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SOMOS TODOS UM

Do livro "Psicología del Siglo 21"


Rubén Feldman González, Candidato ao Prémio Nobel da
Paz 2009

INTERLOCUTOR: Durante o seu seminário referiu-se à Psicologia


Holokinética como o facto de o indivíduo poder aperceber-se que ele
(ou ela) é uno com o resto dos seres humanos de todo o planeta.
Disse que isto não é uma crença mística nem parte de uma ideologia
humanista.
Acredita que isso é um facto.

RFG (Rubén Feldman González): É um facto.


No entanto, não se trata duma conclusão baseada em alguma
crença ou numa ideia romântica, ou de pensar que isso é assim
como uma mera opinião conveniente.
Parte da vivência da Percepção Unitária, da percepção directa e
global do movimento do agora imediato, é aperceber-se de que todos
somos um.
Quando se tem essa vivência, que implica uma mudança no
funcionamento neurofisiológico do Sistema Nervoso Central, pode-se
tentar explicá-la. Ao tentar explicá-la, transmite-se a memória duma
experiência, não a própria vivência.
A experiência é aquilo que jaz na minha memória, como crença,
como ideia, como opinião, como emoção recordada, como reacção
visceral evocada.
A experiência, que é apenas memória, interfere com a vivência do
agora imediato, aqui mesmo, de maneira íntegra (de maneira
holokinética, como lhe chamamos).

INTERLOCUTOR: Mas então tem de haver alguma evidência


experimental científica disso que considera um facto. Se eu não
tenho uma evidência, não posso vivenciar (ou sequer crer) que
"somos todos um".

RFG: Deve saber que o ser humano tem uma tendência natural para
resistir à evidência.

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Por outro lado, tende a acreditar nas coisas mais irracionais, sem
nunca tentar obter uma evidência.
A própria história da ciência está cheia de factos significativos, como
a crença de que o calor era uma entidade denominada "Flogisto",
mais do que um movimento acelerado das moléculas dos corpos.
Também se acreditou no "homúnculo" que era o pequeno homenzito
que, inserido no útero da mulher, dava lugar ao feto que crescia
apenas em tamanho até nascer. Mais tarde demonstrou-se que mais
do que um homúnculo existia um espermatozóide, que se unia a um
óvulo e que davam lugar a uma terceira célula que por sua vez se
transformava, até chegar a dar lugar à criança do nascimento.
Quando Galileu viu as luas de Júpiter, teve dificuldades para que se
aceitasse tal facto, já que Aristóteles tinha dito, muito tempo antes,
que Júpiter não tinha luas.
O neurónio estuda-se duma maneira separada, ainda que a
evidência mostre que os neurónios, em nenhum momento e em
nenhum lugar estão separados em absoluto.
O conceito de "instinto", como unidade indivisível de comportamento,
tem bastante poucas evidências que o sustentem, no entanto,
continua a ser considerado um conceito valioso ou útil.
Precisamente esta falta de evidência relativa ao "instinto" fez com
que diversos autores usassem diversas palavras que substituem a
palavra "instinto", por "necessidade", "impulso", "desejo".
As experiências embriológicas de Driesch mostraram que, mesmo
quando se extirpa uma parte da célula embrionária do ouriço-do-mar,
esta célula regula o seu crescimento de tal maneira que, em última
instancia, dá lugar a um ouriço-do-mar ainda que mais pequeno no
tamanho. O que está aqui implicado é que a totalidade da forma está
em cada uma das partes da célula embrionária do ouriço-do-mar.
Paul Pietsch extirpou o cérebro de salamandras, picou-o como um
cozinheiro, baralhou todo este tecido e voltou a introduzi-lo no crânio
da salamandra, sem que a salamandra perdesse nenhum dos seus
comportamentos básicos. Isto implica que as localizações cerebrais
têm menos importância do que o tecido, como substrato de
interferências electromagnéticas, e estas últimas seriam as que, em
última instancia, teriam o registo holográfico da memória do animal.
A experiência de Paul Pietsch teve poucas repercussões na
Psicologia.
O Dr. David Bohm está a estudar, na Universidade de Londres, e a
formular matematicamente, o movimento que vai daqui até aqui, não

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como oposto e sim como complementar do movimento que existe
entre dois pontos.
Einstein considerava o movimento como dependente da velocidade
da luz e da posição do observador.
No entanto, estão a ser postas em dúvida as três premissas básicas
da ciência:
Primeiro, que não existe influência mútua entre os corpos do
universo que ocorra mais rapidamente que a velocidade da luz. O
teorema matemático de Bell parece ter destruído esta premissa em
1964.
Segundo, cremos que podemos tirar conclusões válidas,
denominadas "científicas", apenas porque fazemos observações
consistentes em experiências repetidas. Isto é simplesmente uma
premissa dogmática.
Terceiro, todas aquelas experiências estão baseadas na assunção
de que existe uma realidade separada do observador. É sobre estas
três premissas que se baseou toda a ciência como a conhecemos,
ainda que estas três premissas jamais tenham sido demonstradas.

O professor Bohm afirma que em cada ponto da matéria existe uma


ordem implicada da mesma, cuja característica fundamental é a
unidade. A ordem implicada é uma grande totalidade indivisa,
apenas inferível.
As suas leis poderiam ser incognoscíveis, mas existe um movimento
constante (que ele denomina Holokinese) entre as ordens explicada
e implicada da matéria.
A ordem explicada é o que conhecemos como campos e partículas
separados, o mundo das subtotalidades autónomas. Esta ordem tem
as suas leis próprias, cognoscíveis, estáveis e manifestas, isto é,
tangíveis, sólidas e manipuláveis, que emergem mas não dependem
da ordem implicada.
A compreensão do conceito de Holokinese em Física tem grande
relevância naquilo que é o acto da observação sem estabelecer
correspondências. Isto é, a Percepção Unitária harmónica.
Dedicámos um capítulo inteiro do nosso livro "El Nuevo Paradigma
en Psicología" para tentar explicar o conceito de Ordem Implicada da
matéria.
É a partir desse conceito que surge o conceito de Percepção
Unitária. Dizemos que apenas em Percepção Unitária (insistimos, um
movimento neurofisiológico diferente) será possível compreender

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profundamente o facto de que somos todos um.
Não existe nada na nossa educação que nos permita essa
transformação neurofisiológica que favorece a observação sem o
estabelecimento de correspondências. Esta observação sem o
estabelecimento de correspondências, sem comparação, sem
condenação, etc., é o que denominamos Percepção Unitária e é o
único que permite uma vivência independente da experiência.

INTERLOCUTOR: Se diz que não é possível sequer transmitir uma


vivência, que estamos em contacto apenas através do nosso
passado, em forma de símbolos e palavras, não vejo como podemos
"ser todos um".
Um conhecimento ou um comportamento que eu tenha não pode
difundir-se a outros seres humanos, quer eu goste quer não.

RFG: Em 1981 surgiu uma pergunta no Departamento de Bioquímica


da Universidade de Cambridge (Inglaterra) que já não nos permite ter
tanta certeza da opinião que acaba de dar.
É a percepção fragmentária a que favorece que nos vejamos (e
vivamos) separados como argentino e inglês, árabe e judeu,
americano e russo, católico e protestante, etc.
Essa percepção favorece os massacres mútuos que estão na moda
entre grupos opostos.
A pergunta de Cambridge é a seguinte: se um indivíduo aprende um
determinado comportamento, pode esse comportamento "difundir-se"
a outros membros da mesma espécie, devido ao único facto de que
um indivíduo já o tenha adquirido? A transmissão desse
comportamento não se faria por contacto temporo-espacial, mas sim
através dos campos morfogenéticos "situados" na ordem implicada
da matéria e da energia.
O conceito de Ressonância Mórfica é uma hipótese sobre as causas
da forma e do comportamento e do movimento dos seres vivos.
Todos os seres vivos estão classificados taxionomicamente pela sua
forma, e em última instancia atribui-se à molécula de ácido
desoxirribonucleico (ADN) a causa dessas formas adquiridas pelos
seres vivos. No entanto, nesta teoria afirma-se que o ácido
desoxirribonucleico facilitaria mais "a sintonia" da forma dos seres
vivos, do que estaria, em última instancia, naquilo que ele chama os
"campos morfogenéticos". Da mesma maneira que os transístores de
uma televisão não contêm as imagens nem as produzem, o ácido

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desoxirribonucleico não contém em si a forma dos seres vivos.
Como dissemos quando mencionamos o professor Driesch, se se
cortar o embrião de um ouriço-do-mar ao meio, o resultado será um
ouriço-do-mar com metade do tamanho. Isto é, existiria um Campo
Morfogenético que governaria a estrutura final e total dos seres vivos
(assim como também das moléculas químicas).
Isto não é uma forma pseudo-científica de traduzir o conceito
filosófico da Entelequia. Entelequia significa "o objectivo final contido
nos seres vivos". Na realidade os Campos Morfogenéticos não
estariam contidos nos seres vivos.
Mas, de onde surge sequer esta hipótese e essa pergunta que
acabamos de enunciar?
A explicação da Ressonância Mórfica seria uma interessante forma
de compreender os resultados das experiências do professor
McDougall, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
São relativamente poucas, as investigações experimentais sobre a
herança do comportamento, sobretudo pelas dificuldades de
quantificação. Além disso, os resultados são difíceis de interpretar, já
que se trata de analisar a inter-relação de inumeráveis factores. Por
exemplo, uma redução na frequência do acto sexual poderia dever-
se a uma redução de vigor físico, consequência duma deficiência
metabólica hereditária.
O facto de que o comportamento inato seja afectado por alterações
geneticamente determinadas na estrutura e função dos órgãos dos
sentidos, do sistema nervoso, etc., não prova de maneira nenhuma
que a herança do comportamento se explique apenas por factores
genéticos. Isto só mostra que se necessita de um corpo normal para
um comportamento normal.
Aqui cabe a analogia da rádio: mudanças no aparelho de rádio
afectarão o seu funcionamento, mas isto não prova que a música
(agora distorcida) que sai dos altifalantes se origine no próprio
aparelho.
Do ponto de vista biológico mecanicista, a tentativa de estudar o
comportamento começou com uma fragmentação do comportamento
em "inato e "aprendido".
O comportamento "inato" estaria "programado geneticamente" ou
"codificado" no ácido desoxirribonucleico. O comportamento
"aprendido" resultaria de alterações físico-químicas no sistema
nervoso central.
A Teoria Damarck (herança dos caracteres adquiridos) necessita

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ainda de demonstrar a maneira como essas alterações físico-
químicas poderiam (se pudessem) modificar a estrutura do ácido
desoxirribonucleico.
Em 1920 o Professor McDougall começou na Universidade de
Harvard (Estados Unidos) umas experiências orientadas à
clarificação deste problema da transmissão de caracteres adquiridos.
Ele não suspeitava então qual seria o resultado final das suas
experiências e que, mais do que clarificar o que se propunham,
fariam necessária uma totalmente nova teoria para explicá-los: a
teoria da Ressonância Mórfica.
Alguns factos dispersos não permitiam o êxito total da teoria genética
da herança.

Vejamos a), b) e c):


a) Havia botânicos que afirmavam que os factores hereditários não
estavam situados apenas nos cromossomas mas sim distribuídos ao
longo de todo o organismo. Estes senhores chamaram a atenção dos
planificadores da agricultura russa, depois da Revolução de 1917,
que procuravam melhores colheitas e ainda novos tipos de cereais
mais resistentes às adversidades climáticas.
Eles pretendiam que ao separar-se um fragmento duma planta e
enxertando-o noutra, a seiva que circula do enxerto para o porta-
enxerto, e inversamente, permitiria à seiva do primeiro repercutir nas
células germinais do segundo e vice-versa. Deste modo, passariam
hereditariamente caracteres adquiridos na operação de enxerto,
como por exemplo, a cor da fruta e a forma das folhas do enxerto
aos descendentes do porta-enxerto. Ditos caracteres repetir-se-iam
indefinidamente por toda a linhagem da progénie.

b) Existe um javali (Facochoerus Africanus) que ao desenterrar as


raízes das plantas que come, parece ajoelhar-se, colocando o carpo
das suas patas dianteiras em contacto com o chão. Precisamente
nessa área existe uma calosidade inata. O que é mais interessante é
que o espessamento da epiderme no metacarpo já aparece
claramente no feto.

c) Existem raros casos de herança extra-cromossómica manifestada


em elementos auto-reprodutores e transmissores situados no
citoplasma das células (não no núcleo celular como os
cromossomas), que seriam semelhantes aos genes cromossómicos.

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Sonneborn, em 1949, denominou "Plasmagenes" a estes elementos
citoplasmáticos que ele encontrou no infusório paramécio. Rizet
encontrou-os em fungos inferiores, em 1952, e L'Herretie, em 1957,
na mosca Drosófila. Vernon e Loeb já tinham descrito fenómenos
semelhantes no ouriço-do-mar.

McDougall pensou que se pegasse num grupo de ratos brancos do


tipo Wistar e o colocasse sob condições em que pudessem aprender
a responder a um determinado estímulo duma maneira
característica, depois de várias gerações (cerca de 30) os ratos
descendentes deste grupo "treinado":
1) deveriam aprender a responder aos estímulos mais rapidamente
que ratos provenientes de um grupo "não treinado", se a teoria
Damarck era correcta, ou então,
2) não haveria melhoria da aprendizagem em nenhum dos dois
grupos, se a teoria de Darwin (ortodoxa) era correcta.

Que fez McDougall?


Utilizou um grupo de ratos brancos tipo Wistar que não se tinham
cruzado em muitas gerações. A tarefa destes ratos era aprender a
fugir de um tanque de água especialmente construído, nadando em
direcção a uma de duas saídas possíveis.
A saída "errada" estava bem iluminada, a saída "correcta" não o
estava. Se o rato utilizava a saída iluminada recebia um choque
eléctrico.
Ambas as saídas iam sendo iluminadas alternativamente.
O número de erros que um rato cometia antes de aprender a
abandonar o tanque de água pela saída não iluminada dava uma
medida do índice da sua aprendizagem.
Escreveu McDougall em 1938 no British Journal of Psychology,
número 28 no seu artigo "Cuarto Informe sobre un experimento para
probar la hipótesis damarck":
"Alguns ratos requeriam cerca de 330 imersões e cerca de 160
choques eléctricos antes de aprender a evitar a saída iluminada.
Depois de alcançar um ponto crítico nesta aprendizagem, nenhum
rato voltava a usar a saída iluminada, ou fazia-o muito raramente".

Em cada geração, os ratos que dariam lugar à próxima geração eram


seleccionados ao acaso, antes de se medir o índice da sua
aprendizagem, apesar de que o acto sexual ocorresse apenas

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depois desta medição. Desta maneira, era evitada a selecção
consciente ou inconsciente por parte dos experimentadores em favor
dos ratos que aprendiam mais rapidamente.
A experiência iniciada por McDougall em 1920 prolongou-se durante
15 anos até 1935. Foram estudadas 32 gerações de ratos.
De acordo com a teoria damarck, houve uma marcada tendência nos
ratos a aprender cada vez mais rapidamente em sucessivas
gerações.

A média de erros foi:


Na primeira geração: 330 erros.
Na oitava geração: 56 erros.
Na 32ª geração: 20 erros.

Isto, do ponto de vista meramente quantitativo, já que


qualitativamente os ratos se tornavam mais cautelosos na sua
exploração nas gerações mais tardias.
McDougall antecipou as críticas que lhe iriam fazer sobre a selecção
em favor de ratos que aprendiam mais rapidamente.
Por isso, começou outra experiência em que os ratos eram
seleccionados de acordo com o índice de aprendizagem.
A progénie dos ratos que aprendiam rápido, aprendia (como se
esperava) mais rápido que a progénie dos ratos que aprendiam
lentamente. No entanto, as gerações tardias da progénie de ratos
que aprendiam lentamente, melhoravam a sua actuação apesar da
repetida selecção a favor de ratos de aprendizagem lenta.
O grande erro que os críticos de McDougall encontraram foi que este
não tivesse medido o índice de aprendizagem de ratos cujos
progenitores não tivessem sido treinados.
Um destes críticos F. Crew, publicou em 1936, no número 33 do
"Journal of Genetics", de Edimburgo, Escócia, o artigo "Una
repetición del experimento lamarckeano de McDougall". O Professor
Crew incluiu um grupo paralelo de ratos não treinados, enquanto o
resto do desenho experimental continuava igual. Em 18 gerações,
Crew não encontrou alteração no índice de aprendizagem de ambos
os grupos de ratos (treinados ou não).
No entanto, encontraram-se diferenças fundamentais entre ambas as
experiências, a de Crew e a de McDougall:

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1) As primeiras gerações dos ratos de Crew aprendiam já muito mais
rapidamente que as primeiras gerações dos ratos de McDougall.
Muitos ratos de Crew (treinados ou não) aprendiam a sair do tanque
de água sem receber sequer um choque eléctrico. As médias de
Crew nas primeiras gerações de ratos eram similares às obtidas por
McDougall depois de 30 gerações de aprendizagem. Recordemos
também que Crew estava na Escócia e McDougall nos Estados
Unidos.
Nem Crew nem McDougall conseguiram explicar satisfatoriamente
este fenómeno.

2) Crew declarou a sua experiência como "não concludente",


sobretudo devido ao facto de muitos dos ratos que usou terem
nascido com anormalidades que poderiam, por si mesmas, explicar a
ausência de melhoria na aprendizagem.
Felizmente, a experiência foi repetida por W. Agar, em Melbourne,
Austrália, que estudou 50 gerações de dois grupos de ratos
(treinados e não treinados) num período de 20 anos.
Inesperadamente, Agar encontrou uma possibilidade não imaginada
por McDougall, que em ambos os grupos fazia melhorar o índice de
aprendizagem em sucessivas gerações.
Isto deitou por terra uma interpretação lamarckeana.

No entanto, estas conclusões também não sustentavam a


interpretação ortodoxa da herança.
A teoria da Ressonância Mórfica podia explicar estes factos, se é
que os ratos não se tornavam cada vez mais inteligentes por razões
não relacionadas com o seu treino.
Se a Ressonância Mórfica fosse a razão da melhoria da
aprendizagem, esta influiria nos ratos de ulteriores experiências.
Para demonstrar este efeito seria necessário modificar as tarefas ou
as espécies de ratos usados em cada experiência em diferentes
pontos do planeta.
O estudo do comportamento humano pode ser reduzido a mero
movimento que se canaliza de maneira cada vez mais complexa
para objectivos biológicos (alimentação, eliminação, reprodução) e
também para objectivos sociais.
Desse ponto de vista, e de que esses "movimentos" dependem duma
determinada "forma" do ser humano, a teoria da Ressonância
Mórfica poderia explicar, ainda que em parte, o comportamento e a

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aprendizagem.
Os objectivos transcendentais do comportamento (como o significado
da vida dos santos, a criatividade, etc.) não poderiam ser estudados
por esta teoria, já que estariam fora do domínio das "Ciências
Naturais" e mais dentro do campo da metafísica.
Os esquemas ou padrões de movimento que se repetem para dar
lugar a comportamentos, podem ser estudados pela teoria da
Ressonância Mórfica, ainda que a origem última desses esquemas
ou padrões não possa ser explicada por ela; é possível estudar (com
a teoria da Ressonância Mórfica) como a forma do primeiro gato
influi na forma e no comportamento de ulteriores gatos, mas não é
possível explicar a aparição do primeiro gato.
A facilidade progressiva de aprendizagem por ressonância mórfica
acumulativa deveria ser mais facilmente detectável no que diz
respeito a esquemas ou padrões motores de origem recente. Por
exemplo: andar de bicicleta, conduzir um automóvel, tocar piano ou
escrever à máquina. Por outro lado, caminhar ou correr por exemplo,
seriam comportamentos tão velhos, que a sua aprendizagem estaria
já enormemente facilitada na espécie humana e seria impossível
estudar a melhoria progressiva desses comportamentos.
No entanto, a ressonância mórfica deveria ser discriminada de outros
possíveis factores, como a imitação, melhor desenho de
maquinarias, melhores métodos de aprendizagem, motivação para
aprender, etc.
As acções controladas pela consciência, dependeriam de três tipos
de causas: 1) consciente 2) forma activa (morfogenética) e 3)
energética.
O materialismo convencional admite apenas a possibilidade de
causas energéticas. O novo materialismo propõe a participação de
dois tipos de causas para o comportamento: formativa e energética.
A causalidade formativa não suspende nem contradiz a causalidade
energética. Sobre este tema o Dr. Rupert Sheldrake aprofunda no
seu livro "Una Nueva Ciencia de la Vida" (a hipótese da causalidade
formativa), Editorial Tarcher, Los Angeles, 1981, 229 páginas.
A teoria da Ressonância Mórfica afirma que sobre a acção da
energia e dos campos físicos, existem campos morfogenéticos que,
como o seu nome indica, influem na forma interna e externa dos
diversos sistemas da matéria, impondo uma ordem espacial nas
alterações que a energia produz nas moléculas dos diversos
elementos da matéria.

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Sheldrake sugere também que a forma dos cristais seria cada vez
mais fácil de alcançar em laboratório, mesmo que em diferentes
locais do mundo, uma vez que um determinado cristal tenha sido
obtido.
O ordenamento material de cada "unidade mórfica" (ou unidade de
forma) nos elementos de Mendelejeff é acompanhado de libertação
de energia, por exemplo calórica. Desde esse ponto de vista, as
unidades mórficas são "depósitos" de energia potencial.
A morfogénese (criação de forma) a nível inorgânico, produz-se
rapidamente, como por exemplo, no caso dos cristais, mas a
morfogénese biológica é relativamente lenta e passa por uma
sucessão de estados intermediários. Estes estados intermediários
podem determinar "Creodos Epigenéticos" (ou caminhos necessários
no desenvolvimento da forma). A regulação de Driesch e a
regeneração tissular orgânica são formas de chegar a uma forma
final a partir de diversos "creodos epigenéticos".
Uma série de campos morfogenéticos sucessivos determinam
processos morfogenéticos nos ciclos de desenvolvimento celular, na
divisão celular e no desenvolvimento de estruturas multicelulares nos
organismos vivos.
A Ressonância Mórfica é um processo pelo qual a forma
característica duma unidade mórfica é resultado de unidades
similares de forma ocorridas previamente e que actuam sobre ela
através do tempo e do espaço.
Esta influência ocorre através dos Campos Morfogenéticos e
depende das estruturas tridimensionais do sistema e das formas de
vibração.
A Ressonância Mórfica é específica, como o é a ressonância
energética, mas não se pode explicar de nenhuma forma conhecida
de ressonância e também não implica uma transmissão de energia.
Todos os sistemas similares do passado actuam sobre um sistema
posterior que se lhes parece através da Ressonância Mórfica.
Nesta acção não intervêm de maneira aparente as variáveis do
espaço e do tempo, ainda que esta acção continue indefinidamente.
No entanto, o efeito relativo de um determinado sistema em sistemas
similares posteriores, diminui à medida que aumenta o número de
sistemas que contribuem para a Ressonância Mórfica.

INTERLOCUTOR: O que está a dizer parece-me um pouco difícil de


entender e devo confessar que por vezes perdia o fio àquilo que

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tentava explicar-me.
Segundo tudo o que disse, poderíamos dizer então que quando um
só dos homens tem uma vivência extraordinária estaria a abrir a
porta a outros para que também a tenham?

RFG: Eu interpreto tudo o que se disse como uma séria sugestão em


tal sentido. Já ouvimos que Jesus nos salvou a todos com a sua
própria transformação. O que acabamos de partilhar mostra-nos
experimentalmente no microcosmos dos ratos (que é mais acessível
ao laboratório que o microcosmos humano) como a história de Cristo
poderia ser algo mais do que uma lenda.

É possível que um homem que vivencie a Percepção Unitária


esteja a abrir a porta da Percepção Unitária para todos os outros
seres humanos em todo o planeta.

www.percepcionUnitária.org

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