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Certificação Ambiental
Governador
Cid Ferreira Gomes
Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia
Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Escola Estadual de
Educação Profissional - EEEP
Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Curso Técnico em Meio Ambiente
CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL
TEXTOS DE APOIO
Fortaleza - Ceara
2011
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO À QUESTÃO AMBIENTAL
Problemas ambientais no Brasil
Problemas ambientais atuais
Fauna
Flora
Recursos hídricos
Ocupação do solo
Lixo
Saneamento básico
Desperdício
AUDITORIA AMBIENTAL
Conceito
Histórico
Tipos de Auditoria Ambiental
Objetivos da Auditoria Ambiental
Protocolo de Auditoria Ambiental
As Normas de Auditoria Ambiental da ABNT
“Diretrizes para Auditoria Ambiental - Procedimentos de Auditoria - Auditoria de Sistemas de
Gestão Ambiental” - NBR ISO 14011
“Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios de Qualificação para Auditores Ambientais” -
NBR ISO 14012
BIBLIOGRAFIA
No Brasil, pode-se considerar a questão ambiental como sendo um assunto de extrema emer-
gência de ser estudado. Este fato pode ser apreendido tanto através da análise do ponto de
vista dos problemas decorrentes da fase desenvolvimentista, como do ponto de vista da agu -
dização das condições de vida nas cidades e no campo, produzida pela crise atual sócio-políti -
ca e econômica.
Embora estejam acontecendo vários empreendimentos por parte de empresas, novas leis te-
nham sido sancionadas, acordos internacionais estejam em vigor, a realidade apontada pelas
pesquisas mostra que os problemas ambientais ainda são enormes e estão longe de serem so-
lucionados.
É preciso lembrar que o meio ambiente não se refere apenas às áreas de preservação e luga-
res paradisíacos, mas sim a tudo que nos cerca: água, ar, solo, flora, fauna, homem, etc.
Cada um desses itens está sofrendo algum tipo de degradação. Em seguida serão apresentados
alguns dados relacionados a estes problemas.
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Fauna
A fauna brasileira é uma das mais ricas do mundo com 10% das espécies de répteis (400 espé-
cies) e mamíferos (600 espécies), 17% das espécies de aves (1.580 espécies) a maior diversida-
de de primatas do planeta e anfíbios (330 espécies); além de 100.000 espécies de invertebra -
dos (WALLAVER, 2000).
Algumas espécies da fauna brasileira se encontram extintas e muitas outras correm o risco.
De acordo com o IBGE há pelo menos 330 espécies e subespécies ameaçadas de extinção, sen-
do 34 espécies de insetos, 22 de répteis, 148 de aves e 84 de mamíferos. As principais causas
da extinção das espécies faunísticas são a destruição de habitats, a caça/pesca predatórias, a
introdução de espécies estranhas a um determinado ambiente e a poluição (WALLAVER, 2000).
O tráfico de animais silvestres movimenta cerca de 10 bilhões de dólares/ano, sendo que 10%
correspondem ao mercado brasileiro, com perda de 38 milhões de espécimes (O GLOBO,
03/07/02).
A poluição, assim como a caça predatória, altera a cadeia alimentar e dessa forma pode haver
o desaparecimento de uma espécie e superpopulação de outra. P. ex., o gafanhoto serve de
alimento para sapos, que serve de alimento para cobras que serve de alimento para gaviões
que quando morrem servem de alimento para os seres decompositores. Se houvesse uma dimi-
nuição da população de gaviões devido à caça predatória, aumentaria a população de cobras,
uma vez que esses são seus maiores predadores. Muitas cobras precisariam de mais alimentos
e, conseqüentemente, o número de sapos diminuiria e aumentaria a população de gafanho-
tos. Esses gafanhotos precisariam de muito alimento e com isso poderiam atacar outras plan-
tações, causando perdas para o homem (IBAMA, 2001).
Flora
Desde o princípio de sua história o homem tem exercido intensa atividade sobre a natureza
extraindo suas riquezas florestais, desde os pampas até, em menor intensidade, as monta -
nhas.
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As florestas têm sido as mais atingidas, devido ao aumento demográfico. Elas vêm sendo der-
rubadas para acomodar as populações, ou para estabelecer campos agricultáveis (pastagens
artificiais, culturas anuais e outras plantações de valor econômico) para alimentar as mes-
mas. Essa ocupação tem sido realizada sem um planejamento ambiental adequado causando
alterações significativas nos ecossistemas do planeta.
As queimadas, geralmente praticadas pelo homem, são atualmente um dos principais fatores
que contribuem para a redução da floresta em todo o mundo, além de aumentar a concentra-
ção de dióxido de carbono na atmosfera, agravando o aquecimento do planeta. O fogo afeta
diretamente a vegetação, o ar, o solo, a água, a vida silvestre, a saúde pública e a economia.
Há uma perda efetiva de macro e micronutrientes do solo em cada queimada que chega a ser
superior a 50% para muitos nutrientes. Além de haver um aumento de pragas no meio ambien-
te, aceleração do processo de erosão, ressecamento do solo entre vários outros fatores.
A queimada não é de todo desaconselhada desde que seja feita sob orientação (p. ex., Técni -
co do IBAMA) e facilmente controlada. Apesar do uso de sistemas de monitoramento via saté-
lite, os quais facilitam a localização de focos e seu combate, ainda é grande o número de in -
cêndios ocorridos nas florestas brasileiras (SILVA, 1998).
150 mil Km2 de floresta tropical são derrubados por ano, sendo que no Brasil, são em torno
de 20 mil km2 de floresta amazônica. Além desta, a Mata Atlântica é a mais ameaçada no Bra-
sil e a quinta no mundo, já tendo sido devastados 97% de sua área (VITOR, 2002).
O desmatamento da Amazônia entre agosto de 2003 e agosto de 2004, foi o segundo maior da
história. O número, equivalente a mais de 8,6 mil campos de futebol desmatados em um úni-
co dia. Quase a metade (48,1%) do total desmatado na Amazônia Legal se deu no estado do
Mato Grosso, governado pelo maior produtor individual de soja do mundo, Blairo Maggi. Dos
12.576 km2 desmatados no estado, apenas 4.176 km2 foram feitos de forma legal. Enquanto
as árvores caíam na floresta, o grupo do agronégócio de Maggi comemorava aumentos de 28%
no faturamento (US$ 532 milhões em 2003, contra US$ 415 milhões em 2002) e de 21% na área
plantada (170 mil hectares em 2003 contra 140 mil em 2002). Blairo Maggi faz parte da base
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de apoio do governo Lula e não esconde sua opinião: “Esse negócio de floresta não tem o me-
nor futuro”, afirmou em entrevista recente. (Green Peace)
Recursos Hídricos
Mais da metade dos rios do mundo diminuíram seu fluxo e estão contaminados, ameaçando a
saúde das pessoas. Esses rios se encontram tanto em países pobres quanto ricos. Os rios ainda
sobreviventes são o Amazonas e o Congo.
A Bacia do Amazonas é o maior filão de água doce do planeta, correspondendo a 1/5 da água
doce disponível. Não é à toa que há um interesse mundial na proteção dessa região (PORTU-
GAL, 1994).
O Brasil detém 8% de toda água doce superficial do planeta. Porém a maior parte dessa água -
cerca de 80% - está localizada na Região Amazônica. Os 20% restantes se distribuem desigual-
mente pelo país, atendendo 95% da população.
A escassez de água se deve basicamente à má gestão dos recursos hídricos e não à falta de
chuvas. Uma das maiores agressões para a formação de água doce é a ocupação e o uso desor-
denado do solo. Para agravar ainda mais a situação são previstas as adições de mais de 3 bi-
lhões de pessoas que nascerão neste século, sendo a maioria em países que já tem escassez
de água, como Índia, China, Paquistão (http://www.wiuma.org.br).
A quantidade de matéria orgânica presente nos corpos d'água depende de uma série de fato-
res incluindo todos os organismos que aí vivem, os resíduos de plantas e animais carregados
para as águas e também o LIXO e os ESGOTOS nela jogados. Se a quantidade de matéria orgâ-
nica é muito grande a poluição das águas é alta e uma série de processos vão ser alterados.
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Haverá muito alimento à disposição e conseqüentemente proliferação dos seres vivos. Vai ha-
ver maior consumo de oxigênio que ocasionará a diminuição de Oxigênio dissolvido provocan-
do a mortalidade de peixes.
A ocupação inadequada, provocada pelo grande abismo social existente no Brasil, é um dos
principais responsáveis pela degradação dos recursos hídricos.
Ocupação do Solo
O modelo urbanístico brasileiro praticamente se divide em dois: a cidade oficial (cidade legal,
registrada em órgãos municipais) e a cidade oculta (ocupação ilegal do solo). A cidade fora da
lei, sem conhecimento técnico e financiamento público, é onde ocorre o embate entre a pre-
servação do meio ambiente e a urbanização. Toda legislação que pretende ordenar o uso e a
ocupação do solo, é aplicada à cidade legal, mas não se aplica à outra parte, a qual é a que
mais cresce.
De acordo com a Profa. Ermíria Maricato (FAU/USP) (apud MEIRELLES, 2000) foram construídos
no Brasil 4,4 milhões de moradias entre 1995 e 1999, sendo apenas 700 mil dentro do merca -
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Há uma relação direta entre as moradias pobres e as áreas ambientalmente frágeis (beira de
córregos, rios e reservatórios, encostas íngremes, mangues, várzeas e áreas de proteção am-
biental, APA). Os invasores passam a ser considerados inimigos da qualidade de vida e do meio
ambiente, quando na verdade eles não têm alternativas e isso ocorre devido à falta de plane-
jamento urbano.
O censo de 2000, realizado pelo IBGE, aponta um crescimento de 22,5% de novas favelas em 9
anos. Há 3.905 favelas no país, sendo 1.548 em São Paulo e 811 no Rio de Janeiro. Outro fa-
tor que está afetando o solo é o mau uso na agricultura. 24 milhões de toneladas de solo agri -
cultável são perdidos a cada ano correspondendo, no momento, a 30% da superfície da Terra.
As maiores causas da desertificação são o excesso de cultivo e de pastoreio e o desmatamen-
to, além das práticas deficientes de irrigação (MOREIRA, 2000).
LIXO
Outro trágico fator ambiental é o lixo que em sua maioria ainda é lançado a céu aberto. No
Brasil, cerca de 85% da população brasileira vive nas cidades. Com isso, o lixo se tornou um
dos grandes problemas das metrópoles.
Pela legislação vigente, cabe às prefeituras gerenciar a coleta e destinação dos resíduos sóli-
dos. De acordo com o IBGE, 76% do lixo é jogado a céu aberto sendo visível ao longo de estra-
das e também são carregados para represas de abastecimento durante o período de chuvas.
Embora muito esteja se fazendo nesta área em nível mundial, ainda são poucos os materiais
aproveitados no Brasil onde é estimada uma perda de cerca de 4 bilhões de dólares por ano.
Mas, há indícios de melhora na área no país onde se tem como melhor exemplo as latas de
alumínio, cuja produção é 63% reciclada (COZETTI, 2001). O lixo industrial apresenta índices
maiores de reciclagem. De acordo com a FIRJAN, no estado do Rio de Janeiro 36-70% das in -
dústrias reciclam seus dejetos (BRANDÃO, 2002).
SANEAMENTO BÁSICO
Outro fator gravíssimo para aumentar a poluição ambiental é a falta de saneamento básico.
Atualmente apenas 8% do esgoto doméstico é tratado no Brasil e o restante é despejado dire -
tamente nos cursos d’ água (MEIRELLES, 2000).
Um relatório da ONU revela que as regiões costeiras, sul e sudeste do Brasil, são as mais polu -
ídas do mundo. 40 milhões de pessoas vivem no litoral lançando 150 mil litros de esgoto por
dia ou 6 bilhões de litros de esgoto sem tratamento (VITOR, 2002).
Os poucos investimentos do governo nessa área são inexplicáveis, uma vez que, para cada dó-
lar investido no saneamento básico, 4 dólares são economizados com a prevenção de doenças
que requerem internações (CRUZ, 2000).
DESPERDÍCIO
No Brasil por se ter disponibilidade de recursos, o desperdício se tornou parte de nossa cultu -
ra, isso tanto para pobres quanto ricos. 20% dos alimentos são desperdiçados (desde a colhei-
ta até a mesa da comunidade) segundo o IBGE. Essas toneladas perdidas seriam suficientes
para matar a fome de toda a população carente. Além disso, jogamos fora muito material re-
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ciclável (são despejadas na natureza 125 mil toneladas de rejeitos orgânicos e materiais reci-
cláveis por dia). A cada tonelada de papel que se recicla, 40 árvores deixam de ser cortadas.
Em ambos os casos o desperdício gera poluição ambiental. Com relação à energia elétrica, os
brasileiros desperdiçam meia produção anual de Itaipu ou 9,5% da média total anual (CRUZ,
2001). Como exemplo de desperdícios está o uso irracional de aparelhos elétricos e luzes
acessas desnecessariamente. O uso racional poderá evitar a construção de novas barragens,
que causam grandes impactos ambientais, apenas pela minimização dos desperdícios.
Auditoria Ambiental
O sistema de gestão ambiental está intimamente ligado à auditoria ambiental. O SGA depende
da auditoria para poder evoluir na perspectiva de melhoria contínua. Ao se implementar um
sistema de gestão ambiental, automaticamente implementa-se a auditoria ambiental periódi-
ca. Assim, é necessário o conhecimento da auditoria ambiental como instrumento de gestão
ambiental que irá “pilotar” o SGA.
Conceito
De acordo com a NBR ISO 14010 (ABNT 1996c), auditoria ambiental é o processo sistemático e
documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências
de auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistema de gestão e condições ambi-
entais especificados ou as informações relacionadas a estes estão em conformidade com os
critérios de auditoria, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente.
Histórico
A auditoria ambiental surgiu nos Estados Unidos no final da década de 70, com o objetivo
principal de verificar o cumprimento da legislação. Ela era vista pelas empresas norte-ameri-
canas como uma ferramenta de gerenciamento utilizada para identificar, de forma antecipa-
da, os problemas provocados por suas operações. Essas empresas consideravam a auditoria
ambiental como um meio de minimizar os custos envolvidos com reparos, reorganizações, sa-
úde e reivindicações.
Muitas empresas aplicavam, também, a auditoria para se prepararem para inspeções da Envi-
ronmental Protection Agency - EPA e para melhorar suas relações com aquele órgão governa-
mental. O papel da EPA com relação às auditorias ambientais tem-se alterado com o passar do
Na seqüência, outros países, como, por exemplo, França e Espanha, também apresentam suas
normas de sistema de gestão ambiental e de auditoria ambiental. Em 1993, começou a ser
discutido o Regulamento da Comunidade Econômica Européia - CEE no 1.836/93, em vigor a
partir de 10 de abril de 1995, que trata do sistema de gestão e auditoria ambiental da União
Européia (Environmental Management and Auditing Scheme - Emas). No Brasil, a auditoria am-
biental surgiu, pela primeira vez, por meio da legislação, no início da década de 90, quando
da publicação de diplomas legais sobre o tema, citados a seguir:
Em 1996, tais projetos de norma são alçados à categoria de normas internacionais, sendo ado-
tadas pelos países participantes da ISO. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas
- ABNT apresentou, em dezembro de 1996, as NBR ISO 14010, 14011 e 14012, referentes à au-
ditoria ambiental.
Observe-se, ainda, que projetos de normas de auditoria ambiental, da mesma forma que ou -
tros projetos de normas de gestão ambiental, são submetidos à discussão e votação dos Orga -
nismos Nacionais de Normalização dos países integrantes do Mercado Comum do Sul - Merco-
sul, para aprovação como norma Mercosul.
Uma auditoria ambiental pode ser realizada com finalidades diferentes, tais como:
a) CANTER (1984) trata a auditoria como uma ferramenta a ser utilizada no processo de Ava-
liação de Impacto Ambiental. O autor argumenta que uma auditoria realizada após a implan-
tação de um empreendimento permite averiguar se as medidas de mitigação e monitoramento
previstas foram instaladas; se essas medidas têm desempenho satisfatório; se, e como, os im -
pactos previstos se realizaram; ou ainda, se ocorreram impactos que não estavam previstos;
c) LEPAGE-JESSUA (1992) cita, entre outras, a realização de auditoria ambiental em cinco si-
tuações:
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• Auditoria de risco: pode ser aplicada no caso de um contrato de seguro ou, em um âmbito
mais geral, no caso de uma análise de risco. Neste último caso, ela é útil para a empresa
conhecer com precisão a extensão do risco de um acidente para o meio ambiente e, con-
seqüentemente, os riscos jurídico, econômico e financeiro. Com este tipo de auditoria, a
empresa visa simplesmente limitar seus riscos.
• Auditoria de operações de fusão, absorção ou de aquisição: uma empresa que deseja, por
exemplo, adquirir uma outra empresa pode solicitar uma auditoria ambiental para saber a
natureza dos riscos ao qual ela estaria sujeita. Outro caso, por exemplo, é o da venda de
terrenos nos quais serão colocados materiais descartados; a empresa vendedora pode rea-
lizar uma auditoria ambiental para se desembaraçar de responsabilidades futuras no caso
de contaminação. Da mesma forma, uma empresa que vai comprar um terreno pode solici-
tar uma auditoria para saber em que situação, com relação à qualidade do solo e das
águas, ele se encontra.
• Auditoria de gerenciamento geral: essa auditoria tem um objetivo maior. Trata-se de veri-
ficar todos os possíveis impactos da empresa sobre o meio ambiente. Essa auditoria permi-
te a definição de uma orientação e de uma política da empresa por meio da totalidade dos
dados ambientais e considera as evoluções futuras do contexto jurídico.
• BRAGA et al. (1996) propõem a realização de uma auditoria, a qual chamam de auditoria
ambiental preliminar infor- mal, como ROTHERY (1993), para definição dos aspectos ambi-
entais da organização (requisito da etapa de Planejamento do SGA da NBR ISO 14001);
• A NBR ISO 14001 (ABNT, 1996a) indica a utilização da auditoria ambiental na etapa de Veri-
ficação e Ação Corretiva, que permite a realização da etapa seguinte (Análise Crítica pela
Administração) que vai avaliar o desempenho do sistema implantado e indicar as mudanças
necessárias no mesmo, o qual passará a funcionar em um novo patamar;
• A NBR ISO 14011 (ABNT, 1996d) indica a auditoria ambiental para avaliação do SGA de uma
empresa que vise o estabelecimento de relação contratual com outra empresa; e com vis-
tas à certificação.
Para a realização de auditorias ambientais, a NBR ISO 14011 (ABNT, 1996d) faz referência à
utilização de documentos de trabalho e, entre eles, cita as listas de verificação, que seriam
uma tradução de check-list. Check-list é um dos tipos de protocolo da auditoria ambiental.
Para estes autores, o protocolo da auditoria pode ser organizado de diferentes maneiras e ter
variados formatos, havendo seis alternativas básicas:
• Resumo de tópicos: é o chamado checklist, no qual apenas são citados os assuntos a serem
abordados, não estando especificados procedimentos para exame dos diferentes tópicos.
Observe-se que, o termo check-list tem sido usado erroneamente como sinônimo de proto-
colo, quando, na verdade, é apenas um dos tipos de protocolo.
Cada um desses protocolos tem suas vantagens desvantagens em momentos e situações dife-
rentes. O protocolo básico requer, necessariamente, uma documentação complementar de
campo, na qual devem ser feitas anotações, o que pode ser pouco prático no desenvolvimento
da auditoria.
O guia detalhado é ideal para ser utilizado em auditoria de conformidade legal, pois fornece
informações detalhadas sobre determinados requisitos ambientais, apesar de restringir se a
eles. O resumo de tópicos só deve ser utilizado por auditores com muita experiência, pois não
indica os procedimentos.
O questionário dirigido (sim ou não) pode ser de utilização pouco prática, por possuir, na
maioria dos casos, muitas perguntas para obter uma única informação. O questionário de res-
postas dissertativas é útil para obtenção de informações aprofundadas, e mais próximas do
real, sobre o objeto da auditoria, qualquer que seja ele, pois permite que o auditado expli-
que suas respostas e que o auditor explane suas observações.
O questionário com pontuação, se não for construído de acordo com critérios estabelecidos a
partir de um profundo conhecimento do objeto da auditoria, tenderá a apresentar resultado
subjetivo e, além disso, poderá ocultar aspectos específicos, com nota “baixa”, em uma ava-
liação global boa.
Entre os tipos de protocolo descritos anteriormente, considera-se mais adequado para a defi-
nição de aspectos ambientais o protocolo de respostas dissertativas, pois, como visto, tal pro-
tocolo é organizado de forma a permitir a aquisição de informações detalhadas e aprofunda-
das, o que é desejável em uma auditoria ambiental que objetiva a obtenção dos aspectos am-
bientais, ou seja, dados sobre os quais o sistema de gestão ambiental será construído.
Essa norma possui 5 páginas, sendo que na quinta encontra-se um anexo referente à bibliogra-
fia. Ela estabelece os princípios gerais aplicáveis a todos os tipos de auditoria ambiental. Está
estruturada em três grandes temas: definições, requisitos e princípios gerais.
A NBR ISO 14010 recomenda como requisitos para a realização de uma auditoria ambiental:
• Que o objeto enfocado para ser auditado e os responsáveis por tal objeto devem estar cla-
ramente definidos e documentados; e
A norma aponta, ainda, os princípios gerais para condução de auditorias que são apresentados
no quadro abaixo:
Essa norma possui 7 páginas, sendo que na sétima tem-se a bibliografia. Ela estabelece proce-
dimentos para condução, especificamente, de auditorias de Sistema de Gestão Ambiental.
Está estruturada em quatro temas: definições; objetivos, funções e responsabilidades da audi-
toria do sistema de gestão ambiental; etapas da auditoria de sistema de gestão ambiental; e
encerramento da auditoria.
A NBR ISO 14011 apresenta definições para três termos, quais sejam:
3. Critérios de auditoria do sistema de gestão ambiental. Que são os requisitos da NBR ISO
14001 e, se aplicável, qualquer outro requisito adicional. Quanto aos objetivos, funções e
responsabilidades da auditoria do sistema de gestão ambiental, essa norma apresenta re-
comendações referentes à auditoria em si e às pessoas que participam do processo (audi-
tor-líder, auditor, cliente e auditado), que constituem diretrizes para a auditoria ambien-
tal (Quadro abaixo)
De acordo com a NBR ISO 14011 (ABNT, 1996d), existem quatro etapas no processo de audito-
ria do sistema de gestão ambiental, quais sejam: etapa 1 (início da auditoria); etapa 2 (pre-
paração da auditoria); etapa 3 (execução da auditoria); e etapa 4 (elaboração do relatório de
auditoria). A norma descreve procedimentos para cada uma dessas etapas que são apresenta-
dos nos Quadros abaixo:
A NBR ISO 14012 (ABNT, 1996e) estabelece diretrizes quanto aos critérios que qualificam um
profissional a atuar como auditor e como auditor-líder ambientais, tanto externo como inter-
no. É salientado pela norma que os auditores internos devem possuir o mesmo nível de com-
petência dos auditores externos, mas podem não atender a todos os critérios dessa norma,
dependendo de fatores como: características da organização (tamanho, natureza, complexi-
dade e impactos ambientais) e características necessárias para o auditor ambiental (conheci-
mento especializado e experiência).
A norma apresenta definições para: auditor ambiental (pessoa qualificada para realizar audi-
torias ambientais); auditor-líder ambiental (pessoa qualificada para gerenciar e executar au-
ditorias ambientais); diploma (certificado reconhecido nacional ou internacionalmente, ou
qualificação equivalente, normalmente obtido após a educação secundária, através de um pe-
ríodo de estudo formal, em tempo integral, com duração mínima de três anos, ou outro perío-
Após as definições, são apresentados pela NBR ISO 14012 os critérios de qualificação de audi-
tores (Quadro 35); diretrizes para avaliação das qualificações de auditores ambientais; e dire-
trizes para o desenvolvimento de um organismo que assegure um enfoque coerente para a
certificação de auditores ambientais.
A NBR ISO 14012 recomenda, em seu Anexo A, que o processo de avaliação de auditores deve
ser conduzido por pessoa dotada de conhecimentos atualizados e experiência em processos de
auditoria. Recomenda, ainda, que a avaliação da educação (experiência profissional, treina-
mento e atributos pessoais dos auditores) seja realizada utilizando-se os seguintes métodos:
entrevistas; prova escrita e/ou oral; análise de trabalhos escritos; referências de empregado-
res anteriores e colegas; simulação de atuação; observações feitas por outros auditores em
auditorias já realizadas; análise das evidências apresentada pelo auditor; apreciação das cer-
tificações e qualificações profissionais.
Ainda de acordo com a norma, caso seja apropriado, deve haver um organismo que assegure
que os auditores ambientais sejam certificados de forma consistente, que deve ser indepen-
dente e atender às seguintes diretrizes: certificar diretamente; credenciar entidades que cer-
tificarão os auditores; estabelecer processo de avaliação de auditores; e manter cadastro
atualizado de auditores ambientais que atendam aos critérios especificados pela norma.
Os selos, como também outras atividades dos programas de rotulagem ambiental, servem a
vários propósitos e têm como meta um número de diferentes audiências.
As classificações dos Programas de Rotulagem Ambiental podem variar, tanto com relação aos
produtos que eles cobrem quanto para com os problemas de meio-ambiente para os quais es-
tão voltados. Podem ser classificados de acordo com o número de características do progra-
ma. Uma das características mais importantes é por tipo de organização que administra o pro-
grama.
Os Programas de 1ª Parte
São aqueles que envolvem a rotulagem de produtos ou embalagens por partes que diretamen-
te se beneficiam em fazer a reivindicação ambiental (são geralmente fabricantes, varejistas,
distribuidores ou comerciantes do produto). Esses programas também são conhecidos como
“auto-declarações”, porque a parte que faz a reivindicação ambiental a faz sem verificação
independente.
Os Programas de 2ª Parte
São aqueles que envolvem a rotulagem para produtos ou embalagens que são concedidos por
associações comerciais. Não estão diretamente ligados à fabricação ou venda do produto e as
categorias de informação podem ser estabelecidas pelo setor industrial ou por organismos in -
dependentes.
Os Programas de 3ª Parte
São aqueles que envolvem a rotulagem de produtos ou embalagens por partes que são inde-
pendentes da produção ou venda dos produtos, ou seja, não estão ligadas à fabricação ou
venda do produto (instituições governamentais, do setor privado ou organizações sem fins lu-
crativos).
O programa de rotulagem ambiental no Brasil foi desenvolvido com base nas experiências de
programas mundiais de rotulagem ambiental.
Por meio de seu programa de certificação ambiental, a ABNT espera: certificar produtos que
demonstrem qualidade ambiental; promover o suprimento de tais produtos para o uso do con -
sumidor; expandir o programa para outros setores; torná-lo conhecido tanto nacional quanto
internacionalmente; e alcançar sustentabilidade financeira.
O trabalho inicial está voltado para o desenvolvimento de normas em duas categorias, produ -
tos de couro e calçados e produtos florestais. O programa ainda não está ativo. Assim sendo,
ainda nenhum produto recebeu o certificado.
A metodologia adotada pela ABNT é baseada na Análise do Ciclo de Vida (ACV), e considera os
seguintes elementos: extração e processamento de matéria-prima, fabricação, transporte e
distribuição, usos do produto, reutilização, manutenção, reciclagem, descarte final, ingredi-
entes ou restrições a materiais utilizados e o desempenho ambiental do processo de produ -
ção.
Selos Verdes
Nota-se, pelas análises, que a rotulagem ambiental pode ajudar a contribuir para a formação
do consumidor consciente, em vista dos padrões de produção e consumo. Os rótulos ambien-
tais configuram um sistema de informação da origem do produto, dos estudos de avaliação do
ciclo de vida e se o mesmo deriva de um processo que utilize tecnologias limpas.
BIBLIOGRAFIA
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - normas NBR-ISO 9000 a NBR-ISO 9004.
MOREIRA, M.S. (2001) Estratégia e implantação de sistema de gestão ambiental modelo ISO
14000. 286p.
MOURA, L.A.A. (2002) Qualidade e gestão ambiental: sugestões para implantação das normas
ISO 14000. 331p.
PURI, S.C. “ISO 9000 Certificação - Gestão da Qualidade Total”, Ed. Qualitymark, 1994
VALLE, C.E. (1995) Qualidade ambiental: o desafio de ser competitivo protegendo o meio am-
biente: como se preparar para as normas ISO 14000. 117p.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!