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Grepsv / Capitulo t/\ Atividades geoldgicas dos organismos Generalidades Os organismos podem agir no trabalho ‘eol6gico de modo destrutivo € construtivo. Podem, outras vezes, exercer agdo protetora contra outros agentes de erosio. No capitulo sobre o intemperismo jé cita- mos a acdo destruidora dos seres vivos, na formagio dos solos. Temos a adicionar a agdo de certos organismos marinhos, como, por exemplo, a dos ourigos-do-mar, ativos na destruigdo de rochas. Ao se conhece bem o mecanismo pelo qual este animal consegue desgatar rochas durissimas, que muitas vezes ficam cheias de orificios hat tados por ourigos. Este aspecto foi descrito por BRANNER nas nossas costas do Nor- deste. Quanto aos agentes protetores, também ja foram abordados, quando citamos a fi- xagdo das dunas pela vegeta¢do, assim como seu papel na protesdo do solo. Tambem a Vegetagdo existente nos mangues protege 0 solo, gragas a diminuigdo da velocidade das correntes da agua, que invadem temporari mente a regiéo. O mesmo se di com a ve- getagdo que medra nos leitos dos rios € rincipalmente nas margens, que nao s6 protege 0 solo das zonas ribeirinhas como também faz diminuir a velocidade das aguas. Muitos animais marinhos que se fixam a0 substrato rochoso, como corais, ostras, me- xilhdes, etc., também exercem fungdo pro- tetora contra a erosao marinha, Os recifes de corais formam uma faixa protetora contra a erosdo da costa pelo mar. Agentes consirutivas. — Os organismos contribuem em grande escala para a forma- Ho de rochas, seja pela deposigao dos seus restos, seja pela sua atividade fisiolégica, Foram eles 0s formadores indiretos dos combustiveis fosseis, isto é, do carvo e do petréleo. assim como de numeroso’ di pésitos de caledrio, de diatomito, de miné- rios de ferro, fosforitos, etc. ‘As rochas de origem organica recebem a designacéo genérica de bidlitos. Sao class ficados em caustobidlitos (combustiveis) € acaustobidlitos (nio-combus Como exemplo destes, podemos citar 0s diatomitos, comuns no Nordeste brasileiro. Tais diato- mitos foram formados em lagos pleistocéni- cos onde se dew intensa deposi¢ao das rapagas silicosas de diatomiceas, geralmen- te associadas a espiculas de esponjas de gua doce, também silicosas. O diatomito € uma rocha de aplicacio variada, como, por exemplo, na fabricagéo da dinamite. Gracas a sua grande porosidade, pode absorver trés vezes mais 0 seu peso em ni- troglicerina. Permite a produgdo de tijolos muito leves resistentes, onde 0 alto teor em SiO, faz com que o material seja um ‘timo refratério, especialmente usado como 205, isolante térmico, etc. Os acaustobidlitos mais comuns sio formados pelos restos de carapagas calcirias ou esqueletos caleérios de diversos tipos de animais, ou mesmo de algas. O giz ou greda é um exemplo clissico deste tipo de depésito. Constitui-se de cara pagas de foraminiferos, restos finamente moidos de diversos tipos de conchas de mo- luscos € pequenos corpos esféricos denomi- nados cocélitos, talvez derivados de restos de algas. Interessante é 0 fato de serem se- dimentos de elevada pureza em carbonato de calcio, nfo havendo mais que 3% de ‘impurezas terrigenas. € muito raramente se encontram litificados. Na maior parte das vezes desmancham-se facilmente entre os dedos. Trata-se de uma rocha abundante no Creticeo europeu, fato que deu origem a0 nome Creticeo, que se deriva de creva, giz em latim, termo que provavelmente se te- nha derivado da ilha de Creta, local onde ‘ocorrem abundantes depésitos de greda, A rocha formada predominantemente por con- cchas de lamelibranquios ¢ gastropodes da- se o nome de lumachella, nome de origem italiana. ‘Até agora nos referimos as rochas forma das pela deposigdo dos restos animais. Uma categoria sui generis ¢ a das rochas forma- das por organismos sésseis, como os recifes flsseis de corais, j4 descritos anteriormente, fe gue, por sinal, sfo os mais comuns, ou ainda de arqueociatideos, grupos de animais fixos, coloniais, de classificagdo incerta, abundantes no periodo cambriano. Outras vvezes so algas calcérias, como as do géne- ro Litothamnium, que se desenvolvem a tal ponto que chegam a formar grandes bancos rochosos. Gragas ao desenvolvimento dos organismos sésseis, a tendéncia ¢ de produ- zir-se uma forma abaulada, que recebe a designagdo genérica de bioherm. Sdo quase sempre dolomitizados, isto é, 0 caleirio ori ginal é transformado em dolomito, Acredi ta-se que esta dolomitizagdo scja devida a alta porosidade dos recifes, permitindo uma facil percolagéo das aguas do mar ricas em sais de magnésio. Muitas vezes a estrutura 206 i tal modo obliterada pela dotomitizacéo que nfo € possivel saber-se 2 origem certs de muitas estruturas curiosas existentes em rochas calcirias. Passemos agora ao estudo dos caustobio- litos, assunto de intéresse no s6 cientifico, mas também econ6mico. pois a maior parte a energia consumida pela humanidade pro- vvém dos combustiveis fesseis. Carvao Introdugio. — © carvio mineral € uma substincia s6lida, formada pela decomposi- fo parcial de restos vegetais, com enrique- Cimento em carbénio € litificada, isto é, en- durecida por um processo lento, sendo ne- cessirias dezenas de milhdes de anos para que se dé sua formacdo. ‘Vejamos, em primeiro lugar, a sua ori- gem. Tratemos, assim, dos processos sofri- dos € os estidios pelos quais passaram os tecidos vegetais até formarem 0 carvio, E interessante a idéia de AcRicoLa (1546) a este respeito, Acreditava tratar-se de petrd- leo condensado. Outros, mais tarde, atri- buiam-no a origem inorganica, tendo havi- do um grande nimero de opinides erréneas sobre a origem do carvao. Ji no século xvi se acreditava na origem vegetal ¢ em mea- dos do século passado, gracas aos estudos microscépicos realizados por HUTTON Lik, comprovou-se definitivamente a ori- ‘gem vegetal do carvdo, tendo sido observa- dos restos de tecidos vegetais com as suas estruturas caracteristicas ainda preservadas, tais como se vé na fig. 9-1 Em qualquer pedago de madeira, ov qualquer tecido mole, seja vegetal ou ani- mal, uma vez exposto ao ar, dé-se sua de- composigio. Neste proceso formam-se os mesmos composts utilizados inicialmente pelos vegetais na construgdo de um tecido vivo, ou seja, 0 CO, e agua. Di-se assim fa reagio inversa a da sintese nos vegetais verdes, que sfo capazes de sintetizar a gli- cose’ a partir dc undo a equacac 60, = 61,0 ~ sendo a energia Da polimerizagai sacarideo forma 8 agiicares mais mente, a celulose magdo do carvao te equagdo: $C ,0 -* CH (cclulese)” (can © nitrogénio cias protéicas tr to amoniacais, g fem condigdes.m de oxigénio, nao tal da matéria 0 em certas condi de restos orgiinic se, como tambér outros sedimento: plo, Neste caso f sendo esta cor dé de origem vege acontece principe orginicos sio co tratar-se de lago deve ser tal que 0 fiécil acesso as re © tecido vege de celulose, subs dratos de carbén suindo moléculas (CyHs 90s), form: sisténcia e dureza das pela lignina, as fibras de celulc vegetais pode dar- oxigénio, motivo | teriana ¢ insufice composigo compi Inicia-se entio a1 nomina Aulheizagd dolomitizaao f origem certa § existentes em dos caustobi6- io $6 cientifico, sa maior parte amanidade pro- mineral € uma pela decompos is, com enrique- cada, isto é, en lento, sendo ne- de anos para ugar, a sua ori- 5 processos sofri- tais passaram 03 “em 0 carvio. iricoua (1546) @ ratar-se de petro mais tarde, atri- nica, tendo havie opinides erroneas Hino século xvi egetal e em mea- agas aos estudos por HurTox ¢ itivamente @ ori- ado sido observa- com as suas tinda preservadas, os de madeira, ou ja vegetal ou ani- ar, dase sua de- 2380 formam-se 08 ‘ados inicialmente igio de um tecido gua, Dé-se assim nese nos vegetais de sintetizar a gli- cose a partir do gis carbénico ¢ agua, se- gundo a equacéo resumida: «0, - 11,0 + 674 ealoras ~ C,H,:0, + 60; sendo a energia fomnecida pela luz solar. Da polimerizagdo das moléculas do monos- sacarideo formado inicialmente, formam-se (8 agiicares mais complexos, amido e, final- mente, a celulose, matéria-prima para a for- magdo do carvao mineral, segundo a seguin- te equagio: AC Hy.0, > CHO + TCH, ~ 8CO, + 34,0 (cclulese)’ (cardio) (metano) © nitrogénio © © enxofre das substin- cias protéicas transformam-se em compos- tos amoniacais, gis sulfidrico, etc. Somente em condigdes muito especiais, na auséncia de oxigénio, no se da a decomposigdo to- tal da matéria orginica, podendo mesmo, em certas condigées, verificar-se o acimulo de restos organicos. 'Estes podem acumular- se, como também ser depositados junto a ‘outros sedimentos, como argilas, por exem- plo, Neste caso formam-se as argilas negras, sendo esta cor dada pela matéria organica, de origem vegetal, animal ou mista. Isto acontece principalmente quando os restos ‘orginicos so cobertos de agua, podendo tratar-se de lago ou mar. A profundidade deve ser tal que 0 oxigénio do ar ndo tenha facil acesso as regides fundas, tecido vegetal consiste principalmente de celulose, substincia do grupo dos hi- dratos de carbénio (agicar, amido), pos- suindo moléculas grandes, alongadas, de (CylH,¢Os), formando longas fileiras. A re- sisténcia € dureza das madeiras so causa- das pela lignina, substincia dura que une as fibras de celulose. O actimulo de restos vegetais pode dar-se em ambiente pobre em oxigénio, motivo pelo qual a atividade bac- teriana & insuficiente para que se dé a de- composicdo completa da matéria organica, Inicia-se entdo a transformagdo que se de- nomina hulheizagdo (Inkohlung em alemio € incoalation em inglés). Silvio Fréis Aarev especialista no assunto, propde © termo incarbonizacdo. bem mais apropriado. Tr- ta-se do processo natural da transformagio dda matéria vegetal em carvdo, Hii quem acre- dite que a celulose seja completamente des- truida e que a lignina seja a principal respon- savel pela formacdo do carvao. ‘A ocorréncia de concrecdes calcérias den- tro de camadas de hulha tem sido um pre- cioso auxilio ao estudo da origem do car- vo, pois se acham conservados no seu inte- rior restos bem preservados de tecidos vege- tais diversos junto ao carvao. Recebem 0 nome de coa! ball. fh we ae x75 Seg. OStutzer Fig 941 Restos de teculos earbonizados que ainda. mostram a esrutura primva preservada. Trata-se de vas0s {condutores (ispostos no sentido vertical) com nes Uransversuis de gina ‘A marcha da incarbonizagdo a partir das substancias vegetais ¢ a seguinte: celulose, turfa, linhito, carvo betuminoso, antracito e finalmente grafita. Esta marcha exige lon- as cras geologicas para que possa ser reu- lizada, pois cada estidio ¢ caracterizado por um ou mais periodos da coluna geolégica. Assim € que 0 linhito ndo ocorre em cama- das mais novas que as tercidrias, ¢ os car- 207 ves no ocorrem a ndo ser no Carbonifero © Permiano, salvo condigdes excepcionais de metamorfismo, seja pelo efeito de intru- sdes locais, seja gracas ao tectonismo anor- malmente aumentado. Constituigio dos depésitos carbonosos. — TurFA. — Trata-se do primeiro estidio da formagio do carvao, sendo encontrada, atualmente, em vias de formagao, em sedi- mentos holocénicos. Inicialmente, processa- se a deposicio de detritos vegetais, que vao enchendo lentamente uma depressio qual- quer, um lago por exemplo. Esta depresséo torma-se, assim cada vez mais: rasa, permi- tindo a invasio da vegetagdo marginal de gramineas, ciperdceas, juncos ¢ finalmente de arvores. O lago transforma-se em pan- tano e 0s restos vegetais, cobertos pela agua, passam gradativamente para twrja. Uma vez 1 Genese da depressio morfolégica eira ‘rent fuvosglaciale anglomerad residual |\, Conentede agus ‘scavendo apressoes soterrada por depésitos sedimentares termi- nna a fase inicial. A aco conjunta de bactérias ¢ também de fungos, que exercem importante papel na fermentagdo da celulose e da lignina, faz com que haja a libertacdo de dcidos himi- 05, acético (CO;.CH,) € outros produtos complexos. A propria atividade bacteriana toma o ambiente impréprio a vida, pois os respectivos produtos do metabolismo sio t xicos. A fig. 9-2 nos mostra um lago rodea- do de vegetagao, que 0s poucos vai sendo invadido da periferia para o centro. Com © aciimulo continuo dos restos vegetais for- ma-se um pantanal, onde a turfa € formada apés varias centenas de anos. A turfa pode também ser formada fora de lagos, sendo denominada turfa das elevagdes, onde é fre- glientemente encontrada nos paises euro- peus. Os alemies a designam como Hoch- 2 Génese de um pantano (Moor) rat ae [te ‘moor. A causa cimento da turfe conseqiiéncia ds sente caso pode de 20 metros. A 05 restos de mt mento de novos lando. Estes ger 0 Sphagnum, re grandes turfeira: forme uma turfi gue 0 ambiente sigo total, deve: peratura ideal p: € a0 redor 7°C com abundancia Nas regides de cal, 2 vegetagio ¢ bém a decompos orginica & muit gual as cond’zi, des turfeiras sc turfeiras locais d As maiores del Possui um total ras. A seguir ve km?, a Finlindia com 48 mil km? América, com 2 Inglaterra, onde turfeiras, a espes: tros. Embora se t baixo poder calo: como tal. Na Irk trica provém da muitos paises é aj © conteido de n Dependendo da ct calcirio em po a dez da turfa, dads As turfas so q com alto teor em Fig. 92 Principais estédios da formagio do carvio do Sul do Brasil. Em | achase representado win lago e origem glacial, preenchido pela agua de degelo des proximdades. No fundo do lago sedimen- tums os detritos azides pela geleira e transportados pela agua de degelo. Em 2, 4 gel frediu, ¢ o clima mais ameno permite o desenvolvimento de vegeiagdo, cujos residuos © vio cumulando no fundo do lage, 20 mesmo tempo que um tapete de vegetagio invade lentamente © lago, crescendo a perifeia para o interior. Em 3. 0 lago acha-se inteiramente atulhado de Getritos vegeta jd ranslormads em turls, Finalmente, em 4, gragas a0 aumento. em espessura os sedimentos que se continuam sedimentan ma bacih onde &2 sluava o ago. o» 20 metros de ura reduziram-se a apenas 70em de carvio mineral, apés longo tempo geolopco Jecorrie para efetuarse # incatboniacio. de amarela até cas perceber nitidamer +] vias de decomposic feiras de grande ta tas baixadas do m Tesco deu-se hi pc A causa da elevacdo reside no cres- cimento da turfeira no sentido vertical como conseqiiéncia da forca capilar, que no pre- sente caso pode elevar @ agua até a altura de 20 metros. A ascensio da digua por entre 08 restos de musgos permite o desenvolvi- mento de novos musgos que se vo acumu- Jando. Estes geralmente pertencem ao géne- ro Sphagnum, responsavel pela formagio de grandes turfeiras na Europa. Para que se forme uma turfeira deste tipo & necessdrio gue o ambiente seja impréprio & decompo- sigdo total, devendo ser frio e seco. A tem- peratura ideal para a formagdo desta, turfa € a0 redor PC. Por este motivo ocorre com abundancia nas regiées frias. Nas regides de clima tropical subtropi cal, a vegetacdo é mais luxuriante, mas tam- bém a decomposi¢do bacteriana da matéria orginica € muito acelerada, motivo pelo qual as condigdes para a formacdo de gran- des turfeiras so desfavoriveis, ocorrendo turfeiras locais de pequenas dimensdes. As maiores delas ocorrem na Riissia, que possui um total de 160 mil km? de turfei- as. A seguir vem 0 Canadé com 90 mil km?, a Finlandia com 75 mil km?, a Suécia com 48 mil km? € os Estados Unidos da ‘América, com 28 mil km?. Na Irlanda Inglaterra, onde também ocorrem grandes turfeiras, a espessura varia de 1,5 a 9 me- tros. Embora se trate de um combustivel de baixo poder calorifico, é usado na Europa como tal, Na Irlanda, 30% da energia elé- trica provém da combustio da turfa. Em muitos paises & aproveitada para aumentar © conteido de matéria organica do solo. Dependendo da cultura, deve ser adicionado caleirio em po a fim de neutralizar a aci- dez da turfa, dada pelos dcidos himicos. As turfas sto quase sempre muito leves, com alto teor em umidade. A cor varia des- de amarela até castanho-escura, podendo-se Perceber nitidamente os tecidos vegetais em vias de decomposigdo, No Brasil ndo ha tur- feiras de grande tamanho. Ocorrem em cer- tas baixadas do nosso interior. Caso pito- resco deu-se hi poucos anos na Capital de Lo Sto Paulo, onde fomos chamados pela im- prensa local a fim de opinar sobre um pro- vvel vuledio em vias de formar-se num ba ro situado em extensa baixada do rio Tieté Situava-se ao lado de um aterro construido ara a via piblica. Do lado oposto, dias antes, haviam queimado grande quantidade de detritos © 0 fogo prosseguira pela turfa situada embaixo do aterro. A existéncia de fendas por baixo facilitou a tiragem, oca- sionando forte fumaceira, que foi interpre- tada pelos leigos como um vuledo embrio- nirio, Livntto. ~ Depois de passados muitos milhares de anos, os acidos hiimicos ¢ os demais produtos da decomposigao de res- tos vegetais vaio perdendo parte do oxigé- nio, mais hidrogénio, aumentando portanto © teor em carbénio, como podemos ver na tabela 9-2. As resinas, ceras e graxas tor- nam-se também relativamente enriquecidas, Desta forma a turfa passa para linhito, en- contrado em sedimentos do periodo ter- ciao. © linhito € mais compacto que a turfa, podendo-se ainda reconhecer os restos de tecidos vegetais. Séo as partes mais resis- {entes que mantém sua estrutura. O teor em carbénio é maior do que 0 da turfa, razio pela qual é mais rico em calorias. O Iinhito queima-se com facilidade, possui co- oragdo de acastanhado a preta ¢ di uma cor castanha (Braunkohle dos alemies) quando atacado num tubo de ensaio com uma solugio forte de hidréxido de sédio ou de potissio. O consumo de linhito na Ale- manha atinge a cifra de 200 milhdes de to- neladas por ano, sendo usado em usinas ter moelétricas ¢ na indiistria petroquimica. No Brasil so poucas as ocorréncias co- nhecidas de linhito. Nas camadas terciérias do Estado de Sao Paulo ocorrem pequenos depésitos, Em alguns lugares atingem mais de 2 metros de espessura, ja tendo sido ex- plorado para fins energéticos (Cacapava, Sao Paulo). Também nas camadas tercid- rias da Amazénia ocorre o linhito, em ca- 209 madas que ndo chegam a 2 metros de pessura (Alto Solimdes e Amapé). Canvio & aNTRACITO. — Com 0 correr do tempo geolégico as condigdes de pressio temperatura vio lentamente aumentando, gracas a deposicao de novos sedimentos so- bre 0 linhito. A pressio dada pela carga de sedimentos que sepultam 0 linhito ¢ a temperatura aumenta como conseqiiéncia do grau geotérmico da regio. Com isso, 0 linhito vai-se transformando Jentamente em carvao-de-pedra ou hulha: Salvo algumas excegées locais (onde poderiam ter sido ve- rificadas condigdes anormalmente rigorosas de metaforfismo), a hulha ocorre sempre associada a sedimentos carboniferos per- mianos, isto €, sedimentos formados hd cer- ca de 200 milhdes de anos. Continuando 0 processo, ou, patenteando-se mais as con- digdes de pressdo ¢ temperatura (0 que se verifica por movimentos tecténicos diastré- ficos ou intrusdes de corpos magméticos), dar-se-a a transformagio da hulha em an- tracito e finalmente grafita. Este mineral jé é formado em condigdes bastante severas de pressio e temperatura, sendo encontrado nas rochas metamérficas. Os antis hexago- ais de carbénio que jé se formam no an- tracito aumentam em nimero com o aumen- to do processo metamérfico, vao-se unindo cada vez mais até se disporem num reticula- do cristalino hexagonal que constitui o cris- tal de grafita. Durante 0 processo da incar- bonizagdo os dcidos himicos passam para humitos insohiveis, aumentando com isso 0 teor de carbénio, O oxigénio ¢ hidrogénio escapam principalmente sob a forma de CH,, CO, ¢ Hz. Na fig. 9-3 acham-se em grafico as percentagens de carbonio, oxigé- nnio e hidrogénio, desde a madeira, turfa, linhito, carvao betuminoso até antracito, Este grafico representa, assim, a marcha da incarbonizagio quanto A composigao qui- mica. Pode ser demonstrada a importincia da temperatura na formacdo do carvéo, aque- cendo-se pedagos de madeira por diversas 210 horas a diferentes temperaturas, notando-se um enriquecimento gradual em carbonio ¢ diminuigéo de hidrogénio. Na natureza & temperatura € menor, porém o tempo € con- tado em escala geologica. A tabela 9-1 mos- tra-nos estes diferentes valores Tanna 91 ‘ransformasio da madeira pelo aquecimento, verificando-se enriquecimento. em earbénio ¢ ae hidrogénio ‘Duragao Tempera | do aque % de hi tura °c) | cimento trogénio horas 245 9 43 sa 255 6 702 52 ns 5 740 43 290 5 a3 38 ‘Também a estrutura externa sofre modi- ficagdes consideriveis. Pela eliminagdo dos componentes voliteis (gua, metano, gis carbénico, etc.) ¢ pela perda da textura ce- lular original verifica-se um aumento gra- dativo da compacidade. Assim é que a rela- go dos volumes da turfa ¢ do carvao ¢ de 20 para 1, pelo fato de a turfa possuir uma cconsisténcia esponjosa, conservando-se par- cialmente a textura dos tecidos vegetais. No linhito a textura vegetal € conservada so- mente nos restos duros, intensamente ligni- ficados, enquanto que no carvao-de-pedra se verifica a perda praticamente total dos tecidos vegetais, apresentando-se 0 carvio preto, brithante € compacto. Por causa da compacidade ¢ auséncia da estrutura vegetal no carvao, por muito tem- po discutiu-se sua origem. Com os estudos eoldgicos e com o aperfeigoamento da tec- nologia microscépica foi possivel identifi- cear-se a natureza vegetal, gragas a poucos restos que ainda mantém a estrutura primi- tiva, como se vé na fig. 9-1. Percebe-se ni- tidamente a presenca de pequenos vasos, antigos condutores de seiva, com os anéis de lignina dispostos transversalmente em re- lagdo ao comprimento dos vasos. Outros tipos de « nheciveis fem grand: nominam a preta, ¢ chama bri derivado | produzir tonelada. A fig. combustiv geoldgico: dese rica, genda da ‘Compon terogenei¢ formam 0 EEBBR carbono JOxigénio [ED Hisrogénio Fig. 933 Grifico da incarbonizagdo que mostra em percentagem a perda gradual do originio © do hidro- inio, desde # madeira alé 0 antracito, enquanto que o carbnio aumenta progressivamente. tipos de carvdo contém restos ainda reco- nheciveis de espérios e de gréos de pélen em grande quantidade, que os ingleses de- nominam cannel coal. & de cor acastanhada a preta, de brilho bago e queima-se com chama brilhante, fato que originou 0 nome derivado de candle, vela. Trata-se de um carvao muito rico em betume, chegando a produzir quase 200 litros de’ betume por tonelada. A fig. 9-4 mostra-nos a distribuigdo dos combustiveis vegetais fosseis nos periodos geolégicos € ao mesmo tempo as quanti des existentes nos Estados Unidos da Amé- rica, Russia e para a Terra toda (v. a le- genda da respectiva ilustraco). Componentes do carvio. ~ Gragas & he- terogeneidade dos constituintes iniciais que formam o carvao-de-pedra (madeira, folhas, esporios, elc.), este no € homogéneo. Constitui-se de partes distintas, facilmente econheciveis macroscopicamente, € pro- priedade distintas. Assim & que a parte dura, brilhante, quebradiga, partindo-se de preferéncia perpendicularmente ao plano da estratificagdo com fratura concoidal, chama- se vitrita, ‘Dispde-se em camadas ou em len- tes mais ou menos espessas. Nao suja os dedos quando manuseada. Quando observa- da ao microscépio, sem sectdo delgada, apa- renta um gel. Raramente mostra uma estru- tura que lembra a da cortiga. Admite-se que a vitrita tena se originado da gelificacdo dos restos vegetais em ambiente aquoso isento de oxigenacdo. Outro componente & chamada fusita. Possui aspecto fibroso, muito semelhante a0 carvao vegetal, sujan- do os dedos quando tocada. Este tipo, quan- do abundante, € indesejavel aos mineiros, 21 Carb inf, sup. Dev. Perm Tria. Jur. cst Terc. "int! sup. £0 MiP | | USA. £35 %de carve 59% América USSR asistico aBNorie 216%decato | (aes ar pe Ksia Terra1oos | Oro [Europa 2% Australia - Africa ‘05s ANE Fig. 9-4 Distribuigio dos combustivess vegeta FOssis (carvdo ¢ linhilo) na coluna geoldgics, nos E. U. A. Unido Sovietica © para tods Terra srolopicos, correspondendo os picos de Note-se a distribuigdo bimodal nos diferentes periovos jor freqUéneia a0 periouo Inicio do Teridrio. A diets, a distribuigio das reservas de carvio ms tarbonifero © 30 Eocene, linhito nos continents. Inicizmente © no880 continente foi o menos lavorecido. por produzir muita pocira. Admite-se que a fusita tenha se originado em ambiente seco, ou ainda, a partir da combustio es- pontinea da matéria vegetal, seja por meio de incéndios provocados por relimpagos, seja por meio da agdo de termobactérias. © terceiro componente denomina-se durita. Caracteriza-se por dispor-se em camadas s6- lidas de espessura variivel e muito compac- tas. Quebra-se deixando uma superficie ds- pera, irregular. A coloracdo é acinzentada e sem brilho, ocorrendo freqlientemente grande quantidade de esporios ¢ gros de olen. Ter-se-ia formado em ambiente par- cialmente oxigenado, com a destruigdo par- cial dos tecidos mais frageis, conservando- se os mais resistentes, como por exemplo os 212 esporos, que sto muito comuns na durita, Outro componente que ocorre nos carvoes, minerais € a exinita, de aspecto resinoso amarelado ou avermelhado. Com o aqueci mento transforma-se em produtos gasosos deixando um residuo semelhante ao piche. Forma-se a partir de ceras ¢ resinas. Final- mente, ocorre, ainda a clarita, caracteriza- a, como diz 0 nome, pelo lustro acetinado ou sedoso. £ menos fridvel que a vitrita, sem apresentar fratura concoidal, Dispoe-se em camadas de espessura varidvel, parale- las A estratificagdo do carvao, A clarita é constituida de uma mistura de vitrita mais exinita, Ontra classificagdo mais simples subdivi- de 0s componentes do carvéo em duas ca- tegorias: w vegetais mi: antraxilon ( Jon, madeit: derivando-s te macerad: destruida pe Processos vio. — Pass necessirias| ciar-se a fo rias_ varias a) desenvot tinental que tancia vege contra a de: re quando agua; 0) a ocorrer 0 $ zgado por se geol6gicas admitir que de pantano 9.5 mostra- tes nos bai: do Estado agua. Outro pr portancia n carvao é a nando repe formacéo « rocesso. ni azo pela woes & em adiante. A de tal form se estejam ‘um contin. ‘mento, con que permit soterramen’ lenta € cont possivel tei milhares d madas de + tegorias: uma delas é formade pelos restos vegetais mais resistentes, denominando-se aniraxilon (do grego anthrax, carvao ¢ xy- madeira). Outra € denominada airinas, derivando-se da matéria vegetal intensamen- te macerada e de estrutura completamente destruida pelos agentes de decomposicao. Processos geolbgicas na formagio do vio. — Passemos a resumir as condigdes necessirias a formagdo do carvéo. Para ini- ciar-se a formagio do carvdo sio necessi- Tias varias condigdes conjugadas, a saber 4) desenvolvimento de uma vegeta¢do con- tinental que permita um acimulo de subs- tancia vegetal; 5) condigdes de protegdo contra a decomposigdo total, fato que ocor- re quando houver cobertura imediata pela ‘igua; c) apés 0 acimulo subaquoso deve ocorrer 0 sepultamento continuo e prolon- ‘gado por sedimentos, Como estas condigles geol6gicas ocorrem atualmente, devemos admitir que 0 mesmo aconteceu nas regides de pantanos e turfeiras do passado. A fig 9-5 mostra-nos uma destas turfeiras existen- tes nos baixios préximos da zona litorinea do Estado do Rio de Janeiro, em Jacare- pagua. Outro processo peolozico de grande im- portancia na formacdo de grandes jazidas de carvao é a instabilidade tect6nica, ocasio- nando repetidas vezes as condigdes para a formagéo de turfeiras. Infelizmente, este Processo no se verificou em nosso Pais, Tazao pela qual a espessura dos nossos car- voes & em geral pequena, como veremos adiante. A instabilidade tectonica deve ser dd tal forma, que a regido onde as turfeiras se estejam formando deve estar sujeita a ‘um continuo, intermitente e lento abaixa- ‘mento, conjugado a falhamentos que deter- minem uma configuragio topogrifica tal, que permita a formagdo de turfeiras e seu soterramento subseqiiente. Gragas a esta Jenta ¢ continua movimentagao tecténica foi Possivel ter-se formado uma espessura de milhares de metros de sedimentos com ca- madas de carvao, como as das regides da Silésia € Polénia. Neste pais ocorrem 477 camadas de carvao, cuja espessura total per- faz 272 metros, camadas estas dispostas em 6.700 metros de sedimentos de idade carbo- nifera, E a mais espessa ocorréncia do mun- do. No Ruhr, Alemanha, em 3,000 metros de sedimentos carboniferos ocorrem 100 camadas de carvo, perfazendo um total de rca de 90 metros de espessura. Muito fre- lientemente estas camadas de carviéo se acham associadas a sedimentos marinhos. Nas minas de Pennsylvania, £. v. a, dé-se a repetig&o ciclica de carviio com atenitos continentais, capeados por folhelhos ¢ cal- Cérios com fésseis marinhos. Tal associagao indica um ambiente espraiado € raso, pré- ximo ao mar, onde se formaram as turfei- ras. Estas, mais tarde, gragas ao abaixa- mento do continente, foram invadidas pelo mar, tendo-se entéo depositado sedimentos em tal quantidade, que atulharam a ponto de fazer com que 0 mar fosse expulso & substituido pelo continente. Com isso, ini- cia-se a deposigdo de sedimentos arenosos continentais junto a argilas de mangue, onde nova turfa comega a ser formada, apés, tal- vez, muitas dezenas de milénios depois da anterior, ‘Um fendmeno conhecido & a ocorréncia de grandes c catastréficas explosdes em al- gumas minas, como conseqiiéneia do escape de grande quantidade de gis carbénico ar- mazenado nos intersticios da hulha sob for- tissima pressdo. Esta, uma vez aliviada, per- mite a saida do gis com tal violéncia, que se efetua 0 deslocamento de blocos de mais de 200 toneladas de carvao. Em uma destas explosdes, verificadas na Silésia, perderam a Vida 150 trabalhadores. havendo ainda mui- tos feridos. Outra explosio ocorrida no sul da Franga fez com que 4,000 toneladas de detritos de carvéo se espalhassem a0 redor da mina, tendo 0 CO, se disseminado rapi: damente num circulo de 2km de diémetro. ‘Acredita-se que este CO, seja estranho 20 carvdo, tendo provindo de atividades may maticas profundas e retido no carvo gragas a sua impermeabilidade. 213, Be a Fig. 955 Turleira de Jacarepagus, Rio de Jan 0. Trata-se de extensos bairis com lagoas formades geral ‘mene pelo crescimento de restingas recentes (seg. S. F. Abreu). grisu, que € metano, CH,, € também responsivel por grandes explosoes, muitas ‘eres fatais aos operirios das minas. Neste caso, © metano € original, formado durante © processo da incarbonizacéo retido no carvao. Felizmente ndo temos tais desastres ‘nas nossas minas pois, encontrando-se 0 ccarvdo em pequena profundidade, 0 gis es- capa facilmente. Qualidade do carvéo para o uso indus- trial. — Na tabela 9-2 podemos apreciar a transigdo da celulose até antracito. Nota- mos que, a medida que se eleva 0 teor de carbénio, aumenta também o mimero de calorias do carvao. Notamos também que entre 0 linhito € 0 antracito existem diversos tipos de carvéo. Este pode ser betuminoso, semibetuminoso ou sub-betuminoso, confor- me o grau de incarbonizagdo e também con- 214 forme a natureza da substincia original transformada. Se esta foi inicialmente rica fem ceras, graxas ou resinas, gracas ao ele- vado contetido de espérios, 0 carvio seré mais rico em betume, cuja composicdo ‘complexa, Do aleatrao ¢ dos gases que se desprendem podem ser obtidas muitas cen- tenas de produtos quimicos de grande im- portancia industrial. O residuo sélido, obti- do da destilagio do carvéio betuminoso & denominado coque. Por ser esponjoso ¢ re- sistente & compressdo presta-se bem para a siderurgia, agindo como redutor dos éxidos de ferro € como fonte de energia para dar- se a fusio do ferro e da escéria. Deve ser lembrado de que nem todos os carvdes se restam para a obtencdo do coque. Os car- ‘oes coqueificaveis devem ter pouca percen- tagem de cinzas, devem ser ricos em vitrita € pobres em produtos volateis, a fim de pro- Madeira Turla Lintito cs hetuminos Carvio sut betuminos Antracito Grafta duzirem m so as pr para que F de ferro a Cinzas. de naturez junto aos minerais ar bem a cinz originalmer ‘em carbone Muitos ¢ tre concent as as ativi poracdo int de que sej absorvida | um aument ccentragio tra-nos algu Muitos mente ativo Ha quem si drogenagao gragas a al trados. Tana 92 Variasio do valor energtico © di composigio quimica durante © processo de incarbonizasio ] var enere- | ] Composiga i ; | sco do mate elementaren pratiues em Fa rial seco em | Cidade | Cinca | cathe | % Detivados| © |] 0 | Cetulese | Lignina| uo himus | Betume Mader 4.500 ws [raz[olofal « | 9 © ° Tura sagoo |e] s | ss|ofw] wo | wo | as 5 Linhite 650 | a2 |aae] mw] sfos} o o | os Is Carvio etuminoso | 708000 | 1 | aa] ml] sfis} o o | w | 2 Carvdo subs betuminoro | asso | 1 |saslmlolol o ar) 0 Aniracito 8.500 o9 | 34 foe} 2] 2] o o| a 3) Grafta 000 o 0 fwmfo} ol o ° ° a duzirem mais coque. De alta importancia Tama 933 so as propriedades mecdnicas do coque, Concentragéo de alguns elementos nas cinzas dos carvbes para que possa resistir ao peso do minério de ferro a ser reduzido no alto-forno. Cinzas. ~ Sdo formadas pelos detritos de natureza inorginica que se depositam junto aos restos vegetais. So geralmente minerais argilosos mais silte, havendo tam- bém a cinza derivada da queima da matéria originalmente vegetal agora transformada em carbono. Muitos elementos raros na crosta terres- tre concentram-se nas cinzas do carvao, gra- as as atividades biologicas vegetais, A eva- poragdo intensa por parte das folhas, a fim de que seja eliminado o excesso de égua absorvida pelas raizes, faz com que se dé ‘um aumento por vezes consideravel da con- centragdo de muitos sais. A tabela 9-3 mos- tra-nos alguns exemplos. Muitos destes elementos so catalitica- mente ativos em diversas reagdes do carvao. HA quem suponha que os fenémenos de hi- drogenagdo do carvao tenham sido ativados gragas @ alguns destes elementos concen- trados. rminerais. Note-se a alta concentragdo de ermal, berlo € bore lee [24 media | %. me eroste | Fator ae ‘raga y | oo ‘0.001 10 se | 0006 | 0.0003-0.0006 | 10 ~ 20 Ag | 0.0002 | 0.00001 20 As | as 0,000.5 io Ge | 005 | 00004-00007 | 70 - 120 Be | 003 | v.002-000 | 30 — 150 B | o 0.000.3 200 (Seg. B. M. Go.nscxsupr) E de importancia na industria o ponto de fusfo, ou de aglutinagdo da cinza, pois, sen- do muito baixo, poder obstruir a gretha da fornalha. Esta propriedade vai depender da composigo mineralégica da cinza, gragas 4 formagao de misturas eutéticas. Umipape. — A importincia deste fator reside no fato de ser necesséria uma grande quantidade de energia para transformar a gua liquida em vapor. Por isso, quanto 215 major a quantidade de agua num carvao. menor sera o seu valor energético, A agua ‘corre sob 5 formas, a saber: mecanica- mente misturada, condensada em capilares, adsorvida as superficies, combinada com moléculas orginicas e combinada com com- ponentes inorganicos, formando com estes 0s hidratos. A primeira delas é chamada “vee”, por desprender-se facilmente ¢ as demais sio chamadas de agua “‘fixa”. Esta necessita de temperatura superior a 100°C para ser ibertada, o que representa energia, por conseguinte, maiores despesas, pelo fato de diminuir 0 poder energético do carvao. Carvio no Brasil e no mundo. — Carvao no Brasil, ~ Nossas ocorréncias de carvio ‘até agora conhecidas limitam-se aos Esta- dos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, subordinadamente ao Parand ¢ apenas al- guns vestigios em Sdo Paulo. No Rio Grande do Sul podem ocorrer 3 camadas, tendo uma delas de 2 a 2,5m de espessura de carvao recuperivel. Em Santa Catarina ocorrem 5 camadas, sendo exploradas economicamente de 1 a 3m. Uma delas, conhecida como Barro Branco, tinge por vezes a espessura de mais de um metro de carvio de boa qualidade. No Pa- rani ocorre apenas uma camada, nem sem- pre economicamente exploriveis, que possui ‘no maximo a espessura de 0,7m. A quanti- dade total estimada do nosso carvao é de 466 bilhdes de toneladas, distribuidas de ‘seguinte maneira: 3,1 bilsses no Rio Grande do Sul, 1,5 bilhdo em Sunta Catarina, 30 milhdes no Parana ¢ | milhdo em Sao Paulo. ‘A produgio anual de carvio do Brasil é de 5 milhdes de toneladas, sendo que 3,5 milhdes provém do Estado de Santa Cata- rina, Somente neste Estado é que se encon- tra carvao coqueificivel, que requer carac- teristicas quimicas especiais. para produrir coque. Um tergo do carviio catarinense des- tina-se a esta finalidade, ¢ restante, apos (© devido beneficiamento é usado na produ- (do de energia elétrica (usinas termoelétri- 216 cas), em navegago ¢ em vies férreas, prin cipalmente. ‘O conhecimento geolégico que temos das nossas bacias carboniferas ainda no permi- te afirmar se ha ou nao continuidade entre clas. Para isso seria necessirio um grande numero de sondagens entre as bacias. O poder calorifico do carvao nacional atinge ‘0 valor miximo de 6 a 7.000keal em car~ vies do Estado do Parant. Estudos de Lenz sobre a génese do car- vo na regido norte do Parana mostram ha- ver intima relagdo deste fenémeno com fase do degelo do imenso inlandsis que co- briu a vasta bacia do rio Parané, durante © Carbonifero. Com o recuo da geleira deu- se 0 aciimulo dos detritos e o till acumula- do deu origem a lagos, abastecidos de agua ‘com a fusio das grandes massas de gelo. A profundidade destes lagos no devia exce- der de umas poucas dezenas de metros, ten- do-se realizado em seu interior a deposicao dos detritos vegetais. Estes consistiam prin- cipalmente de Pteridospermas (vegetais per~ tencentes a ordem das Gimnospermas, tendo vivido do Carbonifero ao Jurissico), Equi- setales, Lepidodendrales, Filicales ¢ algumas raras Coniferas, sendo a citagdo em ordem de importancia, segundo A. C. RociA- Campos. As Pleridospermas mais comuns so representadas pelos géneros Glossopteris: Gangamopteris, que definem a flora gond- winica dos continentes meridionais (Amé- rica do Sul, Africa e Austrilia). © avango lento ¢ gradual desta vegetagdo determinow entao a formagdo das turfeiras, que deviam ter atingido a espessura de cerca de 20 me- ‘ros, espessura que fica posteriormente re- duzida a 1 metro, apés 0 processo da incar- onizagio. Com 0 recuo progressivo da imensa. capa de gelo, deu-se a estagnacdo da turfeira, Infelizmente, nosso ambiente teeténico nao foi igual ao da Europa. Nosso bloco continental era de tal forma estavel naquela época, que nao se verificaram as fases de abatimento, nao permitindo, assim, 1a formagdo de novas turfeiras superpostas as mais antigas. Por este motivo € que na inaior parte camade de ¢ ralmente, qu demais nao ; exploragao, das turfeiras, © fenémeno Fato intere réncia de um baixo de um vao. A cor b to dos miner nizagao do fe sedimento. A da acdo dos rante a forma Carvéo no Vo ¢ linhito das da seguin reserva de 4 que «. lugar a... do 2.03 2 274%, dos 806 bilhdes « alia e are demais, com se de dados « ano de 1948. genético de b: ral combustiv. hidrocarbonet de itomos de drocarboneto qualquer. este zasoso, haven: Tos entre eles, das misturas Fiamente asso motivo pelo « estudo da Sed lidos sio der asfalto.natur: enquanto que

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