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Trabalho

EXPERIÊNCIAS
HUMANAS

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UNIP
Universidade Paulista

Trabalho Sobre:
EXPERIÊNCIAS HUMANAS

Matéria: Biodireito e Ética


Professora: Maria Helena
Alunos:
ADILSON TOMAZ 617.476-0
ALEXANDRE FABIANI COSTA 672.437-0
ANA PAULA CARAZZATTO 670.278-3
BRUNA HELENA BENTO 314.581-6
CARLOS RAFAEL FREITAS VILARINO 703.678-7
CRISTINA DE SOUZA 706.496-9
DALMO FILIGOI 675.164-4
DANIEL LADISLAU WOZNIAK 674.845-7
GUSTAVO DE ALMEIDA DUARTE 938.457-0
JONATHAN AMADEU DOS SANTOS 943.381-3
JONATHAS CARLOS V. 645.774-6
JULIANA DA SILVA 632.797-4
LUCIANA DE MELO NASCIMENTO 670.455-7
MARCELO AUGUSTO PEREIRA 707.705-0
MAYARA RODRIGUES COSTA 943.823-8
MIGUEL COLOSSO D. 661.589-9
MURILO DE CARVALHO 706.216-8
RAFAEL RODRIGUES DE ARAUJO 314.927-7
RAFAEL VILANI DA SILVA 615.672-0
RICARDO JOSÉ QUEIROZ 704.841-6

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ROGERIO RIBEIRO BERTOLINO 701.969-6

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SUMÁRIO
TRIBUNAL DE NUREMBERG ................................................................................................ 4

ACUSADOS E SUAS PENAS ................................................................................................ 5

CODIGO DE NUREMBERG(Tribunal Internacional de Nuremberg - 1947) .......................... 9

EXPERIENCIA COM SERES HUMANOS ............................................................................. 11

ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS ......................... 11

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ..................................................................... 11

RISCOS E BENEFÍCIOS ...................................................................................................... 12

PROTOCOLO DE PESQUISA .............................................................................................. 12

COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP) ........................................................................ 12

COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA (CONEP) ............................................ 13

ÁREAS TEMÁTICAS ESPECIAIS ......................................................................................... 13

ENGENHARIA GENÉTICA ................................................................................................... 15

ENGENHARIA GENÉTICA EM EMBRIÃO HUMANOS ........................................................ 15

POLÊMICAS ......................................................................................................................... 16

MANIPULAÇÃO DOS GENES DOS EMBRIÕES ................................................................. 16

ENGENHARIA GENÉTICA E DIREITO ................................................................................ 16

ENGENHARIA GENÉTICA – Destaque para os Alimentos Transgênicos ............................. 17

ENGENHARIA GENÉTICA – LEGISLAÇÃO ........................................................................ 17

PATENTES DE MATERIAL GENÉTICO ............................................................................... 19

CLONAGEM .......................................................................................................................... 25

TIPOS DE CLONAGEM......................................................................................................... 25

RISCOS.................................................................................................................................. 28

BENEFICIOS.......................................................................................................................... 28

PRIMEIRO CLONE HUMANO................................................................................................ 30

PARECER JURÍDICO SOBRE CLONAGEM HUMANA........................................................ 31

CONTRAS DA CLONAGEM .................................................................................................. 33

CONSIDERAÇÕES.................................................................................................................... 34

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Tribunal de Nuremberg

Durante a Segunda Guerra Mundial, os aliados e representantes dos governos


exilados da Europa ocupada encontraram algumas vezes para discutir sobre o
tratamento pós-guerra a ser dado aos líderes nazistas. Inicialmente, muitos dos
aliados consideraram seus crimes além do alcance da justiça humana -- que aquele
fato era político, antes de ser uma questão legal.

O presidente Winston Churchil, por exemplo, disse em 1944 que eles deveriam
ser "perseguidos e arruinados". Os franceses e os soviéticos apoiavam as execuções
sumárias. Os americanos propugnavam por um julgamento.

Em Agosto de 1945, os Britânicos, Franceses, Americanos e Soviéticos se


encontraram em Londres e assinaram um acordo que criou o Tribunal de Nuremberg,
oficialmente o Tribunal Militar Internacional, a acertaram as regras para o julgamento.
A Carta de Londres do Tribunal Militar Internacional tem uma característica salutar:
evitado usar palavras como "lei" ou "código", num esforço para lidar com uma questão
delicada como um julgamento a ser realizado ex post facto.

A Carta de Londres definiu as regras dos processos de julgamento e definiu os


crimes a serem tratados. Eles não foram definidos com o termo "crime de
organizações", embora seis organizações foram indicadas na Carta. Essa Carta
definiu os crimes contra a humanidade como "assassínio, exterminação, escravização,
deportação, e outros atos inumanos cometidos contra alguma população de civis antes
ou durante a guerra, ou perseguição política, racial, ou religiosa a grupos em execução
ou em conexão com alguns crimes da jurisdição do Tribunal Militar Internacional com
ou sem violação da lei doméstica do país onde perpetrarem."

Os réus desse julgamento foram acusados não só de terem exterminados


milhões de pessoas, mas também por terem planejado e espalhado a guerra na
Europa.

O Tribunal Militar Internacional combinou elementos do direito Anglo-


Americano e das leis civis do continente europeu.

O Tribunal de Nuremberg, em 9 de dezembro de 1946, julgou vinte e três


pessoas, vinte das quais médicos, que foram consideradas como criminosos de guerra
, devido aos brutais experimentos realizados em seres humanos. O Tribunal demorou
oito meses para julgá-los. Em 19 de agosto de 1947 o próprio Tribunal divulgou as

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sentenças, sendo que sete de morte, e um outro documento, que ficou conhecido
como Código de Nuremberg. Este documento é um marco na história da humanidade,
pois pela primeira vez foi estabelecida uma recomendação internacional sobre os
aspectos éticos envolvidos na pesquisa em seres humanos.

Acusados e suas penas

O tribunal de Nuremberg decretou 11 condenações à morte, 3 prisões perpétuas, 2


condenações de 20 anos de prisão, uma de 15 e outra de 10 anos. Hans Fritzsche, Franz von
Papen e Hjalmar Schacht foram absolvidos.

Nome Cargo Condenação

Martin Bormann Vice-líder do Partido Nazista e secretário particular do Führer Morte (in absentia)

Karl Dönitz Sucessor de Hitler e comandante da Armada Alemã 10 anos

Hans Frank Governador geral da Polônia Morte

Wilhelm Frick Ministro do Interior, autorizou as Leis de Nuremberg Morte

Hans Fritzsche Ajudante de Joseph Goebbels no Ministério da Propaganda Absolvido

Walther Funk Ministro de Economia Prisão perpétua

Morte (suicidou-se
Comandante da Luftwaffe, Presidente do Reichstag, Sucessor na prisão 2 horas
Hermann Göring
de Hitler e Ministro de Prússia. antes de ser
enforcado)

Rudolf Hess Vice-líder do Partido Nazista Prisão perpétua

General Alfred Jodl Chefe-de-Operações da OKW Morte

Ernst Kaltenbrunner Chefe da Oficina Central de Seguridade do Reich (RSHA) Morte

Wilhelm Keitel Comandante-em-Chefe da Wehrmacht Morte

Gustav Krupp Industrial que usufruiu de trabalho escravo Sem condenação

Suicidou-se na
Robert Ley Chefe do Corpo Alemão de Trabalho
prisão

Konstantin von Ministro de RREE, Protetor da Bohemia e Morávia 15 anos

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Neurath

Franz von Papen Ministro e vice-chanceler Absolvido

Erich Raeder Comandante-chefe da Armada Alemã Prisão perpétua

Joachim von
Ministro das Relações Exteriores Morte
Ribbentrop

Ideólogo do racismo e Ministro do Reich para os Territórios


Alfred Rosenberg Morte
Ocupados do Leste

Fritz Sauckel Diretor do programa de trabalho escravo Morte

Hjalmar Schacht Ex-presidente do Reichsbank Absolvido

Baldur von Schirach Líder da Juventude Hitleriana 20 anos

Arthur Seyss-
Líder da anexação da Áustria e Gauleiter dos Países Baixos Morte
Inquart

Albert Speer Líder nazista e Ministro de Armamentos 20 anos

Julius Streicher Chefe do periódico antisemita Der Stürmer Morte

Centenas de médicos devem ter atuado nos campos de concentração.


Segundo Andrew Ivy, pelo menos setenta participaram dos experimentos com seres
humanos, sendo que apenas vinte foram processados, todos de menor expressão.
Todos os demais já haviam fugido ou sido recrutados para trabalharem em outros
países.

Na Alemanha Nazista, os médicos alemães planejavam e promulgavam


programas em favor da "Eutanásia" e o sistema de morte para aqueles considerados
"improdutivos para a vida". Entre as vítimas, incluíam-se os retardados mentais, os
doentes mentais em instituições e os fisicamente prejudicados. Durante a Segunda
Guerra Mundial, os médicos alemães conduziam experimentos da medicina
pseudocientífica utilizando-os em centenas de pessoas dentre os prisioneiros dos
campos de concentração sem seus consentimentos. Muitos morram ou ficaram
permanentemente aleijados com os resultados. Muitas das vítimas eram Judeus,
Poloneses, Russos, Romanos e Egípcios.

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Mas, sem sombra de dúvidas, o primeiro julgamento dos principais crimes de
guerra dos Alemães em Nuremberg foi feito por um tribunal militar internacional
formado pelos quatros aliados, quais sejam: Inglaterra, França, Rússia e os Estados
Unidos, sendo por isso um julgamento bastante tendencioso.

Durante mais ou menos dez meses, acusadores das quatro potências


vitoriosas -- Estados Unidos, Inglaterra, França e Rússia -- julgaram vários casos de
crimes de guerra contra cerca de 22 líderes nazistas. E tentando fixar a culpa dos
alemães, os acusadores acusaram os réus por conspiração, lançamento de uma
agressiva guerra e por terem cometido crimes de guerra e contra a humanidade.

No final, três dos réus foram absolvidos. Oito receberam sentença de longa
prisão e o resto foram sentenciados a morte. Às 10:45 da noite do dia 15 de outubro
de 1946, Hermann Goering ludibriou um carrasco com uma cápsula de cianeto, duas
horas antes de começar as execuções.

O julgamento de Goering, Rudolf Hess, Albert Speer e de outros foram


parcialmente mostrados e provocaram um grande esforço para a criação de uma nova
lei internacional em face aos crimes que negam o progresso da civilização. Com
alguma extensão, esse julgamento refletiu em sentimentos otimistas para a criação da
Organização das Nações Unidas. Foi um grande esforço político para encontrar uma
justiça humana de bom tamanho para os crimes que foram tão horríveis contra a
humanidade.

Este foi o julgamento de século. Nas palavras de Norman Birkett, que serviu
como um juiz Britânico alternativo: "Este foi o maior julgamento da história."

Nuremberg não chegou a cumprir a brilhante promessa -- um tribunal internacional


permanente para os crimes de guerra. Vários esforços vem sendo feitos nesse meio
século seguinte, mas todos foram perdendo o vigor. Apenas recentemente, com o
estabelecimento do Tribunal Internacional Criminal das Nações Unidas que está
dirigindo-se para os crimes de guerra na anterior Iugoslávia e Ruanda, tem os ideais
sentados nas formas tangíveis que foram deixadas por Nuremberg. Porém, as
diferenças entre Tribunal Penal Internacional e Nuremberg são muitas.

O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPI) foi criado pelo


Conselho de Segurança das Nações Unidas, em maio de 1993, com o objetivo de
julgar os responsáveis por sérias violações aos direitos humanos - isto é, à Convenção
de Genebra de 1949 -, como genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade.

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Há uma tendência de comparar o TPI com o Tribunal Militar Internacional de
Nuremberg (TMI), criado após a 2ª Guerra Mundial para julgar os crimes cometidos
pelos nazistas. Existem pontos comuns entre eles, mas as diferenças também são
grandes.

O TPI é uma corte internacional civil, estabelecida pela ONU, enquanto o TMI,
instalado em Nuremberg, era uma corte militar, criada pelos quatro países vencedores
da guerra como parte de um acordo militar. Na época de Nuremberg, havia um
vencido e alguns vencedores, o que não ocorreu na ex-Iugoslávia. Quando Nuremberg
foi criado, os aliados controlavam inteiramente a situação, o que facilitou a reunião das
provas, a audiência das testemunhas e a detenção dos acusados. Quando o tribunal
foi instalado, a maior parte dos acusados já estava presa, o que não ocorreu com o
TPI, que até agora só conseguiu prender 10 dos 77 indiciados, sendo que um deles se
apresentou por vontade própria, Tihomir Blaskic, cujo processo está em pleno
andamento.

Em Nuremberg, as provas documentais eram consideradas mais importantes


do que os testemunhos. Hoje, no TPI, a dificuldade de obter provas documentais é
muito maior, razão pela qual a importância dada às testemunhas é considerável.

Além disso, o TPI só pode julgar os crimes cometidos no território da ex-


Iugoslávia. Em Nuremberg, o TMI podia julgar todos os crimes cometidos, sem limite
geográfico. No Tribunal de Nuremberg foram julgados indivíduos e organizações
criminosas, enquanto o TPI só julga indivíduos. Como a palavra genocídio não havia
ainda aparecido, o TMI de Nuremberg julgou crimes contra a lei de guerra, contra a
paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Atualmente, no caso da ex-Iugoslávia, o TPI julga, além dos crimes contra a lei
de guerra, as violações graves da Convenção de Genebra, genocídio e os crimes
contra a humanidade, mas não os crimes contra a paz.

Outra diferença entre os dois tribunais é a tipificação do estupro, que não era
considerado crime pelo Tribunal de Nuremberg, além da tortura e da detenção da
população civil. Já no TPI de Haia esses atos se enquadram inteiramente nos crimes
contra a humanidade quando são cometidos em tempos de guerra, como foi o caso na
ex-Iugoslávia.

Finalmente, concluímos que relembrar o Tribunal de Nuremberg é manter a


memória da humanidade. É trazer para o momento atual o debate destes aspectos

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que, infelizmente, nem sempre são lembrados, com o objetivo de prevenir que
situações como estas não ocorram novamente.

Código de Nuremberg

Tribunal Internacional de Nuremberg - 1947

O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial. Isso


significa que as pessoas que serão submetidas ao experimento devem ser legalmente
capazes de dar consentimento; essas pessoas devem exercer o livre direito de
escolha sem qualquer intervenção de elementos de força, fraude, mentira, coação,
astúcia ou outra forma de restrição posterior; devem ter conhecimento suficiente do
assunto em estudo para tomarem uma decisão.

Esse último aspecto exige que sejam explicados às pessoas a natureza, a


duração e o propósito do experimento; os métodos segundo os quais será conduzido;
as inconveniências e os riscos esperados; os efeitos sobre a saúde ou sobre a pessoa
do participante, que eventualmente possam ocorrer, devido à sua participação no
experimento. O dever e a responsabilidade de garantir a qualidade do consentimento
repousam sobre o pesquisador que inicia ou dirige um experimento ou se compromete
nele. São deveres e responsabilidades pessoais que não podem ser delegados a
outrem impunemente.

O experimento deve ser tal que produza resultados vantajosos para a


sociedade, que não possam ser buscados por outros métodos de estudo, mas não
podem ser feitos de maneira casuística ou desnecessariamente.

O experimento deve ser baseado em resultados de experimentação em


animais e no conhecimento da evolução da doença ou outros problemas em estudo;
dessa maneira, os resultados já conhecidos justificam a condição do experimento.

O experimento deve ser conduzido de maneira a evitar todo sofrimento e danos


desnecessários, quer físicos, quer materiais.

Não deve ser conduzido qualquer experimento quando existirem razões para
acreditar que pode ocorrer morte ou invalidez permanente; exceto, talvez, quando o
próprio médico pesquisador se submeter ao experimento.

O grau de risco aceitável deve ser limitado pela importância do problema que o
pesquisador se propõe a resolver.
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Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o participante do
experimento de qualquer possibilidade de dano, invalidez ou morte, mesmo que
remota.

O experimento deve ser conduzido apenas por pessoas cientificamente


qualificadas.

O participante do experimento deve ter a liberdade de se retirar no decorrer do


experimento.

O pesquisador deve estar preparado para suspender os procedimentos


experimentais em qualquer estágio, se ele tiver motivos razoáveis para acreditar que a
continuação do experimento provavelmente causará dano, invalidez ou morte para os
participantes.

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EXPERIENCIA COM SERES HUMANOS

Temos no Brasil, atualmente, mais de 400 comitês institucionais de ética em


pesquisa (CEP), o que significa, minimamente, 4.000 pessoas diretamente envolvidas
no processo de avaliar projetos de pesquisa realizados no país.

A experiência brasileira nesse campo tem sido exemplar, pois conseguimos


estruturar um sólido sistema de proteção aos sujeitos de pesquisa que está fundado
na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos

Para que determinada pesquisa seja aceitável, certas exigências éticas


fundamentais e científicas devem ser respeitadas.

Será considerada pesquisa e estará submetida à Resolução 196/96 todo


procedimento em seres humanos, seja de que natureza for, de aceitação ainda não
consagrada cientificamente.

Consentimento livre e esclarecido

Tem como objetivo principal a proteção destes indivíduos, não sendo, como o
consentimento informado usado no passado, um instrumento de defesa do
pesquisador e instituição diante de conseqüências negativas da pesquisa. Não é
infalível, principalmente em um país como o nosso em que a grande maioria dos

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sujeitos de pesquisa é extremante vulnerável por suas condições sociais, culturais e
econômicas desiguais. Apesar disto, foi um grande avanço e tem sido útil se utilizado
da forma correta.

Riscos e benefícios

A presença de risco é uma característica inerente às pesquisas em seres


humanos. Este risco pode ser individual, coletivo, imediato, tardio, físico, psíquico,
dentre outros, contudo sempre existirá em menor ou maior grau. Assim sendo, é
aceitável quando a finalidade de determinada pesquisa justificá-lo, da seguinte forma:

 Se a pesquisa oferecer elevada possibilidade de entendimento,


prevenção ou alívio do problema que afeta o sujeito.
 Se for de grande importância o benefício esperado.

 Se o benefício for igual ou maior que aquele de outra alternativa já


estabelecida.

Caso um dano ou risco não identificado surja em determinada pesquisa, não


tendo sido previsto no termo de consentimento, o estudo deve ser interrompido.

Protocolo de pesquisa

Todo protocolo deve apresentar os dados do pesquisador, instituição e da


pesquisa, além da fundamentação científica que a justifique, com análise crítica dos
riscos e benefícios. O pesquisador deve assumir, também, o compromisso de cumprir
a Resolução 196/96 e de tornar os resultados de sua pesquisa públicos, mesmo que
sejam desfavoráveis.

Comitês de ética em pesquisa (CEP)

Com a Resolução 196/96 surgiram os Comitês de Ética em Pesquisa (CEP)


institucionais, multidisciplinares na sua composição, com a função de analisar as
pesquisas em seres humanos nas diversas áreas de conhecimento, bem como
fomentar discussão sobre bioética.

São atribuições dos CEP:

 Revisar os protocolos de pesquisa, resguardando a integridade e direito


dos voluntários.

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 Emitir parecer enquadrando o protocolo em: aprovado, com pendência
(60 dias), retirado, não aprovado, aprovado em encaminhado ao
CONEP nos casos relativos às ÁREAS TEMÁTICAS ESPECIAIS
(discutidas abaixo).

 Acompanhar o desenvolvimento do projeto.

 Ser consultivo e educativo, fomentando a reflexão sobre ética na


ciência.

 Receber denúncia e decidir o destino da pesquisa.

A interrupção de uma pesquisa sem justificativa aceita pelo CEP é considerada


conduta não ética.

Comissão nacional de ética em pesquisa (CONEP)

É a instância superior aos CEP, vinculada ao Conselho Nacional de Saúde


(CNS), de natureza consultiva, deliberativa, normativa, educativa e independente.
Também composta de forma multi e transdisciplinar por 13 membros sendo cinco
personalidades destacadas no campo da ética e saúde e oito personalidades de
atuação outras áreas.

Áreas temáticas especiais

Genética humana

 São vedadas, em seres humanos, quaisquer atividades de manipulação


do genoma humano que envolva células responsáveis pela formação
dos gametas (células germinativas), bem como, células com
capacidade para formar células germinais ou diferenciar-se em um
indivíduo (células tronco).
 Não é permitida a clonagem de um ser humano a partir de uma célula
(clonagem radical).

Reprodução humana

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Com objetivo de complementar as Diretrizes de Normas Regulamentadoras de
Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, o Conselho Nacional de Saúde, aprovou a
Resolução 303/00, relativa à área de reprodução humana.

Fármacos, vacinas e testes diagnósticos.

Nela é definida como pesquisa com novos fármacos, medicamentos, vacinas


ou testes diagnósticos, todos os estudos com estes produtos em fase I, II, III e, ainda,
fase IV quando abordar aplicação diferente daquela já estabelecida. Estas fases,
definidas na Resolução do GMC, são:

 Fase I - pesquisa em pequeno grupo voluntário.


 Fase II - estudo terapêutico piloto para se estabelecer segurança e
relações dose-resposta.

 Fase III - estudo terapêutico ampliado (ensaio clínico randomizado)


explorando a relação risco-benefício e valor terapêutico relativo.

 Fase IV - pesquisa pós-comercialização do produto, a fim de, na grande


população, estabelecer-se o valor terapêutico e novas reações
adversas.

Esta resolução apresenta aspectos de fundamental importância relativos aos


direitos e proteção do sujeito da pesquisa.

Populações indígenas

A preocupação com a vulnerabilidade do índio e de sua cultura e o interesse


crescente em pesquisas com populações indígenas, muitas delas isoladas, fez com
que esta área obtivesse tratamento especial, com resolução complementar (Resolução
N° 304/00). Esta coloca de forma bem clara a necessidade de que a pesquisa respeite
os aspectos culturais peculiares, não admitindo exploração das comunidades
indígenas.

Pesquisas coordenadas do exterior ou com participação estrangeira

Os países em desenvolvimento têm se tornado, cada vez mais, local de


pesquisa dos grandes laboratórios multinacionais. A Resolução N° 292/99 foi criada
visando regulamentar esta prática. Nela é colocada a necessidade de que o ônus e
benefícios sejam distribuídos de forma justa entre as partes envolvidas. Fica, também,

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estabelecida a obrigatoriedade da aprovação da pesquisa pelo comitê de ética do país
de origem e, se não desenvolvida nesse país, a razão para tal de ser apresentada ao
CONEP para análise.

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Engenharia Genética

Engenharia Genética e Modificação Genética são termos que se referem ao


processo de manipulação dos genes num organismo, geralmente fora do processo
normal reprodutivo dele.

A Engenharia Genética oferece a partir do estudo e manuseio bio-molecular a


obtenção de materiais orgânicos e sintéticos foi este processo de indução da
modificação genética que permitiu que a estrutura de seqüências de bases completas
DNA fossem decifradas , facilitando então a clonagem dos genes.

Exemplos de produtos oriundos das técnicas de Engenharia Genética:

→ A Insulina;

→ Algumas proteínas do sangue: A Albumina e o Fator VIII;

→ Alguns tipos de ativadores das defesas orgânicas para o tratamento


do Câncer, como o fator necrosante de tumores;

→ A criação de vacinas sintéticas contra Malária e Hepatite B;

→ Vacinas que se preparam com vírus infecciosos, onde pode existir o


risco de vazamento incontrolado.

● Engenharia Genética em Embrião Humano

Já se pode escolher o sexo dos bebes e selecionar embriões sem distúrbios


graves. Daqui a algum tempo será viável até alterar as suas características genéticas.
Para o bem ou para o mal, a humanidade esta se tornando capaz de decidir como
serão os novos habitantes do planeta.

Isso é bom para a Humanidade?

→ Escolha do seco das crianças:

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Contra: Pode ocorrer um desequilíbrio entre homens e mulheres,
aumentando o número de uns ou de outros.

Pró: Se a população de um dos gêneros começar a diminuir,


teoricamente, ele passará a ser mais valorizado, voltando-se ao equilíbrio.

● Polêmicas

Pela sua natureza, o desenvolvimento da engenharia genética convive com


problemas legais e éticos. Um dos principais fatores que exigem um controle rígido
pela sociedade organizada e tem gerado polêmicas ético-morais, é a manipulação do
Genoma de seres vivos com fins eugênicos, ou seja, a de depuração da espécie.
Outro caso é a retirada de células tronco de embriões humanos, principalmente
contrariada por religiões, que consideram o ato uma agressão a vida.

Apesar do assunto “eugenia” sempre por a tona o aspecto negro da


manipulação genética, seria esta talvez uma forma de eliminarmos de vez doenças
sem cura por serem doenças genéticas. Por exemplo, as doenças virais podem ser
tratadas com antibióticos, mas uma doença genética não tem cura, e a única solução
para essa doença seria necessariamente a eliminação de seus genes causadores.

● Manipulação dos Genes dos Embriões

Contra: Há risco de alguém tentar criar uma “raça superior”, com características
que se acreditam ser melhores do que outras da espécie humana. Sabe-se pouco da
modificação dos genes, por isso, ela pode trazer conseqüências imprevisíveis para a
humanidade.

Pró: É uma possibilidade bastante remota, já que todas as pesquisas de hoje


se voltam para questões da saúde.

● Engenharia Genética e Direito

A engenharia genética, como o ramo das ciências biológicas que mais se


desenvolveu nessas últimas décadas, tem chamado a atenção do mundo para as suas

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revolucionárias descobertas, justificando a consideração de ser o Saber do Século
XXI.

Da concepção à vida natural, e desta, à morte já não satisfaz ao processo


investigativo da ciência que, se não consegue resolver o problema da morte, parece
ter entendido que só se atinge o ponto de chegada, necessariamente, fixando o ponto
de partida, alterando o foco de sua aventura, concentrando esforços, agora, para a
produção de vidas humana, animal e vegetal, manipuladamente.

● Engenharia Genética: Destaque para os alimentos transgênicos

São alimentos cuja semente foi modificada em laboratório. Essa semente é


modificada para que as plantas possam resistir às pragas de insetos e a grandes
quantidades de pesticida.

Podem causar riscos ambientais, aparecimento de ervas daninhas resistentes


a herbicidas; a poluição dos terrenos e lençóis de água com agro-tóxicos; a perda da
fertilidade natural dos solos e da biodiversidade.

● Engenharia Genética – Legislação

Constituição Federal, art. 225, §1º, II.

Estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades


que envolvam organismos geneticamente modificados.

Lei 8.974, de 5/1/95 - Lei da Biosegurança.

Regulamenta os incisos II e V do parágrafo 1º do citado artigo constitucional,


estabelecendo normas para uso das técnicas de engenharia genética e liberação no
meio ambiente de organismos geneticamente modificados.

Lei 11.105, de 24/03/2005.

Art. 1º - Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de


fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a
transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a
comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de
organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como

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diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a
proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da
precaução para a proteção do meio ambiente.

• O patrimônio genético poderá estar comprometido se não houver na


engenharia genética uma manipulação ou utilização consciente, sadia, correta,
legal e ética dos recursos que o compõem. Por isso a comunidade científica, o
Poder Público e os cidadãos conscientes devem ficar atentos e fiscalizar a
aplicação das novas técnicas da engenharia genética, seus resultados e
produtos, bem conhecer os termos de sua tutela jurídica e utilizar dos
mecanismos legais de proteção através da ação civil pública, em se
constatando cientificamente perigo ou dano ao meio ambiente. Aí pode ter
aplicação um dos mais importantes princípios do direito ambiental: o princípio
da precaução.

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PATENTES DE MATERIAL GENÉTICO

Lei nº. 9.279/96 de 14 de maio de 1996

Regula direitos e obrigações relativos à propriedade intelectual.

O que é patente?

É um título outorgado pelo Poder Público a um inventor para que esse tenha
exclusividade na exploração de sua invenção impedindo que outrem a explore sem
sua anuência.

Nos movemos dentro de uma ordem normativa concreta (o direito de patentes).


Esta ordem normativa - tanto no plano descritivo quanto conceitual - é particular para
cada país em razão de que existe o direito de propriedade industrial como direito
interno.

Assim, com respeito aos requisitos objetivos de patenteabilidade, (art. 8º da Lei


nº. 9.279/96) a novidade da invenção, a necessária utilidade industrial e o mérito
inventivo constituem, com mínimas diferenças, pressupostos gerais para a concessão
de patentes em todos os países.

Isto sustenta a idéia de tratar o sistema de patentes como um sistema universal


permitindo que se possam emitir a seu respeito julgamentos comuns, sem prejuízo de
considerar os detalhes particulares que matizam os regimes nacionais ou
comunitários.

Toda lei, toda norma jurídica pode e deve estar vinculada à ética. O direito,
sem dúvida, como sistema normativo que ordena uma sociedade, deve expressar, ou
estar fundado, em princípios morais.

As considerações baseadas em fatores ético-legais permeiam toda a estrutura


normativa do sistema de patentes e jogam um papel decisivo no seu posterior
desenvolvimento previsto pela legislação e a jurisprudência.

Os argumentos bioéticos específicos também ocupam um lugar dentro do


sistema de patentes e influem nas limitações sobre patenteamento e no alcance da
proteção.

Existem diversas teorias dirigidas a justificar o sistema de patentes (criação


legislativa por princípio), com enfoques econômicos, sociais e políticos, todos os quais
se relacionam com julgamentos éticos.

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Assim, argumenta-se que o inventor é dono do seu invento, sobre o qual tem
um direito de propriedade natural que deve ser reconhecido pela sociedade. Ao
conceder-se o direito de exclusividade - que em última análise implica a patente - o
Estado não faz outra coisa que exercer um ato de justiça em relação ao proprietário do
invento que o é por direito natural.

A partir de outro enfoque tem-se pretendido dar um fundamento ao direito do


inventor através da justiça contratual: o inventor revela o conteúdo da sua invenção
beneficiando a sociedade com o progresso técnico e a sociedade, em contrapartida,
lhe outorga o direito à exploração com exclusividade por um tempo limitado, conforme
o art. 5º, XXIX da CF: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes: XXIX – a lei assegura aos autores de inventos industriais
privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País”.

Outra abordagem tem buscado a fonte destes direitos na teoria do incentivo. A


sociedade tem interesse em desenvolver estas técnicas e, como incentivo, premia com
o direito de patente a quem as efetiva. Desta forma, a atividade científico-tecnológica é
incentivada pelo Estado através do conteúdo econômico do direito do inventor.

Há uma componente moral em cada uma das construções elaboradas para


justificar estes direitos monopólicos, em definitivo, o direito de exclusividade do qual
goza o titular de uma patente: é um monopólio restringido.

Os requisitos de novidade, mérito inventivo e aplicação industrial não só


consagram princípios técnicos, mas também éticos, visto que quem pretende quebrar
o princípio geral de livre concorrência deve começar por invocar uma invenção que
traga novidade, que demonstre um esforço intelectual capaz de permitir o progresso
em um campo determinado do conhecimento e que seja diretamente aplicável à
indústria.

Neste contexto, existem normativas gerais, tanto na ordem internacional quanto


nos direitos nacionais, que excluem do objeto de patentes as invenções contrárias à
moral, à ordem pública ou aos bons costumes, conforme o art. 10, I e IX, da Lei nº.
9.279/96, que diz: “não se consideram invenção nem modelo de utilidade: I –
descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; IX – o todo ou a parte de

22
seres vivos naturais e matérias biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela
isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os
processos biológicos naturais.”

Tudo isto não provocou questionamentos consideráveis em tempos anteriores


ao surgimento da nova biotecnologia, já que era inconcebível que um inventor não
percebesse a contradição da sua solicitação de patentes com as normas éticas ou
com princípios liminares que regem uma sociedade em um momento e lugar
determinados.

O tema adquire toda sua força e sua dimensão quando surgem as primeiras
patentes sobre seres vivos ou material próprio dos seres vivos (entre 1981 e 1995
foram concedidas 1.175 patentes para seqüências de DNA humano em todo o
mundo).

É compreensível o temor de que o genoma humano ou aspectos importantes


do mesmo passem ao domínio de grandes empresas ou que as pesquisas que se
realizem no futuro nesta área tão sensível do conhecimento se vejam dificultadas ou
neutralizadas por aqueles que tiveram acesso a patentes sobre material genético
humano concedidas sem maiores cuidados.

É também compreensível que as sociedades se alarmem quando diariamente


se informa que centenas ou milhares de seqüências parciais de DNA humano fazem
parte de solicitações de patentes da indústria privada ou quando se lê que
determinadas empresas negam o livre acesso à informação genética contida nas suas
bases de genes, já que que tiver a patente de um gene passará a ter o direito sobre
tudo que for descoberto ligado àquele gene.

Mas não se trata de adaptar conceitos aos novos desafios da tecnologia, já que
tanto em eletrônica, em química quanto em biotecnologia é possível diferenciar o que
é descoberta do que é invenção. Trata-se, simplesmente, de adaptar conceitos já
consolidados a novas exigências econômicas para poder justificar o que não admite
justificativa nenhuma.

As práticas das entidades nacionais de patentes encontram-se distorcidas há


tempo. Por trás do mistério de um direito complexo só reservado a especialistas -
acrescentado de matéria igualmente complexa - vão sendo desenhadas doutrinas,
decisões administrativas e judiciais orientadas, somente, para alimentar o apetite
desmedido da indústria alicerçada na apropriação da informação genética (a indústria
genômica).

23
Assim, microorganismos são patenteados, células, linhas celulares, genes,
seqüências de genes e genomas, todos como patentes de produtos. Ao abordarmos a
questão do gen, da seqüência de um gen, parece que o tema dos "elementos" do
corpo humano torna-se mais complexo. Para os fins do direito da propriedade
industrial, é possível separar um gen, uma seqüência parcial ou um poliformismo, da
estrutura total do corpo.Esta ruptura da linha divisória entre invenção e descoberta
causa consideráveis prejuízos à pesquisa científica, ao negar-se o fato de que o
conhecimento deve ser livre e acessível a todos.

O corpo humano, nas diferentes etapas de sua constituição e desenvolvimento,


bem como seus elementos, não constitui invenção patenteável. Esta exclusão não se
origina sobre as usuais condições de patenteamento, mas se inspira no princípio ético
de não-comercialização do corpo humano. Esta proibição - por outro lado - pode ser
incluída na proibição genérica de patentear objetos contrários à moral, à ordem pública
e aos bons costumes.

Assegurar o livre acesso aos resultados dos avanços da pesquisa sobre o


genoma constitui um imperativo ético, visto que se trata de conhecimentos relativos à
pessoa humana estreitamente relacionados à saúde e ao bem-estar. De nada vale que
seja publicado e difundido o mapa do genoma, se a posterior utilização pela
comunidade científica da informação gerada pode ser influenciada ao outorgarem-se
direitos de propriedade intelectual sobre genes ou seqüências de genes.

Possuir o controle e o monopólio de certo organismo vivo e de toda a sua


descendência seria inaceitável; consequentemente patentear matéria viva equivaleria
a conceder apropriação dos mecanismos vitais da espécie humana e da capacidade
regenerativa do ser vivo. A engenharia genética, ao permitir a interferência nos
processo biológicos e a alteração da composição genética dos seres vivos, não
converte o geneticista em inventor, mas simples descobridor e manipulador da
natureza. Os organismos vivos não são invenções humanas, mas produtos da
natureza, e a biotecnologia somente copia e efetua a recombinação das “peças” soltas
desse instrumento que é a vida.

O conhecimento sobre o genoma humano deve estar disponível para a


comunidade de pesquisadores e para a humanidade em seu conjunto, lembrando que
para a Declaração Universal da UNESCO sobre o Genoma Humano, em um sentido
simbólico, este é um "patrimônio da humanidade".

24
A importância dos horizontes abertos pelo conhecimento da genética humana
fortalece a necessidade de se compartir conhecimentos. O conhecimento do gene não
pode ser preservado e cuidado de modo possessivo pelos países ricos, ainda mais
quando este conhecimento fundou-se a partir da pilhagem de material genético obtido
dos países mais pobres.

O conhecimento pertence a todos, a partir das perspectivas revolucionárias que


abre sobre a compreensão da vida e das doenças.

A descoberta do gene de obesidade em amostras de sangue não poderás ser


patenteada, nem adquirir valor mercadológico, mas o remédio inventado com base
nele poderá sê-lo. É permitido o uso de gene humano para obter uma droga
patenteável. O gene é um instrumento para a obtenção de medicamento e não um fim
comercial em si mesmo. Mas é preciso lembrar não serão patenteáveis procedimentos
genéticos não terapêuticos, como o que permite eleger o sexo ou escolher a cor dos
olhos, por serem contrários à dignidade humana, mas se admite a patenteabilidade
dos procedimentos somáticos terapêuticos (TRATAMENTO DE TUMORES) ou não
(AUMENTO DA CAPACIDADE INTELECTUAL), desde que envolvam atividade
inventiva e aplicação industrial.

- Patenteáveis são, em regra, os processos criados pela biotecnologia utilizando genes


ou organismos geneticamente modificados (OGMs), desde que sejam essências à
sadia qualidade de vida, e não o material genético humano; com isso tutelada estará a
vida e protegida estará a dignidade da pessoa humana.

CF, Art. 225: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.

- Não será patenteável qualquer microorganismo, uma vez que constitui um ser vivo,
portanto um bem jurídico de natureza ambiental, ou melhor, bem de uso comum do
povo, sobre o qual ninguém poderá ter exclusividade, pois, por ser patrimônio da
coletividade, todos dele poderão usufruir.

Art. 18, III, da Lei nº. 9.279/96: não são patenteáveis: III – o todo ou partes dos seres
vivos, exceto os microorganismos trangênicos que atendam aos três requisitos de
patenteabilidade – novidade, atividade inventiva e aplicação industrial – previstos no
Art. 8º e que não sejam mera descoberta.

25
- Inadmissível é o patenteamento de material genético humano ou das seqüências de
DNA, razão da não-comercialidade do corpo humano e de suas partes e elementos e
da dignidade da pessoa humana; além do mais, aquele material é um dado da
natureza e uma informação genética, que, uma vez descoberta, deverá ficar à livre
disposição da comunidade científica. Poder-se-ia admitir a proteção da propriedade
intelectual para o uso daquelas seqüências e não sobre as próprias seqüências. O
direito de patentes não pode atentar contra o princípio que excluí todo direito de
apropriação sobre o ser humano nem contrariar o da tutela da dignidade da pessoa
humana.

Art. 1º, III da CF, que dispõe: “a república federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos: III – a dignidade da pessoa
humana”.

- Está proibido o patenteamento de tecnologias genéticas de restrição de uso, ou seja,


de qualquer processo de intervenção humana para geração ou multiplicação de
plantas geneticamente modificadas para produzir estruturas reprodutivas estéreis, bem
como qualquer forma de manipulação genética que vise a ativação ou desativação de
genes relacionados à fertilidade das plantas por indutores químicos externos.

Art. 6º, VII e parágrafo único, da Lei nº. 11.105/05: fica proibido: VII – a utilização, a
comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias
genéticas de restrição do uso.

“O genoma humano no seu estado natural não deve dar origem a lucros financeiros."

 Declaração Universal do Genoma Humano e Direitos Humanos, 1997

26
CLONAGEM

Clonagem é a produção de indivíduos geneticamente iguais. É um processo de


reprodução assexuada que resulta na obtenção de cópias geneticamente idênticas de
um mesmo ser vivo – microorganismo, vegetal ou animal.

Podemos definir a clonagem como um método científico artificial de reprodução


que utiliza células somáticas (aquelas que formam órgãos, pele e ossos ) no lugar do
óvulo e do espermatozóide. Vale lembrar que é um método artificial, pois, como
sabemos, na natureza, os seres vivos se reproduzem através de células sexuais e não
por células somáticas. As exceções deste tipo de reprodução são os vírus, as
bactérias e diversos seres unicelulares.

Em humanos, os clones naturais são os gêmeos idênticos que se originam da


divisão de um óvulo fertilizado. A primeira experiência com clonagem de animais
ocorreu no ano de 1996, na Escócia, no Instituto de Embriologia Roslin. O
embriologista responsável foi o doutor Ian Wilmut. Ele conseguiu clonar uma ovelha,
batizada de Dolly, essa grande revolução, abriu caminho para possibilidade de
clonagem humana, foi a demonstração, pela primeira vez, de que era possível clonar
um mamífero, isto é, produzir uma cópia geneticamente idêntica, a partir de uma célula
somática diferenciada.

Para a obtenção de um clone, este óvulo enucleado no qual foi transferido o


núcleo da célula somática foi inserido em um útero de uma outra ovelha. No caso da
clonagem humana reprodutiva, a proposta seria retirar-se o núcleo de uma célula
somática, que teoricamente poderia ser de qualquer tecido de uma criança ou adulto,
inserir este núcleo em um óvulo e implantá-lo em um útero (que funcionaria como uma
barriga de aluguel). Se este óvulo se desenvolver teremos um novo ser com as
mesmas características físicas da criança ou adulto de quem foi retirada a célula
somática. Seria como um gêmeo idêntico nascido posteriormente.

Tipos de clonagem

Clonagem natural

A clonagem é natural em todos os seres originados a partir de reprodução


assexuada (ou seja, na qual não há participação de células sexuais), como é o caso
das bactérias, dos seres unicelulares e mesmo da relva de jardim. A clonagem natural
também pode ocorrer em mamíferos, como no tatu e, mais raramente, nos gêmeos
univitelinos. Nos dois casos, embora haja reprodução sexuada na formação do ovo, os

27
descendentes idênticos têm origem a partir de um processo assexuado de divisão
celular. Os indivíduos resultantes da clonagem têm, geralmente, o mesmo genótipo,
isto é, o mesmo patrimônio genético.

Clonagem induzida artificialmente

A clonagem introduzida artificialmente, é feita a partir de um processo no qual é


retirado de uma célula um núcleo, e de um óvulo a membrana. No qual depois é
colocado em uma barriga de aluguel, ou mesmo em laboratório, para a clonagem
terapêutica. A clonagem terapêutica é usada para obter células-tronco.

Clonagem reprodutiva

Uma das técnicas básicas usadas por cientistas é a transferência nuclear da


celula somática (SCNT). Esta técnica foi usada por cientistas durante muitos anos,
para clonar animais através de células embrionárias.

Como o nome da técnica implica, a transferência de uma célula somática está


envolvida neste processo. Esta célula somática é introduzida, então, numa célula
retirada de um animal (ou humano), logo depois da ovulação. Antes de introduzir a
célula somática, o cientista deve remover os cromossomas, que contêm genes e
funcionam para continuar a informação hereditária, da célula recipiente.

Após ter introduzido a célula somática, as duas células fundem.


Ocasionalmente, a célula fundida começará a tornar-se como um embrião normal,
produzindo a prole se colocado no útero de uma mãe-de-aluguel para um
desenvolvimento mais adicional.

Os problemas associados com a técnica de SCNT são o stress em ambas as


células envolvidas no processo. Isto resulta numa taxa elevada de mortalidade de
ovos recipentes. Além disso, o processo inteiro é um consumo de tempo e de
recursos, porque as partes dele requerem o trabalho manual sob microscópio. Similar
a outras técnicas, ela é também ineficiente pois, só apróximadamente 2% dos
embriões sobrevivem para assentar bem na prole viva, e nivela então, muitas
daquelas que sobrevivem dado logo após o nascimento. Como de 2004, a causa das
perdas é desconhecida.

Clonagem embrionária
28
Por esse processo, multiplica-se o embrião do animal em estudo produzindo,
assim, gêmeos ou trigêmeos, etc. É um processo similar ao da natureza. Embora já
em uso há anos com animais, muito pouco foi experimentado com seres humanos.

Clonagem terapêutica

A Clonagem Terapêutica é um procedimento cujos estágios iniciais são


identicos a clonagem para fins reprodutivos, difere no facto do blastocisto não ser
introduzido no útero. Ele é utilizado em laboratório para a produção de células-tronco a
fim de produzir tecidos ou órgão para transplante.

Esta técnica tem como objectivo produzir uma cópia saudável do tecido ou do
órgão de uma pessoa doente para transplante.As células-tronco embrionárias são
particularmente importantes porque são multifuncionais, isto é, podem ser
diferenciadas em diferentes tipos de células. Podem ser utilizadas no intuito de
restaurar a função de um orgão ou tecido, transplantando novas células para substituir
as células perdidas pela doença, ou substituir células que não funcionam
adequadamente devido a defeito genético (ex: doenças neurológicas, diabetes,
problemas cardiacos, derrames, lesões da coluna cervical e doenças sanguíneas
etc...).

As células-tronco adultas não possuem essa capacidade de se transformar em


qualquer tecido. As células musculares vão originar células musculares, as células do
figado vao originar células do figado, e assim por diante.

A clonagem terapêutica teria a vantagem de evitar rejeição se o doador fosse a


própria pessoa. Seria o caso, por exemplo, de reconstituir a medula em alguém que se
tornou paraplégico após um acidente ou para substituir o tecido cardíaco em uma
pessoa que sofreu um infarto. Entretanto, esta técnica tem suas limitações. O doador
não poderia ser a própria pessoa quando se tratasse de alguém afetado por doença
genética, pois a mutação patogênica causadora da doença estaria presente em todas
as células. No caso de usar-se linhagens de células-tronco embrionárias de outra
pessoa, ter-se-ia também o problema da compatibilidade entre o doador e o receptor.

Riscos

29
* A possibilidade de comprometer a individualidade;

* A perda de variabilidade genética;

* Envelhecimento precoce;

* Grande número de anomalias;

* Lesões hepáticas, tumores, baixa imunidade;

* Um mercado negro de fetos pode surgir, de doadores ‘’desejáveis’’ que


queiram clonar-se a eles próprios, como estrelas de cinema, atletas entre outros;

* A tecnologia não está ainda bem desenvolvida, tendo uma baixa taxa de
fertilidade (para clonar a Dolly foram precisos 277 ovos, 30 começaram a dividir-se, 9
induziram a gravidez e apenas 1 sobreviveu);

* Os clones poderão ser alvo de discriminação por parte da sociedade;

* Os clones poderão estar sujeitos a problemas psicológicos desconhecidos,


com impacto na família e na sociedade.

Benefícios

Ao longo da evolução do tempo, foram vários os benefícios que os cientistas


acreditam que a clonagem humana tem. Aqui estão algumas das suas ideias sobre o
assunto:

* O rejuvenescimento. O Dr. Richard Seed, um dos principais propulsores da


clonagem humana, sugere que um dia, poderá vir a ser possível inverter o processo
do envelhecimento devido à aprendizagem que nos é fornecida através do processo
de clonagem.

* A tecnologia humana da clonagem podia ser usada para inverter os ataques


cardíacos. Os cientistas afirmam que conseguirão tratar vítimas de ataques cardíacos
através da clonagem das suas células saudáveis do coração, e injectando-as nas
áreas do coração que foram danificadas. As doenças cardiovasculares são a maior
causa de morte em grande parte dos países industrializados;

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* Casos de infertilidade. Com a clonagem, os casais infertéis poderiam ter
filhos. Uma estimativa é que os tratamentos actuais de infertilidade são menos de 10
por cento bem sucedidos. Os casais passam por um sofrimento psíquico e emocional
muito grande, para uma possibilidade remota de ter filhos. Muitos perdem o seu tempo
e dinheiro sem sucesso. A clonagem humana torna possível fazer com que muitos
casais inférteis consigam ter filhos.

* A Cirurgia plástica, reconstrutiva e estética. Devido à clonagem humana e à


sua tecnologia, os problemas, que, por vezes, ocorrem depois de algumas cirurgias de
implantes mamários ou de outros procedimentos estéticos deixam de existir. Com a
nova tecnologia, em vez de usar materiais estranhos ao corpo, os médicos serão
capazes de manufacturar o osso, a gordura, ou a cartilagem que combina os tecidos
dos pacientes exactamente. Qualquer um poderá ter a sua aparência modificada para
sua satisfação, sem riscos de doença. As vítimas dos acidentes terríveis que
deformam o rosto (por exemplo), devem assim conseguir voltar a ter as suas
características, sendo reparadas e de maneira mais segura. Os membros para
amputados também poderão vir a ser regenerados.

* Implantes mamários. Muitas pessoas verificaram que os implantes mamários


as faziam ficar doentes, com doenças próprias dos seus sistemas imunes, devido a
algumas incompatibilidades produzidas por materiais usados no aumento de peito.
Com a clonagem humana e a sua tecnologia de implantes mamários e outros
formulários da cirurgia estética, poderia ser feito com implantes que não seriam
diferentes dos tecidos normais da pessoa.

* Genes defeituosos. Cada pessoa média carrega 8 genes defeituosos dentro


deles. Estes genes defeituosos permitem que as pessoas fiquem doentes quando
permaneceriam de outra maneira, saudáveis. Com a clonagem e a sua tecnologia
pode ser possível assegurar-se de que não soframos mais por causa dos nossos
genes defeituosos.

* Casos de Síndrome de Down. As mulheres com risco elevado para o


Síndrome de Down, poderão evitar esse risco através da clonagem;

* Problemas no fígado e nos rins. Poderá ser possível clonar fígados


humanos para transplante dos mesmos;

* A Leucemia. Este espera-se ser um dos primeiros benefícios a vir desta


tecnologia.

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* Vários tipos de Cancro. Poderemos aprender como trocar células, ‘’on’’ and
‘’off’’, através da clonagem, e assim, ser capaz de curar diversos cancros. Os
cientistas ainda não sabem exactamente se as células se diferenciam em tipos
específicos do tecido, nem compreendem porque células cancerígenas perdem o seu
isolamento

* Fibrose Cística. Poderemos conseguir produzir uma terapia genética eficaz


contra a fibrose cística. Alguns cientistas já se encontram a trabalhar nesta área.

* Ferimento da coluna vertebral. Aprenderemos a fazer crescer, outra vez, os


nervos ou a parte posterior da coluna vertebral, quando magoada. Tetraplégicos
poderão sair das suas cadeiras de rodas e voltar a andar.

* Testar algumas doenças genéticas. A clonagem pode ser usada para testar, e
talvez curar, doenças genéticas.

* As espécies em vias de extinção poderiam ser salvas - com a pesquisa que


conduz à clonagem humana nós aperfeiçoaremos a tecnologia para clonar animais, e
assim nós poderíamos para sempre preservar a espécie posta em perigo, incluindo
seres humanos.

Primeiro Clone Humano

No dia 26 de dezembro de dois mil e dois, segundo a química francesa


Boisselier, presidente do laboratório Clonaid, nasceu nos Estados Unidos às 14:55
(horário de brasília) com 3,1 quilos, a menina de nome Eve, que é o primeiro clone
humano e suas condições de saúde estão estáveis.

Brigitte Boisselier integrante da seita raeliana que acredita que o homem foi
introduzido na terra à 25 mil anos por extraterrestes, tem feito grandes esforços para
clonar um ser humano em completo segredo, portanto não podemos confirmar se as
informações dadas por Boisselier é verídica ou não. Mas o fato que nos faz pensar
que esta noticia é verídica aconteceu em novembro do ano de dois mil e dois quando
o médico italiano Dr. Severino Antinori anunciou em roma que o primeiro clone
humano nasceria no começo de 2003 coincidindo com a data em que a química
Boisselier anunciou a nascimento da garotinha Eve.

Recentemente a química Boisselier informou que a garota Eve hoje com


exatamente 6 anos, está vivendo em Israel e encontra-se em ótimo estado de saúde e
vivendo como uma criança normal.

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Parecer Jurídico Sobre Clonagem Humana

Clonagem No Brasil

No âmbito jurídico, o que se discute e o que se busca evitar quando se proíbe a


clonagem reprodutiva, são os riscos que as manipulações biológicas possam gerar
sobre a saúde (física e psicológica) do indivíduo clonado, bem como as seqüelas que
sua descendência poderá herdar dos referidos procedimentos. Assim, a clonagem de
seres humanos traz o risco de modificar as características do gênero humano, de
forma jamais imaginada. E o papel do Direito, é o de proteger o patrimônio genético da
humanidade.

Se o avanço da ciência não pode ser contido por simples tabus ou preconceitos
com o novo, tendo em vista os grandes interesses sociais envolvidos, deve-se adotar
o critério de prudência e de responsabilidade, com vistas ao princípio bioético da
precaução, para a aceitação de novas intervenções sobre o ser humano e sua
descendência, aplicando-se uma moratória às experiências de clonagem com
finalidade reprodutiva.

A Constituição de 1998 estabelece em seu artigo 225 que:

"Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo"

§ 1º assegurar a afetividade desse direito, incumbe ao poder


público;

II- preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético


do país e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético.

33
O inciso II, foi regulamentado pela Lei 8.974 de 5 de janeiro de 1995;

“Regulamenta os incisos II. e V do § 1º do art. 225 da Constituição


Federal, estabelece normas para o uso das técnicas de engenharia
genética e liberação no meio ambiente de organismos
geneticamente modificados, autoriza o Poder Executivo a criar, no
âmbito da Presidência da República, a Comissão Técnica Nacional
de Biosegurança, e dá outras providências.”

Da Lei 8.974 de 5 de janeiro de 1995 o artigo 8º é o que mais nos interessa


neste assunto que diz:

É vedado, nas atividades relacionadas a OGM (organismo


geneticamente modificado):

I - qualquer manipulação genética de organismos vivos ou o


manejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombinante, realizados
em desacordo com as normas previstas nesta Lei;

II - a manipulação genética de células germinais humanas;

III - a intervenção em material genético humano in vivo, exceto para


o tratamento de defeitos genéticos, respeitando-se princípios
éticos, tais como o princípio de autonomia e o princípio de
beneficência, e com a aprovação prévia da CTNBio;

IV - a produção, armazenamento ou manipulação de embriões


humanos destinados a servir como material biológico disponível;

V - a intervenção in vivo em material genético de animais,


excetuados os casos em que tais intervenções se constituam em
avanços significativos na pesquisa científica e no desenvolvimento
tecnológico, respeitando-se princípios éticos, tais como o princípio
da responsabilidade e o princípio da prudência, e com aprovação
prévia da CTNBio;

34
VI - a liberação ou o descarte no meio ambiente de OGM em
desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e constantes
na regulamentação desta Lei.

Em novembro do ano de dois mil e um, em Brasília o Conselho da Justiça


Federal realizou um Seminário Internacional sobre Clonagem Humana, onde foram
abordadas questões jurídicas.

Os juristas presentes entendem que a investigação cientifica é moralmente


neutra, e o que não possui neutralidade é a utilização que venha a se fazer, os fins e
os interesses a que serve as conseqüências sociais e suas aplicações. Foi enfatizada
também a liberdade de investigação que deve encontrar, indubitavelmente, seus
limites, onde experiências cientificas colidem com interesses, valores ou bem jurídicos
tutelados constitucionalmente. Não podemos reprimir a liberdade de pesquisa mas
esta liberdade não deve ser plena, total e irrestrita. Devem sofrer limitações
imprescindíveis para a integridade e preservação da pessoa, na sua dignidade. Os
limites devem estar devidamente fundamentados e não podem estar pro preceitos
morais, religiosos ou por sentimentos inspirados de medo em relação à tecnologia
moderna.

Contras da Clonagem

Na clonagem da famosa ovelha Dolly, foram necessárias 276 tentativas para a


duplicação da ovelha. Recentemente uma gata foi clonada e para que este clone
tenha tido êxito foram exatamente 87 tentativas, menos que no caso da ovelha Dolly,
mas comparando números a média para ter sucesso na clonagem ainda é muito baixa.

Tendo como base os dados desta gatinha e da Ovelha Dolly ambos clonados,
a sociedade permitiria que embriões e recém- nascidos morressem até chegar na
perfeição da tecnologia da clonagem humana? Se permitirem isso será um crime
irresponsável contra todos os seres vivos. A tecnologia de clonagem ainda é muito
recente, sendo que quase 98% das tentativas de clonagem não obtêm sucesso algum.
Geralmente os embriões não são adequados para serem implantados no útero, ou
morrem durante a gestação ou quando nascem.

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Os clone que possuem sucesso e sobrevivem não costumam ter uma vida
longa ou saudável. Normalmente possuem problemas em órgãos como coração,
problemas no sistema imunológico e morrem poucos dias após o nascimento. É mais
do que evidente se estes problemas manifestaram-se nos animais, os seres humanos
terão problemas iguais logo não sobreviveriam por muito tempo e o tempo que
passarem vivos não terão uma saúde estável. Um clone de uma criança poderia
morrer no parto, nascer com deficiências físicas ou até morrerem prematuramente.
Será que a sociedade seria capaz de sabendo de todos esses malefícios conseguiriam
permitir os sofrimentos dos primeiros clones humanos até chegar à perfeição desta
técnica de clonagem se é que os cientistas conseguiram chegar a esta perfeição.

A clonagem de seres humanos pode causar graves efeitos em nossos


relacionamentos familiares. Um pai pode ter um filho idêntico a ele, e estar feliz com o
fato, mas como isso afetará a relação entre filho e mãe? Ele crescerá e ficará igual a
seu pai, logo o homem pelo qual ela se apaixonou e com quem se casou. O mesmo
também vale para uma filha que nasceria fisicamente idêntica à sua mãe. Como isso
afetaria o seu relacionamento com o seu pai?  Ao analisar os prós e contras da
clonagem humana, temos que pensar como isto afetaria outras pessoas em nossa
sociedade. Um outro exemplo: um casal tem um filho clonado igual ao pai, e o casal
eventualmente se divorcia. A esposa agora odeia seu ex-marido, mas seu filho é
fisicamente idêntico ao homem que ela menospreza. Como isso influirá em seu
relacionamento?

Considerações

Tendo em visto todos os fatos expostos, concluímos que é imoral planejar ou


realizar quaisquer experimentos que possam resultar em produção de um ser humano
por clonagem artificial, a famosa clonagem reprodutiva, sendo também inaceitável
para qualquer ser humano produzir embriões humanos por fertilização humana ou
assistida ou clonagem artificial para retirar-se células-troncos pluripotenciais por mais
nobres que pareçam ser seus objetivos.

O ser humano tem vida a partir do momento em que surge a célula ovo,
produto da fertilização do ovócito pelo espermatozóide e, a interrupção da vida do ovo
(em qualquer estágio), do embrião ou do feto, visando à retirada de células-tronco
pluripotenciais ou multipotenciais poderá e deverá ser, também, considerada um ato
criminoso. Que se estimule as pesquisas cientificas visando a obtenção de células-
tronco multipotenciais por exemplo medula óssea de indivíduos adultos, capazes de
produzir diferentes tecidos.

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