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Direito Empresarial III

TÍTULOS DE CRÉDITO

• Curso de Direito Empresarial V.2. Marlon Tomazette. Ed. Atlas.


• Títulos de Crédito – Luiz Emygdio F da Rosa Júnior. Ed Renovar.
• Títulos de crédito – Wille Duarte – Ed. Del rey.

FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESÁRIO (lei 11.101/2005)

• Lei de falência e recuperação de empresa de Waldo Fazzio Jr. Ed. Atlas.


• Curso de direito empresarial Vol. 3. Ed. Atlas.
• Sérgio Campinho. Ed. Renovar.
• Ricardo Negrão.
• José da Silva Pacheco

INTRODUÇÃO AOS TÍTULOS DE CRÉDITO


LEGISLAÇÃO:
• LUG – (Lei Uniforme d Genebra) – Decreto 57.663/1966.
• Lei 5.474/1968 – Lei de Duplicatas.
• Lei 7.357/1985 – Lei de Cheque. • Código Civil 2002.
• Decreto 2.044/1908
• Lei 11.101/2005 (Lei de recuperação e falência).

TÍTULOS DE CRÉDITO
CONCEITO
• Segundo o conceito de Cesare Vivante trazido para o artigo 887 do Código Civil, o título de crédito consiste no
documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido e somente produz efeito quando
preencha os requisitos da lei

FASES DE EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS TÍTULOS DE CRÉDITO


 Do período italiano: até 1.650 – A partir da necessidade do câmbio trajetício criou-se a littera cambi.
 Do período francês de 1.650 a 1.848 – a França permitiu à introdução dos títulos a cláusula à ordem. Também
institui a possibilidade do endosso (ato de transferência do título).
 Do período germânico: de 1.848 a 1.930 – a Alemanha realizou a codificação das normas aplicáveis aos títulos de
crédito. Também estabeleceu a abstração dos títulos de crédito. Estabeleceu a regra inoponibilidade de
exceções pessoais ao portador de boa-fé do título.
 Do período do Direito uniforme – Surge a partir de 1.930. Destaque à criação da LUG (Lei Uniforme de Genebra,
tratado internacional), positivado através do Decreto 57.663/1.996. E subsidiariamente a tal norma aplica-se o
Decreto 2.044/1.908.

NATUREZA JURÍDICA
Pode ser considerado como título executivo extra judicial. Também possui a natureza de bem móvel, não está ligado
aos direitos reais (art. 83 e seguintes/CC).

CARACTERÍSTICAS

Natureza comercial – criado para circular no comércio.


Formalidade – os títulos de crédito são formais, ou seja, o título deve ser criado em conformidade com os requisitos
determinados em lei sob pena de não valer como tal.
Consubstancia obrigação líquida e certa – o valor que consta no título deverá ser líquido e certo. O valor deverá
estar determinado. Líquido (na debeatur – é o bem= coisa devida), deverá ser certo (quantim debatur= é o valor
devido).
Possui eficácia abstrata – podem ser cobrados independentemente da causa que lhe deu origem.
Os títulos são resgatáveis – uma vez ocorrido o pagamento o devedor tem o direito de resgatar o título.
Os títulos se destinam à circulação – a ideia é que os títulos se substituem dinheiro/valores. Nascem para permitir a
troca de mercadoria e serviços. Circulam através do endosso.
Geralmente os títulos de crédito são emitidos para pagamento de dívidas (em caráter pro solvendo) e não extinguem
as obrigações que lhes dão origem . Contudo, excepcionalmente a emissão dos títulos pode ser feita de modo a
extinguir relações jurídicas anteriores (ex: em renegociação de dívida) , hipótese em que são emitidos em caráter pro
soluto. Para tal é indispensável que conste expressamente por escrito (ex: no contrato) que o título é emitido de
modo a extinguir a relação originária. (em verdadeira novação objetiva)

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Os princípios são normas gerais e abstratas que auxiliam na criação e na interpretação das regras jurídicas. Alguns
autores costumam denominar os princípios a seguir de características. Eis alguns comentários sobre os princípios de
acordo com o autor Luiz Emygdio Rosa da Costa Júnior (2009) em “ Títulos de Crédito da Editora Renovar”:

PRINCÍPIO DA LITERALIDADE “Significa que o direito cambiário (dos títulos de crédito) só pode ser exercido com
base nos elementos constantes nos títulos de crédito.”

INCORPORAÇÃO OU CARTULARIDADE: “ Significa que o direito cambiário se materializa no documento não


existindo direito sem o título. Exceção: duplicata virtual. Nesta não há a duplicata física, mas o substitutivo desta
com os mesmos efeitos formado pelo boleto vencido protestado e não pago e o comprovante de entrega das
mercadorias ou serviços. “AgInt no AREsp 1322266 / PR DJe 22/05/2019 “ Duplicata virtual .Protesto por indicação.
Possibilidade. Boleto bancário acompanhado do comprovante de recebimento das mercadorias. A apresentação do
boleto bancário acompanhado do instrumento de protesto e das notas fiscais e respectivos comprovantes de
entrega de mercadoria suprem a ausência física do título cambiário, autorizando o ajuizamento da ação executiva”

PRINCIPIO DA AUTONOMIA: Segundo Mamede (2018, p.313) “ para que o crédito possa circular é preciso que a
obrigação representada pelo título seja autônoma, isto é, que o crédito representado pela cártula não dependa de
mais nada do que o documento no qual se escreve literalmente, não estando vinculado ao negócio de onde originou
a cártula, chamado de negócio fundamental ou negócio base. Dessa maneira, quando uma cártula é oferecida a
alguém como parte de um contrato, por exemplo, esse terceiro sabe que não precisa investigar os fatos dos quais o
título se originou , basta verificar se o documento preenche os requisitos legais de validade. Quando o Artigo 887 do
Código Civil de 2002 se refere a direito autônomo contido no título de crédito, fala tanto na abstração do título em
relação ao negócio fundamental, quanto na autonomia de cada obrigação lançada no título, seja em relação ao
negócio fundamental, seja em relação às demais obrigações. Essa autonomia inscrita no dispositivo se refere tanto
ao princípio da autonomia como ao princípio da abstração”.

PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA: Segundo Mamede (2018, p.314) de acordo com tal princípio a obrigação constante
no título independe de qualquer outro documento para ser válida.”

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU TIPICIDADE: Segundo Luiz Emygdio Rosa Junior (2009, p.73) este princípio consiste
na impossibilidade estabelecida pela lei, de se emitirem títulos de crédito que não estejam previamente definidos e
disciplinados pela lei (númerus clausus). Assim as pessoas não têm liberdade para criar outros títulos , a não ser
aqueles que a lei considera como os títulos cambiários, observados os requisitos legais essenciais, como prescreve o
artigo 887 do CCB.” Observação: Justamente em virtude do princípio da legalidade negava-se (ex: Wille Duarte
Costa) o reconhecimento da exigibilidade do boleto bancário como título de crédito por não ser previsto por lei
como tal, contudo tal entendimento não prevaleceu, lembrando que O artigo 889 do Código Civil reconhece,
inclusive, os títulos atípicos, verbis:
• “Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a
assinatura do emitente.
§1º É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento.
§2º Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do
emitente.
§3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico
equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos
neste artigo.”
O artigo 889 do Código Civil reconhece, inclusive, os títulos atípicos, verbis:
• “Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a
assinatura do emitente.
§1º É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento.
§2º Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do
emitente.
§3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico
equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos
neste artigo.

PRINCÍPIO DA INOPONIBILIDAADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS: uma vez que o título circula e está em posse de
portadores de boa-fé, não poderá o devedor alegar perante terceiros como quem não negociou, a recusa de
pagamento de título em razão de problemas pessoais, tidos pelo devedor com quem negociou ao assinar o título.

 Veja o disposto no art. 17 da LUG (lei uniforme de Genebra-DEC 57663/1996)


‘’as pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações
pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha
procedimento conscientemente em detrimento do devedor’’.

DA CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

 Quanto à estrutura
• Ordem de pagamento – é um título emitido por uma pessoa denominada sacador com a ordem de pagamento a
outro individuo denominado sacado/devedor a ser efetuado perante a quem apresentar o título que denominado
tomador ou credor ou portador. Ex.: letra de câmbio, duplicata e cheque.
• Promessa de pagamento – O próprio devedor que cria o título, se comprometendo a pagar diretamente o título.
(ex: nota promissória)
 Quanto à causa de criação
• Causal – É aquele que somente pode ser emitido ou criado a partir de um negócio jurídico em específico. Ex.:
duplicata que somente pode nascer de dois tipos de negócio, a compra e venda mercantil e a prestação de serviço.
Apenas excepcionalmente os títulos de crédito serão causais.
• Abstrato – em regra a maioria dos títulos são abstratos, pois podem ser criados a partir de qualquer negócio
jurídico e se desvinculam dos negócios jurídicos subjacentes ao título. Ex: cheque, nota promissória e a letra de
câmbio.
 Quanto ao modelo
•Vinculados – o modelo (forma) do título vem pre-estabelecido (geralmente por uma autoridade) para o portador
preencher. Ex.: cheque e a duplicata.
•Livres – qualquer pessoa pode criar ou emitir, desde que obedeça aos requisitos legais. Ex.: nota promissória e a
letra de câmbio.
•Quanto ao prazo:
Á vista – vence no momento de sua apresentação para pagamento. Ex.: cheque.
A prazo – o pagamento deverá ser realizado em um prazo determinado, o prazo pode ser em dia certo ou a contar
da emissão (vence em certos dias da data), ou, se o título admitir apresentação para aceite (vista) a contar de tal
data (vencimento a certo termo da vista)
 Quanto à circulação
• Ao portador – não identifica o beneficiário, logo por consequência qualquer pessoa que possuir e apresentar o
título ao devedor pode ser considerada como portador/credor. Observação: Segundo a Lei 9069/90 admite-se o
cheque ao portador até o valor de R$ 100,00.
• À ordem – exige a identificação do beneficiário, devendo o título ser pago a este ou a sua ordem (ou a quem o
credor ordenar/indicar, passando o crédito através do endosso).
• Nominativo – é aquele que além de identificar o beneficiário, só pode ser transferido mediante anotação em livro
de registro.

DAS DECLARAÇÕES CAMBIAIS

 Conceito: A Declaração cambial consiste em uma manifestação de vontade - lançada no título destinada a
criar, modificar ou a extinguir obrigações. As declarações cambiais se exteriorizam através de assinaturas
(manuscritas ou por chancela mecânica ou eletrônica, ou digital (da criptografia).
 Espécies de declarações cambiais:
Das declarações cambiais necessárias/originárias:
- Do saque ou emissão: é a criação do título, colocando em circulação. É a emissão da promessa de pagamento.
Declaração de vontade que cria ordem de pagamento.
- É importante salientar que quem cria o título garantirá o pagamento deste, não sendo possível isentar-se desta
garantia de pagamento.
- Em alguns títulos como, por exemplo, a letra de câmbio, admite-se que o sacador se isente da garantia do aceite do
título. Isto ocorre pois nos títulos que vencem a certo termo (prazo) da vista (apresentação para aceite), caso ocorra
a recusa de aceite pelo sacado o título vencerá antecipadamente contra todos os devedores solidários do título
inclusive o sacador. Para evitar tal situação, admite-se que o sacador assim como os futuros endossantes isentem-se
da garantia de aceite sobre o título.
Das declarações cambiais eventuais/secundárias/sucessivas

DO ENDOSSO

Conceito: é uma declaração cambial que transmite os direitos emergentes do título. Quem transfere é denominado
de endossante e ao transferir o título passa a, em regra, garantir o pagamento deste. Quem recebe o título é
denominado de endossatário. Presumem-se serem endosso as assinaturas não identificadas lançadas no verso do
título. Admite-se o endosso lançado no anverso (frente) do título desde que identificada a palavra “endosso”
juntamente com a assinatura.

Espécies:
Puro e simples: é a transferência incondicional (sem condições).
Parcial: É o endosso que transfere o direito sobre parte do título. Será NULO.
Em preto/pleno ou nominativo: é o endosso que identifica o endossatário/beneficiário (ex: de Fulano (assinatura)
para Beltrano
Em branco/ ao portador: é o endosso que não identifica o endossatário. A transferência ocorre por mera tradição,
ou seja, por entrega do bem móvel, não é identificado o endossatário. Se o endosso for em branco, o portador pode
preencher o espaço em branco, quer com o seu nome, quer com o nome de outra pessoa; endossar de novo a letra
em branco ou a favor de outra pessoa;
Com cláusula não à ordem: produz efeitos de cessão de crédito. Não se admite cláusula não à ordem nas duplicatas

Do ensosso impróprio
• Segundo Tomazette (2017) O endosso, seja ele póstumo ou não, tem a função primordial de transferir a
propriedade do título e, consequentemente, a titularidade dos direitos inerentes ao documento, legitimando o
endossatário para o exercício dos direitos ali previstos.
• Daí falar-se em endosso translativo. Todavia, ao lado deste endosso, que transfere a propriedade, existe outro
endosso, chamado de impróprio, cujo objetivo pode ser a constituição de um procurador para efetuar a cobrança do
título (endosso-mandato) ou a constituição de um penhor sobre o crédito ali representado (endosso-caução).
• Em ambos os casos, por meio do endosso impróprio torna-se legítima a posse de uma pessoa sobre o documento,
sem a transferência da titularidade do crédito.
• Caução/penhor– o título é transferido em garantia do pagamento de outra dívida. Quando o endosso contém a
menção "valor em garantia", "valor em penhor" ou qualquer outra menção que implique uma caução, o portador
pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas um endosso feito por ele só vale como endosso a título de
procuração.
• Mandato ou por procuração – a pessoa transfere o título para que alguém cobre em nome dele. É um mero
mandatário.
• Quando o endosso contém a menção "valor a cobrar" (valeur en recouvrement), "para cobrança" (pour
encaissement), "por procuração" (par procuration), ou qualquer outra menção que implique um simples mandato, o
portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas só pode endossá-la na qualidade de procurador..

Do endosso póstumo
Segundo Tomazette (2017) “O endosso normalmente deve ser feito até o vencimento do título, pois uma vez
vencido o normal é buscar o recebimento do valor e não a sua transferência. Todavia, nada impede que o endosso
seja feito mesmo depois do vencimento do título. O endosso posterior ao vencimento da obrigação é válido e produz
os mesmos efeitos do endosso anterior. Todavia, caso o endosso seja efetuado após o protesto por falta de
pagamento ou após o prazo para efetivação do protesto por falta de pagamento, ele não produz os efeitos do
endosso, mas apenas efeitos de uma cessão ordinária de créditos. Esse é o chamado endosso póstumo, posterior ou
tardio (LUG – art. 20).
• O endosso póstumo é, portanto, aquele endosso feito depois de o título já ter sido protestado por falta de
pagamento. Mesmo sem que o título seja protestado, considera-Se endosso póstumo aquele feito depois do prazo
estabelecido para se realizar o protesto por falta de pagamento. A consequência do endosso póstumo é a de que o
título circulará com o efeito de cessão de crédito. Sendo assim, é importante lembrar:
• Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por
notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
• Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento
em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. (VEJAM : EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA
INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS)

Do ensosso sem garantia


• O endosso torna o endossante responsável pelo pagamento do título salvo se ele se isentar da garantia do
pagamento do título. Pode o endossante, também, proibir novo endosso no título. É importante esclarecer que o
endosso sem garantia do pagamento não se confunde com a proibição de novo endosso pelo endossante.
• Segundo Tomazette (2017) ‘Pode o endossante, ao efetivar o endosso de uma letra de câmbio, declarar que não se
responsabiliza pelo aceite e pelo pagamento do título. Para tanto, ele deve inserir no título qualquer expressão que
denote esta sua intenção, como “sem garantia” ou “sem responsabilidade”. Esse é o chamado endosso sem garantia,
cujos efeitos se limitam à pessoa que inseriu a cláusula. Trata-se de um endosso cujo efeito único é a transferência
da propriedade do título
• Para Federico Martorano, quem insere essa cláusula não garante nem a existência da obrigação, excluindo,
portanto, qualquer responsabilidade pelo título.”

Da proibição de novo ensosso


• Ainda segundo Tomazette (2017) “Além de excluir sua responsabilidade, o endossante pode limitá-la ao seu
endossatário imediato. Em regra, o endossante garante a aceitação e o pagamento perante todos os credores que o
título venha a ter. Todavia, ele pode limitar sua responsabilidade, não quanto ao valor, mas quanto às pessoas em
face de quem ele garante a aceitação e o pagamento. O endossante, por meio de uma cláusula expressa no título,
pode restringir as pessoas que poderão cobrá-lo.
• Essa cláusula é a proibição de um novo endosso (LUG – art. 15), que não retira a responsabilidade do endossante,
nem impede propriamente a realização de um novo endosso, mas afasta a responsabilidade do endossante em face
das pessoas a quem o título for posteriormente endossado. Quando o sacador insere a cláusula não à ordem, isso
significa que o título só poderá ser transferido por meio de uma cessão de crédito. Já quando o endossante proíbe
um novo endosso, o endosso ainda poderá ser realizado. Todavia, os novos endossatários do título não terão o
direito de cobrar da pessoa que proibiu o novo endosso. Quem insere tal cláusula ainda será devedor indireto do
título, mas só poderá ser cobrado pelo seu endossatário imediato. Trata-se, em última análise, de uma restrição da
responsabilidade do endossante, pouco usual, mas possível na letra de câmbio.”

EFEITOS DO ENDOSSO
• Efeitos – o endosso torna o endossante responsável pelo aceite e pelo pagamento do título salvo se o endossante
expressamente isentar a garantia do aceite e ou do pagamento. O endossante ao lançar sua assinatura no endosso
torna-se um devedor indireto ou co-obrigado no título e, sendo assim, diante da recusa de pagamento pelo sacado
ou aceitante (na data de vencimento) poderá ser acionado pelo credor via ação cambial. Contudo, para que seja
acionado e responsabilizado exige-se que o credor/portador realize previamente o protesto do título.

 ACEITE
Conceito: é uma declaração cambial eventual ou sucessiva formalizada através de uma assinatura, através da qual o
sacado concorda com a ordem de pagamento que lhe é dirigida. E somente com o aceite que o sacado (antes
indicado para pagamento) se torna verdadeiramente o devedor principal do título, passando a ser denominado de
aceitante. Espécies de aceite. O aceite pode ser total quando o sacado concorda com todo o valor indicado para
pagamento pelo sacador ou parcial quando concorda em pagar apenas parte deste. Caso ocorra a recusa de aceite
ou o aceite parcial pelo sacado deverá o credor/portador protestar o título para poder exercer a cobrança dos
valores remanescentes dos demais devedores indiretos do título (sacador e endossantes). Vale ressaltar que com a
exceção da duplicata o aceite nos títulos de crédito não será obrigatório , logo não poderá o sacado ser executado
extrajudicialmente (sofrer a ação cambial) em virtude de ter recusado o aceite.

DO ACEITE MODIFICATIVO
Segundo Tomazette (2017) Se o sacado pode aceitar a ordem que lhe foi dada, assumindo a condição de devedor
principal, mas também pode recusar o aceite, não assumindo qualquer obrigação, é certo que ele pode dar um
aceite qualificado, isto é, um aceite alterando alguma das condições da ordem de pagamento. Dependendo do tipo
de alteração imposta pelo sacado, poderemos ter um aceite limitativo ou um aceite modificativo.
• O sacado pode aceitar pagar todo o valor do título, mas pode também aceitar
• pagar um valor diferente. Caso aceite pagar mais do que está consignado, ele não
• responde cambiariamente pelo valor excedente, pois não se encontra fundamento o excesso no título.34Além
disso, ele pode aceitar pagar apenas uma parte do valor ali consignado. Esse é o aceite limitativo. Neste caso, o
sacado aceita pagar menos do que o sacador havia ordenado (exemplo: aceito pagar 80, numa letra de valor original
de 100). Tal conduta do sacado gera duas ordens de efeitos: para ele e para os demais signatários. Para o sacado, o
aceite qualificado, modificativo ou limitativo, o torna devedor do título, nos termos em que foi dado o aceite.
• Sua vontade é suficiente para assunção da obrigação e ela também irá definir os contornos dessa obrigação. Se o
título tinha o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), mas ele aceita pagar apenas R$ 800,00 (oitocentos reais), o sacado
é devedor dos R$ 800,00 (oitocentos reais), vale dizer, ele poderá ser compelido a pagar o valor aceito, mas não o
título inteiro. Do mesmo modo, se o título vencia no dia 8/8/2008, mas ele só aceita pagar no dia 8/10/2008, ele
poderá ser compelido a pagar o título na data por ele indicada.
• De outro lado, para as demais pessoas do título, o aceite qualificado equivale a uma recusa. Caso o beneficiário se
contente com o aceite qualificado, ele poderá exigir que o sacado cumpra sua declaração de vontade. Todavia, ele
também poderá considerar esse aceite qualificado como uma recusa que, se devidamente comprovada por meio do
protesto, facultará a cobrança antecipada do título.

Momento – o aceite pode ser lançado até o vencimento. Poderá o sacador, ao criar o título, estipular uma data de
apresentação deste para aceite. Caso não tenha estipulado tal data o título (letra) deverá ser apresentado para
aceite em até um ano a contar da emissão
•Da responsabilidade do aceitante – a partir do aceite o aceitante se torna o responsável principal do título pelo
pagamento. Se na data do vencimento o aceitante não pagar o título poderá o credor ajuizar ação cambial contra o
aceitante e seu avalista (execução de título extrajudicial) independentemente de prévio protesto. Se ocorrer a
recusa de aceite ou o aceite parcial ocorrerá o vencimento antecipado do título. Justamente para evitar o
vencimento antecipado do título que o sacador e endossante podem se isentar da garantia do aceite do título.

 DO AVAL

• Conceito: Consiste em uma declaração de vontade eventual ou sucessiva através da qual um sujeito denominado
avalista assume a responsabilidade solidária pelo pagamento de uma obrigação contraída no título por um sujeito
denominado avalizado. O aval geralmente consta de uma assinatura lançada no anverso (frente) do título, embora
possa constar no verso desde que o aval seja identificado através da palavra “aval”
• Observação. nos título de crédito o aval torna o avalista responsável pelo título e apesar de o avalista ocupar a
mesma posição do avalizado para fins de responsabilidade, ao lançar uma assinatura assume obrigação autônoma e
independente da pessoa do avalizado. E por isso, mesmo que a obrigação do avalizado seja nula, persistirá o do
avalista, exceto se a nulidade for de forma, conforme art. 32/LUG.

- ESPÉCIES:
• Total – o avalista assume o pagamento de todo valor constante no título sem restrições.
• Parcial – o avalista assuma somente parte da obrigação.
• Em branco- É o aval que não identifica o avalizado. Com exceção da duplicata, o aval em branco beneficia o
emitente do título
• Em preto É o aval que identifica o avalizado
• Simultâneo / coaval – é quando mais de uma pessoa assume a posição de avalista.
• Sucessivo – é o aval do aval, ou seja, o avalista vai avalizar quem é avalista de outrem.
• Póstumo É o aval dado após o vencimento do título. Produz os mesmos efeitos de um aval comum”
• STF - SÚMULA Nº 189 - Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos.

 LETRA DE CÂMBIO

Legislação aplicável: A norma aplicável sobre a letra de câmbio é a LUG Lei uniforme de Genebra um tratado
internacional introduzido no Brasil pelo Decreto 57663/1966. Sendo um tratado, o Brasil fez reservas a alguns
artigos, assim não se aplicam as regras referentes ao protesto (dias) e ao pagamento previstas na Lug (anexo II da
LUG com as reservas). Na omissão de previsão na LUG sobre determinado assunto ou tendo o Brasil feito reservas à
LUG aplicam-se às disposições do Decreto 2044/1908, norma anterior a LUG que continuou em vigor para estes
dispositivos (por exemplo quanto ao prazo do protesto, do pagamento, sobre a ação de locupletamento).

CONCEITO: Ordem de pagamento realizada pelo sacador (criador do título) em face do sacado (devedor indicado
para pagamento) para que este, aceitando tal ordem, pague determinada quantia ao
tomador(credor/portador/beneficiário) ou a quem este ordenar mediante endosso na data de vencimento.

REQUISITOS
Art. 1º. A letra contém:
1. a palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título;
2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
3. o nome daquele que deve pagar (sacado);
4. A época do pagamento
5. a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento;
6. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
7. a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada;
8. a assinatura de quem passa a letra (sacador)

Art. 2º. O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como letra,
salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes:
• A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista.
• Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do
pagamento, e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do sacado.
• A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao lado do
nome do sacador.

Art. 6º. Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por extenso e em algarismos, e houver
divergência entre uma e outra, prevalece a que estiver feita por extenso. Se na letra a indicação da quantia a
satisfazer se achar feita por mais de uma vez, quer por extenso, quer em algarismos, e houver divergências entre as
diversas indicações, prevalecerá a que se achar feita pela quantia inferior.

Art. 7º. Se a letra contém assinaturas de pessoas incapazes de se obrigarem por letras, assinaturas falsas, assinaturas
de pessoas fictícias, ou assinaturas que por qualquer outra razão não poderiam obrigar as pessoas que assinaram a
letra, ou em nome das quais ela foi assinada, as obrigações dos outros signatários nem por isso deixam de ser
válidas.

Art. 9º. O sacador é garante tanto da aceitação como do pagamento de letra. O sacador pode exonerar-se da
garantia da aceitação; toda e qualquer cláusula pela qual ele se exonere da garantia do pagamento considera-se
como não escrita.

Art. 10. Se uma letra incompleta no momento de ser passada tiver sido completada contrariamente aos acordos
realizados, não pode a inobservância desses acordos ser motivo de oposição ao portador, salvo se este tiver
adquirido a letra de má-fé ou, adquirindo-a, tenha cometido uma falta grave.

DAS DECLARAÇÕES CAMBIAIS


• Do endosso (arts 11 a 20 da LUG) segue as disposições estudadas nas aulas anteriores.
• Do aceite (arts 21 a 29 da LUG) segue as disposições estudadas nas aulas anteriores.
• Do aval (arts 30 a 32 da LUG)

DO VENCIMENTO
Art. 33. Uma letra pode ser sacada:
• à vista;
• a um certo termo de vista;
• a um certo termo de data;
• pagável num dia fixado.
• As letras, quer com vencimentos diferentes, quer com vencimentos sucessivos, são nulas.

Art. 34. A letra à vista é pagável à apresentação. Deve ser apresentada a pagamento dentro do prazo de 1 (um) ano,
a contar da sua data. O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um outro mais longo. Estes prazos podem ser
encurtados pelos endossantes.
• O sacador pode estipular que uma letra pagável à vista não deverá ser apresentada a pagamento antes de uma
certa data. Nesse caso, o prazo para a apresentação conta-se dessa data.

Art. 35. O vencimento de uma letra a certo termo de vista determina-se, quer pela data do aceite, quer pela do
protesto. Na falta de protesto, o aceite não datado entendesse, no que respeita ao aceitante, como tendo sido dado
no último dia do prazo para a apresentação ao aceite.

DO PAGAMENTO ART. 20 DEC 2044/1908


Art. 20. A letra deve ser apresentada ao sacado ou ao aceitante para o pagamento, no lugar designado e no dia do
vencimento ou, sendo este dia feriado por lei, no primeiro dia útil imediato, sob pena de perder o portador o direito
de regresso contra o sacador, endossadores e avalistas.
• § 1º Será pagável à vista a letra que não indicar a época do vencimento. Será pagável, no lugar mencionado ao pé
do nome do sacado, a letra que não indicar o lugar do pagamento.

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