A liturgia de hoje nos convida a contemplar o amor de Deus,
manifestado na encarnação de Jesus… Ele é a "PALAVRA" que se fez pessoa e veio habitar no meio de nós, a fim de nos oferecer a vida em plenitude e nos elevar à dignidade de "filhos de Deus". A Liturgia da noite realça a condição humilde do menino de Belém ("quenose"). A Missa do dia proclama sua eterna grandeza, a sua GLÓRIA "sem véu". A 1ª Leitura anuncia a chegada do Deus libertador. (Is 52,7-10) Ao Povo desolado e abandonado no exílio, o Profeta procura fortalecer a esperança, apresentando um quadro fictício, mas muito sugestivo: À Jerusalém desolada e em ruínas, chega com uma "boa notícia" um mensageiro que anuncia "a paz" (shallon), proclama a "salvação" e promete o "reinado de Deus". O profeta garante que Deus vai voltar à sua cidade em ruínas e fazer dela uma cidade bela e cheia de vida, como uma noiva em dia de casamento. Uma alegria contagiante toma conta de todos. - A alegria contagiante das sentinelas e das próprias pedras da cidade é o anúncio de outra libertação, plena e total, que Deus vai oferecer ao seu Povo através de Jesus e a imagem da alegria de todos os homens, que hoje celebram o começo de um mundo novo e contemplam os sinais do seu crescimento progressivo. No entanto, para que essa "boa notícia" se cumpra, é preciso acolher Jesus e aderir ao "Reino" que Ele veio propor. A 2ª Leitura apresenta uma breve História da Salvação. O Plano salvador de Deus se manifesta inicialmente pelos Profetas e "nestes dias" pelo próprio "Filho", Jesus Cristo. (Hb 1,1-6) Celebrar o nascimento de Jesus é contemplar o amor de um Deus que encontrou muitas maneiras de se revelar... Falou através da Criação, através dos Profetas. Mas na plenitude dos tempos enviou o próprio Filho... Jesus Cristo é a Palavra viva e definitiva de Deus, que revela aos homens o verdadeiro caminho para chegar à salvação. * Celebrar o seu nascimento é acolher essa Palavra viva de Deus… É acolher o projeto que Jesus veio apresentar e fazer dele o critério fundamental de nossa vida. O Evangelho é um Hino Cristológico, que expressa a fé em Cristo, enquanto PALAVRA viva de Deus, tornada pessoa em Jesus Cristo. (Jo 1,1-18) O texto é um Hino, que expressa a fé da comunidade de João em Cristo, a sua origem eterna, a sua procedência divina, a sua influência no mundo e na história, possibilitando aos homens que O acolhem e escutam tornarem-se "filhos de Deus". - É o Prólogo ao Evangelho, segundo João. - A expressão "no princípio" relaciona com a narrativa da Criação. Sugere que a missão da "Palavra" é completar a primeira criação, eliminando tudo aquilo que se opõe à vida e criando condições para que nasça o Homem Novo, o homem da vida em plenitude, o homem que vive uma relação filial com Deus. - A "Palavra" (Lógos) é uma realidade anterior ao céu e à terra. - Essa "Palavra" estava em Deus e "era Deus". É Deus que se comunica como "Palavra". Essa "Palavra" é geradora de vida para o homem e para o mundo. - Ela se fez "carne" em Jesus e "montou a sua tenda no meio de nós". Agora, Jesus é a "tenda" onde Deus habita. - A função da "Palavra" é comunicar aos homens a vida em plenitude, a "Luz" que ilumina o caminho para a verdadeira Vida. - Muitos recusam essa "Luz", preferem caminhar nas trevas... - Quem acolhe a "Palavra" participa da Vida de Deus, torna-se "filho de Deus". - Neste dia, somos convidados a contemplar, numa atitude de serena adoração, esse amor sem limites, que aceitou revestir-se de nossa fragilidade, a fim de nos dar vida em plenitude... * Acolher a "Palavra" é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena, a fim de nos tornarmos, verdadeiramente, "filhos de Deus". - O presépio que hoje contemplamos não deve ser apenas um quadro bonito e terno, mas uma interpelação para acolher a "Palavra" e crescer como homem novo.
Hoje, como ontem, a "Palavra" continua a nos confrontar:
Muitos ainda recusam a "Luz" e preferem andar nas "trevas"... - Qual é a nossa escolha? - Feliz Natal!... Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 25.12.2020