Sabia que Nossa Senhora depois do curso desta vida terrena subiu aos
Céus em corpo e alma?
Amado leitor, a amantíssima Virgem Mãe subiu da terra aos Céus para se unir ao seu Filho, num amor inefável. O amor é virtude unitiva e ninguém amou mais Jesus do que ela. Assim, também nós queremos amá-la como nunca ninguém a amou, para nos unirmos a ela como nunca ninguém se uniu. E desta forma a Mãe carinhosa também saberá fazer-nos subir aos Céus para os seus braços e os do seu Filho Divino. Para isto, meditemos na solenidade que a Igreja comemora hoje: a Assunção de Nossa Senhora. Peçamos a especial assistência do Espírito Santo e digamos com o Anjo Gabriel: Ave-Maria… O Dogma de fé. Após uma vida marcada pela cruz do seu Filho Divino era chegada a hora da alegria e triunfo. Por singular privilégio a Santa Mãe de Deus subia aos Céus em corpo e alma. Com a constituição apostólica Munificentissimus Deus o Papa Pio XII a 1 de Novembro de 1950 definiu este dogma de fé. Terá Nossa Senhora morrido ou não? O Papa Pio XII na fórmula dogmática do documento prescinde em definir se Nossa Senhora morreu ou não, ou seja, se foi elevada ao Céu depois de ter ressuscitado, ou se foi transladada em corpo e alma ao Céu sem passar pelo transe da morte. As Sagradas Escrituras afirmam-nos que em termos gerais todos os homens morrem, contudo, não nos afirmam que todos os homens morreram! Pelo contrário, excetuam alguns, como Santo Elias, que foi arrebatado num carro de fogo, Santo Enoch, que foi levado pelo Espírito de Deus antes que chegasse a morte, ou ainda São João Evangelista, como creem os santos Doutores ser provável segundo a palavra de Deus (Jo. 21,22). Perguntamos agora: não se pode considerar o mesmo sobre Nossa Senhora? De uma maneira ou outra, o que a tradição cristã e os Padres da Igreja garantem é que o sagrado corpo da Santíssima Mãe não sofreu a corrupção do sepulcro. O Tabernáculo bendito do Verbo Divino não foi reduzido ao pó. A Santa Igreja ainda não se pronunciou infalivelmente sobre este ponto, e assim, nós também prescindiremos de o tratar aqui. Trataremos é de o fazer compreender o que levou o Espírito Santo a exclamar: Quem é esta que sobe do deserto inebriada de delícias e apoiada em seu amado (Cant. 8,5)? A morte de Nossa Senhora foi um sonho de amor puro pelo seu Filho! Para resolver a questão os santos Padres utilizam um lindo termo sobre a morte da Virgem Mãe, falam na «dormição» de Nossa Senhora: sua morte foi semelhante ao declinar de uma linda tarde, como um doce e aprazível sono que não era tanto o fim de uma vida, mas a aurora de uma existência superior. Para designá-la a Igreja usa este termo encantador: sono ou dormição da Virgem. Se ela morreu, o amor do seu Filho a ressuscitou e a elevou aos Céus, se simplesmente foi um sono de amor, então o amor de Jesus a elevou aos Céus de igual forma. Este é o motivo da nossa festa, da nossa grande alegria, da qual participam todos os santos e anjos da Igreja militante e triunfante. A Virgem Maria exemplar acabado de amor divino morreu de amor pelo seu Filho, porque o último efeito do amor afetivo é a morte daqueles que se amam! Foi nesta plenitude de graça que Nossa Senhora subiu aos Céus. Contemplemos então que tipo de sono de amor foi esse ou que causa de morte foi essa? O Santo Simeão já tinha profetizado esta morte quando esteve com Jesus Menino nos braços: uma espada transpassará a tua alma (Lc. 2,35). Não disse: uma espada transpassará o teu corpo, mas sim, a tua alma! Jesus tinha dito: Eu não vim trazer a paz, mas a espada (Mt. 10,34), é dizer: Eu vim trazer o fogo (Lc. 12,49), Eu vim trazer o amor! Esta é a Espada do amor que manejam as almas de fogo, ou então, a espada de fogo que manejam as almas de amor! E por isso sobre a Assunção ainda canta o Espírito Santo: Quem é esta que se levanta como a aurora, bela como a lua, brilhante como o sol, terrível como um exército em ordem de batalha (Cant. 6,9)? Como poderemos nós entender esta palavra? Sobe como a aurora porque dela nasce um novo reino, o Reino de Maria. É formosa como a lua porque tem a beleza da simplicidade e da humildade. É brilhante como o sol porque foi revestida (Ap. 12,1) com a luz da sabedoria divina, e é terrível como um exército em ordem de batalha porque tem um conjunto de filhos e filhas devotos e bem ordenados. Ordenados porque estão unidos e, unidos porque têm os mesmos santos ideais, guardam a lei de Deus, lutam contra o pecado e procuram em tudo a maior glória de Nosso Senhor e de sua Mãe Santíssima. Mas que fogo de amor, que espada de amor foi esta que trespassou a alma da Santíssima Mãe e a elevou aos Céus? Pensemos na força que o divino amor exercia no coração virginal dela e o veemente desejo de estar com o seu Filho. O seu Tesouro (Mt. 6,21), é dizer, o seu Filho estava no Céu, osso dos seus ossos, carne da sua carne (Gén. 2,23), e ao Céu voava aquela Santíssima Águia (Mt. 14,28), onde estiver o corpo, ali se reunirão as águias. O seu coração, a sua alma, a sua vida, toda Ela estava no Céu. Porque havia então de ficar na terra? Depois de tantos voos espirituais, de tantas suspensões, de tantos êxtases, aquele Castelo de santa pureza e humildade rendeu-se ao último «assalto» do amor! O amor do seu Filho a venceu! Esta Celestial Senhora tinha uma só vida com o seu Filho, e vivendo, não vivia para si, mas para Ele e, Ele vivia nela. Esta Mãe que vivia da vida do seu Filho também morreu da morte do seu filho, pois tal é a vida, tal é a morte. Nossa Senhora morreu de amor! Maria e amor são palavras sinónimas: Maria é amor e amor é Maria! Contemplando os amáveis mistérios da Encarnação, Vida, Paixão e Morte Dele e recebendo diariamente as mais ferventes inspirações, o sagrado fogo do amor divino a consumiu por completo em holocausto de suavidade. Esta doce Mãe amava Jesus mais do que ninguém e o seu coração maternal foi atravessado pela espada de dor da sua Paixão. As Sagradas Escrituras e de todos os santos Doutores nos dizem que Ela morreu entre chamas de caridade e em holocausto perfeito por todos os pecados da terra, é Corredentora da humanidade. Cheia de graças e de méritos é elevada ao mais alto dos Céus. Depois da entrada triunfante de Jesus Cristo no Céu a entrada da Sua Mãe foi a mais esplendida e magnifica de todas. A Rainha de Sabá tinha ido ver o Rei Salomão, admirar a sua sabedoria, a ordem admirável da sua coorte (1 Reis 10,10) e ofereceu-Lhe uma enorme quantidade de ouro, perfumes, pedras preciosas… riquezas que nunca se tinham visto em Jerusalém! Óh, assim também a Santíssima Virgem quando subiu à coorte celestial do seu Filho, o Novo Salomão, levou o ouro do seu amor, os perfumes da sua devoção, as pedras preciosas da sua paciência e resignação. Que alma subiu a tão alta perfeição? Que alma foi tão rica em dons, virtudes e privilégios? Na Jerusalém Celeste nunca se tinha visto nada igual! A revelação de José do Egipto, figura profética de Maria, ajuda-nos a entender como subiu ao mais alto do paraíso. O rei do Egito honrou tanto a José, que quando o seu pai chegou para o ver, disse-lhe: o teu pai e os teus irmãos vieram ver-te, o país do Egipto está à tua disposição, faz com que o teu pai e os teus irmãos ocupem o melhor lugar (Gén 47,5-6). Neste dia tão santo da Assunção pensemos como foi a chegada de Nossa Senhora ao Reino do seu Filho… A Jesus o Pai Eterno diria: «Toda a minha Glória é Tua (Jo. 17,10), Meu Filho, Meu muito Amado, tua Mãe chegou para te ver! Faz que habite no coro e trono mais alto, dispõe da melhor parte deste Reino Eterno para Ela». E o Filho Único diria à Mãe Única: «Tu és a minha verdadeira Mãe e Eu te amo como Mãe verdadeira, minha verdadeira Mãe, toda minha, e Eu sou o teu verdadeiro Filho, todo teu». E por isso subiu do deserto inebriada de delícias (Cant. 8,5). A glória de Maria é a glória de Jesus e ao subir ao lugar da vida encheu a todos de consolos aumentando-nos uma verdadeira devoção. Jesus deu à sua Mãe o lugar segundo o seu amor, exalto-a acima de todos os santos, Querubins e Serafins. O que significa o deserto? O deserto simboliza o mundo. Mundo que abandonou as fontes de água viva, que tanto tem abandonado a prática dos sacramentos e a graça de Deus, e por isso o vemos por vezes tão seco e estéril. Mas ainda sobre estas palavras do Espírito Santo existem três leituras possíveis: «quem é esta» refere-se à Santíssima Virgem Mãe de Deus. Mas pode-se referir também à Santa Igreja Católica e a toda a alma justa, porque a união de Jesus Cristo com a sua Igreja só se dá de uma forma concreta nas almas fiéis!... Nossa Senhora Assunta em nossas almas, apoiada nos corações dos seus filhos muito amados. Querido leitor, com este artigo os Arautos do Evangelho procuraram que Nossa Senhora fosse Assunta no seu coração. E não poderíamos deixar de dar uma palavra de gratidão ao nosso querido Fundador, o Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias que cumpre aniversário hoje. Sem ele, certamente não teríamos sido inspirados a fazê-lo. Hoje, Nossa Senhora é Assunta em muitos corações apoiada também neste amado, porque a sua obra, os Arautos, já está em mais de 70 países. Assim, pedimos nesta solenidade e também aniversário do nosso querido Fundador, que a nossa Mãe Divina seja Assunta e apoiada no coração dos leitores, diríamos mesmo, de todos os homens. Porque se assim o fizermos, Ela também saberá fazer- nos subir aos Céus, para um dia, nos seus braços maternais descansarmos eternamente, Ámen. Pedimos também para que a Santa Igreja seja exalta na terra como a família de José, e a ela seja dado ocupar o melhor terreno (Gén 47,5-6) do mundo, porque nos veio ver hoje com o olhar da graça e ternura da sua Mãe Assunta. Que a Igreja ocupe o melhor terreno do mundo, é dizer, os nossos corações! E suba inebriada de delícias apoiada (Cant. 8,5) nos seus amados e fiéis filhos. Terminamos com o mesmo São Luís: … então, coisas maravilhosas acontecerão neste mundo, onde o Espírito Santo, encontrando sua querida Esposa, como que reproduzida nas almas, a elas descerá abundantemente, enchendo-as dos seus dons, particularmente do dom de Sabedoria, a fim de operar maravilhas da graça. Meu caro irmão, quando chegará esse feliz tempo, esse século de Maria, em que inúmeras almas escolhidas, perdendo-se no abismo do seu interior, se tornarão cópias vivas de Maria, para amar e glorificar Jesus Cristo? Esse tempo só chegará quando se conhecer e praticar a devoção que ensino (T.V.D. 217)!...