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Abstract. This article aims to outline a structural overview of the teaching of history
in Brazil. Thus, the chronological period is from 1837 – the date of the introduction of
the teaching of history in highs school through the establishment of Colégio D. Pedro
II – until the first years of the 21st century – the height of the institution of the neolib-
eral political program in the teaching of history. The text contextualizes the practice of
history teaching in Brazil. Therefore, it correlates this practice with the various social
contexts that underlie the chronological period covered. It also correlates it with the his-
toriographical approaches whose influences can be seen in the orientation of educational
policies concerning the teaching of history in Brazil. The article claims that there is a fair
synchronization between historiographic trends and the practice of history teaching due
to the mediation of the social contexts in which both spheres are inserted.
1
Professor Adjunto nível I, Universi-
dade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Doutor em História – PPGHIS/UFRJ.
O ensino de História no Brasil: contextualização e abordagem historiográfica
2
As discussões acerca das diversas linhas de abordagem histórica estão distendidas ao longo do artigo e serão realizadas em momento oportuno às suas respectivas contextualizações.
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ensino de história foram pesadamente influenciados pela tórios, a história a ser ensinada deveria incentivar valores
perspectiva de análise marxista, signo da luta de classes e direcionados à preservação da ordem e à obediência à
do materialismo histórico. Por fim, a última conjuntura hierarquia, de sorte que a nação estivesse apta a galgar
de estudo abrange a década de 1990 e os anos iniciais da tranquilamente rumo ao progresso. Nesse ínterim, à
seguinte, tempo em que as influências da globalização, do história caberia a incumbência de situar cada indivíduo
neoliberalismo e da nova história se fizerem sentir no âmbito em seu lugar na sociedade. Uma vez que a nação havia
do ensino de história. sido erigida por grandes homens, restava a cargo de seus
descendentes o “fardo” de conduzir o país em direção ao
progresso. Com o fortalecimento do espírito nacional,
O século XIX: estado-nação
engendrou-se o necessário espaço para a “invenção das
e história historicizante tradições” brasileiras.4 A história ensinada era a história
exclusiva da elite branca, voltada para a Europa e para a
Nas palavras de Christian Laville, “houve um tem- mestiçagem da raça brasileira. A serviço dessa história
po em que o ensino de história nas escolas não era mais punha-se um currículo humanístico, signo da pertença
do que uma forma de educação cívica”. O fito dessa forma à elite. Tematicamente, instruía-se acerca da descoberta
de ensino consistia em sancionar a nação na disposição do Brasil e do processo de independência do mesmo.
em que se encontrava, noutras palavras, legitimar sua O Estado era o monárquico, base da integridade territorial
ordem social e política, além de inculcar nos membros da e fruto de uma grande nação (Bittencourt, 2008, p. 60-79).
nação o orgulho de a ela pertencerem para, então, melhor Consoante os apontamentos acima, não causa estra-
servi-la. A didática do ensino de história se baseava no nheza o fato de o ano de inauguração do Colégio D. Pedro
emprego de uma narração factual seleta, elegendo grandes II ter sido o mesmo da fundação do Instituto Histórico e
personagens, acontecimentos simbólicos e, eventualmente, Geográfico Brasileiro, IHGB. Talvez não seja escusado
mitos fundadores. Esse feitio de ensinar a história declinou aduzir que os membros do IHGB acumulavam as tarefas de
paulatinamente na proporção do entendimento de que a professores do Colégio D. Pedro II, colégio este voltado para
nação já estava suficientemente assentada, de modo a não educar os filhos da corte do Rio de Janeiro – de passagem, o
mais se temer por sua existência (Laville, 1999, p. 126). No IHGB reuniu para si a tarefa de escrever a história oficial do
Brasil, o ensino de história com tais características pode Brasil, aquela responsável por forjar a identidade da nação.
ser datado ao ano de 1837, com o estabelecimento do Segundo Circe Bittencourt, nesse momento se estabeleceu
Colégio D. Pedro II na corte da cidade do Rio de Janeiro. uma sintonia de interesses entre a história acadêmica e a
Naturalmente, uma nação não se “constrói” nem se história escolar (Bittencourt, 2005, p. 30).
“legitima” caso o mesmo não seja feito com seus líderes, Em resumo, a tarefa de “disciplinarização” da histó-
seus patronos e heróis. Elza Nadai chamou atenção para ria relaciona-se visceralmente com os temas mais amplos
o fato de que, no Brasil, o ensino de história nasceu sob a que permeavam o imaginário político europeu ao longo do
égide da elaboração dos agentes responsáveis por formar século XIX, a saber: o debate acerca da nação. Repisando,
a nação, arquitetando um passado habilitado a homoge- no Brasil, uma vez firmado o Estado via proclamação da
neizar e unificar as ações humanas na constituição de uma independência, delineia-se o projeto de configurar um
cultura nacional. Pelo curso natural do destino, caberia à perfil para a “nação brasileira” credenciado a asseverar uma
elite conduzir os rumos da nação em processo de validação identidade própria ao país consoante o contexto do século
(Nadai, 1988, p. 24-25).3 No contexto em questão, dada XIX – papel ao qual se entregam os membros do IHGB:
a relação entre Estado e Igreja, a empresa de se instaurar homogeneizar a visão de Brasil no interior da elite e dela
nos indivíduos uma moral e uma civilidade redundava em para o restante da sociedade. Entrementes, os custos de
uma moral de cunho religioso – católico, para que bem manutenção do IHGB eram inteiramente financiados pelo
se entenda. Exemplo disso assenta-se no fato de que as Estado Imperial, tal qual seu par: o Instituit Historique
discussões sobre a definição e a organização dos currículos de Paris, IHP. Em tempo, o IHGB e o IHP mantiveram
de história incluíam “história sagrada” e “história patrícia” constantes contatos nos primeiros anos após a fundação
(Bittencourt, 2008, p. 60-62; Fonseca, 2003b, p. 42-49). do instituto brasileiro (Guimarães, 1988, p. 5-12).
42 Em fins do século, com o recrudescimento dos Fundado em 1834 – ou seja, apenas três anos antes
debates abolicionistas e o nascer dos movimentos imigra- do IHGB –, o IHP igualmente fora custeado pelo Estado
3
José Francisco da Rocha Pombo – autor de livros didáticos ao longo da segunda metade do século XIX e início do XX – chegou a afirmar que urgia desenvolver nos jovens o
“gosto pela história” como condição para a criação de um “espírito de povo” (Fonseca, 2003b, p. 51).
4
Acerca do conceito de “invenção das tradições” ver Hobsbawm (2008).
francês, acarretando o impulso, por parte do Estado, da no decênio seguinte que quaisquer alterações de maior
pesquisa histórica na França. Dito de outra forma, o discurso monta foram registradas. Uma vez levada a cabo a Revo-
histórico afinava-se ao do Estado. Em França, o papel do lução de 1930, Getúlio Vargas instaurou no final daquele
historiador esteava-se na reconciliação da nação consigo mesmo ano o Ministério da Educação e Saúde, nomeando
mesma, superando as fissuras provenientes dos aconte- Francisco Campos para o cargo de ministro. Por inter-
cimentos de 1789. De mais a mais, deveriam legitimar e médio da reforma educacional promovida por Francisco
instituir a pujante nação como fundadora dos novos tempos, Campos, o ano de 1931 marcou o fim da hegemonia do
sem conflitos ou contradições, e, acima de tudo, caudatária Colégio D. Pedro II à frente do ensino no Brasil. A título
de um povo unificado. A abordagem histórica em posição de exemplo, o D. Pedro II perdeu a prerrogativa de ser o
de sustentar tal projeto veio a ser conhecida como escola único colégio habilitado a emitir o certificado de conclusão
metódica, impropriamente denominada positivista (Dosse, do curso secundário – vale notar que ao longo da Primeira
1992, p. 36-37; Reis, 2000, p. 26). República (1890-1930) o ensino secundário contava com
A escola metódica, nas figuras de Ernest Lavisse, forte atuação da Igreja Católica através de seus colégios de
Charles Langlois e Charles Seignobos – esses últimos dis- cunho religioso. De igual maneira, o ministro da educação
cípulos de Lavisse –, controlou a reforma no ensino superior passou a ser quem estabelecia os currículos e os métodos
francês e modelou a história a ser ensinada nos colégios. Esses de ensino, retirando essa atribuição das escolas secundárias
historiadores formularam os programas e redigiram as obras (Dallabrida, 2009, p. 186; Bittencourt, 2005, p. 31-32).
de história utilizadas no ensino secundário e primário. Suas Responsável por “prescrever a produção de um
obras veneravam o regime político vigente e alimentavam a habitus burguês nos estudantes do ensino secundário”
propaganda nacionalista. Eram autores contrários à teologia (Dallabrida, 2009, p. 189), coube à reforma educacional de
da história de Bossuet, à filosofia da história de Hegel e à 1931 implementar a seriação dos currículos, a frequência
história-literatura de Michelet. De inspiração em Leopold obrigatória dos alunos, a imposição de um regular sistema
Von Ranke, a escola metódica defendia a supremacia dos de avaliação discente e a reestruturação do sistema de
acontecimentos políticos, militares e diplomáticos, sempre vi- inspeção federal (Dallabrida, 2009). No que tange especi-
sando à unidade nacional. Crendo na possibilidade de atingir ficamente ao ensino de história, houve uma retomada da
a “verdade histórica”, essa escola ocupava-se de estudar aquilo concepção de Estado Nacional e da busca por uma iden-
que “realmente se passou”, despindo-se de maiores aportes tidade do povo brasileiro – identidade essa incumbida de
teóricos ao fazê-lo, e reunindo o máximo de documentos ocultar as clivagens sociais candentes na sociedade. A ideia
possíveis acerca de seu tema de análise (Bourdé e Martin, geral consistia no fato de que restava a cargo da elite operar
1983, p. 97-115; Dosse, 1992, p. 38-40; Burke, 1991). as transformações sociais. O povo representava a massa cega
Influenciado por Ranke e pela escola metódica a ser guiada pela elite. Dando seguimento à ascendência
francesa, e sob o auspício do imperador d. Pedro II, Fran- francesa no ensino de história no Brasil, o modelo aplica-
cisco Adolfo de Varnhagen, membro do IHGB, escreveu do é o quadripartite: história antiga, medieval, moderna e
na década de 1850 a sua História geral do Brasil, tendo contemporânea. Empatada num segundo plano, a história
como orientação geral o texto do alemão Karl Von Martius do Brasil é vista em conjunto com a europeia, constituindo
entitulado Como se deve escrever a história do Brasil, de 1847. a disciplina História das Civilizações (Bittencourt, 2005, p.
Lançava-se, então, o texto fundador da identidade brasileira 33-34; Fonseca, 2006, p. 49).
e dos rumos a serem seguidos pela nação. A influência desse Durante o período da ditadura estadonovista
tipo de história – datada e contextualizada – fez-se presente (1937-1945), a propaganda nacionalista espraiou-se tam-
até o alvorecer da década de 1930. Até esse momento, o bém por intermédio do ensino de história. No auge do
IHGB deteria grande autoridade nos ditames a serem governo getulista, o então ministro da educação e saúde
seguidos no ensino de história no Brasil e seria o único Gustavo Capanema empreendeu, em 1942, uma segunda
centro de estudos históricos no país (Reis, 2000, p. 21-51). reforma educacional. O ponto a assinalar é que a história
do Brasil passou a gozar do status de disciplina autônoma.
A primeira metade do século XX: Em se tratando de um governo ditatorial de viés nacio-
nalista, o ensino de história foi revestido com as cores da
estado-controlador e ecos da bandeira, objetivando a conjuração de uma consciência
43
história historicizante patriótica por meio da seleção de episódios significativos e
de grandes nomes do passado. As novas gerações deveriam
Malgrado a década de 1920 ter sido pautada por conhecer seus direitos e, mais importante, seus deveres
discussões acerca da educação brasileira com sobrelevada para com a pátria. Tacitamente, repisavam-se os princípios
atuação da Associação Brasileira de Educação, foi somente da família, da tradição, da nação e da pátria. A colonização
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portuguesa passou a ser criticada, pois responsável pelo A ditadura militar: estado
retardamento do desenvolvimento brasileiro haja vista
suas deficiências e problemas administrativos.5 Pregava- autoritário e atavismo
se a unidade étnica, cultural, administrativa e territorial. historicizante
O índio retratado detinha um ideal medievo, sendo que
fisicamente sua aparência remontava ao homem branco, De acordo com Marc Ferro, “controlar o passado
sem relação com seus descendentes. Iniciava-se a divul- ajuda a dominar o presente e a legitimar tanto as do-
gação de que o índio, ao contrário do negro, não aceitou minações como as rebeldias” (Ferro, 1983, p. 11). Para
a escravidão, pois era uma raça nobre. O negro, por seu tanto, o Estado necessita controlar os meios de ensino
turno, surgia na qualidade de mercadoria e de mão de e de divulgação da história a ser acastelada. Retendo o
obra. Neste cenário, destacava-se a figura do bandeirante, controle sobre esses meios, “cada vez mais eles /o Estado
o grande desbravador e conquistador do país (Bittencourt, autoritário/ entregam a cada um e a todos um passado
2005, p. 34-39; Fonseca, 2001, p. 102-104; Fonseca, 2003b, uniforme. E surge a revolta entre aqueles cuja história é
p. 52-54; Gasparello, 2007, p. 93). proibida” (Ferro, 1983, p. 11). Se, em cada país, há uma
A despeito de a França já estar vivendo a efer- matriz prevalecente da história que marca a consciência
vescência da primeira geração dos Annales e usufruindo coletiva de cada sociedade, então a história que se ensina
da crítica à história historicizante, essa, conforme pode faculta distinguir a identidade de uma dada sociedade
ser percebido acima, ainda se fazia sentir na prática do (Ferro, 1983, p. 12-14). Em sociedades traumatizadas por
ensino de história no Brasil.6 Não por nada, os marcos rupturas abruptas ou violentos atos de guerra, os vitoriosos
fundadores da história seriam todos da ordem do político, apressam-se em reescrever a história “oficial” do ocorrido a
a saber: revolução francesa (levando a tiracolo a revolução fim de legitimar suas ações e melhor ordenar a sociedade,
industrial), a independência do Brasil e a proclamação da intentando suprimir revoltas e contestações. Largos são
república. Civilização e progresso em oposição ao atraso os exemplos.
e à barbárie (Fonseca, 2006, p. 50). Com o fim da 2ª Grande Guerra Mundial, o alto
Consoante Jaime Pinsky, até a década de 1940, comando aliado proibiu temporariamente o ensino de
a história não “criava contradições muito profundas na história na Alemanha, na Itália e no Japão, programando
cabeça dos alunos” (Pinsky, 1988, p. 17), pois somente a a substituição do conteúdo a ser ministrado em sala de
partir de fins dessa década e início da outra foi que a classe aula. O mesmo se passou na Rússia pós-Glasnost e na
popular começou a ter acesso ao estudo – tal fenômeno Ucrânia desde o início da liberalização do domínio sovi-
esteve em diapasão com o contexto industrial brasileiro, ético. O capitalismo, de um sistema exploratório cruel e
que passou a demandar uma mão de obra alfabetizada insensível, passou a alternativa para um futuro brilhante.
e técnica hábil a dar continuidade ao desenvolvimento A velha história historicizante voltou à baila com o des-
econômico e ao progresso do país. Ao término da década membramento da Iugoslávia em oito novos países no
de 1950 e alvorecer da seguinte, arborescia uma mudança alvorecer da década de 1990. Com o fim do Apartheid
de perspectiva proveniente de exigências de operários, em 1990, debateu-se sobre contar uma história “branca”
estudantes e classe média. Reivindicava-se um ensino de ou “negra” (Laville, 1999, p. 130-133). No Brasil, com a
história que fornecesse aos alunos elementos de autonomia deflagração do Golpe de 1964, o ensino de história no
intelectual frente aos desafios econômicos impostos pelo país viveria uma considerável revisão em seu conteúdo
setor empresarial e pelas políticas desenvolvimentistas. O programático. De resto, houve um recrudescimento da
cidadão político deveria aliar conhecimentos da história influência da história historicizante nos livros didáticos e
política aos da história econômica como base para melhor na orientação histórica escolar. Tudo voltado para o em-
compreensão do grau do desenvolvimento capitalista prego dessa disciplina na tentativa de legitimar o estado
brasileiro. Caio Prado Júnior, Celso Furtado e Karl Marx de exceção do regime militar.
foram alguns dos autores que entraram na ordem do dia. As metas para o ensino de história no posterior ao
Todavia, o Golpe de 1964 suprimiu as iniciativas e o ano de 1964 estavam amplamente vincadas pelo ideário
ensino voltou a ser de grandes homens e grandes feitos, de segurança nacional e desenvolvimento econômico,
44 somando ao violento cunho alienador (Pinsky, 1988, dois dos principais pilares de sustentação da doutrina de
p. 17-18; Bittencourt, 2008, p. 82-83). governo dos militares. Com as reformas educacionais de
5
Cumpre lembrar, a este respeito, que também em 1942 Caio Prado Júnior publicava sua seminal obra Formação do Brasil contemporâneo, dando especial enfoque à deficiência
do sistema administrativo empregado pelos portugueses na colonização do Brasil.
6
Sobre a primeira geração dos Annales ver Burke (1991) e Dosse (1992). Para a crítica concernente à história historicizante ver principalmente Simiand (2003 [1903]).
1968 – ano da decretação do Ato Institucional número didáticos passaram a ser subsidiados. Em resultado, houve
5 – e de 1971,7 o ensino de história é efetivamente voltado uma considerável expansão da indústria editorial sob a
para atender aos interesses do Estado ditatorial. A história regência do Estado. Massificado, o livro didático passou
historicizante ressurge ativamente, reforça-se a perspectiva a ser utilizado em grande escala nas escolas. Por seu turno,
do ensino centrado nos capítulos da história européia, as editoras publicavam livros que estivessem em sintonia
da linearidade cronológica de ocorrência políticas – bio- com os programas curriculares oficiais do MEC, esse
grafia nacional retratada no descobrimento do Brasil, no controlado pelo Estado ditatorial. A ampla circulação do
processo de independência, na abolição da escravidão, na livro didático não significou uma maior democratização
proclamação da república e na revolução de 1930 – e do do saber. Pelo contrário, em harmonia com os currículos
emprego dos acontecimentos factuais e das bibliografias oficiais, o livro didático se tronou um canal privilegiado
dos grandes personagens. A título de exemplificação, a para a difusão de saberes históricos de interesse do Estado
sacralização de Tiradentes – herói, mártir e atormentado (Fonseca, 2003a, p. 50-53).
por seus algozes – foi ainda mais empregada nos livros Em nível historiográfico, na década de 1970 o
didáticos ao longo da década de 1960 (Fonseca, 2003a, debate acerca da história regional ganhou fôlego e pas-
p. 15-16; Fonseca, 2001, p. 91-92; Vesentini, 1982). Ao sou a dominar os principais cursos de pós-graduação no
aluno caberia localizar e interpretar fatos de acordo com Brasil. Nas escolas, a orientação do governo caminhava
a orientação do Estado e acriticamente. A história, feita no sentido de regionalizar os currículos, incentivando a
por poucos e para poucos, além de suprimir o indivíduo do produção de livros didáticos na linha da história regional.
cenário nacional, justificava tal exclusão na medida em que Defendia-se que esse método de ensino estava mais em
se revelava incapaz de levar o sujeito a sentir-se cidadão e concordância com a realidade social do aluno. Todavia, em
lutar por seus direitos sociais e políticos. A ordem social termos de ensino fundamental e médio, a história regional
difundida pela disciplina seria aquela sem conflitos e sig- acabava por “dificultar a apreensão do processo histórico
no do progresso (Fonseca, 2003a, p. 90; Fonseca, 2003b, na complexidade de seu movimento e de seus conflitos”
p. 56-58). (Gasparello, 2007, p. 89-91).8 Os próprios alunos passa-
Corolário das reformas de 1968 e 1971, disciplinas ram a reclamar um ensino de história que estivesse em
como Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização conexão com seu presente e sua realidade social. Por via
Social e Política do Brasil (OSPB) vincularam o ensino de de regra, os livros didáticos não ultrapassavam os marcos
história à moral, implementando atos cívicos no cotidiano da Revolução de 1930 e da 2ª Grande Guerra Mundial
do ensino de forma a confundi-los com o próprio ensino (Cabrini, 1986, p. 21). Concomitante ao reforço da história
de história do Brasil. Essas disciplinas visavam eliminar historicizante pelo Estado autoritário, dava-se a aplicação,
as divergências e tornar homogêneo o poder dominante. mesmo enviesada, da história regional no ensino a nível
Para além, reduziam os conceitos de moral, liberdade e escolar. Malgrado, somente na década de 1980 houve um
democracia aos de civismo, subserviência e patriotismo. significativo rompimento com a história historicizante
Não é despropositado sublinhar que o pano de fundo caudatária do século XIX.
social nesse momento era marcado pelo recrudescimento
da repressão, o início dos chamados “anos de chumbo” A década de 1980: estado
cujo slogan enunciava: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Nesse
mesmo contexto, houve um esforço no sentido de suprimir redemocratizado e história
as ciências humanas do ensino de 2º grau em favor do marxista
ensino profissionalizante. Como consequência, a carga
horária da disciplina história sofreu uma drástica redução Com a redemocratização em 1985, inaugurava-se
(Bittencourt, 2008, p. 83-84; Fonseca, 2003a, p. 17-22; o “tempo do repensar”. A disciplina história deixava de
Neves, 1985, p. 5-7). ajustar-se aos interesses do Estado autoritário para ser
A ampla divulgação e a introdução dessa histó- prostrada ao serviço da sociedade democrática. “Preparação
ria nas escolas se deu por meio do emprego de livros dos cidadãos para uma sociedade democrática” (Fonseca,
didáticos. Em 1967, o Estado isentou o imposto para a 2003a, p. 91), tornar o recém cidadão capaz de intervir
produção de livro, papel, jornal e revista. No governo do e transformar a realidade brasileira. Esses eram, então,
general Humberto de Alencar Castelo Branco, os livros os novos objetivos da velha disciplina. A organização do 45
7
Urge frisar que ambas as reformas foram precedidas por acordos entre o MEC (Ministério da Educação e Cultura) e o USAID (United States Agency for International Develop-
ment), os quais rezavam apoio técnico e financeiro para a realização das referidas reformas (Nogueira, 1999).
8
Consoante Gasparello, a história regional a nível escolar tem a vantagem de aproximar o aluno de seu cotidiano, de sua família e de si mesmo como sujeito histórico. Porém,
esse regionalismo deve necessariamente ser relacionado com seu contexto, com seu processo histórico e sua realidade social (Gasparello, 2007, p. 98).
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ensino de história não mais consistia em celebrar grandes pois a mesma era dada, não havendo descontinuidade.
feitos e personagens, mas sim em discutir os problemas Tal orientação marxista chegou aos livros didáticos tanto
da realidade social vivida. Incorporaram-se sujeitos e em Minas Gerais, como em outros estados. Em verdade,
ações marginalizados pelas políticas educacionais oficiais. tratar-se-ia de uma orientação conceitual dos autores
Cindiu-se o mito do progresso como algo positivo e ao longo da década de 1980, figuras que enxergavam no
destino indelével da nação. A linearidade não mais ditava marxismo uma ferramenta de combate à ditadura e à sua
o tempo histórico, que largou de ser um acúmulo dos herança (Munakata, 2005, p. 280-281; Fonseca, 2003a,
acontecimentos políticos da história europeia. A relação p. 92; Fonseca, 2003b, p. 63).
entre passado, presente e futuro sofreu alteração dada Presente nas abordagens dos textos produzidos em
a inserção do ensino por meio de novos temas e novos âmbito acadêmico desde a década de 1950 – principal-
problemas. A influência americana com seu currículo – mente no que respeita às esferas da história econômica,
instrumento de transmissão estática e “desinteressada” do da história social e da história política –, o marxismo pode
conhecimento social – cedeu lugar ao currículo europeu ser detectado no ensino de história em diferentes níveis
norteado por situar-se em seu contexto social e cultural, desde fins da década de 1970, sendo que sua influência
sempre dinâmico e em constante mudança (Gasparello, é percebida ainda hoje. Orientados consoante os modos
2007, p. 87-88; Fonseca, 2003a, p. 91-95). de produção e as lutas de classes, os indivíduos eram si-
Nesse contexto, novos alunos oriundos da classe tuados de acordo com seus lugares não necessariamente
trabalhadora com novas realidades sociais demandavam na sociedade, mas no desenrolar do processo produtivo
uma revisão da estrutura escolar, temática e pedagógica. – burguesia ou proletariado, grosso modo. Com a maior
A história foi chamada a exercer a função de crítica da incidência de historiadores como Edward Palmer Thomp-
sociedade, atenta aos seus conflitos e às suas diferenças, in- son, Christopher Hill, Eric Hobsbawm, dentre outros,
clusive às diferenças de classes. Defendia-se a atuação das o olhar foi paulatinamente desviado para a importância
camadas menos favorecidas enquanto sujeito da história. dos movimentos sociais no interior da história (Fragoso e
Discursava-se em prol da universalização dos direitos dos Florentino, 1997, p. 27-44; Castro, 1997, p. 45-60; Falcon,
homens, que, em função do exercício do Estado ditatorial, 1997, p. 61-90; Bittencourt, 2008, p. 146).
há muito já estavam cônscios de seus deveres. A ordem Em fins da década de 1980, o marxismo perdeu es-
do dia era pautada pela noção de que, sem os direitos dos paço na academia em detrimento da nova história francesa
homens reconhecidos e garantidos, não haveria demo- característica da 3ª Geração dos Annales e da história social
cracia, sem a qual não haveria deslanche para os conflitos inglesa. O impacto se fez sentir nas escolas somente a par-
sociais. A democracia era entendida como a sociedade tir da década de 1990. Contudo, ao término dos anos 80,
dos cidadãos. Todavia, essa cidadania era uma cidadania os professores já incutiam nas aulas temas característicos
de cunho marxista. O aluno, um ser social completo e da cultura e orientavam os alunos a perceberam a história
não apenas uma tábula rasa, um indivíduo que, além de com novos olhos. Nas palavras de Maria Aparecida Neves,
estudar e aprender, igualmente era sujeito da história “não com a visão de um passado-passado, importante
com concepções prévias dos fatos históricos e com vida apenas na composição da linha evolucionária da humani-
externa aos muros escolares, encerrava um cidadão que dade, mas de um passado-presente, que explique processos
viria a desenvolver uma consciência social e de classe, e aparentemente contraditórios” (Neves, 1985, p. 7-9). O
que desempenharia o papel do trabalhador apto a realizar nascedouro da década de 1990 marcou o alvorecer de um
transformações sociais e políticas (Bittencourt, 2005, ensino de história mais maduro, renovado e em perfeita
p. 13; Fonseca, 2003a, p. 93-111; Fonseca, 2003b, p. 60-61). sintonia tanto com as concepções teórico-metodológicas
A título de exemplo, em 1986, a Secretaria da da academia, como com o contexto político global.
Educação de Minas Gerais promoveu uma reformulação
educacional estabelecendo, assim como em outros estados,
um currículo de história moldado nas forjas do marxismo.
As décadas de 1990 e 2000:
A evolução da história respondeu às etapas sucessórias dos estado neoliberal e nova história
modos de produção. De resto, conceitos como formas de
produção, relação de produção, forças produtivas tam- Em 1983, Jörn Rüsen teceu comentário acerca
46
bém deviam constar no conteúdo a ser ensinado. Sendo da importância do cotidiano do historiador no processo
a noção evolutiva da história parelha à noção evolutiva de conhecimento histórico. Conforme o autor, “não se
do marxismo, os “países e povos que viveram processo pode de forma alguma pensar um processo histórico
e ritmos diferenciados são automaticamente excluídos de conhecimento em que o próprio sujeito do conheci-
do edifício da história universal” (Fonseca, 2003a, p. 44), mento deixasse de debruçar-se sobre si mesmo”. Dando
prosseguimento, tal reflexão seria tanto mais precisa e Cumpre ressalvar a respeito dessa nova roupagem
útil quanto mais completo fosse o conhecimento acerca do ensino de história que o contexto em voga na década
da realidade, donde a importância do cotidiano do histo- de 1990 e alvorecer da seguinte refletia a implementação,
riador (Rüsen, 2001, p. 25). Conceição Cabrini transpôs no Brasil, das ideias neoliberais. Nesses termos, em 1996
o cerne da noção acima à prática de ensino de história o então presidente Fernando Henrique Cardoso tratou de
ao defender que a história ensinada em fins da década de promover sua reforma educacional, sancionando a Nova
1970 e início da seguinte acabava por excluir a realidade Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Grosso modo, de-
do aluno, desprezando quaisquer experiências históricas fendia-se o direito básico e universal do acesso à educação.
por ele vividas e impedindo-o de aferir conclusões pró- Passado menos de um ano, o governo ratificou os Parâ-
prias acerca da história em geral e da sua em particular metros Curriculares Nacionais, um esforço no sentido de
(Cabrini, 1986, p. 21). unificar e padronizar os currículos. Tanto a NLDB como
O alerta de Cabrini foi ouvido fundamentalmente o PCN propunham lidar com a multiplicidade de culturas
a partir do decênio de 1990, quando a influência da nova atuantes no Brasil, respeitando as diversidades étnicas,
história característica da 3ª Geração dos Annales e da his- regionais e sociais, concomitantemente à elaboração de
tória social inglesa saiu do âmbito exclusivo da academia uma base nacional comum que servisse ao processo edu-
para marcar com precisão o âmbito do ensino de história. cacional. Seguindo a cartilha da Organização das Nações
A história não mais se movia por intermédio da luta de Unidas, o PCN pregava uma cultura da paz e da tolerância
classes, assim como os modos de produção deixaram de e defendia uma cidadania igualitária com base na noção de
marcar as etapas de seu processo evolutivo. Noutras pa- grupo social. Tencionava-se abordar a pluralidade cultural
lavras, o marxismo perdeu sua primazia – malgrado não com o fito de criticar o “mito da democracia racial” de Karl
ter sido, em absoluto, banido da esfera do ensino escolar. Von Martius. Visto como marca da identidade nacional
Novos temas foram introduzidos nos livros didáticos e brasileira, a pluralidade cultural reconhecia e valorizava
nos currículos de história, tais como: cotidiano, família, a contribuição dos vários grupos minoritários estabeleci-
lazer, sexualidade, gênero, feitiçaria, inquisição, vida pri- dos no Brasil. A questão de fundo é: “como realizar uma
vada, infância, memória, mentalidade, imaginário, cultura seleção de conhecimentos ‘representativa’ dos diversos
material, dentre outros (Le Goff, 1998; Fonseca, 2006, setores e visões sociais que respeitasse (sic!) e valorize as
p. 86-93; Fonseca, 2003b).9 diferenças culturais dos alunos?” (Gontijo, 2003, p. 63-69;
Com a introdução dos temas acima, o ensino de Fonseca, 2003a, p. 26-35). Mais detidamente no que tange
história angariou a tarefa de capacitar o aluno a questio- à disciplina história, Selva Fonseca chamou atenção para
nar sua própria historicidade e refletir sobre a natureza um importante aspecto dessa nova orientação educacional.
histórica do mundo, noutros termos, torná-lo crítico. Nas palavras da autora:
O conhecimento prévio do aluno assumiria, então, im-
portância crucial – referência seja feita à proposta de Jörn [...] a ideia de que se deve aceitar tudo, estudar tudo,
Rüsen. Apto a pensar a história e não apenas decorar valorizar tudo, sugerindo o velho chavão “tudo é his-
nomes e datas, o aluno deveria, pois, defender suas ideias tória”, ou mesmo uma volta do presentismo10 em nome
e, mais importante, deter a habilidade de modificá-las do respeito, da valorização dos interesses e da vivência
quando pertinente. No transcurso de volver o aluno à dos alunos, pode conduzir à diluição do objeto da dis-
sua condição de sujeito histórico, urgia torná-lo capaz ciplina. Em decorrência, há uma restrição do acesso ao
de compreender como se dão os processos de construção conhecimento histórico (Fonseca, 2003a, p. 35).
dos significados sociais. Lato sensu, o professor deveria
investigar as concepções prévias do aluno e seus saberes Outra crítica contundente desferida contra essa
acerca do tema para, dessa forma, ser capaz de relacioná- fragmentação da história a nível colegial foi formulada
lo com os conhecimentos históricos, os quais iriam, ao por Maria de Lourdes Janotti, para quem a estrita leitura
menos em tese, interagir com os conhecimentos do aluno sobre a nova história francesa ignorou o peso da política
e produzir algo novo. Tudo isso tendo o cuidado de evitar no ensino de história e na história do Brasil, com que
que o aluno fosse envolto em um completo relativismo então se dispensou demasiada atenção à história imediata
(Seffner, 2000, p. 271-274). e do tempo presente. Na visão da autora, as propostas
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Outra influência de método perceptível foi a da história oral. Fernando Seffner, por exemplo, em um texto de 2000 – momento em que a história oral já se encontrava bastante
difundida no meio acadêmico nacional – sugeriu que se discutisse com alunos a elaboração de roteiros de entrevista acerca de um tema histórico qualquer. Esse exercício de
entrevista poderia ser realizado com pais, parente ou pessoas envolvidas com o tema de pesquisa abordado – a ditadura militar, a título de ilustração (Seffner, 2000, p. 279).
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O presentismo remonta a uma linha de pensamento característica dos historiadores ingleses e franceses das décadas de 1930-1950. Nos anos setenta, Paul Veyne dirigiu forte
crítica a essa matriz de pensamento (Bourdé e Martin, 1983, p. 199).
História Unisinos
Carlos Leonardo Kelmer Mathias
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Carlos Leonardo Kelmer Mathias
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
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