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2GEO 049 – GEOLOGIA APLICADA À ENGENHARIA

7ª. AULA

GÊNESE DE MINERAIS
Referências Indicadas
DEFINIÇÃO DE MINERAL
 Elemento ou composto químico (1), de origem natural (2),
formado por processo inorgânico (3), sólido (4), com
composição química específica e arranjo atômico
ordenado/ estrutura cristalina (5).

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Brito
Propriedades físicas dos minerais

Serve para a identificação dos minerais

Resultado da composição dos minerais

Resultado das caraterísticas estruturais

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Brito
Propriedades físicas dos minerais

 Hábito
 Clivagem
 Dureza
 Cor
 Densidade
 Traço
 Transparência
 Brilho
 Magnetismo
 Eletricidade
 Radioatividade

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Brito
Propriedades físicas dos minerais

As propriedades físicas dos minerais são o resultado direto de sua


composição química e de suas características estruturais.

Existe um conjunto de propriedades físicas que podem ser


examinadas ou testadas rapidamente, com auxílio de instrumentos
simples como um imã, uma lupa de mão, um canivete e uma placa de
porcelana.

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Brito
Propriedades físicas dos minerais

Com freqüência estas propriedades são suficientes para a


identificação de um mineral desconhecido e, pela facilidade de seu
estudo, são de emprego corriqueiro por mineralogistas, tanto no
campo como em laboratório.

As propriedades a serem estudadas nesta aula e aplicadas nas


próximas aulas do curso são as seguintes: hábito, clivagem, partição,
fratura, dureza, tenacidade, densidade relativa, magnetismo, cor,
traço e brilho.

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Brito
Propriedades físicas dos minerais

A determinação das propriedades físicas dos minerais, portanto,


constitui importante auxílio na sua identificação. Portanto, o estudo
dessas propriedades possibilita deduções relativas sobre a sua
estrutura cristalina e sobre sua composição química.

Além disso, alguns minerais devem sua utilização técnica


exclusivamente a suas propriedades físicas.

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Brito
Propriedades físicas dos minerais

Por exemplo, a alta dureza do diamante é responsável pela sua


eficiência como abrasivo.

Ao fenômeno de piezoeletricidade do quartzo (capacidade de indução


das cargas elétricas positivas e negativas por deformação mecânica)
se deve o seu emprego na indústria eletrônica.

Logo, as propriedades físicas dos minerais devem, portanto, ser


consideradas sob três aspectos: científico, técnico e determinativo.

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Brito
Propriedades físicas dos minerais

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1. HÁBITO

Forma em que o mineral ocorre como cristal,


sejá em forma agregada ou individual

Reflete a estrutura do mineral

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1. HÁBITO

Cristalografia cúbica

Cubos de
galena PbS

Cubos de
pirita FeS2

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a. Hábito prismático:

Colunas alongadas

Acicular:

colunas bem alongadas e finas

Fibroso:

ainda mais alongada e fina

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Tabular:

achatada (duas direções mais


desenvolvidas do que a terceira)

Laminar:

alongado e achatado, com uma


lâmina

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b. Hábito cúbico, octaédrico, romboédrico, ...

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Hábito euédrico, subédrico, anédrico

Cristais bem formados (euédrico)

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Brito
Hábito euédrico, subédrico, anédrico

Cristais com apenas algumas faces bem desenvolvidos (subédrico)

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Hábito euédrico, subédrico, anédrico

Sem faces cristalinas (anédrico)

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Hábito dendrítico:

arborescente, em ramos divergentes,


como os de uma planta

Óxido de manganês

Hábito lamelar, micáceo:


Placas finas (como as micas)

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Hábito divergente ou radiado:
Cristais divergente a partir de um ponto
central

Hábito granular:
Agregado simplicemente composto por grãos
(sem conotação de forma ou tamanho)

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Brito
Hábito oolítico:
Massa arrendondada,
tamanho: ovos de peixe

Hábito pisolítico:
Massa arrendondada, pouco maior,
como ervilhas

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Brito
Hábito bandado:
camadas de diferentes cores ou texturas

Hábito maciço:

material compacto, sem formas especiais

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Outros termos específicos:

Drusa:

superficie coberta de pequenos cristais

Geodo:

cavidade cuja superfície é coberta de


pequenos cristais

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Estalactite:

agregados em cilindros ou cones


pendentes

Rosette:

crescimento radial, como uma


rosa

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2. COR

Absorpção seletiva de
determinados comprimentos
de onda da luz

espectro
do
mineral

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Mecanismos

presença de íons metálicos:


Ti, Cr, V, Mn, Fe, Co, Ni, Cu, ...

transferência de carga (de íons)

radiação ionizante

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Mecanismos

1. Íons metálicos

a. Composição do mineral: p.e. esfalerita (Zn,Fe)S

Fe

branco amarelo castanho preto

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b. Elementos em menor quantitade (elementos traço)

Exemplo: Berilo (Be3Al2Si6O18)

Fe2+: cor azul (água-marinha)

Cr3+: cor verde (esmeralda)

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Exemplo: Corindon Al2O3

Rubi (vermelho, Cr3+)

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Cores do Quartzo

• Por tratamentos térmicos a mais altas temperaturas, usualmente


próximas a 400°C, podem descolorir completamente o quartzo,
ou clarear sua tonalidade de marrom, ou produzir o quartzo-
citrino, de tonalidade amarela, dependendo das condições do
tratamento (Frazier, 1998; Nassau, 1983);

• Por irradiação

• Pela presença de impurezas químicas.


Cores do Quartzo

• Caracterização de quartzo para obtenção de suas variedades gemológicas por irradiação gama
e/ou tratamento térmico. Rem: Rev. Esc. Minas vol.63 no.3 Ouro Preto July/Sept. 2010
Cores do Quartzo

Fe3+

Fe3+

Fe2+

Al3+
Ti3+ oxidado para Ti4+
Cores do Quartzo

Tabela 1 - Concentrações de impurezas causadoras de cor em quartzo colorido,


detectadas por espectroscopia de absorção atômica (EAA).
Cores do Quartzo

Correlação entre o espectro óptico e a concentração de impurezas no quartzo


colorido – Araújo et al. 2001

Rev. Esc. Minas vol.54 n.4 Ouro Preto Oct./Dec. 2001

 Amostras de quartzo com presenças significantes de Al e Fe apresentaram as cores


da ametista, do citrino e do verde, nessa ordem, com o aumento das
concentrações das impurezas.
• O quartzo fumê apresentou menor quantidade de Al que o branco-leitoso.
 O quartzo rosa teve confirmado a presença de Ti como possível causador de cor.
 A presença do P foi detectada em quantidades semelhantes à do quartzo branco-
leitoso.
3. BRILHO

Aparência do mineral à luz refletida

Metálico – submetálico – não metálico

Brilho
intermediário Sem brilho
semelhante ao
metálico
dos metais

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Brito
3. BRILHO
Brilho
METÁLICO

Source: E. R. Degginger/Earth Scenes


Vítreo: quartzo e a maioria
dos silicatos

Perláceo
Graxoso

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Brilho não-metálico

VÍTREO
Brilho não-metálico

TERROSO
4. DUREZA RELATIVA

Resistência da superfície lisa a ser arranhada (sulcada)


por outro material

 relacionada a estrutura cristalina


 portanto há minerais que têm dureza diferente
dependente da orientação cristalográfica
 característica importante

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Escala de F. Mohs (austríaco)

1 – talco Mg3Si4O10(OH)2

2 – gipso CaSO4*2H2O

3 – calcita CaCO3

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4 – fluorita CaF2

5 – apatita Ca5(PO4)3(OH,F,Cl)

6 – ortoclásio KAlSi3O8

7 – quartzo SiO2
8 – topázio Al2SiO4(F,OH)2

9 – corindon Al2O3

10 – diamante C
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 Se um mineral for capaz de sulcar fluorita mas não apatita, ele
deve ter uma dureza entre 4 e 5

 A escala não é linear, mas exponencial:

A diferença na dureza absoluta entre diamante (10) e coríndon (9) é


muito maior que entre gipso (2) e talco (1)

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5. CLIVAGEM, PARTIÇÃO E FRATURA

Tendência de um mineral de se romper segundo


planos preferenciais em presênça de um esforço externo

Porque ?
• a força de ligação é menor
• há menos ligações por unidade de volume
• existem defeitos estruturais
• existe um maior espaçamento interplanar, embora as ligações
químicas sejam as mesmas

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CLIVAGEM

Segue a propria estrutura cristalina - cristalografia

• Pode ser descrita por adjetivos relacionados à formas cristalinas

• Pinacoidal: base das micas


• Cúbica: como galena PbS
• Octaédrica: como fluorita CaF2
• Didecaédrica: como esfalerita ZnS
• Romboédrica: como calcita CaCO3
• Prismática: como piroxênios e anfibólios

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Cúbico: Galenita PbS

Octaédrico: Fluorita CaF2

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Romboédrico:

Calcita CaCO3

Pinacoidal: mica

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• Descrição em termos de orientação e qualidade

 excelente
 boa
 pobre
 ruim

Uma clivagem

Mica:

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1 plano;
ânguloN/A
Muscovita

Source: Breck P. Kent


Duas clivagens:

albita [001] boa e [010] boa

Três clivagens:

Calcita: CaCO3

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Clivagem Mineral
4 planos; # 90°

Fluorita
1

2
3
4
Halita

1
Clivagem
Mineral
3 planos; 2
ângulo de 90° 3

Source: Ed Degginger/Bruce Coleman Inc.


Nenhuma clivagem

Grupo de espinélios

Quartzo

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Brito
PARTIÇÃO

Também associada a planos cristaligráficos, mas menos


desenvolvida

p.e. geminação

Portanto, alguns indivíduos de um mineral podem apresentar


partição enquanto outros não a possuem.

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Brito
FRATURA

Não controlado pelas propriedades cristalográficas

Portanto, o estilo de fraturamento pode ser descrito

 conchoidal: superfícies lisas e curvadas (como


vidro ou interior de conchas)
 fibroso: formando fibras
 serrilhada: superfícies dentadas
 irregular: nenhuma orientação preferida

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Fratura conchoidal

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6. DENSIDADE OU PESO ESPECÍFICO

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a. Elementos presentes no mineral, com estrutura semelhante

p.e.: Carbonatos ortorômbicos com Ca, Sr, Ba, Pb

CaCO3 SrCO3 BaCO3 PbCO3

aragonita strontianita witherita cerussita

2.93 g/cm³ 3.78 g/cm³ 4.30 g/cm³ 6.58 g/cm³

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b. organização dos elementos (estrutura, cristalografia)

Grafite Diamante

C C

2.16 g/cm³ 3.51 g/cm³

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Balança de Jolly

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Balança de Jolly

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7. TRAÇO

A risca ou traço é a cor do mineral quando reduzido a pó.

É uma técnica muito importante porque permite identificar


determinados minerais porque mesmo que a cor do mineral
varie, mas a risca mantém-se constante.

Nesta técnica usa-se um pedaço de porcelana onde se esfrega


uma aresta do mineral, o mineral deixa um pó (risca ou traço)
que mostra a “verdadeira” cor do mineral.

Nota: Muitas vezes a cor do mineral é diferente da cor da risca


como por exemplo a hematita que tem cor negra mas a sua
risca e vermelha-sanguínea.
6. BRILHO
7. MAGNETISMO

Minerais que possuem ferro


na sua composição podem
ser atraídos pelo imã.
8. PROPRIEDADES ÓPTICAS

1. Opaco
2. Translúcido
3. Transparente
9. TRANSPARÊNCIA

Transparente: é possível ver contornos de


objetos através do mineral

Translúcido: há passagem de luz, mas


contornos não visíveis

Opaco: não tem passagem


de luz

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Minerais de brilho metálico são OPACOS (cromita, calcopirita, pirolusita) e

a maioria das gemas são TRANSPARENTES (ametista, citrino, turmalina,


topázio, granada) ou pelo menos translúcidas (quartzo rosa, ágata).

O mineral é TRANSLÚCIDO quando permite passar a luz, mas não se pode ver
através dele com nitidez.
10. FLUORESCÊNCIA – Luz UV

Source: Breck P. Kent


11. PIEZOELETRICIDADE

Propriedade de um mineral em ficar com sua superfície carregada elétricamente


quando é submetido a uma pressão nos extremos de seus eixos cristalográficos,
ou vice versa, de sofrer pequenas mudanças de volume quando lhe é aplicada
uma voltagem elétrica.

Descoberta em 1880 pelos físicos franceses Pierre Curie e seu irmão Paul Jacques
Curie, a piezoeletricidade, passou a ter um uso grande nos laboratórios e na
indústria, como sensor (transdutor) de pressão e como calibrador da frequência
de elementos oscilantes, na medida que uma voltagem aplicada a um cristal
piezoelétrico, provoca sua dilatação e contração segundo a polaridade da
corrente (oscilação).
11. PIEZOELETRICIDADE

Dentre as muitas aplicações da piezoeletricidade temos:

• osciladores para relógio a quartzo


• Produção ou detecção de som (sonar)
• ultrasonografia médica
• microbalanças, à base de cristal de quartzo, capaz de pesar massa de até 0,1
nanograma
• microfones
• produção de faísca em acendedores,
• Controles remotos para aparelhos eletrônicos
• detectores de ondas em radar ultrasensíveis
• espectrofotômetros
PIEZOELETRICIDADE
12. RADIOATIVIDADE

Minerais com elementos radioativos: U, Th, K

Isótopos radioativos: 238U


235U
232Th
40K

Zircão ZrSiO4
Baddeleyita ZrO2
Perovskita CaTiO3
Monazita (Ce,La,Nd,Th)PO4
TitanitaCaTiSiO5
Uraninita UO2
TABELA DE IDENTIFICAÇÃO MACROSCÓPICA DE MINERAIS

1 2 3

cor

brilho

dureza

clivagem

densidade

traço

outras

NOME

fórmula
química

Classe
Mineral

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Brito
FIM DA AULA

Por hoje é só!


Obrigado

Prof. Cleuber Moraes


Brito

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