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Os novos imperativos da gestão acadêmica: uma análise dos fatores de

intensificação e precarização do trabalho de professores-gestores em Instituições de


Ensino Superior Públicas de São Luís do Maranhão.

Josane Silva Lima (UFMA – josane.jsl@gmail.com)


Elone Soeiro Barros (UFMA – elone.soeiro@gmail.com)
Ester Nayara da Silva Moura (UFMA– ester.nay@hotmail.com)
Denise Bessa Leda (UFMA – denise.bessa.leda@gmail.com)

Introdução: No cenário atual das Universidades Públicas vivenciamos um profundo


processo de precarização e intensificação do trabalho docente (SGUISSARDI; SILVA
JÚNIOR, 2009). O contingenciamento dos recurso para manutenção e desenvolvimento de
atividades relacionadas a pesquisa e extensão assume grandes proporções. Esse processo
acompanha a agenda neoliberal, imposta pelos Estados Unidos da América que introduz
novos princípios para a nova organização do trabalho e diminuem as fronteiras entre a
organização do trabalho na esfera privada e no âmbito público (MANCEBO, SILVA JÚNIOR;
SCHUNGURENSKY, 2016). A ideologia da excelência e os discursos de autossuperação
aliados a cultura do individualismo assumem o protagonismo nas relações de trabalho
(GAULEJAC, 2007). O advento dessa cultura nos espaços acadêmicos reconfigura as
relações entre os pares (colegas professores e alunos) e entre as as agências reguladoras
e fomentadoras de pesquisa. Frente a isso, encontramos os professores adotando perfis
diferenciados para dar conta das demandas, principalmente os que ocupam cargos de
gestão, por terem que introduzir o discurso do produtivismo através das cobranças aos
pares e a sí. Esses professores precisam atuar como: pesquisadores, assessores de
orientandos, mediadores de conflitos (no programa que coordenam), empreendedores
(caçadores de editais de financiamento), dentre outras facetas que precisam ser
desenvolvidas para dar conta das burocracias. Metodología: Toma-se como referencial
teórico-metodológico o materialismo histórico dialético e a psicodinâmica do trabalho. A
pesquisa desenvolve-se a partir de entrevistas semiestruturadas envolvendo professores
doutores lotados em instituições de ensino superior públicas da capital maranhense,
inseridos em programas de pós-graduação e ocupantes de cargo de gestão. Resultados: A
partir da análise do discurso dos entrevistados, foram identificados os seguintes que
indicam a intensificação e precarização do trabalho desses professores: a) Aspectos da
ideologia gerencialista, tendo como principal característica a captura da subjetividade do
sujeito que tende a naturalizar as exigências advindas da atividade laboral; b) Falta de
infraestrutura das instituições, geralmente representada na ausência e\ou vínculo precário
de pessoal para o secretariado. ; c) Sobrecarga de atividades devido à necessidade de
sanar as demandas da gestão e da docência, a cobrança por habilidades sociais para
solucionar problemas interpessoais e conhecimentos no campo administração financeira
são exemplos disso) . A identificação desses fatores sinaliza a hipervalorização do tempo
de trabalho em detrimento do próprio cuidado pessoal do trabalhador. Em alguns casos
tamanho é o esforço do professor para cumprir as exigências do trabalho que só percebe
que atingiu o seu limite quando quando se instaura uma crise em seu bem-estar (MATTOS;
SCHLINDWEIN, 2015). Haja vista os apontamentos até aqui realizados, assinalamos a
necessidade da ampliação de estudos relacionados a essa categoria de trabalho, para a
promoção de novas práticas de gestão que aliem a execução das atividades a possibilidade
de vivenciar experiências de prazer no trabalho (DEJOURS, 2007).
Referências bibliográficas

MANCEBO, D.; SILVA JÚNIOR, J. dos R.; SCHUNGURENSKY, D.. . A educação superior
no Brasil diante da mundialização do capital. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.
32, n. 04, p.205-225, out. 2016. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/312149699_A_educacao_superior_no_Brasil
_diante_da_mundializacao_do_capital. Acesso em: 10 de Set. de 2018.

DEJOURS, C. A Banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: Editora FGV,


2007.

GAULEJAC, V. Gestão como doença social. Aparecida, São Paulo: Ideias & Letras,
2007.

MATTOS, C. B. M. de; SCHLINDWEIN, V. de L. D. C. Excelência e produtividade: novos


imperativos de gestão no serviço público. Psicol. Soc., Belo Horizonte, v. 27, n. 2, p. 322-
331, Ago. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
71822015000200322&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 07 de jul. 2018.

SGUISSARDI, V.; SILVA JÚNIOR, J. dos R. O trabalho (intensificado) nas


federais: Pós-graduação e Produtivismo Acadêmico. São Paulo: Xamã, 2009.

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