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2 - Estrutura fundamental
A estrutura fundamental, enquanto modelo de articulação lógico-semântica, descreve
as estruturas mais profundas e abstratas do plano do conteúdo. Subsume dois componentes: o
morfológico e o sintático. O primeiro dá conta do modo de existência da significação
enquanto uma estrutura elementar, organização estrutural mínima que tem por base uma única
relação simples que se estabelece entre dois termos-objeto, manifestando as relações de
conjunção/disjunção que contraem.
O modelo lógico, que traduz as relações e articulações entre esses dois termos, é
representado pelo quadrado semiótico, organizador das relações opositivas de contradição,
contrariedade e complementaridade.
A dinamização do modelo morfológico da estrutura elementar cobre as relações do
ponto de vista sintático; elas são consideradas como operações orientadas, condição da
narratividade. O quadrado semiótico representa, então, as relações como uma seqüência de
operações sintáticas.
A semântica fundamental compõe-se de estruturas elementares de significação –
semas – que podem ser formuladas em termos de categorias semânticas, suscetíveis de serem
articuladas no quadrado semiótico. Isto porque um sema só pode ser apreendido quando posto
em relação com outro elemento que não ele, definido por seu valor estrutural, diferencial.
3 - Estrutura narrativa
As estruturas narrativas compreendem as estruturas semióticas mais superficiais. A
passagem do nível fundamental para o narrativo se dá pela conversão. Estabelece-se uma
equivalência com enriquecimento. Do ponto de vista sintático, há a inserção do sujeito; do
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4 - Estrutura discursiva
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5 - Passionalidade
A parte mais bem explorada do percurso gerativo de sentido é o espaço intermediário
entre os componentes epistemológico e o discursivo: a organização actancial e a modalização
da narratividade.
Nesse contexto, a competência modal do sujeito é a fonte de toda operatividade.
Considerada como pré-requisito, como potencialidade do fazer, a competência existe primeiro
como estado do sujeito. Esse estado é uma forma atualizada de seu ser, anterior à realização.
Não obstante, Greimas (1993), considera que uma das questões centrais da semiótica é
o reconhecimento de uma dimensão autônoma e homogênea na qual se situam as formas
semióticas que, organizadas, permitem distinguir diferentes estases, condição necessária à
semiose.
A questão que se coloca é a possibilidade de interrogar um conjunto de condições e
pré-condições do sentido, de esboçar uma imagem do sentido anterior e necessária à sua
discretização e não procurar reconhecer seus fundamentos ontológicos, o que remeteria a
semiótica a uma filosofia que ela não conseguiria ser.
Entre a instância epistemológica, nível profundo de teorização, e a discursiva está a
enunciação, enquanto lugar de mediação, em que se opera a convocação dos universais
semióticos, utilizados no discurso. A colocação em discurso efetua essa mesma convocação
enunciativa explorando os componentes da dimensão epistemológica e engendrando formas
que consistem um repertório de estruturas generalizáveis, interiores às culturas e aos
universos individuais. Dessa forma, a enunciação é um lugar de vai-e-vem entre estruturas
convocáveis (universais) e integráveis (culturais), conciliando geração (universais semióticos)
com gênese (produtos históricos).
As configurações passionais estão situadas na encruzilhada de todas as instâncias já
que, para sua manifestação, recorrem a condições e pré-condições de ordem epistemológica, a
operações particulares da enunciação e a grades culturais.
O sujeito epistemológico da construção teórica não pode apresentar-se como puro
sujeito cognitivo, pois, em seu percurso de construção e de manifestação da significação, ele
passa por uma fase de sensibilização tímica.
O estado das coisas e o estado da alma do sujeito, como competência para e depois da
transformação, se reconciliam numa dimensão semiótica de existência homogênea, às custas
de uma mediação somática e sensibilizante.
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Mas, o ser do mundo e do sujeito não dizem respeito à semiótica, e sim à ontologia. A
semiótica deve captar o seu parecer e constituir um discurso epistemológico que formularia as
pré-condições e os simulacros explicativos. Esses discursos hipotéticos captariam o parecer
do ser.
As matérias que permitiriam reconstituir imaginariamente o nível epistemológico
parecem ser os conceitos de tensividade e foria. As paixões aparecem no discurso como
portadoras de efeitos de sentido muito particulares, exalando um cheiro confuso, difícil de
determinar, diz Greimas. Esse perfume emana da organização discursiva das estruturas
modais. Trata-se de um certo arranjo molecular: a sensibilização passional do discurso e a sua
modalização narrativa, co-ocorrentes, não se compreendem uma sem a outra, sendo, no
entanto, autônomas e submissas, ao menos em parte, a lógicas diferentes.
Bibliografia
GREIMAS, A. J. Semântica estrutural. São Paulo: Cultrix, 1973.
GREIMAS, A. J.; FONTANILLE, J. Semiótica das paixões. São Paulo: Ática, 1993.
GREIMAS, A. J. As aquisições e os projectos. In: COURTÉS, J. Introdução à semiótica
narrativa e discursiva. Coimbra: Almedina, 1979.