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PROJETO
Companhia de Teatro Serpanianos
Índice de Figuras
Figura 1 Formulário de Inscrição ................................................................................................ 22
Figura 2 Certificado de Participação ........................................................................................... 24
Figura 3 Licença de Representação Modelo 66 .......................................................................... 37
Figura 4 Formulário de Registo de Promotor Modelo 65 1ª Página ........................................... 38
Figura 5 Formulário de Registo de Promotor Modelo 65 2ª Página ........................................... 39
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Introdução
Este trabalho foi proposto no âmbito de concluir a unidade curricular Produção
Artística e Cultural, a pedido pelo docente Pedro Pires Cabral, a partir da elaboração de
um projeto na área artística com total liberdade de escolha de todas as vertentes existentes.
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COMPANHIA DE TEATRO SERPANIANOS
O nosso foco enquanto criadores, pode parecer um pouco inusitado ao ler, mas,
na prática, acreditamos ser uma mais valia, é estabelecer uma relação simbiótica entre a
arte e a saúde mental. Defendemos que o teatro teve sempre uma componente pedagógica,
portanto é de extrema relevância instruir a comunidade com este recente alvo de estudo
no mundo da medicina. É um assunto de contacto direto com cada um dos intervenientes
deste projeto e, como tal, queremos chegar a mais pessoas.
2. Companhia de Teatro
a. Legalização e finanças
Legalização
O facto de uma associação não ter fins lucrativos não impede de procurar gerar
ganhos no exercício da sua atividade, só que estes não podem ser o seu objetivo principal,
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nem podem, em caso algum, ser distribuídos pelos associados, revertendo sempre a favor
da associação. Sendo assim, as receitas geradas serão sempre aproveitadas para projetos
posteriores.
Rita
Oliveira
Presidente
Rafael
Cécio
Vice-Presidente
Rita
Oliveira
Presidente
Sara
Carvalho
Vice presidente
Maria José
Costa
Secretária
Organograma 2 Assembleia Geral
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Susana
Araújo
Presidente
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Tendo como base as explicações supramencionadas, percebemos, de imediato, que
não se aplicaria à nossa Companhia de Teatro, principalmente por nem obtermos
rendimentos para cada integrante, mas apenas produzir os espetáculos subsequentes.
Portanto, temos em conta que estamos isentos de IRC pelo seguinte fator:
Lei nº35/2004, de 29 de julho, que regulamenta a lei nº99/2003, que aprovou o Código
do Trabalho.
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CCT entra a Associação dos Empresários de Espetáculos e outras e o Sindicato dos
Músicos, in Boletim do Trabalho, nº 12, 29 de março de 2000.
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Decreto-Lei nº242/2004, de 31 de dezembro – atualiza o valor da retribuição mínima
mensal garantida para 2005.
Portanto, com base na explicação anterior, esta associação, assim como as outras
tantas, teremos os integrantes com contrato a termo certo, assim como as pessoas que
contratarmos para colaborarem com os nossos projetos. Neste contrato, consta o
empregador, a Câmara Municipal de Matosinhos, o pagamento feito através de recibos
verdes, o que implica declarar o início de atividade nas Finanças e direito a um seguro de
trabalhador.
O contrato a termo certo dura pelo período acordado, não podendo exceder três
anos, incluindo renovações, nem ser renovado mais de duas vezes. Contudo, decorrido o
período de três anos ou verificado o número máximo de renovações referido, o contrato
pode ser objeto de mais uma renovação desde que a respetiva duração não seja inferior a
um nem superior a três anos. Em certos casos, a duração máxima do contrato a termo
certo, incluindo renovações, não pode exceder 18 meses ou dois anos.
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Os intérpretes (atores, bailarinos, figurantes e músicos) deverão inscrever-se na
categoria 2010 e 2013, respetivamente. A categoria 2015 – Outros artistas é uma categoria
residual e abrangerá não só os cenógrafos, figurinistas e aderecistas, mas também a maior
parte dos restantes criativos, como encenadores, compositores e desenhadores de luzes.
Para além da parte legal da criação da associação, também temos de ter em conta
que não se pode apenas realizar um espetáculo. Este acarreta uma série de licenças que
temos de obter enquanto Companhia para que esteja legalizada. Sobre estes eventos, o
órgão do estado que está responsável por diversas componentes é o IGAC – Inspeção-
Geral de Atividades Culturais.
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Decreto-Lei nº 315/95, de 18 de novembro, alterado pelo Decreto-Lei nº309/2002, de 16
de dezembro – regula a instalação e funcionamento dos recintos de espetáculos e
divertimentos públicos e estabelece o regime jurídico dos espetáculos de natureza
artística.
A licença deve ser requerida antes de o espetáculo ser anunciado e será válida para
o número de dias ou de sessão para os quais foi concedida.
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Classificação de Espetáculos será atribuída a respetiva classificação que é indispensável
para a obtenção da Licença de Representação.
O registo é válido por três anos. Por cada registo e suas renovações são devidas as
taxas de montante fixado pela portaria do membro do Governo responsável pela área da
cultura.
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Circular nº2/2004, de 20 de janeiro de 2004, da DSIRC (Tratamento Fiscal dos
Donativos).
Todos os espetáculos onde haja entradas pagas ou seja exigida qualquer outra
forma de pagamento, ainda que indireta, devem ser anunciados por meio de cartazes
afixados na entrada principal do recinto, contendo o programa do espetáculo e a sua
classificação etária, o número de sessões do espetáculo e o dia, hora e local da sua
realização, o promotor do espetáculo, e a autorização dos detentores do direito de autor e
conexos ou dos seus representantes.
Junto das bilheteiras serão sempre afixados de forma bem visível o preço dos
bilhetes, a planta do recinto e, quando houver lugares numerados, a indicação das diversas
categorias e números. Esgotados os bilhetes será afixada, junto das bilheteiras, a indicação
de “lotação esgotada”.
Os bilhetes podem ser vendidos também noutros locais que não o recinto onde irá
decorrer o espetáculo. A venda de bilhetes para espetáculos em agências ou postos de
venda está sujeita à obtenção de licença, a emitir pela Câmara Municipal competente. A
licença é intransmissível e tem validade anual. As agências ou postos de venda não podem
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funcionar a menos de 100 metros das bilheteiras de qualquer casa ou recinto de
espetáculos.
Por fim, tendo por vista colaborar com iniciativas por parte da Câmara Municipal
de eventos de rua, é importante ter o conhecimento de que, se não estivéssemos num caso
em que trabalhasse com a Câmara da cidade, a autorização para a realização de
espetáculos e outras ocupações de carácter cultural na via pública é da competência das
câmaras municipais, portanto teríamos de apresentar o projeto ao Vereador da Cultura
para que nos autorizasse a fazê-lo no local em questão.
Assim funciona nas igrejas, a autorização tem de ser solicitada às Dioceses, por
requerimento escrito dirigido ao Vigário Geral, contendo, em anexo, nomeadamente, o
programa e o parecer do pároco da respetiva igreja.
Finanças
Na tabela 1 podemos observar as receitas que obtivemos por parte dos apoios e
atividades complementares e os seus respetivos valores. No que respeita aos apoios,
podemos observar a DGArtes com a contribuição de 50000€ seguida da Câmara
Municipal de Matosinhos com a contribuição com o mesmo montante. Posteriormente,
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430€ advêm da venda de bilhetes, 80 bilhetes para adultos vendidos a 5€ e 10 bilhetes
para crianças vendidos a 3€. Workshops em junho e julho cujo total foi de 1800€, 600€
no mês de junho e 1200€ de julho. Na sua totalidade, os valores relativos às receitas
somam o montante de 12230€, a serem utilizados pela companhia.
DGArtes 5000
Câmara
Municipal de 5000
Matosinhos
Bilhetes 430
Workshops 1800
Total 12 230
Tabela 1 Receitas
Despesas Valores(€)
Taxas 252,80
Seguro 200
Cenário 296
Figurinos 10
Marketing e
1 400
Publicidade
Workshops 120
Total 2 278,80
Tabela 2 Despesas
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Tendo em conta os valores acima referidos (tabela 4 e 5), os totais encontram-se
apresentados com as nomenclaturas de receitas e despesas, podemos constatar que as
receitas, 12 230€, excedem as despesas gerais da Companhia, 2 278,80€, o que culmina
num saldo positivo 9 951,20€ para serem usados em eventos posteriores.
Totais Valores(€)
Receitas 12 230
Despesas 2 278,80
b. Objetivos da companhia
Como referido na breve introdução da companhia, o nosso objetivo principal é
criar espetáculos teatrais com cariz pedagógico e apresentá-los em Matosinhos,
principalmente, e noutros pontos do distrito do Porto. As nossas peças irão sempre
abordar as doenças mentais, independentemente de se tratarem de criações de raiz como
adaptações de textos já existentes.
Tendo como ponto de partida esta inovação, acreditamos que podemos trazer um
novo público: os adolescentes. De facto, nestes últimos anos a saúde mental começou a
ser uma preocupação nesta faixa etária e, normalmente, estes indivíduos não têm à
vontade para conversarem com alguém que os compreenda. Alguns decidem pedir ajuda
e começam terapias com profissionais especializados, contudo, é de relevar que a arte
também pode funcionar de modo terapêutico, indiretamente. Em vez de estarem isolados
nas suas casas, podem começar por dar estes pequenos passos em ir ao teatro, por
exemplo.
Com esta iniciativa por parte do público jovem, pode ser uma mais valia para nós
enquanto companhia. Para além de ajudarmos a nossa comunidade, podemos ser o
caminho para que eles encontrem a sua estabilidade, novamente.
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De seguida, e não menos importante, não nos queremos cingir apenas na criação
e promoção de espetáculos de nossa autoria. Temos a necessidade de partilhar o nosso
conhecimento ao público em geral e interessado. Por isso, teremos, na nossa equipa,
formadores qualificados na área artística que estarão a dirigir, ao longo do ano, vários
cursos com possibilidade de abarcar várias turmas.
Iremos dar a oportunidade de as crianças terem umas horas nas suas interrupções
letivas e aprenderem algo novo. Temos o intuito de organizar Oficinas de Natal, Páscoa
e Verão focadas na interpretação teatral. Por outro lado, durante o verão, queremos
produzir workshops ligados aos efeitos especiais e maquilhagem, mas para todas as faixas
etárias: crianças, adolescentes e adultos. Cada workshop com o seu grau de dificuldade e
adaptado às capacidades de cada um dos grupos.
c. Calendarização
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Criação do site e de redes
sociais.
Publicidade à 1ª Oficina
de Verão.
d. Espetáculo final
O que vês? O que sentes? Gostas do que vês? Porquê? Será que sou o único
que vê isto? O que os outros veem? O que vejo? O que sinto? Gosto do que
vejo? Porquê? Será que sou o único que vejo isto? O que os outros veem?
Espelho/Reflexo, uma dissertação em forma de peça sobre aquilo que vemos,
sentimos e somos.
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A peça chama-se Espelho/Reflexo. Tem como ambiente dois quartos em simbiose,
de um Homem e uma Mulher que, no decorrer da longa conversa deles, percebe-se que
são a mesma pessoa, uma entidade, que se debate sobre si mesma. Iniciam a contracena
nus, e, de seguida, vão-se arranjar como fazem todas as manhãs, mas sem deixar de lançar
questões pertinentes para o ar. Aliás, o objetivo deles se questionarem sobre certos temas
íntimos, principalmente do foro psicológico, é para fazer o público refletir sobre esses
mesmos assuntos.
• Elementos cénicos:
6 Espelhos
2 Bancos ou Cadeiras
1 Roupeiro
1 Mesa de Apoio
2 Cestos de Roupa
1 Rosa de Plástico
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• Figurinos
Lingerie e Boxers
Roupa Casual
• Elementos técnicos
e. Oficinas de Verão
As Oficinas de Verão têm como público-alvo as crianças, com idades
compreendidas entre os 6 e os 10, com finalidade de terem formação em interpretação e
voz nas suas interrupções letivas.
Para atingir esta finalidade, os nossos formadores terão que utilizar uma
metodologia que apresente, da melhor forma possível, os seguintes pontos:
• Exercícios de Expressão
• Exercícios que potenciam a desinibição, a capacidade criativa e de
• improviso.
• Desenvolver a capacidade de representação e, acima de tudo, do
pensamento crítico relativamente ao texto representado e à mensagem, de
cariz social, passada.
Tendo em conta que a Oficina em junho é de menor duração que a Oficina de
Verão calendarizada para agosto, a estratégia para o primeiro evento tem de ser ajustada
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para ser uma abordagem mais concisa, direta, mas igualmente interessante – ou talvez
mais, para que os formandos gostem tanto da experiência que os faça voltar para a
segunda oficina.
f. Workshops
Montar um workshop exige muito planeamento e organização, afinal de contas,
este tipo de evento conta com algumas particularidades e pode necessitar de itens
especiais para ser realizado. Tudo irá depender do tema do workshop e das atividades
planeadas para o evento. A seguir, encontra-se todos os itens e aspetos que se precisa
estar atento ao organizar um workshop:
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• Espaço do evento e de mesas e cadeiras. R: Será dentro da nossa
Associação, organizado por nós, juntamente com a Câmara Municipal.
• Kit com materiais para os participantes.
• Agenda do evento. R: Seria realizado em julho, aos sábados e domingos.
Durante os sábados de manhã seriam 2 horas de workshop para as crianças,
sábados à tarde seriam 4 horas para os adolescentes e aos domingos à tarde seriam
6 horas para os adultos.
• Controle de entrada e credenciamento. R: Teríamos uma lista das
pessoas inscritas para o workshop e verificávamos na entrada.
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Depois de definir o plano de ensino do workshop, pensar nas atividades a serem
realizadas e organizar os itens necessários para a estrutura do evento, é necessário planear
a divulgação.
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Em geral, a maioria dos workshops contam com a emissão de certificados aos
participantes ao final do evento. Isso porque, como o objetivo deste tipo de evento é o
aprendizado, é importante que os alunos tenham uma forma de comprovar os
Conhecimentos ou a especialização adquirida. Fizemos um protótipo de como seria o
nosso certificado e disponibilizamo-lo abaixo.
3. Marketing e Publicidade
De modo a difundir o nosso trabalho e início de atividade, pesquisamos os vários
métodos de publicidade que deveríamos adquirir enquanto associação.
Depois, visto como estamos na era do digital, as redes sociais seriam as nossas
aliadas, principalmente o instagram que é, atualmente, a rede mais usada para divulgação
de negócios. Dentro desta vertente, achamos conveniente criarmos alguns vídeos, com
profissionais do audiovisual, para partilharmos a componente visual de quem somos e o
que andamos a desenvolver ao público. No entanto, a manutenção dessas contas seria
feita pela dirigente do departamento de Marketing e Publicidade, não sendo preciso
contratar alguém específico do ramo.
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Todavia, analisando os residentes da cidade, vimos que a grande população tem a
idade compreendida no intervalo 25-64 anos e, de seguida, os maiores de 65 anos. Então,
com o objetivo de incluirmos o maior número de pessoas e de diversificadas faixas etárias,
achamos pertinente pesquisar os orçamentos de publicidade praticados pelas rádios,
jornais e televisão. Apesar de termos um público-alvo, não queremos descartar o restante
público.
Criação de um blog/site
• Criação (1000€)
• 1 vídeo de 30 segundos por mês no site: 350€
• 2ª a 6ª - Tarde (350€)/vez
- Depois das 21h (100€)/vez
• Fim de semana - Tarde (150€)/vez
- Depois das 21h (50€)/vez
Anúncio na televisão
Conclusão
Em suma, este trabalho deu-nos oportunidade de obter a visão e o sentido crítico
perante o mundo de trabalho independente no setor artístico. Considerando os resultados
obtidos no esqueleto deste projeto, a criação desta Associação é viável. Contudo, como
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trabalhamos com valores hipotéticos, apoios que consideramos, à partida, que nos fossem
cedidos, tais como a residência no Teatro Municipal, o que nos retirava os custos de um
aluguer de espaço, tendo, assim, uma parceria com a Câmara Municipal, isto gere, por
fim, inseguranças e incertezas. De facto, com estes pormenores, na teoria é possível a
concretização desta Associação, na prática, dependeria da obtenção destes apoios e,
principalmente, da sorte.
Referências eletrónicas
Abreu, Miguel. Amaral, Conceição. Amado, Miguel. Lapa, Otelo. Guerreiro, Rita Sousa. Monteiro, Sónia.
2006. “GAVE” Guia das artes visuais e do espetáculo. Lisboa: editorial do Ministério da Educação
Contactos direitos e obrigações do trabalhador:
Instituto da Segurança Social – www.seg-social.pt
Inspeção-Geral do Trabalho – www.igt.idict.gov.pt
Boletim do Trabalho e Emprego (BTE) – www.deep.msst.gov.pt
Ministério das Finanças – Direção-Geral de Impostos – www.dgci.min-finanças.pt
Secretaria-Geral do Ministério da Cultura (auxílios financeiros e distinções) – www.sg.min-cultura.pt
Contactos IGAC:
Ministério da Cultura – www.min-cultura.pt
Inspeção-Geral das Atividades Culturais – www.igac.pt
Contactos Registo do promotor:
Ministério da Cultura (Mecenato): www.min-cultura.pt
Secretaria-Geral do Ministério da Cultura (auxílios financeiros e distinções) – www.sg.min-cultura.pt
Direção-Geral dos Impostos – www.dgi.min-financas.pt
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Apêndices
Doc.1
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ESPELHO/REFLEXO
Escrito por: Rita Vagueiro de Oliveira
Baseado em depoimentos anónimos
ATO I
CENA I
(Foco de luz na boca de cena. HOMEM e MULHER sentados.)
HOMEM: Estamos tão ocupados a sobreviver que nos esquecemos de nós. Será que
estamos bem?
MULHER: Realizados?
HOMEM: Felizes?
MULHER: Ontem.
HOMEM: Ontem. (pausa) Ontem fui completamente eu com os meus colegas? Nos
transportes?
MULHER: Na rua? Envergonhei-me? Manchei a minha imagem?
HOMEM: Vivi conscientemente sequer?
MULHER: E a semana passada? O que fiz?
HOMEM: Sei que fui trabalhar. O trabalho é a prioridade da minha rotina.
MULHER: Da nossa.
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HOMEM: Geral. Quem tem a sorte de trabalhar…
MULHER: E quem não trabalha? O que faz? Será que vive ao contrário de nós? Ou tenta
sobreviver ainda mais?
HOMEM: Sobreviver é uma palavra chata. Sobreviver. Verbo intransitivo. Continuar a
viver depois de outra pessoa ou de outra coisa deixar de existir. Imagina quantas coisas
podem ser essas coisas que deixam de existir.
MULHER: Dinheiro. Comida.
HOMEM: Rim. Pulmão. Vontade de viver.
MULHER: Nem quero pensar se algum dia perco a vontade de viver. Acordar
maldisposto ou apenas preguiçoso é normal. Agora, acordar e o meu único desejo ser
colocar uma corda ao pescoço em vez das minhas papas de aveia, é assustador. Mas,
infelizmente, sei que acontece com muitos de nós.
HOMEM: No mundo, a cada 40 segundos um ser humano comete suicídio. Agora faz as
contas de quantas vidas já nos deixaram neste bocado de tempo.
MULHER: Sou a favor de não podermos julgar quem decide acabar com a própria vida.
Se temos saúde mental nos dias de hoje, somos uns sortudos. Estamos ao redor de
tantos gatilhos que, se forem disparados frequentemente, podem acabar connosco
rapidamente.
HOMEM: O principal fator: a internet.
MULHER: Acho que não é novidade nenhuma…
HOMEM: Esta criação recente, principalmente criada para as bases militares, veio,
então, aos poucos destruir mentalidades.
MULHER: Criar padrões de beleza, de vida.
HOMEM: Basicamente, influenciar-nos em todos os aspetos. (ri-se) Engraçado eu usar o
verbo influenciar, não é?
MULHER: Foi de propósito.
HOMEM: E antes?
MULHER: Antes?
HOMEM: Antes da internet.
MULHER: Guerra. Crise.
HOMEM: Monotonia. Violência.
MULHER: Tristeza.
HOMEM: Acho que tudo passa pela questão da saúde mental.
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(MULHER e HOMEM levantam-se. As cortinas sobem. MULHER dirige-se para os
espelhos à sua direita e HOMEM dirige-se para os espelhos à sua esquerda. Ambos com
um foco de luz. Ficam imóveis durante algum tempo. Vão descobrindo os seus rostos. Os
seus pescoços. Os seus ombros. Braços. Peito. Barriga. Pernas. Continuam lá. Parados.
Deslumbrados como se tivessem descoberto algo novo.)
MULHER e HOMEM: Acho que nunca me tinha observado durante tanto tempo. O que
vês? O que sentes? Gostas do que vês? Porquê? Será que sou o único que vê isto? O que
os outros veem? O que vejo? O que sinto? Gosto do que vejo? Porquê? Será que sou o
único que vejo isto? O que os outros veem?
CENA II
(MULHER e HOMEM vão despir-se atrás dos espelhos. Atiram a roupa para o cesto.
Dirigem-se para o roupeiro e cada um tira uma peça de roupa aleatória e voltam para a
frente dos espelhos. Sentam-se. Vestem-se.)
HOMEM: Vestir.
MULHER: Não sei quem decidiu por roupas no corpo.
HOMEM: Agradeço. Agradeço porque tapo o corpo.
MULHER: Disfarço-o. Escondo as imperfeições que todos apontam que eu tenho.
HOMEM: Que eu aponto que eu tenho. Será que tenho?
MULHER: Ou apenas concordo?
HOMEM: Por tantas vezes que já o ouvi também se transformou na minha opinião.
MULHER: Como é que o fiz?
HOMEM: Como me conformei?
MULHER: Eu não sou assim tão… Sou. Quem eu quero enganar? Preciso de umas calças.
(Ambos se levantam, dirigem-se para o roupeiro por detrás dos espelhos e cada um traz
um par de calças. Voltam para o banco.)
HOMEM: Já não me lembro de não ser eu a tirar-me as calças.
MULHER: Já não confio em ninguém.
HOMEM: Nem em mim.
MULHER: Perdi a graça.
HOMEM: Estou acabado.
MULHER: Exausto.
HOMEM: Morto.
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MULHER: Não gosto desta camisola. (levanta-se e vai para o roupeiro.)
HOMEM: Faz-me parecer gordo. O que é ser gordo, afinal? Ter músculo flácido ou
excesso de peso? Recusar os convites para ir ao ginásio? Não seguir mil e uma contas
online sobre fitness? (MULHER regressa e veste-se.) Ou ignorar por completo os
criadores de conteúdo de lifestyle? (HOMEM levanta-se e vai buscar outra camisola.)
MULHER: Porque é que tudo é online? Porque é que a nossa vida só é validada se estiver
online? (HOMEM regressa) Se seguir os padrões online?
HOMEM: Online.
MULHER: Online.
HOMEM: Online.
MULHER: Que raiva.
HOMEM: Quando estávamos offline, era tudo mais fácil. Não estava preocupado com
os likes que recebia.
MULHER: Nem com os comentários.
HOMEM: Nem sequer procurava a secção dos comentários dos meus amigos.
MULHER: Principalmente dos meus colegas. Aqueles que me dizem bom dia…
HOMEM: E a seguir estão a falar mal de mim.
MULHER: Falar de mim, só.
HOMEM: Porque falam de mim?
MULHER: Porque falamos dos outros?
HOMEM: Porque falamos uns dos outros?
MULHER: Não falem de mim.
HOMEM: Não falem de mim.
MULHER e HOMEM: Não falem de mim.
CENA III
(HOMEM e MULHER despem-se. Deixam as suas roupas na mesa de apoio e voltam a
sentar-se nos bancos. Enquanto fazem este percurso gritam as seguintes frases: ADORO
SER FELIZ; UMA PESSOA FELIZ; ESTOU FELIZ; FELICIDADE; FELIZ.)
MULHER: Feliz.
HOMEM: Felicidade.
MULHER: Felicidade.
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HOMEM: Feliz.
MULHER: O que é a felicidade?
HOMEM: O que é ser-se feliz?
MULHER: Ser-se feliz é não sentir tristeza?
HOMEM: Quando estamos tristes é porque não estamos a sentir felicidade?
MULHER: Regemo-nos de ausências?
HOMEM: Sentir é não sentir?
(MULHER levanta-se e dirige-se ao roupeiro)
MULHER: Ausências.
HOMEM: Ausências. (pausa) Apenas falamos daquilo que não temos. Aquilo que temos
não nos faz falta.
MULHER: Já não é novidade.
HOMEM: Sempre procuramos mais.
(MULHER volta para a cadeira com uma camisola. HOMEM levanta-se.)
MULHER: E mais. E mais. Nunca estamos satisfeitos. Olhamos para o lado à procura de
coisas que não temos. Tentamos ouvir aquilo que nos falta. (HOMEM volta. Veste-se.)
Obrigamo-nos a acreditar que temos de preencher vazios que, realmente, não existem.
HOMEM: Nós criamos os nossos próprios vazios.
HOMEM e MULHER: As nossas ausências.
MULHER: Através do que vemos.
HOMEM: Através do que nos dizem.
MULHER: Através do que acreditamos.
MULHER: Como é possível deixar de gostar da única pessoa que está desde o primeiro
até ao último dia connosco? Chegar ao ponto de olhar para ela e não gostar do que
estamos a ver? A pessoa que sempre estará connosco. A pessoa responsável pelas
nossas escolhas, o nosso destino, a nossa vida. Nós.
HOMEM: Eu.
MULHER: Não gostar de nós devia ser proibido.
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HOMEM: Principalmente por razões originadas por outros. Todos os comentários.
Troças.
MULHER: Piadas.
HOMEM: Desrespeito.
MULHER: Violência.
HOMEM: Devíamos gostar de nós. Porque é que é tão difícil fazê-lo?
(Depois de terem desarrumado o roupeiro por pura frustração, voltam para ao seus
bancos e gritam as seguintes frases: SINTO-ME MAL; DESILUSÃO; INCÓMODO; NOJO;
REPULSA.)
HOMEM: A satisfação de quem destrói a nossa imagem será assim tanta? O que ganham
com isso?
MULHER: Ou estarão mais deploráveis que nós? Quais serão as razões?
HOMEM: Qual força os leva a fazer tal maldade?
MULHER: Não sei o que eles pensam, mas sei que já não olho para mim da mesma
maneira.
(À medida que vão enumerando imperfeições, a luz desvanece até ficar blackout nas
duas últimas falas.)
HOMEM: A minha cara é feia.
MULHER: Os meus braços grandes.
HOMEM: Tenho mais barriga que peito.
MULHER: As minhas coxas gordas.
HOMEM: O meu cabelo desgrenhado.
MULHER: Os meus olhos pequenos.
HOMEM: Os meus dentes tortos.
MULHER: As minhas mãos pequenas.
HOMEM: As minhas orelhas esquisitas.
MULHER: As minhas unhas descuidadas.
CENA IV
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(HOMEM sozinho. Sem roupa. Várias peças espalhadas em volta do seu banco.)
HOMEM: Já não sei o que hei de fazer para me agradar. A roupa não funciona. Tentar
dar um jeito à cara idem. O meu cabelo nem com um milagre. Resta-me olhar e não
gostar. Aceitar que sou mais uma pessoa que não gosta de mim. Na escola sempre fui
esquecido. No trabalho não me valorizam. Em casa o apoio é falso. O que raio estou a
fazer aqui? Qual é o propósito? Magoar-me? Feito.
(Dirige-se para o banco de MULHER. Senta-se.)
HOMEM: Sempre fui visto como um pedaço de carne pronto a ser usado. Usado. Usado.
Reusado. Sei lá quantas vezes. (pede, desesperado) Não me usem. Não sou digno de me
dar a conhecer primeiro? Como nos contos de fadas. Ver a pessoa. Apaixonar-me à
primeira vista. Ter vergonha. Aproximarmo-nos aos poucos. Ambos dizemos um olá
tímido. Sem segundas intenções. Sem imaginar a pessoa sem roupa. Na minha cama. Na
cama dela. Não reparar nas imperfeições. Não perder o interesse. Apenas conhecer.
Pelo que sou. (MULHER entra pela direta baixa. Aproxima-se dele devagar.) Não pelo
que tenho. Nem pelo que aparento. Pelo que sou. Só queria que soubessem aquilo que
sou. Aquilo que sou. Não a imagem que têm de mim. É possível morrermos de solidão?
Sinto-me sozinho. Cada vez mais sozinho.
(HOMEM levanta-se e MULHER agarra o vazio, acabando por cair no banco. Olha para
o espelho.)
MULHER: Eu gosto de ti. Não tenho forças para desformatar a tua cabeça. Mas gosto de
ti. Confia em mim. És o único que não gosta de ti. Confia em mim. Não te quero magoar.
Confia em mim. Mostrar-te-ei o mundo como realmente ele é. Confia em mim. Gosto
de ti. Confia em mim. Não sou como os outros. Confia em mim. Gosto de ti.
(HOMEM aproxima-se dela e tenta alcançá-la, mas ela sai, deixando-o cair no banco.)
HOMEM: Fui enganado. Mais uma vez. Eu sei que não se deve confiar em humanos, mas
faço sempre a mesma coisa. Não confiar. Confiar. Criar expectativas. Magoar-me.
Afundar-me. Sou burro. Muito burro. (atira o banco) Será que tenho culpa? Estamos
rodeados do mesmo. Somos todos o mesmo. Somos feitos do mesmo. Como é possível
sermos tão diferentes? Alguns tão respeitadores e outros não? Uns amáveis e outros
sem escrúpulos? Uns capazes de matar e outros não? Afinal, que espécie é esta? Estou
farto. Sinto-me sozinho. Cada vez mais sozinho. (sai)
(MULHER entra com uma rosa na mão. Quando não o vê, larga a rosa e procura-o.)
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MULHER: Onde estás? Onde estás? Onde estás?
(Dirige-se ao banco dele que se encontra sem luz e pega numas calças e numa camisola.
Veste-as.)
MULHER: Eu gosto de ti.
(Blackout)
ATO II
(MULHER encontra-se sentada na boca de cena. Atrás de si, o banco da esquerda
encontra-se sem luz e com os espelhos virados ao contrário. No banco, encontra-se a
rosa da última cena. À direita, encontra-se um foco de luz no banco. Ao fundo está vazio.)
MULHER: Quando nos magoamos, um lado de nós perde-se. Ficamos desorientados sem
saber como seguir em frente. Criámos tantas expectativas neste bicho a que chamamos
homem, que nos esquecemos que ele não foi ensinado para lidar com este tipo de
situações. Falo de sentimentos. Não sabemos o que eles são. Maioritariamente do
tempo nem sabemos o que eles querem dizer. O que eles querem que façamos. Não
conseguimos reagir de forma correta perante eles. Não falo só de amor. Falo de
aceitação, principalmente. Se não nos aceitarmos como realmente somos, nunca
seremos capazes de aceitar pessoas novas na nossa vida sem qualquer complicação.
Devemos aceitar-nos. Devemos amarmo-nos. Esquecer o que dizem de nós. Não ligar
para o que vemos nas redes sociais. Na internet apenas procuramos aquilo que
queremos ver. Também o devemos fazer na nossa vida. (olha para o banco com a rosa)
HOMEM: (em voz-off) Se vocês se sentem bem, lembrem-se que há pessoas à vossa
volta que podem não se sentir. Portanto, tenham cuidado com aquilo que dizem ou
fazem, podem estar a disparar o último gatilho.
(Blackout. Fecham as cortinas.)
FIM
35
Anexos
Doc.1
36
Figura 3 Licença de Representação Modelo 66
Doc.2
37
Figura 4 Formulário de Registo de Promotor Modelo 65 1ª Página
38
Figura 5 Formulário de Registo de Promotor Modelo 65 2ª Página
39