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Universidade Tecnológica Federal do Paraná

CC54Z - Hidrologia

Precipitação: definição, métodos de medição


e grandezas características

Prof. Fernando Andrade


Curitiba, 2014
Objetivos da aula

• Definir a importância da precipitação


• Analisar os mecanismos de formação da
chuva
• Conhecer os equipamentos de medição de
precipitação
• Introduzir as grandezas características da
precipitação (duração, intensidade e
frequência) e sua variabilidade espacial e
temporal
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Definição e equipamentos de
medição da precipitação
Definição e importância
da precipitação
• Água da atmosfera que atinge a superfície
da Terra na forma de chuva, granizo, neve,
orvalho, neblina ou geada [1]
• É a única forma de entrada de água em
uma bacia hidrográfica (fornece subsídios
para a quantificação da hidrologia)
• A chuva é a causa mais importante dos
processos hidrológicos de interesse da
engenharia e é caracterizada por uma
grande aleatoriedade espacial e temporal
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Atmosfera
• A maior parte do ar atmosférico (e do vapor
de água) encontra-se na camada chamada
troposfera (10 a 12 km)
• A temperatura entre o nível do mar e altitudes
na troposfera varia aproximadamente 6,5 ºC
a cada quilômetro
• O gradiente de temperatura, a rotação da
Terra, as propriedades físicas e químicas do
vapor de água determinam a circulação da
água na atmosfera
• A hidrometeorologia é a ciência que estuda
essas questões 5
Àgua da atmosfera
• A água existente na atmosfera está, em sua
maior parte, na forma de vapor ( 4% do ar
atmosférico) [2]
• A quantidade máxima de vapor que pode ser
contida na atmosfera sem condensar é a
concentração de saturação (Cs)
• Cs a 20ºC é de aproximadamente 20 g/m3
(quantidades superiores a esta acabam
condensando)
• Cs diminui com a diminuição de temperatura
do ar (aumento da altitude)
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Formação das chuvas:
concentração de saturação

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Tipos de chuvas

• Chuvas frontais: encontro de duas massas


de ar, uma fria e uma quente, que é
empurrada para cima onde resfria e
condensa
• As massas de ar são lentas e possuem
centenas de quilômetros de extensão
• Chuvas frontais têm uma intensidade
relativamente baixa e uma duração longa.
Podem atingir o mesmo local por vários
dias seguidos.
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Tipos de chuvas

• Chuvas orográficas: ocorrem em regiões


em que um grande obstáculo do relevo,
como uma cordilheira ou serra muito alta,
impede a passagem de ventos quentes e
úmidos, que sopram do mar, obrigando o
ar a subir
• No Brasil as chuvas orográficas ocorrem
especialmente ao longo da Serra do Mar

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Tipos de chuvas

• Chuvas convectivas: ocorrem pelo


aquecimento de massas de ar,
relativamente pequenas, que estão em
contato direto com a superfície quente dos
continentes e oceanos
• Os processos convectivos produzem
chuvas de grande intensidade e de
duração curta. Problemas de inundação
em áreas urbanas estão, muitas vezes,
relacionados às chuvas convectivas
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Tipos de chuvas

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Chuva frontal

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Chuva orográfica

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Chuva convectiva

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Medição da precipitação

• Pluviômetro: recipiente para coletar a água


precipitada com algumas dimensões
padronizadas
• Forma cilíndrica com uma área de
captação da chuva de 400cm2: o volume
de 40ml de água acumulado no
pluviômetro corresponde a 1 mm de chuva
• O pluviômetro é instalado a uma altura
padrão de 1,50m do solo
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Pluviômetro

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Estações pluviométricas:
bacia do Paraná

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Medição da precipitação
• Pluviógrafo: pluviômetros adaptados para
realizar medições de forma automática,
registrando os dados medidos em intervalos
de tempo inferiores a um dia
• Radar: emissão de pulsos de radiação
eletromagnética que são refletidos pelas
partículas de chuva na atmosfera
• Satélite: estimativas da precipitação a partir
de imagens obtidas por sensores instalados
em satélites
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Radar

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Satélite

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Grandezas características da
precipitação e variabilidade
espaço-temporal
Grandezas características
da precipitação
• Altura (ou lâmina) precipitada: é a espessura
média da lâmina de água que cobriria a
região atingida se esta fosse plana e
impermeável (i.e., mm)
• Duração: é o período de tempo durante o
qual a chuva cai
• Intensidade: é a altura precipitada dividida
pela duração da chuva (i.e., mm/h)
• Frequência: é a quantidade de ocorrências
de eventos iguais ou superiores ao evento
considerado
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Variabilidade temporal

• ****

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Variabilidade sazonal

• Tendência da variação da precipitação


com os meses (ou estações) do ano
• Mês seco é aquele que apresenta
precipitação abaixo da média anual

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Frequência

• Em uma série de dados, uma frequência


pode ser associada a cada intervalo de
precipitação
• Assim, podemos calcular a probabilidade
de ocorrência de um limite de
precipitação com base na série histórica
• Tempo de retorno TR é o inverso da
probabilidade
TR=1/p
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Exemplo

• **** • Com base na série


histórica de
registros diários de
precipitação, calcule
a frequência em que
os eventos são
ultrapassados, a
probabilidade de
ocorrência e o
tempo de retorno
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Variabilidade Espacial

• A chuva caracteriza-se por uma grande


variabilidade espacial [3]
• A forma de representar a variabilidade
espacial da chuva para um evento (i.e.,
diário, mensal, anual) são as linhas de
mesma precipitação desenhadas sobre
um mapa (isoietas)
• As isoietas são obtidas por interpolação
dos dados pluviométricos e podem ser
traçadas de forma manual ou automática
27
Mapa de chuva: isoietas

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Chuva média numa área

• Os dados de chuva dos pluviômetros


referem-se a uma área de coleta quase
pontual (400 cm2)
• Porém, o maior interesse na hidrologia é
por chuvas médias que atingem uma
região ampla, como a bacia hidrográfica
• O cálculo da chuva média sobre regiões
amplas pode ser realizado por métodos de
interpolação, como o da média aritmética
e o método de Thiessen
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Chuva numa bacia:
média aritmética

66 mm

44 mm 42 mm

50 mm

40 mm

30
Chuva numa bacia:
média aritmética

50 mm 120 mm

70 mm

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Chuva numa bacia:
média de Thiessen
• No método de Thiessen, ou método do
vizinho mais próximo, é definida a área de
influência de cada posto fluviométrico
• É calculada uma média ponderada da
precipitação com base nestas áreas de
influência n
P   a i  Pi
i 1

• Onde ai é a fração de área da bacia sob


influência do posto i e Pi é precipitação
medida no posto i
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Chuva numa bacia:
Método de Thiessen

50 mm

120 mm

70 mm

75 mm 82 mm

33
Chuva numa bacia:
Método de Thiessen

50 mm

120 mm

70 mm

75 mm 82 mm

34
Chuva numa bacia:
Método de Thiessen

50 mm

120 mm

70 mm

75 mm 82 mm

35
Chuva numa bacia:
Método de Thiessen

50 mm

120 mm

70 mm

75 mm 82 mm

36
Chuva numa bacia:
Método de Thiessen

50 mm

120 mm

70 mm

75 mm 82 mm

37
Chuva numa bacia:
Método de Thiessen

50 mm

120 mm

70 mm

75 mm 82 mm

38
Chuva numa bacia:
Método de Thiessen

50 mm

120 mm

70 mm

75 mm 82 mm

39
Chuva numa bacia:
Método de Thiessen

50 mm

120 mm

70 mm

75 mm 82 mm

40
Chuva numa bacia:
Método de Thiessen

50 mm

30% 120 mm
70 mm 15%
40%
5%
10%

75 mm 82 mm

P  0,15.120  0,4.70  0,3.50  0,05.75  0,1.82 41


Referências bibliográficas

[1] TUCCI, C. E. M.. Hidrologia: ciência e


aplicação. Porto Alegre. Editora da
Universidade, 4 ed. 2009
[2] PINTO, N. et al.. Hidrologia básica. São
Paulo. Editora Edgard Blucher, 1976
[3] VILLELLA, S. M., MATTOS, A..
Hidrologia aplicada. São Paulo. Editora
McGraw Hill do Brasil, 1975

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