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Prof. Marcelo Bicalho V.

de Araújo
• Natureza e pressupostos do “caixa”
• Por que “caixa”?
• Modelos de administração de caixa
• Calculando a probabilidade de falta
de liquidez

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 Reduzir custos na administração do caixa representa
aumentar lucros e maior retorno ao acionista.
 Restringindo-se a isso, o que seria um “caixa” eficiente?

 Pressupostos:
A) alocar recursos acima do necessário em “caixa” representa
perda de rentabilidade para empresa.
B) alocar recursos abaixo do necessário em “caixa” representa
assumir riscos que poderiam ser evitados

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 Fluxo empresarial: as característica de transações contínuas
(pagamentos e recebimentos) e falta a de sincronização
perfeita (inerente às atividades empresariais)
 Incerteza do fluxo futuro: falta de previsibilidade de parte
dos fluxos futuros (eventualidade) e pode variar de acordo
com a característica de risco do negócio.
 Oportunidades: Ter sempre uma boa probabilidade de
aproveitar situações de negócios que poderiam ser perdidas
sem a disponibilidade financeira.

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 1 - Maior falta de sincronização, Maior demanda por caixa.

 2 - Maior imprevisibilidade, Maior demanda por caixa.

 3 - Fácil e tempestivo acesso às fontes de recursos (próprio ou de


terceiros), menor demanda por caixa.

 4 – Maior custo das fontes de recursos “de caráter emergencial”, maior


demanda por caixa.

 5 - Aumento no prazo de recebimento de vendas, maior demanda sobre o


caixa “pré existente” (vice-versa).

 6 - Redução no prazo de pagamentos para aproveitamento de descontos


e melhorar rentabilidade, maior demanda sobre o caixa “pré existente”
(vice-versa).

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 7 – Piora na gestão e eficiência dos estoques, maior demanda sobre o
caixa “pré existente” (vice-versa).

 8 – Piora na política e análise de crédito, maior demanda sobre o caixa


“pré existente” (vice-versa).

 9 – Eficiência nos controles de fluxo de caixa, com projeção, definição


objetiva dos níveis mínimos e seguros de caixa tende a reduzir demanda
por caixa

A busca do caixa mínimo satisfatório

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Caixa Mínimo Operacional:
 Sem sofisticação

 Necessário: previsão de desembolso e ciclo financeiro

360
Rotação ou Giro do Caixa (R.Cx) = _____________________
Ciclo Financeiro

previsão operacional de desembolso


Caixa Mínimo Op. = ____________________________________
Rotação do Caixa (R.Cx)

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Caixa Mínimo Operacional:
 Projeção de fluxo de desembolsos: R$ 845 milhões

 Ciclo financeiro: 192 dias

360
Rotação/Giro do Caixa (R.Cx) = __________ = 1,875
192

845 milhões
Caixa Mínimo Op. = ________________ = 450,67 milhões
1,875

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Baumol: decisão com foco em “caixa” ou “conta” vs. Aplicações
financeiras
 Pressuposto: Entrada inicial de $ com saídas constantes/contínuas
 Aplicação de parte da “entrada” para ganhos (“juros”), com
associação de custos de operação (“desinvestimento”) do dinheiro
(taxas, impostos, etc)
 Decisão: Achar o saldo de caixa que otimize o ganho

(2 . CV . Dcx)
VC = [ _____________ ] 1/2
i
i = taxa de juros (decimal) = custo de oportunidade
CV = custo de conversão (por operação)
Dcx = demanda de caixa
VC = Valor de conversão (caixa inicial)
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Baumol:
CT = (CV . N) + (i . Saldo médio)
CT = (CV . N) + (i . (VC/2))
N = número de conversões
CT = custo total

 Um saldo de caixa mais baixo pode aproveitar melhor o custo de


oportunidade, mas a freqüência de operações pode aumentar
custos de conversão (maior numero de vendas de TVM, por
exemplo)

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Baumol:
 Saídas de Caixa previstas para o próximo ano (constantes):
R$1.500.000,00
 Custo de conversão (por operação): R$ 30,00

 Custo de oportunidade: 8% ao ano

a) Qual montante inicial de caixa (valor de conversão)?


b) Qual o saldo médio de caixa?
c) Quantas operações (conversões) serão feitas no ano?
d) Qual o custo total associado ao caixa?
e) Qual o CT, se for decidido por apenas 12 conversões no ano?
f) Qual o CT, se for decidido caixa menor, com 100 conversões no ano?

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Baumol:

2 x 30,00 x 1.500.000,00
1/2
a) (____________ ________________ ) = R$ 33.541,02
0,08

b) 33.541,02 /2 = 16.770,51

c) 1.500.000 / 33.541,02 = 44,72

d) (44,72 x 30,00) + (0,08 x 16.770,51) = 2.683,24

e) (12 x 30,00) + (0,08 x 62.500,00) = 5.360,00

f) (100 x 30,00) + (0,08 x 7.500,00) = 3.600,00


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Baumol:
 Saídas de Caixa previstas para o próximo ano (constantes):
R$1.000,00 por dia, sendo 252 dias úteis no ano.
 Custo de conversão (por operação): R$ 20,00

 Custo de oportunidade: 12% ao ano

a) Qual valor “ótimo” inicial de caixa?


b) Qual o saldo médio de caixa?
c) Quantas operações (conversões) serão feitas no ano
d) Qual o custo total associado ao caixa no ano?
e) Elabore um gráfico demonstrativo do comportamento do caixa no ano.

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Baumol:

2 x 20,00 x 252.000,00
1/2
a) (____________ ________________ ) = R$ 9.165,15
0,12

b) 9.165,15 /2 = 4.582,58

c) 252.000,00 / 9.165,15 = 27,5

d) (27,5 x 20,00) + (0,12 x 4.582,58) = 1.099,91

e) Gráfico no quadro

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Miller e Orr: decisão com foco em “caixa” ou “conta” vs.
Aplicações financeiras
 Diferente dos dois modelos anteriores, que presumem
perfeita previsibilidade da demanda de caixa, presume-se aqui
um comportamento aleatório
 Existência de duas opções: caixa e uma aplicação rentável
(similar ao Baumol), com possibilidades de aplicações e
resgates.
 Decisão: Saldo mínimo e saldo máximo do “caixa”. Abaixo do
mínimo, resgata. Acima do máximo, aplica-se. -> flutuação
dentro do intervalo. “Maior foco no máximo”
 Quais os valores de resgate e aplicações? R: Suficiente para
alcançar o ponto de Z*
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Miller e Orr: Z* = m + [(0,75 b q2 ) / i] 1/3
m = menor valor de caixa
b = custo de cada transação
q2 = variância diária do caixa
i= taxa de juros (“diária”)

 O modelo trabalha a variância diária do caixa (dispersão vs.


possibilidade de retorno com a aplicação).
 Maior dispersão (maior risco) -> maior caixa mínimo e máximo
 Dispersão reflete as alterações no saldo de caixa em um intervalo
de tempo. O limite mínimo é definido pela administração.
 Necessário calcular variância de um intervalo histórico de fluxos de
caixa
Objetivo minimizar custos definindo o ponto de retorno (Z*)
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Miller e Orr:

4 . Z*
Saldo Médio Caixa = _______
3

Limite Superior = 3. Z* ou min + 3. Z*

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Miller e Orr:

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Miller e Orr: Z* = 100 + [(0,75 . 3. q2 ) / 0,000529] 1/3
Selic over diária em 14.4.2016

 Já conhecidos:
Limite mínimo de Caixa: 100
Custo de cada transação: 3,00
Custo de oportunidade (diário): 0,0529 % ao dia

 Necessário saber a variância do fluxo de caixa em um intervalo base

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Intervalo Fluxo de Cx. FC - Média Variância Desvio Padrão
(base) (FC – Média)2
Dia 1 -2.000 -2.309 5.331.481
Dia 2 3.000 2.691 7.241.481
Dia 3 5.000 4.691 22.005.481
Dia 4 -6.000 -6.309 39.803.481

= (Variância)1/2
Dia 5 5.000 4.691 22.005.481
Dia 6 -2.000 -2.309 5.331.481
Dia 7 1.000 691 477.481
Dia 8 2.000 1.691 2.859.481
Dia 9 7.000 6.691 44.769.481
Dia 10 -10.000 -10.309 106.275.481

Média 309 Variância 256.100.810 / 10 5.060,64


25.610.081
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Miller e Orr:

Z* = 100 + [(0,75 . 3. 25.610.081,00) / 0,000529] 1/3


Z* = 4.875,80

Saldo Médio Caixa = (4 x 4.875,80) / 3 = 6.501,06

Limite Superior = 3 x 4.875,80 = 14.627,40

 Faça a ilustração gráfica e demonstre as decisões de resgate e


aplicações.

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Miller e Orr:
O gerente financeiro da ABC Corporation soube recentemente
que a aplicação do modelo de Miller-Orr trouxe economias
significativas para outra companhia da indústria. Desejando
saber se esse modelo traria economia para a ABC, ele estudou o
sistema de caixa e encontrou que mantém-se atualmente,
$100.000 em caixa, sem qualquer rendimento. Os custos de
conversão de caixa em títulos negociáveis, ou vice-versa, são de
$30 em média, por operação. A variância diária dos fluxos
líquidos de caixa é de $1,5 milhões. Os títulos negociáveis
rendem 14,5% a.a efetivos. Diária? (supõe-se ano de 252 dias úteis). O
gerente financeiro pediu para você calcular o ponto de retorno e
o limite superior, utilizando o modelo de Miller-Orr.
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 O modelo do caixa mínimo operacional pressupõe um ciclo
financeiro bem delineado (usar valor padronizado no caso de
analista externo) e previsão de desembolsos no ano e pode ser
aplicado para definição do “colchão de liquidez” necessário de
forma geral, sem diferenciar o caixa genuinamente de
aplicações financeiras de liquidez imediata.

 A constância de distribuição no tempo de saídas de caixa que


pressupõe o modelo de Baumol é pouco característico nas
empresas (a sazonalidade é mais comum). Porém, já introduz a
ideia de otimizar a distribuição entre caixa e aplicações
financeiras para melhorar a rentabilidade, porém com a
necessidade de total previsibilidade dos desembolsos futuros.
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 O modelo de Miller e Orr, apesar de não precisar da previsão de
desembolso futuro (aleatoriedade), essa previsão nunca é
totalmente desconhecida, ou seja, as decisões de retorno ao
ponto Z* podem ser flexibilizadas.
 Todos os modelos apresentados estão focados na suficiência de
caixa para as transações (determinísticas ou probabilísticas),
sem considerar os aspectos eventuais (precaução).
 No geral, reforça a importância de conhecer o fluxo de caixa e as
características do caixa da empresa e, sobretudo, de realizar
projeções de fluxo de caixa.

Conclusão: ferramenta complementar


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Pressuposto: Calcular a probabilidade de falta de liquidez a
partir do comportamento histórico
 Aspectos importantes: a) custo de manter liquidez e b) custo de
uma falta de liquidez
a) custo de oportunidade (subutilização)
b) conseqüências da falta de liquidez (atrasos, percepção ruim
do mercado, aumento no custo de novos recursos, etc)

 Possíveis recursos de liquidez imediata: caixa, conta-corrente,


aplicações passíveis de resgate, outros passíveis de resgate ou
rápida “realização”, etc.

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 O que esperar de uma medida de liquidez Ideal?
Medida que pode ser adaptada, seja abrangente, probabilística
(incerteza), simples, comparativa e informe tendência.
 Objetivo: calcular a probabilidade de falta de liquidez pela série
histórica de movimentação dos recursos de “liquidez imediata”
Mudar os indicadores de liquidez por medida que informe a
probabilidade de falta de liquidez
 Pressupostos: pouca possibilidade de alterar a situação de
liquidez da empresa no curto prazo (T). Liquidez é constituída
pelos ativos líquidos no início de (T) e os gerados ao longo de (T)
Janela histórica = janela de previsão
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___
Li + FC
PEL (crítico) = ______________

s (T)1/2

PEL = Probabilidade de exaustão da liquidez


Li = posição inicial de liquidez
FC = saldo médio do fluxo da liquidez ao longo de T histórico
S = desvio padrão de FC histórico
T = horizonte de tempo histórico

O valor de PEL: Valor do Z na distribuição normal.


PEL = 1,96, significa uma probabilidade de 5%

Observação: Considerar distribuição bicaudal

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x2

No excel: [ 1 – (DIST.NORMP(Z)) ] x 2

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 Empresa com reserva de liquidez de R$ 100.000 (caixa, conta, aplicações e
linha de crédito pré-aprovada)
 No último mês (T), o fluxo foi o de (considerar 22 dias representativos do
horizonte de 1 mês): (Total de FC = 1.000) (Média de FC = 45,55) (Desvio
padrão = 15.670,65)
1 – (2.000) 12 – (15.000)
2 – (5.000) 13 - 3.000
3 – 10.000 14 – (15.000)
4- 15.000 15 – 8.000
5 - (25.000) 16 – 6.000
6 – (12.000) 17 – 3.000
7 – 12.000 18 – (16.000)
8 – 13.000 19 – (20.000)
9- (14.000) 20 – 12.000
10 – (5.000) 21 – (20.000)
11 - 20.000 22 – 21.000

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100.000 + 45,55
PEL = ______________________

15.670,65 . (22)1/2

PEL = 1,3611

Se Z = 1,3611, a probabilidade de “iliquidez” é de?

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 Com base no fluxo do exemplo (Miller & Orr), sabendo–se que o saldo
inicial de liquidez é de R$ 50.000, calcule a probabilidade da empresa
exaurir suas reservas líquidas nos próximos 10 dias.

Intervalo Fluxo de Cx. FC - Média Variância Desvio


(base) (FC – Média)2 Padrão
Dia 1 -2.000 -2.309 5.331.481
Dia 2 3.000 2.691 7.241.481
Dia 3 5.000 4.691 22.005.481
Dia 4 -6.000 -6.309 39.803.481

= (Variância)1/2
Dia 5 5.000 4.691 22.005.481
Dia 6 -2.000 -2.309 5.331.481
Dia 7 1.000 691 477.481
Dia 8 2.000 1.691 2.859.481
Dia 9 7.000 6.691 44.769.481
Dia 10 -10.000 -10.309 106.275.481

Média 309 Variância 256.100.810 16.003,15

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