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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

LICENCIATURA DE TEATRO E ARTES PERFORMATIVAS


UNIDADE CURRICULAR: PRODUÇÃO ARTÍSTICA E CULTURAL

PROJETO
Companhia de Teatro Serpanianos

DOCENTE: PEDRO PIRES CABRAL


DISCENTES: MARIA JOSÉ COSTA 67874;
RAFAEL CÉCIO 66279
RITA VAGUEIRO DE OLIVEIRA 67444
SARA CARVALHO 66846
SUSANA ARAÚJO 66192
Índice
1. Caracterização Geral do Projeto ................................................................................ 4
2. Companhia de Teatro ................................................................................................ 4
a. Legalização e finanças ........................................................................................... 4
b. Objetivos da companhia ...................................................................................... 16
c. Calendarização..................................................................................................... 17
d. Espetáculo final ................................................................................................... 18
e. Oficinas de Verão ................................................................................................ 20
f. Workshops ........................................................................................................... 21
3. Marketing e Publicidade.......................................................................................... 24
Conclusão ....................................................................................................................... 25
Referências eletrónicas ................................................................................................... 26
Apêndices ....................................................................................................................... 27
Anexos ............................................................................................................................ 36

Índice de Figuras
Figura 1 Formulário de Inscrição ................................................................................................ 22
Figura 2 Certificado de Participação ........................................................................................... 24
Figura 3 Licença de Representação Modelo 66 .......................................................................... 37
Figura 4 Formulário de Registo de Promotor Modelo 65 1ª Página ........................................... 38
Figura 5 Formulário de Registo de Promotor Modelo 65 2ª Página ........................................... 39

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Introdução
Este trabalho foi proposto no âmbito de concluir a unidade curricular Produção
Artística e Cultural, a pedido pelo docente Pedro Pires Cabral, a partir da elaboração de
um projeto na área artística com total liberdade de escolha de todas as vertentes existentes.

Em contexto de grupo, escolheu-se, unanimemente, fazer o projeto acerca da


criação de uma companhia de teatro residente, hipoteticamente, num dos teatros da cidade
de Matosinhos, Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery.

Portanto, a partir dessa seleção, organizou-se a nossa apresentação do projeto em


três partes: caracterização geral do projeto, caracterização da companhia de teatro e o
marketing e publicidade do mesmo.

Em relação à caracterização geral do projeto, debruçou-se, principalmente, no


objetivo da companhia enquanto difusor de arte e cultura, mas também a vertente
pedagógica que queremos implementar. Para além de ser uma companhia teatral, também
é um meio de formação aos interessados na área.

Seguidamente, sobre a caracterização da companhia de teatro em si, dividiu-se em


seis pontos fulcrais: legalização e finanças, objetivos da companhia em detalhado,
calendarização da programação de todos os eventos, desde o primeiro dia de atividade até
à estreia do primeiro espetáculo em nome próprio, espetáculo final e, por fim, as oficinas
e os workshops.

Por fim, explicou-se as estratégias de marketing e publicidade para que haja


afluência relativamente aos pequenos projetos por nós desenvolvidos para que o início da
companhia seja um sucesso.

Em suma, apresentou-se uma conclusão sobre os aspetos positivos e negativos


acerca da criação de uma companhia, na medida em ser viável ou não viável a construção
da mesma e, não menos importante, o balanço da realização deste trabalho.

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COMPANHIA DE TEATRO SERPANIANOS

1. Caracterização Geral do Projeto


A Companhia de Teatro Serpanianos teve como intuito juntar pessoas amantes da
arte e cultura e a sua vontade de as promover na cidade de Matosinhos. Tendo em conta
a escassez desta partilha entre os artistas e a população da cidade, alienamo-nos ao
emblemático Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery, instituição que existe
desde a geração dos nossos pais e que foi o local de lazer de muitos matosinhenses, para
criar e expandir eventos teatrais a partir desta pequena grande cidade.

O nosso foco enquanto criadores, pode parecer um pouco inusitado ao ler, mas,
na prática, acreditamos ser uma mais valia, é estabelecer uma relação simbiótica entre a
arte e a saúde mental. Defendemos que o teatro teve sempre uma componente pedagógica,
portanto é de extrema relevância instruir a comunidade com este recente alvo de estudo
no mundo da medicina. É um assunto de contacto direto com cada um dos intervenientes
deste projeto e, como tal, queremos chegar a mais pessoas.

No entanto, para além desta parte educativa em específico, queremos, também,


lecionar, aos interessados, áreas inerentes à prática teatral que não é tão explorada, ou
conhecida, pelos demais, e é sempre uma mais valia ter vários profissionais nestes nichos,
como por exemplo: maquilhadores especialistas em artes cénicas e efeitos especiais e
criadores de máscaras com fins teatrais – com o objetivo de dar certificados qualificados
de aprendizagem e, também, acolher os discentes para os nossos projetos. Não obstante,
também disponibilizamos Oficinas na altura das interrupções letivas mais vocacionadas
para as crianças relativas a interpretação e voz.

2. Companhia de Teatro
a. Legalização e finanças

Legalização

Em termos de estrutura jurídica, classificamo-nos como Associação sem fins


lucrativos, tornando-nos uma pessoa coletiva com objetivos altruístas no
desenvolvimento dos seus projetos, ou seja, o foco é fazê-lo para a comunidade,
principalmente.

O facto de uma associação não ter fins lucrativos não impede de procurar gerar
ganhos no exercício da sua atividade, só que estes não podem ser o seu objetivo principal,

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nem podem, em caso algum, ser distribuídos pelos associados, revertendo sempre a favor
da associação. Sendo assim, as receitas geradas serão sempre aproveitadas para projetos
posteriores.

Tendo em consideração que 75% dos membros integrantes da associação têm


idade inferior a 30 anos, decidimos registarmo-nos no Registo Nacional de Associações
Juvenis (RNAJ), para que fossemos considerados uma Associação Juvenil e pudéssemos
ser beneficiados por apoios do Instituto Português da Juventude, no âmbito do Programa
de Apoio às Associações Juvenis (PAAJ).

Relativamente à estruturação dos estatutos da Companhia de Teatro Serpanianos,


dividimos pelos seguintes órgãos:

Rita
Oliveira
Presidente

Rafael
Cécio
Vice-Presidente

Susana Maria José


Araújo Costa
Tesoureira Secretária

Organograma 1 Direção Geral

Rita
Oliveira
Presidente

Sara
Carvalho
Vice presidente

Maria José
Costa
Secretária
Organograma 2 Assembleia Geral

5
Susana
Araújo
Presidente

Rafael Maria José Sara


Cécio Costa Carvalho
Primeira Vogal Segunda Vogal Terceiro Vogal

Organograma 3 Conselho Fiscal

Apresentando os membros oficiais de cada órgão, é importante referir, de seguida,


o pagamento de impostos que se aplique à nossa situação.

De facto, o único imposto que é referente a associações é o IRC – Imposto sob os


Rendimento de Pessoas Coletivas. Para se perceber o que é este imposto, este incide sobre
os rendimentos obtidos, mesmo quando provenientes de atos ilícitos, no período de
tributação, pelos respetivos sujeitos passivos. No caso das sociedades comerciais,
cooperativas e outras entidades que exerçam, a título principal, uma atividade de natureza
comercial, industrial ou agrícola, o IRC incide sobre o lucro. No caso de entidades que
não exerçam, a título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou
agrícola (como será em regra, o caso das associações), o IRC incide sobre o rendimento
global, correspondente à soma algébrica dos rendimentos das diversas categorias
consideradas para os efeitos de IRS e, bem assim, dos incrementos patrimoniais obtidos
a título gratuito.

Em relação às pessoas coletivas e outras entidades com sede ou direção efetiva


em território português, o IRC incide sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo
os obtidos fora desse território. As pessoas coletivas e outras entidades que não tenham
sede nem direção efetiva em território português ficam sujeitas a IRC apenas quanto aos
rendimentos nele obtidos.

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Tendo como base as explicações supramencionadas, percebemos, de imediato, que
não se aplicaria à nossa Companhia de Teatro, principalmente por nem obtermos
rendimentos para cada integrante, mas apenas produzir os espetáculos subsequentes.
Portanto, temos em conta que estamos isentos de IRC pelo seguinte fator:

As pessoas coletivas de mera utilidade pública que prossigam, exclusiva ou


predominantemente, fins científicos ou culturais, de caridade, assistência,
beneficência, solidariedade social ou defesa do meio ambiente. Esta isenção carece de
reconhecimento pelo Ministro das Finanças, a requerimento dos interessados,
mediante despacho publicano no Diário da República e é condicionada à observância
continuada dos requisitos previstos na lei. (VV.AA. 2006: pag)

Ainda na competência legal, entramos na vertente dos contratos de prestação de


serviços. Todavia, achamos pertinente explicar a diferença entre contrato de trabalho e
contrato de prestação de serviços.

O elemento distintivo entre o contrato de trabalho e o contrato de prestação de


serviços é a subordinação jurídica do trabalhador à entidade patronal, isto é, o poder que
esta entidade tem de lhe dar ordens, instruções e orientações em sede do trabalho a prestar.
Entre o prestador de serviços e a entidade que o contratou não existe esta subordinação
jurídica.

O prestador de serviços tem liberdade de escolher os meios e os processos a


utilizar no exercício da sua atividade, gozando de autonomia na organização e execução
concreta da mesma. Em princípio, é ele quem escolhe os horários e o local de trabalho, e
o equipamento e materiais que usa são os seus. Fica apenas obrigado a executar um
serviço, nos termos e prazos acordados.

O prestador de serviços tem direito a ser remunerado, em conformidade com o


que tiver sido acordado.

Sobre esta competência, indicamos abaixo a legislação aplicável sobre os direitos


e obrigações de um indivíduo contratado para prestar serviços:

Código do Trabalho – Lei nº 99/2003, de 27.08, objeto de Declaração de retificação nº


15/2003, de 28 de outubro.

Lei nº35/2004, de 29 de julho, que regulamenta a lei nº99/2003, que aprovou o Código
do Trabalho.

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CCT entra a Associação dos Empresários de Espetáculos e outras e o Sindicato dos
Músicos, in Boletim do Trabalho, nº 12, 29 de março de 2000.

Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares.

Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas.

Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado.

Estatuto dos Benefícios Fiscais.

Convenções fiscais em matéria de rendimento e do património (“Convenções para Evitar


a Dupla Tributação”).

Decreto-Lei nº103/30, de 9 de maio, alterado pelos Decreto-Lei nº277/80, de 14 de


agosto, Decreto-Lei nº 275/82, de 15 de julho, Decreto-Lei nº118/84, de 9 de abril,
Decreto-Lei nº285/85, de 22 de julho, Decreto-Lei nº52/88, de 19 de fevereiro, Decreto-
Lei nº64798, de 25 de fevereiro – aprova o regime jurídico das contribuições para a
previdência.

Decreto-Lei nº8-b/2002, de 15 de janeiro – estabelece normas destinadas a assegurar a


inscrição das entidades empregadoras no sistema de solidariedade e segurança social.

Decreto-Lei nº328/93, de 25 de setembro, alterado pelos decreto-Lei nº240/96, de 14 de


dezembro, Decreto-Lei nº397/99, de 13 de outubro, Decreto-Lei nº159/2001, de 18 de
maio, Decreto-Lei nº 176/2003, de 2 de agosto, e pelo Decreto-Lei nº28/2004, de 4 de
fevereiro – aprova o novo regime de segurança social dos trabalhadores independentes.

Decreto Regulamentar nº17/94, de 16 de julho, alterado pelo Decreto Regulamentar


nº6/97, de 10 de abril, e pelo decreto-Lei nº397/99, de 13 de outubro – regulamenta o
regime de segurança social dos trabalhadores independentes.

Decreto-Lei nº 407/82, de 27 de setembro – estabelece o regime base de segurança social


aplicável aos artistas.

Despacho Normativo nº79/83, publicado no DR, I Série, nº81, de 08.04.83 – regulamenta


a atribuição do subsídio de reconversão profissional dos artistas, intérpretes ou
executantes.

Decreto-Lei nº482/99, de 9 de novembro – estabelece as regras de antecipação da idade


de acesso à pensão por velhice dos profissionais de bailado clássico ou contemporâneo.

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Decreto-Lei nº242/2004, de 31 de dezembro – atualiza o valor da retribuição mínima
mensal garantida para 2005.

Decreto-Lei nº 123/84, de 13 de abril – cria a medalha de mérito cultural.

Decreto-Lei nº415/82, de 7 de outubro – define o regime jurídico da concessão de


subsídios através do Fundo de Fomento Cultural a artistas e autores carecidos
economicamente que pela sua obra revelem mérito cultural.

Portanto, com base na explicação anterior, esta associação, assim como as outras
tantas, teremos os integrantes com contrato a termo certo, assim como as pessoas que
contratarmos para colaborarem com os nossos projetos. Neste contrato, consta o
empregador, a Câmara Municipal de Matosinhos, o pagamento feito através de recibos
verdes, o que implica declarar o início de atividade nas Finanças e direito a um seguro de
trabalhador.

O contrato a termo certo dura pelo período acordado, não podendo exceder três
anos, incluindo renovações, nem ser renovado mais de duas vezes. Contudo, decorrido o
período de três anos ou verificado o número máximo de renovações referido, o contrato
pode ser objeto de mais uma renovação desde que a respetiva duração não seja inferior a
um nem superior a três anos. Em certos casos, a duração máxima do contrato a termo
certo, incluindo renovações, não pode exceder 18 meses ou dois anos.

Em relação à declaração de atividade nas Finanças, antes de se iniciar atividade


profissional, deve-se apresentar a respetiva declaração de início num serviço de finanças,
num modelo oficial, no qual deve-se indicar, nomeadamente, a atividade principal e
outras eventuais atividades exercidas.

As atividades exercidas pelos sujeitos passivos do IRS são classificadas, para


efeitos deste imposto, de acordo com a Classificação das Atividades Económicas
Portuguesas por Ramos de Atividade (CAE), do Instituto Nacional de Estatística, ou de
acordo com os códigos mencionados em tabela de atividades aprovada por portaria do
Ministro das Finanças. Nesta lista figuram, sob a epígrafe “Artistas plásticos e
assimilados, atores e músicas”, os seguintes: 2010 – Artistas de teatro, bailado, cinema,
rádio e televisão; 2011 – Artistas de circo; 2019 – cantores; 2012 – escultores; 2013 –
músicos; 2014 – pintores; 2015 – outros artistas.

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Os intérpretes (atores, bailarinos, figurantes e músicos) deverão inscrever-se na
categoria 2010 e 2013, respetivamente. A categoria 2015 – Outros artistas é uma categoria
residual e abrangerá não só os cenógrafos, figurinistas e aderecistas, mas também a maior
parte dos restantes criativos, como encenadores, compositores e desenhadores de luzes.

Para além da parte legal da criação da associação, também temos de ter em conta
que não se pode apenas realizar um espetáculo. Este acarreta uma série de licenças que
temos de obter enquanto Companhia para que esteja legalizada. Sobre estes eventos, o
órgão do estado que está responsável por diversas componentes é o IGAC – Inspeção-
Geral de Atividades Culturais.

Realmente, o IGAC é um serviço dotado de autonomia administrativa na dependência


do Ministro da Cultura, que tem por objetivos:

1. Assegurar o cumprimento da legislação da área da cultura, nomeadamente através


da divulgação de normas e da realização de ações de verificação e de inspeção;
2. Assegurar o cumprimento da legislação sobre espetáculos e licenciamento de
recintos que tenham por finalidade principal a atividade artística, nomeadamente
através da divulgação de normas e da realização de ações de verificação e de
inspeção;
3. Superintender no exercício das atividades de importação, fabrico, produção,
edição, distribuição e exportação de fonogramas, bem como de edição,
reprodução, distribuição, venda, aluguer ou troca de videogramas;
4. A proteção dos direitos de autor e direitos conexos em território nacional;
5. A inspeção superior e auditoria junto dos órgãos, serviços e demais instituições
dependentes ou tutelados pelo Ministro da Cultura.

A Inspeção-Geral das Atividades Culturais (Serviços Centrais) funciona, em Lisboa,


no Palácio Foz, Praça dos Restauradores. O serviço regional do Porto está instalado na
Praça D. João I, nº25, 8ºC. A IGAC mantém delegados em todos os municípios do
continente, que funcionam nas Câmaras Municipais, embora as sedes de distrito estes
delegados funcionem nos governos civis.

Sobre este órgão responsável, indicamos abaixo a legislação aplicável sobre as


suas competências:

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Decreto-Lei nº 315/95, de 18 de novembro, alterado pelo Decreto-Lei nº309/2002, de 16
de dezembro – regula a instalação e funcionamento dos recintos de espetáculos e
divertimentos públicos e estabelece o regime jurídico dos espetáculos de natureza
artística.

Decreto-Lei nº 396/82, de 21 de setembro, alterado pelo Decreto-Lei nº116/83, de 24 de


fevereito, e Decreto-Lei nº456/85, de 29 de outubro – estabelece normas quanto à
definição legal sobre classificação de espetáculos.

Portaria 245/82, de 3 de março – estabelece os critérios gerais a serem utilizados na


classificação dos espetáculos.

Decreto-Lei nº80/97, de 8 de abril – aprova a orgânica da Inspeção-Geral das Atividades


Culturais.

Para podermos apresentar um espetáculo, quer da nossa autoria ou adaptação,


temos dter em nossa posse uma licença de representação.

Os espetáculos de natureza artística só podem ser anunciados ou realizados após


a emissão, pela IGAC, da licença de representação. Esta licença destina-se a garantir a
tutela dos direitos de autor e conexos devidos pela representação ou execução, bem como
a assegurar o registo do promotor e a classificação do espetáculo.

Nos termos da lei, são considerados de natureza artística, nomeadamente, o canto,


a dança, a música, o teatro, a literatura, o cinema, a tauromaquia e o circo.

O requerimento de licença de representação deve ser apresentado em impresso de


modelo próprio (MOD 66 IGAC) e indicar, nomeadamente, o programa de espetáculo e
a sua classificação etária, o número de sessões do espetáculo, o dia, hora e local da sua
realização, o promotor do espetáculo, e a autorização dos detentores do direito de autor e
conexos ou dos seus representantes.

A licença deve ser requerida antes de o espetáculo ser anunciado e será válida para
o número de dias ou de sessão para os quais foi concedida.

Depois do requerimento desta licença, também temos de pedir a classificação do


espetáculo à IGAC, por requerimento, acompanhado do texto da peça a representar, em
português, e com indicação, nomeadamente, do local de apresentação, da data de estreia
e da data do ensaio. Só após o visionamento do espetáculo por parte da Comissão de

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Classificação de Espetáculos será atribuída a respetiva classificação que é indispensável
para a obtenção da Licença de Representação.

No entanto, na prática, o promotor deve enviar o testo da peça, no caso de se tratar


de teatro, acompanhado de uma carta onde indica a classificação etária que o mesmo
considera adequada. Só em caso de dúvida após a leitura do texto é que a Comissão de
Classificação marca o visionamento do espetáculo. Caso contrário, aceita a classificação
proposta pelo promotor – afinal, alargou-se a Lisboa e ao Porto o que se fazia desde há
algum tempo em relação ao resto do país.

De acordo com a definição da IGAC, entende-se por promotor:

qualquer entidade, singular ou coletiva, que promova espetáculos de natureza artística,


financiando a sua produção e assumindo as responsabilidades inerentes à realização
dos mesmos, bem como as entidades que exercem várias atividades relacionadas com
filmes, videogramas e fonogramas.

Os promotores de espetáculos de natureza artística devem, no prazo de cinco dias


sobre a data do início da atividade, registar-se no IGAC. O pedido de registo deve ser
efetuado mediante a apresentação de impresso de modelo próprio (Mod.65 IGAC),
acompanhado de documento de comprovativo da declaração de início de atividade, e de
fotocópia do cartão de identificação de pessoa coletiva ou equiparada.

O registo é válido por três anos. Por cada registo e suas renovações são devidas as
taxas de montante fixado pela portaria do membro do Governo responsável pela área da
cultura.

Abaixo, deixamos a legislação aplicável referente aos promotores:

Estatuto de Mecenato: aprovado pelo Decreto-Lei nº17/99, de 16 de março, alterado pela


Lei nº 160/99, de 14 de setembro; Lei nº 176-A799, de 30 de dezembro; Lei nº3-B/2000,
de 4 de abril; Lei nº 30-C/2000, de 29 de dezembro; Lei nº30-G/2000, de 29 de dezembro;
Lei nº109-B/2001, de 27 de dezembro; Lei nº107-B/2003, de 21 de dezembro; Lei nº
26/2004, de 8 de julho.

Despacho Conjunto nº 286/97, de 3 de setembro – define orientações destinadas aos


serviços que deverão instruir ou colaborar na instrução dos pedidos de reconhecimento
do superior interesse social.

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Circular nº2/2004, de 20 de janeiro de 2004, da DSIRC (Tratamento Fiscal dos
Donativos).

Em termos de cooperação com o IGAC, após a obtenção das licenças e registo de


promotor, é de ressalvar existem regras para divulgar o espetáculo. Nos espetáculos de
natureza artística é obrigatória a afixação, em local bem visível, dos originais ou
fotocópias do alvará da licença de recinto, da cópia da licença de representação, da lotação
do recinto e ainda da classificação do espetáculo.

Todos os espetáculos onde haja entradas pagas ou seja exigida qualquer outra
forma de pagamento, ainda que indireta, devem ser anunciados por meio de cartazes
afixados na entrada principal do recinto, contendo o programa do espetáculo e a sua
classificação etária, o número de sessões do espetáculo e o dia, hora e local da sua
realização, o promotor do espetáculo, e a autorização dos detentores do direito de autor e
conexos ou dos seus representantes.

Junto das bilheteiras serão sempre afixados de forma bem visível o preço dos
bilhetes, a planta do recinto e, quando houver lugares numerados, a indicação das diversas
categorias e números. Esgotados os bilhetes será afixada, junto das bilheteiras, a indicação
de “lotação esgotada”.

Dos bilhetes de ingresso em espetáculos deve constar a indicação do preço, do


recinto onde aqueles se realizem, do dia e da hora do espetáculo e, havendo numeração
de lugares, o correspondente a cada bilhete.

Não é permitido vender bilhetes para além da lotação atribuída ao recinto.

O promotor do espetáculo é obrigado a restituir aos espetadores que o exigirem a


importância das respetivas entradas sempre que não puder efetuar-se o espetáculo no
local, na data e hora marcados, se houver substituição do programa ou de artistas
principais, ou no caso de o espetáculo ser interrompido. Nestes dois últimos casos, a
restituição não será devida se a substituição ou interrupção resultarem de caso de força
maior ocorrido após o início do espetáculo.

Os bilhetes podem ser vendidos também noutros locais que não o recinto onde irá
decorrer o espetáculo. A venda de bilhetes para espetáculos em agências ou postos de
venda está sujeita à obtenção de licença, a emitir pela Câmara Municipal competente. A
licença é intransmissível e tem validade anual. As agências ou postos de venda não podem

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funcionar a menos de 100 metros das bilheteiras de qualquer casa ou recinto de
espetáculos.

Nas agências e postos de venda é proibido cobrar quantia superior em 10% à do


preço de venda ao público dos bilhetes, ou em 20%, no caso de entrega ao domicílio. É,
ainda, proibido fazer propaganda em viva voz em qualquer lugar e por qualquer meio,
dentro de um raio de 100m em torno das bilheteiras, bem como recusar a venda de
qualquer bilhete em seu poder.

Os bilhetes de ingresso em espetáculos estão sujeitos a IVA (à taxa de 5%). Porque


são também um documento contabilístico – uma venda a dinheiro, os bilhetes devem
conter a informação legal e fiscal do promotor do espetáculo ou do dono do recinto –
nomeadamente o seu nome legal e o seu número de contribuinte. O bilhete deverá ser
numerado de forma não manual.

Por fim, tendo por vista colaborar com iniciativas por parte da Câmara Municipal
de eventos de rua, é importante ter o conhecimento de que, se não estivéssemos num caso
em que trabalhasse com a Câmara da cidade, a autorização para a realização de
espetáculos e outras ocupações de carácter cultural na via pública é da competência das
câmaras municipais, portanto teríamos de apresentar o projeto ao Vereador da Cultura
para que nos autorizasse a fazê-lo no local em questão.

Assim funciona nas igrejas, a autorização tem de ser solicitada às Dioceses, por
requerimento escrito dirigido ao Vigário Geral, contendo, em anexo, nomeadamente, o
programa e o parecer do pároco da respetiva igreja.

Finanças

Após a legalização dos espetáculos e eventos a realizar, é necessário perceber se


existem fundos monetários para a realização da mesma. Simulamos o pedido aceite de
apoio pela parte da DGArtes e a respetiva quantia, assim como da parte da Câmara
Municipal.

Na tabela 1 podemos observar as receitas que obtivemos por parte dos apoios e
atividades complementares e os seus respetivos valores. No que respeita aos apoios,
podemos observar a DGArtes com a contribuição de 50000€ seguida da Câmara
Municipal de Matosinhos com a contribuição com o mesmo montante. Posteriormente,
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430€ advêm da venda de bilhetes, 80 bilhetes para adultos vendidos a 5€ e 10 bilhetes
para crianças vendidos a 3€. Workshops em junho e julho cujo total foi de 1800€, 600€
no mês de junho e 1200€ de julho. Na sua totalidade, os valores relativos às receitas
somam o montante de 12230€, a serem utilizados pela companhia.

Receitas Valores (€)

DGArtes 5000
Câmara
Municipal de 5000
Matosinhos
Bilhetes 430

Workshops 1800

Total 12 230
Tabela 1 Receitas

Já na tabela 2, podemos verificar as despesas que tivemos em relação às taxas


pagas à IGAC, 252,80€, ao seguro de trabalho, 200€, que convergiu de 40€ por cada
colaborador (tendo em conta que não foi contratado ninguém). Depois, pode-se ver os
custos do espetáculo. Tendo em conta que o cenário foi, maioritariamente, elementos
emprestados pelos integrantes da companhia, apenas tem o gasto de 296€, e de figurinos,
10€, porque foi só preciso adquirir peças específicas e as restantes também foram cedidas
por elementos da equipa. Com os workshops, fizemos o investimento de 120€. Por fim,
mas não menos importante, para o Marketing e Publicidade da nossa atividade,
investimos 1400€. Na sua totalidade, a quantia de despesas por parte da nossa associação
soma o montante de 2 278,80€.

Despesas Valores(€)

Taxas 252,80
Seguro 200
Cenário 296
Figurinos 10
Marketing e
1 400
Publicidade
Workshops 120
Total 2 278,80
Tabela 2 Despesas

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Tendo em conta os valores acima referidos (tabela 4 e 5), os totais encontram-se
apresentados com as nomenclaturas de receitas e despesas, podemos constatar que as
receitas, 12 230€, excedem as despesas gerais da Companhia, 2 278,80€, o que culmina
num saldo positivo 9 951,20€ para serem usados em eventos posteriores.

Totais Valores(€)

Receitas 12 230

Despesas 2 278,80

Total Geral 9 951,20

Tabela 3 Balanço Final

b. Objetivos da companhia
Como referido na breve introdução da companhia, o nosso objetivo principal é
criar espetáculos teatrais com cariz pedagógico e apresentá-los em Matosinhos,
principalmente, e noutros pontos do distrito do Porto. As nossas peças irão sempre
abordar as doenças mentais, independentemente de se tratarem de criações de raiz como
adaptações de textos já existentes.

Tendo como ponto de partida esta inovação, acreditamos que podemos trazer um
novo público: os adolescentes. De facto, nestes últimos anos a saúde mental começou a
ser uma preocupação nesta faixa etária e, normalmente, estes indivíduos não têm à
vontade para conversarem com alguém que os compreenda. Alguns decidem pedir ajuda
e começam terapias com profissionais especializados, contudo, é de relevar que a arte
também pode funcionar de modo terapêutico, indiretamente. Em vez de estarem isolados
nas suas casas, podem começar por dar estes pequenos passos em ir ao teatro, por
exemplo.

Com esta iniciativa por parte do público jovem, pode ser uma mais valia para nós
enquanto companhia. Para além de ajudarmos a nossa comunidade, podemos ser o
caminho para que eles encontrem a sua estabilidade, novamente.

Portanto, temos como objetivo principal a pedagogia e a interajuda.

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De seguida, e não menos importante, não nos queremos cingir apenas na criação
e promoção de espetáculos de nossa autoria. Temos a necessidade de partilhar o nosso
conhecimento ao público em geral e interessado. Por isso, teremos, na nossa equipa,
formadores qualificados na área artística que estarão a dirigir, ao longo do ano, vários
cursos com possibilidade de abarcar várias turmas.

Iremos dar a oportunidade de as crianças terem umas horas nas suas interrupções
letivas e aprenderem algo novo. Temos o intuito de organizar Oficinas de Natal, Páscoa
e Verão focadas na interpretação teatral. Por outro lado, durante o verão, queremos
produzir workshops ligados aos efeitos especiais e maquilhagem, mas para todas as faixas
etárias: crianças, adolescentes e adultos. Cada workshop com o seu grau de dificuldade e
adaptado às capacidades de cada um dos grupos.

Para além de criações em nome próprio, tanto de espetáculos como oficinas e


masterclasses, também estaremos disponíveis para fazer colaborações com centros de dia,
lares de idosos e ATLs, sem fins lucrativos, de modo a alegrar um pouco a vida à
comunidade que, às vezes, apenas necessita de umas horas da sua manhã ou tarde para se
abstrair dos seus problemas e, tendo em conta uma das principais premissas que nos faz
querer levar o projeto a bom porto, faz todo o sentindo intervirmos neste aspeto.

Ainda sobre o parágrafo acima, como somos uma companhia residente de um


estabelecimento municipal, também estaremos ao serviço da Câmara Municipal de
Matosinhos para qualquer projeto que seja do interesse cultural e que nos represente
enquanto artistas.

c. Calendarização

Fases Descrição Datas


Apresentação do Projeto
à Câmara Municipal de
Matosinhos
Registo de Associação
sem fins lucrativos no
RNAJ.
1ª: Criação da Associação Requerimento de apoios
“Companhia de Teatro financeiros.
Janeiro a Junho de
Serpanianos” Requerimento de 2020
Licenças.
Registo de Promotor no
IGAC.

17
Criação do site e de redes
sociais.
Publicidade à 1ª Oficina
de Verão.

Fases Descrição Datas


Início de Atividade 1 de junho de 2020
1 de junho a 24 de
Ensaios Espelho/Reflexo setembro de 2020,
conciliando com os
projetos.
Publicidade aos
Workshops de 11 de junho.
Caracterização.
Organização das
inscrições para a Oficina
de Verão.
2ª: Atividade Oficina de Verão. 15 de junho de 2020 a
26 de junho de 2020.
Organização das
inscrições para os
Workshops.
Publicidade à Oficina de 3 de julho de 2020.
Verão.
Workshops de 4 e 5, 11 e 12, 18 e 19,
Caracterização. 25 e 26 de julho de
2020 (fins-de-semana).
Oficina de Verão. 4 e 6, 11 e 13, 18 e 20,
25 e 27 de agosto de
2020 (terças e quintas).
Publicidade do 1 de setembro
Espetáculo
Espetáculo Final. 25 de setembro de 2020
às 21h30.

d. Espetáculo final
O que vês? O que sentes? Gostas do que vês? Porquê? Será que sou o único
que vê isto? O que os outros veem? O que vejo? O que sinto? Gosto do que
vejo? Porquê? Será que sou o único que vejo isto? O que os outros veem?
Espelho/Reflexo, uma dissertação em forma de peça sobre aquilo que vemos,
sentimos e somos.

O nosso espetáculo de estreia enquanto Companhia residente, é da autoria da


diretora artística da companhia. Achamos pertinente o facto de apresentarmos uma peça
original logo no primeiro contacto para que fosse possível mostrar aquilo que sabemos
realmente fazer: arte.

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A peça chama-se Espelho/Reflexo. Tem como ambiente dois quartos em simbiose,
de um Homem e uma Mulher que, no decorrer da longa conversa deles, percebe-se que
são a mesma pessoa, uma entidade, que se debate sobre si mesma. Iniciam a contracena
nus, e, de seguida, vão-se arranjar como fazem todas as manhãs, mas sem deixar de lançar
questões pertinentes para o ar. Aliás, o objetivo deles se questionarem sobre certos temas
íntimos, principalmente do foro psicológico, é para fazer o público refletir sobre esses
mesmos assuntos.

O nome do espetáculo tem um propósito físico: espelhos. Cada personagem tem,


ao seu dispor, três espelhos verticais em leque, que serão, a maior parte do tempo, o seu
objeto cénico de maior contacto. Apesar de cada um acabar as deixas do outro, eles
estarão a falar à frente do espelho, assim, o que o público irá realmente ver é o reflexo.
Admite-se por esta estratégia ser mais impactante para o espectador ver o reflexo do ator
do que ele à sua frente na medida em que pode remeter-se à sua própria imagem de manhã.
Com certeza que cada um de nós se olha ao espelho, pelo menos, uma vez por dia e, se
não se debate sobre certas perguntas pessoais, poderá começá-lo a fazer a partir da
observação deste espetáculo.

De facto, pode ser desafiante e desconfortável ser obrigado a ouvir pensamentos


que, imediatamente, influencie a transposição para a própria pele. Todavia, é o primeiro
exercício que se deve fazer quando estamos a ultrapassar algum tipo de desequilíbrio
mental – na medida do possível, claro. Portanto, o objetivo do espetáculo é simples:
depois de a ver, cada espectador tirar um tempo para refletir sobre si mesmo.

À parte da explicação do espetáculo em si, é também pertinente detalhar que


elementos cénicos e técnicos o espetáculo contém.

• Elementos cénicos:

6 Espelhos

2 Bancos ou Cadeiras

1 Roupeiro

1 Mesa de Apoio

2 Cestos de Roupa

1 Rosa de Plástico

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• Figurinos

Top e Biker Shorts “segunda pele”

Lingerie e Boxers

Roupa Casual

• Elementos técnicos

Cortina de Tule Opaca

Em termos de luminotecnia e sonoplastia, o espetáculo segue uma linha muito


minimalista, de modo a criar o desconforto de entrar no mundo íntimo. Não há qualquer
tipo de som para além da voz dos atores. Relativamente ao uso da luz, íamos jogar com
luz geral em algumas situações e alguns focos de luz específicos em cada cena, todos na
cor branca, a diferença apenas residia nas diferentes intensidades consoante o ambiente
pretendido.

e. Oficinas de Verão
As Oficinas de Verão têm como público-alvo as crianças, com idades
compreendidas entre os 6 e os 10, com finalidade de terem formação em interpretação e
voz nas suas interrupções letivas.

Temos como objetivo promover a criatividade, capacidade e sensibilidade


artística; auxiliar no desenvolvimento do "eu" singular e social; potencializar a
desinibição e o desenvolvimento do pensamento autónomo; consciencializar e alertar para
problemáticas sociais, adequadas à faixa etária, cuidadosamente abordadas com a mesma.

Para atingir esta finalidade, os nossos formadores terão que utilizar uma
metodologia que apresente, da melhor forma possível, os seguintes pontos:

• Exercícios de Expressão
• Exercícios que potenciam a desinibição, a capacidade criativa e de
• improviso.
• Desenvolver a capacidade de representação e, acima de tudo, do
pensamento crítico relativamente ao texto representado e à mensagem, de
cariz social, passada.
Tendo em conta que a Oficina em junho é de menor duração que a Oficina de
Verão calendarizada para agosto, a estratégia para o primeiro evento tem de ser ajustada

20
para ser uma abordagem mais concisa, direta, mas igualmente interessante – ou talvez
mais, para que os formandos gostem tanto da experiência que os faça voltar para a
segunda oficina.
f. Workshops
Montar um workshop exige muito planeamento e organização, afinal de contas,
este tipo de evento conta com algumas particularidades e pode necessitar de itens
especiais para ser realizado. Tudo irá depender do tema do workshop e das atividades
planeadas para o evento. A seguir, encontra-se todos os itens e aspetos que se precisa
estar atento ao organizar um workshop:

O primeiro passo para realizar um workshop é a definição do plano de ensino, ou


seja, a estruturação dos temas, subtemas e das atividades que serão abordadas ao longo
do evento. Para isso, é preciso considerar os seguintes pontos:

• Qual é o tema principal do workshop? R: Caracterizações.


• Quais assuntos devem ser abordados dentro desse tema? R: Como
realizar e ensinar a fazer caracterizações.
• O curso será para iniciantes ou os participantes já devem ter algum
conhecimento prévio? R: É para quem quiser participar, com ou sem experiência.
• Quais atividades devem ser desenvolvidas pelos participantes? R:
Caracterização de uma personagem, envelhecimento, pinturas faciais, ferimentos
e hematomas.
• Quais materiais e recursos serão necessários? R: Internet.
• Os participantes precisam levar algum material para participar das
atividades? R: Apenas pedimos para que levem pincéis e esponjas, de resto,
disponibilizamos.

É preciso recordar de que, todos os aspetos do plano de ensino do workshop devem


ser informados com clareza ao público. Isso ajudará a trazer o público certo para o evento
e evitará que os participantes cheguem no workshop sem preparo ou esperando que outros
assuntos sejam abordados.

Todas as questões da estrutura do evento dependem, inicialmente, do número de


participantes e das atividades a serem desenvolvidas. Estes pontos irão direcionar a
decisão de itens como:

21
• Espaço do evento e de mesas e cadeiras. R: Será dentro da nossa
Associação, organizado por nós, juntamente com a Câmara Municipal.
• Kit com materiais para os participantes.
• Agenda do evento. R: Seria realizado em julho, aos sábados e domingos.
Durante os sábados de manhã seriam 2 horas de workshop para as crianças,
sábados à tarde seriam 4 horas para os adolescentes e aos domingos à tarde seriam
6 horas para os adultos.
• Controle de entrada e credenciamento. R: Teríamos uma lista das
pessoas inscritas para o workshop e verificávamos na entrada.

Independentemente da natureza do workshop, cada interessado teria de preencher


o seguinte formulário de inscrição para que ficássemos com a lista dos formandos para
que, posteriormente, ser possível confirmar as turmas a formar. Abaixo encontra-se o
protótipo desse formulário.

Figura 1 Formulário de Inscrição

Para assegurar todos os itens necessários para o workshop, o ideal é manter o


controle do evento com um checklist. Assim, acompanha-se todos os detalhes e evita-se
que algum imprevisto aconteça em cima da hora. Também é preciso oferecer um
momento de descontração em que os alunos possam se conhecer, trocar experiências.

22
Depois de definir o plano de ensino do workshop, pensar nas atividades a serem
realizadas e organizar os itens necessários para a estrutura do evento, é necessário planear
a divulgação.

O principal objetivo da divulgação é convencer o público-alvo a participar do


evento. Para isso, é preciso conhecê-lo bem, traçando um perfil completo com foco nos
seus interesses e necessidades. Se o público do evento for pessoas de 35 a 45 anos, por
exemplo, divulgá-lo para jovens de 20 a 25 anos será desperdício de tempo e dinheiro.
Por isso, é preciso ter em mente quem é preciso alcançar antes de iniciar qualquer ação
de divulgação.

Pode-se divulgar o workshop através:

• Das principais redes sociais


• Dos canais tradicionais de comunicação, como revistas e jornais
• Por e-mail para parceiros, clientes e participantes de outros workshops que
você já tenha realizado
• De distribuição de materiais de divulgação em faculdades, universidades e
instituições relacionadas ao tema do workshop

Não é para esquecer também de informar todos os detalhes do workshop nos


materiais, desde a data e horário do evento até o nome dos especialistas que conduzirão
o trabalho.

Na hora de iniciar a venda de inscrições para o workshop, é preciso fazer tudo de


forma simples e organizada, facilitando o acesso do público ao evento.

23
Em geral, a maioria dos workshops contam com a emissão de certificados aos
participantes ao final do evento. Isso porque, como o objetivo deste tipo de evento é o
aprendizado, é importante que os alunos tenham uma forma de comprovar os
Conhecimentos ou a especialização adquirida. Fizemos um protótipo de como seria o
nosso certificado e disponibilizamo-lo abaixo.

3. Marketing e Publicidade
De modo a difundir o nosso trabalho e início de atividade, pesquisamos os vários
métodos de publicidade que deveríamos adquirir enquanto associação.

Primeiramente, enquanto grupo, concordamos que seria indispensável a criação


de um Figura 2 Certificado de Participação site
da Companhia de Teatro Serpanianos, em que se focasse no registo dos nossos projetos
e, consequentemente, plataforma de exposição e inscrição para as nossas oficinas e
workshops, mas também como um bilhete de identidade do projeto. Portanto, tentamos
falamos com alguns designers de comunicação para que nos esclarecessem os tipos de
orçamentos para a elaboração e manutenção da página online.

Depois, visto como estamos na era do digital, as redes sociais seriam as nossas
aliadas, principalmente o instagram que é, atualmente, a rede mais usada para divulgação
de negócios. Dentro desta vertente, achamos conveniente criarmos alguns vídeos, com
profissionais do audiovisual, para partilharmos a componente visual de quem somos e o
que andamos a desenvolver ao público. No entanto, a manutenção dessas contas seria
feita pela dirigente do departamento de Marketing e Publicidade, não sendo preciso
contratar alguém específico do ramo.

24
Todavia, analisando os residentes da cidade, vimos que a grande população tem a
idade compreendida no intervalo 25-64 anos e, de seguida, os maiores de 65 anos. Então,
com o objetivo de incluirmos o maior número de pessoas e de diversificadas faixas etárias,
achamos pertinente pesquisar os orçamentos de publicidade praticados pelas rádios,
jornais e televisão. Apesar de termos um público-alvo, não queremos descartar o restante
público.

Assim sendo, considerando todas as explicações dadas, apresentamos, abaixo, os


orçamentos obtidos pelas variadas vertentes de publicidade e difusão:

Criação de um blog/site

• Criação (1000€)
• 1 vídeo de 30 segundos por mês no site: 350€

Anúncio no Jornal (ex: Voz de Trás-os-Montes)

• ½ página: 360€ preto e branco / 540€ cores


• 1 página: 700€ preto e branco/1000€ cores

Anúncio na rádio (20 segundos)

• 2ª a 6ª - Tarde (350€)/vez
- Depois das 21h (100€)/vez
• Fim de semana - Tarde (150€)/vez
- Depois das 21h (50€)/vez

Anúncio na televisão

• 20000€ em horário nobre


• 500€ horário menos visualizado

De todo o tipo de publicidade o menos rentável é o anúncio televisivo, sendo assim


excluído. Todos os outros tipos de publicidade são possíveis de ser utilizados.

Conclusão
Em suma, este trabalho deu-nos oportunidade de obter a visão e o sentido crítico
perante o mundo de trabalho independente no setor artístico. Considerando os resultados
obtidos no esqueleto deste projeto, a criação desta Associação é viável. Contudo, como

25
trabalhamos com valores hipotéticos, apoios que consideramos, à partida, que nos fossem
cedidos, tais como a residência no Teatro Municipal, o que nos retirava os custos de um
aluguer de espaço, tendo, assim, uma parceria com a Câmara Municipal, isto gere, por
fim, inseguranças e incertezas. De facto, com estes pormenores, na teoria é possível a
concretização desta Associação, na prática, dependeria da obtenção destes apoios e,
principalmente, da sorte.

Em relação à realização deste trabalho de grupo, o balanço foi extremamente


positivo, na medida em que houve cooperação de todos os membros do grupo e a
interajuda foi um fator bastante pertinente e frequente. Efetivamente, mesmo que
estejamos a retratar apenas de uma avaliação, percebemos, enquanto indivíduos, que
temos espírito de equipa, detalhe que é bastante relevante e necessário nesta área.
Independentemente de termos tido aulas à distância, o que contribuiu, consequentemente,
para a realização desta proposta nessa mesma realidade, não achamos, em momento
algum, que fosse um obstáculo, pois arranjamos as melhores formas para elaborarmos e
colaborarmos todos juntos.

Referências eletrónicas

Abreu, Miguel. Amaral, Conceição. Amado, Miguel. Lapa, Otelo. Guerreiro, Rita Sousa. Monteiro, Sónia.
2006. “GAVE” Guia das artes visuais e do espetáculo. Lisboa: editorial do Ministério da Educação
Contactos direitos e obrigações do trabalhador:
Instituto da Segurança Social – www.seg-social.pt
Inspeção-Geral do Trabalho – www.igt.idict.gov.pt
Boletim do Trabalho e Emprego (BTE) – www.deep.msst.gov.pt
Ministério das Finanças – Direção-Geral de Impostos – www.dgci.min-finanças.pt
Secretaria-Geral do Ministério da Cultura (auxílios financeiros e distinções) – www.sg.min-cultura.pt
Contactos IGAC:
Ministério da Cultura – www.min-cultura.pt
Inspeção-Geral das Atividades Culturais – www.igac.pt
Contactos Registo do promotor:
Ministério da Cultura (Mecenato): www.min-cultura.pt
Secretaria-Geral do Ministério da Cultura (auxílios financeiros e distinções) – www.sg.min-cultura.pt
Direção-Geral dos Impostos – www.dgi.min-financas.pt

26
Apêndices

Doc.1

27
ESPELHO/REFLEXO
Escrito por: Rita Vagueiro de Oliveira
Baseado em depoimentos anónimos

ATO I
CENA I
(Foco de luz na boca de cena. HOMEM e MULHER sentados.)
HOMEM: Estamos tão ocupados a sobreviver que nos esquecemos de nós. Será que
estamos bem?
MULHER: Realizados?
HOMEM: Felizes?
MULHER: Ontem.
HOMEM: Ontem. (pausa) Ontem fui completamente eu com os meus colegas? Nos
transportes?
MULHER: Na rua? Envergonhei-me? Manchei a minha imagem?
HOMEM: Vivi conscientemente sequer?
MULHER: E a semana passada? O que fiz?
HOMEM: Sei que fui trabalhar. O trabalho é a prioridade da minha rotina.
MULHER: Da nossa.

28
HOMEM: Geral. Quem tem a sorte de trabalhar…
MULHER: E quem não trabalha? O que faz? Será que vive ao contrário de nós? Ou tenta
sobreviver ainda mais?
HOMEM: Sobreviver é uma palavra chata. Sobreviver. Verbo intransitivo. Continuar a
viver depois de outra pessoa ou de outra coisa deixar de existir. Imagina quantas coisas
podem ser essas coisas que deixam de existir.
MULHER: Dinheiro. Comida.
HOMEM: Rim. Pulmão. Vontade de viver.
MULHER: Nem quero pensar se algum dia perco a vontade de viver. Acordar
maldisposto ou apenas preguiçoso é normal. Agora, acordar e o meu único desejo ser
colocar uma corda ao pescoço em vez das minhas papas de aveia, é assustador. Mas,
infelizmente, sei que acontece com muitos de nós.
HOMEM: No mundo, a cada 40 segundos um ser humano comete suicídio. Agora faz as
contas de quantas vidas já nos deixaram neste bocado de tempo.
MULHER: Sou a favor de não podermos julgar quem decide acabar com a própria vida.
Se temos saúde mental nos dias de hoje, somos uns sortudos. Estamos ao redor de
tantos gatilhos que, se forem disparados frequentemente, podem acabar connosco
rapidamente.
HOMEM: O principal fator: a internet.
MULHER: Acho que não é novidade nenhuma…
HOMEM: Esta criação recente, principalmente criada para as bases militares, veio,
então, aos poucos destruir mentalidades.
MULHER: Criar padrões de beleza, de vida.
HOMEM: Basicamente, influenciar-nos em todos os aspetos. (ri-se) Engraçado eu usar o
verbo influenciar, não é?
MULHER: Foi de propósito.
HOMEM: E antes?
MULHER: Antes?
HOMEM: Antes da internet.
MULHER: Guerra. Crise.
HOMEM: Monotonia. Violência.
MULHER: Tristeza.
HOMEM: Acho que tudo passa pela questão da saúde mental.

29
(MULHER e HOMEM levantam-se. As cortinas sobem. MULHER dirige-se para os
espelhos à sua direita e HOMEM dirige-se para os espelhos à sua esquerda. Ambos com
um foco de luz. Ficam imóveis durante algum tempo. Vão descobrindo os seus rostos. Os
seus pescoços. Os seus ombros. Braços. Peito. Barriga. Pernas. Continuam lá. Parados.
Deslumbrados como se tivessem descoberto algo novo.)
MULHER e HOMEM: Acho que nunca me tinha observado durante tanto tempo. O que
vês? O que sentes? Gostas do que vês? Porquê? Será que sou o único que vê isto? O que
os outros veem? O que vejo? O que sinto? Gosto do que vejo? Porquê? Será que sou o
único que vejo isto? O que os outros veem?

CENA II
(MULHER e HOMEM vão despir-se atrás dos espelhos. Atiram a roupa para o cesto.
Dirigem-se para o roupeiro e cada um tira uma peça de roupa aleatória e voltam para a
frente dos espelhos. Sentam-se. Vestem-se.)
HOMEM: Vestir.
MULHER: Não sei quem decidiu por roupas no corpo.
HOMEM: Agradeço. Agradeço porque tapo o corpo.
MULHER: Disfarço-o. Escondo as imperfeições que todos apontam que eu tenho.
HOMEM: Que eu aponto que eu tenho. Será que tenho?
MULHER: Ou apenas concordo?
HOMEM: Por tantas vezes que já o ouvi também se transformou na minha opinião.
MULHER: Como é que o fiz?
HOMEM: Como me conformei?
MULHER: Eu não sou assim tão… Sou. Quem eu quero enganar? Preciso de umas calças.
(Ambos se levantam, dirigem-se para o roupeiro por detrás dos espelhos e cada um traz
um par de calças. Voltam para o banco.)
HOMEM: Já não me lembro de não ser eu a tirar-me as calças.
MULHER: Já não confio em ninguém.
HOMEM: Nem em mim.
MULHER: Perdi a graça.
HOMEM: Estou acabado.
MULHER: Exausto.
HOMEM: Morto.

30
MULHER: Não gosto desta camisola. (levanta-se e vai para o roupeiro.)
HOMEM: Faz-me parecer gordo. O que é ser gordo, afinal? Ter músculo flácido ou
excesso de peso? Recusar os convites para ir ao ginásio? Não seguir mil e uma contas
online sobre fitness? (MULHER regressa e veste-se.) Ou ignorar por completo os
criadores de conteúdo de lifestyle? (HOMEM levanta-se e vai buscar outra camisola.)
MULHER: Porque é que tudo é online? Porque é que a nossa vida só é validada se estiver
online? (HOMEM regressa) Se seguir os padrões online?
HOMEM: Online.
MULHER: Online.
HOMEM: Online.
MULHER: Que raiva.
HOMEM: Quando estávamos offline, era tudo mais fácil. Não estava preocupado com
os likes que recebia.
MULHER: Nem com os comentários.
HOMEM: Nem sequer procurava a secção dos comentários dos meus amigos.
MULHER: Principalmente dos meus colegas. Aqueles que me dizem bom dia…
HOMEM: E a seguir estão a falar mal de mim.
MULHER: Falar de mim, só.
HOMEM: Porque falam de mim?
MULHER: Porque falamos dos outros?
HOMEM: Porque falamos uns dos outros?
MULHER: Não falem de mim.
HOMEM: Não falem de mim.
MULHER e HOMEM: Não falem de mim.

CENA III
(HOMEM e MULHER despem-se. Deixam as suas roupas na mesa de apoio e voltam a
sentar-se nos bancos. Enquanto fazem este percurso gritam as seguintes frases: ADORO
SER FELIZ; UMA PESSOA FELIZ; ESTOU FELIZ; FELICIDADE; FELIZ.)
MULHER: Feliz.
HOMEM: Felicidade.
MULHER: Felicidade.

31
HOMEM: Feliz.
MULHER: O que é a felicidade?
HOMEM: O que é ser-se feliz?
MULHER: Ser-se feliz é não sentir tristeza?
HOMEM: Quando estamos tristes é porque não estamos a sentir felicidade?
MULHER: Regemo-nos de ausências?
HOMEM: Sentir é não sentir?
(MULHER levanta-se e dirige-se ao roupeiro)
MULHER: Ausências.
HOMEM: Ausências. (pausa) Apenas falamos daquilo que não temos. Aquilo que temos
não nos faz falta.
MULHER: Já não é novidade.
HOMEM: Sempre procuramos mais.
(MULHER volta para a cadeira com uma camisola. HOMEM levanta-se.)
MULHER: E mais. E mais. Nunca estamos satisfeitos. Olhamos para o lado à procura de
coisas que não temos. Tentamos ouvir aquilo que nos falta. (HOMEM volta. Veste-se.)
Obrigamo-nos a acreditar que temos de preencher vazios que, realmente, não existem.
HOMEM: Nós criamos os nossos próprios vazios.
HOMEM e MULHER: As nossas ausências.
MULHER: Através do que vemos.
HOMEM: Através do que nos dizem.
MULHER: Através do que acreditamos.

(Ambos se levantam e dirigem-se ao roupeiro e gritam as seguintes frases: SINTO-ME


MAL; DESILUSÃO; INCÓMODO; NOJO; REPULSA. Remexem no roupeiro.)

MULHER: Como é possível deixar de gostar da única pessoa que está desde o primeiro
até ao último dia connosco? Chegar ao ponto de olhar para ela e não gostar do que
estamos a ver? A pessoa que sempre estará connosco. A pessoa responsável pelas
nossas escolhas, o nosso destino, a nossa vida. Nós.
HOMEM: Eu.
MULHER: Não gostar de nós devia ser proibido.

32
HOMEM: Principalmente por razões originadas por outros. Todos os comentários.
Troças.
MULHER: Piadas.
HOMEM: Desrespeito.
MULHER: Violência.
HOMEM: Devíamos gostar de nós. Porque é que é tão difícil fazê-lo?

(Depois de terem desarrumado o roupeiro por pura frustração, voltam para ao seus
bancos e gritam as seguintes frases: SINTO-ME MAL; DESILUSÃO; INCÓMODO; NOJO;
REPULSA.)

HOMEM: A satisfação de quem destrói a nossa imagem será assim tanta? O que ganham
com isso?
MULHER: Ou estarão mais deploráveis que nós? Quais serão as razões?
HOMEM: Qual força os leva a fazer tal maldade?
MULHER: Não sei o que eles pensam, mas sei que já não olho para mim da mesma
maneira.
(À medida que vão enumerando imperfeições, a luz desvanece até ficar blackout nas
duas últimas falas.)
HOMEM: A minha cara é feia.
MULHER: Os meus braços grandes.
HOMEM: Tenho mais barriga que peito.
MULHER: As minhas coxas gordas.
HOMEM: O meu cabelo desgrenhado.
MULHER: Os meus olhos pequenos.
HOMEM: Os meus dentes tortos.
MULHER: As minhas mãos pequenas.
HOMEM: As minhas orelhas esquisitas.
MULHER: As minhas unhas descuidadas.

CENA IV

33
(HOMEM sozinho. Sem roupa. Várias peças espalhadas em volta do seu banco.)
HOMEM: Já não sei o que hei de fazer para me agradar. A roupa não funciona. Tentar
dar um jeito à cara idem. O meu cabelo nem com um milagre. Resta-me olhar e não
gostar. Aceitar que sou mais uma pessoa que não gosta de mim. Na escola sempre fui
esquecido. No trabalho não me valorizam. Em casa o apoio é falso. O que raio estou a
fazer aqui? Qual é o propósito? Magoar-me? Feito.
(Dirige-se para o banco de MULHER. Senta-se.)
HOMEM: Sempre fui visto como um pedaço de carne pronto a ser usado. Usado. Usado.
Reusado. Sei lá quantas vezes. (pede, desesperado) Não me usem. Não sou digno de me
dar a conhecer primeiro? Como nos contos de fadas. Ver a pessoa. Apaixonar-me à
primeira vista. Ter vergonha. Aproximarmo-nos aos poucos. Ambos dizemos um olá
tímido. Sem segundas intenções. Sem imaginar a pessoa sem roupa. Na minha cama. Na
cama dela. Não reparar nas imperfeições. Não perder o interesse. Apenas conhecer.
Pelo que sou. (MULHER entra pela direta baixa. Aproxima-se dele devagar.) Não pelo
que tenho. Nem pelo que aparento. Pelo que sou. Só queria que soubessem aquilo que
sou. Aquilo que sou. Não a imagem que têm de mim. É possível morrermos de solidão?
Sinto-me sozinho. Cada vez mais sozinho.

(HOMEM levanta-se e MULHER agarra o vazio, acabando por cair no banco. Olha para
o espelho.)

MULHER: Eu gosto de ti. Não tenho forças para desformatar a tua cabeça. Mas gosto de
ti. Confia em mim. És o único que não gosta de ti. Confia em mim. Não te quero magoar.
Confia em mim. Mostrar-te-ei o mundo como realmente ele é. Confia em mim. Gosto
de ti. Confia em mim. Não sou como os outros. Confia em mim. Gosto de ti.

(HOMEM aproxima-se dela e tenta alcançá-la, mas ela sai, deixando-o cair no banco.)

HOMEM: Fui enganado. Mais uma vez. Eu sei que não se deve confiar em humanos, mas
faço sempre a mesma coisa. Não confiar. Confiar. Criar expectativas. Magoar-me.
Afundar-me. Sou burro. Muito burro. (atira o banco) Será que tenho culpa? Estamos
rodeados do mesmo. Somos todos o mesmo. Somos feitos do mesmo. Como é possível
sermos tão diferentes? Alguns tão respeitadores e outros não? Uns amáveis e outros
sem escrúpulos? Uns capazes de matar e outros não? Afinal, que espécie é esta? Estou
farto. Sinto-me sozinho. Cada vez mais sozinho. (sai)

(MULHER entra com uma rosa na mão. Quando não o vê, larga a rosa e procura-o.)

34
MULHER: Onde estás? Onde estás? Onde estás?
(Dirige-se ao banco dele que se encontra sem luz e pega numas calças e numa camisola.
Veste-as.)
MULHER: Eu gosto de ti.
(Blackout)

ATO II
(MULHER encontra-se sentada na boca de cena. Atrás de si, o banco da esquerda
encontra-se sem luz e com os espelhos virados ao contrário. No banco, encontra-se a
rosa da última cena. À direita, encontra-se um foco de luz no banco. Ao fundo está vazio.)

MULHER: Quando nos magoamos, um lado de nós perde-se. Ficamos desorientados sem
saber como seguir em frente. Criámos tantas expectativas neste bicho a que chamamos
homem, que nos esquecemos que ele não foi ensinado para lidar com este tipo de
situações. Falo de sentimentos. Não sabemos o que eles são. Maioritariamente do
tempo nem sabemos o que eles querem dizer. O que eles querem que façamos. Não
conseguimos reagir de forma correta perante eles. Não falo só de amor. Falo de
aceitação, principalmente. Se não nos aceitarmos como realmente somos, nunca
seremos capazes de aceitar pessoas novas na nossa vida sem qualquer complicação.
Devemos aceitar-nos. Devemos amarmo-nos. Esquecer o que dizem de nós. Não ligar
para o que vemos nas redes sociais. Na internet apenas procuramos aquilo que
queremos ver. Também o devemos fazer na nossa vida. (olha para o banco com a rosa)
HOMEM: (em voz-off) Se vocês se sentem bem, lembrem-se que há pessoas à vossa
volta que podem não se sentir. Portanto, tenham cuidado com aquilo que dizem ou
fazem, podem estar a disparar o último gatilho.
(Blackout. Fecham as cortinas.)
FIM

35
Anexos

Doc.1

36
Figura 3 Licença de Representação Modelo 66

Doc.2

37
Figura 4 Formulário de Registo de Promotor Modelo 65 1ª Página

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Figura 5 Formulário de Registo de Promotor Modelo 65 2ª Página

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