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Dimensionamento estrutural de um reservatório

retangular em betão armado

Nuno Filipe Nico Matias

Dissertação para a obtenção do grau Mestre em

Engenharia Civil

Orientador: Professor Doutor Rui Vaz Rodrigues

Júri

Presidente: Professor Doutor José Joaquim Costa Branco de Oliveira Pedro


Orientador: Professor Doutor Rui Vaz Rodrigues
Vogal: Professor Doutor José Manuel Matos Noronha da Câmara

Maio de 2016
Agradecimentos

Em primeiro lugar queria agradecer ao professor Rui Vaz Rodrigues pela disponibilidade
demonstrada ao longo de todo o tempo de desenvolvimento desta dissertação. Deu uma ajuda
bastante importante para a elaboração da mesma, com a transmissão de conhecimentos e troca
de ideias.

Agradeço também à minha família, com o constante apoio e incentivo, acreditando sempre no
meu valor.

Por fim, agradeço a todos os meus amigos que me acompanharam neste percurso académico,
demonstrando que a realização do curso é de todo mais fácil quando se está acompanhado.

i
ii
Resumo

O presente trabalho tem como objetivo o dimensionamento, de acordo com as normas


portuguesas e europeias, de um reservatório de água não elevado em betão armado.

Numa fase inicial abordam-se as questões da durabilidade e do controlo da fendilhação da


estrutura, onde se pretende garantir um correto funcionamento da estrutura para o seu tempo de
vida útil.

De seguida quantificam-se as ações a ser contabilizadas no projeto. É dado ênfase à


quantificação das ações indiretas, avaliando a evolução temporal dos fenómenos da retração e
da fluência, com recurso ao conceito de módulo de elasticidade ajustado.

Por forma a dimensionar a estrutura, elaboram-se modelos simplificados de cálculo e o modelo


do reservatório em elementos finitos. O dimensionamento da estrutura considera os esforços
provenientes deste último modelo, enquanto os esforços provenientes modelos simplificados
permitiram pré-dimensionar a estrutura.

De seguida, procede-se à análise sísmica da estrutura. Define-se o espetro de resposta segundo


a NP EN 1998-1 para depois serem definidos carregamentos estáticos equivalentes à ação
sísmica, tendo em conta as diferentes parcelas de massa de água. Realiza-se este procedimento
considerando um modelo simplificado bem como o modelo definido em elementos finitos.

Por fim, dimensiona-se a estrutura por forma a controlar a fendilhação, e verifica-se


posteriormente a segurança aos estados últimos para as armaduras adotadas.

Palavras-chave:

Reservatório, dimensionamento, betão armado, fendilhação, ação sísmica

iii
Abstract

The following work has the purpose to perform the structural design of a water reservoir in
reinforced concrete, according with the Portuguese and European standards.

First, it is necessary to ensure that the structure will operate properly along the defined lifetime,
with respect to the durability control of cracking.

After, the actions on the reservoir are quantified. The indirect ones are important, considering the
temporal evolution along time of the concrete shrinkage and creep.

To perform the structural design, simplified and finite elements models have been developed. The
design considers only the forces evaluated with the finite elements model, while the forces given
by the simplified model allowed to perform a preliminary design.

It is also verified the structural behaviour for a seismic action. It is defined the response spectrum
according with the EN 1998-1. The equivalent static forces of the seismic action are quantified for
the simplified and for the finite elements model.

Finally, the structure is also designed to control the cracks and then it is verified the safety at
ultimate state.

Key-words:

Reservoir, structural design, reinforced concrete, cracking, seismic action

iv
Índice

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

1.1 Aspetos básicos de conceção de reservatórios .............................................. 1

1.2 Caso de Estudo .............................................................................................. 3

2 BASES REGULAMENTARES PARA O PROJETO DE RESERVATÓRIOS .......... 7

2.1 Durabilidade ................................................................................................... 7

2.2 Controlo da Fendilhação ................................................................................. 8

2.3 Materiais ......................................................................................................... 9

2.4 Ações de projeto ........................................................................................... 10

2.4.1 Ações diretas ......................................................................................... 10

2.4.2 Ações indiretas ...................................................................................... 11

2.5 Combinações de ações ................................................................................ 20

2.6 Solo de Fundação......................................................................................... 20

3 ANÁLISE ESTRUTURAL DO RESERVATÓRIO.................................................. 23

3.1 Comportamento Estrutural ............................................................................ 23

3.1.1 Paredes Estruturais ............................................................................... 23

3.1.2 Laje de Fundo........................................................................................ 24

3.1.3 Laje de Cobertura .................................................................................. 24

3.2 Modelos Simples de Cálculo ......................................................................... 25

3.2.1 Paredes Estruturais ............................................................................... 25

3.2.2 Laje de Cobertura .................................................................................. 25

3.3 Modelação em Elementos Finitos ................................................................. 26

3.3.1 Paredes Estruturais ............................................................................... 26

3.3.2 Reservatório .......................................................................................... 28

4 ANÁLISE DE RESULTADOS............................................................................... 31

4.1 Esforços de elementos do reservatório por métodos simplificados de cálculo


31

4.1.1 Paredes Estruturais ............................................................................... 31

4.1.2 Laje de Cobertura .................................................................................. 33

v
4.2 Esforços das paredes estruturais pelo modelo em elementos finitos ............ 33

4.2.1 Esforços de Flexão ................................................................................ 33

4.2.2 Esforço Transverso................................................................................ 38

4.3 Reservatório ................................................................................................. 39

4.3.1 Esforços Normais e de Flexão ............................................................... 39

4.3.2 Esforço Transverso................................................................................ 45

4.4 Avaliação de resultados ................................................................................ 46

4.4.1 Elementos estruturais isolados: Métodos Simplificados e MEF ............. 46

4.4.2 Estado Limite Último: combinação fundamental .................................... 46

4.4.3 Estado Limite de Utilização.................................................................... 47

5 ANÁLISE SÍSMICA .............................................................................................. 49

5.1 Bases regulamentares .................................................................................. 49

5.1.1 Tipos de ação sísmica e respetivos zonamentos ................................... 49

5.1.2 Coeficiente de importância .................................................................... 50

5.1.3 Tipo de Solo .......................................................................................... 50

5.1.4 Espetro de Resposta Elástico ................................................................ 50

5.1.5 Coeficiente de Comportamento ............................................................. 51

5.2 Modelo para análise sísmica ........................................................................ 51

5.3 Espetro de Resposta do Reservatório .......................................................... 52

5.3.1 Estrutura e Parcela impulsiva ................................................................ 52

5.3.2 Parcela oscilante ................................................................................... 53

5.4 Massas ......................................................................................................... 55

5.5 Análise da ação sísmica pelo método dos elementos finitos......................... 57

5.5.1 Modelo................................................................................................... 57

5.5.2 Análise Modal ........................................................................................ 58

5.6 Esforços devidos à ação sísmica .................................................................. 61

5.6.1 Cálculos simplificados ........................................................................... 61

5.6.2 Modelo de elementos finitos .................................................................. 62

6 DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA ............................................................. 65

vi
6.1 Estado Limite de Utilização........................................................................... 65

6.2 Estado Limite Último - Fundamental ............................................................. 67

6.2.1 Flexão Composta .................................................................................. 67

6.2.2 Esforço Transverso................................................................................ 70

7 CONCLUSÕES.................................................................................................... 73

Referências Bibliográficas .......................................................................................... 75

vii
viii
Índice de Tabelas

Tabela 1: Características do betão ............................................................................................... 9


Tabela 2: Características do aço em varão ................................................................................ 10
Tabela 3:Componentes de temperatura de projeto .................................................................... 13
Tabela 4: Parâmetros para a obtenção da extensão por retração ............................................. 14
Tabela 5: Parâmetros para determinação do coeficiente de fluência ......................................... 17
Tabela 6: Ações indiretas a considerar no projeto ...................................................................... 20
Tabela 7: Combinação fundamental de ações para o estado limite último ................................ 20
Tabela 8: Combinação sísmica de ações para o estado limite último ........................................ 20
Tabela 9: Combinação de ações para o estado limite de utilização ........................................... 20
Tabela 10: Gama de valores para o módulo de Winkler [13] ...................................................... 21
Tabela 11: Coeficientes multiplicativos das tabelas de Bares para as paredes estruturais ....... 25
Tabela 12: Coeficientes multiplicativos das Tabelas de Bares para a laje de cobertura............ 26
Tabela 13: Dimensões das paredes estruturais modeladas ....................................................... 27
Tabela 14: Espessuras das diferentes parcelas de área da laje de fundo ................................. 30
Tabela 15: Esforços na parede X para a direção horizontal ....................................................... 42
Tabela 16: Esforços na parede X para a direção vertical ........................................................... 42
Tabela 17: Esforços na parede Y para a direção horizontal ....................................................... 43
Tabela 18:Esforços na parede Y para a direção vertical ............................................................ 43
Tabela 19: Esforços na laje de fundo para a direção X .............................................................. 44
Tabela 20: Esforços na laje de fundo para a direção Y .............................................................. 44
Tabela 21: Esforços na laje de cobertura para a direção X ........................................................ 44
Tabela 22: Esforços na laje de cobertura para a direção Y ........................................................ 44
Tabela 23: Esforços nas vigas da estrutura ................................................................................ 45
Tabela 24: Esforços de corte nas paredes, segundo a direção horizontal ................................. 45
Tabela 25: Esforços de corte nas paredes, segundo a direção vertical ..................................... 45
Tabela 26: Esforços de corte nas lajes de fundo e de cobertura, segundo a direção X ............ 45
Tabela 27: Esforços de corte nas lajes de fundo e de cobertura, segundo a direção Y ............ 46
Tabela 28: Esforços de corte nos pilares e vigas da estrutura ................................................... 46
Tabela 29: Acelerações máximas de referência ......................................................................... 49
Tabela 30: Coeficiente de importância ........................................................................................ 50
Tabela 31: Parâmetros do espetro de resposta .......................................................................... 51
Tabela 32: Aceleração horizontal do terreno .............................................................................. 52
Tabela 33: Aceleração espetral ................................................................................................... 53
Tabela 34: Parâmetros para análise sísmica segundo a direção X ............................................ 53
Tabela 35: Parâmetros para análise sísmica segundo a direção Y ............................................ 53
Tabela 36: Frequência e período fundamental da parcela oscilante .......................................... 54
Tabela 37: Acelerações espetrais para as duas ações sísmicas ............................................... 55
Tabela 38: Massa Estrutural segundo a direção X ..................................................................... 55

ix
Tabela 39: Massa Estrutural segundo a direção Y ..................................................................... 55
Tabela 40: Massa impulsiva e massa oscilante segundo a direção X........................................ 56
Tabela 41:Massa impulsiva e massa oscilante segundo a direção Y......................................... 56
Tabela 42: Localização das massas ........................................................................................... 56
Tabela 43: Parâmetros da análise modal do reservatório .......................................................... 59
Tabela 44: Parâmetros da análise modal da estrutura do reservatório ...................................... 61
Tabela 45: Força estática equivalente à ação sísmica na estrutura ........................................... 61
Tabela 46: Força estática equivalente à ação sísmica numa parede ......................................... 62
Tabela 47: Esforços de flexão devidos à ação sísmica .............................................................. 62
Tabela 48: Esforços devidos à ação sísmica .............................................................................. 63
Tabela 49: Esforços para a combinação sísmica ....................................................................... 63
Tabela 50: Controlo da fendilhação da parede X para a direção horizontal ............................... 65
Tabela 51: Controlo da fendilhação da parede X para a direção vertical ................................... 66
Tabela 52: Controlo da fendilhação da parede Y para a direção horizontal ............................... 66
Tabela 53: Controlo da fendilhação da parede Y para a direção vertical ................................... 66
Tabela 54: Controlo da fendilhação da laje de fundo para a direção X ...................................... 66
Tabela 55: Controlo da fendilhação da laje de fundo para a direção Y ...................................... 66
Tabela 56: Controlo da fendilhação da laje de cobertura para a direção X ................................ 67
Tabela 57: Controlo da fendilhação da laje de cobertura para a direção Y ................................ 67
Tabela 58: Verificação da segurança da parede X para a direção horizontal ............................ 68
Tabela 59: Verificação da segurança da parede X para a direção vertical ................................ 68
Tabela 60:Verificação da segurança da parede Y para a direção horizontal ............................. 69
Tabela 61: Verificação da segurança da parede Y para a direção vertical ................................ 69
Tabela 62: Verificação da segurança da laje de fundo para a direção X ................................... 69
Tabela 63: Verificação da segurança da laje de fundo para a direção Y ................................... 69
Tabela 64: Verificação da segurança da laje de cobertura para a direção X ............................. 69
Tabela 65: Verificação da segurança da laje de cobertura para a direção Y ............................. 69
Tabela 66: Verificação da segurança para as vigas ................................................................... 70
Tabela 67: Tensões necessárias para a verificação da segurança ............................................ 71
Tabela 68: Verificação da segurança para os esforços de corte na parede, segundo a direção
horizontal ..................................................................................................................................... 71
Tabela 69: Verificação da segurança para os esforços de corte na parede, segundo a direção
vertical ......................................................................................................................................... 71
Tabela 70: Verificação da segurança para os esforços de corte nas lajes de fundo e cobertura,
segundo a direção X ................................................................................................................... 72
Tabela 71: Verificação da segurança para os esforços de corte nas lajes de fundo e cobertura,
segundo a direção Y ................................................................................................................... 72
Tabela 72: Verificação da segurança para os esforços de corte nas vigas ............................... 72

x
Índice de Figuras

Figura 1: Geometria em análise: planta de fundação ................................................................... 3


Figura 2: Geometria em análise: planta ........................................................................................ 4
Figura 3: Geometria em análise: planta da cobertura ................................................................... 4
Figura 4: Corte A-A ....................................................................................................................... 5
Figura 5: Corte B-B ....................................................................................................................... 5
Figura 6: Corte D-D ....................................................................................................................... 6
Figura 7: Identificação das paredes .............................................................................................. 6
Figura 8: Ações diretas atuantes................................................................................................. 11
Figura 9: Componentes da temperatura [3] ................................................................................ 12
Figura 10: Distribuição das componentes de temperatura [3] .................................................... 13
Figura 11: Forças de tração desenvolvidas nas paredes ........................................................... 24
Figura 12: Modelo em elementos finitos de uma parede estrutural ............................................ 27
Figura 13: Arestas verticais da parede estrutural com rotação impedida ................................... 28
Figura 14:Arestas verticais da parede estrutural com rotação livre ............................................ 28
Figura 15: Modelo em elementos finitos da laje de fundo do reservatório ................................. 29
Figura 16: Modelo em elementos finitos do reservatório ............................................................ 30
Figura 17: Esforços de flexão [kNm/m] da parede X com arestas verticais com rotação livre ... 31
Figura 18: Esforços de flexão [kNm/m] da parede X com arestas verticais com rotação impedida
..................................................................................................................................................... 31
Figura 19: Esforços de flexão [kNm/m] da parede Y com arestas verticais com rotação livre ... 32
Figura 20: Esforços de flexão [kNm/m] da parede Y com arestas verticais com rotação impedida
..................................................................................................................................................... 32
Figura 21: Esforços transversos [kN/m] da parede X com arestas verticais com rotação livre .. 32
Figura 22: Esforços transversos [kN/m] da parede X com arestas verticais com rotação impedida
..................................................................................................................................................... 32
Figura 23: Esforços de flexão [kNm/m] na laje de cobertura ...................................................... 33
Figura 24: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção horizontal na parede X com rotação
livre nas arestas verticais ............................................................................................................ 34
Figura 25: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção horizontal na parede X com rotação
impedida nas arestas verticais .................................................................................................... 34
Figura 26: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção vertical na parede X com rotação livre
nas arestas verticais .................................................................................................................... 35
Figura 27: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção vertical na parede X com rotação
impedida nas arestas verticais .................................................................................................... 35
Figura 28: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção horizontal na parede Y com rotação
livre nas arestas verticais ............................................................................................................ 36

xi
Figura 29:Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção horizontal na parede Y com rotação
impedida nas arestas verticais .................................................................................................... 36
Figura 30:Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção vertical na parede Y com rotação livre
nas arestas verticais .................................................................................................................... 37
Figura 31: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção horizontal na parede Y com rotação
livre nas arestas verticais ............................................................................................................ 37
Figura 32: Esforços de corte [kN/m] segundo a direção horizontal na parede X com rotação livre
nas arestas verticais .................................................................................................................... 38
Figura 33: Esforços de corte [kN/m] segundo a direção horizontal na parede X com rotação
impedida nas arestas verticais .................................................................................................... 38
Figura 34: Esforços de corte [kN/m] segundo a direção vertical na parede X com rotação livre
nas arestas verticais .................................................................................................................... 39
Figura 35: Esforços de corte [kN/m] segundo a direção vertical na parede X com rotação impedida
nas arestas verticais .................................................................................................................... 39
Figura 36: Esforços normais [kN/m] na parede X segundo a direção horizontal ........................ 40
Figura 37: Esforços normais [kN/m] na parede Y segundo a direção horizontal ........................ 40
Figura 38: Consideração da contribuição do betão entre fendas na resistência às trações [16] 41
Figura 39:Posição das secções da parede X .............................................................................. 42
Figura 40: Posição das secções da Parede Y ............................................................................ 43
Figura 41: Posições das secções da Laje de Fundo .................................................................. 43
Figura 42: Posição das secções da Laje de Cobertura .............................................................. 44
Figura 43: Modelo de Housner [17] ............................................................................................. 52
Figura 44: Espetro de resposta da parcela estrutural ................................................................. 53
Figura 45: Espetro de resposta para a parcela oscilante ........................................................... 54
Figura 46: Esquema de um possível modelo sísmico................................................................. 57
Figura 47: Esquema da distribuição das massas ....................................................................... 58
Figura 48: 1º modo de vibração .................................................................................................. 60
Figura 49: 2º modo de vibração .................................................................................................. 60
Figura 50: 3º modo de vibração .................................................................................................. 60
Figura 51: Esquema do carregamento sísmico a atuar numa parede ........................................ 62
Figura 52: Distribuição das extensões admissíveis [5] ............................................................... 68

xii
Símbolos

AE Ação sísmica
ag Aceleração horizontal do terreno
agr Aceleração horizontal máxima de referência
As Área de armadura
As1 Área de armadura na face interior
As2 Área de armadura na face exterior
bw Largura da alma da secção
cmin Recobrimento mínimo das armaduras
cmin,b Recobrimento mínimo para os requisitos de aderência
cmin,dur Recobrimento mínimo relativo às condições ambientais
cnom Recobrimento nominal
d Altura útil da secção
Ec Módulo de elasticidade do betão
Ec,ajus Módulo de elasticidade do betão ajustado
Ec,eff Módulo de elasticidade do betão efetivo
Ec,28 Módulo de elasticidade do betão ao 28º dia
Ed Valor de cálculo do efeito das ações
Es Módulo de elasticidade do aço
fcd Valor de cálculo da tensão de cedência do betão à compressão
fck Valor característico da tensão de cedência do betão à compressão
fctm Valor de cálculo da tensão de cedência do betão à tração
FE Força sísmica
Fi Força relativa à parcela impulsiva de água
Fo Força relativa à parcela oscilante de água
fyd Valor de cálculo da tensão de cedência do aço
fyk Valor de cálculo da tensão de cedência do aço
f0 Frequência fundamental
H Altura a que se encontra a secção
Hi Altura a que se encontra a parcela impulsiva de água
Ho Altura a que se encontra a parcela oscilante de água
hw Profundidade da água
Iw Impulso hidrostático
Ki Rigidez da mola que simula parcela impulsiva de água
Kw Módulo de Winkler
L Dimensão do elemento
Li Faixa relativa à parcela impulsiva

xiii
Lo Faixa relativa à parcela oscilante
Mi Massa da parcela impulsiva de água
Mo Massa da parcela impulsiva de água
Mrd,max Momento resistente positivo
Mrd,min Momento resistente negativo
Msd Momento atuante para o estado limite último
Mserv Momento atuante para o estado limite de utilização
Nsd Esforço axial para o estado limite último
Nserv Esforço axial para o estado limite de utilização
pp Peso próprio
rcp Restante carga permanente: betão leve da cobertura
ret Retração
S Coeficiente de solo
sc Sobrecarga
Sd Aceleração espetral de cálculo
Smax Parâmetro definidor do espetro de resposta
t Instante de tempo
t Espessura do elemento
Tmax Temperatura máxima do ar à sombra
Tmin Temperatura mínima do ar à sombra
T0 Temperatura inicial
t0 Instante de tempo inicial
UX Fator de participação de massa segundo a direção X
UY Fator de participação de massa segundo a direção Y
Vcd Parcela da contribuição do betão no esforço de corte resistente
V’cd Parcela reduzida da contribuição do betão no esforço de corte resistente
Vrd Esforço de corte resistente
Vsd Esforço de corte atuante
Vwd Parcela da contribuição da armadura no esforço de corte resistente
wK Largura da fenda
wK1 Largura máxima permitida das fendas de tração

wK,lim Largura máxima permitida das fendas nos diferentes elementos

wmax Largura máxima permitida das fendas nos elementos sem contacto com a água
ws Deslocamentos verticais no terreno

 Coeficiente de envelhecimento do betão


II Deslocamentos no betão no estado fendilhado
cdev Margem de cálculo para tolerâncias de execução
Td Variação diferencial da temperatura
TE Componente não linear da temperatura

xiv
TMy Componente da variação linear de temperatura no plano y-y
TMZ Componente da variação linear de temperatura no plano z-z
TU Componente da variação uniforme de temperatura
TU,cs Variação de temperatura uniforme equivalente à retração

c Variação das tensões no betão

ca Parcela autogénea da extensão da retração


cc Deformação do betão por fluência
cd Parcela de secagem da extensão da retração
cs Extensão da retração
 Coeficiente multiplicativo das tabelas de Bares
c Peso volúmico do betão
I Coeficiente de importância
w Peso volúmico da água
 Coeficiente de fluência
 Momento reduzido
 Taxa de armadura
c Tensão instalada no betão
s Tensão instalada no aço
 Tensão necessária na verificação da segurança ao esforço transverso
 Tensão necessária na verificação da segurança ao esforço transverso
  Velocidade angular

xv
1 INTRODUÇÃO

1.1 Aspetos básicos de conceção de reservatórios

Os reservatórios são estruturas que têm como fim o armazenamento de diversos fluidos, de
natureza líquida ou gasosa.

A construção de um reservatório pode ser feita em betão armado, betão armado pré-esforçado,
ou em aço. Em Portugal é corrente optar-se, em grande medida, por uma das duas primeiras
soluções acima mencionadas, por apresentarem um bom comportamento ao longo da sua vida
útil, bem como por serem menos dispendiosas face à construção, e manutenção, de uma
estrutura metálica. O recurso a esta última solução só é essencial quando deve ser garantida
uma estanqueidade total do reservatório.

Uma estrutura deve satisfazer a segurança aos estados limites últimos, bem como aos estados
limites de serviço. Contudo, num reservatório de água, o comportamento em serviço da estrutura
toma maior importância, uma vez que deve ser garantido um controlo de fendilhação tal que não
comprometa a estanqueidade e durabilidade do reservatório.

Para além do tipo de estrutura a adotar, os reservatórios de água podem ainda ser classificados
consoante:

 A sua função: reserva de água potável, piscina, reservatório de auxílio ao combate a


incêndios, etc;
 A posição em relação ao solo (não elevados ou elevados);
 A sua capacidade: pequenos (V <500 m3), médios (entre 500 m3 e 5000 m3) e grandes
(V > 5000 m3);
 A geometria da cuba (base circular ou poligonal),
 À cobertura (reservatório aberto ou fechado),
 A sua compartimentação (depósitos simples ou múltiplos);
 A classe de estanqueidade, de acordo com a EN 1992-3 [6];

As condições topográficas do local de construção de um dado reservatório devem ser um dos


fatores a ter em conta. Caso essas condições não sejam favoráveis, a solução a adotar pode
passar por um reservatório elevado. Em situação oposta, o reservatório não elevado é a escolha
mais vantajosa. Para uma mesma capacidade, tem um menor custo de construção que a primeira
alternativa, e permite, também, maior facilidade de inspeção e exploração. A nível paisagístico,
o reservatório não elevado têm um menor impacto que o reservatório elevado, o que acaba por
ser mais uma vantagem.

1
Outro fator importante a ter em conta prende-se com a geometria em planta da cuba. Uma cuba
de secção circular de igual área a uma cuba de secção retangular tem menor perímetro, o que
se reflete em menores quantidades de betão e cofragem, bem como de área a impermeabilizar.

Para a mesma situação acima descrita, o esforço normal que se gera nas paredes da cuba
devido à pressão hidrostática é cerca de 10% superior nas secções circulares a meia altura do
elemento, considerando também a igualdade de áreas entre as duas secções. No entanto, um
reservatório cilíndrico não apresenta momentos fletores horizontais, ao contrário do que se
sucede nos reservatórios retangulares, onde esses esforços de flexão são importantes, e como
tal pode significar um aumento da quantidade de armaduras e/ou da espessura da parede.

Como se pode constatar, a nível estrutural o reservatório cilíndrico apresenta um melhor


comportamento face ao reservatório retangular. Contudo, a colocação das armaduras horizontais
e cofragem é mais simples na cuba retangular, reduzindo assim a probabilidade da ocorrência
de eventuais erros de construção, bem como que se traduz numa poupança de tempo que pode
ser considerável.

Em reservatórios térreos, deve-se garantir que o peso da estrutura seja tal que quando o depósito
se encontre vazio, não ocorra o fenómeno de flutuação. Para evitar este fenómeno, é também
aconselhável drenar o terreno de fundação por forma a evitar que a água se acumule sob a laje
de fundo.

Para estes reservatórios, em que as dimensões em planta sejam consideráveis, o volume de


betão necessário para executar a laje de fundo é bastante grande. Para diminuir tal volume,
pode-se optar por diminuir a espessura da laje na sua zona central, onde as cargas são
transmitidas diretamente ao solo. Uma outra alternativa passa por executar uma laje de fundo
vigada em vez de maciça. Geralmente, a primeira alternativa é mais usada, por ser mais fácil de
se executar. Refere-se ainda que existe uma maior suscetibilidade da ocorrência de
assentamentos diferenciais nestes reservatórios cuja área é de grandes dimensões. Para
solucionar essa eventualidade, é possível usar juntas flexíveis (e estanques) por forma a dividir
a laje em painéis mais pequenos.

A ligação da laje de fundo com as paredes, que pode ser monolítica ou articulada, é um ponto
estrutural importante. A ligação articulada é materializada através de juntas estanques, as quais
não devem comprometer a verificação ao derrubamento e ao deslizamento. De referir que a
ligação articulada deve ser vista apenas como uma solução de recurso, visto que as juntas
constituem sempre um ponto de fraqueza estrutural e de manutenção cara. Estas zonas da
estrutura devem dispor ainda de esquadros, para que a resistência e o comportamento à
fendilhação sejam otimizados, bem como evitar a acumulação de resíduos nesses pontos.

As paredes do reservatório podem ser simples, com espessura variável ou constante, ou podem
ser apoiadas em contrafortes. Em reservatórios cuja altura da água seja baixa, o impulso
hidrostático não gera esforços elevados, pelo que a primeira solução é a preferível. Para
reservatórios cuja altura de água seja relevante, os esforços que se geram na base da parede

2
são elevados. Para absorver tais esforços, a base da parede teria uma espessura bastante
elevada, bem como quantidades de armadura muito elevadas. Como alternativa pode-se optar
por paredes apoiadas em contrafortes, no caso de reservatórios com base de secção retangular,
onde os esforços de flexão são bastante consideráveis. Caso o critério de não fendilhação seja
bastante exigente, esta última solução pode não ser suficiente, pelo que o recurso a soluções
pré-esforçadas terá que ser considerado.

A ligação entre a parede e a cobertura de um reservatório pode ser rígida ou articulada, tendo
em conta as dimensões do reservatório.

A cobertura de reservatórios pode ser realizada como uma laje, maciça ou nervurada, ou então
pode ser executada através de uma solução em cúpula. Esta última solução é usada por forma
a evitar o uso de pilares interiores, caso as dimensões em planta sejam consideráveis.

1.2 Caso de Estudo

No âmbito da presente tese de mestrado, é efetuado o dimensionamento estrutural das


armaduras e estudo do funcionamento estrutural de um reservatório de água de auxílio a
combate a incêndios, localizado na cidade de Tavira, em Portugal. Tem-se, como base, os dados
fornecidos relativos à definição geométrica do reservatório e hipóteses de fundação

A estrutura, de betão armado, apresenta uma cuba cuja laje de fundo é de secção retangular, as
paredes são simples e de espessura variável e uma laje de cobertura maciça. Nas figuras que
se seguem, apresentam-se todas as plantas e cortes necessários para o dimensionamento da
estrutura, com as respetivas dimensões.

Figura 1: Geometria em análise: planta de fundação

3
Figura 2: Geometria em análise: planta

Figura 3: Geometria em análise: planta da cobertura

4
Figura 4: Corte A-A

Figura 5: Corte B-B

5
Figura 6: Corte D-D

Para facilitar a apresentação de futuros resultados, designa-se a maior dimensão em planta pela
letra “X” e a menor dimensão pela letra “Y”. De forma análoga, as paredes estruturais com o seu
eixo longitudinal segundo a maior dimensão em planta será designada por “X”, enquanto as
paredes na menor dimensão se irá designar por “Y”, conforme se indica na Figura 7.

Figura 7: Identificação das paredes

Importa referir ainda que o modelo para a análise da estrutura que será realizada com recurso a
um programa de elementos finitos de casca [18] reduz a estrutura à linha média, pelo que a
altura das paredes estruturais corresponde a 6,30 metros. Contudo, admite-se
conservativamente que a altura a adotar para este elemento estrutural corresponde a 6,50
metros, tanto para o modelo simplificado como para o modelo de elementos finitos.

6
2 BASES REGULAMENTARES PARA O PROJETO DE
RESERVATÓRIOS

De acordo com a secção 2.1 da NP EN 1992-1-1 [5], uma estrutura de betão deve cumprir
critérios base no seu projeto, onde a resistência da estrutura é normalmente o requisito chave a
cumprir. No entanto, num reservatório térreo de água em betão armado é também bastante
relevante o requisito da durabilidade da estrutura, dada a maior exposição face a fatores que
deterioram a mesma. A exposição a esses fatores, tais como a água ou um solo agressivo, pode
pôr em causa o bom comportamento em serviço do reservatório, e portanto a sua estanqueidade.
Para não comprometer a resistência e o estado de utilização do reservatório, deve-se ainda
garantir que os materiais a aplicar na estrutura são apropriados.

2.1 Durabilidade

Segundo a NP EN 1992-1-1 [5], uma estrutura garante maior durabilidade se os requisitos de


utilização, resistência e estabilidade forem satisfeitos, sem perda significativa de utilidade nem
excesso de manutenção não prevista durante o tempo de vida da estrutura.

O quadro 2.1 da NP EN 1990 define que o tempo de vida útil de uma estrutura corrente, como é
o caso de um reservatório de água, é de 50 anos. Segundo a mesma norma, o projeto deve
garantir, para esse período, os aspetos que se enunciam na secção 2.4, por forma a obter uma
adequada durabilidade [1].

As condições ambientais são fatores importantes a ter em conta na durabilidade de uma


estrutura. Essas condições podem ser de natureza diversa, e caso sejam adversas e persistentes
ao longo do tempo de vida dessa estrutura podem degradar a mesma. No quadro 4.1 da
NP EN 1992-1-1, podem ser consultadas as classes de exposição de uma estrutura em função
das diversas condições ambientais [5].

Por forma a garantir que os efeitos ambientais não comprometam o bom comportamento da
estrutura, a mesma norma especifica na secção 4.4 um recobrimento nominal mínimo (cnom) a
cumprir, o qual é dado pela expressão (4.1) dessa secção, com uma margem de cálculo para
tolerâncias de execução (cdev) de 10 mm, de acordo com o artigo 4.4.1.3(1) [5].

O recobrimento mínimo (cmin) é dado pela expressão (4.2) e deve assegurar os três pontos que
se enunciam no artigo 4.4.1.2 (1) [5].

Para cumprir o requisito de transmissão correta das forças de aderência, a NP EN 1992-1-1


estipula no quadro 4.2 valores para o recobrimento mínimo (c min,b) relativo à aderência [5].

Para assegurar um recobrimento nominal mínimo das armaduras de betão armado (c min,dur),
pode-se obter o seu valor a partir do quadro 4.4N, considerando a classe estrutural. O

7
artigo 4.4.1.2 (5), recomenda a classe de referência S4, onde se admite que uma dada estrutura
tem um período de vida de 50 anos. Caso a estrutura não corresponda à classe de referência, a
determinação pode ser feita recorrendo ao quadro 4.3N [5].

O reservatório em causa, como já foi referido, é térreo, encontra-se em Tavira e armazena água
que não contém químicos agressivos. Assim, as classes de exposição 1, 3 e 5 podem ser
desprezadas da análise dos efeitos das condições ambientais na estrutura. Para as classes 2, 4
e 6, o reservatório é classificado respetivamente por XC4, XS1 e XA1. Assim, em conformidade
com o quadro NA.II da NP EN 1992-1-1 [5], considera-se um recobrimento nominal de 45 mm, o
qual deve garantir a durabilidade da estrutura.

2.2 Controlo da Fendilhação

De acordo com a secção 7.3.1 da NP EN 1992-1-1 a fendilhação é algo normal em estruturas de


betão armado, mas deve ser controlada por forma a não comprometer a durabilidade e o
funcionamento correto da estrutura. Esse controlo passa por limitar a largura das fendas wk a
wmax, em função do propósito e da natureza da estrutura. O valor de wmax pode ser obtido através
do Quadro 7.1N da mesma secção [5].

Contudo, um reservatório de água tem critérios mais exigentes no controlo da fendilhação. A


secção 7.3 da EN 1992-3 define quatro níveis de classificação para a estanqueidade de
reservatórios. O reservatório em causa classifica-se com o nível 1, uma vez que o mesmo não
armazena líquidos ou gases que ponham em causa a saúde pública e o património natural e não
natural envolvente à estrutura. Para esse nível, o artigo (111) da mesma norma define que a
largura das fendas deve ser limitada em wk1, o qual depende do rácio entre a altura de água e a
espessura da secção segundo a nota desse artigo [6]. Apresenta-se no Gráfico 1, os valores
para a abertura de fendas de tração (wk1) em função do referido rácio.

wk1 [mm]
0,25

0,2

0,15

0,1

0,05

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 h0/t

Gráfico 1: Valores de wk1 em função do rácio entre a altura de água e a espessura da secção

8
Na verificação da estrutura à fendilhação, considera-se assim que as secções que se encontrem
em contacto com a água são limitadas por wk1 enquanto as restantes secções são limitadas por
wmax.

Para efetuar o cálculo da largura de fendas a NP EN 1992-1-1 preconiza na secção 7.3.4 uma
metodologia de cálculo para o efeito. No entanto a mesma norma preconiza na secção 7.3.3 uma
outra metodologia para o controlo da fendilhação onde não é necessário o cálculo direto, a qual
será usada por ser mais expedita. Este último método tem por base limitar o diâmetro ou o
espaçamento dos varões, sempre em função da tensão instalada nas armaduras [5].

A EN 1992-3 também preconiza um controlo indireto da fendilhação. De acordo com a secção


7.3.3 dessa norma, para fendas originadas pelas restrições face às ações indiretas apenas o
diâmetro dos varões deve ser limitado por forma a controlar as tensões nas armaduras. Desta
forma, não se impõem, aqui, limitações ao espaçamento das armaduras [6].

Para obter os limites máximos dos varões, a EN 1992-3 fornece na Figura 7.103N um gráfico
que traça curvas para esses valores limite em função da tensão instalada nas armaduras, numa
secção submetida apenas a trações. No entanto, a mesma norma define que esses valores
devem ser modificados, usando a Expressão 7.122 [6].

De referir ainda que a adoção de um sistema de impermeabilização interior seria uma boa
solução para evitar perdas de água, o que permitiria um controlo da abertura de fendas menos
exigente. No entanto, o presente trabalho não considera a existência de tal sistema de
impermeabilização.

2.3 Materiais

Determinada a classe de exposição, opta-se pelo recurso a um betão C30/37, tendo em conta
os pressupostos presentes na NP EN 206-1 [9] e a recomendação do anexo E da
NP EN 1992-1-1 [9]. As suas propriedades principais apresentam-se na Tabela 1.

Tabela 1: Características do betão

fck [MPa] fcd [MPa] fctm [MPa] Ec [GPa] εc2 [‰] εcu2 [‰] ºC-1]
30 20 2,9 33 2,0 3,5 10-5

O reservatório deve estar assente sobre uma camada de regularização. Por se tratar de um betão
de regularização propõe-se uma classe de resistência baixa para ser empregue: C12/15.

Por ser um aço em varão bastante aceitável e corrente, opta-se pelo uso de aço A500 para as
armaduras ordinárias do reservatório. As suas propriedades principais apresentam-se na Tabela
2.

9
Tabela 2: Características do aço em varão

fyk [MPa] fyd [MPa] Es [GPa] εyd [‰]


500 435 210 2,18

2.4 Ações de projeto

Qualquer projeto de dimensionamento deve considerar combinações de ações, tanto para


estados limites últimos como para estados limites de serviço. Para reservatórios, essas ações
são definidas na NP EN 1991-1-1 [2] e no anexo B da EN 1991-4 [4]. Contudo, nem todas as
ações são significativas, pelo que só serão abordadas de seguida as ações, diretas e indiretas,
fundamentais para o dimensionamento de um reservatório.

2.4.1 Ações diretas

2.4.1.1 Ações permanentes


A NP EN 1990 define como ações permanentes aquelas que atuam permanentemente na
estrutura, em que a sua variação de intensidade no tempo é desprezável ou atuam sempre no
mesmo sentido, durante o tempo de vida da estrutura. Nestas ações, incluem-se o peso próprio
da estrutura, cujo peso volúmico (c) é de 25 kN/m3, bem como os elementos não estruturais que
se encontram na laje de cobertura, um betão leve com um peso volúmico máximo de 14,7 kN/m3
[1].

2.4.1.2 Ações variáveis


Segundo o mesmo regulamento, uma ação variável é aquela cuja variação de intensidade no
tempo não é desprezável, e não é monotónica. Como ações variáveis, o reservatório apenas têm
que considerar uma sobrecarga distribuída na cobertura. Pela NP EN 1991-1-1, adota-se a
categoria H para esta ação, uma vez que a laje de cobertura é apenas acessível para operações
de manutenção e reparação, e portanto toma o valor característico de 0,4 kN/m2, de acordo com
o quadro NA-6.10 dessa norma [2].

2.4.1.3 Impulso hidrostático


A pressão hidrostática é considerada como uma ação variável fixa, dado que a EN 1991-4 [4]
define no seu anexo B que durante a operacionalidade do reservatório, este pode ter uma
capacidade que pode variar entre a situação de reservatório cheio ou vazio. Esta ação, é dada
pela expressão 1:

𝐼𝑤 = ϒ𝑤 × ℎ𝑤 (1)

Onde, w é o peso volúmico da água, que toma o valor de 10 kN/m 3 segundo o Quadro A.7 da
mesma norma, e hw é a profundidade de água. Para este reservatório, será considerado que o
nível da água atinge a cobertura, para efeitos de dimensionamento. Refira-se que esta hipótese

10
simplificativa, na ausência de forças externas importantes como por exemplo impulsos de terras,
acaba por ser conservativa no dimensionamento das paredes.

Esquematiza-se na Figura 8 o corte A-A com a inclusão de todas as ações diretas.

Figura 8: Ações diretas atuantes

2.4.2 Ações indiretas

2.4.2.1 Variação de temperatura


As variações de temperatura impõem deformações que podem ser relevantes numa estrutura.
Contudo, essas deformações são por muitas vezes restringidas, pelo que se originam tensões
face a essas restrições, tornando este fenómeno numa ação indireta. Num reservatório de betão
o critério de não fendilhação é bastante exigente, pelo que essas tensões, que geram esforços
de tração e flexão, tomam bastante importância no dimensionamento da estrutura no seu
comportamento em serviço.

Geralmente, o efeito da temperatura não é uniforme ao longo da espessura da estrutura. Assim,


a sua distribuição pode ser dividida, de acordo com a NP EN 1991-1-5 [3], nas seguintes
componentes:

 Componente da variação uniforme de temperatura (TU);


 Componente da variação linear de temperatura, nos planos y-y (TMY) e z-z (TMZ);
 Componente não linear de temperatura (TE);

11
Apresentam-se na Figura 9 as referidas componentes de temperatura.

Figura 9: Componentes da temperatura [3]

A variação uniforme de temperatura corresponde uma variação sazonal da temperatura


ambiente, ou seja, corresponde a uma variação lenta. Esta componente impõe dilatações ou
contrações na estrutura, pelo que no caso de essas extensões serem restringidas, são geradas
tensões uniformes na estrutura.

A variação diferencial de temperatura representa uma variação térmica entre as faces de um


elemento/estrutura. Caso a curvatura gerada por este efeito seja impedida, geram-se tensões de
compressão numa face enquanto a outra terá tensões de tração, originando assim esforço de
flexão na estrutura.

A componente não linear de temperatura tem em conta a não linearidade do efeito térmico, e
origina um sistema autoequilibrado de tensões, cuja resultante de esforços é nula.

A NP EN 1991-1-5 define na secção 7.1 alguns aspetos complementares a ter em conta no


projeto de reservatórios. Uma vez se assume conservativamente que existe interação entre a
água e a estrutura, apenas são consideradas as ações térmicas devidas aos efeitos climáticos,
e portanto deve ser tido em conta a simultaneidade das componentes da temperatura que se
apresenta na secção 7.6 da mesma norma [3].

12
Figura 10: Distribuição das componentes de temperatura [3]

De referir que a componente da distribuição em escada da temperatura (Figura 10 (b)) traduz o


efeito da radiação solar a incidir na estrutura, de acordo com a secção 7.3.

Como já foi referido anteriormente, o reservatório encontra-se localizado em Tavira. Assim,


segundo os quadros NA.1 e NA.2 da NP EN 1991-1-5 obtém-se, respetivamente, as
temperaturas mínimas (Tmin) e máximas (Tmáx) do ar à sombra de acordo com o seu zonamento
e cujos valores são apresentados na Tabela 3. Tendo em conta a sua localização, admite-se que
o reservatório se encontra a altitude de referência de zero metros.

Uma estrutura quando concluída encontra-se a uma temperatura inicial (T0). De acordo com o
NA-A.1(3) da mesma norma, é permitido tomar como valor para T 0 o valor médio da temperatura
do ar no local da obra.

A NP EN 1991-1-5 não especifica qualquer valor para a variação diferencial da temperatura em


reservatórios. Assim, toma-se o valor recomendado no artigo 7.5(3) para condutas de betão [3],
o qual se indica na Tabela 3.

Tabela 3:Componentes de temperatura de projeto

Tmin [ºC] Tmáx [ºC] T [ºC] TU [ºC] Td[ºC]


0 40 20 20 15

13
2.4.2.2 Retração
A retração é um fenómeno em que ocorre uma diminuição gradual do volume de betão,
independentemente do estado de tensão instalado na estrutura. Este fenómeno pode ser
separado nas seguintes componentes que atuam em simultâneo:

 Retração hídrica
 Retração plástica
 Retração térmica
 Retração química

Contudo, a componente predominante deste efeito é a retração hídrica, pelo que a


NP EN 1992-1-1 considera que a extensão total da retração (cs) é apenas originada pela perda
de água, e define no artigo 3.1.4(6) as duas componentes para essa extensão [5], as quais se
encontram na expressão 2.

𝜀𝑐𝑠 = 𝜀𝑐𝑎 + 𝜀𝑐𝑑 (2)

A extensão de retração autogénea (ca) é a primeira que se desenvolve, onde a sua evolução
ocorre em grande parte durante a fase de endurecimento do betão e é originada pela perda de
água que se encontra nos poros capilares do cimento, mas sem perdas para o exterior. Depois
do betão se encontrar endurecido, ocorre a extensão de retração por secagem (cd), onde a sua
evolução é lenta e ocorre devido à migração da água que se encontra no interior do betão para
o exterior.

A retração depende de fatores como a humidade ambiente, da composição do betão e das


dimensões do elemento a considerar. Assim, apresentam-se na Tabela 4, parâmetros
importantes que a mesma norma indica para a obtenção da extensão por retração, para um
cimento de classe N.

Tabela 4: Parâmetros para a obtenção da extensão por retração

RH [%] h0 [mm] ts [dias] fcm [MPa] ds1 ds2


60 200 28 38 4 0,12

A evolução temporal das extensões de retração autogénea e por secagem, obtém-se seguindo
a formulação presente na secção 3.1.4 e anexo B do mesmo regulamento [5]. Por consequência
obtém-se a evolução da extensão total de retração, a qual se encontra representada no Gráfico
2, com os respetivos cálculos apresentados no Anexo A.

14
secagem autogénea total
(-)

4,50E-04

4,00E-04

3,50E-04

3,00E-04

2,50E-04

2,00E-04

1,50E-04

1,00E-04

5,00E-05

0,00E+00
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 t [dias]

Gráfico 2: Evolução da extensão de retração

Do Gráfico 2, é possível observar-se que a parcela de secagem corresponde à maior parte da


retração. Como tal a razão água/cimento a empregar deve ser controlada por forma a não ser
excessiva, o que implicaria maiores extensões de retração por secagem. O aumento da classe
de resistência do betão é outro fator que reduz estas extensões, mas a classe escolhida já é
bastante razoável, pelo que não se opta por esta alternativa.

O mesmo gráfico também mostra que a extensão de retração autogénea desenvolve-se


maioritariamente durante a fase de endurecimento e a extensão de retração por secagem
desenvolve-se a partir do momento em que o betão se encontra endurecido, como era
expectável.

No caso de as extensões devidas à retração serem restringidas, são originadas na estrutura


tensões uniformes, e portanto este fenómeno, tal como o efeito da temperatura, corresponde a
uma ação indireta. Para quantificar esta ação, o fenómeno da retração pode ser simulado através
da aplicação de uma variação de temperatura uniforme equivalente (Tu,cs) a qual é dada pela
expressão 3, sendo  o coeficiente de dilatação térmica do betão.

𝜀𝑐𝑠
∆𝑇𝑢,𝑐𝑠 = (3)
𝛼

15
A extensão total de retração máxima que se obtém para a estrutura em causa corresponde a
0,41 ‰. Seguindo esta metodologia, opta-se por considerar que este efeito corresponde a uma
variação uniforme de temperatura com o valor de -40ºC em todos os elementos da estrutura,
exceto na laje de fundo onde se considera metade desse valor. O facto de este elemento ser
betonado com significativa antecedência face aos restantes elementos, leva a que as extensões
de retração na laje de fundo se desenvolvam mais cedo. Tendo em conta este aspeto,
considerou-se aceitável assumir o valor acima mencionado.

Refere-se, porém, que este valor é relativamente elevado, considerando que uma parte da
retração é “dissipada” no decorrer do processo construtivo se forem adotadas medidas
construtivas ao nível de faseamento.

2.4.2.3 Fluência
Tal como a retração, a fluência é um efeito diferido no tempo. Para um mesmo estado de tensão
aplicado a partir de um dado instante (t0), um elemento de betão começa a apresentar um
aumento gradual de deformações, devido em grande medida à variação de volume da pasta de
cimento que envolve os agregados. Para além do instante em que o carregamento é aplicado,
este efeito depende de outros fatores, tais como:

 Intensidade e período do carregamento (t,t0);


 Humidade e temperatura relativas do local;
 Composição do betão;
 Geometria da secção;

Quanto maior a intensidade e duração do carregamento, maiores serão as deformações devido


à fluência, existindo portanto proporcionalidade direta. Segundo o artigo 3.1.4(2) da
NP EN 1992-1-1, para tensões instaladas cujo valor não excede 0,45 f ck, é possível admitir a
linearidade da fluência [5]. Assim, o coeficiente que quantifica este efeito, o coeficiente de
fluência 𝜑(𝑡∞, 𝑡0), é apenas em função do módulo de elasticidade tangente (Ec).

As deformações por fluência são tanto maiores quanto menos húmido e mais quente se encontra
o local de implantação da estrutura. Para reduzir essas deformações, o projeto deve considerar
um betão com maior quantidade de agregados, menor volume de pasta de cimento e com uma
relação água/cimento tanto menor quanto possível, bem como garantir que o elemento não é
demasiado esbelto.

De acordo com a metodologia de cálculo apresentada na secção 3.1.4 e anexo B do mesmo


regulamento é possível obter a deformação do betão por fluência na idade t = ∞ [5], a qual se
apresenta na expressão 4.

𝜎𝑐
𝜀𝑐𝑐 (𝑡 = ∞, 𝑡0 ) = 𝜑(𝑡 = ∞, 𝑡0 ) × (4)
𝐸𝑐

16
Para tal, apresentam-se na Tabela 5 os parâmetros necessários para a determinação do
coeficiente de fluência

Tabela 5: Parâmetros para determinação do coeficiente de fluência

RH [%] h0 [mm] t0 [dias] fcm [MPa]


60 200 28 38

Por fim, o Gráfico 3 mostra a evolução do coeficiente de fluência do reservatório ao longo do


tempo, com os respetivos valores presentes no Anexo A.

ϕ (t,t0)

2,50

2,00

1,50

1,00

0,50

0,00
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 t (dias)

Gráfico 3: evolução temporal do coeficiente de fluência

2.4.2.4 Módulo de Elasticidade Ajustado


Como já foi referido, as deformações impostas originam tensões em estruturas, dado que estas
impõem restrições a essas deformações. Os efeitos da fluência afetam diretamente as
deformações, pelo que essa influência pode ser considerada, de forma simplista, através da
perda de rigidez da estrutura ao longo do período útil de vida. Assim, para avaliar a evolução das
tensões instaladas pelas deformações impostas, pode-se definir um módulo de elasticidade
ajustado (Ec,ajus), por forma a considerar a perda de rigidez atrás mencionada. O mesmo é dado
pela expressão 5.

𝐸𝑐 (𝑡0 )
𝐸𝑐,𝑎𝑗𝑢𝑠 (𝑡, 𝑡0 ) =
𝐸 (𝑡 ) (5)
1 + 𝜒(𝑡, 𝑡0 ). 𝑐 0 . 𝜑(𝑡, 𝑡0 )
𝐸𝑐,28

Onde (t,t0) corresponde ao coeficiente de envelhecimento do betão, o qual pode ser calculado
através da formulação proposta por Bazant [11] que se encontra na expressão 6.

17
3
√𝑡0
𝜒(𝑡, 𝑡0 ) = (6)
1 + 3√𝑡0

Dado que se assume que o instante em que a estrutura é carregada pela primeira vez
corresponde ao 28º dia, apresenta-se no Gráfico 4 a evolução do módulo de elasticidade
ajustado, tendo por base os parâmetros da Tabela 5 e com todos os valores relevantes presentes
no Anexo A.

Ec,ajust [GPa]

35

30

25

20

15

10

0
0 1000 2000 3000 t [dias]

Gráfico 4: Evolução temporal do Módulo de Elasticidade Ajustado

Da análise do Gráfico 4, é possível constatar que até aos 500 dias a perda de rigidez é bastante
acentuada, facto de nesse mesmo período o aumento de fluência ser também acentuado, como
demonstrado no Gráfico 3. Por sua vez, a partir dos 500 dias o módulo de elasticidade mantém-
se praticamente constante até chegar ao valor de 12,74 GPa, dado que o aumento do coeficiente
de fluência nesse espaço de tempo é residual.

A deformação total do reservatório depende ainda desse carregamento imposto e da respetiva


rigidez, no instante t0. Para quantificar essa rigidez, surge a consideração de um módulo de
elasticidade efetivo (Ec,eff), que se apresenta na expressão 7.

𝐸𝑐 (𝑡0 )
𝐸𝑐,𝑒𝑓𝑓 =
𝐸 (𝑡 ) (7)
1 + 𝑐 0 . 𝜑(𝑡, 𝑡0 )
𝐸𝑐,28

A evolução da deformação total é então dada pela expressão 8.

18
𝜎𝑐 (𝑡0 ) Δσ𝑐 (𝑡, 𝑡0 )
𝜀(𝑡, 𝑡0 ) = + (8)
𝐸𝑐,𝑒𝑓𝑓 (𝑡0 ) 𝐸𝑐,𝑎𝑗𝑢𝑠 (t, 𝑡0 )

Como se sabe, uma dada tensão pode ser obtida pelo produto entre a deformação a que o
elemento está sujeito e o seu módulo de elasticidade. Assim, a variação de tensões instaladas
ao longo do tempo devido às deformações impostas pela retração num elemento totalmente
restringido, podem ser calculadas através da expressão 9.

Δ𝜎𝑐 (𝑡, 𝑡0 ) = 𝜀𝑐𝑠 (𝑡, 𝑡0 ). 𝐸𝑐,𝑎𝑗𝑢𝑠 (𝑡, 𝑡0 ) (9)

A evolução das tensões acima enunciadas encontra-se, por fim, representada no Gráfico 5. Uma
vez mais todos os valores obtidos são apresentados no Anexo A.

 [MPa]

5,00

4,50

4,00

3,50

3,00

2,50

2,00

1,50

1,00

0,50

0,00
0 1000 2000 3000 t [dias]

Gráfico 5: Evolução temporal da tensão instalada

Desse mesmo gráfico, é possível observar-se que a partir dos 500 dias as tensões instaladas
mantêm-se constantes, o que era expectável uma vez que a partir desse instante quer a extensão
por retração quer o módulo de elasticidade ajustado apresentam evoluções pouco relevantes.
Chega-se a um valor máximo de tensão de 4,70 MPa para o caso de restrição absoluta, pelo que
as tensões no reservatório, que não restringe totalmente as extensões, serão menores face a
este último valor.

As deformações geradas pelas variações de temperatura uniforme também devem ter em conta
a evolução da fluência ao longo do tempo, dada que se trata de um efeito lento. Como tal,
considera-se também para efeitos de cálculo, uma perda de rigidez da estrutura através da
redução do módulo de elasticidade do betão. Contudo, deve-se ter em conta que o período de
atuação de uma variação uniforme de temperatura é consideravelmente menor que o efeito da

19
retração, por se tratar de um efeito sazonal. Assim, considera-se razoável reduzir o módulo de
elasticidade do betão para metade do regulamentado por efeito da fluência.

Após feitas as considerações, apresentam-se por fim na Tabela 6, as ações indiretas bem como
os respetivos módulos de elasticidade ajustados.

Tabela 6: Ações indiretas a considerar no projeto

Ação Valor [ºC] Ec,ajus [GPa]


Retração -40 12,5
Variação uniforme da temperatura -20 16,5
Variação diferencial da temperatura -15 16,5

2.5 Combinações de ações

De acordo com a NP EN 1990 [1] é possível definir combinações de ações para o


dimensionamento de estruturas, para os diversos estados limites a verificar. Desta forma,
apresentam-se nas Tabelas 7,8 e 9 as combinações de ações para os diversos estados limites
a considerar no projeto, em todos os elementos.

Tabela 7: Combinação fundamental de ações para o estado limite último

Elementos Combinação de ações


Paredes Estruturais 𝐸𝑑 = 1,35 𝑝𝑝 + 1,5 𝐼𝑤
Laje de Fundo 𝐸𝑑 = 1,35 𝑝𝑝 + 1,5 𝐼𝑤
Laje de Cobertura 𝐸𝑑 = 1,35 (𝑝𝑝 + 𝑟𝑐𝑝) + 1,5 𝑠𝑐

Tabela 8: Combinação sísmica de ações para o estado limite último

Elementos Combinação de ações


Paredes Estruturais 𝐸𝑑 = 𝐴𝐸 + 𝑝𝑝 + 𝐼𝑤 + 𝑠𝑐

Tabela 9: Combinação de ações para o estado limite de utilização

Elementos Combinação de ações


Paredes Estruturais 𝐸𝑑 = 𝑝𝑝 + 𝐼𝑤 + 𝑟𝑒𝑡 + 0,5 (∆𝑇𝑢 + ∆𝑇𝑑 )
Laje de Fundo 𝐸𝑑 = 𝑝𝑝 + 𝐼𝑤 + 0,5 𝑟𝑒𝑡
Laje de Cobertura 𝐸𝑑 = 𝑝𝑝 + 𝑟𝑐𝑝 + 𝜓2 𝑠𝑐 + 𝑟𝑒𝑡 + 0,5 (∆𝑇𝑢 + ∆𝑇𝑑 )

2.6 Solo de Fundação

O solo de fundação recebe cargas elevadas provenientes do reservatório, e como tal, é


imperativo que o modelo de cálculo da estrutura tenha em conta uma correta definição do
mesmo.

20
A caracterização do terreno de fundação é apresentada no Anexo B, sob a forma de um boletim
de sondagem à rotação. Nesse boletim, é possível constatar que o terreno é composto por areia
argilosa fina e por siltito violeta. A hipótese inicial de se considerar este terreno de fundação
como infinitamente rígido deve ser então excluída, uma vez que se está na presença de um
maciço rochoso fraturado, o qual pode apresentar alguma deformabilidade. A consideração de
tal hipótese iria conduzir a uma distribuição irreal dos esforços e a possíveis problemas de
assentamentos, algo que é obviamente indesejável.

Assume-se então a hipótese de o reservatório estar assente sobre um solo de fundação


deformável. Dada a complexidade na determinação da real distribuição de tensões no terreno
admite-se, por forma a simplificar tal determinação, que o solo tem um comportamento elástico
e linear seguindo a formulação proposta por Winkler.

A hipótese de Winkler admite um modelo discreto para o solo, onde este é assimilado por um
conjunto de molas independentes cujo comportamento é elástico e linear. Cada mola possui uma
rigidez, designada por módulo de Winkler (KW), que define qual a pressão necessária a aplicar
para que se tenha um deslocamento unitário [12]. Variando linearmente com o campo de
deslocamentos verticais (ws), as tensões instaladas no terreno podem então ser determinadas
através da expressão 10.

𝜎𝑠 = 𝐾𝑤 𝑤𝑠 (10)

A determinação de um valor específico para o módulo de Winkler é algo complexa, uma vez que
depende de vários fatores tais como a profundidade e características da fundação. Assim, na
Tabela 10 apresentam-se gamas de valores para o coeficiente em causa para diversos tipos de
solos.

Tabela 10: Gama de valores para o módulo de Winkler [13]

Tipo de solo Kw [kN/m3]


Areia pouco compacta 4800-16000
Areia de compacidade média 9600-80000
Areia compacta 64000-128000
Areia argilosa (média) 32000-80000
Areia siltosa (média) 24000-48000
Argila mole 12000-24000
Argila de consistência média 24000-48000
Argila dura > 48000

Após leitura da Tabela 10, e tendo em conta que o reservatório será assente sobre siltito violeta
(aproveitando a reduzida espessura da camada argilosa para escavação), assume-se que o valor
de Kw corresponde a 100 000 kN/m3, em princípio uma hipótese conservativa. Refere-se por fim
que a avaliação do comportamento da flexibilidade da fundação deve ser acompanhada de uma
análise de sensibilidade, por forma a aferir os efeitos dessa flexibilidade do terreno no
comportamento estrutural do reservatório.

21
22
3 ANÁLISE ESTRUTURAL DO RESERVATÓRIO

3.1 Comportamento Estrutural

Como se pode constatar das figuras apresentadas no capítulo 1.2, existe um armazém de óleos
que lhe contíguo ao reservatório. Contudo, para efeitos de análise do comportamento do
reservatório, despreza-se numa primeira fase o efeito de continuidade com as paredes do
armazém.

3.1.1 Paredes Estruturais

A esbelteza de um reservatório, dada pela relação entre uma dimensão característica em planta
e a altura máxima de água, influencia bastante o comportamento estrutural do mesmo. Para
esbeltezas muito reduzidas, a ação do impulso hidrostático sobre as paredes traduz-se, quase
na totalidade, em flexão cilíndrica segundo a direção vertical. Por seu lado, para esbeltezas
elevadas a rigidez segundo a direção vertical é bastante inferior à rigidez na direção horizontal,
pelo que se geram esforços mais elevados segundo esta última direção.

O reservatório em causa possui uma esbelteza intermédia face aos dois casos acima
enunciados, e portanto serão gerados esforços consideráveis nas duas direções, esperando no
entanto que estes sejam maiores segundo a direção vertical, pelo facto de a altura de água ser
inferior às dimensões em planta.

A altura máxima de água é de 5 metros, e portanto espera-se à partida que os esforços de flexão
e corte que se irão gerar na base da parede sejam bastante elevados. Para acomodar tais
esforços sem comprometer a segurança e as boas condições de serviço do reservatório, opta-
se por aumentar gradualmente a secção da parede desde a cobertura até à base. Na base, deve-
se dispor de armadura principal na face interior da cuba, e a meio vão na face oposta.

Segundo a direção horizontal, os esforços de flexão provocados pelo impulso hidrostático


refletem-se em tensões de tração importantes no lado interior junto às arestas da cuba, e do lado
exterior na secção a meio vão, pelo que devem ser colocadas armaduras principais de flexão
nessas zonas.

O impulso hidrostático induz, para além de esforços de flexão e corte, trações que devem ser
consideradas no projeto. De facto, para equilibrar esta ação são geradas duas reações nas
extremidades da parede, as quais de traduzem em esforços normais de tração nas paredes que
lhe são contiguas, conforme se esquematiza na Figura 11.

23
Figura 11: Forças de tração desenvolvidas nas paredes

3.1.2 Laje de Fundo

A laje de fundo do reservatório em estudo não tem espessura constante ao longo de toda a sua
área. Por sua vez, esta encontra-se dividida em lajes de espessura uniforme, onde junto às
paredes estruturais estas são mais espessas e no seu centro a laje é menos espessa, e em lajes
de espessura variável que asseguram a ligação das lajes de espessura uniforme, conforme se
pode observar nas figuras presentes no capítulo 1.2.

Para além do momento gerado pelo impulso hidrostático, a parede transmite à laje de fundo as
suas cargas verticais

Na área central da laje de fundo, as cargas que são provenientes do seu peso próprio e do
impulso hidrostático são descarregadas diretamente no solo, e este induz pressões verticais,
também uniformes, de sentido ascendente na cuba.

3.1.3 Laje de Cobertura

A cobertura do reservatório é realizada através de uma laje maciça de betão armado com
espessura constante. Esta, encontra-se submetida aos carregamentos verticais provenientes
das cargas permanentes e da sobrecarga regulamentar, originando esforços de flexão e de corte.

A análise de lajes pode ser efetuada recorrendo às equações de elasticidade e plasticidade


tridimensionais. Contudo, não é do âmbito do presente trabalho fazer uma análise exaustiva
deste tópico, pelo que a formulação deste problema pode ser realizada recorrendo a uma de
duas teorias de primeira ordem propostas por Kirchhoff e por Reissner-Mindlin.

A teoria de Kirchhoff abrange lajes finas, e não considera a deformabilidade por corte do
elemento. Deste modo, o campo de rotações é dependente do campo de deslocamentos
transversais [14].

24
A teoria de Reissner-Mindlin abrange lajes espessas, e ao contrário do que se sucede na teoria
anterior, considera a deformabilidade por corte do elemento. Neste caso, os campos de rotações
já não dependem do campo de deslocamentos transversais como se sucedia na teoria
anteriormente referida [14].

A laje de cobertura encontra-se apoiada nas paredes do reservatório bem como em duas vigas,
como se pode verificar na figura 3. Apesar de existir continuidade entre ambos os elementos,
existe bastante capacidade de rotação da laje nas suas extremidades, pelo que a ligação à
parede tenha uma capacidade de rotação intermédia entre um bordo apoiado e um bordo
encastrado.

3.2 Modelos Simples de Cálculo

Este capítulo destina-se a mencionar modelos que permitam uma obtenção expedita dos
principais esforços da estrutura. Desta forma, apenas serão apresentados os esforços para
Estados Limites Últimos, uma vez que é mais difícil obter, com boa aproximação, os esforços
devidos às ações indiretas. De referir, por fim, que estes esforços são obtidos com o intuito de
validar os esforços que posteriormente serão obtidos do modelo de elementos finitos.

3.2.1 Paredes Estruturais

Os esforços atuantes das paredes podem ser estimados a partir das tabelas de esforços elásticos
elaboradas por Bares [15].

Como condições de fronteira, impõe-se que a base das paredes seja simulada por um bordo
encastrado, o topo seja bordo livre e nas arestas verticais da cuba se tenham bordos encastrados
ou simplesmente apoiados. Desta forma, é possível definir uma envolvente para os esforços que
serão posteriormente avaliados da análise do modelo de elementos finitos. Assim, deve-se usar
as tabelas 1.95 e 1.96 para estimar os esforços atuantes na parede.

Conhecidas as dimensões do reservatório, é possível obter os parâmetros  por forma a usar os


coeficientes multiplicativos corretos para a obtenção dos esforços nas direções horizontal e
vertical. Apresentam-se na Tabela 11 os referidos coeficientes.

Tabela 11: Coeficientes multiplicativos das tabelas de Bares para as paredes estruturais

Parede 
X 1,75
Y 1,5

3.2.2 Laje de Cobertura

Como se sucede nas paredes, os esforços atuantes podem ser calculados com recurso às
tabelas de Bares [15].

25
Apesar de existir continuidade entre as paredes e a laje de cobertura, considera-se que ao longo
do bordo exterior a laje se encontra simplesmente apoiada, dada a sua capacidade de rotação.
Dividindo a laje em três parcelas, apresentam-se na Tabela 12 os coeficiente multiplicativos a
usar nas tabelas de Bares.

Tabela 12: Coeficientes multiplicativos das Tabelas de Bares para a laje de cobertura

Laje 
9,50 m x 5,80 m 1,65
9,50 m x 5,70 m 1,65
5,75 m x 4,75 m 1,20

3.3 Modelação em Elementos Finitos

Para uma análise mais detalhada, opta-se por modelar a estrutura em elementos finitos. Para o
efeito, recorre-se ao programa de cálculo automático SAP2000 [18], onde será estudado o
comportamento estático e dinâmico do reservatório.

Numa primeira fase, modelam-se apenas as paredes da cuba, separadamente. Pretende-se


nesta fase verificar quais são os esforços de flexão e corte a que as paredes se encontram
sujeitas. Numa fase posterior, modela-se toda a estrutura, por forma a fazer a análise global
estática e dinâmica do reservatório.

3.3.1 Paredes Estruturais

As paredes apresentam comportamento de placa e membrana, e como tal devem ser simuladas
como elementos de área designados por ‘shell’. Opta-se que estes elementos possuam quatro
nós nas suas extremidades, e para uma boa aproximação tenta-se que estes tomem, tanto
quanto possível, a forma geométrica de um quadrado. Desprezando a deformabilidade por corte,
segue-se a teoria de Kirchoff atrás enunciada e define-se finalmente que as paredes são
modeladas através de elementos de área ‘shell-thin’.

Como já referido, estes elementos tem espessura variável desde a base até ao topo. Para ter
em conta essa variabilidade, opta-se por dividir a parede em altura por quatro elementos de laje
distintos, cuja esquematização se apresenta na Figura 12, e as respetivas dimensões na
Tabela 13.

26
Figura 12: Modelo em elementos finitos de uma parede estrutural

Tabela 13: Dimensões das paredes estruturais modeladas

Parede Altura [m] Espessura [m]


P1 2,00 0,55
P2 1,50 0,45
P3 1,50 0,35
P4 1,50 0,25

Adotam-se como condições de fronteira, aquelas que foram mencionadas aquando da


elaboração do modelo de cálculo para as paredes pelas tabelas de Bares.

Nesta fase, considera-se que a parede se encontra submetida apenas ao carregamento devido
ao impulso da água. Opta-se, pelo lado da segurança, por se considerar que a água atinge a laje
de cobertura.

Tomadas todas as considerações, apresentam-se por fim os dois modelos para uma parede na
Figuras 13 e 14.

27
Figura 13: Arestas verticais da parede estrutural com rotação impedida

Figura 14:Arestas verticais da parede estrutural com rotação livre

3.3.2 Reservatório

Admite-se agora, naturalmente, que existe continuidade entre lajes e paredes do reservatório.
Desta forma, as paredes deixam agora de ter as condições de fronteira atrás definidas.

28
As paredes e lajes do reservatório possuem comportamento de placa, e por isso esses elementos
são modelados como elementos de área ‘shell thin’. Estes elementos possuem quatro nós nas
suas extremidades e tentam, uma vez mais, aproximar-se o quanto possível da forma geométrica
de um quadrado.

As vigas e pilares do reservatório apresentam, respetivamente, comportamento de viga e viga-


coluna, e portanto devem ser modelados como elementos ‘frame’.

Como referido no capítulo 2.6, o terreno de fundação é deformável. Para ter em conta essa
deformabilidade no modelo, são colocadas molas de área sob a laje de fundo, cuja rigidez vertical
é igual a 100000 kN/m3 e a qual só resiste a compressões.

O facto de a laje de fundo também não ter espessura constante ao longo da sua extensão levou
a ter que se tomar considerações na modelação. Para as parcelas de laje de secção constante
(LF1, LF2 e LF3) a espessura mantém-se igual, enquanto nas regiões onde a secção varia (LF4,
LF5 e LF6), a espessura toma um valor constante intermédio. Esquematiza-se na Figura 15, a
divisão feita ao nível da espessura da laje.

Figura 15: Modelo em elementos finitos da laje de fundo do reservatório

29
As dimensões adotadas para as diferentes parcelas de área da laje de fundo são apresentadas
na Tabela 14.

Tabela 14: Espessuras das diferentes parcelas de área da laje de fundo

Laje Fundo Espessura [m]


LF1 0,70
LF2 0,20
LF3 0,95
LF4 0,45
LF5 0,83
LF6 0,58

Tomadas todas as considerações apresenta-se, por fim, na Figura 16 o modelo em elementos


finitos do reservatório em estudo.

Figura 16: Modelo em elementos finitos do reservatório

30
4 ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1 Esforços de elementos do reservatório por métodos simplificados de


cálculo

4.1.1 Paredes Estruturais

Tendo em conta as tabelas de Bares referidas em 3.2, apresentam-se nas figuras que se seguem
os esforços atuantes máximos nas paredes estruturais do reservatório, somente devidos à
impulsão hidrostática. Como os esforços apresentados correspondem aos Estados Limites
Últimos a ação em causa foi majorada por 1,5 vezes em relação ao seu valor característico.

Numa fase inicial, apresentam-se os esforços de flexão, nas Figuras 17, 18, 19 e 20. De referir
que nas figuras os valores negativos correspondem a esforços de tração na face interior da
parede, sendo que os valores positivos correspondem a trações na face exterior. Já as linhas
associadas a cada esforço indicam a direção da armadura respetiva.

Figura 17: Esforços de flexão [kNm/m] da parede X com arestas verticais com rotação livre

Figura 18: Esforços de flexão [kNm/m] da parede X com arestas verticais com rotação impedida

31
Figura 19: Esforços de flexão [kNm/m] da parede Y com Figura 20: Esforços de flexão [kNm/m] da parede Y com
arestas verticais com rotação livre arestas verticais com rotação impedida

Indicados os esforços de flexão, apresentam-se agora nas Figuras 21 e 22 os esforços


transversos, segundo a direção horizontal e vertical, na parede X.

Figura 21: Esforços transversos [kN/m] da parede X com arestas verticais com rotação livre

Figura 22: Esforços transversos [kN/m] da parede X com arestas verticais com rotação impedida

32
4.1.2 Laje de Cobertura

Apresenta-se agora na Figura 23 os esforços de flexão na laje de cobertura devidos às ações


permanente e sobrecarga regulamentar, para os Estados Limites Últimos, usando a combinação
de ações dada pela expressão 10, utilizando uma distribuição de cargas de acordo com o método
das bandas.

Figura 23: Esforços de flexão [kNm/m] na laje de cobertura

4.2 Esforços das paredes estruturais pelo modelo em elementos finitos

Tal como se sucedeu no capítulo de modelação, apresentam-se os esforços de flexão e de corte,


devidos apenas à impulsão hidrostática nas paredes estruturais, onde se tratam estas como
elementos únicos.

4.2.1 Esforços de Flexão

Tendo em conta as restrições apresentadas em 3.2.1 e a ação em causa, apresentam-se nas


Figuras seguintes os esforços de flexão nas duas paredes, para as duas direções a considerar,
horizontal e vertical.

33
Figura 24: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção horizontal na parede X com rotação livre nas
arestas verticais

Figura 25: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção horizontal na parede X com rotação impedida
nas arestas verticais

34
Figura 26: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção vertical na parede X com rotação livre nas
arestas verticais

Figura 27: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção vertical na parede X com rotação impedida nas
arestas verticais

35
Figura 28: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção horizontal na parede Y com rotação livre nas
arestas verticais

Figura 29:Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção horizontal na parede Y com rotação impedida
nas arestas verticais

36
Figura 30:Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção vertical na parede Y com rotação livre nas
arestas verticais

Figura 31: Esforços de flexão [kNm/m] segundo a direção horizontal na parede Y com rotação livre nas
arestas verticais

37
4.2.2 Esforço Transverso

Para as mesmas restrições, apresentam-se agora os esforços de corte na parede X, para as


duas direções a considerar.

Figura 32: Esforços de corte [kN/m] segundo a direção horizontal na parede X com rotação livre nas
arestas verticais

Figura 33: Esforços de corte [kN/m] segundo a direção horizontal na parede X com rotação impedida nas
arestas verticais

38
Figura 34: Esforços de corte [kN/m] segundo a direção vertical na parede X com rotação livre nas arestas
verticais

Figura 35: Esforços de corte [kN/m] segundo a direção vertical na parede X com rotação impedida nas
arestas verticais

4.3 Reservatório

4.3.1 Esforços Normais e de Flexão

Após a análise das paredes estruturais como estrutura única, abordam-se agora todos os
elementos estruturais constituintes do reservatório.

39
Numa primeira análise, apresentam-se nas Figuras 36 e 37 os esforços normais atuantes nas
paredes estruturais para o Estado Limite de Utilização segundo a direção horizontal,
considerando a combinação de ações definida na Tabela 9. De referir que o programa apenas
admite considerar um valor para o módulo de elasticidade do betão, pelo que se adotou o
primeiro valor da Tabela 6.

Figura 36: Esforços normais [kN/m] na parede X segundo a direção horizontal

Figura 37: Esforços normais [kN/m] na parede Y segundo a direção horizontal

Conforme se pode constatar, os esforços de tração a atuar nas paredes são superiores ao
esforço normal de fendilhação. Para as secções de parede em causa é necessário adotar taxas
de armadura bastante elevadas por forma a controlar a fendilhação. Apesar de as tensões
instaladas nas armaduras serem controladas por esta via, as elevadas taxas de armadura a
adotar representariam problemas construtivos.

40
Considerando a ordem de grandeza dos esforços assume-se que a estrutura irá fendilhar,
garantindo no entanto os critérios exigidos pela NP EN 1992-1-1 [5] e EN 1992-3 [6]. Esta
hipótese implica uma redução de rigidez da secção de betão armado, o que implica uma redução
importante dos esforços associados às deformações impostas.

Para melhor enquadrar o problema, a extensão axial a que uma secção de betão totalmente
fendilhada se encontra sujeita corresponde à extensão desenvolvida pelas armaduras ordinárias,
dada pela expressão 11.

𝑁𝐿
𝛿𝐼𝐼 = (11)
𝐸𝑠 𝐴𝑠

A extensão axial dada pela expressão 11 pode ser também traduzida pela expressão 12.

𝑁𝐿
𝛿𝐼𝐼 = (12)
𝐸𝑠 𝜌𝐴𝑐

Uma vez que as diferentes secções do reservatório irão apresentar diferentes estados de
fendilhação, surge assim a necessidade de definir um estado médio de fendilhação para o
reservatório, dado que o betão entre fendas participa na resistência às trações. Esquematiza-se
na Figura 38 o referido estado.

Figura 38: Consideração da contribuição do betão entre fendas na resistência às trações [16]

Assumindo, de forma bastante simplificada, que as extensões médias no betão, em toda a


estrutura, são iguais àquelas que se verificam nas armaduras para o estado II, reduz-se a rigidez
da secção transversal em conformidade. De referir ainda que as quantidades de armaduras
horizontais nas paredes são superiores às armaduras mínimas.

As verificações de segurança posteriormente realizadas terão em conta as secções mais


condicionantes, bem como secções onde possam ocorrer dispensas de armadura. Por forma a

41
não fazer uma apresentação exaustiva de figuras com os esforços, disponibilizam-se essas
figuras nos Anexos C e D1, respetivamente para o estado de serviço e o estado limite último.

Assim, nas tabelas que se seguem apresentam-se os esforços de dimensionamento para os


estados limites últimos e de serviço. Para os esforços de flexão, consideram-se positivos aqueles
que originam trações nas fibras exteriores. Em relação aos esforços normais, consideram-se
positivos os esforços de tração e negativos os de compressão. Estes esforços são avaliados
apenas para as secções mais relevantes referidas no parágrafo anterior. Por forma a facilitar a
leitura de resultados nas tabelas esquematiza-se, anteriormente, a posição dessas secções2 nas
figuras 39 a 42.

Figura 39:Posição das secções da parede X

Tabela 15: Esforços na parede X para a direção horizontal

Secção H [m] t [m] d [m] Msd [kNm/m] Nsd [kN/m] Mserv [kNm/m] Nserv [kN/m]
X1 0,00 0,55 0,50 15,8 224,7 -24,4 402,5
X2 1,10 0,50 0,45 -216,9 314,3 -119,5 172,6
X3 1,10 0,50 0,45 -145,0 145,9 -94,5 184,8
X4 1,10 0,50 0,45 68,0 150,0 25,5 217,3
X5 4,75 0,30 0,25 -69,9 125,0 -36,6 43,1
X6 4,75 0,30 0,25 -50,0 53,0 -30,3 32,4
X7 4,75 0,30 0,25 51,0 50,0 18,8 74,7
X8 5,85 0,25 0,20 7,0 -5,0 0,8 15,5

Tabela 16: Esforços na parede X para a direção vertical

Secção H [m] t [m] d [m] Msd [kNm/m] Nsd [kN/m] Mserv [kNm/m] Nserv [kN/m]
X1 0,00 0,55 0,50 -133,1 -30,0 -120,0 32,6
X9 3,85 0,35 0,30 100,0 -60,0 51,7 0,9

1
A convenção de sinais do SAP 2000 pode não coincidir com os sinais convencionados nas tabelas que se seguem.
2
No modelo de elementos finitos, a posição das secções das quais se obtém os esforços não se encontram nas arestas
que limitam os diferentes elementos, já que as mesmas representam zonas de ligação entre elementos.

42
Figura 40: Posição das secções da Parede Y

Tabela 17: Esforços na parede Y para a direção horizontal

Secção H [m] t [m] d [m] Msd [kNm/m] Nsd [kN/m] Mserv [kNm/m] Nserv [kN/m]
Y1 0,00 0,55 0,50 19,7 12,1 -14,8 332,6
Y2 1,10 0,50 0,45 -210,3 308,0 -119,5 149,4
Y3 1,10 0,50 0,45 89,1 170,3 38,1 169,8
Y4 4,75 0,30 0,25 -60,8 119,6 -36,6 48,0
Y5 4,75 0,30 0,25 34,5 145,9 19,5 38,5
Y6 5,85 0,25 0,20 9,6 62,9 5,5 10,2

Tabela 18:Esforços na parede Y para a direção vertical

Secção H [m] t [m] d [m] Msd [kNm/m] Nsd [kN/m] Mserv [kNm/m] Nserv [kN/m]
Y1 0 0,55 0,50 -50,0 -190,0 -86,7 -43,4
Y7 3,85 0,35 0,30 54,3 -157,1 36,3 -31,7

Figura 41: Posições das secções da Laje de Fundo

43
Tabela 19: Esforços na laje de fundo para a direção X

Secção t [m] d [m] Msd [kNm/m] Nsd [kN/m] Mserv [kNm/m] Nserv [kN/m]
LF1 0,70 0,65 -123,0 193,8 -118,2 235,6
LF2 0,70 0,65 -30,9 312,4 -31,8 267,6
LF3 0,30 0,15 0,8 36,7 0,0 85,0
LF4 0,70 0,65 227,1 178,9 102,6 197,2
LF5 0,95 0,90 -150,0 20,0 -33,0 223,6

Tabela 20: Esforços na laje de fundo para a direção Y

Secção t [m] d [m] Msd [kNm/m] Nsd [kN/m] Mserv [kNm/m] Nserv [kN/m]
LF1 0,70 0,65 -109,5 59,1 -21,5 201,0
LF2 0,70 0,65 -162,4 217,3 -165,7 161,6
LF3 0,30 0,15 4,0 158,4 0,0 117,8
LF4 0,70 0,65 74,8 51,5 50,0 125,6
LF6 0,95 0,90 -128,0 -10,0 -20,0 315,0

Figura 42: Posição das secções da Laje de Cobertura

Tabela 21: Esforços na laje de cobertura para a direção X

Secção t [m] d [m] Msd [kNm/m] Nsd [kN/m] Mserv [kNm/m] Nserv [kN/m]
LC1 0,20 0,16 28,0 43,0 17,0 25,0
LC2 0,20 0,16 -22,0 30,0 -13,0 15,0
LC3 0,20 0,16 -11,5 25,0 -8,0 7,0
LC4 0,20 0,16 45,0 120,0 40,0 35,0
LC5 0,20 0,16 -20,0 10,0 -9,0 10,0
LC6 0,20 0,16 26,0 30,0 10,0 45,0

Tabela 22: Esforços na laje de cobertura para a direção Y

Secção t [m] d [m] Msd [kNm/m] Nsd [kN/m] Mserv [kNm/m] Nserv [kN/m]
LC2 0,20 0,16 -24,0 21,0 -14,0 20,0
LC5 0,20 0,16 -8,0 0,0 -3,5 55,0
LC6 0,20 0,16 -6,0 2,5 -6,0 85,0
LC7 0,20 0,16 23,0 30,0 14,0 20,0
LC8 0,20 0,16 18,0 8,0 10,0 45,0

44
De forma análoga aos elementos shell, apresentam-se na Tabela 23 os esforços de
dimensionamento das vigas da estrutura, considerando apenas o estado limite último.

Tabela 23: Esforços nas vigas da estrutura

Elemento t [m] d [m] b [m] Secção Msd [kNm/m] Nsd [kN/m]


1/2 Vão 192,0 20,0
Viga V1 0,60 0,55 0,30
Parede -60,8 9,9
1/2 Vão 68,5 -3,0
Viga V2 0,50 0,45 0,30
Parede -123,0 -72,0

4.3.2 Esforço Transverso

Analisam-se agora os esforços de corte a atuar na cuba. Ao invés do que acontece com os
esforços de tração, é seguramente para a fase de pré-rotura onde estes esforços de corte serão
condicionantes. Neste caso, apresentam-se nas tabelas seguintes esses esforços, nas secções
mais condicionantes, apenas para o Estado Limite Último. No Anexo D, encontram-se
representados todos os esforços de corte atuantes na estrutura.

Tabela 24: Esforços de corte nas paredes, segundo a direção horizontal

Secção Vsd [kN/m]


X2 263,3
X3 186,4
X5 66,3
X6 57,8
Y2 256,8
Y4 70,5

Tabela 25: Esforços de corte nas paredes, segundo a direção vertical

Secção Vsd [kN/m]


X1 194,0
X8 57,2
Y1 147,8
Y6 22,9

Tabela 26: Esforços de corte nas lajes de fundo e de cobertura, segundo a direção X

Secção Vsd [kN/m]


LF1 161,8
LF4 253,2
LC1 34,0
LC4 120,0
LC6 45,9

45
Tabela 27: Esforços de corte nas lajes de fundo e de cobertura, segundo a direção Y

Secção Vsd [kN/m]


LF2 148,0
LC7 35,0
LC8 25,0

Tabela 28: Esforços de corte nos pilares e vigas da estrutura

Elemento Vsd [kN/m]


Viga V1 78,2
Viga V2 70,9

4.4 Avaliação de resultados

4.4.1 Elementos estruturais isolados: Métodos Simplificados e MEF

Considerando apenas os elementos de parede isolados, pode-se constatar que os resultados


dos modelos elementos finitos são algo díspares face aos obtidos através dos modelos
simplificados. Estes últimos permitem uma obtenção expedita dos esforços, e para as zonas de
meio vão, os resultados obtidos são conservativos face aos resultados obtidos pelo modelo de
elementos finitos. Por sua vez, os esforços obtidos nas zonas de ligação entre elementos são
superiores quando se recorre ao modelo em elementos finitos.

Para efeitos de pré-dimensionamento, é desejável considerar os resultados mais conservativos.


Contudo, todos os esforços aqui determinados serão considerados, por forma a definir uma
envolvente de esforços para o reservatório.

4.4.2 Estado Limite Último: combinação fundamental

Parte-se agora para a análise do modelo em elementos finitos do reservatório propriamente dito.
Numa primeira abordagem, observa-se que os esforços atuantes nas paredes são diferentes
com os que foram obtidos anteriormente considerando estes elementos como estruturas
isoladas. Tal era expectável, dado que as condições de fronteira anteriormente definidas não
correspondem às ligações existentes entre elementos, mas sim a simplificações por forma a
definir uma envolvente de esforços, como referido anteriormente.

Numa segunda análise, é possível confirmar que de facto a zona central da laje de fundo tem
esforços de flexão reduzidos, contrariamente com o que se sucede nas zonas das ligações
parede-laje de fundo, justificando assim a geometria adotada para este reservatório, conforme
dito em 3.1.3. Contudo, convém referir que existem esforços de tração consideráveis em toda a
extensão da laje de fundo, e portanto a zona central da mesma terá que ser armada de forma
conveniente e não com o recurso apenas a armadura mínima.

46
Por fim, observa-se que os esforços obtidos da laje de cobertura são visivelmente diferentes
daqueles que foram obtidos considerando um modelo simplificado. Os bordos desta laje apesar
de terem capacidade de rodar, tem sempre algumas restrições a essas mesmas rotações, e
portanto aparecem normalmente esforços de flexão nessas zonas. Pode-se observar ainda uma
diferença bastante acentuada entre os dois modelos, nos momentos fletores sobre as duas vigas.
Enquanto as tabelas de Bares consideram um apoio infinitamente rígido, o mesmo não acontece
com o modelo de elementos finitos, onde este último considera a rigidez real das vigas. Desta
forma é considerada a deformabilidade da viga, e portanto a laje nestas zonas também irá ter
deslocamentos verticais, embora atenuados. Assim, a presença da viga não impõe momentos à
laje, mas sim reduz significativamente os momentos fletores positivos e deslocamentos verticais
aí existentes.

4.4.3 Estado Limite de Utilização

Apesar de se ter efetuado uma redução da rigidez dos elementos em consequência da


fendilhação, continua a verificar-se que os esforços de tração para o comportamento em serviço
são elevados.

Quanto aos esforços de flexão, é possível constatar que os mesmos são inferiores face aos
registados para o Estado Limite Último. Apesar de agora se considerar a variação de temperatura
diferencial, a combinação de ações para o Estado Limite de Utilização não majora o impulso
hidrostático, que corresponde à ação que gera mais esforços de flexão.

47
48
5 ANÁLISE SÍSMICA

A ação sísmica toma bastante importância no dimensionamento de estruturas. De facto, para


elementos estruturais verticais a combinação sísmica é em grande medida condicionante, dadas
as consideráveis forças horizontais que são geradas pelo sismo.

Um sismo pode ter impactes bastante significativos numa dada região, entre os quais o colapso
de estruturas, bem como o desenvolvimento de incêndios. No caso desta última eventualidade,
o reservatório em causa tem que estar em devidas condições para auxiliar no combate aos
incêndios. Portanto, deve ser assegurado que esta estrutura não colapsa bem como não
desenvolve fendas significativas que comprometam a sua estanqueidade.

5.1 Bases regulamentares

A análise sísmica do caso de estudo segue os pressupostos presentes na NP EN 1998-1 [7] bem
como na EN 1998-4 [8], os quais são abordados de seguida.

A NP EN 1998-1 define no artigo 2.1(1)P que uma estrutura deve satisfazer os requisitos de “não
ocorrência de colapso” e “limitação de danos” [7]. Em reservatórios de água, são acrescentados
os requisitos presentes na secção 2.1 da EN 1998-4 [8]. Para o reservatório em questão, apenas
será realizada a verificação ao Estado Limite Último, e portanto admite-se uma ação sísmica com
um período de retorno igual a 475 anos.

5.1.1 Tipos de ação sísmica e respetivos zonamentos

O NA da NP EN 1998-1 define em e) NA-3.2.2.1 (4) que para Portugal Continental devem ser
considerados dois tipos de ação sísmica, 1 e 2. Esta consideração de dois tipos de sismos surge
pelo facto dos mesmos terem origem em movimentos de placas distintos. Esses dois cenários
sísmicos são descritos em NA.4.2b) da mesma norma [7].

Para cada ação sísmica acima descrita, o mesmo anexo define zonamentos sísmicos, consoante
a sua localização face ao epicentro de cada tipo de sismo. Os zonamentos acima descritos
podem ser consultados na Figura NA.1 da mesma norma, e as respetivas acelerações máximas
de referência podem ser consultadas a partir do Quadro NA.1 [7].

Para o reservatório em causa, apresentam-se na Tabela 29 os respetivos zonamentos e


acelerações máximas de referência.

Tabela 29: Acelerações máximas de referência

Ação Sísmica 1 Ação Sísmica 2


zonamento agr [m/ss] zonamento agr [m/ss]
1.3 1,5 2.3 1,7

49
5.1.2 Coeficiente de importância

O mesmo regulamento define um coeficiente de importância, o qual permite ajustar o período de


retorno da ação sísmica, multiplicando esse mesmo coeficiente pela aceleração máxima de
referência da zona. Este coeficiente toma valores diferentes, consoante a classe de importância
da estrutura a dimensionar. No Quadro 4.3 da NP EN 1998-1, são descritas essas mesmas
classes, enquanto o valor do coeficiente de importância pode ser obtido pelo Quadro NA.II. da
mesma norma [7].

Para o caso de estudo, deve-se garantir que a estrutura se mantém operacional na eventualidade
de ser submetida a um sismo, dada a sua função de auxílio ao combate a incêndios. Apresentam-
se na Tabela 30 os valores do coeficiente de importância a usar para as ações sísmicas.

Tabela 30: Coeficiente de importância

Classe de importância Ação Sísmica 1 Ação Sísmica 2


IV 1,95 1,50

5.1.3 Tipo de Solo

A NP EN 1998-1 define diferentes tipos de terreno, os quais se apresentam no Quadro 3.1. A


necessidade desta divisão prende-se com o facto de solos de diferentes geologias propagarem
as ondas sísmicas de forma distinta [7].

O terreno de fundação do reservatório é composto por uma camada de siltito pouco alterado e
medianamente fraturado, e por uma camada superficial, com 1 metro de espessura, de areia
argilosa. Admite-se assim, que o reservatório está assente sobre um terreno de tipo A.

5.1.4 Espetro de Resposta Elástico

Para caracterizar a ação sísmica, a NP EN 1998-1 propõe o recurso a um espetro de resposta


elástico horizontal [7]. Este espetro não é uma representação direta da ação, mas permite
representar os seus efeitos num conjunto de osciladores amortecidos de 1 grau de liberdade.
Consoante a frequência própria desse conjunto, é possível obter-se as respostas máximas de
diversos fatores, tais como deslocamentos ou acelerações.

Sabido o tipo de terreno de fundação, é possível obter do Quadro NA-3.2 e do Quadro NA-3.3
da mesma norma, o valor do parâmetro Smax, valor base para a obtenção do coeficiente de solo.
Para obter este último coeficiente, é especificada a metodologia de cálculo em f) NA-3.2.2.2(2)P
[7]. Dos mesmos dois quadros acima referidos é possível, também, determinar os valores do
período, em segundos, que limitam os diversos patamares do espetro de resposta, T B, TC e TD.

Apresentam-se na Tabela 31, os valores dos parâmetros definidores do espetro de resposta


elástico para o reservatório.

50
Tabela 31: Parâmetros do espetro de resposta

Ação Sísmica Tipo de terreno Smax TB [s] TC [s] TD [s]


1 1,0 0,1 0,6 2,0
A
2 1,0 0,1 0,25 2,0

O espetro de resposta é definido através das expressões (3.2), (3.3), (3.4) e (3.5) da secção
3.2.2.2 da NP EN 1998-1. Sabendo o período fundamental da estrutura, é possível saber qual a
expressão a usar para obter a máxima aceleração, ou deslocamento, que o espetro de resposta
fornece [7].

5.1.5 Coeficiente de Comportamento

Perante uma ação sísmica uma estrutura tem uma resposta não linear, a qual se encontra
associada a fatores tais como o sistema estrutural, materiais e procedimentos de projeto. De
facto, quando o material entra em cedência numa dada secção, a estrutura tem capacidade,
maior ou menor, de transmitir esforços para outras secções que ainda não tenham atingido tal
patamar. A estrutura pode ainda ter a capacidade de dissipar energia, algo que não se admite
quando se efetua uma análise linear.

Para ter em conta a não linearidade da estrutura, a NP EN 1998-1 define um coeficiente de


comportamento, o qual reduz as acelerações e deslocamentos que provêm do espetro de
resposta elástico. Para as ações sísmicas horizontais, esse coeficiente pode ser determinado
através da expressão (5.1) da mesma norma [7].

O reservatório é uma estrutura pouco dúctil, onde a sua capacidade de redistribuir esforços, e
de dissipar energia, é bastante limitada. Segundo o artigo 4.4(1)P da EN 1998-4, obtém-se um
valor de 1,5 para o valor básico do coeficiente de comportamento da estrutura. O artigo 4.4(3)P
da mesma norma define ainda que a parcela oscilante da água tem uma resposta elástica, e
portanto o coeficiente de comportamento para esta parcela toma o valor unitário [8].

5.2 Modelo para análise sísmica

A ocorrência de um sismo provoca vibrações tanto na estrutura como na água armazenada.


Enquanto a estrutura vibra como massa única, o mesmo não se sucede com a água, onde parte
desta oscila solidariamente com a estrutura, e o remanescente oscila de forma independente sob
forma de ondulação, provocando sobrepressões hidrodinâmicas.

Para o presente documento, escolhe-se como modelo para a análise sísmica aquele que foi
proposto por Housner. Respeitando um conjunto de hipóteses simplificativas, este modelo
considera que a parcela inerte da água é assimilada por uma massa ligada por molas de rigidez
infinita Ki à estrutura a uma altura Hi da base, enquanto a parcela oscilante da água é assimilada

51
por uma massa, a uma altura Ho, ligada á estrutura por molas de rigidez K0 [17], conforme se
esquematiza na Figura 43.

Figura 43: Modelo de Housner [17]

5.3 Espetro de Resposta do Reservatório

5.3.1 Estrutura e parcela inerte

O reservatório não elevado é bastante rígido face a movimentos horizontais. Tal implica que a
aceleração espetral elástica toma valores muito próximos ao valor da aceleração horizontal do
terreno à superfície. Assim, em vez de definir o espetro de resposta elástico pelas equações
propostas pelo regulamento, é razoável admitir-se que a aceleração espetral da estrutura e da
parcela inerte corresponde ao valor máximo da aceleração horizontal do terreno, dado pela
expressão 13.

𝑎𝑔 = 𝑎𝑔𝑟 . 𝛾𝐼 (13)

Apresentam-se na Tabela 32 os valores dessas acelerações para as duas ações sísmicas.

Tabela 32: Aceleração horizontal do terreno

Ação Sísmica ag [m/s2]


1 2,93
2 2,55

Tendo em conta a hipótese atrás admitida, conclui-se que a ação sísmica 1 é a mais
condicionante. Contudo, para ter em conta a não linearidade da estrutura, aplica-se o coeficiente
de comportamento definido, obtendo-se os espetros de resposta mostrados na Figura 44 e as
respetivas acelerações espetrais de projeto que se mostram na Tabela 33,

52
Sd [m/s2]

3 Sd2
Sd1
2

0
0 0,2 0,4 0,7 1,0 1,3 1,6 1,9 2,2 2,5 2,8 3,1 3,4 3,7 4,0 t [s]

Figura 44: Espetro de resposta da parcela estrutural

Tabela 33: Aceleração espetral

Ação Sísmica ag [m/s2]


1 1,95
2 1,70

5.3.2 Parcela oscilante

No que diz respeito à parcela oscilante, a água vibra com uma frequência fundamental dada pela
expressão 14.

𝜔0
𝑓0 = (14)
2𝜋

Tendo em conta o rácio entre a altura e a metade da dimensão da base paralela à ação sísmica,
é possível obter-se valores para a frequência fundamental do líquido, entre outros parâmetros,
no Quadro 7 de Mendes [12] (na ausência dessa informação para reservatórios retangulares em
EN 1998-4). Para a maior e menor dimensão em planta do reservatório em causa, apresentam-
se nas Tabelas 34 e 35, respetivamente, os valores de todos os parâmetros necessários para a
análise sísmica da estrutura.

Tabela 34: Parâmetros para análise sísmica segundo a direção X

H/L Mi/M Hi/H Mo/M Ho/H wo2L/g


1,0 0,542 0,375 0,484 0,583 1,453

Tabela 35: Parâmetros para análise sísmica segundo a direção Y

H/L Mi/M Hi/H Mo/M Ho/H wo2L/g


1,25 0,637 0,375 0,406 0,617 1,522

53
Considerando o último coeficiente das Tabelas 34 e 35, é possível chegar aos valores finais da
frequência fundamental e por consequência do período fundamental. Esses valores são
apresentados na Tabela 36.

Tabela 36: Frequência e período fundamental da parcela oscilante

Ação sísmica Frequência [Hz] Período [s]


1 0,249 4,0
2 0,288 3,5

Para um período de vibração entre TD e 4,0 segundos, a expressão da secção 3.2.2.2 da


NP EN 1998-1 que define o espetro de resposta para esta parcela corresponde à (3.5). Para a
definir, falta ainda determinar qual o coeficiente de solo bem como o coeficiente de correção do
amortecimento a considerar [7].

Conhecidas as acelerações horizontais do terreno apresentam-se nas expressões 15 e 16 os


cálculos para a obtenção do coeficiente de solo para as ações sísmicas 1 e 2, respetivamente.

1,0 − 1
𝑆 = 1,0 − (2,93 − 1) = 1,0 (15)
3

1,0 − 1
𝑆 = 1,0 − (2,55 − 1) = 1,0 (16)
3

Segundo o artigo 2.3.3.2(1) da EN 1998-4 a água possui um amortecimento viscoso de 0,5%[8].


Assim, recorrendo à expressão (3.6) da NP EN 1998-1 é possível determinar o valor do
coeficiente de correção do amortecimento [7], o qual corresponde a 1,348.

Definidos todos os parâmetros apresentam-se, por fim, na Figura 45 o espetro de resposta para
esta parcela e na Tabela 37 os valores das acelerações espetrais a ter em conta no projeto, para
as duas ações sísmicas.

Sd [m/s2]

12

10

8
Sd2
6 Sd1

0
0 0,2 0,4 0,7 1,0 1,3 1,6 1,9 2,2 2,5 2,8 3,1 3,4 3,7 4,0 t [s]

Figura 45: Espetro de resposta para a parcela oscilante

54
Tabela 37: Acelerações espetrais para as duas ações sísmicas

Ação Sísmica Sd (T1) [m/s2]


1 0,741
2 0,351

Da análise da Tabela 37 é possível constatar que também para a parcela oscilante o sismo 1 é
o condicionante, como expectável. Desta forma, daqui por adiante analisa-se apenas esta ação
sísmica.

5.4 Massas

Conhecidas todas as acelerações dos espetros de resposta, é necessário agora obter as massas
por forma a determinar a força sísmica atuante. De referir que o cálculo das massas não irá obter
resultados exatos, mas garante boas aproximações para a análise pretendida.

A totalidade da massa da estrutura vibra quando solicitada por um sismo. Contudo, pretende-se
determinar posteriormente os esforços na base da parede, pelo que a determinação da massa
da laje de fundo não é relevante.

Somando os produtos das áreas das secções que compõem a estrutura com o peso volúmico
do betão armado, é possível determinar a massa estrutural por metro de comprimento.
Apresenta-se a mesma nas Tabelas 38 e 39 para o sismo a atuar nas duas direções.

Tabela 38: Massa Estrutural segundo a direção X

Secção Área [m2] Massa [ton/m]


Paredes 2 x 2,40 + 1,50 16,1
Laje Cobertura 4,00 10,2
Total 10,3 26,3

Tabela 39: Massa Estrutural segundo a direção Y

Secção Área [m2] Massa [ton/m]


Paredes 2 x 2,40 12,2
Laje Cobertura 2,00 5,1
Total 6,80 17,3

Considerando novamente que a totalidade do volume do reservatório se encontra ocupada com


líquido, calcula-se a massa total de água no reservatório. Contudo, esta divide-se em duas
parcelas, como já referido. Recorrendo às Tabelas 34 e 35, apresentam-se nas Tabelas 40 e 41
respetivamente para a direção X e Y, as massas de água para as parcelas impulsiva e oscilante.

55
Tabela 40: Massa impulsiva e massa oscilante segundo a direção X

Parcela Massa [ton/m]


Total 67,3
Inerte 36,5
Oscilante 32,6

Tabela 41:Massa impulsiva e massa oscilante segundo a direção Y

Parcela Massa [ton/m]


Total 52,4
Inerte 33,4
Oscilante 21,3

Nos cálculos a realizar posteriormente, torna-se ainda necessário determinar quais as alturas a
que as massas são aplicadas, pelo que são determinadas de seguida essas alturas para todas
as parcelas.

Para determinar a altura a que se encontra a massa estrutural, opta-se por efetuar uma média
ponderada, a qual é dada pela expressão 17.

∑ 𝐻𝑖 . 𝑀𝑖
𝐻= (17)
∑ 𝑀𝑖

Onde Hi corresponde à altura de um elemento estrutural, cuja massa é Mi.

Para determinar a altura da massa inerte e oscilante de água segundo a direção X basta
multiplicar, respetivamente, o terceiro e sexto rácio da Tabela 34 pela altura total de água. De
forma análoga, retiram-se da Tabela 35 os mesmos rácios atrás referidos para a direção Y.

Feitas as considerações apresentam-se na Tabela 42 as alturas a que se localizam as massas.

Tabela 42: Localização das massas

H [m]
Parcela Direção X Direção Y
Estrutura 3,85 3,55
Impulsiva 2,20 2,20
Oscilante 3,40 3,60

56
5.5 Análise da ação sísmica pelo método dos elementos finitos

5.5.1 Modelo

Para a análise que se segue usa-se como base o mesmo modelo criado em 3.3.2. Contudo, para
ter em conta o efeito oscilante e inerte da água é necessário implementar massas para simular
esses mesmos efeitos.

No seu modelo, Housner propõe que as ligações das duas massas à estrutura sejam efetuadas
por molas. No entanto, o SAP 2000 não permite criar elementos “springs” que façam essas
ligações, pelo que as mesmas devem ser efetuadas por elementos “frame”, sem peso próprio,
conforme se representa na Figura 46.

Figura 46: Esquema de um possível modelo sísmico

No entanto, surge um problema com o modelo atrás proposto. Perante a ação sísmica, os
elementos “frame” pressionam uma das paredes, mas também puxam a parede que se situa no
lado oposto, algo que é fisicamente impossível. Conclui-se portanto que este modelo não pode
ser aplicado no programa de cálculo.

Como modelo de recurso, propõe-se então que as massas sejam implementadas nas paredes
estruturais, para as direções X e Y. Para a parcela impulsiva, assume-se que uma parede é
pressionada apenas por metade dessa massa, mas por sua vez, considera-se que a totalidade
da massa oscilante pressiona essa dada parede.

O modelo de Housner concentra a massa impulsiva e a massa oscilante em pontos localizados


a determinadas alturas da base, as quais já são conhecidas. Quando excitadas pelo sismo, essas
concentrações de massa geram tensões bastante elevadas nos locais onde foram
implementadas, e por sua vez as secções que se encontram mais longe dessas concentrações
encontram-se pouco esforçadas. Ora, esta é uma situação que não corresponde à realidade,

57
pois a água encontra-se distribuída ao longo de toda a extensão das paredes, pelo que a
distribuição de tensões é certamente mais uniforme do que a obtida considerando as massas
localizadas em pontos.

Tendo em conta o que foi mencionado no parágrafo anterior, tanto a massa impulsiva como a
massa oscilante foram divididas ao longo de certos nós dos elementos “shell” da parede. Sabidas
as alturas a que se encontram as concentrações de massas, determina-se qual a altura que
corresponde à média das alturas mencionadas, e distribui-se a massa impulsiva por todos os
nós da parede que se encontrem abaixo dessa altura média. Relativamente à parcela oscilante,
distribui-se a respetiva massa por todos os nós que se encontrem dentro da faixa entre altura
média definida e altura total do reservatório. Esquematiza-se o modelo na Figura 47.

Figura 47: Esquema da distribuição das massas

5.5.2 Análise Modal

Segundo o artigo 4.3.3.3.1(2)P da NP EN 1998-1, devem ser consideradas todas as respostas


dos modos de vibração significativas. Por forma a não ser feita uma análise exaustiva dos modos
de vibração do reservatório, considera-se o que a mesma norma propõe no artigo 4.3.3.3.1(2)P
[7]. De referir que na ausência de especificação na EN 1998-4, considera-se razoável admitir as
propostas acima mencionadas, apesar das mesmas serem aplicadas para edifícios.

Tendo em conta o que atrás foi admitido, apresentam-se na Tabela 43 os modos de vibração e
respetivas frequências e períodos, bem como os fatores de participação de massa acumulados
para as duas direções horizontais.

58
Tabela 43: Parâmetros da análise modal do reservatório

Fatores de Participação de Massa


Modo Período [s] Frequência [Hz] UX UY SumUX SumUY
1 0,176 5,67 0,72204 0,00620 0,72204 0,00620
2 0,162 6,16 0,01569 0,52476 0,73774 0,53096
3 0,110 9,10 0,04646 0,06184 0,78420 0,59280
4 0,097 10,35 0,03523 0,00930 0,81943 0,60210
5 0,095 10,58 0,13242 0,00205 0,95185 0,60415
6 0,087 11,55 0,00298 0,01122 0,95483 0,61536
7 0,081 12,30 0,00086 0,00101 0,95569 0,61637
8 0,068 14,71 0,00135 1,96E-05 0,95704 0,61639
9 0,067 14,98 0,02234 0,00023 0,97938 0,61662
10 0,064 15,54 0,00625 0,00143 0,98563 0,61805
11 0,057 17,41 0,00083 0,00985 0,98647 0,62790
12 0,057 17,67 0,00399 0,00403 0,99045 0,63192
13 0,056 17,90 0,00075 0,00074 0,99121 0,63266
14 0,051 19,48 0,00041 0,03121 0,99162 0,66387
15 0,050 20,07 0,00080 0,05102 0,99242 0,71489
16 0,049 20,34 0,00066 0,01207 0,99308 0,72696
17 0,047 21,50 2,01E-06 0,00085 0,99308 0,72782
18 0,046 21,74 0,00204 0,02299 0,99512 0,75081
19 0,045 22,41 0,00017 0,03699 0,99529 0,78780
20 0,042 23,58 0,00011 0,04278 0,99540 0,83058
21 0,042 23,75 0,00015 0,04104 0,99555 0,87162
22 0,042 24,06 6,88E-05 0,00092 0,99562 0,87253
23 0,041 24,47 3,96E-05 0,01852 0,99566 0,89106
24 0,040 25,21 3,01E-06 0,00708 0,99566 0,89814
25 0,037 26,83 3,33E-05 0,00385 0,99569 0,90199

Da análise da Tabela 43, é possível constatar que nos dois primeiros modos a estrutura vibra
com frequências consideravelmente inferiores em relação aos restantes modos. Tal acontece
pelo facto de ser nestes dois modos de vibração onde se considera a mobilização das massas
de água. Essa consideração faz com que o consequente aumento da massa do reservatório,
bem como que a baixa frequência a que a parcela oscilante de água vibra, contribuam para que
a frequência global do reservatório baixe.

Da mesma tabela, é possível observar que o primeiro modo corresponde à vibração da estrutura
segundo a direção X. À partida tal não era expectável, uma vez que se esperava que o modo de
vibração segundo a direção Y surgisse primeiro pelo facto de a estrutura ser menos rígida nessa
direção.

Por forma a representar os principais modos de vibração, apresentam-se nas figuras que se
seguem os 3 primeiros modos de vibração.

59
Figura 48: 1º modo de vibração

Figura 49: 2º modo de vibração

Figura 50: 3º modo de vibração

60
Apresentam-se na Tabela 44 os mesmos parâmetros da análise modal do reservatório, agora
apenas para os três primeiros modos de vibração e considerando que este se encontra vazio.

Tabela 44: Parâmetros da análise modal da estrutura do reservatório

Fatores de Participação de Massa


Modo Período [s] Frequência [Hz] UX UY SumUX SumUY
1 0,110 9,10 0,02991 6,77E-07 0,02991 6,77E-07
2 0,108 9,30 5,66E-05 0,47075 0,02996 0,47075
3 0,089 11,26 0,65236 5,37E-05 0,68232 0,47081

Comparando as Tabelas 41 e 42, é possível concluir que de facto a consideração das massas
de água contribuem para a redução da frequência global do reservatório. Da mesma
comparação, é possível ainda verificar que os três primeiros modos são diferentes, onde o modo
de vibração segundo a direção X passa a ser o terceiro quando se considera apenas a estrutura.
De facto, existe uma troca de “hierarquia” entre os modos segundo X e Y, o que revela a
relevância que a parcela oscilante de água representa para a redução da frequência global do
reservatório.

5.6 Esforços devidos à ação sísmica

5.6.1 Cálculos simplificados

A força estática equivalente à ação sísmica resulta da soma dos produtos das acelerações
resultantes dos espetros de cada parcela com as respetivas massas. Apresentam-se na
Tabela 45 a totalidade da força sísmica da estrutura bem como os valores parcelares.

Tabela 45: Força estática equivalente à ação sísmica na estrutura

FE [kN/m]
Parcela Direção X Direção Y
Estrutura 51,3 33,7
Inerte 71,2 65,2
Oscilante 24,2 15,8
Total 146,7 114,7

Conhecida a força atuante global na estrutura, torna-se necessário dividir a mesma por uma das
duas paredes estruturais da cuba. Assume-se assim, de forma conservativa, que uma parede
estrutural deve equilibrar metade da força gerada pela vibração da massa estrutural e parcela
impulsiva de água, e deve também equilibrar a totalidade da força devida à parcela oscilante.

Apresentam-se na Tabela 46 os esforços de dimensionamento de uma parede estrutural da cuba.

61
Tabela 46: Força estática equivalente à ação sísmica numa parede

FE [kN/m]
Parcela Direção X Direção Y
Estrutura 25,7 16,9
Inerte 35,6 32,6
Oscilante 24,2 15,8
Total 85,5 65,3

As forças acima determinadas geram esforços de flexão na base das paredes, os quais podem
ser elevados. Para determiná-los, basta apenas efetuar o produto entre essas forças e as
respetivas alturas, as quais são dadas na Tabela 42. Apresentam-se, por fim, na Tabela 47 os
referidos esforços de flexão.

Tabela 47: Esforços de flexão devidos à ação sísmica

ME [kN/m]
Parcela Direção X Direção Y
Estrutura 98,9 60,0
Inerte 78,3 71,7
Oscilante 82,3 56,9
Total 259,5 188,6

5.6.2 Modelo de elementos finitos

Por forma a avaliar os esforços devidos à ação sísmica, é necessário definir um carregamento
nas paredes. Recorrendo às forças determinadas na Tabela 44, dividem-se as mesmas pelas
larguras das faixas que se esquematizam na Figura 47, obtendo assim um carregamento “area
load” que deve ser aplicado em todos os elementos shell da parede. Esquematiza-se na
Figura 51 o carregamento adotado para determinar os esforços devidos ao sismo.

Figura 51: Esquema do carregamento sísmico a atuar numa parede

62
No modelo de elementos finitos, para a obtenção dos esforços devidos à ação sísmica introduziu-
se o carregamento atrás descrito apenas para uma parede em cada direção. Apresentam-se na
Tabela 45 os esforços devidos à ação sísmica, para as mesmas secções definidas em 4.2.2.

Tabela 48: Esforços devidos à ação sísmica

Secção Vsd [kNm/m] Msd [kN/m]


X1 40,2 -37,8
X9 6,5 18,0
Y1 47,0 -41,2
Y7 5,2 20,0

Analisando os resultados obtidos da Tabela 48, verifica-se que os esforços na base são
consideravelmente menores face àqueles que se obtém das Tabelas 46 e 47. De facto, os
resultados que se obtiveram em 5.6.1 são bastante conservativos, já que se considera uma
consola com cargas concentradas. Assim, para a determinação dos esforços para a combinação
sísmica definida em 2.5, recorre-se aos esforços obtidos na Tabela 48. Os mesmos são
apresentados na Tabela 49 e a sua distribuição apresentam-se no Anexo E.

Tabela 49: Esforços para a combinação sísmica

Secção Vsd [kNm/m] Msd [kN/m]


X1 181,0 -130,7
X9 10,0 83,9
Y1 151,8 -100,4
Y7 6,5 64,8

Finalmente, verifica-se que os resultados aqui determinados são iguais ou inferiores face àqueles
que foram obtidos para a combinação fundamental do estado limite último, onde a majoração de
1,5 do impulso hidrostático para a combinação fundamental se revelou determinante. Desta
forma, para verificar a segurança da estrutura à rotura, despreza-se a combinação sísmica.

63
64
6 DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA

As verificações de segurança do reservatório serão realizadas de acordo com a


NP EN 1992-1-1 e a EN 1992-3, usando as combinações definidas em 2.5 e os esforços obtidos
a partir de 4.2 do presente documento.
Os esforços obtidos para analisar o comportamento em serviço do reservatório são bastante
consideráveis, chegando a ser mesmo maiores em certas secções que os esforços atuantes na
fase de pré-rotura. Para além deste facto, viu-se também em 2.2 que o controlo de fendilhação
num reservatório de água tem critérios bastante exigentes. Tendo em consideração estes dois
aspetos, presume-se à partida que o dimensionamento da estrutura será condicionado, em
grande medida, pelo comportamento em serviço. Deste modo, será efetuada em primeiro lugar
a verificação da segurança para o estado limite de utilização, por forma a dimensionar as
armaduras necessárias a colocar. Numa fase posterior, será verificado se as armaduras
adotadas garantem a segurança aos estados limites últimos.

6.1 Estado Limite de Utilização

A colocação de armadura mínima numa dada estrutura encontra-se associada, precisamente,


ao controlo de fenómenos como a fendilhação. Como foi referido, esse controlo no reservatório
tem critérios mais exigentes, pelo que em certas secções a armadura mínima a adotar pode
corresponder à armadura principal de flexão.

Para esta verificação de segurança opta-se pelo recurso a uma macro em Excel. Sabendo as
dimensões e esforços de cada secção é possível determinar, de forma iterativa, quais as
armaduras a colocar por forma a controlar a fendilhação. Para os esforços em serviço
determinados em 4.3.1 para as combinações de ações indicadas na Tabela 9, apresentam-se
nas Tabelas que se seguem o controlo da fendilhação para todas as secções, onde As1
corresponde à armadura na face interior e As2 a armadura a colocar na face exterior do elemento
a armar.

Tabela 50: Controlo da fendilhação da parede X para a direção horizontal

Mserv Nserv s c wk,lim wk


Secção
[kNm/m] [kN/m]
As1 As2 % mm ho/t
[mm] [mm]
[MPa] [MPa]
X1 -24,4 402,5  16 // 0,10  16 // 0,10 0,40 16 10,6 127,1 0,0 0,17 0,16
 16 // 0,20 +
X2 -119,5 172,6  16 // 0,20 0,57 20 11,7 145,0 -4,9 0,17 0,14
20 // 0,20
 16 // 0,20 +
X3 -94,5 184,8  16 // 0,20 0,57 20 11,7 124,2 -3,7 0,17 0,12
20 // 0,20
X4 25,5 217,3  16 // 0,20  16 // 0,10 0,45 16 11,7 85,7 0,0 0,17 0,11
X5 -36,6 43,1  16 // 0,10  16 // 0,20 0,80 16 19,5 91,4 -4,6 0,13 0,07
X6 -30,3 32,4  16 // 0,10  16 // 0,20 0,80 16 19,5 74,8 -3,8 0,13 0,06
X7 18,8 74,7  16 // 0,20  16 // 0,10 0,80 16 19,5 61,0 -2,2 0,13 0,05
X8 0,8 15,5  12 // 0,10  12 // 0,10 0,57 12 23,4 11,5 -0,1 0,11 0,01

65
Tabela 51: Controlo da fendilhação da parede X para a direção vertical

Mserv Nserv s c wk,lim wk


Secção
[kNm/m] [kN/m]
As1 As2 % mm ho/t
[mm] [mm]
[MPa] [MPa]
X1 -120,0 32,6  16 // 0,10  16 // 0,20 0,40 16 10,6 135,8 -5,0 0,17 0,13
X9 51,7 0,9  16 // 0,20  16 // 0,10 0,67 16 16,7 93,4 -4,9 0,14 0,08

Tabela 52: Controlo da fendilhação da parede Y para a direção horizontal

Mserv Nserv s c wk,lim wk


Secção
[kNm/m] [kN/m]
As1 As2 % mm ho/t
[mm] [mm]
[MPa] [MPa]
Y1 -14,8 332,6  16 // 0,10  16 // 0,10 0,40 20 10,6 99,1 0,0 0,17 0,13
 16 // 0,20 +
Y2 -119,5 149,4  16 // 0,20 0,57 20 11,7 140,3 -4,8 0,17 0,13
20 // 0,20
Y3 38,1 169,8  16 // 0,20  16 // 0,10 0,44 16 11,7 86,9 0,8 0,17 0,08
Y4 -36,6 48,0  16 // 0,10  16 // 0,20 0,80 16 19,5 92,7 -4,5 0,13 0,07
Y5 19,5 38,5  16 // 0,20  16 // 0,20 0,39 16 19,5 99,4 -3,1 0,13 0,12
Y6 5,5 10,2  12 // 0,10  12 // 0,10 0,57 16 23,4 34,9 -1,4 0,11 0,04

Tabela 53: Controlo da fendilhação da parede Y para a direção vertical

Mserv Nserv s c wk,lim wk


Secção
[kN/m]
As1 As2 % mm ho/t
[kNm/m] [MPa] [MPa] [mm] [mm]
Y1 -86,7 -43,4  16 // 0,10  16 // 0,20 0,40 16 10,6 81,9 -3,7 0,17 0,08
Y7 36,3 -31,7  16 // 0,20  16 // 0,10 0,65 16 16,7 56,0 -3,3 0,14 0,05

Tabela 54: Controlo da fendilhação da laje de fundo para a direção X

Mserv Nserv s c wk,lim wk


Secção
[kN/m]
As1 As2 % mm ho/t
[kNm/m] [MPa] [MPa] [mm] [mm]
LF1 -118,2 235,6  16 // 0,10  16 // 0,20 0,31 16 8,4 154,7 -2,5 0,18 0,15
LF2 -31,8 267,6  16 // 0,10  16 // 0,20 0,31 16 8,4 92,9 0,0 0,18 0,19
LF3 0,0 85,0  12 // 0,10  12 // 0,10 0,75 12 29,3 37,6 0,0 0,13 0,07
LF4 102,6 197,2  16 // 0,10  16 // 0,10 0,31 16 8,4 132,5 -2,2 0,18 0,13
LF5 -33,0 223,6  12 // 0,10  12 // 0,10 0,13 12 6,2 110,9 0,0 0,30 0,19

Tabela 55: Controlo da fendilhação da laje de fundo para a direção Y

Mserv Nserv s c wk,lim wk


Secção
[kN/m]
As1 As2 % mm ho/t
[kNm/m] [MPa] [MPa] [mm] [mm]
LF1 -21,5 201,0  16 // 0,10  16 // 0,20 0,31 16 8,4 67,8 0,0 0,18 0,16
LF2 -165,7 161,6  16 // 0,10  16 // 0,20 0,31 16 8,4 174,3 -4,3 0,18 0,17
LF3 0,0 117,8  12 // 0,10  12 // 0,10 0,75 12 29,3 52,1 0,0 0,13 0,09
LF4 50,0 125,6  16 // 0,10  16 // 0,10 0,31 16 8,4 72,1 0,9 0,18 0,07
LF6 -20,0 315,0  12 // 0,10  12 // 0,10 0,13 12 6,2 160,1 0,0 0,30 0,26

66
Tabela 56: Controlo da fendilhação da laje de cobertura para a direção X

Mserv Nserv s c wk,lim wk


Secção
[kNm/m] [kN/m]
As1 As2 % mm [mm] [mm]
[MPa] [MPa]
 12 // 0,20 +
LC1 17,0 25,0  12 // 0,20 1,05 12 89,6 -5,6 0,30 0,06
16 // 0,20
LC2 -13,0 15,0  12 // 0,20  12 // 0,20 0,35 12 162,4 -6,1 0,30 0,17
LC3 -8,0 7,0  12 // 0,20  12 // 0,20 0,35 12 97,8 -3,8 0,30 0,10
 12 // 0,20 +
LC4 40,0 35,0  12 // 0,20 1,05 12 201,9 -13,2 0,30 0,17
16 // 0,20
LC5 -9,0 10,0  12 // 0,20  12 // 0,20 0,35 12 112,0 -4,2 0,30 0,12
LC6 10,0 45,0  12 // 0,20  12 // 0,20 0,38 12 171,2 -5,4 0,30 0,19

Tabela 57: Controlo da fendilhação da laje de cobertura para a direção Y

Mserv Nserv s c wk,lim wk


Secção
[kNm/m] [kN/m]
As1 As2 % mm [mm] [mm]
[MPa] [MPa]
LC1 -14,0 20,0  12 // 0,10  12 // 0,20 0,71 12 93,3 -4,8 0,30 0,07
LC2 -3,5 55,0  12 // 0,20  12 // 0,20 0,35 12 92,9 -1,5 0,30 0,10
LC3 -6,0 85,0  12 // 0,10  12 // 0,20 0,38 12 164,5 -3,2 0,30 0,18
 12 // 0,20 +
LC4 14,0 20,0  12 // 0,20 1,05 12 73,5 -4,6 0,30 0,05
16 // 0,20
LC5 10,0 45,0  12 // 0,20  12 // 0,20 0,38 12 171,8 -6,2 0,30 0,19
LC6 -14,0 20,0  12 // 0,10  12 // 0,20 0,71 12 93,3 -4,8 0,30 0,07

Como se pode verificar da análise das tabelas acima apresentadas, as aberturas de fendas
encontram-se controladas para níveis de tensão nas armaduras e no betão também controlados,
garantindo assim o objetivo pretendido. Contribui para esta verificação, o facto de a dimensão
máxima dos varões permitida por secção não ultrapassasse os limites impostos pela
EN 1992-3 [6].

Numa última análise às tabelas, verificam-se que certas secções se encontram bastante
folgadas. Isto prende-se com o facto de se pretender garantir uma boa disposição construtiva,
tendo também muitas vezes em conta as dimensões comerciais de um varão de aço.

6.2 Estado Limite Último - Fundamental

Quando excessivamente solicitada, uma estrutura pode esgotar a sua capacidade resistente. A
rotura da estrutura, que pode ser local ou global, pode ser originada por esforços de flexão bem
como por esforços de corte, pelo que deve ser verificada a segurança em relação a estes
esforços.

6.2.1 Flexão Composta

Para a determinação da resistência à flexão última, a NP EN 1992-1-1 definiu um conjunto de


hipóteses base, as quais se encontram presentes no artigo 6.1(2)P. Na mesma secção, o artigo
6.1(6)P impõe um domínio admissível de extensões [5], representado na Figura 52.

67
Figura 52: Distribuição das extensões admissíveis [5]

Como já mencionado, a estrutura para além dos esforços de flexão encontra-se também
submetida a esforços de tração consideráveis. Desta forma, deve-se verificar a segurança da
estrutura não somente à flexão mas sim à flexão composta.

Para esta verificação de segurança opta-se também pelo recurso a uma macro em Excel. Tendo
em conta as armaduras adotadas, verifica-se se os momentos fletores atuantes, determinados
em 4.3.1 para as combinações de ações definidas na Tabela 7, se encontram dentro da
envolvente dos momentos resistentes, para o domínio admissível de extensões. Apresentam-se
nas tabelas que se seguem as referidas verificações.

Tabela 58: Verificação da segurança da parede X para a direção horizontal

Secção Msd [kNm/m] Nsd [kN/m]  Mrd,max [kNm/m] Mrd,min [kNm/m]


X1 15,8 224,7 0,004 364,5 -364,5
X2 -216,9 314,3 0,054 129,8 -408,4
X3 -145,0 145,9 0,036 165,2 -442,9
X4 68,0 150,0 0,017 342,2 -163,6
X5 -69,9 125,0 0,066 96,6 -185,7
X6 -50,0 53,0 0,040 104,1 -193,2
X7 51,0 50,0 0,041 193,5 -104,4
X8 7,0 -5,0 0,009 96,0 -96,0

Tabela 59: Verificação da segurança da parede X para a direção vertical

Secção Msd [kNm/m] Nsd [kN/m]  Mrd,max [kNm/m] Mrd,min [kNm/m]


X1 -133,1 -30,0 0,027 223,4 -423,7
X9 100,0 -60,0 0,056 229,5 -118,6

68
Tabela 60:Verificação da segurança da parede Y para a direção horizontal

Secção Msd [kNm/m] Nsd [kN/m]  Mrd,max [kNm/m] Mrd,min [kNm/m]


Y1 10,0 12,1 0,002 413,7 -413,8
Y2 -216,9 308,0 0,054 318,4 -409,4
Y3 89,1 170,3 0,021 346,7 -155,0
Y4 -60,8 119,6 0,049 101,5 -185,8
Y5 34,5 145,9 0,026 97,5 -89,0
Y6 10,0 62,9 0,013 90,9 -90,9

Tabela 61: Verificação da segurança da parede Y para a direção vertical

Secção Msd [kNm/m] Nsd [kN/m]  Mrd,max [kNm/m] Mrd,min [kNm/m]


Y1 -50,0 -190,0 0,010 159,4 -360,7
Y7 54,3 -157,1 0,028 271,2 -149,8

Tabela 62: Verificação da segurança da laje de fundo para a direção X

Secção Msd [kNm/m] Nsd [kN/m]  Mrd,max [kNm/m] Mrd,min [kNm/m]


LF1 -123,0 43,0 0,015 219,1 -487,1
LF2 -30,9 30,0 0,004 181,6 -449,9
LF3 0,8 25,0 0,002 69,0 -69,0
LF4 227,1 120,0 0,027 223,8 -491,7
LF5 -150,0 10,0 0,009 425,3 -425,3

Tabela 63: Verificação da segurança da laje de fundo para a direção Y

Secção Msd [kNm/m] Nsd [kN/m]  Mrd,max [kNm/m] Mrd,min [kNm/m]


LF1 -109,5 59,1 0,013 261,5 -528,9
LF2 -162,4 217,3 0,019 211,7 -479,7
LF3 4,0 158,4 0,009 62,1 -62,1
LF4 74,8 51,5 0,009 531,2 -263,9
LF6 -128,0 -10,0 0,008 438,6 -438,6

Tabela 64: Verificação da segurança da laje de cobertura para a direção X

Secção Msd [kNm/m] Nsd [kN/m]  Mrd,max [kNm/m] Mrd,min [kNm/m]


LC1 28,0 43,0 0,062 45,6 -87,6
LC2 -22,0 30,0 0,043 43,2 -37,6
LC3 -11,5 25,0 0,022 43,5 -37,6
LC4 45,0 120,0 0,100 41,3 -82,6
LC5 -20,0 10,0 0,039 44,7 -38,9
LC6 26,0 30,0 0,058 43,2 -37,6

Tabela 65: Verificação da segurança da laje de cobertura para a direção Y

Secção Msd [kNm/m] Nsd [kN/m]  Mrd,max [kNm/m] Mrd,min [kNm/m]


LC7 23,0 21,0 0,051 46,3 -88,5
LC2 -24,0 0,0 0,047 73,9 -39,2
LC6 -6,0 2,5 0,013 45,5 -39,8
LC8 18,0 30,0 0,040 44,8 -39,1
LC5 -8,0 8,0 0,016 45,3 -39,6

69
Verifica-se agora a segurança para as vigas V1 e V2. Conhecidos os esforços atuantes e as
dimensões das vigas, é possível determinar as armaduras necessárias a adotar. Apresentam-se
na Tabela 66 a verificação pretendida, onde As corresponde à armadura principal de flexão.

Tabela 66: Verificação da segurança para as vigas

Elemento Secção As MRd / Msd %


1/2 Vão 6  16 1,37 0,73
Viga V1
Parede 4  12 1,68 0,27
1/2 Vão 5  12 1,55 0,42
Viga V2
Parede 5  16 1,58 0,74

6.2.2 Esforço Transverso

Por forma verificar a segurança aos esforços de corte, opta-se por recorrer aos artigos presentes
no Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-Esforçado [10].

De acordo com o artigo 53.1 do mesmo regulamento, o esforço de cálculo resistente é dado pela
expressão 18.

𝑉𝑅𝑑 = 𝑉𝑐𝑑 + 𝑉𝑤𝑑 (18)

A primeira parcela corresponde à contribuição do betão para a resistência do esforço transverso.


Caso o elemento a verificar esteja submetido a esforços tração elevados, a alínea c) do artigo
53.2 define que esta parcela não deve ser considerada, uma vez que a linha neutra se situa fora
da secção. Caso contrário, a alínea a) do mesmo artigo define que o cálculo de V cd é dado pela
expressão 19.

𝑉𝑐𝑑 = 𝜏1 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (19)

Na situação de o elemento não dispor de estribos ou cintas, a alínea b) do mesmo artigo define
que Vcd deve ser reduzido, como se mostra na expressão 20.


𝑉𝑐𝑑 = 0,6(1,6 − 𝑑)𝑉𝑐𝑑 (20)

No entanto, os elementos devem possuir armadura mínima de esforço transverso. Esta não só
garante mais robustez ao elemento, como permite a amarração das armaduras longitudinais,
otimizando a disposição construtiva. Por forma a obter a armadura mínima a adotar em todos os
elementos, consideram-se os pressupostos do artigo 107.1. Este artigo dita que a taxa mínima
deve ser a que o artigo 94.2 impõe, pelo que a armadura mínima de esforço transverso é dada
pela expressão 21.

𝐴𝑠 𝜌. 𝑏𝑤 . 𝑠𝑒𝑛𝛼
( )= (21)
𝑠 100

70
Na situação de um elemento que possua armadura de esforço transverso, deve-se considerar a
segunda parcela da expressão 18, a qual pode ser determinada pela expressão 22.

𝐴𝑠
𝑉𝑤𝑑 = 0,9𝑑 ( ) 𝑓 (1 + 𝑐𝑜𝑡𝑔𝛼)𝑠𝑒𝑛𝛼 (22)
𝑠 𝑦𝑑

Após determinados os valores do esforço transverso resistente para cada secção de acordo com
a expressão 21, deve-se verificar se os mesmos valores satisfazem a condição limite imposta
pelo artigo 53.4, a qual se mostra na expressão 23.

𝑉𝑅𝑑 ≤ 𝜏2 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (23)

A expressão 26 tem como objetivo limitar o valor resistente do esforço transverso pela
capacidade que o betão tem para absorver tensões de compressão. De facto as bielas de betão
quando excessivamente comprimidas podem esgotar a sua capacidade resistente antes de ser
atingida a capacidade resistente dos estribos.

Para o betão escolhido, apresentam-se na Tabela 67 as tensões necessárias para as


verificações de segurança.

Tabela 67: Tensões necessárias para a verificação da segurança

1 [MPa] 2 [MPa]
0,75 5,0

Conhecidas as secções e respetivas dimensões, apresentam-se nas tabelas que se seguem a


verificação de segurança atrás descrita.

Tabela 68: Verificação da segurança para os esforços de corte na parede, segundo a direção horizontal

Vsd (As/s),min Vcd Vwd VRd 2.bw.d VRd/


Secção (As/s),adop
[kN/m] [cm2/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] Vsd
X2 263,3 8,0 8 // 0,125 375,0 157,4 532,4 2500,0 2,02
X3 186,4 8,0 8 // 0,125 337,5 141,6 479,1 2250,0 2,57
X5 66,3 8,0 8 // 0,125 187,5 78,7 266,2 1250,0 4,01
X6 57,8 8,0 8 // 0,125 187,5 78,7 266,2 1250,0 4,61
Y2 256,8 8,0 8 // 0,125 375,0 157,4 532,4 2500,0 2,07
Y4 70,5 8,0 8 // 0,125 337,5 141,6 479,1 2250,0 6,80

Tabela 69: Verificação da segurança para os esforços de corte na parede, segundo a direção vertical

Vsd (As/s),min Vcd Vwd VRd 2.bw.d VRd/


Secção (As/s),adop
[kN/m] [cm2/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] Vsd
X1 194,0 8,0 8 // 0,125 382,7 157,4 540,1 2500,0 2,78
X8 57,2 8,0 8 // 0,125 232,9 94,4 327,3 1500,0 5,72
Y1 147,8 8,0 8 // 0,125 505,6 157,4 663,0 2500,0 4,49
Y6 22,9 8,0 8 // 0,125 263,0 94,4 357,4 1500,0 15,61

71
Tabela 70: Verificação da segurança para os esforços de corte nas lajes de fundo e cobertura, segundo a
direção X

Vsd (As/s),min Vcd Vwd VRd 2.bw.d VRd/


Secção (As/s),adop
[kN/m] [cm2/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] Vsd
LF1 161,8 8,0 8 // 0,125 487,5 204,6 692,1 3250,0 4,28
LF4 253,2 8,0 8 // 0,125 487,5 204,6 692,1 3250,0 2,73
LC1 34,0 8,0 8 // 0,125 120,0 50,4 170,4 800,0 5,01
LC4 120,0 8,0 8 // 0,125 120,0 50,4 170,4 800,0 1,42
LC6 45,9 8,0 8 // 0,125 120,0 50,4 170,4 800,0 3,71

Tabela 71: Verificação da segurança para os esforços de corte nas lajes de fundo e cobertura, segundo a
direção Y

Vsd (As/s),min Vcd Vwd VRd 2.bw.d VRd/


Secção (As/s),adop
[kN/m] [cm2/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] Vsd
LF2 148,0 8,0 8 // 0,125 337,5 141,9 479,4 2250,0 3,24
LC7 35,0 8,0 8 // 0,125 120,0 50,4 170,4 800,0 4,87
LC8 25,0 8,0 8 // 0,125 120,0 50,4 170,4 800,0 6,81

Tabela 72: Verificação da segurança para os esforços de corte nas vigas

Vsd (As/s),min Vcd Vwd VRd 2.bw.d


Viga (As/s),adop VRd/ Vsd
[kN/m] [cm2/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m] [kN/m]
V1 78,2 2,0 8 // 0,25 123,8 86,5 210,3 825,0 2,69
V2 70,9 2,0 8 // 0,25 106,2 70,8 177,0 675,0 2,50

Da análise das tabelas acima apresentadas, constata-se que todas as secções se encontram
bastante folgadas para as armaduras adotadas. No entanto, importa referir que essas armaduras
correspondem à taxa mínima regulamentar. O facto de as secções se encontrarem bastante
folgadas para tão reduzidas taxas de armadura indica que a estrutura é pouco suscetível a
colapsar para um modo de rotura frágil, como é o caso de rotura por esforço transverso. Garanta-
se assim que a estrutura colapsa segundo um modo de rotura dúctil.

Das mesmas tabelas, é possível também concluir que não irá ocorrer a rotura pelo esmagamento
do betão, uma vez que a resistência ao esforço transverso é condicionada pelos estribos.

72
7 CONCLUSÕES

Conforme se constatou no presente estudo, o dimensionamento do reservatório em causa foi


condicionado pelo controlo da fendilhação. Este tipo de estruturas não deve permitir, com mais
ou menos importância, fugas do líquido ou do gás que armazenam. Assim, para garantir a
estanqueidade de reservatórios a EN 1992-3 definiu critérios bastante exigentes, os quais foram
aplicados para o dimensionamento desta estrutura.

O reservatório aqui dimensionado possui dimensões bastante significativas, pelo que os


elementos que o constituem apresentam grandes volumes de betão. Para tais volumes, os
esforços de tração obtidos para a combinação de ações quase permanente revelaram ser
bastante elevados, demonstrando desta forma o impacto que os fenómenos da retração e das
variações de temperatura representam para estruturas de betão.

Para a combinação fundamental do estado limite último, os esforços de flexão e tração a atuar
no reservatório foram também bastante significativos.

Em relação à ação do sismo, concluiu-se que a combinação de ações que lhe está associada
também não foi condicionante para o dimensionamento deste reservatório. De facto, para esta
combinação de ações os esforços de flexão e de corte obtidos chegam a ser iguais ou até mesmo
inferiores face àqueles obtidos para a combinação fundamental. Apesar de o reservatório estar
inserido numa região com elevada sismicidade o mesmo não é elevado, e portanto não possui
fuste, elemento esse onde a ação sísmica em causa seria condicionante.

O modelo definido em elementos finitos, apesar de representar simplificações ao nível da


geometria, mostrou-se em geral uma ferramenta importante para a modelação estrutural.
Considerando a análise sísmica, houve necessidade de a definir como um carregamento
estático, o qual foi obtido tendo em conta o espetro de resposta definido pela NP EN 1998-1-1,
por forma a modelar de forma adequada a interação.

73
74
Referências Bibliográficas

[1] NP EN 1990. Comité Européen de Normalisation. “Eurocódigo 0: Base para projecto de


estruturas”. IPQ, 2009.
[2] NP EN 1991-1-1. Comité Européen de Normalisation. “Eurocódigo 1: Acções em
estruturas – Parte 1-1: Acções gerais – Pesos volúmicos, pesos próprios, sobrecargas
em edifícios”. IPQ, 2009.
[3] NP EN 1991-1-5. Comité Européen de Normalisation. “Eurocódigo 1: Acções em
estruturas – Parte 1-5: Acções gerais - Acções térmicas”. IPQ, 2009.
[4] EN 1991-4. Comité Européen de Normalisation. “Eurocode 1: Actions on structures –
Part 4: Silos and tanks”. CEN, 2006
[5] NP EN 1992-1-1. Comité Européen de Normalisation. “Eurocódigo 2: Projecto de
estruturas de betão – Parte 1-1: Regras gerais e regras para edifícios”. IPQ, 2010.
[6] EN 1992-3. Comité Européen de Normalisation. “Eurocode 2: Design of concrete
structures – Part 3: Liquid retaining and containment structures”. CEN, 2006.
[7] NP EN 1998-1. Comité Européen de Normalisation. “Eurocódigo 8: Projecto de
estruturas para resistência aos sismos – Parte 1: Regras gerais, acções sísmicas e
regras para edifícios”. IPQ, 2009.
[8] EN 1998-4. Comité Européen de Normalisation. “Eurocode 8: Des\ign of structures for
earthquake resistance – Part 4: Silos, tanks and pipelines”. CEN, 2006.
[9] NP EN 206-1. Comité Européen de Normalisation, “Betão - Parte 1: Especificação,
desempenho, produção e conformidade”. IPQ, 2007
[10] Diário da República: Decreto-Lei nº 349-C/83 de 30 Julho. Ministério da Habitação,
Obras Públicas e Transportes. “Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-
Esforçado”. Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1983
[11] Bazant, Zdenek (1972). Prediction of Concrete Creep Effects Using Age-Adjusted
Effective Modulus Method. Journal of the American Concrete Institute, Vol. 69, 212-217.
[12] Mendes, Pedro (2001). Apontamentos da cadeira de Estruturas Especiais e Fundações
do IST: Reservatórios em Betão Armado – Análise Estrutural e Dimensionamento.
[13] Bowles, Joseph (1982). Foundation Analysis and Design. McGraw-Hill, 3rd edition,
[14] Castro, Luís (2007). Elementos Finitos para a Análise Elástica de Lajes.
[15] Bares, Richard (1981). Tablas Para El Calculo De Placas Y Vigas Pared. Editorial
Gustavo Gili.
[16] Vários autores (2014-2015). Folhas de apoio da cadeira de Estruturas de Betão I do IST.
[17] Housner, George (1963). THE DINAMIC BEHAVIOUR OF WATER TANKS. Bulletin of
the Seismological Society of America. Vol. 53, No. 2, pp. 381-387
[18] SAP 2000, versão 16. COMPUTERS & STRUCTURES.INC

75
76
ANEXO A – Evolução temporal da extensão de retração, coeficiente
de fluência, módulo de elasticidade ajustado e tensões associadas

t [dias] cd [t] ca (t) cs (t) ϕ (t,t0) Ec,ajust [GPa] cs (t) [MPa]
0 - 0,00E+00 0,00E+00 - 33,00 0,00
1 - 9,06E-06 9,06E-06 - 33,00 0,30
2 - 1,23E-05 1,23E-05 - 33,00 0,41
3 - 1,46E-05 1,46E-05 - 33,00 0,48
4 - 1,65E-05 1,65E-05 - 33,00 0,54
5 - 1,80E-05 1,80E-05 - 33,00 0,59
6 - 1,94E-05 1,94E-05 - 33,00 0,64
7 - 2,05E-05 2,05E-05 - 33,00 0,68
8 - 2,16E-05 2,16E-05 - 33,00 0,71
9 - 2,26E-05 2,26E-05 - 33,00 0,74
10 - 2,34E-05 2,34E-05 - 33,00 0,77
11 - 2,42E-05 2,42E-05 - 33,00 0,80
12 - 2,50E-05 2,50E-05 - 33,00 0,82
13 - 2,57E-05 2,57E-05 - 33,00 0,85
14 - 2,63E-05 2,63E-05 - 33,00 0,87
15 - 2,70E-05 2,70E-05 - 33,00 0,89
16 - 2,75E-05 2,75E-05 - 33,00 0,91
17 - 2,81E-05 2,81E-05 - 33,00 0,93
18 - 2,86E-05 2,86E-05 - 33,00 0,94
19 - 2,91E-05 2,91E-05 - 33,00 0,96
20 - 2,96E-05 2,96E-05 - 33,00 0,98
21 - 3,00E-05 3,00E-05 - 33,00 0,99
22 - 3,04E-05 3,04E-05 - 33,00 1,00
23 - 3,08E-05 3,08E-05 - 33,00 1,02
24 - 3,12E-05 3,12E-05 - 33,00 1,03
25 - 3,16E-05 3,16E-05 - 33,00 1,04
26 - 3,20E-05 3,20E-05 - 33,00 1,05
27 - 3,23E-05 3,23E-05 - 33,00 1,07
28 0,00E+00 3,26E-05 3,26E-05 0,00 33,00 1,08
29 3,22E-06 3,30E-05 3,62E-05 0,321 26,59 0,93
30 6,38E-06 3,33E-05 3,97E-05 0,395 25,45 0,97
32 1,25E-05 3,39E-05 4,64E-05 0,486 24,18 1,07
34 1,85E-05 3,44E-05 5,29E-05 0,548 23,38 1,17
36 2,43E-05 3,49E-05 5,92E-05 0,597 22,79 1,27
38 2,98E-05 3,54E-05 6,53E-05 0,638 22,32 1,37
40 3,52E-05 3,59E-05 7,11E-05 0,673 21,93 1,46

A.1
t [dias] cd [t] ca (t) cs (t) ϕ (t,t0) Ec,ajust [GPa] cs (t) [MPa]
42 4,04E-05 3,63E-05 7,68E-05 0,704 21,60 1,55
44 4,55E-05 3,67E-05 8,22E-05 0,732 21,30 1,64
46 5,04E-05 3,71E-05 8,75E-05 0,758 21,04 1,72
48 5,52E-05 3,75E-05 9,27E-05 0,781 20,81 1,80
50 5,98E-05 3,78E-05 9,76E-05 0,803 20,60 1,87
55 7,08E-05 3,87E-05 1,09E-04 0,852 20,14 2,05
60 8,10E-05 3,94E-05 1,20E-04 0,894 19,75 2,20
65 9,05E-05 4,00E-05 1,31E-04 0,932 19,43 2,35
70 9,94E-05 4,06E-05 1,40E-04 0,965 19,14 2,48
80 1,16E-04 4,16E-05 1,57E-04 1,024 18,66 2,70
90 1,30E-04 4,25E-05 1,73E-04 1,075 18,27 2,90
100 1,43E-04 4,32E-05 1,86E-04 1,119 17,95 3,06
120 1,65E-04 4,44E-05 2,09E-04 1,193 17,42 3,33
140 1,83E-04 4,53E-05 2,28E-04 1,254 17,01 3,54
160 1,98E-04 4,60E-05 2,44E-04 1,306 16,67 3,70
180 2,11E-04 4,66E-05 2,57E-04 1,351 16,39 3,84
200 2,22E-04 4,70E-05 2,69E-04 1,391 16,15 3,94
250 2,43E-04 4,79E-05 2,91E-04 1,472 15,68 4,14
300 2,59E-04 4,84E-05 3,08E-04 1,536 15,33 4,27
350 2,72E-04 4,88E-05 3,21E-04 1,588 15,06 4,36
400 2,82E-04 4,91E-05 3,31E-04 1,631 14,84 4,43
450 2,90E-04 4,93E-05 3,39E-04 1,668 14,66 4,48
500 2,96E-04 4,94E-05 3,46E-04 1,700 14,51 4,52
600 3,07E-04 4,96E-05 3,56E-04 1,752 14,26 4,57
700 3,14E-04 4,97E-05 3,64E-04 1,793 14,07 4,61
800 3,20E-04 4,98E-05 3,70E-04 1,826 13,93 4,63
900 3,25E-04 4,99E-05 3,75E-04 1,854 13,81 4,65
1000 3,29E-04 4,99E-05 3,79E-04 1,877 13,71 4,66
1500 3,41E-04 5,00E-05 3,91E-04 1,954 13,39 4,69
2000 3,47E-04 5,00E-05 3,97E-04 1,997 13,21 4,70
2500 3,51E-04 5,00E-05 4,01E-04 2,025 13,10 4,70
3000 3,54E-04 5,00E-05 4,04E-04 2,045 13,03 4,70

A.2
ANEXO B – Caracterização geotécnica do terreno de fundação

B.1
ANEXO C – Esforços no reservatório para o comportamento em
serviço

Figura C-1: Esforços normais [kN/m] na parede X segundo a direção horizontal

Figura C-2: Esforços de flexão [kNm/m] na parede X segundo a direção horizontal

C.1
Figura C-3: Esforços normais [kN/m] na parede X segundo a direção vertical

Figura C-4: Esforços de flexão [kNm/m] na parede X segundo a direção vertical

C.2
Figura C-5: Esforços normais [kN/m] na parede Y segundo a direção horizontal

Figura C-6: Esforços de flexão [kNm/m] na parede Y segundo a direção horizontal

C.3
Figura C-7: Esforços normais [kN/m] na parede Y segundo a direção vertical

Figura C-8: Esforços de flexão [kNm/m] na parede Y segundo a direção vertical

C.4
Figura C-9: Esforços normais [kN/m] na laje de fundo segundo a direção X

Figura C-10: Esforços de flexão [kNm/m] na laje de fundo segundo a direção X

C.5
Figura C-11: Esforços normais [kN/m] na laje de fundo segundo a direção Y

Figura C-12: Esforços de flexão [kNm/m] na laje de fundo segundo a direção Y

C.6
Figura C-13: Esforços normais [kN/m] na laje de cobertura segundo a direção X

Figura C-14: Esforços de flexão [kNm/m] na laje de cobertura segundo a direção X

C.7
Figura C-15: Esforços normais [kNm/m] na laje de cobertura segundo a direção Y

Figura C-16: Esforços de flexão [kNm/m] na laje de cobertura segundo a direção Y

C.8
ANEXO D – Esforços no reservatório para o estado limite último:
combinação fundamental

Figura D-1: Esforços normais [kN/m] na parede X segundo a direção horizontal

Figura D-2: Esforços de flexão [kNm/m] na parede X segundo a direção horizontal

D.1
Figura D-3: Esforços normais [kN/m] na parede X segundo a direção vertical

Figura D-4: Esforços de flexão [kNm/m] na parede X segundo a direção vertical

D.2
Figura D-5: Esforços normais [kN/m] na parede Y segundo a direção horizontal

Figura D-6: Esforços de flexão [kNm/m] na parede Y segundo a direção horizontal

D.3
Figura D-7: Esforços normais [kN/m] na parede Y segundo a direção vertical

Figura D-8: Esforços de flexão [kNm/m] na parede Y segundo a direção vertical

D.4
Figura D-9: Esforços normais [kN/m] na laje de fundo segundo a direção X

Figura D-10: Esforços de flexão [kNm/m] na laje de fundo segundo a direção X

D.5
Figura D-11: Esforços normais [kN/m] na laje de fundo segundo a direção Y

Figura D-12: Esforços de flexão [kNm/m] na laje de fundo segundo a direção Y

D.6
Figura D-13: Esforços normais [kN/m] na laje de cobertura segundo a direção X

Figura D-14: Esforços de flexão [kNm/m] na laje de cobertura segundo a direção X

D.7
Figura D-15: Esforços normais [kN/m] na laje de cobertura segundo a direção Y

Figura D-16: Esforços de flexão [kNm/m] na laje de cobertura segundo a direção Y

D.8
Figura D-17: Esforços de corte [kN/m] na parede X segundo a direção horizontal

Figura D-18: Esforços de corte [kN/m] na parede X segundo a direção vertical

D.9
Figura D-19: Esforços de corte [kN/m] na parede Y segundo a direção horizontal

Figura D-20: Esforços de corte [kN/m] na parede Y segundo a direção vertical

D.10
Figura D-21: Esforços de corte [kN/m] na laje de fundo segundo a direção X

Figura D-22: Esforços de corte [kN/m] na laje de fundo segundo a direção Y

D.11
Figura D-23: Esforços de corte [kN/m] na laje de cobertura segundo a direção X

Figura D-24: Esforços de corte [kN/m] na laje de cobertura segundo a direção Y

D.12
ANEXO E – Esforços no reservatório para o estado limite último:
combinação sísmica

Figura E-1: Esforços de corte [kN/m] na parede X segundo a direção vertical

Figura E-2: Esforços de flexão [kNm/m] na parede X segundo a direção vertical

E.1
Figura E-3: Esforços de corte [kN/m] na parede Y segundo a direção vertical

Figura E-4: Esforços de flexão [kNm/m] na parede Y segundo a direção vertical

E.2
ANEXO F – Peças desenhadas
B C
E

A A

B C
MATERIAIS:
Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Estrutura: C30/37;XC4(P);Cl 0,20;D22;S2

Corte A-A
Recobrimento Escala: 1:75 Unidade: metro [m]
Cuba: 4,5 cm
Restante estrutura: 3,0 cm

Maio de 2016
Anexo F-1
12 // 0,20 12 // 0,20 B 12 // 0,20 12 // 0,20 C
Est 8 // 0,125
( 16) ( 16) ( 16)

16 // 0,20
12 // 0,20 12 // 0,20 12 // 0,20 16 // 0,20 Est 8 // 0,125
12 // 0,10 12 // 0,10

( 16) ( 16)
12 // 0,10 12 // 0,10 (ambas as
Est 8 // 0,125 Est 8 // 0,125
(ambas as faces) 8 // 0,10 10 // 0,10
faces) (ambas as
faces)
16 // 0,10 16 // 0,10
16 // 0,20 16 // 0,20
Est 8 // 0,125

Est 8 // 0,125 Est 8 // 0,125

F F G G 16
(c/ 6,0 m)

16 // 0,10 16 // 0,20 16 // 0,20 16 // 0,10

( 16) ( 16)

16 // 0,10 16 // 0,10

( 16) ( 16)
Est 8 // 0,125
16 // 0,10 16 // 0,10

16 // 0,20 16 // 0,20 8 // 0,10


16 // 0,10 16 // 0,10 12 // 0,10 16 // 0,10 16 // 0,10 10 // 0,10
Est 8 // 0,125 Est 8 // 0,125
( 12) ( 16) ( 16) ( 12) ( 8) ( 16)

8 // 0,10
8 // 0,10
12 // 0,10 12 // 0,10 12 // 0,10
( 8)
(ambas as (ambas as
faces)
B faces)
16 // 0,10 16 // 0,20 16 // 0,10 16 // 0,10 8 // 0,10
(ambas as 12 // 0,10
10 // 0,10
16 // 0,10
faces) C

MATERIAIS:
C:\Users\Nuno\Desktop\Curriculum\tecnico_lisboa.jpg

Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Estrutura: C30/37;XC4(P);Cl 0,20;D22;S2

Corte A-A
Recobrimento Escala: 1:75 Unidade: metro [m]
Cuba: 4,5 cm
Restante estrutura: 3,0 cm

Maio de 2016
Anexo F-2
12 // 0,20 12 // 0,20 A
( 16) ( 16)

16 // 0,20 ( 12) ( 12) 16 // 0,20


12 // 0,20 12 // 0,10 12 // 0,20 12 // 0,20
Est 8 // 0,125
( 16) ( 16)
12 // 0,10 12 // 0,10
(ambas as (ambas as
faces) faces)
16 // 0,10
16 // 0,10

16 // 0,20 16 // 0,20

Est 8 // 0,125 Est 8 // 0,125

16 // 0,10 16 // 0,20 16 // 0,20 16 // 0,10

( 16) ( 16)

16 // 0,10 16 // 0,10

( 16) ( 16)

16 // 0,10 16 // 0,10
Est 8 // 0,125
12 // 0,10
16 // 0,20 16 // 0,20
16 // 0,10 16 // 0,10 12 // 0,10 16 // 0,10 16 // 0,10
( 16) ( 16)

12 // 0,10 12 // 0,10
A
16 // 0,20 Est 8 // 0,125 Est 8 // 0,125 16 // 0,20

MATERIAIS:
C:\Users\Nuno\Desktop\Curriculum\tecnico_lisboa.jpg

Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Estrutura: C30/37;XC4(P);Cl 0,20;D22;S2

Corte B-B
Recobrimento
Cuba: 4,5 cm
Escala: 1:75 Unidade: metro [m]
Restante estrutura: 3,0 cm

Maio de 2016
Anexo F-3
12 // 0,20
(ambas as 12 // 0,20
faces) (ambas as
A faces)

10 // 0,10 10 // 0,10
(ambas as 8 // 0,10 8 // 0,10
Est 8 // 0,125 (ambas as
faces) faces)
Est 8 // 0,125
16 16

16 16
Est 8 // 0,125 Est 8 // 0,125

8 // 0,10 8 // 0,10

10 // 0,10 10 // 0,10
(ambas as (ambas as
faces) Est 8 // 0,125 faces)
8 // 0,10 Est 8 // 0,125
8 // 0,10

12 // 0,10 12 // 0,10
8 // 0,10

Est 8 // 0,125 8 // 0,10


A
8 // 0,10 8 // 0,10

MATERIAIS:
C:\Users\Nuno\Desktop\Curriculum\tecnico_lisboa.jpg

Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Estrutura: C30/37;XC4(P);Cl 0,20;D22;S2

Corte C-C
Recobrimento
Cuba: 4,5 cm
Escala: 1:75 Unidade: metro [m]
Restante estrutura: 3,0 cm

Maio de 2016
Anexo F-4
( 16)

Est 8 // 0,125
16 // 0,10

12 // 0,10
16 // 0,20

( 16)

Est 8 // 0,125
( 12)
16 // 0,10
16 // 0,10 (ambas as faces)
Est 8 // 0,125

12 // 0,10
(ambas as faces)

( 8) ( 16)

16 // 0,20

16 // 0,20
16 // 0,20

4 16 12 // 0,20
(ambas as
faces)

4 10

16 // 0,20 4 12
12 // 0,20 12 // 0,20
(ambas as
12 // 0,10 faces)
(ambas as
faces)

MATERIAIS:
C:\Users\Nuno\Desktop\Curriculum\tecnico_lisboa.jpg

Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Estrutura: C30/37;XC4(P);Cl 0,20;D22;S2

Cortes D-D e E-E


Recobrimento Escala: 1:25 Unidade: metro [m]
Cuba: 4,5 cm
Restante estrutura: 3,0 cm

Maio de 2016
Anexo F-5
( 16) ( 20)

16 // 0,10 16 // 0,20

16 // 0,10 16 // 0,20

16 // 0,20 16 // 0,10
16 // 0,20 + 20 // 0,20

16 // 0,20 + 20 // 0,20
16 // 0,20
16 // 0,20
16 // 0,20
16 // 0,20 16 // 0,20
( 20)

( 16)
10 // 0,10
16 // 0,10 (ambas as faces)
16 // 0,10 8 // 0,10
16 // 0,10 (ambas as faces)

MATERIAIS:
Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Estrutura: C30/37;XC4(P);Cl 0,20;D22;S2

Cortes F-F e G-G


Recobrimento Escala: 1:25 Unidade: metro [m]
Cuba: 4,5 cm
Restante estrutura: 3,0 cm

Maio de 2016
Anexo F-6
16 16 16 16

8 // 0,20 8 // 0,20

16 (por face) 16 (por face)

16 16

16 16 16 16

16 16

8 // 0,20 8 // 0,20

MATERIAIS:
Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Estrutura: C30/37;XC4(P);Cl 0,20;D22;S2

Recobrimento
Cuba: 4,5 cm
Unidade: metro [m]
Restante estrutura: 3,0 cm 1:25 Cortes

Maio de 2016
Anexo F-7
12
12 12 12
8 // 0,25

10 8 // 0,25
12 16 12 (ambas as
faces)

16

8 // 0,25
12
16 12 16
12) 16) 16) 12)

12) 12) 10
(ambas as 8 // 0,25
12 12 16
faces)

12

MATERIAIS:
Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Estrutura: C30/37;XC4(P);Cl 0,20;D22;S2

Recobrimento
Cuba: 4,5 cm
Unidade: metro [m]
Restante estrutura: 3,0 cm 1:25 Cortes

Maio de 2016
Anexo F-8

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