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Research, Society and Development, v. 9, n.

6, e17963227, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i6.3227
Estudo de características físico-químicas e qualidade de água sendo uma amostra de
poço e uma de cisterna
Study of physical-chemical characteristics and water quality with a well sample and a
cistern sample
Estudio de las características fisicoquímicas y la calidad del agua con una muestra de
pozo y una muestra de cisterna

Recebido: 25/03/2020 | Revisado: 30/03/2020 | Aceito: 05/04/2020 | Publicado: 09/04/2020

Fellype Diorgennes Cordeiro Gomes


ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5757-019X
Universidade Federal de Pernambuco, Brasil
E-mail: fellypediorgennes22@gmail.com

Resumo
Neste trabalho, realizou-se um estudo da qualidade da água de um poço e uma cisterna da
região de Campina Grande-PB. As amostras coletadas foram encaminhadas ao Laboratório de
controle de qualidade de água e efluentes do SENAI- CTCC Albano Franco. Foram realizadas
as análises físico-químicas, foram determinados, pH, turbidez, cor, cloro residual livre, dureza
total, cloreto, e sólidos dissolvidos totais. A classificação da potabilidade da água baseou-se
nos parâmetros físico-químicos da portaria 2.914 de dezembro de 2011, do Ministério da
Saúde, onde os resultados obtidos apontaram que as amostras não estavam aptas para o
consumo humano. O objetivo foi avaliar e comparar os parâmetros físico-químicos de
amostras de águas de um poço e de uma cisterna localizado na cidade de Campina Grande,
Paraíba, tais como: pH, turbidez, cor, cloro livre, cloretos, dureza total e sólidos dissolvidos
totais, caracterizando nosso estudo como quanti-qualitativa.
Palavras-chave: Poço; Cisterna; Qualidade da água.

Abstract
In this work, a study was carried out on the water quality of a well and a cistern in the region
of Campina Grande-PB. The collected samples were sent to the Water and Effluent Quality
Control Laboratory at SENAI-CTCC Albano Franco. Physical-chemical analyzes were
performed, pH, turbidity, color, free residual chlorine, total hardness, chloride, and total

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dissolved solids were determined. The classification of water potability was based on the
physical-chemical parameters of ordinance 2,914 of December 2011, from the Ministry of
Health, where the results obtained indicated that the samples were not fit for human
consumption. The objective was to evaluate and compare the physical-chemical parameters of
water samples from a well and a cistern located in the city of Campina Grande, Paraíba, such
as: pH, turbidity, color, free chlorine, chlorides, total hardness and dissolved solids totals,
characterizing our study as quanti-qualitative.
Keywords: Well; Tanker; Water quality.

Resumen
En este trabajo, se realizó un estudio sobre la calidad del agua de un pozo y una cisterna en la
región de Campina Grande-PB. Las muestras recolectadas fueron enviadas al Laboratorio de
Control de Calidad de Agua y Efluentes en SENAI-CTCC Albano Franco. Se realizaron
análisis físico-químicos, se determinó el pH, la turbidez, el color, el cloro residual libre, la
dureza total, el cloruro y los sólidos disueltos totales. La clasificación de la potabilidad del
agua se basó en los parámetros físico-químicos de la ordenanza 2.914 de diciembre de 2011,
del Ministerio de Salud, donde los resultados obtenidos indicaron que las muestras no eran
aptas para el consumo humano. El objetivo fue evaluar y comparar los parámetros físico-
químicos de las muestras de agua de un pozo y una cisterna ubicadas en la ciudad de Campina
Grande, Paraíba, tales como: pH, turbidez, color, cloro libre, cloruros, dureza total y sólidos
disueltos. totales, caracterizando nuestro estudio como cuantitativo-cualitativo.
Palabras clave: Bueno; Cisterna; Calidad del agua.

1. Introdução

Sabendo que o território brasileiro contém cerca de 12% de toda a água doce do
planeta, compreendendo 200 mil micros-bacias espalhadas em 12 regiões hidrográficas, como
as bacias do São Francisco, do Paraná e a Amazônica (a mais extensa do mundo e 60% dela
localizada no Brasil). É um enorme potencial hídrico, capaz de prover um volume de água por
pessoa 19 vezes superior ao mínimo estabelecido pela Organização das Nações Unidas
(ONU) – de 1.700 m³/s por habitante por ano, apesar disso, características geográficas de cada
região e as mudanças de vazão dos rios, que ocorrem devido às variações climáticas ao longo
do ano, afetam a distribuição (Brasil, 2020).

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Uma das regiões mais afetadas é o semiárido essa é representada por um quinto do
território brasileiro, localizado no Nordeste, abrangendo os estados do Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, nos quais
vivem 8,6 milhões de pessoas na zona rural, de um total de 18,5 milhões. Ela é pobre em
volume de escoamento de água oriundos dos rios, fato ocasionado pela variabilidade temporal
e pelas características geológicas dominantes, que resulta em poucos rios perenes (Cirilo,
Montenegro & Campos, 2010). Dentre os estados podemos citar a Paraíba que passa pelo
grave problema da seca durante um tempo para os dias atuais, com isso, os reservatórios
marcam um dos mais baixos dos últimos anos, causando a alteração das características físico-
químicas da água.

Entre as diferentes maneiras de se adquirir água, podemos destacar as águas


subterrâneas provenientes de poços rasos, essas que tem sido cada vez mais utilizada para o
consumo humano (Blank, et al., 2014). Portanto além de ser economicamente viável, ela é
uma fonte de abastecimento indispensável para as populações que não tem acesso a rede
pública de abastecimento de água. A água destinada ao consumo humano tem prioridade aos
demais usos e como não a encontramos pura na natureza, esta deve passar por um conjunto de
etapas denominado tratamento de água, a fim de que possamos utilizá-las, sem que represente
risco à saúde. O tratamento de água ocorre conforme a portaria de N° 2.914/2011 cujos
parâmetros físico-químicos determinam as características de potabilidade necessárias para que
a água chegue até à população de uma maneira mais segura e confiável. Periodicamente, a
água deve ser analisada para verificar sua potabilidade. Essa análise é de extrema importância
pois detecta concentrações anômalas de determinado elemento que podem causar prejuízos à
saúde pública e ao meio ambiente.

O presente trabalho tem como objetivo avaliar e comparar os parâmetros físico-


químicos de amostras de águas de um poço e de uma cisterna localizado na cidade de
Campina Grande, Paraíba, tais como: pH, turbidez, cor, cloro livre, cloretos, dureza total e
sólidos dissolvidos totais, caracterizando nosso estudo como quanti-qualitativa.

2. Metodologia

As coletas das duas amostras foram realizadas de forma adequadas dos reservatórios,
localizado na cidade de Campina Grande-PB, após coleta as amostras foram armazenadas

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adequadamente e posteriormente levadas ao laboratório de água e efluentes do Centro de
Tecnologia do Couro e Calçado Albano Franco, SENAI–PB.
Os parâmetros avaliados foram de pH, cor, turbidez, cloro residual livre, dureza,
cloreto e sólidos totais dissolvidos, sendo realizados de acordo com suas metodologias: na
verificação do pH, a metodologia utilizada foi a eletrométrico – NBR 14339: 1999. Para a cor
a metodologia utilizada foi a comparação visual. Já para verificação da turbidez a
metodologia utilizada para esse parâmetro foi a turbidímetro. Na determinação do cloro
residual livre a método foi o método Argentométro-NBR 5759: 1975. Na dureza total, o
método utilizado foi da titulação com EDTA NBR 12621: 1992. Para determinação do
cloreto, foi utilizado o método Argentométrico NBR 5759: 1975. O método utilizado para
sólidos totais dissolvidos é gravimétrico NBR 100664: 1989. Em seguida os valores obtidos
foram comparados com os valores estabelecidos pela portaria 2.914/11 do Ministério da
Saúde (Brasil, 2020).

3. Resultados e Discussão

A qualidade da água pode ser representada através de inúmeros parâmetros que


inserem as características físico-químicas. Para que a água seja considerada potável, estes
parâmetros deverão estar de acordo com a portaria 2.914/2011, que apresenta as normas e o
padrão de potabilidade da água destinada ao consumo humano. Os resultados obtidos através
das análises físico-químicas das amostras de água de poço e cisterna estão descritos na Tabela
1.

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Tabela 1: Parâmetros físico-químicos da água de cisterna e água de poço.

Parâmetros Portaria 2.914/2011 Cisterna Poço

Físico- químicos

pH 6- 9,5 7,65 7,18

Cor Até 15 uH 20 5

Turbidez Até 5 UT 1,3 0,94

Cloro residual livre Até 5 mg/L 0,59 0

Dureza total Até 500 mg CaCO3 372 284

Cloreto Até 250mg/L 675 465

S.T.D. Até 1000 mg/L 1.324 1.054

Fonte: Elaboração própria

De acordo com a Tabela, os valores de pH, tanto da amostra de cisterna quanto da de


poço, encontra-se dentro da variação permitida pela legislação. Verifica-se que o valor de pH
da água de cisterna e da água de poço estão na zona da neutralidade. Esses valores encontram-
se em conformidade com a portaria 2.914/2011. Podemos perceber que os valores para
turbidez, cloro e dureza total estão dentro dos parâmetros aceitos por essa portaria.

No entanto, a amostra de cisterna, no parâmetro cor, apresentou 33,3 % a mais do


permitido pela legislação. Esta coloração na água pode ser resultado da presença de
substâncias dissolvidas ou em suspensão de acordo com a quantidade e a natureza do material
presente, principalmente, por processos de decomposição que ocorrem no meio ambiente.
Além disso, pode ser ter cor devido à presença de alguns íons metálicos, como ferro e
manganês como apontam Gauto e Rosa (2013, p. 28-29).

O parâmetro cloreto, em ambas as amostras, apresentou elevado teor, 170% para


cisterna e 86% de poço a mais em comparação com o parâmetro limite. De acordo com a
OMS (2011, p. 223), altas concentrações de cloreto dão um sabor salgado à água e às bebidas.

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Os limiares de sensibilidade de sabor para o ânion cloreto depende de qual cátion ele se unirá
e são de ordem 200-300 mg/l para o cloreto de sódio, de potássio e de cálcio. Concentrações
acima de 250 mg/l são facilmente detectadas pelo paladar [...].

Além disso, as duas amostras apresentam uma quantidade de sólidos totais dissolvidos
(STD) superior ao permitido, caracterizando água salobra. De acordo com a OMS (2011, p.
423), a escassez de pesquisas confiáveis sobre os efeitos associados com a ingestão de STD
na água não estão disponíveis, de qualquer forma, a presença de elevados índices pode ser
questionada pelos consumidores.

4. Considerações Finais

Com base nos resultados, conclui-se que as propriedades físico-químicas da água da


cisterna analisada apresentaram cor, cloreto e sólidos totais dissolvidos superiores aos
permitido pela legislação para potabilidade, enquanto, para a água de poço foram superiores
os valores de cloreto e sólidos totais dissolvidos tornando inviáveis para o consumo humano.
A água de cisterna tem um agravante por constituir percentual maior em ferro
promovendo cor de elevada intensidade e uma quantidade de cloretos e STD promovendo
sabor salgado para amostra.

É essencial que essas amostras sejam encaminhadas para uma estação de tratamento de
água (ETA’s) para remoção e/ou diminuição desses elementos indesejados para torna-se
potável para consumo humano. Além disso, para que se possa entender melhor as variações
dos parâmetros físico-químicos de cisterna e de poço das amostras estudadas, recomenda-se
um estudo de monitoramento que forneça dados de análises em diferentes períodos do ano.

Infelizmente, apesar de muitos estudos demonstrarem a necessidade de análise das


águas, proveniente de poço e de cisterna para se verificar sua potabilidade, muitas
comunidades, principalmente no semiárido, não possuem condições de enviar amostras
periodicamente para laboratórios nem acesso às ETA’s. Assim, políticas públicas de acesso à
água potável tornam-se essenciais para promoção da saúde da população de lugares afetados
pela estiagem que necessitam fazer uso de cisternas e de poços para captação e consumo de
água.

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Referências

Blank, et al. (2014). Caracterização Físico-Química e Microbiológica de Água de Poços


Rasos do Bairro Três Vendas, Pelotas-RS. Vetor, 2-17.

Brasil. Portaria nº 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde. Dispõe sobre os


procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade.

Cirilo, J.A.; Montenegro, S.M.G.L.; Campos, J. N. B. (2010). A questão da água no semiárido


brasileiro, 83.

Gauto, M; Rosa, G. (2013). Química Industrial. Porto Alegre: Bookman.

Brasil. Programa Água Doce. MMA, Brasília, 2020. Recuperado em 05 de março de 2020, de
http://www.mma.gov.br/agua/agua-doce .

World Health Organization, Guidelines for drinking-water quality. 4th ed. 2011. Recuperado
em 05 de março de 2020, de
https://www.who.int/water_sanitation_health/publications/2011/dwq_guidelines/en/

Porcentagem de contribuição de cada autor no manuscrito


Fellype Diorgennes Cordeiro Gomes – 100%

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