Guia de Estudo

UMA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS

PERÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
-ABNT NBR 13.752-
ENG.
GIOVANNI CREMONEZI
Giovanni Cremonezi sem dúvida
tem a engenharia correndo por
Experiência e suas veias. Sua dedicação a essa
resultados com importante área profissional vai
projetos de além de simplesmente elaborar e
estruturas em concluir projetos. É um verdadeiro
difusor das técnicas e habilidades
concreto: Giovanni
requeridas no segmento,
Cremonezi. especialmente as de sua
especialização: projetos de
estruturas em concreto.
Além de ser um empreendedor
nato na construção civil, é sócio
proprietário da Cremonezi
Projetos e Consultoria LTDA,
consultor da Rede Record Minas
Gerais e administrador do Blog
Engenharia Civil. No blog,
Cremonezi se dirige especialmente
para estudantes e engenheiros
interessados na especialização em
estruturas de concreto armado.
PRIMEIRO

INTRODUÇÃO ÀS
ATIVIDADES PERICIAIS
Neste texto, vamos abordar a norma ABNT NBR 13.752. Esta norma está no kit de estudo
que você recebeu.

A primeira coisa que você deve entender ao entrar no ramo das perícias é que existem
várias atividades periciais.

Retirado da norma:

“4.1.6 Espécies de perícias

Podem ser:

A. arbitramentos;
B. avaliações;
C. exames;
D. vistorias;
E. outras.”

Como você pode observar, a norma entende que existem inúmeros tipos de perícias. E
justamente por isso o item E foi criado. Para absorver atividades que não se classifiquem
nos itens acima.

Agora, vou abordar um conflito que ocorre dentro da ABNT NBR 13752. Observem estes
dois termos (TRECHOS) retirados na norma:

“3.61 Perícia
Atividade que envolve apuração das causas que motivaram determinado evento ou da
asserção de direitos”

“3.77 Vistoria
Constatação de um fato, mediante exame circunstanciado e descrição
minuciosa dos elementos que o constituem.”
PRIMEIRO

Ao ler cuidadosamente os dois termos (TRECHOS), você vai perceber que a vistoria não é
uma perícia. Porque a vistoria não entra no mérito da apuração das causas, apenas na
descrição circunstanciada e minuciosa do fato.

Porém, no item 4.1.6 citado acima, as vistorias são classificadas como um tipo de perícia.

Então o que está acontecendo? Vistoria é ou não é uma perícia?

A melhor interpretação é que tanto a perícia quanto a vistoria são atividades periciais.
Assim como as demais atividades periciais descritas no item 4.1.6.

Assim, a vistoria pode ser considerada diferente da perícia. Porque realmente é! E mesmo
assim ainda pode ser considerada como atividade pericial.
SEGUNDO

TIPOS ATIVIDADES PERICIAIS

Agora, vamos estudar os diferentes tipos de atividades periciais que foram Apresentadas
acima.

2.1 - ARBITRAGEM.

O serviço de arbitragem é o que tem maior potencial de dificuldade técnica. Pois você
deverá resolver conflitos que podem ser muito desafiadores tecnicamente.

Porém, existem alguns casos onde a arbitragem é simples. Por exemplo, quando um vizinho
solicita indenização por danos causados durante a execução da fundação de uma obra e,
previamente, já havia sido realizada a vistoria cautelar dos imóveis circunvizinhos à obra.
Neste tipo de circunstância, basta verificar na documentação se a patologia já estava
presente ou não antes da execução das fundações. Se ela estava presente, você vai dar
razão à construtora. Caso a patologia não esteja registrada no laudo de vistoria cautelar,
você dará a razão para o morador.

Segue abaixo a definição da norma:

“3.6 Arbitramento
Atividade que envolve a tomada de decisão ou posição entre as alternativas
tecnicamente controversas ou que decorrem de aspectos subjetivos.”

2.2 - AVALIAÇÃO.
As avaliações de engenharia em sua maioria são realizadas para avaliar o valor das coisas.
Valor que um imóvel, obra, lote, galpão etc.

A norma da ABNT que serve como referência para essa atividade pericial é a NBR 14653.
Esta norma é dividida em 7 partes:

NBR 14653 – Avaliação de bens – Parte 1: Procedimentos gerais;

NBR 14653 – Avaliação de bens – Parte 2: Imóveis urbanos;
NBR 14653 – Avaliação de bens – Parte 3: Imóveis rurais;
NBR 14653 – Avaliação de bens – Parte 4: Empreendimentos;
NBR 14653 – Avaliação de bens – Parte 5: Máquinas, equipamentos, instalações e bens
industriais em geral;
NBR 14653 – Avaliação de bens – Parte 6: Recursos naturais e ambientais;
NBR 14653 – Avaliação de bens - Parte 7: Patrimônios históricos..
SEGUNDO

Segue abaixo a definição da norma sobre avaliações:

“3.10 Avaliação
Atividade que envolve a determinação técnica do valor qualitativo ou monetário de
um bem, de um direito ou de um empreendimento.”

2.3 - EXAME.
Um tipo muito comum de perícia caracterizada como exame são os ensaios. Existem
vários tipos de ensaios, um dos mais comuns é o ensaio utilizado para testar os Sistemas
de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA).

A norma que regulamenta esse tipo de ensaio é a ABNT NBR 5419:2015 - Proteção de
Estruturas Contra Descargas Atmosféricas. Segue abaixo a definição da norma:

“3.44 Exame
Inspeção, por meio de perito, sobre pessoa, coisas, móveis e semoventes, para
verificação de fatos ou circunstâncias que interessem à causa.”

2.4 - VISTORIA.

A vistoria é a atividade pericial que requer a menor quantidade de conhecimento técnico

prévio. É ideal para quem está começando e deseja ingressar no mundo das perícias!

Isso porque a vistoria não entra no mérito das causas, tratamento e responsabilidades
sobre o fato vistoriado. Segue abaixo a definição da norma:

“3.77 Vistoria
Constatação de um fato, mediante exame circunstanciado e descrição minuciosa dos
elementos que o constituem.”

2.5 - PERÍCIA.

Esta atividade pericial demanda maior conhecimento técnico, pois entra no mérito das
causas do fato avaliado.

Esse tipo de serviço pericial é frequentemente solicitado para se iniciar processos

judiciais. Segue abaixo a definição da norma:
SEGUNDO

“3.61 Perícia
Atividade que envolve apuração das causas que motivaram determinado evento ou
da asserção de direitos”

Frequentemente a perícia é solicitada quando é necessário que o profissional, engenheiro

ou arquiteto, dê seu parecer técnico sobre algum assunto ou fato.

“3.59 Parecer técnico

Opinião, conselho ou esclarecimento técnico emitido por um profissional legalmente
habilitado sobre assunto de sua especialidade.”
TERCEIRO

O QUE É NECESSÁRIO PARA

ATUAR COMO PERITO NA
CONSTRUÇÃO CIVIL?
De acordo com a resolução 345 do CONFEA o diplomado em engenharia ou arquitetura já
está apto a exercer qualquer atividade pericial. Segue abaixo o trecho da resolução:

“RESOLUÇÃO No 345, DE 27 DE JULHO DE 1990.

Dispõe quanto ao exercício por profissional de Nível Superior das atividades de

Engenharia de Avaliações e Perícias de Engenharia.

CONSIDERANDO que as perícias e avaliações desses bens é função do diplomado em

Engenharia, Arquitetura, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia, dentro das
respectivas atribuições fixadas no Art. 7o, alínea "c", da Lei no 5.194, de 24 DEZ 1966, e
discriminadas pela Resolução no 218, de 29 JUN 1973;“

Essa decisão se baseia no que é disposto pela lei federal n° 5.194/66, que também está
disponível para leitura neste kit de estudos até o artigo 7.

Porém, lembre-se de que habilitado é diferente de preparado. O profissional da engenharia

ou arquitetura ainda tem que se preparar para conseguir atuar com responsabilidade e
técnica adequada neste mercado.

A área não é difícil, mas recomendo estudo e aprimoramento constante e gradual. Para que
você atue com a segurança, responsabilidade e profissionalismo que seus clientes
merecem!
QUARTO

COMO APRESENTAR
UM LAUDO
Primeiro, vamos começar com a definição de laudo segundo a norma:

“3.50 Laudo
Peça na qual o perito, profissional habilitado, relata o que observou e dá as suas
conclusões ou avalia, fundamentadamente, o valor de coisas ou direitos.”

Como você pode observar, o corpo fundamental do laudo está em relatar o observado e dar
suas conclusões. Sendo que suas conclusões podem ser exigências, recomendações,
observações, avaliações ou de qualquer outra natureza.

Além disso, o laudo deve atender uma série de requisitos quanto ao seu conteúdo.
Principalmente, sobre o que é disposto pelo item 6 da norma de perícias:

“6 Apresentação de laudos

6.1 A apresentação de laudos deve obedecer às prescrições desta Norma.

6.2 Na apresentação de laudos deve constar, obrigatoriamente, o seguinte:

A. indicação da pessoa física ou jurídica que tenha contratado o trabalho e do
proprietário do bem objeto da perícia;
B. requisitos atendidos na perícia conforme 4.3;
C. relato e data da vistoria, com as informações relacionadas em 5.2;
D. diagnóstico da situação encontrada;
E. no caso de perícias de cunho avaliatório, pesquisa de valores, definição da
metodologia, cálculos e determinação do valor final;
F. memórias de cálculo, resultados de ensaios e outras informações relativas à
seqüência utilizada no trabalho pericial;
G. nome, assinatura, número de registro no CREA e credenciais do perito de
engenharia.

6.3 As perícias de engenharia na construção civil devem ser acompanhadas da ART

(Anotação de Responsabilidade Técnica), conforme estabelece a Lei no 6496/77
QUARTO

Embora o item 6.3 da norma cite somente o registro de ART, também é necessário
registrar RRT no caso em que o profissional é graduado em arquitetura.

Além de atender ao item 6, o laudo também deve atender os outros itens da norma. Em
especial item 4.3.2 que trata dos requisitos essenciais de uma perícia.
QUINTO

COMO APRESENTAR
REQUISITOS ESSENCIAIS DE
UMA PERÍCIA
Neste item, a norma apresenta alguns requisitos genéricos que são essenciais para a
prestação de qualquer tipo de serviço de perícia.

“4.3.2 Requisitos essenciais

Um trabalho pericial, cujo desenvolvimento se faz através de metodologia adequada,
deve atender a todos os requisitos essenciais de 4.3.2.1 a 4.3.2.3.

4.3.2.1 O levantamento de dados deve trazer todas as informações disponíveis que

permitam ao perito elaborar seu parecer técnico.

4.3.2.2 A qualidade do trabalho pericial deve estar assegurada quanto à:

A. inclusão de um número adequado de fotografias por cada bem periciado, com exceção
dos casos onde ocorrer impossibilidade técnica;
B. execução de um croqui de situação;
C. descrição sumária dos bens nos seus aspectos físicos, dimensões, áreas, utilidades,
materiais construtivos, etc.;
D. indicação e perfeita caracterização de eventuais danos e/ou eventos encontrados.

4.3.2.3 Nas perícias judiciais torna-se obrigatória a obediência aos requisitos essenciais,
sendo que, no caso de avaliações, devem ser obedecidos ainda os critérios das normas
aplicadas à espécie, salvo no caso de trabalhos de cunho provisório ou quando a situação
assim o obrigar, desde que perfeitamente fundamentado.”

Ainda assim, a conduta do profissional se sobrepõe à norma. Pois existem, por exemplo,
algumas situações onde a execução de um croqui de situação não se faz necessária.
Também podem ser realizados serviços periciais onde nenhum dano ou eventualidade é
encontrado ou se quer seja assunto do trabalho.
SEXTO

COMO É O MERCADO
DAS PERÍCIAS?
6.1 Existe uma grande demanda por serviços periciais.

O mercado está repleto de pessoas precisando de laudos!

Laudo de Vistoria Cautelar.
Laudos de Reforma - (Plano de Reforma).
Laudos de Entrega de Imóvel.
Laudos de Estabilidade.
Laudos para atender a prefeitura. (São muito comuns!)
Laudos Técnicos para processar o vizinho.
Laudos Técnicos para processar a construtora.
Laudos de todos os tipos e variedades!

Muitos recém formados que decidem partir para a área de projetos são bombardeados com
solicitações de clientes que precisam de laudos.

Porém, acabam perdendo uma boa oportunidade de ganhar dinheiro porque não sabem
como fazer o serviço.

Essa história se repete constantemente! E se ainda não aconteceu com você,

provavelmente já aconteceu com um colega de faculdade.

6.2 O mercado das perícias é um dos menos concorridos da construção civil.

Olha à sua volta, seus colegas de faculdade foram para a área de projetos, obras, reformas,
orçamentos, planejamento, etc. Mas quantos foram para a área das perícias?

Ninguém ou quase ninguém, acertei? Por que tão poucos?

A explicação é simples, a área de perícias parece obscura, complexa, difícil de se ingressar.

Porém, isso está longe de ser verdade!

Mesmo assim, essa impressão reduz bastante a quantidade de profissionais que decidem
ingressar no ramo das atividades periciais.
SEXTO

6.3 O as atividades periciais são muito bem remuneradas.

Basta aplicar a lei da oferta e demanda para entender por que as perícias são bem
remuneradas.

Grande Demanda + Baixa Concorrência = Boas Remunerações.

Além disso, os profissionais que atuam com perícias são mais qualificados e não costumam
jogar o preço dos serviços no chão.

Outro grande motivo das atividades periciais serem bem remuneradas é que o perito tem
a opção de atuar no setor jurídico, auxiliando juízes a tomarem decisões que envolvam
conhecimentos de construção civil, arquitetura e engenharia.

Este profissional é chamado de perito judicial. O perito judicial pode atuar como titular ou
assistente técnico, o que amplia ainda mais as possibilidades do profissional.

6.4 Os clientes são mais fáceis de se conseguir.

6.4.1 - O projeto é apenas uma etapa para alcançar aquilo que seu cliente realmente quer,
uma construção, uma reforma, etc.

Por tanto, esses clientes têm tempo, querem escolher o projetista, querem pegar
orçamentos, querem contemplar várias opções, conversar, sonhar, etc...

Outros simplesmente enxergam o projeto como um problema a ser resolvido pelo menor
preço. Convenhamos que esse tipo de cliente não é o mais esperto do mundo. Mas eles
estão por aí!

6.4.2 - Quanto um cliente precisa executar a obra ou reforma, vão fazer um procedimento
bem similar. Chorar muito o preço!

Porém, para execução o QI importa muito. Referências nesse ramo são tudo!

6.4.3 - Agora, quando um cliente quer de um laudo, ele PRECISA DE UM LAUDO!

Este tipo de cliente quer resolver um problema! E normalmente o problema é uma

urgência!
SEXTO

Na devida proporção, quem contrata laudos chora menos, solicita menos orçamentos,
tem maior urgência e está mais aberto a contratar profissionais sem referências.

Por isso, esta área de atuação é fácil de se ingressar em relação às outras.

SÉTIMO

O QUE FAZER PARA

INGRESSAR NO MERCADO
DAS PERÍCIAS?
7.1 Continue estudando e invista em conhecimento.

Não tem como contornar a falta de conhecimento.

O estudo é necessário para você exercer qualquer atividade com profissionalismo!

A área de perícias não é uma exceção.

7.2 Foque nos serviços periciais mais simples.

No início é importante que você coloque seus esforços em aprender a atividade de

conquistar uma boa cartela de clientes.

A melhor estratégia para fazer isso é começar pelos serviços menos técnicos e mais fáceis
de se fazer.

Seguem as três atividades periciais mais simples para se iniciar nesta área:

1. Vistoria Cautelar de Vizinhança.

2. Laudo de Reforma (plano de reforma).
3. Laudo de Entrega de Imóvel.

Aprendendo essas três atividades periciais você vai ter firmado um sólido começo para sua
carreira no mundo das perícias.

7.3 Continue ampliando seu leque de atividades.

Conforme você for anunciando seus serviços e conseguindo referências, você vai notar que
vão surgir diferentes demandas periciais.

Para atender essas demandas, você deverá se preparar.

Por tanto, continue ampliando seu leque de serviços prestados dentro da área de perícias.
Esta é a melhor forma de conquistar uma carreira de sucesso!
OITAVO

CONCLUSÃO
Parabéns por ter finalizado sua leitura!

Espero que o texto tenha despertado o seu interesse por esta ótima área de atuação.

Ao final da leitura deste guia de estudos você deverá ter adquirido os seguintes
conhecimentos:

1. O que são perícias.

2. Quais são os principais tipos de perícias.
3. Quem pode realizar as perícias.
4. Como é o mercado para perícias.
5. O que fazer para ingressar neste mercado.

Caso você ainda tenha dúvidas em relação a qualquer um desses tópicos, envie
uma mensagem para giovanni@cremonezi.com.

Ficarei feliz em ajudar!

Um abraço!

Eng. Giovanni Cremonezi

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