Arede 001

Apresenta
A Rede
Novela de:
Evana Ribeiro
CAPÍTULO 01
TV DESTINO . A REDE . CAPITULO 01 2
CENA 01 – NY/CASA DE ALIENA/SALA DE ESTUDOS – INT -

NOITE
Fade in. Mostra o monitor do PC, que exibe várias janelas abertas
– em primeiro plano, uma conversa de MSN entre Aliena Pietróvna e
Edward. Alterna imagens do monitor com closes nos olhos, boca e dedos
de Aliena, que batem freneticamente no teclado. Música: Provokacyia
– Vabank.
Instantes depois, uma mão pousa delicadamente em seu ombro.
Câmera sobe rapidamente, mostrando o rosto de TERESA.
TERESA – Não tá na hora de largar um pouco esse computador e dar um

pouco de atenção às suas filhas, Aliena Pietróvna?
ALIENA – Estou falando com Edward.
TERESA – Você sempre tá falando com ele. Quando vou vê-lo?
ALIENA – Ah, não sei.
TERESA – Não sei, não sei! Sabe que eu fico até pensando que esse tal
de Edward é uma invenção e que Irina foi feita por inseminação
artificial?
ALIENA – Que idéia mais esdrúxula... Você acha que eu ia ter uma filha
só pra provar que meu namorado virtual é de verdade?
TERESA – Não, não é isso que eu quero dizer. Desculpa, mas... Eu tô

achando que você exagera.
ALIENA – Eu?
TERESA – É! Até parece que você não tem vida, pôxa! Passa o dia todo
aí, conversando com Edward, pensando em Edward, vendo foto do
Edward...
ALIENA (brava) – Não muito diferente de você.
TERESA – Mas eu não tenho filhas.
Aliena olha fixamente para Teresa por um instante.
ALIENA – Você tá dizendo que eu não dou atenção às minhas filhas?
TERESA – É isso mesmo.
ALIENA – Mas tudo o que eu tenho feito nos últimos anos foi por elas,
apenas por elas! E agora a única coisa que falta é um pai...
TERESA (interrompe) – E esse pai vai ser o Edward.
ALIENA (baixinho) – É o que eu quero.
TERESA – O que foi?
ALIENA – Nada.
TERESA – Nada? Você ficou estranha agora.
ALIENA – Já disse, não aconteceu nada!

Aliena sai, corredor adentro, deixando o computador ligado.
TERESA (correndo atrás dela – travelling) – Aliena, volta aqui! A gente

precisa conversar direito!
Aliena entra em seu quarto e tranca a porta. Teresa fica parada

diante da porta por alguns instantes, suspira e sai.
CORTA PARA
CENA 02 – NY/CASA DE ALIENA/QUARTO DE ALIENA – INT –

NOITE
Aliena se deita de bruços em sua cama, pensativa e triste.
ALIENA – Admita... Teresa está com a razão. (t) Mas isso vai passar em
breve. Hoje mesmo eu vou resolver minha história com o Ed. (levanta-
se) Hoje mesmo.
Aliena vai até o closet e começa a mexer em suas roupas.
CORTA PARA
CENA 03 – NY/CASA DE ALIENA/SALA DE ESTUDOS – INT –

NOITE
Plano geral: Teresa usa o computador. Aparentemente está
bastante concentrada. Câmera aproxima-se mais, até mostrar o que há
no monitor. Então é possível ver os desenhos do personagem
Sharpshooter. As figuras, ora p&b, ora coloridas, estão dispostas no
weblog de Teresa. No fim da página, encontra-se um link para
comentários, que só identifica um comentário registrado. Corta para o
rosto sorridente de Teresa. Corta novamente para o monitor. Abre-se

uma nova página, contendo o único comentário, com os dizeres: “Wir
möchten mehr Geschichten.” [Nós queremos mais histórias] Corta para
Teresa, que olha para trás e vê Olga e Maria. Olga está sentada em uma
poltrona, Maria em seu colo.
TERESA (sorri, sem graça) – Vocês...
OLGA – Sabíamos que você ia ler.
TERESA (levanta e se dirige a elas) – Meninas, me desculpem... Faz

mesmo muito tempo que eu não conto nenhuma história do
Sharpshooter pra vocês, né?
MARIA – Nem as dele, nem história nenhuma!
TERESA – Eu sei, ando meio em falta com vocês, meus amores. (t) Mas
hoje mama und ich vamos ficar com vocês, a noite toda. Que tal uma
festinha de pijama?
MARIA (levanta e faz menção de sair) – Vou chamar a mamãe no

quarto!
Maria vai entrando pelo corredor. Aliena vem na direção contrária,

toda arrumada para sair.
ALIENA – Eu sabia que vocês estavam aí.
MARIA – Mamá, vamos fazer uma festa hoje!

ALIENA – Que bom...
TERESA – Aliena, você vai sair?
ALIENA – Vou.
TERESA – Mas... Agora?
OLGA – Mãe, eu pensei que você fosse ficar um pouco com a gente
hoje...
ALIENA – Olha, eu sei que tenho andado meio ausente com vocês,
meninas. Mas eu prometo que a partir de amanhã vou compensar tudo
isso.
OLGA – Vai mesmo?
ALIENA – Vou.
TERESA – Você vai resolver o problema com o... Ed?
ALIENA – Vou. Se eu não chegar antes da hora de vocês irem dormir,

não se preocupem. Garanto que vou ficar bem.
Todas ficam em silêncio. Aliena dá um beijo em cada uma das

filhas e sai. As garotas acompanham a saída de Aliena em silêncio, sem
esconder a decepção.
TERESA (tentando animar) – A gente ainda pode ter a festa!

OLGA (levanta da poltrona, desanimada) – Não quero mais. É melhor ir

pra cama. Boa noite.
TERESA – Boa noite...
Maria e Olga saem, tristes. Teresa volta para o computador.
CORTA PARA
CENA 04
Tomada de diversos pontos do Recife.
CORTA PARA
CENA 05
Sonoplastia: Pela Internet – Gilberto Gil.
Videoclipe apresentando a lan house BARNET. A princípio, mostra
apenas a construção por fora; situada no bairro da Madalena, é um
prédio de médio porte, com uma placa colorida indicando o
estabelecimento. Corta para a parte interior da lan, que está cheia. Os
clientes são principalmente jovens, do sexo masculino. Atenção especial
aos monitores, que em sua maioria mostram jogos. Também há pessoas
acessando sites de pesquisa, salas de bate-papo, sites de
relacionamento, entre outras páginas. Além de mostrar o conteúdo
acessado pelos pc’s, também dar atenção especial ao design interno,
bastante moderno e no qual predominam o azul, preto e vermelho. A
câmera vai percorrendo todas as fileiras de computadores, até chegar a
um balcão, no qual se encontra apenas um computador. Atrás do
balcão, está MICK, que se distrai, também jogando. Corta para
MIRANDA, que passeia alegre por entre os computadores, conversando
com alguns rapazes com bastante intimidade. O conteúdo da conversa

não é audível. Miranda vai para trás do balcão e se aproxima do irmão,
ficando bem atrás dele.
MIRANDA – Sei não, viu... Homem é tudo igual mesmo. Quando chega
na frente do PC, só quer saber de joguinho boboca! (t) Painho com o
simulador de vôo, tu com esse negócio aí que eu não sei o que é...
MICK (sem desviar as atenções do jogo) – É GTA.
MIRANDA – Sim, um jogo idiota, com uma sigla idiota. Atropelar

velhinhas indefesas, assaltar bancos e comprar armas, francamente...
Isso subestima a tua inteligência.
MICK – Também não precisa ofender...
MIRANDA – Foi mal, foi mal. (t) Não é hora de tu falar com a
namoradinha, não?
MICK – Ela ainda não chegou.
MIRANDA – Então tá explicada a fissura no jogo. Mas olha, já que ela

ainda não chegou e pelo jeito tu tá apanhando aí nessa coisa, não quer
falar aquele negócio que tu queria falar?
MICK (pára de jogar e olha para Miranda) – Que negócio?
MIRANDA – E eu sei lá! Tu não me disse nada até agora!

MICK – Ah, lembrei! É o seguinte, Mi. Amanhã eu tô a fim de sair pra

procurar um emprego, vou bater perna o dia todo e não posso ficar aqui
de manhã. Tu podes ficar sozinha de dia?
MIRANDA – O que eu ganho com isso?
MICK – A noite livre.
MIRANDA – Por mim tudo bem. Mas eu não te entendo... A gente não
tem porque sair por aí caçando emprego, porque tu ainda insiste nisso?
MICK – Ô, Miranda, olha bem pra mim. Tu acha que um cara de trinta
anos vai passar o resto da vida atrás de um balcão de lan house ouvindo
papinho de adolescente, recebendo um troco pelo aluguel de uma hora
de Internet, ou de jogo, ou sei lá o quê?
MIRANDA – Ah, encara isso como um negócio próprio, pôxa.
MICK – Negócio próprio... Próprio do pai! Além disso, meu lugar não é
aqui, de jeito nenhum.
MIRANDA – Ah, é... Tu, Chelly e Minnie são três inconformados. Tinha
me esquecido disso.
MICK – E você tá muito acomodada, isso sim.
Ouve-se o sinal sonoro do Messenger.
MIRANDA (sorrindo) – Mas é só aparecer uma mocinha bonita chamada

Teresa e todo o inconformismo do senhor Mickey Barros desce pelo ralo!
É tão bom passar o dia inteiro em uma lan house com conexão potente
disponível a hora que quiser sem precisar pagar, não é mesmo?
Mick finge que não ouviu e volta suas atenções para o

computador. Miranda volta a andar pelos corredores da lan house,
sorridente e distribuindo atenção aos clientes.
CORTA PARA

NOITE
Usando um discreto microfone (dos utilizados por atendente de
telemarketing), Teresa se olha através de um espelhinho. Depois da
conferência, ela volta-se para o computador e liga a webcam. Close em
Teresa, que sorri enfaticamente.
TERESA – Ai, Mick... Eu não consigo não dar risada olhando pra você
com esses fones! Parece aqueles locutores de jogos de futebol que eu
via na televisão.
A tela divide-se em duas, mostrando Mick e Teresa. Ambos estão

muito concentrados e demonstram bastante contentamento.
MICK – Se a senhorita quiser, eu posso tirar o fone e ficamos só

teclando...
TERESA – Não, não! Não ia ser a mesma coisa. (t) Eu gosto de ouvir a
sua voz, já tô... Acostumada.
MICK – Só acostumada, é?
TERESA – Eu gosto de te ouvir falando. Acho que é uma das dez vozes
masculinas mais sexies que eu já ouvi. Eu fiz a lista.
MICK – E em que posição eu tô?
TERESA – Segundo lugar.
MICK – E quem tá na minha frente?
TERESA – Tom Hamilton.
MICK – Quem?
TERESA – Ah, o baixista do Aerosmith. Por algum motivo desconhecido,

adoro a voz dele.
MICK – Pôxa, que legal... Ganhei o segundo lugar na tua listinha e a

gente nunca nem se viu pessoalmente. (ri)
TERESA – Os outros eu também não vi! Olha só... Eu vou ter que sair
agora.
MICK – Já?
TERESA – É que eu tô sozinha aqui com as minhas garotinhas. Se Irina

começar a chorar, aí já viu.
MICK – Pena... Mas tudo bem. Daqui a pouco a lan vai fechar também.
Mas... E a mãe delas?
TERESA – Deu uma saída sem dizer direito pra onde tava indo e tal... Eu
só espero que ela esteja bem! (t) Mas eu tenho que te confessar que
ando muito preocupada... Desde que Irina nasceu, Aliena anda muito
estranha. Muito mesmo.
CORTA PARA
CENA 07
Sonoplastia: Sranila Koleshko – Natalia Bannova. (A música
continua na cena seguinte)
Tomada de alguns pontos de Nova York.
CORTA PARA
CENA 08 – MOTEL/QUARTO – INT – NOITE

O ambiente é mal iluminado, mas não o suficiente para esconder a
vulgaridade do lugar. Ed e Aliena estão deitados juntos, enrolados em
lençóis. Ela, com a cabeça encostada no peito dele, esboça um sorriso
tranqüilo. Ed, por sua vez, está muito sério.
ALIENA (suspira) – Fazia tempo que não ficávamos assim, não é?
ED – É, é verdade.
ALIENA – Acho que devíamos fazer isso mais vezes...
ED – Você sabe que pra mim é difícil. Estou sempre viajando, pra lá e
pra cá... Não dá pra ficar indo ver você a hora que você quiser.
ALIENA – Mas você devia agendar um dia para ver nossa filha, a Irina.
Já faz três meses e...
ED – Minha querida, desculpe. Dava pra gente mudar de assunto?
ALIENA – Você sempre fica estranho quando eu falo na Irina. Dá pra

notar que você não queria que ela tivesse nascido.
ED – Não é isso. Eu só acho que este não é o melhor lugar para

discutirmos sobre... O bebê.
ALIENA – Olha, Edward, não temos outra hora para falar. E precisamos
muito resolver essa questão, tá? Minhas filhas e a minha melhor amiga
estão preocupadas, andam reclamando... Eu queria muito que você
fosse a minha casa, apenas para que elas vissem você e ficassem mais
tranqüilas.
ED – Aliena, eu já expliquei a você...
ALIENA (interrompe) – Não falo nem pela Olga e a Maria. (t) É pela
Irina! Ela precisa de você.
ED – Aliena, por favor, pára! (t) Pára de ficar me cobrando, me

pressionando, querendo que eu faça uma coisa que eu simplesmente
não posso! (t) Acho que nós... Nós fomos longe demais.
ALIENA – Como assim... Longe demais?

ED – Eu não sei como te explicar, mas... A verdade é que eu acho que

não podemos mais ficar juntos. Pelo menos não com essa cobrança
toda.
ALIENA – Eu não entendo você. (levanta, enrolada no lençol)

Definitivamente eu não entendo! Achei que nós pudéssemos... Nós... Eu
não sei direito! Poderíamos ser uma família.
ED – Sinto muito se eu te decepcionei nessa parte.
ALIENA – Acho melhor eu me vestir e ir embora.
Aliena começa a se vestir apressada. Ed a observa em silêncio por

um breve instante, depois levanta-se e se aproxima dela, terno.
ED – Me desculpe, Aliena.
Aliena não responde, nem olha para ele. Close em seu rosto, os
olhos marejados.
CORTA PARA
CENA 09
Efeito de transição noite/dia.
CORTA PARA
CENA 10
Tomada do trânsito na Avenida Caxangá. Por se tratar de uma
manhã de sábado, não há um trânsito muito intenso na área.
CORTA PARA
CENA 11 – APARTAMENTO DE CATARINA/SALA – INT – DIA

Trata-se de um ambiente pequeno, decorado. CATARINA está
sentada em uma poltrona, com um laptop no colo. JOYCE entra, vinda
do quarto, usando camisola.
JOYCE – Menina! Já tá acordada a uma hora dessas?
CATARINA (desvia a atenção do monitor e olha para Joyce) – É o

costume. Agora eu acordo cedo até nos sábados, domingos e feriados.
Aí como não tinha nada pra fazer, vim pra cá ver se Felícia tinha
mandado algum recado, ou mamãe, talvez. Mas não tem nada.
JOYCE – E se não tem nada, o que tá fazendo ainda na net?
CATARINA – Lendo jornais, ué! Tava aqui vendo uma nota sobre um
criminoso grandão. Um cara chamado Bradley Lee, que tá há uns dois
anos aplicando golpes através da Internet.
JOYCE (senta no braço da poltrona, interessada) – Que tipo de golpes?
CATARINA – Ele invade sistemas de Internet Banking, rouba as senhas,

faz saques exorbitantes. É daí pra cima.
JOYCE – Que medo... Por isso que não uso Internet pra compras nem
nada.
CATARINA – Mas isso é útil, é o futuro. Um dia todo mundo vai ter que
usar isso mesmo!
JOYCE – Aqui no Brasil? Tá certo... Daqui a cinqüenta anos, quando não

tiver água pra metade do planeta, toda a população vai estar usando a
Internet pra tudo, de pagar contas a fazer sexo.
CATARINA – Bom, todo mundo não. Mas quase... Isso se vier alguém
pra botar ordem na zorra, é claro.
JOYCE - Já chega... Tá muito cedo pra ficar falando desse assunto chato.
Vamos pensar na nossa festinha?
CATARINA – Ah, a festinha de fim de período, né?
JOYCE – É.
CATARINA – Vai todo mundo?
JOYCE – Acho que sim. Eu sou meio contra comemorações lá no Bar do

Abacaxi, aquilo lá parece um cabaré, mas é bem menos ‘antro’ que o
Bar da Kelly...
CATARINA – Também acho! (desliga o laptop) Agora vamos comer

alguma coisa, que eu tô ficando verde de fome! Depois eu vejo se tem
novidades da Felícia.
Catarina levanta, deixando o laptop sobre a poltrona. Ela e Joyce

seguem para a cozinha.
JOYCE (entrando) – Tu é uma viciada mesmo... Acorda e vai direto pro

lap, sem comer nem nada!
CATARINA (rindo) – Pelo menos troquei de roupa, né?
As duas continuam conversando e entram na cozinha.
CORTA PARA
CENA 12
Sonoplastia: A Name – Laura Peek and the winning hearts.
Tomada do aeroporto de Nova York.
CORTA PARA
CENA 13
Tomada do prédio onde Felícia mora.
CORTA PARA
CENA 14 – APARTAMENTO DE FELÍCIA/QUARTO – INT – DIA

O quarto, decorado em tons de branco e alguns detalhes em
verde, está bem arrumado. Infere-se que ninguém dorme ali há algum
tempo. Corta para a entrada do quarto. FELÍCIA entra, arrastando uma
mala. Ela deixa a mala encostada em um canto e se joga na cama.
Respira aliviada.
FELÍCIA – Amém! Não agüentava mais ficar naquele avião... Que enjôo.
Felícia fica quieta por uns instantes, respirando fundo. Em

seguida, levanta e segue para o banheiro.
CORTA PARA
CENA 15 – APARTAMENTO DE FELÍCIA/BANHEIRO – INT – DIA

Felícia entra, vai tirando a roupa e a jogando pelo chão. A câmera
a acompanha, mostrando apenas do joelho para baixo. Ela entra no box
– só então o cenário é mostrado por completo. Ouve-se apenas o
barulho do chuveiro ligado.
CORTA PARA
CENA 16 – APARTAMENTO DE FELÍCIA/SALA – INT – DIA

Felícia está sentada no sofá, comendo uma barra de chocolate e
com seu laptop no colo. Sua expressão é de contentamento.
FELÍCIA – Ele está vindo pra cá! Finalmente Ed e eu vamos nos

encontrar... Finalmente!
Felícia joga um beijo na direção do monitor. Corta para o monitor,

na qual há uma foto de um homem de aproximadamente 40 anos,
usando terno e gravata.
CORTA PARA
CENA 17 – CASA DE ALIENA/QUARTO DE ALIENA – INT – DIA

Aliena está deitada na cama, com a mesma roupa usada na noite
anterior, acordada e inerte. Teresa entra, tentando fazer o mínimo de
barulho possível.
TERESA – Aliena... Tá acordada?
ALIENA – Aham...
TERESA (senta-se junto de Aliena e começa a alisar seus cabelos) –

Chegou agora?
ALIENA – Não. Cheguei de madrugada.
TERESA – Nossa, parece que você não dormiu direito. (t) Resolveu
aquele problema?
ALIENA – Não sei. Ed e eu brigamos ontem, por isso cheguei antes do

que previa. (t) Acho que acabou tudo, Teresa.
TERESA – Mesmo?
ALIENA (chorando) – Ele disse que nós fomos longe demais, que tudo
estava ficando muito sério... Enfim, que não está preparado para ser
pai.
Teresa respira fundo e abre ligeiramente a boca, como se fosse

dizer algo, mas desiste imediatamente.
ALIENA – Eu não agüento mais isso.
TERESA – Bem... Se você mesma tá dizendo que não agüenta, é melhor

mesmo terminar de uma vez com isso.
ALIENA – Mas eu não queria! Não desse jeito.
TERESA – Mas pensa direitinho. Esse cara mal aparece, e quando

aparece te machuca desse jeito? Se eu estivesse no seu lugar, pulava
fora desse Titanic. Pensa mais em você, nas suas filhas...
ALIENA – Se ele ao menos se preocupasse com a Irina... Mas nem isso.
TERESA – Viu só? Mais um motivo pra acabar com essa história torta de
uma vez por todas.
ALIENA – Eu sei, eu sei. (t) Vou reunir forças para não procurá-lo mais.
E se eu tiver que procurá-lo, vai ser só para dizer a ele que não tem
mais volta.
TERESA – Tá bom... Tá bom. Agora descansa.
Teresa dá um beijo na testa de Aliena, que começa a chorar de

novo, em silêncio. Sonoplastia: Lubit, ne lubit – Natalia Bannova.
CORTA PARA
CENA 18
Tomada aérea do bairro da Madalena, Recife. Sonoplastia: TV a
cabo/o que dá lá é lama – Otto.
CORTA PARA
CENA 19 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – DIA

Emílio está deitado no sofá, lendo um caderno qualquer da Folha

de Pernambuco. Amélia se aproxima sem ser notada e acena
negativamente com a cabeça ao ver o jornal.
AMÉLIA – Que horror. Lendo um negócio desses a essa hora?
EMÍLIO – Lá vem você encrencando de novo por causa do jornal.
AMÉLIA – (brava) Com um jornal horroroso desse tenho que implicar

mesmo. Ah, o Gilson ligou.
EMÍLIO – Dá o telefone aqui.
AMÉLIA – Ele já desligou.
EMÍLIO – E?
AMÉLIA – Mandou confirmar que vinha aqui hoje de noite. (t) Você por
acaso andou convidando o Gilson pra jantar sem me avisar?
EMÍLIO – Bom...
AMÉLIA – Mau!
EMÍLIO – Desculpa, meu amor, eu esqueci...
AMÉLIA – Trate de desconvidar ele agora! Inventa uma desculpa, diz

que a sua mãe morreu, dá um jeito. Mas eu não vou fazer jantar
caprichado em cima da hora!
EMÍLIO (levanta do sofá, e faz Amélia se sentar) – Minha filha, não tá

um pouco cedo demais pra ficar se estressando?
AMÉLIA – É. Pode ir desconvidando ele agora.
Amélia faz menção de sair para pegar o telefone, Emílio a segura.
EMÍLIO – Não precisa se preocupar tanto, Amélia. Tu sabe que o Gilson

é de casa, não tem essas frescuras todas... O que você fizer vai ficar
ótimo!
Amélia não responde e fica olhando em silêncio para Emílio.

Instantes depois, suspira, contrariada, e se levanta.
AMÉLIA – Tá bom! Não discuto mais nada contigo. Vou fazer qualquer
coisa pra esse jantar aí.
EMÍLIO – Dá um sorriso.
AMÉLIA – Pra quê?
EMÍLIO – Só pra eu me certificar que você não tá com raiva.
Amélia dá um sorrisinho falso, depois volta a ficar séria e sai

pisando duro.
CORTA PARA
CENA 20 – AP. DE WALTER/COZINHA – INT – DIA

Walter, Beth, Jéssica e Júnior tomam café da manhã. Enquanto

seus filhos conversam entre si, em tom baixo, Walter parece estar
alheio a tudo. Vai se servir de café e a xícara transborda.
BETH – Walter! Olha só o que você tá fazendo!
WALTER (como que despertando de um ‘transe’) – O que... (olha a

mesa manchada de café) Caramba, foi mal... (começa a tentar limpar)
BETH (o interrompe) – Deixa, deixa que eu limpo, tá? (começa a limpar

a mesa) Tá no mundo da lua hoje, hein?
WALTER – Tava pensando na Teresa.
BETH – Tá, como se ela se importasse com você!
WALTER – Faz um tempo que não tenho notícias dela. Minha irmã mais
nova, pô... Pode ser meio doida, daquele jeito dela, mas é minha irmã!
BETH – Meia irmã! E além disso, ela já tá bem grandinha pra ficar dando
relatório do que faz ou deixa de fazer, não é?
WALTER – Você não entende. Teresa nunca ficou muito tempo sem
mandar nenhum recado que fosse. E se aconteceu alguma coisa ruim
com ela?
JÉSSICA – Ai, pai... Deixa de mau agouro!
WALTER – Só tô sendo realista, minha filha. A sua tia circula muito por
essas salas de bate-papo... Deus sabe o que ela pode encontrar por ali.
Walter bebe um pouco do café.
CORTA PARA
CENA 21 – NY/CASA DE ALIENA/QUARTO DE TERESA – INT –

DIA
Aliena e Teresa assistem a um filme. Aliena ainda parece um
pouco desanimada, enquanto Teresa não pára de falar.
TERESA – Então, eu tava aqui pensando. (t) Eu tô ficando velha.
ALIENA – Não exagera, Teresa.
TERESA – Mas não é por causa das rugas... É por causa do resto,
entende? (espera resposta de Aliena, que permanece quieta) Eu preciso
tomar uma decisão urgente em nome da minha vida futura! Eu preciso
começar a pensar em... Casamento, sabe?
ALIENA – De novo essa história?
TERESA – Mas agora é sério. Eu preciso escolher que rumo vou dar pro
meu futuro, com quem eu vou ficar! (t) E eu tenho dois na minha mão.
Tô com medo de ficar sem nenhum, ou de escolher errado. Porque é
assim...
ALIENA (brava) – Teresa, quer parar? Pelo amor de Deus!
TERESA – Desculpa. Pisei no teu calo, né?

ALIENA – Esquece isso. Vamos continuar vendo o filme.
Teresa fica quieta e volta suas atenções para a televisão.
CORTA PARA
CENA 22
Sonoplastia: TV a cabo/o que dá lá é lama – Otto.
Tomada aérea de Recife. Efeito de transição: tarde/noite.
CORTA PARA
CENA 23 – CASA DE EMÍLIO/COZINHA – INT – NOITE

Amélia está na cozinha com Minerva, preparando o jantar. Mick
entra e dá um beijo em cada uma.
MICK – Quem vem jantar hoje?
MINERVA – O Gilson.
MICK – De novo?
MINERVA – Eita, que exagero. Até parece que ele vive enfiado aqui em
casa.
MICK – Mas esse cara é tão chato, tão chato, que ele vindo aqui é uma
vez pra nunca mais. Por que o pai ainda é sócio dele mesmo?
AMÉLIA – Você não gosta, mas ele e seu pai são amigos. (t) Não que eu
goste dessa idéia, esse homem é muito estranho, mas... Por que você
passou em casa agora? Veio com Miranda?
MICK – Não, eu não tava na lan.
AMÉLIA (larga a colher e começa a dar tapas em Mick) – E você deixou

sua irmã sozinha? No meio daquele monte de homens? Você é louco,
Mickey?
MICK – Calma, mãe! Eu passei lá antes de vir pra cá e tá tudo bem! Ela
chega já, já e eu fico no lugar dela.
AMÉLIA – Queria que vocês todos estivessem nesse jantar. O pai de

vocês ia ficar feliz.
MICK – Mas não vai dar. E eu acho ótimo! Prefiro passar a noite com um
bando de adolescentes fanáticos a passar uma hora com aquela mala.
Agora vou tomar um banho e trocar de roupa pra correr pra lan.
Mick sai correndo. Amélia fica o observando.
MINERVA – Mãe!
AMÉLIA – Eita, a panela!
Amélia volta correndo para o fogão.
CORTA PARA
CENA 24
Tomada aérea da CDU.
CORTA PARA
CENA 25 – BAR DO ABACAXI – INT – NOITE

Catarina, Joyce, Ilma, Alexandre e outros amigos estão reunidos
no bar, bebendo algumas cervejas. Ilma levanta e ergue o seu copo,
quase vazio.
CATARINA – Que é isso? Vai propor brinde de copo vazio?
ALEXANDRE (levanta e enche o copo de Ilma) – Brinde de copo vazio

não vale, amor.
ILMA – Valeu. Eu não ia propor exatamente um brinde, só ia dizer um

negócio, mas já que é assim, vamos ao brinde. (t) Ao nosso terceiro
período, que promete ser o melhor!
TODOS (levantam-se, também erguendo os copos) – Ao melhor!
Alexandre e Ilma se beijam, apaixonados. Corta para Catarina,

que desvia ligeiramente o olhar. Joyce senta ao lado dela.
JOYCE – Ei...
CATARINA – Acho que não tô bem. Preciso ir embora. (levanta e faz

menção de sair)
JOYCE (a segura delicadamente pelo braço, impedindo a saída) – Quer

que eu vá contigo?
CATARINA (se livrando) – Não precisa. Fica aí com a galera, se diverte

por mim.
Os olhos de Catarina se enchem de lágrimas. Joyce percebe.
JOYCE – Tem certeza que não quer que eu vá?
CATARINA – Tenho! Eu preciso ficar sozinha. Não se preocupa.
Joyce sai correndo, sob o olhar estupefato de Catarina. Os outros

também notam a saída.
ILMA – O que houve com ela?
JOYCE – Nada não. Vai ficar tudo bem. (t) Eu acho.
O grupo continua bebendo e conversando.
CORTA PARA
CENA 26 – RECIFE/CDU/RUA – EXT – NOITE

Sonoplastia: Velha página – Rádio de Outono.
Catarina, já afastada do Bar do Abacaxi, anda devagar. Continua
chorando e enxugando as lágrimas com o dorso das mãos. Pára em um
ponto de ônibus onde se encontram poucas pessoas, senta-se e
continua chorando muito.
CORTA PARA
CENA 27 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – NOITE

Emílio, Amélia, Gilson, Michelle e Minerva estão na sala. Apenas
Emílio e Gilson conversam animadamente. Amélia olha insistentemente
no relógio.
AMÉLIA – Cadê essa Miranda que não aparece, meu Deus?
Miranda entra, saltitante e cantando uma música qualquer. Veste

uma roupa colorida e decotada. Todos olham em sua direção.
AMÉLIA – Graças a Deus!
EMÍLIO (com ar de reprovação) – Já disse pra você não sair por aí com
essas roupas.
MIRANDA – Ai, paiê!
EMÍLIO – Vá pro seu quarto, bote uma roupa de moça decente e volte
pro jantar que estamos atrasados.
GILSON (sem tirar os olhos de Miranda) – Se for por mim, não precisa
apressar a menina.
Sonoplastia: Byli Tancy – Byanka.

Miranda lança um olhar de desprezo para Gilson e sobe as
escadas. Gilson acompanha a saída dela com um indisfarçável
movimento de cabeça.
MICHELLE – Algum problema, senhor Gilson?
GILSON (assustado) – Nada! Não é nada. (t) Só tava aqui vendo a

Miranda, a caçulinha, já tá essa mulher feita. Daqui a pouco vai casar,
né, Emílio? (t) Estamos ficando velhos...
MINERVA (baixinho) – Ainda bem que reconhece... Velho babão.
CORTA PARA
CENA 28 – BARNET – INT – NOITE

Sonoplastia: Só chamar – Pedro Mariano.
Movimento fraco na lan house. Mick está diante do computador,
muito concentrado, conversando com Teresa no MSN.
Corta rapidamente para a porta da lan. Alguns rapazes andam de
um lado para o outro, do lado de fora, dando a impressão de estarem
esperando alguém. Em dado momento, olham para dentro da lan.
CORTA PARA
CENA 29 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – NOITE

Miranda desce as escadas, com uma roupa mais composta.
MIRANDA – Prontinho! E não demorei quase nada!
MINERVA – O que é milagre!

EMÍLIO – Agora vamos pra sala de jantar. Acho que todo mundo tá com
fome, não é?
GILSON – Com certeza!
Todos se encaminham para o outro ambiente. Apenas Amélia fica

para trás, procurando alguma coisa. Gilson, o último da fila, olha para
trás e volta, aproximando-se de Amélia com muito interesse. Ela recua
ligeiramente.
GILSON (sedutor) – Estou muito feliz por poder provar mais uma vez da
sua comida.
AMÉLIA (seca) – Já vou avisando que não fiz nada de especial.
GILSON – Mas não precisa. (segura a mão dela) As mãos que a fizeram
já são o que há de especial. (Amélia retira a mão) Como esse Emílio é
sortudo! (t) Mas, pensando bem, também sou um sujeito de sorte, sou
o sócio...
AMÉLIA (brava) – Quer parar com isso?
Amélia tenta falar mais alguma coisa, mas dá um gemido de dor e

leva uma das mãos à cabeça.
GILSON – O que foi? Pelo amor de Deus, não fala nada pro Emílio!
AMÉLIA – Me traz um copo de água, agora!
GILSON – Já, já vou!

Gilson começa a correr pela sala, sem saber para que lado ir.
Emílio entra.
EMÍLIO – O que tá acontecendo? Que demora é essa, Amélia?
GILSON – Eu não sei! De repente ela começou a ter um piripaque aí.
AMÉLIA – Gilson, não precisa mais da água. Já passou.
GILSON – Mesmo?
AMÉLIA – Mesmo.
EMÍLIO – O que foi mesmo, meu amor?
AMÉLIA – Não sei. De repente me deu uma angústia, uma coisa ruim
aqui... Uma vontade de ter o Mickey aqui perto.
EMÍLIO – Mas o menino tá bem, tá trabalhando. Vamos jantar, vamos.
AMÉLIA – Não sem antes eu ligar pra ele.
Amélia pega o celular sobre o sofá e disca.
CORTA PARA

O movimento da lan continua fraco. Mick, ainda entretido com a
conversa, ouve o telefone tocar.
MICK – Só um minuto, Tetê. Vou atender o telefone.
Mick tira os fones de ouvido e pega o celular.
MICK – Oi, mãe!
CORTA PARA

NOITE
Teresa está sozinha na sala, com o MSN ligado. Mostra o monitor,
em cujo primeiro plano está a janela de conversa dela com Mick. Troca
para a janela do Ed. Agora a conversa não acontece com câmeras ou
microfones, apenas por texto. Corta para Teresa, muito concentrada,
digitando. Esboça um sorriso meigo.
CORTA PARA

Mick continua falando no celular, fora de áudio. Corta para a
entrada da lan house. Os rapazes que estavam do lado de fora, ao todo
três, finalmente entram e caminham despretensiosamente pelo lugar,
olhando para os lados, analisando os computadores. Aproximam-se do
balcão. Mick não os vê, pois continua no celular. Um dos rapazes se
afasta dos outros e faz menção de se dirigir ao banheiro, que fica ao
lado esquerdo do balcão. Mick desliga o celular e antes de colocar os
fones, percebe a presença dos dois rapazes.
MICK – Boa noite!

RAPAZ 1 – Qual é o preço da hora?
MICK – Um real e cinqüenta.
RAPAZ 2 – É? Ih... Tá muito caro.
O terceiro rapaz aparece, por trás de Mick, e encosta um revólver

em sua cabeça. Um dos dois que está na frente dele também aponta
uma arma para a cabeça dele e o outro mira para os clientes.
RAPAZ 3 – Fica quietinho, falou? Quietinho!
Close no rosto de Mick, apreensivo.

CORTA PARA

NOITE
Continuação da cena 31. No monitor, vê-se a janela de conversa
de Ed. Muda para a de Mick. Teresa vê Mick com uma arma apontada
para a cabeça. Close em seu rosto assustado.
TERESA – Mein Gott! Mick!
Efeito de encerramento do capítulo.
FIM DO CAPÍTULO 01

Arede 001

Enviado por

Dados do documento

Título original

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Arede 001

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Apresenta

CENA 01 – NY/CASA DE ALIENA/SALA DE ESTUDOS – INT -

TERESA – Não tá na hora de largar um pouco esse computador e dar um

ALIENA – Estou falando com Edward.

TERESA – Você sempre tá falando com ele. Quando vou vê-lo?

ALIENA – Ah, não sei.

TERESA – Não, não é isso que eu quero dizer. Desculpa, mas... Eu tô

ALIENA (brava) – Não muito diferente de você.

TERESA – Mas eu não tenho filhas.

Aliena olha fixamente para Teresa por um instante.

ALIENA – Você tá dizendo que eu não dou atenção às minhas filhas?

TERESA – É isso mesmo.

TERESA (interrompe) – E esse pai vai ser o Edward.

ALIENA (baixinho) – É o que eu quero.

TERESA – O que foi?

TERESA – Nada? Você ficou estranha agora.

ALIENA – Já disse, não aconteceu nada!

Aliena sai, corredor adentro, deixando o computador ligado.

TERESA (correndo atrás dela – travelling) – Aliena, volta aqui! A gente

Aliena entra em seu quarto e tranca a porta. Teresa fica parada

CENA 02 – NY/CASA DE ALIENA/QUARTO DE ALIENA – INT –

Aliena vai até o closet e começa a mexer em suas roupas.

CENA 03 – NY/CASA DE ALIENA/SALA DE ESTUDOS – INT –

rosto sorridente de Teresa. Corta novamente para o monitor. Abre-se

TERESA (sorri, sem graça) – Vocês...

OLGA – Sabíamos que você ia ler.

TERESA (levanta e se dirige a elas) – Meninas, me desculpem... Faz

MARIA – Nem as dele, nem história nenhuma!

MARIA (levanta e faz menção de sair) – Vou chamar a mamãe no

Maria vai entrando pelo corredor. Aliena vem na direção contrária,

ALIENA – Eu sabia que vocês estavam aí.

MARIA – Mamá, vamos fazer uma festa hoje!

ALIENA – Que bom...

TERESA – Aliena, você vai sair?

TERESA – Mas... Agora?

OLGA – Vai mesmo?

TERESA – Você vai resolver o problema com o... Ed?

ALIENA – Vou. Se eu não chegar antes da hora de vocês irem dormir,

Todas ficam em silêncio. Aliena dá um beijo em cada uma das

TERESA (tentando animar) – A gente ainda pode ter a festa!

OLGA (levanta da poltrona, desanimada) – Não quero mais. É melhor ir

TERESA – Boa noite...

Maria e Olga saem, tristes. Teresa volta para o computador.

com alguns rapazes com bastante intimidade. O conteúdo da conversa

MICK (sem desviar as atenções do jogo) – É GTA.

MIRANDA – Sim, um jogo idiota, com uma sigla idiota. Atropelar

MICK – Também não precisa ofender...

MICK – Ela ainda não chegou.

MIRANDA – Então tá explicada a fissura no jogo. Mas olha, já que ela

MICK (pára de jogar e olha para Miranda) – Que negócio?

MIRANDA – E eu sei lá! Tu não me disse nada até agora!

MICK – Ah, lembrei! É o seguinte, Mi. Amanhã eu tô a fim de sair pra

MIRANDA – O que eu ganho com isso?

MICK – A noite livre.

MIRANDA – Ah, encara isso como um negócio próprio, pôxa.

MICK – E você tá muito acomodada, isso sim.

Ouve-se o sinal sonoro do Messenger.

MIRANDA (sorrindo) – Mas é só aparecer uma mocinha bonita chamada

Mick finge que não ouviu e volta suas atenções para o

CENA 06 – NY/CASA DE ALIENA/SALA DE ESTUDOS – INT –

A tela divide-se em duas, mostrando Mick e Teresa. Ambos estão

MICK – Se a senhorita quiser, eu posso tirar o fone e ficamos só

MICK – E em que posição eu tô?