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A linguístiCA,
texto e o
o
ensino dA línguA
Direção: Andréia Custódio
Capa e diagramação: Telma Custódio
Revisão: Parábola Editorial
A987L
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7934-155-7
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ISBN: 978-85-7934-155-7
© do texto: José Carlos de Azeredo
© da edição: Parábola Editorial, São Paulo, outubro de 2018.
Para Célia Therezinha G. Oliveira
e Maria Helena Marques,
duas grandes mestras que tive na UFRJ
(in memoriam).
sumário
Apresentação.......................................................................................9
um
A linguística, o texto e o ensino da língua:
Notas para um debate............................................................................ 13
dois
Língua e texto: O livro didático de português nos anos
1960 e 1970............................................................................................. 21
três
Construção e funcionamento dos textos:
Conceitos básicos ................................................................................. 35
quatro
Apontamentos para uma filosofia de ensino da língua........ 51
cinco
“Sorria; você está sendo filmado”: As estratégias do dizer....... 65
seis
Construção sintática e coesão lexical................................... 91
sete
O aposto e o intertexto............................................................... 107
7
oito
Leitura e escrita na língua materna: Tarefa interdisciplinar..... 121
nove
Rosa, rosae: Uma estilística da irreverência..................................... 137
dez
De pedras e palavras: O atrito como estética................................ 153
onze
Usos e representações da palavra nas crônicas de
Carlos Drummond de Andrade ................................................ 163
doze
Entre a gaiola e o céu azul: O que é o mundo?........................ 181
Referências...................................................................................... 193
O
modo humano de viver em sociedade é obviamente im-
pensável sem a presença da palavra. Na perspectiva do
senso comum, no entanto, a consciência desse fato se tra-
duz apenas na percepção do papel instrumental da lingua-
gem: as palavras são geralmente percebidas como um meio prático
de ‘dar nomes’ às coisas e aos fatos, com o fim de permitir o exercício
da comunicação entre as pessoas.
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Essa crença deriva, na verdade, de uma outra, mais ampla porém
menos óbvia: a de que o mundo a que nossas palavras fazem referên-
cia se acha organizado como um ‘conjunto de coisas, fatos, sensações’
prontos para receber a respectiva etiqueta. Ou seja, como uma es-
trutura autônoma, independente da linguagem. De acordo com essa
crença, os conteúdos do nosso pensamento seriam apenas reflexos
do mundo, e nossa linguagem não passaria de um simples meio de
pôr rótulos nesses reflexos ou de propiciar sinais para eles.
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Tratam desse tema os seguintes trabalhos, entre outros: Fonseca (1994), Franchi (2006), Ge-
raldi (1996), Mattos e Silva (2004), Neves (2003), Perini (2002), Pagliaro (1967), Possenti (1997).
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Em um pioneiro Livro de composição, Bilac e Bomfim (1930) escreveram: “O aluno pode per-
feitamente estar senhor de todas as regras da gramática, e não saber dizer o que pensa e o que
sente. A gramática seca, abstrata e árida, com que se cansa o cérebro das crianças, não ensina a
escrever.”
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Essa estratégia de trabalho é defendida nos trabalhos de Franchi (2006) e de Fonseca (1997).
Apresentação 11
O sucesso de qualquer empreendimento pedagógico depende de
que os estudantes estejam aptos a ler e escrever com desenvoltu-
ra, competência a ser cultivada ao longo de toda a vida escolar e
que pode ser contínua e eficientemente estendida por duas vias
conjugadas: a reflexão sobre a natureza simbólica da linguagem e
a revelação dos efeitos de sentido de um texto com base em sua
construção formal.
O que move as linhas deste livro é reafirmar a importância da pa-
lavra como eixo de qualquer projeto educacional, uma vez que é
na posse e no exercício da linguagem que se reconhece o traço
essencial do modo humano de ser.
O estudante pode dar um salto qualitativo nos planos intelectual
e cultural ao compreender que, para além de sua utilidade ins-
trumental na atividade comunicativa cotidiana, a língua que ele
fala é uma forma de conhecer, de ser e de atuar no mundo. Nesse
momento, a língua deixa de ser mera herança imposta aos indiví-
duos como membros da comunidade, e é posta a serviço de suas
escolhas e de sua capacidade de criar.
O ensino da língua é a ideia fixa que percorre os doze capítulos
desta obra. Em cada um deles, insistimos na condição que o tex-
to detém de objeto e objetivo do ensino da língua materna. Os
capítulos 1 e 2 focalizam os percursos; os fundamentos (aspectos
teórico-conceituais e metodológicos) são matéria dos capítulos 3
a 8. Os capítulos 9 a 12 são incursões no território da literatura bra-
sileira pelo caminho da língua.