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Coordenação da série
André Severo e Maria Helena Bernardes
Produção
NAU produtora
Projeto gráfico/editoração
André Severo
Fotografias
André Severo, Eduardo Saorin, João Batista Cardozo e Paula Krause
Patrocínio
Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul
ARTISTAS EM DISPONIBILIDADE
Programa de Residências do Projeto Pedagógico
da 7ª Bienal do Mercosul Grito e Escuta
ISBN 978-85-99501-17-7
CDU 73
CDD 709
Impresso no Brasil
Printed in Brasil
Documento A R E A L 7
historias de peninsula
l
l
e praia grande
Maria Helena Bernardes
ARRANCO
André Severo
sumário
Atentos escuchan:
“¿Si el viento protege al faro, no hace falta que nadie más lo
cuide?”
O Areal
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Histórias de península e praia grande
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Maria Helena Bernardes
(Julho, 2009)
Tavares
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Histórias de península e praia grande
(Carnaval, 1995)
Ao Bojuru
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Maria Helena Bernardes
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Histórias de península e praia grande
(Julho, 2009)
Ao Farol
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Maria Helena Bernardes
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Histórias de península e praia grande
(Carnaval, 1995)
O Norte
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Maria Helena Bernardes
(Julho, 2009)
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Maria Helena Bernardes
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Histórias de península e praia grande
(Junho, 2000)
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Maria Helena Bernardes
(Carnaval, 1995)
Farol Caído
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Histórias de península e praia grande
“BOJURU – 10 km”
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Maria Helena Bernardes
(Agosto, 2000)
Anglo
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Maria Helena Bernardes
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Histórias de península e praia grande
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Maria Helena Bernardes
(Carnaval, 1995)
Homem da Luz
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Histórias de península e praia grande
rotina de atolar e dos dias sem muito que fazer por ali.
Disse que as bombas voltariam a atender somente na se-
gunda-feira, pois havia um campeonato de futebol no Norte e os
homens da cidade estavam lá.
Compadecido com nossa situação, cedeu cinco litros de
seu próprio combustível. Confirmando que a Estrada do Inferno
era trafegável até Mostardas, assegurou-nos que poderíamos par-
tir tranqüilos.
Deixamos o Bojuru sem ter visto mais ninguém além do
Homem da Luz.
(Outubro, 2009)
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Histórias de península e praia grande
(Carnaval, 1995)
Estrada do Inferno
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(Agosto, 2009)
Mar Grosso
O Filho do Faroleiro
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(Setembro de 2009)
Tudo Muda
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A. se afastou.
Pensei em espiar para ver o que acontecia.
Movi discretamente as mãos, expulsando os bichos. Es-
freguei o nariz na areia, pensando, satisfeita, que havia liquidado
uma parte dos monstrinhos.
Ouvi os passos de A. retornando em minha direção. Fi-
quei quieta.
Ele parecia ter ido embora. Passaram-se vários minutos
de silêncio.
Já não suportava os tatuíras que estavam de volta, devo-
rando a ponta do meu nariz. Perguntei-me porque A. demorava
tanto e se faltaria muito para terminar o suplício.
Após um longo intervalo, alguém tocou em meu ombro,
suavemente.
- Tu estás bem? – era a voz de A., agachado a meu lado
na areia.
- Sim, terminamos? – perguntei, admirada da expressão
nos olhos dele.
- Que susto! – disse A., e começou a me relatar o que ha-
via acontecido.
- Primeiro, achamos que tu estavas brincando com a gen-
te, depois, pensamos que algo havia realmente acontecido. A cena
tinha acabado e tu não levantavas. Vim correndo e te encontrei
com o rosto numa poça vermelha, coberto por pontinhos de san-
gue!
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(Sempre)
Praia Grande
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(Natal, 1998)
O Hermenegildo
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(Outubro, 2009)
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(Outubro, 2009)
Farol do Albardão
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(Outubro, 2009)
Concheiro
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(Novembro, 2009)
Obituário
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(Outubro, 2009)
Noite no Chuí
Chegamos ao Hermenegildo.
B. passou devagarzinho entre as ondas e as casas para que
A. filmasse as fachadas.
Os sinais da antiga ressaca ainda resistiam na barricada
improvisada e em um ou outro pedaço de muro.
– Não dá para saber se as coisas estão sendo construídas
ou destruídas, aqui – disse B.
Doze quilômetros adiante, a viagem terminou.
A noite estava encharcada no Chuí.
Aquecidos pelo jantar, A. e eu ligamos o computador para
ver a filmagem do dia. Uma atmosfera acolhedora e familiar aque-
cia o saguão do hotel.
A Anfitriã instalou uma estufa ao lado de nossa mesa e
pôs-se a conversar. Apresentou-nos ao esposo, um uruguaio na
casa dos setenta anos. A seu lado, uma cachorrinha cega que, se-
gundo ele, o “acompanhava por toda parte sem esbarrar em na-
da”.
Para completar o quadro, surgiu uma gatinha brincalhona
e ronronante, que puxei para o meu colo.
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(Outubro, 2009)
As Maravilhas
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MORRER-MORRER-MORRER
MORRER-MORRER-MORRER
MORRER-MORRER-MORRER
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(Novembro, 2009)
Epílogo
- Não ouviste muitas histórias, dessa vez – disse A., en-
quanto retornávamos ao hotel no jipe de B., ao final de uma tarde
não muito produtiva de filmagem.
No dia seguinte, A. gravaria a última sequência de nosso
trabalho, em Tavares. Com ela, concluiria “Arranco”, como ele
chamava o conjunto de imagens que compôs nas areias da Penín-
sula e da Praia Grande.
Para a sequência final, convidamos Al. e C&C, que fize-
ram o possível e o impossível para estar ali, em plena segunda-
feira. P. e C.E. engrossariam o cordão de dominós que A. havia
desenhado para a despedida.
***
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Histórias de península e praia grande
***
- Meus ouvidos se fecharam para essas histórias de Penín-
sula e Praia Grande, não vou escrever mais nada – disse eu.
A. suspirou.
- É... A gente chegou mesmo ao fim do trabalho.
- Vamos sentir falta daqui – lamentei.
- Não vamos, não – contestou ele, acrescentando:
- A gente nunca vai deixar esse lugar.
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Por aí
Em trânsito. Assim definimos o compromisso que assumi-
mos, um com o outro, de tomar a estrada sem rota definida, mas
não sem certo medo, vencido apenas por um último olhar lança-
do à paisagem de origem.
Tantas idas e vindas, pensávamos, talvez acabassem por
impregnar nossas rotinas com o espírito desse estado de trânsito:
ponto de partida, ponto de chegada, ponto de repouso. Como
tudo o que é exposto à deriva, quem sabe nossas vidas pudessem,
elas também, se converter em direção.
Ao que parece, a errância é pulsão impregnada no tecido
humano, tendência a vaguear por periferias, praças, mercados e
calçadas, meter-se a esmo por frigoríficos e canteiros de cidades
estranhas, ou ainda, sair em busca de praias longínquas - como as
que nos custavam metade do dia para alcançar sem que lamentás-
semos abandoná-las após umas poucas horas de conversação;
trânsitos desestabilizados pelo soco de centenas de quilômetros
percorridos em um só dia, sabendo que tudo deveria estar encer-
rado ao cair da noite ou a tempo de retomarmos o caminho de
casa para lá estarmos antes que a manhã seguinte apontasse, sob
pena de nossas casas e bairros serem projetados para uma laterali-
dade irreversível em nossas vidas, tal como a visão que um viajan-
te tem da estrada noturna, cortada pela aparição de um aglomera-
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Agradecimentos especiais:
filme: Arranco
diretor: André Severo
detalhes: Jul - Nov/2009, 90min, RS.
captação: principal formato: PANASONIC YHVX 200—24 fps—
1080PN—Mini DV
equipe técnica: empresa produtora: NAU produtora, Arena, Funda-
ção Bienal de Artes Visuais do Mercosul. | direção: André Severo. |
diretor de fotografia: André Severo | edição de som: André Severo,
Tiago Casagrande | montador/editor: André Severo | diretor de
arte: André Severo | figurino: Ivone Schulz | locações: André Seve-
ro, João Batista, Maria Helena Bernardes | fotografia still: André Se-
vero, Eduardo Saorin, Jane Pinheiro, João Batista, Paula Krause | ro-
teirista: André Severo | produção musical: Tiago Casagrande | tri-
lha sonora original: All Your Gardening Needs | gravações de
campo: Aaron Ximm, Alexandre Nakamura, David R. Barnes, Earth
Music by Michael Rooke, Eisuke Yanagisawa, Fernando Boto, Joaquin
Gutierrez Hadid, John Tenny, Keith de Mendonça, Luis Antero, Lynn
Pook, Mr. F. Le Mur, Ollie Hall, Pablo Sanz Almoguera, Phil Thom-
son, Ryo Takasaki, US Fish and Wildlife Service, | som direto: André
Severo | performances: Alexandre Moreira, André Severo, Bruna Fet-
ter, Carina Dias, Carla Borba, Carlos Eduardo Corrêa Severo, Eduardo
Saorin, José Roberto Oliveira Severo, Luciano Simon, Maria Helena
Bernardes, Michelle Sommer, Paula Krause | Filmado nos municí-
pios de Mostardas/RS, Tavares/RS, São José do Norte/RS, Rio
Grande/RS, Santa Vitória do Palmar /RS e Chuí/RS.
Série Documento AREAL