenha a
ré estipulado qualquer cláusula obstaculizando o ocupante de cargo em
comissão de se inscrever e ser eleito como membro da CIPA, vide os termos
contrato de trabalho no ID 094214f - Pág. 2.
Entendo, portanto, que o demandante é detentor da estabilidade
provisória, pelas razões já citadas, razão pela qual o ente público não pode,
sob o pretexto de exercício do cargo em comissão, praticar atos de represália
contra o empregado eleito por seus pares para defender os interesses dos
trabalhadores, como é o caso do dirigente da CIPA, mormente porque a
dispensa atinge a própria CIPA, manipulando a sua composição legítima e,
por conseguinte, impactando, assim, todos os demais empregados.
Assim, tratando-se de cargo que pressupõe o fator fidúcia, entendo que
inviável o reconhecimento da reintegração do empregado, contudo faz ele jus
ao pagamento da indenização substitutiva abarcando a data da dispensa do
autor, em 17.10.2016 até um ano após o término de seu mandato como
membro da CIPA, ou seja, 30.09.2018, em valor equivalente aos salários que
perceberia mensalmente se em atividade estivesse e o correspondente FGTS.
Os demais pedidos de pagamento de férias, pagamento do terço
constitucional, décimo terceiro salário, anuênio, triênio, auxílio alimentação,
vale transporte, julgo todos improcedentes dado o caráter precário do cargo
ocupado pelo autor, sendo-lhe assegurado apenas o direito à indenização
compensatória da garantia provisória de emprego de membro da CIPA.
Imperioso destacar que ante as razões expostas, sendo reconhecido que
o cargo do autor era de livre nomeação e exoneração , não há que se falar ad
nutum em indenização por dano moral em virtude da dispensa, sendo certo
que a recomposição material, ora deferida, já objetiva corrigir a ilegalidade
do ato praticado.
Indevidos honorários advocatícios, já que o autor, não obstante
beneficiário da Justiça Gratuita, não se encontra representado pelo sindicato
da categoria, nos moldes da Súmula 219 do TST.
Dou parcial provimento” (págs. 124-129 – grifou-se).

Em resposta aos embargos de declaração da reclamada,


o Regional consignou o que se segue:

“Aduz a embargante, em síntese, que o contrato de trabalho do


empregado que não é precedido de concurso público é nulo por disposição
constitucional (§ 2º do art. 37) e, assim, seus efeitos patrimoniais são
limitados às horas trabalhadas e aos depósitos de FGTS, sem a multa
indenizatória pela terminação da relação, não havendo que se falar em
garantia de vínculo, sendo irrelevante o trabalhador padecer de suposta
estabilidade.

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Requer que o acórdão se manifeste "se pode extrair efeitos de negócios
jurídicos nulos", e que seja dado efeito modificativo ao julgado, com a
declaração de nulidade do contrato.
De plano, cumpre frisar que os embargos de declaração são cabíveis,
nos termos do artigo 897-A da CLT c/c artigo 1022 do CPC, nas hipóteses de
obscuridade, omissão ou contradição da decisão, não sendo meio hábil para
que a parte manifeste seu inconformismo com a decisão.
O acórdão se encontra devida e claramente fundamento no sentido
de que é incontroverso nos autos que o autor, apesar de não ter
submetido a concurso público, foi nomeado para cargo em comissão
(art. 37, II, da Constituição Federal), e que, tendo sido como membro da
CIPA, era detentor da estabilidade disposta no art. 10, II, alínea do
ADCT, o qual "não apresenta nenhuma ressalva, excludente, tampouco
diferencia tipos de empregado, se exerce cargo de gestão ou não, se é
servidor público concursado ou ocupante de cargo em comissão", de
sorte que, em tal período "o ente público não pode, sob o pretexto de
exercício do cargo em comissão, praticar atos de represália contra o
empregado eleito por seus pares para defender os interesses dos
trabalhadores, como é o caso do dirigente da CIPA, mormente porque a
dispensa atinge a própria CIPA, manipulando a sua composição
legítima e, por conseguinte, impactando, assim, todos os demais
empregados."
Não se trata, pois, de necessária manifestação acerca da nulidade
do contrato de trabalho do obreiro e seus efeitos, como pretende fazer
crer a embargante, já que a tese adotada foi de que o demandante como
componente da CIPA era detentor de estabilidade provisória no cargo
de comissão, e não de reintegração ou verbas decorrentes de contrato de
trabalho, o que, inclusive, foi rechaçado no acórdão, negando
provimento ao apelo autoral quanto aos temas.
Conclui-se, portanto, que não se vislumbra a existência de qualquer
vício no acórdão, visando os embargos opostos, na verdade, a reforma do
julgado, o que, contudo, não é possível através da via processual escolhida.
Caso a parte considere que houve má apreciação da matéria posta em
discussão, trata-se, então, de hipótese a abrigar error in judicando, o que não
se faz passível de revisão pela medida eleita.
Rejeito os embargos de declaração e, com fulcro no art. 1026, § 2º do
CPC de 2015, condeno a embargante à multa de 1% sobre o valor atualizado
da causa, a título de multa por embargos protelatórios, a ser revertida ao
autor” (págs. 139 e 140 – grifou-se).

No caso, o Regional reformou a sentença, para deferir


ao reclamante, exerce-te de cargo em comissão, indenização substitutiva
ao período de estabilidade provisória em decorrência de ter sido eleito
para cargo de direção na CIPA.
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Esclareceu o Tribunal a quo que, “a eleição como membro
representante dos empregados para cargo de direção da CIPA é a única condição para que o detentor
faça jus à estabilidade disposta no ADCT. Pois oportuno, convém frisar que o texto legal não apresenta
nenhuma ressalva, excludente, tampouco diferencia tipos de empregado, se exerce cargo de gestão ou
não, se é servidor público concursado ou ocupante de cargo em comissão, razão pela qual impõe
concluir que a natureza do cargo ocupado pelo reclamante não constitui qualquer óbice à estabilidade
pleiteada.” (pág. 127).
Acrescentou o Regional que, “embora se saiba que a fidúcia é
requisito essencial para o exercício do cargo em comissão, não se esta aqui, por óbvio, pretendendo
inviabilizar o direito protestativo da dispensa, nessa situação específica. Contudo, não se pode perder de
vista que a dispensa de empregado em situação de garantia provisória de emprego pressupõe o dever de
indenizar o período correspondente” (pág. 128). Assim, “o que se pretende não é o
enriquecimento ilícito de uma das partes, mas apenas preservar a intenção do legislador constituinte e,
acima de tudo, o espírito da lei em assegurar o livre exercício da função de empregado que ocupa cargo
de direção em comissões internas de prevenção de acidente” (pág. 128).
Diante desse cenário, o Regional concluiu que “o
demandante é detentor da estabilidade provisória, pelas razões já citadas, razão pela qual o ente público
não pode, sob o pretexto de exercício do cargo em comissão, praticar atos de represália contra o
empregado eleito por seus pares para defender os interesses dos trabalhadores, como é o caso do
dirigente da CIPA, mormente porque a dispensa atinge a própria CIPA, manipulando a sua composição
legítima e, por conseguinte, impactando, assim, todos os demais empregados” (pág. 129).
Cinge-se a controvérsia em verificar se o empregado
ocupante de cargo em comissão faz jus à estabilidade provisória prevista
no artigo 10, II, alínea "b", do ADCT, por ocupar cargo de direção na
CIPA.
No caso, conforme ressaltou o Regional, é
incontroverso que, em 2/9/2015, o reclamante foi designado para exercer
cargo em comissão na reclamada, Sociedade de Economia Mista.
Incontroverso, ainda, que o empregado foi eleito membro da CIPA no período
de 14/10/2016 a 30/9/2017. Contudo, em 17/10/2016, o autor fora
dispensado sem justa causa, com fundamento no artigo 37, inciso II, da
Constituição Federal.
O artigo 10, inciso II, alínea "a", do ato das
Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988
consagra a garantia de emprego ao empregado membro da CIPA:
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"Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o
art. 7º, I, da Constituição:
(...)
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de
prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após
o final de seu mandato;”.

Conforme ressaltado pelo Regional, em que pese o cargo


em comissão possuir natureza precária, demissível ad nutum, ele não é
incompatível com a estabilidade provisória no emprego. Isso porque o
mencionado inciso II, alínea "a", do artigo 10 do ADCT não traz quaisquer
ressalvas ou óbices quanto à natureza do cargo ocupado pelo trabalhador
eleito membro da CIPA. Com efeito, a única condição para que o empregado
faça jus a essa modalidade de estabilidade provisória é a eleição como
membro representante dos empregados para cargo de direção da CIPA,
condição esta preenchida pelo reclamante.
Nesse contexto, esclareça-se que o artigo 37, inciso
II, da Constituição Federal, segundo o qual o servidor público ocupante
de cargo em comissão é demissível ad nutum, não pode ser aplicado de forma
isolada. Com efeito, não se pode ignorar que o artigo 10, inciso II, alínea
“a”, do ADCT, que também tem a mesma estatura constitucional, assegura
garantia de emprego a todo e qualquer empregado (sem excepcionar os
empregados públicos ocupantes de cargos de confiança) eleito como
representante de empregados na CIPA. Conclui-se, assim, que os dois
preceitos constitucionais devem ser aplicados de maneira conjunta,
harmônica e sistemática.
Assim, ao contrário do que defende a reclamada, o fato
de o autor ser exercem-te de cargo em comissão não constitui óbice à
estabilidade provisória ora pleiteada.
Conclui-se, portanto, que o reclamante faz jus à
estabilidade provisória no emprego, por ter sido eleito para cargo de
direção da CIPA, não havendo falar em sua demissão sem justa causa.

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Não há falar, portanto, em violação do artigo 37,
inciso II, da Constituição Federal, tampouco em contrariedade à Súmula
n° 363 do TST.
Por fim, a divergência jurisprudencial colacionada é
inespecífica ao fim colimado, por não abordar a exata situação concreta
exposta nos autos. Incide, pois, o teor da Súmula nº 296, item I, do TST.
Diante do exposto, nego provimento ao agravo de
instrumento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de
instrumento.
Brasília, 16 de dezembro de 2020.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA


Ministro Relator

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