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MINHA LINHA DA VIDA

“Todo nascimento pede nova identidade


Ocupação do espaço existencial
Toda identidade deseja transformar
Territórios linhas a nos permitir
Fios conduzem eletricidade
Movimentam os homens
E suas cidades
Cérebros são cidades
Corrente de intensidades
Pensamentos condensados sensação
Funcionam como elos
Formando mapas a nos constituir
Mente saber anelo, porque vivo?
Lugares nem sempre vistos, são descobertos Meu processo de
Habitam em nós, embrutecidos
Somos afetos sentimentos a nos conduzir “ Ualy Castro Matos identidade continua em meu ambiente familiar, no meio social e
cultural em que estou crescendo. Vivência em uma “comunidade
eclética, espiritual” que meu pai pertencia. Em 1954, mudança do
Rio de Janeiro, minha terra natal, para o interior de Goiás, fomos em
comitiva, ficamos acampados em barracas de lona, no meio do nada,
23 de abril de 1951, nasci, ainda sou um no meio do mato, até que se construíssem as moradias. Lá vivi até os
organismo biológico, por natureza sou do sexo feminino, minha meus 7 anos.
identidade começa a ser formada, a partir do meu registro de
nascimento, tenho um nome, Alda.
Meu corpo cresce, se desenvolve e vou sendo
construída em gênero, meu ser e meu corpo vão tomando forma e
sentido na constituição do indivíduo que se tornará uma pessoa,
passando por processos sociais, de humanização, de normatização
do meu corpo.

A partir da interação com o outro, à medida que vou A vida adulta exige
aprendendo e internalizando sobre meu corpo feminino, da-se a que eu tenha uma posição consolidada no grupo social em que
transformação; aquela menina cresceu e aprendeu a ser feminina, estou inserida, parto para a minha identidade grupal, minha
transformou-se em uma mulher. identidade na organização social e de trabalho. Começo minha vida
sexual, tenho momentos de prazer, de plenitude e desilusão.
Eu, gênero mulher, tenho minha identidade individual formada,
continuo minha caminhada na vida.
Aprendo que trabalho é tudo que envolve os sentimentos, os Em 1978 termino o curso de Direito, passo no

relacionamentos pessoais e amorosos, a qualidade verdadeira de exame da OAB e torna-se um novo começo de vida.

vida.

Chega o momento de ruptura, de “cortar o


cordão umbilical” do meu núcleo biológico primário. Em 1975 tive um aborto espontâneo e posteriormente
perdi mais duas gravidez, e em 1983, nasce Mateus,

Em 1975, caso e saio da casa de meus pais. Vida


meu primogênito, que sempre brinco dizendo que
nova, novas experiências, novo convívio social, começa um novo
“é meu filho mais velho preferido”. O nome Mateus foi escolhido
ciclo em minha vida, um novo núcleo familiar começa a ser
por mim e o pai por significar: “presente de Deus”, depois de tantas
formado.
perdas ele chegou para nos trazer alegria e amor.
Em 1987, mudamos para nossa primeira casa própria. Em 1988

nasce meu segundo filho, Pedro, escolhemos


esse nome, pois foi um vencedor, de uma gravidez difícil;
Retalhos de Conflitos Ideológicos: Em 2008 voltei
também significa um elo de ligação com o Criador, costumo
para o banco de escola, estou cursando Psicologia, que foi meu
chamá-lo de “meu filho caçula preferido”.
primeiro projeto de estudo superior, motivo da primeira ruptura com
meu pai, que não concordou com minha escolha. Passei no
Meu núcleo familiar biológico primário: pai, vestibular de Psicologia na Gama Filho, Rio de Janeiro, em 1969,
mãe e sete irmãos; forma-se, agora, uma nova família, uma nova voltei para Belo Horizonte e continuei na FAFICH, UFMG, até
relação familiar na qual sou mãe e não filha, sou esposa e não 1971. Trabalhava e o curso não tinha opção do turno da noite, fui
irmã. obrigada a parar e continuar trabalhando, pois meu pai não pagaria
uma Faculdade particular para mim, por não concordar com minha
opção por psicologia. Em 1972 fiz um ano de Jornalismo na FAFI
BH, e cursei Direito em Divinópolis, de 1973 a 1978.

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