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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto

Projeto de Matemática

Docente: Profa. Dra. Elaine Sampaio Araújo


Disciplina: Metodologia do Ensino de Matemática
Discentes: Carolina Lourenço
Tatiane da Silva
Fernanda Rodriguez
Stella Rodrigues
Curso: Pedagogia
Período: Terceiro Ano

Ribeirão Preto
2009
1) APRESENTAÇÃO DO TEMA

A) Conteúdo abordado/definição

O conteúdo abordado será correspondência um-a-um e foi definido por Moura, em


“construir estratégias de controle de variação de quantidades utilizando objetos ou marcas,
fazendo-os corresponder um-a-um aos elementos cuja quantidade desejavam controlar”
(p.24), também “esses objetos ou marcas, por serem uma referência concreta ao numero,
podem ser chamados de numeral objeto”(p.24).

B) Relevância do conteúdo para o Ensino fundamental

A correspondência um-a-um se torna relevante para o Ensino fundamental se levarmos


em consideração de acordo com Moura que “através da contagem um-a-um lida
principalmente com o aspecto cardinal do número, possibilitando a conquista da conservação
das quantidades” (p.23).
Também de acordo com Moura “o domínio da estratégia da correspondência um-a-um
é importante para a compreensão do número... possibilita à criança a incluir uma quantidade
menor em uma maior e ordenar as quantidades” (p.24). Nesse sentido podemos afirmar que
através da correspondência um-a-um os alunos poderão assimilar vários conteúdos
matemáticos como controle de quantidade, números cardinais e ordinais.

C) Como o trabalho está organizado

O trabalho está organizado em cinco intervenções nas quais trabalharemos com a


história virtual, com o intuito de colocar as crianças numa situação problema objetivando com
isso estimular a ação para a resolução da situação-problema apresentando possíveis soluções.
Depois de expor a história virtual, organizaremos jogos com a intenção de promover a
fixação do conteúdo proposto bem como estimular o levantamento de hipóteses para a
resolução da situação-problema da história inicialmente exposta.
Por fim, serão trabalhadas com a sala, atividades gráficas para sistematizar o conteúdo
utilizado para a resolução da situação problema.
2) PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO

A) Síntese histórica do conceito

Hoje em dia quando nos deparamos com uma situação na qual temos que controlar
quantidades e saber “quantos”, por exemplo, quantos alunos têm em nossa classe, a primeira
estratégia que pensamos é contar. Atualmente esse é um problema que solucionamos rápido,
pois assim que acabamos de contar já sabemos “quantos” estão presentes na sala. Mas, o que
aconteceria se esse problema se colocasse para uma pessoa que não conhece os números?
Voltando um pouco mais no tempo nos perguntamos, como o homem resolveu esse impasse
quando se deparou com a necessidade de controlar quantidades sem conhecerem ainda os
números?
Para lançar luz a essas indagações buscamos auxílio em Manoel Oriosvaldo de Moura
(1996, p. 23-24), o qual afirma que “quando o homem, pela primeira vez, enfrentou o desafio
de controlar quantidades, lançou mão de objetos que pudesse carregar consigo, tais como:
pedras, conchas, gravetos, nós em corda, entalhes em árvores e outros”, esses objetos eram
utilizados para contar outros objetos, como por exemplo a quantidade de animais que possuía,
que o homem precisava saber a quantidade.
De acordo com Moura (1996, p. 24), mesmo sem “ter construído a ideia abstrata do
número, o homem tinha o controle perfeito da variação das quantidades com as quais lidava
no seu cotidiano além de conhecer os ciclos da natureza relacionado às suas atividades”.
Nessa direção, os homens construíam estratégias “de controle da variação de quantidade
utilizando objetos ou marcas, fazendo-os corresponder um a um os elementos cuja quantidade
desejavam controlar”. O numeral objeto surge dessas referências concretas ao número, como
as marcas na madeira, o total de pedras que corresponde ao rebanho etc.
Portanto, podemos dizer que com a correspondência um a um, o homem resolveu seu
problema de “contar” sem saber os números e afirmar que a correspondência um a um foi um
dos passos decisivos para o surgimento da noção de número.
B) O problema desencadeador

1- História Virtual
O grande problema de Marcelo

1.1) Objetivos
Segundo Moura (1996, p. 25), a história virtual coloca a criança diante da
“necessidade de contagem”, por meio de uma “situação-problema” de controle de
quantidades, em que a “solução pode ser dada pela comparação de quantidades com outras
quantidades pela correspondência um a um”.
Há outros objetivos além do citado acima, os quais são a necessidade de construir com
as crianças um conceito matemático, prática essa que vai de encontro ao que ocorre na
maioria das escolas, pois os conceitos matemáticos são dados para as crianças como algo
pronto. Buscamos também a mobilização da sala para a resolução de um problema,
trabalhando assim a colaboração e a participação coletiva.

1.2) Conteúdos

* comparação de quantidades;
* contagem por correspondência um a um;
* registro das quantidades.

1.3) Dinâmica do trabalho com a história virtual

A intenção que se encontra implícita na leitura da história virtual é a de fazer as


crianças vivenciarem uma situação semelhante a enfrentada pelo homem quando pela
primeira vez se deparou com a necessidade de controlar as quantidades.
Os elementos que compõem a história fazem com que as crianças se envolvam de
forma lúdica na situação-problema, desencadeando o levantamento de hipóteses para a busca
da solução, ou seja, incitando as crianças para a ação no sentido de resolver o problema em
comum que elas possuem.
a) Contando a história

Para a apresentação da história utilizaremos fotos e maquetes como “recursos que


possibilitem ao aluno visualizar e penetrar no universo da história virtual apresentada,
motivando-o a solucionar o problema proposto” (MOURA, 1996, p. 26).

História: O grande problema de Marcelo

Tio Juca é um homem muito trabalhador que mora na fazenda de um homem muito
bravo chamado senhor Augusto. Tio Juca gosta muito de animais e todos os dias quando o sol
nasce ele solta as galinhas do galinheiro para que elas possam andar livres pelo terreiro até
entardecer. Então, ele as coloca de volta ao galinheiro e nunca deixa faltar nenhuma, pois o
senhor Augusto vende os ovos das galinhas para ganhar dinheiro e todo sábado verifica
pessoalmente se todas as galinhas estão ali.
O senhor Augusto tem medo de alguém roubar suas galinhas ou de alguma das raposas
espertinhas que moram ali perto comerem elas. O senhor Augusto não confia muito em tio
Juca, por isso sempre diz que se alguma de suas galinhas sumir irá despedi-lo.
O sobrinho de tio Juca, que se chama Marcelo, está passando alguns dias com ele, pois
seus pais estão fazendo uma longa viagem de trabalho. Marcelo nunca prestou muita atenção
ao trabalho do tio, pois acha mais interessante brincar com os cachorros e correr por aí, mas
mesmo assim sempre fica curioso para saber como tio Juca sempre sabe que todas as galinhas
estão de volta ao galinheiro ao entardecer.
Numa quarta-feira bem fria, tio Juca pegou uma gripe forte e está com muita febre,
então pede a Marcelo que solte as galinhas e as prenda novamente quando entardecer.
Marcelo, com muita vontade de ajudar o tio, logo pega seu chapéu e lá se vai para o trabalho.
Tio Juca o avisa que cuide muito bem de cada galinha, pois, se faltar alguma, o senhor
Augusto irá despedi-lo e eles terão que ir embora da fazenda. Assim que o tio termina de falar
Marcelo vai correndo para realizar a sua tarefa. Marcelo chega ao galinheiro e quando está
prestes a abrir a portinha para as galinhas saírem ele se lembra que não sabe contar. E agora?
Como ele vai saber quantas galinhas saíram do galinheiro? E depois ao entardecer como ele
vai saber se não está faltando nenhuma?
b) Solução do problema

* levantamento de hipóteses pelos alunos;


* teste das hipóteses na maquete.

c) Elaboração do registro gráfico

Depois de elencar as possíveis soluções para o problema, os alunos irão elaborar uma
carta contendo um texto e/ou desenho com a solução que cada um escolherá para explicar a
personagem principal como fará para solucionar o problema proposto pela história virtual.

2) Jogos

Os jogos serão trabalhados simultaneamente à história virtual, abordando o conceito


de correspondência um-a-um.
Antes da realização dos jogos, faremos uma breve exposição a respeito destes e as
regras serão apresentadas aos alunos, podendo ser modificados pelos mesmos.
O objetivo destes jogos é desenvolver formas de resolução da situação-problema
apresentada na história virtual. Será feito um acordo com a classe para que na representação
do placar de todos os jogos não sejam usados números.

2.1 Pescaria

Objetivo:
Essa atividade possibilita o movimento, controle, a comparação e a representação das
quantidades.

Conteúdos:
- comparação de quantidades;
- controle de quantidades;
- operações;
- registro das quantidades.

Dinâmica do jogo:
As crianças serão organizadas em grupos. A cada rodada do jogo um integrante de
cada grupo terá 30 segundos para pescar. Os peixes pescados serão representados em um
placar. Ganha o grupo que tiver pescado a maior quantidade de peixes.

2.2 Percurso

Objetivo:
Essa atividade possibilita controlar das quantidades por correspondência um-a-um,
pois, cada bolinha do dado representa uma casa que eles devem andar; desenvolver as
idéias de ordem e seqüência por meio do avanço em direção à chegada; subtração e adição
por meio dos recuos e avanços ocorridos ao longo do jogo; estímulo ao cálculo das casas
que faltam para a chegada.

Conteúdos:
- correspondência um-a-um;
- adição;
- subtração;
- sucessão numérica;
- estimativa.

Dinâmica do jogo:
As crianças serão organizadas em grupos. Cada grupo designará uma criança para ser
o peão, sendo que haverá seis peões de cores diferentes. Outra criança será designada para
jogar o dado. Os peões percorrerão as casas conforme a quantidade representada no dado.
Ganha o grupo em que o peão chegar primeiro ao final.

2.3 Boliche

Objetivo:
Essa atividade possibilita controlar as quantidades por meio da contagem, registro,
comparação e adição. Também pode ser trabalhada a idéia subtrativa, pois a criança pode
fazer a diferença entre o total derrubado e o total em pé.
Por meio da observação das jogadas a criança pode perceber que quanto mais alto
enrolar a corda com a bolinha e quanto mais longe for a disposição dos tocos em relação à
haste, maior é a possibilidade de derrubar o maior número de tocos.

Conteúdos:
- ordenação;
- comparação de quantidades;
- registro de quantidades;
- estratégia de cálculos;
- adição;
- subtração.

Dinâmica da atividade:
Elaboraremos um boliche semelhante ao utilizado anteriormente a criação do boliche
atual. Este jogo será composto por uma haste na qual haverá uma bolinha presa por um
barbante. Os tocos serão dispostos em círculo ao redor da haste.
As crianças serão divididas em grupos. Um integrante de cada grupo terá uma tentativa,
alternando-se os integrantes que jogam. Cada toco derrubado será representado no placar.
Ganha o grupo que derrubar mais tocos.

2.4 Argola

Objetivo:
Essa atividade permite estimar a distância, a intensidade do impulso, a direção e a
noção de razão.

Conteúdos:
- registro de quantidades;
- estratégia de cálculos;
- adição;
- razão.
Dinâmica do jogo:
As crianças serão organizadas em grupos e cada uma receberá cinco argolas, as quais
tentarão acertar na haste. Ganha o grupo que acertar mais argolas.

3) Atividades gráficas

O objetivo da elaboração das atividades gráficas é fazer com que as crianças criem
suas próprias estratégias para representar as soluções. Estas atividades gráficas aproximam-se
dos “problemas de processo” Lopes (2002,p.13), pois é necessário buscar estratégias de
resolução, não bastando apenas o uso de operações matemáticas.

3.1 Atividades

1. Marcelo e o sobrinho do senhor Augusto, o Bruno, estavam jogando boliche que o tio Juca
havia feito para eles.
Marcelo derrubou: Bruno derrubou:

Quem derrubou mais? Represente a quantidade de tocos que um tinha a mais que o outro.
2. Marcelo foi brincar com a caixa de ferraduras do senhor Augusto. Durante a brincadeira,
ele perdeu algumas ferraduras.
Estavam na caixa antes da brincadeira: Estavam na caixa depois da brincadeira:

Represente a quantidade de ferraduras que ele precisa procurar.

3. Tio Juca foi pescar no lago da fazenda do senhor Augusto. Pescou tantos peixes que
resolveu presentear seus amigos.
Amigos: Zeca, Joaquim, Antônio, Chico, Pedro, João, Miguel, Rute, Maria, Davi, Manoel e
Noemi.
Amigos: Peixes:

Ele conseguirá dar um peixe para cada amigo? Sobrarão ou faltarão peixes? Represente a
quantidade que vai faltar ou sobrar.
4. Marcelo e Bruno estavam jogando um jogo de percurso.
Bruno percorreu: Marcelo percorreu:

Represente quantas casas faltam para Bruno


chegar até onde está Marcelo?
4) Referências Bibliográficas

MOURA, Manoel Oriosvaldo. (coord.) Controle da variação de quantidades.


Atividades de ensino. Textos para o Ensino de Ciências n° 7. Oficina Pedagógica de
Matemática. São Paulo:USP, 1996.

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