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INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS E RECOMENDAÇÃO DE CORREÇÃO

DESCRIÇÃO VALOR ATUAL CLASSIFICAÇÃO


pH (CaCl) 4,12 Baixo
pH (SMP) 5,62 Baixo
Mat. Org (g/dm³) 41,05 Muito alto
P (mg/dm³) 8,86 Adequado
K (cmolc/dm³) 0,44 Adequado
Ca (cmolc/dm³) 2,25 Adequado
Mg (cmolc/dm³) 0,96 Adequado
Al (cmolc/dm³) 0,9 Alto
H + Al (cmolc/dm³) 6,59 Alto
SB (cmolc/dm³) 3,65 Adequado
CTC (cmolc/dm³) 10,24 Adequado
V% 35,7 Baixo
Al (m)% 20,5 Alto
Ca % 22 Muito baixo
Mg % 9,4 Baixo
K% 4,3 Adequado
S (mg/dm³) 7,21 Adequado
B (mg/dm³) 0,38 Adequado
Fe (mg/dm³) 43,29 Adequado
Cu (mg/dm³) 1,05 Adequado
Mn (mg/dm³) 36,7 Muito alto
Zn (mg/dm³) 1,7 Adequado
Ca/Mg 2,3/1 Baixo
Ca/K 5,1/1 Baixo
Mg/K 2,2/1 Adequado
Análise granulométrica: ARGILOSO

Valores alterados: pH, Mat. Org, V%, Al, H+Al, m%, Ca%, Mg%, Mn, Ca/Mg e Ca/K.

Diagnóstico: solo com acidez elevada, implicando em necessidade de calagem


(indicado por pH, V%, Al, H+Al e m%). Utilizar calcário calcítico (indicado por Ca%, Mg%,
Ca/Mg e Ca/K).
O valor de matéria orgânica bastante alto (41,05 g/dm³) pode ser explicado pela
presença de palhada e/ou gravetos no conteúdo amostrado, superestimando o resultado.
O valor de manganês muito acima do adequado pode ser explicado por
contaminação do material utilizado para realizar a coleta (trado ou balde) ou do solo por
produtos químicos, já que naturalmente os solos não apresentam teores elevados.
LEGENDA E OUTRAS INFORMAÇÕES

Acidez (pH, Al e H+Al): Indicada pelo valor de pH < 6, extraído em CaCl. Valores de pH
entre 4 e 5 indicam a presença de alumínio trocável, confirmado pela análise, com o valor
de 0,9 cmolc/dm³. Isso corresponde a acidez ativa, que inclui o hidrogênio e alumínio
ligados a superfície dos colóides (argilas e matéria orgânica) por forças eletrostáticas, ou
seja, são facilmente solubilizados e afetam a dinâmica de fertilidade. A presença de
alumínio no solo pode inibir o crescimento radicular, influenciar na disponibilidade de
outros nutrientes e processos como a mineralização da matéria orgânica. Insistir em não
fazer calagem quando o Al no solo é maior que 0,5 cmol c/dm³ não é recomendado, pois
pode trazer queda da produtividade.
A acidez total ou potencial é representada pelo H+Al, que inclui tanto o hidrogênio e
alumínio ligados a superfície dos colóides quanto o hidrogênio de ligação covalente e
outros compostos insolubilizados de alumínio. Quanto mais baixo o pH SMP mais alto o
H+Al, e maior a necessidade de calcário para correção. A acidez total é utilizada para o
cálculo da capacidade de troca catiônica e da saturação por bases, e caracteriza o poder
tampão de acidez do solo.
A correção do solo com calcário eleva o pH e insolubiliza o Al tornando-o inofensivo
para as raízes e processos do solo.

Bases trocáveis (K, Ca, Mg e Na): A quantidade de potássio, cálcio, magnésio e sódio
(sódio não saiu nessa análise), em cmol c/dm³, indica o grau de intemperismo do solo
(decomposição). Solos mais jovens, como topos de morros, sofreram menos
intemperismo e portanto são mais ricos nos quatro elementos. Solos mais intemperizados,
envelhecidos, possuem teores mais baixos.
Quando os teores de cálcio e magnésio são baixos, os mesmos podem ser
elevados com a utilização de calcário dolomítico, o qual tem em sua composição mais de
12% de magnésio. Quando o objetivo for somente corrigir a acidez, o calcário calcítico
pode ser utilizado.
Atenção: é necessário ficar atento para o fato de que caso os teores de cálcio e
magnésio aumentem muito, eles podem ser adsorvidos a cargas que seriam ocupadas
pelo potássio, e o mesmo pode ser lixiviado para fora do alcance das raízes, causando
deficiência nutricional (portanto, não exagerar na dose de calcário).

Capacidade de troca catiônica (CTC): Pode ser pensada como a “reserva” ou


“despensa” de nutrientes do solo. Quanto maior seu valor, maior a capacidade do solo em
fornecer nutrientes às raízes.
O valor corresponde a quantidade de cargas negativas nos colóides do solo (argila
e matéria orgânica) onde os cátions nutrientes ligam-se.
É dividida em CTC potencial (calculada para pH 7) e CTC efetiva (calculada para o
pH natural do solo). A CTC potencial já saiu na análise. Para calcular a CTC efetiva é
necessário simplesmente somar as bases (SB, valor indicado na análise) + Al trocável.
Pode-se aumentar a CTC de um solo aumentando seus teores de matéria
orgânica, através de adubação verde ou orgânica/organomineral, isso aumentará a
quantidade de colóides orgânicos e consequentemente o valor da CTC.

Saturação por bases (V%): A saturação por bases é a proporção da CTC ocupada pelas
bases. Solos com saturação por bases maiores que 70% indicam que não há
necessidade de calagem. Solos com saturação por bases menores que 50% têm cargas
ocupadas por componentes da acidez, H ou Al, necessitando de correção.
RECOMENDAÇÃO DE CALAGEM

O cálculo da necessidade de calcário é baseado nos valores de saturação por


bases, capacidade de troca catiônica e no PRNT do calcário a ser utilizado.
PRNT é poder relativo de neutralização total do calcário, e diz respeito ao tamanho
das partículas e reação com o solo. É fornecido pelo fabricante; quanto maior o valor,
melhor a qualidade do calcário e mais rápida sua reação no solo.

Recomendo utilizarem calcário calcítico, já que a porcentagem de cálcio na


saturação por bases está MUITO baixa (22%, e o ideal seria acima de 50%). A de
magnésio também está baixa, mas não o bastante para justificar o uso de calcário
dolomítico (com mais de 12% de magnésio), logo, o magnésio presente no calcário
calcítico já será suficiente para corrigir esse teor. Se não encontrarem o calcítico, usem o
dolomítico mesmo, não vai causar problema nenhum.

Mas indo direto ao ponto: se vocês utilizarem o calcário vendido pela Itatinga
(empresa de Castro, que comentei na coleta, cerca de 30 reais/tonelada) serão
necessárias 6,2 toneladas de calcário para corrigir os 15.000 m².

O calcário vendido pela COAMO possui outro PRNT, o qual varia conforme o lote e
origem. Hoje, quando retirei a análise, nenhum dos agrônomos estava lá para me
informar. Mas posso afirmar que a quantidade de calcário não vai variar muito, ficando em
torno de 6 e 7 toneladas. O custo é maior (cerca de 130 reais/ton) mas a COAMO oferece
o serviço de aplicação e vocês não precisarão se preocupar com o frete de Castro até
aqui.

A saturação de bases atual é de 35%, valor muito baixo; calculei a quantidade de


calcário visando elevá-la para 70%, valor mais do que suficiente para a grande maioria
das culturas, incluindo a pitaya. O alumínio tóxico (m%) também será neutralizado e os
valores de Ca% e Mg% serão elevados até o nível adequado.

Felizmente, os teores dos demais nutrientes estão adequados e vocês não


precisarão corrigir, apenas garantam que a adubação de manutenção das culturas
implantadas seja realizada adequadamente e que seja feita no mínimo uma adubação
verde por ano (no inverno ou verão).

À disposição,
Bruno Mazurok Pachulski
Eng.º Agrônomo
(42) 9 9922 5798
brunomazurok@gmail.com

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