Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TEMPOS IDOS...
Ora, foi numa dessas andanças de feiras e mercados que nos fizemos de
longada até ao Louriçal. Era a festa da Senhora da Boa-Morte, romaria ao tempo
muito concorrida e que a deficiência de transportes e caminhos tornava pouco
frequentada por feirantes.
Há quantos anos lá vai isto? Sei eu bem... Uns trinta e tantos – e se esses
tantos me pudessem ser descontados agora, já me dava por satisfeito.
Alugada a carroça do Catrapus, em meação com segundo interessado, a
possante muar teve que arrastar a carga até ao destino. Não vos vou contar as
peripécias da viagem, onde, nas subidas, «passageiro de tendeira apeia» - e
chegava ao passageiro de primeira... Felizmente, não foi preciso o «passageiro
de terreira» empurrar o rrole... Lá estava na boleia – perdão, na tábua do carro,
que a boleia ia ocupada... – o António, ganapo como eu e filho do dono da
FRADE DIVALDO
COSTUMES E DIÁLOGOS – ASSOCIAÇÃO CULTURAL
burra... Às duas por três - «recolhe as pernas, ó Alfredo» - e zás: uma tropelia, a
mula dava parelha e arrancava com nova gana, com gaudio do condutor e, sem
lamúrias escusadas, com mágoa minha, que fui sempre um amigo dos
irracionais – tantas vezes até dos que usam só duas patas...
Mas, afinal, estou-vos a falar do caminho – e era o que eu não queria...
FRADE DIVALDO
COSTUMES E DIÁLOGOS – ASSOCIAÇÃO CULTURAL
Foi um sucesso. Creio que até as freiras velhinhas, que de várias janelas
sem luz assistiam ao arraial, tiveram de se retirar com receio de que o excesso
de riso as levasse a ferir as regras da civilidade!...
FRADE DIVALDO
COSTUMES E DIÁLOGOS – ASSOCIAÇÃO CULTURAL
FRADE DIVALDO