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Homilia – Epifania do Senhor

Amados irmãos, com esta solenidade da Epifania do Senhor, a Igreja nos


convida a voltarmos o olhar e o coração para o grandioso mistério da
manifestação de um Deus que rasgou o véu do tempo e da história, fazendo
dela o terreno propício da sua revelação como luz no meio das trevas com as
quais o mundo estava envolto e, ao mesmo tempo, como a verdadeira estrela
que guiaria a humanidade para a terra prometida, para a realização da grande
promessa.

Se colocarmos em paralelo a primeira leitura retirada do livro de Isaías e o


evangelho de hoje podemos perceber com clareza a bela face da
interpenetração entre promessa e cumprimento. Se de um lado, temos a visão
do profeta acerca de um grandioso momento em que toda a terra será invadida
pela a majestosa luz de Deus, pondo fim a todas as humilhações que Israel
teve que enfrentar e, diante da qual os reis poderosos das nações se
prostrarão oferecendo os seus mais preciosos tesouros; de outro lado com o
evangelho vemos a figura dos magos que vem do oriente sob a guia de uma
estrela para adorar o Senhor.

Podemos nos questionar sobre quem de fato eram aqueles magos, mas uma
coisa devemos ter clara, não podemos associá-los a figura de feiticeiros. Nas
Escrituras a feitiçaria é veementemente condenada. Quanto a esses magos
podemos compreender que eram homens que perscrutavam os céus a procura
de sinais, eram astrônomos, e por isso ao olhar para aquele astro, para aquela
estrela que se diferenciava de tudo aquilo que eles costumavam ver, viram ali
um sentido, permitiram ser iluminados pela luz da esperança, começaram a
procurar por um recém-nascido que seria um grande rei e resolveram trilhar o
caminho que ela apontava.

Em outras palavras, os magos são guiados pela estrela, que é personagem


fundamental neste relato. Esta estrela derrepente guia os magos que vem do
oriente, mas parece que arma para eles uma emboscada em Jerusalém, pois é
lá que ocorre o encontro entre os magos e Herodes. Em primeiro momento
parece normal procurar em Jerusalém pelo grande Rei recém-nascido, o
grande descendente de Davi, por ser esta a cidade mais importante de Israel, o
coração de Israel. Contudo, o que os magos encontraram foi Herodes, que
segundo o relato evangélico, “ficou alarmado e com ele toda Jerusalém” (Mt
2,3)”. Como soberano, como detentor do poder, Herodes se viu ali ameaçado
por um menino que poderia derrubá-lo do trono, e quando ele fala aos magos
para avisá-lo quando encontrarem o recém-nascido, pois também gostaria de
conhecê-lo e adorá-lo, no fundo o seu intuito era eliminar o seu adversário.
Vemos que logo depois do encontro com Herodes e a decisão de partir dali a
estrela volta a iluminar e conduzir os magos até o menino, trazendo assim uma
indizível alegria.

Podemos nos questionar porque os Magos tiveram que passar por Jerusalém
antes de chegarem a Belém. Meus irmãos, tendo em vista que Jerusalém era
tida como centro da religião judaica, podemos compreender que no fundo
esses homens estão fazendo o genuíno, o verdadeiro caminho da fé. Como
pagãos, homens vindos do oriente, não receberam essa iluminação direta, eles
acolhem esse messias dos judeus. Em outras palavras através dos judeus
chegam ao messias. Vemos aqui o grande tema trabalhado por Mateus que é o
universalismo salvífico. Cristo abre as portas da salvação para todos.

Nesta perspectiva os magos representam todos os pagãos que fazem esse


caminho da fé através dos judeus para chegar ao messias. São Paulo depois
vai comparar isso com aquela videira brava que foi enxertada num tronco bom.
Assim são os pagãos, essa arvore selvagem que foi enxertada nessa arvore
cuidadosamente plantada por Deus. Aqui podemos enxergar a acolhida dos
pagãos no novo povo de Deus.

Finalmente a estrela conduz os magos até o menino, que, ao entrarem na casa


se deparam com Maria e a criança, e, imediatamente reconhecem nele o
Messias, o salvador e por isso se prostraram para homenageá-lo e oferecerem
os seus dons. Ofereceram ouro, incenso e mirra: o ouro – presente que se
oferece ao rei, o incenso –presente que se oferece a divindade, e a mirra pode
ser entendida como óleo para embalsamar os corpos, e neste sentido pode ser
uma referencia a humanidade de Jesus, mas existe certos textos que se
referem a um perfume para ungir o leito nupcial. Neste sentido, pode ser uma
referencia a cristo como esposo.

Nesses três presentes, a tradição da Igreja enxergou os aspectos do mistério


de Cristo: a realeza de Jesus; sua divindade, e o mistério da sua Paixão. Após
todo esse reconhecimento feito pelos magos, eles retornam as suas terras,
mas não pelo mesmo caminho para se encontrar com Herodes, mas
reconhecendo em Cristo o salvador e tendo trilhado o caminho da fé, foram
grandiosamente transformados de modo que não compactuariam de forma
alguma com o mal.
Que nós, os homens e mulheres que abraçaram a Cristo, que trilharam esse
caminho de fé, não retornemos de modo algum ao caminho da perdição e
destruição, mas que cada dia nos deixemos ser guiados pela majestosa luz de
Cristo. Que Deus nos abençoe e guarde sempre.

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